Cidade Intermitente | fixo x flexível

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CIDADE INTERMITENTE FIXO X FLEXÍVEL

ana carolina y. yamashita F I X O

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CIDADE INTERMITENTE FIXO X FLEXÍVEL

ANA CAROLINA Y. YAMASHITA

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO APRESENTADO NO CURSO DE GRADUAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

ORIENTADORA: LIZETE RUBANO PROF.: ÂNGELO CECCO

SÃO PAULO, MAIO DE 2019 2

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente aos meus pais e meu irmão, que sempre me apoiaram e sempre incentivaram meus estudos. Aos meus amigos, que fizeram parte da minha formação não apenas como pessoa, mas também como profissional. Aos professores Angelo Cecco, Lizete Rubano e Lucas Fehr. F I X O

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Sumário

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Introdução - Cidade Palimpsesto: territórios em transição

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Pinheiros - Largo da Batata: três tempos

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Comércio Atacadista Varejo e serviços Expansão Periférica Um quarto tempo

2.1. Eixo Rua Cardeal Arcoverde

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Eventos no espaço tempo

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Os personagens nômades dos eventos Elementos que perduram no tempo Arte urbana x eventos Antes que acabe Cidade Nômade

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Simbiose: Fixo X Flexível

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Ocupação Líquida dos Espaços

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5.1.Metabolismo Tabula Rasa (1923) Tange Lab (1946) A viagem (1950) Principais características do movimento Mulher nômade de Tóquio

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Referências Bibliográficas

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6.1. Módulos flexíveis – catálogo 6.2. Benedito Calixto 6.3. Omaguás 6.4. Largo da Batata

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1 INTRODUÇÃO

CIDADE PALIMPSESTO territórios em transição

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1. Introdução: Cidade Palimpsesto Território em transição O palimpsesto é uma imagem arquetípica para a leitura do mundo. (PESAVENTO: 2004, pág. 26).

A cidade enquanto materialidade, é palimpsesto de formas (PESAVENTO, 2004). As formas e imagens se sobrepõem nas várias camadas do tempo, algumas mais aparentes, outras implícitas ou até mesmo invisíveis. Os elementos da cidade que se mantêm contam uma história e memória, que são como formas de representação de uma ausência no tempo. Essa metáfora se apoia na ideia de que a cidade é um pergaminho reaproveitado, onde o passado é apagado, e reutilizado, porém ainda restando os resíduos da escrita anterior, desgastando o papel à medida que é reutilizado. Uma mistura do novo e do antigo, história e inovação se encontram na cidade, e muitas vezes os patrimônios, apesar de mantidos, são adaptados. Até os elementos mais antigos precisam de manutenção. A necessidade de manter um vínculo físico da memória e história se vê presente, em uma tentativa de se agarrar à identidade local, e não cair em uma generalização ou em uma “cidade genérica” (KOOLHAAS, 2014). A cidade, enquanto espaço construído, é também significado, valor e entendimento que teve um dia seu sentido construído e fixado pelos homens. (PESAVENTO, pág. 27, 2004).

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O que entendemos como paisagem urbana é sempre uma paisagem social, ou seja, o resultado da ação da cultura sobre o meio em que vivemos. O tempo altera as formas do espaço, proporcionando diferentes tipos de movimento dos corpos que o habitam. A arquitetura efêmera pode ser o meio pelo qual podemos entender como as estruturas se flexibilizam e se adaptam às mudanças do espaço e seu contexto urbano e social. O constante apagar e redesenhar urbano cria essa condição de palimpsesto na cidade, gerando também gastos e entulhos excessivos. Então, porque não pensar em uma arquitetura flexível, que seja capaz de absorver os impactos constantes da sobreposição de temporalidades urbanas? ... todas as relações inscritas no espaço se inscrevem também na duração, da mesma maneira que a história, e as formas espaciais simples que acabamos de evocar só se concretizam no e pelo tempo (AUGÉ, 2001, p. 56).

[1] Mapa situação do eixo e da região estudada (bairro de Pinheiros, Rua cardeal arcoverde). Fonte: Diagrama de Ana Yamashita.

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2 PINHEIROS - LARGO DA BATATA Comércio Atacadista Varejo e serviços Expansão Periférica Um quarto tempo F I X O

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Eixo Rua Cardeal Arcoverde 11


2. Pinheiros – Largo da Batata: três tempos Em uma análise da transição das camadas temporais da região de Pinheiros, observa-se características marcantes como o comércio e o fluxo, e em paralelo foi feita uma análise morfológica urbana das quadras em questão. No texto “O comércio em três tempos: breve histórico do Largo da Batata”, Caldeira (2013) identifica 3 tipologias distintas de comércio, relacionado a 3 tipos de fluxo de pessoas em 3 tempos de evolução histórica distintas na região de Pinheiros, principalmente em relação à região do Largo da Batata.

Comércio Atacadista No primeiro tempo, caracterizado pela autora como o período do comércio atacadista, Pinheiros desempenhava um papel central para compra, venda e distribuição de produtos perecíveis alimentícios que eram produzidos no “cinturão verde”, ou seja, a região oeste da capital paulista (Cotia e Itapecerica da Serra), caracterizando a área como local de passagem. Em 1910 foi inaugurado o “Mercado dos Caipiras”, localizado onde hoje é um terreno vazio de frente ao Largo da Batata e adjacente à rua Teodoro Sampaio. Lá a comercialização era exclusivamente atacadista, suprindo as necessidades da população do próprio bairro e dos bairros vizinhos e servia como ponto de distribuição de alimentos para outras regiões da cidade. 12

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[2] Mapa de 1930 com contorno da morfologia urbana das quadras destacada. Fonte: Geosampa.


A Cooperativa Agrícola de Cotia, estabelecida por agricultores japoneses e nipo-brasileiros que produziam batatas, teve sua sede transferida em 1940 para um terreno ao lado do mercado, ficando mais próxima de seus principais clientes. A CAC teve um papel imprescindível para o desenvolvimento da dinâmica comercial e econômica do bairro de Pinheiros. Mais tarde, houve a proibição do comercio atacadista dentro do Mercado de Pinheiros, causando a pulverização de estabelecimentos atacadistas no entorno do mercado. Um exemplo de um local onde surgiram muitos desses comércios, foi o lugar onde hoje é o Largo da Batata, que recebeu esse nome justamente devido ao comércio de alimentos, principalmente batatas.Em 1960 a CAC transferiu novamente sua sede para Jaguaré, deixando Pinheiros com vários depósitos e um mercado destinado a produtos orientais. Com as obras da Avenida Brigadeiro Faria Lima na década de 1960, o Mercado teve de ser realocado, e com o tempo, perdeu sua força devido a aparição de outras modalidades de mercados de alimentos que surgiam, como a feira e os supermercados. F I X O

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[2.1] mapa de 2004 com destaque das quadras alteradas. Fonte: Geosampa e edição do aluno.

Varejo e serviços O segundo tempo, mesmo após a decadência do comércio atacadista de produtos agrícolas na região, o comércio varejista e de serviços não sofreu da mesma maneira. Na realidade, esse setor se beneficiou do adensamento populacional residencial de classe média, consolidando assim um comércio de bairro que supria a necessidade diária dos moradores na região. O fluxo dos moradores e o desenvolvimento do comércio e serviços populares caracterizou esse período como sendo de um fluxo intrabairro, ou seja, uma circulação mais interna.

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[2.2] mapa de 2010 com destaque das quadras alteradas. Fonte: Geosampa.

Expansão Periférica Junto à criação da Avenida Brigadeiro Faria Lima, foi construído mais tarde o Terminal de Ônibus (2002): um novo polo que ajudava a estruturar e centralizar o fluxo das linhas que passavam por lá. Entre as pessoas que transitavam pela região, estavam trabalhadores pobres, grande parte migrantes nordestinos. Esse fluxo reforçou um comércio específico nas proximidades do terminal. O local se tornou um ponto catalizador de “clientes alvo”, surgindo desde bares, botecos, doceiras, lanchonetes, e outras redes varejistas de mercadorias populares, além de alguns comércios informais com vendedores ambulantes. F I X O

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Um quarto tempo Caldeira (2013) aponta para um suposto quarto tempo, que estaríamos vivenciando até hoje, onde os pequenos estabelecimentos locais estão perdendo força e o interesse imobiliário pela região gerou um aumento do preço dos alugueis. Muitos comerciantes de bairro não podem pagar por ele, e muitas das pessoas que moravam ali, principalmente na rua Cardeal Arcoverde, saíram devido à desapropriação de muitos imóveis antigos para construção de apartamentos de classe média alta, gentrificando não só o comércio, mas também a população antiga do bairro e do eixo em questão. Os comércios que não conseguiram se manter, se transformaram em lotes degradados e subutilizados, e surgiram muitos empreendimentos imobiliários murados que se fecham para a rua. Parte importante da história e da vida do bairro, expressa pelo pequeno comércio e pelo comércio popular, já se dissipou e as aparências sugerem que sua tendência ao desaparecimento é irrevogável.” (CALDEIRA, 2013, p.9).

Os comércios de bairro que caracterizavam um tempo e ritmo de consumo mais lento não conseguem mais acompanhar as altas taxas e mutações do mercado imobiliário. Se antes funcionavam em uma relação de simbiose com a vizinhança local, a reestruturação urbana, com a reconstrução do Largo e a lenta substituição da população antiga residente do bairro, impossi-

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bilita a permanência dos pequenos comércios. Pouco a pouco as camadas da história do local estão sendo apagadas à medida que se tornam obsoletas à demanda, e a transição temporal se dá de forma cada vez mais impositiva.

2.1 Eixo Rua Cardeal Arcoverde A rua cardeal Arcoverde era antigamente caracterizada por ser uma área residencial, que passou por um nivelamento topográfico devido a travessia de bondes no eixo, e como resultado, alguns encontros de ruas possuem diferenças de nível grandes, como podemos ver nas imagens abaixo. Muitas casas da década de 1970 a 1980 ainda permanecem, sendo gradativamente adaptadas para comércios locais. Podemos observar os vestígios das camadas mais antigas da história em diversos elementos no eixo: alguns deles permaneceram com adaptações, e outros foram destruídos.

[2.3] Encontro da Rua Cardeal Arcoverde com a Rua Cristiano Viana. Fonte: http://www.estacoesferroviarias. com.br/avenidas/c/cardealarcoverde. htm [2.4] casas da década de 1980 da Rua Cardeal que se mantiveram e foram adaptadas. Fonte: http://www.estacoesferroviarias. com.br/avenidas/c/cardealarcoverde. htm

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[2.5] casas da década de 1980 da Rua Cardeal que se mantiveram. Fonte: Foto de Ana Yamashita (01/09/2018).

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Análise de elementos urbanos | permanências A ressignificação do espaço através dos anos, agora mais volátil e dinâmico, atribuiu uma condição quase nômade ao homem moderno, mas a arquitetura não acompanhou essa mudança

sistema de intervenções

da mesma maneira (BOGÉA, 2010). A ideia de uma estrutura flexível que pudesse ser condicionada pelos seus próprios usuários, poderia permitir uma ampliação das possibilidades de um diferenças de nível

mesmo espaço. (...) novas relações entre entidades funcionais que expandem ao invés de limitar as suas identidades. Os elementos programáticos reagem entre si para criarem novos eventos (KOOLHAAS: 2010, p. 24).

Só se é possível pensar na itinerância se alguns dos espaços

praças e áreas verdes

previstos se mantêm relativamente estáveis. Esse jogo entre distintas estabilidades é o que de fato parece oportuno, considerando-se os autores e os textos contemporâneos citados. Pensar em agenciamentos espaciais e programáticos outros em arquitetura, provenientes de resíduos e fluxos que, ao mesmo tempo, nascem e escapam à lógica global, é apostar na chance do acontecimento de sociabilidades não programadas. (GUATELLI: 2013, p. 146).

Pensar na arquitetura não como algo pré-concebido, mas como

igrejas

vilas

um leque de possibilidades a ser explorado, assim dependendo de um agenciamento programático e espacial resultante de fluxos e resíduos parece tangenciar algumas dessas dinâmicas do tempo da cidade. equipamentos

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Reconhecendo a vertiginosa aceleração do século XX (e a intensidade e mudanças estruturais que têm se apresentado no XXI), pode-se dizer que as arquiteturas tocam em uma importante questão se passarem também por um raciocínio que coloque juntos elementos com certo tempo estendido, certa permanência, distinguindo-se daqueles outros elementos que se alteram e se transformam de acordo com os eventos. Reconhecer os diferentes tempos e identificar sua importância como memória e identidade urbana faz parte da conciliação das diferentes camadas para uma convivência heterogênea. A renovação dos usos na região negligenciou a constituição histórica das casas e dos comércios, algo criticado pelo artista João Galera, em seu projeto “Antes que acabe”, que será explicitado no capítulo seguinte.

Elementos que perduram no tempo Há características – tipológicas, morfológicas, programáticas e de apropriação - que tornam os lugares singulares: às vezes são pequenos acontecimentos dados pelos bares, ou mais marcantes e estendidos a outras regiões da cidade como o que se dá pelos mercados, praças de igrejas, feiras de rua. Esse conjunto de locais proporciona uma atmosfera que só pode ser produzida por uma história e memória local mais antiga e mais lenta, [2.6] Diagrama dos elementos urbanos que perduram no tempo. Fonte: Diagrama de Ana Yamashita.

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onde os itinerários singulares se cruzam e se misturam, em um ritmo preguiçoso característico das manhãs de domingo (AUGÉ, 2015). São os elementos que perduram no tempo que mantêm viva a história e memória locais, identidade e individualidade daquele espaço urbano como ponto de referência. Entender o espaço é entender como ele participa das transformações sociais e como nelas interage. Não existe transformação social sem a participação do espaço, e não existe a transformação do espaço sem a transformação social (VILLAÇA, 2012, p. 16)

[2.7] Entrada do Cemitério da Cardeal. Fonte: theproverbial.org

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[2.8] Entrada da Vila Helena (exemplo das residências que resistiram as mudanças morfológicas da região. Fonte: www.estacoesferroviarias.com. br

[2.9] Igreja São Paulo da Cruz na Rua Henrique Schaumann. Fonte:http://igrejascatolicassp. blogspot.com

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3 EVENTOS NO ESPAÇO TEMPO

Os personagens nômades dos eventos

Elementos que perduram no tempo Arte urbana x eventos F I X O

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Antes que acabe Cidade Nômade

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3. Eventos no espaço tempo O conceito de evento¹ é essencial para o tema e projeto a serem desenvolvidos. São os eventos que movimentam pessoas e trazem uma nova dinâmica para o cotidiano da cidade. A sazonalidade permite um intervalo, e determina um tempo de vida para cada evento. Se considerarmos o mundo como um conjunto de possibilidades, o evento é um veículo de uma ou algumas dessas possibilidades existentes no mundo. Mas o evento pode ser o vetor das possibilidades existentes numa função social, isto é, num país, ou numa região, ou num lugar, considerados esse país, essa região, esse lugar como um conjunto circunscrito e mais limitado que o mundo (SANTOS, 1999, p.93).

Os eventos nas cidades contemporâneas têm tempos diferentes, ou seja, as manifestações e ocupações do espaço têm itinerários distintos e consequentemente fluxos variados. As feiras de rua acontecem em determinados dias da semana, ou datas e eventos especiais; as ocupações de edifícios vazios por movimentos de moradia ou por artistas, os diversos ativismos que se manifestam nos espaços da cidade, são todos exemplos de tempos outros e usos diversos da condição urbana material. O movimento se diversifica de acordo com o caráter do evento e cada um, dita um fluxo diferente, seja um evento comercial, cultural ou social.

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¹ conceito de evento como resultante de uma série contínua e linear de instantes, não observando os instantes como algo independente dos eventos, mas sim como parte integrante.


² hipertelia: Conceito citado por Milton Santos, creditando Simondon (1958), pai da ideia de objeto técnico concreto. Defini a hipertelia como uma ‘especialização exagerada do objeto técnico’ que o desadapta em relação a uma mudança, ainda que ligeira, que sobrevenha nas condições de utilização ou de fabricação.

Os eventos são todos, Presente. Eles acontecem em um dado instante, uma fração de tempo que eles qualificam. Os eventos são, simultaneamente, a matriz do tempo e do espaço (SANTOS, 1999, p. 94).

A condição temporária dos eventos condiz com a realidade das estruturas desmontáveis, como barracas de feiras de artesanato e de alimentos. Transformam o espaço em um instante do tempo, mas não define uma permanência incontestável, por isso se dão principalmente em espaços públicos. Extrapolar esse programa para os limites do coletivo pode ser uma resposta mais conciliadora para um projeto integrador de diferentes tribos urbanas, classes sociais e faixas etárias, trazendo-se a ideia de um espaço igualitário para promover a diversificação e heterogeneidade das atividades e eventos que venham a acontecer no lugar. Os mapas de uso de solo e definição de estabelecimentos de acordo com sua funcionalidade predominante não são mais suficientes para entender a totalidade do urbano e da cidade real. A diversidade de atividades e eventos que acontecem em um mesmo espaço pode ser capturada apenas através da vivência daquele lugar, extrapolando a hipertelia² (SANTOS citando B. Stiegler, 1999) original para qual o local foi construído, e abrindo novas dimensões de um mesmo espaço. A ideia da arquitetura efêmera é justamente modificar a hipertelia de um espaço para que a atividade pré-concebida possa ser incrementada por outra(s). F I X O

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Os personagens nômades dos eventos O confronto com o contexto deve estar sempre em primeiro plano. Temas e lugares são descobertos, destacados e visualizados (BUTTNER, 2002, p. 79)

Eventos menores e populares têm potencial de expansão para atingir novos públicos, transformando o urbano (BUTTNER, 2002). A ressignificação temporária dos espaços, cada vez mais nos indica uma compatibilidade do programa dos eventos com as estruturas efêmeras, e principalmente falando de sua finalidade programática. Estruturas “genéricas” podem realçar características locais e culturais de um espaço urbano em específico, podendo introduzir abrigar atividades específicas e diversas. A arquitetura em conjunto com as estruturas flexíveis pode evidenciar algumas nuances da realidade urbana local, confrontando problemas existentes, ou mesmo trazendo reconhecimento para artistas e autores independentes das mais diversas gerações. Não há necessidade de conteúdos ou enredos, bastam o tempo, o tamanho, a forma, a cor e a configuração para redefinir os lugares escolhidos e transformá-los provisoriamente em espaços sociais (BUTTNER, 2002, p. 81)

Como sugerido por Buttner, por menores que sejam as intervenções artísticas no espaço público, a essência se encontra nos detalhes e nas mudanças que fazem daquele espaço um espaço social.

[3] músicos independentes se apresentando na praça. Fonte: Foto da aluna (01/09/2018).

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O projeto do “autor na praça” que acontece na Praça Benedito Calixto, é um exemplo de manifestação popular cultural, representando a busca de um local para poder trazer à tona as discussões sobre os livros e obras, não só para fins comerciais, mas também para propagação da produção literária clássica e de autores locais. As instalações artísticas - como a arte urbana – representam uma possibilidade a mais de eventos no espaço público. A arte dispõe de uma força, com a característica de mutabilidade e capacidade de reagir diante de novas circunstâncias, ressignificando espaços públicos, estimulando comunicação e desencadeando possível interação das pessoas com as instalações. Se, sob alguns aspectos, esses estandes de feiras comerciais permitiam a reutilização da sua estrutura, não desenvolvem o pensamento arquitetônico em nenhuma outra direção; sequer advogavam por alternativas de adaptabilidade que poderiam estender-se para obras menos efêmeras. Trabalhavam com sistemas construtivos novos e industrializados, mas mantinham arraigadas suas velhas concepções arquitetônicas advindas de outros sistemas, daqueles cuja materialidade visavam a perenidade da obra (SCOZ, 2009, p. 16).

Bogéa (2006), por outro lado, em seu capítulo “Tendas e barracas”, destaca um conceito oriundo da época de uma sociedade nômade, onde a efemeridade e a mobilidade eram necessidades em seu modo de vida. Os feirantes são como nômades. Devem desmontar e montar suas tendas uma ou duas vezes por semana. Esses eventos potencializam-se em outros momentos, seja uma feira artesanal, ou feiras de perecíveis, que criam uma F I X O

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atmosfera que existe apenas ali. As barracas e tendas possuem uma característica muito especial: o fácil transporte e adaptabilidade aos espaços em que se instalam. Onde os eventos se inserem e emergem, propõem uma nova história e mudam - ainda que temporariamente - a significação do espaço. As pessoas são quem proporcionam os eventos, que são o vínculo da arquitetura com a dimensão social e a mate-

[3.1] Edson Lima no espaço Plínio Marcos. Fonte: tudoeste.com.br

rialização de sua proposta. Na Praça Benedito Calixto, acontecem diversos eventos, na maior parte de iniciativa coletiva das pessoas que frequentam a praça, como o Projeto ‘Autor na Praça’ citado anteriormente, um evento criado em 1999, em que autores que desejam apresentar seus livros se reúnem duas vezes por mês, com um bate papo descontraído com quem se interessar pelo assunto. O principal fundador do projeto, Mário Largo, autor e dramaturgo, morava em uma casa de frente para a Praça, onde hoje é o Restaurante

[3.2] Chorinho na Praça Benedito Calixto. Fonte: Celeiro Memória.

Consulado Mineiro (Rua Benedito Calixto, 74). O “autor na praça” surgiu como uma iniciativa da difusão da literatura integrada a outras formas de manifestações artísticas, sociais e culturais, através do encontro entre escritores, artistas, autores de forma geral com o público em espaços populares como praças, parques etc. Como principais colaboradores estão: Edson Lima, Fred Maia, Marcelo Max, Mouzar Benedito e o falecido padrinho do projeto, Plínio Marcos. 28

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[3.3] Feira de artesanato da praça Benedito Calixto. Fonte: Catraca Livre..


A praça também serve como espaço para encontros, atividades literárias, apresentações musicais e outras manifestações culturais e sociais que promovem inclusão social. O Chorinho na Praça, é um evento tradicional de música aos sábados às 14h e corais às 18h. a feira de alimentos e de artesanato acontecem todos os sábados das 9h às 19h.

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Arte urbana x eventos Ao longo do processo de pesquisa e análise sobre os assuntos estudados para o trabalho, me deparei com alguns artistias e suas obras, os quais me inspirarm de alguma forma, não só pela arte mas também pelo propósito. Ambos os artistas a seguir registram tipos de mudanças da cidade: morfológia, identidade, personagens, fluxos.

Antes que acabe As empreiteiras vendem os apartamentos como se os moradores fossem viver em um bairro bucólico de lindas casas, mas estas serão demolidas para erguer os novos empreendimentos. Contradições da cidade que tenta apagar sua memória. O projeto ‘Antes que acabe’ visa registrar iconograficamente os remanescentes dessas construções. É um trabalho de resgate e resistência (GALERA, 2015, p. 1)

Artista plástico e antropólogo, João Galera surgiu com o projeto “antes que acabe” para representar as casas remanescentes antes de serem engolidos pela desapropriação imobiliária. A individualidade em cada pequena sutileza das casas evidenciava uma vida privada, uma identidade que está em risco de se perder na seriação da construção do anonimato dos empreendimentos imobiliários verticais. Sua inspiração para esse projeto surgiu de caminhadas no bairro de Pinheiros, e desde então, seus desenhos dão forma ao protesto do artista.

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[3.4] Casas geminadas (Desenho Nanquim de João Galera. Fonte:https://www.joaogalera.com/ antes-que-acabe

[3.5] “Dessemelhanças da Francisco Iasi” (Desenho Nanquim de João Galera. Fonte:https://www.joaogalera.com/ antes-que-acabe

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Cidade Nômade A metrópole é um organismo vivo, com uma corrente humana ininterrupta. Entrar na multidão e perder-se. Encontrar os outros-eus, entrar e sentir um espaço vibrante onde a existência se torna camuflada, onde a poesia do povo encontra-se em sua forma mais crua. Uma miríade de olhares que se cruzam (KRAMER, 2015)

Guilherme Kramer, artista brasileiro, possui um grande fascínio por multidões, assim realizando ao longo de sua carreira muitos estudos de massa. “A Cidade Nômade” é um de seus projetos artísticos que trata dessa dimensão, onde a saturação e os encontros inevitáveis em meio urbano nos forçam a adquirir outros estados de consciência. O corpo e seu movimento transforma o espaço, e o próprio espaço domina os corpos, condicionando-os, e forçando-os a criar outros pontos de referência. Ao representar os diversos rostos e identidades que se perdem num mar caótico da cidade, Kramer reconhece que por trás de cada pessoa, há um personagem que possui suas próprias normas, características e vidas próprias. Em seus desenhos percebemos essa investigação das nuances do rosto e das expressões, que mesmo estando em uma multidão, são individualidades que os destacam, e o coletivo transforma espaços, e condiociona o movimento.

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[3.6], [3.7], [3.8] Processo inicial do trabalho de Kramer. Primeiros vestígios da ocupação humana do espaço. Fonte:https://www. guilhermekramer.com/ CIDADE-NOMADE-1

[3.9], [3.10], [3.11] Processo do trabalho de Kramer. Identidade e fluxo. Fonte:https://www. guilhermekramer.com/ CIDADE-NOMADE-

[3.12], [3.13], [3.14] Etapa final do trabalho de Kramer. Corrente humana ininterrupta. O espaço condiciona os corpos e o movimento altera a percepção do espaço. Fonte:https://www. guilhermekramer.com/ CIDADE-NOMADE-1

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4 SIMBIOSE FIXO X FLEXÍVEL F I X O

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4. Simbiose: Fixo X Flexível É essa relação simbiótica entre os eventos e o espaço público que é viabilizada por uma ocupação temporária do espaço. O paradoxo se encontra na finitude da arquitetura efêmera, de seu programa e consequentemente do espaço afetado. A questão é como conciliar a funcionalidade que se esgota junto ao edifício. Os edifícios permanentes configuram um outro tipo de temporalidade. O que define uma arquitetura temporária, não é o quanto ela pode durar, mas o quanto ela realmente se vê como necessária. A temporalidade de uma construção se torna relativa uma vez que sua durabilidade se apoia no seu programa e na construção de sentido que ela pode criar. O importante é essa construção não se esgotar. Por parecer um pouco desenraizada em relação ao lugar, a arquitetura temporária se encontra em uma nebulosa relação afetiva com o espaço urbano e com o espaço social. Mas talvez essa seja sua potência e seu diferencial. Como hipótese de criação de vínculos, a arte pode se apresentar como uma ativação temporária do espaço público e uma liga entre as estruturas efêmeras e a afetividade do espaço social. A arquitetura de eventos é de certa forma uma arquitetura efêmera. Como os eventos que surgiram na Praça Benedito, essa arquitetura pode crescer, desaparecer, transformar-se. A impre36

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visibilidade e inconstância das possibilidades de ocupação do espaço proporcionam a ideia de uma arquitetura que nunca se esgota de funcionalidade e de estímulos, independentemente da sua espacialidade. A funcionalidade, ou o programa da arquitetura poderia ser denominado como uma variável “X”, que se encaixa na equação junto aos dados circunstanciais do contexto. Definir uma função seria limitar suas possibilidades. Por isso os espaços públicos são tão importantes. A arquitetura abraça os programas e eventos que surgem nesses lugares, e potencializa as atividades para que a ativação dos espaços públicos extrapole os limites políticos do ‘lote’ e da ‘calçada’, do público e do privado. Talvez seja por esse motivo que as praças são um dos elementos urbanos que perduram no tempo e espaço, e são um dos maiores exemplos das antigas camadas do palimpsesto da cidade.

[4] Diagrama fixo X flexivel. Fonte: Ana Yamashita.

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5 OCUPAÇÃO LÍQUIDA DOS ESPAÇOS Tabula Rasa (1923) Tange Lab (1946) A viagem (1950)

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Principais características movimento

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Mulher nômade de Tóquio

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5. Ocupação Líquida dos Espaços Movimento no espaço, para abrigar movimento no tempo (BOGÉA: 2011, p. 139)

O aumento da velocidade e dinâmica urbanas, leva-nos a pensar na modernidade mais como fluxo do que como permanência, já que os fluídos nos remetem a uma inconstância da forma. Se o movimento configura os espaços, e esse movimento se acelera, o espaço está cada vez mais condicionado à mudança, inconstância, liquidez. Essa comparação com a fluidez, segundo BAUMAN (2001), se dá pelas características dos fluídos de não se fixarem no espaço e nem se prenderem no tempo. Enquanto o sólido suprime o tempo, a liquidez depende do tempo. Essa metáfora pode muito bem ser identificada na corrente metabolista e nos ideais utópicos do grupo Archigram, que serão discutidos no capítulo seguinte. O tempo de vida de uma construção e a constituição de módulos e cápsulas que redesenhavam o espaço em constante transformação eram características desses ideais, onde a flexibilização era utópica e até exagerada muitas vezes. Das unidades intercambiáveis que constituíam edifícios plugáveis à compreensão de cidade conectável, a tônica naquele momento parece ter sido a procura de elementos previsíveis para amparar uma cidade em contínua transformação. (BOGÉA: 2011, p. 131)

A questão é que a cidade é uma mescla de espaços fixos e 40

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líquidos, fluxo e permanência, inconstância e continuidade. O meio termo dessas dualidades gera o que chamamos de espaços residuais e fragmentados (KOOLHAAS, 2011) como consequência, segundo o autor, de concepções funcionalistas. A arquitetura é circunstancial (KAHN, 1959), por isso as respostas que surgiram para problemas da década de 1960, em um contexto pós-guerra, certamente não serão as mesmas de 2018. O avanço das técnicas de construção nos permite a otimização do canteiro de obras e a montagem (pré-fabricação), onde o tempo de uma construção pode ser mais facilmente modificado e até reaproveitado. A leveza que caracteriza a liquidez da modernidade (BAUMAN, 2001) pode enfim articular impermanências, com o desafio de manter uma estabilidade quase inconstante, que ainda garanta a identidade local no meio em que se insere. A ideia é, como não podemos prever as mudanças e as dinâmicas dos espaços em transição, a arquitetura possa se adaptar na medida do possível, não só construtivamente, mas também alterando o caráter do espaço através de diferentes tipos de adaptação, seja de espacialidade, mobiliário urbano, ou de estímulo à interação social. A montagem e desmontagem dos módulos também pode amparar mudanças na demanda dos programas em questão. Essa flexibilização dos espaços nos aproxima da dimensão F I X O

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social do projeto, e como a apropriação humana pode inesperadamente transformar o programa e os próprios eventos que lá ocorrem, gerando um território inconstante mais ainda buscando certa estabilidade como desenho e como arquitetura no tempo. A questão pertinente é creditar tempos distintos de transformação e de movimento, e não só creditar permanência, tornando pertinente a distinção dos elementos em que o movimento se dará num tempo longo paralelamente a outros em que o movimento se dará em tempos curtos (BOGÉA: 2006, p. 15).

Nesse trecho, Bogéa identifica a existência de tempos, transformações e movimentos distintos, devendo-se, por esse fato, levar em conta tanto as permanências quanto os fluxos. Um exemplo que reconhece diferentes temporalidades na cidade, é a proposta do Archigram, a “Cidade Interconexa” (1964). Sua estrutura, materialidade e o programa foram pensados de forma específica para cada tipo de tempo e velocidade que ocorrem simultaneamente. A cidade em movimento é como um corpo que se reconfigura no tempo e não apenas se substitui (COOK, 1999).

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5.1. Metabolismo A visão metabolista insere a arquitetura em um campo análogo à biologia, onde ela, junto ao organismo como cidade, sofre os efeitos das mudanças de seu entorno, uma vez que o território urbano é condicionado pela interação de seres vivos, tanto animais, plantas e o próprio ser humano (SCOZ, 2009). Conhecido como um dos manifestos finais da arquitetura moderna, o movimento metabolista (1960) foi conformado por um grupo, uma aliança estratégica que reunia arquitetos com visões diferentes entre si, porém com uma crença em comum: um ethos com base na adaptabilidade para mudança. Seu percursor foi Kenzo Tange, considerado um dos maiores arquitetos modernistas no Japão, tendo desenvolvido sua carreira em um período de pós II Guerra Mundial. Nessa transição, Tange, aos 32 anos, alavanca sua carreira e reinventa o papel do arquiteto no Japão. O arquiteto investe vários anos de sua carreira intensamente preparando a nova geração para o cenário internacional, como mentor de alguns que futuramente viriam a ser metabolistas, como Fumihiko Maki, Kisho Kurokawa e Arata Isozaki, e assim funda o “Tange Lab”, um grupo que preparou território para o manifesto metabolista que viria (OBRIST, 2011).

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Tabula Rasa (1923) A visão da arquitetura como peça de um planejamento urbano sem obstáculos, uma página em branco, se tornou possível graças a uma série de acontecimentos: 1923 - O Grande terremoto na província de Kanto que devastou Tokyo, proporcionando espaços para um novo masterplan para reestruturar a população e a capital, porém sem os fundos para tal operação. 1932 – Em uma série de questões políticas e diplomáticas,

[5] Linha do tempo Metabolismo. Fonte: Imagem de Ana Yamashita com base no Livro Project Japan.

o Japão toma posse da Manchúria, um território plano de 1.330.000 km². Local para as experiências e propostas da Tabula Rasa. O mentor de Tange, Hideto Kishida, começou a fazer proposições de projeto para essa vasta área. 1945 – Após o bombardeio dos americanos no território japonês, a tabula rasa acaba acontecendo, porém não onde planejaram, momento em que aqueles que presenciaram as consequências entram em um cinismo existencial e outros se viram presos no constante processo de “recomeçar do zero” (OBRIST, 2011).

[5.1] Territorio arrasado pelo bombardeio americano Fonte: Livro Project Japan.

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Tange Lab (1946) Quando vimos nossa nação se transformando em terra arrasada com estruturas de concreto queimadas, nós tivemos um sonho e esperança de desenhar uma nova cidade quase que sobre uma folha branca. Mas logo aprendemos que há uma espessa e opaca camada de realidades políticas, econômicas e sociais por baixo das terras arrasadas de cada cidade... (TANGE:1971, p. 102).

Tange Lab não era considerado um estúdio, mas sim uma incubadora onde estudantes se tornavam pesquisadores, tomando ³ “red purge”, mais conhecido como “the purge” nos livros de história americana, foi a intervenção e eliminação pós-guerra dos políticos e aliados esquerdistas japoneses na II Guerra Mundial.

parte em uma colaboração coletiva e de projeto. A incubadora estava sendo comissionada pelo Instituto de Recuperação da Guerra (War Recovery Institute), começando por um masterplan para Hiroshima após o bombardeio. Dentro de ideais e esperanças de reconstruir as cidades japonesas nos preceitos da tabula rasa, o arquiteto se viu frustrado em suas tentativas, dado que a política e a economia eram grandes obstáculos. De fato, as cidades foram reconstruídas não de acordo com o planejamento urbano, mas conforme outras condicionantes políticas. Apesar da maior parte dos arquitetos associados a Tange serem membros da esquerda NAU (New Architects Union), “Nova União de Arquitetos”, Tange permanece ambivalente, e não se junta ao grupo. Esse posicionamento frágil, mais tarde será utilizado declaradamente, quando o red purge³ americano agressivamente remove supostos esquerdistas do

[5.2] Kenzo Tange e seus parceiros do Tange Lab. Fonte: Livro Project Japan.

cenário político econômico japonês através de acusações de subversão e traição sem provas concretas. Isso tornou a vida F I X O

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mais difícil para os arquitetos de esquerda, que viram várias portas se fecharem em seu caminho. Kenzo Tange se tornou uma figura central para o debate arquitetônico no Japão pós-guerra, onde o foco é a estética e identidade histórica. Tange era contra o uso da arquitetura moderna como uma mera pátina, ou seja, sobrepondo uma falsidade moderna sobre um telhado tradicional. Ao invés, o arquiteto insiste em explorar a cultura e tradição como um meio de inovar. [5.3] Foto de uma cadeira de viagem (kago). Fonte:https://muza-chan.net/japan/ index.php/blog/kago

A viagem (1950) Tange, junto a Kurokawa e Maki, obcecados pela tradição japonesa e pressionados pela contemporaneidade e o futuro da nação, foram muito inspirados pelo mundo fora do Japão. Em 1950 começam uma grande viagem ao redor do mundo, visitando várias obras icônicas de vários países: desde Brasília, a cidade utópica, até Moscou e sua arquitetura soviética.

Principais características do movimento Impermanência Dentro da tradição japonesa de construção, as estruturas são pensadas como temporárias, como os templos. O Templo Ise por exemplo, é reconstruído a cada 20 anos desde 690 DC, e representa um importante arquétipo no ethos do metabolismo: 46

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[5.5] Isométrica da Nakagin Tower de Kisho Kurokawa. Fonte:http://agontarz.com/portfolio/ case-study-nakagin-capsule-tower/


a impermanência. Em paralelo ao período em que o movimento metabolista emergiu, o arquiteto inglês Cedric Price propunha ideais semelhantes na Europa, defendendo a arquitetura como uma questão de tempo e não somente espaço, ou seja, afirmava a necessidade de um tempo de vida de uma construção. Koolhaas, ao entrevistar Arata Isozaki (2005) cita que lhe é aparente uma divisão do movimento em duas tendências: uma formal, forte, e dura, e a outra indefinida e sem forma. Tange e Arata por exemplo, eram de tendência formal. Alguns arquitetos [5.4] Cápsula e encaixe no bloco principal. Fonte:http://agontarz.com/portfolio/ case-study-nakagin-capsule-tower/

também tinham propostas mais radicais, uma vertente mais otimista em relação às teorias utópicas do manifesto. Cápsula A unidade básica do metabolismo, a cápsula, foi inspirada em um arquétipo nacional do “kago”, uma cadeira móvel (ver imagem 5.3). Essa unidade possibilitava a flexibilização e a impermanência das arquiteturas, principalmente nas habitações, onde configuravam quartos. Kurokawa desenvolveu a Nakagin Tower, com unidades cápsula pré-fabricadas de apartamentos fixadas em um bloco de circulação vertical (ver imagens 5.4 e 5.5). Já Kikutake, configurou o módulo cápsula para sua Casa, Skyhouse, que eram cômodos adicionais a estrutura conforme as transfor-

[5.6] elevações da Nakagin Tower. Fonte:http://agontarz.com/portfolio/ case-study-nakagin-capsule-tower/

mações da família que lá mora.

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…O próprio Tange fazia apresentações que propunham uma nova estratégia arquitetônica. Prédios e cidades devem ser capazes de se adaptar, crescer, elevar-se e até flutuar, para que possam sobreviver a dupla pressão da rápida modernização e as inevitáveis mudanças naturais (OBRIST: 2011, p. 175).

Reiterando, a arquitetura é circunstancial, por isso esse manifesto possui ideias baseadas em um contexto de pós guerra, quase apocalíptico e utópico como resposta. Na proposta projetual no eixo em questão, a rua Cardeal Arcoverde, não se pretende a aplicação das mesmas ideias, dado que o tempo e as circunstâncias apresentam-se de maneira totalmente diferente. A ideia se encontra na própria distinção e identificação da identidade local, e em pensar numa arquitetura que flexibilize e mude junto com o contexto e seus usuários. Metabolismo é o nome do grupo em que cada membro propõe projetos futuros para o mundo que vem à frente através de seus designs e ilustrações de concreto. Nós consideramos a sociedade humana como um processo vital – um desenvolvimento continuo de átomo para nébula. A razão pela qual usamos a palavra biológica, metabolismo, é que acreditamos que design e tecnologia devem ser uma denotação da vitalidade humana... (KAWAZOE: 1960, p.235).

A ideia da arquitetura como organismo vivo é bem visível nos desenhos de seus membros, principalmente aqueles da tendência à não forma. Mesmo os mais formalistas, que propunham estruturas modernas, introduziam conceitos expansivos e ampliáveis, como a propagação de uma colônia de organismos. Na imagem 5.7 por exemplo, temos a Skyhouse de Kiyonori 48

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[5.7] Diagrama temporal. Fonte:http://archeyes.com/sky-housekiyonori-kikutake/


[5.8] Diagrama estrutural da casa. Fonte:http://archeyes.com/sky-housekiyonori-kikutake/

Kikutake, onde há uma adaptação espacial e estrutural da casa de acordo com as mudanças na família que lá moraria. O vazio de 4,5m da casa permite essa flexibilização espacial para alocação dos módulos, ampliando o leque de possibilidades de ambientes. A casa possui quatro paredes estruturas principais localizadas no centro de cada face, liberando os cantos da casa visualmente e construtivamente. Apoiada nesses pilares, está uma laje grelha de 10x10 metros, que permite a fixação das estruturas temporárias na parte inferior da casa. Podemos entender melhor a estrutura ao observar a perspectiva explodida na imagem 5.8.

Mulher nômade de Tóquio Qual seria o novo sujeito emergente na cidade contemporânea? Essa pergunta, feita por Wisnik (2008), nos revela uma nova identidade do homem moderno, em paralelo a característica da mobilidade do capital no território, agora quase como nômade, à medida que nos distanciamos da tradição de lugar de origem e enraizamento. Toyo Ito, arquiteto japonês, desenvolveu uma unidade de habitação mínima com base na imagem de uma mulher independente, liberal e ativa que abandonou a rotina dos afazeres domésticos para gozar o conforto e flexibilidade da sociedade do consumo (perfil espelhado também em Kazuyo Sejima). O F I X O

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Pão (1985 – 1989) eram unidades frágeis e moveis, abrigando apenas o necessário para uma pessoa consumista. Assim a cabana tinha apenas alguns artefatos leves e funcionais, compatíveis à estrutura. Especificamente, O Pão diz respeito à mudança das tradicionais tipologias familiares, principalmente em relação à emancipação da mulher no cenário social, como uma pessoa independente, ambiciosa, informada, e com prioridades para além do casamento e dos afazeres domésticos. Em um cenário mais amplo, essa estrutura, de natureza efêmera, representa um grupo emergente nômade e consumista, ou seja, uma geração para a qual a estabilidade depende da desarticulação e flexibilização do meio local, como navegantes em uma “floresta midiática” , como descrito por Toyo Ito. Um grupo emergente e fugaz,

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onde as relações afetivas são desconexas, ou melhor dizendo independentes, e a necessidade do consumo se vê presente. O lugar da casa não é mais do que uma densificação do trajeto, um nódulo, um vórtice onde se concentram e se vincam intensidades para definir a expressão mínima do habitar, da ideia de interior que é consubstancial ao habitante. (ÁBALOS: ano 2000, p. 159)

Essa reflexão nos faz perceber como a transitoriedade temporal em cada espaço está se tornando cada vez mais dinâmica: os aluguéis, apartamentos estúdios e kitchenettes são apenas paradas na inércia contínua dos personagens modernos em seus trajetos. 50

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O termo “Floresta midiática” é referência à analogia de Toyo Ito sobre os novos nômades que protagonizam a cidade “global” e “genérica”, que seriam como “tarzãs numa floresta midiática” (WISNIK, 2007).


[5.9] O Pão, de Toyo Ito e Kazuyo Sejima para mulher nômade de Tóquio (1989). Fonte:http://thecityasaproject. org/2017/01/the-architecture-ofhomelessness/

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6.1. Módulos flexíveis – catálogo 6.2. Benedito Calixto 6.3. Omaguás F I X O

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6.4. Largo da Batata

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6. Cidade Intermitente A ideia de uma cidade composta por eventos intervalados através da relação de estruturas fixas e flexíveis, propõe um desenho de acontecimentos que não pode ser representado como definitivos no espaço. A essência se encontra na relação entre os eventos e não nos eventos isolados. Encontra estabilidade através da inconstância de sua constituição dessa relação simbiótica.Como a efemeridade da ocupação do espaço é de difícil captura, a representação através de uma linha do tempo de possibilidades parece uma forma mais oportuna de demonstrar a relação dos acontecimentos no espaço urbano. A partir das informações e dos questionamentos levantados, a proposta de projeto surgiu de uma escala urbana (eixo Rua Cardeal Arcoverde), para amparar a sistematização das pequenas escalas, chamadas aqui de polos urbanos. A ideia é conectar os eventos e atividades, criando possibilidades de ações pontuais para reativar o movimento e as atividades no eixo, principalmente nos espaços públicos como elementos urbanos que perduram no tempo, trazendo uma diferente dimensão para o cotidiano da dinâmica urbana. O inesperado acontece em cada esquina, e os eventos se conectam para criar um grande circuito, com tempos e tamanhos distintos, mesclando o público e privado e permanência e o fluxo. Espera-se que essas dualidades criem uma estabilidade e conciliação da ocupação e 54

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[6] Diagrama isométrico do sistema de intervenções Fonte: Ana Yamashita.


dinamicidade do urbano. Como articular diferentes programas que combinados, criam eventos distintos, todos em tempos diferentes, para gerar uma dinâmica urbana de tempos em tempos? As diferentes aglomerações de eventos formam novas centralidades, pulverizando o evento ao longo do eixo. Mais do que adaptável, mutante. Ainda se mantém o caráter permanente da arquitetura, porém flexível. O caráter adaptativo será condicionado pelos próprios moradores do bairro, as pessoas que realmente frequentam e se apropriam do espaço. Essa apropriação se expande ao nível de poder optar pelos espaços, como se fossem personalizados.

6.1. Módulos flexíveis – catálogo por usos O módulo tem uma natureza flexível, onde o uso determina seu caráter. Pelo catálogo podemos perceber diferentes situações nas quais os módulos seriam usados. 1.

O módulo nômade inflável, pode ser desmontado e trans-

portado, tendo literalmente, uma estrutura inflável fixada a ele, permitindo criar um ambiente em qualquer lugar onde for se instalar. 2.

Módulos variáveis de acordo com as atividades e apro-

priações humanas. Os exemplos de usos no catalogo sao apenas algumas das possibilidades.

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CATÁLOGO DE MÓDULOS

[6.1] Diagrama isométrico do catálogo de algumas possibilidades de configuração do módulo. Fonte: Ana Yamashita.

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. eventos plateia

. lojas e descanso

. lojas na cota terrea

. vista de tras

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SISTEMA DE INTERVENÇÃO

[6.3] Diagrama do sistema de intervenções em satélite. Fonte: Ana Yamashita.

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INTERVENÇOES PONTUAIS AO LONGO DO EIXO

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[6.4], [6.5] Exemplo de implantação dos módulos nos recuos de lotes nas calçadas.

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6.2. Benedito Calixto

desenho atual

[6.6] Foto da praça Benedito Calixto, onde acontecem algumas apresentalções itinerantes devido à pequena arquibancada. Fonte: Ana Yamashita (01/09/2018).

fluxos

O primeiro polo de eventos a ser trabalhado, foi chamado de polo Benedito Calixto, devido à praça já existente. Os lotes selecionados são atualmente um estacionamento e galerias de arte, que seriam incluídas no espaço e programa do projeto. A proposta do paisagismo da praça surgiu principalmente da

fluxos + usos

análise de fluxo e usos. A conformação da praça em si será modificada para adaptar e acolher diferentes fluxos e finalidades. A ideia é justamente que os eventos formem um circuito com programas variados: desde comércios e feirinhas até galerias de arte, bibliotecas e escolas de arte e música, reforçando assim a identidade local e o movimento de pessoas e atividades. 62

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paisagismo final


[6.7] Isométrica da implantação dos módulos na Benedito junto ao projeto. Fonte: Ana Yamashita.

(...)sustenta novas relações entre entidades funcionais que expandem ao invés de limitar as suas identidades. Os elementos programáticos reagem entre si para criar eventos. (KOOLHAAS:2010, p. 24)

[6.8] Diagramas de análise e desenvolvimento do paisagismo. Fonte: Ana Yamashita.

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DIAGRAMAS DE IMPLANTAÇÃO

permeabilidade

condicionantes

volume inicial

bloco servidor

balanços

volume final

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IMPLANTAÇÃO

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1ยบ PAVIMENTO

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2ยบ PAVIMENTO

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CORTE 1

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CORTE 3

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ELEVAÇÃO 1

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ELEVAÇÃO 2

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CORTE PERSPECTIVADO

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6.3. Omaguás A praça dos Omaguás levantou uma discussão de suma importância, principalmente no que diz respeito aos temas discutidos ao longo da monografia: como o comércio tem um papel participativo na ativação de espaços públicos. A Fnac, proporcionava

desenho atual

atividades e eventos diversos, que eram muitas vezes realizados no próprio espaço da praça. Como no polo da Benedito Calixto, foram estudados os fluxos e os usos atuais, assim servindo como base para a reconfirguração do paisagismo.

fluxos

fluxos + usos

[7] Diagrama isométrico do sistema de intervenções Fonte: Ana Yamashita.

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paisagismo final

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[7.1] Isométrica da implantação dos módulos na Omaguás. Fonte: Ana Yamashita.

Como foi identificado a presença de restaurantes, cafés, comércios e uma academia, a ideia é que a potencialização desses programas pudessem reviver a atividade na praça não só nos fins de semana, mas também com atividades nos dias comer-

[7.2] Diagrama do desenvolvimento do paisagismo.

ciais. Eventos atraem clientes, que por vez trazem uma nova dinâmica.

Fonte: Ana Yamashita.

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6.4. Largo da Batata O polo de intervenção no Largo da Batata foi um grande desafio para trazer propostas. Sendo uma área que passou por constantes mudanças e alterações, principalmente no que diz respeito aos pontos de referência na paisagem urbana. Por isso a identidade do local se encontra um pouco incerta, e assim a maneira como ocupar esse espaço através de estruturas flexíveis é da mesma maneira nebuloso. A implantação dos módulos flexíveis levou em consideração alguns dos elementos e características urbanas já presentes, como a Igreja e a estação de metrô Faria Lima. Dedicando os módulos no espaço próximo ao metrô para comércio (possí-

[8] Foto do Largo da Batata. Fonte:https://www.arcoweb.com.br/noticias/arquitetura/largo-batata-temasesctv-arquiteturas

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[8.1] Diagrama da configuração do Largo atual. Fonte: Ana Yamashita.


[8.1] Isométrica da implantação dos módulos no espaço do Largo da Batata. Fonte: Ana Yamashita.

veis pop-up stores e comerciantes independentes), atividades e eventos no centro da praça e a área próxima da Igreja reservada para feiras de alimento e artesanato. A ideia foi não alterar os pontos de referência urbanos já existentes, mais sim, novamente, usá-los como potenciais para os programas efêmeros e eventos para o espaço público urbano. A praça já recebe alguns eventos e manifestações culturais, porém não há uma organização espacial propriamente para essas atividades.

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6.5. Reflexões [finais ?] Após as discussões e estudos ao longo de todo o trabalho, e principalmente em relação a banca de projeto, foram levantados muitos questionamentos e dificuldades.Como a arquitetura efêmera e flexível pode ser implantada em quase qualquer território, a afetividade em relação ao espaço se desprende, fazendo algumas das propostas parecerem, ou até mesmo serem aleatórias em questão de implantação, mesmo havendo uma análise própria para a proposta. Superar a ideia dos pavilhões temporários e as instalações de arte vai além da proposição de estruturas desmontáveis, perecíveis ou nômades. A compreensão do novo personagem da sociedade contemporânea deve ser aprofundada, visto que entre os “homens nômades” existem muitos outros tipos de personas nômades. A generalização como resposta para a variação exclui a individualidade, e nos vemos na necessidade de nos fazermos visíveis. Há uma defasagem entre a dinâmica da sociedade e da arquitetura, na qual o movimento dos corpos condiciona o espaço, mas se não há movimento, o espaço urbano deixa de ter razão de ser. Em uma esquizofrenia paradoxal, o homem destrói aquilo que necessita, e constrói espaços que os precisam, e o abandonam. Podemos até interpretar um ciclo do modo de vida do homem, pensado antes como nômade, e ironicamente agora como um nômade “moderno”. 84

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