Em Tempo Especial - 02 de Dezembro de 2018

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ANO XXXI – Nº 9.930 – Manaus, sábado e domingo, 1º e 2 de dezembro de 2018 Presidente: Otávio Raman Neves

DEZEMBRO VERMELHO Especial

PREVINA-SE Com os primeiros sinais datados de 1977, a Aids entrou no cotidiano da humanidade de forma silenciosa, até se transformar, nos anos 1980, em um dos maiores males do planeta. Até hoje sem cura, o vírus é motivo de constantes pesquisas em centenas de laboratórios pelo mundo, que até hoje conseguiram apenas a formulação de drogas para amenizar o desenvolvimento da doença no corpo do infectado. Neste especial, o EM TEMPO mostra que no mundo estimativas apontam que há aproximadamente 37 milhões de pessoas infectadas. De 2012 a 2017, o Brasil registrou uma queda de 15,7% na taxa de detecção de Aids. De 2000 até junho deste ano, o Amazonas registrou 3.164 casos de grávidas infectadas com o vírus HIV. Com a Campanha Dezembro Vermelho, a Prefeitura de Manaus busca estimular a população para adoção de práticas mais saudáveis de vida, além de intensificar as ações de prevenção e a importância da adesão ao tratamento para aqueles pacientes que têm o vírus. Leia e se previna.

APOIO


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Dezembro Vermelho

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Campanha busca estimular a população à adoção de práticas mais saudáveis de vida e prevenção

Prefeitura abre programação do P

ara marcar o Dia Mundial de Luta contra a Aids, 1º de dezembro, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), preparou uma grande programação da Campanha Dezembro Vermelho. A primeira ação aconteceu neste sábado (1º), em apoio ao Fórum Amazonas de Organizações da Sociedade Civil IST/Aids e Tuberculose, com um ato público realizado na avenida Constantino Nery, entre o Complexo Poliesportivo Vasco Vásquez e a Arena da Amazônia. A programação será iniciada a partir das 17h30, com a distribuição de preservativos masculinos e femininos, orientações sobre a prevenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), além de velas acesas em memória aos pacientes que faleceram em decorrência da Aids. O secretário municipal de Saúde, Marcelo Magaldi, explica que, durante todo o mês de dezembro, profissionais da Semsa irão intensificar as ações de prevenção, diagnóstico e adesão ao tratamento do HIV. “A campanha pretende esti-

‘Dezembro Vermelho’

no combate ao HIV Durante o mês de dezembro, profissionais da Secretaria Municipal de Saúde irão intensificar ações de prevenção, diagnóstico e adesão ao tratamento do HIV

mular a população para adoção de práticas mais saudáveis de vida, para o cuidado com a prevenção, como a utilização de preservativos nas relações sexuais, e para a busca da testagem rápida para HIV nas unidades de saúde. Além disso, estaremos reforçando a importância da adesão ao tratamento para aqueles pacientes que têm o vírus HIV. Com o tratamento adequado, é possível reduzir a carga viral do HIV e, assim, diminuir as chances de transmissão”, explica Marcelo Magaldi. Programação Durante o Dezembro Vermelho, a Semsa vai intensificar a oferta da testagem rápida para detecção do HIV, que já é disponibilizada em 147 Unidades de Saúde de Manaus, além de uma unidade itinerante. Como ação de prevenção da doença, haverá reforço nas ações de educação em saúde e da distribuição de preservativos e gel lubrificantes nas unidades de saúde. A Semsa também está organizando

a II Corrida Contra o Preconceito, marcada para o dia 22 de dezembro na Ponta Negra, que vai reunir pessoas de todas as idades, de diversos segmentos governamentais e não governamentais e as Organizações da Sociedade Civil que trabalham na luta contra a Aids. “Essa atividade foi planejada como forma de chamar a atenção para o combate ao preconceito e discriminação contra as pessoas diagnosticadas com o vírus HIV, que ainda existe na sociedade e que acaba por prejudicar ou dificultar as ações de prevenção, controle e tratamento da doença”, destaca Marcelo Magaldi. Dados Epidemiológicos Entre janeiro e nov e mbro deste a n o , foram

notificados 1.185 novos casos de HIV em residentes de Manaus. Do total geral desses casos notificados, 923 foram em indivíduos do sexo masculino (77,90%) e 262 do sexo feminino (22,10%). A maior prevalência foi para as faixas etárias de 15 a 49 anos de idade. Apesar da categoria de maior exposição ao HIV ser heterossexual, outros grupos, considerados pelo Ministério da Saúde como população chave (gays, homens que fazem sexo com homens, pessoas Trans, profissionais do sexo, pessoas em privação de liberdade e usuários de álcool e outras drogas) também apresentam crescimento anualmente no número de notificações em Manaus. Jovens e adolescentes na faixa etária de 15 a 29 anos também representam grupo de crescen-

te exposição e prevalência de infecção pelo vírus HIV. Brasil De acordo com informações do Núcleo de Infecções Sexualmente Transmissíveis e Hepatites Virais da Semsa, os dados do Ministério da Saúde revelam que, de 1980 a junho de 2018, foram identificados 926.742 casos de Aids no Brasil, um registro anual de 40 mil novos casos. Em 2012, a taxa de detecção de Aids era de 21,7 casos por cada 100 mil habitantes e, em 2017, foram 18,3, mostrando queda de 15,7%. Em quatro anos houve queda de 16,5% na taxa de mortalidade pela doença, passando de 5,7 por 100 mil habitantes, em 2014, para 4,8 óbitos em 2017. Data O Dia Mundial de Luta contra a Aids foi instituído em 27 de outubro de 1988 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidades (ONU) e da Organização Mundial de Saúde (OMS), cinco anos após a descoberta do vírus causador da Aids, o HIV, e tem o objetivo de sensibilizar a opinião pública para as questões relacionadas à prevenção e ao controle do HIV/Aids, bem como reduzir o preconceito e a discriminação, promovendo o respeito e a garantia dos direitos a saúde de todas as pessoas que vivem com HIV.

O teste rápido de detecção do HIV, que já é disponibilizada em 147 Unidades de Saúde de Manaus, contará com unidade itinerante


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Em 2017, aproximadamente 37 milhões de pessoas no mundo viviam com HIV e 15 milhões deste percentual não tiveram acesso ao tratamento

Lucas Vitor Sena

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mês de dezembro é reservado à luta contra o vírus HIV e à Aids. A preocupação para isso não é sem motivo: segundo um relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids (Unaids), no mundo inteiro, de cada dez pessoas, apenas uma fez o teste e sabe que está com o vírus. Em 2017, aproximadamente 37 milhões de pessoas no planeta viviam com HIV e 15 milhões desse percentual não tiveram acesso ao tratamento. No Brasil, o dado é ainda mais alarmante. Estimativas do Ministério da Saúde mostram que existem 866 mil infectados em todo o país, mas 16% desses infectados ainda não foram diagnosticados. Há um ditado no mundo militar que diz “para combater o seu inimigo, é preciso conhecê-lo”. Desse modo, o EM TEMPO apresenta a você uma linha do tempo e um breve histórico do descobrimento da Aids como doença. Tudo começou em 1977, quando a pesquisadora dinamarquesa Margrethe Rask morreu aos 47 anos apresentando sintomas incomuns para a idade. Década de 1980 Em 1981 começam a surgir os primeiros relatos de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids, na sigla em inglês), e, em 1982, os primeiros sete casos começam a surgir no Brasil, mais especificamente em São Paulo. No mesmo ano, casos de Aids começam a ser relatados em outros 14 países no mundo inteiro. Já em 1984, dois grupos de pesquisadores descobrem o retrovírus causador da Aids: o primeiro grupo, chefiado pelo Dr. Luc Montangnier, do Instituto Pasteur, de Paris; e outro chefiado pelo Dr. Robert Gallo, dos Estados Unidos. Em 1986, surge o primeiro medicamento-teste para o combate do HIV, o AZT. Começam a cair alguns índices de mortalidade devido ao uso do medicamento. A Inglaterra foi pioneira, ao abrir o primeiro hospital para tratamento da Aids, em 1987. No ano seguinte, a Organização Mundial de Saúde (OMS) cria o Dia Mundial da Aids, e,

A Aids deu

os primeiros

sinais em

em 1989, começa a aumentar o número de medicamentos para o combate ao HIV. Década de 1990 O início da década de 1990 foi marcado pelas mortes de ícones da música mundial, como Cazuza e Freddie Mercury, vítimas do vírus. Em 1994, começa a surgir o coquetel com várias outras drogas do grupo AZT, para controlar o avanço do vírus no corpo do paciente infectado. Os medicamentos do coquetel começam a chegar à rede pública de saúde brasileira em 1996. Em 1999, o Brasil registra 155.590 casos de Aids, sendo 43,23% na faixa etária entre 25 e 34 anos. Anos 2000 No ano 2000, o Ministério da Saúde lança a estatística de uma mulher infectada pelo HIV a cada dois homens infectados. Em 2004, é lançado o primeiro algoritmo brasileiro para os testes de genotipagem, que detecta o vírus. O número de casos chega a 362.364. 2006 Em 2006, uma estatística grave: o número de casos chega a 433.000. Ao mesmo tempo, o preço do antirretroviral Tenofovir diminui em 50%. Em 2008, o Brasil intensifica os esforços e constrói a primeira fábrica estatal de preservativos, que utiliza o látex de seringal nativo do Acre. No ano seguinte, o país bate o recorde de distribuição de preservativos: 465,2 milhões.

Primeiros relatos da doença surgiram na década de 1980. Estimativas recentes do Ministério da Saúde mostram que, ao mesmo tempo em que a doença avança, o Brasil tem avançado no combate ao vírus

2011 Já em 2011, casas de apoio e atendimento a adultos portadores da doença passam a contar com incentivo do governo federal, que será destinado ao custeio de ações a serem desenvolvidas com crianças e adolescentes. 2018 Finalmente, em 2018, com iniciativas como o Viva Melhor Sabendo Jovem, o número de diagnósticos precoces cresce, ao mesmo tempo em que diminuem os diagnósticos de Aids. Os dados revelam uma maior conscientização da população sobre o problema.


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Política

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politica@emtempo.com.br | Thiago Botelho

FOTOS: REPRODUÇÃO

Luana Dávila

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estre em criminologia e investigação policial pela Interpol em Portugal, Pablo Oliva de Souza, de 42 anos, é delegado federal há 11 anos e foi eleito deputado federal pela primeira vez, com a segunda maior votação do Amazonas. Em defesa do novo e na luta contra a velha política, o político do PSL – mesmo partido do presidente eleito Jair Bolsonaro - é uma das revelações da eleição de 2018, onde obteve 151.649 votos (8,60% dos válidos), sendo, inclusive, o que teve o menor gasto na eleição, R$44.656,38. Ao EM TEMPO, o deputado, que ocupará no dia 1º de janeiro de 2019 o seu primeiro cargo político eletivo, revelou que a campanha movida no país a favor do presidente eleito Jair Bolsonaro teve a resposta da mudança nas urnas e contribuiu bastante para a sua vitória. O delegado federal também conta sobre seus projetos e seus compromissos com o Amazonas no Congresso Nacional. EM TEMPO - O senhor foi o segundo mais votado na disputa para deputado federal do Amazonas logo na primeira vez em que se candidatou a um cargo eletivo. A que se deve essa votação expressiva? Pablo Oliva - Com certeza, é resultado do trabalho dedicado na campanha e do desejo das pessoas de renovar seus representantes, escolhendo pessoas que, como eu, nunca foram políticos, mas que têm na sua história a luta pelo Amazonas. EM TEMPO – O senhor acredita que o fenômeno Jair Bolsonaro contribuiu para sua companha? PO - Contribuiu bastante. Ser o candidato de Jair Bolsonaro no Amazonas trouxe a chancela do presidente eleito de que nós dois estaremos alinhados em busca do melhor para os amazonenses. EM TEMPO – O senhor foi o deputado federal no Amazonas que teve o menor gasto de campanha, segundo declaração feita à Justiça Eleitoral. Esse dinheiro foi investido em quais segmentos? PO - Principalmente em mídia, nas redes sociais, e na confecção de material de divulgação. Os valores baixos demonstram que o povo já entendeu que o voto não tem preço e que a cidadania não pode ser comprada. Foi assim com diversos candidatos Brasil à fora.

PABLO OLIVA

O povo já entendeu que o voto não tem preço donado pelo governo federal. A defesa da Zona Franca de Manaus (ZFM) é pauta constante, e o desenvolvimento dos municípios interioranos será compromisso meu neste mandato.

seios do povo do Amazonas.

EM TEMPO – Qual o maior desafio do seu mandato?

PO - Estarei sempre prestando contas aos amazonenses e ao povo brasileiro dos desafios enfrentados, dos resultados obtidos e dos planos para o nosso futuro. Vamos fazer juntos um mandato de sucesso. Convido todos a acompanhar meu trabalho, desde já, nas redes sociais, basta procurar pelo perfil @delegadopablo no meu Instagram. Lá, diariamente, estarei mostrando os trabalhos desenvolvidos em prol do povo do Amazonas.

PO - Lutar contra a velha política que ainda ronda Brasília. Com hábitos e vícios que já venho combatendo enquanto delegado da Polícia Federal e que agora vou batalhar para mudar como parlamentar federal.

EM TEMPO – O senhor acrediEM TEMPO – Quais serão ta que a nova política veio para suas principais lutas em de- ficar? fesa do Amazonas no ConPO - Tenho certeza. Vejo nos gresso Nacional? olhos e nos corações das pessoPO - O nosso Estado tem as a confiança depositada na pomuitas demandas e necessi- lítica como meio de transformadades. A cidade de Manaus ção das vidas de todos. Rogo a não recebe a devida aten- Deus sabedoria e discernimento ção, e o interior está aban- para responder à altura dos an-

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Ser o candidato de Jair Bolsonaro no Amazonas trouxe a chancela do presidente eleito de que nós dois estaremos alinhados em busca do melhor para os amazonenses.

EM TEMPO – Como o senhor pretende usar as mídias sociais para se aproximar e conversar com o seu eleitorado?

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Dezembro Vermelho

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FOTOS: MÁRCIO MELO E IONE MORENO

O que fazer em caso de suspeita de contaminação pelo vírus HIV A indicação de especialistas é procurar tratamento médico, tomar os medicamentos e seguir protocolo do Ministério de Saúde do governo federal Robson Adriano

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vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é transmitido por meio de contato direto ou transfusão de sangue infectado, compartilhamento de agulhas e relação sexual sem o uso de preservativos. De acordo com a enfermeira da Coordenação Estadual de DST/Aids e Hepatites Virais, Evelyn Campelo, o tratamento depende muito do estado de saúde da pessoa. “Após o diagnóstico, quando o médico indica exames como o carga viral, para ver como está a concentração do vírus no organismo. Com base nisso, começa o tratamento”, afirma Campelo. A coordenadora diz, ainda, que existem vários esquemas de tratamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). “São mais de 20 medicamentos disponíveis que podem ser tomados isoladamente ou em conjunto. O primeiro tratamento consiste em três medicamentos, três retrovirais combinados, e aí vamos modificando o esquema ao longo da vida do paciente, de acordo com a resposta do organismo”, destaca a enfermeira. Protocolo Basicamente, o protocolo indicado pelo Ministério da Saúde consiste na indicação de medicamentos antirretro-

Especialistas em saúde afirmam que fazer o teste rápido é bom para iniciar o tratamento médico contra o vírus do HIV

virais (ARV) para reduzir os riscos de adquirir a infecção pelo HIV. Antes de tomar o medicamento, a pessoa com suspeita de infecção passa por um questionário e triagem para saber o grau de possibilidade de contaminação. Em caso de suspeita de Aids, devido a comportamento de risco, como ter relações sem preservativo ou compartilhar agulhas e seringas contaminadas, é importante ir ao médico para fazer exames de sangue e verificar se ficou realmente infetado com o vírus. No entanto, o vírus do HIV só é detetado no sangue cerca de 1 mês após o comportamento de risco e, por isso, é necessário esperar pelo diagnóstico, sendo importante manter o uso de camisinha em todas as relações para não contaminar os parceiros. Desta forma, no caso de suspeita de Aids, é

importante seguir algumas indicações, como ir ao médico. Quando tem contato com um individuo que tem Aids ou se suspeita que possa estar in-

fetado, deve-se ir ao médico para agendar o dia em que pode fazer o exame de sangue para verificar se está realmente infectado pelo vírus, já que o

exame só pode ser feito cerca de 30 dias depois. No caso de profissionais de saúde, é possível, em alguns casos, pedir ao infeciologista para tomar uma dose profilática de remédios para o HIV até 72 horas, o que diminui o risco de desenvolver a doença, além das vitimas de estupro, que, além de poderem tomar o coquetel, necessitam recolher vestígios que ajudem a identificar o agressor. No caso de já ter passado mais do que um mês após o comportamento de risco, o médico pode fazer o teste de HIV rápido no consultório e saber o resultado no momento. Para se ter certeza se há contaminação, é possível fazer dois testes. O teste rápido é um exame simples que exige apenas uma pequena picada na ponta do dedo para colher uma gota de sangue e que é colocado em um dispositivo de testagem, os resultados surgem em, no máximo, 30 minutos, podendo ser feito em uma consulta médica ou com outros métodos, como o laboratorial, que também ajuda na hora da detecção do vírus.

A melhor forma de prevenir contra o HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis é usando camisinha durante as relações


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A realidade da luta de crianças e adolescentes Mesmo em pleno século 21, o preconceito e falta de informação ainda são grandes obstáculos a serem derrubados João Gomes

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edicar a vida a crianças e adolescentes em risco social e portadores do vírus da Aids é a missão assumida há quase 19 anos pela Associação de Apoio à Criança com HIV (Casa Vhida). A instituição, localizada no bairro Dom Pedro, na Zona Centro-Oeste da capital do Amazonas, trabalha não só pelo desenvolvimento saudável dos jovens, mas também na luta contra o preconceito com a doença. As paredes coloridas que dão vida à Associação deixam claro que no local o espaço é das crianças, e nada melhor que a inocência e a esperança que pulsa naturalmente dos pequenos para enfrentar problemas que muitas vezes nem eles ainda entendem. Por meio dos serviços de assistência social e psicologia, desde 1999 a instituição desenvolve projetos que proporcionam melhoria da qualidade de vida e bem-estar dos menores de idade portadores do vírus HIV. A casa foi criada a partir da iniciativa de um grupo de profissionais envolvidos no atendimento de crianças portadoras da doença na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMTAM). O projeto social busca proporcionar a convivência social, oferecendo atividades de educação, capacitação, lazer e saúde

em ambiente adequado. Entre as dinâmicas oferecidas, estão as oficinas de culinária, artes manuais, informática e nutrição. Dividido em um vasto espaço que funciona em dois andares como creche, o prédio conta com área de lazer, playground, dormitórios, cozinha coletiva, além dos departamentos de coordenação. O que começou como uma pequena iniciativa social ainda na década de 1990, hoje é uma das maiores referências de luta contra a Aids no Norte do Brasil. Preconceito A coordenadora do centro, Hericka Amorim, conta que no local cerca de 1,4 mil crianças e adolescentes são assistidos pelo projeto. Das mais de mil crianças abraçadas pela iniciativa, oito moram na Casa Vhida, que tem espaço para acolher até vinte internos. Ainda de acordo com Hericka, entre problemas de saúde e de finanças, a maior luta travada ao lado dos pequenos é a batalha contra o preconceito. “Ainda no século 21, infelizmente nós ainda sofremos com muita falta de informação. As crianças às vezes sofrem mais pelo tratamento preconceituoso, que elas presenciam fora daqui, do que pela própria doença, que nem todas ainda entendem. Por conta disso, o combate ao preconceito virou até tema de uma campanha nossa”, lembra. Na luta contra o preconceito, Hericka ressalta que a naturalidade aplicada à rotina das crianças e adolescentes é a ferramenta usada para frear qualquer sentimento de diferença e exclusão vivido por eles. “Aqui eles vivem uma rotina dentro do mais normal possível. Vão à escola, têm deveres de casa, horários a serem cumpridos, e, dessa forma, a gente vai mostrando que é possível viver normalmente, mesmo em condições de contato com o vírus”, explica. A coordenação do espaço explica que jovens direcionados

à Casa Vhida são encaminhados pela Justiça por meio do Conselho Tutelar e do Juizado da Infância e da Juventude. São filhos infectados pelas próprias mães ainda durante a gravidez, condição cientificamente intitulada como “Transmissão Vertical”. Serviço Cerca de 832 crianças se beneficiam semanalmente da doação de leite, além de receberem ajuda com roupas, calçados e alimentos não perecíveis, sempre que há disponibilidade. O fornecimento de leite aos bebês filhos de mães portadoras do HIV é uma das prioridades da associação, tendo em vista que a amamentação é contraindicada nesses casos. “Nosso ideal é sempre tentar restabelecer o vínculo afetivo que, por vezes, ainda pode ser resgatado entre a criança e os pais que em algum momento foram negligentes”, diz comunicado da casa. Em sua diretoria, a Associação de Apoio à Criança com HIV conta com voluntários que procuram, por meio da realização de eventos sociais e parcerias com empresas e fundações, conseguir recursos para a manutenção das crianças assistidas. A comunidade também participa por meio de doações e de eventos beneficentes realizados com o apoio de colaboradores. “Moram conosco jovens que chegam até aos 17 anos aqui e,

por conta da maior idade, não podem mais permanecer no abrigo. Pensando nisso, existe um intenso acompanhamento psicológico, para que o assistido seja autossuficiente ao sair da instituição na maior idade”, esclarece Hericka Amorim. Apoio Com a chegada do Natal, a campanha Dezembro Vermelho, promovida nacionalmente em alusão ao combate ao vírus HIV por meio da prevenção e luta contra o preconceito, também traz à tona a disposição para ajudar a causa. No dia 22 de dezembro, a instituição promove a Festa de Natal da Vhida e já trabalha para arrecadar o máximo de doações possíveis. Além de presentes para as crianças e

adolescentes, a casa precisa de doações de latas de leite e alimentos não perecíveis. Alimentos ricos em proteínas também estão entre as prioridades para doações à casa, como por exemplo, carne, peixe, frango e ovos. A Casa Vhida fica localizada na rua Pedro Álvares Cabral, nº 395, no bairro Dom Pedro I, Zona Centro-Oeste de Manaus. Mais informações podem ser encontradas por meio do (92) 3656-1250.

REPRODUÇÃO


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‘Durante a gravidez eu descobri que tinha AIDS’

Em relato ao EM TEMPO, mulher conta que descobriu que o namorado, hoje marido, portava o vírus, somente depois de engravidar, mas o perdoou e hoje segue a vida ao lado dele. Com os tratamentos, o filho nasceu sem o vírus REPRODUÇÃO

*Raphael Tavares

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os conhecemos durante o carnaval de 2016 em um bar no bairro São Francisco. Ele estava bem vestido e foi bastante galanteador durante toda a conversa que tivemos. Eu tinha saído de um relacionamento há 6 meses e não estava à procura de ninguém. Queria apenas curtir a vida, mas, naquela festa, naquele momento, pensei ter encontrado o meu novo amor. Mal sabia o que me esperava pela frente, uma luta contra a AIDS. Durante a festa, nos beijamos bastante, ele queria ir para minha casa e eu resistia em dizer que não queria passar daquela noite. Mas, após muita insistência e o bom papo dele, eu cedi em partes. Fomos dormir em um motel na Zona Sul da cidade. Lá tivemos relações sexuais sem proteção. Trocamos números e, após uma noite de muito prazer, cada um seguiu para a sua casa. Passamos a nos encontrar diariamente. Todo dia ele aparecia na minha casa ou, às vezes, marcávamos para ir ao cinema. Durante os primeiros encontros, sempre parávamos no motel e, sem proteção, mantínhamos relações sexuais. Meses depois mudei

de casa. Fui morar sozinha e então os encontros passaram a ser na minha nova casa. Após três meses, surgiu o pedido de namoro e com ele a vontade dos dois de morar juntos. Passou uma semana que aceitei o pedido, ele veio morar na minha casa. Passamos a dividir o mesmo teto, acordar na mesma cama. Eu recebia café da manhã na cama. Ele cozinha muito bem. O jantar, após chegar do trabalho, era sempre uma surpresa para mim. Com dois meses de namoro, eu engravidei do meu segundo filho. O primeiro mora com o pai, pois na época não tinha condições de cuidar. A gravidez me trouxe uma grande felicidade, mas também uma notícia que mudaria toda a minha vida. Descobri, durante o momento mais feliz da minha vida, que era soro positivo. O que era felicidade se tornou um misto de tristeza e preocupação com aquela criança que estava sendo gerada no meu ventre. Durante o exame ele não estava comigo. Começou a trabalhar para ajudar a comprar as coisas para o bebê e não pôde me acompanhar. Foi nesse dia que descobri ser portadora do vírus da AIDS. Eu fiquei estarrecida, sem chão, sem saber o que fazer. Liguei para uma amiga me buscar no hos-

pital. Fui para casa com o meu encaminhamento para ir ao Tropical o mais rápido possível. No percurso do hospital até minha casa, não falei nada para a minha amiga, apenas chorava no carro, e ela entendeu que precisava me dar espaço. Cheguei em casa por volta das 9h muito abalada, fiquei sentada na cama, no quarto escuro, pensando na minha vida, até as 17h. Quando o meu marido chegou do trabalho, expliquei toda a situação para ele. Assustado e me pedindo perdão, ele começou a chorar. Em um primeiro momento, achei que era por conta da notícia que havia dito. Mas depois, com mais calma, ele me disse que era o responsável por eu ter o vírus. Eu estava abalada. Vi meu mundo cair. O homem que eu amo havia me enganado durante todo esse tempo, e o pior, com algo que mudaria significativamente a minha vida e a de todos ao meu redor. Eu fiquei com raiva, triste e precisei de alguns dias para refletir sobre o assunto. Não o expulsei de casa, mas durante algumas semanas ele não dormia mais junto a mim na mesma cama. Comecei todo o tratamento, inclusive para não infectar o meu bebê. Durante esse processo eu perdoei aquele homem,

porque o amava e amo até hoje. Ele é o meu norte. Ele me explicou que não me contou porque tinha medo de me perder, que eu fui a mulher que mais acreditou nele e o incentivou, que não queria ficar sem mim para o resto da vida. Meu filho nasceu, passou por diversos exames durante toda a infância, foi um alívio saber que ele não tinha o vírus, que está a salvo desse mundo onde vivo, tendo que me preocupar, tomar coquetéis de remédios para prolongar um pouco mais a minha vida. Mas me entristece saber que um dia posso não vê-lo mais crescer. Hoje vivemos em uma residência no terreno dos fundos da casa dos meus pais. Não contei para eles que sou soro positivo. Tenho medo da reação e do que eles podem fazer com a minha família. As únicas pessoas que sabem é o meu marido e alguns amigos que confio muito e sei que jamais irão interferir de forma negativa na minha vida. Ainda hoje acredito no amor que sinto por esse homem que entrou na minha vida. Não me vejo mais sem ele e nem ele sem mim”. *Repórter transcreveu as palavras da entrevistada que pediu sigilo do nome

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Conheça histórias de artistas famosos Quando a Aids foi descoberta, entre o final da década de 70 e início dos anos 80, a doença vitimou e abalou vários artistas e intelectuais famosos no Brasil e no mundo Lucas Vitor Sena

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os dias de hoje já existam mecanismos de identificação, controle e prevenção do vírus HIV, mas nem sempre foi assim. Quando a Aids foi descoberta, entre o final da década de 1970 e o início da década de 1980, o mal vitimou vários artistas e intelectuais famosos no Brasil e no mundo, como Michel Foucault, Freddie Mercury, Cazuza e Renato Russo. Confira histórias de famosos que faleceram vítimas dessa terrível doença.

Cazuza Considerado um dos maiores cantores do rock brasileiro, Cazuza integrou a banda Barão Vermelho ao lado de Roberto Frejat durante a década de 1980. Autor de clássicos como “Ideologia”, “Pro Dia Nascer Feliz” e “Codinome Beija-Flor”, Cazuza foi diagnosticado com a Aids em 1987, após uma crise de pneumonia, e assumiu a doença publicamente em fevereiro de 1989. “Caju” ou “Exagerado”, como era conhecido, chegou a fazer tratamento nos Estados Unidos com o medicamento AZT, ainda em 87. No entanto, depois de mais uma viagem ao exterior em 1990, o cantor faleceu em julho daquele ano. Para contar a história de sua vida, a mãe dele, Lucinha Araújo, escreveu o livro “Só As Mães São Felizes”. Após sua morte, os pais também fundaram a Sociedade Viva Cazuza, que luta por melhores condições de vida para crianças soropositivo.

Freddie Mercury, Renato Russo, Cazuza e Michael Foucault faleceram de Aids

que foram vítimas da Aids Freddie Mercury

O cantor e vocalista da banda Queen também foi uma das personalidades que sucumbiram diante do vírus do HIV. Conhecido pelas músicas “I Want To Break Free”, “We Are The Champions” e “Bohemian Rhapsody”, Mercury teve contato com o vírus em 1986, segundo boatos que circulavam na imprensa du-

rante a época, mas o diagnóstico só veio em abril de 1987. Mesmo com a aparência debilitada por conta da Aids, o cantor continuava negando os rumores de que estava doente. Por fim, em 22 de novembro de 1991, Freddie emitiu um comunicado por meio do empresário do Queen, assumindo a doença e dizendo que não falara antes para proteger a família. “No entanto che-

gou a hora de meus amigos e meus fãs saberem a verdade, e espero que todos se juntem a mim e aos meus médicos na luta contra essa terrível doença”. O cantor acabou falecendo dois dias depois, vítima de uma broncopneumonia acarretada pela Aids. A história da banda e de Freddie, inclusive, é contada no filme “Bohemian Rhapsody”, com Rami Malek no papel de Freddie.

Betinho

Michel Foucault O filósofo e sociólogo francês Michel Foucault, autor de obras como “Vigiar e Punir” e “História da Sexualidade”, nasceu em 1926, e faleceu em 1984, aos 57 anos, vítima da

Aids. Não se sabe quando o filósofo teve contato com o vírus do HIV, mas, após sua morte, seu companheiro, Daniel Defert, criou a AIDES, uma associação de luta contra o vírus e a hepatite viral.

Renato Russo Nome artístico de Renato Manfredini Júnior (Rio de Janeiro, 27 de março de 1960 - Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1996), foi um cantor e compositor brasileiro, célebre por ter sido o vocalista e fundador da banda de rock Legião Urbana. Renato morreu devido às complicações causadas pelo HIV, em 11 de outubro de 1996, na época com 36 anos, faltando apenas 1 dia para o aniversário da banda. Amigos do cantor afirmam que ele contraiu a doença após se envolver com um rapaz que conheceu em Nova Iorque, portador da doença, em 1989. Antes de fundar o Legião Urbana, Renato integrou o grupo musical Aborto Elétrico, do qual saiu devido às constantes brigas que havia entre ele e o baterista Fê Lemos. Adotou o sobrenome artístico Russo em homenagem ao inglês Bertrand Russell , ao suíço Jean-Jacques Rousseau e ao francês Henri Rousseau.

O sociólogo Herbert de Souza, conhecido como Betinho, também foi um dos intelectuais que sucumbiram à Aids. Como sofria de hemofilia, uma doença que impede a coagulação do sangue, Betinho era obrigado a se submeter a transfusões de sangue periódicas. Em uma dessas transfusões, acabou contraindo o vírus HIV, em 1986. Betinho não foi o único na família a contrair a doença. O cartunista Henfil, seu irmão, também era hemofílico e sofreu com a Aids. O sociólogo dizia que a condição de soropositivo o forçava a “comemorar a vida todas as manhãs”, e, no mesmo ano em que descobriu que estava com a doença, Betinho fundou e presidiu a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, com o objetivo de fomentar políticas públicas para o enfrentamento e prevenção da doença. Betinho faleceu em 1997, já bastante debilitado pela Aids, aos 61 anos.

Sandra Bréa A atriz Sandra Bréa, considerada um dos símbolos sexuais do Brasil nos anos 1970 e 1980, foi uma das vítimas do HIV. Bréa iniciou a carreira aos 13 anos de idade e atuou em novelas consagradas da TV Globo, como “O Bem-Amado”, “Elas Por Elas”, “Ti-Ti-Ti” e “Felicidade”. O diagnóstico de Sandra veio em agosto de 1993, quando a atriz resolveu assumir publicamente a doença, se tornando um dos marcos na luta contra a discriminação. Pela vulnerabilidade causada pelo vírus do HIV, Sandra foi detectada com um câncer no pulmão. Faleceu em maio de 2000, pela metástase do câncer.


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A importância do acompanhamento psicológico e social do portador FOTOS: MÁRCIO MELO

Geralmente, a comunicação dessa enfermidade é feita para os familiares, por meio de psicólogos e assistentes sociais especializados no tratamento do vírus HIV Andreza Cunha

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portador do vírus HIV responsável pela doença conhecida como Aids - ainda é muito estigmatizado nos dias de hoje, apesar de todo o avanço na medicina e dos tratamentos que possibilitam uma longevidade segura, se o paciente diagnosticado com o vírus seguir todas as indicações médicas. Sem os devidos cuidados da rede pública ou particular de saúde, o infectado tem maiores chances de desenvolver doenças precocemente. Pensando na delicadeza que é o momento do diagnóstico, que envolvem inúmeras emoções, o resultado é informado por um psicólogo ou um assistente social, no Amazonas. “Geralmente são os dois especialistas que dizem o resultado assim que ele está pronto. Os dois fazem toda a abordagem psicológica, explicando o que vai acontecer daquele momento em diante juntamente de um profissional especializado que fará as orientações médicas necessárias”, explicou a enfermeira da Fundação de Medicina Tropical (FMT), Evelyn Campelo. De acordo com a representante da Coordenação Estadual de DST/Aids e Hepatites Virais, o paciente diagnosticado com HIV sai com um encaminhamento

para uma unidade de saúde que tenham o Serviço de Atenção Especializada (SAE). “O paciente pode fazer um tratamento multiprofissional com o suporte psicológico de acordo com a indicação do infectologista, caso ele entenda que aquela pessoa precise de um acompanhamento, ou se o próprio paciente solicitar ajuda. O atendimento psicológico ocorre na unidade que ele se tratará da doença”, disse Campelo. Na FMT a equipe de psicologia e de enfermagem fazem um encontro quinzenal com grupos de pacientes para discutir questões relacionadas ao HIV no dia a dia. “Nos grupos de conversas discutimos a questão da qualidade de vida para desmistificar a ideia de que a pessoa que tem HIV vai morrer logo. Apesar de muito estigmatizado, nós sabemos que os tratamentos são extremamente eficazes. Vale lembrar que a adesão do paciente ao tratamento, quanto mais cedo for a descoberta da doença, mais cedo ele pode começar a se cuidar, posto que esta enfermidade não é uma sentença de morte”, finalizou a enfermeira. O paciente com HIV sofre com o preconceito e por isso o acompanhamento da saúde mental é muito importante. SAEs O acompanhamento das pessoas diagnosticadas com HIV, na capital amazonense, é feito nos Serviço de Atenção Especializada (SAE). A principal referência na cidade para o tratamento dos pacientes é a FMT, que atende casos graves que necessitem de internação. O atendimento pode ser feito também na Fundação Alfredo

da Matta (Fuam), além das policlínicas Comte Telles, no bairro São José, Dr. Antônio da Silva, no bairro Monte das Oliveiras e Dr. Antônio reis, no São Lázaro. Além destes locais, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) Leonor de Freitas no bairro Compensa e Arthur Virgílio, no Amazonino Mendes também fazem atendimentos. No interior os municípios de Parintins, Tabatinga, Tefé, Coari, Itacoatiara, Benjamin Constant e Maués possuem um SAE. Dados De acordo com dados epidemiológicos, entre os meses de janeiro e novembro deste ano, foram notificados 1.185 novos

casos do vírus HIV em residentes da cidade de Manaus. Desse total de casos notificados, 923 foram em indivíduos do sexo masculino (77,90%) e 262 do sexo feminino (22,10%). Apesar da categoria de maior exposição ao HIV ser heterossexual, outros grupos, considerados pelo Ministério da Saúde como população chave (gays, homens que fazem sexo com homens, pessoas trans, profissionais do sexo, pessoas em privação de liberdade, e usuários de álcool e outras drogas) também apresentam crescimento anualmente no número de notificações na capital do Amazonas. Em 2018, no período de janeiro a outubro, foram notificados 1.568 novos casos do vírus

Psicólogos fazem toda a diferença na hora de informar pacientes e familiares sobre a doença do HIV

HIV. Destes, 1.266 foram notificados em Manaus, representando 80,7% dos casos. A faixa etária mais acometida da Aids, de acordo com as notificações, é de 20 a 34 anos de idade, seguida depois por pessoas com 35 a 49 anos. Jovens e adolescentes, na faixa etária de 15 a 19 anos, também representam grupo de crescente exposição e prevalência à infecção pelo vírus HIV.


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Acessível a todos, teste rápido

tem credibilidade de 99,9% MÁRCIO MELO

Em alusão ao Dia Mundial de Luta Contra a Aids, a Susam irá oferecer mais de 47 mil testes rápidos para o diagnóstico do HIV durante todo este mês Andreza Cunha

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iagnosticar o vírus HIV nunca esteve tão acessível como antes. Agora, com o teste rápido é possível detectar o vírus a partir de uma pequena quantidade de sangue ou de saliva. Exames dessa natureza podem ser realizados gratuitamente na Fundação de Medicina Tropical (FMT), demais hospitais e Unidades Básicas de Saúde (UBS) da capital. Por mais que algumas pessoas desconfiem e tenham receio com relação a credibilidade do resultado do teste rápido, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirma que a sua efetividade é de 99,9%. De acordo com a enfermeira Evelin, que atua na FMT, o teste mais utilizado é o a partir da coleta de sangue, feito em total sigilo e por um profissional capacitado. “O teste só pode ser realizado por um profissional treinado e é muito fácil. Faz-se um furinho na polpa digital, na pontinha do dedo como se fosse fazer um teste de glicemia e se coleta um pouquinho do sangue. O resultado sai entre 15 e 30 minutos”, explicou a enfermeira. O teste pode ser feito por qualquer pessoa que tenha vida sexual ativa, entretanto, é, especialmente, recomendado para pessoas que se encontram no grupo de risco, como profissionais do sexo, moradores de rua, presidiários e usuários de drogas injetáveis. “Vale ressaltar que o exame precisa ser realizado periodicamente por todos, pois ninguém está isento da doença”, completa Evelin.

O teste rápido com sangue sai em, 30 minutos após a retirada da gota de sangue do dedo

A gota de sangue retirada por meio de uma picadinha no dedo é colocada no aparelho de teste rápido. Assim como um teste de gravidez, o resultado se dá por meio da aparição de linhas. Caso seja negativo, haverá apenas uma linha, diferentemente da reação positiva, onde aparecem duas linhas vermelhas. Saliva Já no caso do teste da saliva, é feito com um cotonete es-

pecial que deve ser passado na gengiva e na bochecha para coletar a maior quantidade de líquido e de células da boca do paciente. Assim como o diagnóstico do teste rápido com sangue, o resultado também sai após 30 minutos. Especialistas recomendam que ele deve ser realizado pelo menos 30 dias após algum comportamento de risco, como relação sexual sem preservativo. A indicação no dia de fazer o exame é estar pelo menos 30 minutos sem comer, beber, fumar ou escovar os dentes e não pode ser utilizado nenhum produto cosmético como batom. Indicações para o teste O recomendado é que os exames sejam realizados pelo menos 30 dias após algum comporta-

mento de risco, como por exemplo uma relação sexual sem proteção, ou o uso de drogas injetáveis, entre outros. Antes deste período os resultados podem dar errado, pois o organismo necessita um tempo para produzir a quantidade suficiente de anticorpos contra o vírus para que o exame detecte o vírus. No caso de pessoas que tiveram um comportamento de risco, mas o teste deu negativo, o recomendado é repetir o teste 30 dias após o resultado negativo, para se certificar de que primeiro exame não ocorreu um falso negativo. Pessoas que tiveram algum comportamento de risco e fizeram o teste, mas tiveram resultado negativo devem repetir o teste após 30 e 60 dias para se

certificar do resultado. Especialistas apontam que em alguns casos pode haver um resultado falso negativo. Após a confirmação da infecção pelo HIV, é importante seguir as orientações médicas para manter uma vida saudável e evitar a transmissão para outras pessoas. Campanha Em alusão ao Dia Mundial de Luta Contra a Aids, marcado no dia 1º de dezembro, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam) informou que irá oferecer mais de 47 mil testes rápidos para o diagnóstico do HIV. A Susam distribuirá ainda mais de 1,5 milhão de preservativos no Amazonas durante todo o mês de dezembro.

EXPEDIENTE! Edição Emerson Quaresma Thiago Monteiro e Luis Henrique Oliveira Diagramação Leonardo Cruz Mario Henrique Fotografias: Ione Moreno Márcio Melo Tratamento de Imagens Kleuton Silva Leon Sarmento Revisão Wanderson Feitoza


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