ANÁLISE CROMÁTICA DO FILME “8 MILE: RUA DAS ILUSÕES”
Anaíssa Caroliny Sampaio Araújo Graduando em Design pela Universidade Federal de Uberlândia anaissacaroliny@hotmail.com Cynthia David Costa e Souza Graduando em Design pela Universidade Federal de Uberlândia design.cynthia@yahoo.com.br Mariah Dezopa Parreira Graduando em Design pela Universidade Federal de Uberlândia mariah_dezopa@yahoo.com.br Patrick Maiko de Souza Mundim Graduando em Design pela Universidade Federal de Uberlândia patrick_mundim@hotmail.com
RESUMO
No cinema diversos recursos são utilizados para que a história ali contada se torne a mais real possível ao espectador, e desperte nele experiências em diversos sentidos. Estes recursos nem sempre são percebidos de forma consciente por aqueles que o assistem; entretanto o estudo da semiótica nos permite analisar estes aspectos e perceber como é possível provocar sensações quando utilizados os recursos corretos. Neste trabalho, destacaremos o uso da cor como recurso cinematográfico, aplicado ao filme 8 Mile: Rua das Ilusões, de Curtis Hanson, inspirado na história real do rapper Eminem, apresentando todo o drama que viveu para atingir seu objetivo de ser um artista reconhecido por seu talento e esforço. Para essa análise, traremos primeiro uma discussão teórica sobre o uso das cores e em seguida aplicaremos essa teoria ao estudo do caso do filme em questão. Palavras-chave: Semiótica, Cor, 8-Mile, Eminem.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo abordar a forma com que as cores foram utilizadas como recurso comunicativo no filme “8 Mile: Rua das Ilusões” do diretor Curtis Hanson, responsável também pelo roteiro, e produzido por Brian Grazer, Curtis Hanson, Jimmy Iovine. O filme é ambientado em Detroit, uma cidade norte-americana, e relata sobre a vida do jovem Jimmy, interpretado pelo rapper Eminem que é a real inspiração do filme. Para passar a mensagem dramática e de crise que o personagem principal vive foram utilizados, diversos recursos, dentre eles, destacaremos neste texto o uso da cor, e da forma como as cores foram empregadas ao longo do filme de modo a contribuírem para a transmissão da mensagem proposta. Primeiramente será feito breve comentário sobre a história que inspirou a obra “8 Mile” para, em seguida, justificar, com base em teorias e estudos de cores, o modo como estas foram aplicadas no filme. 8 Mile: Rua das Ilusões é um filme de atmosfera pesada e sombria, que relata a história de um rapper pobre, Rabbit, que vive em um bairro predominantemente negro, dominado pela violência e pelo preconceito. Rabbit é um dos únicos rappers brancos do lugar, e só consegue se integrar por ser realmente bom. Em meio a isso, ele vive o drama doméstico da mãe que possui um relacionamento complicado com um homem violento, e a irmã de seis anos quem presencia todo o drama que se desenvolve no trailer onde vivem. Ao longo da trama surgem outros personagens, entre amigos, inimigos e um romance com a personagem de Brittany Murphy. Em cada um deles a cor se aplica de uma forma específica e intencional, algo que fica muito claro especialmente quando se trata da garota com quem o protagonista terá um relacionamento e isto será mostrado mais adiante neste trabalho. Para embasar nossa análise do filme, traremos primeiro uma breve discussão sobre a forma com que as cores são usadas como recursos comunicativos, não apenas em filmes, mas em qualquer outro meio, seja este midiático ou físico, em que são empregadas.
As principais cores trabalhadas no filme foram o vermelho e o azul, e verifica-se
que
o
verde
é
aplicado
em
momentos
pontuais,
mais
especificamente ao final do filme, bem como os tons pastéis, que aparecem em determinados momentos, como por exemplo, nas cenas em que a criança e as vistas da cidade aparecem. O vermelho, segundo Pastoureau em “Dicionário das cores do nosso tempo” (p. 160), é a cor por excelência, a cor arquetípica, a primeira de todas as cores. Nesse trecho o autor reforça o peso que a cor vermelha possui, e sua relação com as demais cores. O vermelho possui uma carga emocional que pode ser explicada por questões físicas da luz associadas às fisiológicas do olho, que justificam a agressividade característica da cor. Para o autor de “A cor como Informação”, Luciano Guimarães:
“[...] o vermelho predominante no campo visual formaria uma imagem mais forte, pois o ponto de convergência dos raios vermelhos estaria atrás da retina, enquanto o azul predominante teria o ponto de convergência um pouco à frente da retina. Assim trabalham os pintores, criando planos de distância e profundidade. O resultado seria, portanto, a agressividade para o vermelho, e a tranquilidade para os matizes azul e cyan”.
Apesar dessa descrição do azul como tranquilidade, é na percepção dos matizes predominantemente verdes que a retina encontra seu ponto de maior sensibilidade, sendo ele a cor que será recebida de maneira menos agressiva, trazendo maior tranquilidade ao nosso ânimo. O vermelho se coloca em oposição ao verde, de modo que o fará em uma união de complementaridade. Além da tranquilidade, na cor verde também se deposita um caráter de esperança, sendo esta reconhecida também como a cor do jogo ou da sorte. Ademais, o verde também pode ser interpretado como a cor da permissão, um caráter adquirido já no século XIX, por sua complementaridade com o vermelho, cor associada à proibição. Por fim, o verde vem como a cor do equilíbrio, primeiro pela sua posição no espectro da luz branca, e segundo por ser a mistura de duas cores simbolicamente opostas, o amarelo e o azul. Voltando ao vermelho podemos destacar também seu caráter de oposição,
“há um vermelho tomado positivamente e um tomado negativamente, tal como há um sangue tomado positivamente e um sangue tomado negativamente e um fogo tomado positivamente e um fogo tomado negativamente”. (PASTOREAU, Dicionário das cores do nosso tempo, p. 1601)
O vermelho, entendido de forma positiva pode significar a cor do amor divino, que busca a força do sangue de Cristo para a cultura cristã. Trata-se, portanto, de um vermelho amarelado, que carrega consigo o calor e o brilho do sol. O amor será representado por um coração vermelho e a saúde por uma cruz da mesma cor. Já sua forma negativa, a cor de Dionísio, como Luciano Guimarães coloca em seu texto, o vermelho vem como a cor do paganismo, do amor carnal, da paixão, do pecado e da proibição. Esse aspecto negativo do vermelho pode ser encontrado em vários outros símbolos comuns como a sinalização de trânsito, o cartão vermelho nos esportes, nas tarjas dos remédios, em expressões corriqueiras como “estar no vermelho” quando o dinheiro acaba, ou “vermelho de vergonha”. Outra forma de classificar as cores, que está presente no filme a ser analisado aqui, seria a diferenciação entre cores claras e cores escuras. Há duas formas de manipular a informação cromática no que se refere à binaridade claro/escuro: diretamente pela luminosidade natural de cada cor, ou pela atenuação. Para matizes diferentes a luminosidade determina a capacidade que cada cor possui de refletir a luz branca que há nela. Para matizes iguais a atenuação é obtida acrescentando brilho, o que forma as cores mais claras, ou suprimindo brilho, o que leva à formação das cores mais escuras. Assim, um objeto de determinada cor pode parecer mais claro ou mais escuro dependendo do fundo sobre o qual ele é colocado; de forma que fundos escuros clareiam as cores aplicadas sobre eles, e fundos claros escurecemnas. Para Luciano Guimarães,
“As cores apresentam características de peso, distância e movimento que, combinadas à proporção e localização das formas, constroem uma
informação
complexa
cuja
totalidade
provoca
reações
diversas
no
observador.”
Uma composição cromática agradável deve ter equilíbrio e harmonia; trata-se de uma necessidade natural da nossa percepção visual, considerando que, no equilíbrio, todas as forças e tensões compensam-se mutuamente, bem como o equilíbrio deve gerar estabilidade. Quando a composição cromática é desequilibrada, as cores mais fracas são induzidas pelas mais fortes e podem adquirir colorações ambíguas e, dessa forma, prejudicar a relação entre as cores. Há ainda outro critério, não menos importante do que os já citados anteriormente, que interfere na forma com que o homem percebe as cores. A influência da cultura na percepção visual pode ter um peso tão grande quanto às questões físicas e biológicas. Assim, um mesmo estímulo pode parecer diferente para povos de culturas diferentes. Por exemplo, o preto nas culturas ocidentais pode significar luto, enquanto que na China, o luto é simbolizado pelo branco. O que muda nesse caso é a percepção cultural da morte, e a ela associado o preto ou o branco, no entanto, fisiologicamente falando a percepção da cor é a mesma. A partir do que foi discorrido até aqui, traremos uma discussão de como todos esses aspectos cromáticos foram aplicados ao filme “8 Mile”.
2. DESENVOLVIMENTO
Como foi discorrido anteriormente as cores foram signos utilizados no filme “8 Mile” com a função de destacar, de alguma forma, personagens, elementos, momentos, espaços, cenas,
dentre outros. Desse modo, as
informações cromáticas presentes no filme atuam como auxiliares para facilitação e melhoramento da leitura do filme e da ocorrência das situações retratadas na história e a ênfase que elas merecem no mesmo.
Em todo o filme, percebe-se que existe a preocupação de relacionar as cores com as situações decorridas na história que, por ser uma história quase autobiográfica, possui o peso visual reforçado também pelo uso constante das expressões faciais das personagens, acompanhadas ou não do foco de luz, dependendo da intenção pretendida na cena, bem como pelo espaço, pelas condições climáticas e por todos os outros elementos que auxiliam na composição de um conjunto cinematográfico adequado para o desenvolvimento da história e que permitem analisá-lo criticamente. Por isso, na análise que faremos, focaremos na composição cromática das cenas, a partir das cores empregadas nos locais e ambientes em que o filme ocorre, bem como no vestuário das personagens e na forma com que o jogo de luzes e/ou penumbra é utilizado.
Uso de luz e/ou penumbra nos personagens.
Como já dito, a história se passa no subúrbio da cidade de Detroit, local onde a presença de conflitos socioeconômicos é predominante. Logo, podemos perceber que a paleta utilizada para a representação deste espaço é composta por cores e tons mais escuros, contendo tons terrosos com a inserção de tons
pásteis. Esta paleta constitui a paleta padrão do filme em questão, uma vez que caracteriza e representa eficazmente o cenário escolhido para se retratar a história. Um bairro periférico de uma cidade grande dos EUA, na qual a tristeza, a precariedade, a violência, a falta de condições dignas de sobrevivência dos habitantes, as dificuldades da vida, as intrigas e disputas e os conflitos da vida pessoal e profissional do personagem principal fazem parte e caracterizam a realidade dos moradores locais. Assim, percebe-se que para transmitir essa atmosfera pesada de uma realidade dura e sofrida, a cidade de Detroit é sempre reproduzida com um céu cinzento, poluído e escuro, bem como as construções e toda a configuração urbanística apresenta cores dessaturadas, em tons pastéis, o que substancia a ideia de solidão, pobreza e reclusão de certa região urbana.
Imagens do subúrbio de Detroit.
No que diz respeito aos costumes, o vestuário no cinema pode ser utilizado como uma máscara social utilizada para descrever a personalidade e o estilo de cada personagem, caracterizando-os. Isto ocorre no filme em análise, já que podemos perceber a procura em transparecer os sentimentos das personagens através de elementos estéticos, movimento, posição social, cores e texturas e, desse modo, conferir maior credibilidade para a história contada. Por esse motivo, analisaremos também os figurinos das personagens e a interpretação que se quer obter com os mesmos, assim como o modo como deve ocorrer a percepção do público a respeito de cada um.
O personagem principal, Jimmy (B-Rabbit), interpretado pelo ator Marshall Bruce Mathers III (Eminem), aparece em todo o filme utilizando uma sobreposição de roupas escuras e claras, mais especificamente, o azul e o branco, o que cria uma paleta cromática quase que única para este personagem. Esta atitude adotada pelo autor cria um contraste com a paleta padrão do filme, de forma que o uso deste recurso confere foco ao protagonista. Assim, o espectador é capaz de identificar a imagem do protagonista como um jovem morador da periferia, honesto e humilde, que anseia por melhores condições de vida e possui uma paixão e um sonho, o de se tornar um rapper conhecido e reconhecido pelas rimas que cria; as quais contam a sua dor, a sua história, a sua realidade e a de toda uma parte da sociedade que é banalizada e tem que convivem com o descaso de outrem; ou seja, suas letras constituem uma crítica social. Entretanto, percebemos que em contraponto com as cores do seu vestuário, o seu semblante sério, muitas das vezes assustado, sofrido, distante e que não demonstra nenhuma felicidade, se mantém na maior parte do filme e robustece o que a paleta padrão do filme, ao dar ênfase na sua condição dramática de vida e nos conflitos pessoais e sociais que o mesmo e outros indivíduos da sociedade que se encontram na mesma situação que a sua, enfrentam.
Imagens do protagonista.
Podemos perceber também o uso intencional da cor vermelha associada à personagem Alex, interpretada por Brittany Murphy, uma moça que sonha em ser modelo, e possui porte físico atraente e personalidade forte; com quem o
Jimmy B-Rabbit tem um romance ao longo do filme. À medida que o relacionamento evolui, e que o sentimento e a paixão tornam-se explícitos, mais a cor vermelha se torna presente e intensa. Então, de acordo com as características e peculiaridades dessa personagem, pode-se relacioná-las com a força, a energia, e a intensidade da cor em questão, que passa a aparecer em suas roupas e maquiagens, reforçando e evidenciando o seu lado sensual e sedutor, como forma de simbolizar a paixão, o desejo e a força desta personagem, que ao concomitantemente se contrapõem e afrontam ao protagonista.
Imagem em que o vermelho encontra-se presente no vestuário e cosméticos da personagem.
O vermelho também aparece, junto com o amarelo, em uma cena marcante do filme, na qual os jovens queimam uma casa do bairro onde ocorrem crimes de estupro. O uso dessas cores, neste momento específico, simboliza uma passagem, um alerta social, um apelo por mudanças e transformações, uma tentativa dos adolescentes de fazer um bem ao próximo, que chegam até mesmo a se sentir heróis pelo fato de estarem oprimindo e evitando que pelo menos um dos atos de violência com os quais convivem todos os dias continue a ocorrer. Isso demonstra que eles não compactuam e não querem se ver como testemunhas dessa situação e, por isso, agem dessa forma.
Imagem em que as cores vermelho e amarelo ressaltam o poder de transformação do fogo.
Outra cena em que o vermelho encontra-se em destaque e que merece ser comentada é a de uma balada em que os jovens encontram-se na pista de dança e que a personagem Alex procura se mostrar para Jimmy (B-Rabbit) para seduzí-lo. A cor, neste caso, intensifica e reafirma as reais intenções da garota, simbolizando o desejo, a sedução, a paixão e o amor carnal.
Imagem em que o vermelho abrange toda a cena.
Apesar dos tons escuros estarem presentes em todo o filme desde a configuração do espaço até o figurino que as personagens utilizam, que a fim de consagrar e embasar todo o conflito psicológico, social e espacial conturbado vivido pelo protagonista; percebe-se também que o emprego dessas tonalidades reflete a intenção de mostrar um conflito interno e externo,
de modo que as cores e tons mais escuros são empregados para reafirmar o lado sombrio da maldade, da pobreza e da frieza presentes no filmes, também estão presentes nas roupas e acessórios dos inimigos da personagem principal. Assim, roupas, carros, armas, e vários outros elementos e objetos que compõem as cenas apresentam-se no preto, remetendo e reforçando a ideia de perigo, brigas entre gangues, conflitos e situações de tristeza que pairam o ambiente e a situação de vida das personagens.
Imagens que demonstram as cores escuras das vestimentas dos amigos do protagonista.
Em contraponto com esta paleta e este clima pesado, são nas cenas em que a irmã de 6 anos de Jimmy (B-Rabbit) aparece, os únicos momentos em ele esboça alguma sensação de alívio, conforto, proteção, cuidado, amor e felicidade. E com o propósito de enfatizar isso, adota-se para estes momentos uma paleta de cores que contém tons suaves, ainda que pastéis e dessaturados, mas com cores claras, promovendo uma quebra no viés sombrio e triste da história, ainda que se perceba a permanência de certa penumbra nas cenas. Com isso, o ambiente em que se insere a criança torna-se mais tranquilo, suave, e prevalecem as cores como o azul e o rosa de suas vestimentas, cores que remetem ao lado angelical, doce, puro, sereno, alegre e ingênuo da criança. Ademais, os brinquedos do quarto da menina, ainda que possuam cores mais fortes e vibrantes, sempre aparecem foscos, sem brilho, para não deixar que o espectador se esqueça de que aquele ambiente ainda encontra-se inserido no contexto do restante do filme.
Imagens do vestuário da irmã do protagonista.
No trailer onde mora o protagonista e sua família, apesar de ser o local onde ocorrem todas as reações de afeto expressas pelo protagonista, devido ao seu cuidado, carinho e sentimento de proteção em relação à sua irmã, ainda criança; é o mesmo no qual são vivenciadas as brigas entre mãe e filho, mãe e padrasto e vice-versa, o que retoma para o lado sombrio da história. Entretanto, apesar disto, neste ambiente ocorre o emprego de uma paleta cromática diferente das adotadas no restante do filme, na qual estão presentes cores e tons quentes, como por exemplo, o marrom que se destaca e tem o intuito de simbolizar os sentimentos e sensações de aconchego, sossego e acolhimento, uma vez que, independente da situação em que vivem, este ambiente é, antes de tudo, um lar que, mesmo sendo conflituoso, é reconhecido por Jimmy (B-Rabbit) como a sua casa, o local no qual ele procura se sentir acolhido.
Imagem dos personagens no trailer.
3. CONCLUSÃO
Como discutido, evidencia-se que no filme “8 Mile”, a cores foram utilizadas para reforçar e garantir que a mensagem que o filme deseja transmitir seja comunicada de forma eficaz. Assim, percebemos que ocorre uma forte correlação e cuidado com as paletas cromáticas usadas na composição das cenas e com a mensagem que se quer passar em cada momento do filme. Assim, podemos afirmar que as cores foram cuidadosamente e muito bem pensadas para serem utilizadas em todo o filme, a sendo usadas como recurso de transmissão da informação e amarrando todo o enredo da história. Isso faz com que o espectador capte a atmosfera que se quer passar e compreenda com maior clareza e mais diretamente a mensagem e a crítica social do filme.
REFERÊNCIAS
[1] GUIMARÃES, L. A cor como informação: a construção biofísica, linguística e cultural da simbologia das cores. São Paulo: Annablume, 2003, p. 53-137. [2] LOTMAN, Y. Estética e semiótica do cinema. Lisboa: Editorial Estampa, 1978, p. 9-57.