Amazônia de Pé - Prospectus - PT

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prospectus 2024
APRESENTAÇÃO O CONTEXTO E O PROBLEMA O MOVIMENTO TEORIA DE MUDANÇA CONSTRUÇÕES ESTRATÉGICAS 2024-2026 FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL O QUE ESTAMOS FAZENDO ORÇAMENTO QUEM SOMOS GLOSSÁRIO 6 8 26 12 16 28 36 38 44 22

APRESENTAÇÃO

A Amazônia de Pé é um movimento do Brasil pela Amazônia – a nal, nossos territórios estão interligados: o que acontece na Amazônia não ca na Amazônia, e agir pela proteção da oresta e dos seus povos deve ser uma responsabilidade de brasileiros e brasileiras de Norte a Sul do país.

A Amazônia é responsável pelo regime de chuvas e in uencia o clima do continente inteiro. Por um lado, sua exploração predatória intensi cada nos últimos anos agrava a crise climática e afeta pessoas de todas as regiões do país – especialmente povos tradicionais, a população negra e comunidades periféricas; por outro, movimentos pela proteção da maior oresta tropical do mundo ajudam a preservar sua biodiversidade, suas populações, culturas e ancestralidades, cuidando do clima de todo o planeta.

Para garantir a floresta de pé e um futuro

pela proteção da floresta que são travadas no

Amazônia e de seus povos.

Nas próximas páginas, vamos mergulhar no universo do Movimento Amazônia de Pé e convidamos você a vir com a gente!

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AO MOVIMENTO *
JUNTE-SE
CONTEXTO
PROBLEMA
O
E O

A Amazônia é essencial para o combate às mudanças climáticas. Além de armazenar 49 bilhões de toneladas de carbono em sua estrutura1, a maior oresta tropical do mundo libera diariamente 20 trilhões de litros de água na atmosfera2. Tais fatores comprovam cienti camente que a Amazônia incide de maneira direta nos ciclos climáticos, sejam eles regionais ou globais. No entanto, não se pode reduzir sua importância a números.

Quando falamos de Amazônia, também estamos falando de seus protetores – pessoas e culturas – que a mantêm de pé em seu dia a dia. São eles os povos indígenas, quilombolas e extrativistas, que ali resistem há séculos, e que aprenderam a cultivar e a viver a biodiversidade amazônica sem destruí-la. Esses povos tradicionais baseiam seu modo de existência em uma relação intrínseca com o meio onde vivem e lutam diariamente para preservar a Amazônia por se entenderem como parte dela.

No entanto, as políticas de proteção ambiental, tanto da oresta, quanto de seus povos, têm enfrentado ataques sistemáticos no país. Durante o último mandato presidencial, de Jair Bolsonaro, o Estado brasileiro bateu recordes em desmatamento, queimadas, extração ilegal de madeira e contaminação do solo.

Atualmente, as orestas públicas da Amazônia são as mais impactadas pela destruição. Hoje, as orestas públicas sem destinação na região somam 57 milhões de hectares (uma área maior do que a Espanha), e sofreram com taxas de desmatamento de 51% nos últimos anos3. São terras públicas do governo estadual ou federal que ainda não receberam uma destinação para se consolidar como unidade de conservação, terra indígena ou reserva extrativista. Por outro lado, as terras indígenas no Brasil são os territórios mais protegidos da oresta: nos últimos 36 anos, apenas 1,6% do desmatamento no Brasil ocorreu em terras indígenas4.

1 Saatchi, S. S.; Houghton, R. A.; Dos Santos Alvala, R. C.; Soares, Z. J. V.; Yu, Y. Distribution of aboveground live biomass in the Amazon basin. Global Change Biology chapter 13, p. 816. 2007.

2 Cardoso, L.; Rosa, André; No Dia Mundial da Água especialistas do Inpe alertam para a preservação de árvores. G1, 2019.

3 MOUTINHO, Paulo; AZEVEDO-RAMOS, Claudia. Untitled public forestlands threaten Amazon conservation. Março, 2023. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41467-023-36427-x

4 MapBiomas. Disponível em: https://brasil.mapbiomas.org/2022/04/19/terras-indigenas-contribuem-para-a-preservacao-das- orestas/

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Desta forma, a destinação de terras públicas é uma das principais soluções para combater o desmatamento na Amazônia e garantir a proteção do bioma e do território.

A recente eleição do presidente Lula, que assumiu o posto pela terceira vez em 2023, deu início a um novo ciclo no país. Ainda em seus primeiros meses de mandato, o presidente criou o primeiro Ministério dos Povos Indígenas da história do Brasil e escolheu Marina Silva, importante liderança amazônida e ambientalista, para che ar o Ministério do Meio Ambiente. Estes acenos ao campo socioambiental resultaram também em políticas de preservação diretas. Ao compararmos a taxa de desmatamento na região da Amazônia Legal entre agosto de 2022 e julho de 2023, notamos uma redução de 22,3% em seus números totais5. No entanto, Lula foi eleito com o apoio de uma frente ampla, acolhendo em seus ministérios visões nem sempre convergentes em relação à proteção ambiental.

Além disso, a bancada ruralista, que já existe no ecossistema político brasileiro há muito tempo, cresceu e se fortaleceu a tal ponto nos últimos anos, que hoje é uma das principais forças ativas no Congresso Nacional, ocupando 44,4% das cadeiras e agregando a maior força política desta institucionalidade. Esses congressistas são em sua maioria grandes proprietários e fazendeiros que defendem a expansão da exploração agropecuária na Amazônia como caminho para o crescimento nanceiro de seus negócios. Além disso, ainda em uma escala regional, sabemos que a maior parte dos governos locais da região não está comprometida com a proteção da oresta e de seus povos, justamente pelos mesmos motivos de outros ruralistas.

Neste contexto dicotômico, uma mobilização que envolva toda a população brasileira para defender a Amazônia e seus povos é imprescindível. A atual geração tem uma chance histórica de parar a destruição e avançar com políticas efetivas para proteger a oresta, seus povos e o futuro de todos nós. Os próximos três anos representam um desa o e uma oportunidade gigante para aumentar a mobilização coletiva e pressionar o governo nacional e os governos regionais a aprovarem políticas que protejam de fato o meio ambiente.

Além disso, sabemos que o planeta não pode correr o risco de que a política climática brasileira se transforme de maneira tão volátil, dependendo dos interesses especí cos de quem está no poder. O comprometimento com uma política de Estado permanente para a preservação ambiental é uma tarefa coletiva, que só será possível com a adesão expressiva da sociedade brasileira. A nal, preservar a Amazônia e seus povos é preservar o futuro do planeta.

5 “Desmatamento na Amazônia cai 22,3% entre agosto de 2022 e julho de 2023”. Secretaria de Comunicação Social, https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/noticias/2023/11/desmatamento-na-amazonia-cai-22-3-entre-agosto-de-2022-e-julho-de-2023. Acesso em 15 de dezembro de 2023.

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O MOVIMENTO

A Amazônia de Pé começou como uma campanha dentro do NOSSAS, uma organização brasileira sem ns lucrativos, vencedora do Prêmio Skoll de Inovação Social em 2022; no entanto, cresceu para se tornar um esforço de coalizão sem precedentes, envolvendo mais de 300 organizações, incluindo alguns dos maiores grupos indígenas do país, os especialistas técnicos e think tanks mais prestigiados que trabalham na conservação da Amazônia, além de grupos juvenis e culturais. Agora, a Amazônia de Pé está realizando um spin-o do NOSSAS para se tornar uma organização independente, garantindo que elementos dessa coalizão possam ser representados em seu nível de governança.

e de quem a protege.

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NOSSOS PRINCIPAIS NÚMEROS

entre elas organizações indígenas, movimentos quilombolas,

316.358

ação do movimento. O movimento

216 no movimento para produção de pro bono em torno das

100 de Pé.

102 universidades integram a Amazônia de Pé.

588 equipe da Amazônia de Pé.

e organizações de base territorial.

200 mil

1,5 milhão pela nossa equipe em nosso

20.687

assinaturas para o projeto de lei de Pé.

178 pontos da Amazônia de Pé estão

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JANEIRO/2024

TEORIA DE MUDANÇA

NOSSAS PREMISSAS

• Entendemos que a proteção da Amazônia é essencial para a manutenção do clima no planeta. As mudanças climáticas estão afetando a natureza, a vida das pessoas e a infraestrutura em todo o mundo. Eventos climáticos extremos estão cada vez mais evidentes, ameaçando o futuro de todos nós e impactando, em especial, populações mais vulneráveis. A oresta de pé é fundamental para conter a crise climática.

• Acreditamos que estamos correndo contra o tempo. Se o desmatamento e as queimadas na Amazônia não forem zerados, a oresta pode atingir um ponto de não retorno ainda nas próximas décadas. Isso signi ca que ela não conseguirá se regenerar adequadamente, podendo se transformar em uma savana. Nossa geração é a última capaz de impedir esse colapso.

• Entendemos que os biomas brasileiros estão interligados e que o que acontece na Amazônia afeta todo o Brasil. Por isso, acreditamos que agir pela proteção da Amazônia é responsabilidade de todo o povo brasileiro. Atuamos nacionalmente em ruas, redes e rios das cinco regiões do país para ampli car as lutas que ocorrem no território amazônico há séculos.

• Compreendemos a Amazônia não apenas como oresta, mas também como biodiversidade, pessoas, culturas e ancestralidades, que também precisam ser preservadas e protegidas. Os principais guardiões dessa riqueza são os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas.

• Atuamos por meio da mobilização popular e da construção de uma maioria climática participativa. Acreditamos que a construção coletiva, em diálogo com ativistas, movimentos sociais e atores da sociedade civil, é central para a conquista de mudanças políticas e ambientais.

• Entendemos a educação e a cultura como pilares da nossa mobilização. Tratam-se de formas estruturais de transformação da sociedade, indispensáveis para a sensibilização e o engajamento de pessoas em pautas relacionadas à Amazônia e às mudanças climáticas.

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NOSSAS ESTRATÉGIAS

• Criação de uma infraestrutura cívica nacional para mobilização.

• Mobilização para incidência em políticas públicas e legislações que pautam a Amazônia e a crise climática e seus impactos.

• Formação pedagógica de ativistas, coletivos e criadores de conteúdo.

• Construção de narrativas sobre o território amazônico e mudanças climáticas.

• Mobilização através da arte e da cultura.

• Fortalecimento de ativistas, coletivos e organizações amazônidas.

NOSSOS PRODUTOS

• Campanhas de mobilização e incidência política.

• Programas pedagógicos e treinamentos.

• Narrativas e produtos de comunicação online e o ine.

• Programas de voluntariado.

• Eventos e ações culturais.

• Editais de repasse nanceiro.

NOSSOS RESULTADOS

• Garantia de manutenção e avanço de políticas públicas e legislações para proteção das orestas públicas da região amazônica.

• Maior conhecimento da população brasileira acerca das orestas públicas e de sua importância no enfrentamento à crise climática.

• Mais ativistas com acesso a ferramentas e metodologias de mobilização, agindo pela proteção da Amazônia e seus povos e pelo fortalecimento da justiça climática no Brasil.

• Organizações de base territorial da Região Amazônica fortalecidas por meio do acesso a recursos nanceiros e metodológicos para estruturarem suas ações e atividades.

• Consolidação do Dia da Amazônia como uma data nacional de mobilização através da cultura pela justiça climática e proteção da Amazônia e de seus povos.

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NOSSO IMPACTO

• Formação de uma maioria climática no Brasil: conscientização e engajamento da maioria da população brasileira em questões ambientais.

• Preservação de 57 milhões de hectares na Amazônia: garantia da sustentabilidade ambiental por meio da preservação das áreas orestais sob maior risco.

• Proteção da Amazônia e suas culturas: fortalecimento das comunidades indígenas, quilombolas, extrativistas e ribeirinhas e proteção efetiva das culturas tradicionais e do território da Amazônia.

• Fortalecimento de legislações e políticas contra a crise climática: consolidação e efetivação de medidas de proteção e adaptação ambiental em nível nacional, fortalecendo a resposta à crise climática.

• Posicionamento da cultura na justiça climática: transformação das abordagens na justiça climática, com o campo da cultura ocupando um papel central nas discussões.

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CONSTRUÇÕES ESTRATÉGICAS 2024 - 2026

2024

• Monitoramento permanente do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas Estaduais da região amazônica a m de criar campanhas de resposta rápida que promovam políticas de conservação orestal e que impeçam a aprovação de legislações prejudiciais à proteção da Amazônia.

• Lançamento do Observatório de Destinação de Florestas Públicas, plataforma que explique a política de destinação de orestas públicas no Brasil e que contará com mapas interativos das orestas a serem alocadas. Seu objetivo central é ampliar o alcance do tema, frequentemente negligenciado no discurso público, além de contribuir para um aumento da ambição do governo federal em relação a essa política, o que poderá assegurar a proteção de mais hectares de oresta.

• Realização de pesquisa de opinião pública que apoie o desenvolvimento de narrativas que conectem a proteção da Amazônia à mitigação de eventos climáticos extremos.

• Execução do Dia da Amazônia 2024, com eventos que mobilizem milhares de pessoas no Rio de Janeiro (sede do G20) e em Belém (sede da COP 30).

• Ação de mobilização durante o G20 (a ser realizado na cidade do Rio de Janeiro em novembro) para cobrar do presidente Lula um maior compromisso em destinar hectares de orestas públicas.

• Expansão da base de ativistas da Amazônia de Pé e fortalecimento do relacionamento do movimento com seus voluntários por meio da criação do 2º Programa de Líderes Regionais da AdP e de uma nova jornada de voluntariado, aprimorada e atualizada.

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2025

• Ação de mobilização com milhares de voluntários durante a COP 30 para pressionar o presidente Lula a alocar mais hectares de orestas públicas como meio de reforçar o compromisso do Brasil com a proteção de suas orestas e inspirar a ação climática dos líderes mundiais.

• Treinamento de professores em 100 escolas indígenas, quilombolas e extrativistas na Região Amazônica para estabelecer uma rede pedagógica conectada e informada sobre justiça climática, incentivando os professores a abordarem o tema com os alunos. O treinamento também abrangerá táticas de mobilização para capacitar os professores a realizarem ações territoriais em prol da proteção dos direitos de suas comunidades.

• Estabelecimento de núcleos da Amazônia de Pé em 50 cidades brasileiras com enfoque na mobilização local e territorializada.

• Execução de uma campanha nacional descentralizada direcionada aos prefeitos recém-eleitos, defendendo a implementação de planos de adaptação às mudanças climáticas em pelo menos 10 cidades brasileiras de grande relevância na política nacional.

• Organização de um grande evento em Brasília, no Congresso Nacional, para entregar as assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular Amazônia de Pé, com a presença de especialistas, líderes, celebridades e milhares de ativistas do movimento.

• Expansão da Bancada Amazônia de Pé, com deputados federais e senadores dispostos a coassinar o projeto de lei, junto a milhares de brasileiros. A bancada contará com pelo menos 50 parlamentares de no mínimo 5 partidos diferentes, garantindo diversidade e força no processo legislativo.

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2026

• Treinamentos de organizações de base parceiras da Amazônia de Pé localizadas em outros três biomas brasileiros, com o objetivo de impulsionar mobilizações para a proteção desses biomas e expandir oportunidades de engajamento para o público voluntariado da Amazônia de Pé.

• Realização de uma mobilização nacional durante as eleições presidenciais para tornar a proteção da Amazônia um compromisso dos principais candidatos, aproveitando as lições aprendidas em 2022, quando, pela primeira vez na história do Brasil, a Amazônia se tornou um tema signicativo nas eleições nacionais com o apoio da mobilização).

• Implementação do Dia da Amazônia 2026 em nível nacional, com ações descentralizadas em 2.000 cidades simultaneamente, visando disseminar a causa da proteção da Amazônia para pelo menos 40% dos municípios brasileiros durante o período eleitoral.

• Monitoramento contínuo do progresso do Projeto de Lei Amazônia de Pé no Congresso Nacional, aliado à mobilização popular em todas as etapas do processo legislativo, para garantir a aprovação do projeto durante a administração Lula.

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FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL

DESINCUBAÇÃO

Neste próximo ciclo, será criada uma organização autônoma a partir do spin-o da Amazônia de Pé, organização incubada no NOSSAS. Essa abordagem permitirá a criação de uma estrutura operacional 100% dedicada a enfrentar os desaos de um movimento focado principalmente em ações o ine em todo o país. Além disso, permitirá estabelecer instâncias de governança especí cas para a Amazônia de Pé, capazes de gerenciar efetivamente os desa os de governança apresentados por um movimento, considerando a representação de ativistas, organizações, parceiros, entre outros.

MONITORAMENTO, AVALIAÇÃO E APRENDIZADO

O movimento Amazônia de Pé considera o monitoramento de dados como parte essencial do projeto. Contamos com um setor dedicado a monitoramento e avaliação, que realiza relatórios mensais sobre nosso trabalho e revisões semestrais em nossas frentes de atuação.

estratégia para a obtenção de informações

Desde o princípio do projeto, também contamos com uma robusta equipe de tecnologia que nos ajudou a desenvolver uma plataforma própria para registro e acompanhamento das assinaturas coletadas para o nosso projeto de lei. A união entre tecnologia e mobilização é um grande pilar interno.

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O
QUE ESTAMOS FAZENDO

O PROJETO DE LEI DE INICIATIVA POPULAR

O Projeto de Lei de Iniciativa Popular Amazônia de Pé (PLIP) foi proposto a partir de uma rodada de conversas com especialistas sobre os temas centrais para a Amazônia no contexto atual. A partir da escuta de cientistas e lideranças, foi de nida a Destinação de Florestas Públicas como alvo do projeto de lei, questão crítica para a proteção da Amazônia.

O PLIP Amazônia de Pé determina a destinação das orestas públicas não destinadas que estão dentro da Amazônia Legal para que essas orestas quem sob o cuidado de quem mais as protege: seus povos tradicionais e unidades de conservação. Atualmente, mais de 300 organizações da sociedade civil coassinam o projeto de lei, entre elas os maiores representantes dos movimentos indígena, extrativista, ribeirinho, quilombola e da reforma agrária brasileiros.

A Iniciativa Popular é uma ferramenta da Constituição Brasileira criada para que o povo brasileiro possa propor suas próprias leis. Na história do Brasil, apenas quatro leis de iniciativa popular foram aprovadas, porque o processo exige intensa mobilização em todo o país. Para apresentar o Projeto de Lei ao Congresso Nacional, o movimento está coletando 1.5 milhão de assinaturas físicas que serão levadas ao Congresso Nacional.

A POLÍTICA DE DESTINAÇÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS

Existem duas maneiras de garantir a destinação das orestas públicas no Brasil: por meio do Projeto de Lei Amazônia de Pé ou por meio de atos presidenciais.

O movimento, iniciado há apenas 18 meses, já provou seu valor: no dia da última jornada de mobilização em todo o país (05/09/23), enquanto voluntários da Amazônia de Pé organizavam centenas de eventos e protestos presenciais, o Presidente Lula assinou um decreto indicando a destinação de 11 milhões de hectares de terras públicas na Amazônia para unidades de conservação e territórios indígenas e quilombolas – nos colocando 20% mais perto de nosso objetivo de 57 milhões de hectares de terras protegidas. O decreto é um sinal verde para continuarmos nossa luta até que todas as orestas públicas na Amazônia estejam nas mãos daqueles que sabem cuidar delas.

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A COALIZÃO

O movimento visa construir uma infraestrutura cívica pela proteção da Amazônia com a participação de ativistas e organizações, ambos conectados para uma ação estratégica em todos os 27 estados do país. Espalhado de Norte a Sul do Brasil, o movimento já conta com mais de 300 organizações em sua diversi cada coalizão, que inclui representantes da juventude brasileira, cientistas, lideranças periféricas, os mais reconhecidos movimentos ambientalistas, indígenas e de comunidades tradicionais no Brasil e uma multidão de cidadãos engajados na causa.

A coalizão conta com assembleias gerais, grupos e lideranças regionais e o fortalecimento de seus membros com treinamentos de mobilização, programas pedagógicos e uma estratégia de nanciamento de repasses.

A CONSTRUÇÃO DE MARCA

O movimento Amazônia de Pé construiu uma marca robusta baseada em nossos valores essenciais, como justiça, resiliência, sensibilidade, esperança e força. Esses valores orientam a busca pela proteção da oresta, a perseverança diante dos desa os, a conexão com as histórias da Amazônia, a mobilização da população e a resistência necessária para manter a Amazônia de Pé.

Visualmente, a marca se destaca pela representação diversi cada da Amazônia, indo além de um único símbolo. A linha de ícones incorpora fauna, ora, fenômenos naturais e pessoas, enquanto a escolha do elemento da água como símbolo central, com uma estética inspirada em gra smos indígenas, reforça a singularidade única do movimento. Desenvolvida por uma agência amazônida, a marca consolidou-se como uma representação visual impactante, ganhando popularidade em diversas plataformas de comunicação online e o ine. A bandeira da Amazônia de Pé ganhou vida própria e pode ser vista nas mãos de ativistas em todo o país.

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A CULTURA COMO FERRAMENTA DE MOBILIZAÇÃO

Proteger a oresta passa inicialmente pelo entendimento de que existem povos e culturas que estão no território há milhares de anos e que suas cosmologias formam o que é a Amazônia de hoje. A ideia de “cultura” na Amazônia de Pé tem, portanto, uma dupla compreensão: por um lado, a cultura como o sujeito em si daquilo que preservamos e protegemos, a cultura dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, extrativistas, moradores das cidades e todos aqueles que conformam a Amazônia brasileira; e, por outro lado, a cultura como uma ferramenta importante de mobilização da sociedade civil que tem o poder de ampliar vozes e apoiar a construção de uma narrativa sobre a Amazônia a partir de quem atua e faz parte do território.

O primeiro aspecto é abordado na própria construção narrativa do movimento, através do reconhecimento da importância das dimensões materiais e simbólicas da cultura dos povos da Amazônia para a preservação da oresta. O segundo aspecto abordado é a cultura e a arte como instrumentos de transformação social, destacando-se a Virada Cultural Amazônia de Pé como seu principal marco. No mesmo viés, o programa Pontos Amazônia de Pé opera como uma rede composta por dezenas de centros culturais, restaurantes e museus distribuídos nacionalmente, atuando como espaços de referência para o movimento. Esses locais não apenas servem como lugares para a coleta de assinaturas do Projeto de Lei de Iniciativa Popular, mas também promovem uma variedade de atividades culturais.

A CONSTRUÇÃO NOS TERRITÓRIOS

O movimento está espalhado pelas redes, rios e ruas do Brasil, por meio de uma organização regional com voluntários e parceiros em todas as regiões do país. Construímos uma narrativa regionalizada do movimento, que dialoga com diferentes territórios, conectando os efeitos da crise climática em cada região do Brasil à proteção da Amazônia.

Hoje a Amazônia de Pé conta com grupos nas cinco regiões do país, com a participação de “polinizadores”, os voluntários mais engajados no movimento. Para o fortalecimento regional, também foi elaborado um programa de lideranças regionais, que tem como missão ampliar o poder dos polinizadores, capacitando nossos líderes com ferramentas de mobilização, criando pontos focais regionais para elaborar estratégias de engajamento, produzir articulações locais e representar a Amazônia de Pé em eventos regionais. Em 2023, foi realizada a primeira edição do programa de líderes regionais e ao longo de 2024, 2025 e 2026, o movimento pretende realizar novas edições do programa, desta vez mais robusto, com uma jovem liderança apoiada por estado, totalizando 27 jovens por ano e uma rede de 100 jovens até o nal de 2026.

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O FORTALECIMENTO DO CAMPO

Acreditamos que, para salvar a Amazônia, precisamos fortalecer uma infraestrutura cívica que enfrente as ameaças à oresta e aos seus povos. Por isso, atuar em conjunto com uma coalizão de centenas de organizações é uma de nossas estratégias-chave.

A Amazônia de Pé acredita em uma estratégia de fortalecimento dessa coalizão que combina concessão de recursos e treinamento. Por isso, em 2022 e 2023, o movimento conduziu editais de apoio para organizações e coletivos de base territorial, em sua maioria pertencentes à Região Amazônica. Em 2022 foram repassados 960 mil reais para 26 organizações. Já no ano de 2023, foram contempladas 40 organizações, com um total de 500 mil reais repassados para as organizações.

Nos próximos anos, a Amazônia de Pé planeja criar mais oportunidades de concessão de recursos. Acreditamos que, ao fazer isso, podemos contribuir ainda mais para democratizar o nanciamento no Brasil e fortalecer grupos relativamente pequenos, liderados por jovens periféricos, por indígenas, quilombolas, mulheres e amazônidas, que muitas vezes não têm acesso a grandes doadores. Queremos apoiar aqueles que estão na linha de frente da defesa da oresta em suas comunidades.

Além do apoio a coletivos e organizações, a Amazônia de Pé também acredita no fortalecimento de ativistas com recursos e treinamento. Em 2022, foi criada a primeira edição do Creators pelo Clima, um programa de formação e aceleração de carreiras para criadores de conteúdo engajados com a pauta socioambiental. Seis jovens criadores de conteúdo indígenas e negros receberam uma bolsa-auxílio mensal, equipamentos e formação durante 10 meses, e nesse contexto produziram dezenas de peças para as diferentes redes sociais.

DIA DA AMAZÔNIA

Pensando no extenso campo de atuação da cultura, em 2022, foi criada a Virada Cultural Amazônia de Pé, um marco anual de mobilização cultural para pautar a Amazônia nacionalmente. A data escolhida para essa grande mobilização é em função do Dia da Amazônia (05/09). A Virada propõe implementar esse marco no calendário de todo o país, movimentando milhares de pessoas para realizar atividades culturais que criem diálogos com a população sobre o desmatamento no maior bioma brasileiro e suas consequências para a crise climática. De shows musicais a atividades infantis, de cine-debates a jantares, qualquer ação, seja ela pública ou privada, é válida.

A primeira edição da Virada aconteceu em setembro de 2022 e contou com mais de 600 ações espalhadas pelo Brasil. No Rio de Janeiro (RJ), um festival nos jardins do Museu de Arte Moderna (MAM Rio) reuniu milhares de pessoas e teve em seu palco grandes nomes da música amazônida e nacional. Em Santarém (PA), o festival recebeu convidadas de peso da cena cultural da região.

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Com mais de 450 ações descentralizadas pelo país, a segunda edição da Virada ocorreu em setembro de 2023 e ecoou-se o grito #AmazôniaDePé e #MarcoTemporalNÃO nas ruas, redes e rios. Durante a Virada Cultural, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal discutiam o Marco Temporal, legislação que praticamente inviabiliza a demarcação de territórios indígenas no país. Um grande festival em Alter do Chão (Território Indígena Borari, no coração da oresta amazônica) teve uma programação repleta de artistas amazônidas.

VIRADA AMAZÔNIA DE PÉ 2022

VIRADA AMAZÔNIA DE PÉ 2023

EDUCAÇÃO CLIMÁTICA

Como uma de suas ferramentas de mobilização nacional, o movimento investe nos programas pedagógicos, desenvolvidos de forma a contribuir para a disseminação da proteção da Amazônia por meio do diálogo com diferentes públicos em espaços formais e não formais de ensino.

Os programas têm como base as diretrizes da educação ecológica e colocam a mobilização popular como importante ferramenta para a promoção da proteção da oresta. Em 2022, foi conduzida a primeira edição do programa Amazônia de Pé nas Escolas, com formação de educadores e estudantes e distribuição de materiais para 296 escolas por todo o país. Em 2023, foi criado o programa Amazônia de Pé nas Universidades, para envolver o público estudantil na proteção das orestas e na pauta do Marco Temporal, em parceria com a União Nacional dos Estudantes e com a participação de 100 universidades de todo o Brasil.

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ORÇAMENTO

A Amazônia de Pé conta com uma equipe pequena, mas poderosa, de 18 funcionários remunerados, gerenciando mais de 20 mil voluntários e 200 mil membros registrados, presentes em todos os estados do Brasil. Expandir ainda mais essa impressionante operação de campo exigirá um orçamento de aproximadamente 2,5 milhões de dólares por ano, incluindo uma estratégia de eventos e redistribuição de recursos para organizações de base territorial.

Atualmente, estimamos 10 milhões de dólares para sustentar esse movimento por 4 anos (2025-2028), abarcando os primeiros dois anos do próximo governo.

O ORÇAMENTO ANUAL DE RECURSOS DA AMAZÔNIA DE PÉ SE DIVIDE DA SEGUINTE MANEIRA:

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QUEM SOMOS

A equipe da Amazônia de Pé é composta por 18 pro ssionais multidisciplinares, de várias regiões do país. Entre os integrantes, 55% são pro ssionais amazônidas, 89%, mulheres, e 77%, pessoas pretas, pardas ou indígenas.

Daniela Oro no Diretora de projetos

É socióloga e mestre em Ciência da Informação pela UFRJ e tem especialização em Liderança e Mudança Social pela Harvard Kennedy School. Atua em campanhas de mobilização, campanhas eleitorais, assessoria legislativa e gestão de projetos há uma década.

Gisela Duarte

Gestora de projetos

Formada em Publicidade pela UFRJ, pós-graduada em Epistemologias do Sul Global pela CLACSO e mestre em Relações Internacionais pela Universidad Camilo Jose Cela. Dedica-se à gestão de projetos em organizações do terceiro setor, com passagem por campanhas políticas e ativistas.

Catarina Nefertari

Gestora de comunicação

Ativista amazônida, bacharel em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda (UFPA) com MBA em Gestão Estratégica de Negócios (FIAP). Sua área de atuação é a comunicação para mobilização social.

Helena Ramos

Gestora de produção e cultura

mestre em Trabalho Social Comunitário pela Universidad Complutense de Madrid. Trabalhou em organizações como MAM Rio, Sesc e Fundação Bienal de SP.

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Karina Penha

Gestora de mobilização

Maranhense, bióloga, ambientalista. Foi coordenadora no Engajamundo, líder da comunidade de Protagonismo Juvenil USBEA, Diretora do

Exchange Alumni. Renata Ilha

Gestora de incidência e parcerias

Bióloga e mestre em Ecologia. Trabalha há 11 anos no terceiro setor, passando por organizações do campo nacional e internacional como e ABCD.

Danielle Assis

Coordenadora de campanhas

Graduada em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre em Comunicação Política pela London School of Economics and Political Science (LSE). Já trabalhou em diversas campanhas eleitorais e ativistas.

Kaianaku Kamaiurá

Coordenadora de incidência

Direitos Humanos pela UFG.

Vaulene Monteiro

Coordenadora de projetos

Amazônida, graduada em Secretariado Executivo pela Universidade da Amazônia (UNAMA) com MBA em Gestão com Pessoas pelo

Organizações da Sociedade Civil (OSC) na Amazônia brasileira.

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Carolina Borges Analista de parcerias

Gabrielly Santana Analista de engajamento

Manauara, internacionalista e pós-graduanda em Gestão de Projetos e Organizações do terceiro setor. Tem experiência em diásporas, Agenda 2030 e protagonismo jovem.

Gustavo Aguiar Analista de comunicação

amazônida.

Larissa Nascimento Produtora

Produtora, militante, professora e mestre de bateria no Levante Popular conhecimentos com jovens por meio de aulas de percussão no Complexo de Manguinhos.

Leila Borari Analista de parcerias

empreendedora na Amazônia. Cofundadora e atual coordenadora da Associação de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós.

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Paulo Ricardo

Analista de comunidades

De Feira de Santana, Bahia, já foi coordenador na rede Engajamundo, já

estratégias de comunicação, ativismo e advocacy.

Luana Lisboa Designer communication.

Samilly Valadares

Assistente de relacionamento

Quilombola Amazônida. Psicóloga formada pela UFPA, educadora popular e ARTivista. Mestranda em Direitos Humanos e Cidadania pela UNB. Atua na coordenação de projetos sociais de educação,

Tayna Silva

Produtora de conteúdo

Amazônida, ativista e graduanda em História pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Tay atua como educadora social, idealizadora

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GLOSSÁRIO

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O glossário Amazônia de Pé tem como objetivo con uir conceitos para a melhor interpretação do que está disposto neste documento, descrevendo de nições mais amplas e também conceitos internos do movimento.

AMAZÔNIA

Ecossistema de pessoas, saberes e organismos.

AMAZÔNIA DE PÉ

Movimento pela proteção da Amazônia e dos seus povos.

AMAZÔNIA LEGAL

Área territorial brasileira que engloba Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão.

TERRITÓRIO AMAZÔNICO

4.212.472 km2 (IBGE, 2019).

Bioma que abrange mais de 9 países, do Brasil.

POPULAÇÃO AMAZÔNICA

22 milhões de pessoas, a maioria em áreas urbanas, mas com diversas comunidades locais, incluindo povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e

FLORESTA AMAZÔNICA

Maior floresta tropical do mundo, atravessada por milhares de rios, espécies de animais e plantas.

PONTOS AMAZÔNIA DE PÉ

Espaços físicos que apoiam o PLIP e coletam assinaturas.

ASSINATURAS DO PL

Dados dos assinantes do PL (nome completo, endereço, telefone, UF, nome completo da mãe e assinatura).

ORGANIZAÇÃO PARCEIRA ADP

Organização/grupo/coletivo/movimento movimento AdP.

COALIZÃO

Todas as organizações/grupos/ movimento AdP.

POLINIZADOR

Ativista muito engajado no movimento AdP.

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COMUNIDADE

Canal no WhatsApp onde parceiros, pontos e ativistas da AdP estão reunidos e divididos em grupos e onde a equipe AdP divulga avisos e atualizações sobre o movimento AdP.

CULTURA

Estratégia transversal de mobilização na AdP, entendida aqui como linguagem, como modo de existência coletiva, e nas

DIA DE ENVIO

Um dia a cada 3 meses com chamada assinadas.

ATIVISTAS

Pessoas que se engajam nas ações do movimento Amazônia de Pé.

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© 2024 amazoniadepe.org.br

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