Os nossos contos

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OS NOSSOS CONTOS

Ano lectivo 2010/2011 1


Breve Nota

Os textos que a seguir se apresentam foram elaborados por alunos do 9º ano de escolaridade, turmas A, B e C. Têm todos um denominador comum, que foi a condição inicial para a sua realização – o tema desenvolvido explora um valor (Amizade, Humildade, Honestidade...). Embora tenham sofrido algumas correcções, houve a preocupação de manter as características originais dos textos apresentados pelos alunos. Nem sempre conseguiram alcançar a qualidade desejada, mas resultaram do esforço e empenho de alguns alunos. Obrigada a todos. Uma última nota para acrescentar que, os trabalhos que não constam desta colectânea, não foram entregues em suporte digital. BOAS LEITURAS!

A professora Ana Cristina Fontes (Junho de 2011)

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Índice

A vida continua

Tudo vale a pena, quando

O valor da amizade

a alma não é pequena

A dor de uma filha

Solidariedade

O princípio do fim

Amizade de ferro

Amor na internet

Um rapaz com um grande

Uma

linda

história

de

coração

amor

É caso para ficar a pensar

A amizade

na vida que tenho!

A amizade de três amigos

As aparências iludem

Sempre a ajudar

A amizade acima de tudo

Um traço de solidariedade

O respeito e a falta dele

E,

Culpados

afinal,

o

que

é

a

amizade?

Solidariedade

O amor faz a força

amigos

A Lenda de Linhaceiros

O

A amizade

amizade

A salvação

Uma

A

mentira

tem

perna

curta Ainda

grande grande,

entre valor eterna

da e

forte amizade amorosa O ataque

existem

pessoas

humildes As minhas escolhas

3


A vida continua… Quando

pensamos

que

Corri para casa e tranquei-me

passámos por tudo, o pior ainda está

no quarto. Não queria ver ninguém,

para vir!

nem

Num belo dia de domingo, a minha

família

decidiu,

ouvir,

apenas

queria

estar

concentrada a pensar numa maneira

novamente,

de ajudá-la. Comecei por pesquisar na

fazer um dos seus passeios matinais.

internet os melhores médicos e a

Estávamos todos entretidos quando,

levá-la às consultas, mas todos diziam

de repente, a minha mãe se sentiu

que já não valia de nada salvá-la,

mal. Não era a primeira vez que isso

porque o seu estado clínico já era

acontecia. Fiquei preocupada, mas os

bastante avançado.

meus tios disseram-me que estava tudo bem.

No dia 17 de Novembro de 2007,

Na

realidade,

tinha

ela faleceu.

Chorei,

chorei,

sido

chorei…não sabia o que fazer! Estava

diferente: foi de ambulância para o

sozinha no mundo com mais dois

hospital,

onde

irmãos

bastantes

dias.

esteve Eu

sabia

internada que

se

pequenos.

Foram

dias

de

enorme tristeza e dúvidas acerca do

passava algo, mas não comentei nada

nosso

com os meus irmãos, com medo que

associação de apoio com o objectivo

eles sofressem mais.

de ajudar as pessoas a ultrapassar

Decidi ir ao hospital visitar a

futuro.

perdas

de

Resolvi

fundar

familiares.

uma

Nesta

minha mãe. Ela continuava sem me

associação, aprendi muito com as

dizer a verdade sobre o que tinha

pessoas que me procuravam. Cresci

acontecido. Frustrada, perguntei ao

bastante e hoje tento transmitir os

médico o que se passava e ele, com

ensinamentos colhidos a todos os que

uma voz preocupada, respondeu que

já passaram pela mesma situação.

a minha mãe tinha cancro.

Aprendi

Relembrei o trágico acidente

mundo,

uma

podemos

lição: sofrer

neste várias

que levara a vida do meu pai. Após a

perdas, mas acabamos por conseguir

morte dele, vivia todos os dias com

ultrapassá-las!

receio

que

pudesse

acontecer

o

mesmo à minha mãe. E, de um dia para outro, descubro que ela está em

Melanie, 9ºC

risco de vida, na mesma situação que o meu pai esteve!

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O Valor da Amizade O

despertador

toca.

São

- Olá, senhor João. O mesmo

7horas da manhã e lá vou eu começar

de sempre, duas sandes mistas e dois

a rotina: tomar um banho rápido,

sumos.

vestir-me e, como de costume, ir ao café do senhor João para tomar o

- Bom dia, Anita! Aqui está. Bom pequeno-almoço.

pequeno-almoço. Já estou atrasada.

Passados uns minutos, como

Estou ansiosa pelo primeiro dia de

de costume, saí atarefada para ir ter

aulas do 12º ano!

com a Daniela.

qualquer

Ana,

despacha-te!

coisa

que

eu

Come

levo-te

à

- Daniela? Abre a porta. Sou eu, a Ana. – sussurrei, baixinho.

escola! – grita a minha mãe. -

Não

te

preocupes.

- Não quero abrir a porta, Vai

andando. Apanho o autocarro e chego

desculpa. – disse-me ela, com um tom de voz sereno.

num instante! – disse-lhe eu.

Fiquei logo preocupada. Algo

Não podia deixar de ir ver a

se passava. Ela nunca tinha sido

Daniela, uma rapariga de 17 anos,

assim comigo. Insisti, insisti, sem

abandonada

resultado. Sentei-me no degrau da

pelos

pais,

que

vivia

numa velha casa perto do café do

porta.

Senhor João. Todos os dias lá ia.

- Vem comigo, Daniela. Vem

Tinha passado as férias de verão com

ver como é bom andar na escola,

ela, a brincar, a passear, a andar de

como é agradável saberes que tens

bicicleta. Era como a melhor amiga

amigos

para mim!

precisares.

- Bom dia, quero um bilhete para a Praça da República, por favor. – pedi ao condutor.

por

perto

Prometo

sempre que,

se

que não

gostares, não voltarás. - Não quero. Não sou ninguém! Nunca vivi a vida e não vai ser agora

- Aqui está, menina.

que a vou viver. Vai para as aulas,

O nervosismo pelo primeiro dia

que já deve ser tarde. - disse-me, a

de aulas era cada vez maior, não me conseguia acalmar. As minhas pernas tremiam.

soluçar. Queria ajudá-la mas, naquele momento, nem sabia como.

Cheguei à paragem e desci, caminhando em direcção ao café.

5


- Ana, se há coisa que gosto na

seguir

as

ordens

dos

outros,

vida, é de viver, porque o que a maior

esforçares-te por alcançar algo e viver

parte das pessoas faz é sobreviver.

atormentada com perguntas retóricas,

- De certa forma, sobreviver é

é viver? Finges que não sabes as

uma maneira de viver… mas não

respostas aos teus pensamentos, mas

insistas, que eu não vou sair.

vives numa casa cheia de regras,

-

contrapôs a Daniela.

onde cresces e te tornas quem és. –

- O que me parece é que tu

disse, muito arrogante.

não vives, tu sobrevives. Não estudas,

- Sim, cada dia é uma batalha.

passas aqui os dias... achas que isso é

Se todos os dias a venceres, um dia

viver?

terás o que sempre quiseste. Isso - Conheces o meu passado,

Ana. Os meus pais não gostam de

sim, é viver. Orgulho-me de ser quem sou! – repliquei eu.

mim, abandonaram-me. Ninguém tem o

direito

- Uma batalha? Uma batalha

de

me

criticar.

Todos

contra ti própria, contra aquilo que és

sobrevivemos,

mas

apenas

alguns

e aquilo que ambicionas ser. É essa a

têm a decência de o admitir. Afinal,

injustiça do Homem e daquilo que nós

ninguém vive. O que a vida te dá em

somos, porque no final, a batalha

troca de tudo aquilo que lhe ofereces

nunca é vencida, perdes por cansaço

é a morte. – disse-me, num tom

ou desistes, simplesmente porque não

agressivo.

vale a pena.

A

partir

daquele

momento,

- Porque é que tens que pensar

comecei a preocupar-me seriamente,

assim? Nunca deves pensar que vais

pensando que ela devia estar com

desistir,

alguns problemas psicológicos pelo

obstáculos não é vida!

Daniela.

A

vida

sem

trágico incidente que lhe acontecera.

- Morremos todos e cabe aos

Eu só pensava em ajudá-la, mas

outros que cá ficam travarem as suas

como?

próprias

Tentei

conversar

mais

um

bocado com ela.

batalhas.

concluiu

a

Daniela, já mais calma.

- Olha, Daniela, eu vivo. Ando

- Eu estou feliz com o que

a estudar, pratico desporto e, com os

tenho.

Claro

que

gostaria de ter

bons resultados que obtenho, recebo

mais… paciência. Ao menos, sei que

recompensas. Tens que dar valor a ti

fui até aos meus limites. Tens que

mesma. Começas a fechar-te num

aprender a viver com regras, porque

beco, se continuares aí trancada!

tudo tem limites.

- E achas que seguir a tua

- Não se trata de aprender a

rotina é viver? Achas que levantares-

viver com isso. Mantenho o que disse.

te de manhã para cumprir horários,

Ao viver a tua simples rotina, tu não

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vives,

sobrevives.

Tentas

apenas

Senti-me mal ao ouvir aquelas

tornar a tua miserável sobrevivência,

palavras cruéis. Só queria ajudá-la,

como todos nós, mais suportável.

mas ela não entendia.

- Era o que eu te estava a tentar

dizer:

sobrevives.

A

tu tua

não vida

vives, não

tu tem

regras, não tem limites. - E a vida, essa vida de que todos

falam,

é

assim.

É

uma

incógnita! – disse a Daniela, a chorar. Renata Viso, 9ºC

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A dor de uma filha

Até aos meus doze anos, toda

perguntar

o que se

passava. Ela

a minha vida decorreu normalmente.

respondeu-me que o meu pai lhe

Fui

passar

tinha tentado ligar à hora de almoço.

necessidades e nunca tive grandes

Como não estava junto do telemóvel,

problemas em me relacionar com as

não tinha falado com ele. Quando lhe

outras crianças que andavam comigo

tentou retribuir o telefonema, o meu

na escola.

pai já não atendeu. Respondi-lhe que,

crescendo

sem

Certo dia, tudo mudou. No dia

mal saísse, ia de imediato para casa.

vinte e seis de Setembro de dois mil e

A preocupação era imensa porque ele

seis, aconteceu uma tragédia que me

já alguns meses que não se andava a

mudou a vida completamente, que me

sentir bem com dores no abdómen.

causou

imenso

e,

por

Na noite anterior, tinha estado no

que

eu

hospital com muitas dores, mas os

crescesse mais rapidamente. Comecei

médicos mandaram-no para casa com

agarrar-me com mais facilidade às

analgésicos para tomar.

consequência,

sofrimento fez

com

coisas mínimas que a vida nos dá e a valorizá-las muito mais. Esse

Quando cheguei, encontrei o meu pai estendido no chão, à entrada

a

do portão. Percebi que ele já estava

morte do meu pai. Nesse fatídico dia,

sem vida. Ainda tentei ligar para a

tinha estado com ele de manhã e,

INEM, mas estava sem forças. Só

sem saber, foi esse o momento da

queria morrer… A minha vida parecia

despedida O meu pai tinha ido comigo

não sentido. Quando o INEM chegou,

a uma consulta a Coimbra. Quando

confirmou o óbito.

acabou,

acontecimento

fomos

tomar

o

foi

pequeno-

Hoje,

com

dezassete

anos,

almoço. De seguida, ele levou-me à

cada dia que passa me faz sentir mais

escola,

queria

a sua falta. Já passou muito tempo,

dinheiro e disse-me “Xau”. Eu, com

mas saber que não o tenho junto de

um aperto no coração, fiquei a olhar

mim para me apoiar nos desafios da

para ele até se ir embora, sentindo

minha vida custa imenso.

que

perguntou

algo

de

mal

se

eu

estava

prestes

acontecer.

A vida continua,

mas, Pai,

sinto a tua falta.

Passadas três horas, estava na aula quando a minha mãe me tentou ligar. Assim

que saí, liguei-lhe

Diana Pires 9ºC

a

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O princípio do fim… Hoje, aconteceu-me uma coisa inesperada. Para vocês perceberem

No dia do meu aniversário, ele telefonou-me:

tudo, tenho que começar a contar a história desde o início.

-Olá amigo, como estás? Quero dizer que estou curado e que estou

Foi há 15 anos, tinha eu 16

arrependido.

anos de idade, andava no secundário

-Pois,

e tinha uma namorada simplesmente

nada!- respondi eu.

extraordinária chamada Inês.

-Sim,

A meio do ano lectivo, entrou um aluno novo para a minha turma e

mas eu

encontrar-me

isso sei,

contigo,

não

muda

mas

quero

para

me

despedir!

começámos a dar-nos bastante bem.

-Despedir? Vais para onde?

Num mês, a nossa amizade parecia de

-Depois verás.

anos!

No dia seguinte, fui encontrarUm

dia,

eu

e

a

minha

namorada demos um tempo à nossa

me com ele no sítio onde tinha morto Inês.

relação e o meu amigo, o Pedro,

Quando ele chegou, disse:

começou a trocar mensagens com ela

-Como estás mudado! Tinha

e a ficar muito íntimo.

saudades. Sei que te causei tristeza,

Passado um tempo, ela não sabia quem escolher. O Pedro, deixou de ser simpático e humilde, passou a sentir um ódio por mim e a ter comportamentos

estranhos. Acabou

por ser internado numa clínica contra sua vontade pois, num acesso de

mas quero compensar-te. Por isso, decidi vir despedir-me. -Mas, afinal, que queres dizer com o “despedir”?- disse, espantado. -A

Inês

partiu

para

outro

mundo, mas eu vou buscá-la! Muito rapidamente, vi o Pedro

loucura, tinha morto a Inês, atirando-

atirar-se

a de um penhasco.

maneira como tinha feito com a Inês,

Fui visitá-lo e ele, bastante agressivo, gritou:

do

penhasco

da

mesma

como se quisesse ir atrás dela para a trazer de novo.

-Sai! Sai daqui, a culpa é tua! Ressentido,

vim-me

embora

bastante em baixo. Augusto, 9ºC

9


Amor na Internet Ele chegou-se para junto de Como todos os dias à noite, fui

mim, quebrou o silêncio e falámos

à minha rede social ver o que havia

durante algum tempo até ao primeiro

de

beijo…

novo.

Deparei-me

com

uma

Enquanto ele sorria para mim,

mensagem de um rapaz que não

eu estava sem reacção a querer mais.

conhecia Começámos a falar através da

Sem darmos pelas horas passarem, já

rede social e a simpatizar um com o

eram quase oito horas da noite… Aí,

outro, até chegar a altura em que ele

metemos pernas ao caminho.

me

pediu,

com

um

smile

Abraçados

de

aos

felicíssimos

então, é através do Messenger que

especial, caminhávamos pelo passeio

comunicamos.

ao

da

aquele

beijos,

envergonhado, o meu email. Desde

lado

por

e

escola

dia

que

eu

tão iria

conhecer-nos

frequentar no ano lectivo seguinte.

melhor, a saber os gostos de cada

Nessa altura, de surpresa, passou o

um, os defeitos e as qualidades, entre

meu pai de carro e viu-nos.

Começámos

outros

aspectos.

a

Cada

vez

Com

esse

acontecimento,

gostávamos mais um do outro, cada

pensei que iria chegar a casa com o

vez precisava mais de estar com ele…

meu pai chateado comigo por estar

Ao fim de longos cinco meses

agarrada a um rapaz de quem ele

de conversa online, chegou o grande

nunca ouvira falar, mas para meu

dia: 13 de Março de 2010. Estava tão

espanto

nervosa, tão fora de mim que não

contrário, mostrou-se contente por

tinha espaço no meu pensamento

mim, mas sempre com os seus avisos

para mais nada!

de papá.

Olhámos fixamente um para o

É

não

estava;

bom saber

bem

pelo

que tenho o

outro. Aquela tarde já estava a ser

melhor pai do mundo, que me apoia,

única e ainda não tinha acontecido

não só nos estudos e na família, mas

nada…

também na minha vida amorosa. Só o olhar dele já me deixava

Mais tarde, com o passar do

nervosíssima, queria chegar-me mais

tempo, o meu pai pede-me para

para junto dele, mas os nervos não

convidar o meu namorado a ir lá a

deixavam, estava bloqueada.

casa; queria conhecê-lo, saber o que

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ele tinha de especial para eu ficar tão

tarde e noite juntos em Coimbra a

feliz sempre que falava e estava com

passear e jantar, bem como das

ele…

brincadeiras dele com o meu pai, do Foi a 2 de Abril de 2010 que o

levei lá a casa… Após conversarem, o

meu

aniversário

passado

ao

lado

dele… Foi tudo tão especial!

meu pai percebeu as razões de eu

Tendo

em

vista

as

nossas

gostar tanto dele e ficaram grandes

idades nada importava, nem nada

amigos. De facto, fico contente por

importa; junto dele sentia-me segura

isso, pois eu também me relaciono

e única, queria subir ao topo da vida

bem com a mãe dele, que é uma

por ele e com ele! Porém, as nossas

querida e uma grande mulher!

vidas separaram-se. Magoou-me. Não

Foram seis meses de namoro com

muita

alegria,

lhe falo.

cumplicidade,

Ainda

assim,

actualmente,

intimidade, amizade, amor, respeito

amo-o. Amo-o em silêncio e é isso

entre outras emoções e sentimentos.

que importa… não quero saber o que

É evidente que havia discussões e

as outras pessoas pensam do meu

tristezas, como há em todos os casais

sentimento por ele, mas sei que um

de namorados!

dia isto irá passar e irei deixar de o

Hoje, não me arrependo de

ter no meu pensamento!

nada e voltaria a fazer tudo o que fiz, pois

vejo-o

como

uma

pessoa

bastante inteligente e que, com força de vontade, superaria todos os seus objectivos! Lembro-me

Foi durou,

muito

pois

bom

"todo

o

enquanto

nosso

saber

começa nos sentimentos"! Jamais

irei

esquecer

esta

página da história da minha vida, que de

todos

os

começou online, passou para a vida

momentos que passámos juntos: as

real e nos proporcionou momentos

idas à praia e jantares com a família,

inesquecíveis…

ele a cantar para mim, a chamar-me

Jamais esquecerei este amor,

“bolinha”, enquanto eu o chamava de

porque mais ninguém sente o que

“meu sapo feio”…

senti e sinto!

Lembro-me daqueles abraços que me faziam sentir segura, do dia

Marlene Freire, 9ºC

em que adormeci encostada a ele no carro a caminho de casa, após uma

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Uma linda História de Amor Era quase final de ano e, como de costume, o baile da escola estava a ser reparado. Júlia era uma menina que não gostava dos amigos e estava sempre a implicar com eles. Estranhamente, decidiu que queria ir ao baile com o Eduardo. As suas amigas começaram a dizer ” Você não pode ir ao baile com ele, ele é o pior rapaz do mundo!” Depois de muitas brigas e desentendimentos, ela acabou por ir ao baile com ele. Dias mais tarde, eles saíram juntos de novo, e começaram um grande romance. Todos os dias, Eduardo ia até a casa de Júlia e lia poemas para sua amada. No final, sempre acrescentava ” Amo-te”! E foi assim durante vários dias. Todas as noites ele fazia o mesmo. Quando Eduardo teve que viajar para Inglaterra, Júlia não conseguia dormir sem ouvir o seu ”Amo-te”. Mesmo estando longe, ele escrevia lindas cartas a Júlia que se emocionava muito. Mas, certo dia, Eduardo não escreveu a desejada carta, o que a deixou preocupada. Procurou saber o que tinha acontecido a Eduardo e a mãe dele disselhe que ele estava no hospital muito doente. No dia seguinte, ela foi visitá-lo. Quando lá chegou, parecia que aquele alegre sorriso se havia transformado numa grande tristeza. O diagnóstico do médico dizia que Eduardo estava com cancro em fase terminal. A partir daí, todos os dias Júlia estava no hospital e, nesse mesmo lugar, escutou uma das frases mais queridas: - Júlia, escuta. Amar não é simplesmente dizer ” Amo-te”, mas sim encontrar no outro a sua própria felicidade. Eu já encontrei a minha que é você. Boa noite e não te esqueças que eu te amo. Já perto do fim dos seus dias, e perto do aniversário de Júlia, Eduardo entregou-lhe um caderno como presente. Era um sábado. No domingo, Eduardo faleceu. Na segunda, quando estava sozinha no seu quarto, decidiu ver o presente. Quando abriu o caderno, encontrou escrito “ Em qualquer lugar que eu esteja, vou levar-te para sempre comigo, porque me ensinaste o que é o Amor”! Amo-te Júlia. Feliz aniversário! Rayanny, 9ºC

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AMIZADE tentou falar com o Henrique, mas ele virou-lhe as costas. Era uma vez dois amigos, o

Passadas três semanas, foram

Manuel e o Henrique. Quando os dois

chamados para a guerra. Durante um

eram

e

tiroteio, o Manuel foi ferido e pediu

Tornaram-se

ajuda ao Henrique. Ele não o quis

pequenos,

costumavam grandes

eram

brincar.

amigos,

vizinhos

porque

eram

da

ajudar.

A

certa

altura,

o

Manuel

mesma idade, frequentavam a mesma

perguntou-lhe porque é que ele lhe

escola e andavam sempre juntos.

tinha deixado de falar, se sempre

Um Quando

dia,

foram

chegaram

montaram

as

acampar. parque,

O Henrique começou a pensar

almoçaram,

nos velhos tempos em que eram

ao

tendas,

tinham sido grandes amigos.

amigos

passaram a tarde e foram dormir. Durante a noite, acordaram

e

faziam

tudo

juntos,

e

lembrou-se que era muito mau deixar

ser

de lhe falar. Por isso, decidiu ajudá-lo.

assaltados! Com medo, fugiram e

No fim da guerra, voltaram a

ficaram sem nada. Tanto correram

ser grandes amigos. Afinal, não o

que saíram do parque e se perderam.

iriam deixar de ser só porque a

sobressaltados.

Estavam

Durante três

a

dias

passaram

Sandra não podia ficar com os dois...

fome. Foram encontrados por grupo de turistas, que lhes indicaram o caminho até casa. Quando

Diogo Rato, 9ºC

fizeram

20

anos,

foram para a tropa e, sem saberem, apaixonaram-se pela mesma rapariga. Andaram assim durante dois meses. A rapariga chamava-se Sandra e não sabia que ambos gostavam dela. Quando o Manuel começou a namorar com a Sandra, o Henrique deixou

de

falar

com

ele

durante

muitos meses. Um dia, o Manuel

13


A amizade de três amigos

Um belo dia após o 25 de Abril,

Chegou a noite e cada um foi

o Zezinho, como era conhecido, veio à

para sua casa. Quando o Joaquim

rua para ir comprar rebuçados e

chegou a casa, contou à mãe que

encontrou outro rapazinho da sua

tinha feito novas amizades. Como não

idade, o Tonito.

conhecia ninguém naquela vila, ficou

A vila tinha sofrido grandes

todo contente.

transformações após terem por lá

Na manhã seguinte, os três

passado as tropas revolucionárias que

amigos fora juntos para a escola. Mal

libertaram Portugal da opressão e da

lá chegaram, foram a correr ver as

ditadura. Esquecendo-se que queriam

turmas em que estavam inscritos.

ir comprar rebuçados à loja da D.

Sem saberem, estavam os três na

Maria, os dois amigos foram para o

mesma turma.

jardim

da

vila

coincidência,

jogar

peão.

encontraram

o

Por

Foi assim que os três rapazes

pobre

que não se conheciam passaram a ser

Joaquim, sozinho e abandonado, junto

três amigos inseparáveis!

de uma árvore. Os dois rapazes foram ter com ele e convidaram-no para se juntar

a

caminhando Enquanto

eles.

Os

pela jogavam

três

pequena peão,

foram

Fábio Tomás, 9ºC

vila. iam-se

conhecendo melhor.

14


Sempre a Ajudar

Era uma vez uma rapariga

Passaram

pela

rua

onde

a

jovem chamada Jacinta, rica e muito

pedinte se encontrava e deixaram-lhe

esperta, que vivia na cidade com os

os sacos do supermercado cheios de

seus pais. Tinha gosto em ajudar as

comida

pessoas menos ricas e em colaborar

agradeceu

nas campanhas solidárias.

insistentemente:

e

agasalho. o

gesto,

A

pedinte repetindo

Um dia, ao dar uma volta pela

- Muito obrigado, Deus vos

cidade, viu uma senhora que tinha os

abençoe. Sois uns santos! Deus vos

olhos muito encovados e uma cara

abençoe...

muito

encolhida.

Estava

suja

e

andrajosamente vestida. - Uma esmolinha, por amor de

Hélder, 9ºA

Deus! Não tenho ninguém. Tenho fome e frio... Uma esmolinha, por amor de Deus! Ao ouvir esta triste súplica, Jacinta, muito apressada, pegou na sua mala e regressou a casa. Contou o que vira aos seus pais que, de imediato,

lhe

disseram

para

ir

andando para o carro, enquanto eles se vestiam. Foram ao supermercado, onde compraram

duas

embalagens

de

bolachas, dois sumos, uma almofada, dois

cobertores

e

outros

bem

essenciais.

15


Um traço de Solidariedade Era

uma

vez

um

menino

brinquedos

se

espalhassem.

chamado Afonso que tinha 13 anos e

Procurou..., procurou..., até que viu

adorava arte. Ele era uma pessoa

uma coisa que lhe chamou a atenção,

normal,

uns

mas

com

uma

árvore

genealógica muito rica.

lápis

de

antiquíssimos

Um dia, decidiu ir visitar a casa

magníficos

que

tinham

e

sido

referenciados num livro sobre arte.

do seu falecido avô paterno, porque o pai lhe dissera que ainda lá estavam

cor

Pegou na pasta dos lápis e foi a

guardados, num grande e brilhante baú, os seus brinquedos. Ele saiu de casa logo após o almoço para ter a tarde

toda

para

escolher

os

brinquedos que queria. Quando chegou ao destino, dirigiu-se logo para o sótão, onde estava o baú dos brinquedos de que o pai lhe falara. Procurou-o, mas não o conseguia

encontrar.

correr para casa experimentá-los. A mãe

tinha

que estava sobre o baú desapareceu. O pai tinha razão. O baú era mesmo brilhante e tinha um aspecto muito antigo e rústico. Quando Afonso o abriu, ficou estupefacto com tantos brinquedos antigos. Ele queria-os a todos, mas não os conseguia levar, porque estava sozinho. Por isso, decidiu que só escolheria um brinquedo. Empurrou o baú para o chão com toda a sua força, para que os

lanche

pronto

para

quando chegasse, mas o Afonso nem ligou. Estava tão entusiasmado! Sentou-se na sua secretária,

Cansado,

expirou de tal maneira fundo que o pó

o

pegou

numa

tela

e

começou

a

desenhar árvores, pássaros, peixes. Mal acabou de desenhar o último traço, quando um brilho percorreu os desenhos e, de repente, tudo o que desenhara parecia estar a ganhar vida. Cresceram 3 árvores no seu jardim, voaram 4 pássaros por cima da

sua

casa

acrescentados

e ao

2

peixes

seu

lago.

foram Não

conseguia acreditar no que estava a acontecer, nunca tinha visto nada assim.

16


Com

medo

do

que

mais

operada,

pediu

ao

que

desenhasse

e foi mostrá-lo de imediato ao pai.

fofinha e quentinha. Dito e feito! O

Explicou-lhe tudo. O pai lembrava-se

rapaz fez o desenho e, de imediato, apareceu

camisola

de

lhe

poderia acontecer, pegou no material

que aqueles lápis tinham sido

uma

filho

uma camisola. Ela ficou

um presente do seu avô, mas nunca

maravilhada.

Aos

poucos,

foram

os tinha utilizado porque não tinha

ajudando todas as pessoas da aldeia,

muito jeito para o desenho.

as instituições e os povos dos outros

O Afonso sugeriu ao pai que,

países. A vantagem daquele material

aquele

mãos,

era que, quando se estavam a acabar

poderiam ajudar os mais carenciados.

os lápis, o menino podia sempre

A mãe do Afonso era dona de uma

continuar a desenhar outros...

com

poder

nas

instituição de caridade onde recolhiam comida, roupa e produtos de higiene para aqueles que mais precisavam. Pai e filho, unidos na ajuda aos mais necessitados

juntaram-se

e

foram

Liliana Carvalheiro 9ºA

contar a situação à mãe. No fim da conversa, a mãe, muito

curiosa

para

ver

a

magia

17


E afinal o que é a amizade? Numa aldeia, longe de tudo e

considerada

a

de todos, acabara de nascer uma

princesa e a outra a

bebé lindíssima, com um ar solene e

boba da corte.

angelical.

Os

cabelos

eram

loiros

Como era de

como o ouro, os olhos de um azul tão

esperar, a Ana fingia que estava bem,

cristalino

mas lá no fundo sentia o contrário. As

que

transpareciam

felicidade.

pessoas eram tão más, tão cruéis!

Toda a gente fazia questão de

Como iria a Ana aguentar?

visitar aquela linda menina cujo nome era

Margarida,

porque

lhes

fazia

lembrar uma flor.

E foi então que a Margarida decidiu tomar uma decisão. Apesar de ter plena consciência que a sua vida

Minutos mais tarde, no outro

iria mudar, não queria saber, queria

lado da aldeia, nascia uma outra

era

ajudar

criança. Era considerada o patinho

Decidiu

feio da aldeia, o que era uma grande

completamente nova, mostrar à Ana

crueldade. E porquê? Ana tinha umas

que não era a beleza exterior que

orelhas tão grandes que, ao mínimo

importava, mas sim a interior.

ruído, começava a berrar. Por esse

a

sua

ser

companheira.

uma

pessoa

E assim foi… A partir daí, e

motivo, ninguém visitava a pobre

devido

criança.

Margarida, não mais se registaram os

Os anos passaram e as duas meninas, nascidas com uma diferença

estavam

elas

a

trocar

ideias,

grande

esforço

da

olhares cínicos e cruéis que tanto magoavam a Ana.

de minutos, cresceram… cresceram… Nas ruas frias e sós da aldeia,

ao

Aquelas meninas de ontem, são hoje duas lindas mulheres que nunca

se

afastaram,

sua

Com

a

sua

amizade

seus sentimentos. Não se importavam

persistência, conseguiram provar que

com

nada nem ninguém, por mais forte

olhares

comentários

ou

constrangedores.

com

os

Ambas

tinham a mesma personalidade. O que as

diferenciava era uma ser

que

seja,

sincera.

a

brincadeiras, mas principalmente os os

é

pois

consegue

separar

uma

amizade. Joana Bernardo, 9ºA

18


O amor faz a força Num país distante, havia dois povos

rivais:

a

"tribo

dos

bons

guardas

levavam

Afonso

para

a

prisão, Maria chorava copiosamente!

costumes" e a "tribo da liberdade".

É claro que isto veio aumentar

Nunca estavam de acordo com nada,

os

pois enquanto uns pregavam aquilo

Ouviam-se tiros, bombas explodiam...

que achavam ser de respeito e bons

era o descalabro total! Maria, como

costumes, os outros achavam que

não conseguia acalmar os ânimos,

cada um devia ser livre nas suas

decidiu atirar-se ao rio. Como não

opções, logo declaravam guerra por

sabia nadar, começou a afogar-se!

tudo e por nada. Eram de tal forma

Ninguém do seu povo sabia nadar.

rivais que construíram uma ponte

Afonso, aflito, conseguiu rebentar as

para dividir os dois povos, a "Ponte da

grades

Discórdia”.

direcção ao rio para salvar a sua

Por ironia do destino, a filha do chefe

de

uma

das

tribos,

conflitos

da

entre

prisão,

os

e

dois povos!

correu

em

amada.

Maria,

Os pais aceitaram que os seus

apaixonou-se pelo filho do chefe da

filhos namorassem e que, mais tarde,

tribo rival, Afonso. Todos os dias se

casassem. Tão ou mais importante

contemplavam pela janela de seus

que o casamento foi o fim de todas as

quartos, cada qual no seu lado! Certo

guerras e diferendos que existiam

dia, Afonso decidiu dirigir-se ao outro

entre os povos!

lado da ponte à procura da sua amada. tempo

Brincaram no

rodeados

jardim de

passarinhos, passeavam

durante

muito

uma festa de arromba, um momento

de

casa,

de muita felicidade para o casal, que

muitas mas

e

O casamento foi um sucesso,

sua

flores

e

viveu o dia mais feliz da sua vida. A

enquanto

aldeia contente com a celebração,

conversavam

foram

aproveitou para mudar o nome da

apanhados pela mãe da Maria, que

ponte: a antiga "Ponte da Discórdia",

ficou muito aflita com o que viu.

foi

Desceu ao jardim, chamou os

baptizada

como

"Ponte

da

Harmonia".

guardas e mandou prender Afonso, sem sequer se importar em ouvir a

Laura Pereira, 9ºA

sua explicação sobre o que o tinha feito atravessar a ponte. Nem quis ouvir a própria filha! Enquanto os dois

19


A lenda de Linhaceiros Há muito, muito tempo, existia uma bruxa muito cruel na aldeia de

- Porque haveria de ter medo? – perguntou ela, muito surpreendida.

Linhaceiros. Era linda de morrer, mas era

muito

má.

Chamava-se

- Porquê?

Ainda perguntas?

Olga,

Anda por aí a malvada Olga e tu ainda

tinha os cabelos muito compridos e

perguntas porque é que haverias de

encaracolados.

ter medo? Devias ter mais cuidado!

Os

olhos

eram

grandes, cuspiam vaidade e maldade

Ela é bastante perigosa!

por toda a aldeia.

-

Eu

não

acredito

nessas

Ela queria fazer mal a toda a

coisas. Não acredito que exista uma

gente, queria matar todos aqueles

bruxa má chamada Olga, que tente

que a odiavam. Contudo, havia um

matar toda a gente!

rapaz que não tinha outra solução

- Devias acreditar! Ela é a

senão ajudá-la. O rapaz tinha medo

pessoa

de falar, tinha medo de errar, tinha,

conheci!

sobretudo, medo de morrer.

-

Na mesma aldeia, vivia uma menina

muito

bonita

e

humilde

chamada Matilde. Era pobre e vivia Tinha

os

cabelos

lisos,

Um dia, essa menina foi buscar

que

eu

conheceste?

já Não

que ir embora. Os meus avós já devem estar preocupados! E lá foi ela com o balde à cabeça, a transbordar água.

compridos e louros. Os seus olhos eram azuis e reluziam à luz do sol.

Que

maléfica

acredito, ela nem existe! Olha, tenho

num casebre muito velho com os seus avós.

mais

Nessa noite, quando Matilde estava prestes a adormecer, ouviu um som

muito

forte

e

desagradável.

água ao poço e deparou-se com um

Estava cada vez mais escuro e o som

rapaz de cabelos louros e olhos azuis

era cada vez mais forte. Parecia que

muito grandes. O rapaz foi em sua

estava alguém a tentar entrar pela

direcção e perguntou-lhe:

porta a todo o custo. Matilde estava

- Olá, como é que te chamas?

assustada, mas

- Eu? Eu chamo-me Matilde. –

tanta que não resistiu. Levantou-se da

respondeu, corando um bocadinho.

a

curiosidade era

cama e foi espreitar à porta. Não

- Eu sou o Afonso. Não tens

estava ninguém! No chão, encontrou

medo de andar por estes lados? -

apenas estava uma breve carta a

perguntou

dizer:

ele,

revelando

muita

admiração.

20


Vem ter comigo ao poço! Preciso de

E Afonso, quando Olga lhe ia

falar contigo urgentemente, preciso

para atirar um feitiço, colocou-se à

que venhas rápido. Beijinhos, Afonso.

sua frente e caiu nos braços de

Matilde estava preocupada.

Matilde.

- O que será que aconteceu? O

conseguiria

que será que ele quer a estas horas? A curiosidade e a preocupação

Matilde

ficou

salvar

triste.

Afonso,

se

conseguisse dar-lhe outra vez a vida, só dando-lhe o seu coração...

eram tantas que Matilde saiu a correr

E assim foi. Matilde deu o seu

em direcção ao poço. Não estava lá

coração a Afonso e ele conseguiu

ninguém. Já estava a ficar com medo,

sobreviver.

até que apareceu Afonso. - Desculpa Matilde, ou tu ou eu! -disse o rapaz, com muito medo

Se não fosse a humildade da Matilde, nunca ninguém conseguiria derrotar a malvada Olga.

- Hã? Como assim? Não estou a entender! Por detrás dos arbustos, saiu uma linda senhora. Era Olga! Matilde nem queria acreditar! - Desculpa ter duvidado de ti,

Marta Lucas 9ºA

nunca pensei que o meu fim fosse assim! Desculpa mais uma vez.

21


Era

uma

vez

um

menino

branco e um menino negro. Tinham

- Sim, podes ter a certeza. Os amigos acabaram por se

ambos 10 anos e andavam na mesma

separar

escola. Eram os melhores amigos.

praticamente se esqueceram um do

Apesar da diferença de cor da pele, na

outro. O rapaz negro foi para Angola,

escola, toda a gente admirava a sua

o seu país de origem, e o menino

amizade. Quando os outros gozavam

branco seguiu para a Universidade

com eles, ficavam tristes e isolavam-

onde tirou um curso de Medicina.

se.

durante tanto tempo

que

Mais tarde, o rapaz branco - Temos de falar – disse o

rapaz branco.

recebeu a notícia de que tinha a missão de ir para Angola tratar dos

- Diz, o que se passa?

feridos de guerra.

- Chegou a altura de falarmos

recebeu um doente vítima de um tiro

nossas

dos

na perna. Era o rapaz negro. Não o

preconceitos dos outros em relação à

reconheceu. No fim da operação, o

nossa amizade.

rapaz negro acabou por relembrar o

das

-

Sim,

diferenças

tenho

e

sentido

a

discriminação.

chegou,

rapaz branco, que compreendeu que o tinha salvo.

- Também tenho sentido essa sensação.

Desde então, os dois amigos ficaram

- Não tanto como eu. Como estou em Portugal, sou diferente. -

Mal

Podemos

sempre

importaram

com

juntos as

e

não

críticas

se dos

outros.

experimentar

afastarmo-nos e ver o que acontece. - Concordo, mas tens de me prometer

que

voltaremos

a

ser

Ruben, 9ºA

amigos.

22


A salvação Uma vez fui ao estrangeiro passar

férias

com

o

meu

amigo

Inácio. Estava sentado a beber o meu refresco, quando uma menina me veio pedir ajuda. Disse-me que tinha fome. Falei com ela e ela contou-me que não tinha pai e que a mãe estava desempregada.

Vivia

com

um

padrasto que lhe batia muito. Impressionado, peguei nela e fui falar com a mãe e com o padrasto, para ver se podia pedir a guarda dela e trazê-la para Portugal. Tive alguns problemas com o padrasto, mas lá os consegui convencer. Antes de ir para o aeroporto, passei por muitas lojas de roupa e calçado. Quando cheguei a Portugal, ela achou a minha casa magnífica e quis

logo

instalar-se

para

poder

Por seu turno, mal cheguei, fui inscrevê-la numa escola. Passados 10 anos, já mulher, quis voltar a ver os pais. Permiti-lhe concretizar

esse

desejo.

A

mãe

perguntou-lhe como era viver em Portugal e ela respondeu-lhe que era maravilhoso. Agora é uma advogada conceituada.

usufruir dela.

Jorge Fernandes, 9ºA

23


A Mentira tem perna curta Era

uma

vez

um

jovem

chamado Carlos de 14 anos, que

- Vai bem obrigado e contigo, está tudo bem?

morava numa aldeia muito pacata junto dos seus pais e amigos. Certo

dia,

o

jovem

- Mais ou menos, tenho tido uns

problemazitos

com

o

Carlos.

decidiu

Porta-se mal na escola, responde mal

passar por casa de uma senhora já de

aos professores, já fui chamada uma

idade, que vivia com o marido numa

série de vezes e ele não atina!

casa rústica, que se chamava Dulce. Ela perguntou-lhe:

Muito admirada, a Dulce disselhe:

- Então, está tudo a correr

- Olha, então não querem lá

bem com os teus pais, não se têm

ver... O teu Carlos tem passado por

chateado contigo?

aqui e eu tenho-lhe perguntado como

-

Ai…

sim…está…está

tudo

bem!

é que vai a escola. Ele diz-me que vai bem, que está tudo a correr bem!

- E, na escola, também está tudo

a

correr

bem

com

os

professores, as notas estão a ser

- Ele anda de uma maneira que ninguém o atura, mente, resmunga, responde mal…

boas? – continuou a insistir Dulce. -

Aaaaaaaaaaaaaa…Mais

No ou

menos, mas sim está tudo a correr

dia

seguinte,

o

Carlos

voltou a passar em casa da Dulce. Chegou perto dela e disse:

bem!

- Bom dia! - Se está tudo bem, vai lá para

casa.

- Bom dia, Carlos! Não tens nada para me contar?

Como o Carlos se dava muito bem com a senhora, resolveu passar

- Não, não tem acontecido nada de especial…

por lá outra vez. A senhora voltou-lhe

- A sério!?

a fazer as mesmas perguntas e ele a

Carlos apercebeu-se que Dulce

responder de igual forma, dizendo

já soubera o que se havia passado e,

que estava sempre tudo bem.

com uma enorme tristeza, com as

Certo dia, a mãe do Carlos parou ao pé da Dulce. - Adeus, Dulce! Então, como vai isso?

lágrimas a chegarem-lhe aos olhos, disse: - Não sei o que me aconteceu para fazer tanta asneira junta. Isto nunca me tinha acontecido antes!

24


- Carlos, por muito mal que te corra a vida, nunca mas nunca se

gostar. Peço-lhe desculpa, mais uma vez.

deve mentir. É feio e é muito injusto,

Dulce ficou contente, porque

porque eu andava preocupada contigo

conseguira incutir alguns valores ao

e

jovem amigo.

tu

enganavas-me.

Isso

não

é

bonito… A partir de hoje, sejam as

Despediram-se e Carlos já foi

notícias boas ou más, contas-me tudo

para casa de consciência mais leve.

e não me escondes nada. Um dia,

Aprendeu a dizer sempre a verdade,

podes estar a dizer a verdade mas

fosse ela qual fosse…

ninguém acreditará. A mentira é a coisa mais feia da vida! Arrependido,

Carlos

Bruno Sousa 9ºA

reconheceu que Dulce tinha razão naquilo que lhe estava a dizer e percebeu a importância da verdade, seja ela dura ou fácil de ouvir. Triste, Carlos disse: -Peço imensa desculpa por lhe ter mentido, Dulce. Não merecia que lhe mentisse. Foi uma pessoa que sempre me ajudou a ter coragem para eu levar a minha vida em frente, muito obrigado por me ter alertado. Se me mentissem, também não iria

25


Ainda existem pessoas humildes Numa noite de luar, um homem sai da

alguns dias. Falámos sobre há quanto

sua mansão e vai dar um passeio pelo

tempo estava a morar naquele jardim.

jardim da cidade, onde observa a

Ela chamava-se Júlia e estava a morar

quantidade de pessoas sem-abrigo

ao relento há mais ou menos dois

que ali se encontrava, ao frio da

meses e meio.

noite, sem nada para comer! Ele com

Passei a ir àquele jardim todos

tanta fartura e tanta coisa...Ficou

os dias. Começámos a conhecer-nos

chocado com o contraste!

melhor

No meio de tantos sem-abrigo, havia

uma

que

a

partilhar

os

nossos

sentimentos. De cada vez que a via,

dormia

sentia algo que nunca tinha sentido

profundamente. Notava-se que estava

por outra mulher, um carinho especial

sem comer há alguns dias, desnutrida

pela Júlia. Estava apaixonado por ela!

e

ajudá-la,

Falei com ela sobre isso e fiquei a

mas não queria acordá-la. Decidi que

saber que o sentimento era recíproco.

voltaria e que lhe levaria alguma

Um dia, decidi fazer-lhe um convite.

comida e roupa, para se

abrigar

Convidei-a a ir viver para minha casa,

melhor. Na verdade, a minha ideia era

já que era muito grande e espaçosa.

levá-la para minha casa mas, como

Ela vivia naquele jardim há tanto

nem me conhecia, poderia pensar que

tempo

me estava a aproveitar dela.

conforto de uma habitação. Aceitou o

indefesa.

mulher

e

Apeteceu-me

No dia seguinte, lá saí eu de casa com um saco cheio de comida e roupa. Estava com receio da sua

meu

que

convite

nem

e,

no

lembrava dia

do

seguinte,

mudou-se. Entretanto,

começámos

a

reacção e, ao mesmo tempo, com

namorar, passados três anos casámos

pena da sua situação. Encontrei-a à

e tivemos um filho que se chama

procura

de

vários

Rodolfo.

caixotes

que

jardim.

mansão.

Perguntei-lhe

comida havia se

pelos pelo

podíamos

Hoje,

vivemos

na

nossa

falar.

Primeiro fez uma cara que não percebi se era um sim ou um não, mas rapidamente aceitou o convite. Fomonos sentar num banco do jardim. Deilhe o que tinha trazido e ela começou logo a comer. Já não devia comer há

João Campos, 9ºA

26


AS MINHAS ESCOLHAS

Numa cidade, vivia um menino que se vestia muito mal, com roupas velhas,

feias,

antiquadas

e

rotas, que

antigas

andava

25 de Abril?

e

sempre

n os sa s es co lh as

- Não sabes o que significa o - É um feriado, mas não sei porquê!

despenteado. Esse menino ia para a

- É o Dia da Liberdade!

escola e todos os dias falavam dele,

- Mas o que é isso?

do modo como se vestia e calçava.

- Liberdade é um valor a que o

Um dia, outro menino chamado António

chegou-se

ao

dele

e

perguntou-lhe:

cidadão tem direito segundo o qual

pode fazer e dizer o que quiser sem ser castigado ou ir preso!

- Olha, porque é que andas

- Isso é que é liberdade?

assim vestido?

- Sim, é!

- Assim como?

- Então, eu tenho liberdade de

- Assim… tão mal!

dizer o que quiser de ti!

- Tão mal como? -

Com

roupas

- Olha… então diz e pensa o feias

e

esquisitas. - Feio és tu.

que quiseres! Não me importo com

isso! Eu tenho liberdade de me vestir como quiser!

- Tu não me chamas feio!

-

Liberdade,

- Se for preciso chamo

liberdade, não

- Então chama.

nisso!

te calas.

- Feio! Feio! Feio!

- Calo-me se quiser!

- Mal vestido! Mal vestido! Mal

- Então, não te cales!

vestido! - Tu não tens o direito de me chamar isso! Eu é que escolho como é que me visto e tenho liberdade de o fazer!

liberdade, Só

falas

- Acabou a conversa. Visto-me

como quero e gosto, e tu não tens nada a ver com isso.

- Se fosse só a roupa... É que também é o teu cabelo! Que raio de

- Liberdade? O que é isso de liberdade? - Liberdade? Tu não sabes o que é?

penteado é esse? - Já te disse que é assim que eu gosto e que tenho liberdade de escolha.

- Não, não sei!

- Não te fartas dessa palavra?

27


-

Não,

não

me

farto!

quando perceberes que a tenho!

A liberdade é um valor que assiste

a

todos

e

de

todas

as

- Já percebi!

maneiras, seja na forma de vestir, no

- Vai-te embora e não me

penteado, na forma de falar e de

chateies mais com isso. - Está bem, eu deixo-te de chatear com isso. Mas, por favor,

pensar. Aproveitem a liberdade que noutros

tempos

não

havia!

LIBERDADE!

muda essa forma de te vestires. - Adeus! - Mal educado! E os dois meninos foram-se

Diana, 9ºB

embora.

28


Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena E

ali

estava

ele,

sentado

-

sempre na mesma posição: com os

provar?

joelhos dobrados, a cabeça tombada

Sim,

porquê??

Queres

Logo percebi que aquele pobre

sobre as pernas, sentado no passeio

menino

nunca

tinha

comido

sujo. Era um menino pobre, com o

gelado.

Decidi

gastar

cabelo negro, os olhos muito escuros

minha mesada na compra de um

e tristes. Estava vestido de uma

gelado para ele. Iria ser bem gasto e

forma mísera, com uns calções rotos

ia fazer alguém feliz. Os olhos dele

e verdes sujo, uma camisola bege

brilharam de felicidade. Conversámos.

também em muito mau estado.

Fiquei a conhecê-lo melhor e, apesar

o

um

resto

da

De alguma forma, sempre que

de ter gasto toda a minha mesada,

por ali passava sentia pena dele.

valeu a pena. Senti-me bem comigo

Tentava perceber o que se passaria

mesma e ainda ganhei um amigo, um

naquela

bom amigo, que não olha aos bens

cabeça,

atormentariam

e

que em

histórias que

o

miséria

viveria. Um dia, estando a passar em

materiais,

mas

sim

ao

que

cada

pessoa tem dentro, ao que realmente é...

frente ao passeio, ele veio ter comigo, muito envergonhado. - Olá... - Olá.

Lícia Correia, 9ºB

- Isso que estás a comer, é doce? – perguntou, apontando para o meu gelado. Todas as sextas feiras de cada mês ia à geladaria em frente àquele passeio e gastava a minha mesada.

29


Solidariedade

O Rui era um rapaz, filho de

homem se tinha fome. Respondeu-lhe

uma família abastada, que morava em

que não, mas os seus olhos diziam o

Coimbra. Perto da sua casa, passava

contrário.

as noites um sem-abrigo chamado António.

Nesse

momento,

o

Duarte

chamou o Rui para junto deles e

Todos os dias o Rui saía para a

pediu-lhe que tirasse a comida da sua

escola com o seu pai e todos os dias

mochila. Quando o sem-abrigo olhou

ignorava

para

o

sem-abrigo

que

se

a

comida,

uma loja.

correcto. Insistiram para que o sem-

um

aceitasse,

a

amigos

sentiram abrigo

estavam

dois

encontrava deitado nas escadas de Certo dia, o Rui trouxe a casa

que

os

fazer

o

insistiram...

colega chamado Duarte, para

insistiram..., mas ele continuava a

fazer um trabalho de grupo. No fim,

recusar. Decidiram afastar-se do local

decidiram ir dar uma volta na periferia

e observar. Passados alguns minutos,

da casa do Rui. Ao passarem pelo

viram que o sem-abrigo foi ter com

sem-abrigo, ao vê-lo vasculhar no

um

caixote do lixo, o amigo do Rui ficou

desfavorecidas. Ficaram boquiabertos

incomodado.

com a atitude do sem-abrigo, ao vê-lo

Ao regressarem a casa para lanchar o Duarte decidiu questionar o Rui acerca do sem-abrigo:

grupo

de

pessoas

muito

repartir a pouca comida lhe tinham deixado pelo grupo. Ficaram muito contentes e a

- Ó Rui, reparaste no semabrigo?

pensar que deviam ter levado mais comida.

-Sim, já não é a primeira vez! -Nós

podíamos

levar-lhe

alguma comida. - sugeriu o Duarte.

José Cantante, 9ºB

- Se quiseres, eu não me importo – concordou o Rui. Depois de lanchar, lá foram levar comida ao sem-abrigo. Ao vê-lo, tiveram dúvidas acerca da melhor maneira de o abordarem. O Duarte aproximou-se e perguntou ao pobre

30


Amizade de Ferro Uma bela noite passou. Uma noite curta e emotiva. O último dia de

se fundissem para nunca mais se separarem.

aulas tinha terminado com o “grupo

As férias chegaram. Cada um

da comédia”. Mariana sentia-se muito

tomou o seu rumo: o Rafael foi para

triste, porque nunca mais os voltaria a

Espinho, o Pedro para Coimbra e a

ver.

Mariana para o Porto. Tanto uns como O concerto tinha corrido às mil

maravilhas. Aliás, tinha sido o melhor

outros, tentavam ao máximo manter o contacto.

concerto de sempre. Nos

deprimido.

Passava largos dias a tocar oboé, para

ano.

se entreter e encher a cabeça de

Lembrava-se do jantar com o Pedro e

pensamentos que não englobassem a

o

anedotas,

Mariana. Já ela, bem, passava os dias

lembrava-se de tirar fotos com a

deitada na sua cama, no silêncio do

Joana no autocarro, lembrava-se de

quarto. Nem se vestia…para quê?

o

que

Rafael

todos

vivera

a

os

minutos,

sentia-se

revira

tudo

últimos

Rafael naquele

contarem

minutos

os

Assim se passaram os dias e os

segundos. Ah! Também se lembrava

meses. Chegou-se a Agosto e aos dias

dos raspanetes que o Zé Pedro dava!

de calor intenso. Pedro desesperava.

Rafael

e

todos

olhava-a

muito

A

certa

altura,

teve

uma

ideia.

seriamente. Será que a voltaria a ver?

Mandou um email misterioso aos seus

Será que ela continuaria a falar-lhe? O

amigos a dizer ”Terça-feira venham à

Rafael tinha uma grande paixão pela

praia de Góis. De um grande amigo

Mariana. Imaginava os seus lábios

vosso que tem saudades vossas”.

como

Quando

flores

a

desabrochar

numa

manhã de Primavera. Já o Pedro, preocupava-se se para o ano voltaria a ser o Pedro de hoje: animado e feliz com a vida que Deus lhe deu. Todos se olhavam seriamente,

o

receberam,

Rafael

e

Mariana ficaram intrigados. De quem seria? Do Pedro? Era bom que fosse! Mariana saltou de alegria. Chegou

o

dia

combinado.

Pedro preparava-se para ver os seus melhores amigos e agradecer aos

com algumas lágrimas a escorrer pelo

Deuses

por

ter

tido

uma

ideia

canto dos olhos. Era a hora H. Rafael

espantosa. A praia estava serena.

e Mariana abraçaram-se com emoção

Rafael entrou pelo Norte da praia.

e com vontade de que os seus corpos

31


Umas

sombras

vinham

ao

seu

encontro. Em

Pedro

emocionou-se

e

abraçou-os profundamente. Estavam

frente,

andar

mais felizes do que nunca. Uma coisa

medrosamente; do seu lado esquerdo,

é certa…a amizade verdadeira é de

parecia o vulto de uma rapariga. Sim,

ouro e vence distâncias, amores ou

era Mariana!

fronteiras.

Quando correram

em

alguém

se

a

reconheceram,

direcção

ao

amigo.

Abraçaram-se, riram e choraram. No meio de tanta emoção, atiraram-se ao

Cátia, 9ºB

mar. Tinham as roupas muito pesadas por estarem molhadas, mas nada importava.

Iriam

recordar

aquele

momento durante toda a sua vida. Contavam histórias que já tinham ouvido

trinta mil vezes, mas não se

cansavam. Entre conversas, Rafael beijou com paixão Mariana. Viram a sua vida a passar-lhes pela frente, à medida que uma onda de ternura entrava nas suas almas.

32


Um rapaz com um grande coração João, João é o nome de um

O

João

também

costumava

rapaz que mudou a história de Paris.

ajudar os pais na mercearia e fazia

Nunca ouviram falar na história deste

alguns “biscates”.

pequeno

herói?

Pois

aqui

está

oportunidade de a ouvirem.

Um

dia, o seu

espírito de

partilha ultrapassou todos os limites.

João, um humilde rapaz, vivia

Começou a pensar num projecto para

junto da periferia da magnífica cidade

um

de Paris. Como alguns sabem, nas

poucas

zonas junto das grandes e extensas

tomar as suas refeições, dormir e

estradas

aquela

cuidar da sua higiene. Apresentou-o

das

ao presidente da Câmara de Paris e

cidade,

que

circundam

vivem,

pobrezas,

na

centenas

maior de

pessoas,

abrigo onde as

pessoas

possibilidades

disponibilizou

todas

pudessem

as

poupanças

chapa, ou então vivem debaixo das

começo deste seu grande projecto.

que

atravessam

estas

estradas.

entrada

suas

algumas em casas feitas de cartão, de pontes

como

com

para

o

Tanto os pais dele, como os habitantes da cidade e o presidente,

A escola do João ficava mesmo

ficaram

cheios

deste

pequeno

onde

também

aceitou o seu dinheiro, mas prometeu

habitavam. Todos os dias, na ida e na

ao Joãozinho que o seu projecto iria

vinda, o João se via confrontado com

ter início e muito êxito.

sem-abrigo

O

orgulho

do outro lado de uma destas estradas, alguns

rapaz.

de

presidente não

toda esta miséria e tristeza. Este

No final, o João recebeu um

pequeno rapaz era uma criança com

prémio pelos seus grandes feitos. O

um grande coração, capaz de perder

projecto foi um autêntico sucesso.

refeições só para as partilhar com os mais pobres. Era assim que, todos os dias, o

Jorge, 9ºB

Joãozinho arranjava uma manha para levar uns pães extras ou mesmo mais umas bolachas para partilhar com os seus infortunados vizinhos. Todos se apercebiam do seu gesto solidário e do seu enorme coração, e muitas pessoas

começaram também a

partilhar com aquelas pobres pessoas utensílios velhos e restos de comida.

33


É caso para ficar a pensar na vida que tenho! Em pleno dia, entrou nesta padaria um ser estranho nunca antes visto nesta zona.

Começou

por

dialogar

dizendo-me

que

comigo,

mas, para não ficar mal vista, oferecilhe pão. Ele

voltou

a

afirmar

que

comida não lhe faltava, mas já que

nunca pensara vir a fazer o que iria

não

estava

passar a contar. Contou-me que vivia

dinheiro,

com sérias dificuldades económicas.

vontade.

disposta

aceitaria

o

a pão

dar-lhe de

boa

Explicou que tinha três filhos e que,

O homem saiu da padaria. Pela

“Graças a Deus” não passavam fome,

porta, ao longe, avisto uma senhora.

pois as pessoas que viviam perto

Reparo que ele se cruza com ela e

deles

começam a conversar. Esperei que ela

tinham

bom

coração

e

ofereciam-lhes comida.

entrasse,

para

lhe

perguntar

que

Isto deixou-me a pensar “O

história é que o homem lhe contara.

que viria este homem aqui fazer, se

Quando me começa por dizer

comida contas,

não isto

lhe

falta?

é

uma

Afinal

de

tudo o que o homem me tinha dito a

padaria!”

mim, comecei a suspeitar que fosse

Deixei que ele continuasse a sua explicação, sem o interromper.

verdade. Todas

as

minhas

dúvidas

Muito envergonhado com o que

foram tiradas, quando o dono da

estava a contar, finalmente disse-me

papelaria entrou e me questionou

o que realmente queria. Tinha entrado

sobre a situação.

na padaria não com o objectivo de ir

Aquele homem tinha dito a

comprar pão, mas sim de ir pedir

verdade!

esmola.

lhes

duvidado da sua palavra. É caso para

começava a faltar em casa e ele não

ficar a pensar na sorte que tenho...

A

água

quente

Senti-me

mal

por

ter

tinha dinheiro suficiente para comprar uma garrafa de gás. Não fiquei nada agradada com o que ele me disse e fiquei a pensar. Já me tinham surgido casos

Adriana, 9ºB

idênticos e muitos deles tinham-se aproveitado da bondade das pessoas. Não me deixei levar em tal cantiga

34


AS APARÊNCIAS ILUDEM... Era uma vez um menino loiro,

começou a berrar muito alto e a dizer

de olhos azuis e muito pálido a quem

para irmos trabalhar, senão ia dizer

a mãe dera o nome de João. Vivia

tudo aos seus pais. Nós, sem nos

num palácio grande, cheio de riqueza

apercebermos muito bem do que se

e com uma magnífica vista. A este

estava a passar, perguntamos-lhe o

menino não lhe faltava nada. Quem

porquê

dera a tantos ter 1/5 do que ele tinha.

baixando a cabeça, começou a chorar

Muito perto deste palácio, a

desalmadamente. Olhámos uns para

poucos km, existia uma terra pobre

os outros e, quando íamos a virar

em que as crianças, jovens e adultos

costas, antes que ele fosse dizer aos

não paravam de trabalhar. Os pais do

pais, ele suplicou-nos que ficássemos.

João contratavam-nos todos os anos

Surpreendidos, nós virámo-nos

crianças ou jovens para trabalharem

para escutar o que ele nos tinha a

no palácio. Por um lado, gostavam de

dizer. Milhares e milhares de lágrimas

ir

Gostavam,

corriam

visitar

as

Desculpou-se e pediu-nos que nos

ficarem

sentássemos para ouvir uma longa

maravilhados ao verem toda aquela

história. Obedecemos, como sempre,

riqueza; não gostavam, por serem

mas desta vez de maneira diferente,

tratados como escravos.

ele tinha-nos pedido por favor. No

e,

por

outro,

porque

assim

divisões

do

não.

podiam palácio

e

Uma vez, estávamos eu e os meus colegas de trabalho a passar pelo

quarto

do

menino

da

pela

sua

arrogância.

sua

cara

Ele,

abaixo.

nosso cérebro, andava às voltas uma questão: ”Mas o que é que ele quer?”

quando

- Sabem, a verdade é que a

decidimos, por curiosidade, ver o que

minha vida não é como pensam! –

se passava lá dentro. Espreitámos por

disse ele.

um cantinho da porta e vimos o João muito

triste,

junto

Ficámos

confusos.

seus

Como era isto possível fazer esta

brinquedos. Como éramos jovens e

afirmação, se todos os dias o víamos

tínhamos

e sabíamos perfeitamente como era a

direito

ao

dos

Hã?!...

descanso,

resolvemos entrar e perguntar-lhe o que se passava.

E ele retoma a explicação:

Quando abrimos a porta e ele se

apercebeu

vida dele.

da

nossa

presença,

- Tenho inveja da vossa vida, sim, inveja,!

35


Foi a gota de água! Inveja? Não

acreditámos

que

nos

tivesse

tudo e todos, somos unidos e não temos razões de tristeza!

chamado para nos humilhar outra vez.

- O que eu não dava para saber o que é a felicidade! Obrigada

-

Inveja?!

Inveja?!

Como

assim?

por me ouvirem. Podem ter a certeza que,

a

partir

de

hoje,

o

Sem demoras, diz-nos:

comportamento da minha família vai

- Sim inveja! A minha vida não

mudar .

é assim tão boa como pensam! Acham

-

que eu gosto de brincar sozinho?

Obrigado.

Podes

contar

connosco sempre que quiseres. Se te

- Não sei, mas nós mal temos

permitirem, visita-nos, porque assim

tempo para brincar. Como podes ter

sempre terás companhia para brincar.

inveja de nós?

- Podes crer!

- Deixem-me me continuar… disse-nos ele.

Moral da história: As aparências

- Não gosto deste palácio. De todas as crianças deste mundo, só vos

iludem, ou seja, nem sempre tudo o que vemos é a verdade.

conheço a vocês! Não gosto daquilo que os meus pais vos fazem e esta

Elisabete Branco, 9ºB

minha arrogância, que é isso que dizem que eu tenho, resulta do facto de não te coragem para desabafar... - Uau! Realmente, pensando bem, nós somos felizes. Podemos não ter tanto tempo para brincar, mas quanto

estamos

juntos,

vencemos

36


A Amizade acima de tudo Há uns séculos, as pessoas não se

importavam

com

o

dinheiro,

- Olá, eu sou o Daniel. Sabes que não devias estar a falar comigo.

importavam-se com o prazer de viver. Hoje,

no

contrário,

século as

XXI,

acontece

pessoas

dão

o

mais

- Sei, mas não me importa. Só quero ter um amigo. Queres ser meu amigo?

importância aos bens materiais do

- Claro que sim!

que à vida. A história que eu vou

A partir do dia em que se

escrever aconteceu, nos EUA.

tornaram amigos, Tomás e Daniel

Nos EUA, como em qualquer outro país do mundo, os contrates

andavam juntos para todo o lado. Eram os melhores amigos.

demográficos são acentuados: há os

Certo dia, o Tomás decidiu

muito ricos e os muitos pobres. Numa

levar o Daniel a sua casa. Para sua

segunda-feira,

muitas

surpresa, os pais estavam lá e não

alunos

acharam

outras

como

em

segundas-feiras,

os

piada

dirigiram-se para a escola. O Tomás

brincadeira,

era o mais rico dos alunos. Toda a

começaram a gritar:

gente o invejava e odiava por isso. Ele nunca

sabia

se

as

pessoas

se

aproximavam dele por interesse ou por quererem ser amigos dele.

ficaram

nenhuma

à

enfurecidos

e

- O que é que ele está aqui a fazer? Sabes que ele não devia estar aqui! - Eu sei mas…

Toda a gente achava que ele

- Mas o quê???

tinha muita sorte por ser rico, mas

- Ele é o meu melhor amigo.

não era a verdade. Ele desejava ser

- Não é nada, estás confuso.

como as outras crianças da idade

- Não, não estou. Vocês têm

dele: não ter tanta responsabilidade, poder

chegar

a casa e

fazer

os

trabalhos de casa, ver televisão, ir ao

de o conhecer. - Nem pensar. -Deixem

de

ser

teimosos,

computador e não ter de aprender

assim que o conhecerem vão ver que

regras etiqueta. Não achava correcto

ele é boa pessoa. Não importa que

que, cumprindo uma dessas regras,

seja pobre.

não

pudesse

falar

com

pessoas

- Filho, ele está a aproveitar-se

pobres. Por isso, decidiu falar com o

de ti, só te está a usar. Se calhar

Daniel, o rapaz mais pobre da escola:

queria vir cá a casa para roubar.

- Olá, tudo bem? Eu sou o Tomás.

- Desculpe, eu não a conheço mas não admito que fale assim de

37


mim. Se não sou bem aceite mas vale

a nossa maneira de lhe pedirmos

ir-me

desculpa.

embora.

interrompeu

o

Daniel.

No dia seguinte, Tomás foi Triste e magoado, Daniel vai-

falar com o Daniel e transmitiu-lhe o

se embora, por ter sido chamado de

recado, pedindo desculpa pelo que

ladrão e interesseiro. Tomás só diz

acontecera.

aos pais:

aceitava o convite e ele respondeu

- Nunca estive tão desiludido

Perguntou-lhe

se

ele

que sim.

convosco!

Nessa noite, Daniel e a família

- Filho, tu tens de perceber ele

foram

jantar

a

casa

do

Tomás.

não tem o mesmo nível que tu. Ele é

Quando chegaram, a primeira coisa

pobre

que os pais do Tomás fizeram foi

e,

provavelmente,

um

delinquente. perceber

pedir

Como? que

delinquente!

Vocês

ele Se

têm

não

é

ao

menos

de

nenhum

desculpa,

estavam

muito

arrependidos pelo que lhes disseram. A partir daquele momento, os

o

pais do Tomás tiveram noção de que

conhecessem... Para vocês, o que

não importa quanto dinheiro temos. O

importa são a aparência e o dinheiro

que verdadeiramente importa são

que temos. Não chega ser humilde e

os laços que nos unem!

honesto. -

Sabes

que

isso

não

é

verdade? - Não é verdade? Começaram

Débora, 9ºB

a julgá-lo sem sequer o conhecerem. Nunca ouviram dizer que antes de tirarmos

as

devemos

ouvir

devemos

nossas os

conclusões,

outros.

tirar

Nunca

conclusões

precipitadas. -

Desculpa.

Tens

razão,

deixámo-nos levar pelas aparências. - As aparências enganam. Vou tentar falar com o Daniel. - Espera, leva-lhe um recado nosso, diz-lhe que ele e a família dele estão convidados a virem cá jantar. É

38


O RESPEITO E A FALTA DELE Será que sabemos o que hoje

da cor da pele e disse-lhe o que eu

em dia é o respeito? O respeito pelas

nunca esperei ouvir. – continuou o

pessoas e pelo que elas são? Aliás, o

Miguel – Em resposta, o senhor negro

que será um valor?

pediu -lhe para ele fazer um pequeno

Na

aula

estavam

de

Moral,

bastante

todos

corte no dedo que ele faria o mesmo.

sossegados,

Logo se veria se o sangue que corre

quando se ouviu alguém fazer esta

dentro das veias não era igual.

pergunta. Parecia vir de longe mas,

Um

longo

silêncio

invadiu

ao mesmo tempo, ecoava bem perto.

aquela sala por instantes. Ninguém

Ao início, todos ficaram em silêncio

pensara vir a ouvir aquela resposta,

como que perguntando: Será que

até que a professora ganhou força

sabemos?

para falar:

- Ó stôra, no outro dia, li na internet

que

um

falta de respeito que existe na nossa

sentimento positivo de estima por

sociedade. Todos somos diferentes

uma pessoa ou por uma entidade,

por

mas

sentimentos e medos, e nada nem

interveio a Joana, interrompendo todo

ninguém deve criticar o que somos.

aquele silêncio.

Mais

não

o

percebi

respeito

muito

é

- Este é um belo exemplo da

bem

fora,

altos

mas

ou

mais

todos

baixos,

temos

mais

- Ó minha querida, é natural.

magros ou mais fortes, brancos ou

São palavras bastante complicadas.

amarelos, o que interessa é a nossa

Há formas tão simples de explicar

forma de viver e até que ponto ela

tudo

pode prejudicar os outros.

isso!

Ninguém

sabe

uma

história? – perguntou a professora. - Eu sei, eu sei! – disse o Miguel, com o seu ar despachado!

- Sim stôra, tem razão. – acrescentou o David – Às vezes, estamos com os nossos amigos e

- Então Miguel, conta lá. Mas

passa alguém que, de uma ou outra

cuidado para não dizeres asneiras.

forma, é diferente e nós, sem hesitar,

Pensa bem! – ordenou a professora.

criticamos esse indivíduo. Por vezes,

- Então é assim… no outro dia,

de

forma

tão

brusca

que

nem

estava no café com a minha mãe e

pensamos no que estamos a dizer e

estava lá um senhor negro. Outro

em como ficaríamos se o fizessem

senhor, que já estava meio bêbedo,

connosco.

começou a gozar com ele por causa

39


- Acho que agora, já sei o que é o respeito. – afirmou a Bárbara – É um valor que devemos ter presente.

seriam

mais

felizes

concluiu

a

professora. Depois

daquela

aula,

todos

Uma forma de nos mostrarmos boas

ficaram a saber o que significa ter

pessoas. Todos temos de respeitar os

respeito e ser respeitado.

outros. A nossa liberdade não deve acabar com a liberdade dos outros. Todos temos esses direitos e, para sermos felizes, não temos de criticar

Eva, 9ºB

ou maltratar. -

Tens

razão,

Bárbara!

Se

todos respeitássemos o próximo, o mundo seria muito melhor e todos

40


Culpados Recordo o passado como quem

Preferia ter ido para não mais

vive um sonho. Da memória, não me

voltar do que ter acordado quando o

saem as luzes da ribalta e as músicas

sol

que dão vida às passerelles. Trago

desconhecido, confusa e atordoada, a

comigo o perfume doce e sofisticado

tentar recordar, sem sucesso, a noite

dos camarotes que vão ficando cada

anterior.

vez

estava um bilhete. Era enorme e

mais

incessante

distantes. de

correr

Uma

vontade

para trás

ia

alto,

Junto

naquele

à minha

quarto

almofada

e

quase tive vontade de o ignorar,

abraçar todos os que de mim não se

contudo devia ser importante. Li, na

despediram

primeira linha, a palavra ” DESCULPA-

esmaga-me

e

faz-me

acelerar o passo. Já percorri o equivalente a

ME”

e

na

última

podia

ler-se:

Assinado, Culpado.

cerca de cinco quarteirões e ainda não

Li e reli cerca de cinco vezes o

me encontrei. O que foi feito de mim?

bilhete que agora pesava no bolso de

O que estou a fazer neste preciso

trás

momento? O que poderia estar a fazer

grave. Um barafustar de questões

se não estivesse aqui, só e inerte?

afluiu aos meus pensamentos e senti

Quem sou eu? Quem era eu?

uma

Da minha cabeça transbordam

dos

meus

onda

jeans.

de

Aquilo

era

agradecimento

e

compaixão por aquele desconhecido.

centenas de questões, no entanto,

Eu

odiava

aquela

nem uma resposta. Há uma certeza

transcendente, no entanto, estava-lhe

mas nessa, prefiro não pensar. Dói

imensamente

recordá-la, recordar o que poderia ser

minha vida, contudo, informara-me

se ela não existisse. Tudo o que fui,

daquilo que fizera.

grata.

criatura

Destruíra

a

tudo o que era, tudo o que seria e

Queria encontrá-lo e atirar-lhe

tudo o que poderia vir a ser. Tudo

a torrente de impropérios que se

mudou.

apoderava

da

minha

mente,

mas

Mudou no dia em que eu entrei

sabia que não era correcto fazê-lo,

naquele maldito bar. A noite estava

que quem quer que fosse, já estaria

animada e as horas voaram, elas e

mal o suficiente e não precisaria que

eu. Elas para não mais voltar, eu para

lho recordasse. Por outro lado, eu não

um quarto de hotel, não sei bem

queria conhecer aquele ser horrível

como nem quando, mas de uma coisa

que arruinou a minha vida e a tornou

estou certa: preferia ter ido com elas.

numa verdadeira calamidade.

41


Fiz

parar

minhas

Parto, devagar, em direcção à

linhas de pensamento incoerentes e

cidade que abandonara há já algumas

concentrei-me no que viria depois

horas, em busca do ”Culpado”. Tudo

daquilo. Estava demasiado confusa

está claro. Sinto uma necessidade

para engendrar um plano triunfante,

aterradora de gritar para quem queira

pelo que a única coisa que me ocorreu

ouvir. Sei que não é a decisão mais

foi fugir. Fugir de tudo e de todos.

correcta e limito-me a confrontar-me

Enfiei as minhas roupas à pressão,

com a verdade: O meu nome ERA

peguei na minha mala e corri para a

Margarida e antes eu falava o dialecto

recepção. Puxei da mala uma quantia

do

que me parecia suficiente para pagar

portadora

uma

melhores

seropositiva. Ele é o culpado, mas não

hotéis de Las Vegas e saí disparada

o é sozinho, e quem quer que seja

pela porta automática, saltando para

esse Ele, precisa de mim.

semana

todas

num

as

dos

mundo

da do

moda. HIV

e

Agora,

sou

chamam-me

o banco de trás do primeiro táxi que me apareceu. Precisava de pensar. Por isso, pedi-lhe

que

me

floresta,

longe

pessoas

felizes

levasse

da que

cidade

até e

agora

à

Ana Patrícia Nunes, 9ºB

das tanto

invejava. Em vez disso, levou-me a um parque nos subúrbios da cidade. - Aqui ficará mais segura! – Exclamou o taxista, um senhor que ontem me pareceria simpático, bonito e irreverente, mas que hoje não é mais que uma fonte de ciúme. Não

consegui

dizer

nada,

peguei em mais um rolo de notas e atirei-lho, enquanto saía. E agora aqui estou

eu,

letárgica

e

frustrada,

ansiosa por ouvir alguém dizer-me que tudo é mentira. Mas preciso de encontrá-lo, onde quer que esteja, está a sofrer mais que eu e sei que devo ajudá-lo.

42


Solidariedade entre Amigos A 1 de Fevereiro, Brian e Jonas

igual

ao

que

iam

roubar,

para

emigraram para o Brasil, porque nos

procederem à troca, sem ninguém dar

EUA tinham assaltado um banco para

por

poderem salvar o filho do Brian.

passarem por baixo de uma ponte.

isso.

A

troca

teria

lugar

ao

À chegada, um velho amigo

Como tinham um colega que

levou-os a conhecer melhor a cidade,

trabalhava na polícia, falaram com ele

mas

para saberem a marca do cofre. Era

o grande objectivo dele era

convencê-los a cometer outro assalto,

um

para poder pagar a divida que tinha.

cofres mais seguros do mundo. Era

para

CENTRALLOCK

AK47,

um

dos

Assim, ao fim do dia, foram

preciso obter a impressão digital do

sua

dono para o abrir. Falaram com uma

Realizaram

casa um

e

convenceu-os.

plano

e,

no

dia

colega que já tinha pertencido a um

seguinte, reuniram alguns elementos

grupo terrorista e se disponibilizou

do bairro, para definirem tarefas. No

logo para ajudar.

total eram 8. O plano era roubar o

No dia acertado, tudo correu

cofre do homem mais rico do Brasil, e

como planeado. Assaltaram o banco,

consistia em:

trocaram os cofres e dividiram o

1º- Roubar um jipe e dois

dinheiro entre eles. Brian pagou as

carros da polícia para conseguirem

dívidas e começou uma vida nova. Os

entrar no banco.

outros fizeram o mesmo.

2º- Entrar no banco e preparar o cofre.

Conclusão:

3º- Com os dois carros rebocar o cofre.

grandes

amigos nunca se deixam de se ajudar, quaisquer

4º- Passar a fronteira.

os

que

sejam

as

circunstâncias.

No início, correu tudo bem, mas houve um imprevisto. O banco estava recheado de polícias e tiveram de

pôr

em

prática

outro

plano.

Compraram um cofre exactamente Igor, 9ºB

43


O grande valor da Amizade

Era uma vez uma rapariga chamada

Joana,

que

tinha

dois

viu

os

seus

pais

estavam

tão

desanimados que pergunta:

colegas: a Rita e o João. Houve um

- Que se passa?

dia em que não se estava a sentir

- Nada, não se passa nada.

muito bem. Tinha febre, dores no

Joana não acreditou nos pais e

corpo, estava tão mal que até a Rita

voltou a perguntar-lhes seriamente:

disse:

- Que se passa? - Vai ao médico, isso pode ser

grave!

- Joana, os resultados dos teus exames

- Não vou, isto não é nada. Vais ver que, daqui a pouco, já estou

são

os

melhores,

o

médico descobriu que tens…que tens cancro!

bem.

Joana não queria acreditar no Os dias foram passando e não

que estava a ouvir.

havia um único em que a Joana se sentisse

bem…

O

João

e

a

Rita

-Isto só pode ser um pesadelo, isto não pode estar a acontecer!

estavam sempre a dizer:

Passado uma semana Joana,

-Vai ao médico! Mas

ela

dizia

regressou à escola. Todos ficavam m sempre

o

mesmo:

a olhar para ela como se ela tivesse uma doença contagiosa. As únicas

- Não!

pessoas que lhe deram apoio na

Até que um dia em que os

escola foram os professores e os seus

alunos estavam a ter Educação Física,

melhores amigos, o João e a Rita.

Joana subitamente desmaiou.

Joana dizia sempre:

O João e a Rita, preocupados, socorreram a amiga: -Joana, bem?

não

Joana

chamem

está uma

ambulância! Joana

Enquanto

levada

para

o

hospital. Ficou lá uma tarde inteira a

foi

fazendo

os

tratamentos, difíceis e dolorosos, na escola,

foi

me apoiarem

neste momento tão difícil.

acorda,

Rápido

-Obrigada por

os

professores

faziam

exposições e apresentações sobre a doença que Joana tinha.

fazer exames, até que descobriram

Os alunos ficaram admirados

que ela tinha cancro. Os pais dela não

com aquilo que descobriram. O João e

queriam acreditar no que ouviam.

a Rita diziam às pessoas como é

Quando Joana regressou à vida real,

importante terem apoio dos amigos e

44


familiares nestas alturas. Ao saberem disso, os alunos sentiram-se culpados por aquilo que lhe fizeram. Quando

Joana

regressou

à

escola, todos os seus colegas falavam e brincavam com ela, como se nada tivesse acontecido. Joana ficou com a boca aberta de admiração. - Mas, o que é que se está a passar? O João e a Rita contaram tudo o que fizeram a Joana. Ela ficou felicíssima e depois exclamou: -

Eis

o

grande

valor

da

amizade! Milene, 9ºB

45


Uma grande, eterna e forte amizade amorosa Era véspera de Natal e um

passado nunca mo permitiria. Sou

homem necessitado apregoava pelas

uma unidade. Um único ser, sozinho e

ruas:

sem ninguém… - Cidadãos deste país, você,

E a mulher continuou:

ela, e aqueles … todos nós! Sabeis

-Não

te

criticarei

pelo

que

que temos um dia para a vida?

fazes ou pelo que és. Mas que erro foi

Desprezam-me por aquilo que faço e

esse?

por aquilo que sou, mas nunca vão ser sábios como eu!

- Antes era bonito e tinha amigos,

Ao passar por ele, uma mulher disse:

Deixaram

mas

fui

usado

me

sem

por

eles. nada…

aproveitaram se de mim. Apenas uma - Dou-te essa esmola e vais

para casa comer. -

Não

pessoa me apoiava, a minha falecida mãe… que foi, e continua a ser, a

preciso

de

dinheiro,

minha única amizade.

porque sou um homem cheio de riquezas.

disse:

Depois passou um empresário rico e disse-lhe: -

A mulher amparou o homem e - Diz-me o teu nome. Preciso de o saber. Levanta-te do lixo e vem

Comprei

comida

a

mais,

aceite esse quilo de arroz.

para casa, meu filho. De súbito o homem desfaleceu

Rapidamente, e assustando o empresário, o homem respondeu:

e morreu estendido no seu colchão. Seguiu a sua mãe para um mundo

- Não preciso de alimento. Só

melhor...

quero que me ouçam. Uma senhora de idade, passou pelo colchão onde ele estava deitado, sentou-se

ao

lado

seu

dele

Vinicius, 9ºB

e

perguntou-lhe: -

Estive

aqui

o

dia

todo

sentada e percebi que não precisa de nada. Não tem filhos mulher? Nada? O

homem,

chorando

e

abraçando a mulher, lamentou-se: - Tive vida, já não a tenho. Já fui feliz, agora não sou nada. Podia tentar

ser

melhor,

mas

o

meu

46


O ATAQUE passado. Como já era muito tarde, Um grupo de amigos foi tirar umas férias a África, pois tinham trabalhado

muito

durante

o

todos acabaram por decidir ir dormir. Tratariam do assunto no dia seguinte.

ano

II

inteiro. No último dia de trabalho, todos combinaram ir a um bar perto da casa do Pedro. Chegado o dia, o João não apareceu e ficaram muito intrigados com a sua falta, pois ele não era pessoa de faltar aos seus compromissos. Ligaram-lhe, mas ele não atendia. Por isso, preocupados, foram à sua casa para ver se estava tudo bem. Quando

chegaram,

acharam

estranho a casa não ter luzes ligadas e ter umas fitas da polícia impedindo a passagem. - Vou entrar, se vier aí alguém ligam-me. - Disse o Nuno aos amigos - É melhor não, pois pode aparecer a polícia e depois metes-te em conflitos, Nuno! Mas o Nuno estava decidido. Passado

pouco

entrada

da

tempo casa.

voltou

Os

à

amigos

começaram logo a perguntar-lhe o que

se

passava.

Um

bocado

perturbado com o que tinha visto, Nuno não conseguiu responder de imediato aos amigos. A casa do amigo tinha sofrido um incêndio! Quando o Nuno

lhes

acabou

de

dizer

isso,

começaram todos a dizer que era preciso descobrir o que se tinha

Quando

se

voltaram

a

encontrar para ir à polícia, notaram que faltava outro amigo. Desta vez, era

o

Nuno.

Ficaram

um

bocado

receosos com o que se estava a passar e decidiram ir à polícia, para darem conta da ocorrência. Como a casa do Nuno ficava na direcção da polícia, decidiram passar pela sua casa. Quando chegaram, passou-se a mesma coisa que tinha acontecido na casa do João. Chegaram

à

esquadra

e

contaram a história ao polícia que estava na recepção. Este confirmou, pesquisando

informação

no

seu

computador, que tinham chegado à cidade um grupo de imigrantes que vinham

a

julgamento tinham

Portugal pelos

cometido.

para

irem

a

crimes

que

Através

de

um

plano muito bem elaborado, tinham conseguido fugir e andavam a monte. Eram muito perigosos, e estavam na lista dos mais procurados. E era este grupo que andava a fazer os ataques na cidade e o João não passava de mais uma vítima deles. Quando os amigos ficaram a

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saber isto começaram a explicar que nesse dia também tinha desaparecido outro

amigo

com

as

mesmas

características do crime do João. E o polícia explicou que devia ser mais um crime deles e aconselhou a irem passar umas férias ou apenas passarem uns dias fora daquele país pois podiam estar a ser vigiados pelo grupo. Tudo isto porque já tinham sido atacados dois colegas e podiam estar para ser as próximas vítimas os restantes amigos. No fim, tudo acabou bem. Os amigos acabaram por descobrir que o Nuno e o Pedro tinham andado a falar com umas pessoas sobre as suas vidas, sobre a vida boa que levavam e era isso que interessava ao grupo de imigrantes. Devemos aprender a não falar da nossa vida particular em público.

Nuno, 9ºB

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