Central do Brasil Relatório de Projeto

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Central do Brasil: Movimento e Reorganização


RESUMO

Sugerir mudanças no interior da Estação Ferroviária Central do Brasil, Rio de Janeiro, para melhorar a circulação dentro da estação e para tornar as informações mais acessíveis aos usuários. As propostas são baseadas em um processo de pesquisa que inclui idas a campo, conversas com passageiros e usuários, mapeamento dos serviços, da sinalização, dos fluxos, experimentos com usuários, agrupamento e análise dos dados coletados para criar um sistema de movimento e informações em que um leve o outro em consideração e vice-versa.


1. Introdução ________________________4

Sumário

2. Modos de vida e práticas criativas no Centro do Rio de Janeiro _______________5 3. Projeto ___________________________ 6 3.1 Campo ______________________________ 6 3.1.1 Entradas/Saídas ____________________6 3.1.2 Volume de pessoas _________________7 3.2. Relógio ______________________________8 3.3 Geração de Alternativas _________________9 3.4 Experimentos ________________________10 3.3.1 Versão 1 _________________________10 3.3.2 Versão 2 _________________________11 3.5 Mapeamento _________________________12 3.6 Propostas ____________________________15 4. Conclusão _________________________16 5. Anexos ____________________________17


O espaço por si só leva tempo para ser compreendido, com 13 plataformas, 5 de embarque e 8 de desembarque, 5 entradas subterrâneas, 8 saídas que dão para 3 ruas diferentes , além de vários estabelecimentos comerciais que vendem desde passagens aéras até inscrição em vestibular e fast-food, isso tudo além das cerca de 600 mil pessoas que circulam ali por dia útil. Esse projeto visa compreender como se dá a distribuição dessas pessoas na Central do Brasil a fim de propor melhorias que influenciem o fluxo dos passageiros na gare e que também tornem as informações mais acessíveis ao usuário.

1. Introdução

Se locomover pelo Rio de Janeiro pode ser uma tarefa muito fácil ou muito complicada, tudo depende de onde você vem e para onde você vai. A opção adotada por muita gente que vem da zona oeste, da baixada fluminense e da zona norte para chegar ao centro da cidade é o meio ferroviário, que muitas vezes é mais rápido do que o rodoviário. No sistema ferroviário carioca a superlotação pode impressionar bastante quem não está acostumado a andar de trem no Rio de Janeiro e a Central do Brasil sendo estação terminal é, pela manhã, o “deságue” de todo esse volume de gente e, pela noite, a “nascente” que distribui a multidão pelos seus bairros. A disputa que muitos passageiros travam de segunda a sexta é a disputa por espaço. Luta para entrar e sair, filas e filas e engarrafamento humano são demonstrativos disso.


2. Modos de vida e Práticas criativas no Centro do Rio

Quando a disciplina de Projeto de Programação Visual II apresentou a proposta de tema, “modos de vida e práticas criativas no centro da cidade do Rio de Janeiro, este centro passava por várias transformações no transito. Derrubada da perimetral, mudanças de mão de vias, duplicação de outras, além de abertura de algumas ruas que antes eram só de pedestres, como no caso da Rua Uruguaiana. Essa sequência de mudanças reverberaram pelo centro à ponto do acesso ser muito dificultado em alguns horários. Automaticamente o trem, barcas e metrô se tornaram os tranportes mais viáves, mas suas deficiências se evidenciaram ainda mais. O Centro do Rio de Janeiro é uma localidade que está diretamente ligada ao dia-a-dia de boa parte da população da cidade, seja como local de trabalho, de estudo ou moradia. Comporta uma diversidade de funções, com seus prédios residenciais comerciais e culturais, além de muitos restaurantes e bares. Para muitos dos que não moram no Centro mas que trabalham ou estudam lá, chegar até essa parte da cidade é sinônimo de enfrentar uma longa e cansativa jornada em um sistema de transporte nem sempre eficiente. Esse é o caso da maioria das pessoas que transitam pela Central diariamente. Nos voltamos pra quem “vive” no Centro mas mora longe dele, recortando o momento de passagem pela Central como campo de pesquisa. O movimento ali é uma constante, e por isso esta pesquisa envolve registrar, compreender e propor mudanças a ele.


3. O Projeto

3.1 Campo Podemos dividir as idas a campo em alguns blocos agrupados por finalidades de visita, em ordem cronológica, observação do local, dentificação e registro das entradas e saídas/ compreensão espacial, registro do volume de pessoas, subida ao relógio, experimentação das propostas, mapeamento, definição das alterações necessárias no espaço e conversas com funcionários.

3.1.1 Entradas/Saídas A definição desses blocos ocorreu conforme as necessidades do projeto foram surgindo, o primeiro bloco se deu por causa da dificuldade do grupo de entender o espaço, já que não havia disponível uma vista superior do interior da Central, exercitamos a compreensão de caminhante o que contribuiu para uma visão mais próxima do lugar do usuário e também mais distante de quem se propõe a projetar. Separamos 2 pólos principais para catalogar as saídas, as com destino à Av. Presidente Vargas, e as com destino ao bairro Gamboa. Esse exercício foi fundamental para o momento posterior de produção das cartografias.


3.1.2 Volume de Pessoas É nos horários de pico que a superlotação se torna gritante e impossível de se ignorar. Fomos a campo as 8h da manhã para observar e desenhar o comportamento dos passageiros nessa situação. O resultado dos desenhos são grandes massas de pessoas com um ou outro indivíduo destacado. No meio da multidão que se amontoava nas catracas e depois se distribuia pelas saídas diferentes poucos se tornavam visíseis, vimos muito mais “grupos de pessoas” do que pessoas. Grupos que eram mais densos quando um trem acabava de chegar a estação e menos densos poucos minutos depois. Também ficou muito claro o quanto a publicidade é mais gritante do que a informação. Ao lado de paineis históricos que foram restaurados banners imensos e coloridos chamavam toda atenção para eles e tornam as placas e displays direcionados a informações sobre os trens e plataformas muito mais sucetíveis a se tornarem apenas poluição visual para quem passa.


3.1.3 Relógio A estação ferroviária é o térreo de um prédio de 7 andares com uma torre de 30 andares, a qual no topo tem um grande relógio. Por conta da importância histórica da torre e dos prédios na relação com a estação fomos visitá-los. Encontramos alguns órgãos governamentais, como a secretaria de direitos humanos e o arquivo geral penitenciário, além de uma creche desativada (com muita sucata) e alguns andares vazios ou apenas com grandes e barulhentas máquinas. A torre foi outra demonstração de muita sucata e abandono, mais uma vez achamos cômodos e andares inteiros dedicados a montes de ferragens. Ao chegarmos ao terraço do trigésimo andar tivemos uma visão superior de todo o entorno da Central. Nesse momento ao observar o trânsito na Avenida Presidente Vargas chegamos ao entendimento de como é forte a influência do projeto da cidade na movimentação das pessoas, como nós não

escolhemos por onde vamos andar mas seguimos o fluxo que foi determinado por outro, que prioriza uma organização geral da cidade mas leva pouco em conta (ou talvez não suficiente) o impacto desse projeto em caráter individual, ou seja, em cada um que vai usar aquele espaço. Se tão forte é essa influência do projeto na cidade, que dirá então nesse espaço público restrito que é a Central. Todo o empurra-empurra e aglomeramentos que registramos é sim determinado e não é, como pensávamos anteriormente, fruto do caos absoluto. Existem trajetos e delimitações de área bem definidas para os passageiros, mas que os deixam muitas vezes em situações de desconforto, de falta de informação e de espera prolongada. A questão que enxergamos é como então poderíamos pensar uma solução que minimizasse os problemas provenientes dessas delimitações não voltadas ao usuário.


3.2 Geração de Alternativas Após um brainstorming obtivem propostas de como realizar essa mudança no espaço, e simultaneamente chegamos a conclusão de que a informação influi bastante na movimentação das pessoas e que por isso também deveria ser incluída nas propostas. Saímos do exercício com algumas ideias de ações ao agrupá-las chegamos a 2 pontos gerais: Sinalização e Reorganização espacial.


3.3 Experimentos 3.3.1 Versão 1 Teste 1: Para testar as mudanças que poderiam ser feitas fizemos uma maquete de madeira do interior da Central do Brasil com peças soltas que deveriam ser reposicionadas pelos usuários conforme as suas necessidades. Pintamos as catracas e bilheteria para destacá-las, já que são os elementos comuns a todos os usuários dos trens.

medida a ser tomada era agrupar as lojas, dividi-las em lanche e utilidades. Fechar a saída que dá para a Gamboa, abrindo-a somente em caso de emergência e posicionar as lojas de lanche na direção dessa saída, tirando todas as lojas que ficam perto das plataformas, colocou alguns serviços perto das plataformas e outros na saída que dá para Marechal Floriano.

A intenção era saber se as mudanças que pretendíamos faziam sentido aos passageiros e quais intervenções que eles julgavam ser mais importantes.

Depois abordamos uma mulher. Ela disse que a Central não tem solução, que deveríamos quebrar tudo e fazer de novo e que por isso não participaria do experimento, que não valeria de nada já que não existe solução para a central.

Fomos até as plataformas com os cartões e com a maquete, abordamos 11 pessoas com a maquete, 3 se disponibilizaram a interagir com o objeto. O primeiro foi um homem de cerca de 50 anos de idade que inicialmente, disse que o quê estávamos fazendo era muito necessário, “ali era muito bagunçado e precisava mesmo de uma mudança”. Mas resistiu a mexer nas peças alegando que nós estudávamos isso e que faríamos muito melhor que ele, após alguma insistência decidiu começar a participar. Disse que a primeira

Encontramos duas meninas na plataforma 8 (20 a 25 anos), elas aceitaram participar dizendo terem muitas idéias. A primeira medida que tomaram foi criar uma peça para o bar e colocá-la no meio da maquete e partir daí chegarem a outras conclusões, como por exemplo, que os banheiros deveriam ficar próximos ao bar, caixas eletrônicos e lanchonetes também. Puseram os outros elementos ficaram perto das plataformas e a bilheteria nas bordas.


3.3.2 Versão 2

Teste 2: Depois de mapearmos toda sinalização existente dentro da Central, inclusive nas plataformas, vimos que muito da informação necessária já estava ali, e precisávamos saber quais informações se perdiam no caminho entre Supervia e usuário. Por isso criamos cartões tamanho 10x15 de papel em suporte de papelão com uma imagem e uma pergunta cada um. A intenção não era que as pessoas respondessem as perguntas, mas sim que segurassem o cartão caso soubessem a resposta. Mostramos os cartões a 7 pessoas, eram 5 cartões com as perguntas: Qual trem sai primeiro o da direita ou o da esquerda? Pra onde está indo esse trem? Que horas sai o trem que está parado? E o próximo? É rápido ou parador? O resultado foi que a maioria das pessoas não sabia responder a primeira e a quarta pergunta. Também observamos que as mesmas pessoas que disseram saber qual trem sairia primeiro, no minuto seguinte correram para mudar de trem. No segundo teste criamos empatia e as pessoas se dispuseram a conversar um pouco sobre o que acreditam serem os reais problemas.

Com os experimentos reiteramos algumas questões que já havíamos observado, a falta de legibilidade do mapa das estações, dentro dos vagões. A inexistência de uma comunicação visual direta sobre quais as estações o trem vai fazer parada nos semi-diretos, trens que não param em todas as estações . E nos trouxeram a algumas questões um pouco mais complexas que não tínhamos sequer vislumbrado em todo o tempo de pesquisa na estação. Como o fato de não haver uma preocupação por parte da Super Via, no escoamento de pessoas para situações de pânico, que se relaciona diretamente com a questão da organização interna da Central. Também na falta de trens durante o final de semana, e as possibilidades secundárias de transporte, serem capengas ou inexistentes. Além da incoerência de o prédio da Central abrigar a Secretaria de Estado Segurança, Polícia Civil, e Grupamento de Policiamento Ferroviário, da polícia militar. E ser um dos locais que geram maior sensação de insegurança no centro da cidade, especialmente ao passar das 21h da noite ou aos finais de semana, quando as lojas fecham.


3.4 Mapeamento Como parte da análise de possibilidades de influência no movimento dentro da Central surgem algumas cartografias. Uma dos trajetos que os passageiros fazem, priorizando os trajetos mais comuns, os inseridos nas relações plataforma-saída e entrada-plataforma e outras duas cartografias foram geradas para auxiliar no processo de construção dessa principal, as outras duas falam sobre as lojas e serviços que podem ser encontrados na gare e das barreiras físcias que podem interferir no trajeto de alguém que circula ali.


Mapa das Barreira FĂ­sicas


Mapa do Movimento


3.5 Propostas Após as cartografias finalizamos o sistema de soluções que amenizaria os problemas de fluxo e de informação na gare e que está descrito abaixo.

1

Os quiosques que ficam espalhados nas entradas devem ser removidos em prol de favorecer a livre circulação

2

Monitores com informacoes dos horarios dos trens devem ficar pouco acima do campo visual, porem com significativo aumento do suporte e do tamanho dos tipos.

3

Mover as catracas mais para o centro do salao de circulacao tornaria o cruzamento de fluxos menos critico

4

Estruturas físicas fixas da central em frente a área de embarque abrigariam as bilheterias, que deixariam livre o espaco que elas atualmente ocupam para mais catracas e um acesso as plataformas mais direcionado.

5

Ao lados das bilheterias outros setores institucionais, como Atendimento ao Cliente, seriam tambem realocados pra essa localidade com o intuito de tornalos mais acessiveis

6

O posto de cadastramento e recarga do Rio Card e Bilhete Unico seriam tambem alocados nesse cojunto, pra desloca-lo do hall de entrada.

7

Todos os quiosques da area de embarque seriam removidos para que possa haver escoamento livre em situacoes de panico.

8

As plataformas de embarque seriam diferenciadas pelas cores para favorecer a localizacao de quem nao sabe ler.


3.6 Conversas com funcionários Em conversas com 2 funcionários da Supervia pudemos entender mais a fundo alguns problemas que já conhecíamos porém não sabíamos a causa, bem como tomar ciência de novas questões. A desconexão da equipe responsável pela comunicação (sonora, visual, etc) foi um ponto levantado por eles. A informação não é pensada dentro de um todo (que seria um projeto) ou como um conjunto e isso dificulta bastante a distribuição coerente da mesma. Ao mostrar as nossas propostas de projeto nos contaram que boa parte delas já tinha sido aplicada em alguma época anterior, e que a cada mudança de gestão poderíamos ver novas alterções no espaço, que não eram estudadas em totalidade, mas aplicadas visando um motivo específico.


4. Conclusão

Mudar de perspectiva, do caminhante ao voyer pode ajudar a compreender que embora pareça caótico todo o movimento da cidade é regido por alguém que não participa de seu frenesi. O mais interessante é observar que a bela arquitetura que se contempla do alto, pode não fazer sentido aos que passam e que necessitam daquele espaço nos seus trajetos diários. A urgência de gestão voltada para cidadão é quase como uma placa luminosa que pisca insistentemente durante o desenvolvimento do projeto. É visível essa necessidade na cidade como um todo e a Central é mais um reflexo disso. A memória e história da Central se dissolve em meio a sua função prática e por isso um memorial aberto ao público seria muito importante não só pela população em geral que teria acesso a esses dados mas muito também para que se haja consciência por parte da gestão (atual e vindouras) da relevância histórica daquele espaço e do que já foi realizado e deu certo, ou seja, uma memória projetual também. E por fim, a comunicação precisa ser integrada, aúdio, placas, displays, tudo isso tem que ser parte de um só projeto, que leve em conta acessibilidade e segurança. Se não for assim o que acontece é o que vemos hoje, uma mídia anula a informação passada pela outra, as placas dizem uma coisa mas os auto-falantes apontam outra, esse tipo de situação causa confusões desnecessárias.


5. Anexos 5.1. Desenhos de observação 5.1.1 Vistas superiores







5.1.2 Entradas/SaĂ­das






















5.1.3 Trens e Plataformas







5.1.4 Multid천es






5.1.3 Gare








5.1.4 Pessoas








5.2 Fotografias 5.2.1 Visita ao Rel贸gio


sala que d谩 acesso ao rel贸gio


sala que d谩 acesso ao rel贸gio


sala que d谩 acesso ao rel贸gio


Banheiro da sala que d谩 acesso ao rel贸gio


Elevador que dá acesso à torre



5.2.2 Vis천es das janelas do predio





Morro da ProvidĂŞncia


Morro da ProvidĂŞncia


Presidente Vargas


Arredores - Gamboa


Arredores - Gamboa


Presidente Vargas


5.2.3 Vis천es da gare



Fila para recarregar o bilhete Ăşnico


BIlheteria






Pessoas correndo para pegaro trem da frente


5.2.4 Experimentos











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