EM TEMPO - 1 de dezembro de 2013

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O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

PATRIMÔNIO AMEAÇADO A igreja de Tefé está lutando para tentar salvar o maior símbolo de sua história, o seminário São José. O castelo em estilo francês, datado de 1913, está completamente deteriorado e com estrutura comprometida. Pelo colégio passaram nomes importantes, como o ex-governador Amazonino Mendes. Dia a dia C1

O castelo em estilo francês começou a ser construído por monsenhor Michel Alfred Barrat, o primeiro prefeito apostólico de Tefé, em 1913. Hoje está abandonado

FUGA PARA MANAUS

COM A CRISE VENEZUELANA, 1,8 MIL HAITIANOS FUGIRAM PARA O AMAZONAS, ALERTA A IGREJA CATÓLICA, QUE RECEPCIONA OS REFUGIADOS. DIA A DIA C2 E C3 TÁXI

Dezembro é mês de bandeira 2 Economia B3 ESPERANÇA

ÉRICO DESTERRO

Vasco tem chance de escapar

Missão cumprida no TCE

Com 41 pontos, o Vasco pode deixar a zona de rebaixamento se vencer o lanterna Náutico, hoje, e ao menos um dos três times a sua frente na tabela tropeçarem na rodada. Pódio E3 e E5

No fim do mandato como presidente do Tribunal de Contas, Érico Desterro faz um balanço do cargo. Com a palavra A7

DESAPARECIDOS

O drama de suportar a ausência Pelo menos 45 pessoas desaparecem todos os meses, em Manaus, segundo delegacia especializada. Dia a dia C6 e C7

SAÚDE

‘DE BOA’

Flamengo poupa os titulares

A Banda Original Os embalos continuam (foto) já está em contagem regressiva

para a tradicional festa do arromba, que teve início há 45 anos e até hoje empolga gerações. Grupo promete um tributo aos bons tempos da Jovem Guarda, no próximo sábado, dia 7, no Tropical Hotel. Plateia D1

Pódio E5

SALÃO IMOBILIÁRIO

Brasileiros estão mais cansados

Imóveis com estilo sustentável

Estudo encomendado pelo grupo Sanofi aponta que 98% dos brasileiros estão cansados e muito estressados. Saúde e bem-estar F7

Construtoras desenvolvem em Manaus ações que têm como objetivo reduzir impactos no meio ambiente. Salão Imobiliário 8

FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS.

Begê Muniz Passeio já é o cara literário Depois de participar da novela “Amor à Vida”, o ator amazonense Begê Muniz começa a emplacar no cenário nacional. Elenco 20 e 21

Labirintos de erudição, os livros iluminam bem além do que os estados mentais se propõem a investigar. TEMPO EM MANAUS

MÁX.:

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MÍN.:

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RICARDO OLIVEIRA

ANO XXVI – N.º 8.194 – DOMINGO, 1º DE DEZEMBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO


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Última Hora

MANAUS, DOMINGO, 1º DE DEZEMBRO DE 2013

Mercado municipal sedia campanha sobre o câncer

Local foi escolhido para divulgar prevenção à doença que afeta intestino, pois população procura sempre os fitoterápicos IONE MORENO

MELLANIE HASIMOTO Equipe EM TEMPO

E

ntre as neoplasias malignas no Estado do Amazonas, o câncer de intestino ocupa o 4º lugar em incidência no sexo masculino e 6º no sexo feminino, de acordo com informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca). E é por conta disso que a Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino (Abrapreci), por meio de uma equipe multidisciplinar com o apoio do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), realizou durante a manhã de ontem a Campanha de Prevenção do Câncer do Intestino, no mercado Adolpho Lisboa. De acordo com a farmacêutica do HUGV, Marcelia Lopes, o local foi escolhido por ter comércio de remédios fitoterápicos. “A população tem o hábito frequente de tomar medicamentos para diminuir alguns sintomas, e alguns deles podem estar relacionados com o câncer de intestino, que causa uma dor epigástrica. Aí as pessoas tomam hidróxido de alumínio, omeprazol, chás de folhas ou cascas que podem mascarar esses sintomas. Orientamos que a medicação

deve ser tomada de acordo com prescrição médica”, informa. O médico gastroenterologista Gerson Nakajima, coordenador do evento, informa que essa automedicação, ao invés de curar, pode postergar uma lesão que está crescendo. “O intestino é dividido em quatro porções, e cada região dessas tem uma peculiaridade de sintomas que levam a desconfiar do câncer avançando. O paciente pode procurar uma Unidade Básica de Saúde e pedir os exames para o clínico, que pode investigar inicialmente. A partir daí, ele pode ser encaminhado para o especialista”, disse. O câncer colorretal é altamente curável, quando detectado cedo. A recomendação médica é de que a colonoscopia seja feita regularmente a partir dos 50 anos. Se houver casos na família, a indicação é que o exame seja feito antes. E a prevenção, ressalta Nakajima, é uma boa alimentação, aliada a prática de atividade física, assim como a ingestão de água. “A colonoscopia pode detectar pólipos, que podem ser removidos. Se houver adenoma, que é o que pode levar ao câncer, o paciente faz exames para acompanhar”, finaliza.

O trabalho no mercadão mostrou como o câncer intestinal pode ser detectado e tratado com sucesso se descoberto no início

‘CASO BELOTA’

PONTA NEGRA

Defesa tenta transferência de réu

REPRODUÇÃO

Imagem anexada na petição da defesa mostra supostas marcas de agressão em Rodrigo Alves

O réu Rodrigo de Moraes Alves, um dos acusados do triplo homicídio do “caso Belota”, deverá permanecer custodiado no Centro de Detenção Provisória de Manaus (CDPM) até que a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) preste informações sobre o risco de morte do acusado, apontado pelo seu advogado Mozarth Bessa Neto. A decisão foi tomada na última sexta-feira (29) pelo juiz da Vara de Execuções Penais (VEP) do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), Luis Carlos Honório de Valois Coelho, atendendo a novo requerimento do defensor de Rodrigo. A reiteração do pedido do advogado – feito inicialmente em maio - tomou como base as agressões que teriam sido sofridas por Rodrigo no Instituto Penal Antônio Trindade

(Ipat). O réu chegou a escapar durante a fuga em massa da unidade, em maio, segundo ele para não ser morto durante o motim que acontecia, mas foi recapturado e transferido para o CDPM. Com a condenação, ele seria enviado para o regime fechado e exposto novamente a risco de morte por conta da repercussão do “caso Belota”, segundo a defesa. Assim, o defensor requereu da VEP a transferência de Rodrigo para outro presídio federal fora do Estado para “garantir sua integridade física e moral”. O magistrado deve se manifestar sobre a transferência do condenado após ouvir a Sejus sobre os fatos narrados pelo advogado quanto às agressões sofridas – informação, aliás, já solicitada desde junho, porém nunca respondida

pela secretaria. Com a decisão do juiz, esta semana o documento - recebido pela Sejus em 6 de junho - deverá ser reiterado pelo cartório da VEP. No último dia 22 de novembro, Rodrigo foi sentenciado a 94 anos de prisão em regime fechado, pelo assassinato de Maria Gracilene Belota, Gabriela Belota e Roberval Roberto, em janeiro deste ano, além da morte do cachorro de estimação de Gabriela, o yorkshire Rick. O crime teria sido arquitetado pelo publicitário Jimmy Robert de Queiroz Brito, sobrinho e primo das mulheres e filho de Roberval, e executado com a ajuda de Ruan Pablo Bruno Cláudio Magalhães. Ambos foram sentenciados, respectivamente, a 100 e 90 anos de cadeia.

Pedalada contra a Aids A Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT/HVD), do governo do Estado, promove neste domingo, como parte da programação alusiva ao Dia Mundial de Luta contra a Aids, uma grande “pedalada”. A concentração dos ciclistas que irão se unir à campanha de conscientização sobre a doença será a partir das 7h30, na sede da FMT/HDV, no Dom Pedro. O passeio ciclístico seguirá até a Ponta Negra, onde acontecerá uma série de ações, incluindo a realização de testes rápidos para HIV e sífilis, das 10h até 20h. A pedalada será puxada pelo Movimento Pedala Pesado e deverá contar com a participação de pelo menos mais seis grandes grupos de ciclistas. São esperadas cerca de 500 pessoas, no total. Na Ponta Negra, as ações de saúde englobam, além da oferta de testagem rápida de HIV/Aids, a distribuição de preservativos e orientações preventivas contra a doença, com entrega de folhetos informativos. Também haverá atrações culturais no anfiteatro, que serão desenvolvidas em parceria com a Prefeitura de Manaus.

STF

Suzane Von Richthofen tem pedido de liminar negado O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello negou um pedido de liminar para conceder a Suzane Von Richthofen regime semiaberto no resto de sua pena. Segundo o ministro, a decisão não cabe a ele. Ela cumpre pena de 39 anos de prisão pelo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas) de seus pais, em São Paulo, em 2002. Segundo o ministro, o habeas corpus deve ser analisado pela primeira turma do Supremo, que reúne cinco dos 11 ministros do STF. O despacho foi assinado na última quinta-feira (28). A defesa pedia que o ministro avaliasse a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que negou a progressão do regime de fechado para semiaberto ou que ele concedesse o benefício. Os advogados argumentam que Suzane foi “submetida a avaliações que resultaram em pareceres favoráveis, apontando os especialistas

que possui um perfil para permanecer em um centro de ressocialização”, afirma o habeas corpus. Desde 2009, Suzane tenta a progressão do regime. Desde fevereiro, os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos estão em regime semiaberto. Os dois

NEGATIVA

Segundo o ministro Marco Aurélio Mello, em despacho assinado na quinta-feira (28), o habeas corpus deve ser analisado pela primeira turma do Supremo, que reúne cinco dos 11 ministros do STF também foram condenados pelo assassinato, em 2006, junto com Suzane. Cristian foi condenado a 38 anos, um mês e 18 dias de reclusão, enquanto Daniel, que namorava Suzane na época do crime, foi condenado a 38 anos, 11 meses e 17 dias de prisão. ARQUIVO EM TEMPO

Suzane na época dos assassinatos: progressão de regime negada


Opinião

MANAUS, DOMINGO, 1º DE DEZEMBRO DE 2013

Contexto 3090-1017/8115-1149

A3

Editorial

marioadolfo@emtempo.com.br

opiniao@emtempo.com.br

Descarrego na encruzilhada

Pirarucu imita o homem Aconteceu em uma das palestras da Feira Internacional da Amazônia (Fiam) 2013. Uma das pesquisas relatada pelo presidente do Instituto de Investigaciones de la Amazonía Peruana, Keneth Reátegui, foi o estudo sobre a reprodução e identificação sexual do pirarucu, que pela dificuldade de determinação já foi considerado como hermafrodita. Por conta disso, o instituto peruano desenvolveu um kit para definir o sexo do pirarucu. Com isso, o cientista disparou: — Também descobrimos que o peixe macho dessa espécie age igual aos homens brasileiros. São monógamos e têm apenas uma fêmea durante toda a vida –, disse Reátegui, arrancando risos da parte feminina do público. Longe e perto O pesquisador defendeu uma maior integração da PanAmazônia e deu seu exemplo pessoal para ressaltar a urgência do tema. — O Peru fica aqui do lado de Manaus, mas para chegar aqui, fiquei mais de dez horas no avião, porque antes o voo teve de passar por São Paulo –, frisou. Festa coreana A Samsung Manaus festejou em grande estilo os seus 18 anos. Para comemorar a maioridade, o presidente da empresa coreana, Mr. Chunjae Lee, consultou seus 7,6 mil funcionários sobre de que forma eles queriam passar a data. E, como bons amazonenses, os trabalhadores da multinacional responderam que queriam um belo arrasta-pé com a banda Aviões do Forró. Dito e feito O pedido foi realizado. A festa aconteceu sexta-feira, no sambódromo, onde os aviões tocaram até as 3h. O ingresso foi liberado para funcionários e familiares. Mais 30 mil lotaram a arena. Day aſter E tem mais. Mr. Chunjae Lee colocou todos os ônibus da empresa para buscar e levar os funcionários. Depois do forró, anunciou que o dia seguinte seria feriado. E aí a felicidade invadiu a madrugada.

Mr. Lee é o cara Com a ajuda de um tradutor, Mr. Chunjae Lee circulou na chuva, cumprimentando as pessoas e distribuindo simpatia e rosas por onde passava. Em determinado momento, tirou o lenço do bolso e enxugou o rosto de um garçom, ensopado pela chuva, que segurava duas bandejas de bebida. Bem na fita Ao ver a cena, uma jornalista se aproximou do rapaz e perguntou. — Sabe quem acabou de enxugar seu rosto? — Não tenho nem ideia! – respondeu o garçon. –– Foi o presidente da Samsung! –– Então eu tô bem na fita! – sorriu o rapaz, que sentou-se e bebeu um copo de água. Ela e eles A deputada Rebecca Garcia (AM) foi uma das estrelas do programa nacional do PP, que foi ao ar na noite de quintafeira, 28. Também participou do programa o presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira. Rebecca foi colocada entre os quatro principais pré-candidatos do PP no país: ela, a senadora Ana Amélia (RS), o senador Benedito Lira (AL), e o vice-governador de Minas Gerais Alberto Coelho. Caminho O mote do programa foi “Um Caminho para o Brasil”. Dentro do tema, Rebecca garantiu que o PP está preparado

APLAUSOS

Charge elvis@emtempo.com.br

para apresentar um grande projeto capaz de apontar o caminho certo para desenvolver o Amazonas. Saideira O secretário particular do prefeito Arthur Neto (PSDB), Donmarques Mendonça, deixa o governo no dia 15 de dezembro. Ele deve ser candidato a deputado estadual e disse que leva na bagagem os ensinamentos de Arthur. — Principalmente no que diz respeito ao diálogo, à diplomacia e à atividade intensa de agendas. Olha nós aí! O EM TEMPO está entre os homenageados da Associação Amigos da Catedral com a medalha do mérito “Imaculada Conceição”. A entrega será feita no próximo dia 6 de dezembro, às 18h30, em solenidade na Catedral Metropolitana. Pasqualotto Entre os demais homenageados pela associação fundada por dom Luiz Soares Vieira, também estão o coral João Gomes Júnior e dom Mário Pasqualotto. Loucura A falta de bom senso impera nas ruas em diversos bairros de Manaus. A rua Libertador, no bairro Nossa Senhora das Graças, é um exemplo. Inicialmente de mão única, hoje virou uma confusão de tráfego nos dois sentidos, com carros estacionados nos dois lados da via, que é estreita.

VAIAS

Mr. Chunjae Lee

Existe uma anedota, entre as muitas que desmontam a eventual seriedade do desenvolvimento, que reúne vários economistas, administradores, sociólogos e tudo o mais que produzem as universidades mais acreditadas, para decidir o plano de desenvolvimento do país. Todos os números batem certinhos. Todas as projeções garantem o sucesso do empreendimento. Terminada a reunião, por via das dúvidas, é chamada uma mãe de santo, um pastor, um rabino, um bispo católico e meia dúzia de apostadores da Loto, para conferir o que os cientistas decidiram que daria certo. Não é uma anedota para rir, nem é uma exclusividade dos estrategistas brasileiros. Sabe-se (e não é boato) que Margareth Thatcher, Ronald Reagan, Bill Clinton e os Bush sênior e júnior, entre outros poderes decisórios dos destinos globais, não ousavam sequer respirar sem ouvir o canto de Ossanha de cartomantes, leitores de bolas de cristal, jogadores de búzios e, por último, amadores da cabala, do tipo Madonna. O que dá para rir, também faz chorar. Na política brasileira, o procedimento é o mesmo. Não faltam comentários de que “forças ocultas” (não as políticas, referidas pelo presidente Jânio Quadros, que jurava que sua sombra era um espião da CIA), mas aquelas que são reverenciadas nas encruzilhadas com velas, farofa e pacotes de caldo Maggi, pois as galinhas estão muito caras), foram responsáveis pela doença e morte do presidente indireto Tancredo Neves, do vitalício Hugo Chávez, da velhice de Fidel Castro. Em Manaus, a política segue esse momento espiritual de encruzilhada fashion. Os candidatos acendem uma vela ao “profano” e outra ao “sagrado”, com uma fidelidade que muitos casamentos gostariam de imitar. Existe um esforço enorme em se oferecer como o menos infiel. Este será aclamado.

Falta de estacionamento IONE MORENO

AGECOM

Para o presidente da Samsung Manaus, Mr. Chunjae Lee, que procurou entender a alma de seus trabalhadores, para depois festejar uma data tão importante quanto os 18 anos da multinacional no Amazonas.

Para a falta de estacionamento no entorno do sambódromo. Ou se cria uma alternativa, ou se evita grandes eventos no local. Para estacionar na área, nos dias de festas, se comete as maiores sandices no trânsito.

João Bosco Araújo opiniao@emtempo.com.br opiniao

O mais humano dos temas Manuel Bandeira, inscrito entre os nossos melhores poetas, certamente foi quem, com maior felicidade e oportunismo, trouxe o difícil e geralmente assustador tema da morte para dentro da poesia: “Quando a indesejada das gentes chegar, (Não sei se dura ou caroável), Talvez eu tenha medo. Talvez sorria, ou diga: – Alô iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer. (A noite com seus sortilégios.) Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, A mesa posta, Com cada coisa em seu lugar”. Não há tema mais intenso para nós, humanos, do que este. Os filósofos existencialistas, sobretudo Kierkegaard e Sartre, sempre chamaram a atenção para o fato de a nossa existência transcorrer num âmbito puramente real ao qual temos acesso cotidiano, enquanto não despertamos para o que se situa além do puramente factual, que são precisamente as situações que nos oprimem como limites. Além da submissão ao acaso que governa nossas vidas, o mais constrangedor e intransponível de todos os limites é verdadeiramente a morte, fincada à nossa frente como um rochedo que não pode ser contornado e muito menos superado. Não pelo caminho da reflexão filosófica, mas pelos dados empíricos da observação científica, Freud também chegou à inevitável conclusão de que ela, a Velha Senhora, é realmente o mais difícil tema da nossa existência, e a maior de todas as ameaças,

a verdadeira espada de Dâmocles sobre as nossas cabeças, pelo menos daqueles que não cobrem a verdadeira realidade com o véu das ilusões. Afastar a morte das nossas vidas, das nossas reflexões e até da nossa lembrança, é o expediente que comumente se exerce, precisamente porque, pelo menos nas sociedades ocidentais, ela, a Inexorável, é a que desmente a nossa concepção materialista de que viver é ter bens e mais bens e cada vez adquiri-los em maior quantidade. Por isso se diz que a morte será aquilo que se define na vida de cada um. Se a vida é apenas o desfrutar dos bens materiais, se o seu início é o nascimento e o seu término a morte, então diante de nós se põe uma tragédia difícil de tragar: o fatal aniquilamento, o retorno ao Nada. Mas há ainda os que se colocam e veem por cima da imanência do mundo real e acreditam na transcendência, ou seja, pensam que a morte se integra à vida e, assim, não existiria a exclusão mútua e recíproca que se julga e uma não extinguiria ou eliminaria a outra. E não vale pensar que essa crença se propaga apenas entre os ingênuos e pobres de espírito (no sentido mais chulo), ou teríamos que assim designar figuras como Jesus Cristo, são Paulo, santo Tomás de Aquino, santo Agostinho, são Francisco e ainda outros, que não ostentaram o título da santidade. A possibilidade da opção está dada: a morte está aí e não pode ser negada, mas pode sim ser considerada (e vivida) como uma porta que se abre ou como um muro que barra em definitivo. Há argumentos e razões para as duas escolhas.

João Bosco Araújo Diretor Executivo do Amazonas EM TEMPO

Afastar a morte das nossas vidas, das nossas reflexões e até da nossa lembrança, é o expediente que comumente se exerce, precisamente porque, pelo menos nas sociedades ocidentais, ela, a Inexorável, é a que desmente a nossa concepção materialista de que viver é ter bens e mais bens”


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Opinião

MANAUS, DOMINGO, 1º DE DEZEMBRO DE 2013

Frase

Painel VERA MAGALHÃES

Sem dia de visita

A minha opinião é pública, porque eu já exteriorizei no julgamento. Uma vez condenado, ele tem os direitos políticos suspensos e quem tem os direitos políticos suspensos não pode exercer o mandado eletivo. Isso foi consignado no meu voto no julgamento da ação penal

Pesquisas de posse do PT já apontavam apoio maciço à decisão do STF sobre a prisão dos condenados no mensalão, revelado pelo Datafolha. Esses números pautaram o distanciamento de Dilma Rousseff em relação aos petistas presos. Mesmo com a estratégia de descolamento, o desempenho da presidente piora entre os que se dizem bem informados sobre as prisões: a vantagem de 12 pontos que tem sobre Marina Silva em um eventual 2º turno cai para um ponto (44% a 43%). Toga Contra Joaquim Barbosa, Dilma venceria por 54% a 30% em caso de uma segunda fase da disputa, mas o resultado muda para 45% a 42% entre os eleitores que se consideram bem informados sobre a execução das penas. Nicho Nos cenários de primeiro turno, Joaquim Barbosa empata com Dilma em dois recortes: no grupo com ensino superior completo (27% para cada um) e no de renda superior a dez salários mínimos (ambos e Aécio Neves aparecem com 25%). Volta Entre os eleitores que consideram o governo ruim ou péssimo, apenas 5% aceitariam votar em Dilma. Se Lula for o candidato do PT, 28% desses entrevistados votariam no expresidente.

em junho, as cidades grandes apresentam recuperação mais lenta da petista. Dilma passou de 38% dos votos em municípios com mais de 500 mil habitantes, em outubro, para 41% agora. ... pra rua Aécio e Eduardo Campos (PSB), que caíram no resto do país, ficaram estáveis nas grandes cidades. Nesses municípios, Marina venceria Dilma no segundo turno. A exsenadora tem 45% e a petista, 43%. Ressaca A rejeição de José Serra (PSDB) na capital paulista, que governou de 2005 a 2006, supera em 9 pontos a média nacional. No país, 35% dos eleitores não votariam no tucano. Em São Paulo, sua rejeição é de 44%.

Fica Já os entrevistados que têm o PT como partido de preferência não engrossam o coro pela volta do ex-presidente. Na pesquisa espontânea, Dilma passou de 39% em outubro para 46%. Lula caiu de 15% para 7%.

Afago Depois do mal-estar da queda de braço pelo reajuste dos combustíveis, Dilma fará elogios rasgados à presidente da Petrobras, Graça Foster, em seu discurso na solenidade de assinatura do contrato da concessão do campo de Libra, amanhã.

Vem... Foco de ação do governo após os protestos iniciados

Que tal? Já na largada de sua incursão pelo interior de

São Paulo no fim de semana, Aécio fez o mais explícito apelo por apoio aos tucanos paulistas que o acompanhavam: “Me ajudem a vencer a eleição em São Paulo que eu ganho a eleição no Brasil”. Pelo fio... O PSB viu influência do PT na ação de caciques nacionais do PMDB que tentam afastar os socialistas de uma possível aliança com o partido ao governo do Rio Grande do Sul, o que abriria um palanque para Eduardo Campos no Estado.

Luiz Fux, ministro do STF, critica a falta de posicionamento do Legislativo em relação à cassação dos condenados no processo do mensalão. “O parlamento não quer pagar o custo social de assumir uma posição, aí empurra para o Judiciário, que é uma instância independente”.

Olho da Rua opiniao@emtempo.com.br ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

... do bigode Lula já orientou os partidos aliados a isolar o governador pernambucano em Estados de maior peso político e grandes colégios eleitorais. O petista Tarso Genro tentará a reeleição no Rio Grande do Sul, com o PMDB como adversário. Capacete Deputados do Solidariedade protocolaram na Câmara pedido de audiência pública com diretores e engenheiros da Odebrecht sobre a segurança dos trabalhadores das obras da empresa para a Copa de 2014. O partido, liderado por sindicalistas, quer explicações sobre o acidente no Itaquerão.

Tiroteio

A prefeitura submete a avenida Djalma Batista a um choque de ordem com relação ao modelo de calçada: chega da tendência de customização que deixava os pedestres esquizofrênicos, com desejos de jogar-se sob as rodas dos automóveis; mas os automóveis estão ali, parados, esperando que a avenida ganhe um segundo andar para se moverem

Dom Sérgio Eduardo Castriani opiniao@emtempo.com.br

Só um marciano ou alguém fora de si não saberá quem contratou o frete, a origem e o destino da droga e quem autorizou o pouso.

Tempo de Natal

DO DEPUTADO CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), sobre Gustavo Perrela (SDD-MG) ter dito que não sabia do transporte de 445 Kg de cocaína em seu helicóptero.

A cidade se ilumina. Casas, lojas, igrejas, praças se enchem de luz e de cor. Símbolos natalinos são colocados em todos os cantos e recantos enchendo os olhos e a imaginação. Respirase festa, alegria, esperança. Nos corações se reacendem sentimentos de solidariedade e de partilha, procura-se o aconchego familiar e a presença dos amigos, as crianças se tornam o centro da vida. Eventos culturais são organizados. É tempo de arte e de beleza expressa em concertos, apresentações de corais, autos natalinos. É uma grande festa da humanidade que ultrapassa os limites do cristianismo, pois responde a anseios profundos de paz, de justiça, de gratuidade e de renascimento. Num mundo onde milhares de crianças são transformados em soldados, outros milhões trabalham como escravos, outro tanto delas são usadas em redes de pedofilia, morrem prematuramente e sofrem todo tipo de violência, contemplar um menino adorado por anjos, magos e pastores, no aconchego de uma gruta reservada para animais mas transformada no centro do universo, traz esperança, joga luz na realidade humana, tão ambígua, mas tão amada pelo seu criador. Entre as muitas formas de celebrar o Natal está o teatro. Grandes companhias em megaeventos com tudo aquilo que a tecnologia permite, reproduzem em grandes espetáculos o acontecimento singelo do nascimento de uma criança, fato que acontece todo dia, toda hora, em todo o mundo, mas por isto mesmo fato fundador de história humana. Todos nascemos, viemos

Contraponto

Especulação política O senador e presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) participou de almoço do Secovi (sindicato de construtoras de São Paulo) na sexta-feira. No final, conversava numa roda de empresários sobre mercado imobiliário. -- Meu avô deixou um sítio para mim e para minhas irmãs e pensamos em vender e comprar uma sala comercial cada um em São Paulo -- disse o tucano. Em seguida, o mineiro concluiu: --Tive de desistir: o IPTU aqui é muito alto! A ironia com a polêmica da correção da tabela pelo prefeito Fernando Haddad (PT) causou risos da plateia. Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

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da luz e queremos ser iluminados, queremos ver sentido nas nossas vidas tão banais e as vezes tão trágicas. Entre as mil e uma maneiras de celebrar o Natal existe a brincadeira das Pastorinhas. Se trata de uma brincadeira em que os participantes representam personagens que são seres divinos, seres da natureza visível e invisível e seres humanos, com destaque para os reis magos e para a família de Nazaré. Com cantos e danças que vão do individual ao coletivo as diversas personagens vão prestando a sua homenagem ao menino Deus. As pastorinhas são uma brincadeira e não um espetáculo e quem não está envolvido se cansa de assistir depois de algum tempo. Talvez por isso seja difícil sua sobrevivência num mundo onde cultura é sinônimo de entretenimento. Envolventes, elas são mais apropriadas para pequenas comunidades e não para grandes massas como as que se reúnem para assistir e aplaudir estrelas. Seria pena se ninguém mais colocasse as pastorinhas, como se diz na linguagem popular. Restariam os presépios vivos que nas comunidades e nas igrejas recriam o clima de Natal. O poder público e o capital não deveriam deixar de apoiar estas manifestações que exprimem o que há de melhor no nosso povo com sua capacidade de fazer festa na simplicidade e na pobreza. Oxalá no Natal pudéssemos simplesmente brincar, integrando na nossa brincadeira o céu e a terra, o divino e o humano, transformando sonhos em realidade e permitindo que o mistério do Natal se torne presente mais uma vez.

Dom Sérgio Eduardo Castriani Arcebispo Metropolitano de Manaus

Com cantos e danças que vão do individual ao coletivo as diversas personagens vão prestando a sua homenagem ao menino Deus. As pastorinhas são uma brincadeira e não um espetáculo e quem não está envolvido se cansa de assistir depois de algum tempo”


Política

MANAUS, DOMINGO, 1º DE DEZEMBRO DE 2013

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Setor primário questiona recurso previsto na LOA RAPHAEL LOBATO Equipe EM TEMPO

A

menos de 20 dias para que sejam finalizadas as discussões do Orçamento estadual e municipal para 2014 na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e Câmara Municipal de Manaus (CMM), o montante de R$ 18,4 bilhões (a somatória dos dois orçamentos) que deverá financiar os amazonenses no ano que vem ainda gera controvérsias. De um lado, entidades questionam a democratização das discussões acerca do plano e, do outro, secretários reclamam da diminuição dos repasses. O setor primário do Amazonas questiona o recurso que será repassado ao segmento em 2014, um pouco de mais de R$ 100 milhões, representando 0,71% do Orçamento estadual. O titular da Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), Eron Bezerra (PCdoB), afirmou que o baixo investimento representa a “desvalorização” do setor perante a administração pública e pode desacelerar o crescimento do segmento no Estado. “O setor primário não tem esse nome por acaso. É porque sem o primeiro não há segundo, nem terceiro. Não há nenhuma potência mundial que não priorize o setor primário e parece que o Estado não entende isso”, criticou o secretário. Bezerra afirmou que o setor se vê impossibilitado de planejar grandes avanços, apesar de ter notório potencial de crescimento. Descontente, o secretário lembrou que, segundo da-

DIVULGAÇÃO

Aliado do governo, secretário de Produção Rural Eron Bezerra critica a peça e afirma que isso representa “desvalorização” dos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos 4 anos o Produto Interno Bruto (PIB) do setor primário no Estado avançou de 2% para 7%, apesar do baixo recurso orçamentário. Nos demais Estados, o PIB primário fica entre 3% e 4%. “Isso significa que, mesmo com baixos investimentos, o setor apresenta potencial de destaque no crescimento”, observou. Bezerra aproveitou para atacar a Zona Franca de Manaus (ZFM) e afirmou que o modelo é “insustentável” e que

O setor primário não tem esse nome por acaso. É porque sem o primeiro não há o segundo, nem terceiro (...) parece que o Estado não entende Eron Bezerra, secretário da Sepror

representa o “encalhamento” do pensamento econômico do Estado, que, segundo ele, não se desdobra para potencializar outros segmentos produtivos e garantir autossuficiência econômica. “A matéria-prima produtiva não é produzida aqui. Só existe o Polo graças aos incentivos fiscais e, por acaso, alguém já se perguntou quanto o Estado deixa de arrecadar por conta dos benefícios?”, afirmou. Bezerra disse que terá que fazer “milagre” com o montante destinado ao setor. “Há anos eles não entendem isso”.

ORÇAMENTO PARTICIPATIVO Praticado no Brasil há 23 anos por dezenas de prefeituras, esse mecanismo permite a setores organizados da sociedade decidir, por meio do voto, como será aplicada parte das verbas públicas em áreas como transportes, saúde e saneamento, entre outras. Nos Estados em que não há Orçamento Participativo, o registro é de dezenas de caravanas e campanhas publicitárias executadas pelo poder público para promover o debate dos planos orçamentários.

Secretário Eron Bezerra lamenta os 0,71% previstos no Orçamento 2014 ao setor primário, que representa R$ 100 milhões

Peça orçamentária sem participação popular Tramitando nas duas casas legislativas paralelamente, as leis orçamentárias têm até o dia 19 de dezembro para serem aprovadas e, no corre-corre, para não atrasar o recesso parlamentar, democratizar a discussão dos planos em audiências públicas parece utópico. A audiência com entidades de classes e sociedade civil é determinada pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). No município, a obrigatoriedade de realizar a audiência é da Prefeitura de Manaus, que cumpriu com a determinação em outubro deste ano, mas não garantiu a participação efetiva da população. A audiência foi realizada para um público de aproximadamente 40 pessoas, a maioria de servidores da prefeitura. Ao ouvir a palavra “Orçamento municipal” e o período de audiências públicas com a população para discutir a peça, o presidente da Associação de Moradores do bairro Cidade Nova, Zona Norte, Fernando Bezerra, se mostrou surpreso e lamen-

tou não ter tomado conhecimento dessas datas para poder participar, levar suas propostas e, inclusive ter levado moradores da Cidade Nova que se interessam por melhorias ao bairro. Na LOA estadual, a obrigação de realizar o debate é da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), que, até agora, não deu sinal de que vai realizar o ato, apesar de o deputado José Ricardo (PT) já ter apresentado requerimentos para a finalidade. Na casa, a única colaboração orçamentária discutida é a dos próprios parlamentares, que deverão ganhar uma cota de R$ 2 milhões cada para apresentar emendas impositivas, por meio de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC). Na Câmara, a fatia parlamentar no Orçamento público também já é realidade, em que cada um dos 41 vereadores terá R$ 300 mil para suas proposituras. O Orçamento impositivo surge nas casas legislativas do Amazonas em um período em que os demais Estados

do país já consolidaram não só a participação pública na discussão, como efetivaram o ato por meio do Programa de Orçamento Participativo (POP). “Os municípios em nada participam das discussões orçamentárias. Decidem, de

DISCUSSÃO

Aleam ignora pedido de audiência pública do deputado José Ricardo (PT) para discutir a Lei Orçamentária Anual com a sociedade. Prefeitura de Manaus ouviu população, mas num seleto grupo

longe, o que a população interiorana irá viver de perto. A nossa principal frente de militância orçamentária, o governo federal, é o maior exemplo desse distanciamento”, lamentou o presidente da Associação Amazonense de Municípios (AAM) e prefeito de Boca do Acre,

Iran Lima (PSD). Congresso abre debate A Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional abriu debate com a sociedade sobre a proposta de Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2014. Para receber as contribuições dos cidadãos, foi criada uma comunidade virtual no e-Democracia, portal de interação da Câmara dos Deputados. Qualquer pessoa interessada nesse debate, especialista ou não, pode trocar ideias e experiências e também sugerir emenda à despesa e enviá-la a um deputado. Além disso, no mesmo espaço interativo, é possível acessar conteúdos atualizados relacionados à LOA 2014. Todas as informações podem ser compartilhadas com outras redes sociais, como Facebook, Twitter e Google+. O prazo para apresentação de sugestões de emenda, que terminaria na última quinta-feira, foi estendido até amanhã.


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Política

MANAUS, DOMINGO, 1º DE DEZEMBRO DE 2013

MARCELLO CASAL JR/ABR

Cláudio Humberto COM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

www.claudiohumberto.com.br

Estou achando meu amigo ministro um pouco nervoso” SENADOR AÉCIO NEVES (PSDB), sobre o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo

GSI: carros de luxo empacados por falta de seguro Disponibilizada pelo Gabinete de Segurança Institucional para fazer a segurança da presidente Dilma e do vice Michel Temer, a minifrota de carros de luxo Ford Edge – custam cerca de R$ 150 mil cada – está empacada há meses na Presidência por falta de seguro. Substituto do general Amaro, o coronel Artur José Solon Neto utiliza os veículos para autoridades do GSI, enquanto a Presidência precisa alugar os seus. A conta é nossa O aluguel de um carro de luxo do porte do Ford Edge não sai por menos de R$ 1,6 mil por dia. É para a segurança Apesar de ter adquirido carros Ford Edge, pela bagatela de R$ 150 mil cada, a presidenta ainda anda no mesmo carro, um sedã blindado. Grana preta... O Detran do DF arrecadou R$ 293,4 milhões até outubro deste ano, dos quais R$ 104 milhões vieram dos “pardais”, as máquinas de multar. ...e amarela Apesar de ter aplicação prevista na educação de trânsito, gastou-se apenas R$ 312 mil, dos 104 milhões, com publicidade aos motoristas. Após pesquisas, aliados cobram atitude de Aécio O baixo desempenho do presidenciável Aécio Neves (PSDB) nas pesquisas levou intranquilidade ao tucanato e aliados, que cobram dele uma nova atitude, até mais agressiva, temendo que a disputa contra a presidente Dilma nem sequer chegue

ao segundo turno. Aécio não parece abalado: lembra que Dilma é beneficiada pela exposição na mídia, em razão do cargo, e que tudo isso está dentro das previsões. Desafio Aécio acha que o PSDB vencerá de novo na região Sul, como nas três últimas campanhas, e no Sudeste. Seu desafio, diz, é o Nordeste. Burros n’água O “desfio” oposicionista de crescer no Nordeste ficou mais distante, com o pífio desempenho de Eduardo Campos (PSB) nas pesquisas. Nova agenda O presidente do partido Solidariedade, Paulo Pereira (SP), que apoia Aécio, cobrou dele mais viagens pelo país e uma nova agenda. Nada disso Indicado pelo PTB para um ministério de Dilma, Benito Gama (BA) tem dito categoricamente, para quem quiser ouvir, que sairá candidato a deputado federal em 2014. Seus adversários o chamam de Benito “Grana”, talvez porque seja vice-presidente do Banco do Brasil. Obsoletas O deputado Fábio Trad (PMDB-MS) se reunirá com o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), para propor a revisão conjunta do Código Penal e do Código de Processo Penal, ambas de 1940. Reduto gaúcho Fiel escudeiro do vice Michel Temer, Eliseu Padilha (RS) está sendo cotado na bancada do PMDB para assumir Ministério da Agricultura em lugar de Antônio Andrade

Jornalista

(MG), que disputará as eleições em 2014. Lata de lixo Pedetistas designados para revisar contratos do Ministério do Trabalho com ONGs estão impressionados com os esqueletos que o dono do PDT, Carlos Lupi, deixou. Nem o partido imaginava que eram tantos. Tem quem queira O PDT está confiante sobre manter Manoel Dias no Trabalho. O partido alega que a presidente Dilma não entregará de mão beijada seu tempo de TV ao adversário Aécio Neves (PSDB), ou Eduardo Campos (PSB). Eis a questão No Planalto, a ministra Miriam Belchior é nome forte para assumir a chefia da Casa Civil em lugar de Gleisi Hoffmann, que disputará o governo do Paraná. O problema é quem assumiria o Planejamento. Espelho meu Cotado a vice do governador Beto Richa (PSDB), presidente do PMDB-PR, Osmar Serraglio, divulgou nota parabenizando a si próprio pela coragem ao relatar CPI do mensalão, que resultou na prisão de petistas Estão nem aí O deputado Marco Feliciano (PSC-RJ) critica o abandono à Comissão de Direitos Humanos: “Mesmo após perceberem que teríamos quórum, aliados da comunidade gay sequer apareceram para discutir projetos”. Pensando bem... O aumento (tão negado) de 4% na gasolina é o primeiro presente de Natal do governo Dilma.

PODER SEM PUDOR

Pinta de comuna Miguel Arraes encontrou certa vez, no aeroporto de Brasília, Gustavo Krause (do antigo PFL), que derrotara na eleição para o governo de Pernambuco. Krause explicou que estava na Capital a serviço do partido: - Sou um tarefeiro... Aliás, eu deveria ser comunista, tenho a maior pinta... Arraes olhou o pefelista barbudo, concordou e falou do seu jeito quase inaudível: - Você tem pinta e não é. E eu não sou, mas todo mundo acha que sou...

SUPLEMENTARES

Dez cidades terão eleições hoje Neste domingo, mais de 163 mil eleitores de 10 cidades de seis Estados do país voltarão às urnas para eleger prefeitos e vice-prefeitos em novas eleições. Trinta e dois candidatos disputarão o comando das prefeituras dos seguintes municípios: Tarrafas, no Ceará; Pires do Rio, em Goiás; Água Boa, Montezuma, Mathias Lobato e Santa Helena de Minas, em Minas Gerais; Água Azul do Norte, no Pará; Colinas, no Rio

Grande do Sul; e Descalvado e Santana do Parnaíba, em São Paulo. As eleições em Lajes Pintadas, no Rio Grande do Norte, e em Palestina, em Alagoas, também previstas para ocorrer no dia 1º de dezembro, foram suspensas por decisão liminar do ministro Gilmar Mendes e Luciana Lóssio, respectivamente. Anuladas Em todas as cidades em que os novos pleitos serão

realizados, as eleições de 2012 para prefeito foram anuladas pela Justiça Eleitoral porque o candidato que recebeu mais de 50% dos votos válidos teve o registro de candidatura indeferido ou o mandato cassado. De acordo com a resolução nº 23.280/2010 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesses casos, as novas eleições devem ser marcadas sempre no primeiro domingo de cada mês, pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).

Desde 2010 centenas de haitianos começaram a imigrar para o Brasil, via Acre e Amazonas

Senadores vão ao Acre ver situação de haitianos Comissão chega a Rio Branco amanhã. Proposta é apontar solução para interromper fluxo clandestino de imigração

U

ma comissão externa do Senado chega a Rio Branco, no Acre, nas primeiras horas desta segunda-feira, para conferir a situação em que estão vivendo imigrantes haitianos que têm entrado no Brasil por aquele Estado. O grupo foi criado pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), senador Ricardo Ferraço, na última quinta-feira, atendendo a requerimento do senador Jorge Viana (PT-AC). Viana espera que, no retorno

a Brasília, possa ser definida uma solução para que se interrompa o fluxo clandestino de imigração. Segundo o senador, o problema começou em 2010, quando chegaram 37 haitianos. A maioria deles foge das condições adversas no Haiti desde que um terremoto atingiu o país. Eles chegam ao Acre depois de passar por países vizinhos, como Peru e Equador, com ajuda de “coiotes” que incentivam o tráfico de pessoas e o narcotráfico. A situação é considerada

grave, de acordo com o senador Sérgio Petecão (PSD-AC). No início deste ano, uma força-tarefa do governo federal foi enviada ao Acre para regularizar a permanência de imigrantes haitianos que continuam chegando ao Estado. Na agenda, a comissão vai se reunir com prefeitos, outras autoridades e representantes dos imigrantes em Brasileia, onde também vão visitar um abrigo. Mais de 500 cidadãos haitianos estão na cidade, em condições muitos precárias, conforme autoridades.


Com a palavra

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Érico DESTERRO

‘O TCE teve ganhos QUALITATIVOS’ FOTOS:IONE MORENO

LUANA GOMES Especial EM TEMPO

A 17 dias do fim de seu mandato de 2 anos como presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), o conselheiro Érico Desterro faz um balanço dos prós e contras do cargo. Segundo ele, que dedica sua vida ao tribunal desde abril de 1985, o apoio da família é a grande valia no exercício da profissão, especialmente em dias onde os problemas costumam abater. Nesta última sexta-feira, durante entrevista ao EM TEMPO, ele se mostrou bastante abatido por problemas familiares, mas não deixou de lado os compromissos. Por sinal, ao avaliar a relação com a imprensa, ele destaca que raras foram às vezes em que houve injustiças, especialmente quando nunca houve recusa na prestação de informações.

Desde os 21 anos eu estou dentro do tribunal. Fui procurador do Ministério Público de Contas, cheguei a conselheiro e depois a presidente. Eu tive condições, neste período, de implantar algumas ideias que acredito que eram importantes e tiveram resultados”

EM TEMPO - Nestes 2 anos, quais foram os prós e contras de sua gestão? Érico Desterro - Pessoalmente é uma experiência muito rica, importante na minha vida, onde já desempenhei todos os cargos do Tribunal de Contas, não só como conselheiro, mas como funcionário. Desde os 21 anos eu estou dentro do tribunal. Fui procurador do Ministério Público de Contas, cheguei a conselheiro e depois a presidente. Eu tive condições, neste período, de implantar algumas ideias que acredito que eram importantes e tiveram resultados, pelo menos, parcialmente positivos. Agora os contras da experiência como presidente: primeiro a resistência à mudança, que acho que não é um problema do TCE, mas das instituições de uma forma geral. Porque quando a gente tenta tirar as pessoas da zona de conforto elas reagem e não reagem bem, geralmente. Então o maior obstáculo para conseguir obter os resultados, que eu acreditava que deveria, residem na resistência de certas pessoas a modificar, encarar a administração, o serviço público. Algumas pessoas têm dificuldades em se adaptar à tecnologia moderna. EM TEMPO - Onde houve esta resistência? ED - Há vários casos que eu me lembro bem, apesar de que não gostaria de dizer um específico. Por exemplo, implantei um programa de produtividade no tribunal que faz com que o servidor que de fato produza, se empenhe na sua atividade, tenha uma remuneração melhor. Isso é uma coisa que na minha cabeça é tão simples de se entender, porque é uma maneira justa de remunerar. Mas na hora que você propõe atrelar a remuneração ao tra-

balho, as pessoas reagem. Só que se eu digo que trabalho muito, então eu vou ganhar muito neste sistema, e por que reage então? São coisas assim que a gente tem que parar para responder. Às vezes, as pessoas resistiram à ideia de ter sua produção atrelada a metas. Você me pede um episódio, eu estou lhe dando. Não quero citar um caso específico. EM TEMPO - Como está o estoque de processos no TCE? ED - Nós finalizaremos a gestão com cerca de 14 mil processos que estavam em estoque. Quando entrei o número era pouco mais de 26 mil. Vale lembrar que passamos por 2012 e 2013, onde pelo menos seis processos entraram no tribunal em cada ano. Ou seja, se somarmos tudo são 38 mil processos. E hoje se você puxar o histórico do tribunal está em torno de 14 mil, o que quer dizer que mandamos ao arquivo 24 mil processos. EM TEMPO - E como conseguiram reduzir estes números? ED - Entre outras razões, o programa de produtividade, que fez com que as pessoas de fato se empenhassem em resolver os problemas. Havia muito pouco compromisso com o resultado final: ‘Eu faço minha parte. Tu fazes tua parte’. E às vezes as pessoas não se entendiam muito bem e o resultado final não vinha. Como havia necessidade de todo mundo reduzir estoque, então isto passou a acontecer. Se eu não estou preocupado com os 10 mil, 20 mil processos que estão na minha sala, é muito provável que este processo fique ali sem muito resultado. Mas quando a preocupação passa a ser reduzir os estoques, começo a racionalizar o procedimento. O programa de produtividade teve algumas vantagens, aliado ao programa de qualidade do tribunal, a ISO 9001, que obtivemos no fim de 2011, praticamente no último dia de gestão do conselheiro Júlio Pinheiro. E nesses 2 anos, que é a parte mais difícil da certificação, a de mantê-la, nós conseguimos. Não adianta apreciar hoje uma conta do ano 2000. Vale muito pouco para a sociedade. EM TEMPO - Quantos processos ainda são datados de outras décadas? ED - Este é outro ponto importante. Quando entrei no tribunal, ele tinha prestação de contas de quase todos os anos da década de 90. Ao sair da presidência, não tem mais nenhum. Quer dizer, o último processo para ser bem franco será julgado na semana que vem, uma prestação de contas

de 1999 de uma secretaria do município de Manaus. E dos anos 2000, o que posso dizer é que hoje 75% das prestações de contas do tribunal são de 2010, 2011 e 2012. EM TEMPO - Quais outros obstáculos foram enfrentados na sua administração? ED - De toda ordem. Nós precisávamos, por exemplo, qualificar os nossos servidores. Precisávamos de alguma forma motivar a equipe, já que sem motivação não vai adiante, não traz resultados. E para motivar, além do programa de produtividade, nos preocupamos em qualificar os servidores. Para se ter uma ideia, hoje o TCE está no pelotão de frente dos tribunais de contas do Brasil, o que vamos mostrar no 27º Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil (que acontece de 3 a 6 de dezembro). Por exemplo, no quesito de auditoria ambiental e previdência. Neste último caso, até onde eu sei, somos o único tribunal de contas que tem uma diretoria específica para a fiscalização das previdências, assunto importantíssimo para a administração pública. EM TEMPO - Das multas aplicadas pelo TCE, tem sido possível recuperar os recursos? ED - Essa é uma questão que precisa ser enfrentada pelos Tribunais de Contas, porque não é um problema apenas do Amazonas, mas do Tribunal de Contas da União (TCU), dos TCE’s. De uma forma geral, é muito baixo o retorno das multas e glosas, porque não cabe ao Tribunal de Contas fazer isso. O tribunal emite um título executivo da multa ou do valor a ser devolvido e cabe ao Ministério Público de Contas fiscalizar, junto aos órgãos responsáveis pela cobrança, como as Procuradorias Gerais do Estado, em relação aos débitos estaduais, e as do município, em relação aos débitos municipais. Daí o problema porque eles devem ajuizar uma ação de execução junto ao Poder Judiciário e muitas vezes os municípios não têm procuradores, nem uma estrutura fazendária organizada para escrever o débito em dívida ativa. EM TEMPO - Em resumo, nossas procuradorias são falhas... ED - Com certeza absoluta. As procuradorias, sobretudo nos municípios, não existem. São poucos os que têm uma procuradoria estruturada, como o caso de Manaus e do Estado do Amazonas. Mas mesmo assim isso é ajuizado, vai para o Poder Judiciário e as coisas demoram a acontecer. Mas que fique bem claro que, se há um retorno bai-

xo, isto não é responsabilidade do Tribunal de Contas. Agora há outras decisões que mandamos também para o Ministério Público do Estado, porque envolvem apuração de ilícitos penais, de ilícitos de improbidade administrativa. Por sinal, quando a imprensa noticia que o Ministério Público denunciou fulano ou beltrano, muito provavelmente é em cima de um trabalho do Tribunal de Contas. EM TEMPO - Como o senhor concilia estes anos dedicados ao TCE com o lado pessoal? ED - Eu tenho recebido um apoio muito grande da minha família para exercer certas atividades. Às vezes elas não são fáceis, nós temos problemas, mas temos que estar no tribunal. Por exemplo, hoje (27 de novembro) eu não estou no meu melhor dia, mas eu não podia furar meus compromissos, como esta entrevista. EM TEMPO - À propósito, como o senhor avalia a relação da mídia neste tempo de gestão? ED - Olha, de uma forma geral não posso me queixar da imprensa nestes 2 anos. Eu tive um bom assessor também, é verdade, mas não posso me queixar. Acredito que na grande maioria das vezes a mídia foi correta, justa. Eu acho que neste período tive que me queixar duas vezes, salvo engano, pedir para corrigir, um esclarecimento. Mas o que presidiu este relacionamento foi que eu nunca me recusei a prestar informações. Às vezes até mesmo minha esposa ficava chateada porque domingo, 17h, o jornalista me ligava solicitando informações. E o tribunal hoje é um órgão absolutamente transparente, nós publicamos tudo no portal eletrônico. EM TEMPO - O que o senhor espera que o conselheiro Josué Filho, que será empossado presidente do TCE no dia 18, mantenha na gestão dele ou aprimore? ED - O Josué tem, com certeza, algumas ideias que deseja implementar, das quais acredito que vá conseguir, porque é um cara dinâmico e bem-sucedido naquilo que antes fez na vida. O que espero é que ele dê continuidade a projetos claramente vitoriosos no tribunal e que ele avance em itens nos quais eu não tive tempo de fazer tudo o que queria, como da digitalização dos processos, ou melhor dizendo, da tramitação eletrônica de documentos do tribunal. Houve um grande avanço. Quando entrei nós tínhamos 2% disso em meio eletrônico, hoje são 25%.

Nós finalizaremos a gestão com cerca de 14 mil processos que estavam em estoque. Quando entrei, o número era pouco mais de 26 mil”

Eu tenho recebido um apoio muito grande da minha família para exercer certas atividades. Às vezes, elas não são fáceis. Nós temos problemas, mas temos que estar no tribunal”


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Política

MANAUS, DOMINGO, 1º DE DEZEMBRO DE 2013


Caderno B

Economia MANAUS, DOMINGO, 1º DE DEZEMBRO DE 2013

economia@emtempo.com.br

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ARQUIVO EM TEMPO

População de Manaus rejeita bandeira 2 Economia B3

Lojas de brinquedos criam estratégias para o Natal Estabelecimentos se planejam para conquistar os clientes com atrativos que variam de produtos a serviços exclusivos

FOTOS: ALEXANDRE FONSECA

LUANA GOMES Especial EM TEMPO

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orteios, compras rápidas, e claro apelo midiático. Essas são algumas das estratégias adotadas pelas lojas de brinquedos, para conquistar os clientes neste fim de ano. A estimativa de vendas para o setor, de acordo a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL Manaus), é de 10% a 12% de crescimento, somente na semana que antecede o Natal. Por conta da influência midiática, os carrinhos de compras são em sua maioria compostos por Furby (R$ 399,99), Coleções Reino das Águas (R$ 499,99) e Navio Pirata (R$ 349,99) – ambas da Linha Imaginex –, bonecas Barbie Butterfly e Monster High (cujos preços dependem do número de acessórios e se iniciam em R$ 99,99 e R$ 89,99, respectivamente) e pelúcias da Galinha Pintadinha (R$ 94,99). Como os preços não mostram alteração nas prateleiras, a principal aposta dos empreendimentos são em sorteios, focos diferenciados e até novos serviços de vendas. A Hobby Brinquedos inaugurou no último dia 18 o primeiro Drive thru de brinquedos da região. A ideia, de acordo com a gerente administrativa do espaço situado na rua João Valério, Zona Centro-Sul – onde está instalada a única loja de rua, as demais se encontram em shoppings –, Mineia Urbax, é garantir um ambiente onde o atendimento seja o mais rápido possível para os pais que não têm tempo útil para olhar vitrines. “O Drive Thru é uma opção mais comum na área de alimentação. Então estamos agora com um diferencial para os clientes que ocupam seu dia em longos turnos de trabalho e não conseguem ir a loja fazer pesquisa de presentes”, destaca. A loja oferece três kits classificados em baby, para meninas e outro para meninos. As embalagens são tabeladas em R$ 49,99; R$ 99,99 e R$ 149,99. Segundo Mineia, o projeto piloto teve boa aceitação dos clientes fiéis, que

pareciam estar ansiosos por novas formas de atendimento na cidade, com garantia de rapidez e eficácia. A meta da rede é garantir um crescimento de ao menos 50% frente ao que foi contabilizado no Natal do ano passado. Na Brinkelândia, localizada na avenida Djalma Batista, o chamariz para alavancar as vendas é o sorteio de uma moto elétrica de seis volts da marca Bandeirante, mesmo método que garantiu uma performance positiva no Dia das Crianças, informa a vendedora Elizângela de Oliveira.

ALTERNATIVOS

Pais que não se rendem aos apelos midiáticos, na hora das compras natalinas optam brinquedos que auxiliem no desenvolvimento da criança, o que também resulta na elevação das vendas Expectativa é a de que o setor de brinquedos tenha um aumento de 8% em relação ao mesmo período do ano passado

A cada R$ 30 em compras, o cliente tem acesso a um cupom para participar da promoção. A Brinkelândia conta com três lojas espalhadas na cidade. Embora não tivesse as projeções de faturamento, a partir do seu relatório individual de atendimento, Elizângela salienta que a cada ano tem aumentado a procura na loja – na qual atua há três anos. Instrutivos Para competir no ramo, os proprietários da Alakazam resolveram mudar de “ares”, dedicando as vendas apenas a jogos educativos. Conforme a gerente, Jamyla Ferreira, o trabalho da loja é dedicado atualmente a consultórios psicológicos, creches, entre outros. Ainda assim, os resquícios de estoques dos brinquedos da moda ainda se fazem presentes, com 50% de descontos. Ela salienta que os produtos – confeccionados em madeira – têm maior durabilidade e, mesmo que o foco seja educativo, muitos pais têm mudado a mentalidade, o que resultou no aumento da demanda.

Estimativas promissoras

Bonecas Monster High e acessórios são opção de compra

Furby é sonho de consumo não só de crianças como de adultos

A perspectiva de vendas para as lojas de brinquedos é superior ao previsto para o comércio como um todo, aproximadamente 8% no mesmo período, de acordo com o presidente da CDL Manaus, Ralph Assayag. Em torno de 310 lojas destinadas especificamente à venda de jogos e passatempos atuam em Manaus. Ele ressalta que, apesar da aposta em alta nas vendas quando comparado a igual semana do ano anterior, das cinco mil vagas do comércio em aberto apenas 70 foram solicitadas pelas lojas de brinquedos. “Os empresários já tinham contratado para o Dia das Crianças e mantiveram o quadro”, destaca.

Diante das estimativas elevadas, a gerente auxiliar da Locomotiva na João Valério, Valéria Ponte, explica que a empresa não pretende adotar nenhuma ação diferenciada para o período, entretanto, espera os descontos dos próprios fornecedores para repassar ao consumidor. De acordo com ela, dependendo do “giro” da mercadoria, os abatimentos podem ficar na faixa de 10% a 15%. “Muita gente pensa que os preços dos brinquedos aumentam no mês de dezembro, mas não trabalhamos assim. A Mattel é nossa fornecedora, uma das mais procuradas pelos clientes, e sempre faz ação de final de ano. Ainda não recebi a tabela dos valores, mas muitos itens ganham descontos que variam com base na procura”, salienta.


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Economia

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Profissionais tem nova chance com reabilitação LUANA GOMES Especial EM TEMPO

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epois de anos diante da mesma bancada de serviço, nem sempre é fácil se vê incapacitado de continuar na função por conta de acidentes de trabalho ou motivos de doença. Para dar um “up” neste cenário, garantindo que os trabalhadores retornem à ativa, mesmo que exercendo novas atividades, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) conta com o serviço de Reabilitação Profissional. Até outubro deste ano, 136 segurados pela Previdência Social – que ficaram sem condições de voltar ao cargo original por doença ou acidente – conseguiram o direito à certificação no Amazonas. O INSS emite o documento indicando a atividade para qual o trabalhador foi capacitado profissionalmente, após a conclusão do processo. Valmir Meister, 41, foi um dos que conseguiu esta emissão. O segurado foi afastado da função de motoboy depois de sofrer um acidente de moto durante o trabalho. Na ocasião, o laudo pericial indicou fratura no punho em duas

partes, o que resultou na implantação de dois parafusos na área lesionada. A “dor de cabeça” não durou muito tempo, já que ele foi reabilitado e requalificado para enfrentar novos desafios profissionais. Durante o programa de Reabilitação Profissional, Meister participou de cursos e treinamentos oferecidos pelo INSS.

RECOMEÇO

A ideia do serviço oferecido pela Previdência Social é permitir que o trabalhador volte a exercer uma atividade laborativa na empresa ou que encontre novas funções nas quais ele possa se enquadrar O órgão conta com a parceria do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que oferece vagas para os mais diversos cursos. Hoje, Meister exerce a função de auxiliar de produção em uma empresa da Polo Industrial de Manaus (PIM). A mudança foi radical, mas não retirou sorrisos do fun-

cionário, que disse estar feliz com a alteração na rotina. “Estou melhor porque saí da rua, até porque o trânsito em Manaus é muito perigoso. Quando era motoboy sofri vários acidentes, além deste que resultou na minha reabilitação profissional. Atualmente, eu estou longe deste perigo. Além disso, o salário é bom e eu não tenho motivos para reclamar”, destaca. As principais origens dos segurados que passam pelo processo de Reabilitação Profissional vêm da indústria e do transporte coletivo urbano. Ranilton Negreiros de Souza, 36 anos, foi diagnostico com Lesão por Esforço Repetitivo (LER) por conta da atividade de soldador, que exercia em uma fábrica de motocicleta, em 2009. A época, ele iniciou as sessões de fisioterapia e, por conta própria, decidiu fazer cursos de qualificação para “se sentir útil de novo”, formando como técnico em eletrônica digital e em informática, assim como tecnólogo de gestão de produção. Antes alocado no processo de soldagem manual, na qual era obrigado a levantar e abaixar chassis, agora assumiu o cargo no procedimento de soldagem robotizada.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Serviço oferecido pelo INSS reinsere profissionais em atividades diversificadas dentro da empresa em que ele já atua

Em alguns casos o profissional opta por mudar de atividade durante o período de fisioterapia

Potencial laborativo é aproveitado O serviço é destinado àqueles acometidos por doença ou que sofrem acidente tanto na empresa onde trabalham quanto na rua, de acordo com o coordenador do setor de Reabilitação Profissional do INSS no Amazonas, Evandro Miola. Segundo ele, mesmo depois de ter sido demitido de onde exercia funções, o trabalhador ainda mantém a qualidade de segurado durante certo período pela Previdência Social, além disso, existem categorias nas quais as pessoas contribuem de forma autônoma, o que lhes dá a garantia dos benefícios. “Sendo segurado do INSS, não existe nenhum critério que interfira sua participação no serviço de Reabilitação Profissional. Todas as categorias de segurados podem fazer jus”, pontuou. Evandro detalha que a participação se dá por meio do auxílio-doença, benefício que pode ser solicitado via internet com a apresentaMeister: do trânsito caótico para o interior de uma fábrica

ção do Atestado Médico e/ou Exames de Laboratório; do atestado de afastamento de trabalho preenchido pela empresa com as informações referentes ao afastamento do trabalho; documento de identificação (Carteira de Identidade/Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS); cadastro de Pessoa Física (CPF); PIS/Pasep; e Certidão de Nascimento dos filhos menores de 14 anos. A despeito desta etapa, cabe a perícia médica previdenciária definir se o trabalhador tem potencial laborativo para assumir um novo cargo, preferencialmente na própria empresa onde ocupava o cargo original. Miola comenta que o empreendimento pode incluir o funcionário na cota de pessoas com deficiências ou reabilitados. Com base na legislação, a margem é de 2% a 5% de vagas destinadas a estes perfis a partir de 100 empregados. Parcerias permitem a realização de cursos como de segurança


Economia

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Manauense rejeita pagar bandeira 2 dos taxistas JULIANA GERALDO Equipe EM TEMPO

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partir de hoje até as 6h do dia 2 de janeiro de 2014, o manauense vai pagar um preço mais ‘salgado’ pela corrida de taxi. O regulamento municipal que em setembro deste ano virou lei e estabelece o uso da bandeira 2 em tempo integral pelos taxistas da cidade durante o último mês do ano, aumenta o preço da corrida – média de 35% - e desagrada a população da capital amazonense. A lojista Mara Bargas, 29, por exemplo, considera a taxa abusiva. Segundo ela, o consumidor que depende do transporte público e deveria ter o táxi como alternativa, já paga caro pela tarifa de táxi em dias comuns. “Entendo que a bandeira 2 seja utilizada no período da noite, pelo perigo que os motoristas enfrentam durante o trabalho. Mas no final do ano, durante um mês inteiro, pagarmos o dobro em relação a uma corrida em outras épocas é um absurdo”, critica a empresária. Mara conta que para se deslocar do bairro Japiim, onde trabalha, até sua residência

na Cidade Nova, são necessários, em dias comuns, R$ 40 para pagar a corrida. Com o aumento da ‘bandeirada’ em dezembro, o gasto da lojista sobe, pelo menos 50%. “Não chego na minha casa, por menos de R$ 60”, calcula. O industriário Felipe Soares, de 30 anos, afirma que entende que o artifício é uma forma articulada pela prefeitura para que o profissional possa tirar um ganho ‘extra’ no fim do ano. “Como eles ganham por corrida, não têm direito ao recebimento de um 13º salário. Apenas não concordo com o fato de que nós, cidadãos comuns, tenhamos que arcar com o benefício. Essa função não deveria ser nossa”, argumenta. O taxista Lívio Neves, de 38 anos, rebate as críticas. Para ele, embora alguns passageiros reclamem da taxa mais alta, a maior parte dos clientes já se acostumou à prática. “É importante que eles entendam que esse recurso não é utilizado de forma aleatória. Ele também serve para combater a concorrência que sofremos de mototaxistas, lotações e os táxis-frete, que tiram parte de nossa clientela”, contrapõe.

Peso no bolso De acordo com o Sindicato dos Condutores Autônomos e Taxistas de Manaus, até ontem, o preço da chamada bandeira 1 foi fixado em R$ 2,20 e pela bandeira 2 – usada normalmente em períodos noturnos e durante o final de semana – era cobrada uma taxa de R$ 2,97. Com a chegada de dezembro, as tarifas apontadas nos taxímetros em Manaus passam para R$ 2,40 (bandeira 1) e R$ 3,20 (bandeira 2), aumento de 9% no primeiro caso e de 7,7%, no segundo. Como vários fatores, além da ‘bandeirada’ compõem o preço de uma corrida de táxi, entre eles, a distância percorrida e o tempo parado no trânsito, o presidente do sindicato, Luiz Augusto Aguiar, calcula que uma corrida no final do ano pese até 35% a mais no bolso do passageiro. Entretanto ele aponta que o valor não é representativo, isoladamente. “Uma corrida de R$ 20, sai no final do ano por R$ 27. Não é uma grande diferença para o consumidor, mas é uma ajuda importante para os 4.020 taxistas que atuam em Manaus”, avalia Luiz Augusto.

ARQUIVO EM TEMPO

A partir de hoje até 2 de janeiro de 2014, população pagará mais caro pela corrida do táxi na capital amazonense

Bandeira 2 durante o dia é uma forma dos taxistas ganharem um extra no período natalino


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Economia

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Empresa ‘dribla’ logística Há menos de um mês atuando no Amazonas, a rede Novo Mundo afirma estar preparada para enfrentar os desafios de quem trabalha com a logística da região, por meio de planejamento e parcerias com companhias transportadoras

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om seis lojas recéminauguradas no mês de novembro, a rede Novo Mundo assume o desafio de lidar com um dos principais entraves da região, quando se trata de transporte: a logística. “Manaus é um mundo a parte quando se fala em logística. Até porque a maioria dos nossos fornecedores está nas regiões Sul e no CentroOeste do país. Trazê-los de lá para cá, é árduo e difícil, mas necessário e compensador”, salienta o diretor de Logística da rede Novo Mundo, Antônio Carlos Reverbel. “Foi impressionante a necessidade de termos planejado isso com antecedência, verificando fornecedores, controladoria e finanças, além de todos os trâmites burocráticos para trazermos esses produtos para Manaus”, pontua. Uma das estratégias encontradas para driblar as dificuldades logísticas da região foi

DIVULGAÇÃO

estabelecer parcerias com a maioria dos fornecedores, no sistema “door to door” - ou porta a porta -, que consiste em um modelo de operação no qual o próprio fornecedor retira os produtos de sua fábrica e

NOVIDADE

A chegada da empresa ao Amazonas, segundo Antônio Carlos Reverbel, também trouxe alguns fornecedores que ainda não atuavam no mercado local, como por exemplo, os que fornecem móveis os entrega direto no Centro de Distribuição (CD) da Novo Mundo, localizado no bairro Tarumã, Zona Oeste de Manaus - com mais de 12 mil metros quadrados e capacidade de armazenamento para mais de 15

mil itens. Porém, observa Antônio Carlos, há fornecedores que entregam o produto até Belém (PA), de onde são trazidos pela empresa, por conta própria. Nesses casos, a parceria e contato antecipado com transportadoras que atuam na parte de travessia com os navios é importante. Estoque Para a fase de implantação da empresa foi preparado um estoque de aproximadamente R$ 15 milhões em produtos no centro de distribuição. A partir do histórico de vendas será mensurado qual será o volume de abastecimento versus o tempo de demora para retirar o produto das regiões Sul e Centro-Oeste até Manaus. Dois meses antes da inauguração das lojas no Amazonas, foram feitos testes com cargas de diferentes fornecedores, e a conclusão foi a de que todo o processo leva de 30 a 45 dias.

Centro de Distribuição em Manaus opera com capacidade para armazenar mais de 15 mil itens

Alfredo MR Lopes alfredo.lopes@uol.com.br

Prorrogação, biotecnologia e informação A realização da VII FIAM, Feira da Amazônia, um evento significativo em que a Suframa retrata as ações da economia da ZFM na perspectiva do futuro, revelou um alinhamento dos atores locais a favor das demandas inerentes à discussão da prorrogação deste modelo de acertos e suas contradições. A ausência das celebridades federais – que não deve inquietar na medida em que os atores locais sabem onde o calo aperta, o caminho a seguir e o dever a cumprir - serviu para reafirmar certezas, em bloco e com firmeza, de que é inútil protelar os incentivos sem promover competitividade da indústria local, seu adensamento e diversificação. Os stands, os debates e as rodadas disseram isso. E o caminho é simples, objetivo e – nunca é demais lembrar - estribado num marco regulatório constitucional. Aquilo que está contido nas Disposições Transitórias da Carta Magna precisa ser acentuado a cada dia, num Brasil da relatividade e do oportunismo legal. Ali estão os fundamentos das isenções fiscais ao modelo Zona Franca de Manaus tanto na indústria, como na agroindústria, pecuária e afins, como no comércio, entendido com a inclusão dos serviços. Prorrogar, também, é resgatar a sabedoria de Roberto Campos e Arthur Amorim, redatores de um programa de desenvolvimento econômico regional que, apesar das incompreensões, está dando certo e que fará 50 anos. Eles elaboraram as linhas mestras do Decreto nº 288/67, e anteviram as

vocações de negócios e oportunidades a partir da geografia, economia e sociologia amazônica, interagindo dinamicamente as atividades básicas de ocupação do território e distribuição de oportunidades e riquezas. As distorções precisam ser revistas e corrigidas. Nesse contexto, olhar para os próximos anos deve mobilizar o resgate histórico, por exemplo, do conceito estratégico do Distrito Agropecuário que, numa linguagem do século XXI, bem poderia ser chamado de Parque de Biotecnologia e Sustentabilidade. Na área comercial, porque não revisitar o Entreposto Alfandegado de Livre Comércio, numa abertura efetiva dos portos locais para a integração multilateral entre os países do Pacto Andino, ávidos por interagir com produtos, saberes, na revisão emergenc ial de uma legislação que emperra a interação promissora? Se a previsão é votar em 2014, depois da peleja eleitoral, por que não promover a revisão geral? Chamou a atenção a insistência com que o representante do ministério do Desenvolvimento retomou a temática da base ecológica do modelo Zona Franca, apontada lá atrás, pelo titular da pasta, tão logo assumiu seus encargos no novo governo. Naquela ocasião, na tentativa de compartilhar os benefícios fiscais com outras unidades da federação, a base ecológica era vista como a grande compensação industrial da ZFM, numa suposta redistribuição de uma politica industrial que jamais saiu do papel. Na abertura da VII

FIAM, o assunto foi retomado, em nome das linhas mestras (?) que estão ensaiadas para o novo milênio no âmbito da Indústria e Comércio do Brasil no contexto global. Falando em futuro da ZFM, o representan te do ministério falou para uma plateia aparentemente desatenta, mas preocupada em separar o joio da conversa do trigo da efetiva transformação. Foi retomada a questão do Centro de Biotecnologia, em moldes similares ao que se repete desde sua criação e incômoda protelação, no contexto das tendências dos novos negócios e desafios deste milênio. É o que está contido no Relatório Global Trends 2015, publicado em 2012, um exercício de futurologia da CIA, encomendado junto às instituições globais de Planejamento e Gestão, o assunto Biotecnologia ganhou leitura universal. Ali, no tal Relatório, estão alinhadas as seis forças impulsoras do mundo em que vivemos: demografia, recursos naturais e meio ambiente, ciência e tecnologia, economia e globalização, governança nacional e internacional, conflitos futuros, e o papel preponderante dos EUA, é claro, em todas essas questões. E o destaque desse exercício é Ciência e Tecnologia, onde as mais importantes áreas são exatamente a tecnologia de informação e a biotecnologia, embora sejam importantes e crescentes as contribuições dadas pela tecnologia dos materiais e pela nanotecnologia. O destaque do representante do MDIC é que este mercado movi-

mentará até 2015, US$ 160 bilhões na economia nacional. A tecnologia de informação (TI) é vista como fundamental para o crescimento de comércio internacional, e para tornar viável a atuação na sociedade de agentes não governamentais. Prorrogar a ZFM, sem integrar as miríades de possibilidades e alternativas dessa discreta economia local - que alcançará (?) US$ 80 bilhões em 2013, é excluir do tabuleiro geopolítico continental as peças, insumos e configuração biomolecular deste banco genético a respeito do qual as entrelinhas do Global Trends 2015 tem muita clareza de utilização e função. Essa questão estava presente no debate quase sanguinolento da fundação/imposição do INPA, há 61 anos, em cima da criação do Instituto da Hileia Amazônica, que a Unesco, sob a batuta (subvenção) norte-americana, queria impor ao Brasil, em nome da reconstrução dos escombros da guerra e alocação dos refugiados sem pátria numa Amazônia deserta. Getúlio Vargas percebeu aquilo que o Brasil século XXI, ainda parece não entender, nem querer equacionar. Biotecnologia e seus sucedâneos tecnológicos de inovação nada têm de modismo sazonal para despistar questões e estratégias de dominação e poder. Esta é a própria e nova estratégia de poder, da segurança alimentar, do controle genético, bioquímico da demografia em ebulição, na guerra da prosperidade e da alteridade do controle global que se direciona ao

tabuleiro asiático entre indianos, chineses, indonésios e beligerantes vizinhos. E nesta prosa, onde entram as verbas de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), recolhidas pelas empresas do setor de Informática, enquanto não definem sua auditoria, revisão e redefinição institucional? São muitos recursos à vista das remessas modestas que o Amazonas recebe em troca de sua generosa contribuição fiscal entre os estados amazônicos. “Dinheiro suficiente para qualquer país fazer uma revolução”, diz Thomaz Nogueira. São recursos que podem e devem auxiliar na caça e captura de talentos, na formação pontual e basilar de inteligências – não apenas na perspectiva da tecnologia da informação. Inteligências que possam entender e alterar a precariedade do sis tema educacional regional e nacional desde sua base elementar. E que possam ajudar a incluir no mercado de trabalho, tanto os portadores de necessidades especiais – um desafio que as empresas não conseguem enfrentar pela ausência de candidatos no patamar exigido por Lei – como os portadores de talentos excepcionais, capazes de formatar uma nova consciência do papel, potencialidade e oportunidade que a bioeconomia amazônica sinaliza e detém e que pode propiciar saídas em todas as áreas e direções, para responder as demandas de hoje e de sempre, e não apenas dos próximos 50 anos.

Alfredo MR Lopes Filósofo e ensaísta

Na área comercial, porque não revisitar o Entreposto Alfandegado de Livre Comércio, numa abertura efetiva dos portos locais para a integração multilateral entre os países do Pacto Andino”


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Copa pode criar foco mundial de dengue, diz sanitarista FOTOS: DIVULGAÇÃO

Maior especialista em dengue do mundo, Simon Hay afirma, em artigo, que três cidades-sede da Copa vão passar pelo pico de transmissão da doença durante o torneio de futebol

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revista britânica “Nature”, publicação científica mais importante da Europa, destaca esta semana um artigo do sanitarista Simon Hay, um dos maiores especialistas do mundo em dengue, dizendo que o Brasil pode se tornar um foco global de transmissão da doença em 2014. No texto “Febre do futebol pode virar uma dose de dengue”, o cientista da Universidade de Oxford afirma que três cidadessede da Copa: Salvador, Fortaleza e Natal vão passar pelo pico da temporada de transmissão da doença durante o torneio. Hay, que liderou estudos globais sobre dengue, diz que a Fifa e o Brasil deveriam ser mais proativos em orientar turistas estrangeiros. O cientista defende que uma campanha global para educação dos turistas tenha início logo, pois em 6 de dezembro o sorteio define onde as seleções vão jogar. Muitos turistas começam a planejar suas viagens a partir daí e precisam receber informação sobre como identificar sintomas da doença e orientações para usar repelente e roupas compridas.

O cientista sugere que haja reforço em ações de combate ao mosquito nessas cidades, com fumigação de inseticidas perto dos estádios. Variedades de vírus Segundo Hay, autoridades de saúde local também precisam estar atentas para o risco de torcedores trazerem novas variedades do vírus da dengue para dentro do país. “Certamente, com muitas pessoas chegando, existe o risco de novos tipos do parasita serem trazidos. A probabilidade de eles se estabelecerem é então relacionada à quantidade de mosquitos no local”, diz o cientista à reportagem. “Se o controle for intenso antes da Copa, isso iria beneficiar não só torcedores de fora, mas brasileiros também.” Segundo o infectologista brasileiro Artur Timerman, a preocupação não é exagero, e o gvoverno precisa ser mais transparente. “Em 2013, podemos estarmos vivendo nosso maior surto de dengue”, diz. O último levantamento federal indica que o país já teve até agora 1,46 milhão de casos relatados em 2013, com 573 mortes.

‘Revista Nature está equivocada’ “O Brasil já tem um programa permanente de combate à dengue, então não vamos fazer nada só para turista que vem para a Copa”, diz o secretário nacional de vigilância em saúde, Jarbas Barbosa, que classificou como completamente equivocado o artigo na revista “Nature”. Segundo ele, já está pronto o plano do Ministério da Saúde para informar turistas sobre o risco da doença. Isso não significa, diz, que o país esteja sujeito a um surto grande de dengue em 2013. O programa inclui cartazes e panfletos com informações para exibição em aeroportos e pontos turísticos. Hotéis serão orientados a relatar casos de hóspedes com sintomas. Mas Barbosa contesta Hay e diz que, mesmo no Nordeste, o pico de transPesquisador sugere que Fifa e Brasil deveriam orientar os turistas

missão vai ficar longe da Copa. Segundo o secretário, a média de casos por 100 mil habitantes em Natal, Fortaleza e Salvador esteve abaixo de 30 nos últimos 5 anos, e a OMS só sugere que

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Programa inclui cartazes e panfletos com informações para exibição em aeroportos e pontos turísticos. Hotéis serão orientados a relatar casos de hóspedes com sintomas seja emitido alerta acima de cem casos. Para ele, não há risco de introdução de novo subtipo de vírus no país, que já abriga as quatro variedades humanas.


País

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Previdência alerta para novo golpe em segurados do INSS Falsa correspondência está sendo endereçada a segurados do INSS informando sobre um resgate de valores de pecúlio

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posentados devem estar atentos a golpe que tem se tornado recorrente nos últimos meses: uma correspondência sobre uma falsa Auditoria Geral da Previdência, convocando-os para uma “chamada para resgate”. O alerta foi dado no final de semana pela Previdência Social. Segundo a pasta, quatro pessoas se dirigiram a agências da Previdência Social para entender sobre o que se tratava. Segundo o falso texto, os segurados teriam direito a resgate de valores devidos a participantes de carteiras de pecúlio que teriam sido descontados da folha de pagamento comoaposentadoria complementar. A Previdência Social esclarece que não entra em contato com seus segurados por meio desse tipo de correspondência nem tem relação com planos de previdência complementar para segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). “Os benefícios pagos mensalmente pelo INSS são da previdência pública, contributiva por todos os trabalhadores filiados

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ao Regime Geral de Previdência Social”, esclarece nota do ministério. A orientação é que o cidadão que for vítima desse tipo de abordagem registre imediatamente um boletim de ocorrência na Polícia Civil e comunique o fato à Ouvidoria Geral da Previdência Social. Para entrar em contato com a Ouvidoria, basta ligar na Central 135 ou acessar a página do Ministério da Previdência Social na internet. Dados pessoais A Previdência Social também alerta a população para que não forneça os dados pessoais para terceiros, já que as informações podem ser utilizados para fins ilícitos, e lembra que não solicita dados pessoais dos segurados por e-mail ou telefone. A principal recomendação da instituição aos segurados é que não utilizem intermediários para entrar em contato com a Previdência. O cidadão também pode agendar uma visita a uma Agência da Previdência Social, onde será atendido por um servidor especializado e receberá as devidas orientações. DIVULGAÇÃO

A recomendação é de que o cidadão vítima do golpe registre um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil e comunique a Ouvidoria do INSS

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Percentual de agressores chega a 56%

Pesquisa revela perfil de homens que agridem as companheiras

Uma pesquisa elaborada pelo Data Popular a pedido do Instituto Avon revelou que 56% dos homens já tiveram atitudes que caracterizam violência doméstica contra suas parceiras. De acordo com a pesquisa Percepções dos Homens sobre a Violência Doméstica contra a Mulher, na capital paulista 41% dos brasileiros conhecem pelo menos um homem que tenha sido violento com sua parceira. Para fazer a pesquisa foram entrevistados 995 homens e 505 mulheres a partir de 16 anos em 50 municípios das cinco regiões do país.

A pesquisa mostrou ainda que 16% dos entrevistados admitem já ter sido agressivos com a companheira. Mas quando listada uma série de atitudes consideradas violentas, é que se chega ao resultado de 56% deles admitindo terem sido agressivos. Entre os itens apontados estão: xingou, empurrou, ameaçou com palavras, deu um tapa, um soco, impediu de sair de casa, arremessou algum tipo de objeto, humilhou em público,obrigou a fazer sexo sem vontade e ameaçou com arma. Segundo o estudo 53% dos homens entram no casamento

com expectativa de felicidade, mas a mesma porcentagem atribui à mulher a responsabilidade pelo sucesso da união. Ainda dentro das expectativas 85% acham inaceitável a mulher ficar alcoolizada 69% não concordam que ela saia com amigos sem sua companhia e 46% consideram inaceitável o uso de roupas justas e decotadas. O estudo indicou também que a mulher ainda é vista como responsável pelo trabalho doméstico, já que 89% não aceitam que a mulher não mantenha a casa em ordem. Em outro aspecto a pesquisa constatou que 29%

dos entrevistados acreditam que o homem só bate porque a mulher provoca e 23% batem porque só assim a mulher “cala a boca”, além de que 12% acha que têm razão em bater na mulher caso ela os traia. De acordo com o estudo o ambiente na infância pode ser o fator influente no comportamento do homem adulto 67% dos agressores presenciaram discussões dos pais quando crianças, enquanto entre os não agressores esse número cai para 47%. Entre os agressores 21% viram violência física e entre os não agressores esse índice cai para 9%.


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Mundo

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Crianças representam 52% do total de refugiados sírios Relatório publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) declara que há mais de 1,1 milhão de crianças refugiadas

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m relatório publicado esta semana pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) revela que 1,1 milhão de crianças sírias foram registradas como refugiadas. Elas correspondem a 52% do total da população refugiada do país, que hoje já ultrapassa 2,2 milhões de pessoas. O estudo, que tem como título “O Futuro da Síria: Crianças Refugiadas em Crise”, também aponta que 75% das crianças refugiadas têm menos de 12 anos. Ainda, segundo o relatório, há mais crianças sírias vivendo como refugiadas do que matriculadas na escola. “Se não agirmos rapidamente, uma geração de pessoas inocentes será sacrificada por causa desta guerra terrível”, alertou o alto comissário das Nações Unidas para os refugiados, Antonio Guterres, ao apresentar o primeiro estudo abrangente conduzido pelo ACNUR sobre as crianças sírias desde o início do conflito, em março de 2011. A maioria das crianças refugiadas estão vivendo em países vizinhos à Síria. De acordo com o relatório, cerca de 294,3 mil crianças sírias encontra-

AFP

ram refúgio na Turquia, 385 mil no Líbano, 291,2 mil na Jordânia, 77.120 no Iraque, 56.150 no Egito e mais de 7,6 mil na África do Norte. Destruição de famílias O conflito entre rebeldes e tropas leais ao ditador Bashar al-Assad destruiu famílias. Mais de 3,7 mil crianças sírias que vivem na Jordânia ou no Líbano perderam o pai, a mãe ou ambos. Em alguns casos, os pais continuam vivos, mas o filho foi mandado ao exílio sozinho. “O mundo precisa agir para salvar da catástrofe uma geração de crianças sírias traumatizadas, isoladas e cercadas pelo sofrimento”, alertou por sua vez a enviada especial do ACNUR, Angelina Jolie. Os autores do estudo, que puderam entrevistar crianças sírias apenas na Jordânia e no Líbano, dizem ter recebido informações sobre meninos treinados para lutar quando retornarem para a Síria. Além disso, constataram que muitas famílias de refugiados sem recursos financeiros enviam seus filhos para trabalhar e garantir a sua sobrevivência.

O estudo da ONU também revela que, das mais de 1,1 milhão de crianças sírias refurgiadas, 75% delas têm menos de 12 anos

INTERESSES

Brasil na crise entre China e Japão

AFP

“Brasil tem interesses e precisa se empenhar nos esforços internacionais para pôr fim à tensão territorial entre China e Japão, mesmo com capacidade limitada para atuar na questão”. A avaliação foi feita pelo professor Alfredo Valladão, da Universidade Science Po Paris, que participa da 10ª Conferência de Internacional de Segurança do Forte de Copacabana, promovida pela Fundação Konrad Adenauer e pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), em Copacabana, Zona sul do Rio. “A questão do Japão e da China é que aquela região é chave para a economia mundial, que está toda interconectada. Nós vamos sofrer muito porque vendemos soja e ferro para a China, que é o que mantém a nossa balança comercial. Para nós, o fato de ter ou não um conflito na região vai nos atingir diretamente”, disse o pesquisador. Em caso de acirramento das tensões entre as duas potências, que são a segunda (China) e a terceira (Japão) economias do mundo, investimentos e uma das principais cadeias de valor poderiam ser paralisadas, causando prejuízos a todo o mundo. Para o Brasil, a questão seria especialmente delicada por outra questão que foge à economia, segundo lembrou o pesquisador: os laços criados pela imigração asiática. “Temos uma grande e importante comunidade de origem japonesa. Se houver um conflito entre Japão e China, será difícil tomarmos posições e até ficarmos neutros”, avalia Valladão.

Valladão diz que área em disputa é crucial para economia mundial

‘País tem força para intermediar’ Para o professor, a força do Brasil virá da ação multilateral. “Temos todo o interesse em tentar fazer parte dos grupos que estão tentando acalmar aquela tensão. Não podemos fazer isso sozinhos, porque não temos nenhuma força nem legitimidade para isso, mas, junto com os outros, vamos trazer mais força e legitimidade para as decisões que podem ser tomadas em comum pelas grandes potências e pela ONU”. Para Valladão, o Brasil ain-

da não se convenceu dessa importância. “Não estamos conscientes de que isso é da nossa conta. Agora, uma vez que estivermos conscientes, não quer dizer que temos condição de fazer alguma coisa. Temos que colaborar com os europeus e os americanos, porque são quem têm mais condições de fazer algo. Mas é preciso tomar cuidado. Se o Brasil escolher colaborar com a Índia, por exemplo, a China pode achar que estamos tomando posição”.


Caderno C

Dia a dia diadia@emtempo.com.br

(92) 3090-1041

Um novo ato do ‘Sonho de Natal’ Dia a dia C8

FOTOS: RICARDO OLIVEIRA

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DIVULGAÇÃO

Vista geral do prédio do seminário São José, em Tefé: outrora símbolo da educação de referência da região, hoje toda a sua estrutura está deteriorada e com sinais de riscos de desabamento

A história de Tefé ameaçada Seminário São José, onde o ex-governador Amazonino Mendes estudou em regime de internato, está totalmente deteriorado MÁRIO ADOLFO Equipe EM TEMPO

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olidariedade. É só com isso que a Prelazia de Tefé conta para salvar o maior símbolo de sua história. O seminário São José, um edifício de 1913, está com sua estrutura comprometida, inclusive ameaçada de desabamento. Para evitar o pior, a igreja lançou uma campanha para recolher materiais como cimento, ferro e seixo ou mesmo contribuição financeira – depositada em uma conta do Bradesco —, para bancar o trabalho de restauração do seminário. A população tem respondido ao chamado da igreja, e os primeiros trabalhos para fortalecer a estrutura e refazer o telhado já começaram. O seminário é o único prédio histórico do município, que resiste ao tempo e foi construído baseado em castelos franceses. — Enquanto muitos já foram demolidos ou modernizados, esse continua tentando salvaguardar a nossa história –, diz o padre Joaquim Barbosa da Silva. O velho prédio está praticamente vazio. Apenas o padre Joaquim resiste, recusando-se a abandonar o quartinho que ocupa no andar inferior do velho casarão. No andar superior, as salas estão inundadas por goteiras, as janelas e portas estão podres, com dobradiças e fechaduras enferrujadas. O piso apodreceu pela umidade, paredes estão rachadas e móveis clássicos perderam o verniz. No corredor, telas centenárias, como o retrato a óleo de monsenhor Michel Alfred Barrat, o primeiro prefeito apostólico de Tefé, estão amontoadas umas sobre as outras, cobertas com um pedaço de plástico para

protegê-las das goteiras. O problema mais grave está lá fora, na praia. O muro que impedia o avanço das águas do lago de Tefé – que banha a entrada da cidade –, desabou depois que a prefeitura começou a tirar terra da base do prédio. Com isso, a água está minando o alicerce do prédio. — Atualmente esse prédio necessita de uma grande reforma, se quisermos salvá-lo. A Prelazia de Tefé tem tentado reformar, mas sozinha não tem condições –, lamenta o sacerdote. O seminário São José, de Tefé, foi construído por religiosos desde a chegada dos primeiros europeus. No dia 10

SOLITÁRIO

O velho prédio está praticamente vazio. Apenas o padre Joaquim Barbosa da Silva resiste, recusando-se a abandonar o quartinho que ocupa no andar inferior do velho casarão em Tefé de junho de 1897, chegaram os primeiros missionários espiritanos ao município. Em 1910, foi criada a Prefeitura Apostólica e nomeado o padre Michel Alfred Barrat. Foi ele que solicitou a um arquiteto francês a elaboração de um projeto da construção da casa do bispo (Palácio Apostólico). As obras foram iniciadas em 1913 e concluídas em 1919, com apenas a parte de baixo pronta. Em 1931, monsenhor Barrat iniciou a construção do seminário e o concluiu em 1935. O prédio tinha como finalidade ser a residência do bispo e padres espiritanos, seminaristas em formação. Mais

tarde, viria a ser transformado em escola São José. De acordo com o padre Joaquim, o prédio se tornou o ponto de formação, cultura e educação de jovens, não só na área da Prelazia de Tefé, mas de toda a região. — Muitos passaram por esse seminário, entre elas pessoas ilustres que ocuparam e ocupam funções importantes no Estado do Amazonas, como, por exemplo, o ex-governador Amazonino Mendes. Inclusive é o próprio Amazonino que assina o prefácio do livro que resgata a história do município – “Tefé, a saga heróica de uma cidade pioneira”, de autoria do professor Protássio Lopes Pessôa. Durante muito tempo, Tefé foi uma referência em educação de qualidade na região. Isso se deve a monsenhor Barrat, que construiu o seminário não só para a formação de sacerdotes, mas para a preparação de jovens em toda a região, com um currículo escolar de fazer inveja aos grandes colégios da atualidade. “No seminário se lecionavam quatro línguas além do português: francês, inglês, latim e grego. O currículo compreendia história geral, geografia, matemática, álgebra, música, canto orfeônico, literatura e clássicos da literatura mundial, antiga e moderna. De acordo com o padre, em seu último governo (1998 a 2002), Amazonino se interessou em transformar o prédio na Universidade do Estado do Amazonas (UEA). “Ele disse que ia deixar tudo bonito, tirar a feira do entorno e deixar só esse prédio isolado. E aí transcorreu o ano todo, sem ninguém morando aqui, só ficaram os móveis e o ano inteirinho sem reforma. Aí deu no que deu. Perdemos demais com isso” –, lamenta o padre Joaquim.

Padre Joaquim Barbosa, com as telas centenárias, uma delas retrato de monsenhor Michel Alfred Barrat

Prédio foi tombado em 2004 Em 2004, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) esteve em Tefé para fazer o tombamento do seminário São José e, levantar os custos para uma reforma futura. Na época, o bispo da cidade era o atual arcebispo de Manaus, dom Sérgio Castriani, que estava viajando. “Como o bispo não deixava ninguém para delegar, a comissão esperou por 15 dias e acabou desistindo”, conta o padre Joaquim Barbosa. A data histórica do prédio é 1913, mas o prédio passou a ser construído praticamente só em 1914

e terminou em 1919. “Foram 5 anos ininterruptos de construção”, informa o padre, lembrando que “de lá para cá ocorreram algumas reformas que a gente pode perceber”. De acordo com o religioso, a parte mais antiga é o Palácio da Prefeitura Apostólica. Pois foram construídas quatro torres onde funcionaram o seminário e o colégio São José. — Então, a Prefeitura Apostólica foi inaugurada em 1920, o seminário em 1933, e o colégio São José, onde também funcionou o último cinema

de Tefé, em 1958. O último parte que é um anexo foi construída em 1968. Sobre o esforço da igreja para executar a reforma, Joaquim diz que um colega padre de São José do Rio Preto tentou junto ao presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) uma verba para iniciar o trabalho. A CNBB se interessou, mas logo em seguida retrocedeu. — No ano passado, tudo o que eles liberaram foi uma quantia de R$ 200 mil, que é irrisória diante do que precisamos. No entanto, ela é bem-vinda, porque já é um começo.


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Dia a dia

‘Êxodo haitiano’: u Migrando agora da Venezuela, fugindo da crise econômica no país vizinho, mais haitianos devem chegar esta semana a Manaus. Igreja pede ajuda para novos refugiados, pois não há estrutura para tanta gente ISABELLE VALOIS Equipe EM TEMPO BRUNO IZIDRO EM TEMPO ON LINE

E

sta semana a população de haitianos em Manaus deve aumentar, agravando o quadro dos refugiados que têm chegado à capital amazonense desde o terremoto que devastou o Haiti, em janeiro de 2010. Segundo o pároco da igreja de São Geraldo, na Zona CentroSul, Geomino Costa, que acolhe os imigrantes, a cada semana novos grupos estão chegando, e nesse êxodo, somente este ano, 1,8 mil pessoas chegaram a Manaus. Na última semana, foram 40, fechando novembro com 190 recém-chegados, enquanto em outubro o número fechou em 285 pessoas. Antes vindos da fronteira em Tabatinga, agora os haitianos chegam a Manaus pela Venezuela, por meio da rodovia que liga a cidade venezuelana de Santa Helena a Pacaraima (RR). Para o padre Geomino, a situação na capital está precária, pois a oferta de emprego não igual ao ano passado. “Hoje temos em média 250 haitianos nas casas de abrigo ao imigrante, e outros 300 nos quartinhos de seus amigos. Temos casos de haitianos passando fome por não terem uma fonte de renda, pela falta do trabalho”, disse. “São haitianos que estavam tentando uma vida na Venezuela, mas como o país está passando por uma crise, e terem muita dificuldade do câmbio para encaminharem o

Refugiadas haitianas chegam à paróquia de São Geraldo: tragédia do terremoto de 2010 espalhou sobreviventes e suas famílias

dinheiro para seus familiares, eles atravessam a fronteira e chegam ao Brasil com o destino a Manaus”, explicou o padre. Por não haver alguém que faça a contagem de quantos haitianos chegam, o padre explicou que não há mais controle. “Em Tabatinga, temos uma irmã missionária que sempre repassa as informações para nós, porém na Venezuela não isso não ocorre”, informou. A igreja pede ajuda para os haitianos, pois no momento uma boa parte passa por necessidades. A igreja de São Geraldo possui duas casas de abrigo, uma no Zumbi, Zona Leste, e outra

NOVA ROTA

Antes vindos da fronteira em Tabatinga, agora os haitianos chegam a Manaus pela Venezuela, por meioda rodovia que liga a cidade venezuelana de Santa Helena a Pacaraima (RR) ALBERTO CÉSAR ARAÚJO/ARQUIVO EM TEMPO

na rua Visconde de Porto Alegre, no Centro, Zona Sul, que estão com a capacidade lotada e não há mais lugar para abrigar os haitianos que chegam. Segundo a Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas), de 2010 até novembro de 2013 passaram pelo Amazonas em torno de 7 mil imigrantes haitianos, dos quais 23 permanecem acolhidos em abrigos. SHANA REIS/ARQUIVO EM TEMPO

A solidariedade auxiliou muitos haitianos que chegaram aqui

Ajuda constante do Estado Os abrigos são mantidos pela Igreja Católica/Pastoral do Migrante, projeto Ama Haiti, Igreja Evangélica, em quitinetes alugadas ou morando com famílias e amigos. Parte da manutenção/ custeio dessa população vem sendo assumida pelo governo federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que providenciou um aporte financeiro em março deste ano junto ao Fundo Estadual da Assistência Social (Feas), coordenado pela Seas no valor de R$ 489.444, recursos estes que foram repassados à Cáritas Arquidiocesana, modalidade convencional. O governo do Amazonas, por intermédio da Seas, além do acolhimento de pequenos grupos na Casa do Migrante Jacamim (avenida Recife, bairro Parque 10, Zona Centro-Sul de Ma-

naus), disponibilizou para a Paróquia de São Geraldo/ Pastoral do Migrante 200 fogões de duas bocas; 200 botijões com carga de gás de 8 quilos; 200 mangueiras com reguladores de gás e cem ventiladores. O programa Mesa Brasil disponibilizou entrega de frutas, verduras e legumes, pelo menos seis vezes, até o cadastramento da paróquia para o recebimento direto. Ainda em articulação com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-AM), a Seas providenciou a emissão de carteiras de trabalho aos haitianos. O Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) auxilia com aulas de português e cursos profissiolizantes, assim como o Senai. Ainda por meio da Seas foram disponibilizadas 165 passagens fluviais para haitianos de Tabatinga para Manaus. Refugiados receberam trabalho até na limpeza de igarapés


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m drama sem fim DIEGO JANATÃ/ARQUIVO EM TEMPO

LOGAN ABASSI/AP

O terremoto no Haiti, em janeiro de 2010, devastou o país, que até hoje não se recuperou

Refugiados chegam sem dinheiro Conforme os dados da Seas, este ano passaram e foram cadastrados 1.377 haitianos, contabilizando-se 274 somente em outubro. Desse total, 62 entraram no Brasil pela Venezuela, registrando-se a chegada da maioria por Tabatinga, com alguns poucos diretamente do Haiti. Semelhante ao ano passado quase todos chegam sem dinheiro, mesmo aqueles que estavam algum tempo

morando na Venezuela. Nos espaços de acolhimento permanecer em média 230 haitianos. Parte dos que chegam, procuram ou mesmo se dirigem aos endereços onde se encontram amigos ou conhecidos, muitas vezes, sem condições de acolhimento pela superlotação, auxiliando aquela Pastoral, com colchões e alimentação. Para liberação e apoio às mulheres que saem para o trabalho, a Pastoral de São

Geraldo, organizou um espaço de atendimento e assistência a 20 crianças com idade de 0 a 2 anos. A Igreja Católica solicita a inversão do processo, ou seja, que o Estado/município, assumam seus papéis na acolhida e assistência aos imigrantes, em especial aos haitianos que chegam em maior número, firmando o compromisso de continuidade da ajuda, sem contudo substituí-los.


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Dia a dia

Uma terra onde imp Cinco assassinatos acontecidos em uma única noite aterrorizam Novo Aripuanã, onde, em todo o ano passado, foram registrados apenas sete casos de homicídio. População teme onda de violência ligada principalmente ao tráfico ISABELLE VALOIS Equipe EM TEMPO

N

em só de festas folclóricas vive o interior do Estado. De medo, também. Enquanto boa parte dos moradores da capital sonha no futuro sair do caos urbano para buscar a aparente tranquilidade dos municípios menores, a realidade lá tem se modificado com a onda de violência crescente. Um exemplo dessa mudança é o município de Novo Aripuanã (a 227 quilômetros da capital, em linha reta), onde uma série de homicídios ocorridos em novembro deixou seus 22 mil habitantes assustados e com vontade de abandonar o local, que não lhes traz mais paz. Há duas semanas, cinco homicídios foram registrados no município, conforme os moradores, algo incomum de ocorrer no local. Dentro dessa estatística consta o caso do lutador de MMA (mixed martial arts) Leonardo Ribeiro de Almeida, 20. Ele era apai-

xonado pelo esporte e estava treinando para no próximo dia 15 de dezembro representar o Estado em um campeonato na cidade de Curitiba (PR). O sonho foi interrompido por um tiro no tórax, que o matou. De acordo com o tio do jovem, João Corrêa, o lutador tinha sido convidado por uns amigos para irem a uma festa na noite de 17 de novembro. Segundo ele, um homem, cujo nome não foi revelado para não atrapalhar as investigações, amigo da própria vítima, chegou à festa com uma arma perguntando “quem seria o primeiro a morrer”. Na brincadeira, o suspeito acabou puxando o gatilho e alvejando Leonardo, que chegou a ser socorrido, mas não resistiu ao ferimento e morreu. Segundo João, o lutador sempre foi um bom filho. “Era dedicado, atencioso, honesto e muito brincalhão. Não digo que quem fez isso para a nossa família era amigo do Leonardo, pois amigo de verdade não tira um tipo de brincadeira como essa”, desabafou Corrêa.

Vista aérea de Novo Aripuanã: cidade tranquila marcada por onda crescente e repentina de violência


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pera a falta de leis FOTOS: DIVULGAÇÃO

Alto índice de criminalidade na cidade O tio de Leonardo disse que não esperava que um tipo de crime como esse pudesse acontecer com seus familiares. “Ultimamente o índice de criminalidade em Novo Aripuanã vem crescendo muito. Quase todos os dias ouvimos uma história diferente, muitos deles relacionados ao tráfico de entorpecentes e até mesmo com usuários de drogas”, disse João Corrêa.

Policiamento reforçado nas ruas

Ajuda da segurança pública

Por causa dos acontecimentos e com a aproximação da festa da padroeira do município, Nossa Senhora da Imaculada Conceição, esta semana, os moradores programaram para este sábado (30), uma manifestação com o tema “Justiça e Paz no Novo Aripuanã”, organizada pelos familiares das vítimas dos homicídios. A manifestação terminaria com um culto ecumênico na praça em frente à igreja Ma-

Preocupado com as execuções constantes e com o aumento do índice da criminalidade em Novo Aripuanã, um vereador do município, Jander Souza, fez um relatório constante dos crimes e veio até Manaus para entregar e apresentar os detalhes à Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas (SSP-AM). “Observei que no município o que vem acontecendo são confrontos de grupos. Quando as coisas estão desse jeito, não sabemos o que pode acontecer, então procurei ajuda para o município ao fazer o relatório e procurar a secretaria de segurança pública”, disse o vereador.

triz. João Corrêa explicou que o ato teve o objetivo de chamar atenção das autoridades para que trabalhem para mais segurança no município. “Temos cinco policiais, e agora com os preparativos da festa de nossa padroeira, ainda existem pessoas que não respeitam, e por isso não podemos ficar parados. Esperamos que agora os nossos representantes e governantes olhem para o nosso município”, informou.

Justiça “Não sabemos se meu sobrinho era usuário de algum tipo de entorpecente, por ele ser muito calado, mas não esperava que um tipo de crime como esse pudesse acontecer com a minha família. Todos estamos muito abalados e queremos que a justiça seja feita”, disse.

Tráfico Para Jander Souza, a situação do município é relacionada ao mesmo problema enfrentado em Manaus. “O tráfico de entorpecentes envolve a maioria desses crimes, porém o que mais assusta é que o número - como, por exemplo, cinco homicídios em uma só noite - não é Festa da padroeira terá segurança reforçada esta semana

comum em Novo Aripuanã. A sensação é de que as coisas estão perdendo seu controle, nós temos dois meios de chegar ao município, que é por estrada e por barco, mas não há fiscalização”, desabafou. Segundo o vereador, o relatório foi entregue para o titular da SSP, coronel Paulo Roberto Vital, que a princípio encaminhou um reforço de mais 10 policiais militares para colaborarem na segurança dos festejos da padroeira do município. Ocorrências No ano passado, de acordo com o vereador, o município às vezes registrava um homicídio por mês, mas o último registro de cinco assassinatos em uma só noite assustou os moradores. “A falta de juiz no município também colaborou para o aumento da criminalidade, mas recentemente fomos presenteados em nossa comarca para continuar o trabalho da Justiça no Novo Aripuanã”, finalizou Jander.


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Dia a dia

Desaparecidos, um Manifestação marcada para hoje na Ponta Negra chama a atenção para a necessidade de uma ação mais rápida na busca por pessoas desaparecidas, principalmente crianças ADRIANA PIMENTEL Especial EM TEMPO

T

iago Bandeira teve o irmão Yago, 20, desaparecido em agosto deste ano. De acordo com seus familiares, ele saiu por volta das 2h da manhã de casa, na Compensa, Zona Oeste, e desde então não foi mais visto. Há três meses, a família do jovens, que cursava educação física, busca em vão suas notícias. Diversas mães e parentes, como Alessandra Vasconcelos, fazem parte do grupo de apoio do Facebook “Todos Juntos por João Rafael Kovalski” - nome de uma criança de 1 ano desaparecida em agosto em Adrianópolis, Região Metropolitana de Curitiba -PR. O grupo reúne familiares de desaparecidos e está realizando neste domingo uma passeata na Ponta Negra, a partir das 15h. “O movimento que tem como um dos seus objetivos de criar um banco de dados estadual e uma rede permanente de investigação e atuação de órgãos públicos nesses casos”, afirma a organizadora.

Dados Segundo dados da Delegacia Especializada em Ordem Pública e Social (Deops), cerca de 45 pessoas são dadas como desaparecidas todos os meses na cidade de Manaus. No Brasil, são milhares de adultos e crianças desaparecidas e que continuam desaparecendo todos os dias sem deixar o menor vestígio. Estatísticas apontam que mais de 40 mil crianças desaparecem por raptos e tentativas de rapto de anualmente no país. Algumas destas crianças serão encontradas e trazidas de volta a salvo ao seio de suas famílias. Infelizmente, outras crianças nunca serão encontradas e muitas outras serão achadas assassinadas. A recuperação rápida da criança raptada aumenta a probabilidade de que ela seja achada ilesa.

Organizadores da passeata que vai acontecer hoje na Ponta Negra: apoio para diminuir a dor de familiares dos desaparecidos

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Um método para a salvação Amber Hagerman tinha somente nove anos de idade quando desapareceu, vista pela última vez quando estava andando de bicicleta perto de sua casa, na cidade de Arlington, Texas, nos Estados Unidos, em 1996. Apesar dos esforços policiais, e do envolvimento da comunidade na procura da menina, somente quatro dias mais tarde seu corpo foi encontrado flutuando em um riacho, com o pescoço cortado. Seu sequestro e assassinato nunca foram esclarecidos. Em resposta à trágica morte de Amber, autoridades uniram forças com as agências policiais locais para desenvolver um sistema que tomou o nome de Amber Alert Plan (Plano de Alerta Amber), uma série de alertas e ações que, rapidamente, mobilizam todos na busca a crianças Yago Bandeira, de 20 anos, desapareceu em agosto após sair de sua casa, na Compensa

desaparecidas. Hoje, muitos países o utilizam. Salvação O Plano de Alerta Amber está salvando a vida de crianças. Para uma das organizadoras da passeata de familiares de desaparecidos, que será realizada hoje na Ponta Negra, Alessandra Vasconcelos, o Plano Amber seria uma ferramenta a mais na busca por crianças desaparecidas. “Nós estamos fazendo um abaixo-assinado para implantar esse plano aqui no Brasil”, enfatiza a organizadora. De acordo com Alessandra, o plano significa a diferença entre a vida e a morte. “O Amber veio muito tarde para a menina, mas felizmente não veio tarde demais para as crianças raptadas hoje e no futuro”, declarou.


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grande mistério ALEXANDRE FONSECA

Número cresce no final do ano De acordo com a delegada da Deops, Catarina Saldanha Torres, nos períodos de festa esse número cresce. Para a delegada uma das maiores causa no caso de adulto é o afastamento familiar espontâneo. “Geralmente quando vamos investigar existem conflitos familiares”, afirma Catarina. É comum o desaparecimento quando a família não aceita um relacionamento amoroso ou homossexualidade. Também ocorre com frequência casos de maridos que somem para viver com outra família. O registro do boletim de ocorrência deve ser feito imediatamente após o sumiço da criança ou adulto. “Não é necessário esperar 24 horas”, afirma a delegada da Deops. As primeiras horas são de suma importância.

Fotos de Shara Reis na época de seu desaparecimento e simulação de como seria sua aparência hoje, seis anos depois

Família busca menina sumida há seis anos No dia 25 de outubro de 2007, uma tarde de domingo, Shara Ruana Reis, 7, saiu para comprar pão para comemorar o seu aniversário e não retornou para casa. O pai, Pedro Reis, afirma que achou estranho a demora da menina. “Ela não se perdeu, porque o trajeto era conhecido. Depois de meia hora, quando ela não apareceu,

ficamos desesperados e começamos a procurá-la”, diz. De acordo com ele, as buscas à menina só começaram após 48 horas do desaparecimento, pois a polícia alegava que não podia fazer nada antes disso. Foi um período muito difícil para a família toda. O pai deixou de trabalhar para fazer buscas constantes e in-

cansáveis à procura da filha. “Nossos outros três filhos foram liberados da escola, porque não conseguiam mais assistir às aulas”, afirma Pedro. Ele contou que recebeu muitos telefonemas sobre o paradeiro de Shara. As denúncias foram apuradas, mas todos os telefonemas eram falsos. “Até cavar bura-

cos pela ruas de Manaus eu fiz. Qualquer pista era uma esperança”, enfatiza o pai. “Fiz tudo que pude para encontrar a minha filha”, afirma o pai, que ainda tem esperança que Shara esteja viva. Até hoje a família sofre com a tragédia vivida e pela falta de informações sobre a jovem.


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Mais um sonho de Natal

Nova Igreja Batista promove mais um espetáculo sobre o nascimento de Jesus Cristo. Desde julho, quase 3 mil pessoas trabalham na organização do evento, que deve atrair 100 mil pessoas, segundo expectativa da organização FOTOS: DIVULGAÇÃO

Desde 2002 o espetáculo “Um Sonho de Natal” usa o teatro para contar a história do nascimento de Jesus Cristo, atraindo a cada ano cada vez mais espectadores entusiasmados com o evento IVE RYLO* Equipe EM TEMPO

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omo dizem que “nem só de pão vive o homem”, cerca de 3 mil pessoas trabalham há 12 anos na construção de um dos autos de Natal, que tem conquistado fama na cidade, o “Um Sonho de Natal”. As sessões são gratuitas e serão realizadas de 6 a 25 de dezembro (exceto no dia 24), de segunda a sexta-feira, às 20h, aos sábados às 17h30 e 20h, e domingos, às 15h, 17h30 e 20h. O espetáculo acontece na avenida Torquato Tapajós, 4444, Flores, na Nova Igreja Batista. Informações podem ser obtidas pelos telefones 3236-6218 e 9215-0597. O coordenador de eventos, o pastor Rosinaldo Rodrigues da Silva, 46, explicou que, desde julho, 900 pessoas direta e quase 2 mil indiretamente

trabalham na construção do espetáculo. “’Um Sonho de Natal’ começou bem pequeno, com coral e alguma encenação, mas pela vontade de Deus e, lógico receptividade por parte do publico e pessoas que aderiram, conseguimos crescer. Já recebemos várias instituições que vêm em caravana como os idosos da Fundação Doutor Thomas e do Centro de Convivência da Cidade Nova”, disse. Para ele, o sucesso do espetáculo se deve à história contada. “O objetivo principal é retratar a verdadeira história do Natal. Usar o teatro, o coral, a música, os fantoches, para contar a história bíblica, o nascimento de cristo, vida adulta, morte e ressurreição”, explicou. A temporada de 2013 vai ter 30 apresentações. No palco, são mais de mil artistas de todas as idades, voluntários que se revezam a cada es-

petáculo para mostrar a história do nascimento de Jesus Cristo. A peça dura uma hora e vinte minutos. Os artistas, na maioria amadores e alguns profissionais, trabalham de forma voluntária. A criação

PRODUÇÃO

O coordenador de eventos, o pastor Rosinaldo Rodrigues da Silva, 46, explicou que, desde julho, 900 pessoas direta e quase 2 mil indiretamente trabalham na construção do espetáculo do mundo é contextualizada, passando pelo nascimento de Jesus, sua missão, morte e ressurreição. Um coral no formato de árvore de Natal, com mais de 90 vozes, conduz a trilha que

dá sentido ao espetáculo. A peça conta a história do Natal com dinâmica e abrangendo várias artes, teatro, pantomima, percussão, fantoches, patins artístico, artes circenses, orquestra de metais, dança interpretativa, balé e coral. Logo na entrada, personagens do imaginário infantil levam os visitantes a entrarem no clima da peça com uma encantadora e alegre recepção. Muitos adultos e crianças aproveitam para fotografar os seus personagens favoritos. Os recursos artísticos somados a um cenário encantador e muitos efeitos especiais vão emocionar o público. E nesta temporada haverá a estreia de um moderno sistema de iluminação. Leandro Caiado, pastor de jovens e diretor-geral da peça, destaca que foram feitas diversas mudanças para surpreender a plateia a cada espetáculo.

Tradição começou em 2002 A primeira temporada de “Um Sonho de Natal” em Manaus aconteceu em 2002, e a cada ano bate um novo recorde de público. Este ano deve ultrapassar os cem mil espectadores. O ingresso e estaciona-

mento são gratuitos, mas as vagas são limitadas. Assim, a organização recomenda chegar mais cedo ao evento. * Com matéria da assessoria

Apresentação tem entrada gratuita, com vagas limitadas


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plateia@emtempo.com.br

Cantor do ‘The Voice’ em Manaus Plateia 4

(92) 3090-1042

Os embalos continuam Mesmo com a saída de dois de seus integrantes, a Banda Original mantém viva a festa do arromba da Jovem Guarda, que começou há 45 anos e fará um tributo à Jovem Guarda, no próximo dia 7, no Tropical Hotel

SERVIÇO OS EMBALOS CONTINUAM - TRIBUTO À JOVEM GUARDA Quem; Banda Original Quando: Sábado, dia 7 de dezembro Onde Salão Solimões, Tropical Hotel Ingressos: R$ 70 o lugar na mesa Venda: Bemol do Amazonas Shopping

A formação atual conta com o contrabaixista Leonardo Martins, o vocalista Janderruby, o baterista Carlinhos e o guitarrista Ewerson Martins, além de Luciana Paulo Sadi e Jarlei MÁRIO ADOLFO Equipe EM TEMPO

O

s meninos dos anos 60-70, que amavam os Beatles e os Rolling Stones vão entrar na máquina do tempo nestes 7 de dezembro e fazer uma viagem, por meio da música, nas asas da banda Original. O embalo de sábado à noite é a versão 2013 da festa de arromba iniciada pela banda Os Originais, a versão remasterizada da Blue Birds Band, a maior banda de Manaus nos anos dourados, onde a juventude circulava pela Praça do Congresso, tomava sorvete no Pinguim, sacudia o esqueleto no Bancrévea Clube ou na Moranguinho, do Ideal, e compra disco na Novidisc. O baile acontece no Salão Solimões, do Tropical Hotel, a partir das 23 hs, quando três nomes da formação original – o contrabaixista Leonardo Martins, o vocalista Janderruby e o baterista Carlinhos comandarão o maior desfile de pérolas da Jovem Guarda, reforçados pelo guitarrista Ewerson Martins, Luciana Paulo Sadi e Jarlei (tecladistas). Para que chegou aos 60 ou está beirando os 70, aconselha-se o uso de sebo-de- Holanda na canela, Vick Vaporub no nariz, óleo de andiroba na juntas, uma colher de azeite de Oliva e um copo de guaraná em pó antes de seguir para o Tropical Hotel, porque lá, ser quase inevitável não entrar no salão quando tocar os inesquecíveis hits daquela época como “Menina Linda”, “Feche os Olhos”, “Mar de Rosas”, “Vem me Ajudar”, “A primeïra lágrima”, “A última canção”e outras de machucar o coração. No início do ano, quando o vocalista e líder da banda Chaim, e o guitarrista Ananias Goes anunciaram que estavam encerrando a carreira, a maioria dos fãs achou que essa história ha-

via chegado ao fim. “Como é, este ano não vai ter o baile da Jovem Guarda?”, perguntavam. Para felicidade geral da galera, Leonardo, Jander e Carlinhos decidiram que os embalos continuariam. “Vamos imaginar que seja a mesma banda , mas sem o Chaim e o Ananias. Na verdade, sempre houve mudanças na banda desde o final dos anos 1960, mais de 100 músicos já passaram pelo grupo, como o cacau, a Nana, só para citar alguns. Toda banda no mundo passa por mudanças, até porque tudo na vida passa. Seria impossível, por exemplo, querer ouvir The Platers com a mesma formação Only You. Não dá” diz Leonardo. Para o

MÚSICA

“No tempo em que a vovó era “papo firme”, só andava de minissaia e babava por Ronnie Von”. É nesse clima que a banda vai embalar os presentes no Tropical Hotel, no próximo dia 7 baterista Carlinhos, a Blue Birds e Os Originais fazem parte de um passado histórico. “ Mas a Banda Original é o presente. E vamos viver isso com toda a dignidade, em respeito à nossa história” diz. Depois daquela febre da Jovem Guarda, de 67-70, cada componente da banda seguiu seu caminho, assumindo novas responsabilidade como profissionais liberais. Um foi ser procurador, outro advogado, outro empresário. Mas, como saudade da estrada, decidiram faze um baile anual no mês de novembro. Com isso, o público sempre fiel respondeu apelo e fez do baile “O melhor da Jovem Guarda” um compromisso de fim de ano, como se

obedecessem a um calendário oficial de eventos. Com o passar do tempo – mais de 30 anos –, a festa do arromba deixou de ser um compromisso profissional para se transformar numa confraternização entre amigos que passam o ano inteiro correndo atrás de seus compromissos, quase não se vêem e aguardam com ansiedade o baile para rever velhos companheiros de juventude. É também o momento para casais que conseguiram sobreviver à crise dos 20 anos, e estão juntos até hoje, reviver antigas lembranças. Aliás, eram os rapazes da banda estavam fazendo a trilha sonora no momento em que você deu o primeiro beijo na sua namorada – hoje sua esposa, essa gordinha que está dançando ao lado. “Isso é que legal. Quando a gente está tocando, olha pra pista e dá de cara com um casal que começaram a namorar na época que a banda se chamava Blue Birds, percebe que só mesmo a música é capaz de reacender a velha chama”, diz Jander. Com o tempo, o conjunto musical passou a se chamar OS Originais e hoje, com a saída de Chaim e Ananias passa a se chamar Banda Original. Tudo começou com uma tal de Beatlemania que incendiou o coração das meninas, no início dos anos 60. Naquela época, a turma da Nara, Vinícius, Tom e Carlos Lira já nos ensinavam que um banquinho e um violaão faziam bem ao coração. Mas, quando as guitarras surgiram com os conjuntos, o grito de iê, iê, iê cruzou o espaço, descortinando o palco para entrar em cena Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Lafayette, Renato e seus Blue Caps, Wanderléa, Golden Boys, Os Incríveis, The Fevers, The Jordans, Leno & Lílian, Jerry Adriani, Ed Wilson, Os Populares e The Pops.

A revolução das guiatarras Na verdade, a revolução da guitarra começa a ser desenhada em 1959, quando Brasília ainda estava sendo construída e a TV só tinha 7ª nos. Hebe Camargo ainda não tinha descoberto a água oxigenada. Cely Campello aparece com uma versão de “Stupid Cupid”, de Neil Sekada, “Oô cupido vê se deixa em paz”, e a música vai para o primeiro lugar nas paradas de sucesso. É também desta época a balada “Diana”, de Carlos Gonzaga, original de Paul Anka. A partir daí vão surgindo os nomes que ficarão para sempre no panteão dos deuses do rock: Bill Harley &

Seus Cometas, Sérgio Murilo, Demétrius, Elvis Presley, The Beatles,Tony Campello, Ronnie Cord, com o hit “Rua Augusta”, Roberto Carlos com o Calhambeque, Splish Spiash, Parei na Contra Mão, Erasrno Carlos com “Terror do Namorados”, “Minha Fama de Mau”,The Clevers, que depois passa para Os Incríveis, The Jet Biacks, os Vips, Wanderléa, eté Roberto Carlos pisou pela primeira vez o palco da TV Record, em setembro de 1965, quando as guitarras elétricas já embalavam os sonhos da juventude transviada. O nome do programa que o garoto de 17 anos passou a apresentar nas jo-

vens tardes de domingo da Record nasceu de uma frase do líder soviético Vladimir Lênin. “O futuro pertence à jovem guarda porque a velha está ultrapassada. O programa virou de maior audiência da época: o Jovem Guarda, apresentado pelos emergentes cantores e ídolos juvenis Roberto Carlos (O Rei), Erasmo Carlos (O Tremendão) e Wanderléa (A Ternurinha). No auge da sua popularidade, ele chegou a alcançar três milhões de espectadores só em São Paulo, de onde era transmitido (em videotape, ele chegava também ao Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife).

O surgimento de uma banda Em Manaus a TV só chegaria em 1969, pela mão de dona Sadie Hauache e sua TV Ajuricaba, mas os garotos da época acompanhavam tudo pelo rádio e pelas revistas inTerValo, Revista do Rádio, Cruzeiro e Sétimo Céu. E foi sonhando em pegar carona no calhambeque da Jovem Guarda que, em 1967, na casa do advogado Lúcio Cavalcante, Chaim, Bosco Cavalcante, Chovan, José Dibo e Ananias ( a formação original) resolveram fundar uma banda. Foi Chaim, depois de olhar para dois bebelôs em forma de passarinhos, na cor azul, que teve a ideia de colocar Pássaros Azuis. Mas, naquela o país estava vivendo uma onda de “americanismo”, envolvido demais pela música americana. Aliás, até a Jovem Guarda estava. Os maiores sucessos

do Renato e Seus Blue Caps eram versões dos Beatles. Quem fazia sucesso no patropi eram os Golden Boys, The Clavers, The Jordan, Vips QWuer dizer, .tudo brasileiro metido a gringo. Então os rapazes resolveram, americanizar o nome da banda. Nascia assim The Blue Birds Band. Quatro décadas depois, a banda foi obrigada a abrir mão do nome por conta de uma decisão judicial. Viraram Os Originais – aliás, bem antes dos Fevers, Renato, Almir e os Incríveis –, mas não perdeu a alma de Pássaros Azuis e nem a alegria de fazer senhores sóbrios, que hoje comandam a vida da cidade sacudirem os ossos ao som do iê, iê, iê. Como se ainda fossem ginasianos. Por tudo isso, pode vir quente, porque a Banda Original vai estar fervendo.

O cantor Janderruby é um dos fundadores do grupo

FOTOS: RICARDO OLIVEIRA

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::::: Business . A concretização do voo que ligará Manaus a Lisboa, capital de Portugal, com uma escala em Belém (PA) a partir de junho de 2014 pela portuguesa TAP Linhas Aéreas atraiu uma participação expressiva de operadoras do mercado europeu durante a 4ª Rodada de Negócios de Turismo, integrante da programação da 7ª Feira Internacional da Amazônia (Fiam). . O evento foi realizado na sexta-feira, no Salão Nobre do Studio 5, sob a organização da Suframa em parceria com o Amazonas Convention & Visitors Bureau (ACVB). . A Rodada 2013 contou com a participação de 24 buyers – operadoras de turismo interessadas em vender os destinos da Amazônia ao mercado mundial – sendo 18 convidados de 11 países, entre os quais Portugal, Espanha, Itália, Inglaterra, Panamá, Peru e Colômbia.

MANAUS, DOMINGO, 1º DE DEZEMBRO DE 2013

Fernando Coelho Jr. fernando.emtempo@hotmail.com - www.conteudochic.com.br

::::: Coral . Hoje, no Santuário de Nossa Senhora Aparecida acontece o 4º Festival Natalino de Corais no Amazonas. . O Coral João Gomes Júnior convida para o evento, que busca resgatar a cristianização da Festa Universal do Nascimento de Jesus, com espírito de mais amor e fraternidade. Vale ressaltar que o Coral João Gomes é tradicionalíssimo, com uma história de 57 anos. . A apoteose do evento será com a encenação de presépio vivo, com crianças. Direção artística e regencial do maestro Moisés Rodrigues e a presidente do Coral, Cleomar Feitoza.

Mary Tuma e Rosiane Lima, na festa dos 15 anos de Marina Silva, na quinta-feira

::::: Objeto de desejo . Amor, paixão, beleza e desejo. Estes são os conceitos-chave da nova fragrância masculina da Versace. A perfeição do corpo masculino é fundida com a alusão à mitologia grega e à clássica escultura que tem caracterizado o mundo Versace desde o início: Eros, deus do amor, capaz de fazer as pessoas se apaixonarem com seu arco e flecha. . A nova fragrância da marca interpreta a masculinidade sublime por meio de uma aura luminosa com frescor intenso, brilhante e vibrante obtidas da combinação de folhas de hortelã, raspas de limão siciliano e maçã verde; uma sensualidade viciante transmitida por notas orientais, intrigantes e envolventes como o cumaru, âmbar, gerânio e baunilha; a virilidade picante está simbolizada por madeiras como cedro de Atlas e de virgínia, vetiver e musgo escuro, proporcionando intensidade e poder. FOTOS: MAURO SMITH

Milena e Érico Desterro e Silva na Primeira Comunhão da filha Clarissa

::::: Noite portuguesa . A festa de fim de ano assinada por esta coluna, na próxima quarta-feira, será o start para a temporada de festas do iluminado mês de dezembro na cidade. . O society de Manaus estará em peso nessa festa anualmente promovida por este espaço, desta vez, com temática portuguesa, realizada especialmente para aqueles que gostam de eventos de qualidade, para os que apreciam boa mesa e frequentar o fechado mundo jet-setter. . Na festa, sorteio de dois bilhetes para Lisboa, além de um dinner especialíssimo incluindo polvo, bacalhau, filé e iguarias cinco estrelas! O músico Felício iniciará a noite Amilcar Silva com a filha Marina, que com fados portugueses ao microfone. Nesta comemorava 15 anos e ganhava Chá de Beleza ao lado do irmão Eduardo e da noite, estaremos comemorando 29 anos de mãe Eliane Schneider colunismo. Nos vemos por lá!

O governador Omar Aziz, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Josué Neto, na entrega da placa de homenagem pelos 65 anos de fundação da Rádio Difusora do Amazonas, a Carminha de Souza Miranda, na quarta-feira, no plenário Ruy Araujo

>> Vitrine >> O presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, deputado Josué Neto, está convidando para a sessão especial de entrega do título de Cidadão do Amazonas ao desembargador Henrique Nelson Calandra, do Tribunal de Justiça do

Estado de São Paulo e presidente da Associação dos Magistrados do Brasil, de acordo com requerimento do deputado Arthur Bisneto, no próximo dia 9 de dezembro, no plenário Ruy Araújo. >> Nos dias 6, 7 e 8 de

dezembro, acontece o Outlet da Manazinha versão Natal, assinado pela apresentadora Norma Araújo,com transmissão ao vivo pela TV, com parte da renda voltada para o GACC. Entrada free. Não dá para perder.

>> Hoje, Taiko Nakajima Fernandes e Rossana Figueiredo estão no alvo de cumprimentos pelos seus aniversários. >> O diretor-presidente da Imprensa Oficial do Estado do Amazonas, Jamil Seffair será

homenageado pela Assembleia Legislativa com a Medalha do Mérito ‘Ruy Araújo’, no próximo dia 10, na sede do Poder Legislativo estadual. >> Amanhã, o advogado Wilson Justo estreia idade nova.


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‘Ficamos contentes com o carinho do povo de Manaus’ Um dos grupos escolhidos pelo próprio público para o “Restropectiva do samba”, Nosso Sentimento fala sobre o show das. Isso faz com que fiquemos ainda mais ansiosos pela nossa apresentação”, diz. Além disso, saber que a banda foi uma das escolhidas para participar do Retrospectiva do Samba por meio de voto popular envaidece os integrantes do grupo. “Esse carinho dos fãs não tem igual. Ficamos muito contentes em saber que o povo de Manaus tem esse carinho pelo nosso trabalho e esperamos retribuir no palco. Com certeza faremos um grande show. Vamos cantar, em primeira mão, algumas das canções do nosso novo trabalho ‘Liberdade’ e relembrar alguns dos nossos sucessos”, promete Rodrigo. Retrospectiva do Samba Em sua primeira edição, o “Retrospectiva do Samb”a já nasce com o intuito de se manter no calendário de grandes eventos de samba e pagode de Manaus, tal como o Samba Manaus, que este ano completou 13 anos. Nascido do desejo dos fãs, o novo envento ba terá como atrações Sorriso Maroto, Grupo Pixote, Nosso Sentimento e ImaginaSamba. As bandas foram escolhidas por meio do voto popular na página oficial da Fábrica de Eventos, promotora do show. De acordo com a proprietária, Bete Dezembro, mesmo o Samba Manaus tendo 12 atrações e tendo sido realizado em dois dias os fãs do ritmo não se contentaram em terminar o ano sem mais uma grande festa. “Foram dois dias de festa no Samba Manaus e mesmo assim não consegui-

mos colocar todas as bandas que o público queria. Vieram os pedidos e nós atendemos com o ‘Retrospectiva do Samba’. Tenho certeza de que será um grande sucesso e que o público vai ficar bastante satisfeito com esse evento”, aposta. Promoção Para colocar os fãs mais próximos do artista preferido, a Fábrica de Eventos inovou mais uma vez e lançou a promoção “Sou mais Retrospectiva do Samba”, que irá disponibilizar a três pessoas entrada gratuita, espaço VIP e o direito de tirar

uma foto com o artista preferido no camarim. Para participar da promoção é necessário completar a frase “Vem cá, dançar, comigo agarradinho vem cá...”. A frase obrigatoriamente precisa ter as palavras “Skol” e “samba”. As frases devem ser publicadas

na página oficial da Fábrica de Eventos, no endereço www.facebook.com/fabricadeeventos. Conforme o regulamento “Sou mais Retrospectiva do Samba”, só podem participar da promoção maiores de 18 anos. Os ganhadores da promoção precisam entrar em contato

com a organização do evento no prazo máximo de 24 horas após a escolha da frase vencedora, caso contrário, outra frase será escolhida. Serão definidos horários prévios para que os vencedores compareçam ao camarim do grupo escolhido e assim possa fazer a foto com o artista de preferência.

SERVIÇO Esse será o segundo show da banda em Manaus

RETROSPECTIVA DO SAMBA Quando 06 de dezembro (sexta-feira) Onde Centro de Convenções (sambódromo), av. Pedro Teixeira, Dom Pedro

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ma das bandas que será atração da primeira edição do “Retrospectiva do Samba”, a Nosso Sentimento estará em Manaus pela segunda vez e promete surpreender o público. Escolhida por meio do voto popular, - bem como Sorriso Maroto, Grupo Pixote e ImaginaSamba, também atrações do show que será realizado no Centro de Convenções (sambódromo) no próximo dia 6, o grupo chega a capital do Amazonas cheia de expectativas quanto ao show e com a promessa de agregar ainda mais fãs à banda. Composta por Chininha (voz), Glauco (tantan e vocal), Rodrigo (cavaco e vocal), Ricardinho (percussão geral) e Angelo (violão e vocal), a Nossa Sentimento está em fase final de preparação para lançar o terceiro DVD da carreira. O novo trabalho, intitulado “DVD Liberdade”, reúne 10 faixas compostas pelos integrantes da banda e conta ainda com asparticipações do ator Ailton Graça, do cantor Belo e do grupo ImaginaSamba, outra atração do “Retrospectiva do Samba”. Prestes a completar 11 anos de estrada, a Nosso Sentimento ainda tem muita “lenha pra queimar” e quer fazer isso também aqui em Manaus. De acordo com Rodrigo Rodrigues, um dos vocalistas da banda, a expectativa de se apresentar, mais uma vez em Manaus, é das melhores. “Temos 11 anos de carreira, três DVDs e um CD gravados. Temos nos apresentado no país todo e voltar a Manaus nos enche de felicidade. Sabemos que se trata de um grande evento, com uma super estrutura e grandes ban-


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RESENHA

O eficiente ‘Homem de Aço’ P PERFIL

Luiz Otavio Martins é jornalista

or trás do filme “O Homem de Aço” estão nomes como o de Zack Snyder, na direção, e de Christopher Nolan, na produção. O primeiro também dirigiu “300” e “Watchmen”, e Nolan, a mais recente trilogia do Batman. Não é difícil concluir, então, que a ideia aqui é apresentar o Super-Homem com ares mais adultos para a nova geração de cinéfilos. E isso inclui explorar melhor as dúvidas e conflitos do alienígena em sua relação com os seres humanos. O filme é um lançamento da Warner em DVD, Blu-ray 2D e Bluray 3D. A nova aventura traz um bom elenco – com o protagonista interpretado por Henry Cavill, o Teseu de “Imortais” – e referências à bem-sucedida minissérie que John Byrne desenhou e roteirizou nos quadrinhos, em 1986, como a câmara de gestação dos bebês kryptonianos. Kal-El é a primeira criança a nascer de parto natural em séculos no seu planeta natal. E é enviado à Terra pelo pai, Jor-El (o “Gladiador” Russell Crowe), que prevê a destruição de Krypton. Kal é batizado de Clark Kent pelos pais terráqueos Martha (Diane Lane) e

Jonathan Kent (Kevin Costner, lembram?). Cresce estimulado pelo pai adotivo a não revelar às pessoas ao redor suas estranhas habilidades, que incluem uma força sobre-humana e visão de raio-x. Já adulto, Clark vaga por cidades e vive em busca de respostas para as dúvidas sobre sua verdadeira origem. Encontra-as numa nave milenar descoberta numa geleira canadense. E, na mesma ocasião, entra em contato com a repórter Lois Lane (Amy Adams, de “Casa Comigo?”). Ao mesmo tempo em que Kal-El passa a conhecer sua origem, um antigo conheci-

SHOW

Do ‘The Voice’ para Tacacaria O cantor Elias Moreira, que representou o Norte do Brasil nesta edição do programa “The Voice Brasil”, exibido pela TV Globo, será a atração do projeto “Tacacá com Pavulagem”, hoje, na Tacacaria Parintins, localizada no Centro Social Urbano (CSU) do P.10, a partir das 19h. Na primeira apresentação no The Voice, Elias interpretou “Human Nature”, sucesso na voz de Michael Jackson, fazendo com que os quatro jurados virassem a cadeira. O repertório que apresentará na Tacacaria Parintins será variado, segundo ele,

SEMANAL

O projeto “Tacacá com pavulagem” é realizado todos os domingos, a partir das 19h, na Tacacaria Parintins, no CSU do Parque 10. Shows e atividades cutlturais estão na programação gratuita com as músicas que cantou no programa global, Natural de Roraima, o cantor mora há 12 anos em Manaus, sendo cantor da banda Orion há dois. Entre os

DESTAQUE

A nova aventura traz um bom elenco – com o protagonista interpretado por Henry Cavill, e referências à bem-sucedida minissérie que John Byrne desenhou e roteirizou nos quadrinhos, em 1986 do de seu pai, o General Zod (Michael Shannon), descobre o seu paradeiro. E o filho de Jor-El saberá que trouxe algo bastante valioso em sua viagem ainda bebê para a Terra.

“O Homem de Aço” é um bom filme de ação com um enfoque interessante do herói criado por Jerry Siegel e Joe Shuster e lançado em 1938. O perfil mais bem acabado das personagens não prejudica o aspecto fantástico que sempre envolveu o Super-Homem, desde suas aventuras nos gibis, passando pelos seriados de TV e os longas estrelados por Christopher Reeve e Brandon Routh. E, mesmo com a criação meio súbita de uma profissão para Clark, o filme de Zack Snyder já pode ser considerado um dos mais memoráveis com o filho de Krypton, ao lado das produções de 1978 e 1980, estreladas por Reeve.

O Homem de Aço” é um bom filme de ação com um enfoque interessante do herói criado por Jerry Siegel e Joe Shuster e lançado em 1938”

HOJE DIVULGAÇÃO

projetos pretende continuar na banda, mas também começar uma carreira solo. Para Brunna Ianuzzi, proprietária da Tacacaria, será uma prazer ter esse artista no espaço. “Ele que mostrou talento e arrancou aplausos de todos em sua participação no ‘The Voice’ será mais um cantor que proporcionará um show de qualidade ao nosso público”, disse. O artista Nill Lima também estará no projeto “Tacacá com Pavulagem”, mostrando suas peças (pulseiras, camisas, colares e tiaras) únicas e cheias de charme. Dirigido por Hely Pinto, “Le Solo Palhaço” narra as situações vividas pelos palhaços

Teatro no Parque do Mindu LUIZ OTAVIO MARTINS Especial EM TEMPO

O destaque da quinta edição do projeto Arte no Parque é a montagem teatral “Le Solo Palhaço”, do ator e diretor amazonense Hely Pinto, da Companhia Língua de Trapo. A produção será encenada a partir das 10h de hoje, no anfiteatro do Parque Municipal do Mindu, localizado no Parque 10. A entrada é gratuita. “Le Solo Palhaço” é uma comédia escrita, dirigida e protagonizada por Hely Pinto, e definida por ele como uma farsa clownesca que narra com humor as situações cotidianas vividas pelos palhaços. O personagem principal da trama é o Palhaço Tolo, interpretado por Hely e, segundo o artista, a peça resgata a magia

do circo e exerce um fascínio maior nas crianças, que inclusive são chamadas para participar de determinados momentos da sua apresentação.

MENSAL

O projeto Arte no Parque, que foi criado com a finalidade de oferecer ao público que visita o parque do Mindu mais opções de lazer, acontece sempre no primeiro domingo de cada mês No elenco estão ainda Rosa Malagueta (a Bufona e Domadora de Cavalos), Richard Harts (o dono do circo), Israel Castro (Bufão Gripado) e Denis Carvalho (Bufão). Já a ficha técnica

inclui Hely Pinto (também responsável pela cenografia, roteiro e figurino), Tércio Silva (operação de luz), Douglas Rodrigues (iluminação), Fábio Lúcio (operação de som) e Dione Maciel (confecção do figurino). A Companhia Língua de Trapo foi fundada há 13 anos e tem em seu currículo dez espetáculos de teatro, dois deles premiados no Festival de Teatro do Amazonas: “Canta Conto e Lendas Amazônicas”, em 2009, e “Mitos e Lendas Caboclas”, em 2012, nas categorias Melhor Espetáculo e Direção. O “Arte no Parque” é desenvolvido pela Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) e a Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult).


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Canal 1 plateia@emtempo.com.br

TV Tudo Faltou liga Não chega a ser surpresa, na Globo, a rejeição que existe para o tema de abertura de “Amor à Vida”, cantado por Daniel. Apesar de ser um grande sucesso do Gonzaguinha, não deu a chamada “liga” com a história. Às vezes acontece. Um erro... Que a Globo não pretende repetir na próxima atração do horário, “Em Família”. Aliás, em se tratando de um trabalho do Manoel Carlos, ele sempre faz questão de participar diretamente desta escolha. Não fosse por outros motivos, mas principalmente porque o seu conhecimento em assuntos da área musical é indiscutível. Ponto “Joia Rara”, se assim alguém desejar, pode ser criticada pela baixa audiência. Ou porque simplesmente não gosta da novela. Tudo bem, é o direito de cada um. Mas ninguém pode falar da sua qualidade. Isto é indiscutível. Há muito tempo a Globo não apresenta um trabalho tão bem feito. Ponto - 2 É claro que uma emissora como a Globo tem compro-

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missos com os resultados. A audiência é necessária, o que acaba exercendo alguma pressão nos seus bastidores e necessidade de ajustes em algumas gravações. O que também implica em atrasos na ordem dos trabalhos. Hoje, toda aquela frente de capítulos do começo não existe mais. Está tudo muito em cima do laço. Sorte nos negócios A Globo teve o cuidado de montar uma 25 de Março no Projac, especialmente para as cenas que o personagem do Mateus Solano, Félix, vai aparecer como vendedor de hot dog. Aliás, ele vai se sair tão bem nas novas funções, a ponto de se tornar um próspero empresário do setor.

Tapa no visual O “Esquadrão da Moda”, do SBT, entenda-se Isabella Fiorentino e Arlindo Grund, também entrou nas gravações de “Chiquititas”. Os dois vão aparecer no capítulo de quarta-feira dando dicas de beleza para a personagem Ernestina, vivida pela Carla Fioroni.

Handebol O canal Esporte Interativo vai transmitir com exclusividade o Mundial de Handebol da Sérvia, marcado para acontecer de 6 a 22 de dezembro. A emissora irá enviar Monique Danello - repórter especializada na modalidade - e Daniel Gouveia, para cobrir a competição. Eles embarcam dia 2.

O SBT escolheu 13 de dezembro, uma sexta-feira, para realizar a festa de final de ano dos seus funcionários. Por obra do acaso, o mesmo dia que a Bandeirantes resolveu fazer a dela.

Olha a coincidência

Não leva ninguém A acertada transferência do diretor de programa esportivos Mario Quaranta para os canais Fox, fez acender o sinal de alerta na Band, a equipe queria ir com ele. Mas ele vai sozinho.

Bate-rebate • A Bandeirantes pretende transformar o Neto em comentarista fixo do “Jornal da Band”... • ... A sua participação no jornal deverá acontecer sempre às quintas-feiras. • “Esporte Espetacular” vai completar 40 anos no domingo que vem, com uma edição comemorativa... • ... Como de costume, serão lembrados todos os seus apresentadores. • O autor Marcilio Moraes tem algumas preferências para o elenco do novo “A Lei e o Crime”, mas não existe nada fechado com ninguém até agora. • Ainda não há nada definido sobre mudanças no programa da Xuxa para o ano que vem... • ... Pelo jeitão da coisa deve continuar como está. • Rede TV! e Rede Vida irão transmitir a Copa São Paulo de Juniores em janeiro. SporTV e Espn Brasil também. • SporTV que escalou Luiz Carlos Jr. para transmitir o Mundial de Clubes no Marrocos, com a participação do nosso Atlético Mineiro.

Globo soube formar autores A renovação no seu quadro de autores é uma prioridade da Globo. Desde lá de trás, sempre existiu esta preocupação de criar novos talentos, como Dias Gomes, Janete Clair, Maneco, Benedito, Negrão, entre outros. Mais recentemente, vieram a se juntar a eles Walcyr Carrasco e João Emanuel Carneiro, bem-sucedidos em todos os seus trabalhos, a exemplo de Duca Rachid e Thelma Guedes ou Filipe Miguez e Izabel de Oliveira. Bom!

Flávio Ricco Colaboração: José Carlos Nery

C’est fini Lívia Andrade e Roberta Tiepo, apostando no gênero funk, vão gravar o Raul Gil, nesta segunda, e participar do Ratinho, na quarta, ao vivo, para divulgar seus primeiros trabalhos, um deles, “O amor não tem culpa”, com participação do Sampa Crew.

Márcio Braz E-mail: plateia@emtempo.com.br

A dramaturgia de Benjamin Lima – 3 Em “A revolta do ídolo”, os motivos alegados por Maria para trair seu marido não são explicitados pelo autor. No entanto, em uma leitura mais atenta, verificamos que é a “arte” a grande vilã da história, e quatro consequências foram advindas dela, todas relacionadas a aspectos negativos: a primeira, a quase desistência de Maria em se casar com Mário; a segunda, o suicídio de Mário Edmundo; a terceira, e como resultado da segunda, a melancolia de Carlos Edmundo; e a última, como arma de vingança à traição da esposa. É na arte do esposo que estão concentradas todas as ações e energias da trama. Apesar de sentir ciúmes da dedicação de Carlos à escrita e, assim, tê-lo perdoado, Maria sente-se orgulhosa em ter um marido próspero no meio literário, com um amplo reconhecimento da Academia. Talvez a divisão da atenção de Carlos entre uma e outra possa ter provocado algum tipo de constrangimento emocional em Maria, causa que provavelmente a tenha levado a buscar em outro homem o complemento que lhe faltava, até mesmo pela reclusão de Carlos em momentos de criação literária. É possível, enfim, enxergarmos no conteúdo dessas peças, “O Homem que Marcha” e “A Revolta do Ídolo” a trajetória vitoriosa e edificante de seus heróis, Carlos Edmundo e Ramiro. O primeiro é escritor e o outro pretenso empresário do ramo jornalísticocultural; um é o ídolo revoltado e o outro o homem que marcha. A presteza indicada por seus heróis – onde a razão sempre supera a emoção (afinal, cada um deles poderia ter tido outra atitude ao descobrir a traição de suas res-

pectivas esposas, como no caso de Ramiro, cuja primeira intenção era matar a mulher e o amante) – e a elaboração sofisticada da vingança constituem-se num dos aspectos mais característicos da dramaturgia de Benjamin Lima, mesmo que não fosse, de todo, fruto de sua genialidade. Percebe-se que a “questão moral” torna-se relevante para o entendimento dessas peças. É sempre a mulher a castigada e quem comete a traição, como uma cocotte. A impressão que nos causa é que os adultérios causam constrangimentos sociais maiores aos homens do que às mulheres, daí o fato deles se sentirem mais ofendidos e, portanto, grandes mentores da vingança. Com o desfecho da trama, as peças concluem suas propostas enaltecendo o êxito dos heróis, Ramiro e Carlos Edmundo, convertendo-se numa empreitada positiva para ambos. “O homem que marcha”, apesar do adultério pertencer ao imaginário teatral do público que frequentava as casas de espetáculos, sofreu intervenções da própria Academia Brasileira de Letras num concurso realizado no ano de 1925. Carlos de Laet e Osório Duque Estrada impugnaram a peça, tachando-a de “imoral”. Imediatamente, Rodrigo Otávio e Humberto de Campos requereram a volta da peça à comissão, acabando, por fim, sendo aclamada como a melhor peça teatral daquele concurso. Já “O homem que ri” recebeu a pecha de “impróprio para menores e senhoritas” que a “Censura Teatral impusera”. “ O homem que ri” guarda muitas relações com “O homem que marcha”, e estão claramente mostradas em seu entrecho.

Márcio Braz* *ator, diretor, cientista social e membro do Conselho Municipal de Política Cultural de Manaus

‘O homem que marcha’, apesar do adultério pertencer ao imaginário teatral do público que frequentava as casas de espetáculos, sofreu intervenções da própria Academia Brasileira de Letras”


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Programação de TV

BAND DIVULGAÇÃO

04:00 – Popeye 05:30 – Santa Missa No Seu Lar 06:30 – Sabadão Do Baiano 07:00 – Conexão Cargas 08:30 – Oscar - Desenho 08:30 – Mackenzie Em Movimento 08:45 – Infomercial – Polishop 09:45 – Verdade E Vida 10:00 – Pé Na Estrada 10:30 – Minuto Do Futebol - Boletim 10:35 – Copa Petrobras De Marcas 11:00 – De Olho No Futebol - Boletim 11:35 – Band Esporte Clube 14:00 – Gol, O Grande Momento 14:30 – Futebol 2013 Campeonato Brasileiro 16:50 – Terceiro Tempo 19:00 – Oscar - Desenho 19:10 – As Caçadoras De Relíquias 20:00 – Só Risos 21:00 – Pânico Na Band 00:00 – Canal Livre 01:00 – Minuto Do Futebol – Boletim 01:05 – Alex Deneriaz 01:40 – Show Business-reapresentação 02:30 – Igreja Universal

SBT 03:15h 04:00h 05:00h

Jornal Da Semana Sbt Igreja Universal Pesca Alternativa

06:00h 06:30h 07:30h 08:00h (Local)

Brasil Caminhoneiro Aventura Selvagem Vrum Sorteio Amazonas Da Sorte

09:00h 13:00h 17:00h 17:45h 18:00h 22:00h

Domingo Legal Eliana Roda A Roda Jequiti Sorteio Da Telesena Programa Silvio Santos De Frente Com Gabi

23:00h Série: True Blood 00:00h Série: Divisão Criminal/ The Closer 01:00h Série: Cidade Do Crime// Southland 02:20h 03:00h

Big Bang Igreja Universal

GLOBO 3h55 4h55 5h25

Santa Missa em Seu Lar Amazônia Rural Pequenas Empresas, Grandes

Negócios 6h Globo Rural 6h55 Auto Esporte 7h30 Esporte Espetacular (Volta Internacional da Pampulha). 10h40 Temperatura Máxima. Filme: Stardust - O Mistério da Estrela. 12h57 Esquenta 15h Futebol 2013: Campeonato Brasileiro 17h Domingão do Faustão 18h55 21h25 22h 23h50 1h35

Fantástico Junto e Misturado Domingo Maior Sessão de Gala Corujão

3h15

Festival de Desenhos

O humorístico “Junto e Misturado” faz sua reestreia neste domingo, após o “Fantástico”

Horóscopo

Cinema

Cruzadinhas

GREGÓRIO QUEIROZ ÁRIES - 21/3 a 19/4 Suas capacidades intelectuais são desafiadas. Exigências materiais pedem que você seja mais ágil e lhe pressionam para que ganhem nova dinâmica. TOURO - 20/4 a 20/5 Júpiter e Mercúrio indicam estar sob o fogo cruzado dos amigos que podem criticá-lo. Não tente controlar as pessoas nem se impor a elas, mas se defenda de possíveis ataques. GÊMEOS - 21/5 a 21/6 Aflições possíveis com amigos e nas parcerias. Compromissos de longo prazo podem se complicar, assim como a confiança junto a colegas e amigos. CÂNCER - 22/6 a 22/7 Os sócios, os clientes ou os colegas de trabalho podem interferir no modo como organiza e cuida de suas responsabilidades. Muitas opções demais tendem a lhe dispersar. LEÃO - 23/7 a 22/8 Mercúrio e Júpiter apontam para a necessidade de encontrar equilíbrio em uma visão racional, sem ousar demais em suas escolhas. Momento de um bom conflito interior. VIRGEM - 23/8 a 22/9 Você pode tomar liberdades demais junto a sócios e à pessoa amada. Não pense que todos vão apreciar o modo variável como lida com valores e compromissos. LIBRA - 23/9 a 22/10 Possíveis conflitos com a pessoa amada, assim como com sócios e parceiros. Inquietação diante de tudo o que lhe apresentam, ou mesmo do que parece lhe prender. ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Seguir as disciplinas de trabalho é importante, mesmo que outros impulsos o levem a mudar tudo. Não fique variando simplesmente para se permitir somente facilidades. SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Desestabilização da relação amorosa e do ambiente de trabalho. Não arrisque demais nestes assuntos. Seja flexível o suficiente para aceitar as renovações que se impõem. CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Momento de inquietação, em especial quanto aos pensamentos e aos sentimentos amorosos. A agitação se mostra também por não conseguir parar quieto em lugar algum. AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Você pode se desentender com os familiares ou com alguma situação no lar. Na vida financeira, é tempo de fazer seus negócios deslancharem e atingirem a plenitude. PEIXES - 19/2 a 20/3 A realidade financeira, material e física se desenvolve, mas algum imprevisto ou mudança de rumo se impõe. E talvez isso vá contra certos controles que procurava estabelecer.

ESTREIA Um Time Show de Bola: ARG/ESP. Livre. O filme conta a história de Amadeo, um jovem que vive e trabalha num bar de um pequeno vilarejo argentino. Amadeo joga pebolim como ninguém e está apaixonado por Laura, mas ela ainda não sabe disso. Sua rotina simples desmorona quando Colosso, um jovem do vilarejo que se transformou no melhor jogador de futebol do mundo, volta para casa disposto a se vingar da única derrota que sofreu em sua vida. Com o pebolim, o bar e até sua alma destruídas, Amadeo descobre algo mágico: os jogadores de seu querido pebolim falam e muito! Juntos, eles embarcam numa emocionante viagem cheia de aventuras para salvar Laura e o vilarejo e, ao longo do caminho, se transformar numa equipe de verdade. Porém, existe no futebol lugar para milagres? Cinemark 1 – 13h, 15h40, 18h10, 20h50 (dub/diariamente); Cinemark 7 – 11h40 (3D/dub/ somente sábado e domingo), 14h10, 16h40, 19h10 (3D/dub/diariamente), 21h50 (3D/dub/exceto sábado); Cinépolis 4 – 13h15, 15h55, 18h30 (3D/dub/diariamente); Playarte 10 – 13h30, 15h45, 18h (dub/diariamente); Cinemais Millennium – 14h30, 16h40, 18h50 (3D/dub/diariamente); Cinemais Plaza – 13h40, 15h50, 18h (3D/dub/ diariamente), 14h50, 17h (dub/diariamente). Vovô Sem Vergonha: EUA. 14 anos. Irving Zisman é um senhor de 86 anos que viaja ao redor dos Estados Unidos ao lado de seu neto Billy, de apenas 8 anos. Durante o percurso ele permite que o garoto fume, ofenda as pessoas e beba bebidas alcoólicas, o que gera protestos das pessoas à sua volta. Cinemark 5 – 11h (dub/somente sábado e domingo), 13h, 15h30, 18h, 20h30 (dub/diariamente); Cinépolis 7 – 13h30, 15h40, 17h55, 20h05, 22h15 (leg/diariamente); Playarte 5 – 13h20, 15h20, 17h20, 19h20, 21h20 (leg/diariamente), 23h15 (leg/somente sexta-feira e sábado), 14h40, 16h45, 19h, 21h10 (leg/diariamente). Crô: BRA. 12 anos. Após herdar a fortuna de Tereza Cristina, Crodoaldo Valério, mais conhecido como “Crô”, está cansado da vida de milionário. Decidido a encontrar uma nova musa a quem possa dedicar sua vida, ele inicia uma busca pessoal que faz com que entreviste diversas peruas. Seu objetivo é encontrar aquela que seja melhor qualificada para que ele próprio possa servir como mordomo, assim como fez com sua antiga patroa. Entretanto, após muito avaliar, acaba percebendo que sua musa ideal é justamente aquela que jamais havia imaginado. Cinemark 8 – 12h40, 14h50, 17h10, 19h20, 21h30 (diariamente), 23h40 (somente sexta-feira e sábado); Cinépolis 5 – 13h, 15h15, 17h30, 19h45, 22h (diariamente), Cinépolis 6 – 14h30, 16h40, 18h50, 21h (diariamente); Playarte 6 – 13h30, 15h25, 17h20, 19h15, 21h10 (diariamente), 23h05 (somente sexta-feira e sábado), Playarte 7 – 19h16, 21h11 (diariamente); Cinemais Millennium – 15h202, 17h30, 19h40, 21h50 (diariamente); Cinemais Plaza – 15h, 17h10, 19h10, 21h30 (diariamente). Infectados: EUA. 12 anos. Quando uma chuva de meteoros atinge uma espaçonave, quatro astronautas perdem contato com as bases na Terra e ficam presos no espaço. Além deste grande problema, eles percebem que eventos sobrenaturais esperam por eles no universo. Cinépolis 8 – 12h30, 16h55, 21h30 (dub/diariamente), 14h40, 19h15 (leg/diariamente); Cinemais Millennium – 15h10, 17h10, 19h20, 21h20 (3D/leg/diariamente); Cinemais Plaza – 20h10, 22h (3D/dub/diariamente). A Floresta de Jonathas: BRA. 12 anos. Uma família vive da colheita e venda de frutas em uma área rural do Amazonas. Jonathas vive com os pais e o irmão, Juliano, em um sítio. Por meio de uma barraca de frutas na beira da estrada, os irmãos mantém contato com todo tipo de pessoa. Um dia, eles conhecem Milly, uma turista da Ucrânia, e Kedassere, um indígena local. Juntos, decidem passar o fim de semana acampando. Playarte 4 – 12h50, 14h50, 16h50, 18h50, 20h50 (diariamente), 22h50 (somente sexta-feira e sábado).

CONTINUAÇÕES Sobrenatural – Capítulo 2: EUA. 14 anos. Cinemark 3 – 12h30, 17h30 (dub/diariamente); Cinépolis 9 – 18h40 (dub/diariamente), 21h45 (leg/diariamente); Playarte 3 – 12h50, 15h, 17h10, 19h20, 21h30 (dub/diariamente), 23h40 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinemais Millennium – 14h50, 17h, 19h15, 21h30 (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 15h10, 17h20, 19h40, 21h50 (dub/diariamente). Doctor Who – The Day Of The Doctor – 3D: ING. 10 anos. Cinemark 7 – 21h50 (dub/somente sábado). Blue Jasmine: EUA. 12 anos. Cinépolis 2 – 12h45, 18h45 (leg/diariamente). Jogos Vorazes – Em Chamas: EUA. 14 anos. Cinemark 6 – 11h30 (dub/somente sábado e domingo), 14h40, 17h50, 21h10 (dub/diariamente); Cinépolis 1 – 14h10, 21h05 (dub/diariamente), 17h35 (leg/diariamente); Cinépolis 10 – 13h45, 17h, 20h30 (leg/diariamente); Playarte 1 – 14h30, 17h30, 20h30 (dub/diariamente), 23h25 (leg/somente sexta-feira e sábado), Playarte 2 – 19h40 (leg/diariamente), 22h35 (leg/somente sexta-feira e sábado), Playarte 8 – 19h (dub/diariamente), 22h (dub/somente sexta-feira e sábado); Playarte 10 – 20h15 (dub/diariamente), 23h15 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinemais Millennium – 21h (leg/diariamente), 15h, 18h30, 21h40 (dub/diariamente), 14h, 19h10 (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 15h20, 18h10, 21h10 (dub/diariamente), 14h30, 17h30, 20h30 (dub/diariamente).

Capitão Phillips: EUA. 14 anos. Cinépolis 2 – 15h25, 21h50 (leg/diariamente). Bons de Bico: EUA. Livre. Cinemark 2 – 12h, 14h20, 16h30, 18h50 (dub/diariamente); Cinépolis 9 – 14h, 16h15 (dub/diariamente); Playarte 2 – 13h40, 15h40, 17h40 (dub/diariamente); Playarte 8 – 13h, 15h, 17h (dub/diariamente). Thor 2 – O Mundo Sombrio: EUA. 10 anos. Cinemark 4 – 11h20 (dub/somente sábado e domingo), 14h, 16h50, 19h30, 22h20 (dub/diariamente), Cinemark 5 - 22h50 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinépolis 4 – 21h15 (3D/leg/diariamente); Playarte 9 – 13h, 15h25, 17h50 (dub/diariamente), 20h15 (leg/diariamente), 23h45 (leg/somente sextafeira e sábado); Cinemais Millennium – 16h50, 22h (dub/diariamente); Cinemais Plaza – 19h20, 21h40 (dub/diariamente), 14h, 16h20, 18h40, 21h (dub/diariamente). Meu Passado Me Condena: BRA. 12 anos. Cinemark 3 – 15h, 20h (diariamente), 22h40 (somente sexta-feira e sábado); Playarte 7 – 13h, 15h05, 17h10 (diariamente), 23h10 (somente sexta-feira e sábado); Cinemais Millennium – 15h15, 17h20, 19h30, 21h35 (diariamente); Cinemais Plaza – 14h40, 16h50, 19h, 21h20 (diariamente).


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FOTOS: JANDER VIEIRA

::::: Sala de Espera Carlo Caitete, Caio César Teixeira, Théa Morel, Breno Ferreira, Stephania Tiradentes e Ana Claudia Santos estão trocando de idade. Os cumprimentos da coluna. A tradicional festa saudando os eventos de final de ano, o Gold Christmas de Fernando Coelho Jr. promete agitar os sobrenomados da cidade. Quando? Na próxima quarta-feira, na Noite Portuguesa, do Diamond – a partir das 21h. O governador Omar Aziz e o procurador-geral de Justiça do Estado do Amazonas, Francisco Cruz, convidam para conferir a solenidade de inauguração da sede das Promotorias de Justiça da Comarca de Humaitá, no próximo dia 7, na 13 de Maio no Centro Antigo. A Corrida Pedestre Nossa Energia Move a Amazônia que agitará a Ponta Negra, no próximo dia 7, às 17h, faz parte do projeto “Nossa Energia Move a Amazônia” da Equador Petróleo. As inscrições encerram no próximo dia 4 pelo www.assessocor.com.br. Na terça-feira, a Aleam comandará sessão solene de entrega do título de cidadão do Amazonas ao empresário-jornalista Ronaldo Tiradentes, às 11h, no Plenário Ruy Araújo. No próximo dia 4, a partir das 8h, acontece a inauguração de mais uma loja Novo Mundo, na Eduardo Ribeiro. O bacanésimo é que a rede empresarial manteve a fachada histórica do prédio preservada. Aplausos.

Marina Barbosa com os pais Eliane e Hamilcar

Jander Vieira jandervieira@hotmail.com - www.jandervieira.com.br

A bossa da noite!

::::: Honraria A Associação Amigos da Catedral comandará, no próximo dia 6, na Catedral Metropolitana noite de entrega da Medalha do Mérito Imaculada Conceição. A solenidade terá o arcebispo de Manaus, dom Sergio Castriani e a escritora Carmen Novoa Silva, presidente da AAC, como os anfitriões. O jornal “Amazonas EM TEMPO” será um dos agraciados.

Rosine Lima

Andréa Magalhães e Paula Jucá

Sandra Lúcia Saraiva, Sônia Carvalho e Denize Santana

Patrícia Akel e Baby Rizzato

::::: Viva, Marina! El bonitón Eduardo Schneider, irmão da aniversarinte

Mary Tuma e Simone Gurreiro

::::: Quem avisa... Bem que este colunista há meses comenta a falta de arborização no projeto de reforma do aeroporto Eduardo Gomes. Podem explicar que o estacionamento está sobre uma galeria e por isso não é possível plantar arvores no local, mas, vamos combinar: poderiam ter feito um projeto que priorizasse o conforto térmico do público. Em Manaus sempre é assim. Oremos.

Um début moderno do tipo despretensioso. Assim foi o jantar de comemoração aos 15 aninhos da linda Marina Barbosa, no duplex do Saint Moritz. Tudo saído do jeito que a aniversariante queria: poucos – mais sinceros amigos -, comida fartíssima e sessão homenagem com direito a serenata com violinista, surpresinha dos pais Eliane e Hamilcar – os excelentes anfitriões.

Lavínia e Menga Junqueira

::::: Descerramento Orçado em R$ 6,6 milhões, o Centro Integrado de Comando e Controle, que está sendo construído em Manaus para a Copa de 2014 e onde irão se concentrar órgãos ligados à estrutura do sistema de segurança nas três esferas do Poder Executivo, deverá ser entregue até o fim do ano. A garantia foi dada pelo vice-governador José Melo, anteontem, após visitar o andamento das obras do local. O CICC terá um espaço de 3,2 mil metros quadrados, suficiente para acomodar pelo menos 20 órgãos.

Márcia Martins e Hellen Alencar

Mazé Mourão, Zenaldo Mota e Lucimar Augusto

::::: Cronômetro O editor deste espaço entrou em contagem regressiva para a festa de confraternização da coluna. Evento que agitará a ala sobrenomada feminina da cidade em uma concorrida happy hour. Onde? No Zefinha Bistrô, a partir das 19h03, somente para 130 convivas. Com pista de dança comandada pelo expert Sidney Almada, delícias da Blend Chocolateria, menu elaborado de Natal e um festival de sorteios de brindes. Que tal?


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opiniao@emtempo.com.br

(92) 3090-1010

3 Capa

ilustração de Tatiana Blass

1

Maria Antonia faz 20 anos

2

O léxico vivo da revolução

E outras 9 indicações culturais. Pág.

Um dicionário político das ruas do Cairo. Pág. 3

Livros do desassossego

As traduções de clássicos sobre melancolia e loucura. Págs. 4, 5 e 6

4

Diário de Los Angeles

5

Do arquivo de José Murilo de Carvalho

Cocô de vaca e Charles Chaplin vão ao museu. Pág. 7

Princeton, 1980. Pág. 8


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Ilustríssima Semana

O MELHOR DA CULTURA EM 10 INDICAÇÕES

CRISTIANO MASCARO

DIVULGAÇÃO

EXPOSIÇÕES E PALESTRA | MARIA ANTONIA O centro universitário da USP encerra com pompa as comemorações de seus 20 anos, na quinta (dia 5). A programação inclui uma palestra do crítico e professor Ismail Xavier (às 19h30) sobre a produção recente do cinema brasileiro e a abertura de uma instalação inédita de Cildo Meireles. Haverá também mostra do fotógrafo Mauro Restiffe e duas exposições temáticas, sobre o arquiteto Gregori Warchavchik e sobre a visita do escritor francês Albert Camus ao Brasil, em 1949. qui. (dia 5), a partir das 19h30 mariantonia. prceu.usp.br | grátis

Metalúrgico com trajes de amianto fotografado por Cristiano Mascaro REPRODUÇÃO

EXPOSIÇÃO | ESTELA SOKOL A artista plástica exibe 13 obras inéditas na mostra “Gelatina”. Os quadros, feitos com a sobreposição de folhas de PVC sobre chassis de madeira, dão continuidade às pesquisas de Sokol sobre a cor e a luz. Anita Schwartz Galeria de Arte (Rio) | de seg. a sex., das 10h às 20h; sáb. das 12h às 18h | até 11/1 | grátis

LIVRO | DUAS LENTES Da confluência dos olhares do fotógrafo brasileiro Cristiano Mascaro e do cronista português Miguel Setas nasceu o livro lançado agora pela editora Bei. Os duetos tratam com harmonia de temas como cultura, ecologia e a vida nos grandes centros urbanos. R$ 65 | 116 págs.

LIVRO | ECONOMIA Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) entre 1987 e 2006, analisa no livro “O Mapa e o Território” a crise financeira que assolou o mundo em 2008. Na obra, um dos homens mais poderosos das finanças mundiais nas últimas décadas investiga por que tantos especialistas (incluindo ele mesmo) não foram capazes de antever a bolha da habitação que gerou a recessão e investiga o que podemos ou não prever do futuro. trad. André Fontenelle e Otacílio Nunes Jr. | Portfolio-Penguin/Companhia das Letras | R$ 44,90 | 360 págs.

PERIÓDICO | REVISTA DA BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE A publicação, em formato eletrônico, comenta erotismo e pornografia em sua, não por acaso, 69ª edição. Além de análises sobre autores “malditos” (Hilda Hilst, Gregório de Matos, Marquês de Sade), há textos sobre quadrinhos eróticos e a Boca do Lixo, região paulistana onde as pornochanchadas eram produzidas. www.bma.sp.gov.br

POP

ERUDITO

1

BRASILEIRO

HOMENAGEM | WALTER ZANINI O historiador e crítico de arte paulistano (19252013), diretor do Museu de Arte Contemporânea da USP entre 1963 e 1978, ganha homenagens na nova sede da instituição. A exposição “Por Um Museu Público. Tributo a Walter Zanini” apresenta mais de 250 obras do acervo do MAC. O crítico também inspira um seminário internacional sobre pesquisa e ensino de arte, com palestrantes como a brasileira Aracy Amaral e o britânico Charles Esche (curador da próxima Bienal de SP). Por fim, o livro “Walter Zanini – Escrituras Críticas”, organizado por Cristina Freire, traz textos publicados originalmente na imprensa. Exposição - abertura na ter. (dia 3), às 18h | ter., das 10h às 21h; qua. a dom., das 10h às 18h | grátis | www.mac.usp.br Seminário - de seg. (dia 2) a qua. (dia 4) | de R$ 15 a R$ 30 Livro - ed. Annablume | R$ 50 | 420 págs.

LIVRO | FEDERICO ANDAHAZI O escritor argentino, autor do best-seller “O Anatomista” (1997), aposta novamente na combinação de personagens reais, sexo e política em seu mais recente romance, “O Livro dos Prazeres Proibidos”. Desta vez, o protagonista é o inventor da prensa móvel, Johannes Gutenberg, que se vê às voltas com assassinatos e a acusação de bruxaria. trad. Luís Carlos Cabral | ed. Bertrand Brasil | R$ 30 | 294 págs. CINEMA | PHILIP K. DICK Festival no MIS (Museu da Imagem e do Som) apresenta filmes inspirados em romances e contos do escritor americano (1928-82), uma das referências centrais da ficção científica. “Blade Runner” (1982), “O Vingador do Futuro” (1990) e “Minority Report” (2002), entre outros, integram a mostra. programação em www.mis-sp.org.br | até 10/12 | de R$ 3 a R$ 6

LIVRO | MARX E ENGELS “Lutas de Classes na Rússia” reúne pela primeira vez em livro, no Brasil, os ensaios de Karl Marx (1818-83) e Friedrich Engels (1820-95) sobre o país. Nas palavras do organizador do volume, o sociólogo Michel Löwy, os textos, escritos entre 1875 e 1894, representam “uma espécie de marco zero” na interpretação marxista da Rússia. trad. Nélio Schneider ed. Boitempo | R$ 35 | 168 págs.

HQ | 0 ~ 800 ~ RATOS A louca cidade imaginária Volcano Park, onde ratosmensageiros voadores tomaram o lugar dos Correios, é o cenário da HQ de Matthew Thurber. Matt Groening , criador da série “Os Simpsons”, qualifica o livro como “um misterioso e excêntrico artefato vindo de um universo paralelo muito mais estranho e descolado”. trad. Thiago Gomide Nasser ed. A Bolha | R$ 62 | 176 págs.

ESTRANGEIRO Folha.com CACILDA Nelson de Sá e Lenise Pinheiro comentam o universo do teatro

Ilustríssimos desta edição EDUARDO KNAPP - 18.02.13/FOLHAPRESS

CLAUDIUS CECCON, 75, é arquiteto e cartunista. DIOGO BERCITO, 25, é correspondente da Folha em Jerusalém.

JOSÉ MURILO DE CARVALHO, 74, é professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, historiador e membro da Academia Brasileira de Letras.

EDUARDO LONGO, 71, é arquiteto.

MARCELO COELHO, 54, é articulista da Folha.

FERNANDA EZABELLA, 32, é jornalista.

NECO STICKEL, 59, é arquiteto e designer.

GABRIEL KOGAN, 29, é arquiteto.

PAULO NUNES, 48, é livreiro na USP (no prédio das

HENRIQUE DE FRANÇA, 31, é artista plástico e ilustrador (www.henriquedefranca.com).

faculdades de história e geografia) e poeta. TATIANA BLASS, 34, é artista plástica.

A BIBLIOTECA DE RAQUEL A colunista do Painel das Letras e repórter da “Ilustríssima” comenta o mercado editorial FOLHA.COM/ ILUSTRISSIMA Atualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha >>folha.com/ilustrissima


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Língua

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As palavras se movem no Cairo Uma artista e seu dicionário vivo da revolução egípcia RESUMO Projeto desenvolvido por artista do Egito pretende catalogar os significados que as palavras árabes assumem nas ruas do Cairo. A nova proposta de dicionário, com foco nas transformações dos vocábulos e não em seus sentidos estanques, usa a língua como ponto de partida para escrutinar as revoltas que tomam o país.

DIOGO BERCITO

A artista egípcia Amira Hanafi quer redefinir o definido. Em seu mais recente projeto ela se dispõe a repensar o significado das palavras listadas no dicionário da língua árabe e também a própria concepção de um léxico. Em vez de tratálo como a reunião do sentido estanque dos termos, ela o concebe como um apanhado de suas transformações. Hanafi, 34, prepara o que chama de “Dicionário da Revolução”, incluindo não as definições teóricas das palavras, mas o que elas significam na prática, nas ruas do Egito, para a população. “Em certos sentidos, é um não dicionário”, diz a artista à Folha. A raiz da ideia está nos usos do termo “fuluul”, que, em árabe formal, se refere a reminiscências. No Egito, a palavra passou a representar os resquícios do regime militar de Hosni Mubarak. Até a insurgência de 2011, na qual o ditador foi deposto por manifestações populares, o termo “fuluul” era apenas mais um no “desmancha-dúvidas”. “Ninguém sabia o que significava, a não ser que fosse um acadêmico”, afirma Hanafi. Até que o termo ganhou vida e passou a ser um dos mais usados em qualquer conversa sobre as revoltas. “Foi aí que decidi usar a língua como ponto de partida para que o povo pudesse se expressar sobre a revolução”. Para a artista, importa mais o modo como as pessoas usam a linguagem nas ruas do Cairo do que o significado da palavra em sua origem. A metodologia de trabalho dela envolve os chamados “cartões do vocabulário revolucionário”: fichas com palavras ou frases ligadas ao universo da revolução. Ela mostra os cartões aos entrevistados e pede que eles se expressem sobre aqueles termos. O dicionário de Hanafi trará transcrições literais das respostas. O trabalho tem uma importância especial no âmbito da língua árabe, em que existe uma situação de diglossia – isso é, a convivência de uma variante

padrão e de versões dialetais, a exemplo do experimentado pelo latim durante o surgimento de variantes vernaculares como português, espanhol e italiano. Ao definir as palavras especificamente no dialeto cairota e no contexto da revolução, ela opta por um recorte específico e com forte cunho político. É também uma questão de relevo linguístico. A diglossia é problemática tanto para nativos quanto para estudantes, pois impõe a escolha de um registro. É uma opção que, por exemplo, divide autores entre os que escrevem em árabe literário, distanciando-se da realidade da fala, e aqueles que adotam o árabe dialetal, ao qual acadêmicos podem torcer o nariz por ser “popular” demais. Amira Hanafi demarca claramente sua escolha. “O texto do livro não será transformado em ‘árabe correto’”. A opção está relacionada ao público almejado. “O árabe coloquial tem muito mais alcance se você quer atingir os egípcios, já que nem todos eles foram educados o suficiente para ter uma ideia do que é o árabe padrão”. Bicho-papão O dicionário é o bicho-papão dos estudantes de árabe. A tradição das línguas semíticas – o que também inclui o hebraico – concebe as palavras a partir de raízes consonantais, o que representa um desafio inclusive na hora de organizar o léxico. Se no português pensamos em uma palavra como escrever e a modificamos a partir de um núcleo, criando escritor, escreve e escritório, no árabe elas costumam começar em três consoantes. Assim, a ideia de escrita está expressa na raiz “KTB”, a partir da qual surgem “kataba” (escrever), “kaatib” (escritor), “yaktub” (escreve) e “maktab” (escritório). Na prática, a análise consonantal do árabe faz com que o dicionário seja, tradicionalmente, organizado a partir da ordem alfabética das raízes, e não das palavras. Dessa maneira, é importante que o estudante saiba que uma estrutura de tipo “taXaaXaXa” listada em “KTB”, em que “x” representa as letras da raiz, dá conta de um sentido de ação recíproca. Ou seja, “takaataba” significa corresponder-se. Não surpreendentemente o dicionário é conhecido como “qamus” em árabe, ou seja, oceano. É necessário mergulhar. A lista de palavras do mar revolucionário de Hanafi inclui, em etapa seminal, termos como liberdade, justiça e sociedade. Há também entradas como “aish”, que a rigor significa vida, mas é usado em sentido mais amplo para se referir ao pão, nas ruas do Egito. “São ideias abstratas, sem significado fixo. Elas podem representar algo diferente para cada pessoa”, diz Hanafi. Miscigenação A abordagem artística e política da língua já aparecia em trabalhos anteriores de Hanafi. Ela é autora, por exemplo, de um livro chamado “Minced English” (2010), sobre definições em in-

glês para a miscigenação racial. De família egípcia, Hanafi cresceu nos Estados Unidos e fez seu mestrado em escrita criativa no Instituto de Arte de Chicago. Ela aprendeu árabe para conseguir ler o Alcorão, livro sagrado do islamismo. Mas diz que só encontrou chão firme no idioma quando se mudou para o Egito, em 2010. “Aprendi de maneira informal, conversando. Por isso tenho uma relação forte com a variante coloquial”, conta. O projeto de seu “Dicionário da Revolução” começou em 2011 e só deverá ser concluído daqui a um ano. A impressão do livro será custeada por um fundo árabe para artes e cultura. O restante do dinheiro necessário para o projeto será recolhido por doações, via internet. O tempo de produção da obra é análogo, diz Hanafi, àquele tomado pela própria revolução – que, como ficou evidente pelo golpe de Estado de 3 de julho, ainda está em andamento. As mutações políticas em si fazem parte do projeto, a exemplo do termo “inquilaab”, que se refere a um golpe. Nas ruas do Cairo, durante a deposição do presidente islamita Mohammed Mursi, a reportagem da Folha ouviu em diversas ocasiões cairotas insistindo: “Isso não é um golpe de Estado”. A frase tornou-se corrente, no Egito, entre a oposição secular que pediu a saída da Irmandade Muçulmana do poder. “É curioso”, nota Hanafi. “Por que a palavra ‘golpe’ é importante? O que ela significa? Por que está sendo rejeitada?”. Essas perguntas fazem parte do escopo do projeto artístico dela. Afinal, as análises dos eventos políticos no Egito tratam, quase sempre, disso: houve ou não um golpe de Estado lá? “Não há muita reflexão, não há observações complexas de que, sim, houve um golpe, mas um golpe de outra natureza”, afirma. A insistência em negar a ocorrência de um golpe de Estado é uma postura comum entre os seculares, que se frustram ao ver que a deposição de Mursi, após a manifestação de milhões nas ruas, é analisada no Ocidente como um golpe semelhante àquele que levou o ex-ditador Hosni Mubarak ao poder, décadas atrás. Nas ruas e na mídia egípcia, a população pede que o evento se encaixe em outra definição, mais líquida, de um “golpe popular” em aliança com o Exército. É uma definição para além do dicionário, e parece se encaixar na visão de léxico de Hanafi. Em termos geopolíticos, a ideia de que a deposição do ex-presidente islamita foi popular, e não militar, também está relacionada às relações internacionais, já que a ajuda financeira repassada pelos Estados Unidos está condicionada, por lei, à manutenção do regime democrático. Isso significa que, na prática, definir a transição política no Egito como um “golpe de Estado” fará secar os dólares que viajam ao país, já em grave situação econômica.

CLAUDIUS CECCON/cartum


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Ensaio

3 Pouco tédio, saudável loucura

Um passeio por luxuriantes bosques de melancolia e sandice RESUMO Um dos grandes clássicos do século 17, “A Anatomia da Melancolia”, de Robert Burton, tem sua primeira tradução integral no Brasil. “Elogio da Loucura”, de Erasmo de Roterdã, obra-prima do século 16, tem nova edição. Labirintos de erudição, os livros iluminam bem além do que os estados mentais que se propõem a investigar.

MARCELO COELHO ILUSTRAÇÃO TATIANA BLASS

Dom Quixote, como se sabe, leu tantos livros de cavalaria que terminou enlouquecendo. Mas o texto de Miguel de Cervantes é, na verdade,

um pouco mais específico: o excesso de leitura “secou o cérebro” do fidalgo. Ainda que a frase soe engraçada, não se trata de uma figura de linguagem. Para a medicina da época, um cérebro “seco” tornava-se exposto aos vapores quentes produzidos pelo fígado e pelo baço. Ou melhor: como o fígado produz líquidos quentes (os famosos “humores”), é preciso que uma vida ativa e com exercícios moderados se encarregue de expulsá-los. Caso continuem a circular, o efeito será a “melancolia”. O termo, no século 17, correspondia a muito mais coisas do que à simples tristeza ou depressão. Todo tipo de delírio, imaginação extrema, furor lascivo – desde que sem febre – era entendido como “melancolia”. Melancólico era Dom Quixote, da mesma maneira que Hamlet, ou que o apaixonado Romeu, ou ainda a mulher de Macbeth, tentando inutilmente limpar das próprias mãos as imaginárias manchas de

sangue de seus crimes. A palavra vem do grego “melas”, negro, e “chole”, bile. A bile negra seria um dos quatro “humores” produzidos pelo corpo, ao lado do sangue, da fleuma e da bile amarela ou “normal”. Esses humores podiam ser quentes, como o sangue, ou frios, como a fleuma – cuja função é umedecer as várias partes do organismo, como as juntas, a língua e os olhos. Além dos “humores”, acreditava-se também na presença dos “espíritos”, que não são fantasmas, mas vapores finíssimos, exalados pelo sangue. Esses espíritos eram o instrumento da alma para realizar as suas ações. Conforme o lugar de onde vinham esses vapores, produzem-se diferentes atividades. Os espíritos naturais eram gerados pelo calor do fígado, servindo como uma espécie de motor para as funções comuns do corpo. Os espíritos vitais vinham do coração, e os espíritos animais, conduzidos ao cérebro, organizavam os

movimentos dos nervos. Bastante complicada, a medicina daqueles tempos. Mais complicada ainda pelo fato de que a famosa “bile negra”, fria, espessa e ácida, nunca foi encontrada em nenhum corpo humano, vivo ou morto. No máximo, o que se encontraram foram casos de sangue no vômito e na urina. Nada disso impediu que, desde a Antiguidade – a partir de Hipócrates (460-370 a.C.) e Galeno (120-200 d. C.), a teoria dos humores dominasse a medicina ocidental até que uma nova cultura científica, baseada na dissecção dos cadáveres e na lógica da experimentação empírica, fosse aos poucos sendo imposta a partir do século 17. Em 1621, o saber especulativo em torno da “bile negra” acumulava-se em inúmeros tratados, lendas, anedotas, fábulas e contradições. Sete anos depois, William Harvey publicaria seu tratado sobre “o movimento do coração”, explicando que este órgão tinha a função de bombear o

sangue, sem “produzir” nada; assim, a medicina de Galeno começou seu caminho para o relativo desuso. Cito o ano de 1621 porque esta é a data de publicação de “A Anatomia da Melancolia” [1º volume, R$ 50; 2º, R$ 75; 3º, R$ 65; 4º, R$ 120], obra de Robert Burton (1577-1640) em quatro tomos, cuja notável tradução por Guilherme Gontijo Flores se vê publicada agora pela editora da Universidade Federal do Paraná. Burton não era médico, mas sim um erudito que acumulou seus estudos filológicos com o cargo de vigário anglicano na igreja de St. Thomas, em Oxford. Em quase duas mil páginas, mais as várias centenas dedicadas às notas da edição brasileira, a primeira da obra no país, encontramos citações e referências a uma multidão de autores. Não apenas os poetas clássicos mais conhecidos, como Virgílio e Horácio, não apenas prosadores como Juvenal, Tucídides e Apuleio; não apenas a “Bíblia” e Santo Agostinho,

mas uma quantidade colossal de versejadores, comentadores, tratadistas, médicos, santos, viajantes. São Belarmino, Menófilo de Damasco, João Meúrsio, são Cirilo de Alexandria, Areteu da Capadócia, Heúrnio. Mácio, Serapião o Velho, Serapião o Jovem. O dinamarquês Pedro Bartolino, o filósofo Sebastião Barradas. Capivácio, Ranzóvio, Trebácio, Publílio, Xifilino. O viajante português Pedro Queirós, o jesuíta belga Aguilônio, o matemático iraniano Al-Kindi... Existe até mesmo um Aécio, médico romano que viveu por volta de 500 depois de Cristo, e que não deve ser confundido com Ácio, Lúcio Ácio, dramaturgo 600 anos mais velho. Labirintos Se o leitor não se diverte com enfiadas de nomes, com sequências vertiginosas de palavras praticamente equivalentes, com labirintos de exemplos e contraexemplos que terminam sem concluir coisa nenhuma, é melhor que


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deixe de lado a “Anatomia da Melancolia”. Claro que não é um livro a ser lido em poucos dias, de modo intensivo, como acaba sendo o fado dos resenhistas de jornal. Mas a exuberância das palavras, das associações, dos “causos” e das referências que preenchem todas essas páginas produz um efeito contagiante, embriagador. Nada menos melancólico, no sentido moderno do termo, do que a “A Anatomia da Melancolia”. Percebe-se um autor que sorri o tempo todo, que não se cansa nunca, que se delicia no seu tesouro de erudição como um tio Patinhas ao tomar seu banho diário na famosa caixa-forte. Todo assunto, qualquer tema, pode entrar nas cogitações do autor. Banhos, por

exemplo. Que tal? Podem ser um remédio para alguns tipos de melancolia, na medida em que resfriam o corpo. Certo imperador romano tomava sete por dia. A ingestão de água, preferencialmente a da chuva, também é totalmente recomendável. O assunto permite a Burton desencadear um dilúvio de curiosidades e informações duvidosas. O abastecimento cotidiano de água no Cairo, por exemplo, chegou a ser entregue a 8.000 camelos. Canos de chumbo são criticados por Galeno, pois liberam uma “cerusa untuosa” (talvez uma cerussa, carbonato de chumbo do tipo do alvaiade) que causa disenteria. Só que, argumenta Burton, “isso é contrário à experiência geral”. Se fosse assim, os habi-

tantes de inúmeras cidades italianas, assim como os de Montpellier, na França, sofreriam de constantes diarreias, e, como diz o genovês Alsario dalla Croce, tal não acontece. Frutas podem ajudar no combate à melancolia – ou provocá-la. O caso dos figos é polêmico. Muitos médicos recomendam; Alexandre de Trales não é deste conselho. Talvez seja questão de quantidade. Quantas refeições por dia? Duas, de modo que o estômago possa digerir bem, sem “provocar cruezas”. Guianério aceita três, mas Montano é estrito e fica com apenas duas. A questão, mais precisamente, está em limitar a variedade de pratos por vez. A

ceia deve ser mais pesada que o almoço; outros sustentam o contrário. Quanto ao que comer, há quem prefira lebres, e quem prefira pavões. Que cada um siga a própria lei, conclui Burton, dizendo que o imperador Tibério ria muito de quem, depois dos 30 anos, ainda aceitasse conselhos sobre como se alimentar. Nas poucas páginas desse capítulo, que pertence ao terceiro volume – o dos remédios contra a melancolia –, pode-se ver de que modo o acúmulo de informações termina sendo uma escola de ceticismo. Tem-se às vezes a impressão de assistir a um daqueles debates do Supremo, nos quais diversos tratadistas e autoridades jurídicas são invocadas a favor ou contra um caso muito concreto, que a

rigor poderia dispensá-los na maior parte das vezes. Não seria absurdo especular que a ciência médica, na época de Burton, estava num estágio próximo ao que, ainda hoje em dia, encontram-se os estudos jurídicos. Não temos – e provavelmente nunca teremos – condições de aplicar métodos experimentais no campo da teoria penal, ou na legislação das sociedades anônimas. Há saberes, há pressupostos sobre a natureza humana, há autores que formulam com maior ou menor clareza o que procurar quando se fala em “atenuantes” ou “agravantes” de um crime. Ideias sobre o comportamento das pessoas, concepções de certo e de errado, observações concretas e

filosofia moral se misturam um bocado entre os teóricos do direito, e certamente a medicina, ao longo de séculos, trazia também seus traços de conhecimento sobre o homem e a ética, tanto quanto sobre o movimento da linfa e os calores do baço. Ainda mais no caso da melancolia, doença de múltiplas definições, inumeráveis efeitos e causas divididas em várias camadas. A tentativa de Burton é organizar toda essa massa de conhecimentos, o que ele faz dividindo sua obra em quatro partes. As causas da melancolia e as curas para a doença ganham um volume cada, com muitas subdivisões – membros, partes, seções – que justificam o título de “anatomia”.


G6 Divagações Acontece que Burton, assim como seu tema, é avesso a sistematizações. Não resiste ao prazer de divagar, de comentar, de trazer casos confusos e engraçados ao curso da argumentação. Assim, o quarto e último volume, cuja tradução foi lançada neste mês, surge quase como que um livro à parte, com prefácio e tudo, no qual se examina a “melancolia amorosa”. Pode ser lido primeiro, com grande prazer. Sem dúvida, é aquele em que o autor se concede maior dose de liberdade e independência de pensamento. Antes de mais nada, porque o tema do amor lhe serve de pretexto para muitos comentários picantes, além de lindas lembranças da história pagã. Vênus nasce do mar, diz ele, porque também o amor é capaz de tempestades, destruições e calmarias. O amor pode ser encontrado até entre minerais e vegetais. Haja vista o caso do ímã; haja vista o caso das palmeiras, que se acariciam uma à outra. Ou mesmo sofrem de amor, como uma palmeira macho, nascida na cidade italiana de Brindisi, e outra fêmea, natural de Otranto, a léguas dali. Viveram estéreis por muito tempo, até que, adquirindo altura suficiente, puderam ver-se, e frutificaram. A história deve ser fabulosa, adverte Burton, para dizer logo em seguida que Piero Valeriano, no seu livro sobre hieróglifos, e Melchior Guilandino, no seu tratado sobre os papiros, sustentamna com convicção. A atitude de Burton, ao longo de toda a obra, não varia. Não se trata exatamente de defender a impossibilidade de um conhecimento exato, como fez Montaigne, um pouco de brincadeira, numa parte de seus “Ensaios” (1580). Defesa do ceticismo, o ensaio “Apologia de Raymond Sebond” não resume todo o pensamento do autor francês – que Burton cita apenas de passagem. Mas há muito de Montaigne no primeiro volume da “A Anatomia”, um longo arrazoado para justificar o fato de que mesmo quem não é médico está autorizado a escrever sobre o assunto. Afinal, muitos médicos terminam falando sobre teologia, uma vez que compram cargos e sinecuras na estrutura da igreja. Os homens mais sábios da Antiguidade, prossegue Burton, são comprovados malucos. Alguém poderia atribuir isso ao fato de serem pagãos. Mas quanta insensatez não se encontra no mundo cristão? Monges que se comportam como serpentes, peregrinos correndo atrás de falsas relíquias, 120 mil mortos só no sítio de uma cidade belga, crimes e mais crimes feitos em nome da religião. O tom se torna ainda mais corrosivo no final do quarto volume. Depois de escrever, com muita desinibição, sobre casos de priapismo, sobre paixões entre mulheres e ursos, sobre jovens que tentam descobrir a data de seu casamento jogando cebolas como se fossem búzios, sobre os que se suicidam pela namorada, sobre os que se tornam melancólicos por muita acumulação de sêmen nos testículos, Burton resolver abordar a melancolia produzida por outro tipo de amor. A saber, o amor a Deus. Sim, a religião é necessária, mas cabe apontar, diz o autor, “as

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diversas fúrias” provocadas por “pitonisas, sibilas, entusiastas, pseudoprofetas, heréticos e cismáticos”. Nada no mundo causa mais mortes, horrores e misérias. “Hei de apresentar”, afirma Burton, “um oceano estupendo, vasto, infinito de loucura e sandice inacreditáveis”. No seu estilo típico, que Angus Wilson chama de “etceterativo”, ele continua: “Um mar cheio de recifes e rochas, areias, golfos, euripos [canais de águas agitadas] e ondas contrárias, cheios de monstros temíveis, formas rudes, vagas estrondosas, tempestades, calmarias de sereias”. O prazer das palavras, a euforia do vocabulário, diminui a gravidade do assunto e disfarça o seu perigo. Verdade que Robert Burton, que publicou o livro sob o pseudônimo de Democritus Junior, escrevia na posição, relativamente confortável, de um clérigo anglicano. Podia acusar à vontade as “superstições papistas”, ironizar feitos fabulosos de santos, apontar canalhices de bispos e pontífices, duvidar de milagres e relíquias, assim como desprezar as crenças de outras correntes protestantes, sem parecer infiel aos preceitos do “verdadeiro” cristianismo. Pode-se ver, na “Anatomia da Melancolia”, o quanto o movimento da Reforma foi libertador em seu tempo, abrindo caminho para a crítica racionalista da fé cristã. Precursor Um dos maiores precursores desse movimento, mas ainda leal à Igreja Católica, e adversário intelectual de Lutero, foi Erasmo de Roterdã (1466-1536). Numa boa coincidência, saiu recentemente em livro de bolso uma nova tradução, diretamente do latim, de seu clássico “Elogio da Loucura” [trad. Elaine Sartorelli, Hedra, R$ 19, 180 págs.], escrito em 1509. Se o livro de Burton dá mostras de um talento espantoso, e quase demente em sua alegria de tudo dizer e tudo citar, o livro de Erasmo é obra de gênio, e está merecidamente ao lado da “Utopia”, de seu amigo Thomas More, e de “O Príncipe”, de Maquiavel, na coleção das obras-primas curtas que toda produtora de livros de bolso, como a excelente editora Hedra, cedo ou tarde se encarrega de publicar. Assim como a “melancolia” de Burton é muito mais que o ânimo depressivo que associamos ao termo, englobando todo tipo de alucinação, fobia, obsessão e paranoia, a “loucura” de Erasmo não é propriamente uma demência. Em latim, trata-se da “stultitia”, a tolice, a estupidez, ou, se quisermos ainda, a “burrice”, como esclarece a tradutora Elaine Sartorelli em sua ótima e breve introdução. Por óbvias razões, ela prefere manter o título consagrado. Num célebre passe de mágica retórico, Erasmo faz com que a loucura tome, ela própria, a palavra. Todos seriam mais felizes, afirma a personagem em seu autoelogio, se vivessem como animais num chiqueiro. Convencimento Um dos companheiros de Ulisses, aliás, convenceu-se disso depois que Circe, no poema de Homero, transformou todos em suínos. Não é a infância, ademais, a idade mais bem-aventurada? E o que são as crianças, exceto humanos tomados de loucura?

Jogar, dançar, beber vinho, fazer pantomimas... “Nada disso foi inventado pelos sábios”, continua o texto. O amante que não vê a verruga da sua amada, o pai que acha lindo o filho estrábico, que podemos dizer contra eles? Quantos divórcios não aconteceriam se os casais tivessem mais senso crítico? Tudo vai por essa toada humorística, até o momento em que as garras de Erasmo

se fazem entrever. Teólogos e pregadores, diz o livro, têm sucesso garantido ao defender os maiores absurdos e tolices. Os grandes da igreja empreendem guerras de conquista, derramam sangue, acumulam bens, espalham a infelicidade e o terror, tudo em nome da mansidão de Jesus. Verdade que, conforme avança, o discurso perde em coerência ficcional,

uma vez que a loucura, ou a estupidez, deveria defender também todos os males que já causou. O espírito de denúncia, entretanto, é o que prevalece. Erasmo e Burton, como Montaigne, são atualíssimos, exceto talvez num ponto. Representando uma ponte entre a cultura clássica e o espírito moderno, mostram a fragilidade do que, nos dias de hoje, parece

ser uma espécie de historicismo exagerado. Não é invenção de Rousseau, por exemplo, o gosto pelas caminhadas solitárias na natureza, nem é puramente criação do romantismo o fastio de tudo, o tédio existencial. Há com certeza pouco tédio e saudável loucura nesses bosques clássicos, nesses gabinetes luxuriantes que os dois autores nos levam para visitar.


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Diário de Los Angeles O MAPA DA CULTURA

4 O inventor do taco coreano Ex-valentão, Roy Choi é o chef do momento

FERNANDA EZABELLA

No caldeirão cultural de Los Angeles, o chef do momento é Roy Choi. Transformado em rei das ruas com um premiado “food truck” [restaurante móvel] em 2008, ele agora pilota restaurantes “fixos” na cidade e lança uma autobiografia, “L.A. Son” (Ed. Ecco, US$ 30, cerca de R$ 69), na qual descreve sua montanha-russa pessoal desde que aqui chegou, aos dois anos, vindo da Coreia do Sul. O livro é o primeiro do selo de Anthony Bourdain, o chef rebelde que virou apresentador de TV e autor de sucesso. Choi também tem ou teve sua dose de rebeldia e escreve sobre como se envolveu com crack, viciouse em jogatina e integrou uma gangue na adolescência. Ao final, era sempre salvo pela família e por banquetes de bibimbap e dumplings. Na última intervenção, a mãe o mandou para uma escola de culinária e, desde então, Choi aposentou-se dos becos. A grande sacada veio aos 38

anos. Com ajuda de um amigo, inventou o “taco coreano” (tortillas com churrasco e temperos coreanos) e outras misturas (kimchi quesadilla e burrito de tofu) para vender na sua lanchonete-caminhão Kogi, hoje uma cadeia de quatro veículos. “O taco é puro L.A. num prato”, diz Choi, hoje aos 43. “É Koreatown com Melrose com Alvarado com Venice com Crenshaw, todos misturados e embrulhados como um presente”.

O taco coreano se espalhou pelo país e fez a fama de Choi, o primeiro operador de “food truck” a figurar entre os “melhores novos chefs” da revista “Food and Wine”, em 2010. Foi nesse ano que ele começou a se assentar. Abriu o restaurante Chego, especializado em tigelas de arroz com diferentes acompanhamentos, e depois as casas Alibi Room, Sunny Spot e A-Frame. Aos brasileiros com pouco tempo na cidade, ele

recomenda o prato “crackling beer can chicken”, do A-Frame, em Culver City. “É minha versão do frango frito num ambiente cheio de amor e com hospitalidade e humor genuinamente L.A”, propagandeia. Portas abertas Neste mês, Jim Morrison (1943-71) completaria 70 anos. Para comemorar o aniversário do vocalista do The Doors, o museu Lacma fará no dia 5 (às

19h30) uma exibição especial do documentário “Mr. Mojo Risin’: The Story of L.A. Woman” (2012), sobre os bastidores da criação do sexto disco da banda. O guitarrista Robby Krieger e o baterista John Densmore, os sobreviventes do grupo, estarão lá, numa rara aparição juntos, para discutir o legado da banda. Krieger e Densmore, que trocaram farpas e processos durante anos após o fim do The Doors, voltaram a se falar neste ano, depois da morte do tecladista Ray Manzarek, em maio. Em entrevistas, os dois anunciaram um show tributo ao colega, em 2014. Marilyn Monroe, Twiggy e Gisele Bündchen são algumas das muitas beldades capturadas pelas câmeras de Richard Avedon (1923”’2004) e reunidas na Gagosian Gallery, em Beverly Hills, até o dia 21. São mais de cem retratos selecionados de quase seis décadas de carreira de um dos fotógrafos americanos mais influentes do século 20. Bündchen aparece num registro de 2000, enquanto Monroe surge numa série de 1957. Diversos clássicos da fotografia estão pendurados na galeria, a exemplo da imagem da atriz Nastassja

Kinski deitada com uma cobra (1981) e a da modelo Dovima (1927-90) com um elegante vestido branco Dior, à frente de três elefantes, num circo, em 1955. Além de fotos marcantes do universo da moda, a mostra reúne exemplos de fotorreportagens, como os registros de um baile de debutantes afroamericanas em Nova Orleans, nos anos 60. Cocô de vaca e Charles Chaplin (1889-1977) estamparam pôsteres para divulgar a nova exposição permanente do Museu de História Natural do Condado de Los Angeles, chamada “Becoming L.A.” (virando L.A.). São 250 objetos selecionados para contar a história da cidade. Há, por exemplo, um figurino de Carlitos, doado por Chaplin ao museu, que explica como a indústria do cinema veio parar na Costa Oeste para aproveitar cenários ensolarados e terrenos baratos. E há também uma vaca empalhada, como exemplo do gado que ajudou a fertilizar os pastos dourados da região. A mostra é parte da reforma de US$ 135 milhões feita por ocasião do centenário do museu e que trouxe alegria para os três Tyranossaurus rex da ala dos dinossauros.


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Arquivo Aberto MEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

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O paraíso dos pesquisadores Princeton, 1980

ACERVO PESSOAL

O antropólogo americano Clifford Geertz (à esq.) e José Murilo de Carvalho em Princeton (EUA), em 1980

JOSÉ MURILO DE CARVALHO

Levei um susto quando, acompanhado de minha mulher, cheguei a Princeton no final de setembro de 1980. O motorista do Instituto de Estudos Avançados da universidade local, que nos buscara no aeroporto, entregou-me a chave do apartamento que nos fora reservado. Abri a porta e vi sobre a mesa uma garrafa de vinho rodeada de alguns tira-gostos e de um bilhete manuscrito: “Seja bem-vindo!”. Sabia que professores visitantes eram bem recebidos nos Estados Unidos, mas aquilo excedia todas as expectativas. O convite para passar um ano acadêmico no instituto fora feito pelo economista Albert Hirschman (1915-2012). Procurei logo conhecer a história, a filosofia e o funcionamento da instituição que me encantara já no primeiro contato. O instituto foi fundado em 1930, com recursos doados por um milionário. A ideia inicial era criar uma faculdade de medicina, mas o educador convidado para executar o plano, Abraham Flexner (1866-1959), convenceu o doador a fazer algo totalmente novo em matéria de instituição acadêmica. O instituto ofereceria condições ótimas de estudo a um pequeno e seleto grupo de pesquisadores permanentes que seria anualmente reforçado por intelectuais

recrutados internacionalmente. A filosofia de Flexner foi exposta em artigo de 1939, intitulado “The Usefulness of Useless Knowledge” (a utilidade do conhecimento inútil). O instituto deveria simplesmente criar condições paradisíacas que possibilitassem o livre pensar e o exercício sem limites da curiosidade intelectual. Seriam convidados pesquisadores que por sua obra tivessem ganho o direito de fazer o que quisessem. O primeiro convidado foi Albert Einstein (1879-1955). Quando lá estive, o grupo permanente dividia-se em quatro escolas, ou centros: matemática, história, ciências naturais e ciências sociais. Obrigações? Participar de um seminário semanal, fazer uma palestra e interagir com o grupo almoçando e jantando no instituto. A dedicação integral ao trabalho, acompanhada da exposição a um time de craques pertencentes a várias disciplinas e tendo o espírito de Einstein pairando sobre a cabeça, causava efeito extraordinário sobre o grupo de convidados. Saído de formação muito disciplinar em ciência política na Universidade Stanford, vi os horizontes se abrirem para novos campos de conhecimento, novas fontes, novas maneiras de pensar, expostas por colegas de reconhecida competência. Cito alguns. O antropólogo Clifford Ge-

ertz (1926-2006) da “thick description” (descrição densa); o economista Albert Hirschman finalizando “Essays in Trespassing” (no Brasil, “A Retórica da Intransigência”); o historiador Robert Darnton lendo a primeira versão de “O Grande Massacre de Gatos”; o cientista político Michael Walzer discutindo justiça distributiva; John Elliott, o grande historiador da Espanha de Filipe 2º; o linguista John Gumperz (1922-2013); a indiana Dharma Kumar (1928-2001), organizadora da “Cambridge Economic History of India”; Ernst Kitzinger (1912-2003), mestre em arte bizantina; Glen Bowersock, especialista em história greco-romana. Havia ainda conferencistas esporádicos. Lembro-me, pelo ineditismo, de uma palestra sobre a pintura mural na Idade Média e, pela erudição, de outra sobre os senadores romanos provenientes do norte da África. Isto sem falar no pessoal da matemática e das ciências naturais, cujas conferências minhas limitações não permitiam apreciar, mas com quem não deixava de interagir. Havia um jovem matemático indiano, tido como um gênio. Minha pequena vingança contra sua genialidade era humilhá-lo no futebol. Meu trabalho posterior à tese de doutorado em Stanford foi todo ele marcado pela estada de nove meses no Instituto de Estudos Avançados de Princeton.


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