ARQUITETURA E URBANISMO - UNIMEP
REVITALIZAÇÃO NA ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA CENTRAL DE BAURU EM UM MERCADO MUNICIPAL
AMANDA LUSTOZA MARTINS
Prof. Ms. ESTEVAM VANALE OTERO
Trabalho Final de Graduação I 1° semestre 2016 REVITALIZAÇÃO NA ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA CENTRAL DE BAURU EM UM MERCADO MUNICIPAL
Aluna: Amanda Lustoza Martins Orientador: Prof. Ms. estevam vanele otero
Universidade Metodista de Piracicaba Curso de Arquiteura e Urbanismo
O Trabalho Final de Graduação I defende a importância de uma revitalização na Estação Ferroviária Central de Bauru - SP, utilizando informações do histórico da cidade, para mostrar a relevância das companhias ferroviárias no inicio do século XX, e como estas, contribuíram no crescimento e modernização significativas para a cidade. A revitalização refere-se à construção de um Mercado Municipal na antiga estação, hoje abandonada, trazendo um novo uso ao local.
sumário INTRODUÇÃO
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HISTÓRICO DE BAURU – A FERROVIA COMO PROTAGONISTA
09
COMPLEXO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA NOB EM 1939
17
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA NOS DIAS ATUAIS
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PRINCÍPIOS DE INTERVENÇÃO – VALORIZAÇÃO DA PAISAGEM CULTURAL
27
A CIDADE COMO MERCADO
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REFERÊNCIAS DE MERCADOS MUNICIPAIS NO BRASIL E NO MUNDO
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CONCLUSÃO
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DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO
43
REFERÊNCIAS
45
-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
45
-SITES CONSULTADOS
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-FONTES DAS IMAGENS
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INTRODUÇÃO Áreas pouco utilizadas pela população em uma cidade acabam se degradando e trazendo com ela a desvalorização da região e o desperdício de infraestrutura. Na maioria das cidades, esse fato ocorre no centro, local que na maioria das vezes deu início à cidade e carrega sua história. A revitalização desses espaços resgata a memória e traz vida ao lugar com sua reocupação pela população e recuperação da relevância histórica. A cidade de Bauru cresceu em consequência da vinda das ferrovias para a cidade, trazendo infraestrutura, equipamentos urbanos, interferindo no espaço público e por efeito, atraindo uma boa parte da população. Hoje, o principal edifício do Complexo Ferroviário é a Estação Ferroviária Central da Noroeste do Brasil, que se encontra no centro da cidade como um símbolo memorável à sua trajetória. Mas está parcialmente abandonado e esquecido pela população bauruense. A Estação é tombada pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru (CODEPAC), por isso o estudo de princípios de intervenção é essencial para o andamento de uma proposta de revitalização, valorizando a paisagem cultural e urbana do espaço. A recuperação de patrimônios importantes para a cidade pode fortalecer o entorno no qual estão inseridos, gerando empregos de maneira direta ou indireta, estimulando o comércio da região e criando um novo espaço, certamente mais agradável para a população. Observando o centro de Bauru percebe-se que é notável a falta de espaços para lazer, entretenimento, gastronomia e cultura, e um lugar que pode acolher todas estas funções é um Mercado Municipal. A cidade não possui um espaço público com estas características, mas tem o potencial necessário para esse tipo de empreendimento. Portanto uma analise minuciosa sobre mercados municipais como espaço sociocultural, é fundamental para o desenvolvimento do projeto. A finalidade do trabalho é a elaboração de uma proposta de revitalização da Estação Ferroviária, transformando o lugar em um Mercado Municipal, resgatando a identidade, tradição e costumes da região e criando um espaço de lazer, passagem e permanência, de socialização, comércio e turismo.
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HISTÓRICO DE BAURU
A FERROVIA COMO PROTAGONISTA Bauru na segunda metade do séc. XIX, quando ainda era um vilarejo composto por fazendas na beira do ribeirão Bauru, era conhecida como “boca do sertão” e considerada a ultima fronteira do estado, ligando as terras desconhecidas a oeste. O povoado se firmará como cidade após duas doações de terras realizadas por importantes fazendeiros e até 1904 a cidade tem poucas funções urbanas, com modesta importância econômica, contendo aproximadamente 600 casas que eram monopolizadas pelas fazendas estabelecidas na região. (GHIRARDELLO, 1992) Com o café como principal produto de exportação e o isolamento do estado do Mato Grosso, houve o interesse da Republica, apoiada pela pretensão dos setores militares e diplomáticos, unidos aos interesses econômicos, com o intuito de dispor ao capital boa parte do território paulista e mato-grossense totalmente inexplorado. A solução mais racional para a ligação dessas “terras devolutas não exploradas” era através do prolongamento de ferrovias que estivessem mais bem integradas com a produção cafeeira do centro oeste paulista. (GHIRARDELLO, 2012)
FIGURA 1
e
2 - Planos de viação geral que visavam criar uma Rede Ferroviária Nacional
Bauru é indicada como o melhor lugar para dar início à Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (EFNOB) e com a hipótese da vinda de três companhias ferroviárias para a cidade, proporciona uma “taxa de crescimento anual da população de 13% no período de 1890-1900” (FARIA, 1998). Chegando em 1905 com uma população de aproximadamente 10.000 habitantes (GHIRARDELLO, 1992). Pelo fato da cidade estar na fronteira com o inexplorado, segundo Faria, a dificuldade para expansão dos cultivos, dada pelo custo de transportes entre zonas produtivas e ponto de embarque, seriam resolvidos com a expansão ferroviária, promovendo a expansão da fronteira agrícola com a conquista de novas áreas. Seu crescimento inicial esteve ligado à expansão cafeeira no inicio do século para o oeste e principalmente a expansão ferroviária, via EFNOB, que lhe conferiu importância com base de ocupação dos demais territórios do oeste, devido a sua posição de principal entroncamento ferroviário. (FARIA, 1998)
O inicio da expansão ferroviária ocorreu em 1905 com a companhia Sorocabana, que se instalou em Bauru com a estrada de ferro vinda de Lençóis-SP. Em 1906 é inaugurado o primeiro trecho ferroviário da companhia Noroeste do Brasil (NOB), que terá a cidade como ponto inicial, com o objetivo de chegar ao Mato Grosso, estado que estava desconectado do restante do país. Nesse mesmo período há a construção de escritórios administrativos das ferrovias e conjunto de vilas para esses funcionários. (MARTINES, 2013)
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HISTÓRICO DE BAURU - A FERROVIA COMO PROTAGONISTA
Em 1910, vinda da direção leste, a companhia paulista chega à cidade e se estabelece no prolongamento da Noroeste e da Sorocabana. (MARTINES, 2013)
MAPA EVOLUÇAO URBANA
1910 - 1920
(PMB apud OTERO, 2016)
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0,5km
1km
2km
RIBEIRÃO ESTRADA DE FERRO TRAÇADO URBANO EVOLUÇÃO URBANA NA ÉPOCA
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HISTÓRICO DE BAURU - A FERROVIA COMO PROTAGONISTA
Com as ferrovias já instaladas, Bauru deixa de ter o aspecto de vilarejo, valorizando a cidade como produtora de café e também de um importante entroncamento ferroviário. (MARTINES, 2013) Os trilhos foram fundamentais para acelerar as dinâmicas e impulsionar o desenvolvimento urbano, (...). A ferrovia ira garantir energia elétrica, água encanada, telefone, esgoto, construções publicas e privadas, praças, embelezamento da cidade e a integração com a capital, levando Bauru de povoado a sede de município. (GHIRARDELLO, 1992)
O município atinge a posição de centro regional, decorrente de seu papel de centro ferroviário e também da perda de produtividade dos cafeeiros da região. Bauru teve papel importante no processo de ocupação do oeste e sua posição de entroncamento rodoferroviário estimulou o surgimento e crescimento de atividades administrativas. A cidade em 1920 passa a ter uma população de 20.386 habitantes. (FARIA, 1998) O período de crescimento da cidade, com o comércio e a prestação de serviços gerando empregos, sua posição estratégica para ocupação territorial e o seu caráter distributivo de gêneros e pessoas, incentiva a migração de milhares de pessoas vindas de outras regiões do país. Também chegaram inúmeros estrangeiros interessados nas novas oportunidades que a cidade proporcionava. Segundo Faria, cerca de 17.000 pessoas chegam à cidade no período de 1910 a 1930, elas vinham em busca de empregos e queriam permanecer na cidade, como trabalhadores, da mais alta patente até o simples operário, havia ainda aqueles que estavam apenas de passagem. (GHIRARDELLO; et al, 2012)
Em 1920 foram erguidas, com excelente padrão construtivo, casas para os engenheiros e superintendentes da Estrada de Ferro da Noroeste do Brasil (EFNOB). No mesmo ano foi construído um conjunto de oficinas pela EFNOB, onde adquiriam bases de vagão compradas nos EUA e fabricavam vagões de madeira em cima dessas bases, além de também executarem a manutenção desses e outros vagões, gerando empregos para a população, que estava a crescer. Existia ainda uma escola técnica, administrada pela EFNOB, para formação de mão de obra qualificada para as oficinas. (GHIRARDELLO, 2012) Com o crescimento urbano a cidade passa a precisar de uma conexão maior com os municípios de seu entorno, outras formas de comunicação surgem. Apesar da ferrovia ainda ser a principal forma de transporte, serão abertas inúmeras rodovias, sem qualquer tipo de pavimentação, acompanhando os trilhos. E os principais aglomerados urbanos surgem próximos a estas estradas, que ligavam pequenas cidades do estado de São Paulo. (GHIRARDELLO, 1992) Até 1930 Bauru prossegue com crescimento acelerado e continuam sendo loteados uma diversidade de bairros dentro e fora do patrimônio inicial. Assim, se alastrarão construções em loteamentos indiscriminados no entorno da cidade, gerando incontáveis vazios urbanos à espera de valorização, com grandes dificuldades de deslocamento e desconectados do centro. A cidade se constrói no entorno do vazio moldado pela topografia local e pela implantação do grande pátio ferroviário e de várias indústrias. (MARTINES, 2013)
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HISTÓRICO DE BAURU - A FERROVIA COMO PROTAGONISTA
Essa nova dinâmica, através da década de 1930, irá firmar os “altos da cidade” como sendo zona de moradia burguesa. A valorização da área central favorece que os comerciantes enriquecidos, que antes habitavam a área central, passassem a habitar a área alta da cidade, que tem vantagens na infraestrutura urbana com a implantação da melhor parte dos equipamentos urbanos, clubes, colégios e a igrejas mais suntuosas (MARTINES, 2013). Em 1934, Bauru passa a ter 45.852 habitantes, ressaltando esse crescimento frequente que a cidade vive (FARIA, 1998).
MAPA EVOLUÇAO URBANA
1930 - 1940
(PMB apud OTERO, 2016)
0
0,5km
1km
2km
RIBEIRÃO ESTRADA DE FERRO TRAÇADO URBANO MANCHA URBANA EVOLUÇÃO URBANA NA ÉPOCA
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HISTÓRICO DE BAURU - A FERROVIA COMO PROTAGONISTA
Com a expansão e o desenvolvimento rápido da cidade, a companhia NOB organiza o projeto de uma nova estação ferroviária para Bauru, destinada a servir também à Companhia Sorocabana e à Companhia Paulista para trens de carga e trens de passageios, que começaria a ser construída em dezembro de 1935, sendo concluída em setembro de 1939. (GHIRARDELLO, 1992)
MAPA EVOLUÇAO URBANA
1970 - 1980
(PMB apud OTERO, 2016)
0
0,5km
1km
2km
RIBEIRÃO ESTRADA DE FERRO TRAÇADO URBANO MANCHA URBANA EVOLUÇÃO URBANA NA ÉPOCA
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HISTÓRICO DE BAURU - A FERROVIA COMO PROTAGONISTA
A ferrovia chega ao seu apogeu em meados da década de 1950 e em 1957 a estação passa à Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA), unindo todo o sistema férreo nacional, momento em que se inicia a lenta decadência no sistema ferroviário nacional. (GHIRARDELLO, 2012) Bauru na década de 60 não apresenta um dinamismo no avanço populacional apresentando nesse período 93.980 habitantes (IBGE), mesmo assim mantem um crescimento diferenciado dos demais municípios. A cidade continua investindo no movimento de interiorização da indústria, ligado ao desenvolvimento regional, que terá seu auge no final da década de 70, favorecendo na expansão urbana com distritos industriais e o surgimento de conjuntos habitacionais para atender a demanda dos trabalhadores industriais. (FARIA, 1998) A partir de 1980 a estação fica estagnada, no entanto Bauru continua a ter um crescimento acelerado passando a ter uma população de 186.664 habitantes (IBGE), resultado do crescimento industrial que foi considerado o maior de todo o estado de São Paulo com o potencial de 2,79% ao ano, segundo Faria. Devido o processo de privatização da Rede Ferroviária Federal na década de 90, a ferrovia da cidade de Bauru é vendida para a empresa NOVOESTE S/A em 1996. Em 2002 houve uma nova cisão da NOVOESTE, juntamente com outros trechos paulistas, formando a chamada NOVOESTE Brasil, integrando o corredor ferroviário Corumbá-MS/Santos-SP, que liga importantes regiões exportadoras do Brasil e da Bolívia ao Porto de Santos-SP. (GHIRARDELLO, 2012). Nesse período Bauru encontra-se com uma população de aproximadamente 316.064 habitantes (IBGE).
Em 2006 a América Latina Logística (ALL) assume o funcionamento da ferrovia, gerenciando apenas o transporte de cargas, suspendendo os trens de passageiros de toda a malha da NOB, viabilizando poucas estações no decorrer de toda ferrovia, deixando sem uso boa parte desses edifícios históricos, a maioria tombado como patrimônio. (GHIRARDELLO, 2012) Na última estimativa do IBGE, de 2015, a população era de 366.992 habitantes, portanto Bauru transformou-se em um dos municípios mais populosos do centro-oeste paulista. Localizase no centro de um importante entroncamento aéreo, rodoviário e ferroviário, a facilidade do transporte. Desde a década de 1910, quando teve início a formação do entroncamento rodoferroviário, serviços e comércio se tornam os principais ramos de atividade econômica em Bauru. A indústria foi uma da responsável pela urbanização do município e hoje é, juntamente com o setor terciário, a principal fonte de renda municipal. A maioria das atividades comerciais esta concentrada na região central da cidade, muito proximo das antigas estações ferroviárias, ponto de inicio da cidade. Além do comércio, e da industria, destaca-se o setor educacional universitário, com a vinda para o município de diversos campus de instituições de ensino superior, tanto públicas como privadas.
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HISTÓRICO DE BAURU - A FERROVIA COMO PROTAGONISTA
MAPA EVOLUÇAO URBANA
2000 - 2010
(PMB apud OTERO, 2016)
0
0,5km
1km
2km
RIBEIRÃO ESTRADA DE FERRO TRAÇADO URBANO MANCHA URBANA EVOLUÇÃO URBANA NA ÉPOCA
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O COMPLEXO
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA NOB EM 1939 Inaugurado em 1939, como sede da Companhia Ferroviária Noroeste do Brasil (NOB), o complexo da Estação Ferroviária foi tombado pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru (CODEPAC) em 1999, pela sua importância no desenvolvimento urbano e econômico da cidade e esta em processo de tombamento pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico do estado de São Paulo (CONDEPHAAT). A estação operava com transportes de mercadorias e passageiros e também foi usada como embarque e desembarque das três principais companhias do estado de São Paulo: NOB, Paulista e Sorocabana. Com a chegada de três companhias ferroviárias em Bauru, instaladas no período de 1900 a 1910, a cidade passa a se consolidar enquanto entroncamento ferroviário estadual, gerando
C ÓRREG O D A GRA M
desenvolvimento urbano – com infraestrutura (ainda precária), praças, avenidas e equipamentos urbanos – se transformando em polo regional de comércio e prestação de serviços, o que contribuiu para seu crescimento.
A
BAURU - 1911 (PMB, 2016; MARTINES, 2013)
mapa elaborado pela autora
0
0,5 km
1 km
SOROCABANA NOROESTE PAULISTA COMÉRCIO E SERVIÇOS PROVISÃO DE INFRAESTRUTURA
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O COMPLEXO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA NOB EM 1939
Com a expansão da cidade e os investimentos e melhoramentos urbanos garantidos pela ferrovia, houve diversas especulações sobre a construção da nova Estação Central para a NOB em Bauru, no correr do período, três diferentes projetos serão publicados pelos jornais locais, sendo todos diferentes do qual seria proposto e construído.
Projetos da Estação Publicados polos Jornais Locais
FIGURA 3 e 4 - Projetos publicados no jornal "O BAURÚ", o primeiro em 1921 e o segundo em 1922, como sendo da nova Estação Ferroviária da NOB.
FIGURA 5 - Último projeto da possível estação da Noroeste em Bauru publicado pela "CORREIO DA NOROESTE" em 14 de outubro de 1936.
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O COMPLEXO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA NOB EM 1939
A construção da Estação da NOB em Bauru foi resultado da importância da ferrovia, que fez com que a cidade crescesse no seu entorno, direcionando a ocupação do espaço urbano da cidade, atraindo pessoas, estimulando o crescimento, através da ascensão social, de diversas classes sociais na cidade e conectando a cidade com diversos polos urbanos nacionais e internacionais.
BAURU - 1940 (PMB, 2016; MARTINES, 2013)
mapa elaborado pela autora
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0,5km
1 km
2 km
ESTAÇÃO DA NOROESTE VILA DE OPERÁRIOS PRAÇAS OFICINAS E ALMOXARIFADOS
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O COMPLEXO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA NOB EM 1939
A nova Estação Ferroviária da NOB começou a ser construída em dezembro de 1935, na gestão do diretor da NOB, o engenheiro Alfredo de Castilho e foram concluídas somente quatro anos depois, em setembro de 1939, na administração do novo diretor, Marinho Lutz.
FIGURA 6 - Estação da Noroeste em Bauru, Fotografia publicada no jornal Correio da Noroeste em 1º de Agosto de 1940.
FIGURA 8 - Estação da Noroeste em construção no ano de 1938.
O projeto no estilo Art Déco foi elaborado em 1934. Possui mais de 10.000 m² distribuídos em três andares e uma garé erguida em concreto armado substituindo o uso de estruturas metálicas importadas. Nos pavimentos superiores do edifício, foram instalados todos os escritórios centrais da administração da Noroeste e na parte térrea todos os serviços de tráfego de passageiros da Noroeste e das Estradas de Ferro Paulista e Sorocabana. (GHIRARDELLO, 1992)
A nova Estação Central representa a modernidade na cidade, o edifício teve influência no espaço urbano e na construção de diversos edifícios comerciais, localizados no centro da cidade. Essa modernidade representada na estação traz um conflito de estilos arquitetônicos com muitas construções erguidas no mesmo período. (GHIRARDELLO, 2012)
FIGURA 7 - Trem suburbano, para transporte de passageiros na garé da Estação da NOB em Bauru, em 1989.
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O COMPLEXO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA NOB EM 1939
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ESTAÇÃO FERROVIÁRIA NOS DIAS ATUAIS O complexo arquitetônico da sede da EFNOB é um dos maiores e melhores exemplares de conjuntos ferroviários existentes no Brasil e hoje está em estado parcial de abandono. A história por trás da ferrovia ficou apenas como a representação de um tempo que ficou no passado. Há mais de 70 anos passavam pela Estação Ferroviária de Bauru mais de 30 trens por dia e milhares de pessoas, naquele que era considerado o maior entroncamento férreo da América do Sul. A ferrovia foi importantíssima na formação de Bauru e a recuperação da memória do Edifício da Estação é fundamental para mostrar o que ela simbolizou. FIGURA X
FIGURA 10 - Estação da Noroeste em Bauru.
Atualmente, a estação ferroviária Noroeste de Bauru encontra-se numa situação deplorável, não condizente com toda sua grandeza, cercada por muito mato, com máquinas paradas e vagões corroídos pela ferrugem. A garé, que era utilizada pelos passageiros como área de embarque e desembarque, esta com a maioria de seus vitrais quebrados e partes do teto faltando. A fachada do edificio principal da Estação Central revela todo seu abandono, mas ainda demonstra a imponência do prédio. Ao redor da estação, antigas casas de operários ainda são habitadas por famílias e alguns barracões servem de abrigo para moradores de rua.
FIGURA 9 - Estação da Noroeste em Bauru.
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PRINCÍPIOS DE INTERVENÇÃO – VALORIZAÇÃO DA PAISAGEM CULTURAL
FIGURA 11
FIGURA 12
FIGURA 13
FIGURA 14
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PRINCÍPIOS DE INTERVENÇÃO – VALORIZAÇÃO DA PAISAGEM CULTURAL
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PRINCÍPIOS DE INTERVENÇÃO
VALORIZAÇÃO DA PAISAGEM CULTURAL O complexo da Estação Ferroviária foi tombado pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru (CODEPAC) em 1999, está em processo de tombamento pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico do estado de São Paulo (CONDEPHAAT) e é citada no Plano Diretor de Bauru como Operação Urbana Consorciada, que é o conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo poder público, com a participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o objetivo de alcançar transformações urbanísticas e melhorias sociais. A gestão do patrimônio cultural é desenvolvida pelo poder público para a intuição da memória social, compete ao município promover a proteção do patrimônio cultural, ação que é deliberada através do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural (CODEPAC), criado pela Lei Municipal n° 3.486/92 e composto por conselheiros que acompanham os processos de tombamento e orientam as ações jurídicas. Esses conselheiros são responsáveis por vistorias de conservação desses bens e aprovação de obras de restauro. É essencial o conhecimento de teorias de preservação, como os planos elaborados internacionalmente, para presidir os princípios de conservação e restauração de monumentos históricos. As primeiras cartas patrimoniais foram escritas a partir do inicio da década de 1930 no intuito de unificar os modos de preservação dos bens patrimoniais. Nestas cartas há um intenso debate a respeito do patrimônio e da sua conceituação, também sua integração com o espaço. (FIGUEIREDO, 2013 apud PAULICHEN, 2015)
O primeiro encontro para elaboração desses planos é a Carta de Atenas, feita em 1931. Depois, em 1964, no segundo Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos, a carta foi reexaminada para um aprofundamento nos princípios fundamentais, criando a Carta de Veneza. A finalidade desta nova Carta é a conservação e a restauração de monumentos, segundo artigo 3°, visando salvaguardar tanto obras de arte quanto testemunhos históricos. Consta também que na conservação e restauro devem ser usadas todas as ciências e técnicas que possam contribuir para o estudo e a proteção do patrimônio. No próximo ponto relata que a essência do monumento não deve ser alterada no processo das operações de conservação. No que diz respeito ao restauro, o mesmo deve ser feito respeitando os materiais originais e a documentação existente e ser acompanhado por um estudo arquitetônico e histórico. Devem também ser tidas em conta todas as contribuições das várias épocas para o monumento e todos os elementos necessários que serão acrescentados devem integrar-se na essência do monumento, mas ao mesmo tempo, ser passíveis de distinção. Por fim, o documento diz que todos os trabalhos de conservação e restauro devem ser acompanhados de um registo sob a forma de relatório e ilustrados com desenhos e fotografias, sendo sempre que possível publicado. As Cartas internacionais, como a de Veneza, não podem ter caráter normativo, pois suas indicações devem ser reinterpretadas e aprofundadas para as diversas realidades culturais de cada país e, ser ou não, absorvidas em suas propostas legislativas.
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PRINCÍPIOS DE INTERVENÇÃO – VALORIZAÇÃO DA PAISAGEM CULTURAL
Os seus princípios devem ser reinterpretados para cada caso particular de aplicação, em função das colocações gerais contidas na Carta e da discussão que a fundamenta e não de maneira restritiva e redutora. Atualmente há três vertentes de restauro, todos baseados em trabalhos realizados por teóricos do passado. Chamadas de:
MANUTENÇAO REPRISTINAÇÃO – propõem o tratamento da obra através de manutenção, mantendo a obra como um todo. Defende o destaque da obra com significado e retoma técnicas do passado, mantendo a unidade visual e a limpeza e proteção de superfícies como pedras e tijolos. (FIGUEIREDO, 2013 apud PAULICHEN, 2015)
CONSERVAÇÃO INTEGRAL – privilegia aspectos históricos da obra, fazendo deles princípios para importantes decisões de projeto. Defende a eliminação de patologias, conservação da matéria original, manutenção das estratificações da obra e a separação do novo sobre o existente. (FIGUEIREDO, 2013 apud PAULICHEN, 2015)
CRITICO CONSERVATIVO E CRIATIVO – propõem um restauro critico-histórico, analisando a estética e a história. Defende a posição de conservação com intervenções, uso da criatividade para as resoluções de problemas de projeto, articulando as conservações e adições com distinção. (FIGUEIREDO, 2013 apud PAULICHEN, 2015)
Segue duas referências, a primeira refere-se a um restauro ja executado de um mercado municipal e o segundo de uma proposta de restauro:
Projeto de Remodelação do Mercado Municipal de Atarazanas Arquitetos: Aranguren & Gallegos Arquitectos Localização: Calle Atarazanas, Espanha Ano: 2010 Trata-se de uma operação de restauro e recuperação do antigo Mercado Central de Abastos de Atarazanas, assim como uma operação de substituição dos postos de venda existentes, incapazes de satisfazer as necessidades atuais. É um edifício singular, em uma estrutura de ferro do final do século XIX, com espaço comercial localizado no térreo, estruturado em três áreas específicas para a comercialização, de produtos hortifrútis, peixes e carnes. FIGURA 19
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PRINCÍPIOS DE INTERVENÇÃO – VALORIZAÇÃO DA PAISAGEM CULTURAL
O projeto tem o objetivo de recuperar o desenho original do antigo Mercado de Atarazanas, realçando seu caráter e monumentalidade arquitetônica. As intervenções desenvolvidas no projeto se dividem em operações de solução de distribuição dos postos de venda, e demolição de acréscimos para recuperar o esquema original do edifício. A restauração do Mercado busca o respeito integral ao projeto arquitetônico e espacial do edifício existente, ao mesmo tempo, facilita uma adequação do conjunto a suas necessidades atuais, de forma que clarifique e melhore a circulação dos usuários. FIGURA 20
1° Lugar no Concurso para Requalificação do Mercado Público de Lages-SC Ganhador: Zulian Broering + Zanatta Figueiredo Localização: Lages-SC Ano: 2014
O Mercado Público em Lages teve início em uma praça e a primeira ação de projeto parte do resgate desse local fundamentado no contexto contemporâneo, assim, a edificação no estilo Art Déco fica praticamente intacta e é marcada por intervenções com cores e materialidade contemporânea. O uso de um mercado necessita de permeabilidade e continuidade do espaço público para realizar de maneira qualitativa as suas trocas, eventos, funcionalidade e sociabilidade, além de proporcionar espacialidades dignas e que incentivem o usuário à longa permanência, do contrário, diversos problemas podem ser revelados e acentuados com o tempo. A solução encontrada foi um equilíbrio entre o uso do mercado, o não enfrentamento urbano e a valorização da edificação histórica.
FIGURA 21
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A CIDADE COMO MERCADO Analisando mercados municipais como espaços socioculturais, compreende-se a participação da população local de forma mais complexa do que apenas através das relações de produção, compra e venda neles encontradas, indo além das funções econômicas. Essas relações socioculturais fazem de alguns espaços um lugar de importância fundamental para a produção e reprodução de práticas sociais. O poder de atração das cidades, da aglomeração urbana e da dimensão politica, refere-se “a um tipo de espaço que, ao concentrar e aglomerar pessoas, intensifica as possibilidades de troca e colaboração entre os homens, potencializando sua capacidade produtiva” (ROLNIK, 1994). A cidade, ao aglomerar num espaço limitado uma numerosa população com a possiblidade de obter parte dos produtos necessários à sobrevivência através da troca, instaura um mercado e configura a especialização do trabalho. Baseado na analise de Sheila Doula e Mateus Servilha sobre o historiador Fernand Braudel e o antropólogo Clifford Geertz, que estudam a importância de mercados públicos e feiras para as relações humanas de sociabilidade e identidade coletiva, é constatada a influência destes para o desenvolvimento social e urbano nas cidades. No estudo intitulado “O Jogo das Trocas”, feito pelo o historiador Fernand Braudel, é observado o conceito de troca, não apenas limitado a trocas diretas, mas incluindo também a comercialização de produtos ou serviços, com a essência no contato com o próximo. Entre tantos mecanismos e espaços construídos para a realização das trocas pelo homem, estão os mercados públicos – hoje denominados Mercados Municipais.
Ao abordar a história das trocas com a preocupação de compreender as relações econômicas na vida social da Europa, apresentou de forma muito clara a importância social do mercado, como instituição e como espaço físico, para a vida dos homens, onde estratégias de sobrevivência e relações de laços sociais são construídas e intercambiadas, assim como manifestações e valores culturais desfeitos, metamorfoseados ou consolidados. A relevância dos mercados, assim como das feiras, espaços utilizados pelo homem para a troca, vai muito além da econômica no jogo das trocas. (DOULA e SERVILHA, 2009)
Segundo Braudel, mercados e feiras possuem trajetórias que não podem ser consideradas como uma historia simples e linear, considerando possibilidades de adaptação de suas dinâmicas socioeconômicas. Esses espaços influenciam e são influenciados por contextos sociais e culturais. Para o antropólogo Clifford Geertz o objetivo principal é a caracterização do mercado em um contexto cultural. Segundo ele, há um sistema coerente nas relações de troca – mais complexa do que o habito de seus frequentadores – estabelecendo um vinculo comercial e social em longo prazo entre um freguês e um mercador, chamado por Geertz de clientelização. Nos dois trabalhos, tanto Geertz como Braudel, tem uma enorme relevância na compreensão social desses espaços, onde um lugar de trocas comerciais esta associado a relações de convívio, gerando sentimentos de pertencimento comum, reciprocidade e identidade coletiva. (DOULA e SERVILHA, 2009)
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A CIDADE COMO MERCADO
A partir de certo momento da história, as cidades passam a se organizar em função do mercado, possibilitando um tipo de estrutura urbana que não só opera uma reorganização do seu espaço interno, mas também redefine todo o entorno, atraindo para a cidade grandes populações. Nas cidades contemporâneas qualquer espaço é marcado por todo tipo de comércio, seja ele investido pelo mercado ou pela produção para o mercado. Nessas cidades existe uma evidência de consumo, criada pela diversidade de “mercadorias”, sempre participando do cotidiano da cidade. (ROLNIK, 1994) Um Mercado Municipal possibilita a multiplicidade de atividades econômicas, culturais, sociais e turísticas. É um facilitador para o escoamento e comercialização da produção da agricultura familiar e de produtos não industrializados, e também, dá oportunidades a artesãos da cidade e região fixarem um espaço para exposição e comercialização das suas criações, valorizando a cultura local e regional. Assim, cria-se um espaço de referência turística e com identidade local. Utilizando o conceito de espaços de vivência gastronômica, expressão cultural e de encontro e aquisição de mercadorias das mais diversas categorias, o Mercado participa da vida comunitária da cidade.
Relações socioculturais fazem de alguns espaços lugar de extrema importância para a produção e reprodução de práticas sociais, possibilitando encontros interpessoais e contatos face a face, por meio de relações comerciais e sociais de coletividade. (DOULA e SERVILHA, 2009) O centro de Bauru precisa de espaços para lazer, compras, entretenimento, gastronomia e cultura e o espaço que pode acolher todas estas funções é o de um Mercado Municipal. Bauru ainda não tem um espaço público com estas características, mas tem potencial necessário para esse tipo de empreendimento, atraindo consumidores da região, universitários e principalmente os moradores da cidade.
Existem nas cidades determinados espaços privilegiados, carregados de simbolismo e de centralidade no que diz respeito à organização e à representação da vida publica. Estes espaços não são permanentes: acompanham a vida e a evolução da cidade, sua dinâmica social e sua organização espacial – diríamos até que acompanham sua própria identidade (GOMES, 2001, p.98 apud DOULA e SERVILHA, M. M).
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A CIDADE COMO MERCADO
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REFERÊNCIAS
MERCADOS MUNICIPAIS NO BRASIL E NO MUNDO Buscando parâmetros para a elaboração do projeto de revitalização da Estação Ferroviária em um Mercado Municipal, a apuração de referências de Mercados é essencial para o melhor desenvolvimento de um programa de necessidades para o projeto. Segue modelos dos principais mercados públicos espalhados pelo Brasil e no Mundo.
Mercado Municipal de São Paulo – SP O edifício é considerado como um dos marcos arquitetônicos existentes na cidade, o Mercado Municipal Central de São Paulo, inaugurado em 1933, construído no estilo eclético, tem os espaços bem planejados e funcionais, com iluminação natural através de claraboias e telhas de vidro, localizadas na cobertura do edifício. Passou por uma restauração em 2004, criando um mezanino para uma área gastronômica, e melhorando a infraestrutura e a iluminação artificial do local.
FIGURA 22
FIGURA 23
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REFERÊNCIAS DE MERCADOS MUNICIPAIS NO BRASIL E NO MUNDO
Mercado Municipal de Porto Alegre – RS Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre, o Mercado Público foi inaugurado em 1869 para abrigar o comércio de abastecimento da cidade. Na década de 90 passou por um processo de restauração, agregando mais qualidade a sua estrutura, recuperando a concepção arquitetônica neoclássica e ampliando o número de estabelecimentos comerciais. Além de oferecer bons produtos também é um espaço para manifestações culturais e comunitárias. No momento o Mercado Público passa por obras de recuperação, após o incêndio ocorrido em 2013. FIGURA 24
Mercado de Peixe “Ver-o-Peso” em Belém – PA O mercado Ver-o-Peso abastece a cidade com variados tipos de gêneros alimentícios e ervas medicinais do interior paraense, fornecidos principalmente por via fluvial. Segue um padrão arquitetônico europeu, de estilo eclético, formado pelo mercado de peixe e o de carne, a estrutura é toda feita em ferro e foi trazida da Inglaterra para posteriormente ser montada em Belém, no ano de 1896. Foi inaugurado em 1901, tombado como patrimônio pelo IPHAN, sendo um dos mercados públicos mais antigos do Brasil. FIGURA 25
Mercado Central de Belo Horizonte – MG O Mercado Central de Belo Horizonte, foi inaugurado em 1929 com o objetivo do abastecimento de produtos para a população. Foi privatizado e, com o passar do tempo, se tornou atração turística da capital mineira. Atualmente o mercado possui mais de 400 lojas, não só de produtos alimentícios, mas também de artesanato e de comidas típicas, atraindo milhares de visitantes de todos os lugares. FIGURA 26
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REFERÊNCIAS DE MERCADOS MUNICIPAIS NO BRASIL E NO MUNDO
Mercado Municipal São José em Recife – PE O Mercado São José, com sua estrutura toda em ferro inspirado no mercado Grenelle de Paris, foi inaugurado em 1875. Tem aproximadamente 600 boxes com artesanatos e comercio de peixes e carnes. Ao longo da história, o Mercado sofreu várias reformas, para melhora de infraestrutura ou por causa de acidentes.
FIGURA 27
Mercado Modelo de Salvador – BA O Mercado Modelo foi construído em 1861 para ser utilizado como terceira alfândega de Salvador, em sua diversidade de lojas podem ser encontrados os mais variados tipos de artesanato e produtos típicos da Bahia. Possui 263 lojas, entre elas, bares e restaurantes, que ocupam o prédio de estilo neoclássico, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. É um espaço cultural e artístico, usado com ponto de encontro e convivência da população e turistas.
FIGURA 28 e 29
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REFERÊNCIAS DE MERCADOS MUNICIPAIS NO BRASIL E NO MUNDO
Mercado San Miguel em Madri – Espanha Localizado no Centro de Madri, atrás da Plaza Mayor, o Mercado San Miguel teve sua estrutura construída em 1915, pelo arquiteto Alfonso Díez Bubé, que se inspirou em projetos de mercados franceses. Há poucos anos um grupo de investidores comprou o espaço que passou por uma reforma e agora abriga um mercado gourmet, com cerca de 30 bancas de comida, aperitivos, flores, frutas, vinhos, queijos, doces e especiarias. FIGURA 30
Mercado La Boqueria em Barcelona – Espanha La Boqueria é um dos mercados espanhóis mais completos e conhecidos da Espanha, é considerado o mais antigo de Barcelona, inaugurado em 1840. O mercado municipal é mantido pela prefeitura de Barcelona, e conta com mais de 300 bancas, nelas é possível encontrar produtos locais, que abastecem os moradores e os restaurantes da cidade, e produtos para os turistas que visitam o mercado.
FIGURA 31
Mercado Santa Caterina em Barcelona – Espanha O Mercado de Santa Caterina foi o primeiro a ser coberto na cidade, inaugurado em 1848, sua história começa com a demolição do convento de Santa Caterina, cujas terras foram concedidas para o conselho da cidade para levantar o mercado. O mercado foi reformado em 2005, restando somente as portas do seu projeto original, deixando uma atrativa marca visual no telhado ondulado, coberto por mosaicos de cerâmica nas cores dos alimentos vendidos no mercado. Foi uma solução arquitetônica inovadora, rompendo com a estética dos prédios do entorno. FIGURA 32
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REFERÊNCIAS DE MERCADOS MUNICIPAIS NO BRASIL E NO MUNDO
Saint Lawrence Market em Toronto – Canadá O Saint Lawrence Market foi considerado o melhor mercado de comida pela National Geographic e vencedor do Traveller’s Choice em 2014. O nível principal do mercado (South Market) contém mais de 120 fornecedores especializados, conhecidos pela variedade e frescor de suas frutas, legumes, carne, peixe, grãos, produtos de panificação e lácteos. O segundo andar do South Market abriga a Galeria Market, um espaço de exposição para a cidade e serviços culturais de Toronto. FIGURA 33
Mercado Central em Santiago – Chile O Mercado Central de Santiago é um património que se concentra a maior diversidade de produtos tipicos do país, atraindo diferentes esferas sociais. Criando um espaço cultural para compras diárias, gastronomia, artigos e alimentos típicos. O edifício, inaugurado em 1872, com a sua importância histórica torna-se uma atração turística na cidade de Santiago, reconhecido internacionalmente como um dos melhores mercados do mundo, pela revista National Geographic. FIGURA 34
Mercado del Puerto em Montevidéu - Uruguai O edifício chamado de "Mercado del Puerto" foi inaugurada em 1868, apresentando uma arquitetura eclética, com parte de sua estrutura construida na Inglaterra. O mercado abriga apenas lojas de artesanatos e restaurantes, virando um importante centro gastronomico especializado no churrasco uruguaio. O edificio foi concedido como Monumento Historico Nacional do Uruguai em 1975. FIGURA 35
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CONCLUSÃO Bauru cresceu como cidade através da vinda de grandes ferrovias para a região, sendo sede de um dos maiores entroncamento ferroviário do país, teve um rápido desenvolvimento urbano, proporcionando um notável crescimento populacional e garantindo infraestrutura. Após a lenta decadência do sistema ferroviário do Brasil, chegamos ao momento atual com poucos trens passando pela cidade, sendo eles unicamente de transporte de cargas. A Estação Central, destinada a servir todas as estradas de ferro que passavam pela cidade, deixou de ser utilizada e situa-se em estado de abandono, desvalorizando o seu entorno, especificamente o centro da cidade. A solução para resgatar a memória do lugar, ocasionando uma reocupação do espaço pela população é a proposta de um novo uso para a Estação Central. Esta, que é um patrimônio histórico para a cidade, precisa ser conservada e tem princípios de preservação para um possível restauro, esses princípios seguem planos internacionais que devem ser reinterpretados para cada caso. A proposta é a criação de um Mercado Municipal no edifico da antiga Estação Central, espaço publico que fornece áreas de lazer, compras, gastronomia e cultura, buscando um vinculo sociocultural. Bauru é uma cidade com aproximadamente 370.000 habitantes e não possui um lugar com essas características, a elaboração desse projeto de revitalização ira proporcionar o resgate da memória da ferrovia, trazendo vida ao lugar com a apropiação da população.
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DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO Princípios de intervenção – programa de necessidades □ UTILIZAR A GARE COMO UM ESPAÇO CULTURAL, PARA APRESENTAÇÕES E EXPOSIÇÕES. □ DISTRIBUIR NOS TRÊS PAVIMENTOS DO EDIFÍCIO: - BANCAS PARA A VENDA DE DIVERSAS MERCADORIAS; - ESPAÇO GASTRONOMICO, COM BARES E RESTAURANTES; - SALAS COM ATIVIDADES SOCIAIS PARA A COMUNIDADE; - MEMORIAL DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA CENTRAL.
FIGURA 36
Intensões para o TFG II
O PRINCIPAL OBJETIVO DO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO II É O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA EM UM MERCADO MUNICIPAL. O PROPÓSITO DO TRABALHO É A ELABORAÇÃO DE:IMPLANTAÇÃO, PLANTAS, CORTES, ELEVAÇÕES E PERSPECTIVAS.
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REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTRO, Maria Inês M. O preço do Progresso – a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Dissertação de Mestrado. Campinas, UNICAMP, 1993 DOULA, S. M.; SERVILHA, M. M. O Mercado como um Lugar Social: as contribuições de Braudel e Geertz para o Estudo Socioespacial de Mercados Municipais e Feiras. Revista Faz Ciência, v.11, n.13, p.123-142, jan./junho 2009. FARIA, Cesar A. C. Desenvolvimento Econômico e Urbanização: Estudo de caso do Município de Bauru – 1960/85. Trabalho de Conclusão de Curso. UNICAMP, 1988. GUIRARDELLO, Nilson. A Beira da Linha, Formações Urbanas da Noroeste Paulista. São Paulo, Editora da UNESP, 2002. GUIRARDELLO, Nilson. Aspectos do Direcionamento Urbano da cidade de Bauru. São Carlos, 1992, 187p. Dissertação de Mestrado (curso AU) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 1992. GHIRARDELLO, Nilson. Um Grande Inventário: Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. In: XI Congresso Internacional de Reabilitação do Patrimônio Arquitetônico e Edificado, Modulo1, Cascais, 2012. FAAC, UNESP, Bauru-SP. GHIRARDELLO, Nilson; et al. Estrada de Ferro Noroeste do Brasil-Bauru/Km 0: Arquitetura Industrial e os Espaços de Recreação e Cultura. In: XI Congresso Internacional de Reabilitação do Patrimônio Arquitetônico e Edificado, Modulo 2, Cascais, 2012. FAAC, UNESP, Bauru-SP. MARTINES, Larissa de Cássia S. EFNOB/Bauru: A EFNOB e a Expansão Urbana de Bauru, pela Ótica dos Jornais Locais. 1905/1940. Relatório Final de Pesquisa apresentado à Fundação Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP. Orientador: Nilson Ghirardello. Jun. 2012 – maio 2013, FAAC, UNESP, Bauru-SP. OLIVEIRA, Eduardo R. Memoria, Historia e Patrimônio – Perspectivas Contemporâneas da pesquisa histórica. Universidade Federal da Grande Dourados. Fronteiras, Dourados, MS, v. 12, n. 22, p. 131-151, julho/dez. 2010.
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REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PAULICHEN, Luana. São Joao 288 – Reabilitação de Edifício para Habitação em Sistema de Locação. Trabalho Final de Graduação. Centro Universitário Nossa Senhora do Patrimônio, Faculdade de Engenharia e Arquitetura. Salto, 2015. ROLNIK, Raquel. O que é cidade. Coleção primeiros passos, Editora Brasiliense, São Paulo. 3ª edição, 1994; 3ª reimpressão, janeiro de 1998.
SITES CONSULTADOS www.ibge.com.br www.vitruvius.com.br www.arcoweb.com.br www.archdaily.com.br www.wikiarquitectura.com www.prefeitura.sp.gov.br www.belohorizonte.mg.gov.br www.belem.pa.gov.br www2.portoalegre.rs.gov.br/smf www2.recife.pe.gov.br www.salvador.ba.gov.br hotsite.bauru.sp.gov.br/codepac www.iphan.gov.br
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REFERÊNCIAS
FONTE DAS IMAGENS Figura 1 – Plano Bulhões 1882. http://vfco.brazilia.jor.br/Planos-Ferroviarios/planos/1882-Plano-Bulhoes.gif
Figura 2 – Plano Bicalho 1881.
http://vfco.brazilia.jor.br/Planos-Ferroviarios/planos/1881-Plano-Bicalho.gif
Figura 3 – Projeto publicado no jornal "O BAURÚ", em 1921. (MARTINES, 2013)
Figura 4 – Projeto publicado no jornal "O BAURÚ", em 1922. (MARTINES, 2013)
Figura 5 – Projeto publicado pela "CORREIO DA NOROESTE" em 1936. (MARTINES, 2013)
Figura 6 – Fotografia publicada no jornal Correio da Noroeste em 1940. (MARTINES, 2013)
Figura 7 – Trem na garé da Estação da NOB, em 1989. (Acervo Centro de memória da UNESP)
Figura 8 – Estação da Noroeste em construção no ano de 1938. http://www.estacoesferroviarias.com.br
Figura 9 – Memória Ferroviária – Ensaio fotográfico na Estação Ferroviária NOB. Fotos de Victória Linard | 17/03/2016. https://static.wixstatic.com
Figura 10 – Memória Ferroviária – Ensaio fotográfico na Estação Ferroviária NOB. Fotos de Victória Linard | 17/03/2016. https://static.wixstatic.com
Figura 11 – Memória Ferroviária – Ensaio fotográfico na Estação Ferroviária NOB. Fotos de Victória Linard | 17/03/2016. https://static.wixstatic.com
Figura 12 – Memória Ferroviária – Ensaio fotográfico na Estação Ferroviária NOB. Fotos de Victória Linard | 17/03/2016. https://static.wixstatic.com
Figura 13 – Memória Ferroviária – Ensaio fotográfico na Estação Ferroviária NOB. Fotos de Victória Linard | 17/03/2016. https://static.wixstatic.com
Figura 14 – Memória Ferroviária – Ensaio fotográfico na Estação Ferroviária NOB. Fotos de Victória Linard | 17/03/2016. https://static.wixstatic.com
Figura 15 – Estação NOB Foto autoral - Amanda Lustoza Martins | 31/05/2016. Figura 16 – Estação NOB Foto autoral - Amanda Lustoza Martins | 31/05/2016. Figura 17 – Estação NOB Foto autoral - Amanda Lustoza Martins | 31/05/2016.
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REFERÊNCIAS
FONTE DAS IMAGENS Figura 18 – Estação NOB Foto autoral - Amanda Lustoza Martins | 31/05/2016. Figura 19 – Projeto de Remodelação do Mercado Municipal de Atarazanas.
http://imag adsttc.com/media/images/51d6/f200/e8e4/4eca/d700/0009/slideshow/01.jpg?1413923674
Figura 20 – Projeto de Remodelação do Mercado Municipal de Atarazanas.
http://images.adsttc.com/media/images/51d6/f21b/e8e4/4eca/d700/000a/slideshow/05.jpg?1413923707
Figura 21 – Primeiro Lugar no Concurso para a Requalificação do Mercado Público de Lages-SC
http://images.adsttc.com/media/images/543c/615b/c07a/8076/2d00/0154/large_jpg/ZBZF01_copy.jpg?1413243214
Figura 22 – Mercado Municipal de São Paulo – SP Foto autoral - Amanda Lustoza Martins | 08/10/2015.
Figura 23 – Mercado Municipal de São Paulo – SP
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Figura 24 – Mercado Municipal de Porto Alegre – RS
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Figura 25 – Mercado de Peixe “Ver-o-Peso” em Belém – PA
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Figura 26 – Mercado Central de Belo Horizonte – MG
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Figura 27 – Mercado Municipal São José em Recife – PE
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Figura 28 – Mercado Modelo de Salvador – BA http://data:image/jpeg;base64,/9j/
Figura 29 – Mercado Modelo de Salvador – BA
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Figura 30 – Mercado San Miguel em Madri – Espanha
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Figura 31 – Mercado La Boqueria em Barcelona – Espanha http://imagenes.conmuchagula.es/2011/03/boqueria00x.jpg
Figura 32 – Mercado Santa Caterina em Barcelona – Espanha
http://meet.barcelona.cat/sites/default/files/styles/punts_interes_galeria/public/mercat-de-santa-caterina.jpg?itok=3lqTJpiV
Figura 33 – Saint Lawrence Market em Toronto – Canadá
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Figura 34 – Mercado Central em Santiago – Chile
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Figura 35 – Mercado del Puerto em Montevidéu - Uruguai
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Figura 36 – Planta Baixa da Estação Central EFNOB - Bauru
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REVITALIZAÇÃO NA ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA CENTRAL DE BAURU EM UM MERCADO MUNICIPAL
Universidade Metodista de Piracicaba Curso de Arquiteura e Urbanismo