DO
PASSADO PARA O FUTURO A ARTE DE TRANSFORMAR.
Alyne Luiza Ramos Cruz
UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO
ALYNE LUIZA RAMOS CRUZ
PROPOSTA DE UM CENTRO CULTURAL PARA O ANTIGO CINE FÁTIMA EM CONSELHEIRO PENA - MG
VILA VELHA 2017
ALYNE LUIZA RAMOS CRUZ
PROPOSTA DE UM CENTRO CULTURAL PARA O ANTIGO CINE FÁTIMA EM CONSELHEIRO PENA - MG
Monografia apresentada ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito para a obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientador: Prof. Ms. Geraldo Benicio da Fonseca
VILA VELHA 2017
Dedico esta monografia a Deus, minha amada mĂŁe, minha famĂlia e todos que me apoiaram durante esse percurso.
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado forças e nunca ter me deixado desistir de realizar esse sonho. A minha mãe Dalvani, que com muito esforço não me deixou faltar nada e me proporcionou essa grande oportunidade de estudar. Dedico a ela cada aprendizado, cada sofrimento, pois sei que não foi em vão. A minha irmã, sobrinhos, cunhado e padrasto por entender minhas ausências, buscar sempre me incentivar e nunca desistir. A toda Família Ramos, que torceu por mim e acreditou nessa vitória. Em especial a meus queridos tios Ivanilda, Ireny, Marli, Silvany, Luciana, Olímpio, Tarcísio, Darci, Fabiane, Walter. E ao meu eterno herói, meu avô Salviano, que sempre me ajudou e me deu o carinho de um Pai. Agradeço também às minhas madrinhas, Nelma Paiva, Simone Medeiros e Flávia Berto por todo apoio. Ao meu namorado Riziere, que me apoiou e incentivou a cada minuto vivido ao meu lado nesse período. Agradeço à grande amiga que fiz, Márcia Bernardes, que abriu as portas do Cine Fátima para realização do meu TCC. Ao meu orientador Geraldo Benicio, que me direcionou e indicou o caminho a seguir, que incentivou e passou sua sabedoria para que eu conseguisse finalizar esse ciclo. Ao meu professor Clóvis Aquino, pelas palavras amigas, apoio e dicas, sempre mostrando que eu era capaz. A minha irmã do coração Rísia Laiane, por mesmo longe me apoiar. A minha eterna república Bolo Doido, que esteve comigo no início dessa caminhada. Aos amigos que fiz durante a graduação: Sabrina Recepute, Nayhara Martins, Vivianni Pifano, Felipe Siqueira, Tayná Mozine, Sarah Lobo, levarei vocês para a vida. Muito obrigada!
“O medo de abandonar o antigo, jamais te deixará experimentar o novo” (Leonam Martins)
RESUMO
Este trabalho fundamenta um anteprojeto arquitetônico de um centro cultural para a cidade de Conselheiro Pena/MG, com ênfase no resgate da edificação existente. O intuito é resgatar a história do edifício Cine Fátima, que se encontra abandonado, e a relação afetiva que a comunidade local tem com essa edificação. Além da motivação de propor um projeto que seja um marco para a cidade e que atraia a comunidade para a prática de atividades culturais e artísticas. Os centros culturais são muito bem vistos hoje em dia pela possibilidade de inserir diversas atividades que atuam de maneira interdependente, simultânea e multidisciplinar em um único espaço, criando integração entre as pessoas, busca do conhecimento e ao mesmo tempo sendo um local de lazer. Essa junção de Informação, criação e discussão é necessária para que estimule a população a ter senso crítico, criativo e dinâmico. Para o desenvolvimento deste trabalho a estratégia adotada foi a pesquisa de dados da cidade, do bairro e da edificação, levantamento arquitetônico do edifício e o conceito de centro cultural, para traçar as diretrizes projetuais e estabelecer o programa de necessidades. Em seguida, foram desenvolvidas a proposta urbanística do entorno e a proposta arquitetônica da edificação.
Palavras-Chave: Centro Cultural; Edifício Cine Fátima; Marco; Atividades Culturais e Artísticas; Integração; Conhecimento; Proposta Urbanística; Proposta Arquitetônica.
ABSTRACT
This work is based on an architectural project of a cultural center for the city of Conselheiro Pena / MG, with emphasis on the rescue of an existing building. The intention is to rescue the story of Cine Fåtima’s building, which is currently abandoned, and also the affective relationship that the local community has maintained with this building. Furthermore the motivation is to propose a project that is a landmark to the city and that attracts the community to practice cultural and artistic activities. The cultural centers are very well regarded nowadays for the possibility of inserting several activities that act in an interdependent, simultaneous and multidisciplinary way in a single space, creating integration between people, search for knowledge and at the same time being a place of leisure. This combination of information, creation, and discussion is necessary so that it stimulates the population to have a critical, creative and dynamic sense. For the development of this work the adopted strategy was the research of data of the city, the neighborhood and the building, architectural survey of the building and the concept of cultural center, to draw up the project guidelines and establish the procedures necessary.
The an urban proposal of the surroundings and the
architectural proposal of the building were developed.
Keywords: Cultural Center; Cine FĂĄtima Building; Landmark; Cultural and Artistic Activities; Integration; Knowledge; Urban Proposal; Architectural Proposal.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Imagem das supostas ruínas da Biblioteca de Alexandria, situada na cidade de Alexandria, no Egito. ............................................................................................ 21 Figura 2: Centre National d'Art et Culture George Pompidou, Paris.......................... 22 Figura 3: Centro Cultural Jabaquara - São Paulo...................................................... 23 Figura 4: Centro Cultural de São Paulo - São Paulo ................................................. 23 Figura 5: Diagrama dos principais objetivos de um centro cultural ........................... 24 Figura 6: Esquema da relação das principais atividades de um centro cultural ........ 25 Figura 7: Brasil; Minas Gerais; Conselheiro Pena.......................................................29 Figura 8: Conselheiro Pena e seus distritos: Divisão Político Administrativa...............29 Figura 9: Edificação do bairro Estação Velha .............................................................30 Figura 10: Edificação do bairro Estação Velha.......................................................... 30 Figura 11: O bairro Centro e o entorno da área de intervenção urbanística ............. 33 Figura 12: Praça Cesário de Barros - anos 50.............................................................34 Figura 13: Praça da Matriz - ano 2000 ...................................................................... 34 Figura 14: Praça da Matriz - 2015 ............................................................................. 34 Figura 15: Vista de dentro da Praça para o Edifício.....................................................34 Figura 16: Vista de cima da Igreja para a Praça ....................................................... 34 Figura 17: Vista aérea do entorno da edificação - 2015 ............................................ 35 Figura 18: Jardim Igreja - foto tirada de frente do cinema ...........................................35 Figura 19: Jardim da Igreja Católica..................... ..................................................... 35 Figura 20: Praça João Luiz – 1999 ............................................................................36 Figura 21: Praça João Luiz - 2014 ............................................................................ 36 Figura 22: Rua de Pedestre - foto tirada de frente do Edifício Cine.............................37 Figura 23: Rua de Pedestre - foto tirada da Avenida João Pinto............................... 37 Figura 24: Edifício Cine Fátima - 1968 ...................................................................... 38 Figura 25: Edifício do estilo Art Déco situado no bairro Estação Velha em Conselheiro Pena .......................................................................................................................... 40 Figura 26: Sede dos Correios em Belo Horizonte - MG. ........................................... 42 Figura 27: Estação Ferroviária de Goiânia – Goiânia, GO 1952. .............................. 42 Figura 28: Fachada do edifício Cine Fátima .............................................................. 44 Figura 29: Fachada do edifício Cine Fátima .............................................................. 44 Figura 30: Fachada do edifício Cine Fátima .............................................................. 45 Figura 31: Fachada do edifício Cine Fátima .............................................................. 45 Figura 32: Levantamento do edifício Cine Fátima - Planta baixa do pavimento térreo .................................................................................................................................. 46 Figura 33: Hall de entrada – Vista para interior ...........................................................47 Figura 34: Hall de entrada – Vista a partir do interior para o exterior.. ...................... 47 Figura 35: Hall - Vista para à escada ..........................................................................47 Figura 36: Espaço central com palco ........................................................................ 47
Figura 37: Palco com escadas ...................................................................................47 Figura 38: Lateral do palco ........................................................................................ 47 Figura 39: Lateral esquerda do edifício – Vista para os fundos...................................48 Figura 40: Lateral esquerda do edifício – Vista para a frente .................................. 48 Figura 41: Administração ...........................................................................................48 Figura 42: Sanitário feminino..................................................................................... 48 Figura 43: Camarim - Vista para administração ..........................................................49 Figura 44: Camarim à direita do palco ...................................................................... 49 Figura 45: Lateral direita do edifício – Vista para o fundo ..........................................49 Figura 46: Lateral direita do edifício – Vista para a frente ......................................... 49 Figura 47: Anexo - Apoio ao palco ..............................................................................50 Figura 48: Sanitário masculino .................................................................................. 50 Figura 49: Sala de apoio ao palco ............................................................................. 50 Figura 50: Levantamento do edifício Cine Fátima - Planta baixa do primeiro pavimento .................................................................................................................................. 51 Figura 51: Escada direita ...........................................................................................52 Figura 52: Escada vista para térreo .......................................................................... 52 Figura 53: Sala de projeção ........................................................................................52 Figura 54: Galeria...................................................................................................... 52 Figura 55: Galeria ......................................................................................................52 Figura 56: Galeria...................................................................................................... 52 Figura 57: Galeria ......................................................................................................53 Figura 58: Vista da galeria para térreo ...................................................................... 53 Figura 59: Vista galeria para palco - Espaço Central ..................................................53 Figura 60: Vista galeria para térreo - Espaço da esquerda ....................................... 53 Figura 61: Cobertura do Edifício................................................................................ 54 Figura 62: Levantamento – Cobertura do Cine Fátima ............................................. 55 Figura 63: Estrutura do telhado ................................................................................. 56 Figura 64: Exemplo de posicionamento das fileiras e largura dos corredores .......... 62 Figura 65: Exemplo de posicionamento das fileiras e largura dos corredores .......... 63 Figura 66: Exemplo de posicionamento das fileiras em relação ao palco ................. 63 Figura 67: Exemplo da largura mínima entre um assento e outro ............................. 63 Figura 68: Área de intervenção ................................................................................. 68 Figura 69: Área de intervenção ................................................................................. 69 Figura 70: Faixa única para passagem de veículos .................................................. 70 Figura 71: Faixa elevada ........................................................................................... 71 Figura 72: Estacionamento a 45° .............................................................................. 71 Figura 73: Estacionamento carga e descarga ........................................................... 72 Figura 74: Estacionamento ....................................................................................... 72
Figura 75: Calçadas alargadas.................................................................................. 73 Figura 76: Rua pavimentada com piso intertravado .................................................. 73 Figura 77: Planta de Localização do Edifício............................................................. 76 Figura 78: Setorização Pavimento Térreo ................................................................. 77 Figura 79: Área de exposições .................................................................................. 78 Figura 80: Fachada da lanchonete ............................................................................ 79 Figura 81: Lanchonete .............................................................................................. 79 Figura 82: Hall ........................................................................................................... 80 Figura 83: Foyer ........................................................................................................ 81 Figura 84: Foyer ........................................................................................................ 81 Figura 85: Sanitário Feminino ................................................................................... 82 Figura 86: Auditório ................................................................................................... 83 Figura 87: Auditório ................................................................................................... 83 Figura 88: Cozinha / Copa ........................................................................................ 84 Figura 89: Apoio ao auditório .................................................................................... 85 Figura 90: Camarim ................................................................................................... 85 Figura 91: Apoio ao auditório .................................................................................... 86 Figura 92: Pátio Externo ............................................................................................ 87 Figura 93: Camarim ................................................................................................... 87 Figura 94: Administração........................................................................................... 88 Figura 95: Setorização Primeiro Pavimento .............................................................. 89 Figura 96: Foyer ........................................................................................................ 90 Figura 97: Foyer ........................................................................................................ 90 Figura 98: Sala de Dança .......................................................................................... 91 Figura 99: Sala de Leitura ......................................................................................... 91 Figura 100: Sala de Leitura ....................................................................................... 92 Figura 101: Sala de oficinas e cursos 01 .................................................................. 93 Figura 102: Sala de oficinas e cursos 02 .................................................................. 93 Figura 103: Galeria.................................................................................................... 94 Figura 104: Cobertura ............................................................................................... 95 Figura 105: Cobertura ............................................................................................... 96 Figura 106: Corte A-A ............................................................................................... 97 Figura 107: Corte B-B ............................................................................................... 97 Figura 108: Fachada ................................................................................................. 98 Figura 109: Fachada ................................................................................................. 98 Figura 110: Fachada ................................................................................................. 99 Figura 111: Totem de sinalização do edifício .......................................................... 100
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Número mínimo de aparelhos sanitários e bebedouro. ............................. 64 Tabela 2: Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento ............................... 65 Tabela 3: Programa de Necessidades e Áreas Alcançadas ..................................... 74
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILHEIRA DE NORMAS TÉCNICAS a.C – ANTES DE CRISTO ADM. - ADMINISTRAÇÃO Art. – ARTIGO BR – RODOVIA FEDERAL D.M.L – DEPÓSITO MATERIAL DE LIMPEZA ES – ESPÍRITO SANTO G.V – GOVERNADOR VALADARES IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IPOG – INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E GRADUAÇÃO MEC – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO MG – MINAS GERAIS NBR – NORMA BRASILEIRA REGULAMENTADORA UFMG – UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS UVV – UNIVERSIDADE VILA VELHA TCC – TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 17
2
CONCEITO DE CENTRO CULTURAL ......................................................................... 21
3
A HISTÓRIA: CIDADE E EDIFÍCIO.............................................................................. 28 3.1
CONTEXTO HISTÓRICO DE CONSELHEIRO PENA ........................................... 28
3.2
CONTEXTO DO BAIRRO CENTRO ...................................................................... 32
3.3
CONTEXTO HISTÓRICO DA EDIFICAÇÃO.......................................................... 37
3.3.1 4
5
6
ESTILO ARQUITETÔNICO – ART DÉCO ...................................................... 40
DESCRIÇÃO ARQUITETÔNICA DO EDIFÍCIO ........................................................... 44 4.1
PAVIMENTO TÉRREO .......................................................................................... 45
4.2
PRIMEIRO PAVIMENTO ....................................................................................... 50
4.3
COBERTURA ........................................................................................................ 54
PROPOSTA ................................................................................................................. 58 5.1
DIRETRIZES PROJETUAIS URBANÍSTICAS ....................................................... 58
5.2
DIRETRIZES PROJETUAIS ARQUITETÔNICAS .................................................. 59
5.3
PROGRAMA DE NECESSIDADES ....................................................................... 59
O PROJETO ................................................................................................................. 68 6.1
PROPOSTA URBANÍSTICA .................................................................................. 68
6.2
PROPOSTA ARQUITETÔNICA............................................................................. 74
6.2.1
PAVIMENTO TÉRREO ................................................................................... 77
6.2.2
PRIMEIRO PAVIMENTO ................................................................................ 88
6.2.3
COBERTURA ................................................................................................. 94
6.2.4
CORTES ........................................................................................................ 96
6.2.5
FACHADA ...................................................................................................... 97
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 102
8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 104
9
APÊNDICES ............................................................................................................... 108
Capítulo 1:
Introdução
1
INTRODUÇÃO
Esse Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é destinado a apresentar uma proposta de um Centro Cultural para o antigo Cine Fátima, situado na cidade de Conselheiro Pena – MG. O interesse de intervir em um edifício situado na cidade de Conselheiro Pena vem da relação da autora com a cidade, onde viveu por muitos anos, e onde também sua família reside atualmente. O edifício do Cine Fátima chama a atenção por sua localização privilegiada, amplo espaço interno e seu contexto histórico, relevante para a comunidade. A intenção da autora de usá-lo como tema para um TCC vem do estado precário que o mesmo se encontra, aliado à carência de equipamentos dessa natureza na cidade (que hoje se limita aos clubes de lazer), além da vontade de trabalhar com um edifício já existente. A proposta de torná-lo um Centro cultural é estimular a população a desfrutar de um espaço de distração e conhecimento, assim contribuindo para a sua qualidade de vida. Com potencial para as mais diversas formas de manifestações culturais, Conselheiro Pena é uma cidade que necessita de iniciativas reais para formação e valorização dos seus artistas e, consequentemente, de sua arte. O objetivo é realizar um projeto que transforme o edifício, anteriormente usado como cinema, em um Centro Cultural, resgatando um espaço de vivência para as pessoas. Hoje a edificação encontra-se em estado de abandono e conservação precária. A meta é que este Centro Cultural seja totalmente destinado ao aprendizado e integração, com atividades ligadas ao aperfeiçoamento do conhecimento e enriquecimento cultural. A ideia é criar um novo marco para a cidade, capaz de acolher diversas atividades, que atendam à comunidade local. O método adotado para o desenvolvimento do TCC é: faze um levantamento arquitetônico do edifício, buscar pessoas que frequentaram a edificação e entrevistalas para que consigam contar a história do cinema e das demais atividades que ali aconteceram, além de buscar em livros, monografias, revistas, sites e artigos relacionados ao tema ou a espaços com composição semelhante ao de centros culturais, conteúdo para entender como funciona um Centro Cultural. 17
Em seguida, foi organizado o programa de necessidades, que identifica os espaços que vão compor a nova proposta de uso para o edifício. E para finalização deste trabalho, foi montado o projeto arquitetônico com a proposta definida. A monografia está estruturada em quatro capítulos de fundamentação, dos quais o primeiro descreve a estrutura do documento e a metodologia. No segundo capítulo, espera-se entender o que é um centro cultural, seu conceito, seus usos, funcionamento e apropriações dos espaços. O terceiro capítulo visa abordar os contextos físico, econômico, social, arquitetônico, urbanístico e paisagístico da cidade de Conselheiro Pena, e do local da intervenção arquitetônica proposta. Compreender a cidade e seus contextos é fundamental para uma boa interpretação do bairro e entorno imediato onde a edificação está inserida. É essencial resgatar a história da edificação, entender seu estilo arquitetônico, saber seus usos nos diferentes períodos, além de identificar seus proprietários e sócios, desde a época de sua inauguração até os dias de hoje, como era o funcionamento do local e a programação semanal, as outras atividades que ali aconteceram e o que acarretou para sua decadência e seu estado atual. O quarto capítulo apresenta o espaço a ser trabalhado, sua estrutura, tamanho, qualidades a preservar ou a resgatar; identificar potencialidades arquitetônicas, além de mostrar fotografias do estado atual da edificação e de seu entorno. O quinto capítulo dá início à proposta de intervenção da edificação e do seu entorno. Apresenta as diretrizes tomadas para elaboração da proposta projetual urbanística e arquitetônica, descrimina a intenção de projeto e o programa de necessidades, detalha os usos a ser inseridos no edifício, e propõe um conjunto de espaços que, baseado nesses usos, consigam atender à comunidade local. Espera-se, também, identificar as atividades de que a cidade carece e programá-las no edifício, para que este estimule a comunidade a usar seus espaços. O sexto capítulo descreve a proposta projetual urbanística, pensada de modo que melhore o entorno do Centro Cultural e a mobilidade dos pedestres, além de apresentar o projeto arquitetônico desenvolvido para a edificação, descrevendo cada ambiente, mostrando suas plantas, cortes e o tratamento dado à fachada.
18
O sétimo capítulo conclui o trabalho desenvolvido, apresentando a importância do resgate da edificação e transformação de seu uso, além de mostrar que o comportamento e hábitos da população podem mudar, se incentivados por meio de uma intervenção urbanística e arquitetônica.
19
CapĂtulo 2:
Conceito de Centro Cultural
20
2
CONCEITO DE CENTRO CULTURAL
A biblioteca de Alexandria, construída pelos egípcios no século II a.C. (figura 1), foi apontada como um elemento genealógico da integração entre o conhecimento e o lazer. Este edifício tinha como objetivo difundir e conservar os saberes da época através de espaços e elementos culturais, para que despertassem a curiosidade da população para tal equipamento, e acabou servindo como protótipo para um modelo de edificação destinada às atividades culturais. Figura 1: Imagem das supostas ruínas da Biblioteca de Alexandria, situada na cidade de Alexandria, no Egito.
Fonte: http://www.cartridgesave.co.uk/news/the-7-most-impressive-libraries-from-throughout-history/ Acesso – outubro 2016
Os primeiros centros culturais ganharam seus espaços no século XIX, e ficaram conhecidos como centros de artes. França e Inglaterra foram os países que primeiro buscaram incentivar a prática de atividades artísticas e criar espaços culturais, tentando democratizar a cultura. E com o passar do tempo outras nações foram seguindo seu exemplo. De modo geral, se entendia os centros culturais como “Instituições criadas com o objetivo de se produzir, elaborar e disseminar práticas culturais e bens simbólicos, obtendo o status de local privilegiado para práticas informacionais que dão subsídios às ações culturais ” (NEVES, 2013, p.02).
21
Em 1977, foi inaugurado o Centre National d’Art et Culture George Pompidou (figura 2), sendo pioneiro na França ao impor um novo conceito de centro cultural, que se tornou um novo “modelo” em seguida foi imitado pelo mundo.
Figura 2: Centre National d'Art et Culture George Pompidou, Paris.
Fonte: http://www.rpbw.com/project/3/centre-georges-pompidou Acesso – outubro 2016
O Centro Cultural chegou há pouco tempo no Brasil. Só se teve informações desses espaços depois que nos países industrializados o centro cultural já estivesse fortemente implantado. Embora já houvesse o interesse nestes centros desde a década de 60, e durante o Programa de Ação Cultural do MEC durante o governo Médici, como coloca Teixeira Coelho, os primeiros centros de cultura brasileiros surgiram na década de 80, na cidade de São Paulo, financiados pelo Estado: centro cultural do Jabaquara e o Centro Cultural São Paulo. A partir daí, proliferaram pelas cidades do país (RAMOS, 2007, p.82) (Figuras 3 e 4).
Assim, estruturas como centros culturais chegaram primeiro em São Paulo: O centro cultural Jabaquara e o centro cultural São Paulo (figuras 3 e 4). Estes foram seguidos pelo SESC Pompéia, e por iniciativas semelhantes no Rio e em Curitiba.
22
Figura 3: Centro Cultural Jabaquara - São Paulo
Fonte: http://www.shieh.com.br Acesso – outubro 2016 Figura 4: Centro Cultural de São Paulo - São Paulo
Fonte: http://www.oquefazeremsaopaulo.com.br/ Acesso – outubro 2016
Os novos modelos de centros culturais surgiram como uma alternativa de implantação de usos e práticas diferentes num mesmo espaço. Antes de serem compostos por diversas atividades, os centros eram entendidos como a evolução tradicional da biblioteca, com a prática da leitura como uma forma de lazer. A biblioteca ficou como o lugar da coleção de livros e o centro cultural como o local de atividades menos convencionais e mais criativas, como o teatro e as exposições. Assim, criaram-se conceitos diferentes, separando o acesso ao conhecimento (bibliotecas) da criação de um conhecimento novo (centros de cultura) (RAMOS, 2007, p.84).
23
Assim, hoje entende-se por Centro Cultural um espaço, seja ele ao ar livre ou edificado, que ofereça lazer e cultura para comunidade, espaço este com usos e atividades diversificadas, e que permita a integração dos usuários. O centro de cultura é um espaço que deve construir laços com a comunidade e os acontecimentos locais, funcionando como um equipamento informacional, no qual proporciona cultura para os diferentes grupos sociais, buscando promover a sua integração. (NEVES, 2013, p.01)
São edificações criadas com objetivo de produzir e elaborar atividades, integrando a comunidade, fazendo com que ela tenha senso crítico, criativo e dinâmico no espaço. Centro cultural não pode ser um espaço que funcione como uma distração, mas sim, ser conceituado como um local onde há centralização de atividades diversificadas e que atuam de maneiras interdependentes, simultâneas e multidisciplinares. (NEVES, 2013, p.03)
Segundo Neves (2013) que leu e citou diretamente Milanesi (1997), os objetivos dos centros culturais só são devidamente atendidos se três verbos forem implantados em seu projeto arquitetônico e em sua gestão; são eles: informar, discutir e criar (figura 5). Figura 5: Diagrama dos principais objetivos de um centro cultural
Fonte: Diagrama da autora, baseado na metodologia de Milanesi (1997) – outubro 2016
24
O verbo informar diz a respeito à ação praticada nos centros culturais e propõe a criação de metodologias que garantam ao usuário o acesso à informação. Este verbo está relacionado às informações adquiridas por meio de espaços como teatro, biblioteca, cinema, museu e espaços de exposições, com a finalidade de transmitir informação ao usuário. Já o verbo discutir busca a prática das conversas, críticas e reflexões. Ambientes para exercer esse tipo de atividade são auditórios, salas de reuniões, pátios e espaço de convivência em geral. O verbo criar é imprescindível em um centro cultural, pois é ele que dá sentido aos verbos citados anteriormente. A criação representa o resultado obtido da relação entre a informação e a discursão (figura 6), através da clareza de um problema e da discussão da hipótese para transformação, gerando novas ideias e propostas. Para “ativar” esse verbo, os espaços relacionados ao mesmo são ateliês de produção, ou todo tipo de espaço que permitir práticas que buscam o aprendizado e a profissionalização. Figura 6: Esquema da relação das principais atividades de um centro cultural
Fonte: Diagrama da autora, baseado na metodologia de Milanesi (1997) – outubro 2016.
Os centros culturais não têm um modelo arquitetônico específico, podendo assim ter uma gama de usos e atividades que diferencie um edifício do outro, permitindo a discussão e prática de novas invenções culturais. 25
Para a implantação de um centro cultural deve-se levar em consideração o contexto local onde o mesmo será inserido, e buscar o entendimento das necessidades da comunidade, para assim obter dados que contribuam para estabelecer os usos e programas de atividades. A programação do centro cultural e suas características físicas devem ser definidas, através do meio onde ele será construído e o perfil do público que ele atenderá cujas atividades culturais não devem ser realizadas para as pessoas, mas com elas. (NEVES, 2013, p.05)
É necessário que esses equipamentos urbanos não se limitem a ser somente um espaço de lazer ou de observação passiva de fluxos culturais, mas que sejam também locais de aprimoramento do conhecimento, por meio de formação prática e teórica. Assim, as atividades exercidas em um centro cultural devem ser diversificadas, como a prática da leitura, através da biblioteca, exposições de artes, promoção de workshops, teatro, cinema, oficinas de dança, música, até cursos de especialização para capacitação da comunidade, visando sempre estimular a produção de bens culturais. Além dos espaços adquiridos para execução das atividades básicas, Neves (2012), informa que essas atividades devem possuir espaços secundários que dão suporte a elas, como espaços de serviços, administração, apoio ou sanitários, entre outros. Conclui-se que um centro cultural deve ser implantado de maneira que proporcione a valorização de seus próprios atributos culturais, que ofereça liberdade para as mais diversificadas práticas culturais, e que valorize as heranças culturais da comunidade e de seu ambiente.
26
Capítulo 3:
A História: Cidade e Edifício
27
3
A HISTÓRIA: CIDADE E EDIFÍCIO
3.1
CONTEXTO HISTÓRICO DE CONSELHEIRO PENA
Segundo OLIVEIRA (1998), antes de Conselheiro Pena constituir-se como um povoado, vila ou até mesmo cidade, existia somente uma enorme extensão de terras, com florestas e índios, chamada Freguesia de Cuieté: “Essa freguesia localizava-se às margens do rio Cuieté (hoje rio Caratinga) e sua criação é anterior à segunda metade do século XVIII, pois em 1740 já era um local explorado pelo ouro. ”1 Com passar do tempo, e já no século XX, esta freguesia se tornou o povoado do Lajão, pertencente ao município de Caratinga. O nome do “Lajão se deu pela grande laje de pedra às margens do rio Doce, que no período das secas ficava à vista, e os navegantes ali atracavam suas embarcações”. (OLIVEIRA, S.T. OLIVEIRA, W.T. 1998 p.52) O povoado do Lajão começou a se desenvolver a partir da implantação da Estrada de Ferro Vitória a Minas em 1910, que servia como via para a importação e exportação de produtos comerciais e agrícolas. Outros fatores foram: a Lavra do Itatiaia, que desencadeou a migração de muitas pessoas para a região; a descoberta de jazidas de pedras semipreciosas nas redondezas; a boa qualidade da terra; e a extração de madeira de lei. Em “agosto de 1926, o então povoado, passou a ser vila e distrito de Itanhomi, conforme determinado pelo Governo do Estado de Minas Gerais, estabelecido no Decreto n° 7.304” (OLIVEIRA, S.T. OLIVEIRA, W.T. 1998 p.51). Já no ano de 1938, veio a criação do município de Conselheiro Pena, determinado pelo decreto n° 148. O nome Conselheiro Pena foi dado em homenagem ao estadista mineiro Afonso Augusto Moreira Pena. Conselheiro Pena é uma cidade pequena, com aproximadamente 23.192 habitantes, segundo dados do IBGE (censo de 2015). Essa “população está distribuída no município sede e nos distritos de Bueno, Barra do Cuieté, Cuieté Velho, Ferruginha e Penha do Norte. ” (OLIVEIRA, S.T. OLIVEIRA, W.T. 1998 p.312) (figuras 7 e 8)
1
Disponível em: <http://www.conselheiropena.mg.gov.br/115/DadosMunicipais/> acesso em: 10 setembro 2016.
28
Figura 7: Brasil; Minas Gerais; Conselheiro Pena
Figura 8: Conselheiro Pena e seus distritos: Divisão Político Administrativa
Fonte: Wikipedia – setembro 2016
Fonte: Livro Conselheiro Pena e sua História – p.313 – setembro 2016
De acordo com IBGE, no ano de 1947 a cidade de Conselheiro Pena sofreu uma “mudança climática e econômica na região fazendo com que a população local praticamente abandonasse a agricultura. ”2 Para voltar a ter boa produtividade, a exploração e maior fonte de renda veio a se tornar a pecuária leiteira e de corte. Até hoje se destaca essa atividade, além da retomada da agricultura, principalmente pela exploração do café. Conselheiro Pena está situado às margens do Rio Doce no leste do estado de Minas Gerais (figura 8). Tendo como municípios limites Galiléia, Central de Minas, São Geraldo do Baixio e Mantenópolis (distrito do Espírito Santo) a norte; Tumiritinga a noroeste; Itanhomi e Tarumirim, a oeste; Alvarenga, a sudoeste; Pocrane, a Sul; Santa Rita do Itueto, a sudeste; Resplendor, a leste; e por fim, mas não menos importante Goiabeira e Cuparaque, a nordeste (OLIVEIRA, S.T. OLIVEIRA, W.T. 1998 p.312).
2
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:
<http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=311840&search=minasgerais|con
selheiro-pena> acesso em: 10 setembro. 2016. 29
A
cidade
possui
aproximadamente
1.483,90
km²,
sendo
sua
densidade
aproximadamente 15,6 habitantes por km², segundo dados da prefeitura do município. A cidade está dividida nos seis distritos citados anteriormente, além da sede que é composta por dezoito bairros: Benevides; Boa Esperança; Campo; Centro; Cohab; Esplanada; Estação Velha; Ilha Lajão; José Ferreira de Queiroz; Mãos Dadas; Novo Horizonte; Operários; Parque do Uirapuru; Paula Freitas; Sanches; São Luiz; São Vicente; Sol Nascente. O bairro que possui mais vida ativa é o Centro, onde estão implantados os principais espaços públicos e estabelecimentos comerciais. Quando é proposta alguma programação de evento cultural e artístico, é nesse mesmo bairro que ocorrem as festividades e atividades. Como o próprio nome já indica, está inserido na parte central da cidade, possuindo conexão com os demais bairros e municípios vizinhos. Conselheiro Pena ainda possui edificações da época de seu surgimento, algumas preservadas ou tombadas como patrimônio histórico pelo (IPHAN), e outras em estado precário ou até mesmo sem nenhum tipo de conservação. A maioria das edificações estão dispostas no bairro Estação Velha (figuras 9 e 10), que já foi considerado o centro comercial, e que é destacado como o bairro mais antigo da cidade.
Figura 9: Edificação do bairro Estação Velha
Figura 10: Edificação do bairro Estação Velha
Fonte: Facebook - Foto Conselheiro Pena Saudosismo - setembro 2016
30
A Arquitetura do período da emancipação de Conselheiro Pena foi caracterizada pelo estilo “Art Déco”,3 determinando as construções com volumetrias simples, marcadas pela forma geométrica, simétrica e repetida, com fachadas que possuem elementos figurativos, ornamentos e decorações. Voltando à evolução do município, podemos perceber que a malha viária da mesma possui uma mescla de traçado: o traçado irregular é predominante nas partes altas da cidade; e o traçado regular está presente nas áreas mais planas, sendo identificado também nos bairros mais novos, e que foram projetados. Conselheiro Pena é uma cidade à que se tem fácil acesso; possui uma entrada principal voltada para a BR-259, com infraestrutura de boa qualidade, e as demais entradas são ligadas aos seus distritos. Destes, boa parte ainda carece de infraestrutura, com ruas de terra batida e iluminação pública deficiente. Já na área urbana central a infraestrutura é adequada para atender à população: boa iluminação pública, além de apresentar bom calçamento, sendo as ruas praticamente todas pavimentadas. Mas, ao mesmo tempo, precisa melhorar com a implantação de calçadas cidadãs. Conselheiro Pena é uma cidade que possui uma qualidade de vida satisfatória, além de ser uma cidade agradável, pela boa mobilidade e locomoção das pessoas. Em relação ao paisagismo, Conselheiro Pena é privilegiada pela boa arborização, além de seus distritos possuírem montanhas, cachoeiras e atrativos de lazer que chamam a atenção da população e de turistas que exploram esse tipo de vivência ligada à natureza. Dois de seus principais atrativos turísticos naturais são o Parque Sete Salões, que pertence ao município de Resplendor, Conselheiro Pena, Santa Rita do Itueto e Itueta, e a Serra do Padre Ângelo, que possui um cenário de belas paisagens, ideal para caminhadas, escaladas e rapel, entre outros esportes.
3ART
DÉCO: É um estilo artístico de caráter decorativo que surgiu na Europa na década de 1920, atingindo os Estados Unidos e outros países do mundo na década de 1930. Este estilo esteve presente na arquitetura, design industrial, mobiliário, moda e decoração. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/art_deco.htm>acesso em: 10 set. 2016.
31
3.2
CONTEXTO DO BAIRRO CENTRO
O Centro é o bairro por onde passam as principais ruas que conectam toda a cidade (figura 11); são nelas que podemos encontrar o comércio local, equipamentos públicos e instituições. O bairro tem este nome por ser a localização central da cidade, que faz conexão com os demais bairros, distritos e municípios. Tem como característica a concentração de usos, como: igrejas, prefeitura, bancos, praças, supermercados, etc. O bairro possui duas praças, sendo uma a Praça Pe. Francisco Van Kemenade (Praça da Matriz), localizada em frente à Mitra Diocesana - Igreja Católica Matriz São José e em frente do edifício objeto de pesquisa: ... onde na época do Lajão já tinha indícios dessa área como um espaço vazio, e na década de 40 esse espaço era conhecido como Praça Cesário de Barros. Inaugurada em 1956 pelo prefeito Altivo Saturnino Pereira, a praça contava na época com um pequeno lago artificial com peixes, árvores choronas, luminárias, canteiros cercados com folhagens Coroa de Cristo, e suas flores vermelhas. Seus passeios internos eram de cimento, divididos com madeira. Do que foi no passado só resta de lembranças as belas palmeiras imperiais (OLIVEIRA, S.T. OLIVEIRA, W.T. 1998 p.112) (figuras 12 e 13)
Hoje a praça ainda possui seus passeios demarcados e direcionais. No centro de encontro desses passeios está uma fonte com efeito de luzes. Nas extremidades do entorno central dessa fonte estão dispostos os equipamentos públicos de ginástica. Além disso, possui, na lateral oposta à frente da Igreja Católica, bancos e mesas de jogos, muito frequentadas por taxistas e aposentados da cidade que apreciam o carteado para passar o tempo (figuras 14, 15 e 16). Como a praça é ligada à Igreja Católica por uma rua de pedestre, em eventos da igreja essa rua e a praça são utilizadas como apoio e suporte para as festividades, com instalação de palco, barracas e enfeites (figura 17).
32
Figura 11: O bairro Centro e o entorno da área de intervenção urbanística
Fonte: Desenho da autora – agosto 2016
33
Figura 12: Praça Cesário de Barros - anos 50
Fonte: Livro Conselheiro Pena e sua História - p.113 – setembro 2016
Figura 13: Praça da Matriz - ano 2000
Fonte: Facebook - Foto Conselheiro Pena Saudosismo - setembro 2016
Figura 14: Praça da Matriz - 2015
Fonte: Facebook – Edson Mendes Fotógrafo - setembro 2016 Figura 15: Vista de dentro da Praça para o Edifício
Figura 16: Vista de cima da Igreja para a Praça
Fonte: Acervo Pessoal – janeiro 2017
34
Figura 17: Vista aérea do entorno da edificação - 2015
Igreja Católica Cine Fátima
Praça da Matriz
Fonte: Facebook – Edson Mendes Fotógrafo - setembro 2016
A igreja católica está localizada em frente ao cinema. Anexa ao templo, temos a casa dos padres, uma capela e um jardim, que fica voltado para a rua José Maurício de Vasconcelos. Seu acesso é restrito, pois está inserido dentro do lote pertencente à igreja, e é fechado por grades. Ele conta com bancos fixos, áreas verdes e um espaço livre de circulação, que serve de espera para as missas (figuras 18 e 19). Figura 18: Jardim Igreja - foto tirada de frente do cinema
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
Figura 19: Jardim da Igreja Católica
Fonte: Acervo Pessoal – janeiro 2017
A outra praça é a Praça João Luiz, conhecida como Praça da Prefeitura (figura 20), e localizada em frente à Prefeitura Municipal de Conselheiro Pena. Este pequeno espaço possui bancos e mesas, além de ser nela que acontece uma feirinha comercial 35
às sextas-feiras pela manhã, com a venda de legumes, verduras, doces e tortas (figura 21). E, à noite, ali acontece ainda a “feirinha noturna” citada abaixo. Figura 20: Praça João Luiz – 1999
Figura 21: Praça João Luiz - 2014
Fonte: Pagina Facebook - Foto Conselheiro Pena Saudosismo - setembro 2016
Como citado anteriormente, o centro possui uma vida bastante ativa, se comparada à dos demais bairros. Principalmente no período diurno, pela concentração dos usos. Já no período noturno, essa movimentação enfraquece de segunda a quinta feira. Por outro
lado,
nos
finais
de
semana
a
circulação
de
pessoas
aumenta
consideravelmente. Na noite de sexta feira a Feirinha na Praça da Prefeitura, com exposições de barracas de alimentação, shows e atrações locais, além de brinquedos para diversão das crianças, como pula-pula e trenzinho. O domingo é marcado pela concentração de pessoas nas igrejas; assim que acaba o culto ou missa, muitos se deslocam para lanchonetes e sorveterias que estão dispostas no bairro. Algumas datas marcantes da cidade são comemoradas com eventos e shows no centro. Quando se trata de evento religioso programado pela Igreja Católica, esses eventos são localizados na rua de pedestre em frente à mesma e na Praça da Matriz, como citado anteriormente (figuras 22 e 23). Um dos eventos mais importantes que se apropriam desta área é a Festa de São José, padroeiro da cidade, comemorada no dia 19 de março, quando “geralmente são realizadas durante uma semana várias competições esportivas, shows e barraquinhas organizadas pela paróquia” (OLIVEIRA, S.T. OLIVEIRA, W.T. 1998 p.332). Outro evento da paróquia é a comemoração do mês de Maria: todos os finais de semana do mês de maio, depois das missas, são feitos coroações a Maria; para estas festividades são dispostas
36
barraquinhas na rua de pedestre, que acolhem brincadeiras, leilões e venda de alimentos. Figura 22: Rua de Pedestre foto tirada de frente do Edifício Cine
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
Figura 23: Rua de Pedestre foto tirada da Avenida João Pinto
Fonte: Acervo Pessoal – janeiro 2017
Fora as festividades religiosas, Conselheiro Pena conta também com o carnaval, comemorado em fevereiro ou março. Este evento tradicional da cidade é considerado o melhor do leste mineiro. Nessa época o centro da cidade é tomado pelo público: durante cinco noites, o povo se apropria das ruas e da praça João Luiz para dançar, sair em blocos e escolas de samba, além de movimentar as ruas com trios elétricos e shows, que acontecem em palcos montados especialmente para o evento. Em resumo, pode-se afirmar que o centro da cidade é bem movimentado, se comparado aos outros bairros. É, também, o que possui maior fluxo de pessoas e veículos. Por ser uma cidade pequena, o centro se tornou o pólo comercial da cidade e nele pode-se encontrar quase tudo que a comunidade necessita.
3.3
CONTEXTO HISTÓRICO DA EDIFICAÇÃO
”Em 1951, Américo Bernardes, Eugênio Marcelo Fernandes da Silva e Najem Youssef Nougeimi montaram uma sociedade” (OLIVEIRA, S.T. OLIVEIRA, W.T. 1998 p.251). A partir dessa sociedade surgiu a ideia de construir um cinema em Conselheiro Pena.
37
Segundo Bernardes (2016), o Sr. Orlando Vitor foi contratado para fazer a construção do Cine Fátima, edifício que demorou cerca de 3 a 4 anos para que fosse concluído. “Inaugurado em 1954, o Cine Fátima era considerado um dos maiores cinemas da época na região do Vale do Rio Doce, com capacidade variando entre 900 a 1.000 pessoas” (OLIVEIRA, S.T. OLIVEIRA, W.T. 1998 p.91) (figura 24). Era o único cinema da cidade e contava com aparelhos da mais moderna equipagem cinematográfica, além de passar os melhores filmes em circulação pelo país. Figura 24: Edifício Cine Fátima - 1968
Fonte: Fotógrafo José Amaro Dutra – agosto 2016
O térreo do Cine Fátima era integrado por um grande auditório e pela bomboniére Paris; já o primeiro pavimento possuía um espaço para assistir aos filmes, chamado de “Galeria”4, que até hoje é visível, ocupando os espaços laterais à sala de projeção. Através de dados obtidos pelo grupo “História do Cine Fátima em Conselheiro Pena”, criado pela autora na rede social facebook, foram adquiridas informações sobre a programação semanal do cinema. Segundo Edson Barreiros (2016), a programação acontecia da seguinte forma: “havia sessões de segunda a sexta – feira às 20:00 horas; e nos domingos, matinê às 14:00 horas e sessões das 19:00 e 21:00 horas. ”
GALERIA: Nome dado ao espaço no qual ficavam as mulheres “mal vistas” pela “sociedade”, pois não podiam se juntar às famílias no auditório. Fonte: Entrevistas – Márcia Regina Sobreira Bernardes. Agosto de 2016 4
38
Segundo Bernardes (2016), os filmes trazidos da cidade de Belo Horizonte ficavam um dia no Cine Fátima. Não eram repetidos, a não ser o filme da sessão de domingo às 19:00 horas, que era reprisado na sessão de segunda–feira. Com isso, a procura da população era grande durante todos os dias, pois cada filme só tinha oportunidade de ser visto naquele determinado dia. Segundo Edson Barreiros (2016), no ano de 1970 foi implantado, aos domingos, o “Show das Dez”. Apesar do nome, este começava às 11:00 horas, logo após à missa das 08:30 horas que acontecia na Igreja Católica logo em frente. Esse programa tinha como objetivo revelar os talentos da cidade; cantores como Fernando Mendes, foram descobertos nesse show de calouros. O valor do ingresso desse evento era simbólico, somente para ajudar na manutenção dos do edifício. Segundo Andrade (2016), o edifício foi arrendado em 1974 pelo senhor Samuel Estevão de Andrade. Sob sua gestão ainda permaneceu por alguns anos operando como cinema. Mas, com o advento da televisão e do vídeo cassete, o público foi caindo consideravelmente, até que este arrendatário não conseguiu manter mais o cinema em funcionamento. Acredita-se que o cinema tenha encerrado suas atividades em 1989. Segundo Bernardes (2016), outras atividades foram acontecendo no edifício depois de seu fechamento como cinema. O espaço foi adaptado para ser casa de shows e em seguida, boate. Depois passou a funcionar como templo protestante e, por fim, em 2005 se tornou loja de móveis. Os últimos inquilinos fizeram uma reforma para adaptar o espaço que abrigou, até 2015, a loja “Center Móveis”. Esta foi a última alteração no edifício, que até hoje se encontra desativado e nas mesmas condições. Desde que os sócios originais faleceram, os herdeiros continuaram a sociedade, constituída hoje por Márcia Regina Sobreira Bernardes (filha de Américo Bernardes), Marcelo Fernandes (filho de Eugênio Fernandes) e os três filhos do Senhor Najem Youssef. Como citado anteriormente, hoje o edifício encontra-se desativado e sem condições de uso, além de não possuir adequações necessárias que as normas exigem por lei para seu funcionamento como espaço de uso coletivo. Sua estrutura encontra-se em boas condições, mas a falta de manutenção interna e arquitetônica faz com que o edifício necessite de reforma para reativação. 39
3.3.1 ESTILO ARQUITETÔNICO – ART DÉCO
As profundas mudanças sociais desencadeadas após a Primeira Guerra Mundial, que foi finalizada no ano de 1918, marcaram a transição de estilo e conduta da nação na década de 20, quando esta começou a romper com o estilo de vida do século passado. A partir daí começam as mudanças que, no âmbito cultural, desencadearam o movimento moderno, uma fase caracterizada pelas descobertas científicas e pelo desenvolvimento tecnológico. Foi nessa época que as casas brasileiras passaram a usufruir de tecnologias como a eletricidade, telefone e o gás. Segundo ITAUCULTURAL (2007), o termo Art Déco é de origem francesa e nasceu da expressão arts décoratifs, que remete a um estilo decorativo que se certifica nas artes plásticas, artes aplicadas e arquitetura no entreguerras europeu. O estilo foi marcado pela Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas, que ocorreu em Paris no ano de 1925. No Brasil, o estilo Art Déco está vinculado ao movimento estético conhecido aqui como Art Nouveau. A diferença entre os estilos é que o Art Nouveau trabalha as linhas onduladas e sem simetria, remetendo à natureza e aos adornos florais. Já o Art Déco é caracterizado pelas linhas retas ou circulares; possui forma geométrica limpa, simétrica (figura 25) e o design mais abstrato, expressando de modo sintético a forma de animais e de corpo feminino. Figura 25: Edifício do estilo Art Déco situado no bairro Estação Velha em Conselheiro Pena
Fonte: Facebook - Foto Conselheiro Pena Saudosismo - setembro 2016
40
O Art Déco nasce da influência exercida por diferentes movimentos culturais do início do século XX, sendo os principais o Cubismo, o Art Nouveau, o Construtivismo, o Modernismo, a Bauhaus e o Futurismo. O Art Déco está ligado aos atributos modernos e vanguardistas deste período. Voltado à burguesia enriquecida pós-guerra, no início Art Déco foi apontado como estilo de luxo, sendo empregados materiais caros como laca, marfim e jade. A partir de 1934, ano de realização da exposição Art Déco no Metropoltan Museaum de Nova York, o estilo passa a dialogar mais diretamente com produção industrial e com os materiais e formais passíveis de serem produzidos em massa. (ITAUCULTURAL, 2007)
Essa exposição acabou levando à popularização do estilo e diminuindo os custos dos seus materiais. Assim, o Art Déco passou a fazer parte da vida diária, influenciando a publicidade, a moda e o design de objetos de uso doméstico, carros, entre outros. O que hoje conhecemos como Art Déco, no século XX era nomeado como “Estilo Moderno”. O Art Déco foi apontado somente como um estilo e não um movimento, como foi o Modernismo, devido a não desenvolver doutrinas filosóficas, teóricas ou políticas. Entretanto, seu valor como “estilo” foi reconhecido por ser único. Tanto por sua influência e difusão, como por ter sido capaz de marcar sua presença nos mais diversos aspectos do design, da moda, da construção e da produção cultural em geral. No Brasil, o estilo surgiu no fim da década de 1920 e adquiriu seu espaço na arquitetura. Obteve suas primeiras manifestações no país a partir da Semana de Arte Moderna (1922) em São Paulo, que trouxe ideias inovadoras para a época. São inúmeras as edificações no estilo Art Déco que podemos encontrar pelo Brasil, como: Teatro Carlos Gomes (Rio de Janeiro), Central do Brasil (Rio de Janeiro), Elevador Lacerda (Salvador), Sede dos Correios (Belo Horizonte) (figura 26), Estação Ferroviária de Goiânia (figura 27) entre outros. O Rio de Janeiro pode ser listado como exemplo da disseminação do Art Déco no Brasil, expressado em vitrais, escadarias, letreiros e decoração de calçamento.
41
Figura 26: Sede dos Correios em Belo Horizonte - MG.
Fonte: http://bhaz.com.br/2016/07/20/ acesso – novembro 2016 Figura 27: Estação Ferroviária de Goiânia – Goiânia, GO 1952.
Fonte: http://www.mpgo.mp.br/portal/conteudo/goiania--2#.WAfNuPkrK00 acesso - outubro 2016
O escultor brasileiro Victor Brecheret é considerado um dos principais artistas que recebeu influência do Art Déco, que também cativou artistas e arquitetos, como Fritz Bleyl (designer alemão), Willian Van Alen (arquiteto norte-americano) e Walter Groupius (arquiteto alemão). “A Art Déco chegou para realizar uma arquitetura mais limpa e funcional com menos detalhamento e com uso de materiais novos, realizando a conclusão das obras com muito mais rapidez que é o que vem ocorrendo até os dias de hoje. Então a Art Déco foi uma grande mudança, mas que teve pouca duração. ” (ARQBRASIL10, 2010).
42
Capítulo 4:
Descrição arquitetônica da edificação
43
4
DESCRIÇÃO ARQUITETÔNICA DO EDIFÍCIO
A fachada do edifício destaca-se por ter traços inspirados no estilo “Art Déco”, com sua forma geométrica simples e simétrica. Ele está localizado na rua José Maurício de Vasconcellos, principal rua da cidade. O edifício possui uma única entrada posicionada no centro da fachada (figuras 28 e 29). Visto de frente, sua lateral esquerda é apropriada pela loja Nogueira Modas (figura 30), e a lateral direita está dividida em três espaços, sendo o primeiro um salão de cabeleireiro, o segundo a lanchonete Central Lanches (com funcionamento somente noturno), e o terceiro uma pequena loja de acessórios (figura 31). Figura 28: Fachada do edifício Cine Fátima
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016 Figura 29: Fachada do edifício Cine Fátima
Fonte: Desenho da autora – outubro 2016
44
Figura 30: Fachada do edifício Cine Fátima
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016 Figura 31: Fachada do edifício Cine Fátima
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
4.1
PAVIMENTO TÉRREO
O Térreo (figura 32) possui logo em sua entrada um pequeno hall, com duas bilheterias e duas escadas (figuras 33, 34 e 35). Em seguida o espaço é composto por um grande auditório, cujo piso hoje encontra-se nivelado, devido à reforma feita pela loja. Apresenta ainda duas paredes longitudinais que dividem o ambiente em três espaços: central e laterais (figura 36). À frente do espaço central localiza-se o palco, com três pequenas escadas para seu acesso (figuras 37 e 38). 45
Figura 32: Levantamento do edifício Cine Fátima - Planta baixa do pavimento térreo
Fonte: Desenho da autora – outubro 2016
46
Figura 33: Hall de entrada – Vista para interior
Figura 34: Hall de entrada – Vista a partir do interior para o exterior
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
Figura 35: Hall - Vista para à escada
Figura 36: Espaço central com palco
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
Figura 37: Palco com escadas
Figura 38: Lateral do palco
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
47
A frente da lateral esquerda possui um espaço que antes fazia parte do auditório (figuras 39 e 40), em seguida encontra-se o local em que funcionava a administração (figura 41) e ao lado o banheiro feminino (figura 42). Em anexo a esse espaço existe um camarim de apoio (figura 43), além de outro camarim que está localizado na lateral direita do palco (figura 44). Figura 39: Lateral esquerda do edifício – Vista para os fundos
Figura 40: Lateral esquerda do edifício – Vista para a frente
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
Figura 41: Administração
Figura 42: Sanitário feminino
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
48
Figura 43: Camarim - Vista para administração
Figura 44: Camarim à direita do palco
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
A lateral direita é composta por uma área que antes também pertencia ao espaço do auditório (figuras 45 e 46); a frente possui um anexo com banheiro masculino (figuras 47 e 48) e, ao lado, uma sala que dava suporte ao palco (figura 49). Daí saia um acesso para uma passagem para lateral externa e fundos do edifício. Trata-se de um espaço vazio no centro do quarteirão, um espaço residual que conectava os fundos dos lotes. Faziam passagem por essa área pessoas que marcavam encontros. Hoje a maior parte dessa área foi tomada pelas casas, que acabaram coladas na parede dos fundos do cinema; somente a parte lateral ainda possui uma pequena área vazia que será aproveitada no anteprojeto. Figura 45: Lateral direita do edifício – Vista para o fundo
Figura 46: Lateral direita do edifício – Vista para a frente
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
49
Figura 47: Anexo - Apoio ao palco
Figura 48: Sanitário masculino
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016 Figura 49: Sala de apoio ao palco
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
4.2
PRIMEIRO PAVIMENTO
O primeiro pavimento (figura 50) tem acesso pelas escadas que estão localizadas no hall de entrada (figuras 51 e 52). O andar é pequeno se comparado ao primeiro; é composto pela sala de projeção, que ainda guarda os equipamentos de projeção (figura 53), e por uma pequena “galeria” com degraus largos onde eram colocadas cadeiras para as pessoas assistirem aos filmes ali de cima (figuras 54, 55, 56 e 57). O andar possui uma vista privilegiada para o palco e os espaços que compõem o auditório no pavimento abaixo (figuras 58, 59 e 60). 50
Figura 50: Levantamento do edifício Cine Fátima - Planta baixa do primeiro pavimento
Fonte: Desenho da autora – outubro 2016
51
Figura 51: Escada direita
Figura 52: Escada vista para térreo
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
Figura 53: Sala de projeção
Figura 54: Galeria
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
Figura 55: Galeria
Figura 56: Galeria
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
52
Figura 57: Galeria
Figura 58: Vista da galeria para térreo
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
Figura 59: Vista galeria para palco - Espaço Central
Figura 60: Vista galeria para térreo - Espaço da esquerda
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
Nota-se pelas fotos acima que o edifício ainda possui uma boa estrutura, precisando de uma reforma e divisões internas bem pensadas para que tenha condições de ter qualquer novo funcionamento.
53
4.3
COBERTURA
A cobertura (figuras 61 e 62), do edifício está prejudicada pelo tempo e pela falta de manutenção: apresenta muitas telhas quebradas e madeiras danificadas. Com o passar dos anos o local acabou ficando abandonado e descuidado. A falta de conservação acabou dificultando que o edifício fosse alugado, podendo ser um local que gerasse renda para os sócios. Figura 61: Cobertura do Edifício
Fonte: Foto Stúdio do Lelé– janeiro 2017
54
Figura 62: Levantamento – Cobertura do Cine Fátima
Fonte: Desenho da autora – outubro 2016
A estrutura do telhado (figura 63) é em formato de treliça, solução mais viável para vencer grandes vãos, sua estrutura ainda possui algumas madeiras que podem ser aproveitadas, mas muitas já estão desgastadas pelo tempo. 55
O edifício é vedado pela telha de fibrocimento, que com o passar do tempo já apresenta diversos buracos e remendos, como o edifício não possui forro, quando chove entra água por dentro da edificação. Figura 63: Estrutura do telhado
Fonte: Acervo Pessoal – agosto 2016
Para reformar o edifício, os sócios precisam investir muito, pois será necessário que toda proposta e detalhes de projetos sejam executados, visando às necessidades que exigem um projeto de reforma.
56
CapĂtulo 5:
Proposta
57
5
PROPOSTA
Após a coleta de informações e visando recuperar as qualidades do edifício, percebeu-se que hoje em dia um cinema do porte do que foi o Cine Fátima não é mais apreciado em cidades pequenas. Além disso, o avanço da tecnologia contribuiu para a modificação desse uso, que hoje concentra investimentos em salas menores. Foi constatado a ausência de um espaço adequando para atividades e funções atrativas que atuem com o caráter de um Centro Cultural na cidade. Em compensação, a população apela para valorização de aspectos que se voltam para a prática cultural sob o ponto de vista da preservação da sua identidade. Analisando esses aspectos, se constrói a ideia de apresentar melhorias para a edificação, visando suas potencialidades, de maneira que atendam às novas necessidades da comunidade. A proposta foi transformar o local em um Centro Cultural que funcione como um instrumento para aprimorar e transmitir o conhecimento. O projeto foi desenvolvido a partir da teoria que Neves (2013) leu e citou diretamente de Luís Milanesi. Como foi estudado, os verbos “informar”, “criar” e “discutir” são fundamentais para a elaboração de um Centro Cultural, pois eles nos dão o suporte necessário para definir as diretrizes projetuais e um bom programa de necessidades, criando ambientes diversificados, capazes de estimular o conhecimento e aprendizado da comunidade. Para integrar esse projeto, foi ainda desenvolvida uma proposta projetual urbanística com diretrizes norteadoras para contemplação não só do Centro Cultural, mas também da praça e da igreja que estão à frente do edifício. Foi fundamental, nesta proposta, a percepção da autora como usuária do espaço, para assim conseguir propor modificações viáveis para a área trabalhada.
5.1
DIRETRIZES PROJETUAIS URBANÍSTICAS
Para valorização do Centro Cultural, da praça e da igreja, foram tomadas decisões urbanísticas para melhorar a circulação de pedestres nesse entorno (figura 64). Tornar as calçadas acessíveis e amplas, substituir o asfalto para piso intertravado para 58
trabalhar a sustentabilidade e melhorar a drenagem da água pluvial, implantar faixas elevadas para reduzir a velocidade dos carros e integrar a rua principal com a rua de pedestres localizada entre a igreja e a Praça da Matriz.
5.2
DIRETRIZES PROJETUAIS ARQUITETÔNICAS
O objetivo principal da proposta foi preservar ao máximo a estrutura original do edifício, sua simetria e seus elementos de fachada. Decidiu-se manter o ritmo e o desenho dos elementos construídos e das aberturas da fachada, visto que elas são importantes para o entendimento da edificação. Adaptações foram feitas para garantir o funcionamento das atividades que serão implementadas, assim como para garantir dimensões adequadas para o layout previsto no programa de necessidades, assegurando iluminação e ventilação natural adequada. Alguns elementos e materiais marcantes e que foram perdidos com o passar do tempo foram resgatados na proposta, sendo eles: o ladrilho hidráulico no hall de entrada, os frisos mais marcados na fachada e a inclinação da plateia do cinema, agora funcionando como um auditório. No andar superior a proposta foi ter o maior aproveitamento do espaço possível, criando ambientes com atividades diversificadas e de uso coletivo.
5.3
PROGRAMA DE NECESSIDADES
Os usos inseridos na edificação foram definidos de acordo com a necessidade da comunidade. Ficaram estabelecidos os seguintes usos: auditório múltiplo uso (adequado para atender tanto a espetáculos de teatro quanto à projeção de filmes digitais), salas de dança, leitura, cursos e oficinas, espaço para exposição de trabalhos, lanchonete, administração e serviços. Definidos os usos, criou-se o programa de necessidades com pré-dimensionamento, como mostra a Tabela 2 (abaixo). Estes dados foram baseados na lei complementar 196 – 2015 do código de obras de Governador Valadares/MG, visto que Conselheiro Pena não possui documentos e normas municipais específicas para estabelecer 59
critérios sobre dimensionamento ou o programa. A cidade de Governador Valadares foi escolhida por estar localizada perto da cidade onde a proposta de intervenção arquitetônica está sendo feita. Além do código de obras, para dimensionar os ambientes foi levada em consideração a norma NBR 9050, (sobre acessibilidade) e a NBR 9077, (sobre saídas de emergências de edifícios, prevenção e combate a incêndios e pânico). Para elaboração do cálculo de usuários foram adotadas as informações abaixo, com base no artigo118 do código de obras de G.V. “Art. 118. O cálculo de lotação deverá observar os seguintes índices: V – Para uso institucional: b) salas de aula em escolas: 1 (uma) pessoa a cada 1,20m² (um metro e vinte centímetros quadrados) de sala de aula; d) administração – 1 (uma) pessoa a cada 7,00 m² (sete metros quadrados) de sala; e) locais de reuniões esportivas, religiosas, culturais, recreativas e similares: 1) locais com assento fixo – 1 (uma) pessoa a cada 1,50m² (um metro e cinquenta centímetros quadrados) ou de acordo com a lotação completa da sala. ” (Lei complementar 196, 2015) No que diz a respeito do dimensionamento das circulações de escada o artigo 151 discorre sobre o que é permitido ou não dentro de uma edificação. “Art. 151. As áreas de acesso e circulação dos estabelecimentos de ensino deverão sem prejuízo das normas relativas à segurança prevista nesta lei e em legislação específica, atender às seguintes condições: III – as escadas de uso comum ou coletivo terão largura mínima igual às larguras dos seus acessos, degraus com largura de 0,30 m (trinta centímetros) e altura máxima de 0,17 m (dezessete centímetros), não podendo apresentar trechos em leque. ” (Lei complementar 196, 2015) Segundo o Art. 156, as edificações destinadas à instalação de estabelecimentos de diversões, além das demais exigências desta lei, atenderão, ainda, ao seguinte:
60
“I – Quaisquer diferenças de nível existentes nas circulações deverão ser vencidas por meio de rampas, não podendo ser intercalados degraus nas passagens e corredores; II - A área destinada à plateia, nas salas de espetáculos e de projeções em geral, será edificada com observação dos seguintes limites e características: a) a inclinação mínima do piso será de 3% (três por cento); b) o espaço entre as filas terá no mínimo 1,20m (um metro e vinte centímetros); e cada fila do setor não conterá mais do que 15 (quinze) cadeiras e, quando contíguas às paredes, as filas não poderão ter mais do que 08 (oito) lugares. ” (Lei complementar 196, 2015) Para elaboração dos demais ambientes foram adotadas as informações abaixo, com base nas normas e leis para ocupação de auditórios e locais de reunião, LEI N° 11.228. “Capitulo 12 – CIRCULAÇÃO E SEGURANÇA As exigências constantes deste Capítulo, relativas às disposições construtivas das edificações e instalação de equipamentos considerados essenciais à circulação e à segurança de seus ocupantes visam, em especial, permitir a evacuação da totalidade da população em período de tempo previsível e com as garantias necessárias de segurança, na hipótese de risco. 12.2 - ESPAÇOS DE CIRCULAÇÃO Consideram-se espaços de circulação as escadas, as rampas, os corredores e os vestíbulos, que poderão ser de uso: b) coletivo; os que se destinarem ao uso público ou coletivo, devendo observar a largura mínima de 1,20 m (um metro e vinte centímetros). 12.4 - RAMPAS As rampas terão inclinação máxima de 10% (dez por cento) quando forem meio de escoamento vertical da edificação, sendo que sempre que a inclinação exceder a 6% (seis por cento) o piso deverá ser revestido com material antiderrapante.
61
12.4.1 - Para acesso de pessoas portadoras de deficiências físicas, o imóvel deverá ser, obrigatoriamente, dotado de rampa com largura mínima de 1,20 m (um metro e vinte centímetros) para vencer desnível entre o logradouro público ou área externa e o piso correspondente à soleira de ingresso, às edificações destinadas a: a) local de reunião com mais de 100 (cem) pessoas; b) qualquer outro uso com mais de 600 (seiscentas) pessoas. 12.4.1.1 - No interior das edificações acima relacionadas, as rampas poderão ser substituídas por elevadores ou meios mecânicos especiais destinados ao transporte de pessoas portadoras de deficiências físicas. ” (Normas para auditório,1992, p.2) Em seu artigo 16, esta lei ainda explica que “Qualquer edificação, sem prejuízo do atendimento às disposições desta lei deverá, quando pertinente e na dependência dos agrupamentos previstas no Capítulo 8, observar as restrições específicas da legislação correlata Federal e Estadual nas áreas do trabalho, saúde e educação, bem como leis municipais complementares”. As atividades relacionadas deverão atender, ainda, às respectivas restrições. Assim, as edificações destinadas a locais de reunião, que abriguem salas de cinemas, teatros e auditórios dotados de assentos fixos dispostos em filas, deverão atender aos seguintes requisitos: a) máximo de 16 (dezesseis) assentos em fila, quando tiverem corredores em ambos os lados; (figura 64) Figura 64: Exemplo de posicionamento das fileiras e largura dos corredores
Fonte: Normas para Auditório – acesso em outubro 2016
b) máximo de 8 (oito) assentos em fila, quando tiverem corredor em um único lado; figura 65)
62
Figura 65: Exemplo de posicionamento das fileiras e largura dos corredores
Fonte: Normas para Auditório – acesso em outubro 2016
c) Setorização através de corredores transversais que disporão de, no máximo, 14 (catorze) filas; (figura 66) Figura 66: Exemplo de posicionamento das fileiras em relação ao palco
Fonte: Normas para Auditório – acesso em outubro 2016
d) vão livre entre o assento e o encosto do assento fronteiro de, no mínimo, 0,50 m (cinquenta centímetros). (figura 67) Figura 67: Exemplo da largura mínima entre um assento e outro
Fonte: Normas para Auditório – acesso em outubro 2016
Para definir a quantidade de assentos sanitários e bebedouros necessários para a edificação, foi utilizada a Tabela 1 (abaixo). 63
Tabela 1: NĂşmero mĂnimo de aparelhos sanitĂĄrios e bebedouro.
Fonte: Mensurador - http://www.mensurador.com/2012/07/numero-minimo-de-aparelhossanitarios.html - acesso em outubro 2016
64
Finalmente, e com base nas análises feitas, foi definido o programa de necessidades para o “Centro Cultural Cine Fátima” (ver Tabela 2, a seguir). Tabela 2: Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ - DIMENSIONAMENTO Ambiente
Quant. de
Mobiliário
Quantidade
Área (m²) mínima
Usuários USO COMUM Hall / Recepção
Lanchonete Sanitário da lanchonete Sanitários da edificação Sanitário acessível
2 atendentes + 30
14
1 balcão, 3 cadeiras (funcionários), 5 mesas com 4 cadeiras cada 2 pias e 2 bacias sanitárias 11 bacias sanitárias 3 mictórios, 8 pias.
2
Bacia sanitária, pia, barra de apoio
3 atendentes + 20 2
Vestiários
5F+5M= 10
Bebedouro
6
Auditório
Camarim + sanitário
1 balcão, 2 cadeiras
150
8
Sala da Memória Sala de Dança
15 50
Sala de Música
25
Armários para guardar objetos pessoais, 4 pias, espelho, banco linear. 2 bebedouros com 3 torneiras 150 cadeiras fixas
Banco linear, espelho, mesa, arara para roupas, no banheiro bacia sanitária mais pia e espelho Ambiente livre para exposições. Espelho, barra de apoio e quadro. Cadeiras, mesa de apoio, espaço livre para posicionamento dos instrumentos e quadro.
1
50 m²
1
35 m²
1F+1M=2
4 m²
7F+7M= 14
40 m²
1F+1M=2
1,50 x 1,70m² x 2 = 6 m²
1F+1M=2
10 m² cada = 20 m²
2
2 m² cada = 4m²
1
250m² plateia + 100 m² de palco + 5 m² espaço para cadeirante = 355 m²
1F+1M=2
15 m² cada = 30 m²
1 1
100 m² 100 m²
1
80 m²
65
Sala de Cursos e Oficinas 60
30 cadeiras com mesas para cada sala, 1 mesa e cadeira para o oficiante, quadro.
2
60 m² cada = 120 m²
SERVIÇO E APOIO Bilheteria Administração Sanitário da adm. Sala Projeção Sala para guardar Instrumentos Sala de materiais pedagógicos D.M.L.+ Área de serviço Copa / refeitório funcionários
Sanitário para funcionários Depósito de lixo
1
1 mesa com caixa, 1 cadeira
1
2 m²
3
3 mesas, 5 cadeiras, 3 computadores 1 bacia sanitária, 1 pia 1 mesa e 1 cadeira Espaço livre para guardar instrumentos musicais Armário com objetos de usos pedagógicos de apoio para oficinas e cursos.
1
21 m²
1
2 m²
1
10 m²
1
25 m²
1
20 m²
2 tanques, armário
1
10 m²
1
25 m²
1
4 m²
1
4m²
30% 1 1
300 m² Existente 1,10 x 1,40m² = 2 m²
1 1 -
-
2 5
1 -
Mesa grande de apoio para eventos, 6 cadeiras para funcionários 1 bacia sanitária, 1 pia, 1 chuveiro Carrinho de lixo CIRCULAÇÕES
Circulação Escada Elevador
3
TOTAL
-
414
Fonte: Tabela da autora - outubro 2016
TOTAL= 1.369 m²
O desafio na elaboração do programa de necessidades foi conseguir incorporar, dentro de um único edifício, usuários com idades, interesses e horários diferentes e ao mesmo tempo, garantir sua segurança e conforto, além da a satisfação de diversos interesses para conseguir atender a toda a comunidade. A expectativa final é conseguir soluções arquitetônicas que privilegiem a programação do centro cultural, o sistema de funcionamento, de atendimento e de oferta de atividades de lazer e aperfeiçoamento profissional.
66
CapĂtulo 6:
O Projeto
67
6
O PROJETO
A partir dos estudos e informações coletadas, o programa de necessidades e o prédimensionamento dos ambientes, foi desenvolvido o projeto, o qual será descrito a seguir, divido em proposta urbanística e proposta arquitetônica; que está composta pelo térreo, primeiro e segundo pavimentos, cobertura, cortes e fachada.
6.1
PROPOSTA URBANÍSTICA
Como apresentado nas diretrizes projetuais, a intervenção é valorizar a área proposta (figuras 68 e 69). Está área foi projetada de modo que ela pudesse ter uma melhor mobilidade de pedestres e ressaltar os três elementos que marcam o centro da cidade, sendo eles: a Praça da Matriz, a igreja e o Centro Cultural. Figura 68: Área de intervenção
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
68
Figura 69: Área de intervenção
Fonte: Desenho da autora – abril 2017
69
A acessibilidade foi pensada de maneira a atender aos portadores de mobilidade reduzida, facilitando sua locomoção em toda a área de intervenção. Foram propostas rampas nas esquinas, sinalização tátil de alerta e direção nas calçadas, faixas de pedestres e extensões nos passeios, para reduzir a largura das vias, o piso intertravado e drenante atende não só à comodidade e ao conforto do usuário, mas, também, à sustentabilidade. A circulação de veículos na rua José Maurício de Vasconcellos foi limitada a uma única faixa de passagem (figura 70), além da inserção de duas faixas elevadas, sendo uma no início da praça e outra em frente à igreja (figura 71). O objetivo foi induzir o motorista a diminuir a velocidade e aproveitar os marcos visuais que estão a sua volta, permitindo também que o pedestre possa percorrer por essa região tranquilamente.
Figura 70: Faixa única para passagem de veículos
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
70
Figura 71: Faixa elevada
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
Um estacionamento a 45° (figura 72) com dezessete vagas também foi inserido na rua, junto com o estacionamento exclusivo para carga e descarga (figura 73) localizado em frente à rua de pedestre, para dar suporte ao carregamento do Centro Cultural. Além desses estacionamentos, outros também foram pensados na rua Orlando Vaz (figura 74), que terá ao total outras dezesseis vagas. Figura 72: Estacionamento a 45°
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
71
Figura 73: Estacionamento carga e descarga
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017 Figura 74: Estacionamento
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
Avaliando as condições de mobilidade do pedestre, percebeu-se a necessidade de ampliar as calçadas em alguns pontos. Este foi o caso em frente às duas faixas elevadas, para transmitir segurança ao pedestre quando for transitar de um lado para o outro, diminuindo o percurso de seu deslocamento na rua, além da ampliação em frente ao Centro Cultural (figura 75), que dará mais espaço para o fluxo de pedestres nessa área. 72
Figura 75: Calçadas alargadas
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
Foi analisado que, para destacar o trecho entre a rua José Maurício de Vasconcellos e a rua de pedestre, a melhor solução seria a troca da pavimentação do asfalto para piso intertravado, para garantir sustentabilidade, conforto e drenagem, além de evidenciar que aquela área possui elementos importantes que merecem ser apreciados (figura 76). Figura 76: Rua pavimentada com piso intertravado
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
73
6.2
PROPOSTA ARQUITETÔNICA
O levantamento arquitetônico feito pela autora mostra o estado atual da edificação. Foi analisado que para o desenvolvimento da intervenção precisou-se de algumas adaptações, demolições e construções de novas paredes, para atender o programa de necessidades proposto. Por ser uma edificação já construída, algumas das áreas estabelecidas no pré-dimensionamento não foram atingidas, pois os ambientes tiveram que se moldar aos espaços existentes dentro da edificação. Então, foi desenvolvido um novo programa de necessidades (ver Tabela 3, a seguir), e o quadro áreas como mostra a Tabela 4 (abaixo). Tabela 3: Programa de Necessidades e Áreas Alcançadas PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ – DIMENSIONAMENTO ALCANÇADO Ambiente
Quant. de
Mobiliário
Quantidade
Usuários
Área Alcançada (m²)
USO COMUM Hall / Recepção
Foyer Lanchonete
2 atendentes + 20 60 2 atendentes + 30 1
Sanitário da lanchonete
1 balcão, 2 cadeiras
1
32,02 m²
Espaço livre 1 balcão, 7 mesas com 4 cadeiras cada + 3 banquetas 1 pia e 1 bacia sanitária, 1 espelho
2
208,04 m²
1
35,40 m²
1 UNISEX
2,44 m²
5F+6M= 11
30,57 m²
1F+1M=2
11,79 m²
6
0.50 cada = 3m² 210m² plateia + 59,78 m² de palco = 269,78 m²
Sanitários da edificação
11
6 bacias sanitárias, mictórios, 8 pias.
Sanitário acessível
2
2 bacias sanitárias, barra de apoio
Bebedouro
6
Auditório
209
Camarim
5
Galeria
42
Sala de Leitura
20
3
6 bebedouros individuais 207 cadeiras fixas + 2 cadeirantes 2 balcões, 5 cadeiras, 2 espelhos, 2 pias, 2 araras para roupas, 3 provadores 42 cadeiras fixas 1 prateleira de livros em L, 5 puff’s, 4 poltronas, 3 mesas com 4 cadeiras
1
2
41,11 m²
1
35,27 m²
1
37,73 m²
74
Sala de Dança
20
Sala de Cursos e Oficinas
40
Área de exposição de trabalhos da comunidade
Espelho, barra de apoio e quadro, palco removível + 1 depósito de apoio 20 cadeiras com mesas para cada sala, 1 mesa e cadeira para o oficiante, quadro.
1
40,08 m²
2
68,43 m²
10
Espaço livre para exposições dos trabalhos + 1 depósito de apoio
1
26,49 m²
Apoio ao auditório
6
6 poltronas, 2 bebedouros, 2 mesas de apoio
2
33,70 m²
Pátio externo
8
3 bancos lineares
1
26,13 m²
2
2,30 m²
1
7,20 m²
1
16,15 m²
1
23,41 m²
5
34,74 m²
1
11,27 m²
SERVIÇO E APOIO Bilheteria
2
Administração Sala de Instrumentos
1
Sala de materiais pedagógicos
-
D.M.L. + Depósitos
2
Copa / refeitório funcionários
4
Vestiários
-
1F+1M= 2
Depósito de lixo
-
Reservatório
-
2 mesas com caixa, 2 cadeiras 1 mesas, 3 cadeiras, 1 computador Espaço livre para guardar instrumentos musicais Armário com objetos de usos pedagógicos de apoio para oficinas e cursos. 2 tanques, 2 armários Bancada com armários, 1 fogão, 1 pia 1 geladeira, 1 mesa com 4 cadeiras para funcionários 2 pias, 2bacia sanitária, 2 espelhos
1F+1M=2
Carrinho de lixo
-
11,49 m²
1
2,37 m²
1
14,10 m²
CIRCULAÇÕES Circulação
-
-
-
71,10 m²
Escada
-
-
2
Elevador
3
-
1
Existente 1,35 x 2,20m² = 2.97 m²
-
1.027,98 m²
TOTAL
-
508
Fonte: Tabela da autora – maio 2017
75
Tabela 4 Quadro de áreas:
LOTE
QUADRO DE ÁREAS 825,34m²
PAVIMENTO TÉRREO
790,73m²
PRIMEIRO PAVIMENTO
706,84m²
SEGUNDO PAVIMENTO
11,66m²
RESERVATÓRIO
22,71m²
TOTAL
1.531,94m² Fonte: Tabela da autora – maio 2017
O edifício conta com dois pavimentos e está inserido na rua José Maurício de Vasconcelos, quadra 45, lote 2. (figura 77) Figura 77: Planta de Localização do Edifício
Fonte: Desenho da autora – maio 2017
76
6.2.1 PAVIMENTO TÉRREO O pavimento Térreo (figura 78 e apêndice) foi ocupado com atividades que pudessem dar suporte ao auditório, ambiente central deste andar, sendo um pavimento bem dividido, e de fácil circulação nas áreas destinadas ao público em geral. Figura 78: Setorização Pavimento Térreo
77
Fonte: Desenho da autora – maio 2017
Para conseguir inserir as atividades previstas dentro do edifício, os ambientes foram dispostos a partir das circulações e rotas de fuga dos usuários, permanecendo a principal entrada no eixo central e a segunda entrada, sendo ela acessível, pelo lado esquerdo da edificação, dando acesso diretamente ao foyer e ao depósito de lixo. Esta entrada foi pensada também como acesso de carga e descarga. Entre as duas entradas está localizada a área de exposições (figura 79), um local privilegiado com vitrines para que os trabalhos desenvolvidos pela comunidade dentro do Centro Cultural sejam expostos, e que também conta com um depósito. Figura 79: Área de exposições
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
78
Na extremidade direita da edificação fica uma lanchonete (figuras 80 e 81), com um banheiro e um depósito; este espaço é ideal para gerar renda de aluguel para os donos da edificação, ou até mesmo como um negócio próprio. Figura 80: Fachada da lanchonete
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
Figura 81: Lanchonete
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
Logo após a entrada principal temos o hall (figura 82), que conta com um balcão de atendimento e duas bilheterias. Nesse mesmo espaço estão posicionadas as duas 79
escadas que dão acesso ao pavimento superior. Neste espaço significativo para história da edificação encontra-se o piso de ladrilho hidráulico que será mantido, restaurado e que foi ampliado pelos dois degraus da entrada.
Figura 82: Hall
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
Ligando os espaços citados anteriormente e os demais ambientes da edificação temos o primeiro foyer (figuras 83 e 84), composto por um elevador com capacidade para três pessoas, duas áreas de estar pequenas e bebedouro, além de dar acesso ao auditório, os sanitários feminino e masculino, copa, dml, os dois apoios ao auditório, vestiário, camarins, sala de instrumentos, administração e um pequeno pátio externo.
80
Figura 83: Foyer
Fonte: Desenvolvido pela autora â&#x20AC;&#x201C; maio 2017
Figura 84: Foyer
Fonte: Desenvolvido pela autora â&#x20AC;&#x201C; maio 2017
81
Os sanitários (figura 85) foram planejados de acordo com as normas e a quantidade necessária para atender aos usuários do auditório, possuindo um assento acessível em cada um deles.
Figura 85: Sanitário Feminino
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
O auditório (figuras 86 e 87) conta com duas entradas, sendo sua circulação acessível por rampas. O ambiente é composto por seis setores, sendo os setores das extremidades com cinco assentos em cada fileira, dois setores contam com sete fileiras e os outros dois com três fileiras. Já os dois setores centrais contam com onze assentos, um setor com sete fileiras e o outro com três, sendo este com dois assentos prioritários para cadeirantes. Totalizando todos os setores o auditório possui duzentos e nove assentos.
82
Figura 86: Auditório
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
Figura 87: Auditório
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
Logo à frente dos assentos temos o palco que foi adaptado com uma ampliação e duas novas escadas que dão acesso a ele, além da instalação de uma tela para exibição de filmes. As paredes curvas, além do pé direito duplo foram mantidos do 83
projeto original. Este ambiente em sua concepção era inclinado, mas com passar do tempo acabou sofrendo uma intervenção onde e mesmo foi transformado em um espaço plano, sendo que na proposta deste trabalho ele vem a ser novamente inclinado, para retratar o que era antes e dar aos usuários a melhor visibilidade possível para o palco. Na lateral esquerda da edificação encontra-se o depósito de material de limpeza (DML), que conta com um armário e um tanque, e logo à frente há uma cozinha/ copa (figura 88) para dar apoio ao coffee break. O espaço conta com uma bancada grande, um fogão, uma geladeira, um micro-ondas, armários, uma mesa com quatro cadeiras para uso dos funcionários. Figura 88: Cozinha / Copa
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
Passando pela circulação, encontramos o apoio ao auditório (figura 89), que conta com três poltronas, uma mesa para café, lanche e um bebedouro; ali foi instalado cobogó de concreto para dar iluminação e ventilação natural no espaço. Já que a edificação encontra-se quase toda encostada nas edificações do entorno, em alguns pontos foram instaladas essas soluções para melhorar a iluminação e ventilação. Este 84
espaço conduz ao auditório e a uma circulação, que também possui o cobogó de concreto, e que dá acesso aos vestiários dos funcionários, e ao primeiro camarim. Figura 89: Apoio ao auditório
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
O primeiro camarim (figura 90) é composto por uma bancada com uma pia e espelho grande e dois assentos e um trocador de roupa, e dá acesso ao local de equipamentos e manutenção e ao palco. Figura 90: Camarim
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
85
Na lateral direita da edificação estão localizados o segundo apoio ao auditório (figura 91), que consta com os mesmos mobiliários do primeiro, e dá acesso ao pátio externo, ao segundo camarim, à sala de instrumentos e à administração.
Figura 91: Apoio ao auditório
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
O pátio externo (figura 92) conta com bancos de madeira e um canteiro com arbustos e flores, e tem o objetivo de aproveitar o espaço remanescente do lote onde está inserido a edificação, uma área residual que foi transformada em local de acolhimento e distração do ambiente fechado.
86
Figura 92: Pátio Externo
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
O segundo camarim (figura 93), possui um provador, uma bancada com pia, espelho e três assentos, e dá acesso ao palco e à segunda área de equipamentos e manutenção. Figura 93: Camarim
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
87
A administração (figura 94), com vista para o pátio externo, e a sala de instrumentos prevista para guardar os instrumentos musicais, e que também dá suporte ao auditório. Figura 94: Administração
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
6.2.2 PRIMEIRO PAVIMENTO O acesso para o primeiro pavimento (figura 95 e apêndice), se fazem pelas duas escadas localizadas no hall, ou pelo elevador que se encontra no foyer. Estes acessos dão para um segundo foyer (figuras 96 e 97), composto por dois pequenos estares com poltronas e bebedouro, e que direciona os usuários para as salas de atividades, sanitários e a galeria do auditório.
88
Figura 95: Setorização Primeiro Pavimento
Fonte: Desenho da autora – maio 2017
89
Figura 96: Foyer
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017 Figura 97: Foyer
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
O andar conta com uma sala de dança (figura 98) com capacidade de receber até vinte pessoas, com palco removível, espelhos e barras nas paredes, além de um depósito para dar suporte ao espaço; como este ambiente é parcialmente colado ao 90
vizinho, a solução proposta para dar ventilação e iluminação foi também o cobogó, seguindo o mesmo alinhamento do pavimento inferior no primeiro apoio ao auditório. Figura 98: Sala de Dança
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
A sala de leitura (figuras 99 e 100), que também possui capacidade para atender a até vinte pessoas, é um ambiente que foi pensado de modo que os usuários se sintam confortáveis nele, com mobiliário mais descontraído, como tapete, puff’s, poltronas largas, mesas com cadeiras, além de várias prateleiras com livros. Para proporcionar conforto e iluminação aos usuários, foi proposto abrir janelas seguindo o mesmo ritmo das portas e vitrines do pavimento inferior, dando harmonia à fachada. Figura 99: Sala de Leitura
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
91
Figura 100: Sala de Leitura
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
A sala de materiais pedagógicos foi inserida em um espaço para aproveitar uma área perdida quando onde era a antiga sala de projeção. Este ambiente é composto por dois níveis, e basicamente é um local de suporte para as salas de atividades; seu mobiliário são armários para guardar materiais. Duas salas de oficinas e cursos (figura 101), foram projetadas para atender à comunidade, cada uma com capacidade também de vinte pessoas, mas com propostas de layout diferentes. A primeira sala conta com mesa quatro mesas grandes, cada uma com cinco cadeiras, uma mesa e cadeira para quem for ministrar o curso, e quadro branco. Seguindo a mesma linha da sala de leitura, também foram propostas janelas nesse ambiente seguindo o alinhamento para compor a fachada.
92
Figura 101: Sala de oficinas e cursos 01
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
A outra sala de oficinas e curso (figura 102), possui uma grande mesa em “U”, tornando o espaço central livre para circulação do ministrante de curso, além da mesa, cadeira e quadro branco. Este ambiente conta com um depósito/DML para dar suporte aos cursos que ali forem oferecidos.
Figura 102: Sala de oficinas e cursos 02
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
93
O andar conta com um sanitário feminino e um masculino acessíveis; acima dele foi proposto o reservatório de água, para dar suporte a toda a edificação. A galeria (figura 103), que no projeto original era localizada onde agora está a primeira sala de cursos e a sala de leitura, foi relocada para frente, fazendo com que o auditório e a galeria se tornassem um único ambiente. Esta galeria possui o mesmo alinhamento de cadeiras do auditório e é composta por duas fileiras, em níveis diferentes para garantir aos usuários boa visibilidade do palco; sua capacidade é de quarenta e dois lugares. Esta galeria foi criada para valorizar sua antiga importância, quando a edificação ainda funcionava como cinema. Procurou-se, ainda, resgatar alguns ambientes ou elementos do original, fazendo com que os usuários percebam que o antigo não foi perdido, e sim apenas transformado. Figura 103: Galeria
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
6.2.3 COBERTURA A solução adotada para a cobertura (figuras 104, 105 e apêndice), foi semelhante à existente, sendo ela dividida em 3 águas principais e uma pequena água no avanço da sala de materiais pedagógicos. 94
Figura 104: Cobertura
Fonte: Desenho da autora â&#x20AC;&#x201C; março 2017
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Foi proposto forro em todos os ambientes para trazer conforto, e segurança quanto a chuva. Sua estrutura também foi baseada nas treliças de madeira seguindo a estrutura original da edificação. A telha de fibrocimento foi escolhida para compor a cobertura de acordo com suas características: seu peso menor ajuda a vencer o grande vão do telhado; sua instalação ser mais simples que as demais, por suas dimensões serem maiores; sua alta durabilidade e seu custo relativamente baixo, além do seu desempenho acústico razoável, se comparado por exemplo a uma telha metálica. Figura 105: Cobertura
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
6.2.4 CORTES Os cortes A-A e B-B ilustrados abaixo (figura 106, 107 e apêndice) visam representar o posicionamento dos ambientes e a identificação dos diversos níveis que compõem a edificação, destacando a inclinação do auditório, e sua relação com a galeria e com o palco. 96
Figura 106: Corte A-A
Fonte: Desenho da autora – março 2017
Figura 107: Corte B-B
Fonte: Desenho da autora – março 2017
6.2.5 FACHADA A proposta para a fachada (figuras 108, 109, 110 e apêndice), foi tentar preservar ao máximo os traços inspirados no estilo “Art Déco”, em especial sua simetria e ritmo. As vitrines e portas foram reformuladas no térreo, sendo uma base superior de vidro fixo, onde este espaço é destinado a letreiros e placas para poluir o mínimo possível a fachada e abaixo uma porta ou vitrines fixas. Para a porta principal da edificação, foi adotada a porta camarão com duas folhas, possibilitando maior fluidez e ocupando o 97
menor espaço possível, sendo ela de vidro com uma faixa jateada, seguindo o mesmo alinhamento do friso da fachada. Outra proposta foi resgatar o friso, que antes era recuado, e hoje encontra-se em avanço, e evidenciar o chapisco na parte inferior desses frisos. Figura 108: Fachada
Fonte: Desenho da autora – maio 2017
Figura 109: Fachada
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
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Figura 110: Fachada
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
No andar superior a fachada, sofreu maior intervenção devido às atividades que serão ali realizadas. Para garantir conforto, ventilação e iluminação natural na sala de leitura e na primeira sala de cursos, precisou-se fazer aberturas na fachada, sendo que estas seguiram o mesmo alinhamento das aberturas de portas e vitrines do pavimento inferior. Para não “quebrar” os frisos nesse pavimento, foi proposto também que os vidros das janelas fossem jateados, dando continuidade aos frisos existentes. Como o edifício é horizontal, para dar um ar de escalonamento no mesmo, foi proposto que a parede que compõe o avanço da sala de materiais pedagógicos fosse aumentada em um metro. Para não poluir e descaracterizar a fachada, foi desenvolvido um totem com o nome do Centro Cultural (figura 111).
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Figura 111: Totem de sinalização do edifício
Fonte: Desenvolvido pela autora – maio 2017
Com as soluções adotadas para fachada, nota-se que as intervenções feitas mostram uma época diferente do estilo inspirado na sua concepção, mas que essas intervenções não ofuscaram, nem tampouco deixaram de evidenciar as linhas originais do edifício.
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Capítulo 7:
Considerações Finais
101
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreender a história de Conselheiro Pena é fundamental para identificar as potencialidades e fraquezas da cidade. Melhorar a vivência local e resgatar elementos culturais que aos poucos foram esquecidos foram pontos considerados, ao criar um anteprojeto arquitetônico que busca abranger as carências identificadas neste município. A partir dos estudos desenvolvidos no presente trabalho, foi constatado que a mudança de uso da edificação surge a partir da necessidade de ter espaços culturais na cidade. Essa intervenção deve ser planejada de modo a obter um edifício funcional, com vitalidade, e que atraia a comunidade a frequentá-lo. Além das alterações dentro da edificação, notou-se a necessidade de intervir também no espaço público ao redor, trazendo soluções viáveis e acessíveis, para que os pedestres se sintam seguros e confortáveis ao transitar pelos arredores da edificação, assim como valorizar sua relação com o seu entorno imediato. Conclui-se que requalificar um edifício em estado precário é mais valioso para a comunidade do que simplesmente colocá-lo abaixo e construir um novo, pois seu valor como marco na história local e como referência no espaço urbano torna-o relevante para a cidade. O objetivo é que os conselheirenses compreendam que vale a pena resgatar uma história vivida por seus pais e avós, renovando o sentimento de pertencimento entre a população e o edifício. Além disso, foi possível mostrar que os valores culturais da cidade não estão perdidos, e que uma intervenção urbanística e arquitetônica, por mais simples que seja, pode influenciar o comportamento social. A presença, assim como a recuperação de marcos urbanos, contribui para uma vivência intensa e proveitosa da cidade e de seus ambientes.
102
Capítulo 8:
Referências Bibliográficas
103
8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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106
Capítulo 9:
Apêndices
107
9
APÊNDICES
PLANTA BAIXA – PAVIMENTO TÉRREO PLANTA BAIXA – PRIMEIRO; SEGUNDO PAVIMENTO E RESERVATÓRIO COBERTURA CORTES A-A e B-B FACHADA
108
UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO JUNHO 2017 VILA VELHA - ES
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