TCC arqurbuvv + Arquitetura e TEA: nova proposta para a Associação dos Amigos dos Autistas do ES

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ARQUITETURA E TEA

NOVA PROPOSTA PARA A ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DOS AUTISTAS DO ES

2022
AMANDA BROTTO IGNACIO

ARQUITETURA E URBANISMO

AMANDA BROTTO IGNACIO

ARQUITETURA E TEA: NOVA PROPOSTA PARAAASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DOS AUTISTAS DO ES

UNIVERSIDADE VILAVELHA
VILAVELHA 2022

ARQUITETURA E TEA: NOVA PROPOSTA PARAAASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DOS AUTISTAS DO ES

Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha como um dos requisitos parciais para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da Prof.ª Érica Coelho Pagel.

BROTTO
AMANDA
IGNACIO
VILAVELHA 2022

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, à Deus, por ter me dado uma família motivadora, que sempre esteve ao meu lado nas horas que mais precisei, e pela oportunidade de completar o curso de Arquitetura e Urbanismo que tanto sonhei.

Aos meus pais, Gisele e Luiz, pelo amor, apoio, parceria e educação com as quais me criaram. Eles que sempre acreditaram em mim e nunca mediram esforços para dar tudo que eu e meu irmão, Victor, precisamos para realizar nossos sonhos. Agradecer, também, ao meu irmão por todas as trocas de conhecimentos. Ao meu companheiro de vida, Daniel, que tanto me ajudou, sempre dando sua opinião sincera, e tanto me apoiou emocionalmente, me dando força quando eu mais precisava, muito obrigada!

Agradeço imensamente aos meus amigos de turma, Miriã, Ana Luiza, Esdras, Júlia, Isabella e Iná, que se tornaram família nesses cinco anos de curso. Obrigada pela parceria de sempre, vou sentir saudade das nossas intermináveis reuniões fazendo trabalho de madrugada, das nossas risadas mais gostosas e dos nossos conselhos mais sinceros. Nós conseguimos!

Sou muito grata a minha professora orientadora, Érica Coelho Pagel, por todos os ensinamentos, apoio e confiança. E, também, aos meus professore, desde o início da minha vida acadêmica até hoje, que contribuíram grandemente para o meu crescimento profissional, transmitindo a mim, não somente teorias, mas também a ética, a dedicação e o exemplo no que se faz.

Não poderia deixar de agradecer também à AMAES, que abriu as portas para me receber, possibilitando e enriquecendo a minha pesquisa sobre a Instituição, e sobre a rotina e caracterização dos indivíduos com autismo.

O Transtorno do Espectro autista (TEA) interfere no desenvolvimento do indivíduo, nos seus aspectos sensoriais, emocionais, de comunicação e de interação. Esse transtorno passou por diferentes definições ao longo dos anos, por apresentar características diferentes em cada indivíduo, sendo avaliado por estudiosos e pesquisadores, até chegar à terminologia e conceito de hoje TEA.

A criação de leis que reconhecem os direitos da população com o transtorno se torna essencial para garantir, oficialmente, os direitos dos indivíduos e seus familiares, porém, na prática, isso não acontece, visto que ainda existe uma luta muito grande dessa comunidade para a aceitação e o cumprimento efetivo dos direitos dos autistas por toda a sociedade, e em todos os ambientes. O Estado do Espírito Santo conta com uma Associação sem fins lucrativos que atende a população autista, a Associação dos Amigos dos Autistas (AMAES), porém carece de melhor infraestrutura para um atendimento mais completo e efetivo.

Visto isso, o presente trabalho propôs uma nova edificação para a Associação, respeitando as normas e diretrizes projetuais, como o PDU de Vitória, a NT 10 e a NBR 9050, com o objetivo de aprimorar o tratamento e bem estar dos indivíduos com TEA e contemplar as necessidades espaciais daAMAES.

Palavras-chave:Autismo; crianças; tratamento; arquitetura inclusiva; AMAES.

RESUMO

ABSTRACT

The autistic spectrum disorder (ASD) interferes with the individual's development, in its sensory, emotional, communication, and interaction aspects. This disorder has gone through different definitions over the years, for presenting different characteristics in each individual, being evaluated by scholars and researchers, until reaching today's terminology and concept ASD.

The creation of laws that recognize the rights of the population with the disorder is essential to officially guarantee the rights of individuals and their families; however, in practice, this does not happen, since there is still a very big struggle of this community for the acceptance and effective fulfillment of the rights of autistic people by the whole society, and in all environments.

The State of Espírito Santo has a non-profit association that serves the autistic population, the Associação dos Amigos dos Autistas (AMAES), but it lacks a better infrastructure for a more complete and effective service.

In view of this, the present work proposed a new building for the Association, respecting the norms and design guidelines, such as the PDU of Vitória, the NT 10 and the NBR 9050, in order to improve the treatment and welfare of individuals with ASD and contemplate the spatial needs ofAMAES.

Keywords:Autism; children; treatment; inclusive architecture;AMAES.

“O segredo, queridaAlice, é rodear-se de pessoas que te façam sorrir o coração. Só então que estarás no país das maravilhas”.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Dados estatísticos do autismo nos EUA................................................................................................................................................................

Figura 2 Diagrama de Procedimentos Metodológicos........................................................................................................................................................

Figura 3 Esquema acerca da história do autismo................................................................................................................................................................

Figura 4 Diagrama com os critérios que formam a palavra “ASPECTSS”........................................................................................................................

Figura 5 Os cinco sentidos..................................................................................................................................................................................................

Figura 6 Volumetria do CentroAvançado paraAutismo.....................................................................................................................................................

Figura 7 Planta baixa do CentroAvançado paraAutismo, dividida por níveis sensoriais..................................................................................................

Figura 8 Jardim Sensorial (Zona de Transição) do centroAvançado paraAutismo...........................................................................................................

Figura 9 Jardim Sensorial do CentroAvançado paraAutismo...........................................................................................................................................

Figura 10 Funcionalidade Planta baixa do CentroAvançado paraAutismo....................................................................................................................

Figura 11 Localização do CADB........................................................................................................................................................................................

Figura 12 Antigo Ginásio do Hospital White Plains...........................................................................................................................................................

Figura 13 Iluminação natural do CADB.............................................................................................................................................................................

Figura 14 Conceito de “aldeia” do CADB..........................................................................................................................................................................

Figura 15 Quartos identificados por cores do CADB.........................................................................................................................................................

Figura 16 Volumetria interna, ainda sem cores do CADB..................................................................................................................................................

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Figura 17 Exemplo de setorização do ambiente por estímulo do CADB

Figura 18 Estratégias de conforto acústico em sala de tratamento do CADB

Figura 19 Iluminação natural e artificial do CADB

Figura 20 Fachada e localização da Clínica Envolve

Figura 21 Planta baixa do Térreo da Clínica Envolve

Figura 22 Sala deAtendimento em Grupo no Térreo

Figura 23 Sala deAtendimento em Grupo no Térreo

Figura 24 Sala deAtendimento em Grupo psicomotricidade e terapia ocupacional

Figura 25 Recepção

Figura 26 Sala de Espera com apoio para os pais

Figura 27 Sala deAtendimento individual

Figura 28 Circulação do Térreo

Figura 29 Banheiro infantil e vestiário infantil do térreo

Figura 30 Banheiro PNE

Figura 31 Cozinha com acesso das crianças

Figura 32 Pátio descoberto com parte coberta

Figura 33 Planta baixa do 1° Pavimento da Clínica Envolve

Figura 34 Sala deAtendimento em Grupo do 1° Pavimento

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Figura 35 Laboratório de observação

Figura 36 Sala de fonoaudiologia

Figura 37 Planta baixa do 2° Pavimento da Clínica Envolve

Figura 38 Auditório / Sala deAtendimento em Grupo

Figura 39 Meios de obtenção dos recursos financeiros daAMAES

Figura 40 Localização e fachada daAMAES

Figura 41 Mapa do entorno naAMAES

Figura 42 Planta baixa daAMAES

Figura 43 Sala de Psicomotricidade daAMAES

Figura 44 Sala deAtendimento Pedagógico Linguagem Oral e Escrita 01

Figura 45 Sala deAtendimento Pedagógico Linguagem Oral e Escrita 02

Figura 46 Sala de Educação Social emArtes

Figura 47 Sala deAtendimento Pedagógico Raciocínio Lógico e Matemático

Figura 48 Sala de Educação Social em Música

Figura 49 Sala deAtendimento Clínico Game Terapia

Figura 50 Sala deAtendimento Clínico “Kitnet”

Figura 51 Corredor para as Salas deAtendimento

Figura 52 Pátio descoberto

Figura 53 Análise das condicionantes daAMAES

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Figura 54 Proposta de volumetria da nova edificação daAMAES no terreno...................................................................................................................

Figura 55 Planta baixa do térreo com setorização dos blocos principais............................................................................................................................

Figura 56 Planta baixa do 1° pavimento com setorização do bloco principal....................................................................................................................

Figura 57 Comparativo de insolação nos solstícios de verão e inverno, às 9 h e 17 h

Figura 58 Planta baixa do térreo humanizada, com numeração do paisagismo..................................................................................................................

Figura 59 Planta baixa do primeiro pavimento humanizada...............................................................................................................................................

Figura 60 Perspectiva 01 da fachada principal....................................................................................................................................................................

Figura 61 Perspectiva 02 da fachada principal

Figura 62 Perspectiva 03 da fachada principal

Figura 63 Perspectiva 04 da fachada principal

Figura 64 Perspectiva 05 da fachada principal

Figura 65 Perspectiva 06 da fachada principal

Figura 66 Perspectiva 07 da fachada principal

Figura 67 Perspectiva 08 da fachada principal

Figura 68 Planta baixa sala de Linguagem Oral e Escrita, com indicativo das vistas

Figura 69 Perspectiva 01 da sala de Linguagem Oral e Escrita

Figura 70 Perspectiva 02 da sala de Linguagem Oral e Escrita

Figura 71 Perspectiva 03 da sala de Linguagem Oral e Escrita

Figura 72 Perspectiva 04 da sala de Linguagem Oral e Escrita

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Figura 73 Perspectiva 05 da sala de Linguagem Oral e Escrita

Figura 73 Perspectiva 06 da sala de Linguagem Oral e Escrita

Figura 74 Perspectiva 07 da sala de Linguagem Oral e Escrita

Figura 75 Perspectiva 08 da sala de Linguagem Oral e Escrita

Figura 76 Perspectiva 09 da sala de Linguagem Oral e Escrita

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LISTA DE QUADROS

Quadro

Quadro

Quadro

Quadro

Quadro

Quadro

Quadro

1 Diretrizes das referências projetuais...................................................................................................................................................................
2 Quadro de áreas daAMAES...............................................................................................................................................................................
3 Quadro de diretrizes propostas x diretrizes atendidas x como foram atendidas.................................................................................................
4 Programa Arquitetônico......................................................................................................................................................................................
5 Parâmetros Urbanísticos......................................................................................................................................................................................
6 Quadro de áreas da nova edificação daAMAES................................................................................................................................................
7 Justificativas de ambientes do paisagismo.......................................................................................................................................................... 47 51 59 61 65 65 70

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Condicionantes de conforto ambiental para pessoas com TEA........................................................................................................................... 33

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

TEA

OMS CDC APAE AMAES

ASPECTSS

TID ONU DMS 5 ABA

TPS CADB

EEEFM

Transtorno do EspectroAutista

Organização Mundial da Saúde

Central of Disease Control Centro de Controle e Prevenção de Doenças

Associação de Pais eAmigos de Excepcionais

Associação dosAmigos dosAutistas do Espírito Santo

Acústica, Sequenciamento espacial, Escape, Compartimentalização, Transição, Zoneamento sensorial e Segurança

Transtorno Invasivo do Desenvolvimento

Organização das Nações Unidas Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais vol. 5

Applied Behavior Analysis Análise do ComportamentoAplicada

Transtorno do Processamento Sensorial

Center for Autism and the Developing Brain Centro paraAutismo e o Cérebro em Desenvolvimento

Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio

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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 1.1 OBJETIVO GERAL 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1.3 METODOLOGIA 17 20 20 20
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA TEA 2.1 DEFINIÇÕES SOBRE O AUTISMO 2.2 AUTISMO NO BRASIL 2.3 CARACTERIZAÇÃO DO TRANSTORNO AUTISTA 22 23 24
AUTISMO E ARQUITETURA 3.1 DIRETRIZES PROJETUAIS PARA UMA ARQUITETURA INCLUSIVA 3.2 CONFORTO AMBIENTAL 29 30 32 2.4 TRATAMENTO DAS CRIANÇAS COM TEA 26 27

57 58 61 66 6.4 ESTUDOS DE INSOLAÇÃO 68 6.5 PLANTAS BAIXAS 69 6.6 FACHADA PRINCIPAL 73 6.7 AMBIENTE INTERNO: SALA DE LINGUAGEM ORAL E ESCRITA 80

7 CONSIDERAÇÕES

4
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FINAIS
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERENCIAL PROJETUAL 4.1 ADVANCE CENTER FOR AUTISM 4.2 CENTER FOR AUTISM AND THE DEVELOPING BRAIN (CADB) 4.3 CLÍNICA ENVOLVE 33 34 36 41 APÊNDICE
ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DOS AUTISTAS DO ES 5.1 O EDIFÍCIO E SEUS AMBIENTES 5.2 ANÁLISE DE CONDICIONANTES 48 50 55
O PROJETO 6.1 DIRETRIZES PROJETUAIS 6.2 PROGRAMA ARQUITETÔNICO 6.3 A PROPOSTA
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INTRODUÇÃO

Arquitetura é uma forma de arte que deve ser apreciada e utilizada por todas as pessoas. Ela “tem o poder de contribuir de um modo positivo para a mudança social, para a promoção da justiça, para a eliminação de obstáculos, para a prevenção de conflitos e subsequente regeneração do tecido espacial e para a normalização da dignidade humana” (ARAÚJO, 2017, p.7).

Compreender o usuário é uma questão essencial para a concepção de uma arquitetura mais humana e inclusiva, e a percepção sensorial alterada das crianças com autismo pode oferecer soluções de projeto mais criativas (HOOGSLAG; BOON, 2016; VOGEL, 2008).

Segundo Mostardeiro (2019), o modo como um indivíduo com autismo recebe e processa os estímulos sensoriais enviados pelo ambiente em que está é uma de suas principais peculiaridades, enquanto um lugar pode ser agradável e prazeroso para pessoas fora do espectro, também pode ser um “pesadelo sensorial”, um desafio físico e mental, para quem vive com o espectro. Características de ambientes que podem passar despercebidas por uma pessoa, podem se tornar extremamente angustiantes e causar sofrimento, como muitos ruídos, luzes cintilantes e fortes, e cores muito vivas. A criação de ambientes amigáveis aos autistas envolve a previsibilidade de atividades serão realizadas no local e dos usos dos móveis inseridos, requer o controle das cargas sensoriais presentes no ambiente.

“Ambientes projetados e criados especialmente para crianças com TEA claramente têm um impacto benéfico, não apenas nas próprias crianças, mas também naqueles que cuidam delas” (WHITEHURST, 2006). Portanto, qualquer abordagem de uma arquitetura amigável ao autismo precisa considerar as necessidades de bem-estar, conforto e acessibilidade destes outros usuários (REEVES, 2012). O ambiente construído deve, então, oferecer atributos que facilitem a leitura do espaço e auxiliem para que a criança atinja outros propósitos que vão além dos aspectos físicos (SEGADO; SEGADO, 2013).

Qualquer estrutura arquitetônica está apta a ser inclusiva, na medida em que através do seu design seja possível vivenciar, com grande aproximação e clareza, um programa centrado em todos os cidadãos e focado na extensa variedade e complexidade das suas capacidades, aptidões e sensibilidades. (ARAÚJO, 2017, p. 5).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2021), autismo, ou TEA, é um transtorno do desenvolvimento, que afeta o comportamento e a comunicação, e atinge principalmente sua interação social e aspectos sensoriais.

Em março de 2020, o CDC (Central of Disease Control - Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) lançou um documento que atualiza os dados estatísticos sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

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Nele, é mostrado que a ocorrência do autismo aumentou quase 16% no período de dois anos, passando de 1 em cada 68 crianças, durante 2010 2012, para 1 em 59 crianças, em 2014. E aumentou 9% em um período de 6 anos, de 2014 até 2020, agora com 1 em cada 54 crianças. Isso significa que a incidência do autismo mais que duplicou em 12 anos. Nesse documento da CDC (2020) também há o resultado de que para cada 1 menina com TEA, há 4 meninos com o transtorno, porém, segundo o Blog Autismo e Realidade (2020), ainda não há pesquisas concretas que expliquem esse predomínio do autismo no sexo masculino.AFigura 01, a seguir, ilustra os dados fornecidos pelo CDC (2020).

Figura 01: Dados estatísticos do autismo nos EUA.

No Brasil, esses dados ainda são muito limitados, por não possuir pesquisas concretas sobre a prevalência de autismo no País (SANTOS, 2020).

Mas há uma estimativa, segundo a OMS (2021), de que, aproximadamente, 2 milhões de pessoas apresentam um quadro de TEA no território brasileiro. No qual, somente no estado de São Paulo, existem mais de 300 mil casos. O número de diagnóstico é alto, e muitas dessas pessoas ainda sofrem por não encontrarem locais com tratamentos adequados. No Estado do Espírito Santo, existem clínicas privadas especializadas em tratamentos para pessoas com TEA, como a Clínica Envolve, que será estudada mais profundamente nos capítulos seguintes, porém por terem um custo, não são acessíveis a todo tipo de público.

No Brasil, o apoio às pessoas com autismo acontece por meio das associações, clínicas e escolas, em sua maioria. As associações são instituições sem fins lucrativos, sendo a Associação de Amigos dos Autistas (AMA) e a Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (APAE) as mais conhecidas (BECK, 2017). A cidade de Vitória conta com a Associação dos Amigos dos Autistas do Espírito Santo (AMAES), que surge como uma oportunidade de acesso aos tratamentos multidisciplinares especializados para os indivíduos autistas pelo público em geral. Contudo, por ser sustentada por doações,

Fonte: própria autora, 2022, com base no CDC, 2020.

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parcerias, bazar e ações sociais, a AMAES não consegue ter a infraestrutura desejada, que consiga atender de forma integral a todas as pessoas, contando com uma lista de espera de 542 indivíduos em abril de 2022, dado cedido pela própriaAssociação.

Com isso, conclui-se que Os autistas são pessoas com necessidades especiais tanto no domínio escolar, como social e familiar, devendo, portanto, merecer uma atenção específica e exaustiva para que possam viver em sociedade do modo mais feliz e integrado possível. (SOUZA; SANTOS, 2004, p. 18 19).

Desta forma, o transtorno do espectro autista ilustra um grande problema de saúde pública, e que deve ter as características e necessidades de seus indivíduos consideradas ao projetar espaços construídos.

1.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver o projeto de uma nova edificação para a AMAES (Associação dos Amigos dos Autistas do Espírito Santo), respeitando as normas e suas diretrizes projetuais, como o PDU de Vitória, a NT 10 e a NBR, e também e o detalhamento de uma sala de atendimento pedagógico, a Linguagem Oral e Escrita, com base em pesquisas teóricas, análise de correlatos e visita à Clínica Envolve, especializada em atendimento a crianças com atraso no desenvolvimento, localizada em Vitória, Espírito Santo.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Compreender o conceito, características, tipos de tratamentos e como projetar espaços para pessoas com Transtorno do Espectro Autista TEA, por meio do referencial teórico;

• Pesquisar sobre referenciais projetuais locais, no Espírito Santo, e também, internacionais;

• Elaborar um programa arquitetônico, analisando as necessidades dos usuários, através de pesquisas teóricas, visitas e conversas informais com funcionários daAMAES;

• Propor o projeto de uma nova edificação para a Associação, visando promover atividades pedagógicas e terapêuticas, por meio de espaços adaptáveis, e que atendam a todos os usuários, de forma geral.

• Detalhar uma sala de atendimento pedagógico, a sala de Linguagem Oral e Escrita, localizada no térreo da nova edificação.

1.3 METODOLOGIA

Os métodos são caminhos de pesquisas, em que cada trabalho adota o que for mais condizente com seus objetivos, para se chegar a um resultado final desejado.

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No presente trabalho, foi adotado o método monográfico, que consiste em uma série de pesquisas, com coleta de dados a fim de organizar informações desejadas (GIL, 2008), com uma base de pesquisa que segue duas etapas: a primeira com uma abordagem teórica do assunto, com pesquisa bibliográfica e documental em trabalhos de graduação, artigos de revistas e teses de mestrado relacionadas ao TEA, infância, conforto ambiental e arquitetura para autistas, embasados em: Klin (2006), Instituto Neurosaber (2020), Censo Escolar (2013), DMS-5 (2013), Mostafa (2014), Troncoso e Cavalcante (2017), entre outros. Também foram levantados dados quantitativos estimados pelo CDC (2020) e OMS (2021), com o objetivo de quantificar o número de pessoas com TEA no Brasil. As Leis n° 10.216 (2001) e 12.764 (2012) também foram abordadas.

A segunda etapa aponta as soluções práticas para a resolução dos problemas, com o desenvolvimento de um projeto para uma nova edificação da AMAES. Tem como base de estudo os artigos da etapa anterior, sobre conforto ambiental, normas e as diretrizes de projeto do ASPECTSS™ Design Index (nome formado pela junção das palavras: acústica, sequenciamento espacial, escape, compartimentalização, transição, zoneamento sensorial e segurança, traduzidas do inglês), além da análise de projetos correlatos, visitas técnicas à Clínica Envolve e à AMAES, em Vitória - ES, pesquisa de campo com levantamento de medidas e conversas informais com funcionários daAMAES.

A Figura 02, a seguir, ilustra o diagrama dos procedimentos metodológicos abordados anteriormente.

Figura 02: Diagrama de Procedimentos Metodológicos.

Fonte: própria autora, 2022.

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TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA-TEA

Segundo a OMS (2021), Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do desenvolvimento, que afeta a comunicação e o comportamento, e atinge principalmente sua interação social e aspectos sensoriais.

2.1 DEFINIÇÕES SOBRE OAUTISMO

De acordo com Klin (2006), autismo, também conhecido como transtorno autista, é o TID (Transtorno Invasivo do Desenvolvimento) mais conhecido. Nesse transtorno, são características marcantes e permanentes alterações na comunicação e interação social, e padrões estereotipados e limitados de comportamentos e interesses.

As anormalidades no funcionamento em cada uma dessas áreas devem estar presentes em torno dos três anos de idade. Aproximadamente 60 a 70% dos indivíduos com autismo funcionam na faixa do retardo mental, ainda que esse percentual esteja encolhendo em estudos mais recentes. Essa mudança provavelmente reflete uma maior percepção sobre as manifestações do autismo com alto grau de funcionamento, o que, por sua vez, parece conduzir a que um maior número de indivíduos seja diagnosticado com essa condição. (KLIN, 2006, p. 4)

Em algumas crianças os sinais de autismo podem aparecer precocemente, quando ainda são bebês, enquanto em outras podem surgir mais tarde, até os três anos de idade (NEUROSABER, 2020).

Foi em 1943, que Leo Kanner, psiquiatra austríaco radicado nos Estados Unidos, publicou “Os distúrbios autísticos do contato afetivo, no qual descreveu, pela primeira vez, sobre o autismo, e propunha a introdução de uma nova patologia na psiquiatria. Até então, os diagnósticos dados às crianças que apresentavam grandes transtornos mentais incluíam a debilidade mental, a psicose infantil e a esquizofrenia infantil (LIMA, 2014). A Figura 03, a seguir, ilustra um esquema de linha do tempo do autismo, destacando os principais acontecimentos para a história e evolução do espectro autista.

Figura 03: Esquema acerca da história do autismo.

Fonte: própria autora, 2022, com base em Klin (2006), Lima (2014), UFRGS (2017) e Ministério da Saúde (2021).

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O TEA é um espectro, ou seja, cada indivíduo com autismo apresenta diferentes sinais e traços autistas, e em diferentes intensidades. É importante ressaltar que o autismo não é uma doença, e que não há “cura” para esse transtorno, porém pessoas com TEA podem ser beneficiados com certos tipos de apoios e tratamentos para suas necessidades específicas (ONTIVEROS, 2021).

2.2AUTISMO NO BRASIL

No Brasil, os dados estatísticos ainda são muito limitados, por não possuir pesquisas concretas sobre a prevalência de autismo no País (SANTOS, 2020).

Segundo a OMS (2021), há uma estimativa de que 70 milhões de pessoas sejam afetadas por esse transtorno no mundo, sendo 2 milhões no território brasileiro.

Por isso, o Brasil ainda usa os números divulgados pelo CDC (Central of Disease Control - Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) como referência, mesmo não sendo brasileiro (SANTOS, 2020). Segundo o CDC (2020), a incidência de autismo mais que duplicou em 12 anos, em parte pelo maior conhecimento sobre o transtorno e às ferramentas de identificação mais cedo (CAMARGO; RISPOLI, 2013).

Para esse aumento significativo no número de diagnósticos, são levantados quatro possíveis motivos para esse crescimento, segundo artigo do Blog Neurológica (2017). O primeiro é a forma do diagnóstico, em que houve uma melhora nos critérios, permitindo que os diferentes graus de autismo fossem reconhecidos. O segundo, é o maior número de médicos e demais profissionais especializados em TEA, o que facilita o reconhecimento e encaminhamento das suspeitas de autismo, ou a percepção de que há algo de diferente no desenvolvimento de algumas crianças. O terceiro, é a melhor difusão do conceito do TEA, de que não é uma doença e sim um transtorno, que não tem cura, mas existem tratamentos multidisciplinares que ajudam o indivíduo com autismo a ter uma maior autonomia, que necessitam de seus direitos garantidos com apoio de políticas públicas. E o quarto, maiores recursos utilizados para apoiar o TEA, tanto em pesquisas, quanto na formação de leis federais, como a Lei Berenice Piana, que garante muitos dos direitos aos autistas que os pais tanto buscam e necessitam alcançar para os seus filhos, e que será abordada a seguir.

Entretanto, no Brasil, as colaborações do governo, associadas ao suporte às crianças autistas, surgiram de forma tardia.

Tendo em vista a necessidade e exigência de reconhecimento e busca por direitos, foram elaboradas leis que dessem suporte aos indivíduos com autismo e seus familiares.

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No dia 06 de abril de 2001, foi promulgada a Lei de n° 10.216, que garantiu vários direitos aos pacientes com transtornos mentais, como a sua proteção contra qualquer forma de abuso, e a participação familiar durante o tratamento (BRASIL, 2001). A Lei também orienta que a reinserção social da pessoa com autismo seja tratada como finalidade permanente do tratamento, que será por meio de uma equipe multidisciplinar.

Alguns anos mais tarde, foi criada a Lei de n° 12.764, em 27 de dezembro de 2012, instituindo a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, considerada um marco na luta pelos direitos dos autistas (BRASIL, 2012). Essa Lei, formalmente, caracteriza o autismo como deficiência, o que propicia o cumprimento dos direitos dos autistas, e proíbe a recusa de matrículas no ensino regular para crianças com este transtorno, com o objetivo de promover a aprendizagem e igualdade de todos. Mais conhecida por “Lei Berenice Piana”, essa legislação foi marcada pela luta e persistência de uma mãe de uma criança portadora de autismo diagnosticado, que se fortaleceu e é ativista na luta pelos direitos dos autistas (ALMEIDA, 2020). Esta lei apresenta como direitos das pessoas com autismo: Art. 3° São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista: I a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer; II a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;

III o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo: a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo; b) o atendimento multiprofissional; c) a nutrição adequada e a terapia nutricional; d) os medicamentos; e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento; IV o acesso: a) à educação e ao ensino profissionalizante; b) à moradia, inclusive à residência protegida; c) ao mercado de trabalho; d) à previdência social e à assistência social. (BRASIL, 2012, p. 1 2).

Porém, a Lei n° 13.977, de 08 de janeiro de 2020, denominada “Lei Romeo Mion”, altera a Lei n° 12.764, de 27 de dezembro de 2012 (Lei Berenice Piana), e a Lei n° 9.265, de 12 de fevereiro de 1996 (Lei de Gratuidade dos Atos de Cidadania), para criar a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), de expedição gratuita (BRASIL, 2020). A nova lei prevê que o novo documento garanta à população autista a prioridade de atendimento em serviços públicos e privados, especialmente nas áreas da saúde, educação e assistência social (BRASIL, 2020).

E ainda, no ano de 2013, foi lançada a primeira edição do livro “Retratos de Autismo no Brasil”, pela Secretaria de Direitos Humanos, aprovada pela Presidência da República, na época, representada pela ex presidente, Dilma Rousseff. O livro apresenta vários aspectos importantes da questão do autismo no Brasil, por meio da análise das respostas que obtiveram dos questionários distribuídos ao maior número possível de instituições brasileiras dedicadas a cuidar e acompanhar pessoas com autismo (MELLO et al, 2013).

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Maria do Rosário Nunes, Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (2011 2014), ainda destaca na apresentação do referido livro:

Conhecer a realidade das instituições que acolhem e educam as pessoas com autismo e suas famílias é fundamental para que a sociedade e o governo possam propor e traçar linhas de ação na perspectiva da garantia de direitos humanos de todas as pessoas. (MELLO et al, 2013, p. 9).

Porém, durante o desenvolvimento da presente pesquisa, não foram encontradas normas ou diretrizes de projeto no Brasil voltadas para auxiliar em construções com acessibilidade aos autistas, somente índices internacionais. É importante ressaltar que a NBR 9050, norma brasileira de acessibilidade a edificações, espaços e equipamentos urbanos, mobiliários, não estabelece critérios e parâmetros técnicos quanto ao projeto que incluem as necessidades do público com o espectro autista (IWAMAMOTO; MORAES, 2016).

2.3 CARACTERIZAÇÃO DO TRANSTORNOAUTISTA

As características mais comuns do autismo estão ligadas a dificuldades de comunicação, socialização e aos seus aspectos sensoriais. Cada indivíduo é único, mas há uma regularidade nos sintomas de autismo -enquanto algumas pessoas apresentam sintomas relevantes, outras apresentam um grau leve ou moderado, dentre eles podemos citar falta de contato visual,

hipersensibilidade ao som, visão, sabor, cheiro e toque, a criança não responde quando é chamada pelo nome, não compartilha objetos, não se sente bem com contato físico, dificuldade de adaptação à mudança, padrões incomuns e desenvolvimento mais tardio das habilidades de fala, repetição de frases ou palavras, dificuldade em assimilar os sentimentos dos outros e expressar os seus, e comportamentos repetitivos e incomuns (NEUROSABER, 2020). Quadro clínico caracterizado por deficiência persistente e clinicamente significativa que causa alterações qualitativas nas interações sociais recíprocas e na comunicação verbal e não verbal, ausência de reciprocidade social e dificuldade em desenvolver e manter relações apropriadas ao nível de desenvolvimento da pessoa. Além disso, a pessoa apresenta um repertório de interesses e atividades restrito e repetitivo, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados. (CENSO ESCOLAR, 2021, p. 6).

Atualmente, não se utiliza a diferenciação de tipos de autismo, pois o espectro aborda uma ampla gama de atrasos no desenvolvimento e gravidade dos sintomas e classificar as tipologias torna o diagnóstico mais complicado, já que essas diferenças entre eles podem não ser nítidas. Desde 2015, o diagnóstico é único como Transtorno do Espectro Autista, dessa maneira torna mais fácil a intervenção precoce e o acesso a serviços essenciais (NEUROSABER, 2020).

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Em março de 2020, o CDC lançou um documento que atualiza os dados estatísticos sobre o Transtorno do Espectro Autista. Além de apontar dados estatísticos, o documento traça presença do espectro de forma menos desigual nas diferentes classes, raças e etnias, e abrange todos igualmente.

O TEA inclui indivíduos com autismo de grau leve, moderado e severo.

As diferenças entre os graus podem ser leves e de difícil identificação. No entanto, o diagnóstico é importante para definir as melhores intervenções, considerando, também, as necessidades individuais (NEUROSABER, 2020).

Segundo a última versão revisada do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DMS-5, 2013), o grau de autismo é determinado pela gravidade do comprometimento dos sintomas. O DMS-5 define três graus de autismo: grau leve (nível 1), grau moderado (nível 2) e grau severo (nível 3), descritos a seguir.

Grau leve (nível 1)

Os indivíduos nesse grau apresentam dificuldades na comunicação, porém isso não limita sua interação social. As crianças podem estar menos interessadas em interagir com as outras, o que demonstra reações apresenta problemas para iniciar interações, e mostra um comportamento inflexível, que leva a dificuldades nas atividades cotidianas.

Grau moderado (nível 2)

Nesse nível, os indivíduos apresentam maior dificuldade nas relações sociais e comunicações verbais e não verbais. As crianças com autismo moderado têm uma necessidade moderada de apoio, como suporte para o aprendizado e interação social. Elas podem apresentar maior resistência em aceitar e se adaptar a mudanças, além de serem mais inflexíveis nos comportamentos e apresentarem comportamentos repetitivos.

Grau severo (nível 3)

Nesse nível, as dificuldades na comunicação são ainda mais graves e presentes. Além de apresentarem maior dificuldade de socialização, demonstram alta inflexibilidade de comportamento, possuem uma capacidade cognitiva prejudicada e grande dificuldade em mudança de foco das suas ações.

2.4 TRATAMENTO DAS CRIANÇAS COM TEA

É importante ressaltar que o autismo não é uma doença, e que não há “cura” para esse transtorno, porém certos tipos de apoios e tratamentos específicos podem beneficiar indivíduos com TEA(ONTIVEROS, 2021).

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Não existe um tratamento fixo e único para o autismo, pois cada indivíduo é um ser ímpar, com suas limitações e peculiaridades. O tratamento começa no diagnóstico, e no encaminhamento do médico ou especialista para um tratamento multidisciplinar, de acordo com suas necessidades (NEUROSABER, 2020).

Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (2014), a terapia de intervenção comportamental é a mais aplicada por psicólogos, e a mais eficaz. A mais utilizada é a ABA (do inglês Applied Behavior Analysis) Análise do Comportamento Aplicada, que segue os princípios da psicologia comportamental de Skinner e é focada a entender e melhorar o comportamento humano, os quais são aprendidos no processo de interação entre o indivíduo e seu ambiente físico e social (Skinner, 1953 citado por Camargo e Rispoli, 2013). A ABA “requer uma intervenção buscando o aprendizado principalmente nos grupos de sintomas característicos da síndrome: comunicação social e comportamentos restritos e repetitivos” (MATOS, 2018, p. 11).

Concluindo, a terapiaABAconsiste no ensino intensivo das habilidades necessárias para que o indivíduo diagnosticado com autismo ou transtornos invasivos do desenvolvimento se torne independente. O tratamento baseia se em anos de pesquisa na área da aprendizagem e é hoje considerado como o mais eficaz. (INSTITUTO PENSI, 2018, p. 3).

Além da Intervenção em ABA ligada à psicologia, outros tratamentos multidisciplinares se mostram importantes para o desenvolvimento das crianças com autismo, visando sempre a autonomia e independência desses indivíduos, que, futuramente, se tornarão adultos com TEA. Alguns deles são: terapia ocupacional com integração sensorial, psicopedagogia, fonoaudiologia, psicomotricidade relacional, fisioterapia, nutrição de seletividade alimentar, musicoterapia, arteterapia e equoterapia.

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AUTISMO E ARQUITETURA

A percepção sensorial alterada das crianças com autismo pode oferecer soluções de projeto mais criativas (HOOGSLAG; BOON, 2016; VOGEL, 2008).

3.1

DIRETRIZES PROJETUAIS PARA UMA ARQUITETURA

INCLUSIVA

A arquitetura é responsável por criar ambientes construídos que atendam às necessidades de todos os tipos de usuários, sejam eles com necessidades especiais ou não. Apesar da alta incidência de autismo notada, sobretudo, nos últimos anos, como citado anteriormente, as diretrizes de projeto arquitetônico que atendam especificamente às necessidades dos indivíduos com autismo ainda não são amplamente conhecidas e, tampouco, aplicadas.

Apesar de não ser uma característica específica do TEA, o Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) está presente em grande parte das pessoas com diagnóstico de autismo, e pode auxiliar na compreensão de vários comportamentos atípicos apresentados por elas (POSAR; VISCONTI, 2018).

As alterações sensoriais causadas pelo transtorno de processamento sensorial, afetam o comportamento das crianças com TEA, impactando a sua rotina. [...]

As pessoas com TEApodem viver as experiências sensoriais com angústia e ansiedade, mas também com grande fascínio e interesse. Quando estas são vividas com angústia, podem levar a comportamentos restritivos e repetitivos.

Dessa forma, é muito importante que pais, professores e profissionais que acompanham crianças com TEAfiquem atentos aos sinais de ansiedade, pois muitas vezes elas têm dificuldade de comunicar o que está incomodando. (NEUROSABER, 2020, p. 2).

A integração sensorial é fundamental para o entendimento espacial de um ambiente. Nos indivíduos com autismo, essa recepção dos estímulos pode ser hipersensível ou hiposensível. Um exemplo de hiposensível, são as crianças que possuem pouca resposta ao estímulo sonoro. A hipersensibilidade é mais comum nas pessoas com síndrome de Asperger - também considerada como um transtorno do desenvolvimento que em situações com muito estímulo pode ocorrer uma sobrecarga de sensações (GAINES et al., 2016).

Tendo em vista essa lacuna projetual, Magda Mostafa, pesquisadora e professora associada de Design no Departamento de Arquitetura da AUC (American University in Cairo), após anos de pesquisa, desenvolveu um guia de design sobre como projetar para pessoas com autismo, conhecido como “The Autism ASPECTSS™ Design Index”, publicado em 2014. Esse índice apresenta 7 diretrizes para serem consideradas na elaboração de edificações com um design inclusivo e amigável aos autistas.

A palavra ASSPECTS, que dá nome ao trabalho de Mostafa (2014), é formada pela primeira letra de cada um dos critérios, como mostra o diagrama (Figura 04) a seguir.

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Figura 04: Diagrama com os critérios que formam a palavra “ASPECTSS”.

nível de habilidade e gravidade do autismo de seus usuários. Portanto, atividades de maior foco devem ter um nível mais alto de controle acústico, para auxiliar no foco e atenção à atividade proposta naquele momento e ambiente. É importante que a transição entre ambientes com níveis acústicos diferentes seja feita de forma gradual, para que os alunos possam passar de um nível de controle acústico para outro de forma gradual, movendo-se lentamente para o outro, evitando o “efeito estufa” (MOSTAFA, 2014).

Fonte: própria autora, 2022, com base no siteASPECTSS, 2015.

Em síntese, as sete diretrizes defendidas por Mostafa (2014) são:

1. Acústica: Este critério propõe o controle acústico do ambiente, para minimizar o ruído de fundo, eco e reverberação, e é considerado o critério mais influente no comportamento das pessoas com o transtorno do autismo, pela hipersensibilidade aos sons, característica presente em grande parte dos autistas. De acordo com a autora, o nível do controle acústico deve variar de acordo com o nível de foco do usuário dentro daquele espaço, assim com o

2. Sequenciamento Espacial: Este critério baseia-se na capitalização da afinidade dos autistas com a rotina e previsibilidade. O Sequenciamento Espacial prevê que as áreas sejam organizadas em uma ordem lógica, de acordo com a utilização usual e as atividades propostas em seguida. Desse modo, a rotina e previsibilidade do que está por vir em seguida, são preservadas, minimizando problemas com mudanças de ambientes e atividades (MOSTAFA, 2014).

3. Espaço de fuga: São pequenos espaços com estímulos sensoriais neutros, silenciosos e de fácil acesso. O objetivo dos espaços de fuga é proporcionar descanso ao usuário com o transtorno, em meio à superestimulação encontrada no ambiente. É um refúgio sensorial, que pode incluir uma pequena área dividida ou um espaço silencioso em uma sala (MOSTAFA, 2014).

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4. Compartimentalização: compartimentar é definir e limitar o ambiente de cada atividade, organizando uma sala ou até mesmo um edifício, em compartimentos distintos. Cada compartimento exerce sua função única e claramente definida. A divisão dos compartimentos não precisa, necessariamente, ser por elementos sólidos e permanentes, como uma parede, e sim por móveis, diferença de revestimentos do piso, diferença de níveis, ou, até mesmo, por variações na iluminação (MOSTAFA, 2014).

5. Zonas de Transição: essas zonas ajudam o usuário a recalibrar suas sensações e sentidos à medida que muda de um nível de estímulo para outro. Esses espaços podem ter uma variedade de formas e demarcações, deixando clara a mudança de estímulos e atividades de um ambiente para o outro (MOSTAFA, 2014).

6. Zoneamento Sensorial: Este critério propõe que os espaços sejam organizados de acordo com a qualidade sensorial, ao contrário do zoneamento funcional típico, que só foca no físico. Com isso, o agrupamento de espaços de acordo com seu nível de estímulo permitido, alto ou baixo estímulo sensorial, se torna predeterminante para a setorização dos ambientes (MOSTAFA, 2014).

7. Segurança: esse critério exige uma atenção especial, visto que nunca pode ser esquecido ao projetar ambientes para crianças. Quando se trata de crianças com autismo, a atenção deve ser redobrada, dado que elas podem ter uma percepção alterada de seu ambiente (MOSTAFA, 2014).

3.2 CONFORTOAMBIENTAL

Ao entender que as necessidades dos portadores de Transtorno do Espectro Autista envolvem, sobretudo, questões sensoriais, admite-se que as soluções encontradas envolvem também o campo do conforto ambiental.

Apesar do aumento significativo do número de autistas, segundo dados do CDC (2020) citados anteriormente, não existem discussões a respeito do problema de acessibilidade e conforto desses indivíduos nos ambientes construídos. Por outro lado, muitas pesquisas e artigos recentes têm trazido à tona informações e debates importantes, e que podem contribuir para a elaboração de projetos mais adequados e inclusivos (TRONCOSO; CAVALCANTE, 2017).

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“A comunicação do ser humano com seu entorno é feita por meio dos cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. E foi a evolução dessas formas de perceber o meio ambiente que ajudou a nossa espécie a sobreviver no planeta” (TRONCOSO; CAVALCANTE, 2017, p. 2). As pessoas com TEA tendem a olhar para si, e têm em sua mente diversos pensamentos, despertando os seus cinco sentidos de maneira mais intensa, Figura 05, esses sentidos estão sempre aparecendo de forma mais expressiva, seja por hipersensibilidade ou hiposensibilidade sensorial (KWANT, 2016).

Figura 05: Os cinco sentidos.

Fonte: própria autora, 2022.

O conforto ambiental está associado ao bem-estar de um indivíduo em meio às condições de um ambiente em seus aspectos: térmico, acústico, luminoso, ergonômico, qualidade do ar e acessibilidade, e estes devem ter o nível correto de informações e sensações, de acordo com seu usuário e seus objetivos específicos, trazendo a ideia de conforto e segurança aos indivíduos. Podendo ser obtidas por meio de diretrizes, como mostrado na Tabela 01 a seguir.

Tabela 01: Condições de conforto ambiental para pessoas com TEA.

Fonte: própria autora, 2022, com base na NBR 15220 (2005), NBR 10152 (2017), NBR 8995 (2013).

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REFERENCIAL PROJETUAL

A utilização de referenciais projetuais, como instrumento para alimentar o processo de criação do projeto, foi o artifício encontrado para embasar esse trabalho. Assim, os produtos das análises desses referenciais, ou seja, as diretrizes projetuais, depois são contextualizadas no lugar escolhido para a obra.

4.1 ADVANCE CENTER FOR AUTISM

• Arquiteto: Magda Mostafa.

• Local: Cairo, Egito.

• Data: 2007.

• LOCALIZAÇÃO:

Construído em um terreno de 4.200 m², o Centro Avançado para Autismo (em inglês, Advance Center for Autism) (Figura 06) possui uma área construída de 3.600 m², e está localizado em uma área residencial e com baixa densidade de edificações, na cidade de Cairo, no Egito. O acesso é dificultado por se encontrar distante do centro da cidade, aproximadamente 25 km. Aedificação é cercada por área verde, e não há nenhuma outra edificação com a mesma tipologia por perto (POMANA, 2014).

CONCEITO:

O Centro foi projetado pela arquiteta e pesquisadora Magda Mostafa em 2007, com base na sua própria Teoria do Design Sensorial. Os ambientes são divididos de acordo com seu potencial sensorial: áreas de alto estímulo (VERMELHO), áreas de baixo estímulo (AZUL) e espaços de transição (VERDE), a área que não está demarcada é o setor público (Centro de Assistência à Vida), que se encontra mais distante dos blocos de tratamento, como mostra a Figura 07.

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Figura 06: Volumetria do CentroAvançado paraAutismo. Fonte: Pomana, 2014.
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Fonte: Pomana, 2014.

Figura

Fonte: Pomana, 2014.

Fonte: Pomana, 2014.

Toda a zona de transição (Figura 08 e 09) é composta por uma extensa área verde, permitindo o contato e uma maior conexão com a natureza, ou seja, estimulando diversas sensações nos usuários.

• FUNCIONALIDADE:

A construção é dividida em quatro volumes diferentes: as unidades de alojamento, unidade esportiva, unidade de convivência e unidade de tratamento. Esses blocos são divididos em zonas públicas e zonas para pacientes e funcionários, com duas entradas distintas. As duas zonas são ligadas por um longo corredor que tem a função de proporcionar fácil acesso à zona de tratamento.

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Figura 07: Planta baixa do CentroAvançado paraAutismo, dividida por níveis sensoriais. Figura 08: Jardim Sensorial (Zona de Transição) do CentroAvançado paraAutismo. 09: Jardim Sensorial do CentroAvançado paraAutismo.
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A Figura 10 a seguir mostra a funcionalidade e atividade desenvolvida em cada

edificação do CentroAvançado paraAutismo.

Figura 10: Funcionalidade - Planta baixa do CentroAvançado paraAutismo.

4.2 CENTER FOR AUTISM AND THE DEVELOPING BRAIN (CADB)

• Arquiteto: DaSilva Architects.

• Local: Nova Iorque, EUA.

• Data: 2013.

Fonte: Pomana, 2014, adaptado pela própria autora, 2022.

LOCALIZAÇÃO:

O Centro para Autismo e o Cérebro em Desenvolvimento (em inglês “Center for Autism and the Developing Brain” CADB) está localizado no amplo campus do Westchester Behavioral Health Center, do Hospital em White Plains, Nova Iorque (Figura 11). O CADB é um programa colaborativo entre o Hospital New York Presbiterian e suas faculdades de medicina afiliadas, Weill Cornell Medical College e Columbia University Vagelos College of Physicians and Surgeons, e oferece avaliação abrangente, tratamento, educação e suporte, personalizados, para pacientes e famílias, em um só lugar, por uma equipe clínica multidisciplinar liderada pela especialista em autismo, Dra. Catherine Lord (NEW YORK PRESBITERIAN, 2022).

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Fonte: Google Earth, 2022, adaptado pela própria autora, 2022.

O projeto incluiu a renovação de um ginásio histórico, o Rogers Gymnasium (Figura 12), construído em 1924, com objetivo de abordar um tratamento integrado, ou seja, uma combinação de Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e outras terapias direcionadas para melhorar a comunicação social e as habilidades motoras. A equipe multidisciplinar inclui psiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos, especialistas em comportamento e educação, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e consultores de outras áreas da medicina (NEW YORK-PRESBITERIAN, 2022).

• CONCEITO:

Fonte: NY DAILY NEWS, 2020.

A missão do CADB é melhorar a vida dos indivíduos com o Transtorno do Espectro Autista, e de seus familiares. A relação com a família é imprescindível, visto que, ao mesmo tempo que o Centro compartilha informações e ações que deram certo com as famílias e a comunidade, os familiares ajudam a ampliar o conhecimento científico participando das pesquisas do mesmo. Como um centro clínico de autismo, o CADB hospeda médicos pesquisadores e pós-doutorandos de diversos países do mundo (NEW YORK PRESBITERIAN, 2022).

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Figura 11: Localização do CADB. Figura 12:Antigo Ginásio do Hospital White Plains.
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O Centro conta com um espaço aberto e cheio de luz (Figura 13), o conceito se baseia no tema de “aldeia” (Figura 14), a solução encontrada pelos arquitetos foi transformar o antigo ginásio escuro e cavernoso em uma vila colorida (WEILL CORNELL MEDICINE, 2012).

Figura 13: Iluminação natural do CADB.

Fonte: New York Presbyterian, 2022.

Figura 14: Conceito de “aldeia” do CADB.

Os quartos são identificados por suas cores amigáveis ao autismo (Figura 15) e carpetes macios evitam a reverberação de ruídos (WEILL CORNELL MEDICINE, 2012).

Figura 15: Quartos identificados por cores do CADB.

Fonte: NY DAILY NEWS, 2020.

FUNCIONALIDADE:

Fonte: New York-Presbyterian, 2022.

O propósito do projeto da nova instalação é criar um ambiente físico de apoio no qual indivíduos e famílias possam florescer (WEILL CORNELL MEDICINE, 2012). Salas de tratamento independentes, escritórios e outros espaços fechados existem como pequenas cabanas, casas e pavilhões, posicionados entre ruas abertas, caminhos e outros espaços centrais de reunião (Figura 16).

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Figura 16: Volumetria interna, ainda sem cores do CADB.

Figura 17: Exemplo de setorização do ambiente por estímulo do CADB.

Fonte: Brownlee, 2016.

Diretrizes do ASSPECTS™ se fazem presentes nesse projeto, como a setorização do ambiente por estímulo, que se dá por desenhos e cores distintas no piso, como mostrado na Figura 17. A acústica também foi considerada, tendo em vista que, os arquitetos implementaram várias estratégias de conforto acústico, como a aplicação de carpetes absorventes e painéis de amortecimento de som nas paredes das salas de tratamento, como mostra a Figura 18. Em áreas onde o piso não podia ser acarpetado, usou se piso emborrachado para obter um efeito semelhante.

Fonte: Brownlee, 2016.

Figura 18: Estratégias de conforto acústico em sala de tratamento do CADB.

Fonte: Brownlee, 2016.

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Quanto às áreas públicas, os arquitetos especificaram o piso de cortiça para amortecer o som das pisadas. Além disso, todos os equipamentos de ar condicionado, boilers e ventilação foram movidos para uma cabana anexa ao edifício principal, eliminando totalmente seus ruídos nos ambientes internos (BROWNLEE, 2016).

Assim como os autistas são hipersensíveis à acústica e iluminação, muitas crianças com autismo são hipersensíveis ao toque de objetos físicos. Por isso, o CADB usa materiais naturais, como madeira, cortiça, borracha, porcelana e lã. Isso agrada pessoas sem autismo também, a maioria prefere tocar uma superfície de madeira do que uma de metal. (BROWNLEE, 2016).

Os arquitetos do CADB optaram por uma mistura de fontes naturais e artificiais para a iluminação dos ambientes. Tendo em vista a preocupação do excesso de luz natural, e as distrações que o ambiente externo às janelas pode causar, a decisão foi de manter as janelas existentes do ginásio, visto que estão há 1,80m do piso. Para a iluminação artificial, optou se pelo uso de luzes de teto controláveis, como trilho de spots, no qual a direção e a intensidade da luz podem ser modificadas, caso algum paciente reaja fortemente contra elas. O resultado é um centro iluminado mais como uma sala de estar do que como uma instituição, como mostra a Figura 19.

Cada pessoa autista é única: é todo um espectro de diferentes condições.

Isso pode tornar o projeto mais desafiador, mas, como mostra o novo Centro para Autismo e o Cérebro em Desenvolvimento, não é impossível. (BROWNLEE, 2016).

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Figura 19: Iluminação natural e artificial do CADB. Fonte: Brownlee, 2016.
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CLÍNICAENVOLVE

• Nome: Clínica Envolve.

• Arquiteto: Bruna Laureano.

• Local: Vitória ES, Brasil.

• Data de início da obra: setembro, 2020.

• Data da mudança física: março, 2021.

• Área construída: 900m².

LOCALIZAÇÃO:

A Envolve é uma clínica particular de psicologia infantil, especializada na Análise Aplicada do Comportamento (ABA), que atua no mercado há mais de 11 anos (ENVOLVE ABA, 2022). Está localizada em Bento Ferreira (Figura 20), um bairro de Vitória, com uma localização estratégica próxima ao Centro de Vitória e a outros bairros comerciais. Bento Ferreira tem agito no horário comercial do dia, pela presença de comércios, instituições de ensino, clínicas, hospitais e restaurantes, mas também apresenta tranquilidade e segurança à noite. Com caráter predominantemente residencial, as ruas de Bento Ferreira são bastante arborizadas, com trânsito mais calmo e com estacionamento facilitado. Segundo conversa informal com a arquiteta da Clínica, esses foram pontos fundamentais para a escolha da localização atual da Envolve.

Figura 20: Fachada e localização da Clínica Envolve.

Fonte: própria autora, 2022, e Google Earth, 2022.

• CONCEITO:

A Envolve tem como missão promover a aprendizagem e inclusão de indivíduos com desenvolvimento atípico, com foco em crianças de 2 à 12 anos, por meio de intervenções em Análise Aplicada do Comportamento (ABA), com o objetivo final do desenvolvimento de um indivíduo feliz e independente, sensível ao ambiente em que se encontra, e disposto a descobrir seus encantos. Os principais serviços prestados pela clínica são: teleheath (acesso à avaliação de saúde e educação a distância), consultoria escolar (por meio de visitas periódicas a escola do paciente, o que auxilia no processo de aprendizagem), intervenção em ABA (orientação teórico metodológica da Psicologia, que tem por objeto de estudo o comportamento do indivíduo) e avaliação comportamental (objetivo de identificar os marcos do desenvolvimento nas mais diferentes idades).

4.3
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41

Segundo conversa informal com a arquiteta da Envolve, a Neurociência aplicada à Arquitetura foi o que norteou todas as decisões de projeto da clínica, desde o layout até o mobiliário. Outro conceito importante utilizado pela arquiteta, Bruna Laureano, foi a Biofilia aplicada à Arquitetura. Assim, predominando formas curvas, orgânicas e mais confortáveis ao olhar, com a presença de materiais mais naturais, como o linho nos estofados de sofás e poltronas, vinílico amadeirado nos ambientes de maior permanência das crianças, e cores mais comuns na natureza, como azul, verde e amarelo, de formas pontuais nos ambientes, mas mantendo uma base neutra. A escolha da iluminação artificial também teve grande influência da biofilia, pelos formatos arredondados, e temperatura de luz mais quente e neutra.

FUNCIONALIDADE:

Atualmente, a Clínica atende 196 crianças com atrasos no desenvolvimento, em sua maioria, crianças com autismo. A clínica conta com uma equipe formada por 21 psicólogos, dentre eles, 4 diretores, 2 supervisores (uma sendo fonoaudióloga), 2 supervisoras assistentes, 1 coordenador, 9 trainees; uma equipe multidisciplinar, que conta com 3 fonoaudiólogos, 1 educador físico, 1 educadora, 1 terapeuta ocupacional, 1 psicopedagoga; e uma equipe administrativa, com 3 integrantes, segundo site oficial da Envolve.

A Clínica conta com uma ampla estrutura, moderna e totalmente reformada, ocupando todos os três pavimentos do seu edifício, que são setorizados pela faixa etária das crianças. Sendo assim, o térreo (Figura 21) abriga as crianças mais novas, de 2 a 4 anos.

Figura 21: Planta baixa do Térreo da Clínica Envolve.

Fonte: Clínica Envolve, adaptado pela própria autora, 2022.

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O térreo conta com 6 salas de atendimento em grupo (Figuras 22, 23, 24), que possibilitam a aplicação de diferentes especialidades de tratamento, como terapiaABA, terapia ocupacional, psicomotricidade e fonoaudiologia.

Figura 22: Sala deAtendimento em Grupo no Térreo.

Figura 24: Sala deAtendimento em Grupo no Térreo psicomotricidade e terapia ocupacional.

Fonte: Site Oficial da Clínica Envolve, 2022.

Figura 23: Sala deAtendimento em Grupo no Térreo.

Fonte: própria autora, 2022. No térreo, também estão presentes a recepção (Figura 25), sala de espera com apoio para os pais (Figura 26), salas de atendimento individual (Figura 27), circulação (Figura 28), banheiros e vestiários acessíveis para as crianças (Figura 29), elevador, banheiro PNE (Figura 30), cozinha com acesso das crianças (Figura 31), pátio descoberto com parte coberta (Figura 32), refeitório, banheiro e apoio para funcionários, lavanderia.

Figura 25: Recepção.

Fonte: Site Oficial da Clínica Envolve, 2022.

Fonte: Site Oficial da Clínica Envolve, 2022.

4EFEECALPJEAL
43

Figura 26: Sala de Espera com apoio para os pais.

Figura 29: Banheiro infantil e vestiário infantil do térreo.

Fonte: Site Oficial da Clínica Envolve, 2022.

Figura 27: Sala deAtendimento Individual.

Fonte: Site Oficial da Clínica Envolve, 2022, e própria autora, 2022.

Figura 30: Banheiro PNE.

Fonte: Site Oficial da Clínica Envolve, 2022.

Figura 28: Circulação do Térreo.

Fonte: própria autora, 2022.

Fonte: Site Oficial da Clínica Envolve, 2022, e própria autora, 2022.

4EFEECALPJEAL
44

Figura 31: Cozinha com acesso das crianças.

Já no 1° pavimento (Figura 33), as salas de atendimento em grupo são voltadas para criança um pouco mais velhas, de 4 a 8 anos (Figura 34).

Figura 33: Planta baixa do 1° Pavimento da Clínica Envolve.

Fonte: própria autora, 2022.

Figura 32: Pátio descoberto com parte coberta.

Fonte: própria autora, 2022.

Fonte: Clínica Envolve, adaptado pela própria autora, 2022.

4EFEECALPJEAL
45

Figura 34: Sala deAtendimento em Grupo do 1° pavimento.

Figura 36: Sala de fonoaudiologia.

Fonte: Site Oficial da Clínica Envolve, 2022, e imagem 3D, cedida pela arquiteta da Envolve, 2022.

Esse pavimento conta, também, com circulação, elevador, laboratório de observação (Figura 35), salas de fonoaudiologia (Figura 36), sala de psicopedagogia, copa dos funcionários, sala dos psicólogos, sala dos estagiários, sala de prontuários, sala de arquivo morto e sala de monitoramento.

Figura 35: Laboratório de observação.

Fonte: própria autora, 2022.

Fonte: própria autora, 2022.

No 2° pavimento (Figura 37), são atendidas as crianças maiores, de 8 a 12 anos. Estão localizados nesse nível: auditório/sala de atendimento em grupo (Figura 38), sala da diretoria e sala de psicopedagogia.

4EFEECALPJEAL
46

Figura 37: Planta baixa do 2° Pavimento da Clínica Envolve.

Assim, totalizando 11 salas maiores de atendimento em grupo, sendo elas setorizadas em diferentes espaços sensoriais, com zonas de alta demanda terapêutica e demandas livres, para abranger diferentes áreas do desenvolvimento infantil.

O Quadro 01, a seguir, apresenta as diretrizes julgadas como as mais relevantes dos projetos analisados anteriormente. Essa análise se faz importante para a montagem do programa de necessidades da proposta de reforma do presente trabalho.

Quadro 01: Diretrizes das referências projetuais.

Fonte: Clínica Envolve, adaptado pela própria autora, 2022.

Figura 38:Auditório / Sala deAtendimento em Grupo.

Fonte: própria autora, 2022.

Fonte: própria autora, 2022.

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47

ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DOS AUTISTAS DO ES

A Associação dos Amigos dos Autistas do Espírito Santo (AMAES) é uma instituição com natureza jurídica de associação, privada e sem fins lucrativos. Foi oficialmente constituída em 2001 por pais de autistas, e é administrada por pais, familiares e amigos de autistas. Segundo o site oficial da Instituição, a motivação da criação da AMAES foi a insatisfação dessa comunidade com as políticas públicas e o sistema de atendimento aos autistas oferecido pelo Estado, gerando um esforço conjunto para lutar pelo pleno reconhecimento e garantia de aplicação dos direitos dos autistas e seus familiares.

Segundo conversa informal com o assistente social da Instituição, a AMAES atende autistas de 3 aos 40 anos de idade, com a predominância de crianças, oferecendo atendimento pedagógico e clínico à 342 indivíduos. O tratamento é feito de forma multidisciplinar, contando com 2 psicólogos, 2 terapeutas ocupacionais, 4 professores de Educação Especial, 4 cuidadores, 2 assistentes sociais, 3 educadores sociais (artes, música e linguagem), 1 fisioterapeuta e 1 pedagogia clínica (equoterapia).

Os recursos financeiros da AMAES são obtidos de forma autônoma, por meio do bazar fixo, eventos, venda de curso, venda de artesanato; ou por meio de doações e parcerias com o poder público, empresas ou pessoas físicas. Além disso, atualmente, a AMAES se especializou na área pedagógica de forma mais concreta, conseguindo recursos fixos, com fácil renovação anual.

Já na área clínica e assistência social, ainda existem recursos que são mais temporários e mais difíceis de se conseguir a renovação anual, de acordo com conversa informal com funcionários da Instituição.

Figura 39: Meios de obtenção dos recursos financeiros daAMAES.

Fonte: própria autora, 2022.

Os atendimentos, geralmente, são feitos em grupo, devido à carência de profissionais, somada à grande demanda de pessoas a serem atendidas. Os grupos são de, no máximo, 5 pessoas, acompanhados pelo profissional e um auxiliar, para que o atendimento seja de forma mais efetiva. E para melhor administrar as atividades, esses grupos são divididos de acordo com o grau de autismo daqueles indivíduos, segundo conversa informal com o assistente social daAssociação.

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5.1 O EDIFÍCIO E SEUSAMBIENTES

A AMAES fica localizada em Goiabeiras, Vitória ES, em uma avenida de alto fluxo de carros, ônibus e caminhões, a Avenida Fernando Ferrari (Figura 40).

Figura 40: Localização e fachada daAMAES.

prestação de serviços, como construtoras, mecânico e autoescola; e bancos, como Caixa, Banestes e Itaú, como mostra a Figura 41.

Figura 41: Mapa do entorno daAMAES.

Fonte: própria autora, 2022.

Fonte: própria autora, 2022, e Google Earth, 2022.

A região em que a Associação se encontra tem caráter mais universitário e comercial, na qual é notada uma predominância de lojas de imóveis e eletrodomésticos, como Danúbio, Rimo, VilaBella, Balzan e Sipolatti;

O edifício da AMAES possui uma implantação em formato de “L”, por dividir a quadra com uma Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, a EEEFM Almirante Barroso. A edificação é térrea, e se encontra em um terreno com 1087m², contando com uma área construída de 769,40m², área permeável de 204,92m², ou seja, uma taxa de permeabilidade de 18.8%, com uma taxa de ocupação de 71%, e o coeficiente de aproveitamento de 0,71, como mostra o quadro 02.

ASSCASAMSSASASES 50

Quadro 02: Quadro de áreas daAMAES.

Fonte: própria autora, 2022, e Google Earth, 2022. Apesar de respeitar os valores máximos, ou mínimos, das taxas citadas acima, a atual edificação da AMAES não se enquadra nas normas de construção, como a NT 10, a NBR 9050 e o PDU de Vitória. Com isso, não há regularização dos afastamentos do edifício em relação aos seus limites, como o afastamento frontal obrigatório de 4 metros. Além disso, a edificação, não possui estacionamento privativo, o que representa uma segurança para os funcionários, pais e responsáveis, pelo fato da Associação se encontrar em uma avenida de alto fluxo.

O bloco na horizontal tem caráter mais administrativo, abrigando também o bazar e um auditório. O bloco na vertical conta com as salas de atendimento clínico e pedagógico, almoxarifado, cozinha, refeitório e um pátio descoberto, como mostra a Figura 42.

Figura 42: Planta baixa daAMAES.

Fonte: própria autora, 2022, e Google Earth, 2022.

ASSCASAMSSASASES
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A AMAES apresenta uma distinção entre os atendimentos pedagógicos e os clínicos. Entre os pedagógicos, estão as salas de psicomotricidade (Figura 43), linguagem oral e escrita (Figuras 44 e 45), educação social em artes (Figura 46), raciocínio lógico e matemático (Figura 47), educação social em música (Figura 48), e natureza e sociedade.

Figura 43: Sala de Psicomotricidade.

Fonte: própria autora, 2022.

Figura 44: Sala deAtendimento Pedagógico Linguagem Oral e Escrita 01.

Fonte: própria autora, 2022.

Figura 45: Sala deAtendimento Pedagógico Linguagem Oral e Escrita 01.

Fonte: própria autora, 2022.

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Figura 46: Sala de Educação Social emArtes.

Já as salas de atendimento clínico são divididas por sala de educação social em música (Figura 48), Game Terapia terapia do jogo, com o uso de um videogame Xbox - (Figura 49), “Kitnet” uma sala onde é reproduzido um apartamento mobiliado, no qual as crianças aprendem atividades do cotidiano, visando sua independência (Figura 50).

Figura 48: Sala de Educação Social em Música.

Fonte: própria autora, 2022.

Figura 47: Sala deAtendimento Pedagógico Raciocínio Lógico e Matemático.

Fonte: própria autora, 2022.

Fonte: própria autora, 2022.

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Figura 49: Sala deAtendimento Clínico Game Terapia.

Além disso, há um grande corredor interno que conecta todas essas salas (Figura 51), e um pátio externo com algumas atividades ao ar livre (Figura 52).

Figura 51: Corredor para as Salas deAtendimento.

Fonte: própria autora, 2022.

Figura 50: Sala deAtendimento Clínico “Kitnet”.

Fonte: própria autora, 2022.

Fonte: própria autora, 2022.

Figura 52: Pátio descoberto.

Fonte: própria autora, 2022.

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5.2 ANÁLISE DE CONDICIONANTES

A análise de condicionantes da edificação é impressindível para uma reforma bem executada, que leve em consideração aspectos naturais da edificação existente, como a circulação de ar, os ruídos externos, as visuais, os fluxos dos usuários e o estudo solar da edificação.

Ao fazer a visita ao local, foram notadas algumas condicionantes relevantes do edifício. Como mostra a Figura 53, a fachada frontal da AMAES é sudeste, ou seja, tem a predominância do sol da manhã, com uma iluminação mais suave, e sem a necessidade de dispositivos para amenizar os raios solares.

As fachadas que se abrem para a EEEFM Almirante Barroso são oeste, logo, apresentam maior incidência dos raios solares, e necessidade de um tratamento mais adequado, visando o conforto térmico nos ambientes que se localizam nessas fachadas.

Figura 53:Análise das condicionantes daAMAES.

Fonte: própria autora, 2022. Já sobre os ruídos externos à edificação, pela proximidade dela com a Avenida Fernando Ferrari, que é de alto fluxo, há muito barulho do trânsito de carros, caminhões, ônibus, motocicletas.

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As fachadas oeste também apresentam muitos ruídos, pois a quadra esportiva da escola estadual fica localizada ao lado das salas de tratamento, e não tem muro, nem tratamento acústico nas salas, para amenizar um pouco o barulho.

No patio descoberto também foi notada a presença de ruídos externos, como som alto de algumas residências e o barulho do trânsito naAvenida.

A circulação de ar é predominante nos corredores, onde a ventilação atravessa a edificação, e, como a ventilação predominante é a nordeste, o pátio descoberto e as salas que se abrem para ele também tem uma circulação de ar mais notória.

Sobre a circulação dos usuários na edificação, o fluxo de pacientes se dá desde a recepção, circulação, espera e salas de tratamento até o patio descoberto. A circulação de funcionários se dá, além das áreas anteriormente citadas, nas salas de administração, assistência social e almoxarifado.

Por ter muros altos, a única visual externa da AMAES é o patio da EEEFM Almirante Barroso. Entretanto, ao abrir as janelas, junto com a vista, os ruídos produzidos pelos estudantes são notados fortemente nas salas de tratamento que se localizam ali. Portanto, as janelas normalmente ficam fechadas, sendo necessário o uso do ar condicionado ou ventilador quando as salas estão em uso.

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O PROJETO

O projeto a ser desenvolvido tem como objetivo principal propor uma nova edificação para a Associação dos Amigos dos Autistas do Espírito Santo, com a intenção de criar um novo edifício que respeite as normas e suas diretrizes projetuais, como o PDU de Vitória, a NT 10 e a NBR 9050. Assim, regularizando os afastamentos, número de vagas, tamanhos dos acessos, percursos, portas, saídas de emergência, escada e elevador, os quais não eram respeitados antes. E, também, melhorar sua infraestrutura, fluxos internos, funcionalidade, aprimorando, assim, o tratamento e bem estar das crianças com TEA, e o atendimento aos pais e responsáveis.

O intuito dessa edificação é atender crianças e indivíduos com TEA de forma mais abrangente e eficaz, proporcionando um bom tratamento a esses indivíduos, e, assim, possibilitando um futuro com maior independência e autonomia a eles. As diretrizes adotadas são baseadas nas pesquisas e no referencial projetual abordados anteriormente, com o objetivo de criar espaços que beneficiem o bem estar de todos os usuários, produzindo relações entre o interno e o externo da edificação, uso de materiais com diferentes texturas para provocar diferentes sensações, uma base de cores neutras nos ambientes, com toques de cor pontuais e com cores amigáveis ao autismo, e um bom isolamento dos ruídos, de modo a garantir o conforto acústico dos ambientes.

6.1 DIRETRIZES PROJETUAIS

A partir da pesquisa teórica e das referências projetuais, foram elaboradas diretrizes projetuais para centros de suporte e tratamento do autismo, como a AMAES. O quadro 03, além de exibir as diretrizes recomendadas pelos autores, informa quais dessas diretrizes foram atendidas e como como foram implantadas, tendo em vista o objetivo de atender o máximo de diretrizes recomendadas possível.

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Quadro 03: Quadro de diretrizes propostas x diretrizes atendidas x como foram atendidas.

DIRETRIZES RECOMENDADAS

PELOSAUTORES

DIRETRIZES ATENDIDAS

COMO FORAMATENDIDAS

Blocos bem definidos SIM Blocos com funções bem definidas, mesmo sem separação física, somente de setorização

Jardins entre os blocos PARCIAL Blocos com funções bem definidas, mesmo sem separação física, somente de setorização

Acessos distintos de pacientes e funcionários SIM Acessos diferentes, e por ruas diferentes, denominados por “acesso principal” e “acesso serviço”

Setorização de acordo com o tratamento das crianças SIM Setorização dentro das salas, com diferentes atividades e formas de executar as atividades

Salas de terapia individuais e em grupo PARCIAL

As salas são pensadas para o grupo, mas possibilitam o atendimento individual também

Jardim Sensorial SIM Projeto de um Jardim Sensorial na lateral do edifício, com áreas de diferentes estímulos

Equipe de tratamento multidisciplinar SIM

Iluminação natural SIM

Base neutra com cores amigáveis ao autismo SIM

Preocupação com conforto acústico SIM

Equipe que conta com profissionais de diversas áreas de especificação

Presença de iluminação natural, sem incidência dos raios solares diretos e com controle de intensidade

Ambientes com uma base de cor mais neutral como branco e bege, e cores pontuais e mais naturais

Isolamento acústico das paredes entre salas, uso de forro acústico e janelas com isolamento acústico e vidro duplo

6PJE
59

Priorização de materiais naturais, ou que simulam os naturais SIM

Iluminação: biofilia, direcionamento, temperature quente SIM

Altura mais baixa dos mobiliários SIM

Com texturas naturais, como o linho, e texturas que simulam, como a grama artificial

Luminárias arredondadas, controle da iluminação artificial por dímer, luz mais quente e amarelada

Presença de mobiliários mais baixos, mas também de mobiliários mais altos para jovens e adultos

Segurança: evitar quinas, vidro das janelas com película SIM

Salas com temas lúdicos, sem exagero SIM

Garantir que os caminhos e ambientes sejam facilmente identificáveis SIM

Implementar espaços de fuga SIM

Implementar elementos controláveis para janelas com vista SIM

Nos mobiliários foram evitadas quinas, as janelas têm película de proteção e peitoril mais alto

As salas de tratamento têm um tema lúdico, mas sem exageros de cores e texturas, sem tanta distração

Por meio da paginação de piso, sendo direcional nas circulações, e de permanência nas salas

Dentro das salas de tratamento, espaços que podem ser fechados por cortina, ou cantinhos um pouco mais fechados e aconchegantes

Uso de cortina rolô, que possibilita um controle da vista para o exterior, quando necessário para determinadas atividades

Acrescentar espaços para atender individualmente SIM

Espaços de armazenamento SIM

Espaço coberto para exercício físico com estímulos sensoriais SIM

Salas com mesa redonda menos, que possibilita atendimento individual quando preciso

Armários fechados, para acesso dos profissionais, e abertos com nichos para acesso das crianças

Sala de psicomotricidade que permite a realização de atividades físicas com segurança, inclusive por pais e responsáveis

Fonte: própria autora, 2022, com base em Mostafa (2014), e nos referenciais projetuais: Advance Center forAutism (2007), CADB (2013) e Clínica Envolve (2021).

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6.2 PROGRAMAARQUITETÔNICO

O programa arquitetônico é o resultado de um conjunto de informações funcionais, da rotina e das ações dos usuários que utilizam o espaço arquitetônico, e tem o objetivo principal de ser o suporte inicial para o início e seguimento do projeto arquitetônico. Neste caso, como é um projeto de reforma, no quadro a seguir foi adicionada uma coluna com o valor da área dos ambientes atuais (antes da reforma) para fácil comparação entre os ambientes anteriores e os novos propostos neste trabalho.

Quadro 04: Quadro de diretrizes propostas x diretrizes atendidas x como foram atendidas.

Atendimento Geral 1 Balcão com computador e cadeiras 13,75 18,85 Bazar 1 Balcão, araras com roupas, provadores 48,00 49,13

Estoque do bazar 1 Armários, prateleiras e caixas 18,00 15,15

SETOR AMBIENTE QUANT. MOBILIÁRIO ÁREAATUAL (m²) ÁREAPROPOSTA(m²) ÁREAS COMUNS

Auditório 1 Pequeno palco e cadeiras padronizadas enfileiradas 49,00 48,40

6PJE
61

Serviço Social 1 Mesas com computadores, gavetas organizadoras, armários 13,75 18,85

Estoque de móveis e papelaria 1 Balcão, araras com roupas, provadores 12,00 25,25

Espera do administrativo 1 Poltronas e mesa lateral - 11,68

Presidência 1 Mesa de atendimento, mesa de reunião e aparador para café 17,00 28,84

Base Tecnológica 1 Mesa com computador e armário 8,00 10,40

Coordenação 1 Mesas com computadores, gavetas organizadoras, armários 23,00 25,32

Diretoria Executiva 1 Mesas com computadores, mesa de reuniões 22,00 28,50

Assessorias 1 Mesas de atendimento, armários 6,00 15,08

Sanitários PNE (Fem./Masc.) 2 Vaso sanitário, lavatório e barras de apoio - 3,45

Almoxarifado 1 Prateleiras e armários 7,00 13,48

Copa Funcionários 1 Bancada, pia, cooktop, mesa com banquetas, geladeiras e armários - 12,86

6PJE ADMINISTRATIVO
62

Cozinha 1 Bancada, cubas, fogão industrial, lavatório, geladeiras 18,00 27,00

Bancada, pia e balança

Pré-preparo 1 - 6,88

Depósito de alimentos 1 Bancada e freezer - 6,20

Refeitório e Laboratório Experimental 1 Mesas, bancadas, janela passa-prato, lavatórios 47,00 25,89

Área de Serviço/DML 1 Tanque, máquina de lavar roupa, armários - 7,93

Vestiários Funcionários 2 Vaso sanitário, chuveiro e lavatórios 7,41

Linguagem Oral e Escrita 1

Mesa compartilhada, mesa grupo menor, cantinho da leitura, espaço de fuga, armários, mesa profissional, quadro 22,00 47,20

Piso emborrachado, escalada, colchonetes, equipamentos de movimento

Psicomotricidade 1 45,00 47,42

Mesa compartilhada, cantinho da natureza, espaço de fuga, armários, quadro, mesa profissional

Natureza e Sociedade 1 22,00 33,89

Mesa compartilhada, mesa grupo menor, espaço de fuga, armários, quadro, mesa profissional

Raciocínio Lógico e Matemático 1 21,00 32,64

Banheiro Feminino 1 Lavatórios e cabines com vasos sanitários 16,84 21,31

Banheiro Masculino 1 Lavatórios e cabines com vasos sanitários 13,25 13,10

Banheiros PNE 2 Vaso sanitário, lavatório e barras de apoio 2,62 2,69

6PJE
SERVIÇO
ATENDIMENTO PEDAGÓGICO
63

Musicoterapia 1 Mesas compartilhadas, tapete, puffs, palco, espaço de fuga, armários 23,00 26,76

Arteterapia 1 23,00 21,92

Bancada, pia e mesas compartilhadas, cavaletes, armário, expositor

Sala do cotidiano 1 Ambientes: cozinha, sala de estar, quarto 18,00 39,60

Gameterapia 1

Sofá, televisão, Xbox, mesa compartilhada, mesa profissional, armário 22,00 26,38

Banheiro Feminino 1 Lavatórios e cabines com vasos sanitários - 7,93

Banheiro Masculino 1 Lavatórios e cabines com vasos sanitários 7,41

Banheiros PNE 2 Vaso sanitário, lavatório e barras de apoio - 2,69

Jardim Sensorial 1

Ambiente setorizado de acordo com níveis sensoriais, explicações na planta baixa 160,00 123,16

Deck de madeira com mobiliários de área externa

Jardim Funcionários 1 - 21,35

Fonte: própria autora, 2022.

6PJE
ATENDIMENTO CLÍNICO
RECREATIVO
64

Com isso, é importante observar que os ambientes atuais da AMAES foram mantidos: as salas de tratamento e os ambientes comuns, como auditório, bazar, administrativo, e ainda obtiveram um acréscimo de área na maioria dos ambientes pré existentes. Houve, também, a proposta de novos ambientes, alguns para a melhoria da funcionalidade da Associação, por exemplo: o pré-preparo e o depósito de alimentos, a área de serviço/DML, os vestiários de funcionários, e outros para o aprimoramento do tratamento das crianças autistas na AMAES, como: o laboratório experimental junto com o refeitório e o novo Jardim Sensorial.

Para se alcançar um projeto eficiente, além do programa arquitetônico, os parâmetros urbanísticos também se fazem necessários para a regularização do novo edifício. Sendo assim, o quadro a seguir mostra a zona em que o terreno da AMAES se encontra, de acordo com análises do PDU de Vitória de 2022, e os valores máximos para a Taxa de Ocupação e Coeficiente de Aproveitamento, o valor mínimo a ser atendido pela Taxa de Permeabilidade, e os afastamentos mínimos da edificação em relação ao seu terreno.

Quadro 05: Parâmetros Urbanísticos.

Fonte: PDU de Vitória, 2022, e própria autora, 2022.

De acordo com o zoneamento urbano de Vitória, determinado pelo PDU, o terreno da AMAES fica localizado em uma ZAR 1 (Zona Arterial Um). Pelos parâmetros urbanísticos do Plano Diretor, a ZAR 1 possui uma Taxa de Ocupação máxima de 60%; uma Taxa de Permeabilidade mínima de 10%; um Coeficiente de Aproveitamento de 2,8 para uso não residencial. Com relação aos afastamentos, a lei exige um afastamento frontal de 4 metros, e afastamentos de fundos e laterais isentos até 8,40 metros (Quadro 05). Entretanto, para o presente projeto, foram considerados afastamentos de 1,50 metro para abertura de vãos.

Conforme observa-se no quadro de áreas do projeto a seguir, todos os parâmetros urbanísticos foram respeitados.

Quadro 06: Quadro de áreas da nova edificação daAMAES.

Fonte: própria autora, 2022.

6PJE 65

6.3 APROPOSTA

A volumetria foi definida a partir do estudo do programa arquitetônico, do terreno, do entorno, dos acessos e da legislação vigente no município de Vitória. A nova edificação conta com dois pavimentos e, também, com dois acessos distintos. O acesso principal se dá pela Avenida Fernando Ferrari, enquanto o acesso de serviço, pela Rua do Alm. A Figura 54 a seguir ilustra a setorização da edificação por meio da volumetria em blocos, contando com setores de serviço, recepção, administrativo, pedagógico e clínico, e recreativo.

Figura 54: Proposta de volumetria da nova edificação daAMAES no terreno.

dois setores principais, que foram possibilitados, principalmente, pelo formato em “L” do terreno, e consequentemente, da edificação. Como demonstra a

Figura 55 a seguir, o bloco A tem caráter mais de serviço, onde estão localizados os vestiários dos funcionários, a área de serviço/DML, a cozinha com pré-preparo e depósito de alimentos, o refeitório e laboratório experimental, a circulação de serviço e o acesso de funcionários e serviço, com acesso ao estacionamento privativo da AMAES. Já o bloco B conta com ambientes que têm acesso do público, ou seja, das crianças e dos pais e responsáveis, e também, da parte administrativa da edificação.

Figura 55: Planta baixa do térreo com setorização dos blocos principais.

Fonte: própria autora, 2022.

Após análises do programa arquitetônico, do terreno e das legislações e normas vigentes, este trabalho propõe um novo projeto de uma edificação com

Fonte: própria autora, 2022.

6PJE
66

A primeira parte do bloco B possui um acesso maior dos pais e responsáveis, e também visitantes e convidados da AMAES, como a recepção, o bazar e seu estoque, o auditório e o início do jardim sensorial. A parte central do bloco apresenta um caráter mais administrativo, com ambientes que precisam ficar no térreo por necessitarem de um contato maior com as pessoas que chegam à Associação, e com os pais e crianças também, como o serviço social e a coordenação. Para dar apoio a esses ambientes, a copa de funcionários e o almoxarifado se localizaram próximos a eles, interligados por uma circulação administrativa. A parte final do bloco abriga as circulações verticais - elevador e escada, a sala de tratamento pedagógico “Linguagem

Oral e Escrita”, e a sala de tratamento clínico “Psicomotricidade”, os banheiros feminino e masculino, os banheiros acessíveis PNE feminino e masculino e, também, a parte final do jardim com um menor estímulo sensorial.

Os blocos não possuem divisão física, mas sim uma setorização de acordo com a funcionalidade dos espaços.

Figura 56: Planta baixa do 1° pavimento com setorização do bloco principal.

Fonte: própria autora, 2022.

O primeiro pavimento, identificado como C na Figura 56, distribui-se somente acima do bloco B do térreo, abrigando as outras salas de tratamento clínico, a “Musicoterapia”, “Arteterapia”, “Sala do Cotidiano” e “Gameterapia”, e também de tratamento pedagógico, a “Natureza e Sociedade” e o “Raciocínio Lógico e Matemático”. Além disso, abriga os banheiros feminino e masculino, os banheiros acessíveis PNE feminino e masculino, o estoque de móveis e materiais de papelaria, e também a outra parte administrativa que não tem a necessidade de ficar próxima à recepção, que são a presidência, diretoria executiva, base tecnológica e assessorias. Tudo isso interligado por uma varanda com vista para o jardim sensorial.

6PJE
67

6.4 ESTUDOS DE INSOLAÇÃO

Os estudos de insolação ganham uma grande importância na análise da orientação solar do terreno e, consequentemente, da edificação que o ocupa. A partir do comparativo da incidência dos raios solares nas diferentes épocas do ano e em diferentes horários do dia, fica mais claro para o arquiteto projetista os tipos de elementos de sombreadores que deverão ser implementados no edifício, com o objetivo principal de fornecer conforto térmico aos usuários da edificação.

A Figura 57 mostra a incidência solar na nova edificação proposta para a AMAES, possibilitando fazer um comparativo de insolação nos solstícios de verão e inverno, às 9 horas da manhã e às 17 horas da tarde.

Fonte: própria autora, 2022.

Tendo em vista a figura anterior, observa se que a fachada que mais recebe raios solares é a dos fundos e a da lateral esquerda, visto que estão na orientação oeste, ou seja, voltados para o sol da tarde. Para amenizar essa incidência, algumas soluções de projeto foram adotadas, como o posicionamento das varandas na lateral esquerda da edificação, fazendo com que os raios não incidam diretamente sobre as salas de maior permanência dos usuários. Outra solução foi o uso de elementos sombreadores, como os brises nas circulações, e as prateleiras de luz nas salas localizadas na fachada oeste, com o objetivo de manter a iluminação natural no ambiente interno,

Figura 57: Comparativo de insolação nos solstícios de verão e inverno, às 9 horas e 17 horas.
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68

mas sem a incidência direta dos raios solares. O jardim sensorial também foi posicionado no lado oeste da edificação, com isso a vegetação se torna mais um elemento de sombreamento, ajudando ainda mais no conforto térmico dos ambientes internos.

A fachada frontal, com orientação sudeste, também recebe incidência de raios solares ao longo do ano, porém com menos intensidade, por ser sol da manhã, horário em que os raios solares estão mais suaves.

A fachada lateral direita tem orientação nordeste, então, em teoria, recebe bastante incidência dos raios solares durante a manhã e início da tarde. Entretanto, com a presença de uma edificação existente vizinha à AMAES, o resultado é de sombra na maior parte da manhã. Tendo em vista que não há a necessidade de um elemento sombreador mais robusto, foi projetado um brise em forma de casca, ou seja, painéis com desenhos geométricos. Por serem vazados, não bloqueiam a ventilação, criam uma sombra interessante nos ambientes internos sem obstruir a vista, e, também produzem um efeito interessante na edificação à noite com as luzes internas acesas.

6.5 PLANTAS BAIXAS

O projeto da nova edificação da AMAES foi pensado para aproveitar ao máximo o terreno, mantendo assim o seu formato em “L” (Figura 58), mas ainda respeitando os índices do PDU de Vitória. Como se trata de um projeto de reforma, houve uma preocupação em manter os ambientes já existentes que são importantes para o funcionamento e rotina da Associação, mas com o acréscimo de ambientes e novas propostas feitas pela autora desse trabalho, após análises das diretrizes, pesquisas e referenciais projetuais, e com o objetivo de aprimorar o apoio e tratamento aos indivíduos com TEA que frequentam aAMAES, e também o atendimento aos pais e responsáveis.

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ÁREADE ESPERA

Quadro 07: Justificativas de ambientes do paisagismo.

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ESPAÇO PRÓXIMO AO BALCÃO DA RECEPÇÃO COM CADEIRAS CONFORTÁVEIS PARA ESPERA DOS PAIS, RESPONSÁVEIS OU VISITANTES DA AMAES, INTEGRAÇÃO COM O JARDIM SENSORIAL POR MEIO DE UM PAINEL VAZADO, PERMITINDO A PASSAGEM DE VENTILAÇÃO, ILUMINAÇÃO E VISUAL.

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HORTAVERTICAL

ÁREA DO JARDIM SENSORIAL COM HORTA VERTICAL, PAINEL INTERATIVO E CAIXAS COM UTENSÍLIOS E MATERIAIS DE JARDINAGEM DE DIVERSOS TAMANHOS E TEXTURAS PARA O PLANTIO DE PLANTAS COMESTÍVEIS. COBERTURA COM TRANSPARÊNCIA E ACESSO DIRETO PELO REFEITÓRIO E LABORATÓRIO EXPERIMENTAL, PARA FACILITAR O MANUSEIO E APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS. PISO EM PEDRISCO BRANCO RESINADO.

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BRINQUEDOS DE ESCALADA

ESPAÇO DESTINADO AO LAZER, AVENTURA E DESCONTRAÇÃO DAS CRIANÇAS, COM BRINQUEDOS DE ESCALADA E ESCADA HORIZONTAL, QUE PERMITEM A CRIANÇA EXPLORAR O AMBIENTE DE UMA FORMA CONTROLADA E SEGURA, COM SUPERVISÃO DE ADULTOS. A PAGINAÇÃO DO PISO AUXILIA A DIREÇÃO DA CRIANÇA, E A DISTINÇÃO DE AMBIENTES DE PASSAGEM, PARA AMBIENTES DE PERMANÊNCIA.

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ACESSOAO JARDIM

A PAGINAÇÃO DE PISO SUGERE AO INDIVÍDUO À ENTRAR NO JARDIM SENSORIAL, E NESSE ESPAÇO TEM A CASINHA DE BRINQUEDO DE MADEIRA. TODOS OS BRINQUEDOS FORAM PENSADOS EM SER DE MADEIRA OU PNEU, VISANDO A SUSTENTABILIDADE E A SENSAÇÃO DE ACOLHIMENTO, EVITANDO BRINQUEDOS COM CORES EXCESSIVAS E EM MATERIAL PLÁSTICO.

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PAINEL INTERATIVO

PAREDE COM PAINEL INTERATIVO PARA AS CRIANÇAS, COM MATERIAIS NATURAIS, DIFERENTES TEXTURAS, CORES SUAVES, E COM OBJETOS QUE SE MOVEM, INSTIGANDO A CURIOSIDADE DAS CRIANÇAS. ÁREA DE PERMANÊNCIA E DESCOBERTAS.

Fonte: própria autora, 2022.

CENTOPEIADE PNEU

ÁREA COM BRINQUEDO CHAMADO CENTOPEIA DE PNEU, FEITO DE MADEIRA E PNEU, NO QUAL A CRIANÇA PODE IR PULANDO POR CIMA, OU RASTEJANDO POR BAIXO. PAGINAÇÃO DE PISO SUGERE PERMANÊNCIA NA BRINCADEIRA, E ACOMPANHA SEU FORMATO ORGÂNICO.

JARDIM DOS FUNCIONÁRIOS 10

JARDIM DESTINADO AO USO EXCLUSIVO DE FUNCIONÁRIOS DA AMAES, COM PISO EM DECK DE MADEIRA, MOBILIÁRIO DE ÁREA EXTERNA, EM MEIO À VEGETAÇÃO DO AFASTAMENTO FRONTAL.

AFASTAMENTOS 11

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BALANÇOS DE PNEU

ÁREA COM BALANÇOS DE PNEU PRESOS RIPAS DE MADEIRA, FIXADAS NA LAJE DA EDIFICAÇÃO. PREFERÊNCIA POR MATERIAIS REUTILIXADOR, POSSIBILITANDO A APRENDIZAGEM SOBRE SUSTENTABILIDADE E REUTILIZAÇÃO. PAGINAÇÃO DE PISO SUGERE PERMANÊNCIA NA BRINCADEIRA.

OS AFASTAMENTOS DA EDIFICAÇÃO, NECESSÁRIOS PARA PADRONIZAÇÃO E APROVAÇÃO DO EDIFÍCIO, SERÃO ARBORIZADOS, COM A FINALIDADE DE ISOLAMENTO ACÚSTICO NATURAL, VISTO QUE AS ÁRVORES E ARBUSTOS CONTRIBUEM PARA O CONFORTO ACÚSTICO DOS AMBIENTES, ALÉM DE SEREM AGRADÁVEIS AO OLHAR.

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PORTAL EMAÇO

PORTAL COM PAINÉIS LATERAIS VAZADOS, MATERIAL AÇO CORTEIN, COM O OBJETIVO DE SEPARAR A PARTE FINAL DO JARDIM SENSORIAL, UM ESPAÇO DE MENOS ESTÍMULO SENSORIAL, DA PARTE INICIAL E CENTRAL DO JARDIM, ÁREAS COM MAIORES ESTÍMULOS.

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ESPAÇO DE RELAXAMENTO

PARTE FINAL DO JARDIM, COM MENOR ESTÍMULO, DESTINADA A MEDITAÇÃO, RELAXAMENTO E ATIVIDADES MAIS TRANQUILAS. VEGETAÇÃO MAIS FECHADA, CAMINHO ORGÂNICO COM PISO EM PEDRISCOS BRANCOS RESINADOS, UMA ÁRVORE FRONDOSA CENTRAL E BANCO ORGÂNICO EM MADEIRA.

O AFASTAMENTO FRONTAL DE 4 METROS DO EDIFÍCIO PERMITIU A CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO DE PERMANÊNCIA ARBORIZADO, QUE ATUA COMO APOIO E ESPERA PARA OS FREQUENTADORES DO BAZAR, ALÉM DE SER UM AMBIENTE AGRADÁVEL DE ESPERA TAMBÉM PARA QUEM VAI NA AMAES.

ESTACIONAMENTO PRIVATIVO 13

ESTACIONAMENTO DESTINADO AOS FUNCIONÁRIOS E PAIS E RESPONSÁVEIS DAS CRIANÇAS. CONTA COM 5 VAGAS, SENDO UMA ACESSÍVEL, ÁREA DE MANOBRA DE 5 METROS, E UMA ÁREA DESTINADA AO GÁS E LIXO, VISTO QUE Ó ESTACIONAMENTO ESTÁ NA ENTRADA DE SERVIÇO. COM PISO INTERTRAVADO PERMEÁVEL E CANTEIRO ARBORIZADO.

Figura 58: Planta baixa do térreo humanizada, com numeração do paisagismo.

Fonte: própria autora, 2022.

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O bazar ganha uma vitrine e uma entrada independente da recepção da AMAES, com o intuito de dar visibilidade a esse modo de arrecadação financeira da Associação, pois antes este ficava mais escondido e, com isso, muitas pessoas não sabiam da existência de um bazar beneficente na Associação.

A paginação de piso nas circulações horizontais é direcional para as crianças e indivíduos com TEA, indicando ambientes de passagem e ambientes de permanência. O material escolhido para o piso colorido na circulação foi o concreto moldado in loco, e as cores são mais suaves e amigáveis ao autismo. Nas circulações administrativas e de serviço o piso direcional não entra, reforçando a ideia do acesso somente de funcionários daAssociação.

Agora, a edificação conta com um estacionamento privativo. Tendo em vista que sua entrada principal se encontra em uma avenida movimentada e de alto fluxo de veículos, o estacionamento ganha uma importância na segurança dos usuários.

O jardim sensorial encontra-se na lateral esquerda da edificação, com uma largura de 4,20 metros, e com áreas de diferentes estímulos sensoriais, como explica o Quadro 07.

A edificação aumenta

sua área construída e ganha um novo pavimento superior, com acesso por elevador ou escada, possibilitando o atendimento a mais crianças e indivíduos com TEA que se encontram na lista de espera daAssociação.

Figura 59: Planta baixa do primeiro pavimento humanizada. Fonte: própria autora, 2022.

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As salas de tratamento contam com mesas de atendimento em grupo com seis lugares, uma mesa para o profissional, armários, um quadro e uma mesa de atendimento individual. Dependendo do tratamento que é feito naquela sala os mobiliários se tornam mais específicos. Por exemplo, na musicoterapia foi adicionado um palco pequeno para apresentações, um grande tapete com puffs, e o espaço de fuga é fechado com cortina, por conta da poluição sonora que pode existir nessa sala, sendo a única sala com o espaço de fuga fechado. Já na arteterapia, cavaletes, bancada com pias e expositores das artes que as crianças produzem são adicionados no layout da sala. A sala do cotidiano é a reprodução de um pequeno apartamento, para reforçar ainda mais a importância da independência e autonomia da pessoa como TEA na vida adulta. A gameterapia conta com um sofá, uma televisão com XBox, armário e a mesa do profissional, visto que esse é um tratamento já existente na AMAES atualmente, e que foi mantido. Parte do administrativo que não precisa de contato direto com a recepção encontra se no primeiro pavimento, como a presidência, diretoria executiva, base tecnológica e assessorias.

O piso principal de todas as salas de tratamento é de madeira, com uma paginação de piso emborrachado reciclado nas áreas de permanência, produzindo um zoneamento sensorial. As cores desses pisos são mais suaves e amigáveis ao autismo. Em algumas salas, como a Linguagem Oral e Escrita e a Natureza e Sociedade, o piso de grama artificial foi utilizado para trazer a natureza para dentro da sala, e uma nova textura a ser explorada.

Os banheiros do térreo e do primeiro pavimento foram mantidos alinhados para a otimização das tubulações hidrossanitárias.

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6.6 FACHADAPRINCIPAL

Para amenizar a geometria reta dos blocos da volumetria, a fachada tem a proposta de trazer movimento à edificação, por meio de marquises emoldurando as entradas, uso do ripado em madeira para área externa, uma parede de pedras que avança na lateral da fachada, uma laje que avança além da edificação e que parece solta da mesma, como mostra a Figura 60.

Figura 61: Perspectiva 02 da fachada principal.

Figura 60: Perspectiva 01 da fachada principal.

Fonte: própria autora, 2022.

Fonte: própria autora, 2022.

O uso da vegetação na marquise traz a leveza e o bem estar ao olhar para a fachada, como mostra a Figura 61. O jardim na entrada convida o cidadão que passa pela calçada a se sentar e contemplar, e a vitrine do bazar, com as peças expostas, o convida a entrar no bazar e, consequentemente, na Associação. A entrada principal da AMAES é convidativa por ser marcante, com uma marquise de mármore com iluminação linear na frente e uma porta imponente de ripado de madeira. As duas entradas na Associação, tanto a principal quanto a do bazar, são acessíveis pela presença de rampas.

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O muro foi projetado com ripas de madeira intercaladas com vidro, trazendo ritmo e permeabilidade visual à fachada, como mostra a Figura 62. O jardim de funcionários é composto por um deck de madeira com mobiliários confortáveis de área externa. A privacidade é garantida pela presença da vegetação entre o jardim e o muro daAssociação.

Figura 62: Perspectiva 03 da fachada principal.

As figuras a seguir (63, 64, 65, 66, 67) mostram a fachada com mais detalhes e de forma mais aproximada, também com legendas.

Fonte: própria autora, 2022.

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Figura 63: Perspectiva 04 da fachada principal.
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Fonte: própria autora, 2022.

Fonte: própria autora, 2022.

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Figura 64: Perspectiva 05 da fachada principal. Figura 65: Perspectiva 06 da fachada principal.
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Fonte: própria autora, 2022. Figura 66: Perspectiva 07 da fachada principal.
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Fonte: própria autora, 2022.

Figura 67: Perspectiva 08 da fachada principal. Fonte: própria autora, 2022.

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6.7 AMBIENTE INTERNO: SALA DE LINGUAGEM ORAL E

ESCRITA

A sala escolhida para ser detalhada foi a de Linguagem Oral e Escrita (Figura 68), por permitir várias áreas de atendimento diferentes, e também pela sua proximidade com a parte final do jardim sensorial. Esta apresenta um portal circular, uma vegetação mais fechada e um banco orgânico de madeira, remetendo a uma área mais calma, de menor estímulo e com menos ruídos.

Figura 68: Planta baixa sala de Linguagem Oral e Escrita, com indicativo das vistas.

A sala (Figura 69) tem um zoneamento sensorial reforçado pela paginação de piso, que permite a inserção de diferentes tipos de atendimento.

Em seu centro, foi posicionada a mesa de atendimento em grupo, com uma iluminação mais focada, dimerizada e com cor quente, ou seja, é uma luz artificial mais suave e que pode ser controlada quando preciso. O quadro de giz e o letreiro do alfabeto ficam próximos a essa mesa central, e, também, à mesa do profissional, criando, assim, um ambiente de atenção ao que será anotado e ensinado no quadro.

Figura 69: Perspectiva 01 da sala de Linguagem Oral e Escrita.

Fonte: própria autora, 2022.

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O cantinho da leitura, como mostra a Figura 70, foi inspirado em um jardim tranquilo. Essa proposta é reforçada pelo uso do piso em grama artificial e pela presença de uma árvore permanente com galhos e folhagem no teto. Um banco redondo em madeira envolve seu tronco, e dois revisteiros na parede dão apoio para esse cantinho. Próximo a esse espaço, há um armário com nichos e portas de abrir baixas para que as crianças tenham livre acesso.

Figura 70: Perspectiva 02 da sala de Linguagem Oral e Escrita.

Próximo à entrada principal da sala, os nichos em marcenaria ganham a função de guardar as bolsas e mochilas das crianças, e também de armazenar os cestos individuais, nos quais são guardados objetos de aprendizagem e brinquedos do interesse de cada criança, respeitando a individualidade de cada uma, como mostra a Figura 71.

Figura 71: Perspectiva 03 da sala de Linguagem Oral e Escrita.

Fonte: própria autora, 2022.

Fonte: própria autora, 2022.

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Um espaço importante a ser considerado na sala é o de atendimento individual, que conta com uma mesa redonda baixa e duas cadeiras confortáveis. Esse tipo de intervenção é realizado quando a criança não apresenta envolvimento na atividade proposta naquele momento pelo profissional responsável, e, respeitando sua individualidade, o auxiliar aplica um outro tipo de atividade com essa criança.

O espaço de fuga é um recurso muito defendido por Mostafa (2014), na medida em que se trata de uma área com menos estímulos sensoriais, que pode ser fechada com paredes ou não. Neste espaço, a criança pode ir quando se sentir sobrecarregada emocional ou socialmente, com a certeza de encontrar calmaria e tranquilidade. Para isso, esse espaço foi projetado em um nível mais elevado, dando a sensação de uma área diferente da geral, com uma cor amarelo suave, amigável ao autismo. A presença de puffs e almofadas de linho trazem a sensação de aconchego; livros com temas lúdicos trazem uma leitura fácil e leve; a iluminação mais suave, amarelada e indireta, através de luminárias redondas de parede e abajur no piso, conforto; textura diore na parede e uma vegetação pendente com macramê, trazem mais naturalidade ao ambiente, como mostra a Figura 72.

Fonte: própria autora, 2022.

A prateleira de luz é um recurso utilizado para trazer a iluminação natural para dentro das salas de tratamento sem a incidência direta de raios solares, apresentando uma iluminação uniforme e agradável, como mostra a Figura 73. As janelas da sala contam com cortinas rolô da marca Hunter Douglas, que têm um sistema peculiar: quando as faixas beges estão desencontradas, a iluminação não entra com tanta intensidade e o ambiente interno fica mais escuro; já quando as faixas estão encontradas, as partes mais claras e transparentes da cortina ficam à mostra, proporcionando uma iluminação natural mais presente.

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Figura 72: Perspectiva 04 da sala de Linguagem Oral e Escrita.
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Fonte: própria autora, 2022.

O quadro de cortiça proporciona a exibição de informações importantes para o dia a dia das crianças, como o calendário mensal, a rotina diária e as atividades a serem feitas naquela semana. Tudo isso feito de uma forma lúdica e interativa.

O piso principal da sala é de madeira, que traz um conforto térmico ao pisar descalço. Já o material do piso das áreas de permanência, nas cores bege, laranja e lilás, é emborrachado feito de pneu reciclado e o do cantinho da leitura é um piso de grama artificial.

A meia parede em marcenaria apresenta um painel ripado com ritmo constante, trazendo assim a sensação de previsibilidade por ser sempre o mesmo espaçamento entre as ripas. A cor de amarelo suave reforça a sensação de tranquilidade no ambiente.

Todas as luminárias de teto são embutidas e arredondadas, reforçando a ideia de evitar quinas, e são dimerizadas, permitindo o controle de sua intensidade quando necessário.

As figuras a seguir (74, 75, 76, 77) mostram a sala de Linguagem Oral e Escrita com mais detalhes e de forma mais aproximada, também com legendas.

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Figura 73: Perspectiva 05 da sala de Linguagem Oral e Escrita.
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Figura 74: Perspectiva 06 da sala de Linguagem Oral e Escrita.

Fonte: própria autora, 2022.

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Fonte: própria autora, 2022.

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Figura 75: Perspectiva 07 da sala de Linguagem Oral e Escrita.

Figura 76: Perspectiva 08 da sala de Linguagem Oral e Escrita. Fonte: própria autora, 2022.

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Figura 77: Perspectiva 09 da sala de Linguagem Oral e Escrita. Fonte: própria autora, 2022.

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CONSIDERAÇÕES

FINAIS

O propósito maior desse trabalho foi o de analisar questões relevantes ao pensamento projetual especificamente voltado para crianças com autismo, compreendendo a influência da arquitetura no bem estar físico e mental dos indivíduos com TEA. Com isso, foi proposto uma nova edificação para a AMAES, com o objetivo de aplicar as diretrizes estudadas, assim, melhorando o tratamento dos indivíduos que são atendidos pela Associação, e também aumentando o número de vagas ofertadas, visto que o número de pessoas na fila de espera já ultrapassa 542 indivíduos.

O projeto inclui um novo edifício para a AMAES, juntamente com um paisagismo totalmente pensado para instigar a criatividade e a curiosidade das crianças, com diferentes cores, texturas, e até, sabores. A edificação ganha um novo pavimento, com duas opções de circulação vertical, escada e elevador, pensando também na acessibilidade física. Os nomes das salas de tratamento foram mantidas, com o objetivo de remeter a edificação antiga, pois foi visto que da maneira atual funciona muito bem. Porém, alguns ambientes novos foram propostos após as pesquisas feitas sobre os tipos de tratamentos, e também, após conversas informais com funcionários da Associação, para entender melhor as carências da Instituição.

O projeto respeita as normas de construção, como a NBR 9050, a NT 10 e o PDU de Vitória. O fluxo de pacientes e de funcionários foi repensado, de modo a otimizar o funcionamento do prédio, suas macrozonas e seus ambientes. O estudo de insolação foi indispensável para a implementação de elementos de sombreamento nas fachadas corretas do edifício, com o objetivo de proporcionar conforto térmico aos ambientes internos. O conforto acústico também foi uma grande preocupação no novo projeto, visto que, nas conversas com os funcionários, veio à tona a falta de isolamento entre as salas de tratamento, e também, a forte presença dos ruídos externos à edificação. Com isso, foi feita uma análise dos ruídos no local, e assim, foram implementadas estratégias de isolamento acústico.

É possível concluir, então, que a importância desse projeto está na inovação de algo pensado para o bem estar da comunidade com TEA, visto que, atualmente, não há muitas pesquisas sobre o assunto. Ao mesmo tempo, este projeto está bem solidificado nas necessidades primordiais dos indivíduos com autismo, e padronizado em todas as normas de construção atuais.

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