Associação Cultural AMIGOS DA SERRA DA ESTRELA * 1º Trimestre * MARÇO * 2017
SUMÁRIO FICHA TÉCNICA DIRECTOR: J. Maria Saraiva (Presidente da ASE)
CORPO REDACTORIAL: José Veloso João Pedro Sousa Paulo Silva Susana Noronha Tiago Pais
Editorial 3 Fragâncias e paladares 5 Áreas Protegidas e gestão... 8 Caminhadas do ano 12
COMPOSIÇÃO: J. Maria Saraiva
Caminhos verdes 14
GRAFISMO: J. Maria Saraiva
Pela defesa do lobo 26
REVISÃO: José D. Saraiva Luís F. Saraiva
COLABORAM NESTE NÚMERO: Cláudia Dias, Catarina Fonseca, Maria Leiria
...tantos campos de futebol 28 Apanhado(s) 34 Estrela Geopark 38
SEDE E REDACÇÃO: Rua General Póvoas, 7-1º 6260-173 MANTEIGAS www.asestrela.org asestrela”gmail.com info@asestrela.org Foto da capa: Elasticidade e resistência (zm)
A revista “ZIMBRO” é editada pela Associação Cultural AMIGOS DA SERRA DA ESTRELA, em formato digital e com distribuição gratuita. Os artigos de opinião são da responsabilidade dos seus autores e podem, ou não, ser coincidentes com a linha orientadora da Associação na defesa e promoção da Serra da Estrela.
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É verdade, 36 anos distam-nos daquela aventura que foi celebrar o Centenário da 1.ª Expedição Científica à Serra da Estrela, organizada pela Sociedade de Geografia de Lisboa e que levou um grupo de 21 caminhantes, entre os quais me incluí, a realizar o mesmo percurso que, 100 anos antes, tinha sido feito por membros ilustres da referida Sociedade. Foi na Serra profunda e no ambiente acolhedor da fogueira que a questão - QUE FAZER? - se colocou aos presentes, face aos textos que constavam dos relatórios da expedição e a realidade que estava patente aos nossos olhos. De facto, o conteúdo dos relatórios revelavam uma montanha que já nada tinha a ver com aquela por onde caminhavam as 21 almas curiosas e inquietas! E que numa avaliação mais apurada concluíram que as mudanças que mais se evidenciavam e que mais tinham exposto a Serra, haviam resultado de acções nos últimos 30 anos, ou seja, em meados da década de 50 do século passado, com destaque para a abertura de uma série de estradas em altitude, fundamentalmente a da Torre, primeiramente do lado poente e numa outra fase na vertente nascente da Serra. Para além da preocupação sentida em cada participante da caminhada pelo que se constatava nessa data (Agosto de 1981) e das consequências resultantes dos avanços da degradação do maior maciço montanhoso do país, eram também muitas as expectativas na procura de uma solução que reunisse condições para defender a Serra da Estrela no futuro.
As preocupações manifestadas em Agosto de 1981 haviam obtido um resultado efectivo: no dia 22 de Fevereiro de 1982, 19 cidadãos (que haviam integrado o grupo de 21 caminhantes referido no 1.º parágrafo) fundaram a “Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela” designando-a como “uma Instituição Cultural de fins não lucrativos e de interesse público sem vínculo político ou religioso, de duração ilimitada, com sede na vila de Manteigas e que será abreviadamente designada A.S.E.” (art.º 1 da constituição da Associação). E os seus objectivos foram definidos com precisão e clareza no primeiro ponto do artigo segundo: “Promover por iniciativa própria ou em colaboração com todo e qualquer organismo público ou privado que prossiga fins de conservação da Natureza, acções de animação, de modo que a vida na montanha e o turismo suscitados na Serra da Estrela, se tornem fonte de bem-estar material, intelectual e moral para os indivíduos e para a comunidade.” José Maria Saraiva 4
Fragâncias e paladares da serra da Estrela (Plantas Aromáticas e Medicinais) Cláudia Dias O espinheiro ou pilriteiro é uma das plantas mais familiares entre nós. A flor branca e perfumada desta pequena árvore ou arbusto é um conhecido símbolo de fertilidade. O nome crataegus vem do grego e significa “forte”, “pontiagudo” ou “espinho”. Como símbolo de vida e de morte, em tempos remotos, o espinheiro, era o centro dos ritos pagãos, de fertilidade e as deusas eram coroadas com ramos de espinheiro nas festas da Primavera. Outros consideravam esta planta como dando azar, se levada para casa, e daí a conotação de desgraça e morte. Bastante conhecido pelos terapeutas da época medieval, o espinheiro foi identificado como sendo uma erva sagrada, segundo reza a História, por ter formado a coroa de espinhos de Cristo. Só mais tarde se comprovaram cientificamente as propriedades cardiotónicas deste arbusto. Nos dias de hoje, o espinheiro goza de um grande prestígio como planta medicinal e faz parte de inúmeros preparados fitoterapêuticos. Tradicionalmente, esta planta é usada para problemas de coração, estômago, insuficiência cardíaca. Estimula a circulação, a digestão e o útero. Nome científico: Crataegus monogyna 5
Nome (s) vulgare (s): Espinheiro, Pilriteiro Família: Rosaceae Identificação: É um arbusto ou pequena árvore espinhosa, que pode alcançar os 10 m de altura. Tem um tronco simples ou muito ramificado desde a base, formando uma copa muito variável. A casca, quando jovem, é cinzento-clara; mais tarde torna-se lisa e castanha. As folhas são compridas, obovadas, caducas, não dentadas, verde-escuras, brilhantes na página superior, claras e baças na página inferior. As flores são brancas ou rosadas, reunidas em corimbos. Os frutos são drupas vermelhas. Floração de abril a maio. Ecologia: Orlas de bosques húmidos e galerias ripícolas, matagais e sebes. Geralmente e sítios sombrios, húmidos e perto de linhas de água. Orlas de bosques húmidos e galerias ripícolas, matagais e sebes. Geralmente em sítios sombrios, húmidos e perto de linhas de água. Partes da planta utilizadas: As flores, os frutos e a casca dos ramos jovens. Usos e virtudes medicinais: Propriedades sedativas, diuréticas, cardiotónicas e ansiolíticas. Preparação e modo de utilização: Internamente, prepara-se uma infusão com 60 gr. de flores para 1 litro de água e tomam-se 3 ou 4 chávenas diárias para insuficiência cardíaca. Regula, ainda, a tensão
arterial (faz descer a quem a tem alta e vice-versa). Usa-se para a ansiedade e arritmias e torna-se útil para pessoas que sofrem de nervosismo tenham dificuldade em respirar, angústia ou insónia. Os frutos, bem maduros, podem ser utilizados em licores ou compotas. Compostos químicos: Flavonóides, proantocianidinas, ácidos fenólicos, ácidos triterpénicos, aminas aromáticas.
Bibliografia Dias, C. (1999). Valorização do Património Genético da Plantas Aromáticas e Medicinais do Parque Natural da Serra da Estrela. ESACB, Castelo Branco. Dias, C. (2008). Aromas e sabores do Concelho de Fig. de Castelo Rodrigo (PAM e/ou condimentares) “Das gentes e da Natureza”. Município de Fig. de Castelo Rodrigo. Silva, A., Meireles, C., Dias, C., Sales, F., Conde, J., Salgueiro, L., Batista, T. (2011). Plantas Aromáticas e Medicinais do Parque Natural da Serra da Estrela – guia etnobotânico. CISE – Município de Seia, Seia. http://flora-on.pt/index.php?q=Hypericum+perforatum
Catarina Fonseca
A criação de áreas protegidas é um elemento central nas estratégias de conservação da natureza um pouco por todo o mundo. Ao classificar uma área como protegida, estamos a reconhecer a existência de valores (naturais, paisagísticos, culturais e/ou outros) cuja proteção constitui um interesse coletivo. Atribuímos assim um estatuto jurídico especial a essa área, o que permite a aplicação de políticas e regras específicas que procuram garantir a manutenção dos valores existentes. No entanto, essas mesmas regras podem condicionar as expectativas das comunidades locais em termos de desenvolvimento económico e social, gerando assim conflitos territoriais. Na resolução destes conflitos é essencial que o interesse público que está na base da classificação da área protegida seja efetivamente reconhecido pelas comunidades locais e que as mesmas sejam devidamente envolvidas nos processos de tomada de decisão. A relação entre os stakeholders – indivíduos, grupos ou comunidades suscetíveis de serem afetados por, ou influenciar determinadas decisões ou ações – e a entidade gestora da área protegida deve ser construída sobre uma base de comunicação e confiança. Em Portugal, a gestão das áreas protegidas é competência do Estado, justificada pelo seu caráter de utilidade pública, existindo um órgão público (atualmente designado Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) responsável pela Rede Nacional de Áreas Protegidas. 8
Desde a criação da primeira área protegida em 1971 (o Parque Nacional da Peneda-Gerês) e até 2007, as áreas protegidas de âmbito nacional dispunham de um órgão executivo local, no qual eram delegados poderes do nível central para a concretização das ações de gestão necessárias em cada área. Essa estrutura local desempenhava também o importante papel de interlocução das comunidades locais com a área protegida, sendo em muitos casos dirigida por uma pessoa (indicada pelo nível central) com profundo conhecimento sobre o território. O modelo de gestão assentava, pois, em dois níveis de atuação: os serviços centrais, que definiam orientações nacionais, e os órgãos executivos de cada área protegida, focados na salvaguarda dos interesses específicos da sua área. Em 2007 esta orgânica foi restruturada, com a criação de um nível intermédio de gestão, atualmente constituído pelos Departamentos da Conservação da Natureza e das Florestas (DCNF). Estes departamentos passaram a gerir diretamente todas as áreas protegidas de interesse nacional na sua área geográfica (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve) e o nível local perdeu poderes de decisão, passando a deter uma natureza consultiva através do conselho estratégico de cada área protegida. A criação do nível intermédio, em teoria, concretiza uma
Figura – evolução histórica dos organismos de gestão das áreas protegidas de âmbito nacional em Portugal 9
forma de desconcentração de poderes e competências (do nível central para o nível intermédio) mas, ao eliminar as estruturas locais, afasta o nível de atuação do território a gerir e das comunidades locais. Esta questão parece ser particularmente relevante no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) que, com cerca de 89.000 ha, é a maior área protegida da Rede Nacional. Criado em 1976, a classificação como parque natural traduz a interdependência entre os ecossistemas existentes e as atividades humanas (pastorícia, produção florestal, agricultura e, mais recentemente, turismo e práticas lúdico-recreativas). O PNSE teve uma Comissão Administrativa até 2007 e o seu último Diretor ocupou o cargo durante 9 anos. Atualmente, o PNSE possui um Conselho Estratégico, de natureza consultiva, estando a sua gestão sob responsabilidade do Departamento de Conservação da Natureza e Florestas (DCNF) do Centro (com sede em Viseu). No âmbito de um trabalho de investigação em curso, foram realizadas entrevistas a diversas entidades locais e foi organizado um workshop, abordando (entre outros assuntos) o modelo de gestão vigente. A perceção da maioria dos stakeholders é a de que o atual modelo gerou distanciamento (“serviços mais distantes do local de ação”) e consequente desconhecimento do território (“quanto maior o afastamento do terreno maior o desconhecimento”), com inevitáveis consequências na gestão da área (“redução da sensibilidade para os problemas de preservação e conservação”). É também referida a demora ou ausência de resposta a solicitações e correspondência. A grande maioria das entidades entrevistadas considera que deveria estar mais envolvida na gestão da área protegida, sobretudo gostariam de ser mais ouvidas. Defende-se uma gestão mais participada, “para que todos os intervenientes do território também se sintam responsabilizados”. De facto, o modelo existente parece contrariar as tendências globais de maior autonomia administrativa para cada área protegida e de maior envolvimento da administração local e dos stakeholders na sua gestão. A nível nacional vão surgindo notícias sobre a futura “recuperação” do nível de gestão local das áreas protegidas, embora em moldes diferentes daquele que existia anteriormente. Apesar da perceção geral de que precisamos de um novo modelo, que contribua para uma melhor gestão dos territórios protegidos, abandonar um modelo com 10 anos de funcionamento sem realizar uma avaliação completa sobre o que correu bem e o que correu mal, dificilmente permitirá aprender com os erros e 10
identificar as causas dos problemas. Sobretudo porque uma adequada gestão das áreas protegidas não se limita às questões de organização institucional, depende em grande medida da capacidade de intervenção e sensibilização, e esta é uma capacidade que nos tem faltado consecutivamente. Nota: este texto constitui um resumo alargado e atualizado do artigo publicado no Livro de Atas do XI Colóquio Ibérico de Estudos Rurais. A referência completa do artigo é: Fonseca, C., Pereira, M., Calado, H. (2016). Áreas protegidas e gestão de proximidade: uma reflexão centrada no Parque Natural da Serra da Estrela. In: Smart and Inclusive Development in Rural Areas, Book of proceedings of the 11th Iberian Conference on Rural Studies. Vila Real, 13-15 de outubro de 2016. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, pp 215-220.ISBN: 978989-704-222-5. Sobre a autora: Catarina Fonseca (cfonseca@fcsh.unl.pt) é aluna de doutoramento em Geografia e Planeamento Territorial na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. A sua investigação tem como tópico principal a gestão adaptativa de áreas protegidas, sendo o PNSE uma das áreas selecionadas para estudo.
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Quem me desafiou foi o João Noronha. Reencaminhou-me um mail do Zé Veloso onde se anunciava que a Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela completava a jovial idade de 35 anos e organizara uma “lampreiada” em Belver. Seria no sábado, 18 de março. Decidi na hora, transferi os dinheiros, esperei que o tal sábado chegasse, com entusiasmo. Gosto da zona de Belver, tenho boas recordações do local,
de passeios em família há já alguns anos. E estava curiosa àcerca do modo como ali se cozinharia lampreia (só tinha comido umas duas vezes, não me recordava já nem de onde nem com quem). E lá chegou o “grande dia”, a “grande jornada”. Despertador para as seis da manhã, para ter tempo do meu duche, de tomar um pequeno almoço e de sair, com largueza temporal, como eu gosto sempre que seja. Tinha hesitado entrar em Santa 14
Apolónia ou na Estação do Oriente, mas, como estava folgada do tal tempo, optei pela segunda hipótese.
Os beijinhos e os abraços de Amigos sucederam-se e eis que a caminhada se inicia logo de seguida.
Ainda estava a estacionar o carro e vislumbrei logo dois rostos conhecidos, tomando café, numa esplanada da estação: duas amigas, duas Paulas, uma delas de apelido Veloso.
Passamos por casas desabitadas, uma delas ( faz pena !) foi uma antiga pousada, linda deve ter sido, construída muito sobre o rio, com varandas encantadoras dando para a encantadora paisagem. Mas ao abandono, como tantas outras coisas preciosas no nosso Portugal (ainda) dos pequeninos!
Depois, o comboio: uns aproveitaram logo para pôr o sono em dia, eu tentei ir vendo, pela janela, a paisagem. Tranquilas imagens desfilaram à minha direita, muito Tejo, o castelo de Almourol (parece um cenário de filme de princesas e de príncipes). O João, a meu lado, oferece-me postais com reprodução de pinturas de uma amiga dele. Fico-lhe grata, há cores e formas bonitas, equilibradas, boas para serem vistas naquela manhã tépida, luminosa e primaveril de sábado. Também fiquei contente por rever o Carlos Martins que, vivendo na Alemanha, veio participar! E ouvia-lhe a voz, conversando, a poucos metros de mim, Chegámos! O encontro com os amigos da Serra foi caloroso, ainda que eu só conhecesse o Zé Maria.
Depois, caminhos belíssimos, verdes, com aquela frescura das onze da manhã de março. Com a Emília Cabeleira e a Jonas vou vendo florações magníficas, recantos. Beleza natural e, as três, conversamos sobre flores, orquídeas, arruda, o que nos vem aos olhos e à cabeça... Até achámos que o Castelo de Belver era o que encimava as nossas sebentas e cadernos escolares...antigos! Não foi muito longa, não foi difícil esta nossa caminhada e eu estava cheia de saudades dos amigos do Ar Livre e de poder andar uns quilómetros, em boa companhia e em boa conversa. Chegados ao final previsto, pausa para uma cervejinha, pausa para descansar. 15
os trilhos, alguns degraus. Acenei à Emília, à Luísa, ao Zé Veloso, ao Zé Maria e a todos os outros, com o meu chapéu roxo e de riscas alegres, adquirido no Peru (com o Ar Livre). Aceno feliz a que responderam muitos com adeuses, assobios e risos! O mar e a montanha, de novo em uníssono. A par. Depois, bem... depois, veio o grande motivo da nossa ida: a lampreia! Uns acepipes iniciai (queijinho, paio, presunto, bom pão e azeitonas) e eis Não me arrependi. O timoneiro era que Sua um homem afável e conhecedor, Excelência, a foi-nos mostrando zonas do rio com Lampreia, fez a algum interesse: as antigas termas, sua entrada também abandonadas, uma casa triunfal em tachinhos brancos de linda de família, pedras com formas loiça, acompanhada de um arroz curiosas (um golfinho, um cão...). E belíssimo, “malandrinho” lhe o barquinho por ali vogava, chamamos. deslizava, com seus navegantes felizes e pacificados com a O vinho tinto, um pouco Natureza, com a envolvência adstringente, era o ideal para repousada e repousante. cortar o gosto, meio adocicado, meio perfumado (vinagre ou Do barco, a dado momento, vimos limão?) da lampreia. Tenra, muito bem os três grupos que se desfazia-se na boca, o arroz formaram e que, corajosamente, quentinho, ajudava ao prazer tinham decidido, não a mordomia gustativo. fluvial, mas o enfrentar o terreno, Muito bom, a dona, de seu nome Mas uma companheira lembrou-se de que o regresso (talvez) pudesse ser feito de barco. Negociações rápidas e um grupo de 14 pessoas (eu, incluída) decidiu-se por uma passeata náutica.
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Lena, merece todas as referências elogiosas que, na Internet, li ao seu restaurante! Escolhi salada de frutas, mas havia pudins caseiros. No entanto, eu tenho cuidado com a linha (ainda que esteja longe da forma que ambiciono!) e opto por fruta... “ Noblesse oblige” e a minha saúde também! Na minha mesa, um casal que veio com o Zé Maria. Peço desculpa, não sei os nomes, mas aprendi imenso com ambos, sobretudo aquilo que se relacionava com a lampreia, seus hábitos, sua apanha, sua longevidade no tempo... Foi precioso, tudo contado com simplicidade e com saber. Não quero alongar-me. O comboio que nos traria a Lisboa chegou, pontual ao apeadeiro de Belver. Despedimo-nos dos Amigos da Serra, o comboio deles não tardaria também. O Zé Maria pediu-me este texto.
Aí vai, Zé e espero que gostes (gostem). Eu gostei muito do meu sábado, do dia 18 de março de 2017. Parabéns à vossa Associação e ao vosso trabalho! Longa Vida, Amigos! E ao C.A.A. L. também! P.S. Hoje, domingo, em Monsanto, é o Dia da Poesia e também foi organizada pelo C.A.A. L. uma sessão relativa a pássaros. Não posso, por razões familiares, estar presente, mas em vez de terminar com uma Ode à Lampreia, vou fazer, de minha autoria, uma Ode aos Pássaros, assim terminando este texto. Ora aí vai (e desculpem...): 17
Pássaros Dão-me paz, quando, com o meu olhar, sigo o seu caminho tão etéreo. Gosto de os observar em bandos, disciplinados ou quando, solitários, estão em terra, guardando mamíferos vagarosos. Na praia, ao fim do dia, as gaivotas, olhando todas na mesma direção, dão-me o sentido do grupo e da solidariedade. E do Longe! E agora, quando vou ao Parque com os meus dois netos, faço-os reparar no céu. Indico-lhes o caminho das nuvens e é com ternura que os vejo, bracinhos de criança no ar, a apontar um, pousado num fio, ou a sobrevoar as nossas cabeças . E um outro ainda, a tomar conta do nosso cirandar, como se nos protegesse, pequeno anjo tão terreno e natural...
Com gratidão e amizade, Maria Leiria (Mi) 18
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Lampreia é o nome comum dado a mas sem maxilas, pertencentes à fa transformada numa ventosa circula língua-raspadora igualmente cartila
Em Portugal vivem 6 espécies de la -prata, lampreia-do-nabão e lampre
A lampreia-marinha (Petromyzon m gastronómicas. Já a lampreia-de-rio raras do que a sua congénere marin Livro Vermelho dos Vertebrados de
A lampreia-de-riacho está presente Douro até ao Sado. Já a lampreia-d nha e, em Portugal, encontra-se so e Sorraia. Para cada uma destas esp os dez mil indivíduos.
Há três espécies endémicas de Port apenas aqui. A lampreia-da-costa-d endémica das bacias hidrográficas d lampreia-do-sado (Lampetra lusitan hidrográfica e a lampreia-do-nabão a esta bacia afluente do Tejo.
Ao todo, as três espécies terão dez de 15 centímetros, não se alimenta adulta, de alguns meses apenas, lim depois disso, morrem. 20
a diversas espécies de peixes ciclóstomos de água doce ou anádromos, com forma de enguias, amília Petromyzontidae da ordem dos Petromyzontiformes. Nestes peixes, a boca está ar, com o diâmetro do corpo, reforçada por um anel de cartilagem e armada com uma aginosa. Várias espécies de lampreia são consumidas como alimento.
ampreias: lampreia-marinha, lampreia-de-rio, lampreia-de-riacho e ainda lampreias-da-costa-da eia-do-sado, nomes que remetem para os seus locais de origem.
marinus) é aquela que é considerada um autêntico pitéu e que leva muita gente em romarias o (Lampetra fluviatilis) e a lampreia-de-riacho (Lampetra planeri) não se comem e são mais nha, pelo que estão classificadas como criticamente em perigo de extinção, na última versão do e Portugal, de 2005.
e sobretudo em Portugal, desde o e-rio foi declarada extinta em Espamente no troço inferior dos rios Tejo pécies, a população não ultrapassará
tugal, o que significa que vivem da-prata (Lampetra alavariensis) é do Vouga e do Esmoriz, enquanto a nica) existe só nesta rede o (Lampetra auremensis) se restringe
a 20 mil indivíduos e medem cerca am depois da metamorfose. Na fase mitam-se a reproduzirem-se e, ( In Wikipédia) 21
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O Saul de Carvalho, o Saul das “conversas de curral” e de tantas outras coisas, partiu para a sua viagem final. Deixou-nos definitivamente, e à Serra por que nutria especial admiração, embora sendo um homem do Mar, na manhã de 30 de Janeiro último.
tornava claro para a ASE que a estrada da Torre era um autêntico nó cego sem solução à vista e que os pedidos dos autarcas para cada dum ter uma estrada que ligasse a sua freguesia, mesmo com o apoio o PNSE, ao ponto mais alto da Serra, configuravam um profundo disparate.
Era ele, através do seu traço singular, quem desde sempre desenhou os cartoons para a nossa revista “ZIMBRO”. Sempre disponível mesmo quando assoberbado de trabalho, o Saul foi um amigo que a distância não conseguiu segregar. Foi através da sua pena e imaginação que conseguiu incorporar as ideias da ASE para serem melhor interpretadas pelo público. Aconteceu isso com a capa da revista do 4.º trimestre de 1991, há portanto 26 anos, onde já se
Saliento ainda a forma como Saul viu a instalação das torres para a produção de energia eólica, logo após a aprovação do primeiro parque eólico a ser edificado. A banda desenhada não foi suficiente para travar o apetite das empresas na instalação de mais parques eólicos porque ao primeiro outros se seguiram. É um problema com o qual nos debatemos e temos vindo a alertar a opinião pública e os Poderes que decidem sobre essa matéria. A paisagem serrana é demasiado 23
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importante para ser posta em causa por este tipo de infraestruturas sem que estejam esgotadas todas as possibilidades do país em locais com menor significado que a Serra da Estrela, pensamos. Mas o que melhor possuía o Saul era a sua maneira de ser para lidar com a juventude. Que o digam todos os jovens que puderam desfrutar das viagens no seu UMM com o qual dava apoio aos acampamentos de Verão. Não será por acaso que as “conversas de curral” têm hoje um seguidor, o Noronha, um daqueles “putos” que andou no UMM do
Saul e que após ter conhecimento da sua morte ter sido o jeep que lhe avivou a memória para além da generosidade de o querer homenagear com a sua “habilidade” para os cartoons! É a terceira geração a surgir de algo importante que a terá marcado!
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Foi no passado dia 12 de março, domingo que as ruas de Madrid se encheram com manifestantes a pedir medidas de protecção para o lobo-ibérico, para evitar o que consideram a “constante matança” destes animais. Segundo dados da WWF espanhola, organizadora do protesto, estiveram perto de 30 mil pessoas nas ruas da capital espanhola a lutar pelos direitos deste animal, tantas vezes colocado em risco. Palavras de ordem como “Lobo vivo, lobo protegido” foram entoadas pelos manifestantes que desfilaram desde o Ministério da Agricultura e Ambiente, em Atocha, até à Puerta del Sol, bem no centro da cidade. Impedir os controlos populacionais, terminar com a caça e dar ao lobo 26
ibérico o estatuto de espécie protegida foram as principais reivindicações. “É importante continuar a favorecer a coexistência entre a criação de gado extensiva e o lobo, já que está demonstrado que abater lobos não consegue fazer diminuir os ataques ao gado”, defendem os responsáveis da WWF espanhola. “A sociedade moderna está farta de um modelo de gestão baseado na perseguição e na crueldade contra uma espécie”, acrescentam. A população de lobos ibéricos em Espanha situa-se neste momento entre os 2.000 e 2.500 animais. Mesmo tendo sido considerada como espécie de interesse comunitário pela União Europeia, o lobo ibérico continua a ser alvo de frequentes ataques, com os caçadores a justificarem os seus actos como uma forma de diminuir os ataques ao gado. Por cá, o lobo ibérico conta com o título de espécie protegida desde 1988 e tem desde 2005 o estatuto de espécie em perigo. A última contagem de lobo-ibérico em território nacional, com dados relativos a 2003-2014, dá conta da existência de 47 alcateias de lobo-ibérico. Foto: Mal Prada / via Creative Commons
1º ULTRA TRAIL GRANDE ROTA DO ZÊZERE Está em preparação o lançamento de um ULTRA TRAIL, em princípio para ser realizado na primeira quinzena de Setembro, próximo, que irá percorrer todo o traçado da grande Grande Rota do Zêzere (GRZ). A prova, que irá ser promovida por um conjunto alargado de entidades com responsabilidades na GRZ irá incluir, pela primeira vez nos Ultra Trails, as modalidades da canoagem e BTT dando ao evento um cariz mais abrangente e original que não deixará de ter reflexos praticantes destas modalidades e na valorização do percurso da Grande Rota do Zêzere. 27
Que fazer com tanto “campo de futebol”? Fruto de uma irracionalidade, compreendida pelos momentos que as transformações sociais motivam, o país viveu na década que se seguiu ao 25 de Abril de 1974 dinâmicas e euforias nem sempre fáceis de condicionar e de fazer com que o bom senso fosse a regra e não a excepção. No seguimento dessa euforia generalizada em todo o país, também na Serra da Estrela as populações procuraram ser compensadas com a construção de infra-estruturas de que não dispunham e à obtenção das quais se julgaram com direito. O signatário destas linhas viveu de muito perto esse período e até foi interveniente activo num processo, que descreverá adiante, sobre o qual de nada valeu tentar contrariar ou procurar confrontar com justificações perfeitamente pertinentes, quem mostrava o desejo de querer algo que lhe daria um prazer sem atender aos reais interesses da(s) comunidade(s). Falo concretamente da criação, em massa, de campos de futebol em tudo o que era terrinha! Após o 25 de Abril de 1974 não houve povoação, pequena, média ou grande que não conseguisse, pelos mais variados meios, ter um campo de futebol! 28
Fruto de uma irracionalidade, compreendida pelos momentos que as transformações sociais motivam, o país viveu na década que se seguiu ao 25 de Abril de 1974 dinâmicas e euforias nem sempre fáceis de condicionar e de fazer com que o bom senso fosse a regra e não a excepção. No seguimento dessa euforia generalizada em todo o país, também na Serra da Estrela as populações procuraram ser compensadas com a construção de infra-estruturas de que não dispunham e à obtenção das quais se julgaram com direito. O signatário destas linhas viveu de muito perto esse período e até foi interveniente activo num processo, que descreverá adiante, sobre o qual de nada valeu tentar contrariar ou procurar confrontar com justificações perfeitamente pertinentes, quem mostrava o desejo de querer algo que lhe daria um prazer sem atender aos reais interesses da(s) comunidade(s). Falo concretamente da criação, em massa, de campos de futebol em tudo o que era terrinha! Após o 25 de Abril de 1974 não houve povoação, pequena, média ou grande que não conseguisse, pelos mais variados meios, ter um campo de futebol! Na Serra da Estrela existem três dezenas de “campos de futebol”, ocupando cerca de 30 hectares de terreno, completamente abandonados, sem uso, e não se vislumbra atitude alguma para dar sentido e utilidade a estes espaços. Alguns muito próximos das localidades e outros um pouco mais afastados porque não foi fácil encontrar terrenos nas proximidades para o efeito. Recordo, por exemplo, um caso que aconteceu comigo dado ter sido solicitado para ajudar. A rapaziada da freguesia de Sameiro, no concelho de Manteigas, a mais entusiasta pelo futebol, também queria um campo para jogar. Daí que me tenha sido pedido para elaborar o processo no sentido de fazer chegar à Delegação Distrital da Direcção Geral de Desportos (Guarda) essa vontade e que a mesma fosse satisfeita de acordo com o desejo dos proponentes. 29
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A reunião foi feita na escola primária da freguesia de Sameiro. Recordo-me, como se fosse hoje, de lhes ter colocado algumas questões e reticências que me pareciam ser pertinentes e coerentes. Sendo uma aldeia de montanha, com pouca população e invernos rigorosos, perguntei-lhes para que queriam um campo de futebol e para jogar contra quem, uma vez que a sede do concelho já possuía um e Sameiro era a única freguesia rural do concelho. Ou seja, a dificuldade em terem uma equipa própria e por outro lado o futuro cinzento de passarem a jogar apenas com uma outra equipa, a da Vila. Era claro para mim que não teria qualquer sucesso sustentável no futuro a construção de um campo de futebol na única freguesia rural do Concelho! Parecia-me muito mais lógico que em vez de um campo de futebol se congregassem esforços para a construção de um pavilhão desportivo polivalente, situado no centro da aldeia e onde fosse possível a prática de múltiplas modalidades desportivas, servindo, inclusive, de apoio às festas populares ao longo do ano. De nada valeram as minhas apreensões e sugestões porque o futebol tem razões e devoções muito próximas das da Fé! Tomei então a liberdade de dizer que não concordava com eles mas que os ajudava nas diligências necessárias para que conseguissem os seus intentos. Foi o que fiz e em resultado disso, a Delegação da Guarda da Direcção Geral dos Desportos, juntamente com o Regimento de Engenharia de Espinho, vieram desbravar e terraplanar o terreno que foi pensado para um campo de futebol e que hoje não é mais do que um terreno para as galinhas cacarejarem e as motos ou carros fazerem uns peões!? O caso que acabei de descrever é um exemplo do que deve ter sucedido no que aos campos de futebol diz respeito pelas aldeias da Serra da Estrela e pelo país naquela época reivindicativa. Decorridos todos estes anos importa discutir o que fazer com tais espaços inúteis ou subaproveitados de modo a que resultem mais-valias para as populações da sua reconversão. Provavelmente cada caso será um caso e assim deveria ser avaliado. Não podemos é continuar distraídos e a pensar que o assunto não existe. Que 30 espaços foram pensados para um determinado fim, que esse objecto não foi conseguido e nada fazer para o alterar, é uma postura contraproducente e errada. Independentemente de muitas outras sugestões a fazer defendo e proponho que os “campos de futebol” mais próximos das povoações possam ser vocacionados para o lazer, inclusive com a eventual participação de finalistas das áreas da arquitectura paisagística para dar azo à sua criatividade. Para aqueles que se encontram mais distantes das freguesias a sua ocupação com árvores não lhes faz mal nenhum, podendo resultar em bosques muito interessantes que propiciarão aos locais um ar bem mais agradável do que o exemplo negativo de um período em que o entusiasmo da futebolite foi mais forte do que a lógica da razão. José Maria Saraiva 31
Com tal perícia os expeditos do volante não colocam em perigo os outros condutores, se continuarem a fazer os “rabiscos” neste “campo” em vez de na estrada.
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APANHADO(S)
Como é do conhecimento público a ASE e o seu presidente foram sujeitos a um processo de Contra-Ordenação por terem realizado uma caminhada na Serra da Estrela sem, no entendimento do ICNF/PNSE, ter submetido a mesma a um parecer prévio desta entidade pública. A ASE, que nasceu fundamentalmente para dar a conhecer o que se deve preservar, nunca se submeterá a um ditame de extorsão de um direito que lhe assiste salvo se tal instituição conseguir provar que as
actividades que a nossa Associação realiza põem em causa os valores para os quais a Área Protegida foi criada. Não estaríamos de consciência tranquila se tivéssemos andado desde há 35 anos a colocar em causa e a enxovalhar a razão pela qual existimos. Mas como não queremos ser donos da verdade deixamos em aberto a possibilidade de nos provarem que não temos vindo a zelar pela conservação do património natural da Serra da Estrela. Bastará uma busca ligeira pela 34
internet e facilmente se perceberá a quantidade de provas em veículos todo-o-terreno já efectuadas e que não estarão com os mesmos propósitos e precauções da ASE, assim como de outras iniciativas similares e que devem escapar aos olhar preventivo e fiscalizador do ICNF/ PNSE. Esta conversa vem a propósito de uma actividade que foi organizada e na qual participou o presidente do Departamento de Áreas Protegidas do Centro que tutela o Parque Natural da Serra da Estrela e que foi responsável pelo processo que nos foi movido. Não andámos a vasculhar, nem temos tempo para detectar e denunciar o que está errado porque a vida de cada um mais o trabalho que voluntariamente dedicamos à Serra da Estrela, já é difícil de gerir.
Que o faça muitas vezes e que lhe tire o máximo proveito para que a gestão da conservação e o fomento da biodiversidade se tornem mais evidentes e produtivos, são os nossos sinceros desejos. Onde pensamos que poderá ter sido feito algo que não compreendemos, se relacionarmos a caminhada, organizada, e na qual participou o Eng.º Rui Melo (Presidente do Departamento de Áreas Protegidas do Centro), responsável no processo levantado à ASE, é o facto de a mesma não se ter orientado pelos percursos que foram sinalizados pelo próprio Parque Natural da Serra da Estrela. Os caminhantes subiram ao Cântaro Gordo, onde não existe nenhum percurso balizado, nem pelo PNSE nem pela Câmara
Queremos acrescentar e aplaudir como salutar significado o facto de o responsável pela gestão do PNSE andar a caminhar pela Área que gere. 35
Municipal de Manteigas, através dos “Trilhos Verdes”. Admitindo que possa ter havido um parecer do PNSE a autorizar a subida ao Cântaro, importa saber com que critério e fundamento? Não se pense que a subida ao Cântaro Gordo nos incomoda ou põe em causa os valores geológicos da Serra. Só se põe em causa o que é mal utilizado, por ignorância ou por má fé. E não temos dúvidas, até por conhecermos algumas das pessoas que participaram na citada caminhada, que na motivação da
subida ao Cântaro Gordo terá pesado o prazer e o desfrutar da paisagem que dali se vislumbra. Por outro lado já fizemos tantas subidas aos Cântaros, algumas em situações bem complicadas, para apoiar investigações que serviram para Teses de Doutoramento e que são fundamentos interessantes para um melhor conhecimento científico sobre a Serra da Estrela, que seria um completo disparate atentar contra a boa vontade de muitos outros em fazer o mesmo. O que a ASE sempre reclamou é 36
que sejam implementadas no terreno regras básicas de compromisso, entre o que se quer preservar (património) e a conduta dos visitantes (cidadania). Gerir a pensar no “beijar a mão” ao Poder, talvez facilite as coisas no imediato, mas depois pode acontecer como “Quando os Lobos Uivam” que Aquilino Ribeiro tão bem descreveu no seu livro, sobre a revolta dos povos serranos contra as imposições do Poder, ou “Para lá do Marão mandam os que lá estão”, o ditado popular que expressa esse mesmo sentimento,
e não é isso que a Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela, deseja. Oxalá o PNSE saiba preservar o que os SERRANOS ousaram fazer para sobreviver! A ASE será humilde perante o Poder da Lei, mas bater-se-á sempre contra as leis dos Poderes! José Maria Serra Saraiva NOTA: - As imagens que ilustram o texto são públicas e figuram na internet.
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Teve lugar, no dia 28 de Março de 2017, no Auditório do Centro Cívico do Município de Manteigas, a 3.ª de uma série de 9 temas/Conferências que se distribuirão ao longo de 9 meses, percorrendo os 9 Municípios que integram a candidatura da Serra da Estrela a Geopark mundial da UNESCO. O tema proposto para esta Conferência – “Geologia e Geodiversidade” - tem todo o sentido por ser no Município de Manteigas que melhor se evidencia a monumentalidade geomorfológica no conjunto dos demais Municípios subscritores da candidatura. Para falar do tema foram oradores: Hugo Gomes, da Associação Geopark Estrela que moderou; Lúcio Cunha (Universidade de Coimbra) e Artur Sá, (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro). A candidatura do Estrela Geopark integra os Municípios de Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Fornos de Algodres,
Gouveia, Guarda, Manteigas, Oliveira do Hospital e Seia, com uma área total de 2.737,72 kms2 e 171.668 habitantes. A aspiração desta vasta região ao estatuto de Geopark da UNESCO é, no fundo, a sua promoção internacional através do que de melhor pode oferecer a quem a visitar, dos valores naturais e patrimoniais que foram inventariados e divulgados, não menosprezando a importância da sua acreditação na conservação e manutenção dos requisitos que tiverem servido de suporte à candidatura e de outros que o venham a ser. O Prof.º Lúcio Cunha, na sua intervenção tocou num assunto que já foi por nós comentado na ZIMBRO, considerando que os passadiços do Paiva seriam uma aberração na medida em que anularam a visibilidade do vale. Adiantando, porém, que dão a possibilidade a quem os percorre de ter uma visão sobre, o vale do rio Paiva que de outro modo não teriam. 38
De facto é assim, mas seria muito melhor e com um enquadramento que possibilitaria o acesso às mesmas paisagens e valores sem a necessidade de os anular e sem que fosse necessário estar a publicitar os passadiços em vez do vale do Paiva! Os passadiços do Paiva parece que já estão a fazer escola quando se anuncia idêntico exemplo, por parte do Município da Guarda, para o vale do Mondego. Se a moda pega… A ASE, está desde o seu anúncio com a candidatura da ESTRELA a GEOPARK. Temos aliás de nos congratular com o t rabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela jovem equipa que defende e dinamiza a candidatura. Há, no entanto, alguns aspectos que não podem deixar de ser assumidos pela ASSOCIAÇÃO GEOPARK ESTRELA e que até constam dos seus fundamentos, ou seja, nos cuidados a ter na promoção da Serra da Estrela. A ASE tem feito um enorme esforço para contrariar as tendências e iniciativas que têm sustentado a promoção do turismo na Serra da Estrela, procurando que a sua oferta seja mais diversificada, valorizando outras zonas que não apenas o Planalto Superior. É já comum no meio de quem aprecia as montanhas e a Serra da Estrela em particular pela proximidade, e até de quem a vê apenas do ponto de vista meramente económico, como por exemplo a TURISTRELA, que a questão da estrada da Torre precisa de uma solução. A ASE
defende o seu encerramento e até esquecer que existiu! Foi o maior erro que podia ter sido feito a esta Serra e, do ponto de vista da ASE, a Serra da Estrela estará condenada ao insucesso enquanto Área Protegida se esse erro não for corrigido. Porque todos sabemos, desde os bancos da instrução primária, que os erros devem ser emendados, tal como já foi feito noutras montanhas com menos problemas dos que se sentem entre nós. A Associação Geopark Estrela, que integra pessoas inteligentes e amigas da Natureza, e particularmente da Serra a que dedicam agora muitos dos seus esforços, não pode abstrair-se de algumas particularidades e enveredar pelo facilitismo comum a qualquer agência de promoção turística. Daí que a cautela na promoção de roteiros que incidam no Planalto Superior deva ser assumida para se evitarem consequências negativas. Nomeadamente, os itinerários que envolvam a utilização de veículos porque, assim, em vez de descomprimir a pressão dos visitantes sobre uma área já de si sujeita a grande afluxo, ainda a promove com o aumento dos conflitos de gestão. Assim, em vez das duas dezenas de GNR’s postadas na Serra da Estrela, o que a torna num caso raro por esse facto, ainda será necessário aumentar o actual efectivo! Transcrevemos os princípios pelos quais a AGE se procura reger: 39
A AGE - ASSOCIAÇÃO GEOPARK ESTRELA “A Associação Geopark Estrela, abreviadamente designada por AGE, é uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, com objetivos de utilidade pública e que durará por tempo indeterminado, com sede provisória no Instituto Politécnico da Guarda, Avenida Dr. Francisco Sá Carneiro, nº 50, 6300-559 Guarda. A AGE desenvolverá, principalmente, as seguintes atividades: Gestão das atividades e iniciativas do Geopark Estrela em parceria com os diferentes municípios que o compõem; Promoção e execução de cursos e ações de formação vocacionadas, preferencialmente, para o exercício de atividades económicas no setor do turismo, do conhecimento e divulgação do património natural e cultural da Serra da Estrela; Recolha, tratamento e divulgação de informação relacionada, não só com o Geopark Estrela, como também com o conhecimento e fruição racional, equilibrada e responsável dos recursos naturais,
do património geológico, cultural, arqueológico, etc.; Realização de ações de proteção, conservação e divulgação do património natural, com ênfase no património geológico e geomorfológico; Promoção e realização de ações de sensibilização ambiental; Promoção e participação em ações de cooperação com outras entidades que possam contribuir para a realização dos objetivos da associação; Participação noutras entidades públicas ou privadas com vista à realização de ações ou projetos de empresas especialmente ligadas ao turismo e instituições públicas e privadas que se integram no âmbito das atribuições do geoparque; Promoção e desenvolvimento de ações de animação cultural e turística; Promoção e comercialização de produtos locais ou promocionais; Prestação de serviços com especial enfoque no domínio turístico (alojamento, restauração e animação) e ambiental; Participação em feiras e exposições; Promoção e desenvolvimento de programas e ateliers de 40
carácter educativo e/ou científico; Promoção, desenvolvimento e investigação científica, com especial ênfase na área das ciências da terra, educação e turismo; Dinamização e valorização de Geossítios inventariados no território do Geopark Estrela; Gestão de equipamentos e infraestruturas na área da natureza, ciência, educação, formação tecnológica e turismo, criados ou cedidos à Associação Geopark Estrela; Realização e apoio à organização de seminários, colóquios encontros e feiras;
Edição e publicação de boletins, revistas, livros e outros materiais; Emissão de pareceres técnicos e recomendações na área da natureza, ciência, cultura, educação e turismo da região, dentro das competências que lhe confere a classificação de Geopark Mundial da UNESCO; Apoio ao empreendedorismo; Gestão e promoção da marca Geopark Estrela Mundial da UNESCO; Gestão, divulgação e organização do projeto Carta Turística Serra da Estrela ® e actividades associadas.”
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Município de Manteigas anuncia geminação com a localidade italiana de Torre de’Passeri O Município de Manteigas vai, durante os meses de Abril e Maio, dar início ao projecto de geminação com a localidade de Torre de’Passeri, da região de Abruzzo, Itália. De acordo com a notícia da Câmara Municipal de Manteigas, o processo de geminação, é patrocinado e financiado pelo Programa «Europa para os Cidadãos» da União Europeia. O processo de geminação vai envolver a realização de duas conferências, em 29 de Abril e 20 de Maio, e dois seminários, a 6 e 13 de Maio onde serão debatidos temas relacionados com a Europa, nomeadamente «memória europeia comum para um futuro partilhado», «apoio humanitário e o voluntariado para a coesão social», «desenvolvimento sustentável e economia local» ou «as políticas europeias e a crise económica», que se irão realizar em Manteigas. Idêntico processo irá ter lugar, numa segunda fase, em Torre de’Passeri. Torre de ‘Passeri é uma cidade italiana com 3.172 habitantes, inserida na província de Pescara, da região de Abruzzo. O seu nome vem da antiga “Turris passum” (Torre do passe) que, de facto, estava no local onde o rio Pescara foi dividido em pequenos riachos que poderiam ser cruzados com um passo... 42
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