Coletànea de crónicas do 9ºA

Page 1

COLETÂNEA DE CRÓNICAS DO 9ºA

ANO LETIVO 2013 /2014


A Crise Chego à baixa de Coimbra. O meu pai para o carro, saio apressadamente para a ver a nova coleção, naquelas grandes e espelhadas montras, os novos sapatos, as botas, as sapatilhas. Mesmo que eu não goste de nada, entro dentro da loja e compro sempre alguma coisa. Mas as senhoras lojistas parecem sempre muito distantes, abstratas. Entro em tantas lojas que os meus pés me começam a doer. Não dou tréguas e continuo a entrar e a sair de lojas feita uma louca, para ver se consigo encontrar aquele par de sapatos perfeitos, de fazer inveja a qualquer mulher. Encontro sempre esses sapatos mas, depois de os observar bem, acabam por perder a graça. Nas ruas, as pessoas, parecem ausentes, não sei se é da crise, de pensarem como a vida está tão difícil e árdua e de, sempre que vêm uma peça de roupa ou uns sapatos nas montras, imaginarem como é que ficariam com aquela roupa, algumas pensam em entrar, mas depois desistem só de pensar que a carteira cada vez aperta mais, Aconteceu-me o mesmo, acabo por desistir de encontrar aquele par de sapatos, entro no carro e vou para casa. Sara Seixo

A má comunicação portuguesa Hoje as palavras que utilizamos não são as mesmas de amanha. Há casa vez mais falta de comunicação em Portugal. Os portugueses estão cada vez mais a utilizar o calão. Observo que os portugueses utilizam o calão para encurtar as palavras, ou seja, para as simplificar, tanto na escrita como na oralidade. Uns bons exemplos deste calão podem ser: “ya”, “meu”, “tudo fixe”, “bué” na oralidade e na escrita, “bjx” que significa “beijos” e “tmbm” que significa “também”. O calão é mais utilizado na escrita, pois, os portugueses utilizam-no nas mensagens de telemóveis, como também em outros meios de comunicação social. A internet é um dos factores da má comunicação portuguesa porque os jovens de hoje inventam todo o tipo de palavras e habituam-se a escrever com erros


ortográficos para os amigos. Um de vários problemas deste factor e o facto da má comunicação ser “transmitida” como uma doença contagiosa. A comunicação é um factor de enorme importância para o Homem, quando esta é alterada incorrectamente sem ser corrigida, perturba a compreensão de palavras alterando totalmente o sentido de outras. Portugal é um dos países menos desenvolvidos do planeta e a nossa ortografia é complicada de ser entendida pois temos muitas palavras que têm vários significados. Os portugueses devem comunicar correctamente senão teremos sérios problemas em entender o que os outros dizem. João Luís Vasconcelos

A manhã antes das aulas O despertador toca. E depois o que acontece? Acordo e ainda meio adormecido levanto-me e vou tomar banho de água bem fresquinha para acordar por completo. No fim do banho, quando já estou em mim, vou-me vestir e fazer a mala para a escola. No fim de estar pronto saio à rua e vou buscar a bolsa do pão. Às vezes, já a bolsa está cheia de pão; outras, tenho de esperar que o padeiro chegue Depois de ter o pão, faço o meu pequeno-almoço habitual e levo-o numa bandeja para a sala, ligo a televisão e começo a comer. Muita das vezes; perco-me nos programas de televisão, quando dou por mim, já são horas de ir para a escola. Acordo o meu pai cheio de pressa e ele pergunta-me porque é que não o tinha acordado mais cedo. Invento uma desculpa esfarrapada e digo-lhe para ir tirar o carro da garagem. Entro no carro com a mala às costas, nem sequer digo uma palavra, o meu pai já sabe que é hora de ir levar-me à escola. É uma rotina muito apressada, não gosto. Luís Pardal


Levanto-me, vou à rua ver o tempo. Nuvens carregadas, o sol a querer brilhar…o que é que eu visto? Volto para o quarto, abro o armário. Visto calças e uma sweatshirt? Visto um casaco? Será que vou ter calor? E depois tenho de andar com o casaco atrás que nem uma sombra…E se tiver frio sem o casaco? E agora o que faço? Que stress logo de manhã! Começa a pingar, decido levar o casaco. Saio de casa, já atrasada para o autocarro. Passo pelos vizinhos e eles lá dizem “Bom dia”, meio murchos. Chego ao autocarro, tudo calado e com ar sério, cheios de roupa. “Bem, isto é o inverno a querer mudar a ordem das estações! ”, penso para com os meus botões. O sol não aparece. Ninguém sorri, tudo agarrado ao telemóvel a ouvir música. Toca, vamos para a sala. O professor chega. Nós sem vontade de estarmos sentados a ouvir a matéria, enquanto pelas persianas se adivinha um tempo escuro e profundo. Já só peço de novo o sol, acordar e ver os raios a penetrar nas janelas, ouvir os pássaros a cantar, poisados nos cabos da eletricidade, ter vontade de sair de casa e sentirmo-nos livres. O tempo altera a nossa disposição. Tudo muda tão repentinamente!

Adriana Monteiro

Todas as pessoas neste país, Portugal, têm direito a ter cuidados médicos. Mas, ter direito a cuidados médicos, não significa ser bem servido. Hoje, tenho consulta no médico. Sou recebida por uma senhora que me diz que o médico ainda não chegou. À minha frente, uma dúzia de pessoas, crianças e idosos. As suas caras impacientes fazem-me pensar. Elas, provavelmente, chegaram há uma hora ou mais e o médico não se dignou aparecer. Este médico tem um horário de serviço mas, mesmo assim, acha-se no direito de aparecer “quando lhe apetece”. Sentei-me. O silêncio é arrebatador e dá vontade de fugir dali. De repente, de entre o silêncio, ouço um murmúrio. Não sou a única a pensar no mesmo.


Depois de uma interminável meia hora, o médico aparece. Aparece sorridente, com a sua bata branca e entra no consultório. A dúzia de pessoas que, tal como eu, estiveram à espera são rapidamente chamadas e despachadas. Chegou a minha vez. O médico cumprimenta-me e pergunta-me como estou. Respondo que estou bem. E, sem sequer examinar-me, diz-me que estou bem e que me posso ir embora. Vários pensamentos me vêm à cabeça. Como é que o médico tem o descaramento de chegar quase duas horas atrasado e, em menos de meia hora, despachar, com total desprezo, os seus pacientes! Idosos, com cara de quem já esteve melhor, foram chamados e, em menos de cinco minutos, foram-se embora! Nas suas mãos, apenas uma receita de um medicamento para as dores! E ainda somos obrigados a pagar! A pagar para estarmos à espera duas horas para sermos tratados com desprezo! Estou quase a ir-me embora, quando vejo um médico, o mesmo médico que me atendeu, a ir-se embora no seu carro caro e luxuoso. Aquele médico ganha muito dinheiro só por estar meia hora no consultório, enquanto as pessoas que estão na sua sala de espera morrem por não terem o diagnóstico a tempo. Em suma, somos um país de doutores. Ana Beatriz

A azáfama da minha terça-feira - Trriiiiim! São 17:20m, terça-feira, saio da aula de E.V. com um andar apressado em direção à portaria da escola secundária, onde tenho o meu pai à espera. Entro no carro. - Boa tarde, como correu o dia? - Boa tarde, correu bem e o teu? - Bem, dentro dos possíveis. Sem mais palavras, saímos da vila e dirigimo-nos para Coimbra de carro. Começa a escurecer e a chover torrencialmente. Na estrada, os carros formam duas filas indianas, os que estão a ir e os que estão a vir. Todos têm as luzes acesas e as escovas a movimentarem-se bruscamente no para-brisas, impedindo que os condutores percam a visão da estrada.


Chegamos à cidade, veem-se pessoas com guarda-chuva e outras apenas com a pasta ou o casaco na cabeça, a correr pelos passeios. As paragens de autocarros (os únicos abrigos de muitas pessoas) estão cheias de gente. Todo este corrupio causa nervosismo a qualquer um. Subimos uma ladeira inclinada e paramos em frente á escola José Falcão, onde tenho os meus treinos de ginástica acrobática. Ainda não tinha dito, mas sou ginasta federada no Acrogym Clube de Coimbra. Este desporto é muito importante para mim, gosto mesmo do que faço, e as pessoas gostam de me ver. Entro e começo o meu treino. -Formação três, podem sair! – berrou a Larissa, a nossa treinadora Russa. Saio da escola e dirijo-me ao portão, são 20:00h. O meu pai está no carro à espera. Entro no carro. -Então, como correu o treino? -Correu bem, estou a melhorar alguns aspetos, está a correr-me bem. -Pronto, ainda bem, desde que não te magoes seriamente. -Não pai, fica descansado. Saímos da cidade e vamos em direção à Carapinheira. Chego a casa cansada. A minha mãe tem o jantar na mesa e eu estou esfomeada, vou jantar. Ana Freire

Vida! Tudo começa na segunda-feira. Acordo às sete e meia, visto-me, tomo o pequenoalmoço, lavo os dentes e sento-me no sofá á espera que a minha vizinha me vá chamar, para irmos as duas juntas para a escola. Chego á escola e começam as aulas. Até á uma e vinte, tenho sempre aulas, com intervalos beeeem grandes, de cinco minutos, pelo meio. Depois, vou almoçar na cantina. Demoro lá sempre muito tempo, meio-dia para entrar e dez minutos para comer. Seguidamente tenho aulas outra vez até ás quatro e vinte. Saio da escola e vou para casa. Lancho, faço os tpc’s e vou para a explicação de matemática, janto, vou à net no pc, mais propriamente ao facebook, vejo as novelas, lavo os dentes e vou dormir. Terça, quarta, quinta, sexta…tudo se repete mais uma vez, que seca!! Todos estes dias são quase iguais a segunda, só mudam as atividades que tenho. Á terça, tenho natação, sou federada no clube infante; á quarta, tenho orquestra de sopros no conservatório; quinta, tenho outra vez conservatório, mas tenho aula de flauta transversal e formação musical, a parte teórica da música que é a disciplina que eu


mais adoro… só que não! É a disciplina mais secante, chata e aborrecida do mundo! Ainda por cima. tenho uma stôra que passa o tempo todo a avaliar-nos cada vez que fazemos alguma leitura e está sempre a fazer testes surpresa, que é uma coisa que os alunos amam; sexta-feira, quando saio da escola, tenho outra vez treino de natação das seis às oito. Volto a casa muito ativa e cheia de energia pronta para ir para a cama. É a vida! Beatriz Carvalho

Alguém por aí Existem biliões de pessoas no mundo, mas é certo que em algum lugar haverá alguém que seja mais simpática que todas as outras. Esse alguém anda por aí? É uma pessoa espalhada no meio da multidão que, um dia, vai ser encontrada por outra no caminho da vida. Mas, a julgar pelas probabilidades de isso acontecer, a situação não é nada favorável e não traz tranquilidade. Ninguém a está a procurar, assim como ela também não nos procura. Estamos assim dispersos, para que um dia nos encontremos. Não é que isso vá acontecer num encontrão, mas sim num momento esperado com grande ansiedade. Digamos que a sua presença será sentida quase sem ser. Como alguém que, de repente, faz um comentário excessivo numa fila, no banco, e chama à atenção. E, então, haverá a percepção mútua de antigos conhecidos-desconhecidos. E isso vai durar por muitos e longos anos. Assim, há que ter paciência, pois as coisas acontecem quando têm mesmo de acontecer. E agora pergunto, quem terá de fazer esse comentário excessivo? Beatriz Morais

As Pessoas Saio de casa toda apressada. Venho rua abaixo e encontro-me com as minhas amigas junto ao café. Conversamos de tudo um

pouco,

enquanto

damos

passadas

pequenas. Por fim, chegamos à escola e entramos

numa

atmosfera

completamente

diferente. As pessoas são cada vez mais


egoístas, ao ponto de gozarem com quem não pertence aos padrões “normais” da sociedade. Esses padrões são completamente ridículos ao ponto de terem de se vestir com roupa bonita e de marca ou de se calçarem com sapatilhas caríssimas ou de terem equipamentos electrónicos de última geração… Um absurdo! Subo as escadas, sempre na companhia das minhas amigas, e encontro-me no piso de cima com centenas de olhos a observar-me. Não me sinto bem e pergunto a mim mesma: “Quando vão parar de olhar?” Nas aulas é outra história, estamos paradinhos no nosso lugar. Não nos mexemos, não falamos e não respiramos. Quando o professor chama o nosso nome, nós paralisamos e não queremos responder à pergunta. Enfim, as pessoas… Ana Cacais

A Tempestade Este ano, houve uns dias em que muitos portugueses ficaram sem luz e sem água em casa. Tudo isto se deveu ao estado do tempo, que estava muito chuvoso e trovejoso. O facto de o tempo estar assim já não é novidade, a novidade foi afetar durante tantos dias e tanta gente. Lembro-me que, nesse dia, estava em casa e ia carregar no interruptor mas a luz não acendia. Para mim a situação não era nada estranha, porque é hábito isso acontecer durante algumas horas. Depois, quis ir lavar os dentes e não havia água. Eu estranhei e fui falar com os meus pais. Eles disseram-me que a falta de água era, provavelmente, geral, mas que iam tentar saber o que se passava. Ainda durante a manhã recebi, em casa, alguns telefonemas de vizinhos a tentarem saber quando voltariam a ter água e luz, mas ninguém sabia de nada. Toda a gente estava ansiosa por notícias, porque era bastante desagradável para todos deixar de poder fazer a sua vida normal devido aos “estragos” da chuva e da trovoada. O dia passou-se bem sem luz, mas à noite as velas foram minha salvação, tal como a de muita gente, a única maneira de nos conseguirmos iluminar.


A única maneira de nos mantermos em contacto com outras pessoas era o telefone fixo. Pelo menos, sem isso não ficámos, já que não podíamos ver as notícias, porque a televisão não ligava. Foi uma situação muito desagradável mas, no dia seguinte, já, praticamente toda a gente tinha uma vida normal. Ainda bem, porque já nem aguentava sem luz nem água.

Carolina Carvalho

Crónica Vivo numa pequena vila, onde a tristeza reina. Grupos de idosos sentados dias sem fim em bancos ao pé de uma rotunda, 24h por dia, partilhando memórias ou, apanhados pela coscuvilhice, falando de quem passa diante de si. As pastelarias são dos poucos sítios onde vejo gente a conviver, a sorrir. Mas, mesmo assim , não sinto a verdadeira felicidade dentro delas, o sorriso que permanece quando saem dali, o sorriso de quem está contente, feliz. Não há, digamos, um sítio decente para os jovens estarem. Se há, é um jardim, com baloiços e uns bancos ao pé da estrada. Não vai para lá muita gente. Pouco se veem os jovens, aos fins de semana, a passear em grandes grupos por ali. À noite, há um ou dois bares para onde vão os adultos. Fumo e fumo que anda ali, mas nada contra. Rita Alegre

A Escola

Num dos primeiros dias de aulas, eu e Miguel comentávamos como era fácil ir para a sala na escola primária, porque só havia uma e um professor. Agora, que estamos no 9º ano, temos a mesma dificuldade que tínhamos no 5º ano em encontrar


as salas, porque somos novos na escola e, além disso, os professores não têm tanta disponibilidade para nos esclarecer as dúvidas. E os horário? Com o aumento da nossa carga horária houve um alargamento dos horários e isso causou um descontentamento em todos os alunos, porque o número de tardes livres diminuiu e, pelo que me consta, quantas mais tardes livres tivermos, mais dias saímos às 17:30h. Como vou almoçara casa, sempre que chego ao pé dos meus colegas que comem na cantina eles comentam: - Ena! Que sortudo vais almoçar a casa! É que a comida aqui na cantina não é nada de especial. E eu, com estes comentários, pergunto-me: “Será que a comida da cantina é assim tão mau quanto isso?” Mas apesar de tudo, podemos estar com os nossos colegas e divertimo-nos “à grande e à francesa”.

Francisco

Os passageiros do autocarro! De segunda à sexta, 5 dias por semana, trabalho como motorista de um autocarro, percorrendo a cidade de Coimbra por completo. “ Bom dia, Sr. Jacinto! “,digo a um senhor de idade, já cliente habitual sentando-se num dos bancos da frente. Sigo depois, para as paragens mais movimentadas de Coimbra, e como sempre uma fila enorme. Vejo todos rapidamente a passarem o seu cartão pela máquina, sentando aleatoriamente e rapidamente num dos bancos, com medo de não caberem no autocarro… Restando assim, apenas 3 lugares. Viajo depois, para mais uma paragem e uma fila enorme me espera. Os três lugares são ocupados rapidamente, obrigando o resto das pessoas a ficar de pé… O autocarro está praticamente lotado e ainda me faltava mais uma paragem onde maior parte das pessoas, saem e dava graças a Deus por isso. Já vi de tudo, desde magros a gordos, idosos a jovens… E todos os santos dias, o autocarro e o meu nariz identificam um cheiro diferente. Finalmente chego à ultima paragem, e como previsto a maior parte sai, mas logo mais pessoas voltam a entrar, e novamente autocarro lotado! Com cerca de 36 lugares…


Volto à paragem inicial, e passo novamente pelas quatro paragens todo o belo dia… Faço mais uma vez esse percurso, e mais uma e outra e outra vez… E de todas as vezes, o autocarro volta a encher-se de pessoas: apressadas, cansadas, desesperadas e entre muitos outros adjetivos que as venha a caracterizar! Não pensem que a vida de motorista é fácil… Inês Perpétuo

Não conseguimos evitar Já reparaste que atualmente é quase impossível passar um dia inteiro sem ouvir música?! Se entramos num carro, ligamo-lo e lá parece a música na rádio. Mas, mesmo sem rádio, qualquer carro que passe por nós tem a música muito alta. Existe sempre aquela pessoa que, quando vamos passear o cão à rua, tem a música do telemóvel suficientemente alta para todos a ouvirmos. Também há pessoas que tocam instrumentos na rua, para ganhar uns trocos. Se formos a um café, mercearia ou qualquer outra loja, existe sempre uma “música de fundo” para acalmar, relaxar e fazer com que os clientes consumam algo. Quando vamos ao dentista ou a alguma consulta, ficamos na sala de espera onde também existe música ambiente. Se alguém nos telefona, ouvimos o toque do telemóvel, se ligamos a televisão, aparece logo a música … Eu poderia ficar aqui bastante tempo a dizer situações em que ouvimos sons sem nos apercebermos, por exemplo, o ruído dos carros, o canto dos pássaros, ou então uma aula aborrecida em que começamos a lembrar-nos de uma música qualquer. A verdade é que a vida tem daquelas situações que as pessoas não conseguem evitar e uma delas, felizmente, é a música que paira no ar. Joana Rita

UM CAMINHO CURTO QUE PARECE LONGO Ao fim de cinquenta minutos, ouve-se o estridente e audível som da campainha avisando os alunos para saírem da aula. Após o silêncio, o pandemónio instala-se.


Ouvem-se cadeiras a serem arrastadas, crianças e adolescentes a falar e a sair apressadamente, de forma ordeira a correr. Uns vão apanhar o autocarro que vem e vai depressa levá-los a casa, outros vão de carro. Os alunos que vivem pertinho, quase em cima da escola, caminham pelas ruas monótonas e sem graça. Quando eu e as minhas amigas saímos da escola felizes por ter acabado mais um dia de aulas, dirigimo-nos para a rua longa e larga com várias árvores nos passeios cinzentos, o que nos rodeia são prédios altos. As minhas amigas caminham muito lentamente. Contam os factos mais parvos e mais absurdas do mundo, anedotas e piadas hilariantes seguem-se e riem-se, riem-se, riem-se. Por vezes, falam de uma maneira muito séria de coisas da vida e o silêncio instala-se, mas é mais provável estarem animadas. Quando chegamos ao fim da rua, só restamos eu e a menina que está sempre calada, mas quando está sozinha ou comigo fala muito. Ela sobe a ladeira falando de coisas banais. A rua parece solitária e os passos falham com o esforço para acabarmos de subir a ladeira. E, por fim, chego a casa. Despeço-me da minha amiga e observo tudo na minha rua desde o alcatrão da estranha até às nuvens do céu. Leonor Mendes

O Problema do Tempo O tempo é um problema! Mas o mais engraçado é que há olhos que veem passar o tempo depressa e há olhos que veem passar o tempo devagar. Aqui está um exemplo: durante as aulas, os professores dizem que cinquenta minutos não dão para fazer quase nada. Eu digo que cinquenta minutos são quase uma hora, dá para fazer muita coisa! Mas eu compreendo os professores. Quando vou para o computador e a minha mãe diz que tenho uma hora para jogar, mal consigo fazer um jogo! Basicamente, quando nos estamos a divertir, o tempo passa mais depressa do que quando não nos estamos a divertir. Eis outro exemplo: eu o Hugo estamos a jogar no computador e os meus pais chamam-me para jantar. Eu digo-lhe que vou jantar e ele responde-me: - Já!? Eu replico, dizendo: - Já são nove horas! Depois, ele exclama de novo: - Já!?


Resumindo e concluindo, quer vejas o tempo a passar depressa ou devagar, continua a haver um problema. Não há tempo suficiente! Se todos dizemos que a vida é curta, então comparem uma hora com o tempo da nossa vida. Bolas! O tempo é mesmo um problema! Miguel

Seres sincero sem o seres Quando ando pela rua, deparo-me com uma situação com que há uns tempos atrás não me importava, mas hoje como ando um pouco mais atenta deparo-me que as pessoas fingem ser certas coisas que não são para fazer parte dum grupo. Se passarmos num parque, reparamos que há sempre exclusão de pessoas por serem diferentes, vimos um grupo de pessoas “fixes” e outros grupos, deparamo-nos que por uma pessoa ter cor diferente já não está num grupo esta noutro por ser de uma cor diferente, e se quiser pertencer ao grupo das pessoas “fixe” é gozado e humilhado… Será que essas pessoas dizem que são “fixes” o são mesmo? Muita gente pode pensar que sim, mas ao meu ponto de vista não porque estão a rejeitar as outras por terem uma diferença. Na escola isso também acontece muito, durante os intervalos se nos sentarmos num banco tiramos certas conclusões como; há um grupo de pessoas que tem roupa e calçado de marca, outro de pessoas quem não tem roupa de marca e continuar-mos a andar pela escola também conseguimos identificar outros grupos que se excluem mutuamente, um grupo porque é assim, outro porque pensa de outra forma, outro por que tem outra cor. Tentar pertencer a um grupo para sermos chamados de “fixes” é um problema porque, as pessoas fingem que são uma coisa mas na verdade são outra, podem ser ter dinheiro mas mesmo assim fingem que o são. Conseguimos sempre identificar vários grupos de pessoas diferentes e será sempre assim para o resto da nossa vida, as pessoas para pertencerem a um grupo fingir alguma coisa que não são, só para te sentires superior. E tu, preferes ser tu mesmo ou fingires ser quem não és? Preferes magoar para dizerem que és “fixe”, que és popular? Afinal ser “fixe” Não é assim tão bom como parece pois não? Se quiseres ser assim e enganar os outros e a ti mesmo a decisão é tua mas tu não estás a ser sincero com as pessoas que te rodeiam… Maria Monteiro

O caminho até à escola Acordo com o despertador, levanto-me, vou à casa de banho, depois, vou preparar o leite com cereais.


A minha mãe acorda e levanta-se, vejo que está despenteada e cansada. Pega na roupa e passa-a a ferro. Eu pouso a taça com o leite e cereais, que fica quase sempre meia cheia, e começo a vestir-me com a roupa passada e quente, para ir para a escola. Abro a porta e digo à minha mãe ”Tchau”. Ela responde “Tchau, tem cuidado”. Desço as escadas, olho pra varanda e vejo que ela está lá como um anjo da guarda (estou a brincar, mas é quase isso). O meu pai ainda está a dormir, porque ficou acordado até tarde. Só o vejo acordado às vezes àquela hora, porque tem que sair para algum lado ou porque acordou e não consegue voltar a dormir. Ele também se preocupa comigo. Penso em como foi a minha rotina antes de sair de casa volto a pensar, será que devia continuar com esta rotina? Volto ao mundo real e sinto a briza fria da rua e vejo o orvalho nas plantas, às vezes encontro os meus vizinhos e pergunto-lhes se é para ir pelo portão de cima ou pelo debaixo. Decido que vou pelo de cima porque estou mais habituada, mas sei que quando o cartão estiver a funcionar vou ter de ir por baixo. Gosto de ir por cima porque o meu anjo da guarda me vê melhor. Quando vou em direção à escola e me lembro que algum dia vou ter de ir sempre por baixo, reparo que estou a mudar e a crescer, que estou a ganhar novas responsabilidades e a enfrentar os meus medos, pergunto-me se estou a mudar, a crescer e a viver como eu gostaria. Chego à entrada e digo “Bom dia” ao funcionário e este retribui, deixo esses pensamentos para o lado e penso que se quiser mudar tenho que me esforçar e vejo como corre este dia. Mariana

Histeria excessiva Saio de casa. A agitação à minha volta é grande. Adolescentes correm para ali e para acolá, carros apitam impacientemente fazendo um barulho ensurdecedor, parecendo estarem a discutir entre eles. Entro num centro comercial. O que se passa com o mundo hoje? Gritinhos e correrias não faltam, tal como na rua. Apetece-me dizer bem alto qualquer coisa para os fazer parar. Alguém me deu um encontrão. Olho em redor e vejo centenas de jovens. É impossível saber quem foi contra mim e nem sequer me pediu “desculpa”. Entro noutra loja. Escolho um DVD e vou para a fila. Tarefa difícil. Sabe quando está num concerto e se sente, literalmente, como uma


sardinha enlatada? Na fila a sensação é igual. Olho para o ecrã da montra e vejo publicidade a um concerto. Percebi o que se passava. Era a histeria dos bilhetes. Longas horas passarei nesta fila interminável e irrequieta. Penso melhor. Decido vir comprar o DVD amanhã. Conseguirei sair daqui viva? Toda a gente me tenta esmagar. Peço licença, educadamente. Parecem não perceber ou tentam ignorar. Finalmente, saio, tenho a sensação de que me libertaram da condenação. Finalmente ar fresco e puro. Voltarei amanhã. Regresso para casa e atiro-me para o sofá. A loucura e ansiedade pairava no shopping… Mónica

Chego ao estádio e deparo-me com um grupo de “ cromos “ todos nus, só com o cachecol do Benfica, ao pescoço. Que gente maluca! No estádio, no momento do penalty, o silêncio inundou as bancadas, apenas se ouviram os gritos do jogador que tinha sofrido a falta, um momento em que eu próprio senti medo. A ambulância entra pelo estádio adentro, socorrendo o jogador. O avançado foi marcar o penalty, marcou e a euforia voltou ao estádio com toda a força, com pessoas a entrar no relvado, adeptos aos saltos, uma grande alegria. O momento mais marcante foi quando o avançado dedicou o golo ao seu colega que já ia no caminho do hospital. Momento marcante que despertou muita sensibilidade entre os adeptos. Diogo Mendes

Os dias repetidos Saio de casa com a mochila às costas. Entro no carro e vou para a escola. Olho pela janela do meu carro. Tudo o que vejo se repete todos os dias: os rapazes e raparigas de mochila às costas, dirigirem-se para as aulas, o trânsito habitual das outo e dez, os prédios gigantes, a floresta assombrada e o nevoeiro que obscurece tudo o que o envolve. Ao chegar à escola, depois de uma longa viagem de Figueira da Foz para Montemor, a rotina é sempre a mesma. Os miúdos “fixes” fumam no portão. O cheiro intoxicante do fumo faz qualquer pessoa querer sair dali o mais depressa possível. Depois, chego aos corredores da escola. O barulho que se ouve é horroroso, alto, como se mais de cem pessoas lá estivessem concentradas. Cada um fala mais


alto que o outro! Toda esta gritaria podia já ter parado se todos falassem no mesmo tom. O som extravagante da campainha penetra nos ouvidos, alertando toda gente para entrar na sala. Os momentos depois do “toque de entrada” são pacíficos, cheios só pelo puro silêncio. Nas salas de aula tudo é igual. O barulho dos corredores passou para a sala. O professor entra, abrindo a porta lentamente, e neste momento, o silêncio é ouvido, mas não por muito tempo. O professor vira as costas. Escreve o sumário e lecciona a matéria. O barulho inicia-se de novo. Depois vem o “toque de saída”. Tudo volta aos corredores, com o seu barulho irritante. Toca outra vez e tudo de volta para as aulas. Esta rotina prolonga-se por quatro horas e meia. Depois de tanto tempo, chega, enfim, o “toque do almoço”. Saio da sala de aula, passo pelos corredores, e vou para a fila do almoço. O tempo passado na fila é um “tempo infernal”. Primeiro, chegam os “matulões do 10º ano”, empurrando todos os que se encontram na fila e ultrapassando toda a gente. Depois de almoçar, vou para os corredores. Nessa altura, o corredor está silencioso, um bom tempo para praticar o meu desenho. Depois, é como se as aulas de manha se repetissem: toca, toda a gente entra, depois toca outra vez e saem todos. Depois vou para casa, no meu carro, vou para o computador, faço os trabalhos de casa, e vou dormir. Agora, começa um “novo dia”, idêntico ao anterior. Daniel Fernandes

Quando eu entro nas lojas e vejo as novas coleções sinto um sentimento de euforia. Começo a ver as roupas e sinto que esta toda a gente a olhar para mim. Eu sinto que as vezes as pessoas estão muito tensas por estarem a ser pressionadas pelos pais ou pelos avós. Aquilo que eu assisto muito é o país a ralharem com os filhos por causa dos país quererem comprar uma coisa e os filhos quererem outra coisa.


Aquilo que eu mais assisto nas lojas são os funcionários a pressionar as pessoas a comprar ate mesmo aquilo que não lhe serve. Quando eu vou para caixa aquilo que eu mais observo são as pessoas com uma cara não muito bem mal disposta por causa das pessoas que estão a atender não de despacham. Tatiana

Viver à margem Desço à rua, numa grande cidade, e deparo-me com o grande bulício citadino. As pessoas que correm de um lado para o outro, para apanhar o transporte para o emprego, quase se atropelam. No meio daquela gente, há uma senhora que mal consegue arrastar os pés. Se calhar ontem foi mais um dia em que não comeu, suficiente para carregar com ele. Vejo que se confunde com a multidão apressada tropeçando nos próprios pés, cai e fica deitada no chão. Ninguém repara na pobre senhora ali estendida até que, passado alguns minutos, há um mendigo que se debruça sobre ela e pede ajuda as pessoas que passam. Um senhor liga de imediato para o 112 que, chamando auxílio, encaminha-a para o hospital. Nas cidades com grande densidade populacional há uma enorme e constante falta de humanidade e de amor pelo próximo constante. Encontramos sempre pessoas que vivem à margem e são renegadas pelos seus pares. Jessica Silva


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.