Edição Especial
Editorial
Nesta edição, a D-Age trás uma revista recheada com o tema ilustração, onde foi abordado desde a sua origem, ate as diversas formas de ilustrar. Se aprofundando em cada área, será possivel informar e agradar a todos os gostos, como também atrair novos olhares para este mundo. Sem falar em uma incrivel entrevista com a jovem e talentosíssima ilustradora, Juliana Fiorese, que a cada dia tem seu trabalho evoluindo, por meio de livros e rede sociais.
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Índice
05 História e evolução da ilustração
06 Tipos de Ilustração
10 Entrevista: Juliana Fiorese
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História e Evolução da ilustração
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Ilustração é uma imagem pictórica utilizada para acompanhar, explicar, interpretar, acrescentar informação, sintetizar ou até simplesmente decorar um texto. Embora o termo seja usado frequentemente para se referir a desenhos, pinturas ou colagens, uma fotografia também é uma ilustração. Além disso, a ilustração é um dos elementos mais importantes do design gráfico. A partir do século XV, os livros passaram a ser ilustrados em xilogravura. Nos dois séculos seguintes, os principais métodos utilizados para a reprodução de ilustrações foram a gravura e a água-forte. No final do século XVII, a litografia permitiu que as ilustrações fossem reproduzidas de forma ainda melhor. O ilustrador mais notável desta época foi William Blake, que desenvolveu um método de relevo em água-forte. São comuns em jornais, revistas e livros, especialmente na literatura infanto-juvenil (assumindo, muitas vezes, um papel mais importante que o texto), sendo também utilizadas na publicidade e na propaganda. Existem também ilustrações independentes de texto, onde a própria ilustração é a informação principal. Um exemplo seria um livro sem texto, não incomum em quadrinhos ou livros infantis. Em princípio, o que distingue a ilustração das histórias em quadrinhos é não descrever, necessariamente, uma narrativa sequencial, mas sintetizar ou caracterizar conceitos, situações, ações ou, até mesmo determinadas pes-
soas, como é o caso da caricatura. Em princípio, o que distingue a ilustração das histórias em quadrinhos é não descrever, necessariamente, uma narrativa sequencial, mas sintetizar ou caracterizar conceitos, situações, ações ou, até mesmo determinadas pessoas, como é o caso da caricatura. A revista de humor britânica Punch, fundada em 1841 na esteira do sucesso do Almanaque Cômico de Cruikshank, empregou uma linha
ininterrupta de artistas de alta qualidade – incluindo Sir John Tenniel, os Irmãos Dalziel, e Georges du Maurier – que, apesar de formados convencionalmente em belas artes, alcançaram fama primeiramente como ilustradores. Em seu auge, a revista registrou a mudança gradual da ilustração popular e dependente da caricatura para as sofisticadas observações de tópicos específicos.
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Tipos de ilustração Digolo e Mazrui subcategorizam a ilustração a partir das técnicas utilizadas, tais como desenho, pintura, impressão ou colagem. Essas técnicas afetam a arte em diversas formas, sendo escolhidas pelos diferentes impactos que reproduzem. A escolha pode ser baseada no objetivo ilustração, nas limitações do artista, no custo ou em outros fatores. A ilustração tradicional é focada em métodos de criação que permitam sua redistribuição, e pode ser classificada em diferentes tipos: Gravura é uma imagem obtida através da impressão de uma matriz artesanal. O material da matriz pode variar, e classifica o tipo da gravura. Tipos de Gravura Em horizonte: o sulco vai receber a tinta e aparece como positivo no trabalho final. Em relevo: a superfície em alto relevo é que recebe a tinta, e o sulco aparece em negativo (sem a presença da tinta). A xilogravura é a técnica mais antiga para produzir gravuras, e seus princípios são muito simples. O artista retira de uma superfície plana (matriz: madeira), com o auxílio de ferramentas de corte e entalhe (goivas) as partes que ele não quer que tenham cor na gravura. Após aplicar tinta na superfície, coloca um papel sobre a mesma. Ao aplicar pressão (com uma prensa) sobre essa folha a imagem é transferida para o papel. 6
A técnica da gravura em metal ou calcogravura ou calcografia começou a ser utilizada na Europa no século XV. As matrizes podem ser feitas a partir de placas de cobre, zinco, alumínio ou latão. Estas são gravadas com incisão direta ou pelo uso de banhos de ácido. Água-forte, água-tinta, ponta seca são as técnicas mais usuais. A matriz é entintada e utiliza-se uma prensa para transferir a imagem para o papel. Água-forte é uma modalidade de gravura que é feita usando uma matriz, normalmente de ferro, zinco, cobre, alumínio ou latão. A matriz é uma placa metálica, onde é gravado um desenho ou uma impressão fotográfica. O papel é levemente umedecido e a impressão pode ser monocromática (tradicionalmente) ou a cores. O termo foi usado até o século XVII para designar o ácido nítrico diluído em água. Por ser usado num dos processos da calcografia, em que a imagem obtida na impres-
são é fixada sobre uma chapa metálica, após a corrosão dos traços do artista pelo ácido nítrico, o termo passou a designar, além do processo, a matriz usada para a impressão da gravura e a própria gravura, já concluída. Linoleogravura é um processo de gravura semelhante à xilogravura, em que a imagem é recortada em linóleo e colada em uma base de madeira. O linóleo foi muito usado no século XIX para se fazer pisos e “passadeiras”, e este material foi utilizado pelos artistas europeus do final do século XIX para produzir gravuras. Na gravura em linóleo o procedimento é parecido com o da xilogravura, e usa-se os mesmos instrumentos cortantes (goivas). O linóleo é mais maleável que a madeira, permitindo um corte mais “doce”. E tal como na xilogravura, a tinta mais indicada é a de impressão. Litografia ou Litogravuras é um tipo de gravura. Essa técnica de gravura envolve a cria-
ção de marcas (ou desenhos) sobre uma matriz (pedra calcária) com um lápis gorduroso. A base dessa técnica é o princípio da repulsão entre água e óleo. Ao contrário das outras técnicas da gravura, a Litografia é planográfica, ou seja, o desenho é feito através do acúmulo de gordura sobre a superfície da matriz, e não através de fendas e sulcos na matriz, como na xilogravura e na gravura em metal. A Litografia foi usada extensivamente nos primórdios da imprensa moderna no século XIX para impressão de toda sorte de documentos, rótulos, cartazes, mapas, jornais, dentre outros, além de possibilitar uma nova técnica expressiva para os artistas. Pode ser impressa em plástico, madeira, tecido e papel. Sumi-ê é uma técnica de pintura oriental surgida na China no século II da era cristã.1 Da China o sumi-ê foi levado ao Japão onde tornou-se mais difundido. A palavra tem raiz japonesa e significa pintura com tinta. Seu conceito não tem ligação com a pintura praticada no ocidente, primeiro porque a arte do sumi-ê é uma mistura de desenho com elementos de caligrafia, que também é uma arte para os orientais. Segundo porque o artista deve passar sua mensagem de modo resumido e sem equívocos. Daí dizer-se que é a arte do essencial. Talvez para atingir essa simplicidade que o sumi-ê é basicamente monocromático. Xilogravura é a técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibi7
lita a reprodução da imagem gravada sobre papel ou outro suporte adequado. É um processo muito parecido com um carimbo. É uma técnica em que se entalha na madeira, com ajuda de um instrumento cortante, a figura ou forma (matriz) que se pretende imprimir. Após este procedimento, usa-se um rolo de borracha embebida em tinta, tocando só as partes elevadas do entalhe. O final do processo é a impressão em alto relevo em papel ou pano especial, que fica impregnado com a tinta, revelando a figura. Entre as suas variações do suporte pode-se gravar em linóleo (linoleogravura) ou qualquer outra superfície plana. Além de variações dentro da técnica, como a xilogravura de topo. A xilogravura popular é uma permanência do traço medieval da cultura portuguesa transplantada para o Brasil e que se desenvolveu na literatura de cordel. Quase todos os xilógrafos populares brasileiros, principalmente no Nordeste do país, provêm do cordel. Entre os mais importantes presentes no acervo da Galeria Brasiliana estão Abraão Batista, José Costa Leite, J. Borges, Amaro Francisco, José Lourenço e Gilvan Samico. O desenho e a ilustração nos possibilitam representar nosso mundo, que é tridimensional, em um espaço plano e bidimensional como uma folha de papel. Além de reproduzir o mundo real, um desenho também pode retratar uma memória do desenhista ou pode ser criado a partir de uma proposta totalmente 8
nova e criativa. As ilustrações tem como objetivo expressar algum sentimento ou informação, podendo ou não ser acompanhadas de texto. Ilustração para Indústria da Moda: A ilustração de moda possui características específicas, como representação de figura humana de maneira alongada, colocada em poses diferentes e exageradas. Também pode misturar colagem, recortes de revistas, desenho e pintura, até mesmo a cópia de um personagem que tenha uma personalidade para ilustrar um estilo de roupa e/ ou tribo. Ilustração Editorial: São encontradas em jornais, livros e revistas. Acompanham um texto e incentivam o espectador a pensar e alcançar um entendimento maior e mais profundo do assunto abordado. Ilustração Cinematográfica: Ilustram cartazes para cinema e capas de DVD. Podem trazer aspectos relevantes da narrativa, como os personagens principais ou nos situar sobre a categoria do filme representada. Ilustração Fonográfica: As imagens na indústria fonográfica têm a função de criar identificação do artista ou público. Capas de disco que tinham apenas uma foto do artista há tempos não são mais suficientes. Ilustrações podem auxiliar na criação de um design sofisticado e criativo que valoriza o produto Storyboard: Trate-se de um principais cenas de uma obra audiovisual,, um comercial ou um vídeo institucional de uma empresa.
Entrevista
Um papo com Juliana Fiorese
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Entrevista Nascida na Iglaterra, Juliana Fiorese se formou em 2009 em Arquitetura pela UNIPÊ e em 2013 em Design Gráfico pela Estácio, onde descobriu-se uma grande ilustradora. Altualmente, já publicou diversos livros, como “Azur e Asmar”, “ A princesa e os sapos” e “Uma história mais ou menos parecida”.
Como você começou o seu trabalho? Você já tinha contato com essa área? Bom, desde muito pequena eu sempre gostei muito de desenhar; na adolescência o meu shopping eram as livrarias e as papelarias, eu não conseguia sair desses lugares sem comprar canetinhas e lápis coloridos. Então, na hora de decidir sobre que área escolher para fazer o vestibular, eu estava um pouco perdida ainda. Sabia que queria trabalhar com desenho, de alguma forma, mas não sabia qual era o curso. Então acabei escolhendo Arquitetura e Urbanismo. Eu adoro arquitetura, mas não era o que me fazia realizada profissionalmente. Trabalhei durante 5 anos dentro de um escritório de arquitetura, e, durante esse período, surgiu a oportunidade de estudar design gráfico. Até então eu não tinha nenhum contato com a área. E foi dentro do curso de design que eu 12
comecei a me dedicar mais à ilustração em si. Em todos os trabalhos que eram passados, eu dava um jeito de colocar algum desenho meu nas apresentações. Então, com o tempo, eu resolvi me dedicar apenas nessa área, saí do escritório de arquitetura, e hoje trabalho. Onde você coleta as idéias? A inspiração vem de diversos lugares, principalmente na beleza da vida, no dia-a-dia, nas pessoas, na natureza, na forma como as coisas acontecem, certamente são meus principais pontos de observação e coleta de ideias. E saber que o que eu faço, me emociona de alguma forma, serve de maior inspiração para continuar o meu trabalho e tentar melhorá-lo sempre. Ainda mais quando eu vejo o retorno das pessoas, que também se sentem tocadas pelo o que faço. É muito satisfatório e ins-
pirador. E as inspirações mais técnicas de desenho partem desde ilustrações clássicas de livros e animações infantis, como das próprias princesas da Disney até os mais atuais, como Hora de Aventura, O mundo de Gumball e Flapjack. Costumo sempre ter o hábito de buscar referências e criar minha própria biblioteca de livros infantis, desta forma procuro ir aumentando o meu repertório visual cada vez mais. Em quem você se inspira para criar seus traços? O meu traço acabou se desenvolvendo de maneira natural, com muita dedicação e trabalho. As referências de outros artistas são muito importantes, e acabam moldando o estilo pessoal. Eu gosto muito dos trabalhos da Anna Anjos, do Pablo Bernasconi e do desenho animado The Adventure Time. Como você faz para equilibrar a parte técnica e a parte artística? Os trabalhos que tenho feito são voltados para a literatura infantil, então a parte artística é bem clara, em relação às ilustrações, e a parte técnica em relação ao projeto gráfico dos livros em si. Mesmo com essa divisão visivelmente clara, sempre procuro estar acrescentando aos meus desenhos os conhecimentos técnicos do design como significados das cores, gestalt, etc.
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O que você acha que é preciso para se dar bem na área de design? A única coisa que é preciso para se dar bem, não só na área de design, como em todas as áreas e fases das nossas vidas é a dedicação e o esforço. Correr atrás dos seus objetivos sem medo do que vem pela frente. Não tem como conseguir sucesso em algo se não for através disso, nada cai do céu. O que você acha da regulamentação da profissão? A regulamentação da profissão é muito importante pois o design gráfico é uma atividade profissional como qualquer outra. É a partir dela que se pressupõe a qualificação profissional e visa o interesse público. Porém, a gestão deve ser bastante cuidadosa para não acabar “engessando” os projetos em andamento, com testes desatualizados e com toda a burocracia da legislação, visto que a nossa área é bastante dinâmica. Se o conselho tiver credibilidade e for forte, o próprio mercado vai aparecer sim. Estudar basse encarregando de ir tirando tante e sempre, ter curioos pseudos-designs. sidade... Diria para sempre Acesse para conhecer outros procurar melhorar naquilo trabalhos de Juliana Fiorese: O que você diria pra quem que se faz, nunca ficar paraestá começando agora nes- do em uma zona de conforsa área? to. E publicar os trabalhos na internet para que as pessoas Eu diria para não ter medo, comecem a conhecer o seu para se arriscar sempre. É im- trabalho. É a partir disso tudo portante muita dedicação, que se ganha experiência e esforço e trabalho, aprender as oportunidades aparecem. com os erros, e nunca desis- Acima de tudo: amem o que tir na primeira dificuldade que fazem. aparecer, porque elas irão 15