Botando Banca | Caderno | Ana Cecília Ferraz

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BOTANDO

BANCA


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BOTANDO BANCA

Ana Cecília Oliveira Ferraz Orientador: Eliel Américo Trabalho Final de Graduação Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Brasília 2019


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AGRADECIMENTOS

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Agradeço primeiramente a Brasília. Cidade complexa, cheia de nuances, que em meio aos seus tantos erros e acertos despertou em mim a vontade de pensar cidade e pensar pessoas. Que me fez descobrir um mundo novo, cheio de possibilidades, cheio de vontades de ser para todos. Aos meus pais, Sara e Reinaldo, pelo incentivo de construir um futuro, pelos exemplos de dedicação e comprometimento e pelo apoio incondicional. Por me darem a possibilidade de fazer parte da UnB e por plantarem e regarem a semente do estudo. Ao meu irmão, Eduardo, e aos outros irmãos que a vida me deu: Alessandra, Alexandra, André, Átila, Bárbara, Camila, Gabriel, Giovanna, Henrique, Hugo, Júlia, Lucas, Lucas, Ludmilla, Luiz, Marina, Monique, Pedro, Renan, Renato. Obrigada por serem minha família. À todos que de alguma maneira contribuíram para a jornada do curso e para este trabalho. Em especial à Alexandra, Bruna, Hilary, Raphel e ao Ateliê Maria Madeira. Aos meus chefes e ex-chefes, pelas oportunidades de crescimento. À FeNEA, por tudo. E à Universidade de Brasília: livre, pública e democrática.


EU PENSO O QUARTO EU PENSO A RUA EU PENSO A CIDADE CADA IDA CADA CHEGADA CADA ESTADIA CADA SAUDADE [...] EU PENSO O ESTADO, O PAÍS, A AMÉRICA E O PLANETA A BERETA PENSA, LUGAR TRANQUILO E FEROZ MENOR ELE FICA QUANTO MAIORES FORMOS NÓS BEM RÁPIDOS EM MILHAS NÁUTICAS MARINHAS QUANTOS NÓS, QUANTOS DE NÓS, REIS E RAINHAS NÓS SOMOS O POVO, CADÊ NOSSA VOZ? quem é você - black alien

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RESUMO Botando Banca se desenvolve como o trabalho de conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Brasília. Nele refletiu-se o papel das bancas de jornais e revistas de Brasília, repensando e repropondo esses locais marcantes na dinâmica e na história das superquadras do Plano Piloto. Explorando recursos da modularidade e flexibilidade, as bancas foram redesenhadas de modo a expandir as possibilidades de usos e dar maior suporte àqueles já identificados dentro do atual contexto de consumo desses espaços, como cafeterias e pequenos mercados. Na realidade contemporânea do mundo virtual, onde a comunicação impressa desaparece cada dia mais dando lugar à tecnologia, o projeto Botando Banca busca reinserir o usuário como participante ativo da dinâmica dos espaços, criando elementos de interesse que reacendam o uso das bancas.

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ABSTRACT “Botando Banca” is the conclusion work presented for the Architecture and Urbanism course at the University of Brasilia. It is a reflection on the role of newsstands in Brasília, with the purpose of proposing a reinvention of a remarkable place in of the dynamics and history of Plano Piloto: the “superquadras”. Exploring features of modularity and flexibility, the stands have been redesigned to expand the possibilities of use, giving greater support to those already identified within the current consumption context of these spaces, such as coffee houses, local markets and others. In the contemporary reality of the virtual world, where print communication fades away day by day, giving way space to technology, the “Botando Banca Project” seeks to reinsert the user as an active participant in the dynamics of spaces, creating elements of interest that rebirth the use of the newsstands.

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SUMÁRIO


introdução

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contextualização

referencial teórico

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estudos de caso

o objeto

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diagnóstico

o projeto

referências

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INTRODUÇÃO


O mobiliário urbano é um dos principais elementos compositores da cidade; são objetos de suporte essenciais para o funcionamento e integração de todas as escalas urbanas. Com inúmeras atribuições possíveis, o mobiliário urbano exerce especialmente os papéis de delimitação de espaços, promoção de segurança, suporte à infraestrutura e criação de pontos de permanência e encontro. Pode-se traçar o percurso histórico desses elementos, sendo possível identificar desde as primeiras aglomerações urbanas traços de equipamentos presentes na dinâmica das grandes metrópoles atualmente. Com a industrialização, a consequente explosão das grandes áreas urbanas, o novo modo de vida e o boom populacional, os espaços públicos demandaram reestruturações, passando por reformas urbanas que privilegiassem as áreas livres públicas. Esses espaços reforçaram a importância do mobiliário urbano, que passou a exercer o papel principal de suporte e aumento da qualidade do espaço público (ARAÚJO, 2010, p. 13-14). No caso de Brasília, cidade planejada, o alguns elementos de mobiliário urbano já aparecem inclusos no projeto de Lúcio Costa. Com o desenvolvimento da cidade, as experimentações do maior projeto modernista no mundo desenvolveram-se junto a ela, permitindo assim o estudo da evolução de diversos aspectos urbanos, entre eles, o mobiliário. As bancas de jornal e revistas tiveram papel significativo na história de Brasília, marcando espaços, criando pontos de encontro e permanência e, especialmente, promovendo urbanidade. Com a mudança social relacionada ao consumo de informação, esses elementos perderam espaço para outros veículos, passando por um processo de decadência física e econômica. Nas últimas décadas as tecnologias ligadas à comunicação e à informática avançaram qualitativamente e de forma rápida, permitindo uma ressignificação das relações de propaganda, notícia e informação o papel é cada vez mais tela, o físico é cada vez mais digital e virtual. E a vida também se reestrutura, as relações espaciais se adequam às novas tecnologias e as memórias se organizam de novas maneiras. Em 06 de agosto de 2018, a editora Abril

anunciou a descontinuação de diversos títulos de revistas conhecidas nacionalmente, como Casa Claudia, Mundo Estranho, Elle e Arquitetura & Construção. Poucos permaneceram em produção e impressão. Para minha geração de brasilienses, criados no Plano Piloto, no cerne do tombamento da capital projetada e idealizada, brincar embaixo dos blocos residenciais das superquadras e colecionar figurinhas compradas nas bancas de jornal de cada quadra é uma memória compartilhada. Esses elementos inseparáveis da memória de Brasília acompanham a cidade desde muito nova. Com a crescente e irreversível digitalização dos meios de comunicação, muitas bancas já fecharam, outras expandiram os negócios ou trocaram de ramo. Na entrada da SQN 410, o antigo quiosque agora vende açaí. Outros pontos expandiram o cardápio ou viraram pontos de sebo ou bazares de roupas. Com as novas ocupações e usos, que fim terão as tradicionais bancas? Como a lei vigente deve tratar os espaços? Quais as ressignificações possíveis? Qual é o novo papel desse mobiliário urbano no novo contexto da cidade? Observar Brasília mudar e tomar formas não esperadas pelo projeto original é intrigante do ponto de vista social e desafiador para as novas necessidades projetuais. Analisar como a população se apropria da cidade e a adequa a si ensina muito sobre as relações entre corpo e cidade. Esse trabalho pretende observar os espaços atuais ocupados pelas bancas e repensá-los, através da legislação e dos desejos para cidade, desde sua relação com o espaço urbano até sua destinação e forma. Reinventar-se significa deixar para trás o nosso passado, significa transformar nossa vida (nem que seja em pequenos detalhes) e isso pode ser um antídoto decisivo contra o marasmo, contra o desânimo, contra a apatia. De repente, somos outra pessoa. Moacir Scliar para o jornal Zero Hora, 26/12/2010

Entretanto, diante do cenário tecnológico de rápidas mudanças, tratar sobre reinvenção pode parecer banal. A inovação na era virtual tornou-se objeto do dia a dia e estamos constantemente expostos

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a um novo objeto ou uma nova forma de realizar ações comuns. Ligar as luzes, fazer a lista de compras e atualizar-se das notícias do dia passaram a ser realizadas de novas maneiras. As luzes são programadas, a geladeira informa quais itens estão faltando em seu interior e o jornal está na palma da mão. O que falta reinventar, então? Em todos os processos de automação e virtualização, as estruturas prévias são esquecidas e tornam-se obsoletas. A lâmpada está no bocal e seu acionador está em um aplicativo de smartphone – mas o interruptor continua ao lado da porta. A geladeira faz sua lista de compras, manda os itens para seu celular. Os itens são redirecionados para o aplicativo do supermercado que faz suas compras e entrega na sua casa – mas o funcionário do caixa ainda bate o ponto. E o jornal está no tablet, sua assinatura digital está paga e a banca continua a 20 metros do seu apartamento. Todo o restante do processo já sofreu mudanças, menos seus antecessores. Para a lâmpada: “e se um dia eu perder o celular?”. A geladeira faz a lista mas o armário não. E o jornal do tablet não entrega um galão de água no seu prédio. Apesar de muito automatizadas, todas as partes do processo não foram adaptadas para a nova realidade:

ao ato de criar) surge não apenas quando se projetam os objetos, mas também quando eles são jogados fora. Pode ser que essa tomada de consciência da efemeridade de toda criação (...) contribua para que futuramente se crie de maneira mais responsável, o que resultaria numa cultura em que os objetos de uso significariam cada vez menos obstáculos e cada vez mais veículos de comunicação entre os homens. Uma cultura, em suma, com um pouco mais de liberdade. (FLUSSER, 2007, p. 198).

Nos primeiros anos de Brasília, a dinâmica da cidade estruturava-se ao redor da novidade. Não somente nos quilômetros de pavimentação e infraestrutura que surgiam todos os dias, mas especialmente no florescer de uma cultura local. A cidade era composta por pessoas de todos os cantos do Brasil, unidas por algo novo. De servidores públicos aos trabalhadores da construção civil, todos usufruíam de um certo precário abastecimento e atrasada comunicação. Todos urgiam em obter notícias de suas cidades-natal. Fundado em 21 de abril de 1960, o Correio Braziliense era único meio de notícias de Brasília, enquanto os jornais de fora demoravam até chegar na capital. Assim, mesmo com atraso na informação, as bancas de jornal eram o ponto de convergência populacional.

Esses restos descartáveis, isqueiros, navalhas, canetas, garrafas de plástico, não são coisas verdadeiras: não dá para se apegar a elas. E à medida que, progressivamente melhor, aprendermos a alimentar de informações as máquinas, todas as coisas vão se converter em trastes desse tipo, inclusive casas (...) (FLUSSER, 2007, p. 56).

No Plano Piloto, a primeira banca de jornal foi fundada por Lourival Soares Marques em 13 de fevereiro de 1960 – antes mesmo do Correio. A Banca Cultural, na SQS 108, é administrada por ele até hoje. O jornaleiro conta em entrevistas que, nos anos 60, a única banca de Brasília tinha filas enormes de pessoas que esperavam o jornal chegar de avião – e a tiragem não era suficiente.

Caminha-se para a integração completa automatizada, mas é necessário refletir como são tratadas de forma dispendiosa toda as infraestruturas prévias das coisas como inúteis a partir desse ponto. A caixa do interruptor pode virar uma tomada USB, o armário pode ser adaptado para automatização e a banca de jornal pode exercer novos papéis. É aí que mora a reinvenção: pensar em todas as implicações da inovação, agindo de forma estratégica nos novos contextos que surgem com a modernização.

Atualmente, Lourival luta para manter a banca funcionando. Adaptou-se como muitos outros estabelecimentos e expandiu seu catálogo de produtos – vende livros, vinhos, bebidas, comidas, possui espaço de lan house e aluga filmes em DVD. Chegando na banca, o primeiro contato é justamente com o senhor ativo e disposto, que declama poesias e repentes e autografa (como ele mesmo diz) suas escritas autorais, recolhendo contribuições para manter vivo o precioso jardim que circunda a Banca Cultural.

A questão da responsabilidade e da liberdade (inerente

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O exemplo do Lourival imprime a necessidade latente de renovação e adaptação às novas tendências de mercado. O processo de decadência percebido na maioria das bancas no país inteiro reflete uma amarra às estruturas obsoletas. A comunicação impressa está em vias de extinção e, caso não seja reinventada, a banca de jornal está fadada ao desaparecimento. Mais espaços irão fechar ou exercerão atividades de forma ilegal, já que a própria legislação que acoberta esse tipo de estabelecimento encontrase datada. Sem o recomeço e a readaptação, memórias como as filas para a banca do Lourival estarão perdidas. A primeira história, o berço cultural de Brasília, encontramse nesses recortes. As dinâmicas sociais presentes na cidade hoje derivam dos hábitos criados pela apropriação espontânea pela população dos espaços planejados. É papel dos arquitetos ter o cuidado necessário com o patrimônio muito específico e simbólico de Brasília. Manter a memória afetiva dos espaços, os caminhos e fluxos das quadras residenciais que envolvem as bancas, reacender a congregação social em tempos de reclusão. Estimular que a cidade viva em suas calçadas, na escala do pé e não da roda. Proporcionar mais espaços que acolham quem passa, incluindo ali mais que o reduto privilegiado dos moradores das superquadras de Brasília. A banca é dinâmica, é histórica e merece ser preservada. A banca é Brasília. Naturalmente podem ocorrer soluções arquitetônicas julgadas convenientes nas quadras do Plano Piloto (...) Sempre se admitiu que pudessem ocorrer as soluções arquitetônicas julgadas convenientes e com a máxima liberdade para os arquitetos (...) Mantida essa característica [gabarito controlado, taxa baixa de ocupação, renque de árvores em volta da superquadra], não há, assim, impedimento para novas experiências em Brasília... (COSTA, 1974 apud IPHAN, 2015, p. 41).


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CONTEXTUALIZAÇÃO

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O presente trabalho tem como objetivo repensar e repropor o espaço das bancas de jornais e revistas em Brasília. Entende-se que, pela importância histórica construída por esses espaços na dinâmica das cidades, sua atuação deve ser atualizada, visto que o consumo de informação mudou. A atuação da imprensa possui papel histórico na formação cultural do homem, sendo responsável pelo nacionalismo, o industrialismo, os mercados de massa, a alfabetização e a educação universais. A imprensa apresentou uma imagem de precisão repetitiva que inspirou formas totalmente novas de expansão das energias sociais. (MCLUHAN, 1964, p. 197).

A larga presença dos diversos veículos que transformaram o convívio social em interações baseadas na comunicação, fundou as bases para o contexto de compartilhamento de informações de ampla forma, que atualmente estruturam os meios de experiência social e cultural. a imprensa é uma ação e uma ficção quotidianas, uma coisa que se faz com tudo que se sucede numa comunidade. Pela sua disposição em mosaico, o jornal é uma imagem em corte da comunidade. (MCLUHAN, 1964, p. 240).

A presença de elementos que difundam essa experiência no meio urbano é vital para reforçar o homem enquanto ser social e a cidade como espaço político, de formação. Possuir objetos reconhecidos pela difusão da informação, como as bancas de jornal, durante a constituição de uma cidade nova, passou a ser ponto de convergência social, um elemento comum a todos os diferentes integrantes do espaço urbano. O jornal é uma forma confessional de grupo que induz à participação comunitária. Ele pode dar uma “coloração” aos acontecimentos, utilizando-os ou deixando de utilizá-los. Mas é a exposição comunitária diária de múltiplos itens em justaposição que confere ao jornal a sua complexa dimensão de interesse humano. (MCLUHAN, 1964, p. 231).

Diante dos novos padrões econômicos e de venda encontrados durante o período vigente da 4ª Revolução Industrial, o comércio se reinventa. Atualmente, os fatores necessários para a conclusão de

uma venda são muitos, em contrapartida à fórmula básica do varejo utilizada anteriormente: produto de qualidade, estrutura física de qualidade e divulgação básica. Com as mídias sociais, as vendas online, deliverys e a economia colaborativa, entram em jogo fatores como branding, estratégica de marketing que alia a identidade visual da empresa com a transmissão de seus valores, criando, de fato, uma marca. Além disso, a oferta de produtos e serviços deve atender às expectativas do cliente, que está cada vez mais autônomo. Com as diversas possibilidades e variedades disponíveis a distâncias física e de tempo muito curtas, quem dita o caráter do comércio é o próprio consumidor, que migra rapidamente para o concorrente caso não seja atendido de acordo. A mudança no perfil de vendas e serviços oferecidos pelas bancas de jornais e revistas é descrita como um exemplo da “Teoria da Ecologia Organizacional” de Michael T. Hannan e John Freeman, de 1977. Essa teoria faz um paralelo entre o mercado empresarial e a seleção das espécies, de Darwin, relacionando a adaptação da organização (a espécie) com o mercado (o meio) de forma a sobreviver. Assim, as bancas seriam selecionadas pelo ambiente na qual estão inseridas, “ou seja, reforça-se a importância de enxergar o ambiente como um fator essencial para o sucesso ou fracasso de uma organização” (GOUVEIA, 2016, p. 90). Em Brasília, o meio definidor é a própria inserção urbana, que deve tratar com respeito a paisagem local de suma importância para a preservação da cidade. O poder público deve estabelecer regras claras para ocupação e definição das atividades permitidas, visando disciplinar e padronizar esses equipamentos de modo a adequá-los aos novos tempos sem, contudo, comprometer a paisagem da superquadra. (IPHAN, 2015, p. 84).

Assim, é necessário reformular o papel das bancas de jornal diante de uma nova era comunicacional, adotando aparatos tecnológicos e ferramentas de engajamento, através da arquitetura, que contem a história desses locais por meio de seus recursos visuais e espaciais, diversificando sua função e mantendo sua memória histórico-afetiva, de grande interesse para a população e

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para a dinâmica urbana. Se presenciamos algum acontecimento, seja ele uma partida de futebol, um estouro da Bolsa ou uma tempestade de neve, logo tratamos de ler notícias sobre ele, em primeiro lugar. Por quê? A resposta é da maior importância para a compreensão dos meios. Por que é que uma criança gosta de falar sobre os acontecimentos que encheram o seu dia, ainda que de modo balbuciante? Por que preferimos romances e filmes sobre cenas e figuras familiares? Por que, para os seres racionais, ver e reconhecer a própria experiência sob uma nova forma material é um dom gratuito da vida. A experiência traduzida num novo meio fornece, literalmente, uma agradável rememoração, um delicioso play-back de um conhecimento anterior. (MCLUHAN, 1964, p. 239).

O RECORTE Foram escolhidas as superquadras como o recorte deste trabalho por nelas estarem localizados alguns dos elementos mais tradicionais na cidade e sua importância histórico-arquitetônica e urbanística, além da interessante relação entre o novo projeto e a questão do tombamento do Plano Piloto. Saber conduzir esse processo de transformação urbana, inerente a toda e qualquer cidade, para que não se perca a qualidade urbanística de seu projeto e se corrijam possíveis problemas, é o desafio que se apresenta ao poder público e à sociedade. (IPHAN, 2015, P. 59).

Legalmente, as bancas do recorte se localizam nas superquadras e no Setor Comercial Residencial Sul – SCRS, entre os blocos. Porém, este trabalho incluirá somente as superquadras, de modo a aprofundar a compreensão desses elementos. Apesar disso, é importante pontuar a riqueza da variabilidade que as bancas adquiriram, além das superquadras, mas também em toda a via W3 e os quiosques que costumam acompanhar as paradas de ônibus e outros instalados próximos às bancas originalmente previstas. Esses

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equipamentos adquiriram grande similaridade no tocante à similaridade de tipologia, porém, os serviços prestados por esses locais mudaram com os anos, com a necessidade de expansão dos produtos comercializados em relação às bancas de jornais e revistas. Os quiosques não estavam previstos no plano urbanístico inicial da cidade, porém, por necessidade surgiram e logo se tornaram integrantes da paisagem urbana. Aqui, essa necessidade se evidencia pela rigidez do desenho urbano e da forte setorização implantada. (...) Nesse contexto, os quiosques surgem para cumprir um papel social importante, posto que prestam à população serviços de pequeno porte e de caráter comunitário (...). É possível imaginar o cotidiano de uma superquadra sem a presença de tais serviços? (IPHAN, 2015, p. 86).

Dessa forma, entende-se aqui que o novo módulo de vendas, que pretende incluir esses novos produtos e serviços nas suas atividades, deve abarcar a tipologia dos quiosques, decisão que ajudará a diversificar ainda mais o projeto e torná-lo mais plural na sua inserção

urbana, já que essa tipologia de mobiliário urbano é presente em todas as escalas de Brasília. Mas, muito além da relação propriamente com o político, as bancas de jornais tornam manifesto todo um outro universo de questões, relacionados às estratégias de merchandising dos jornais, à utilização da publicidade nas laterais dos quiosques, e à instalação desses equipamentos em ambiente urbano. Somente através desta compreensão é possível identificar o intricado domínio dos jornaleiros, que se constitui como um empreendimento fundamentalmente privado operando em espaço público. (CHAGAS, 2013, p. 252).


POR QUE REPENSAR?

POR QUE MODULAR?

O berço das áreas residenciais e bucólicas de Brasília é pautado no uso comunitário e na escala humana. A decisão pela disposição das moradias e dos comércios, além dos equipamentos diversos que dão suporte à vida cotidiana, tornam o viver no Plano Piloto uma experiência eterna de um flâneur de Baudelaire.

Josep Serra em seu livro Elementos Urbanos – Mobiliário y Microarquitectura realiza diversos agrupamentos de tipos de mobiliário urbano. No que o autor classifica como Elementos Comerciais, são incluídas as bancas de jornal, além de quiosques de venda de sorvetes e flores, bares e pequenos mercados. O autor destaca que esse tipo de elemento requer atenção especial, já que possuem alta complexidade comparados aos outros grupos de mobiliário urbano e constituem microarquiteturas que ajudam a definir a paisagem urbana (SERRA, 2002, p. 255).

ao percorrermos as superquadras do Plano Piloto, surpresas surgirão aos poucos. Arrisca-se a dizer que se tratam de fragmentos de cidades dentro de uma cidade maior, que é Brasília. São vários desenhos urbanos, vários padrões de edifícios, vários tipos de vegetação, diferentes equipamentos etc. (...) Algumas com comércio intenso, outras mais discretas. Algumas repletas de crianças, outras com moradores mais idosos. (...) Algumas com comércios tradicionais e especializados, outras nem tanto. (...) Enfim, usos e apropriações do espaço, apresentando uma variedade urbana, embora guardem semelhanças urbanísticas muito perceptíveis. (IPHAN, 2015, p. 11).

A escala humana brasiliense não diz respeito ao baixo gabarito das superquadras e muito menos às distâncias percorridas a pé, mas sim à preocupação de “considerar o uso cotidiano de moradores ou usuários, proporcionando um uso mais agradável dos espaços” (IPHAN, 2015, p. 26). A vontade de se repensar as bancas de jornais e revistas do Plano Piloto vem do entendimento de que, diante do contexto de mudanças sociais experienciados no mundo inteiro, é necessário criar ferramentas que reforcem o convívio comunitário e incentivem a vivência local. Essa experiência é capaz de ressignificar diversos aspectos da vida urbana, promovendo segurança, senso de pertencimento e cuidado, conhecimento histórico, vigilância comunitária e conscientização de preservação da cidade. Reformular as bancas reforça a vivência histórica de Brasília, através da arquitetura, gerando equipamentos que reacendam a memória afetiva local, quase restaurando o sentimento de, de fato, ser brasiliense.

A criação de um objeto modular se aplica através da necessidade de fácil adaptabilidade e reprodução de um ambiente regulamentado e que garanta ao comerciante e ao consumidor os parâmetros básicos de habitabilidade e usofruto. A linguagem do elemento tem por objetivo a expressar a contemporaneidade devida à época. Muitos de seus aspectos são baseados em conceitos do modernismo: além da óbvia inserção do objeto no principal campo moderno do Brasil, a área tombada de Brasília (o que gera um trabalho de cuidado com o tratamento e respeito à história da cidade), a arquitetura moderna dos anos 50 trata grandiosamente da questão do módulo. Além de definir os preceitos básicos da necessidade do homem, a linguagem aborda preceitos de uso do espaço, técnicas construtivas, definição de programa de necessidades e dimensionamento do espaço. Tudo girando em torno do Existenzminimum, criado pelos próprios modernistas. “O modernismo não imprimiu simples regras projetuais, criou uma nova forma de relacionar as pessoas com a moradia...” (CASELLI, 2007, p. 12).

Nesse sentido, deu-se como necessário o estudo dos grupos Archigram e Metabolistas que, no contexto de produção industrializada e pré-fabricada, reagiam à forte rigidez estética modernista. Também é necessário compreender como a diversidade dos elementos na paisagem é essencial para a apreensão do espaço, ponto problemático para um esquema modular da proposta. Entende-se que não é viável encaixar em um modelo pré-definido as diversas variáveis que cada caso contém, bem como de seus comerciantes e sua própria organização da banca. Dessa forma, parte-se de um agrupamento de usos atuais e desejos futuros para os espaços das bancas, levantados com os donos e com a população local. Pretende-se criar um elemento flexível e adaptável, tanto funcionalmente como esteticamente, de forma a conferir identidade e proporcionar liberdade de criação e de uso do espaço para cada indivíduo à sua maneira. A organização mínima permite uma pressuposição acerca do espaço ao redor da banca: é esperado que o espaço interno limitado estimule o uso da área pública, fator determinante para a ressignificação do espaço tradicional das bancas de jornal.

Apesar de guiar este projeto, não se pretende aqui necessariamente reproduzir seus elementos básicos. Tratando de uma nova arquitetura inserida em um contexto social, histórico e econômico contemporâneos, é necessário refletir sobre a produção dos espaços na Brasília digital e como eles se relacionam com o passado e com o futuro.

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REFERENCIAL TEÓRICO


CIBERCULTURA, URBANIDADE E ARQUITETURA O desenvolvimento da sociedade ocidental ao longo da história pode ser acompanhado a partir do viés da tecnologia. As questões contemporâneas referentes à política, desigualdades sociais, urbanidade e cultura são resultado direto da evolução do fenômeno técnico1. Desde o surgimento das primeiras sociedades até as complexas cidades pós-industriais, o homem inventou o fogo, cultivou a terra, domesticou animais, construiu cidades, dominou a energia, implementou indústrias, conquistou o espaço cósmico, viajou aos confins da matéria e do espaço-tempo. Durante esse trajeto, a tecnologia ganhou significações e representações diversas, em um movimento de vaivém com a vida social. (LEMOS, 2013, p. 25).

A escalada tecnológica não possui data marcada, mas o aperfeiçoamento das técnicas e a evolução dos conhecimentos é mais significativa a partir do século XVIII, com a Revolução Industrial. Como colocado pelo autor André Lemos, (2013, p. 53), Podemos pensar a história do desenvolvimento tecnológico em três grandes fases: a fase da indiferença (até a Idade Média), a fase do conforto (Modernidade) e a fase da ubiqüidade2 (Pós-Modernidade)

Ao explicitar esses marcos temporais sob a ótica desenvolvimentista, o autor esmiúça como a “fase da indiferença” é caracterizada por uma amarra social aos dogmas religiosos, parte intrínseca à cultura e à determinação de todas as esferas sociais. Com o advento da modernidade3, a natureza passa a ser explorada e dominada, criando um homem racional e progressista. 1 Entende-se o fenômeno técnico aqui de acordo com a denominação do autor André Lemos (2013) de técnica a partir do grego tekhnè, que caracteriza o saber fazer humano. O termo é relacionado à ciência, ao desenvolvimento do homem e não necessariamente à tecnologia como a conhecemos. 2 “Qualidade do que está ou existe em todos ou em praticamente todos os lugares.” Dicionário Michaelis (acessado em 10/04/2019 in <http://michaelis.uol.com.br/busca?id=xRvdE> 3 “Max Weber define a modernidade como o processo de racionalização da vida social no término do século XVII. Esse processo abriu as vias para a industrialização e a modernização global do Ocidente, sendo um processo global, integrando a economia capitalista, o Estado Nação, a administração científica do trabalho e da produção, o desenvolvimento industrial e tecnológico.” (LEMOS, 2013, p. 61).

A ideologia do avanço tecnológico substitui os mitos e a razão tecnicista cria promessas de mudança da vida e estrutura sociais: A modernidade tecnológica foi estruturada pela mistura de convicções e sonhos na força racional do homem, na conquista do espaço, no progresso tecnológico e científico, na urbanização e na utilização intensiva em energia. (LEMOS, 2013, p.53).

Entretanto, a modernidade fruto da Revolução Industrial não é uma ruptura radical com as técnicas e ciências prévias, mas sim um novo “dispositivo simbólico” que aumenta o alcance da tecnociência humana. Lemos (2013, p. 46) ainda pontua que, Seguindo o pensamento de Gille, nessa época podemos destacar mais inovações (banalização e desenvolvimento de técnicas antigas) do que invenções (técnicas radicalmente novas). (...) Daumas mostra que o que vai caracterizar o século XVIII é menos um progresso técnico no sentido de invenções, que o acelerado ritmo das inovações

A partir desse ponto na história, com a observação científica dos elementos desenvolvidos, a ciência passa a fazer parte do desenvolvimento técnico e os frutos da Revolução Industrial – metal, carvão e máquina a vapor – espalham-se por todo o mundo. A mecanização passa a seguir uma lógica atrelada à economia e, consequentemente, à vida social. O progresso não é, daqui em diante, mais um possível devir, mas o possível em vias de se realizar. Estamos no cerne do mito fundador da modernidade: o mito do progresso pela realização tecnológica do destino humano. (LEMOS, 2013, p. 47).

Spengler (1958, p. 33 apud LEMOS, 2013, p. 47) nota que é no século XIX que a técnica e o desenvolvimento tecnológico entram em conflito com a cultura e com a história. A partir da segunda metade do mesmo século, ainda se inicia outra revolução: da eletricidade, da energia através da queima e combustão e das indústrias químicas. Ainda crescem os meios de transporte e de comunicação (LEMOS, 2013, p. 48). Primeira Guerra Mundial, quebra da bolsa de Nova York... A demanda por desenvolvimento e ciência cresce e, Esse sistema técnico moderno vai criar um desconforto,

ou o que Lewis Mumford chamou de mal-estar da civilização, e Guattari e Deleuze de modo esquizofrênico do capitalismo, misturando medo e excitação, contradições e paradoxos. O progresso técnico encaixa-se, justamente, nessa nova conjuntura social. (LEMOS, 2013, p. 48).

A sociedade moderna estrutura-se ao redor dessa lógica progressista e capitalista e “a ciência e a técnica ganham valores reconhecidos como dominantes: objetividade, racionalidade instrumental, universalismo (das aplicações) e neutralidade.” (LEMOS, 2013, p. 48-49). A comunicação cria uma nova linhagem, a do livro impresso, que McLuhan (1964, p. 196) descreve como a fusão dos mundos medieval e clássico, criando o moderno. Esses fatores estão diretamente relacionados à nova estruturação social, indo desde linhagens ideológicas até a própria organização cotidiana. Nesse ponto da história, a máquina torna-se um dos principais elementos da sociedade moderna. Do século XIX até sua consolidação no XX, o social torna-se transparente pela gestão tecnocrática, a natureza é lida e traduzida pelos olhos implacáveis da ciência, a comunicação torna-se instantânea e planetária na troca sem ruídos de informações. (LEMOS, 2013, p. 49).

Todo o funcionamento da atividade humana, agora pautada pela ciência, encaixa-se no sistema técnico que Jacques Ellul caracteriza como o conjunto da técnica moderna. Para o autor, seus valores seriam: unidade (forma um conjunto homogêneo), universalidade (indiferente aos detalhes culturais), acumulação (inclui todos os aspectos da existência e a autonomia (lógica interna hegemônica sobre outras). (LEMOS, 2013, p. 50-51).

A cultura passa a intitular-se tecnocultura, em que a máxima é a busca constante de métodos mais eficientes para o pleno desenvolvimento. Nesse momento, o progresso não é mais discutível e “toda a experiência da realidade tornou-se tecnológica.” (LEMOS, 2013, p. 52). Toda a estrutura social é pautada pela tecnologia e pela sua aplicação na otimização de todos os aspectos da vida humana, especialmente tempo e trabalho. Porém, o desenvolvimento

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traz consigo problemas sociais que mudam a história do mundo: “poluição, desigualdades sociais, econômicas e política, caos urbanos, violência, drogas etc.” (LEMOS, 2013, p. 54), agravados após a Segunda Guerra Mundial, momento em que os elementos primários do desenvolvimento são substituídos pela energia nuclear, a informática e a engenharia genética, alterando ainda mais a estrutura social formada pela tecnocultura. Nesse momento, chega-se à última fase colocada por Lemos, a da ubiqüidade. A fase da ubiqüidade pós-moderna, ou fase da comunicação e da informação digital, corresponde à conclusão da fase do conforto (a natureza agora é controlável) e ao surgimento da tecnologia digital, permitindo escapar do tempo linear e do espaço geográfico. Entram em jogo a telepresença, os mundos virtuais, o tempo instantâneo, a abolição do espaço físico, em suma, todos os poderes de transcendência e de controle simbólico do espaço e do tempo. (LEMOS, 2013, p. 53-54).

Assim forma-se a sociedade de consumo e do espetáculo e, então, a cibercultura (LEMOS, 2013, p. 53). Essa sociedade é caracterizada pela saturação dos ideais modernos que, juntamente com essa tecnologia digital, passa a transformar não somente a estrutura social como todas as formas de sociabilidade (LEMOS, 2013, p.15). O autor (2013, p. 25) caracteriza o cenário do nascimento da cibercultura: a queda das grandes ideologias e dos metadiscursos iluministas, o fracasso dos sistemas políticos, a desconfiança em relação aos benefícios do progresso tecnológico e científico, a indiferença social e irônica da geração X e Y, o novo tribalismo que revelaria o fracasso do projeto individualista moderno, a descrença no futuro, as novas formas de comunicação gregárias no ciberespaço, os desafios da manipulação genética, da Aids e da droga em nível planetário.

A cibercultura acontece, então, no momento da pós-modernidade. O tempo é imediato e as redes desterritorializam a cultura, que perde seus limites espaço-temporais (LEMOS, 2013, p. 68). É claro, então, que a cibercultura se concretiza com as novas tecnologias, surgidas a partir de 1975 com a fusão das telecomunicações analógicas com a informática, possibilitando a veiculação, sob um mesmo suporte

– o computador -, de diversas formatações de mensagens. Essa revolução digital implica, progressivamente, a passagem do mass media (cujos símbolos são a TV, o rádio, a imprensa, o cinema) para formas individualizadas de produção, difusão e estoque de informação. (LEMOS, 2013, p. 69)

Essa revolução digital permite uma independência do usuário na escolha da forma de receber e enviar qualquer tipo de comunicação. Dispõe-se de meios textuais, imagéticos ou sonoros e todos eles são tão perfeitos (senão mais) que os meios originais (LEMOS, 2013, p. 70). O consumidor passa a ser ativo na sua cultura comunicacional, dominando, reproduzindo e interagindo com seu leque de possibilidades: Os usuários não se contentam em se submeter à técnica. E seu papel supera aquele de escolhas elementares do tipo adquirir/não adquirir, ou utilizar bem/não utilizar [...] os novos objetos técnicos. São eles que, pelas práticas que eles vão progressivamente desenvolver e afinar, determinarão, no final das contas, a incidência efetiva das novas tecnologias sobre a transformação de suas vidas quotidianas. (MERCIER, 1984 apud LEMOS, 2013, p. 79)

Esse novo papel do cidadão comum em criar, reproduzir ou consumir conteúdo é fator determinante para a mudança de cenário da cultura e, consequentemente, da estruturação social e espacial que rege e é regido por esse novo perfil comunicacional. Essa mudança é apreendida especialmente pela nova condição da produção, do consumo e do mercado. Essas vertentes irão demonstrar a extensão dos impactos dos novos paradigmas da comunicação. Na modernidade, o elemento impresso determina um consumo individual, que passa a ser substituído por tantas outras atuações de perfil coletivo, conectado, do meio digital pós-moderno. De forma paradoxal, a rede online torna a comunicação cada vez mais enclausurada entre 4 paredes – o mundo virtual dispensa conexão real. “Trocamos o real pelo hiper-real, a verdadeira comunicação por sua simulação. Estaríamos diante de uma encefalação eletrônica, onde o real desaparece com a instituição do seu simulacro.” (LEMOS, 2013, p. 73).


Essa possibilidade de reapropriação da própria experiência na informação e sociabilidade é permitida graças aos novos media, que surgem com a revolução da microeletrônica na segunda metade da década de 1970. As tecnologias prévias são aprimoradas e novas surgem. Sua principal característica é possibilitar a comunicação “individualizada, personalizada e bidirecional, em tempo real.” (LEMOS, 2013, p. 80). Como Lemos ainda coloca, essa nova forma de atuação do ser dentro de um modelo de interface promove uma ruptura nas estruturas prévias de produção e distribuição da comunicação, afetando tanto o setor informacional (jornais, revistas, rádio) quanto o entretenimento (cinema, música) (LEMOS, 2013, p. 80). Nesse sistema, a comunicação não é mais editada por um centro, mas circula de forma aleatória e horizontal – fator determinante para a noção de poder de informação para a população, que se insere nesse momento em um sistema menos manipulado, porém, suscetível à perda de legitimação. A relação entre tecnologia e socialidade torna-se um paradoxo, onde a atuação social é cada vez mais presente de forma cada vez mais individual – expressão da cibersocialidade. A tecnologia digital contemporânea é, agora, um instrumento, uma interface, de formas de interação não antes registradas na sociedade mas que determinam e marcam a história ocidental pós-moderna. Apesar de possuir alta presença de socialidade, a cibercultura não está isenta de sociabilidade: Todo o trabalho acadêmico, empresarial, comercial ou governamental no ciberespaço caracteriza-se por relações de sociabilidades, relações contratuais, formais, institucionalizadas. A contradição e o paradoxo entre uma hiper-racionalidade instrumental e uma transcendente apropriação social da tecnologia pela rua está no coração da cibercultura. A cibercultura cria-se por uma astúcia dos usos, uma invenção do quotidiano (...) em direção à convivialidade. (LEMOS, 2013, p. 92)

Por que é tão importante compreender essa nova forma de socialidade? Como colocado por Lemos (2013, p. 84), “É a socialidade que faz sociedade, desde as sociedades primitivas (momentos efervescentes, ritualísticos ou mesmo festivos)

até as sociedades tecnologicamente avançadas.”. Essa ruptura nas formas tradicionais de se estabelecer conexões humanas, de conviver no coletivo, de criar memórias e formar grupos altera profundamente a estrutura espacial dos espaços nos quais essa nova sociedade está inserida, ressignificando a forma de produção e apropriação do construído e sua relação com a cidade. A ideia de cibercultura e cibersocialidade não exime a necessidade de criação de espaços adequados e muito menos “mata” a cidade. É preciso repensar a estrutura social em que são baseadas as noções de urbanidade, convívio e apropriação dos espaços de forma a adaptá-las à nova maneira de relação, em desenvolvimento constante, da sociabilidade. Toda a economia, a cultura, o saber, a política do século XXI vão passar (e já estão passando) por um processo de negociação, distorção, apropriação a partir da nova dimensão espaçotemporal de comunicação e informação planetárias que é o ciberespaço. (LEMOS, 2013, p. 127)

É nesse ponto em que os espaços criam novos usos e se adaptam à nova realidade, mesmo diante de um processo de desmaterialização “após dois séculos de industrialização moderna que insistiu na dominação física de energia e de matérias” (LEMOS, 2013, p. 128). O advento da cibercultura promove “territorialidades simbólicas” (LEMOS, 2013, p. 140), em que são formadas tribos compostas por pessoas distantes e diferentes, independentes de questões físicas, econômicas e religiosas. Essa dinâmica social com pouca sociabilidade é vista por alguns estudiosos como fatal para a sociedade. Paul Virilio (1993, p. 11) pontua que a dualidade de presença na cidade não é mais tão pautada em termos intra/extramuros, mas sim na lógica do esvaziamento da cidade como um todo. As longas durações históricas, como colocado pelo autor, não estão mais amarradas espacialmente ao centro da cidade mas sim ao curto tempo da comunicação instantânea. Perde-se cada vez mais o sentido político e cultural da cidade física, migrando os grandes fatos para o meio virtual. A ilusão da revolução industrial dos transportes nos enganou quanto ao aspecto ilimitado do progresso. A or-


ganização industrial do tempo compensou insensivelmente o esvaziamento dos territórios rurais. Se no século XIX a atração cidade/campo esvaziou o espaço agrário de sua substância (cultural e social), no final do século XX é a vez do espaço urbano perder sua realidade geopolítica em benefício único de sistemas instantâneos de deportação cuja intensidade tecnológica perturba incessantemente as estruturas sociais: deportação de pessoas no remanejamento da produção, deportação da atenção, do face a face humano, do contato urbano, para a interface homem/máquina. (VIRILIO, 1993, p. 12).

O “desaparecimento” da cidade em prol do meio virtual é a expressão espacial da substituição cultural do contato físico. As relações humanas passam a ter a tela como intermédio: teleconferências, telenegociações, televendas. O paradoxo contemporâneo é justamente o excesso de conexão de forma tão distante, em cidades com enormes centros de distribuição de dados e redes, redes de comunicação de alta qualidade e pouca urbanidade. Hoje é até mais provável que aquilo que persistimos em denominar URBANISMO seja composto/decomposto por estes sistemas de transferência, de trânsito e de transmissão, estas redes de transporte e transmigração cuja configuração imaterial renova a da organização cadastral, a da construção de monumentos. (VIRILIO, 1993, p. 16).

A crise da cidade também é expressa na produção arquitetônica. A expressão arquitetural na era virtual é diretamente influenciada pela dinâmica da comunicação, seja o automóvel, os meios audiovisuais ou qualquer outro: O espaço construído não o é exclusivamente pelo efeito material e concreto das estruturas construídas, da permanência de elementos e marcas arquiteturais ou urbanísticas, mas igualmente pela súbita proliferação, a incessante profusão de efeitos especiais que afetam a consciência do tempo e das distâncias, assim como a percepção do meio. (VIRILIO, 1993, p. 16).

Os novos gadgets acoplados na arquitetura e na cidade alteram a ordenação urbana intuitiva, estabelecida após décadas de intensa urbanização, especialmente após a Revolução Industrial. Todos os processos que atingem a cidade, sendo construtivos ou de degradação, contribuem para uma construção topo-

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lógica e cultural urbana. Porém, a explosão tecnológica e sua demanda por infraestrutura (voltada especialmente ao meio privado) reorganizam essa ordem estabelecida, criando uma organização territorial que é, ao mesmo tempo, invisível (pela conexão constante e em tempo real) e palpável (pelo seu indispensável embasamento material, como as redes de conexão). Esse paradoxo leva a uma crise na produção espacial, como colocado pelo autor: Esquecemo-nos rápido demais que, antes de ser um conjunto de técnicas destinadas a permitir que nos abriguemos das intempéries, a arquitetura é um instrumento de medida, um saber que, ao nos colocar no mesmo plano que o ambiente natural, é capaz de organizar o espaço e o tempo das sociedades. Ora, esta faculdade “geodésica” de definir uma unidade de tempo e espaço para as atividades entra agora em conflito direto com as capacidades estruturais dos meios de comunicação de massa. (VIRILIO, 1993, p. 16).

Esse paradoxo da nova ordem territorial altera profundamente a imagem da cidade, em que a abolição da noção de tempo e das distâncias redefinem a relação do corpo com o espaço em que essa sociedade virtualizada se insere. A apreensão do meio físico sofre efeitos de torção e distorção iconológicas cujas referências mais fundamentais desaparecem uma após as outras: referências simbólicas e históricas, com o declínio da centralidade, da axialidade urbanas; referências arquitetônicas, com a perda de significado dos equipamentos industriais, dos monumentos, mas, sobretudo, referências geométricas, com a desvalorização do antigo recorte, da antiga repartição das dimensões físicas. (VIRILIO, 1993, p. 22).

O futuro da construção do espaço pode não ser tão radical. Um dos grandes questionamentos para o futuro recai sobre a vivência urbana, quando analisa-se que a denominação comum da cidade pode estar condenada graças ao excesso de conexão e virtualização. Um grande papel para os arquitetos e urbanistas contemporâneos é compreender esses processos e produzir espaços que consigam unir o consumo tecnológico e suas dinâmicas à apreensão urbana. Ao ingressarmos plenamente na era da imagem técnica,

retornamos, de certo modo, ao tempo anterior do discurso linear, histórico. A grande arena da transformação possível – e, portanto, das poucas utopias que nos restam – encontra-se atualmente no limiar entre verbal e visual, entre material e imaterial, precisamente no campo do projeto de design e comunicação. (...) todo projeto é ao mesmo tempo solução e obstáculo, a única certeza é de um aumento da complexidade, em escalada geométrica. (FLUSSER, 2007, p. 17).



A MORTE DAS PROFISSÕES E SEUS SUBSTITUTOS O movimento de aceleração promovido pela era digital pode levar à liquidação da especialização dos assuntos. Segundo McLuhan (1964, p. 388), “Com a automação, não apenas os empregos desaparecem e os papéis complexos reaparecem.”: a era digital provoca uma ruptura no domínio da informação, em que o especialista não detém mais a exclusividade sobre a técnica. O mesmo processo de automação que provoca uma retirada da força de trabalho da indústria faz com que o próprio aprendizado se transforme na principal espécie de produção e consumo. Daí o desarrazoado do alarme em relação do desemprego. (...) Este é o novo papel dos homens na sociedade, enquanto que a velha ideia mecanística de “emprego” – tarefa fragmentada ou vaga especializada para “trabalhadores” – vai perdendo o sentido sob o regime da automação. (MCLUHAN, 1964, p. 393).

Os novos aspectos da produção, como explicitado pelo autor, também afetam as organizações sociais e de mercado. Portanto, não somente o produtor na base da cadeia de distribuição deve adaptar-se à nova realidade de maquinário, eletricidade e técnica, como também deve estender à toda sua lógica de venda a compreensão das novas dinâmicas de mercado e de perfis de consumidor. A velocidade com que esses fatores mudam no contexto digital é quase impossível de acompanhar, especialmente quando analisadas as pequenas células que compõem um grande sistema de mercado, como os trabalhadores informais e locais. Nessa menor escala, a era informacional altera os paradigmas do indivíduo na sua relação com o trabalho. Novos conhecimentos e técnicas básicas passam a ser exigidos em todos os tratos profissionais, uma das causas da aflição moderna (MCLUHAN, 1964, p. 398). Mudam as exigências sobre os tipos de organização, de talentos e diversas camadas sociais sofrem com o processo de adaptação à nova realidade trabalhista. os padrões sociais e educacionais latentes na automação

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são aqueles do auto-emprego e da autonomia artística. O temor pânico ante a automação, encarada como uma ameaça de uniformidade em escala mundial, é uma projeção no futuro do especialismo e da padronização mecânica – que agora pertencem ao passado. (MCLUHAN, 1964, p. 403).

O pânico descrito por McLuhan é explicado pela necessidade de especialização necessária para a adaptação à ferramentas mais complexas. Vilém Flusser (2007, p. 41-42) pontua a evolução do entendimento na forma de lidar com o objeto de trabalho: para o homem primitivo, as informações palpáveis com suas mãos são suficientes para sua atuação. No ramo artesanal, as ferramentas empregadas eram aprendidas de forma empírica, diferentemente das máquinas. Para lidar com elas é necessário além da experiência empírica, também um embasamento teórico, fundado sob um contexto social de escolaridade obrigatória. Mas na era eletrônica o aprendizado é mais abstrato, necessitando de todas as experiências descritas acima mais um processo que envolve a decodificação de códigos comunicacionais novos, ligados à processos mentais e imaginativos. Portanto, este ensino é pouco acessível. Assim, A rede telemática que conecta os homens com os aparelhos e o consequente desaparecimento da fábrica (para ser mais preciso: o consequente processo de desmaterialização da fábrica) pressupõem que todos os homens devam ser competentes o suficiente para isso. Mas não se pode confiar nessa pressuposição.

O autor André Lemos (2013, p. 107) explicita como as relações trabalhistas foram alteradas com esses avanços da informática. Na chamada “primeira informática”, os cargos relacionados à análise de dados são ocupados por profissionais inseridos no contexto da programação matemática. No advento dos minicomputadores, a “segunda informática”, esse mesmo profissional torna-se especializado na própria informática. Já no terceiro momento, da microinformática, o usuário não é mais, ou não precisa necessariamente ser, um profissional, um especialista, um analista de sistemas ou programador. Passamos do reino do especialista, figura típica e marcante da modernidade, ao reino do amador, tipi-

camente pós-moderno.

O conhecimento empírico e palpável descrito por Flusser previamente perde-se nesse mundo de “amadores” com excesso de acesso à informação, que retroalimentam esse sistema de comunicação. Assim, os trabalhos braçais e “mundanos” perdem espaço para o conhecimento abstrato e múltiplo: (...) uma parcela cada vez maior da sociedade ocupa-se com a produção de informações, “serviços”, administração, sistemas, e menos pessoas se dedicam à produção das coisas. A classe trabalhadora, ou seja, os produtores de coisas, está se tornando minoria, enquanto os funcionários e os (...) produtores de não-coisas, tornam-se maioria. (FLUSSER, 2007, p. 55).

Nesse contexto, “a especialização já não se limita a uma única especialidade.” (MCLUHAN, 1964, p. 399) e, cada vez mais, o bem de consumo mais importante é a própria informação (MCLUHAN, 1964, p. 234). Tudo o que era antes conseguido mecanicamente, por meio de grande empenho e coordenação, agora é obtido eletricamente sem maiores esforços. Daí o espectro do desemprego e da ausência de propriedade na era da eletricidade. A riqueza e o trabalho se tornam fatores informacionais e estruturas totalmente novas se tornam necessárias para dirigir um negócio e relacioná-lo aos mercados e às necessidades sociais. (MCLUHAN, 1964, p. 400-401).

Diante de uma alteração na divulgação, armazenamento e filtragem da informação, a era digital “não obriga apenas a indústria e os urbanistas a se relacionarem com os fatos sociais – mas também o governo e mesmo a educação.” (MCLUHAN, 1964, p. 396). A democratização do conhecimento transforma o envolvimento da população em questões societárias, em que há um desenvolvimento da percepção do papel do cidadão e sua atuação na vida pública. Vem daí uma maior insatisfação com os bens, paisagens, educação e os modos de vida, que sofriam padronização local graças à filtragem da técnica pelos “especialistas”. “Com a eletricidade, energética e sincronizadora, todos os aspectos da produção, do consumo e da organização estão sujeitos à comunicação.” (MCLUHAN, 1964, p. 397). Dessa forma, é possível compreender o gap existente entre as


possibilidades oferecidas pelo avanço tecnológico e a sua presença de fato no cotidiano. Graças ao computador, podemos agora abordar necessidades sociais complexas com a mesma certeza arquitetônica anteriormente conseguida para a habitação particular. A indústria, como um todo, tornou-se uma unidade de cálculo, o mesmo se dando com a sociedade, a política e a educação consideradas como globalidade. (MCLUHAN, 1964, p. 402).

Estendendo essa análise para o contexto das mudanças de hábitos populacionais causados pela microinformática, compreende-se o processo de consumo de informação totalmente diferente do momento do auge da imprensa jornalística. O acesso mais lento à informação provocava uma edição por um centro distribuidor, como visto anteriormente. Na escala do vendedor local brasileiro (longe do surto do microempreendedorismo individual atual), esse centro editor acabava por tornar-se si próprio. A banca de jornal, em seu catálogo limitado, determinava quais fontes de informação seriam acessíveis à população. O interesse em fazer a notícia circular era uma via de mão-dupla: o jornaleiro precisa vender para seu sustento e o jornal necessitava do jornaleiro para se fazer conhecido. Assim, sua visibilidade gerava lucro dos anúncios. Atualmente, o jornal segue muito próximo do consumidor pois o marketing ainda se sustenta sob o mesmo princípio. Porém, o intermediário da relação consumidor e grandes empresas - o jornaleiro - não é mais necessário para a consumação da conversa. A leitura, as notícias ainda são um dos principais veículos de comunicação na era da microinformática e da cibercultura. Porém, a virtualização desse processo permite uma oferta irresistível ao homem conectado: a conexão imediata, em tempo real. No caso do livro, o leitor deve buscar a referência, procurar numa biblioteca, achar a correlação procurada. No ciberespaço passamos de referências em referências, de servidor em servidor, de país em país com um simples click do mouse, sem saber onde começa e onde termina o processo. Como afirmava McLuhan, Gutenberg nos fez leitores, a máquina Xerox nos fez editores e a eletrônica e os computadores em rede nos fazem autores. (LEMOS, 2013, p. 123).

Além da morte da profissão do jornaleiro, altera-se também o espaço e o sistema de organização urbana. A vivência da cidade, antes promovida pela busca física e corpórea pela notícia, agora transforma o consumidor em navegante virtual Nesse sentido, podemos aproximar a flânerie pelo espaço urbano da navegação hipertextual. A prática do cibernatura é muito próxima da flânerie descrita por Baudelaire no século XIX. Trata-se, em ambos os processos, de um rearranjo do espaço através de um modelo de conexão generalizada, descentralizada e cujo ponto de partida é constantemente deslocado e atualizado através de uma atividade de errância. (LEMOS, 2013, p. 123).

Na ausência de marcas simbólicas do espaço urbano provocadas pelos flâneurs (LEMOS, 2013, p. 125), visualiza-se cada vez mais o não-lugar do ciberespaço, em que a “aterritorialidade, imaterialidade, instantaneidade e interatividade, circunscreve a analogia entre as metrópoles concretas e as mega cidades de bits.” (LEMOS, 2013, p. 126). O novo homem diverso e conectado não se atém mais a elementos meramente terrestres, mas sabe expandir seu corpo físico para acessar um novo mundo além. Para esse homem, a vida deixou de ser um drama e passou a ser um espetáculo. Não se trata mais de ações, e sim de sensações. O novo homem não quer ter ou fazer, ele quer vivenciar. Ele deseja experimentar, conhecer e, sobretudo, desfrutar. (...) E mesmo assim continua sendo um homem: vai morrer e sabe disso. (FLUSSER, 2007, p. 58).


MODULAÇÃO, FLEXIBILIDADE E ESPAÇOS MÍNIMOS A modulação e padronização de elementos construtivos ou o objeto por completo é fundamentada na era industrial, reflexo da busca por ambientes de estabilidade (NARDELLI, 2007, p. 30). A criação de áreas mínimas também é reflexo dessa necessidade de repetição e reprodução, definindo sequências de movimentos e espaços mínimos para completa realização das atividades, datando movimentos de rotina a planos sequenciais e contíguos. (FOLZ, 2005, p. 103). A industrialização da construção possui dois processos: o primeiro é a industrialização da unidade como um todo e o segundo se dá através da industrialização das partes. Esse último, defendido pela linhagem modernista, permite variabilidade e escolha individual, evitando a repetição maciça (FOLZ, 2005, p. 97). Apesar de muito criticada, a excessiva modulação ensinou ao processo construtivo a necessidade da união entre as partes de forma inteligente, seguindo uma lógica desde os primeiros traços até a completa implantação do objeto. Quando alinhados, esses processos são capazes de fundir arte, ciência e negócios, formando uma unidadesímbolo. Na era digital, a modulação tem sido substituída “pela capacidade das novas tecnologias de proporem alternativas significativas ao processo criativo” (NARDELLI, 2007, p. 31). Esse novo paradigma incentiva a criação de elementos dinâmicos, diversos e que quebram com os elementos de um formalismo rígido. Busca-se, neste trabalho, unir a capacidade reprodutiva em série modernista com a inventividade da arquitetura na era digital, formando espaços com elementos de identidade e adaptabilidade, flexíveis e sólidos, de forma a atender a necessidade de padronização de um elemento urbano, em grandes quantidades, com a novidade dinâmica que reacenderá o espaço das bancas de jornal.

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ESTUDOS DE CASO


CASAS CÁPSULA THE PLUG-IN CITY Nome: Casas Cápsula Autor: Peter Cook, Archigram Ano: 1964 Desenvolvida concomitantemente à Plug-in City, o grupo inglês Archigram propôs as casas-cápsula, idealizadas para serem acopladas em megaestruturas componentes da cidade proposta pelo grupo. O sistema Clip-on fornece sustentação e circulação para as cápsulas anexadas à megaestrutura. A célula era um espaço mínimo autossuficiente de habitação pensado sob o preceito da ergonometria, de forma a otimizar o espaço de maneira confortável. As cápsulas eram “destacáveis” da estrutura principal, podendo ser levadas com seus proprietários ou substituídas por outras – uma arquitetura descartável defendida pelo Archigram.

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DIOGENE MICROHOME Nome: Diogene Micro Home Localização: Weil am Rhein (Vitra Campus), Alemanha Autor: Renzo Piano Cliente: Vitra Tamanho: L2,5xA2xP3m Ano: 2009-2013 Com um protótipo pré-fabricado na Itália, Renzo Piano propôs uma habitação mínima, composta em seu interior por um ambiente único dispondo de sofá-cama, cadeira, mesa retrátil, cozinha e banheiro. Locado no Vitra Campus, local com infraestrutura prévia para instalação da micro-casa (em livre tradução), o módulo se estrutura em uma envoltura de alumínio rebitado, com seu interior em painéis de madeira e aberturas em vidro de tripla laminação, telhado inclinado e, para abastecimento autônomo, placas fotovoltaicas, painéis solares, tanque de armazenamento de água da chuva para reuso, banheiro seco (bio-toilet) e ventilação natural. A micro-casa não se classifica como um abrigo emergencial mas sim como um lugar de fuga voluntária.

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CONCURSO BANCA NOVA Em 2012, a Editora Abril S.A. realizou o Concurso Banca Nova, em parceria com a prefeitura de São Paulo, para a definição do novo padrão das bancas de jornais e revistas do Largo do Batata. O critério principal do concurso era possuir um espaço diferenciado para expor produtos editoriais e o projeto também deveria causar o menor impacto à paisagem urbana, utilizar materiais de alta durabilidade e baixa agressão ao meio ambiente, atender a diretrizes de conforto térmico e acústico, segurança e fácil manuseio. O orçamento para produção e implantação para cada unidade deveria ser de, no máximo, R$50.000. Foram selecionados alguns projetos finalistas para análise:

1º lugar Autor: Girao Studio | Salvador Utilizando aço corten, foi criada uma estrutura pré-fabricada, de forma a economizar no tempo e custo da produção. São adotados dois módulos que armazenam todo o acervo da banca em suportes metálicos. A linguagem da banca associa-se aos pórticos dos centros urbanos que representam marcos visuais na paisagem.

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Finalista Autor: 24.7 Arquitetura | Campinas Tamanho: 5x2m O esqueleto metálico de pilares e vigas, facilmente montado e desmontado, é revestido externamente com vidro e internamente com alumínio composto. O isolamento termoacústico é feito com lã de PET e, para proteção solar, a porta principal, de abertura basculante, forma um beiral. O piso é suspenso, evitando troca de calor com o solo e na cobertura foi proposto um jardim.

Finalista Autor: Gustavo Penna Arquiteto e Associados | Belo Horizonte Tamanho: 5x2m A idéia principal do módulo é não obstruir o espaço urbano, criando uma forma que marca esquinas e contribuindo para os encontros fortuitos. A armadura externa é produzida em concreto pré-moldado e no interior foram inseridas placas Ecopak, material resultado da reciclagem de embalagens Tetrapak e tubos de pasta dental. O fechamento se dá por 10 painéis em estrutura metálica.

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QUISQUE K67 Nome: Quiosque K67 Localização: Eslovênia Autor: Saša J. Mächtig Tamanho: 6,25m2 (2,5m em todas as direções) Ano: 1969-1999 O designer Mächtig nascido na Liubliana em 1941 começou sua carreira durante o final da fase de industrialização e produção em massa do modernismo. Sua formação possuía como máxima a diretriz de “menores consumíveis para soluções espaciais regionais”. Assim, quando soube da procura dos urbanistas da Liubliana por quiosques para substituir as estruturas prévias da região, tratadas como pequenas casas, o designer propôs um elemento utilizando novos materiais e inserindo-os na lógica da produção em massa. A estrutura modular em fibra de vidro se organiza em cinco elementos principais de suporte de carga. Em forma de cruz, com cobertura e piso “independentes” e quatro pilares de canto, o quiosque é desmontável e suas faces abrigam as portas, as janelas convexas ou somente planos cegos. Em seu interior, organiza-se o espaço com elementos de design desenhados para o objeto, além de elementos de apoio e instalações. Com o desenho da estrutura, as combinações e possibilidades de expansão são infinitas – um jogo de frequência e imprevisibilidade.

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QUISQUE K67 Nome: Casa desmontável Autor: Jean Prouvé Cliente: Tamanho: 6x6m / 8x8m / 8x12m (Casa Metrópole) Ano: década de 1930 O projeto da casa desmontável surgiu diante a necessidade de construção de abrigos para a população francesa após a Segunda Guerra Mundial. Toda a estrutura em vigas do piso e do telhado se dá em um sistema de chapas dobradas, em um módulo de 8 metros quadrados, definido pela capacidade da prensa de dobras da oficina – lâminas de aço de 4 metros. A estrutura principal de sustentação da casa é um “pórtico axial”, elemento patenteado pelo arquiteto. Os painéis modulares de madeira com estrutura em aço fazem a envoltura da casa, que ainda conta com uma esquadria piso-teto para promover iluminação. O piso, apoiado sobre as vigas inferiores, também é em madeira. O ambiente único não conta com infraestrutura hidrossanitária ou elétrica.

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VAC-LIBRARY

ARTINN

WAKE SPACE UP!

Nome: Vac-Library Localização: Duong Noi, Vietnã Autor: Farming Architects Tamanho: 55m2 Ano: 2018

Nome: Artinn Localização: Shenzen, China Autor: Zelin Huang, Aether Architects Ano: 2017

Nome: Wake Space Up! Urban Eco-balcony Localização: Lang Ha, Vietnã Autor: Farming Architects Tamanho: 35m2 Ano: 2017

Através de molduras de madeira, o grupo de arquitetos criou um sistema flexível e adaptável de suporte a um equipamento urbano de contato e uso de recursos naturais. O projeto inclui a utilização de hidroponia e aquicultura, juntamente a um aquário.

O projeto transformou uma velha vila em um hostel, incluindo um café, galeria de arte, bar de livros, e uma cobertura acessível, além dos quartos de acomodação. Com o objetivo de atrair turistas e locais, além da necessidade de reforço estrutural na edificação pré-existente, o projeto adotou o partido como determinante de todas essas condicionantes.

Para o projeto do próprio escritório, o Farming Architects renovou uma varanda típica da cidade para sua ocupação, pouco usada por causa da poluição, ruído e insegurança. O sistema de vigas permite o uso das áreas interna e externa, além de criar um microclima para o espaço.

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O OBJETO


O PLANO DE BRASÍLIA Um dos pontos mais importantes para a preservação da cidade modernista é compreender o respeito necessário nas escalas urbanísticas. Além de termo técnico que remete à adaptação do desenho à tamanhos palpáveis, no caso de Brasília as escalas definidas por Lúcio Costa podem ser entendidas como “referência para a relação entre a forma de determinado espaço e sua função e mesmo sua simbologia” (IPHAN, 2015, p. 26). As bancas de jornal não são citadas especificamente no planejamento das Unidades de Vizinhança. Há previsão de pequenos equipamentos públicos comunitários de um pavimento que serviriam como ponto de encontro para os moradores, “promovendo uma socialização a partir dessa relação de vizinhança e resgatando, em parte, a articulação natural que se observa em bairros de cidades tradicionais.” (IPHAN, 2015, p. 57). Mesmo sendo um equipamento espontâneo na história de Brasília, as bancas de jornal possuem papel decisivo na apropriação do espaço público pelos cidadãos, conferindo dinâmica às quadras e influenciando nas relações sociais ali construídas.


A HISTÓRIA DAS BANCAS Diante do cenário de industrialização da Inglaterra, quando no século XIX a mecanização promove a atividade do mercado editorial, os jornais começam a jornada de se tornar o principal veículo de informação moderno. Toda a rede urbana que se acelerava com a Revolução Industrial aliada à prensa a vapor impulsionam a distribuição de notícias, e os jornais populares passam a ser alvo de investimentos por políticos e interessados no lucro do mercado e a capacidade de influência que o segmento possuía. Para distribuição local eram contratadas crianças, que ficavam nas esquinas das ruas gritando as manchetes e atraindo compradores. Com o aumento das tiragens, as companhias passaram a implantar métodos mais eficientes de distribuição, expandindo as redes de alcance (FREITAS, 2013). Nesse contexto surgem as bancas de jornal, implantadas em pontos estratégicos das cidades. Com diversidade de produtos maior, elas viraram o principal ponto de convergência e distribuição dos jornais, oferecendo também revistas, gibis, guias, mapas, cartões portais, figurinhas e outros (FREITAS, 2013). No Brasil, houve controle de divulgação pelo Governo de qualquer elemento tipográfico até 1821. Mas, devido ao grande número de analfabetos, é somente a partir de 1859 que se inicia, no Rio de Janeiro, a circulação de um jornal impresso no país. Para adquirir o jornal A Actualidade: Jornal Político, Litterário e Noticiosos, o leitor deveria ou se dirigir até a redação ou comprar com escravos que anunciavam pelas ruas as notícias do dia (FREITAS, 2013). Alguns títulos que começam a circular mais tarde ensaiam pontos fixos de venda, mas é com a chegada do imigrante italiano Carmine Labanca, um gazeteiro, que as bancas dão seus primeiros passos no Brasil. Labanca passa a expor os jornais que vendia em uma tábua apoiada sobre caixotes de frutas, cansado de carregar o peso pelas ruas do Largo do Machado, no Rio de Janeiro. Sua bancada conseguia acomodar mais exemplares e assim, ganhava mais dinheiro. Com ponto fixado na calçada de 1880 a 1890, criou-se o hábito entre os compradores de irem “no Labanca”, dando o nome do tipo hoje tão conhecido nas cidades brasilei-

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ras (FREITAS, 2013). Com o tempo, os pontos fixos passam a melhorar suas estruturas, datando de 1910 bancas construídas em madeira. No ano seguinte, os jornaleiros, então classificados como ambulantes pelo governo, passaram a ser regulamentados pelo Decreto nº 1.356, de novembro de 1911, que estabelecia impostos e mecanismos de controle para conter o crescimento desordenado dessa atividade no espaço público (FREITAS, 2013).

projeto, alterando a área dos sanitários para também atender aos estabelecimentos de forma privativa.

As bancas das quadras residenciais do Plano Piloto possuem padronização estabelecida por lei distrital, como será abordado à frente. Porém, em 2003, a empresa Paulo Octávio Empreendimentos Imobiliários LTDA, responsável pela construção das projeções previstas para a quadra SQN 311, incluiu também a construção da sede da administração da quadra eBrasília, a banca de- Google jornais 11/05/2019 Distrito Federal Maps No ano de 1954 é criado um e revistas, cujos projetos foram elaBrasília, Distrito Federal decreto que reconhece as bancas borados pelo GDF (ARAÚJO, 2010, p. como um estabelecimento comer101). O modelo construído da banca cial, passando, então, a funcionar em difere-se dos outros exemplares enestruturas de metal. Em 1963, com o contrados no Plano Piloto. início da circulação de revistas, entra em vigor a Lei nº 6.229/63, padronizando os tamanhos das bancas em São Paulo (FREITAS, 2013). Um dos primeiros registros de elementos urbanos similares às bancas de jornal, em Brasília, é um quiosque de venda de lanches instalado na via W3 Sul. A foto, que data de 21 de abril de 1960, revela uma tipologia tradicional que já havia chegado à cidade. A padronização desse tipo Google de atividade emStreetBrasília View - jan 2017 pode ser datada a partir de 1964, ano em que o arquiteto Nauro Jorge Esteves dehttps://www.google.com/maps/@-15.7540032,-47.8909918,3a,75y,345.18h,85.13t/data=!3m6!1e1!3m4!1s6NntEP2L5Ck0QtC1mnUUWA!2e0!7i13312!8i6656?hl=pt-PT senvolveu um modelo de banca de jornais e revistas para a via W3 Sul. Além da área da banca, o projeto ainda contava com um espaço destinado à prestação de outros serviços e um sanitário público (ARAÚJO, 2010, p. 51). Esse modelo foi instalado nos entreblocos da SCRS e alguns permanecem até hoje. O Governo Imagem – Espaço destinado à banca de jornais e revistas na SQN 311. Acima, imagem retirada do Google do Distrito Federal – GDF reviu esse Maps (2017) e, abaixo, foto da autora (2019).

Fotografia - Quiosque na via W3 Sul Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal

Captura de imagem: jan 2017

©2


Desenho – acima, projeto de 1964 de Nauro Esteves para as bancas da via W3 Sul e abaixo, revisão realizada por equipe do GDF em 2003. Fonte: Araújo (2010)

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11/05/2019

Brasília, Distrito Federal

Google

A legislação distrital vigente que estabelece o projeto padrão para as bancas de jornais e revistas na Região Administrativa do Plano Piloto foi aprovada em 2006. Segundo Araújo (2010, p. 107), somente uma concessão de uso foi expedida com base nesse projeto até a data da publicação da sua tese. A banca em questão localiza-se no Setor Comercial Norte, quadra 4. Mesmo com a permissão de construção, a banca Brasília, Distrito - Google Maps nãoFederal adotou por completo o projeto do GDF, fazendo alterações na cobertura da banca.

Imagem – Espaço destinado à banca de jornais e revistas no SCN Qd. 4 Fonte: Google Maps (2016)

Captura da imagem: out 2016

© 2019 Google

Street View - out 2016

A estrutura das bancas de jornal já conta com empresas especializadas, como a Banca Forte, que se autodenomina “fábrica de bancas de jornais”. Produzindo a tipologia em aço galvanizado, a empresa conta com catálogo de modelos adaptados à legislação de diversas cidades e várias outras opções. A banca ainda conta com diversos aparatos de segurança e possibilidade de flexibilização do espaço interno.

https://www.google.com/maps/@-15.7868222,-47.8863801,3a,38.2y,163.45h,87.64t/data=!3m7!1e1!3m5!1sHlMZ7oz0NkTTn9SyCpgSFw!2e0!6s%2F%2Fgeo3.ggpht.com%2Fcbk%3Fpanoid%3DHlMZ7oz0NkTTn9S…

Imagem – Modelo industrial em aço inox Metrópole Super Luxo Fonte: Banca Forte (2019). Disponível em < https://www.bancaforte.com.br/produtos/bancas/banca-metropole-super-luxo>

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O PLANO DE BRASÍLIA As bancas de jornais e revistas inscritas no recorte deste trabalho – as superquadras do Plano Piloto – possuem diversas regulamentações estabelecidas em lei, que tratam tanto sobre aspectos gerais da Região Administrativa do Plano Piloto quanto as normatizações e permissões específicas da construção e atividade das bancas de jornais e revistas. Para o desenvolvimento deste trabalho foram pesquisadas todas as leis relacionadas ao tema, de modo a embasar o processo projetual e a reflexão sobre a necessidade de atualização legal do novo módulo de venda a ser proposto. O quadro a seguir elenca a legislação do objeto:

Assunto Código de Edificações Plano Diretor de Publicidade

Ocupação de área pública por quiosque e trailer

Ocupação de área pública para instalação de bancas de jornais e revistas

Alguns pontos estabelecidos nas leis relacionadas acima serão de maior importância para nortear o projeto do novo módulo de venda, incluindo regulamentações que se pretende contestar como parte da nova proposta para essa categoria. Essas alterações são importantes para a adequação do elemento à nova realidade social de declínio e degradação das bancas de jornais e revistas causados pela queda no consumo de informação impressa, como já discutido neste trabalho. Na Lei Distrital nº 324/1992 fica estabelecido que as áreas previstas para as bancas de jornais e revistas serão indicadas de acordo com o projeto de urbanização do Distrito Federal. Esse projeto guiará as decisões de locação dos novos módulos, mantendo os locais de maior interesse para o comerciante e para a padronização e preservação do conjunto urbanístico de Brasília. A mesma lei citada acima ainda determina as atividades permitidas dentro do espaço da banca

além da venda de jornais e revistas, tais como: venda de similares de jornais e revistas, selos postais, fichas para telefones, bilhetes de apostas (da Loterias Federal) e prognósticos ou equivalentes (inclusive com a instalação de máquinas apropriadas para essa finalidade), serviços de recebimento e entrega de trabalhos fotográficos, reprodução xerográfica (inclusive com instalação de equipamento próprio) e a venda de cigarros, refrigerantes, salgados, sucos naturais, sorvetes, balas, bombons, artigos de papelaria de pequeno porte, pequenos brinquedos e presentes, artesanato, brindes, artigos para festas infantis e natalinas, artigos de armarinho, filmes fotográficos e fitas magnéticas para vídeo e gravador. Todos esses serviços e artigos não devem ocupar mais que um terço do espaço da área total da banca, que deve ter máximo de 30m2 (incluída a área anexa). É permitido, ainda, a venda de jornais e revistas por menores ambulantes devidamente legalizados na área de domínio da banca, sendo obrigatório o uso de identificação.

Legislação

Dispõe sobre

Lei nº 6.138 de 26/04/2018

Institui o Código de Obras e Edificações do Distrito Federal - COE

Decreto nº 39.272 de 02/08/2018

Regulamenta a Lei nº 6.138, de 26 de abril de 2018, que dispõe sobre o Código de Edificações do Distrito Federal - COE/DF, e dá outras providências

Lei nº 3.035 de 18/07/2002

Plano Diretor de Publicidade

Decreto nº 28.134 de 12/07/2007

Regulamenta a Lei nº 3.035

Lei nº 4.257, de 02/12/2008

Estabelece critérios de utilização de áreas públicas do Distrito Federal por mobiliários urbanos do tipo quiosque e trailer para o exercício de atividades econômicas e dá outras providências

Decreto 38.594 de 01/11/2017

Regulamenta a Lei nº 4.257, de 2 de dezembro de 2008, que estabelece critérios de utilização de áreas públicas do Distrito Federal por mobiliários urbanos do tipo quiosque e trailer para o exercício de atividades econômicas e dá outras providências.

Portaria 110 de 11/12/2009

Aprova o Plano de Ocupação dos Quiosques e Trailers do Setor Comercial Sul da Região Administrativa do Plano Piloto – RA 1

Lei nº 324 de 30/09/1992

Institui o serviço de Bancas de Jornais e Revistas

Decreto nº 16.071 de 22/11/1994

Regulamenta a Lei n° 324, de 30 de setembro de 1992

Lei 1.397 de 07/03/1997

Autoriza o Poder Executivo a promover a alienação de bens imóveis de propriedade do Distrito Federal destinados a bancas de jornal e revistas, e dá outras providências

Decreto 19.883 de 10/12/1998

Dispõe sobre normas de comercialização de salgados e sucos naturais em bancas de jornal, nos termos do art. 18, inciso IV, da Lei n° 324, 31 de 30 de setembro de 1992, e dá outras providências

Decreto 20.092 de 12/03/1999

Autoriza os Administradores Regionais a firmarem os termos de renovação e transferência da Permissão de Uso, com os atuais ocupantes de Bancas deJornais e Revistas e Áreas Anexas

Decreto 21.382 de 02/07/2000

Altera os anexos I e II do Decreto 20.092, de 12/03/1999

Lei 2.777 de 01/10/2001

Dispõe sobre as atividades desenvolvidas em bancas de jornais e revistas no âmbito do Distrito Federal

Decreto 27.157 de 31/08/2006

Aprova o Projeto de Urbanismo que estabelece normas para bancas de jornais e revistas, nas Regiões Administrativas Plano Piloto – RA I, do Cruzeiro – RA XI, da Candangolândia – RA XIX e do Sudoeste/Octogonal – RA XXII, consubstanciado nas Normas de Edificação, Uso e Gabarito - NGB 59/2003, no Memorial Descritivo – MDE 59/2003, e no Projeto de Paisagismo PSG 59/2003

Lei nº 4.534 de 12/01/2011

Regulamenta os procedimentos para renovação da concessão e permissão de bancas de jornais e revistas e área anexa e dá outras providências

Lei nº 13.311 de 11/07/2016

Institui normas gerais para a ocupação e utilização de área pública urbana por equipamentos urbanos do tipo quiosque, trailer, feira e banca de venda de jornais e de revistas

Elaboração de Projeto de Mobiliário Urbano

Decreto 22.939 de 08/05/2002

Delega competência às Administrações Regionais para elaboração e aprovação de projetos de urbanismo

Patrimônio, Preservação e Tombamento

Portaria nº 314 de 08/10/1992

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Esses itens serão alvo de revisão no presente trabalho, que pretende expandir as áreas de atuação, atualizando o papel da banca e legalizando todas que já exercem outras atividades que não previstas pela Lei nº 324/1992. A Lei Distrital nº 4.534/2011 proíbe expressamente a utilização da banca de jornais e revistas como residência. Este item não possui inclinação a revisão neste trabalho, de modo a preservar as escalas do conjunto urbanístico de Brasília. Apesar de existirem leis e decretos específicos sobre as bancas de jornais e revistas, considerou-se importante citar a Lei Distrital nº 4.257/2008, que regula as áreas públicas ocupadas por quiosques e trailers para atividades de comércio. Fica estabelecido que os quiosques deverão obedecer ao projeto-padrão de arquitetura elaborado pelo Poder Executivo, cujos critérios mínimos são área máxima de 15m2 de projeção da cobertura no solo, incluindo área de manipulação de alimentos, banheiros e área de consumo na Região Administrativa do Plano Piloto. A altura máxima permitida do quiosque é de 3,80m, incluindo a cumeeira e a caixa d’água não aparente. A altura máxima permitida por essa lei é condizente com a Portaria nº 314/1992 do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. A portaria prevê e permite pequenas edificações de uso comunitário de um pavimento na escala residencial do Plano Piloto. Além da lei nº 4.257/2008, acima descrita, a Portaria nº110/2009 estabelece o Plano de Ocupação dos quiosques e trailers do Setor Comercial Sul da Região Administrativa de Brasília. Foram definidos os locais para instalação e o tipo de atividade que devem exercer, como sorveteria, lanchonete e comércio varejista de frutas (ARAÚJO, 2010, p. 122). A área reservada para os elementos é de 15m2 e o projeto aprovado possibilita a versão com ou sem sanitário, como apresentado a seguir: Além do projeto de padronização dos quiosques do SCS, o GDF elaborou a normatização para as bancas de jornais e revistas inseridas dentro da poligonal do Conjunto Urbanístico de Brasília através do Decreto nº 27.157/2006. Nele são reguladas as Normas de Uso e Gabarito – NGB 59/2003, o Projeto de Paisagismo – PSG 59/2003 e o Memorial

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Desenho – projeto padrão de quiosque para o SCS. Versão sem sanitário Fonte: Araújo (2010)

Descritivo – MDE 59/2003. Na NGB 59/2003 ficam estabelecidos dois tipos distintos de bancas: o tipo A engloba todas das Regiões Administrativas da área tombada e o tipo B são as bancas situadas no Comércio Residencial Sul – CRS, na via W3 Sul (ARAÚJO, 2010, p. 127). Para as bancas tipo A são permitidas as seguintes atividades: venda de similares de jornais e revistas, venda de refrigerantes, sucos, sorvetes, balas, bombons, doces e salgados (desde que não haja preparo de alimentos no local), venda de cigarros, filmes fotográficos, fitas magnéticas, selos postais e fichas para telefones, reprodução xerográfica (inclusive com instalação de equipamentos próprios) e, com restrição das bancas localizadas nas

superquadras, também a venda de bilhetes e apostas da Loteria Federal e prognósticos ou equivalentes (inclusive com instalação de equipamentos próprios) e recebimento e autenticação de títulos (inclusive com instalação de equipamentos próprios). É proibido a comercialização e o consumo de bebidas alcoólicas, a ocupação da área de entorno da banca com mesas e cadeiras e a colocação de toldo em qualquer uma das fachadas. Todas essas atividades não devem ocupar espaço maior que um terço da área total da banca e não podem possuir acesso independente (ARAÚJO, 2010, p. 128). As bancas tipo B possuem dois espaços: área para banca de revistas e área para prestação de serviços com acesso independente. Para o espaço da banca podem ser realizadas todas as atividades descritas


Por fim, no Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília – PPCUB, regulado pelo Projeto de Lei Complementar – PLC 78/2013, que está em fase de revisão e tramitação, são citadas diversas vezes diretrizes de colocação de mobiliários urbanos e pequenas edificações de uso comunitário de um pavimento nas superquadras. A principal preocupação do Plano é assegurar a preservação da paisagem urbana, das escalas e o ordenamento do espaço público. As bancas de jornais e revistas são citadas como elementos de urbanização que asseguram “a qualidade, a preservação e o ordenamento dos espaços públicos, o resguardo da estética da paisagem urbana e a sustentabilidade da escala bucólica” (DF, PLC 78/2013).

Desenho – projeto padrão de quiosque para o SCS. Versão com sanitário Fonte: Araújo (2010)

acima para as bancas do tipo A. A área com acesso independente pode oferecer um dos seguintes serviços: costura, carimbos/placas, chaveiro/ amolador, eletricista, encanador, engraxataria, relojoeiro/ gravador, restaurador de objetos de arte de pequeno porte, sapateiro e conserto de aparelhos elétricos e eletrônicos de pequeno porte (ARAÚJO, 2010, p. 128). As bancas descritas por esse Decreto deverão possuir sanitário público. Para as bancas do tipo B, os sanitários públicos obrigatoriamente devem atender pessoas com deficiência, seguindo as normas dispostas no Código de Obras e demais leis. O sanitário interno à banca do tipo B não deve atender essa exigência. Os sanitários das bancas do tipo A devem ser passíveis de adaptação (ARAÚJO, 2010, p. 129).

O espaço físico das bancas tipo A possui uma opção de planta retangular e outra quadrada, podendo ser expandido até 30m2. Para os dois grupos, A e B, a altura máxima deve ser de 3,50m, incluídas platibanda e caixa d’água. A área destinada à identificação do estabelecimento e patrocinador pode ocupar, no máximo, 25% da área de cada fachada (ARAÚJO, 2010, p. 129).

O documento ainda reforça a obrigatoriedade de projeto-padrão estabelecido pelo MDE 59/2003 e a NGB 59/2003. As bancas de jornais e revistas localizadas nos entreblocos do SCRS “podem ser objeto de modificação”, inseridos no Projeto de Revitalização da Avenida W3, também proposto no PPCUB. Algumas das ações do programa incluem “qualificação dos entreblocos da W3 Sul, com renovação do mobiliário urbano e ampliação do leque de atividades”, “deslocar, redimensionar e padronizar as edificações atuais com sua relocação, de modo a ampliar as passagens laterais e permitir a colocação de mobiliário urbano que estimule a permanência no local” e, ainda, ampliar o leque de atividades, possibilitando a instalação de comércio e prestação de serviços de reparação e manutenção de objetos e equipamentos pessoais e domésticos, comércio varejista de produtos alimentícios em geral e produtos do fumo, comércio varejista de livros, jornais, revistas e papelaria (DF, PLC 78/2013).

O projeto das bancas tipo B é uma revisão do original de Nauro Esteves, com alterações significativas na área do sanitário.

O autor Viktor Chagas, em pesquisa junto ao Sindicato de Vendedores de Jornais e Revistas de São Paulo – Sindjor-SP, coloca que a principal dificuldade na atuação das bancas de jornal é a legislação datada:

A Lei nº 2.777/2001 contradiz o Decreto 27.157/2006 no que diz respeito à venda de bebidas alcoólicas, permitindo a comercialização e consumo. As normas também se confrontam na área máxima, sendo, para a Lei, 40m2.

a desatualização das regulações municipais, que dificultam novas concessões quando mencionam a permissão para a venda de itens como fichas de telefone, fitas VHS e vales-transporte, mas não comentam explicitamente a comercialização de cartões

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telefônicos, DVDs e cartões de bilhete único, tornando o alcance da fiscalização invariavelmente arbitrário (CHAGAS, 2013, p. 225).

Mais que propor um novo espaço físico para esse segmento, é necessário questionar os impedimentos aos quais são submetidos, de forma a criar, de fato, a banca de jornal na Brasília digital.

Figura – projeto padrão de quiosque para o SCS. Lista de especificações Fonte: Araújo (2010)

Desenho – projeto padrão da banca tipo A. Fonte: Araújo (2010)

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Desenho – projeto padrão de quiosque para o SCS. Versão com sanitário Fonte: Araújo (2010)


Desenho - projeto padrão da banca tipo B Fonte: Araújo (2010)

Figura – quadro de especificações. Fonte: Araújo (2010)


ATUALIDADE A necessidade de revisão do amparo legal das bancas de jornais e revistas é reforçada quando analisados os dados divulgados nos últimos anos acerca da circulação desse material. Muitas reportagens divulgam a mudança de perfil de consumo especialmente por volta de 2009, levando à gradual migração das bancas para pontos de conveniência. Segundo reportagem realizada pelo jornal Metrópoles em 2017, no Distrito Federal há uma média de 4 estabelecimentos de bancas de jornal que declaram falência todo ano, de acordo com o Sindicato dos Jornaleiros do DF – SindjorDF. O segmento “livros, jornais, revistas e papelaria” possui queda contínua em vendas desde fevereiro de 2014, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (RIOS, 2017). De acordo com o presidente do SindjorDF, José Maria Cunha, as bancas foram um negócio lucrativo de 1970 até o fim da década de 1980. “Mas logo depois, veio o advento da internet e a venda de jornais e revistas em panificadoras e supermercados. Isso deu uma rasteira violenta na gente. A modernidade está vindo e temos de nos adequar a ela” (RIOS, 2017).

A possibilidade de acessar o conteúdo por meio da internet levou à decadência da banca como ponto de encontro, forçando o comerciante a buscar novas maneiras de atrair os clientes. Com as restrições de produtos e serviços estabelecidas em lei, o perfil da banca aproximouse de uma loja de conveniência, competindo com diversos outros tipos de estabelecimentos que oferecem os mesmos serviços e adicionais, como supermercados e as próprias conveniências de postos de gasolina. Com baixa capacidade de competitividade, muitas bancas optaram por exercer atividades ilegais como forma de sobrevivência. A mudança no padrão de consumo1 e seu impacto no segmento das bancas de jornais e revistas demonstra não somente uma necessidade de revisão na legislação como também a reflexão sobre o papel que esses estabelecimentos ocupam no 1

É necessário levar em conta também o

hábito de leitura do brasileiro, os custos impeditivos de manutenção dos produtos impressos e a fiscalização estrita presente nas grandes cidades (CHAGAS, 2013, p. 223).

espaço público, sendo necessária a atualização da participação das bancas na dinâmica da cidade, como colocado por Chagas (2013, p. 247): os jornaleiros e as bancas de jornais sustentam e possibilitam uma diferente abordagem sobre a produção jornalística no campo acadêmico. Uma abordagem em que o gargalo político da distribuição dos meios impressos – em cuja trajetória se subscrevem não apenas os meios de comunicação propriamente ditos mas a logística dos meios de transporte, das relações trabalhistas e das posturas urbanas, como vimos – é espaço de constantes disputas e enfrentamentos.



DIAGNÓSTICO


Para compreender a situação atual das bancas foi realizado um levantamento presencial nas asas norte e sul. Com ele foi possível compreender os dados mais recentes sobre as mudanças de uso e ocupação que as bancas vêm sofrendo com os anos. Foram criadas três classificações para os espaços em atividade: bancas que ainda exercem atividades originais (previstas por lei), bancas que incorporaram novos serviços adicionais e aquelas que repropuseram por completo a função do espaço. Foram, também, identificadas as unidades que encontram-se desativadas, informação que propicia o entendimento sobre o impacto da presença desse equipamento para a dinâmica das quadras. Esse levantamento permite a compreensão do processo de adaptação desse equipamento ao contexto sócio-cultural-econômico atual, criando uma base de dados para a proposta de usos futuros pretendidos neste trabalho. Além disso, foram mapeadas os comércios locais de caráter especializado, ou seja, que possuem predominância de produtos ou serviços no local. A baixa variabilidade no comércio implica em uma necessidade, na região, de fornecimento de equipamentos que complementem ou supram o comércio para os moradores e para a população que busca essas áreas. Essa potencilidade será explorada mais à frente, durante o processo projetual. O diagnótico também abrangeu a catalogação das bancas existentes nas asas norte e sul. Além de promover o repertório necessário para compreender a atuação desse objeto, a catalogação permitiu uma aproximação necessária com o recorte do projeto, identificando padrões urbanos e das próprias bancas, dando suporte ao bom exercício de projeto. Ademais, essa familiarização com as bancas é importante para a população, como parte de um processo de revalorização e reinserção desse objeto na vida cotidiana.


indicação das bancas existentes asas norte e sul

N

N



CLS 310/311 construção

CLS 109/110 elétrica

CLS 105/106 comida

CLS 304/305 moda

CLS 102/302 farmácia

CLS 202/203 comida e bar CLS 402/403 comida CLS 404/405 comida

comércios locais especializados asas norte e sul

N


CLN 308/309 comida

CLN 109/110 comida

CLN 304/305 casamento

CLN 410/411 bares

CLN 207/208 informรกtica


banca líder banca 115 sul regina costuras banca toda azul banca opção

banca 313 sul banca 316 sul

banca 112 sul

salgueiro conveniência banca de jornal e revistas salgueiro

banca e conveniência pit stop

empório

banca da 111

de cantinho da roça

banca 215 sul

banca 216 sul

banca 415/416 sul

banca 213 sul banca 414 sul

banca 214 sul

banca 211 sul banca tchê

esquina 12

banca 209 sul banca 210 sul banca 410 sul

indicação de atividade das bancas | asa sul fechada parcialmente modificada modificada original

N


o banca

eli market

banca de revista 109 sul

conveniĂŞncia parente

banca cultural

banca da conceição

banca 107 sul banca 106 sul banca da igrejinha banca 306 sul

banca 105 sul banca 104 sul banca 305 sul banca 304 sul

o jornaleiro

avenida 07 banca 302 sul

banca 102 sul

banca 207 sul

copacabanca rei dos queijos

banca 408 sul banca 205 sul banca 406 sul

banca 206 sul

banca 203 sul banca da paz banca 204 sul

banca m.a. bsb


banca maratona

banca e conveniência 307 norte

empór

banca 107 norte banca 308 norte

108 banca banca 105 norte

máximo crepes

banca 103 norte

banca do brito

lucas’ BBQ | café das duas

banca 104

banca congresso

banca gaúcha

banca 208 norte

banca s. camilo de banca 206 norte

banca 405 norte

banca espaço cultural flores bellas

banca 205 norte banca 403 norte banca 202 norte

banca 203 norte


banca 315 norte

banca 313 norte

banca da árvore

banca 113 norte

mix 11

banca 314 norte banca 111 norte banca 312 norte banca 112 norte

banca 116 norte banca 115 norte

a

rio adelaide

banca 216 norte

banca 215 norte

banca vitória

banca nordestina

banca 210 norte

açaizito

banca 209 norte

e

e lélis

indicação de atividade das bancas | asa norte fechada N parcialmente modificada modificada original


LEVANTAMENTO Para realizar o correto entendimento da situação atual das bancas de jornal, suas necessidades operacionais e a cultura social a seu respeito, foi realizado um levantamento presencial dos objetos, entrevistando e documentando todas as bancas inseridas no recorte pré-definido neste trabalho: as superquadras do Plano Piloto. Os itens analisados no processo de levantamento foram estabelecidos através da leitura de estudos de caso similares. Os tópicos pretendiam definir as necessidades, os espaços e as dinâmicas das diversas atividades realizadas nas áreas atuais das bancas de jornal. Dessa forma, espera-se, além de compreender os laços afetivos e culturais do equipamento, também criar uma padronização das áreas e utilitários, suas necessidades e capacidades, sendo possível a realização de um catálogo de possibilidades permitidas pelo projeto do novo módulo. Na Asa Norte, há um total de 42 bancas e na Asa Sul, 52, totalizando 94 unidades. Desse total, 22 encontram-se fechadas. Assim, foram realizadas 72 entrevistas, onde foram identificadas os problemas e potencialidades do modelo atual e as tendências para esse tipo de atividade.

1. Há quantos anos está no ponto? 2. Como vê o movimento? As pessoas que frequentam são da quadra? 3. Qual a faixa etária de clientes mais frequente? 4. Como é a venda de jornais e revistas? 5. Tipo de produto comercializado/ atividade realizada 6. Gostaria de expandir a atividade? 7. Gostaria de expandir o espaço físico? 8. Estrutura física 9. Conforto ambiental, térmico, luminoso e acústico 10. Infraestrutura de abastecimento elétrico e hidrossanitário 11. Presença de sanitário 12. Equipamentos 13. Fluxo de trabalho

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É consenso entre os jornaleiros que a venda de jornais e revistas não é significativa para os lucros totais das bancas. Os principais clientes desse meio encontram-se na faixa etária dos idosos, processo compreensível diante dos fatores sociais explicitados previamente neste trabalho. Essa faixa frequenta a banca da quadra em que mora, enquanto os outros clientes, que procuram os produtos classificados dentro do segmento de conveniência, frequentam o espaço de passagem ou devido à proximidade com o comércio ou com seus locais de trabalho. Crianças foram muito citadas na procura de produtos específicos, especialmente álbuns de figurinhas. Também nessa linha, é marcante a diferença de grandes eventos mundiais na venda dos produtos impressos tradicionais, como a Copa do Mundo. No tocante à infraestrutura, a grande maioria dos comerciantes declarou que o espaço da banca é desconfortável, sofrendo com o excesso de calor, especialmente nas bancas com envoltória metálica. A ventilação também é desfavorável, já que a maioria das unidades possui somente a porta como abertura - o que também torna o espaço escuro. A iluminação, então, é realizada de forma artifical, em geral com lâmpadas frias, que reforçam a sensação de um espaço desconfortável e impessoal. Além disso, uma grande reclamação dos jornaleiros é sobre o valor pago sobre eletricidade, nas quais incidem as taxas comerciais e, com os equipamentos instalados no local e a ausência de iluminação natural, contribuem na demanda por energia.

e demonstram medo da Administração de Brasília e da Agência de Fiscalização (AGEFIS), os que desejariam permanecer como banca por entender que o segmento deve ser preservado em nome da história local e dos clientes que ainda frequentam o espaço, os que não fariam outra atividade pela descrença causada graças à brusca queda no ramo e na conjuntura socio-econômica como um todo e, por fim, a maioria que declara que gostaria muito de se reinventar ou já está se articulando para isso.

infraestrutura precária SQS 404

iluminação desconfortável SQN 115

sanitário em banca com estrutura metálica SQN 403

A incidência do limite de altura de 3,50m previsto na NGB 59/2003, incluídas a platibanda e caixa d’água, resultam em um pé direito interno da banca muito baixo, que reforça o desconforto ambiental, luminoso, térmico e acústico do espaço. Quando perguntados acerca do abastecimento hidrossanitário, muitos comerciantes relataram o alto custo de implementação junto à Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB). As bancas classificadas como provisórias - com estrutura metálica - seriam impedidas de realizar a ligação, mas a maioria realizou a instalação de uma estrutura sanitária básica e, algumas, uma área de copa privativa. Acerca do desejo de realizar outra atividade além da tradicional de jornais e revistas, o sentimento geral se classificava em quatro grupos principais: os que já realizam

baixo pé-direito - 2,20m SQS 112

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PESQUISA COM A POPULAÇÃO Para mapear corretamente os aspectos positivos e negativos das bancas foi realizada uma pesquisa de uso e intenção de uso. Buscou-se abranger diversas faixas etárias, de forma a captar uma amostra mais realista da população. A intenção da pesquisa é compreender quais serviços e produtos são usufruídos, não são ou que os clientes gostariam que fossem. Também foi possível compreender a influência do entorno no sucesso da banca e a impressão que esse espaço causa para os moradores da cidade. Essa pesquisa norteará os novos usos a serem propostos para as bancas, além de embasar um desenho condizente com a história local e a memória afetiva dos usuários. A pesquisa reuniu um total de 271 participantes e foi dividida em três seções. A primeira, com todas as respostas de caráter obrigatório, pretendia mapear a amostra populacional em faixa etária e seus hábitos relativos às superquadras, ao comércio local e às bancas de jornal.

Com que frequência você utiliza o comércio residencial local para suprir necessidades básicas?

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Você caminha com que frequência por dentro das quadras residenciais das asa norte e/ou sul?

Com que frequência você frequenta a banca de jornais e revistas da asa norte e/ou sul?


A última pergunta desta seção foi de caráter livre e descritivo, questionando se há algum sentimento de afeto por parte do participante com relação às bancas. Para melhor compreensão, as respostas positivas foram divididas em grupos de sensações. Na segunda seção as perguntas foram opcionais, direcionadas para os frequentadores das bancas. O objetivo era mapear os problemas e as potencialidades desses espaços, através de apontamentos relativos aos produtos e da impressão causada pelo espaço físico interno e externo da banca. Foram utilizadas as mesmas perguntas feitas aos jornaleiros, de forma a comparar as respostas de forma qualitativa.

Quando vai à banca, que tipo de produto procura?

Você possui um sentimento de afeto pelas bancas de jornais e revistas da asa norte e/ou sul?

O que acha dos produtos ou serviços oferecidos?

Caso frequente bancas de jornais e revistas, o que acha da área do entorno?

Caso frequente bancas de jornais e revistas, o que acha do espaço físico se tratando de temperatura?

Caso frequente bancas de jornais e revistas, o que acha do espaço físico se tratando de acessibilidade?

Caso frequente bancas de jornais e revistas, o que acha do espaço físico se tratando de beleza?

Caso frequente bancas de jornais e revistas, o que acha do espaço físico se tratando de iluminação?

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Por fim, na terceira seção foram feitas perguntas sobre diversificação de produtos nas bancas. Dessa forma pôde-se alinhar os ideais projetuais do novo módulo de vendas com a necessidade real da população.

Caso outros produtos e serviços fossem oferecidos nas bancas de jornais e revistas, você frequentaria mais esses espaços?

Quais produtos/ serviços, além dos jornais e revistas e conveniência, você gostaria de encontrar em bancas?

Os dados obtidos nesse questionário são determinantes para dar suporte ao exercício projetual do novo módulo de vendas. Buscar o conhecimento prévio do objeto, sua cultura, problemas e potencialidades ajuda a garantir que o objeto seja condizente com seu local de inserção, evitando desenhos genéricos que não remetam à história da cidade e da população. Assim, cria-se um objeto novo que é mais facilmente aceito e absorvido pelos usuários, utilizando do instrumento da arquitetura para reviver este elemento, que é ao mesmo tempo urbano e de impacto direto na escala do pedestre.

66


67


O PROJETO


Conforme explicitado anteriormente, a banca, em combinação com os diversos elementos urbanos de suporte à vida local das superquadras, pode atuar como uma peça essencial no funcionamento da dinãmica urbana local, absorvendo produtos ou serviços para si que estimulem ainda mais a vivência dentro das quadras. Essa diretriz pretende reforçar a idéia de Lúcio Costa das Unidades de Vizinhança, em que seria possível para a população local se abastecer, de acordo com as necessidades do dia-a-dia, sem grandes deslocamentos. Primeiramente foram mapeadas as possíveis aplicabilidades de uso nos comércios locais especializados indicados no mapa na etapa de diagnóstico. Para o restante das quadras, que possuem alta variabilidade, o destino da atividade das bancas se daria de modo mais livre, dando espaço à decisão dos comerciantes e à influência dos moradores da região, entendendo que a espontaneidade desse tipo de atividade é, também, essencial para a vida da cidade. No segundo momento foram escolhidas duas quadras como exemplo da inserção urbana. Pela grande extensão do recorte, esses exemplares desenvolvem-se como amostras das diretrizes de soluções dos problemas de desenho atual das bancas, que não se relacionam da melhor maneira possível com o entorno imediato e com as variáveis bioclimáticas. Os principais problemas identificados foram aberturas desfavoráveis com relação à orientação solar e de ventos, ausência de beirais, baixa acessibilidade e ausência de elementos de permanência. Essa falta de tratamento na inserção urbana é, em grande parte, responsável pelo desconforto que os comerciantes e os usuários experienciam dentro das bancas. Dessa forma, as quadras escolhidas pretendem evidenciar, à sua maneira, exemplos dos problemas e das potencialidades que se repetem em outros locais e as decisões projetuais para essas questões que se aplicarão no desenho da nova banca. De modo a promover maior riqueza possível nesses exemplares, foram escolhidas bancas com variabilidade de atividades, de desenho e que se destacam em sua atuação. As quadras determinaram a impor-

tância urbana dessa escolha, onde foram selecionadas localidades de importância história, cultural e com um entorno que estimule e diversifique ainda mais o processo projetual. Os problemas e potencialidades dos espaços analisados geram pequenas diretrizes projetuais alinhadas com os objetivos iniciais da proposta do novo módulo de vendas: criar um novo espaço para as bancas que seja confortável e adequado à nova realidade social contemporânea. Apesar de simples, as diretrizes embasarem o desenho do novo espaço, mantendo os pontos explicitados como um lembrete que, apesar de ser um objeto replicável e em larga escala, o módulo deve se ater a questões muito pessoais de cada quadra. Também é necessário considerar o fortalecimento do comerciante local, mantendo elementos de tradição e memória que cultivem esse equipamento na sua cultura da escala do pedestre.

caracterização típica das bancas

porta

CONDICIONANTES

janela

Apesar de estarem em decadência, grande parte da população ainda guarda lembranças de quando esses espaços eram o principal ponto de convergência da convivência urbana-social local. Assim, o projeto pretende tomar partidos e formas que remetam à essa memória afetiva, sem criar falsos históricos ou simplesmente reproduzir os padrões já existentes, mas sim mantendo uma linguagem próxima do público, atraindo os clientes para a nova era das bancas. Com a catalogação das bancas foi possível identificar padrões de elementos e desenhos que compõem a banca como banca. A sensação que esse objeto provoca nos usuários é causada, principalmente, por esses padrões, que provocam uma fácil identificação do equipamento. Porém, a repetição excessiva desse desenho pode levar à falta de topoceptividade, gerando espaços genéricos e facilmente confundíveis. Para o desenho do novo módulo de vendas, alguns desses padrões irão desaparecer, fortalecendo a questão da promoção da orientabilidade com a nova inserção desse equipamento. Porém, buscando manter o sentimento de banca, foram caracterizados alguns desses padrões que serão incorporados na nova proposta. Dessa forma espera-se remeter à importância histórica e afetiva das bancas sem limitar-se às estruturas obsoletas nas quais estão inseridas atualmente.

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SQN 310 bar SQN 109 comida

SQN 105 bar

SQN 102/302 comida

CLN 402 serviรงos SQN 404 comida

atividade destinada nas bancas asas norte e sul

N


SQN 310 costura SQN 110 serviรงos

SQN 304 floricultura

CLN 411/412 comida CLN 410/411 comida SQN 208 comida


FLEXIBILIDADE

CONCEITOS

&

MODULAÇÃO


Com o desejo de promover um equipamento múltiplo e de fácil adaptação para novos comerciantes e novas realidades de consumo e vivência da cidade, a flexibilidade estabeleceu-se como o primeiro mote projetual. Consequentemente, a modulação a acompanha, otimizando a variabilidade e adaptabilidade do objeto. Além disso, foram elencados os demais impactos desejados para a nova banca, como visto no quadro abaixo. Primeiramente, entendeu-se como essencial tratar a apropriação social da tecnologia pela rua, em uma articulação de novos usos e possibilidades e como ressignificação do cotidiano em direção à convivialidade na realidade da cibercultura. Esse novo contexto sugere aterritorialidade, imaterialidade, instantaneidade e interatividade, pontos incorporados ao projeto. Essas diversas possibilidades atuam, na escala macro, em um nível urbano, valorizando o espaço do entorno e a vivência local, estimulando a presença de pessoas e, consequentemente, a segurança. Reacender o uso desse espaço, resgatando o equipamento, rea-

cende a memória afetiva existente com as bancas - comprovada pela pesquisa realizada junto à população. A memória gera duas outras premissas projetuais: a proporção e a forma reguladora do objeto. A experiência empírica apreendida durante o processo de diagnóstico de identificação do equipamento, apesar de não se saber ao certo sua localização dentro da quadra, reforçou essa vontade de manter uma proximidade com a linguagem atual do equipamento. Adotou-se, também, a diretriz de mínimo impacto possível na infraestrutura urbana existente. Incorporando um sistema construtivo seco e de pequena escala, preserva-se o sítio físico, otimizando a logística de obra e acesso de equipamentos, além de agilizar o processo construtivo e minimizar os efeitos da obra no entorno imediato. Esse sistema construtivo também é condizente com a realidade dos valores de sustentabilidade atuais, incorporando métodos de economia de água, energia, além da instalação de tecnologias verdes, aparentes dentro do objeto e para a comunidade, atuando tamém como equipamento

cultural e de conscientização. O método de construção adotado segue a linhagem da industrialização das partes, método que permite variabilidade e escolha individual, evitando a repetição maciça e sendo ainda mais adaptável. Assim, esse método possui muita influência sobre a forma e os elementos constituintes do objeto. A nova banca, com seus elementos, usa a dinamicidade para quebrar um formalismo rígido, sem desrespeitar a escala de inserção local e a história relativa ao objeto. Unindo essas premissas, atende-se a necessidade de padronização de um elemento urbano em larga escala com uma adaptabilidade dinâmica que reviverá a banca e a ocupação das superquadras.

PREMISSAS DIFERENTES POSSIBILIDADES

VALORES CONSTRUTIVOS CONTEMPORÂNEOS

no uso sistema construtivo a seco para as pessoas mínimo impacto na infraestrutura preexistente

para o comerciante dinamicidade de espaços

utilização da estrutura como equipamento cultural

rápida expansão ou retração tecnologias e instalações sustentáveis

IMPACTO URBANO

evidência da história projetual

valorização do espaço

industrialização das partes

vivência local

MEMÓRIA

presença de pessoas resgate do equipamento

segurança

imaginário coletivo como suporte proproção forma reguladora

73


DELIMITADORES Além da legislação existente que delimita as bancas em área e altura máxima (apesar de estar sendo questionada pela inserção de novos usos), foram utilizados os delimitadores estabelecidos por Lúcio Costa para as novas soluções dentro das superquadras:

DIRETRIZES Os pontos orientadores da forma estabeleceram-se através de estudos acerca de espaços públicos, urbanidade e psicologia ambiental. O intuito foi promover condições favoráveis para a impregnação da nova forma na cidade, reconhecendo o potencial próprio das superquadras juntamente às seguintes diretrizes:

GABARITO CONTROLADO

TAXA BAIXA DE OCUPAÇÃO

RENQUE DE ÁRVORES

urbanas

arquitetônicas

relação com a via

área de livre circulação

nivelamento com o solo

área de interação interno x externo

proximidade com demais equipamentos

área de permanência olhos para todos os lados

barreira vegetal para isolamento acústico

delimitação clara dos espaços

sombreamento natural

acessibilidade

delimitação clara dos espaços

legibilidade

acessibilidade conexão com modais

s conexão com calçadas

s conexão com estaciobamentos e vias

74


sqs 406 sqn 210

75


planta implantação sem escala

76

N


77


STORYBOARD multiplicação para atender a diversas atividades

unidade básica

inserção das áreas mínimas

78

do cubo viestes

exploração dos cheios e vazios


forma final

módulo

ao cubo voltarás

quebra dos eixos

unidade deixa de ser forma e passa a ser medida de modulação

79


PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades levou em consideração as áreas necessárias e comuns a todas as atividades possíveis e áreas para demais atividades passíveis de serem exercidas dentro do espaço da nova banca. Assim, desenvolveu-se um programa básico, sendo o mais importante, na realidade, a área livre disponível no interior da banca, sua relação com os espaços públicos ao redor e as áreas capazes de expandir ou mudar o mobiliário.

PARTIDO A partir da unidade básica desenvolvida, criou-se uma estrutura modular em perfis de aço galvanizado tipo caixa, de dimensão 50x50x50mm. A estrutura assemelha-se ao sistema construtivo Light Steel Frame, ao criar montantes espaçados pelo eixo em 60cm, sistema que dispensa elementos estruturais tradicionais, como pilares. Diferentemente do LSF, a estrutura não foi vedada com placas, utilizando seus espaçamentos de forma contínua e replicada, com cheios e vazios, avanços e recuos, estruturando os espaços internos e a fachada, além de receber todo o mobiliário e tornar a nova banca um espaço facilmente adaptável conforme a necessidade dos usos. Com a replicação dos perfis, foi possível utilizar a modulação para criar pontos não-estruturais, aproveitando o formato oco do material para instalação do cabeamento elétrico, apoiar as telhas metálicas da cobertura, esconder os trilhos das portas e criar calhas para escoamento das águas pluviais.

80

A estrutura apóia-se sobre uma fundação do tipo radier, ideal para receber a carga baixa e de distribúida da estrutura. Esse tipo de fundação não requer mão-de-obra especializada e otimiza a quanidade de armação do concreto, além de dispensar execução de contrapiso, agilizando a obra e os custos. Os montantes verticais apóiam-se sobre porta-pilares de aço galvalume, mantendo a distribuição pontual da carga e criando um efeito flutuante para a estrutura. A ligação entre os porta-pilares e o radier se dá por meio de ancoragem, atuando contra a ação do vento sobre a estrutura leve. A cobertura, em telha zipada de aço galvanizado, possibilita baixa inclinação, sendo escondida por uma platibanda no mesmo perfil caixa, com dimensões 50x200x50mm.

montantes verticais estruturais platibanda calha e trilho da porta platibanda e trilho da porta

A mesma telha metálica reveste as portas do tipo camarão, com dobradiças do tipo 90 e 180 graus, de forma a concentrar as folhas perpendiculares em um único ponto de abertura. Os perfis e componentes do objeto serão melhor detalhados nas plantas apresentadas a seguir:

instalações elétricas trilho da porta perfis furados para passagem hidráulica


81


nível 08 cobertura placas fotovoltaicas nível 07 nível 06 previsão caixa d’água

nível 05

nível 04

nível 03

nível 02

porta camarão

sanitário seco PCD

nível 01

canaleta escoamento

radier

82


PLANTAS

1630 395

840

388

855

395

695

sinalização tátil direcional

fundação tipo radier com acabamento polido

1630

canaleta embutida

187

315

755

620

sinalização tátil de alerta

planta de situação escala 1:75

83


PLANTAS

D

C

FACHADA

03 940 215

500

165

225

115

CORRE

B

B

CORRE

CORRE

02 CORRE

500

0.00

perfis caixa 50x50x50mm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

sanitário A= 3,30 m²

55

CORRE

nível 01 planta baixa escala 1:50

55

55

55 270

C

225

335

01 FACHADA

D

55

115

55

projeção cobertura

CORRE

84

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

CORRE

porta camarão com perfil caixa 50x50x40mm de alumínio com pintura eletrostática branca e telha zipada com pintura eletrostática branca

A FACHADA

banca A= 52,95 m²

CORRE

04

FACHADA

895

A


D

C

FACHADA

03 885

170

215

500

115

55

CORRE

B

B CORRE

CORRE

500

CORRE

CORRE

0.00

perfis caixa 50x50x50mm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

02

785

04

banca A= 52,95 m²

sanitário A= 3,30 m²

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

CORRE

porta camarão com perfil caixa 50x50x40mm de alumínio com pintura eletrostática branca e telha zipada com pintura eletrostática branca

55

nível 02

115

55

projeção cobertura CORRE

planta baixa escala 1:50

CORRE

55

55

225

325

280

01 FACHADA

D

55

C

55

FACHADA

A FACHADA

A

85


PLANTAS

D

C

FACHADA

03 885

170

215

500

115

55

CORRE

B

B CORRE

CORRE

500

CORRE

CORRE

0.00

perfis caixa 50x50x50mm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

sanitário A= 3,30 m²

55

CORRE

nível 03 planta baixa escala 1:50

55

55

55

57 270

C

280

01 FACHADA

280

D

55

115

55

projeção cobertura

CORRE

86

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

CORRE

porta camarão com perfil caixa 50x50x40mm de alumínio com pintura eletrostática branca e telha zipada com pintura eletrostática branca

02

785

04

banca A= 52,95 m²

FACHADA

A FACHADA

A


D

C

FACHADA

03 885

55

105

115

610

115

110

CORRE

B

B CORRE

CORRE

02

04

banca A= 52,95 m²

500

CORRE

CORRE

0.00

perfis caixa 50x50x50mm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

sanitário A= 3,30 m²

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

CORRE

porta camarão com perfil caixa 50x50x40mm de alumínio com pintura eletrostática branca e telha zipada com pintura eletrostática branca

55

nível 04

115

55

projeção cobertura CORRE

planta baixa escala 1:50

CORRE

55

55

280

57 215

335

01 FACHADA

D

55

C

55

FACHADA

840

A FACHADA

A

87


PLANTAS

D

C

FACHADA

03

55

830

110

CORRE

projeção cobertura

115

cubo de iluminação em acetato transparente 50x50x50cm

B

B CORRE

CORRE

500

CORRE

0.00

caixa d'água A= 4,22 m²

perfis caixa 50x50x50mm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

planta baixa

55

escala 1:50 CORRE

55

55

55

55

55

55

55 50

C

445

01 FACHADA

335

D

55

88

nível 05

167

55 55

CORRE

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x240x1,83cm placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

CORRE

porta camarão com perfil caixa 50x50x40mm de alumínio com pintura eletrostática branca e telha zipada com pintura eletrostática branca

02

04

banca A= 52,95 m²

FACHADA

955

A FACHADA

A


D

C

FACHADA

03 885

115

110

CORRE

B CORRE

B

0.00

caixa d'água A= 4,22 m²

previsão caixa d'água 500L multiuso AFORT

porta camarão com perfil caixa 50x50x40mm de alumínio com pintura eletrostática branca e telha zipada com pintura eletrostática branca

CORRE

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x240x1,83cm placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

nível 06 planta baixa

175

perfis caixa 50x50x50mm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

02

900

CORRE

cubo de iluminação em acetato transparente 50x50x50cm

500

04

previsão caixa d'água 150L fortlev

banca A= 52,95 m²

escala 1:50 CORRE

55

55

55

55

55

60

55

385

120

01 FACHADA

325

D

55

C

55

FACHADA

A FACHADA

A

89


FACHADA

D

C

PLANTAS

03 840 330

platibanda em perfil caixa 20x05cm em aço galvanizado

505 CORRE

cubo de iluminação em acetato transparente 50x50x50cm

platibanda em perfil caixa 20x05cm em aço galvanizado e fixação do trilho da porta

B

i=2%

02 placa estrutural LP OSB Home Plus 120x240x1,83cm

platibanda em perfil caixa 20x05cm em aço galvanizado

porta camarão com perfil caixa 50x50x40mm de alumínio com pintura eletrostática branca e telha zipada com pintura eletrostática branca

platibanda em perfil caixa 20x05cm em aço galvanizado CORRE

platibanda em perfil caixa 20x05cm em aço galvanizado e fixação do trilho da porta

nível 07 planta baixa escala 1:50

390

450

01 FACHADA

D

C

840

120

calha

cobertura em telha zipada sanduíche com núcleo em PIR 3m e acabamento em pintura eletrostática branca

FACHADA

A calha em perfil U 20x05cm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

calha em perfil U 20x05cm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

90

900

620

A 04

FACHADA

CORRE

calha

B


D

C

FACHADA

03

platibanda em perfil caixa 20x05cm em aço galvanizado

840 505

cobertura em telha zipada sanduíche com núcleo em PIR 3m e acabamento em pintura eletrostática branca

calha

330

B

projeção cobertura inferior

740

02

620

i=2%

A

04

calha em perfil U 20x05cm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

platibanda em perfil caixa 20x05cm em aço galvanizado

nível 08

120

platibanda em perfil caixa 20x05cm em aço galvanizado

planta baixa escala 1:50 390

413

01

D

803

C

FACHADA

A

FACHADA

B

FACHADA

91


PLANTAS

D

C

FACHADA

03 840 505

cobertura em telha zipada sanduíche com núcleo em PIR 3m e acabamento em pintura eletrostática branca

calha

330

02 740

planta baixa escala 1:50 390

413

92

01 FACHADA

D

C

803

120

painel fotovoltaico

FACHADA

620

A

04

A FACHADA

B

projeção cobertura inferior

B

painel fotovoltaico 196x99cm apoiado com pés de borracha sobre a telha zipada


93


CORTES

cobertura em telha zipada sanduíche com núcleo em PIR 3cm i=2%

60

60

20

60

calha em perfil U 20x05cm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca platibanda em perfil caixa 20x05cm em aço galvanizado e fixação do trilho da porta

60

60

260

60

400

60

porta camarão com perfil caixa 50x50x40mm de alumínio com pintura eletrostática branca e telha zipada com pintura eletrostática branca

banca 0.00

perfis caixa 50x50x50mm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

28

porta pilar em aço carbono h=10cm

corte aa escala 1:50

cobertura em telha zipada sanduíche com núcleo em PIR 3cm i=2% calha em perfil U 20x05cm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca platibanda em perfil caixa 20x05cm em aço galvanizado

60 60 60

banca 0.00

porta pilar em aço carbono h=10cm

corte bb escala 1:50

94

porta camarão com perfil caixa 50x50x40mm de alumínio com pintura eletrostática branca e telha zipada com pintura eletrostática branca perfis caixa 50x50x50mm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

28

340

400

60

60

perfil U 50x50mm de aço galvanizado para fixação do trilho da porta


cobertura em telha zipada sanduíche com núcleo em PIR 3cm i=2%

60

platibanda em perfil caixa 20x05cm em aço galvanizado

60 60

60

porta camarão com perfil caixa 50x50x40mm de alumínio com pintura eletrostática branca e telha zipada com pintura eletrostática branca

23

porta pilar em aço carbono h=10cm

corte cc escala 1:50

cobertura em telha zipada sanduíche com núcleo em PIR 3cm i=2%

115

perfis caixa 50x50x50mm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

60

5

porta camarão

60

60

platibanda em perfil caixa 20x05cm em aço galvanizado

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

porta camarão

22

60

60

265

60

400

340

60

perfis caixa 50x50x50mm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

porta camarão com perfil caixa 50x50x40mm de alumínio com pintura eletrostática branca e telha zipada com pintura eletrostática branca

corte dd escala 1:50

95


FACHADAS

CORRE

CORRE

fachada 01 fechada escala 1:50

fachada 01 aberta escala 1:50

96


CORRE

fachada 02 fechada escala 1:50

fachada 02 aberta escala 1:50

97


FACHADAS

CORRE

CORRE

fachada 03 fechada escala 1:50

fachada 03 aberta escala 1:50

98


CORRE

fachada 04 fechada escala 1:50

fachada 04 aberta escala 1:50

99


DETALHAMENTO 5

158

55

previsão de ponto de água e esgoto para cuba

50

55

barra de apoio em aço inox 40cm - Docol

5

parede hidráulica

50

lavatório suspenso de canto com mesa L.76.17 - Deca

100

sanitário A= 3,30 m²

porta camarão em placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

torneira para lavatório de mesa com alavanca Benefit - Docol

0.00

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

01

215

02

VISTA

04

VISTA

11

barra de apoio em aço inox 80cm - Docol

VISTA

VISTA

03

105

110

bacia sanitária seca de compostagem Excel - Sun-mar

80

projeção abertura da gaveta de compostagem

quadro de luz e inversor das placas fotovoltaicas

18

66

60

armário

29 60

80 160

60

sanitário planta baixa escala 1:25

160

60

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

01 60

VISTA

previsão caixa d'água 150L fortlev

270

02

caixa d'água A= 4,22 m²

VISTA

04

VISTA

porta camarão em placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

270

100

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x240x1,83cm

+2.71

previsão caixa d'água 500L multiuso AFORT

VISTA

65

65

03

caixa d'água planta baixa escala 1:25

100


110

110

previsão caixa d'água 150L FORTLEV placa estrutural LP OSB Home Plus 120x240x1,83cm

10

projeção abertura da porta

50

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

espelho prata 5mm colado sobre placa OSB

260

barra de apoio em aço inox 40cm - Docol 210

torneira para lavatório de mesa com alavanca Benefit - Docol

sifão para lavatório - Docol

80

90

lavatório suspenso de canto com mesa L.76.17 - Deca

projeção abertura da porta

vista 01 escala 1:25

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x240x1,83cm

110

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm previsão caixa d'água 500L multiuso AFORT 10

previsão caixa d'água 150L fortlev

50

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

50

10

armário

parede hidráulica

10

armário 260

barra de apoio em aço inox 40cm - Docol 51

50

51

torneira para lavatório de mesa com alavanca Benefit - Docol

5

armário

85

90

80

sifão para lavatório - Docol

43

lavatório suspenso de canto com mesa L.76.17 - Deca

43

abertura para saída da gaveta de compostagem porta camarão

vista 02 escala 1:25

101


DETALHAMENTO

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x240x1,83cm

110

previsão caixa d'água 500L multiuso AFORT placa estrutural LP OSB Home Plus 120x240x1,83cm

10

caixa d'água +2.71

50

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

armário

inversor projeção abertura da porta

barra de apoio em aço inox 80cm - Docol

260

10

50

10

armário

projeção abertura da porta

50

qdl

29

5

armário

saída de emergência da bacia sanitária

75

85

abertura em porta camarão horizontal para saída da gaveta de compostagem

projeção abertura da porta

sanitário +2.71

bacia sanitária seca de compostagem Excel - Sun-mar

vista 03 escala 1:25

previsão caixa d'água 500L multiuso AFORT

porta camarão CORRE

previsão caixa d'água 150L fortlev 10

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x240x1,83cm

102

previsão caixa d'água 500L multiuso AFORT

110

6

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x240x1,83cm

210

260

50

placa estrutural LP OSB Home Plus 120x300x1,1cm

barra de apoio em aço inox 80cm - Docol

75

bacia sanitária seca de compostagem Excel - Sun-mar

gaveta de compostagem

porta camarão CORRE

vista 04 escala 1:25

102


DETALHES CONSTRUTIVOS pingadeira

20

telha zipada sanduíche com núcleo em PIR 3cm i=2% calha em perfil U 20x05cm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca 5

5

platibanda em perfil caixa 20x05cm em aço galvanizado

5

detalhe calha corte escala 1:10

perfis caixa 50x50x50mm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

ligação com parafuso sextavado rosca inteira porta pilar em aço carbono

ralo em canaleta embutida

ancoragem com parafuso sextavado rosca inteira armadura

detalhe ancoragem e ralo corte escala 1:10

proteção mecânica em placas i=1%

canaleta oculta embutida camada separadora

camada de regularização manta asfáltica fundação tipo radier

tubulação ligada à rede pública de escoamento

solo

detalhe ralo corte escala 1:5

platibanda em perfil caixa 20x05cm em aço galvanizado

perfis caixa 50x50x50mm de aço galvanizado com pintura eletrostática branca

20

telha zipada sanduíche com núcleo em PIR 3cm i=2%

trilho da porta camarão com perfil caixa 50x50x40mm de alumínio com pintura eletrostática branca e telha zipada com pintura eletrostática branca

detalhe trilho corte escala 1:5

103


ligação parafusada com cantoneira dupla e parafuso sextavado rosca inteira + arruela + porca

perfil caixa 50x50x50mm em aço galvanizado com acabamento em pintura eletrostática branca

cantoneira dupla em aço galvanizado 50x50mm

perfil caixa 50x50x50mm com conduíte interior

104

caixa de tomada dupla 2T + T aparente


105


COMPONENTES CONSTRUTIVOS

LP OSB HOME PLUS

TELHA ZIPADA

PAINEL SOLAR FOTOVOLTAICO

Placa estrutural para construção a seco com garantia anticupim, baixa condutibilidade térmica e resistente a umidade. No projeto é utilizada juntamente com impermeabilização com aplicação de resina epóxi translúcida. A escolha do tamanho se deu devido ao espaçamento requerido pelo fabricante: 60cm entre montantes. Paredes e mobiliário: placa 120x300x1,11cm. Lajes secas: placa 120x240x1,83cm.

Telha zipada perfil LRZIP 63 em aço galvalume sanduíche com acabamento pré pintado RAL 9003 (branco). O material é produzido in loco , sem sobreposição e sem parafusos de fixação aparentes. Seu núcleo é em Poliisocianurato (PIR) com espessura 3cm, que absorve o impacto sonoro da telha metálica. Foi escolhida para compor a cobertura e revestir as portas tipo camarão da nova banca. Sua escolha se deu pela pequena inclinação necessária (2%) e pela versatilidade na aplicação.

Painel 72 células 400W com dimensões 99x196cm. Para o dimensionamento estimado para os usos possíveis das bancas, seria impossível suprir toda a necessidade de carga somente com as placas fotovoltaicas. Assim, locou-se a maior quantidade possível na cobertura da edificação como forma de minimizar os gastos de energia elétrica. O inversor, elemento do sistema responsável por realizar a inversão da corrente gerada pelas placas foi locado dentro do sanitário.

BACIA SANITÁRIA SUN-MAR EXCEL

CAIXA D’ÁGUA AFORT 500L

CAIXA D’ÁGUA FORTLEV 150L

O componente é uma bacia sanitária a seco com sistema de compostagem embutido. O bio-tambor locado em seu interior é responsável por realizar o processo de compostagem, acabamento e evaporação dos desejos biológicos. Eles ficam acumulados na gaveta localizada na parte inferior da bacia, e quando retirados, estão prontos para utilização como material orgânico. O modelo escolhido é de alta capacidade. Um tubo de emergência para excesso de líquidos é locado em sua traseira, sendo conectado ao sistema de esgoto no projeto.

Esta caixa foi escolhida devido ao seu diferencial de baixa estatura comparada às outras de mesma capacidade disponíveis no mercado. A necessidade da pequena altura se deu pelo acesso à caixa ser pela lateral, já que a telha zipada contínua na cobertura corre sem emendas. Assim, era necessário uma altura suficiente para a retirada da tampa e devida manutenção da caixa. Dimensões: A55xL1,52cm.

Para complementar o dimensionamento de água calculado para a nova banca, locou-se uma caixa de 150L, também de baixa estatura para acesso e manutenção. Ambas as caixas são previsões, cabendo ao comerciante determinar sua necessidade.

106


sentido de abertura porta camarão 180 o

4 0 5

4 0 5 A identidade visual proposta para a nova banca é inspirado pelo padrão de sinalização de Brasília desenvolvido pelo designer Danilo Barbosa na década de 1990. Utilizando a mesma tipografia e cor das placas da cidade, a sinalização foi aplicada sobre uma das portas camarão das fachadas principais. A proporção da folha da porta lembra as tradicionais placas indicativas das superquadras, relembrando um símbolo típico da cidade.

107


Com a possibilidade de usos diversos, a unidade básica geradora do projeto foi desenvolvida para compor o mobiliário das novas bancas. Composto do mesmo painel OSB utilizado nas paredes e nas lajes secas, juntamente à forma autoportante do cubo, o mobiliário é capaz de suportar cargas altas. Suas variações tipológicas foram pensadas para abrigar diversas necessidades do comércio, além de serem facilmente adaptadas para quaisquer situações. Essa adaptabilidade é possível graças ao desenvolvimento modular do projeto, cujas medidas foram estabelecidas através de estudos de dimensões trabalháveis e ergonômicas para usos diversos e movimentação pelo usuário.

108


50cm

50cm

50cm

109


110


111


CAFÉ

112


LIVRARIA & BANCA

113


FEIRA DE ORGÂNICOS

114


MERCADO

115


ATRATORES URBANOS

ponto de wi-fi livre

cinema ao ar livre

área de exposição

composteira

eventos culturais

116


117


REFERÊNCIAS


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André.

Cibercultura:

119


120


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