trabalhos e técnicas
2011/junho
Número 01 Alyne Silva Favoretti
Técnicas: Matriz perdida Contact Filme recorte
Fotográfico
SERIGRAFIA │Editorial
erigrafia é um processo de impressão no qual a tinta é vazada – pela pressão de um rodo ou puxador – através de uma tela preparada. Aqui, você vai conhecer os diferentes processos serigráficos por meio das técnicas da matriz perdida, do papel contact, do filme recorte e do processo fotográfico. Vai também conferir um tutorial básico das técnicas e a apresentação dos trabalhos realizados na disciplina de Serigrafia lecionada pelo professor Fernando Augusto na Universidade Federal do Espírito Santo no período 2011/1 realizados pela aluna Alyne Silva Favoretti do curso de Artes plásticas.
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Alyne Favoretti
Sumário
9 NESTA EDIÇÃO 1 EDITORIAL 4 MATRIZ SERIGRÁFICA Como montar a sua matriz serigráfica 6 ESTENCIL Aprenda a execução da técnica e apresentação de um trabalho executado 8 CONTACT Aprenda a execução da técnica e apresentação de um trabalho executado 10 FILME DE RECORTE Aprenda a execução da técnica com passo a passo em fotos
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PROCESSO FOTOGRÁFICO Tutorial para você aprender a técnica mais utilizada de serigrafia COMO FAZER Aprenda a técnica do processo Fotográfico num passo a passo completo. TRABALHO FINAL ARTE PURA Apresentação de trabalho final com apresentação dos trabalhos executados em sala de aula. ARTE APLICADA Tecido com serigrafia transformado em almofada
Esticagem de telas
Matriz serigráfica Para se iniciar o trabalho em serigrafia é necessário o preparo da matriz serigráfica. O bastidor mantém o tecido sob tensão, garantindo estabilidade e registo de impressão, ele pode ser de madeira, ferro ou alumínio. O tamanho vai depender da figura a ser impressa. A esticagem sem o auxilio de maquinas é muito usada pela sua simplicidade e pelo baixo custo dos materiais a serem empregados.
Material básico utilizado na execução da matriz Chassis Grampeador Grampos Tesoura Lápis
Etapas 1
1 │ Colocar a tela, que pode ser molhada, sobre o bastidor. Coloca-se o primeiro grampo. 2
2 │ Esticar a tela para o lado menor do bastidor, grampear,sempre no ângulo de 45°. A tela deve estar muito bem esticada.
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3 │ Grampear todo o lado. 4 │ Esticar o outro lado do ângulo e grampear a ponta. 4
5 │ Grampear todo o lado.
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6 │ Puxar a tela em diagonal para o ângulo ainda não grampeado. 7 │ Com bastante força, puxar e grampear um dos lados.
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Processo Mecânico
│ Os processos de esticagem à máquina, em
equipamentos especiais, são mais seguros, garantindo melhor tensão na tela. No processo mecânico, são colocados sobre uma mesa um ou mais quadros. O tecido é tensionado através de barras e/ou garras que são acionadas mecanicamente. A vantagem deste sistema é a possibilidade de se esticar várias telas ao mesmo tempo. A principal desvantagem é que como os quadros estão independentes do tecido, após a colagem do tecido há uma perda de tensão, visto que o tecido tende a voltar ao seu estado natural e o quadro tende a vergar para dentro.
Técnicas
Estêncil Consiste em recortar um papel, deixando ilesas as partes que não serão impressas. Possui a característica de um molde vazado. Uma vez confeccionado, o estêncil é colocado sobre o substrato (papel, tecido, etc.) a ser impresso e sobre ele é colocada a tela na qual ele grudará no momento em que a tinta for puxada com o rodo. É uma das técnicas mais primitivas, proporcionando um trabalho rápido e de baixo padrão de qualidade, tiragem e acabamento. Material básico utilizado na execução da técnica Chassis Papel (matriz) Papel (impressão) Fita crepe Espátula Rodo
Detalhe do trabalho. Como pode ser visto a tĂŠcnica proporciona um trabalho com baixo padrĂŁo de acabamento.
Técnicas
Contact Assim como a técnica do estêncil o papel contact possui a característica de um molde vazado após o recorte. A técnica consiste em passar o desenho para o contact, recortar com estilete, retirar as partes que serão impressas, deixando ilesas as demais. Uma vez confeccionado a matriz vazada, o contact é aderido na tela rolando para não deixar bolhas.
Material básico utilizado na execução da técnica Chassis Contact Papel (impressão) Fita crepe Espátula Rodo
Na página ao lado trabalho confeccionado com a técnica do papel contact.
Técnicas
Filme recorte É utilizado para obter-se um contorno nítido e perfeito. Constitui-se de uma base de acetato sobre a qual existe uma camada de goma laca. O desenho que será reproduzido não deve possuir muitos detalhes, pois deverá ser cortado com estilete (o filme), impossibilitando assim um trabalho mais refinado. Material básico utilizado na execução da técnica Chassis Fita crepe Estilete Filme recorte Papel (impressão) Espátula Rodo Tíner Estopa
Essa técnica não deu certo em sala de aula, por isso não tem nenhum trabalho para demonstração.
Como fazer 1. Faça um desenho no papel vegetal. Coloque o filme de recorte sobre o risco e fixe-o nos 4 cantos com fita crepe. Cuide para que a emulsão (lado fosco do filme) fique voltada para cima. Usando o estilete, recorte os contornos do motivo somente na emulsão. O acetato (lado incolor do filme) deve permanecer intacto. Remova cuidadosamente a película (emulsão) recortada, deixando o motivo vazado. 2. Para cada cor é necessária uma tela. Marque um registro em cada tela, para que na impressão das cores, o motivo fique perfeito. Sobreponha o filme na parte externa da tela de serigrafia, com o lado da emulsão em contato com o nylon da tela. Com o auxílio de uma estopa, aplique o tíner, pressionando até que a emulsão amoleça e se fixe na tela. Aguarde a secagem durante 20 minutos. 3. Remova o acetato cuidadosamente e, em seguida, vede todas as laterais da tela (por dentro e por fora), com a fita crepe.
4. Para imprimir, distribua um pouco de tinta serigráfica na parte superior da tela e, pressionando-a sobre o papel/tecido a ser estampado, crie um registro. Puxe a tinta sobre toda a extensão do desenho, usando o rodinho de impressão. Retire a tela, aguarde a secagem da primeira cor e repita o processo com outra tela e nova cor. Ao terminar a impressão, lave a tela com um forte jato de água, removendo a tinta para evitar entupimento da tela.
Técnicas
Processo fotográfico Para esse processo, é necessário que se tenha uma arte-final a ser reproduzida sobre acetato ou papel vegetal, que permite a passagem de luz. O desenho é gravado na tela com substâncias que vedam a trama nas partes que correspondem ao desenho. Essa é a técnica de serigrafia mais usual e exige certo conhecimento para êxito na sua execução.
Você pode fazer sua arte no computador e imprimir em preto sobre papel vegetal ou transparência com uma impressora laser. Outra maneira de elaborar a arte é fazer sua figura artesanalmente utilizando tinta nanquim sobre papel vegetal. Também pode fazer a arte-final utilizando adesivos recortados e aplicados sobre plástico transparente.
Como fazer Preparação da emulsão Mistura-se em um frasco, 10 partes de emulsão com uma parte de sensibilizante, até formar uma mistura homogênea. Esta mistura pode ser preservada numa temperatura aproximadamente 15°C e longe da luz. Preparação da matriz A emulsão é aplicada pelo lado externo da tela com uma régua ou calha de modo que a emulsão percorra igualmente a superfície. Após emulsionar a tela, a tela deve ser seca (com um ventilador ou estufa) em uma câmara escura – no caso da sala de aula a emulsão era seca na estufa por 15 min. – a tela estará seca quando passar de brilhante para fosca. Algumas emulsões mudam de cor quando secas para facilitar. Se houver alguma falha na emulsão após a secagem pode-se fazer correções e aguardar a secagem novamente. Importante! Consulte antes o fornecedor ou fabricante e leia as instruções no verso dos produtos Que você adquiriu para preparar a emulsão. O modo de preparo, tempo de exposição, secagem, etc. pode ser diferente do que está sendo mostrado aqui. Gravação É importante que o papel desenhado seja transparente e que o desenho esteja bem feito para efeito para evitar que a luz passe nas áreas desenhadas. O ideal é que a gravação seja feita numa câmara escura. Coloca-se a arte-final sobre a mesa de luz na posição que será impresso e sobre ele coloca-se a tela voltada com a face externa para baixo. Submete-se a tela com o desenho ao vácuo. Se não tiver esse recurso basta colocar sobre a tela um papel preto e sobre ele é colocada uma camada de peso para que o desenho tenha um perfeito contato com a tela. Expõe-se o conjunto à luz. O tempo de exposição irá variar conforme o tipo de lâmpada, a distância da tela à fonte de luz, a espessura da camada de emulsão e conforme o desenho a ser gravado – linhas mais finas devem ficar menos tempo em exposição.
Revelação Após a exposição à luz, lavar a tela em agua corrente. Depois de molhada, a emulsão deixa de ser sensível à luz, podendo-se acender a luz do local de trabalho. Coloca-se a tela sob um jato de água. A imagem gravada começará a aparecer no momento em que a emulsão começar a soltar, pois a emulsão só endurece nas partes que receberam luz, ficando resistente à água. O desenho gravado ficará todo aberto, o que possibilitará a passagem da tinta no momento da impressão. Quando dois ou mais artes forem gravadas na mesma tela, deve-se deixar um espaço de 6 a 7 cm entre eles para facilitar a posterior impressão. Deve-se isolar com fita o desenho a ser impresso posteriormente. Para facilitar a impressão, deixa-se 5 cm de cada lado da tela. Retoque da Matriz: Se após a revelação com água a tela apresentar falhas na gravação, estas podem ser corrigidas com retoques feitos com emulsão sensibilizada. Para retocar a tela, não é preciso trabalhar no escuro. Retoque a tela com auxílio de um palito ou um pincel fininho e de cerdas duras. IMPRESSÃO Prendemos a tela com uma garra comum. Coloca-se um pouco de tinta e passa o rodo levando a tinta sobre o desenho. Após passar o rodo, inclina a tela e volte a tinta sobre o vazado para não entupir a tela. Lave a tela o mais breve para não entupir. Registro: O registro pode ser definido como a coincidência de impressões sucessivas. No processo de serigrafia, cada cor exige uma matriz específica, logo a impressão de cada matriz deve estar alinhada à das outras. Para marcar o registro diretamente na tela, alinhando as matrizes pelo que foi impresso, adiciona-se, à cada uma delas, marcas de registro. Pode-se criar o registro num acetato. Antes de imprimir a segunda cor sobre o desenho, coloca-se uma folha acetato com um pedaço de fita crepe na parte superior para manter no lugar, imprime o desenho no acetato, levantar a tela e alinhar o trabalho por baixo do acetato posicionando no local onde você quer que seja impresso a segunda cor. Levanta-se o plástico e imprime definitivamente a segunda cor.
Trabalho final A falsa dicotomia entre Artes Visuais e arte aplicada.
Para o trabalho final da disciplina foi proposto que se crie dois trabalhos, sendo um com o conceito de “arte pura” e outro dentro do conceito de utilitário. Para tal sugestão temos que entender a dicotomia entre as artes visuais e arte aplicada tendo em vista o pensamento de D.A. Dondis1. Pelo ponto de vista do autor, as artes aplicadas devem ser funcionais, sendo que a utilidade designa o design e a fabricação de objetos úteis ao dia a dia das pessoas, e as chamadas “belas” devem prescindir de utilidade. A diferença entre o puramente artístico e o utilitário é o grau de motivação que leva a produção do trabalho, seja qual for a sua abordagem, a arte para os filósofos sempre carrega um tema, emoções, paixões e sentimentos. A arte pura transita para a arte aplicada, mas a arte aplicada não consegue se transformar em arte pura. Essa concepção de arte pura e arte aplicada para a contemporaneidade, segundo D. A. Dondis aborda questões relativas expressão subjetiva e a função objetiva. Para entendermos melhor, o autor diz que quando se tem expressão criadora então estamos falando de arte pura e quando se tem uma finalidade e um uso faz parte das artes aplicadas. Com esse entendimento é que foram criados os trabalhos finais que serão apresentados a seguir. Para trabalho de arte pura criei um mesmo desenho reproduzido de diferentes formas e sobre diferentes cores de papeis para ver como o desenho se comportava nos diferentes suportes e nas composições criadas. Para o trabalho de arte aplicada criei um desenho que foi aplicado em tecido para posteriormente ser capa de almofada, bolsa, ou algo semelhante. 1
Donis A. Dondis, A sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Título: Sem título │ Técnicas e Dimensões: Serigrafia, 29,8x41,9cm │ Tiragem: 1/5
Série de impressões em papeis de cores diferentes Título: Sem título │ Técnicas e dimensões: Serigrafia, 0,8x29,5cm
Título: Sem título │ Técnicas e Dimensões: Serigrafia, 22,2x31,3cm │ Tiragem: 4/4
Título: Sem título │ Técnicas e Dimensões: Serigrafia, 29,8x41,9cm │ Tiragem: 5/5
Série de serigrafias utilizando mais de uma cor em uma impressão.
Título: Sem título │ Técnicas e Dimensões: Serigrafia, 29,8x 41,9cm │ Tiragem: P.A
Título: Sem título │ Técnicas e Dimensões: Serigrafia, 29,8x 41,9cm │ Tiragem: 1/5
Título: Sem título │ Técnicas e Dimensões: Serigrafia, 29,8x 41,9cm │ Tiragem: 3/5
Título: Sem título │ Técnicas e Dimensões: Serigrafia, 29,8x 41,9cm │ Tiragem: 5/5
Arte aplicada
Tecido com serigrafia transformado em almofada.
REVISTA SERIGRAFIA │Contato
Autora Alyne Silva Favoretti (alynefavoretti@gmail.com) NA INTERNET: http://www.ateliedecasa.blogspot.com/
JUNHO/2011