AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE MONTEMOR-O-VELHO
E SE FOSSE EU?
COLETÂNEA DE TEXTOS POÉTICOS DO 8ºB
No âmbito da iniciativa “E se fosse eu”, e para aprofundar a reflexão sobre a temática dos refugiados, os alunos foram convidados a escrever breves textos poéticos. O resultado final é esta coletânea.
A professora Ana Cristina Fontes
OS NOSSOS AUTORES
Margarida Santos
E se fosse eu? Sair de casa, Com uma mochila às costas, Para tentar sobreviver?
Abandonar a minha casa, A minha família, os amigos, Tudo! Por causa de uma Guerra!
Ir, sem saber o destino. Sem saber se vivo, ou morro.
Se vivesse Viveria triste, Com as pessoas a olhar-me de lado, Talvez a negar-me um prato de comida… Não sei!
Ter de deixar tudo e partir Só com uma mochila, nada mais… Sem saber de nada, o que ia ser de mim?
E se fosse eu?
Mariana Cavaleiro E se fosse eu a partir, sem saber para onde ir, sem saber onde ficar?
E se fosse eu, Sozinha ou acompanhada, dentro de um barco, desesperada?
E se fosse eu, com um saco às costas, às voltas e voltas, num mar imenso de dor e tristeza?
E se fosse eu, sem voltar atrás, com um destino traçado cheio de guerra e sem paz?.
Casa, família, amigos… Arriscar-me a perder tudo, só por meia-dúzia de bandidos.
Constança Costa
E se fosse eu? Não, não consigo imaginar Não consigo, nem quero Vida injusta! Vida ingrata! Serem obrigados a sair do seu próprio país? Serem obrigados a abandonar tudo? Todo e todos? Não dá! Não quero! Por mais que tente imaginar, não há volta a dar, Não consigo, não sei qual queria a minha reação. Parece tão simples e ao mesmo tempo tão complicado, parece que basta pegar numa simples mala e ir embora. Deixar tudo para trás e começar uma vida nova.
Matilde Craveiro
Se eu calçasse as tuas botas Que caminho iria percorrer?
Tu que deixaste a casa, Tu que deixaste a família, Tu que deixaste os amigos, que futuro consegues ver?
Discriminação, Humilhação, Falta de concentração, Fome, Sede, Tristeza, Abandono, É isto que levas na mochila?
Troca de mochila comigo, Leva a oportunidade, Leva a felicidade, Leva um lar, Leva com quem falar. Calço as tuas botas e caminho a teu lado!
Maria Leonor Neves
E se fosse eu? E quisesse ficar? Se quisesse permanecer E me impedissem, Me dissessem para me mudar?
Se eu fizesse a diferença? Se pudesse lutar? Se me pudesse erguer? Se esta guerra pudesse terminar?
Temos de nos proteger, de continuar a crer, de subsistir com a última gota que há para beber!
Que haja paz e liberdade para correr, Não aguento mais sofrer! Só quero desaparecer!
E se fosse eu? E se quisesse verdadeiramente sobreviver? Não me deixarei esmorecer! Há que persistir, não há que desistir Não perderemos a nossa razão de viver!
E se fosse eu?
Eduarda Carvalho
A angústia é o medo que se transforma na escuridão cerrada, perto e fechada.
Dor é algo que não se vê, sente-se e não se sabe se acaba ou recomeça.
E se fosse eu? Não esperava sobreviver. O desprezo é algo imperdoável, deixar tudo para trás e partir.
Pedro Antunes Cheios de rancor, carregando os pecados dos portadores do terror os pobre coitados.
Crianças desafortunadas, sem comida para comer continuam amarradas Sem poder viver.
A arma mais forte É, simplesmente, o sorriso.
Eles também têm sangue vermelho, Eles também têm braços e pernas, Eles também comem carne de coelho.
Se fosse eu ou se fôssemos nós?
Rute Juliana Oliveira
Se fosse eu, não conseguia viver sem nada, nem ter esperança para sobreviver.
Se fosse eu, não conseguia viver naquele lugar, fechada, sem ter contacto com nada.
Se fosse eu, não conseguia deixar tudo para trás! Só me restar esperar, Para voltar a ter paz.
Leonardo Costa Eu não seria capaz de imaginar que teria de partir, deixar a minha família e os meus amigos. Se eu tivesse de partir, levava comigo uma muda de roupa; água; comida; primeiros socorros; uma manta; uma almofada; dinheiro; telemóvel com carregador portátil e os meus documentos pessoais. Não conseguiria andar dias e dias sem condições favoráveis, muito menos, andar de barco a saber que mais minuto menos minuto poderíamos morrer todos.
Se eu chegasse a outro paĂs, as pessoas ir-me-iam olhar de lado, chamar-me-iam nomes, gozariam comigo, entre outras coisas.