Que passos poderiam dar as nossas bibliotecas para se aproximarem de um modelo de biblioteca 2.0?
Nota prévia: Para cumprir esta tarefa, depois das leituras propostas, passei parte desta semana a aceder a muita informação e recursos sobre a Web e à natureza mutável do ensino. Aprendi, sobretudo, que compreender, valorizar, seguir tudo o que acontece no mundo online exige mais energia e atenção do que qualquer um de nós pode alguma vez ter. Senti que me estava a afogar num oceano infindável de informação e de recursos incríveis e indiscriminados ao serviço da educação e - ainda que sempre tenha reconhecido a importância de um novo paradigma de ensino-aprendizagem e tenha muito interesse pela exploração das possibilidades pedagógicas das novas tecnologias da informação e da comunicação – apercebi-me que tenho estado e sobrevivido em bemaventurada ignorância. Uma das interessantes descobertas provocadas por esta formação, para além dos princípios orientadores do Manifesto “A Librarians 2.0”, debates em podcasts e blogues que contam vários anos, foi a referência que encontrei a um autor e editor do web site www.elearnspace.org, George Siemens que sugere a reinvenção da educação através da web 2.0 .
Partindo deste propósito (confirmado em todos os artigos de leitura obrigatória e facultativa) de reinvenção e do reconhecimento que a aprendizagem e o conhecimento em Rede obrigam à mudança de papéis dos educadores, não me alongarei na apreciação histórica da Web 2.0 ou na descrição das várias ferramentas de actualização permanente e personalizada que agregam informação de forma partilhada e interactiva com uma comunidade de utilizadores. Procurarei sobretudo reflectir, sumariamente, sobre os serviços Web que já existem à disposição das bibliotecas (Maness, 2007) e a necessidade prática da Biblioteca 2.0 se tornar uma realidade, e no caso particular da biblioteca da minha escola, essencial para a sobrevivência e afirmação junto da sua comunidade educativa. Apesar das teorias utilizadas tradicionalmente na criação de ambientes de aprendizagem continuarem a responder às práticas da educação, actualmente, os desafios introduzidos pelas tecnologias obrigam a alterações, tanto na vida como nos hábitos e aprendizagens de cada um de nós. De, facto, o que ressalta desta análise proposta pelos formadores/ formação é que o conceito de Biblioteca e de professor bibliotecário está sujeito a profundas alterações e não apenas respeitantes ao uso ou à habilidade demonstrada no uso das tecnologias. Refere-se essencialmente à nova atitude, ao novo estímulo essencial para a formação de comunidades de leitores da biblioteca, para troca de informação e desenvolvimento de novos serviços de informação. Os princípios da Biblioteca 2.0 actuam com base no fundamento que a biblioteca é um serviço comunitário que reconhece que as comunidades se transformam e que, ainda que se modifique em função disso, o objectivo fundamental é permitir aos utilizadores a interactividade que provoque modificações na sua própria aprendizagem e nesse espaço que é a biblioteca. Confirmam-se, neste sentido, algumas tendências importantes da aprendizagem como: 1) um processo informal; 2) um processo contínuo (ao longo da vida); 3) um processo suportado por tecnologia que deve reflectir, nos contextos de aprendizagem, o ambiente social.
Formanda: Ana Paula Gonçalves
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Que passos poderiam dar as nossas bibliotecas para se aproximarem de um modelo de biblioteca 2.0?
Pelo modo como o conhecimento evolui - e pela rapidez com que se desactualiza - surgem algumas questões que devem ser exploradas em relação às teorias da aprendizagem e do impacto da tecnologia e das novas ciências (caos e redes) na aprendizagem. A web 2.0 surge como alternativa que parte da visão do colapso da previsibilidade e encontra no caos a nova realidade no que se refere ao processo da aprendizagem. Abre ainda um espaço cultural sem fronteiras de espaço e tempo. Baseado na aquisição de ‘skills’ (capacidades ou habilidades) a Biblioteca 2.0 combina princípios que mostram que a organização do conhecimento assenta na diversidade - de opiniões, instrumentos, áreas e conexões entre os mesmos – e na tomada de decisão – distinguir o que é importante para si daquilo que não é num determinado momento e reconhecer que por vezes ‘o que parece ser não é’. O indivíduo é o ponto de partida e surge como referência de alimentação da rede através das conexões estabelecidas. Utilizar e saber utilizar o fluxo infinito da informação disponível e alimentar esse fluxo para o futuro parecem ser os fundamentos da Biblioteca 2.0 que ‘fornece insights sobre a aprendizagem de competências e tarefas necessárias para que os alunos florescerem na era digital’ (Siemens, 2008). Daí a importância de, entre outros passos a dar pela Biblioteca, aceder e disponibilizar repositórios de recursos digitais, recursos que funcionem como verdadeiras ferramentas que podem ser exploradas para analisar, seleccionar e transmitir o que é mais relevante e que merece a nossa atenção. Com a ajuda de um agregador de informação, as Bibliotecas RSS - Feeds (Fontes), mantêm informados os utilizadores de cada vez que existe uma actualização, no sentido de partilhar conhecimentos de forma mais eficiente e organizada, assim como cativar potenciais utilizadores. A utilização dos Recursos das Redes Sociais, assente no livre acesso, pela rapidez e facilidade de acesso à informação deve servir a divulgação de trabalhos de alunos, partilha de opiniões, sugestões, partilha de favoritos. Os Recursos Educativos Digitais surgem com uma dimensão educativa gigantesca e com dispositivos de acesso que asseguram a qualidade dos recursos que entram na escola através da sua biblioteca escolar. Permitirão a edição colectiva de conteúdos, a facilidade de actualização e com estrutura para recuperar conteúdos baseados em hiperlinks. Surge ainda como oportunidade da Biblioteca 2.0 o catálogo online, um banco de dados para capturar, armazenar, indexar, preservar e partilhar o acervo da biblioteca em formato digital. E para que se cumpra é necessário preocuparmo-nos com questões de organização, não meramente sujeita a princípios de extremo rigor, mas padrões de maior flexibilidade que se relacionam com a aprendizagem crítica da selecção de materiais que se produzem. A constituição de uma plataforma que possua um sistema de informação de competências torna possível a sua utilização pela comunidade e toda a rede de parceiros. Um exemplo de Tutorial de pesquisa de informação acessível e utilizado é o da BPE. Sobretudo, alunos do Ensino Secundário têm acedido à plataforma da biblioteca Pública de Évora. A biblioteca da minha escola, ainda que, continue a ser um repositório de informações com ligações à leitura e aos vários domínios curriculares, procura preparar os utilizadores para as literacias da informação. É importante avançar para as interacções que a Web permite estabelecer com a comunidade de forma a preparar esse público específico para as literacias digitais.
Formanda: Ana Paula Gonçalves
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Que passos poderiam dar as nossas bibliotecas para se aproximarem de um modelo de biblioteca 2.0?
Outro exemplo, no caso da biblioteca da minha escola que terá que ser repensado de acordo com as potencialidades da Biblioteca Web 2.0 é a edição do Boletim Informativo/Folhas Soltas que se assume que está completo quando é publicado. Uma oportunidade da Biblioteca 2.0 será publicar o Boletim online com opções para feedback e interacções, assumindo que a edição do Boletim é o ponto de partida para esse elo de ligação mais estreito e interactivo com a comunidade com quem se partilha a informação da biblioteca. As potencialidades e oportunidades da Biblioteca 2.0, as ferramentas sociais e colaborativas da web 2.0, são imensas na criação de novos espaços de leitura, de escrita e formação, mas depende de uma formação, organização e gestão de condições de recursos humanos que a biblioteca da minha escola não tem. As potencialidades do dinanismo interactivo da web 2.0 / Biblioteca 2.0, e a necessária exigência de empenho e disponibilidade esbarram em aspectos de funcionamento da escola e que se traduzem no respeito do principio de a biblioteca é um espaço aberto a tempo inteiro ao serviço dos utilizadores e das condições que a escola tem que não permitem a formação de uma equipa da Biblioteca. A equipa da biblioteca da escola está reduzida a mim, professora bibliotecária e duas funcionárias que por necessidade de funcionamento de pavilhões são frequentemente retiradas da Biblioteca. Ainda que se procure a todo o custo cumprir as formalidades e as orientações RBE, as condições reais da escola não permitem a consolidação de uma equipa da Biblioteca da Escola. Este será, de facto, um outro passo que as estruturas competentes terão que repensar para que a Biblioteca 2.0 seja uma realidade com condições para consolidar e fortalecer a sua aproximação a um modelo de biblioteca 2.0.
Ana Paula Gonçalves
Formanda: Ana Paula Gonçalves
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