Educação ambiental e ética para uma civilização em crise

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Curso Educação Ambiental e Ética

Curso Educação Ambiental e Ética Módulo 4 - Educação Ambiental e Ética para uma civilização em crise

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Módulo 4 - Educação Ambiental e Ética para uma civilização em crise Progresso sem limites Em nome do desenvolvimento O paradigma cartesiano e suas conseqüências na relação Homem-Natureza A alternativa ecofeminista O pensamento ocidental sobre a natureza Atitudes antiecológicas provocadas pelo método científico tecnológico Ética e Educação Ambiental Educar para valores ambientais Educação Ambiental e a construção da Paz Educação Ambiental e Paz nas Conferências Intergovernamentais

O material desse módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação do CENED. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada.

Prof. Amarildo R. Ferrari

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Módulo 4 - Educação Ambiental e Ética para uma civilização em crise 4.1 Progresso sem limites

A espécie humana, no decorrer dos últimos séculos, adquiriu conhecimentos técnicos e científicos jamais imaginados pelos nossos ancestrais. Esta capacidade epistemológica conferiu ao ser humano uma posição suprema dando-lhe “poderes” de construir e destruir, como uma forma “legal” de desenvolver as potencialidades humanas, sociais e econômicas. Não sabendo dosar seus “autopoderes” o homem elaborou para si, de modo progressivo, um mundo autodestrutivo e com possibilidades de fim apocalíptico próximo. Claro, isto numa visão mais fatalista, descartando a possibilidade do surgimento de mentes totalmente desprovidas de destruição e com ideais éticos contempladores do meio ambiente. A existência da espécie humana encontra-se imersa numa crise jamais antes vivenciada em toda história. Esta está recheada de crises em todos os sentidos: econômicos, religiosos, políticos, sociais, mas é a primeira vez que o futuro do ser humano como espécie encontra-se ameaçado. O alerta vermelho foi dado ao constatar-se que o meio ambiente, num todo, agoniza fortemente e que elementos essenciais como a água, o ar e o alimento saudável encontram-se impiedosamente ameaçados pelas nossas ações. E que cada animal extinto ou floresta derrubada influencia no equilíbrio ecológico, desestabilizando a harmonia da criação. Este assunto poderá ser mais bem entendido quando tratarmos sobre a nossa responsabilidade para com as gerações futuras. O economista Aurélio Peccei expressa dessa forma a loucura autodestrutiva do ser humano: Parece não haver limite para as maneiras extravagantes, confusas e irresponsáveis como usamos nossos formidáveis trunfos para alterar a ordem das coisas na Terra, com a única meta de fazer nossos direitos e satisfazer prontamente nossa ganância. Qualquer coisa que agrade o nosso ego basta para cegar-nos a todas as outras considerações e tornar-nos insensíveis às conseqüências de nossas ações. Lutamos entre nós pela supremacia e

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engajamo-nos em competições acirradas para obter lucros rápidos, não importa qual seja o custo para os outros, nem a possibilidade de infringir padrões éticos. E, ao fazer isso, estamos devastando nosso meio ambiente. Na verdade, o maior abuso e os piores efeitos de nosso recente conhecimento e poder surgem porque eles nos tornaram tão presunçosos e egocêntricos que 1

renunciamos à comunhão com a Natureza .

A renúncia à comunhão com a natureza é uma renúncia da origem existencial do ser humano.

Um afastamento

do

seu pó

primeiro, origem

de

sua

vida.

Conseqüentemente, valores e virtudes inatas no ser sofrem abalos, obscurecendo-se. Na essência de cada ser humano há a semente do início dos tempos, onde natureza e homem formavam um todo complementar, respeitando-se a alteridade. Partes de um todo harmônico e equilibrado para uma existência infinita. O ser humano é um eco da criação e seu afastamento da mesma gera uma solidão profunda e existencial. Um vazio é gerado, como se um pedaço do barro de que somos formados tivesse sido arrancado de nosso eu mais profundo. Há um chamado de volta. Como um cão doméstico é chamado de volta à floresta, para encontrar-se com os lobos, que ainda não foram domesticados. A pergunta “quem sou”, sem conexão com nosso eu natural, tem um som triste e fatalista, desnorteado.

A resposta geme o gemido de um ser

solitário, sem um princípio e com fim determinado.

4.2 Em nome do desenvolvimento

Em poucos séculos o Homem conseguiu destruir e pôr em perigo de extinção diversas espécies animais e vegetais. Cidades, metrópoles, megalópoles brotaram do chão (não são ervas daninhas?) fazendo jus à palavra desenvolvimento. As selvas verdes foram substituídas pelas selvas cinza, de concreto e pedra. Arnold Toynbee, famoso historiógrafo, nos diz: O homem tem violado e destruído a natureza em todas as partes do mundo, num efeito cumulativo de duas causas distintas, porém relacionadas. Uma delas é o acelerado avanço da tecnologia e outra é a explosão demográfica possibilitada por esse avanço tecnológico. A conquista humana da natureza 1

PECCEI, Aurélio e IKEDA, Daisaku. Antes que seja tarde demais. Rio de Janeiro: Record, 1984. p. 18.

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tem sido brilhante, mas o uso inadequado e desastroso. A exploração da natureza tem sido feita às cegas, destruindo a beleza natural, poluindo-a e 2

tornando-a uma ameaça, de novo .

As ações, científicas ou tecnológicas, principais causadoras desta situação, vêm imbuídas e movidas por uma palavra bastante forte, especialmente enfatizada no século passado: desenvolvimento. Por causa dele e por ele, justificam-se muitas das barbáries cometidas contra o meio ambiente. Numa visão radical do desenvolvimento, a natureza é considerada quase um empecilho. O progresso quer acontecer e precisa espaço, não importa se o meio ambiente é degradado. Age-se, então, de forma destrutiva e sem remorso, pois é em nome de uma causa “maior”: o desenvolvimento e o progresso humano. A ciência e tecnologia atuais são dinâmicas e ativas. Substituem-se, acrescentam-se, modificam-se. Esta dinamicidade foi originada principalmente com a revolução industrial e com os princípios cartesianos de mundo. Esta forma de viver escolhida pelo ser humano criou-lhe escravidões próprias do seu agir egoísta. Escravidões contra o Outro e contra si mesmo: "O domínio da natureza pelo homem foi feito às custas de sua escravização a um ambiente artificial que é mais inadequado, tirânico e psicologicamente perturbador do que o antigo”. (TOYNBEE, Arnold J , 1979, p. 42.). O homem ousou degustar da artificialidade criada por si, numa espécie de busca egoística da felicidade. Não encontrando esta na criação, pois se julgou dominador da mesma, acreditou que a felicidade residia no seco, áspero e sem vida do objeto artificial, construído pelas suas mãos. Buscou o conforto, o prazer, o viver bem, de forma individual e egoísta, características próprias do ser humano. O homem transformou o seu meio ambiente a fim de torná-lo adequado às suas necessidades. Dominou a natureza, mas ao fazê-lo escravizou-se ao ambiente que construiu. O homem condenou-se a viver em cidades, 3

trabalhando em escritórios e fábricas .

Para superar tal crise devemos orientar nossas ações, baseadas numa nova ética da vida. Uma ética que envolva todas as formas de vida, uma ética orientada ao 5 2

TOYNBEE, Arnold. A sociedade do futuro. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2 ed., 1974. p. 39. 3 TOYNBEE, Arnold. A sociedade do futuro. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2 ed., 1974, p. 42-43.

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meio ambiente. Nossa ética deverá ser uma ética da criação, considerando todos os seres vivos dignos de direitos. Dessa forma a crise que vivemos poderá sofrer uma mudança de rumos e valores novos e vitais brotarão de novas ações, orientadas ao bem comum, com vistas às gerações futuras. Por enquanto somos um ser em conflito. Sabemos de nossos deveres com o meio ambiente e as gerações vindouras, de nossa relação de interdependência com a natureza, de nossa responsabilidade, porém nossas ações e posturas ainda revelam uma ânsia de poder, de dominar, de destruir. É difícil e quase humilhante para os homens da ciência, aceitar que o progresso tem limites. É quase impossível aceitar e acreditar que os animais e vegetais também são dignos de direitos e não são nossos escravos. Que não são nossos inferiores, mas têm a mesma condição que nós no universo da criação. Uma relação de fraternidade e interdependência. Depois de séculos orientando nossa vida para a exploração natural, chegamos a um ponto onde nossos atos e ações devem ser conduzidos de tal maneira que, acima de tudo, estejam a paz, a harmonia e o equilíbrio entre toda a criação.

4.3 O paradigma cartesiano e suas conseqüências na relação Homem-Natureza

O Homem, ao considerar-se realmente humano, conceitua-se interdependente. Em sua relação com o meio ambiente depara-se com sua responsabilidade com o mesmo. Sua responsabilidade é constituída de elementos essenciais que o tornam partícipe na construção de uma harmonia universal. O ser humano não é o maior nem o melhor dos seres. Apenas um ser singular e de grandes habilidades racionais. Não desprezo desta forma possíveis habilidades de raciocínio que outros animais possam ter. Porém, esta forma de pensar a relação com o meio ambiente e todas as suas criaturas é recente. Por vezes, em nossa história, a natureza foi tida como um lugar oculto, cheia de mistérios insolúveis e habitat de deuses que tinham o controle sobre nossas vidas. Nela, o homem encontrava sua pequenez, pois não conseguia explicar. Nossa civilização, em especial a Ocidental, sob formas baconianas e cartesianas de pensar as relações, conduziu-nos a caminhos nunca antes trilhados pela humanidade. A um progresso nunca antes imaginado por nossos ancestrais. A Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br

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tecnologia e a ciência tornaram-se imperativos de nosso existir, acentuando cada vez mais nossa ambição, sempre latente e agora presente incentivada pelo progresso. Esta mudança comportamental e existencial gerou no seio dos povos ocidentais uma espécie de crise de identidade sem precedentes, onde nossos referenciais humanos e naturais encontram-se profundamente abalados. Há um corte, um elo quebrado na relação homem-natureza. Uma espécie de parto forçado, onde o cordão umbilical encontra-se preso por tênue fio. O homem perdeu sua noção criatural de existência e caminhou em direção a uma noção mecânica do ser, construída por si próprio, mas inicialmente não atribuída a ele. Seu desapego à natureza e sua afeição desmedida à razão e à técnica o embruteceram. Impulsionado pelo pensamento cartesiano e sua idéia mecanicista do ser, o ser humano embrenhou-se por caminhos depredadores e exploradores da natureza. A idéia de que o ser humano tem o direito de dominar o mundo e nele explorar as riquezas, tornou-se a base mestra para se projetar um progresso sem limites. Toda ciência e tecnologia se guiaram por esta premissa, sem muitos questionamentos sobre suas conseqüências. A natureza passou a ser uma espécie de matéria inerte, sem voz e sem vida. Apenas escrava dos desejos e prostituições humanas.

4.4 A alternativa ecofeminista

A filósofa Maria Antonia La Torre, de Nápoles, coloca-nos desta forma sua visão sobre esta concepção. Uma concepção deste tipo é ademais moralmente injustificada, insustentável cientificamente, posto que a técnica não nos confere em realidade poderes absolutos e persistem amplos espaços de impotência e de impossível uso para as sociedades humanas: a natureza ‘opõe resistência’ e sua derrota 4

transforma-se na derrota da humanidade em sua busca de poder absoluto .

Segundo a mesma autora criaram-se algumas linguagens típicas e, de certo modo, amenizadoras com relação ao desrespeito do homem pela natureza: 7 4

LA TORRE, M. Antonietta. Ecología y moral. La irrupcíon de la instancia ecológica en la ética de Bilbao: Editorial Desclée de Brouwer, 1993. p. 26.

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Os tesouros do solo são ‘explorados’, as montanhas ‘submetidas’, os rios ‘regulados’, se ‘penetra’ nas ‘selvas virgens’, podemos apropriar-nos de um 5

‘bem que não tem dono’, etc. se trata da linguagem do domínio machista .

Este linguajar perpassa todas as esferas da civilização ocidental, cunhada numa tradição religiosa judaico-cristã. Fritjof Capra, no seu livro O ponto de mutação, concorda com La Torre nessa visão ecofeminista: A exploração da natureza tem andado de mãos dadas com a das mulheres, que tem sido identificadas com a natureza ao longo dos tempos. Desde as mais remotas épocas, a natureza – e especialmente a terra – tem sido vista como nutriente e benévola mãe, mas também como uma fêmea selvagem e 6

incontrolável .

Essa visão benévola e passiva da Mãe-Terra, oferecendo todas as suas riquezas para o deleite da ciência e da tecnologia coincide com a visão machista em relação à mulher, a qual servia unicamente para a procriação e o deleite masculino. Duas formas femininas de ser, exploradas pela razão instrumental machista, desligada do sentimento de pertença e gratuidade. Com o advento da ciência newtoniana e suas idéias mecanicistas da natureza, como se ela fosse uma enorme máquina, a qual podia ser explorada e manipulada, coincide a exploração feminina. E essa exploração se dá de forma mecânica, também. A mulher passa a ser uma “máquina” para fazer os trabalhos domésticos e satisfazer o seu marido. Essa proximidade entre mulher e natureza, na forma de ser tratada pelos homens, faz crescer no mundo inteiro os movimentos feministas e ecológicos ao mesmo tempo. É um grito contra a exploração machista e antropocêntrica.7

4.5 O pensamento ocidental sobre a natureza

O pensamento ocidental sempre entendeu a natureza como um inimigo a ser vencido. Seus mistérios sempre causaram medo e superstições. O ser humano nunca aceitou direito as manifestações da natureza como algo não possível de ser conhecido

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Ibidem, p. 26-27. CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1982. p. 37. 7 CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1982, p. 37-38. 6

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ou vencido. Ao perceber que poderia utilizar a sua razão para conhecer estes mistérios, resolveu explora-los como uma forma esquisita de vingança. Hoje, deparamo-nos com um ambiente degradado e agredido. Boquiabertos assistimos o extermínio de espécies animais e vegetais, olhamos rios sem peixes com sua água totalmente poluída, a possibilidade de privatização da água, como sendo um bem de consumo capitalista, florestas dizimadas para produção de madeira e pecuária, pessoas passando fome, em péssimas condições sanitárias, poluição atmosférica, alimentos contaminados com venenos agrícolas, a ameaça nuclear da bomba atômica. Enfim, encontramo-nos em meio a um caos ambiental gerado por nós mesmos. Uma crise de proporções totalmente desconhecidas. Autores colocam as raízes dessa crise ambiental e humana em que estamos imersos no pensamento de Bacon que, desejando criar condições para que o ser humano tivesse melhores condições de vida, confere-lhe o domínio sobre o meio ambiente. Expressando em seu mais alto grau a tendência renascentista a uma revisão do conceito de natureza, Bacon faz ‘respeitável’ a idéia do domínio, convertendo-la em um dos fundamentos da nova mentalidade: é um empenho da sociedade que rechaça, finalmente, a pesada herança judaico-cristã, e também as conseqüências da queda e da expulsão do paraíso terrestre, ou seja, a perda, junto com a inocência original, da serena relação com a 8

natureza .

Descartes, por sua vez, com a máxima “penso, logo existo”, sintetiza a visão antropocêntrica por excelência. Para a racionalidade ocidental esta afirmação torna-se a mola propulsora para guiar as atitudes racionais. Essa supervalorização do logos fez com que suas mentes se tornassem o centro do mundo antropocêntrico, ocasionando um desligamento dos sentidos corporais e da intuição, propriamente característica feminina. Conseqüentemente houve um desaprendizado de nossa relação com o meio ambiente. As relações de interdependência homem-natureza passaram por um esfriamento. A natureza é considerada um objeto, em detrimento de sua condição de “ser vivo”. 9 8

LA TORRE, M. Antonietta. Ecología y moral. La irrupcíon de la instancia ecológica en la ética de Bilbao: Editorial Desclée de Brouwer, 1993, p. 31.

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A divisão entre espírito e matéria levou à concepção do universo como um sistema mecânico que consiste em objetos separados, os quais, por sua vez, foram reduzidos a seus componentes materiais fundamentais, cujas propriedades e interações, acredita-se, determinam completamente todos os fenômenos naturais. Essa concepção cartesiana da natureza foi, além disso, estendida aos organismos vivos, considerados máquinas constituídas de 9

peças separadas .

Para Descartes, a natureza está organizada de tal forma a ser sempre útil ao homem. É este seu dono e senhor. Portanto, poderia usufruir da natureza tudo o que ela pudesse dar. A natureza, destituída de sua real condição, é entregue ao ser humano como uma escrava ao seu senhor. Este a prostitui incansavelmente com seus atos degradantes. Há uma mudança radical de paradigmas na relação homemnatureza. De uma relação de submissão a uma natureza cheia de mistérios e segredos, onde suas leis eram pouco conhecidas, para uma relação de dominação e exploração de seus recursos e um campo aberto para experimentos científicos e técnicos10.

4.6 Atitudes antiecológicas provocadas pelo método científico tecnológico

Capra nos afirma que a excessiva ênfase na racionalidade e no método científico-tecnológico

conduziu

o

ser

humano

a

atitudes

demasiadamente

antiecológicas. Pois, a razão tem um método de trabalho linear e a consciência ecológica age de modo não linear. Ou seja, “se fazemos algo que é bom, continuar a fazê-lo não será necessariamente melhor” 11. Capra ainda nos sugere que, para haver um equilíbrio da consciência ecológica, faz-se necessário aliar o conhecimento linear da tecnologia e da ciência com o conhecimento intuitivo não-linear dos povos indígenas. Estes últimos, por não terem digerido a ciência e a tecnologia como os brancos e por conceberem a relação ser 9

CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1982, p. 37. LA TORRE, M. Antonietta. Ecología y moral. La irrupcíon de la instancia ecológica en la ética de Bilbao: Editorial Desclée de Brouwer, 1993, p. 31-32. 11 Cf. CAPRA, Fritjof, op .cit., p. 38. 10

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humano-natureza de forma holística, fraterna e de forma interdependente, podem ser uma das setas de condução para entrarmos numa nova forma de relação com o meio ambiente. Ao estacionar em sua evolução biológica, o homem passou a evoluir cultural e socialmente. Essa evolução ocasionou a perda de nossos referenciais biológicos e ecológicos. O desenvolvimento intelectual, os conhecimentos científicos e tecnológicos afastam-se vertiginosamente da sabedoria e da ética. Estas praticamente pararam no tempo. Ficaram “congeladas”, como se fossem acabadas em si e nada mais precisasse ser mexido ou renovado. Progredimos racional e intelectualmente e, esse progresso nos coloca agora de forma alarmante perante nosso possível auto-extermínio12. Podemos controlar os pousos suaves de espaçonaves em planetas distantes, mas somos capazes incapazes de controlar a fumaça poluente expelida por nossos automóveis e nossas fábricas. Propomos a instalação de comunidades utópicas em gigantescas colônias espaciais, mas não podemos administrar nossas cidades

13

.

Há uma relação de auto afirmação excessiva entre os seres humanos. Isto ocasiona uma busca pelo poder, pela dominação, pela exploração. Isto se dá na relação com o meio ambiente, nas sociedades, na política, na economia. Vivemos sob o domínio de uma tecnologia má e inumana, onde o ambiente natural, berço do ser e início da existência, é substituído por um ambiente superficial, estático e sem vida. E. Tiezzi em seu livro Tempos históricos, tempos biológicos nos mostra que a natureza não segue a ordem instaurada pelos humanos e que seu tempo não é medido pelo relógio. O tempo-dinheiro, o tempo do relógio, não são os tempos que contam para instaurar uma relação correta com a natureza. Paradoxalmente, o relógio, símbolo da ordem, assinala as horas da desordem, o frenesi do consumismo e do incremento da produção aproxima os tempos da desordem global. A ordem natural segue outros ritmos, outro compasso. O homem não pode deter o tempo, porém pode retardar o processo entrópico e evolutivo, favorecendo a

11 12

CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1982, 39. 13 Ibidem, p. 39.

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transição a um estado de produção mínima de entropia e, extremamente, favorecendo o futuro de nossa espécie

14

.

O pensamento científico e tecnológico guia-se pela idéia de força e poder sobre a natureza e os seres humanos. O Homem acredita piamente que tudo pode fazer: mover montanhas, mudar o curso dos rios, “fabricar” seres humanos, mudar-se para outros planetas. Esse pensamento torna tudo útil, objeto explorável. Tudo deve render algo, em função de um progresso15. Essas ações gananciosas e prepotentes do ser humano nos fazem pensar sobre que mundo queremos deixar para nossos filhos. Ou seremos cooptados em nosso direito de ter filhos, pois nossos pais nos entregaram um mundo em extinção? Que responsabilidades temos diante um futuro de nuvens negras, chuvas ácidas, desértico? Temos responsabilidades com o nosso próximo que ainda não é, pois nem sequer nasceu? Basta detectar os problemas ou serão necessárias soluções? Como nos relacionaremos com o meio ambiente nos dias que se seguem? De modo cartesiano, mecânico ou de modo holístico, integrador, fraterno, intuitivo? Todas essas questões tentaremos dar uma resposta satisfatória nos próximos capítulos, posicionando-nos como responsáveis pelas gerações do futuro.

4.7 Ética e Educação Ambiental A sociedade científico-tecnológica foi substituindo aos poucos a relação filial do ser humano com seu planeta e fez crescer nele o sentimento de que a Terra é para ser explorada e usufruída de forma abusiva. Resulta hoje, dessa nova concepção relacional, o que muitos chamam de crise de civilização. Essa crise não tem fronteiras e não pertence especificamente a um único país, (mesmo que alguns sejam mais atingidos que outros) mas é uma crise planetária, de transcendência generacional.

14

TIEZZI, E. apud. LA TORRE, M. Antonieta. Ecología y moral. La irrupcíon de la instancia ecológica en la ética de Occidente. Bilbao: Editorial Desclée de Brouwer, 1993, p. 33-34. 15 Cf. DORS, J. Apud. LA TORRE, M. Antonietta, op. cit., p. 37.

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A Ética tradicional ou antropocêntrica, resultante de uma tradição judaico-cristã, e o desenvolvimento do pensamento científico tecnológico foram fundamentais no processo de crise a que nossa humanidade resultou. O ser humano perdeu sua comunhão com a natureza e fragmentou o todo sistêmico da vida ambiental, em partes possíveis de serem estudadas. O ser humano entendeu-se como independente do meio natural e ignorou suas interdependências com a nossa vida. Conseqüências do afastamento do ser humano com a natureza: ausência de questionamentos a respeito da ética tradicional ou antropocêntrica; o pensamento científico-tecnológico como um dogma para o progresso da humanidade e o único caminho capaz de trazer a felicidade e o bem estar ao ser humano; ausência de sentimentos

de

justiça,

amor,

fraternidade,

solidariedade,

compaixão,

etc.

A educação por sua vez, foi sendo construída através de idéias e pressupostos que a tornaram uma educação antiambiental. Mauro Grün nos expõe da seguinte forma: 1. Tornar-se humano é distinguir-se o mais possível da natureza,

enquanto

esta é selvagem, do primitivo. 2.

Dominar a natureza ( e também o corpo) exterior para através disto

libertar-se a si mesmo. 3.

Sistematizar todo saber, já positivisticamente omniabrangente, na forma

enciclopédica, colocando-o à mão dos pesquisador. 4.

Predominância excessiva da temática metodológica em detrimento ao

sentido e contextos. 5.

Inquirir a natureza, obrigando-a a nos dar respostas (como em Bacon).

6.

“Código curricular”, cientificista, reducionista e deslocado, expulsão de

tudo o que não é “científico”. 7.

Pragmatismo, individualismo, competição exacerbados.

8.

Educação: questão apenas entre o indivíduo e a aprendizagem,

instrumentalizante. 9.

Afirmação

da

objetividade

do

conhecimento

implicando

em

reducionismo. 10.

Modelo explicativo de mundo: causal-mecânico e químico-matemático.

11.

Recalque dos saberes locais, sabedorias, tradições. Afã pelo novo

tecnológico e desprezo pelo antigo. História como presente puro.

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12.

Educação objetificadora: legitimação do paradigma industrialista do

capitalismo. 13.

Educação: mão-de-obra para o mercado. Defesa das condições de

produção e reprodução da lógica do capital. 14.

Educação: desenvolver a “essência” humana em suas potencialidades,

mas com uma concepção problemática do que seja o “humano”. Ideal: autonomia individual, mas dentro da ordem vigente. 15.

História como mera historiografia, sem dinâmica e imbricação contextual 16

e política .

Todas essas questões foram criando a necessidade urgente de mudança de paradigma, uma mudança ética do viver. Os conceitos centrais da ética, os quais têm guiado nossas ações e nosso viver humano, precisam ser revisados, remodelados, reconstruídos. Já não conseguem dar respostas às questões que a realidade atual nos coloca. O ambiente natural passa a ser entendido como digno de direitos. A ética, voltada unicamente ao ser humano percebe-se necessária na relação com a natureza e com todo o meio ambiente no qual o ser humano está inserido. O sujeito moral ...passa a reconhecer-se habitando uma casa que é de todos; uma casa planetária onde não há limite para nenhum dos moradores. E mais ainda, uma casa onde o homem que se assume como o possuidor do mais alto grau de organização e consciência das demais espécies, por conseguinte, assumiria a responsabilidade maior ante os bens que são de todos. Daí que, ao construir seu sistema de valores, ao dotar-se de normas morais para sua existência diária, não restringe o valor moral unicamente aos seus membros – os seres humanos racionais – senão dotaria o valor a todo o conjunto de espécies com 17

as quais está intrinsecamente relacionado .

Este novo enfoque altera radicalmente a forma relacional do ser humano com a natureza. Há uma interdependência e uma responsabilidade moral entre o ser humano e os demais seres não-humanos. Significa para o homem, passar a ser alguém na natureza e desenvolver-se, portanto, em harmonia com as demais espécies. Para isso é necessário

16

GRÜN, Mauro apud PELIZZOLI. M. L. A emergência do paradigma ecológico: reflexões ético-filosóficas para o século XXI. Petrópolis: Vozes, 1999, 2 ed. 141-142. 17 SOSA apud AMPARO, Nelcinéa Cairo do. Ética ecológica y Educación Ambiental, p. 4. Disponível em: www.naya.org.ar/congreso2004/ponencias/nelcinea_amparo_1.doc . Acesso em: 24 out. 2005.

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potencializar

os

valores

que

levem

o

homem

a

comunicar-se

18

harmoniosamente com a natureza .

Uma nova forma de relacionamento com a natureza e todo o meio ambiente deve levar em consideração o uso adequado dos recursos naturais, pois nesta atitude demonstramos respeito ao que não é humano, mas também com as gerações futuras que merecem usufruir dos recursos naturais que hoje temos. Resulta disto que a Educação Ambiental pode desempenhar um papel importante na solução da crise ambiental na medida em que possa funcionar como instrumento: de conscientização e sensibilização social; de transmissão dos conceitos e vivências necessárias que lhes permitam desenvolver e adquirir atitudes mais responsáveis sobre as implicações dos distintos comportamentos do homem frente a seu entorno natural e humano e, 19

sobretudo, de auxílio aos indivíduos na resolução de problemas concretos .

Neste ponto a Educação Ambiental tem uma grande importância, pois é um instrumento de discussão entre a sociedade. Através da Educação Ambiental torna-se possível a tomada de decisões com uma maior participação da sociedade, bem como é uma forma de conscientizar sobre os malefícios ao meio ambiente ocasionados pelo modelo de desenvolvimento vigente: a degradação ambiental, a desigualdade de classes, a pobreza, e a crise civilizacional.

4.8 Educar para valores ambientais

Para construirmos uma Ética ambiental precisamos estabelecer relação de valores com o meio ambiente. Há diversas possibilidades ou alternativas a escolher diante de uma situação ambiental que requer uma decisão. Nossa posição diante de determinada situação é que mostrará se agimos imbuídos de valores ambientais ou se damos preferência a outros valores em nossa vida, como por exemplo, o econômico. Exemplo: diante da possibilidade de aterrar 18

Idem, p. 4 ÁLAMO, Bernayas apud AMPARO, Nelcinéa Cairo do. Ética ecológica y Educación Ambiental, p. 5. Disponível em: www.naya.org.ar/congreso2004/ponencias/nelcinea_amparo_1.doc . Acesso em: 24 out. 2005. 19

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uma área alagada, com um grandioso ecossistema de pequenos seres, para a construção de um condomínio residencial, qual nossa posição? Quais os valores que norteiam nossa decisão? A Educação Ambiental, seja ela no âmbito formal, informal ou não-formal, possibilita a tomada de decisão diante de determinado problema ambiental levando-se em consideração os valores que queremos escolher. A Educação Ambiental permite que se avance na construção de condutas, critérios e comportamentos que promovam a sustentabilidade na sociedade, seja a nível local como global. A Educação ambiental centrada em valores busca a sustentabilidade, pois esta se preocupa com as gerações futuras e com a sua possibilidade de usufruir dos recursos naturais de forma saudável. A sustentabilidade preocupa-se, também com as espécies em perigo de extinção e com a valorização econômica de certos habitats, com o intuito de preservá-los20. Mas, o que são valores ambientais? De maneira objetiva podemos dizer que são aqueles valores que servem de base à própria Educação Ambiental que são: a cooperação, a participação, a solidariedade, a autonomia, o respeito à diversidade, a tolerância e muitos outros que configuram uma educação de cunho ético. A Ética é o pilar fundamental da Educação Ambiental, pois trabalha com os valores no intuito de harmonizar a relação do ser humano com o meio ambiente. Neste ponto a Educação Ambiental difere da Educação tradicional, pois busca além do conhecimento racional contribuir com o restabelecimento dos valores morais nas ações humanas. Busca-se uma educação prática, que possa ser aplicada no cotidiano das pessoas e possa ser aplicada por qualquer pessoa, independente da sua formação. Uma educação que possa melhorar a qualidade de vida das pessoas e que busque soluções para os problemas ambientais. ...Há que considerar que à Educação Ambiental cabe a tarefa de reforçar suas funções de serviço à sociedade, e mais concretamente suas atividades encaminhadas a erradicar a pobreza, a intolerância, a violência, o analfabetismo, a fome, a degradação do meio ambiente, e as doenças. Isto

16 20

Ética y Educación en Valores sobre el Medio Ambiente para el siglo XXI. Carlos Osorio M. http://www.campusoei.org/valores/boletin11.htm . Disponível em: 01 nov. 2005.

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implica um questionamento interdisciplinário e, melhor, transdisciplinário para 21

analisar os problemas e as questões levantadas .

A Educação Ambiental deve contribuir para a melhoria de vida da humanidade, proporcionando aos seres humanos uma re-ligação com o seu meio natural e um novo olhar para o Outro que está próximo de mim. Uma relação de amor, de solidariedade, de fraternidade, com o todo, pode ser o caminho mais rápido para o fim da crise ambiental e para o renascimento de uma existência plena de sentido na relação com toda a criação.

4.9 Educação Ambiental e a construção da Paz

Para encontrar soluções efetivas para as diversas interpelações que a crise ambiental nos apresenta não é mais possível dar respostas velhas às novas questões. Um único conhecimento não pode abarcar a dimensão da crise em que vivemos. Faz-se necessário olhares conjuntos, de diversas ciências. Há uma interação e interdependência de seres, de acontecimentos. Nossa visão não pode mais ser compartimentada, dividida em partes, sem noção do todo. Uma compreensão holística e sistêmica da vida poderá transformar a realidade científica e interligar todos o seres em novas comunidades vivenciais regidos por sentimentos e valores como solidariedade e paz. Em seu livro A canção das sete cores Brandão, nos sugere alguns pontos de convergência e relacionamento entre Educação Ambiental e construção da Paz. 

A Educação Ambiental tem vocação emancipatória e voltada à causa da Paz e situa-se muito além da simples transmissão de conhecimento, mas tem função social no sentido de realizar desejos e aspirações humanas;

A escolha da Educação Ambiental como projeto para a formação humana centra-se em novos valores e idéias e em uma nova relação entre os seres humanos e destes com os demais seres viventes e com o seu meio;

21

AMPARO, Nelcinéa Cairo do. Ética ecológica y Educación Ambiental, p. 7. Disponível em: www.naya.org.ar/congreso2004/ponencias/nelcinea_amparo_1.doc . Acesso em: 24 out. 2005.

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A Educação Ambiental emancipatória e dirigida à causa da Paz considera que os princípios de domínio e exploração na relação ser humano versus natureza devem ser radicalmente mudados, na sua base, permitindo que a vida humana seja regida por valores e princípios éticos como a cooperação, solidariedade e a partilha, “em busca da pacificação das relações entre os seres humanos e entre a humanidade e os outros seres da Vida”; (BRANDÃO, Carlos Rodrigues, 2005, p.84)

Na construção de novas comunidades e de novos relacionamentos a Educação Ambiental faz renascer novas espiritualidades, filosofias e projetos humanistas de vida, os quais abrem espaços para a partilha, a co-responsabilidade e a participação crítica entre os diversos atores na criação de mundos sociais embasados em uma nova Ética de relacionamento, onde o individualismo, o egoísmo e a competição não sejam valorizados.

A Educação Ambiental com vocação emancipatória e pacifista reintegra valores e conhecimentos excluídos pela ciência e valoriza afetos, sensibilidades, o ser e as emoções valorizando-os da mesma maneira que são valorizadas as dimensões racionais do ser humano.

A Educação Ambiental com propósitos pacifistas não pode prender-se ao currículo escolar, mas deve ser um novo impulso, uma nova energia, na transformação da própria educação e consequentemente, da humanidade22. A Educação Ambiental torna-se um caminho para a Paz local e planetária. Não pode

escapar à sua vocação de construir novos paradigmas, embasados em novos valores e conhecimentos e de fundar novas relações sociais no presente.

4.10 Educação Ambiental e Paz nas Conferências Intergovernamentais

Nas Conferências e Documentos que tratam das questões ambientais a Educação Ambiental deve tratar diversas questões globais entre elas a Paz. Citarei apenas algumas

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BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A canção das sete cores: educando para a Paz. São Paulo: Contexto, 2005, p. 8485.

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afirmações a respeito. O primeiro parágrafo da Recomendação nº. 2. da Conferência de Tbilisi no diz o seguinte:

Reconhecendo que a educação ambiental deveria contribuir para consolidar a paz, desenvolver a compreensão mútua entre os Estados e constituir um verdadeiro instrumento de solidariedade internacional e de eliminação de 23

todas as formas de discriminação racial, política e econômica .

O Princípio 7 dos Princípios da Educação para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global elaborados no Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global em 1992 nos diz o seguinte: A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e inter-relações em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico. Aspectos primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao meio ambiente, tais como população, saúde, paz, direitos humanos, democracia, 24

fome, degradação da flora e fauna, devem se abordados dessa maneira .

O Caderno de História da Declaração de Tessalônica nos diz o seguinte: A reorientação da educação como um todo em direção à sustentabilidade envolve todos os níveis de educação formal, não-formal e informal, em todas as nações. 0 conceito de sustentabilidade não se restringe ao ambiente físico, mas também abrange as questões da pobreza, população, segurança 25

alimentar, democracia, direitos humanos e paz .

É interessante observar que as citações acima, retiradas de alguns documentos oficiais, nos colocam a questão educacional como fator para a construção de saberes,conhecimentos, e o desenvolvimento do meio ambiente de forma sustentável, construindo valores, princípios éticos e a Paz. 23

Algumas Recomendações da Conferência Intergovemamental sobre Educação Ambiental aos Países Membros (Tbilisi, CEI, de 14 a 26 de outubro de 1977). Disponível em: http://www.mec.gov.br/se/educacaoambiental/tbilis02.shtm . Acesso em: 10 nov. 2005. 24 Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Disponível em: http://www.mec.gov.br/se/educacaoambiental/tratad02.shtm . Acesso em: 05 nov. 2005. 25 DECLARAÇÃ0 DE THESSALONIKI. Caderno de História. Disponível em: http://www.mec.gov.br/se/educacaoambiental/eabra059.shtm . Acesso em: 12 nov. 2005.

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LEITURA RECOMENDADA

ÁLAMO, Bernayas apud AMPARO, Nelcinéa Cairo do. Ética ecológica y Educación Ambiental, p. 5. Disponível em: www.naya.org.ar/congreso2004/ponencias/nelcinea_amparo_1.doc . Acesso em: 24 out. 2005. Algumas Recomendações da Conferência Intergovemamental sobre Educação Ambiental aos Países Membros (Tbilisi, CEI, de 14 a 26 de outubro de 1977). Disponível em: http://www.mec.gov.br/se/educacaoambiental/tbilis02.shtm . Acesso em: 10 nov. 2005. AMPARO, Nelcinéa Cairo do. Ética ecológica y Educación Ambiental, p. 7. Disponível em: www.naya.org.ar/congreso2004/ponencias/nelcinea_amparo_1.doc . Acesso em: 24 out. 2005. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A canção das sete cores: educando para a Paz. São Paulo: Contexto, 2005. CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1982. Ética y Educación en Valores sobre el Medio Ambiente para el siglo XXI. Carlos Osorio M. http://www.campus-oei.org/valores/boletin11.htm . Disponível em: 01 nov. 2005. GRÜN, Mauro apud PELIZZOLI. M. L. A emergência do paradigma ecológico: reflexões ético-filosóficas para o século XXI. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1999. LA TORRE, M. Antonietta. Ecología y moral. La irrupcíon de la instancia ecológica en la ética de Occidente. Bilbao: Editorial Desclée de Brouwer, 1993. PECCEI, Aurélio e IKEDA, Daisaku. Antes que seja tarde demais. Rio de Janeiro: Record, 1984. SOSA apud AMPARO, Nelcinéa Cairo do. Ética ecológica y Educación Ambiental, p. 4. Disponível em: www.naya.org.ar/congreso2004/ponencias/nelcinea_amparo_1.doc . Acesso em: 24 out. 2005 TIEZZI, E. apud. LA TORRE, M. Antonieta. Ecología y moral. La irrupcíon de la instancia ecológica en la ética de Occidente. Bilbao: Editorial Desclée de Brouwer, 1993. TOYNBEE, Arnold. A sociedade do futuro. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2 ed., 1974. p. 39. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br

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Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Disponível em: http://www.mec.gov.br/se/educacaoambiental/tratad02.shtm . Acesso em: 05 nov. 2005. Links: http://www.cenedcursos.com.br/ http://www.cenedcursos.com.br/reciclagem-de-vidro-passo-a-passo.html http://www.cenedcursos.com.br/reciclagem-de-papel-processo.html http://www.cenedcursos.com.br/reciclagem-de-pet-saiba-como-fazer.html http://www.cenedcursos.com.br/compostagem-lixo-organico-domestico.html http://www.cenedcursos.com.br/preservacao-meio-ambiente-cidadania.html

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