CIDADE AO NÍVEL DOS OLHOS - intervenção urbana na escala do pedestre em Cajuru - SP

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Trabalho Final de Graduação apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista sob a orientação da Prof. Dra. Rosa Sulaine Silva Farias Ribeirão Preto 2018


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À família, aos amigos, ao amor. Em especial Lia, Lúcio, Vitor, Otacílio, Ana Beatriz, Maria Júlia, Mateus, Rosa.

muito obrigada!


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[APRESENTAÇÃO] Cada vez mais as cidades são pensadas de forma abrigar o carro. O presente trabalho surgiu da inquietação pessoal de estudar o lugar do pedestre no espaço público. A cidade, historicamente, é o lugar de encontro das pessoas e o espaço público é o palco dessas atividades humanas. A cidade de Cajuru, assim como a maioria das cidades brasileiras, cresceu de forma desordenada e sem planejamento. O acúmulo de problemas como a dificuldade de locomoção dos pedestres, a fragilidade dos espaços públicos, ineficientes e carentes de acessibilidade que não favorecem o convívio, desfavorecem a qualidade de vida da população. Assim, o objetivo do estudo é criar espaços humanizados para pedestres, pensados na escala humana, fortalecendo o convívio e criando uma relação entre a cidade e seus habitantes.



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introdução

A partir do século XIX, a revolução industrial trouxe mudanças significativas na forma como a sociedade produz, trabalha, se organiza e ocupa o espaço. Com isso, houve um esvaziamento rural, trazendo a população que antes habitava o campo para as cidades. Isso ocasionou um grande crescimento demográfico das cidades. As necessidades para se habitar esse novo cenário levaram à transformações dos centros urbanos, que não estavam aptos a receber essa enorme demanda populacional, produzindo bairros insalubres e sem infraestrutura básica. A condição de vida decadente dos bairros onde habitavam a classe proletária despertou o desejo de melhora na qualidade de vida, e qualidade urbana.

meios de locomoção (apesar de muitas vezes ser negligenciado como tal). Um projeto urbano pensado na escala humana traz vida a cidade, pois permite maior contato com o ambiente urbano, intensificando a relação do indivíduo com o lugar, e a troca social entre pessoas. É também benéfico economicamente e sustentavelmente viável, considerando que ocasiona na redução de todos os impactos ambientais causados por veículos motorizados. Segundo Richard Rogers (2001) atualmente 50% da população vive em cidades, e até 2025 a previsão é de que esse número passará para 75%. O aumento da população vivendo em cidades também aumentará o número de automóveis, e a liberação de gases, criando um grande impacto ambiental.

das cidades, além de não dar prioridade aos espaços públicos, de convívio e de pedestres. Isso decorre do drástico aumento de veículos motorizados individuais nas cidades nos anos 60. A implantação dos edifícios modernos desconsiderava totalmente a escala humana, cujo espaçamento entre um edifico e outro torna inviável a fácil e rápida locomoção do pedestre, com grandes áreas vazias públicas, mas com condições desfavoráveis de caminhabilidade, com grandes distâncias, caminhos pouco arborizados, causando grande desgaste físico do usuário desmotivando o uso e o convívio. Jan Gehl (2014) em seu livro “Cidade para pessoas” destaca a problemática em se pensar o

Essa transformação de cenário pós revolução industrial se reflete na falta de planejamento urbano, e/ou um mal planejamento das cidades contemporâneas, criando a necessidade urgente de se produzir espaços públicos inclusivos, que reforcem o convívio entre pessoas, e que reestabeleça a relação das pessoas com o espaço em que habitam. A cidade, historicamente, é o lugar de encontro das pessoas e o espaço público é o palco dessas atividades humanas. No entanto, esses espaços e conexões podem estar comprometidos se não houver um desenho urbano que estimule o uso dos locais públicos.

Cada vez mais as cidades são pensadas de forma abrigar o carro. Quando se pensa em melhoria na categoria de mobilidade, logo vem em mente melhorias relacionadas as vias, sistemas de transporte, uso de vazios urbanos para a construção de estacionamentos, edificações que usam parte do espaço para abrigar o carro, e com isso o caminhar é deixado de lado, criando uma relação de impessoalidade do indivíduo com o local.

bem separados e o destaque de edifícios individuais

O ato de caminhar pela cidade reestabelece a conexão do indivíduo com o espaço, e também faz parte da categoria de

As grandes produções urbanísticas atuais têm referências no modelo de cidade moderna lecorbusiana. A cidade moderna advém de um planejamento urbano que centraliza a necessidade do automóvel como elemento primordial, excluindo a escala humana no planejamento urbano

planejamento urbano setorizado: A ideia de pensar a cidade como uma máquina, com usos autônomos (grande centro de compras, grande centro cultural) cria distâncias grandes demais para serem percorridas a pé, levando o usuário a utilizar meios motorizados. Isso intensifica o grande aumento de tráfego de automóveis, criando um cenário precário em sustentabilidade, que entope a cidade de caos e trânsito, e gera o esvaziamento dos espaços públicos, desmotivando o convívio e a coletividade, proporcionando situações em que as pessoas passam mais tempo no trânsito que ocupando espaços. Jane Jacobs (1961), em seu livro “Morte e vida das grandes cidades”, faz uma crítica negativa sobre Le Corbusier e seu modelo de cidade dizendo que esta


introdução “deixava o pedestre fora das ruas e o colocava dentro dos parques”, criando um “brinquedo mecânico maravilhoso”, colocando o automóvel como elemento principal do projeto e não as pessoas. O resultado dessa produção ocasionou o problema atual que as cidades enfrentam: os espaços públicos urbanos caem em desuso, criando uma desertificação, e isso conjunto à falta de manutenção cria uma insegurança das pessoas para utilizar esses espaços da cidade. Com isso as pessoas de alta renda passam a se agrupar em espaços públicos privados como shoppings, restaurantes, cafés, segregando as pessoas de renda inferior. Jacobs (1961) frisa que, para se intervir na cidade, é necessário uma leitura sobre esse espaço para conhece-lo a fundo, e isso implica não apenas dados técnicos como levantamento dos usos, mas entender onde está a sua vitalidade, como as pessoas utilizam os espaços, quais as potencialidades que estas pessoas identificam, quais atividades são realizadas nas ruas, como as crianças se apropriam dos lugares, sentir o espaço. As cidades devem priorizar, em seu planejamento, a vida em comunidade para solucionar seus problemas de insegurança e violência, oferecendo aos seus usuários possibilidades de conhecer o vizinho, criar espaços públicos democráticos com a finalidade de misturar-se entre desconhecidos, criando redes de conexão, recuperando a vitalidade da cidade. Jacobs também ataca a cidade projetada por Le

Corbusier e o urbanismo moderno dizendo que ele vê “a rua como um mero vazio para a mobilidade”, mas a rua deve ser vista como “uma complexa instituição social”, e se esta acaba por privilegiar o automóvel ao invés do pedestre, ela morre, e com isso a cidade inicia seu fim. A qualidade de vida deve ser algo democrático que esteja ao alcance de todos, e não deve estar restrita aos condomínios protegido por muralhas, alarmes e segurança privada. O espaço público deve ser encarado não como algo negativo, em que estando ali as pessoas ficam expostas à falta de segurança, gerando o abandono do lugar, e sim como o coração da cidade, o planejamento urbano deve repensar a rua, a praça, o parque, humanizando o espaço, estimulando seu uso, de forma que favoreça o contato entre as pessoas. A cidade de Cajuru não tem um cenário distinto do atual contemporâneo, e assim como a maioria das cidades brasileiras, cresceu de forma desordenada e sem planejamento. O acúmulo de problemas como a dificuldade de locomoção dos pedestres, a fragilidade dos espaços públicos, ineficientes e carentes de acessibilidade que não favorecem o convívio, a falta de espaços culturais, conjunto a expansão da mancha urbana, criando pontos de vazios urbanos, desfavorecem a qualidade de vida da população. Assim, esse trabalho tem como objetivo geral criar espaços humanizados para pedestres, pensados na escala humana, fortalecendo

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o convívio e criando uma relação entre a cidade e seus habitantes. E também conta com objetivos específicos, como analisar os conceitos sobre o espaço público, o pedestre, e o sustentável na cidade contemporânea, e quais desses são mais adequados a cidade de Cajuru; Entender o processo de formação histórica do município, criando um programa de espaços destinados a cultura e lazer, que reforcem a memória histórica da cidade, adaptando a infraestrutura pré-existente mal utilizada de valor afetivo; Analisar a fundo os dados morfológicos, sociais e a paisagem urbana, criando diretrizes amplas que enalteçam as singularidades e a cultura local. Para isso, a metodologia aplicada conta com a leitura da área de intervenção e seu entorno de relevância, através de levantamentos morfológicos, mapeando praças, áreas verdes e vazios urbanos presentes na cidade, propondo intervenções urbanas sustentáveis e espaços públicos de qualidade, obtidos a partir de analises feitas no local pela autora, e dados fornecidos pela Prefeitura Municipal de Cajuru, dados históricos disponibilizados por moradores locais, socioeconômicos, obtidos a partir de sites como o IBGE, SEADE e DENATRAN, visuais, obtidos a partir de registros fotográficos realizados pela autora na leitura da paisagem, e com aplicação de mapas mentais, realizados pelos moradores, a fim de estabelecer um planejamento urbano participativo.



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discussão teórica

Construir mais vias expressas, viadutos, transformar lotes em estacionamentos fazem parte das políticas urbanas pensadas para favorecer o automóvel e seus usuários. O planejamento urbano tem a necessidade de incentivar o deslocamento a pé na rotina das pessoas, reeducando os usuários para uma nova relação com o uso do carro, reservando-os para distâncias mais longas. Ações como proibir temporariamente o uso de carros, reduzir a velocidade, integrar as rotas de pedestres com transporte público, e utilização dos espaços públicos, COMO ESPAÇOS PÚBLICOS, contribuem para a construção de uma cidade mais caminhável. Da mesma forma, criar rotas seguras para andar a pé, com calçadas bem conservadas, acessíveis, com boas condições de caminhabilidade e iluminação, incentivam as pessoas a caminharem mais, humanizando o espaço e promovendo melhorias na qualidade de vida da população. Tanto os espaços públicos, quanto nos privados, são pensados para acomodar o carro, isso decorre além da má administração, também da cultura por parte da sociedade de valorização demasiada do automóvel. Paulo Mendes da Rocha, no programa Roda Viva em 2013, faz uma crítica negativa sobre o espaço que o carro ocupa no planejamento das cidades: “É um absurdo você morar em um apartamento de 50m² e ter uma garagem que exige 25m² para o carro. E é um absurdo você imaginar o transporte individual como uma lata que pesa 700kg e você 70kg (...) o mundo está em

uma guerra de desespero e desencontro por causa desse famigerado petróleo, você enfrenta essa guerra toda para colocar a gasolina no carro, queimar as entranhas da terra, transformar em gás, um gás irrespirável, destruindo o planeta (...) o desastre maior não é a deseconomia, que fica patente desses quilômetros de carros parados com o motor ligado, daria para iluminar várias cidades todos aqueles motores, mas esse não é o fundamental. O maior desastre é a educação daquele que está lá dentro. Estamos criando uma população de conformistas, de tolos, de pessoas completamente alienadas em relação a graça das invenções humanas.” A fim de adquirir subsídios teóricos com foco nos espaços públicos humanizados para conexões urbanas, foram utilizadas referências teóricas que abordam esse contexto, entendendo a cidade na sua construção como espaço, seu desenvolvimento ao longo do tempo e a consequência no panorama atual.

2.1 jane jacobs e a construção da cidade moderna

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discussão teórica Jane Jacobs, jornalista e ativista social, conhecida por seu livro “Morte e vida das grandes cidades” (1961), criticava severamente as produções urbanísticas de sua época, iniciando o livro com dizendo “este livro é um ataque”, que se baseava em um modelo que segunda ela, desconsiderava as pré-existências e superestimava o uso do automóvel, transformando o modo como as cidades são analisadas. Hoje sentimos os efeitos desse planejamento com os altos índices de congestionamento e poluição do ar. A autora dedicou-se a entender as relações socioespacias complexas na qual se submete a vida urbana. “A cidade dos sonhos de Le Corbusier teve enorme impacto em nossas cidades. Foi aclamada delirantemente por arquitetos e acabou assimilada em inúmeros projetos, de conjuntos habitacionais de baixa renda a edifícios de escritórios. Além de tornar pelo menos os princípios superficiais da Cidade-Jardim superficialmente aplicáveis a cidades densamente povoadas.(...) Ele procurou fazer do planejamento para automóveis um elemento essencial de seu projeto, e isso era uma ideia empolgando nos anos 20 e início dos anos 30. Ele traçou grandes artérias de mão única para transito expresso. Reduziu o número de ruas, porque “os cruzamentos são inimigos do tráfego”. Propôs ruas subterrâneas para veículos pesados e transporte de mercadorias, e claro, como os planejadores da Cidade-Jardim, manteve os pedestres fora das ruas e dentro dos parques. (...) Mas, no tocante ao funcionamento da cidade, tanto ela como a Cidade-Jardim, só dizem

mentiras.” (JACOBS, 1961, pag. 23) Defende a densidade, vida em comunidade e planejamento urbano na escala humana. Apresenta a cidade como um grande cenário de vivências, diferenças sociais, arquitetônicas, de paisagens e da falta de respeito com o principal personagem, o indivíduo como cidadão. “As necessidades dos automóveis são mais facilmente compreendidas e satisfeitas do que as complexas necessidades das cidades, e um número crescente de urbanistas e projetistas acabou acreditando que, se conseguirem solucionar os problemas de trânsito, terão solucionado o maior problema das cidades. As cidades apresentam preocupações econômicas e sociais muito mais complicadas que o trânsito de automóveis. Como saber que solução dar ao trânsito antes de saber como funciona a própria cidade e de que mais ela necessita nas ruas? É impossível. ” (JACOBS, 1961, pag. 06) A teoria urbanística defendida por Jacobs consiste na valorização do cotidiano da cidade, utilizando-se das calçadas como garantia da proteção e segurança, da diversidade de usos durante o dia e a noite, “as ruas e as calçadas, principais locais públicos de uma cidade, são seus órgãos vitais”, na medida em que fortalecia o convívio social e enriquecia as possibilidades da vida urbana, andar a pé e a forma de transporte mais barata, menos poluente, e a mais igualitária, transformando o espa-

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ço urbano em espaços mais seguro. “A calçada deve ter usuários transitando interruptamente, tanto para aumentar na rua o número de olhos atentos quanto para induzir um número suficiente de pessoas de dentro dos edifícios da rua a observar a calçada. (...) A presença de pessoas atrai outras pessoas, é uma coisa que os planejadores e projetistas tem dificuldade em compreender. Eles partem do princípio de que os habitantes preferem contemplar o vazio, a ordem e o sossego palpáveis. O equívoco não poderia ser maior. O prazer das pessoas de ver o movimento e outras pessoas é evidente em todas as cidades. “ (JACOBS, 1961, pag. 33) A combinação de usos para o desempenho econômico das cidades, criando um cenário atrativo que convidem as pessoas a utilizar dos espaços, propondo quadras curtas, com alta densidade populacional de usos combinados, e o manejo da complexidade ordenada, com a redução dos automóveis.


discussão teórica

2.2 jan gehl e a construção de espaços humanos

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Após 50 anos da publicação de Jacobs, o arquiteto dinamarquês Jan Gehl retoma os conceitos e preocupações sobre as produções urbanísticas em seu livro Cidade Para Pessoas. Gehl, faz uma retomada das ideias de Jane Jacobs e afirma que as cidades podem ser melhores se for pensada na escala humana, seu livro funciona como um guia para se projetar espaços públicos que seja voltado para a qualidade de vida das pessoas. “Inicialmente nós moldamos as cidades – depois elas no moldam. Assim, quanto mais humano for o espaço urbano que produzirmos, mais valorizada nossa dimensão humana estará. Uma cidade de pessoas para pessoas.” Assim como Jacobs, Gehl discorre sobre a problemática do intenso uso e planejamento de cidades voltadas para o carro, e do papel que os urbanistas devem exercer para deter a “arquitetura barata para a gasolina” transformando o espaço em cidades mais sustentáveis e saudáveis. “A cidade sustentável é geralmente fortalecida se grande parte do seu sistema de transporte puder se dar por meio da “mobilidade verde”, ou seja, deslocar-se

a pé, de bicicleta ou por transporte público. Esses meios proporcionam acentuados benefícios à economia e ao meio ambiente, reduzem o consumo de recursos. Limitam as emissões e diminuem o nível de ruídos. (...) O desejo de uma cidade saudável é intensificado se o caminhar ou pedalar forem etapas naturais do padrão de atividades diárias.” (GEHL, 2013, p.7) Os objetivos para uma cidade mais sustentável podem ser alcançados com projetos que visam melhores condições para os ciclistas, estimulando o uso da bicicleta como meio de transporte. Em Cajuru, por exemplo, não há ciclovias, esse fator reflete no baixo número de ciclistas. A locomoção é feita apenas pelos automóveis e o caminhar, devido às longas distâncias a serem percorridas, conjunto a condições ruins de caminhabilidade, acessibilidade, e falta de segurança, aumentando o número de automóveis circulando. Gehl coloca a cidade como lugar de encontro, “há muito mais em caminhar do que simplesmente andar!”, melhores condições de caminhabilidade estimulam as pessoas a utilizarem dos espaços públicos e atividade ao ar livre, reforçando a vida da cidade. Aí está a importância de bons projetos de espaços públicos espalhados pela cidade, criando lugares de permanência, os espaços com multiuso, permitindo a proximidade e a visibilidade física dos usuários, e um bem elaborado sistema iluminação para estimular o uso noturno. “Atividades sociais exigem a presença de

outras pessoas e incluem todas as formas de comunicação entre as pessoas no espaço público. Se há vida e atividade no espaço urbano, então também existem muitas trocas sociais. Se o espaço da cidade for desolado e vazio, nada acontece.” (GEHL, 2013) Outro ponto defendido pelo autor para cidades mais sustentáveis e saudáveis é a densidade responsável e cidades compactas, intensificando o uso do solo verticalmente e melhorando a capacidade dos serviços de transporte, liberando grande parte do solo para espaços públicos. “A vida da cidade não acontece por si mesma ou se desenvolve de forma automática, simplesmente como resposta à alta densidade. Essa questão requer uma abordagem concentrada e bem mais variada. Cidades vivas requer estrutura urbana compacta, densidade populacional razoável, distancias aceitáveis para serem percorridas a pé ou de bicicleta e espaço urbano de boa qualidade. A densidade, que representa qualidade, deve ser combinada com a qualidade só a forma de bons espaços urbanos.” (GEHL, 2013) A qualidade espacial se dá em pequena escala. Uma cidade com boa qualidade ao nível dos olhos deve ser considerada principal estratégia para planejamento urbano, e o caminhar torna-se um reflexo disso. Jan Gehl levanta algumas informações interessantes sobre o ato de caminhar, como a velocidade média de um pedestre


adulto que corresponde a 5km/h, e a tendência de olhar no plano horizontal com leve inclinação de 10° para baixo, fazendo com que prédios muito altos não tenham uma relação direta com o pedestre. Evitar obstáculos nas calçadas é um dos fatores que estimulam o caminhar. Os espaços para caminhar devem estar isentos de desvios e interrupções sem sentido, como interrupções na calçada para facilitar o acesso de carros a garagens, entradas, portas de serviço e postos de combustível. Outro fator é a distância física, segundo o autor “a distância que a maior parte dos pedestres considera aceitável é de quinhentos metros, mas essa não é uma verdade absoluta, já que o aceitável sempre é uma combinação de distância e qualidade do percurso”, podendo usar como estratégia a inserção de coisas interessantes no percurso para ser ver ao nível dos olhos, e locais de parada como praças, quebrando naturalmente a caminhada. Quando o caminho é reto e parece infinito, o pedestre tem uma perspectiva cansativa do percurso, desestimulando o caminhar.

2.3 richard rogers e o planejamento sustentável

discussão teórica Devido aos grandes problemas urbanos e ambientais que as cidades contemporâneas enfrentam, fica a cargo dos arquitetos e urbanistas projetar ações que visam brecar essas condições para a atualidade e também gerações futuras. Richard Rogers, em seu livro “Cidades Para um Pequeno Planeta” demonstra como a expansão das cidades descaracterizam a fragilidade do ecossistema e quais iniciativas devem ser tomadas para reformular as cidades atuais e inseri-las a um conceito de sustentabilidade. Rogers expõe a fragilidade do ecossistema atual diante da implantação irracional das tecnologias que o homem promove, e critica o uso em massa do automóvel e defende a implantação de leis restritivas ao uso do mesmo. As pessoas caracterizam a cidade como um espaço para carros e edifícios, em vez de priorizar os espaços coletivos com praças e parques, incentivando a liberdade do espaço público. A rua, antes local de brincadeira e encontros, é tomada pelos carros estacionados. “Foi o automóvel o principal responsável pela deterioração da coesa estrutura da cidade. Atualmente, os cerca de 500 milhões de carros em todo o mundo destruíram a qualidade dos espaços públicos e estimularam a expansão urbana para bairros distantes. Da mesma forma que o elevador tornou possível a existência do arranha-céu, o automóvel possibilitou que os cidadãos vivessem longe dos centros urbanos. Ele viabilizou a compartimentação das atividades cotidianas, segregando

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escritórios, lojas e casas. E quanto maiores as cidades, mais antieconômico era expandir o sistema de transporte público, e mais dependentes de seus carros ficavam os cidadãos.” (ROGERS, 2014, Pagina 2/35) Ignoraram também a multifuncionalidade e a utilização de meios de transportes alternativos, como ônibus, metrô, bicicleta. Rogers defende a criação de cidade compactas, que evitariam a expansão desordenada nas áreas rurais e de preservação ambiental, e como as ruas e espaços coletivos devem ser de domínio da população, fazendo desses locais lugares de encontro, estimulando a socialização, retomando seu devido uso. A cidade sustentável é justa, criativa, exposta à experimentação, ecológica, de leitura fácil, diversificada, compacta, de estrutura flexível, que garanta comunicação expressiva e forte. “As Cidades Compactas sustentáveis recolocam a cidade como o habitat ideal para uma sociedade baseada na comunidade. É um tipo de estrutura urbana estabelecida que pode ser interpretada de todas as maneiras em resposta a todas as culturas. As cidades devem estar próximas de seus habitantes, propiciando o contato olho no olho, dispostas a agirem como o fermento da atividade humana, da geração e da expressão de uma cultura local. Independente do clima ser agradável ou não e a sociedade, rica ou pobre o objetivo a longo prazo da busca de um desenvolvimento sustentável é criar a estrutura flexível para uma comunidade forte, dentro de um ambiente saudável e limpo.” (ROGERS, 2014, Pagina 2/40).



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levantamentos


3.1 delimitação do objeto de intervenção

levantamentos

[Mapa 1]

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A fim de criar espaços públicos e vias humanizadas na escala do pedestre, que estimulem o convívio e interação entre pessoas, criando conexões urbanas entre os vazios existentes na cidade de Cajuru, a proposta de intervenção tem como elemento principal a Rua Dr. Matta, que em sua extensão possui vazios urbanos com características singulares, e uma diversidade de equipamentos urbanos que servirão de premissa para o projeto.


3.2 histórico da área de intervenção

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levantamentos

[Mapa 2]

Cajuru está localizada à nordeste do Estado de São Paulo, fazendo parte da região metropolitana de Ribeirão Preto, conforme ilustrado no mapa 2. A conexão do município com Ribeirão Preto se dá pela rodovia Abraão Assed (SP – 333). A formação da cidade teve inicio em 11 de Novembro de 1821, pelo processo de formação periférica, sendo que as terras de seu núcleo central foram doadas por dona Maria Pires de Araujo, para o patrimônio da igreja destinado à construção da Igreja Matriz. A partir desse núcleo foi se formando um povoado. “Dizemos nós abaixo assinados, Dona Maria Pires de Araújo, e seus filhos José Barbosa de Magalhães, Manoel Barbosa do Nascimento, Carlos Barbosa de Magalhães, Geraldo Pires de Araújo e Bento Barbosa de Magalhães, que entre os mais bens que possuímos, livres de desembargados, he um terreno de campo e Mattos, aonde se acha erigindo a Capella de São Bento e Sancta Cruz, que houvemos por compra que delle fize-

mos a Domingos Francisco Alves, cujo terreno aonde se acha a dita Capella damos, como de facto temos dado ao mesmo São Bento e Sancta Cruz, cuja as divisas são as seguintes: desde a vertente da pontezinha athé o Córrego do Açude, e desde o Córrego Grande, aonde fazem barra as duas sobredictas vertentes athé a estrada geral, cujo terreno damos à Capella de São Bento e Sancta Cruz para o seu Patrimônio, e damos a muito de nossas livres vontades, sem constrangimento de pessoa alguma, e pedimos às justiças de Sua Majestade deêm a este papel de doação toda força vigor, assim em juízo, como fora delle; e para firmeza de todo o referido. Hum de nós o escreveo, e todos nós assignamos na presença de testemunhas, que também assignaram. Fazenda das Lages, 11 de novembro de 1821. Maria Pires de Araújo, José Barbosa de Magalhães, Manoel Barbosa do Nascimento, Carlos Barbosa de Magalhães, Geraldo Pires de Araújo, Bento Barbosa de Magalhães.” (Trecho da carta de doação de terras. Fonte: Livro do Tombo de Batatais, disponível no livro “Cajuru, um olhar sobre a história do Município”) O mapa 3 (PAGINA FULANA) representa a evolução da mancha urbana desde a fundação da cidade, em 1821 até os dias

atuais. Em 1821, a população total era de 1028 habitantes. Em onze anos, a população dobrou, resultado direto da chegada dos mineiros na região. Em 1874 a população total era de 5394 habitantes. O município teve origem no processo de ocupação de terras do Sertão, e se estabeleceu no movimento de mineiros que procuravam um novo lugar para criar suas famílias e raízes. A partir dos anos 90, o desenvolvimento da cidade foi decorrente da ligação com a terra e o cultivo do café, da localização no cruzamento de rotas dos bandeirantes e a facilidade de escoamento da produção cafeeira por uma ferrovia, que na época atual encontra-se desativada. Atualmente a população da cidade vem crescendo decorrente a expansão da malha urbana, com a criação de novos bairros de baixo e alto padrão. A população estimada é de 25.009 habitantes, com densidade demográfica de 37,89 hab/km². A cidade ocupa uma área total de 600 quilômetros quadrados, sendo que a área urbana é de 8,74 quilômetros quadrados. Sua altitude é de 767m e com topografia levemente acidentada, segundo o IBGE.


levantamentos

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[Mapa 3]

[Figura 1]


levantamentos

3.3 caracterização do objeto de intervenção

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VAZIO URBANO PRAÇAS ÁREA VERDE MALHA URBANO [Mapa 4]


[Figura 2]

4 equipamento urbano

1 antiga estação de ferro mogiana

levantamentos

[Figura 3]

3 antiga tulha

Inaugurada em 8 de dezembro de 1921, na década de 60 funcionou como escola de artesanato. No governo de José Bernardes Freire - 1983/1988 - sofreu uma intervenção que desconsiderou as premissas arquitetônicas de intervenção em patrimônio, sendo descaracterizada gratuitamente, sem que houvesse qualquer cuidado ou preocupação cultural.

Patrimônio Histórico não reconhecido de valor afetivo – Propriedade Privada. Construída em 1916, atualmente, seu uso é destinado ao lazer noturno, servindo de salão de eventos para locação. Ao lado encontra-se um estacionamento de veículos. [Figura 4]

[Figura 5]

Praça com equipamento urbano destinado ao lazer – Propriedade pública - 2016

5 igreja santo antônio

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rodoviária municipal

Patrimônio Histórico não reconhecido de valor afetivo – Propriedade da prefeitura.

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[Figura 6]

Patrimônio de valor afetivo – Propriedade da Igreja


municipal

levantamentos

7 prefeitura

6 igreja matriz

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[Figura 7]

[Figura 8]

Patrimônio histórico reconhecido – Propriedade da prefeitura Inaugurado em 1906. Segundo a Conferência Nacional da Educação de 7 de setembro de 1929, publicada no jornal "O Estado de são Paulo", esse magnífico Projeto Arquitetônico, foi elaborado pelo famoso arquiteto José Van Humbeek para sete escolas de um só pavimento. Essas escolas estão nas cidades de Caçapava, Pindamonhangaba, Bragança, Itatiba, São Simão, Santa Bárbara e Cajuru.

[Figura 9]

Patrimônio histórico reconhecido – Propriedade da prefeitura. Inaugurado em 1902, como cadeia publica de Cajuru, (Figura 2) em substituição à antiga, possuía janelas em arco, e a parte superior de inspiração neo clássica.

9 ginásio de esportes

8 escola mousart

Patrimônio histórico reconhecido – Propriedade da Igreja. Sua construção teve início em 21 de outubro de 1906 e sua inauguração aconteceu em 1924. Atualmente tem forte valor histórico e afetivo, ao seu redor ocorrem festas da Igreja que reúnem os fieis em seu pátio central.

[Figura 10]

O ginásio encontra-se em uma área de APP, e seu acesso se dá por uma via sem pavimentação, desestimulando o seu uso.


levantamentos

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3.4 uso do solo

A área levantada tem predominância de uso residencial. O comércio e serviço concentram-se na R. Dr Matta e na Av. Pref. Rubens Carvalho Ferreira, área central do município. Os usos são bem setorizados, fator que, segundo Jane Jabocs, é prejudicial para os centros urbanos, que devem optar por quadras curtas, de alta densidade e usos diversificados. Essa delimitação de usos faz com que o pedestre que habita as extremidades da malha urbana leve de 20 a 30 minutos de caminhada para acessar o comercio/ serviço. Isso desestimula o acesso a pé devido ao desgaste físico do pedestre, intensificando o uso de veículos. Dos vazios urbanos identificados no mapa, dois são de domínio público, sendo um uma ZPA (Zona de Preservação Ambiental) dado que será apresentado posteriormente na caracterização ambiental do local. Os demais são decorrentes da expansão da malha urbana sem planejamento e da especulação imobiliária.

[Mapa 5]

Nota-se também pela grande quantidade de áreas em loteamento identificadas no mapa, o quanto a cidade está em processo de expansão. Essa expansão horizontal da cidade vai contra ao que Jan Gehl e Richard Rogers defendem de cidade sustentável, sendo esta compacta e de alta densidade, intensificando o uso do solo verticalmente.


levantamentos

3.4.1 macrozoneamento territorial

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[Mapa 6]

LEI COMPLEMENTAR N° 25, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2006: “MACRO ZONEAMENTO TERRITORIAL – o crescimento da cidade de Cajuru deve ocorrer onde seja possível, sem levar a degradação urbana, preservando o meio ambiente, os recursos naturais, de forma a assegurar o equilíbrio ecológico do território do município.” MACRO ZONA URBANA: Art. 67° - Macro zona urbana é a porção do território do município apropriada predominantemente as funções urbanas, definida como sendo a parte das áreas que já foram urbanizadas.

O objeto de intervenção encontra-se em uma escala territorial, sendo em partes: Art. 87° - ZONA ESPECIAL DE INTERESSE SOCIAL (ZEIS) – destinada à implantação de programas e projetos habitacionais de interesse social, tendo como objetivos: - Recuperação de áreas degradadas, sem estar em situações de risco ocasionado por ocupações de forma irregular, estabelecendo condições mínimas de habitabilidade; - Ocupação de vazios urbanos de modo a ampliar a oferta a terra para a moradia, incorporando à cidade os assentamentos urbanos de baixa renda já existentes;

- Controle da segregação, criando condições de fixar a população residente;

As ZEIS foram subdividas em: ZEIS 1: áreas de regularização urbanística de assentamentos precários resultantes de ocupações irregulares em áreas verdes ou de uso público; Art. 77° - ZONA PREDOMINANTEMENTE RESIDENCIAL (ZPR) – predominância de uso residencial unifamiliar, permitindo apenas o comercio do tipo local. Devendo obedecer aos seguintes parâmetros:


- Testada de 10m²; - Comercio e serviço com área máxima de 250m² - Permitido uso misto - Proibida a instalação de indústrias e assemelhados; - Baixa densidade - Taxa de ocupação: 50% - Taxa de permeabilidade: 30% Coeficiente de aproveitamento: 1,5

Art. 77° - ZONA CENTRAL (ZC) – áreas com o predomínio de comércio, serviços e residências de uso misto, portando ampla mistura de usos. Devendo obedecer aos seguintes parâmetros: - Proibida a instalação de indústrias e assemelhados, como depósitos, transportadoras e centros de logísticas. - Densidade alta;

33

3.4.2 aspectos ambientais

- Área mínima de 250m²;

levantamentos

- Taxa de ocupação: 60% a 70%; - Taxa de permeabilidade: 15%;

[Mapa 7]

- Coeficiente de aproveitamento: 2;

Art. 69° - ZONA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL (ZPA) – destinada a preservação dos mananciais, nascentes, voçorocas, matas ciliares ainda existentes, e das áreas naturais de lazer. A ZPA compreende a também as margens de cursos d’água que cortam a cidade.

Segundo informações do DATAGEO, o município é formado por latossolo roxo, distrófico, A moderado, proeminente e chernozêmico, textura média/argilosa e muito argilosa. Esse tipo de solo é bom para agricultura, poroso e tem boa permeabilidade e propenso a urbanização. No entanto, parte do solo da cidade apresenta regiões de considerável erosão, o que impossibilita a urbanização dessas áreas. Quanto ao patrimônio natural da cidade,

Cajuru possui um uma grande quantidade de cursos d’água que dividem a malha urbana. Além disso há uma considerável área da cidade ocupada por áreas de APP, que acompanham os cursos d’água. Não existem consideráveis contaminações de subsolo ou áreas degradadas que necessitem de ações especiais em Cajuru, e a zona de alagamento dos cursos d’água praticamente não adentra na malha urbana.


levantamentos

A cidade possui um gabarito com paisagem homogênea, que não ultrapassam o nível de dois pavimentos, com exceção de um edifício, localizado na esquina entre as ruas Barão Ribeiro Barbosa e José Bonifácio, na Zona Central da cidade, que destoa da horizontalidade da paisagem (Figura 34). Segundo o Plano Diretor de Cajuru, datado de 28 de Dezembro de 2006: Artigo 62° - o gabarito

3.5 ocupação do solo

34

máximo previsto para a cidade de Cajuru será de, no máximo, 03 (três) pavimentos.

O plano diretor também dispõe de uma regulamentação especifica para a área onde a edificação foi construída, por se tratar da Zona Central, de paisagem horizontal, característico da cidade desde sua formação: “Artigo 79° - A Zona Central (ZC) caracteriza-se por área com predominância de comercio, serviços e residências de uso misto, portanto, com ampla mistura de usos, própria das centralidades, devendo obedecer ainda aos seguintes parâmetros: (...) II- Densidade alta; (...) V- Coeficiente de aproveitamento: 2”

[Mapa 8]

Mesmo a construção do prédio sendo posterior a implementação do Plano Diretor, o mesmo obteve aprovação na Câmara Municipal de Cajuru. Essa interrupção na paisagem causada pelo edifício vai contra o que Jan Gehl coloca como uma cidade agradável ao ser humano, com edificações térreas ao nível dos olhos, pensada na escala humana.


levantamentos

35

3.6 equipamentos urbanos

Os equipamentos urbanos da cidade encontramse, em sua maioria nos limites centrais e ao longo da Rua Dr. Matta. Isso faz com que os equipamentos fiquem setorizados, o que, de acordo com Jane Jacobs (1960), é prejudicial a vitalidade dos espaços urbanos, pois os habitantes que moram em locais mais distantes do centro têm de percorrer longas distâncias para ter acesso a infraestrutura, desestimulando o caminhar e obrigando as pessoas a recorrerem a utilização dos automóveis para garantir a acesso a esses locais. Outro fator prejudicial à vitalidade dos espaços urbanos está relacionado a localização dos equipamentos urbanos, e que, quando estes encontram-se restritos a um local do território, os locais mais distantes caem em desuso, criando uma desertificação com bolsões de insegurança. No planejamento dos centros urbanos, deve-se optar pela combinação de usos para o desempenho econômico das cidades, fazendo-se possível que os habitantes acessem esses locais sem recorrer aos automóveis e sem que precisem percorrer longas distâncias. Quanto à tipologia dos equipamentos, os destinados à saúde são todos públicos. Os equipamentos relacionados à educação são, em sua maioria de origem pública, sendo parte municipais, com ótimas escolas de ensino fundamental, parte estaduais, com escolas de ensino médio de pouca qualidade, e duas escolas particulares, que atendem desde creche a ensino médio. Em relação aos equipamentos destinados a lazer, os clubes presentes no município são de domínio particular, e os relacionados a esporte de domínio público. Algumas praças possuem equipamentos destinados a lazer, no entanto de qualidade ruim, com falta de planejamento e manutenção adequada. [Mapa 9]


36

levantamentos

3.7.1 hierarquia física

3.7 hierarquia física e funcional

[Mapa 10]

O município possui uma hierarquia viária diversificada, a malha urbana encontra-se delimitada pela Rod. Abraão Assed. Entre as vias arteriais, estão as principais avenidas da cidade, como a Av. Pref. Rubens Carvalho, seu leito carroçável é dividido em duas vias pelo córrego. A Rua Dr. Matta uma via arterial, que busca deslocar o trânsito em uma velocidade maior para o interior da cidade servindo para unir as vias de transito rápido com as coletoras, interligando os bairros da cidade, servindo de conexão entre a rodovia de acesso ao município, com os locais de intervenção (delimitados em azul) e o centro, seu leito carroçável (até na parte que conecta com a Av. Pref. Rubens Carvalho Ferreira) é dividido em duas pistas por um canteiro central.


levantamentos

37

3.7.2 caracterização da via dr. matta

A rua Dr. Matta, eixo de conexão dos espaços delimitados para objeto de intervenção e também objeto de intervenção, ao longo da sua extensão é marcada por mudanças físicas, de fluxo e uso. O diagrama construído no mapa 11 tem como objetivo ilustrar essas diferenças encontradas a partir de uma leitura visual no local. A via tem inicio no trevo de acesso (1) do município a Rodovia Abraão Assed. Essa parte é caracterizada por 3 leitos carroçáveis, e dois canteiros com vegetação (2), sendo o leito carroçável a esquerda no mapa de acesso ao bairro, e os dois restantes sendo continuidade da Dr. Matta. Nesta parte do trajeto, as calçadas possuem grande quantidade de vegetação, com condições agradáveis de caminhabilidade. A partir deste ponto, (3) a via possui dois leitos carroçáveis e um canteiro central de vegetação. No trajeto pontuado entre as imagens 3 e 5, a via possui características físicas e na paisagem homogêneas. O caminho começa a tornar-se árido, com escassez de vegetação, e condições desagradáveis de caminhabilidade (4), obrigando os pedestres a seguirem por caminhos alternativos entre os bairros nos horários do dia em que sol encontra-se mais quente.

[Mapa 11]

No ponto demarcado na imagem (5), a Rua Dr. Matta torna-se uma via simples de sentido único, com um semáforo (6) localizado no cruzamento desta com a Rua José Bonifácio na área central da cidade. As condições de caminhabilidade seguem desfavoráveis decorrente da pouca quantidade de vegetação e falta de acessibilidade, com calçadas sem manutenção (7).


perfil 1 [Figura 11]

perfil 2 [Figura 12]

perfil 3 [Figura 13]

3.7.4 hierarquia funcional

levantamentos

3.7.3 perfis da via dr. matta

38


levantamentos

39

Na cidade de Cajuru não há transporte público urbano, sendo que o meio de locomoção na grande maioria é feito por meios motorizados privados e pelos pedestres, com passeios em boa qualidade de pavimentação, em geral. A população total estimada pelo IBGE, em 2017, é de 25.655 habitantes, e a frota total de veículos segundo o DENATRAN é de 12.879 veículos motorizados, fazendo uma média de 1,99 pessoas por veículo. Esses altos índices, conjuntos a falta de planejamento urbano pensada para pedestres, preocupações com a mudança climática e saúde publica, caracterizam o que Jan Gehl, em seu livro Cidade Para Pessoas, coloca como "arquitetura barata para a gasolina“, "durante

50 anos fizemos cidades de tal forma que as pessoas estivessem quase obrigadas a sentar-se todos os dias em seus automóveis, em seus escritórios ou em suas casas”. Esses índices também fazem com que algumas vias deixem de funcionar segundo sua característica física para exercer outras. As vias próximas ao eixo central deixam de exercer a função de Coletoras e passam a servir como Arterial, e algumas Locais passam a ter função de Coletoras. Cajuru também não possui ciclovias, e não se encontra um número considerável de ciclistas.

[Mapa 12]

A principal área de incidência de acidentes de trânsito está localizada no trevo que liga as cidades de Cajuru e Cássia dos Coqueiros, na Rodovia Abraão Assed. Um dos motivos é a falta de visibilidade entre os veículos, além da ultrapassagem da velocidade permitida.


levantamentos 3.7.5 concentração de pedestres e ciclistas

3.7.6 polos geradores de tráfego

40

[Mapa 14]

O polo gerador de tráfego mais significativo na cidade de Cajuru é o Supermercado União, localizado na Avenida Prefeito Rubéns Carvalho Ferreira. Como é o maior supermercado presente na cidade, atende a toda população e, portanto, gera grande mobilidade na região, seguido do supermercado dia, localizado na mesma avenida. [Mapa 13]

O município possui declividade favorável de 7,8%, no entanto, trata-se de um fundo de vale, em que a parte homogênea da topografia encontra-se ao longo da Av. Pref. Rubens Carvalho Ferreira. Decorrente disso, nota-se uma concentração de pedestres e cíclicas no local, que utilizam do espaço para realização de atividades físicas, como caminhada e bicicleta. Há também uma concentração de pedestres nos limites da praça central, decorrente da grande quantidade de equipamentos de serviço e comércio no local, e também nas praças que possuem equipamentos de lazer, como academia ao ar livre, ou simplesmente espaços de contemplação e convívio, com mobiliário em bom estado de conservação, acarretando o mínimo de conforto aos usuários.

O segundo pólo gerador mais significativo na cidade de Cajuru são as escolas. Dentre elas, a que gera maior fluxo é a Escola Dr. Mozart Alves da Silva, localizada no cruzamento entre as Ruas Dr. Matta e Sampaio Moreira, em frente à Praça Largo São Bento, no centro de Cajuru, sendo que na última rua o fluxo é maior, por conta da presença da Praça e da Igreja Matriz de São Bento. Outras escolas geradoras de tráfego são o Colégio Pirâmide, também localizada na Rua Sampaio Moreira, o Colégio Athenas, localizado na Rua Luíz Ruggeri, e a escola André Ruggeri, localizada na Rua Capitao Joao Batista Ferreira. Os outros polos geradores de tráfego são o Hospital de Cajuru e a Mini Rodoviária, ambos localizados na mesma rua (R. Doutor Milton Mourão de Mattos), e a Rodoviária Municipal, localizada na Av. Dr Getúlio Vargas.


levantamentos

3.8 conexão entre bairros

religioso que ocorrem no local.

Os Bairros Santo Antônio (3), Cruzeiro (12) e Jardim Três Marias (13), possuem um padrão médio/alto, com uma diversidade em construções arquitetônicas e aparecimento de uso misto em alguns lotes, com comércio e serviço em escala de vizinhança. Ambos os bairros tem paisagem homogênea, com a predominância de habitações térreas, e equipamentos urbanos de qualidade. Segundo o Macrozoneamento Municipal, fazem parte de uma ZPR, Zona de Predominância Residencial. O Bairro Cruzeiro (12) possui alto fluxo em torno do Escola Municipal André Ruggeri, nos horários de entrada e saída dos alunos, sendo proibido o fluxo de veículos no entorno da escola nesses horários para garantir segurança dos alunos. [Mapa 15]

O bairro Jardim Vila Real (1), próximo à Rodovia, é predominantemente formado por classe baixa. Faz parte da Zona com Predominância Residencial segundo o Macrozoneamento Municipal. Possui comércio e serviço de escala de vizinhança, fazendo com que os moradores tenham que se deslocar para a área central para ter acesso a infra estrutura da cidade. É característico do bairro a população fazer uso intenso das calçadas, muitas vezes improvisando um mobiliário urbano. Tem grande fluxo de pessoas e veículos. A tipologia das residências tem predominância de habitações térreas. Possui equipamentos de saúde e educação que atendem a escala de bairro. No Jardim Bela Vista (2), na parte próxima a Rua Dr. Matta, encontram-se habitações irregulares, que são definidos pelo Macrozoneaento como ZEIS 1, por se

41

tratar de uma área pública destinada a áreas verdes e equipamentos urbanos. É neste trecho também que se encontra uma grande quantidade de equipamentos e um vazio urbano, potencialidade para o desenvolvimento de espaço público que unifique lazer, cultura e proteção de patrimônio de valor afetivo, que traga benefícios para os moradores em uma escala territorial. Da mesma forma, o Jardim Vila Real possui comercio e serviço em escala de vizinhança, grande fluxo de veículos e pedestres, e grande uso das calçadas. O Centro (4) tem predominância de classe média/alta, com a presença de um condomínio fechado, com casas de alto padrão. Tem grande fluxo de pessoas por possuir uma grande quantidade de equipamentos, comercio e serviço. A praça central possui alto fluxo de pedestres, devido aos eventos de cunho

Os Bairros Quinta das Flores (14) e Vila Zacharias (11) possuem paisagem homogênea, com casas de predominância térrea, comércio e serviço de vizinhança e bons equipamentos de escala territorial, como a Rodoviária Municipal. Esta funciona como um pólo gerador de tráfego, de veículos e pessoas. Possui uma praça ao redor, com a existência de alguns moradores de rua. Tem grande número de pessoas utilizando as calçadas no entorno do Rua Dr. Matta, mas diferente do Bairro Vila Real (1), não tem interferência dos usuários na paisagem com a instalação de equipamentos urbanos pelos moradores. O Bairro Jardim Renascença (5) tem predominância de classe média, com habitações de médio padrão construtivo com predominância térrea. Possui comércio e serviço na escala de vizinhança. Tem um fluxo considerável de veículos e pessoas caminhando devido à


levantamentos

sua proximidade com a área central. Não há pessoas utilizando as calçadas para longa permanência, apenas para deslocamento. O Bairro Vila Vieira (9) segue as mesmas características do Bairro Jardim Renascença, citado anteriormente, com exceção da parte da R. Dr. Matta, onde há comércio e serviço em escala de vizinhança, gerando um fluxo maior que no interior do bairro. O Bairro Vila Honorato (8) possui uma singularidade que é o grande vazio urbano, que trata-se, em parte, de uma ZPA (Zona de Proteção Ambiental) segundo o Plano Diretor Municipal, e que cria uma ruptura na malha urbana. Tem predominância de classe baixa com construções de baixo padrão, sendo em maioria térreas, e com muitas pessoas utilizando as calçadas e espaços públicos como local de enconto. Devido a carência de mobiliário urbano, os próprios moradores acabam interferindo na paisagem e improvisando acentos, lixeiras, etc. neste encontra-se uma pista de skate, sendo local de encontro e lazer de crianças e adolescentes. O bairro Jardim Maria Goretti (7), separado do citado anteriormente pela Rua Dr. Matta, tem predominância de classe média e as construções presentes seguem esse padrão. Nele encontra-se a Santa Casa de Cajuru, hospital público de boa qualidade, que atrai pessoas de outra cidade. Encontra-se também a Mini Rodoviária Municipal, que conjunto ao hospital ocasiona em um aumento no fluxo de veículos e pedestres. Possui uma praça com grande quantidade de mobiliário urbano, que serve de abrigo para moradores de rua.

3.9 caracterização socio econômica

42

3.9.1 polarização

POLARIZAÇÃO GERAL: o município pode ser caracterizado como uma cidade dormitório, sendo polarizado por Ribeirão Preto. O município não possui escola de formação superior presencial, fazendo com que diversos moradores se desloquem todos os dias a procura de tal. Quanto a saúde, apesar do possuir um hospital municipal de qualidade, ele não atende a todas as necessidades da população. [Gráfico 1]

POLARIZAÇÃO POR SERTORES: LAZER: o município apresenta uma defasagem de equipamentos culturais, sendo polarizado por Ribeirão Preto. SAÚDE: o município possui boa qualidade de saúde publica, polarizando Santa Rosa de Viterbo e Santa Cruz da Esperança. TRABALHO: o município possui bons índices de geração de emprego, polarizando Santa Rosa de Viterbo e Santa Cruz da Esperança. [Gráfico 2]


3.9.2 população urbana e rural

3.9.3 populaçãopor escolaridade

[Gráfico 3]

Segundo censo demográfico do IBGE, 89% da população de Cajuru mora na zona urbana, compravando o fenômeno do exôdo rural abordado na temática do trabalho.

3.9.4 evolução da população

levantamentos

[Gráfico 4]

43

[Gráfico 5]

No gráfico sobre o analfabetismo da população de 15 anos a mais, em 1990 apontava uma estimativa de 14,36%. Já em 2000 esse número caiu para 9,52%. Em 2010 esse número caiu ainda mais, para 5,97%, segundo o IBGE. A queda nos valores é explicada pela ótima qualidade do ensino fundamental municipal. Em 2010 Cajuru emplacou cinco escolas municipais entre as dez melhores no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

3.9.5 população por faixa etária

[Gráfico 6]

O gráfico produzido a partir de informações do IBGE mostra um crescimento continuo da população desde 1970, que era composta por 13725 habitantes, com exceção de 2000, em que a apresentou uma pequena baixa. Em 2015 o total estimado da população foi de 24537 habitantes. O município possui uma taxa de crescimento anual da população de 1,18 ao ano.

[Gráfico 7]

Segundo o IBGE, a Faixa Etária predominante é de adolescentes de 15 a 19 anos, seguidos por jovens adultos, de 20 a 24 anos, do sexo masculino. Possui uma baixa concentração de idosos (entre 60 a 94 anos).


3.9.6 atividades econômicas

44

levantamentos emprego por setor econômico

3.9.7 índice paulista de responsabilidade social

[Gráfico 8] O município possui um valor de 4842 empregos formais, segundo o IBGE, sendo estes separado em setores econômicos, ilustrado no gráfico abaixo, sendo a maior parte deste, composta pelo setor de serviços, com 31% do total. Seguido de serviços, aparece

O setor industrial, com 28%, comandado pelas indústrias metalúrgicas, voltadas para a fabricação de maquinaria agrícola (Menta Mit), de peças para automóveis (Indústria Rei) e alimentos (Gold Meat).

rendimento médio dos empregos: participação dos setores na renda:

[Gráfico 10]

Índice Paulista de Responsabilidade Social é um instrumento para melhorar a qualidade de vida do povo paulista, na medida em que busca facilitar uma identificação mais ágil das necessárias políticas públicas a serem implementadas nos municípios paulistas, considerando os índices de dimensão de riqueza, dimensão de longevidade e dimensão de escolaridade. Cajuru faz parte do GRUPO 3 – Municípios com nível de riqueza baixo, mas com bons indicadores nas demais dimensões.

3.9.8 população por emprego e renda Segundo os dados de renda do IBGE, a população predominante de Cajuru é de classe média, com renda entre mais de 2 e até 5 salários mínimos. Apenas uma pequena parcela das famílias vive em situação de extrema pobreza, com até ½ salário mínimo, somando o total de 61 famílias. Segundo o Índice de Gini, instrumento utilizado para medir o grau de concentração de renda em determinado

grupo, em que o valor zero representa a situação de igualdade, e 1 de extremo oposto, em 2010, o município de Cajuru apresentava índice de 0,4036.

[Gráfico 9]

De acordo com o gráfico abaixo, o setor industrial tem predominância na participação da renda do município, segundo o IBGE, sendo 28% do total, seguido pelo setor de serviços e construção, ambos com 20% do total.

[Gráfico 11]


levantamentos

3.9.9 índice de desenvolvimento humano

[Gráfico 12]

3.9.10 população por bairro e densidade densidade

[Gráfico 13]

pessoas residentes

[Gráfico 14]

45

No gráfico, o indicador sintetiza três aspectos do desenvolvimento humano: vida longa e saudável, acesso a conhecimento e padrão de vida. A escala varia de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (total desenvolvimento humano). Em 1991 o IDH de Cajuru era de 0,514, em 2000 de 0,648 e em 2010 de 0,713, e está classificado em ALTO, com índices em 0,700 a 0,799.

O cartograma ao lado mostra o número de habitantes residentes de cada bairro do município de Cajuru em relação à área do mesmo, sendo a densidade total do município de 35,3. Nota-se que a região central possui uma densidade média/baixa. Nas extremidades, onde a malha urbana expandiu-se, possuem a menor densidade, isso é justificado pela grande quantidade de bairros novos que estão em processo de loteamento. Em comparação ao cartograma de pessoas residentes por bairros, percebese que alguns bairros que apresentam a menor densidade, também apresentam a maior quantidade de pessoas residindo. Isso é explicado pela grande quantidade de vazios urbanos presentes nesses locais e a longa extensão das áreas.


matriz de conflitos e convergĂŞncias

3.10 sintetização de dados 46

levantamentos


mapa sĂ­ntese

levantamentos

47

[Mapa 16]


levantamentos percepção urbana visão serial

48

Percurso 1, óptica: O percurso 1 foi realizado na R. Dr. Matta, e ao redor da praça central. A Igreja Matriz se destaca na paisagem como Ponto Focal, ou seja, um elemento de força que se materializa de forma isolada e por vezes marca pela verticalidade.

De acordo com Gordon Cullen (1996), a leitura da cidade deve ser feita através de uma construção de imagens, a ”paisagem urbana é a arte de tornar coerente e visualmente organizado o emaranhado de edifícios, ruas e espaços que constituem o ambiente urbano”, e como os trajetos que os observadores fazem na cidade constroem a sua percepção daquele espaço. “Um conjunto de edifícios adquire um poder de atração visual, nele ocorrem fenômenos que dificilmente poderão ser verificados em um edifício isolado… uma construção isolada no meio do campo dá-nos a sensação de estarmos perante uma obra de arquitetura, mas um grupo de construções imediatamente sugere a possibilidade de criar uma arte diferente”.

Imagem 1: Torre da igreja vista da Av. Pref. Rubens Carvalho Ferreira, começando a se revelar a partir da posição do observador no espaço. Percurso 2, lugar: o percurso 2 foi realizado na R. Dr. Matta, R. Santa Teresinha e Av. Dr. Getulho Vargas. Nesse percurso, a leitura da paisagem foi realizada de acordo com o lugar e a posição do observador no espaço (aqui e além, aberto e fechado, limites).

Na visão serial existe uma relação entre usuário e o ambiente subdividida em três aspectos a serem considerados: ÓPTICA, LUGAR e CONTEÚDO. Seguindo a metodologia de Cullen (1996), foram coletadas algumas imagens da cidade de Cajuru, para construção da percepção da paisagem urbana, de acordo com o olhar e percepções da autora.

percurso total

Imagem 1: Antiga Tulha, representa um limite de resistência, pois é a única edificação histórica do conjunto que não sofreu alterações, com reformas agressivas sem considerar os parâmetros do restauro e seu valor histórico;

Imagem 2: Antigo deposito da Estação Mogiana ao fundo, com o acesso interrompido pelas estacas de madeiras colocadas a frente, estabelecendo um limite entre o transeunte e o espaço;

Imagem 3: Ruinas de uma edificação abandonada isolada em um grande vazio urbano, criando um limite visual para o transeunte;

Imagem 4: Relógio presente na entrada da cidade, estabelecendo um limite da via Dr. Matta. A imagem também estabelece uma relação de aqui e além, por se encontrar em um dos pontos mais altos do município;


levantamentos

Imagem 2: A sensação de revelação a medida que o percurso leva a aproximação da torre, antes escondida pelo entorno.

Imagem 5: Ao fundo, o ginásio de esportes, e a frente, mobiliário instalado pelos próprios moradores, estabelecendo uma relação de aqui e além;

Imagem 3: A igreja Matriz vista do interior da praça central, revelando suas caracterizas.

Imagem 6: Torre da igreja ao fundo, estabelecendo uma relação de aqui e além do ponto de vista do observador e também de escala;

Imagem 4: a relação da torre com o espaço, a medida que se desloca de um ponto mais baixo a um ponto mais alto;

Imagem 7: Igreja vista de frente, desperta curiosidade para o transeunte;

49

Imagem 5: Distanciamento da igreja e esta sendo encoberta pela paisagem do seu entorno;

Imagem 8: Torre da igreja vista do limite da malha urbana. Também estabelece relação de aqui e além, pelo posicionamento do transeunte com o objeto;


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levantamentos Imagem 2: O balaústre da escola se destoa na paisagem por conta das suas cores vivas;

Percurso 3, conteúdo: o percurso 3 foi realizado na R. Sete de Setembro e R. Dr. Matta. Nesse percurso, foram explorados na leitura da paisagem, aspectos como cor, textura, escala, unidade. Elementos que ajudam na percepção se significados na leitura da paisagem. Durante a realização dos percursos para analise visual, outras características podem ser percebidas, como a grande quantidade de poluição visual por publicidade. Carência de áreas de permanência na R. Dr. Matta, tornando-a um local de locomoção e não de permanência de pessoas, a qualidade ruim de caminhabilidade, com falta de acessibilidade, e interrupção no passeio para garagens ou acesso de veículos aos estabelecimentos. No exercício também foi pontuado locais de potencialidade, como a Tulha, do percurso 2. A proposta de intervenção irá considerar, além dos aspectos físicos, os aspectos relacionados a paisagem, explorando as potencialidades e os locais de conflitos levantados na Visão Serial.

Imagem 1: O colorido das casas constroem uma percepção de identidade para cada construção, destacandoas na paisagem;

Imagem 3: O grafite presente na R. Dr. Matta cria um marco na paisagem, trazendo identidade para este ponto;


3.11 mapas mentais

levantamentos

DESENHO 1: Equipamentos urbanos presentes na área central da cidade. FEMININO, 53 anos.

DESENHO 2: Residência e Igreja evangélica presentes na Rua Dr. Matta. FEMININO, 25 anos.

DESENHO 3: Equipamentos urbanos presentes na área central da cidade. FEMININO, 14 anos.

51



[4

LEI

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leituras projetuais

5.1 eixo turístico cultural - reabilitação urbana em Huamanga / Peru Autor do Projeto: VORTICE Arquitetos Ano: 2013

Os objetivos principais do concurso incluíam a reestruturação do Centro Histórico de Huamanga, fazendo do centro histórico um espaço vivo com seu uso democrático pensado no beneficio da população, reforçando a memória histórica do lugar e valor patrimonial, e promovendo a ocupação do espaço público, reestabelecendo a relação da população para com o local, privilegiando o pedestre e a acessibilidade. “O projeto tem como principal objetivo o resgate do espaço público para o uso e gozo de seus habitantes. Reafirmando e resgatando o caráter das edificações emblemáticas que o conformam. É reforçada a interação funcional e espacial que existe entre o espaço público e o edifício que o conforma, gerando de maneira lógica as virtudes de cada espaço urbano, sejam praças, átrios, parques, etc.” (Trecho dos Arquitetos idealizadores do projeto, disponível em ArchDailyBrasil) [Figura 14]

O conceito consiste em entender como as pessoas utilizam aquele espaço e quais manifestações culturais ocorrem ali. Assim, a proposta projetual consiste que a caracterização de cada espaço seja dada de acordo com as edificações e atividades existentes naquele local especifico, criando uma proposta de espaço publico em que as caraterísticas do projeto remetem aquele local, sendo um projeto singular que busca criar conexões da população com o local. As atividades sociais que caracterizam o local e dão identidade ao espaço e servirão de suporte ao projeto são: os rituais religiosos (fortes no local, com Procissões da Semana Santa – Corpus Cristi), cívicos, militares, festivos, culturais e atividades artísticas.

[Figura 15]


leituras projetuais

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TRATAMENTO DE PISO:

[Figura 16]

O tratamento do piso se configura como uma espécie de tecido, e tem relação direta com os usos dos edifícios, se diferenciando no equipamento e na cor de acordo com as funções e os fluxos deles.

[Figura 17]

MOBILIÁRIO: O desenho do mobiliário parte da interpretação dos ícones que caracterizam a cidade, como por exemplo o Totem (marco urbano) releitura do campanário das igrejas. O restante do mobiliário segue o mesmo conceito, reinterpretando as formas de manifestação da arte popular de Ayacucho. Isso resulta em um objeto singular e não genérico, destinado a um local específico.

[Figura 18]

A partir da leitura projetual, pretende-se levar para a intervenção na cidade de Cajuru, a ideia de entender como as pessoas utilizam o espaço e o que elas necessitam em um espaço público, e a partir dessas manifestações culturais e atividades sociais, criar um programa específico para aquele local. O mobiliário seguirá essa mesma premissa, criando módulos que podem ser espalhados ao longo do eixo da Via Dr Matta, com bancos, iluminação, painéis com informações relacionadas a manifestações religiosas, entre outros.


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leituras projetuais

5.2 primeiro lugar no concurso nacional de ideias para a renovação urbana da área central de San Isidro / Argentina Autor do Projeto: Estudio Lacalle Martínez Vallerga Ano: 2014 O projeto consiste na renovação urbana do centro da cidade de San Isidro, na Argentina, e tem como objetivo caracterizar a identidade local, qualidade ambiental, dar prioridade ao pedestre, a acessibilidade e a sustentabilidade, e coloca em foco também o planejamento urbano com a participação popular, com a criação de um site para que os moradores pudessem entender e conhecer melhor o projeto.

[Figura 20]

RECUPERAÇÃO DA IDENTIDADE DE SAN ISIDRO

[Figura 19]

VALORIZAÇÃO DO PEDESTRE As rua comerciais Belgrano e Nueve de Julio são o objetivo central do projeto, tornando-se ruas exclusivas ou prioritárias para pedestres, colocando o pedestre como foco principal do projeto e incentivando o caminhar, restituindo o pedestre como elemento fundamental no planejamento urbano.

É característico do município o equilíbrio entre natureza e meio urbano, com isso o projeto destina-se a resolver a carência de áreas verdes em áreas de maior densidade, criando ilhas de vegetação para o uso do pedestre. Esse equilíbrio de meio natural e cidade foi incorporado também no desenho do mobiliário, as luminárias de canos tubulares curvados se mesclam a vegetação devido a sua forma. Estas ilhas contém também áreas de descanso com bancos e mesas de café.


leituras projetuais

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[Figura 21]

ACESSIBILIDADE: Aproveitamento das grelhas de drenagem que funciona como piso tátil, e servem como guias para pessoas com limitações visuais.

IMPLANTAÇÃO

[Figura 22]

“O inicio e fim do eixo tem a função de conectar dois centros: o centro de transportes e o centro histórico. Este desdobramento urbano é atípico e diferente do tradicional, geralmente formado em torno de uma única praça. “ Luminárias com desenho que remete a vegetação, criam uma paisagem agradável e homogênea, pensada com tecnologia sustentável, com flexibilidade para incorporar diferentes tecnologias, de acordo com sua evolução. Canteiros com formas trapezoidais e gramíneas nativas típicas, fortalecendo a identidade local. [Figura 23]

Da mesma forma abordada na referência projetual, a área escolhida para intervenção segue as premissas de caracterizar a identidade local e a sustentabilidade, com ênfase no pedestre. Pretende-se levar para a intervenção na cidade de Cajuru, a ideia de via prioritária para pedestres, criando um eixo de conexão entre o cultural, o lúdico e o natureza.


58

leituras projetuais

5.3 SUPERKILEN, Copenhague / Dinamarca Autor do Projeto: Estudio Lacalle Martínez Vallerga Ano: 2014 O projeto consiste na criação de um parque linear proposto para a cidade de Copenhague, capital da Dinamarca, com o objetivo de tornar o bairro de Norrebro o centro de inovação de espaços urbanos em um nível internacional, criando um espaço sólido e aberto que possa satisfazer os desejos e necessidades de 57 culturas.

[Figura 24]

CONCEITO: O projeto vem em resposta a reputação do bairro, de um local violento e degradado, e consiste em uma área de 33000m², dividida em três grandes áreas e cada uma apresenta elementos singulares que tornam o local único, utilizando das cores, reforçando a linguagem e cultura local.

[Figura 25]


leituras projetuais

59

[Figura 26]

A partir da leitura projetual, pretende-se levar para a intervenção na cidade de Cajuru, a criação ambientes de forma que as pessoas se apropriem desses espaços, utilizando das cores na paginação da Via Dr. Matta. Propõe-se a criação de setores ao longo da área onde cada “trecho” apresentará características específicas, tornando-os espaços onde as pessoas experimentam sensações e se apropriam do local, diferenciando esses lugares de outros espaços públicos abertos.

[Figura 27]



[4

EST

UDO

PRE

LIM

INA

R]


62

estudo preliminar

3 KM

6.1 CONCEITO E PARTIDO:

DR A RU

A Rua Dr. Matta é o principal eixo de conexão com os bairros na cidade de Cajuru. No seu eixo encontra-se vazios urbanos, com infraestrutura pré-existente mal utilizada. Partindo da premissa de humanização de espaços públicos criando eixos de conexões humanas, considerando a cidade sustentável, priorizando o pedestre e a acessibilidade, o conceito considera a COR, que reinventa o modifica o espaço urbano, criando sensações diversas nos usuários.

O partido é utilizar da cor criando eixos de sensações, que tem inicio no cultural, que explora a cultura local através de seus usos, seguindo para uma zona lúdica, que cria sensações de redescoberta dos espaços nos usuários e fechando com uma zona de conexão com a natureza, com um parque linear com equipamentos esportivos.

O vermelho naturalmente provoca uma reação de atenção nos indivíduos. Por isso, foi escolhida como cor dominante na Zona 1 – Eixo cultural, em que na sua extensão apresenta uma via para pedestres. No caso, o vermelho nesse espaço representa atenção dos automóveis para com as pedestres, que são o elemento principal do projeto. A cor azul é associada principalmente a sensação de paz, assim como o branco, porém de forma mais sutil. Lembra limpeza, água, serenidade e produtividade. Desta forma, azul foi a cor escolhida para a Zona 2 – Eixo Lúdico, por se tratar de um eixo de conexão neutro.

A cor verde está associada diretamente com saúde, natureza, esperança, vida. Remete ao equilíbrio, frescor, harmonia, coisas saudáveis. Por isso foi escolhida para a Zona 3 – Eixo de Conexão com a Natureza.

.

T MA

TA


estudo preliminar

63


estudo preliminar

programa de necessidades

64

ETAPA 1 - EIXO CULTURAL 4- MANIFESTAÇÃO RELIGIOSA – 3270m² - Paróquia Santo Antônio Equipamento modular de auxilio a quermesse local Espaço de convívio Painéis informativos com horários de missa Arborização Iluminação Sanitarios Banco modular Lixeiras Desenho de piso + vegetação Bebedouro

1- ATELIER URBANO – 5098 M² Atelier Urbano + Centro de eventos sazonais (pré existência + extensão ao ar livre) Feira Gastronômica Sanitários Bancos Iluminação Lixeira Bebedouro Bicicletário Arborização Espaço contemplativo Desenho de piso + vegetação Espaço de apoio/administrativo

2- CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO

260 M² + PRAÇA DE OPOIO 212M² Centro de documentação (pré existência)

5- ARTE URBANA – 658m² Painéis que possibilitem manifestação artísticas Bancos Iluminação

Sanitários

Espaço de convívio

Administração

Bicicletário

Praça seca

Bebedouro

Sanitários

Lixeira

Iluminação Banco modular Projeção Bicicletário Bebedouro

Desenho de piso + vegetação pequeno porte Módulo de comércio informal (fortalecer o comércio local)


RUA DR. MATTA 2,5KM DE VIA Redesenho de piso (calçada) Redesenho de piso (via de pedestres) Ciclovia

1- RUA DE PEDESTRES – 682m² Iluminação

Arborização

Bancos

Piso tátil

Lixeiras

Redesenho de iluminação pública

Bicicletário Desenho de piso Arborização 2- MANIFESTAÇÃO RELIGIOSA – 2700m² IGREJA MATRIZ

ARTE URBANA: painéis de grafiteiros

ETAPA 3 - EIXO CONEXÃO COM A NATUREZA

ETAPA 2 - EIXO LÚDICO

estudo preliminar RUA DE PEDESTRES – 270M COMPLEXO ESPORTIVO – 6.55hm² Ginásio de esportes (pré-existência) Pista de skate Trilha Espaço de contemplação Sanitários Administração Bancos Lixeira Bicicletário Bebedouro Arborização Espaço de alimentação Agrofloresta PARQUE LINEAR – 4.70HM² Iluminação

Painéis informativos com horários de missa

Bancos

Equipamento modular de auxilio a quermesse local

Lixeiras

Iluminação Sanitarios Banco modular Lixeiras Bebedouro Bicicletário 3- ESPAÇO LÚDICO – 6000m² Bancos Lixeiras Mobiliário Lúdico Espaço de convívio com atividades lúdicas

Bicicletário Arborização

65


66

estudo preliminar

zoneamento de usos geral ZONA 3 - CONEXÃO COM A NATUREZA

ZONA 2 - MANIFESTAÇÃO RELIGIOSA

ZONA 1 - EIXO CULTURAL

RUA PARA PESSOAS

2 1

6 10 11

7 8 9

5

3 4


estudo preliminar ZONA 3 - CONEXÃO COM A NATUREZA

10 - AGROFLORESTA (Proposta de agrofloresta como pratica de recuperação de solo propenso a erosão) 11 - PRÁTICA DE ESPORTES (aproveitando da infraestrutura existente)

ZONA 2 - MANIFESTAÇÃO RELIGIOSA

67

ZONA 1 - EIXO CULTURAL

7 - SINALIZAÇÃO RELIGIOSA (Painéis informativos com horários de missa, procissões, etc, nos limites da igreja Matriz)

1 - ATELIER URBANO (DIA: Espaço de aprendizado de mobiliário urbano feito a partir de materiais residuais, criando uma relação entre usuário x cidade. NOITE: Eventos esporádicos de cunho cultural

8 - ALIMENTAÇÃO (Módulos de comércio de alimentos para as quermesses sazonais)

2 - ALIMENTAÇÃO (Espaço de convívio com mobiliário especifico e cinema ao ar livre exibindo acervo do centro de documentação, e outro tipo de conteúdo cultural)

9 - ATIVIDADES LÚDICAS (Intervenção na praça matriz existente com proposta de mobiliário lúdico, como playground que estimule a criatividade)

3 - CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO (Armazenamento de documentos históricos do município que tratem da sua história e a questão do PATRIMÔNIO HISTÓRICO, enaltecendo seu valor) 4 - PRAÇA SECA (Espaço de convívio com mobiliário especifico e cinema ao ar livre exibindo acervo do centro de documentação, e outro tipo de conteúdo cultural) 5 - ARTE URBANA (Espaço de contemplação com mobiliário de apoio e painéis de arte urbana) 6- MANIFESTAÇÃO RELIGIOSA (Redesenho do espaço de convívio da Igreja Santo Antônio, com desenho de mobiliário adequado para a realização de quermesses sazonais)


5

plano de massas

1 4

4 6

2 3 5

6

3

1 2

Agrofloresta

Centro Esportivo


estudo preliminar 1 - O novo programa definido para os vazios urbanos e infraestruturas inutilizada é todo destinado ao cultural na Zona 1. O edifício que antigamente funcionava como Estação de Ferro Mogiana agora é destinado a um Atelier Urbano, com aulas práticas de como trabalhar com matérias residuais e transformalos em mobiliário urbano. Esse uso foi pensado de forma que reforce a relação entre usuário x cidade. Além do Atelier Urbano, a edificação também contará com eventos sazonais noturnos, como shows e exposições culturais, que podem ocorrer tanto no interior da edificação quanto no espaço externo. No pátio externo ao edifício, acontece uma Feira Gastronômica com alimentos que enalteçam a cultura da cidade, com módulos de comércio que servem de apoio (Estudo de mobiliário na próxima página), e também um espaço de convívio, com mobiliário e arborização adequada. 2 - Na Antiga Tulha, seu uso é destinado a um Centro De Documentação. Durante a realização do levantamento de dados, notouse uma carência de tal, pois o atual é de domínio particular e localizado na zona rural do município. O novo Centro de Documentação também tem a intenção de reforçar a questão

do Patrimônio Histórico de Cajuru, negligenciado pelo poder público. Ao lado da Tulha, atualmente funciona um estacionamento de automoveis, que foi desapropriado para dar lugar a uma praça de apoio ao Centro de Documentação, com mobiliário e iluminação adequados, e exibições de sessões de cinema ao ar livre, trazendo vida noturna ao local. 3 - No vazio urbano em frente a Igreja, agora ocorre uma praça de artes urbanas, com painéis que permitem que os usuários do espaço se expressem através do grafite. As travessias fazem a conexão desse espaço com o espaço da Igreja, e também pelas suas cores chamativas, proporciona maior segurança ao pedestre que transita entre um espaço e outro. Esse uso não se limita apenas a esse espaço, mas está presente em todo o eixo com vários painéis, trazendo uma melhoria para a paisagem urbana, que antes era composta de anúncios publicitários. 4 - O pátio da Igreja Santo Antônio teve o piso repaginado, de acordo com o conceito do projeto. Seu uso conta com módulos de comércio que sirvam de apoio a quermesse local que ocorre em datas festivas religiosas. O mobiliário consta com módulos multifuncionais que sevem tanto como mesa e banco quanto de arquibancada (detalhado na próxima

69

página) com desenho que segue a mesma linguagem do restante do projeto. 5 - As travessias no cruzamento entre a Rua Dr. Matta e Avenida Pref. Rubens Ferreira de Carvalho foram repaginadas seguindo o conceito do projeto. Por se tratar de um ponto entre um eixo e outro, o degrade de vermelho, azul e laranja/ amarelo tomam conta do espaço. É neste ponto também que tem inicio a ciclofaixa que se estende até o final da Dr. Matta. Essa ciclofaixa é destinada ao lazer devido a topografia desfavorável do local, enquanto a ciclofaixa proposta na Av. Pref. Rubens Ferreira de Carvalho é destinada a atividades físicas, que se justifica de acordo com a topografia e ao grande número de ciclistas no local, segundo dados do levantamento morfológico. Este ponto também marca o início da Zona 2 – Eixo Lúdico. 6 - O Eixo Lúdico ganha forças na praça central. Diferente do restante do trajeto, o pisa da praça central não teve repaginação. A praça central trata-se do local mais consolidado da cidade, qualquer intervenção no seu desenho se transformaria em algo agressivo e mal visto pelos moradores. A intervenção lúdica ocorre nos desníveis, com tobogãs que permitem uma nova forma de acesso entre


70

estudo preliminar

um nível e outro, permitindo também ao usuário redescobrir o local. O interior dos tobogãs será revestido de luzes coloridas, reforçando o conceito projetual. O mobiliário consta com painéis informativos relacionados a manifestações religiosas, módulos de comércio que auxilie na quermesse local, e um modulo multifuncional, em que as pessoas possam deitar, sentar, utilizar de arquibancada ou acesso. Na quadra ao lado, as vias foram fechadas para que reforcem a segurança do pedestre, por ser um local com muita concentração de tal, e com uma grande quantidade de equipamentos urbanos de usos diversos. A via consta com a repaginação considerando o conceito do projeto.

detalhamento Cortes esquemáticos de via:

Substituição dos postes existentes por novos postes mais modernos, desenhados especialmente para o projeto, com captação de energia solar.

O trajeto sensorial tem fim no Eixo 3 – Conexão com a natureza, com equipamentos destinados a prática esportes, fazendo uso da infraestrutura pré-existente, e um parque linear, com reflorestamento de vegetação nativa ao redor das nascentes. Parte da gleba, possui solo propenso a erosão, por isso, essa parcela foi destinada a aglofloresta como técnica de recuperação do solo. Consta com uma via destinada a pedestres e marca o fim da ciclovia. O fluxo desta via foi desviado, de forma que não ocasionasse em impactos negativos na circulação de veículos.

Jardins de chuva: Ajudam no escoamento de água


estudo preliminar

71

Perspectiva Praça Seca:

Cortes esquemáticos da praça central:

Módulos em madeira revestido de cobertura metálica, com desenho seguindo a linguagem da paginação das vias e calçadas, reforçando o conceito.

Tobogã lúdico que emite luzes no seu interior

Mobiliário Multifuncional

Jacarandá Mimoso: Jacarandá mimosaefolia: Sua altura é de 8 a 15 metros. Suas raízes são profundas, não danificam calçadas e nem redes subterrâneas. Ipê: Tabebuia sp: Grande porte, com raízes profundas que não danificam as calçadas. Os ipês atingem de 10 a 35 metros, dependendo da espécie. Magnolia: Magnólia spp: Indicadas para arborização urbana devido à seu porte pequeno. Alcançam de 5 a 10 metros de altura.



[5

ANT

EPR

OJE

TO]


anteprojeto

implantação geral

74

manifestação religiosa igreja santo antônio revitalização do espaço de convívio + espaço de apoio a quermesse local

atelier urbano centro cultural atividades culturais + feira gastrônomica

rua dr. matta

esquina cultural pausas no trajeto que estimulam o caminhar painéis de arte urbana + mobiliário de apoio

esquina cultural pausas no trajeto que estimulam o caminhar projeção ao ar livre + espaço dos colaboradores com aluguel de bike

rua aberta caminhar + conectar repaginação de via enaltecendo o espaço do pedestre na cidade valorização das calçadas + paisagismo

esc:

10 0

50

150


anteprojeto Devido à complexidade do projeto, foram estabelecidas etapas de implementação a serem seguidas, sendo a ETAPA 1 – EIXO CULTURAL, seguido da ETAPA 2 – EIXO LÚDICO, e ETAPA 3 – EIXO DE CONEXÃO COM A NATUREZA. Essa sequência foi definida a partir da urgência do local. No EIXO CULTURAL, encontra-se a maior quantidade de equipamentos de valor histórico em desuso e em processo de degradação, como o edifício em que antigamente funcionava a Estação de Ferro Mogiana, que exigem um maior cuidado do poder público para com os elementos de origem histórica do município. A viabilidade do projeto acontecerá a partir de políticas públicas do próprio município, em conjunto com os proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, previstas no Plano Diretor Municipal, sende este: “(Lei Complementar nº 25, de 28 de Dezembro de 2006), Seção VII: OPERAÇÕES URBANAS CONSORCIADAS, Artigo 39º, 4º: “A operação urbana consorciada envolve medidas tais como: (...) (...) III – O tratamento urbanístico de áreas públicas; IV – A abertura de vias ou melhorias no sistema viário; VI – A implantação de equipamentos urbanos comunitários; VII – A proteção e recuperação de patrimônio cultural; ”

A proposta principal é transformar espaços pré-existêntes mal utilizados, e/ ou em desuso em espaços convidativos para o pedestre, que estimule as pessoas a utilizarem os locais públicos. O partido projetual foi tranformar um dos leitos carroçaveis de menor fluxo de veículos na rua Dr. Matta, principal via da cidade de Cajuru, em uma rua aberta para pedestres, promovendo a valorização do espaço, que passa de um local de locomoção para um espaço democrático, que funciona tanto como um local de estar, quanto de local de conexão entre os equipamentos dispostos pelo trajeto. Na rua aberta, estão dispostos equipamentos urbanos em pré-existência com diversos usos, sendo estes um centro cultural, que acontece em uma edificação que funcionava como Antiga Estação de

75

Ferro Mogiana. Ao redor desta, foi disposta uma estrutura de apoio a feira gastrônomica. A igreja Santo Antônio, apesar de não possuir valor arquitetônico significativo, possui um grande valor afetivo por parte da população. A proposta para este local foi de criar um espaço democrático de encontro, que abrigue não apenas manifestações religiosas, mas todos aqueles que sentem desejo de ocupar o espaço, sem limitações de usos. De acordo com Jan Gehl, algumas das estratégias para estiimular o caminhar é quabrar a monotonia e criar suporte pelo trajeto. As duas esquinas culturais funcionam como pausas no caminho com diferentes programas de cunho cultural, estimulando e o caminhar e a permanencia do usuário no local.


76

anteprojeto

2

2

2

2

1 4

5

3

4

2

5

5

4

5

2

4

5

1

5

3

4

3

1 5

4

5

4

5

4

2

5

4

5

rua aberta

Após análises no local, foi constado que um dos sentidos da Via Dr. Matta possuia baixo fluxo de veículos, sendo possível fecha-la para carros, criando uma via de pedestres e de conexão entre os espaços (detalhados nas paginas seguintes). O espaço tem como principal diretriz a melhoria nas condições de permanência em espaços públicos, promovendo a vida urbana e segurança na cidade. A via de pedestres foi repaginada, criando um mosaico que tem como conceito a utilização de cores. O espaço é democrático, de uso livre, possibilitando uma vasta diversidade de atividades.

2 1: TRAVESSIA ELEVADA: Foram dispostas travessias elevadas no percurso visando a melhoria nas condições de acessibilidade e segurança dos pedestres nas vias públicas; ampliar a visibilidades da travessia dos pedestres, e redução da velocidade dos automóveis que transitam do lado oposto da rua aberta, garantindo a segurança do pedestre na travessia.

2

2: RAMPA DE ACESSO

0.12 0,50 1,20

0,50 detalhe rampa de acesso

0,60

0,40

No trajeto há de pontos de encontro e locais para descanso e lazer, promovendo o convívio entre os usuários locais, residentes, trabalhadores, comerciantes, etc. Aos domingos, devido ao fluxo reduzido de veículos no local, os dois sentidos da via é fechado para carros, promovendo eventos mantidos por investidores privados, visando a viabilidade e manutenção do espaço.

4

2

1,50

4,00

ARBORIZAÇÃO: O canteiro central possuia Palmeiras que foram substituidas por arvores de copas amplas, criando um local agradável e bem sombreado, estimulando as pessoas a utilizarem do espaço. Nas calçadas, a arborização foi disposta de 2,5 de distância, optando por espécies nátivas de pequeno porte, criando um corredor verde.

5


anteprojeto 8

6

8

7

7

6

água pluvial fiação subterrânea

3: AROEIRA-MANSA: nativa da américa do sul, de porte médio, podendo alcançar de 5 a 9 metros de altura; 4– PITANGUEIRA: árvore frutífera nativa brasileira, de copa arredondada, de pequeno porte, atingindo de 2 a 5 m de altura 5: MULUNGU: árvore nativa da mata atlântica, com floração na forma de candelabro na cor vermelho intenso, considerada de pequeno porte, atingindo de 4 a 6 m de altura

CALÇADAS: O desenho de mosaico para as calçadas também tem a cor como elemento principal. A sequência de Fibonacci foi a inspiração para a construção do mosaico, de forma que utilizasse da cor sem que ficasse desagradável ao olhar do pedestre. A forma triangular for escolhida por se tratar de uma figura geométrica limpa, que dialoga bem com o desenho proposto. 6– PAVIMENTAÇÃO EM PISO DRENANTE RESINADO (PISO FULGET) O piso Fulget Resinado é feito no local, a instalação é rápida, e o tempo de cura é de 1 dia. Possui sistema antiderrapante, de fácil manutenção, instalação e baixo custo.

7 – PISO TÁTIL DIRECIONAL E DE ALERTA DE BORRACHA

8: POSTE DE ILUMINAÇÃO EM AÇO GALVANIZADO COM CAPTAÇÃO DE ENERGIA SOLAR (desenho inspirado no modelo de poste público desenvolvido pela Santa & Cole espanha)

77


corte aa

78

anteprojeto

3

7

8

7

1 3

2

8 5 6

2 5 5 4 corte bb

corte bb

corte aa

5

0

1

5

10


esquina cultural

anteprojeto 1- BANCO EM MADEIRA PLÁSTICA: Iluminação de led embutida embaixo dos mobiliários incentivando o uso noturno

4- PROJEÇÃO

O programa visa enaltecer o edifício pré-existente de valor histórico. Nas esquinas, funcionavam dois estacionamento de veículos que foram desapropriados e reurbarnizados, criando um espaço de uso livre, com mobiliário flexível que garantem múltiplas possibilidades de sentar ao ar livre, proporcionando ao usuário o protagonismo no uso do espaço, podendo movimentar as cadeiras para a sombra, sentar em grupos etc (referência: centro aberto), com tendas removíveis proporcionando sombra nas áreas de permanência (5), e projeções ao ar livre (4) reanimando a fachada sem aberturas da pré-existência, garantindo segurança ao local e convidando o uso noturno. Para a manutenção do espaço, foi colocado um módulo de apoio (6) para o armazenamento de cadeiras e tendas removíveis de uso público. Na parte superior, foi projetado um banco em madeira plástica em dois níveis, com iluminação embutida pensando no uso noturno, em que estão inseridos lixeiras (2) e biciclétario (3). Pensando na viabilidade do projeto, este espaço também funciona como um aluguel de bike, buscando atrair investidores privados para operando na manutenção do local.

Caixa de aço anodizado a prova d’água com projetor fixo. 5- TENDAS REMOVÍVEIS EM LONA DE CAMINHÃO 2– LIXEIRAS EM CHAPA AÇO GALVANIZADO DOBRADO REVESTIDO DE MADEIRA PLÁSTICA DE 100 X 0.45 CM.

3- BICICLETÁRIO METÁLICO DE 0.10 X 0.15CM

6- MÓDULO DE APOIO ESQUINA CULTURAL: Módulo de apoio para armazenamento de cadeiras e das tendas removíveis feito de placas metálicas e madeira plástica com dimensões de 2,5x5m.

ARBORIZAÇÃO 7- IPÊ-BRANCO: árvore nativa brasileira, dotada de copa alongada, com floração na cor branca, atingindo de 7 a 16m. 8- JARDIM VERTICAL (detalhamento na página 83)

79


80

anteprojeto

corte aa

4 5 1

corte bb

5


[perspectiva 1]


anteprojeto

2

2 5

6

1

1

1

4 5

corte aa

82

3

1

1

1

1

corte bb

6 2

1

1

4

cort

1

0

corte aa

3

1

5


anteprojeto

esquina cultural 2

83

1- BANCOS EM CONCRETO COM ASSENTO EM MADEIRA PLÁSTICA Iluminação de led embutida embaixo dos mobiliários incentivando o uso noturno

FELTRO IMPUTRESCÍVEL DE ALTA DENSIDADE

FELTRO IMPUTRESCÍVEL DE ALTA DENSIDADE

Fonte: MOVIMENTO 90º

CHAPA ECOLÓGICA

10

3- JARDIM VERTICAL

A estrutura dos jardins verticais são placas constituídas por uma camada de uma chapa ecológica impermeável e duas camadas de feltro onde se abrem bolsos que irão acolher as plantas. São fixados de 5 a 10 cm da parede através dos espaçadores e complementadas por um sistema de irrigação automatizado que garante a constante nutrição das plantas.

ESPAÇADORES

te bb

O espaço funcionava como um lava rápido, que foi subtituído pela esquina cultural. Nela foram dispostos painéis de arte urbana (2), sende este uma manifestação democrática da representação artística e cultural da cidade, de cunho identitário, estético e político. Os muros foram substituídos por jardins verticais (3). Além de estético, o jardim é capaz de contribuir na filtragem da poluição do ar e no conforto térmico do entorno em que foi implantado. As plantas auxiliam, também, no controle da umidade, além de representarem uma significativa barreira acústica. Foram dispostos bancos de concreto com iluminação embutida (1), incentivando o uso noturno, lixeiras (6) e bicicletários (5).

2- PAINEL DE ARTE URBANA

4– PAVIMENTAÇÃO EM PISO DRENANTE RESINADO (PISO FULGET) 5- BICICLETÁRIO METÁLICO DE 0.10 X 0.15CM 6– LIXEIRAS EM CHAPA AÇO GALVANIZADO DOBRADO REVESTIDO DE MADEIRA PLÁSTICA DE 100 X 0.45 CM.


84

anteprojeto corte aa

BB

AA

corte bb

AA BB


anteprojeto [perspectiva 2]

85


86

anteprojeto A

1

1

4 1

1

1

0,00

B 3

15 0 ,0

0,00

3,

50

+2,00

1

LEGENDA:

0 16,0

2

0

12,0

1

RAMPAS DE ACESSO

1 esc: 0

5

15


anteprojeto

manifestação religiosa A Igreja Santo Antônio é um espaço de grande valor afetivo por parte da população que utiliza do espaço. Diferente do espaço da Praça Central, a Igreja Santo Antônio não possuia um espaço convidativo de encontro. A proposta foi reurbarnizar o lugar visando criar um ponto de encontro democrático, fortalacendo as atividades da igreja mas que que não se limite apenas ao público católico, proporcionando uma flexibilidade de usos. Para a requalificação do espaço, foram dispostos espelhos d’água (3) ao redor da Igreja, enaltecendo sua importância e a colocando como um elemento de força na paisagem urbana, como acontece na praça central com a Igreja Matriz. Os usos pré-existêntes foram mantidos (e fortalecidos) assim como as edificações. Os módulos da quermesse (1) são removíveis e podendo ser implantados em todo o espaço. O muro que segregava todo o local foi removido para criar uma conexão entre o espaço da Igreja e a via de pedestres. Na esquina que tem conexão com a calçada havia um desnível de 2,00m, que foi vencido com rampas de acesso e uma arquibancada em madeira plástica (2), que serve tanto de acesso como mobiliário de apoio, criando uma conexão direta entre o espaço e a calçada. Nos blocos (A) e (B), continuam acontecendo o forró e o bingo respectivamente, vinculados a quermesse, e quando não, o uso no espaço é livre.

87

12,00

16,00 3,50

15,00

2- RAMPA DE ACESSO COM ARQUIBANCADA EM MADEIRA PLÁSTICA 1- MÓDULO DA QUERMESSE

3- ESPELHO D’ÁGUA

ARBORIZAÇÃO IPÊ-ROXO: árvore nativa brasileira, dotada de copa alongada, com floração na cor roxa, atingindo de 7 a 16m. OITI: Árvore nativa brasileira, pode chegar a 15m de altura e proporciona ótima sombra

4- JARDIM VERTICAL 5– PAVIMENTAÇÃO EM PISO DRENANTE RESINADO (PISO FULGET)


88

anteprojeto

corte aa

corte bb

BB AA

BB AA


[perspectiva 3]

anteprojeto

89


90

anteprojeto

1- DECK MULTIFUNCIONAL EM MADEIRA PLÁSTICA COM BANCO DE REDE E ARQUIBANCADA

4– PAVIMENTAÇÃO

atelier urbano

5– MÓDULO DE BA

No local estava inserido um edifício de valor histórico que foi considerado como elemento principal para a reurbanização do espaço, que tratava-se de um vazio urbano próximo a área central da cidade. O espaço é voltado para atividades de cunho cultural fazendo uso da preexistência para tais atividades, e levando o programa para a parte externa do edifício através de tendas fixas dispostas no gramado (10).

3- ESPELHO D’ÁGU

6– MÓDULO FEIRA

Módulo da feira gas metálicas e madeira plá

2- PLAYGROUND Playground lúdico em concreto

Um deck multifuncional em madeira plástica (1) foi projetado criando espaços de convívio de permanência.

8– LIXEIRAS EM C

PLÁSTICA DE 100 X 0.

Os canteiros elevados (11) fornecem sombra e criam novos ambientes dentro do espaço, servindo como elementos adicionais de descanso.

9- BICICLETÁRIO

Pensando na viabilidade do projeto, os módulos de comércio informal (6) serão de uso privado, uma vez que poderão ser alugados por comerciantes locais. 10- TENDAS EM LONA DE CAMINHÃO

11– CANTEIRO EL

Canteiros elevados

12- BANCOS EM C

Iluminação de led e


UA

anteprojeto

O EM PISO DRENANTE RESINADO (PISO FULGET)

91

ANHEIROS P.N.E 7– MESAS FEIRA GASTRONÔMICA

stronômica feito em placas ástica, com 2,5 x 5 m

3

8

ADM

A GASTRONÔMICA

11

9

7 10

5

12 10

2

12 12 12

12

11

9 3

1

8

s a 0,50cm que servem como elementos adicionais de descanso.

embutida embaixo dos mobiliários incentivando o uso noturno

8

8

LEVADO

CONCRETO COM ASSENTO EM MADEIRA PLÁSTICA

12

12

.45 CM.

8

8 6

CHAPA AÇO GALVANIZADO DOBRADO REVESTIDO DE MADEIRA

O METÁLICO DE 0.10 X 0.15CM

5

4

LEGENDA:

RAMPAS DE ACESSO CARGA E DESCARGA



[perspectiva 4]

anteprojeto

93


94

anteprojeto

corte aa

AA

BB AA

BB


anteprojeto

corte bb

95


96

anteprojeto

[perspectiva 5: via vista de cima]

[perspectiva 6: via vista de cima]

[perspectiva 7: via vista de cima]


anteprojeto

[perspectiva 8: via vista de cima]

97

[perspectiva 9: via vista de cima]

[perspectiva 10: via vista de cima]


98

anteprojeto

[perspectiva 11: atelier urbano]

[perspectiva 12: atelier urbano]

[perspectiva 13: atelier urbano]


anteprojeto

99

[perspectiva 14: atelier urbano]


100

anteprojeto

[perspectiva 15: esquina cultural]

[perspectiva 16: esquina cultural]

[perspectiva 17: esquina cultural]


anteprojeto

101

[perspectiva 18: esquina cultural 2]

[perspectiva 19: esquina cultural 2]


102


103

s] i a n fi ões ç a r e d [consi

O trabalho proposto busca um caminho para reintroduzir o pedestre nos espaços públicos urbanos. As estratégias apresentadas mostram que é possível diminuir a imponência do automóvel fornecendo melhores condições de passeio para o pedestre, resultando em uma cidade sustentável, com locais de convívio agradáveis, acessíveis e ao nível dos olhos.


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[BIBLIOGRAFIA]

LIVROS:

GEHL, Jan. Cidades para pessoas. São Paulo. Editora Perspectiva, 2013 JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. Martins Fontes, São Paulo; 1ª edição, 2000. ROGERS, Richard. Cidades Para Um Pequeno Planeta. Editora GG Brasil, 2° edição, 2016. MORETINI, Erika. Cajuru, um olhar sobre a história do Município. Editora Fundação Fabbri Filepucci, 1ª edição, 2007. Dissertações: JORGE MUSSI VAZ, Murad; MANOEL PERREIRA, Élson. Imagens urbanas: diretrizes de planejamento e desenho urbano baseadas na leitura popular de espaços públicos, 2010. Espaços Públicos e Conexões Urbanas. CORRÊA, Thais, 2017. Parque Urbano, MACIEL, Cauana, 2016. A Liberdade de Andar a Pé. PREIRA, Caio, 2014. Ativação Urbana em Espaços Residuais, FURTADO, Gabriela, 2017. WEB: 12 princípios de desenho urbano sustentável para cidades mais habitáveis. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/786294/12principios-de-desenho-urbano-sustentavel-parater-cidades-mais-habitaveis A síndrome de Brasília: Jan Gehl tem razão? / Sérgio Ulisses Jatobá. Disponível em: https:// www.archdaily.com.br/br/876422/a-sindrome-debrasilia-jan-gehl-tem-razao-sergio-ulisses-jatoba

A hora das cidades compactas. Disponível em: http://sustentabilidade.estadao.com. br/noticias/geral,a-hora-das-cidadescompactas,728060 “Under the Elevated”: convertendo estacionamentos em espaços públicos. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/ br/01-142461/under-the-elevated-convertendoestacionamentos-em-espacos-publicos O plano de Hamburgo para eliminar o uso do automóvel nos próximos 20 anos. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01160309/o-plano-de-hamburgo-para-eliminar-ouso-do-automovel-nos-proximos-20-anos O espaço público, esse protagonista da cidade. Disponível em: https://www.archdaily. com.br/br/01-162164/o-espaco-publico-esseprotagonista-da-cidade Leituras projetuais: Primeiro Lugar no Concurso Nacional de Ideias para a Renovação Urbana da Área Central de San Isidro / Argentina. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/600023/ primeiro-lugar-no-concurso-nacional-de-ideiaspara-a-renovacao-urbana-da-area-central-desan-isidro-argentina Primeiro Lugar no Concurso para a Praça e Eixo Turístico Cultural do Centro Histórico de Huamanga / Peru. Disponível em: https://www. archdaily.com.br/br/01-134569/primeiro-lugarno-concurso-para-a-praca-e-eixo-turisticocultural-do-centro-historico-de-huamanga-slashperu Superkilen / BIG. Disponível em: http:// www.big.dk/#projects-suk

[ÍNDICE DE MAPAS] Mapa 1 - Delimitação do objeto de intervenção. Fonte: Google Earth, editado pela autora. Mapa 2- Localização do macro para o micro do Município de Cajuru. Fonte: IBGE e Prefeitura Municipal de Cajuru, editado pela autora. Mapa 3- Evolução da mancha urbana. Fonte: Google Earth, editado pela autora. Mapa 4: Caracterização do objeto de intervenção. Fonte: Prefeitura Municipal de Cajuru, editado pela autora. Mapa 5: Mapa de uso. Fonte: Autora através de analise no local. Mapa 6: Mapa de macrozoneamento urbano. Fonte: Prefeitura Municipal de Cajuru, editado pela autora Mapa 7: Mapa Urbano Ambiental. Fonte: Prefeitura Municipal de Cajuru, editado pela autora. Mapa 8: Mapa de Gabarito. Fonte: Autora através de analise no local. Mapa 9: Mapa de Equipamentos Uranos. Fonte: Autora através de analise no local. Mapa 10: Mapa de Hierarquia Física. Fonte: Autora, através de analise no local. Mapa 11: Perfil viário. Fonte: Autora, através de analise no local. Mapa 12: Mapa de Hierarquia Funcional. Fonte: Autora, através de analise no local. Mapa 13: Mapa de Polos Geradores de Tráfego. Fonte: Autora, através de analise no local. Mapa 14: Mapa Concentração de Pedestre


107 e Ciclistas. Fonte: Autora, através de analise no local. Mapa 15: Mapa conexão com bairros. Fonte: Autora, com base nos dados do IBGE. Mapa 16: Mapa sintetização de diretrizes. Fonte: Autora, com base nos dados do levantamento morfológico realizado pela mesma.

[ÍNDICE DE IMAGENS]

Figura 1: Linha do tempo. Fonte: Autora com imagens disponibilizadas por Maria do Carmo Arena, 2018 Figura 2: Antiga estação Mogiana, atual Boulevard. Fonte: Autora com imagens disponibilizadas por Maria do Carmo Arena, 2018 Figura 3: Rodoviária Municipal. Fonte: Autora com imagens disponibilizadas por Maria do Carmo Arena, 2018 Figura 4: Antiga Tulha – 2018. Fonte: Autora Figura 5: Equipamento público – 2018. Fonte: Autora Figura 6: Igreja Santo Antônio – 2018. Fonte: Autora Figura 7: Igreja Matriz. Fonte: Autora com imagens disponibilizadas por Maria do Carmo Arena. Figura 8: Prefeitura Municipal de Cajuru – 2017. Fonte: João Elias Figura 9: Escola Mousart. Fonte: Autora com imagens disponibilizadas por Maria do Carmo Arena Figura 10: Ginásio de Esportes visto pela Rua Antônio Barruffini – 2018. Fonte: Autora Figura 11: Perfil viário. Fonte: Autora.

Figura 12: Perfil viário. Fonte: Autora. Figura 13: Perfil viário. Fonte: Autora. Figura 14: Reabilitação urbana do Centro Histórico de Huamanga. Fonte: Vortice arquitectos, 2013. Disponível em: ArchDailyBrasil Figura 15: Reabilitação urbana do Centro Histórico de Huamanga. Fonte: Vortice arquitectos, 2013. Disponível em: ArchDailyBrasil

[ÍNDICE DE GRÁFICOS] Gráfico 1: Polarização Geral. Fonte: Autora, com base nos dados do IBGE. Gráfico 2: Polarização Saúde, Trabalho e Lazer. Fonte: Autora, com base nos dados do IBGE. Gráfico 3: Pop. Urbana e Rural. Fonte: Autora com base nos dados do IBGE.

Figura 16: Tratamento de piso. Fonte: Vortice arquitectos, 2013. Disponível em: ArchDailyBrasil

Gráfico 4: Taxa de Alfabetismo. Fonte: Autora, com base nos dados do IBGE.

Figura 17: Tratamento de piso. Fonte: Vortice arquitectos, 2013. Disponível em: ArchDailyBrasil

Gráfico 5: Taxa de Alfabetização de Pessoas de 18 a 24 anos. Fonte: Autora, com base nos dados do IBGE.

Figura 18: Mobiliário Fonte: Vortice arquitectos, 2013. Disponível em: ArchDailyBrasil Figura 19: Rua Para Pedestres Fonte: Estudio Lacalle Martínez Vallerga, 2014. Disponível em: ArchDailyBrasil Figura 20: Recuperação da Identidade de San Isidro. Fonte: Estudio Lacalle Martínez Vallerga, 2014. Disponível em: ArchDailyBrasil Figura 21: Vegetação. Fonte: Estudio Lacalle Martínez Vallerga, 2014. Disponível em: ArchDailyBrasil Figura 22: Acessibilidade. Fonte: Estudio Lacalle Martínez Vallerga, 2014. Disponível em: ArchDailyBrasil Figura 23 Planta geral. Fonte: Estudio Lacalle Martínez Vallerga, 2014. Disponível em: ArchDailyBrasil Figura 24: Planta geral. Fonte: BIG, 2012. Disponível em: http://www.big.dk

Gráfico 6: Evolução da População. Fonte: Autora, com base nos dados do IBGE. Gráfico 7: Faixa Etária. Fonte: Autora, com base nos dados do IBGE. Gráfico 8: População por emprego e renda. Fonte: Autora, com base nos dados do IBGE. Gráfico 9: Emprego por Setor Econômico. Fonte: Autora, com base nos dados do IBGE. Gráfico 10: Setores Econômicos na Renda. Fonte: Autora, com base nos dados do IBGE. Gráfico 11: Índice paulista de responsabilidade social. Fonte: Autora, com base nos dados do IBGE. Gráfico 12: IDH. Fonte: Autora, com base nos dados do IBGE. Gráfico 13: Densidade. Fonte: Autora, com base nos dados do IBGE. Gráfico 14: Pessoas Residentes. Fonte: Autora, com base nos dados do IBGE.


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