TÍTULO: 1976 – QUARENTA ANOS DEPOIS FOTOGRAFIA: Anabela Quelhas PRODUÇÃO DO EVENTO: Joana Sampaio Bráz E-BOOK: Anabela Quelhas OUTUBRO 2016 VILA REAL
• Perguntaram-se se iria nascer menino ou menina. Acertei, nasceu menino e fiquei com a responsabilidade de uma segunda mãe, que nem sempre cumpri bem. • Nasceu com os olhos virados para muitos mundos, já que cada olho olhava para seu lado, sempre protegido pela irmã, esquisito desde a primeira hora… nos leites… alguns anos depois na roupa que nunca era confortável quando se vestia pela manhã. Acordava sempre mal disposto, zangado com o mundo, zanga que desaparecia mal o pequeno almoço chegava ao estomago. Mesmo assim, umas vezes o leite estava quente, outras frio, era muito, era pouco, o pão estava duro ou mole…. • Um dia o seu avô deu-lhe talvez a primeira lição de vida: acertou-lhe as mangas da camisa com uma tesoura e acabaram-se os maus acordares.
• Adormecia a ouvir as histórias do Capitão Gancho, inventava e reinventava brincadeiras com os seus carrinhos, de capacete na cabeça, com dois amigos inseparáveis. • Aprendeu a cantar a música popular “A Maria dos 7 pitos” que ganhou o Grammy da rua da Pereira. • Um dia construímos uma cidade, noutro dia providenciamos um palco para representar e muitos outros se passaram a jogar poker de dados e o mafarrico com a tia Mi. Assistimos à vitória do maratonista Carlos Lopes às tantas da manhã. • Fã da Cerelac, da Pensal e outras farinhas que correm bem e confortam a alma. Virou escuteiro e eu madrinha. Ufff!!!
• Estudava de varinha na mão, dando voltas à mesa das refeições. Inventou amigos invisíveis, o “Zé Tó”, o “Tó Zé” e o “António”. Assumia sempre disfarçadamente o mau exemplo à mesa, junto dos primos, fazendo mímicas de boca cheia, quando os adultos estavam distraídos. Ficou com a alcunha que ele próprio inventou para alguém: “Boca azeda”. • Costumava fotografar-lhe as mãos… • Distraí-me e um dia virou homem, mais um pouco marido e logo a seguir pai. • Este ano completa 40 anos. Parabéns! Anabela Quelhas