Prv final familia sena ana laura

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL

CAMPUS LARANJEIRAS DO SUL

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRODUÇÃO DE LEITE AGROECOLÓGICO

ANA LAURA CARRILLI

Projeto de Pastoreio Racional Voisin Sítio Família Sena – Pontal do Paranapanema SP

LARANJEIRAS DO SUL 2014


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ANA LAURA CARRILLI

Projeto de Pastoreio Racional Voisin Sítio Família Sena – Pontal do Paranapanema SP

Trabalho apresentado ao curso de Especialização em Produção de Leite Agroecológico da Universidade Federal da Fronteira Sul em cumprimento parcial aos requisitos para obtenção do título de especialista. Orientador: Mário Luiz Vincenzi

LARANJEIRAS DO SUL


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Agradeço a todos os agricultores e agricultoras do Pontal do Paranapanema pelos ensinamentos. Em especial, àqueles e àquelas que se desafiam a construir a Agroecologia no seu dia a dia. Agradeço aos movimentos sociais pela oportunidade de compartilhar o conhecimento construído nesse curso Obrigada educadores, orientadores, amigos e companheiros de estrada pelas trocas e aprendizados. Obrigada família pelo apoio, carinho, prosas e convivência.


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RESUMO

O projeto de Pastoreio Racional Voisin foi construído junto com a Família Sena e tem como objetivos principais contribuir com a construção desse conhecimento no Pontal do Paranapanema e planejar o manejo do rebanho leiteiro no sítio Família Sena. No primeiro momento desse texto, foram reunidas informações sobre o território do Pontal do Paranapanema relevantes para a agropecuária da região, tais como solos, topografias, pluviosidade, história e canais de comercialização. A segunda parte busca a partir dos conhecimentos já praticado pela Família Sena construir um sistema de manejo para o rebanho leiteiro, respeitando as 04 leis universais do Pastoreio Racional nessa realidade.

Palavras-chave: Pecuária leiteira. Assentamentos rurais. Agroecologia.


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SUMÁRIO 1. Antecedentes do projeto ........................................................................................................ 7 2. Estudo de mercado................................................................................................................15 3. Técnica do Projeto ............................................................................................................... 22 4. Investimentos ....................................................................................................................... 62 5. Custos e Receitas ................................................................................................................. 63 6. Analise Econômica .............................................................................................................. 67 7. Administração ...................................................................................................................... 69 Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 75


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1. Antecedentes do projeto 1.1. Caracterização dos agricultores. Capacidade financeira e administrativa

O presente projeto de Pastoreio Racional Voisin será executado no sítio Família Sena, que tem 17 hectares e pertence a Daniel dos Santos Sena e a Ana Alice Pinto Sena. O sítio fica localizado no assentamento Porto Velho, lote n°10, município de Presidente Epitácio, SP e o telefone para contato é 18 9 8179 5116. Os agricultores são nascidos na Bahia e vieram ao Estado de São Paulo há anos, onde tiveram seus filhos. Atualmente, a atividade leiteira é praticada por Dinei, um dos filhos do casal. Dessa forma a mão de obra é composta por duas pessoas, Dinei e Daniel Sena. O lote foi conquistado em 2000 e celebra a principal intenção de acesso a terra e melhoria na qualidade de vida das famílias assentadas. A capacidade financeira para execução do projeto é sólida e necessita ser adaptada à realidade da família. É possível que seja feito um financiamento e também contar com subsídio do ITESP (Instituto de Terras do Estado de São Paulo). A produção leiteira é a principal atividade do lote e compõe parte da renda familiar. Para execução dessa atividade eles têm: uma sala de ordenha em boas condições de uso e um resfriador de leite. A ordenha dos animais é feita manualmente. A área de pastagem tem tamanho de 14,2 ha e é formada por braquiária MG5 e Brachiaria decumbens. Tratores e implementos podem ser alugados na prefeitura, no entanto, é importante ressaltar que a patrulha agrícola do município não possui semeadora de plantio direto e roçadeira, devendo ser alugada no particular. O valor da hora do trator na região varia em torno de R$75,00/hora. Os agricultores têm uma roçadeira manual em boas condições de uso e experiência com manejo do rebanho leiteiro em lotes e em piquetes. 1.2 A unidade de produção familiar 1.2.1 Características da região O Pontal do Paranapanema fica localizado no extremo oeste do estado de São Paulo sendo delimitado pelo rio do Peixe ao norte, pelo rio Paraná a oeste e pelo rio Paranapanema ao sul. Sua história é também conhecida pelo intenso processo de exploração dos recursos naturais e pela reforma agrária.


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Mapa 1. Território do Pontal do Paranapanema

RIO DOPEIX E

PRESIDENTE EPITÁCIO CAIUÁ

RIB. DOS ÍNDIOS

RIO PRESIDENTE SA NTO VENCESLAU AN AST ÁC IO

MATOGROSSO DOSUL

EMILIANÓPOLIS SANTOEXPEDITO

SANTO ANASTÁCIO

ALFREDOMARCONDES CAIABU

PRESIDENTE BERNARDES ALVARES MACHADO

MARABÁ PAULISTA

MARTINÓPOLIS PRESIDENTE PRUDENTE

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EUCLIDES DACUNHA ROSANA

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MA

PARANÁ ORGANIZAÇÃO Rosângela Aparecida de Medeiros Hespanhol EDIÇÃO GRÁFICA José Augusto da Silva, 1999 Fonte: I.G.C. - Divisão Municipal do Estado de São Paulo - 1995

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10

20

30

40

50 km

Escala Gráfica

Fonte: Hespanhol et. al. (1999)

A primeira ocupação de terras no território do Pontal foi por volta de 1991, através da mobilização e luta também construída pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), por reforma agrária em terras devolutas. A vegetação nativa foi derrubada e restaram apenas duas áreas florestais protegidas por lei, o Parque Estadual do Morro do Diabo e a Estação Ecológica do Mico Leão Preto. As árvores foram vendidas e utilizadas na construção da ferrovia sorocabana (WHITACKER, 2013). Os solos, desde então, vem sendo empobrecidos pelos manejos praticados. Esse processo, que teve início nos meados da década de 1940, traz aos agricultores familiares uma série de desafios para a produção agropecuária. Tendo em vista a sua importância, o Pontal do Paranapanema é uma das áreas de abrangência do Programa Territórios da Cidadania, política pública que combina diferentes ações para reduzir as desigualdades sociais e promover um desenvolvimento sustentável. De acordo com o sistema de informações territoriais SIT-MDA (2010), a população total no Pontal do Paranapanema era de 583.766 habitantes, dos quais 10,26% encontravam-se em zona rural. Eram 12.349 pessoas consideradas agricultores familiares e 5.853 famílias assentadas. Segundo o Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária (LUPA) do Estado de São Paulo, de 2007/2008, mais de 69% da área agricultável do Pontal do Paranapanema é destinada à produção de pastagem. Do total de 1.637.040 cabeças, 64% é para produção de gado de corte.


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Dessa forma, a capacidade de suporte das pastagens do Pontal do Paranapanema é de 1,4 cabeças/ha. Esses dados demonstram a expressiva participação da bovinocultura na região e a viabilidade da produção animal à base de pasto. Segundo Ferreira (1990), em 1989 existiam 53.100 ha de pastagens naturalizadas e 1.525.809 ha de pastagens cultivadas no Pontal do Paranapanema. Na tabela 1, esta descrita a área e a variedade das principais pastagens cultivadas, do total 25% dos pastos eram formados por Brachiária decumbens, 18% por capim colonião e 14% por Brachiária brizanta.

Tabela 1. Estimativas das áreas das principais variedades de gramíneas em pastagens cultivadas na região do Pontal do Paranapanema Forrageira Área em ha Brachiaria brizanta 223.180 Brachiaria humidicola 137.564 Brachiaria ruziziensis 27.922 Brachiaria decumbens 385.316 Capim Colonião 280.132 Jaraguá 3.418 Pangola 124.355 Napie 11.851 Gordura 2.093 Tobiatã 11.680 Andropógon 642 Gramas (batatais, azul, etc) 154.606 Outras variedades 163.050 1.525.809 TOTAL Fonte: adaptado de Ferreira et al (1990)

1.2.2. Localização e vias de acesso O sítio Família Sena, fica localizado no município de Presidente Epitácio - SP, aproximadamente a 5 km do centro da cidade, no assentamento Porto Velho. A principal via de acesso da cidade ao assentamento é através da Av. Domingos Ferreira de Medeiros que é pavimentada e encontra-se em boas condições de tráfego. São apenas 300 metros de estrada de terra para chegar ao lote.


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Mapa 2. Via de acesso do município de Presidente Epitácio ao Lote Família Sena

1.2.3. Solos No Pontal do Paranapanema encontram-se diversos tipos de solos, conforme figura 2, com predomínio para os Argissolos Vermelhos, Argissolos Vermelhos-Amarelos e Latossolos Vermelhos. No sítio Família Sena o solo deve ser do tipo Latossolo Vermelho. Esse solo é caracterizado por ser profundo, de cor avermelhada, com textura e estrutura uniforme. Figura 1. Mapa de solos do Pontal do Paranapanema

Fonte: Oliveira (1999) Organizado por: Braido (2012)


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A formação litoestratigráfica que predomina em Presidente Epitácio é Caiuá, constituída essencialmente de arenitos e pertencente ao grupo Bauru. (IPT, 1984a, 1987).

A biocenose,

ou seja, o movimento da vida no solo é possível observar na decomposição da bosta dos animais no pasto. Foi possível observar que as bostas estavam sendo decompostas pelo besouro “rola bosta” e outros seres do solo, não havendo bostas mumificadas no campo. No entanto, devido ao manejo extensivo das pastagens, foi possível observar muito solo exposto, que esta sendo ocupado pela grama mato grosso. Dessa forma, é possível afirmar que o solo, apesar de estar em processo de degradação apresenta vida, e vem sendo recuperado pelo agricultor com o piqueteamento de parte da área. Do total de área de pastagem, apenas 1 ha foi preparado com uso de grade, as demais áreas de pastagens encontram-se formada a pelo menos 10 anos e não é utilizado agrotóxico no manejo das pastagens.

1.2.4. Relevo O relevo do sítio Família Sena tem 0% de declividade. Dessa forma, não existem curvas de nível e restrição para a criação animal. 1.2.5. Hidrografia A unidade de produção familiar encontra-se próximo ao rio Paraná e ao rio Santo Anastácio e não possui nascente. A água utilizada pela família vem de dois poços comunitários do assentamento e fica armazenada em dois reservatórios, erguidos a uma altura de 4 metros do solo. Um dos reservatórios tem capacidade para armazenar 5.500 litros de água e é usado principalmente para a casa. Outro, localizado no quintal da casa, tem capacidade de armazenar 27.000 litros de água e não tem restrição de abastecimento, não havendo, portanto limitação quanto ao uso da água desse reservatório para o manejo do rebanho leiteiro. 1.2.6. Cobertura Vegetal Apesar da proximidade do assentamento com o rio, a Área de Preservação Permanente (APP) não é florestada. A Reserva Legal do assentamento fica a aproximadamente 20 km do sítio e foram feitos diversos plantios florestais, a fim de recompor a vegetação nativa. A cobertura vegetal que predomina na pastagem é Brachiaria decumbens e Brachiaria MG5. Além dessas forrageiras, é possível encontrar em consorciação com as mesmas, grama


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mato grosso e Estilosante macrocephala. Além das herbáceas, é possível encontrar 4 árvores dispostas na pastagem e também alguns arbustos de leiteiro. Na área de quintal, a família tem algumas árvores cujos frutos que são utilizados para consumo, como a seriguela, o jambolão, a amora e também árvores para sombra, como o chapéu de copa e a leucena.

1.2.7. Clima A classificação de Koppen (1948 apud Braido 2010), o Pontal do Paranapanema se encontra numa faixa de transição entre o clima Megatérmico Úmido e Subúmido com característica Aw (inverno seco) e o Mesotérmico Úmido e Subúmido, com característica Cfa (sempre úmido e verão quente). De acordo com o Centro de Pesquisa Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura (CEPAGRI – Unicamp) o município de Presidente Epitácio é classificado como Aw, cujas características são: clima tropical chuvoso com inverno seco e mês mais frio com temperatura média superior a 18ºC. Detalhamentos podem ser vistos na figura 3, cujos dados sobre temperatura, mostram uma variação de 12,9°C a 32,5°C e dados sobre precipitação, cujos valores variam de 36 mm a 190,6 mm entre os meses ao longo do ano.

Figura 2. Classificação climática para o município de Presidente Epitácio

Fonte: CEPAGRI, acesso em Jan. 2014

Segundo Braido (2012), a região onde se encontra o sítio apresenta precipitação pluvial de 1230 mm a 1290 mm / temperatura 22,9° a 23,3°/ altitude menor que 300m.


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É importante ressaltar que nos meses de maio, junho, julho e agosto ocorrem temperaturas mínimas inferiores a 15°C. Nessa temperatura, ocorre estímulo fisiológico que cessa o crescimento das gramíneas de “verão”. Estas param de fazer fotossíntese, ou seja, de transformar a energia acumulada, nas raízes e bases de seus caules, em amido.

1.2.8. Balanço Hídrico A evapotranspiração potencial (ETP) pode ser calculada a partir de diferentes métodos. Na figura 4 temos os resultados da ETP no município de Presidente Prudente a partir de dois métodos: Penman-Monteith, reconhecido como o método padrão internacional e Morton, que segundo os autores é o método mais apropriado para regiões secas como a do Pontal do Paranapanema (SANSIGOLO, 2014). É importante ressaltar que a região de Presidente Prudente fica localizada a aproximadamente 75 km, em linha reta, do sítio Família Sena. Figura 3. ETP por dois métodos no município de Presidente Prudente construído com dados de 1976 a 1997. P=precipitação, ETpen= evapotranspiração por Penman, Rnt= irradiância líquida, ETp=evapotranspiração potencial e espacial (ET) pelo modelo de Morton

Fonte: Sansigolo (2014)

A partir do método de Penman-Monteith é possível verificar um déficit hídrico nos meses de março, abril, junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro. A partir do método de Morton ocorre déficit hídrico em todos os meses do ano, que somam 878 mm ao longo do ano. Segundo Galina, o balanço hídrico na região de Presidente Prudente, obtido a partir da


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dados de 1969 a 2001 e ETP calculada pelo método de Thornthwaite, demonstra déficit hídrico em parte ou em todo período nos meses de março, abril, junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro. Esses dados são parecidos com os divulgados pelo instituto nacional de meteorologia (INMET), que a partir de uma série histórica de 1961 a 1990 construiu o gráfico 1 sobre o balanço hídrico na região. Gráfico 1. Balanço hídrico em Presidente Prudente

Fonte: INMET, acesso de novembro de 2014


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2. Estudo do mercado 2.1. Panorama mundial e nacional da produção de leite De acordo com dados da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO, 2012), existem no mundo 197 países produtores de leite de vaca. Destes destacam-se os seguintes países: Estados Unidos (EUA), maior produtor mundial, seguido da Índia, China, Brasil, Rússia e Alemanha, conforme gráficos 2, 3, 4, 5, 6 e 7. Os países que menos produzem leite de vaca são: Seychelles, American Samoa, Wallis and Futuna Islands e Brunei Darussalam, localizados em pequenas ilhas.

Gráfico 2. Evolução anual das toneladas/leite/vaca produzidos nos Estados Unidos

Fonte: FAO, 2012 Elaborado por: Carrilli, A.L.

Gráfico 3. Evolução anual toneladas/leite/vaca produzidos na Índia

Fonte: FAO, 2012 Elaborado por: Carrilli, A.L.


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Gráfico 4. Evolução anual das toneladas/leite/vaca produzidos na China

Fonte: FAO, 2012 Elaborado por: Carrilli, A.L.

Gráfico 5. Evolução anual das toneladas/leite/vaca produzidos no Brasil

Fonte: FAO, 2012 Elaborado por: Carrilli, A.L.

Gráfico 6. Evolução anual das toneladas/leite/vaca na União Soviética e na Rússia

Fonte: FAO, 2012 Elaborado por: Carrilli, A.L.


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Gráfico 7. Evolução anual das toneladas de leite de vaca produzidos na Alemanha.

Fonte: FAO, 2012 Elaborado por: Carrilli, A.L .

Os quatro maiores produtores mundiais de leite de vaca, apresentam de acordo com os gráficos, um aumento ano a ano na quantidade total de leite produzido, já a Rússia e a Alemanha, têm uma curva decrescente. A produção de leite de vaca no ano de 2011, conforme dados da FAO, é bem maior nos Estados Unidos do que nos demais grandes produtores mundiais de leite, conforme demonstra o gráfico 8. Estes produzem mais de 80 milhões de toneladas de leite de vaca por ano enquanto a Índia um pouco mais de 50 milhões de toneladas.

Gráfico 8. Toneladas de leite produzidas em 2011 pelos principais produtores.

Fonte: FAO, 2012 Elaborado por: Carrilli, A.L.

Dados mais recentes fornecidos pela CONAB (2013) estimaram uma taxa de crescimento na produção de leite de vaca no Brasil de 4,6% entre os anos de 2008 a 2012. É possível afirmar que o mercado mundial de leite de vaca está em expansão e que o Brasil apresenta espaço para crescimento dessa atividade no cenário mundial.


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Segundo a FAO (2014) os valores pagos pela tonelada de leite ao produtor no ano de 2010, esta descrito na tabela 2. Nesse parâmetro, entre os principais países produtores de leite, o melhor preço pago ao produtor é na China, seguido do Brasil, Rússia, Alemanha e por últimos os EUA. Vale ressaltar que, apesar dos preços pagos aos produtores no EUA e no mercado Europeu serem menores, a cadeia leiteira nessas regiões é altamente subsidiado pelo Estado. Tabela 2. Preço da tonelada do leite pago ao produtor, em 2010, nos principais países produtores de leite. Países Estados Unidos

US$/ton 360,00

China

457,90

Brasil

426,10

Rússia

407,40

Alemanha

405,30

Fonte: FAO, 2014.

Os gráficos 9 e 10, demonstram a curva do preço do leite nos Estados Unidos e no Brasil. Nos EUA é possível afirmar que existe uma tendência no aumento progressivo no valor do preço pago ao produtor, ainda que os valores não sejam tão maiores ou menores. Já no Brasil, apesar de estar ocorrendo um aumento progressivo no preço do leite nos últimos anos, ainda não é possível afirmar que existe uma tendência nesse sentido.

Gráfico 9. Evolução anual do preço do leite de vaca (US$/ton) pago ao produtor nos Estados Unidos

Fonte: FAO, 2012 Elaborado por: Carrilli, A.L.


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Gráfico 10. Evolução anual do preço do leite de vaca (US$/ton) pago ao produtor no Brasil

Fonte: FAO, 2012 Elaborado por: Carrilli, A.L.

2.2. Panorama estadual e local na produção de leite A produção de leite no estado de São Paulo encontra-se alocada em diferentes regiões, conforme a figura 2. Pode-se considerar que no ano de 2007 e 2008 a maior quantidade, levando em consideração o número de cabeças de vacas de leite, está concentrada na região do Pontal do Paranapanema e do Vale do Paraíba. No Pontal do Paranapanema, os municípios com maior número de produtores e cabeças de gado leiteiro são Teodoro Sampaio e Rancharia. O município de Presidente Epitácio tem entre 2.076 a 4422 cabeças e 129 a 273 produtores (IEA, 2014). Figura 4. Mapa da bovinocultura de leite em 2007/2008 no Estado de São Paulo

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA), acesso em Jan 2014


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A característica de manejo praticada pelos agricultores do Pontal do Paranapanema resulta na comercialização de leite tipo B e C. O preço médio do leite B e C pago ao produtor, segundo o IEA, entre os períodos de 1995 a 2013 no Estado de São Paulo subiram ano a ano. No ano de 1995 o preço do leite B era R$0,32 e do leite C era R$0,25. Em 2013 o preço do leite B era R$1,03 e do leite C R$0,93. No Pontal do Paranapanema é comum o preço do leite subir no período de seca e diminuir no período das águas. No sítio Família Sena o leite é comercializado para o laticínio Guatá, localizado em Teodoro Sampaio – SP.

2.3. Análise dos produtos e seus mercados O leite produzido pela família Sena deverá ser comercializado, em primeiro momento, para os laticínios que existem na região. Na tabela 4 estão descritos os laticínios instalados no Pontal do Paranapanema no ano de 2007.

Tabela 3. Laticínios instalados na região do Pontal do Paranapanema em 2007

Empresa

Localidade

Capacidade (Em litros/dia)

Laticínios Líder

Presidente Prudente, Lobato e Terra Rica - PR

450.000

Teodoro Sampaio Rancharia

100.000 60.000

Produtos comercializados Leite integral, bebida láctea, requeijão, doce, creme de leite, queijos e manteiga Leite B, C, queijos queijos e manteiga

Mirante do Paranapanema

50.000

Leite C, queijos

Álvares Machado

50.000

Leite B, C, queijos

Pequerobi

50.000

Queijos

Laticínio “Jóia”

Presidente Epitácio

50.000

Laticínio Florescer

Iepê

20.000

Laticínio Santa Clara

Pres. Prudente

15.000

Laticínio Santiago Laticínio Granleite Laticínio Milk Sabor Laticínio Tralude Laticínio Mileniun

Emilianópolis Santo Anastácio Tarabai Emilianópolis Mirante do Paranapanema

8.000 6.000 5.000 5.000 3.000

Laticínio Quatá Laticínio Ipanema Laticínio de Novo Tempo Laticínio Novo Leite Laticínios Oeste Paulista

Fonte: Informações fornecidas pelas empresas

Leite C, queijos, creme de leite Requeijão Requeijão, queijos, leite BeC Queijos Queijos e doce de leite Queijo mussarela Queijos Queijos


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Nesse contexto, as empresas responsáveis pela comercialização e processamento do leite não foram criadas pelos agricultores organizados, não havendo, portanto, um processo autônomo de decisão quanto as melhores estratégias de venda do leite e possível melhoria no preço pago ao produtor. Outra estratégia de venda e comercialização do leite no assentamento Porto Velho e no sítio Família Sena pode ser a construção coletiva de uma unidade de beneficiamento para possível venda de queijo na cidade de Presidente Epitácio e nos programas institucionais do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar). O queijo pode ser produzido de forma bastante simples com coagulante e 3 semanas de cura, havendo necessidade de resfriamento apenas nos três primeiro dias. Para ambas as estratégias de comercialização, é de extrema importância que o leite produzido tenha qualidade. Uma boa qualidade do leite pode acarretar uma maior rentabilidade com a atividade leiteira. . A qualidade do leite produzido a base de pasto têm características interessantes conforme descrito por Machado Filho (2010) e estão relacionados à saúde humana e animal, devido à maior quantidade de ácidos graxos linoleicos (CLA), carotenóides, antioxidantes e precursores da vitamina A.

Maiores teores de CLA, na ordem de 2,8 vezes, e proteína

formam no leite orgânico quando comparado ao leite convencional.


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3. Técnica do Projeto 3.1 Concepções do projeto A característica climática do Pontal do Paranapanema, extrapolada para o sítio Família Sena, demonstra déficit hídrico em pelo menos sete meses do ano. Além da baixa pluviosidade, ocorre à diminuição da temperatura no inverno a menos que 15° C e este fato provoca um estimulo fisiológico que paralisa o crescimento das gramíneas de verão. A pastagem formada por Brachiária decumbens esta formado a mais de 10 anos, ou seja, desde então a área não é revolvida por implementos como a grade ou o arado. A pastagem com Braquiária MG5 foi formada em 2012 e para tanto foi utilizado calcário para mudar a fertilidade dos solos. Tem também 1 ha que foi gradeado, incorporado calcário e termofosfato para reforma da pastagem de Brachiária decumbens. O Pastoreio Racional Voisin (PRV) é um método para manejo das pastagens, baseado nas 4 leis universais do pastoreio racional, criadas pelo camponês André Voisin, na França, em meados da década de 50. As quatro leis foram descritas como: “LEI DO REPOUSO  Para que um pasto cortado pelo dente do animal possa dar a sua máxima produtividade, é necessário que, entre dois cortes sucessivos, haja tempo suficiente, que permita ao pasto: A) armazenar nas suas raízes as reservas necessárias para um início de rebrote vigoroso; B) Realizar a sua labareda de crescimento, ou grande produção de pasto por dia e por hectare.” (PINHEIRO MACHADO, 2001) Uma planta qualquer, só pode ser conveniente às nossas pastagens se for capaz de, várias vezes no decorrer de um ano, acumular em suas raízes (e na base de seus caules) as reservas suficientes que lhe permitirão, depois de cada corte, rebrotar. (VOISIN, 1973) Não respeitar o tempo repouso, leva a aceleração fora do tempo e a degradação da pastagem. Encontrar o ponto ótimo de repouso é uma tarefa que nos exige observação e conhecimento sobre as forrageiras. O ponto ótimo de repouso irá variar de variedade, espécies e também pelas condições edafoclimáticas. Voisin (1974 apud Pinheiro Machado, 2004) constrói a curva sigmoide (Figura 5) que descreve a produção de pasto/dia, nas condições da primavera da Normandia em 1954. Suas informações nos permite observar o ponto ótimo de repouso dessa pastagem e o tempo ótimo de repouso dos pastos. Nas condições estudadas, o tempo de repouso variou de 16 dias em maio e junho e 35 dias em agosto e setembro.


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Figura 5. Curva sigmoide de crescimento dos pastos

Fonte: Voisin (1974 apud PINHEIRO MACHADO, 2004)

O respeito ao ponto ótimo de repouso, além de produzir muito mais MS/ha, tem sua composição mais equilibrada, com um teor mais alto de fibras e o nitrogênio se encontra sob a forma de aminoácidos, substancias mais saudáveis que os nitratos e os nitritos. (PINHEIRO MACHADO, 2014). Uma observação geral, para encontrarmos o ponto ótimo de repouso, em gramíneas e leguminosas tropicais pode se feita através da observação do amarecelimento das folhas basais (PINHEIRO MACHADO, 2014). Porém esta característica não é regra geral. Existem espécies, como as do gênero Hemarthria e Pennisetum, que entram no ponto ótimo de repouso e suas folhas basais ainda não estão amarelas1.

1

Informação verbal fornecida por Mário Vicenzi durante a orientação no curso de especialização em Produção de Leite Agroecológico, Laranjeiras do Sul, 2013.


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Figura 6. Característica das gramíneas que florescem e frutificam durante a estação de crescimento.

Fonte: próprio autor

“LEI DA OCUPAÇÂO: O tempo global de ocupação de uma parcela deve ser suficientemente curto para que um pasto cortado a dente no primeiro dia do tempo de ocupação, não seja cortado novamente pelo dente dos animais, antes que estes deixem a parcela.” (PINHEIRO MACHADO, 2001) Deixar “resteva” após o pastoreio reduz a capacidade de rebrote das pastagens e sua vida futura. Não comer o pasto a fundo, faz com que todo o resíduo que permanece tenha um balanço energético negativo entre a fotossíntese e a respiração (PINHEIRO MACHADO, 2014). O corte do capim deve ser rente ao solo. “LEI DO RENDIMENTO MÁXIMO: É necessário ajudar os animais de exigências alimentícias mais elevadas para que estes possam colher a maior quantidade de pasto e que este esteja na melhor qualidade possível.” (PINHEIRO MACHADO, 2001) Para tanto é importante considerar que o extrato superior de qualquer forrageira tem maior valor nutricional que os demais extratos das plantas. Esse fato é ilustrado na tabela abaixo:

Tabela 4. Planta inteira pastoreada por novilhos comparada com pastoreios das partes altas e das partes baixas, Virginia, 1958

Fonte: Adaptado por PINHEIRO MACHADO (2010)


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LEI DO RENDIMENTO REGULAR: Para uma vaca “possa dar rendimentos regulares é preciso que não permaneça mais de três dias em uma mesma parcela”. Os rendimentos serão máximos, se a vaca não permanecer mais de um dia numa mesma parcela. (PINHEIRO MACHADO, 2001) Levando em consideração a condição edafoclimática da região e a condição sociocultural da família, aspectos fundamentais para sucesso do PRV a ser instalado no sítio são: 1. Manejo das pastagens: ponto ótimo de repouso e altura de saída O ponto ótimo de repouso corresponde ao momento em que a pastagem encontra-se madura, ou seja, não está verde e não está passada. Esse ponto, para as espécies do gênero Brachiaria, pode ser determinado olhando as folhas basais das plantas da pastagem, ou seja, as folhas mais próximas ao chão. Estas começam a amarelecer indicando o ponto ótimo de repouso. As pastagens quando se encontram no ponto ótimo de repouso, apresentam elevada quantidade e qualidade de nutrientes, bastante diferente dos valores encontrados em pastagens verdes ou passados. Quando tenros os pastos provocam diarreia para os animais, pois as seivas estão em proteólise e quando passados, acontece perca água do sistema, aumento do teor de parede celular e menor aproveitamento pelos animais da pastagem (PINHEIRO MACHADO, 2001). Também, pastos com tempo de repouso muito curtos, podem ter altas concentrações de princípios tóxicos, como exemplo: Brachiaria arrecta: nitrato; setária: ácido oxálico; tifton: ácido cianídrico2. Dessa forma, o melhor momento para os animais entrarem nas pastagens é quando este está no ponto ótimo de repouso. Já o ponto de saída dos animais do piquete é quando este chega rente ao solo, sem deixar o solo ficar exposto e os animais com fome, e preferencialmente, tempo de repouso de um dia. Recomenda-se que animais com maior exigência nutricional (vacas em lactação ou prestes a ter bezerros) comam a parte alta da pastagem, ou seja, façam o desnate da pastagem e animais de menor exigência, façam o repasse comendo a pastagem a fundo.

2. Divisão de área e quantidade de animais

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Informação verbal fornecida por Mário Vicenzi durante orientação no curso de especialização em Produção de Leite Agroecológico, Laranjeiras do Sul, 2014.


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A divisão de área é a única forma de se ter controle no pastoreio dos animais e garantir que a pastagem seja manejada corretamente. O período de ocupação em cada parcela não deve ser superior a três dias, pois não pode, apenas em raros casos, permitir que o rebrote da pastagem seja comido antes do ponto ótimo de repouso. Essa prática leva as pastagens à degradação. Além do que o consumo diário de pasto diminui a cada dia, podendo trazer prejuízo aos animais. Figura 7. Raízes das forrageiras pastoreadas no POR a direita e fora do POR à esquerda.

Fonte: VICENZI (2013)

A degradação da pastagem é um processo pelo qual as raízes vão diminuindo e suas reservas energéticas também, até a planta morrer. Para a recuperação da pastagem devemos sempre cortar no ponto ótimo de repouso as plantas que temos intenção de favorecer nas pastagens, para favorecer as suas raízes. Para iniciar um projeto de PRV, após a divisão da área poderemos ter duas ou três vezes mais animais do que existe no manejo extensivo. No Pontal do Paranapanema esse valor é de 1,4 cabeças/ha. No entanto, esses dados são genéricos. Iremos adotar, de forma cautelosa, um valor de 2 a 3 UGM/ha para o primeiro ano de manejo com PRV. O número de piquetes é calculado da seguinte forma:

N° de parcela =

Tempo de repouso _______________

+ n° de lotes

Tempo de ocupação

No entanto, as pastagens crescem de forma diferente ao longo do ano, fazendo com que, por exemplo, a braquiária chegue ao Ponto Ótimo de Repouso com 35 dias no verão e no inverno com 90 dias. Portanto, o tempo de repouso das pastagens é variável no PRV e vamos instalar 60 piquetes, para podermos ter sobra de pastagem no verão e possibilidade de subdividir a área em 120 piquetes, para o inverno, para tanto podemos utilizar cerca móvel.


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Figura 8. Divisão de área – Sítio Família Bac, Santa Helena - SC

3. Bebedouros de fácil acesso com água de qualidade e sem restrição Uma vaca de leite adulta precisa consumir 80 litros de água por dia e para cada litro de leite produzido é necessário que seja ingerido mais 5 litros de água (PINHEIRO MACHADO, 2004). Nesse sentindo é de extrema importância que os bebedouros de água fiquem próximos aos animais, sendo recomendado 1 torneira com mangueira de jardim na intersecção de cada quatro piquetes e um ou mais bebedouros móveis para o PRV. Este deve ter formato circular para evitar competição dos animais por água, e ficar separado do saleiro. Não se recomenda colocar a água no corredor, ou fora do piquete, por dois motivos principais: 1) Impossibilidade de fazer o manejo do rebanho leiteiro em dois lotes 2) Perda de energia do sistema, uma vez que os animais irão se locomover mais para chegarem ao bebedouro e poderão bostear e urinar fora do piquete, desfavorecendo o processo de melhoria da qualidade dos solos nos piquetes.


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Figura 9. Bebedouro circular - Sítio Ademir Calça e Ivania, São Pedro - SP

Fonte: Grupo de Extensão de São Pedro (GESP)

4. Manejo da bosta e da urina A bosta e a urina devem permanecer nos piquetes antes dos animais mudarem de lugar. A bosta deve se decompor na pastagem por ação de besouros, minhocas e microrganismos. Os animais normalmente bosteiam e urinam depois de 10 a 15 minutos que levantam, portanto, recomenda-se caminhar com os animais dentro do piquete antes de muda-los de lugar. Quando a bosta não se decompõe está acontecendo duas questões principais: o solo está sem vida devido ao uso do solo antes do PRV e está sendo aplicado muito vermífugo com princípio ativo das avermectinas. As avermectinas: ivermectina, doramectina e outras, causam maiores problemas ambientais, pois eliminam todas as larvas que desenvolvem na bosta. 3 A urina apresenta elevada quantidade de nitrogênio, que leva a um maior crescimento das plantas onde ela se concentra, formando o que chamamos de manchas de fertilidade. Dessa forma, recomenda-se observar o ponto ótimo de repouso das forragens que foram estimuladas pela ação da urina e este pasto é que comanda o momento de entrada dos animas no piquete.

5. Sanidade do rebanho leiteiro A sanidade inclui uma série de práticas que necessitam ser executadas a fim de melhorar o bem estar dos animais e dos seres humanos no manejo do rebanho leiteiro. Segundo Machado Filho, et al, 2010, as principais preocupações sobre a sanidade de bovinos criados a 3

Informação verbal fornecida por Mário Vicenzi durante orientação no curso de especialização em Produção de Leite Agroecológico, Laranjeiras do Sul, 2014.


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pasto estão relacionadas a: forte variação sazonal na oferta de alimento, ausência de abrigo para os extremos climáticos, doenças decorrentes da má nutrição, utilização de genótipos inadequados, deficiências na distribuição de água e doenças parasitárias.

6. Anotação e administração Devido à carência de informação acadêmica e popular sobre o manejo das pastagens no PRV no Pontal do Paranapanema é de extrema importância que sejam feitas anotações sobre a dinâmica das pastagens, a data de entrada, de saída e a quantidade de animais em cada parcela. Outras anotações devem ser feitas pelos agricultores a fim de identificar possíveis necessidades de manejo são: controle reprodutivo, ficha sobre a saúde e métodos de controle de enfermidades de cada animal, controle leiteiro individual com balança, custos e receitas com a atividade leiteira.

7. Melhoramento das pastagens O melhoramento das pastagens é feito com a introdução, manejo e formação de pastagens com diversidade de plantas forrageiras. Esse melhoramento prevê a formação de pastagens mais nutritivas e com capacidade de auxiliar na melhoria e manutenção da fertilidade do sistema. As plantas forrageiras leguminosas, além de servirem de alimentação aos bovinos, apresentam a capacidade de captar o nitrogênio atmosférico. Essas plantas, ao serem introduzidas nas pastagens, que são compostas majoritariamente por gramíneas, auxiliam na melhoria de parâmetros físicos, químicos e biológicos dos solos.

A introdução de leguminosas de verão, no Pontal do Paranapanema, pode ser feita das seguintes formas: 1)

Sobressemeadura:

Lançar as pequenas sementes de leguminosas na pastagem antes da entrada dos animais no piquete ou da roçagem. Essa técnica pode ser realizada o ano todo, sendo bem recomendada no mês de junho, desde que tenham umidade e temperatura adequadas. No Pontal do Paranapanema, o principal limitante é água no solo. Para enterrar as sementes pelos animais recomenda-se deixar os animais pastorearem a forrageira existente por pelo menos 24 horas, após semeadura, garantindo que ocorra um alto pisoteio e também o corte da pastagem já estabelecida rente ao solo. Deve-se levar em consideração que, devido a diminuição das horas de luz no outono, ocorre o florescimento da maioria das leguminosas, como por exemplo, o calopogônio e o


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estilosante e para manutenção dessas espécies na pastagem é aconselhável deixar as plantas produzirem sementes. 2)

Dispersão das sementes pelos animais após ingeri-las junto com o sal mineral.

“Sementes pequenas, podem ser semeadas na área fornecendo-as aos animais no cocho com o sal, pois eles vão ingeri-las e defecarão nos piquetes. Para soja perene e calapogônio fornecer uma colher de sopa sobre o trato do cocho para 20 animais, por dia (...). Para uma eficiente semeadura, é fundamental que os animais passem o dia e a noite no piquete.” 4 3)

Plantando de matraca, ferramenta que auxilia a colocar sementes grandes no

solo. Após as saídas dos animais, com a pastagem manejada rente ao solo, o plantio via matraca pode ser bastante eficiente. Figura 10. Legumineira com feijão guandu e leucena - Sítio Água Limpa – Piquerobi SP

Fonte: rede de Agroecologia Pontal Agroecológico

As legumineiras são piquetes, dentro do projeto de PRV, que serão formados, principalmente, por leguminosas. O objetivo principal é produzir forrageiras de qualidade, que permaneçam verdes no período da seca e podem ser pastoreadas diretamente pelos animais (figuras 11 e 12) Exemplos de forrageiras que podem ser consorciadas com as pastagens de verão ou serem plantadas separadas em legumineiras são: Herbáceas: soja perene, amendoim forrageiro cv belmonte, calopogonio, estilosante campo grande, estilosante mineirão, Macrotylona axilore (java) e siratro. Arbustos: cratylia, leucena, feijão guandu, amora e flemingia Arbóreas/palmeiras: mutambo, macaúba, pau ferro, moringa e ingá. 4

Informação verbal fornecida por Paulo Mayer no curso de especialização em Produção de Leite Agroecológico, Laranjeiras do Sul, 2013.


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Figuras 11 e 12. Vacas pastoreando amora, a esquerda e feijão guandu, a direita, após a geada que ocorreu em 2014, Presidente Epitácio, SP.

A leucena é uma leguminosa forrageira que apresenta vigoroso rebrote e alta capacidade de dispersão de sementes. Composta por mimosina, os animais não podem comer mais que 30% de sua dieta diária. Os bovinos consomem as vagens, as folhas e as hastes com até 6 mm de diâmetro, sendo possível uma desfolha de 2/3 da planta. (GAMA, 2008) O plantio das sementes de leucena podem ser feitas com uso de matraca, após saída dos animais do piquete e levará, aproximadamente, 1 ano para os animais poderem pastorear a área, devendo haver o cuidado com controle de formigas cortadeiras, caso necessário. Uma outra forma de utilização da leucena é na forma de feno, oferecida principalmente aos bezerros, para incentivar a formação do rúmen. No entanto é importante oferecer além das plantas leguminosas, plantas que tenham energia, como milho e gramíneas de boa qualidade. Dessa forma o manejo recomendado é deixar os animais passarem 2 horas por dia nos piquetes com legumineiras e o restante do dia nos piquetes em PRV. Para o plantio de sementes, recomenda-se quebrar a dormência, inocular as sementes com o Rhizobium específico da espécie de leguminosa e peletizar as sementes com termofosfato, para favorecer no crescimento das leguminosas nas pastagens. De acordo com Pinheiro Machado (1994), para fazer a inoculação das sementes com o Rhizobium devemos diluir 70 gr de polvilho doce em um litro de água. Depois, diluir o inoculante na cola, misturar as sementes e acrescentar o termofosfato (250 gr) e o calcário dolomítico (400 gr). Deixar secar na sombra por 12 a 24 horas.

A introdução das forrageiras temperadas: aveia preta, azevém e ervilhaca, nas áreas com irrigação, podem ser feita por sobressemeadura, deixando os animais pisotearem a área por 24 horas e fazendo a roçagem da resteva depois da saída dos animais quando possível.


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Este técnica é bastante eficiente e seu sucesso é diretamente proporcional à intensidade do pisoteio. 5 No entanto, é importante que esta técnica seja feita, após um dia em que já tenha ocorrido uma temperatura menor que 15° C, favorecendo o crescimento das pastagens de inverno em relação as pastagens de verão e é imprescindível que tenha água no solo. A perenidade das pastagens de inverno na região do Pontal do Paranapanema é difícil de ocorrer. A aveia preta não pereniza em local algum, a ervilhaca pode pereniza por sobressemeadura natural em algumas regiões frias e o azevem anual pereniza por sobressemeadura natural em regiões frias como o planalto catarinense.6 Figura 13. Forrageiras de inverno sobressemeadas com 72 dias de repouso e possível ponto ótimo de repouso - Sítio Ademir Calça e Ivania, São Pedro – SP, em Julho de 2014

Fonte: Grupo de Extensão de São Pedro (GESP)

3.3. Alimentação A alimentação dos animais a pasto será feita com Brachiária decumbens (braquiarinha) e Brachiária MG5. Estas são as forrageiras presentes, majoritariamente, no sítio Família Sena e ocupam uma área de 14,2 ha. Descontando os corredores teremos 12,8 ha de pastagens. Atualmente existem 21 UGM7 no sítio e a lotação das pastagens é de 1,5 UGM/ha. No Pontal do Paranapanema, o crescimento das pastagens é altamente influenciado pelas condições edafoclimáticas da região. Nos meses de agosto e setembro, ocorre baixa 5 6

Informações verbais fornecidas por Mário Vicenzi durante a orientação no curso de especialização em Produção de Leite Agroecológico, Laranjeiras do Sul, 2013.

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UGM = Unidade de Gado Maior, que corresponde a um animal adulto de 500 kg.


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temperatura, baixa pluviosidade e os baixos teores de matéria orgânica na maioria das pastagens do Pontal do Paranapanema, levam a um vertiginoso declínio do crescimento das pastagens de verão. A partir do número de cabeças e da área de pastagem utilizada pelos animais, é possível saber o número de cabeças por ha que suporta as pastagens de uma região. Com os dados coletados pelo LUPA (2007/2008) para o Pontal do Paranapanema (EDR de Presidente Prudente e Presidente Venceslau), a lotação das pastagens é de 1,4 cabeças/ha. No noroeste do Paraná, Sá (1999), encontrou um valor médio de 1,2 unidades animal/ha. Como cabeças corresponde a classificação de animais pequenos como os bezerros até mesmo ao touro, iremos considerar que 1 cabeça têm igual a 70 – 80% de 1 UGM. Dessa forma 1,4 cabeças é igual a mais ou menos 1 a 1,12 UGM/ha. No PRV é possível que sejam respeitados o tempo de repouso e de ocupação das pastagens. Além do que, a bosta e a urina ficam no piquete e passa a ocorre uma série de melhorias na relação vaca-solo-pasto. Dessa forma, no Pontal do Paranapanema, é possível que seja utilizado uma lotação de 2 UGM/ha no primeiro ano de PRV. Com o passar dos anos, devida a melhoria da fertilidade do sistema produtivo leiteiro, que só acontece respeitando as 4 leis universais do Pastoreio Racional, será possível ter uma lotação de 4 UGM/ha. Esse valor, apesar de ser quase três vezes maior que a lotação média das pastagens na região, é um valor considerado baixo, quando comparado a outras áreas de PRV. No projeto Alegria, no Rio Grande do Sul, foi possível ter oito UGM/ha (LCMP, 2014). No entanto, devido ao período de 120 dias de restrição da oferta das forrageiras tropicais no Pontal do Paranapanema, adotou-se de forma cautelosa esse valor de 4 UGM/ha. Portanto, no primeiro ano teremos 25 UGM e após 5 anos de manejo do rebanho leiteiro em PRV, será possível ter 50 UGM no sítio Família Sena com 12,8 ha de pastagens.

3.3.1. Planejamento da alimentação para o quinto ano:

O potencial de produção em Matéria Seca (MS) da Braquiária para o Brasil tem valores médios de 20 toneladas de MS/ha/ano, sendo este valor variável para as diversas espécies de Braquiária. Extrapolando para o sítio Família Sena, vamos considerar uma produção de 17 T/ha/ano de MS para ambas as espécies de Braquiária que existirão no sistema produtivo leiteiro. Dessa forma, em 12,8 ha de PRV, teremos uma oferta maior que 215 T/MS/ano.


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Esta oferta de forragem está distribuída 90 % no período das águas, que corresponde aos meses de dezembro a junho e 10% no período da seca, de julho a novembro. Portanto esperase ter no período das águas 195 T de MS. Considerando que, uma vaca necessita de 12 kg/MS/dia e no quinto ano, teremos 50 UGM, será necessário produzir 600 kg/MS/dia na área do projeto. Dessa forma, serão feitas pelo menos 315 refeições na pastagem de verão. Esse número de refeições evidencia que irão sobrar 75 refeições que deverão ser armazenadas na forma de feno para o período do inverno. Compensação da flutuação estacional: O período de compensação da flutuação estacional no Pontal do Paranapanema corresponde aos meses de agosto a novembro, ou seja, 120 dias. É de extrema importância planejar e executar ações para produção de alimento aos ruminantes para esse período. Para tanto, sugere-se a subdivisão dos 60 piquetes em dois, formando 120 piquetes, conforme ilustrado abaixo. A linha vermelha é a cerca elétrica móvel colocada no inverno. A linha preta é a divisão da área

No quinto ano, será possível manejar 50 UGM/ha no sítio Família Sena, e dessa forma teremos que planejar a produção de 72 T de MS para o rebanho para os 120 dias. Parte desse alimento pode ser consumida pelos bovinos, no pastoreio das forrageiras tropicais. Considerando uma produtividade de 17 T/ha/ano e a oferta de 10% de forragem nesse período, será produzido 22 T de MS que deverão ser pastoreados pelos bovinos no Ponto Ótimo de Repouso. Dessa forma, mantendo os animais a pasto, no PRV, será possível que sejam feitas 36 refeições. O feno do excedente da pastagem de verão propicia 75 refeições aos bovinos. Dessa forma, no sítio Família Sena o feno do excedente da pastagem de verão e o manejo dos animais a pasto proporcionará 110 refeições. Devemos, portanto prever alimentação para 10 dias, ou seja, 6 T de MS para alimentação do rebanho nesse período.


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 Feno do excedente de pastagem de verão (Braquiária decumbens e MG5)

As pastagens no Pontal do Paranapanema têm vigoroso crescimento no período das águas, fato este que, não ocorre no período das secas. Devido a evapotranspiração negativa, em pelo menos 7 meses do ano na região, é possível que sejam feitos fenos de alta qualidade. O feno pode ser feito com o excedente da pastagem de verão e preferencialmente com as pastagens no Ponto Ótimo de Repouso. Quando feito no próprio piquete, devemos tomar o cuidado de acompanhar o processo de fenação, a fim de evitar que este fique exageradamente seco. Em dias de calor e com baixa umidade relativa do ar, o feno no Pontal do Paranapanema, pode ficar pronto em algumas horas. Feno Fenação é o nome dado à técnica utilizada para secar plantas, com o objetivo de tirar a água e permitir que esta seja armazenada com a mesma qualidade nutricional, do material verde. No entanto para produzir feno de boa qualidade é necessário que este seja feito corretamente. O diagrama 1 demonstra o passo a passo para a confecção do feno. Este pode ser feito com as folhas da leucena, com as folhas e/ou rama da mandioca triturada, e com algumas espécies de capim, como a braquiária e o tifton. O feno deve ser feito em dias com baixa umidade relativa do ar, com vento e baixa probabilidade de chuvas. Quanto mais água conseguirmos tirar do feno, melhor será sua conservação e menos perda teremos.

Tabela 5. Umidade relativa do ar e qualidade do feno

Fonte: RAYMOND (1978) citado por MAYER, et al. (2012)

O momento em que o feno está pronto pode ser verificado torcendo o material. Se, ao torcer, pingar água, ele precisa de mais um tempo secando, ao passo que, se ele quebrar, ele passou. Dessa forma, é de extrema importância acompanhar a preparação do feno.


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O feno pode ser guardado em diversos locais. Para fenos feitos com o excedente das pastagens de verão, estes podem ser armazenados no campo e para tanto se coloca um esteio e em volta dele, o material fenado vai sendo acumulado e a cada camada de material colocado devemos compactar a pilha a fim de evitar que fique ar. Aconselha-se colocar uma lona em baixo e em cima para cobrir esse material e ao oferecer o feno aos animais devemos retirar a camada externa caso esta esteja atacada por fungos. Figura 14. Feno produzido no verão e guardado no campo na Transilvânia – Romênia

Fonte: National Geographic, 2013

No PRV do sítio Família Sena, o feno produzido nos piquetes de verão pode ficar armazenado no próprio piquete e quando chegar a hora de abrir esses piquetes no inverno, os animais já são alimentados com o feno. Outra forma de armazenar o feno é em sacos de ráfia em locais cobertos, colocados distantes do solo, a fim de garantir melhor preservação do material. Este pode ficar guardado durante anos. E para esse tipo de armazenamento é bastante recomendado para fenos de plantas leguminosas. Abaixo temos uma passo a passo para confecção de feno feito com a terceira parte da mandioca triturada e feijão guandu. A leucena também permite que seja feito feno de suas folhas dessa mesma forma.


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Diagrama 1. Representação fotográfica do passo a passo para confecção de feno Cortar

Secar de 1 a 3 dias na piquete ou na meia sombra

Sítio Água Limpa – Piquerobi SP Fonte: rede de Agroecologia Pontal Agroecológico

Sítio Água Limpa – Piquerobi SP Fonte: rede de Agroecologia Pontal Agroecológico

↓ Revirar as plantas a cada 3 horas

Armazenar em sacos ou no campo

Sítio Chave de Ouro – Marabá Paulista SP Fonte: rede de Agroecologia Pontal Agroecológico

Sítio Chave de Ouro – Marabá Paulista SP Fonte: rede de Agroecologia Pontal Agroecológico

 Sobressemeadura de aveia, azevém e ervilhaca

As forrageiras temperadas são possíveis plantadas no Pontal do Paranapanema, a partir de março, quando as temperaturas médias variam entre 20 a 25°C, sendo espécies também adaptadas a temperaturas de 0°C. Nos meses de maio, junho e julho ocorrem temperaturas menores a 15°C, que paralisa o crescimento das gramíneas tropicais, e para sobressemeadura das forrageiras de inverno sobre as de verão, recomenda-se o plantio nesses meses. Para tanto, devemos prever o uso da irrigação e garantir a presença de água no solo. Vamos considerar uma produtividade de 25 T/ha/ano de matéria verde desse consórcio, com 20% de MS. Dessa forma é possível produzir 5.000 kg de M.S./ha/ano de forrageiras hibernais.


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Como é necessário prever alimentação 6 T de MS, será necessário sobressemear forrageiras hibernais em 1,2 ha. Para tanto é necessário pensar um projeto de irrigação para essa área a fim de garantir uma boa produção dessas forrageiras nesse período.  Feno da parte aérea da mandioca

A composição química da mandioca varia de acordo com a variedade da mandioca, tipo solo, tratos culturais e tempo de colheita. Alves (apud Nunes Irmão 2008) não recomenda deixar para colher as ramas com o objetivo de alimentação animal, quando as plantas estiverem com mais de 16 meses de plantio. Uma das formas de plantio da mandioca para produção da parte aérea é descrito por Neto (2011). O plantio deve ser feito com as linhas espaçadas a 0,70 m, com corte a cada quatro meses, quando a planta apresenta altura de, aproximadamente, 1,20 m. Este procedimento faz com que a cultura se torne perene e que não haja produção de tubérculo. No entanto, se o objetivo for também for produzir raíz, podem ser feitos dois cortes da parte aérea, conforme cita Mayer et al. (2012), durante o ciclo produtivo da cultura. Experimentos demonstram que, a retirada do terço superior da rama da mandioca, leva a uma diminuição de 10% do tamanho das raízes e atrasa o momento da colheita. 8. Nesse caso, podemos considerar que 50% da biomassa é de raízes, 10% folhas e 40% hastes e pecíolos e o rendimento do feno varia de 20 a 30% da matéria verde. (MAYER et al., 2012) As raízes também são utilizadas na alimentação animal, devendo ter níveis seguros e não tóxicos de ácido cianídrico, e para tanto se recomenda o uso da mandioca mansa. A dificuldade da alimentação animal a partir das raízes da mandioca é o escalonamento da colheita, uma vez que, estas devem ser picadas e consumidas pelos animais em até 3 dias. O feno da parte aérea da mandioca é feito, seguindo as mesmas recomendações para confecção do feno do excedente das pastagens de verão. Este pode ser feito com toda a rama, descartando a parte mais lignificada, localizada próxima as raízes. Esse material deve ser picado e disposto sobre uma lona, revirado a cada 3 horas, a fim de auxiliar da secagem do material e guardado em sacos de ráfia em locais livres de umidade. Nesse caso, o ponto do feno pode ser encontrado apertando o material, se o material pingar, ele precisa de mais um tempo ao sol, ao passo que, se o material mudar de cor e ao apertar esfarelar este está passado.

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Informação verbal fornecia pelo Professor Robert Macedo da UFRRJ, que contribuiu com a rede de agroecologia, Pontal Agroecológico, na construção de unidades de referência, 2011.


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Vamos considerar uma produtividade baixa de 15 toneladas de matéria verde por ha de mandioca e que será utilizado na alimentação do rebanho leiteiro apenas a parte aérea da mandioca triturada e armazenada na forma de feno. Dessa forma é possível produzir 15 toneladas de biomassa da parte aérea da mandioca, uma vez que serão feitos dois cortes. Neto (2012) descreve que é possível produzir 17 toneladas de parte aérea. O rendimento do feno varia de 20 a 30%, ou seja, com 15 toneladas de parte aérea é possível que sejam produzidos 4,5 T de feno/ha. Supondo que este feno tenha 85% de MS, teremos 3,9 T de MS/ha. Figura 15. Feno da parte aérea da mandioca tritura e guardado em sacos de ráfia - Sítio Chave de Ouro – Marabá Paulista SP

Fonte: rede de Agroecologia Pontal Agroecológico

No quinto ano, teremos 50 UGM, necessitando de 72 toneladas de MS para o período de 120 dias. No entanto, a maior parte da alimentação dos bovinos deverá ser garantida pelo armazenamento da forragem de verão na forma de feno e do pasto manejado sobre PRV. Dessa forma, será necessário planejar a oferta de 6 T de MS, para o período de 10 dias. Portanto, no quinto ano deveremos ter 1,5 ha da área de PRV formada por mandioca, manejada sob dois corte, de onde deveremos fazer o feno da parte aérea.  Considerações finais

No primeiro ano, devemos fazer o manejo do rebanho leiteiro em PRV, e no período da seca oferecer 2,5kg de feno de braquiária/animal/dia e 300 gramas de feno de mandioca/animal/dia. A partir da avaliação das forrageiras devemos proceder com a subdivisão da área em até 120 piquetes. Para oferecer 2,5kg de feno de braquiária/animal/dia, no período da seca, é necessário que se produza 7500 kg de MS de feno de braquiária. Supondo que 1 ha produza 15000 kg de MS, sendo 14000 kg no verão e 5 cortes, será necessário armazenar forragem de 1 ha. Uma


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forma para isso pode ser a confecção de feno com 1 dos 5 cortes do capim de 15 piquetes que poderão ser armazenados nos piquetes. No quinto ano, devemos escolher irrigar 1,2 ha para produção de forrageiras de inverno ou prever 1,5 ha de mandioca plantada para confecção de feno ou oferecimento aos animais in natura. A confecção do feno de mandioca exige bastante mão de obra, ao passo que, as forrageiras de inverno, além de serem ótimas forrageiras, são implantadas de forma fácil por sobressemeadura, mas exigem água no solo e, portanto um sistema de irrigação e o investimento para obtenção das sementes. Além do feno da parte área da mandioca podemos prever o uso das raízes que são também fonte de energia aos animais. Para tanto, devemos complementar a dieta dos animais com proteína. Uma alternativa é o uso de legumineiras formadas por leucena, feijão guandu, siratro, plantadas todas juntas. Devemos manter os animais em PRV, adequando o numero de piquetes no inverno conforme aprendermos o tempo de repouso de cada piquete. Além do pasto deverão ser oferecidos 10 kg de feno de braquiária/animal/dia, 1,2 kg de feno de mandioca/animal/dia ou forrageiras hibernais. Supondo que 1 ha de braquiária produza 18000 kg de MS, sendo 17000 kg no verão e 5 cortes, será necessário armazenar forragem em 75 piquetes, ou seja, 1 ou 2 dos 5 cortes, de todos os piquetes, deverá ser utilizado para a produção de feno e deverão ser armazenados nos piquetes. Para produzir 1,2 kg de feno de mandioca/animal/dia é necessário que seja plantado 1,5 ha e para produzir 6 ton de MS de forrageiras hibernais é necessário irrigar 1,2 ha, ou seja, 5 piquetes.


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Figura 16. Uso atual da unidade de produção leiteira “Sítio Família Sena”

Cana de açúcar

Braquiária MG5

Brachiaria decumbens

Área com sombra

Fonte: Google Earth, acesso em Jul. 2014

Figura 17. Plano forrageiro ano 1

Plano forrageiro ano 5

Pastagem reformada de Brachiaria decumbens


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Figura 18. Plano forrageiro ano 5


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 Plano Forrageiro no período de compensação9 Potencial de produção Braquiária, capim (29% de MS) COMPOSIÇÃO EM % DA MS PB 10

NDT 54

CONSUMO EM g/vaca/dia MS 3.600

PB 360

NECESSIDADES EM g/vaca/dia MANTENÇA PB NDT 670 3.700

NDT 1.944

SALDO EM g/vaca/dia PB -310

NDT -1.756

Potencial de produção do feno das folhas Mandioca (85% de MS) NECESSIDADE em SALDO EM COMPOSIÇÃO g/L de leite CONSUMO EM g/vaca/dia g/vaca/dia EM % DA MS para 1 litro PRODUÇÃO PB 20

NDT 65

MS 1.000

PB 200

NDT 650

PB 78

NDT 330

PB 122

NDT 320

Potencial de produção do feno de braquiária (80% de MS) NECESSIDADE em SALDO EM COMPOSIÇÃO g/L de leite CONSUMO EM g/vaca/dia g/vaca/dia EM % DA MS para 1 litro PRODUÇÃO PB

NDT

10

54

MS

PB

NDT

7.500

750

4.050

TOTAL

CONSUMO de MS em Kg

PB

Braquiária Feno de mandioca

PB

NDT

78

330

PB 672

NDT 3.720

NDT

CONSUMO de M. Seca (kg)

CONSUMO de Forragem (kg)

360 200

1.944 650

3,6 1,0

12 1,2

Feno de Braquiária

750

4.050

7,5

9,4

TOTAL NECESSIDADE

1.310 670

6644 3700

12,1

23,0

SALDO

640

2944

Potencial de produção de leite pela PB e pelo NDT NECESSIDADE em g/L de leite PB NDT 78 330 9

Potencial de produção de leite PB NDT 8,2

8,9

O plano forrageiro foi construído para uma vaca de 500 kg, com necessidade de mantença de 3700g de NDT e 670g de PB, e leite com 4% de gordura cuja necessidade para cada litro produzido é de 330g de NDT e 78g de PB. (fonte: tabela MAPA, 2002)


44

3.4. Mineralização A mineralização é um processo pelo qual devemos oferecer aos animais alimentos ou sais que contenham em sua composição os minerais necessários para os bovinos, conforme suas necessidades. São 17 minerais considerados necessarios para os bovinos, conforme o NRC (2001). Atualmente existe uma diversidade de empresas que fabricam o sal mineral, podendo estar pronto para uso ou este deverá ser misturado com o sal branco. Para saber a real necessidade de suplementação desses minerais na dieta dos bovinos, recomenda-se fazer uma analise bromatológica das pastagens no ponto ótimo de repouso. Com esses resultados é possível saber quanto de cada mineral devemos complementar na dieta dos animais alimentados a base de pasto. Caso contrário, devemos utilizar a mistura mineral conforme recomendação do fabricante, deixando os animais lamberem o sal a vontade.

3.5 Evolução do rebanho Os projetos de PRV devem prever o manejo com o rebanho leiteiro por pelo menos cinco anos. Um aspecto que merece ser mensurado e previsto é o numero de animais que serão incorporados ao rebanho leiteiro, descartados ou morrerão durante esse período. 3.5.1 Índices utilizados para evolução do rebanho do sítio Discriminação 1

Ano do projeto 2 3 4

Cargas (UGM/ha) 2 2,2 Parição (%) 70 70 Venda dos bezerros machos (%) 50 50 Mortalidade (%) Bezerros até 12 meses 4 4 Novilhas 12 a 24 meses 2 2 Adultos 1 1 Conversão para UGM Touro Vaca Girolanda Novilha 18 – 24 meses Novilha12 – 18 meses Bezerra 6 – 12 meses Bezerra 0 – 6 meses

5

2,7

3,4

4

80

90

90

50

50

50

4

4

4

2

2

2

1

1

1

1,4

1,4

1,4

1,4

1,4

1

1

1

1

1

0,7

0,7

0,7

0,7

0,7

0,5

0,5

0,5

0,5

0,5

0,3

0,3

0,3

0,3

0,3

0,15

0,15

0,15

0,15

0,15


45

Tabela 6: Evolução do rebanho para a propriedade sítio Família Sena.

Ano Discriminação Existentes

1

Adquiridos Incorporados Nascidos Total

Ano Discriminação Existentes Adquiridos Incorporados 1 Nascidos Total

Ventres 14 7 0 0 21

Ventres 20 0 2 0 22

Bezerros

Bezerros

Novilhas

Novilhas

0a6 10 0 0 0 10

6 a 12 1 0 0 0 1

12 a 18 5 0 0 0 5

18 a 24 2 0 0 0 2

Bezerros Bezerros Novilhas Novilhas 0a6 6 a 12 12 a 18 18 a 24 0 10 1 5 0 0 0 0 0 0 0 0 7 0 0 0 7 10 1 5

Mortes Touros 1 0 0 0 1

Touros 1 0 0 0 1

Vendas

Total Discriminação Cabeças Cabeças 33 0,21 Ventres 1 7 0,40 0 Bezerros 0-6 0 0,02 0 Fêmeas 6-12 0 0,02 0 Machos 6-12 40 0 Novilhas 12-18 0,10 0 Novilhas 18-24 0,04 0,01 0 Touro 0,80 1 Total

Total 36 0 2 7 46

Mortes Vendas Discriminação Cabeças Cabeças 0,22 0 Ventres 0,29 0 Bezerros 0-6 0,19 0 Fêmeas 6-12 0,19 Machos 6-12 5 0,02 1 Novilhas12-18 0,10 0 Novilhas18-24 0,01 0 Touros 1,02 6 Total

Remanescentes UGM 20 1 0 0 2 1 1 27

Cabeças 20 10 1 0 5 2 1 38

Remanescentes UGM Cabeças 22 22 1 7 1 5 0 0 0 0 3 5 1 1 29 39


46

Ano

2

Ano

2

Discriminação Existentes Adquiridos Incorporados Nascidos Total

Discriminação Existentes Adquiridos Incorporados Nascidos Total

Ventres 22 0 5 0 27

Bezerros 0a6 0 0 0 8 8

Bezerros 6 a 12 7 0 0 0 7

Novilhas 12 a 18 5 0 0 0 5

Novilhas 18 a 24 0 0 0 0 0

Ventres 26 0 0 0 26

Bezerros 0a6 0 0 0 9 9

Bezerros 6 a 12 7 0 0 0 7

Novilhas 12 a 18 4 0 0 0 4

Novilhas 18 a 24 5 0 0 0 5

Touros 1 0 0 0 1

Touros 1 0 0 0 1

Total 34 0 5 8 47

Total 43 0 0 9 52

Discriminação Ventres Bezerros 0-6 Fêmeas 6-12 Machos 6-12 Novilhas 12-18 Novilhas 18-24 Touros Total

Mortes Cabeças 0,27 0,30 0,14 0,14 0,09 0,00 0,01 0,96

Vendas Cabeças 1 0 0 3 0 0 0 4

Remanescentes UGM Cabeças 26 26 1 7 1 4 0 0 2 5 0 0 1 1 32 43

Discriminação Ventres Bezerros 0-6 Fêmeas 6-12 Machos 6-12 Novilhas 12-18 Novilhas 18-24 Touros Total

Mortes Cabeças 0,26 0,38 0,15 0,15 0,08 0,09 0,01 1,11

Vendas Cabeças 2 0 0 3 0 0 0 5

Remanescentes UGM Cabeças 23 23 1 9 1 4 0 0 2 4 3 4 1 1 32 45


47

Ano

3

Ano

3

Discriminação Existentes Adquiridos Incorporados Nascidos Total

Discriminação Existentes Adquiridos Incorporados Nascidos Total

Ventres 23 0 4 0 28

Bezerros 0a6 0 0 0 10 10

Bezerros 6 a 12 9 0 0 0 9

Novilhas 12 a 18 4 0 0 0 4

Novilhas 18 a 24 4 0 0 0 4

Ventres 27 0 4 0 30

Bezerros 0a6 0 0 0 11 11

Bezerros 6 a 12 10 0 0 0 10

Novilhas 12 a 18 4 0 0 0 4

Novilhas 18 a 24 3 0 0 0 3

Touros 1 0 0 0 1

Touros 1 0 0 0 1

Total 41 0 4 10 56

Total 45 0 4 11 60

Discriminação Ventres Bezerros 0-6 Fêmeas 6-12 Machos 6-12 Novilhas 12-18 Novilhas 18-24 Touros Total

Mortes Cabeças 0,28 0,41 0,18 0,18 0,07 0,08 0,01 1,21

Vendas Cabeças 1 0 0 4 0 0 0 5

Remanescentes UGM Cabeças 27 27 1 10 1 4 0 0 2 3 3 4 1 1 35 49

Discriminação Ventres Bezerros 0-6 Fêmeas 6-12 Machos 6-12 Novilhas 12-18 Novilhas 18-24 Touros Total

Mortes Cabeças 0,30 0,45 0,20 0,20 0,09 0,07 0,01 1,31

Vendas Cabeças 2 0 0 5 0 0 0 7

Remanescentes UGM Cabeças 28 28 2 11 1 5 0 0 2 4 2 3 1 1 37 52


48

Ano

4

Ano

4

Discriminação Existentes Adquiridos Incorporados Nascidos Total

Discriminação Existentes Adquiridos Incorporados Nascidos Total

Ventres 28 0 3 0 32

Bezerros 0a6 0 0 0 12 12

Bezerros 6 a 12 11 0 0 0 11

Novilhas 12 a 18 5 0 0 0 5

Novilhas 18 a 24 4 0 0 0 4

Ventres 30 0 4 0 34

Bezerros 0a6 0 0 0 13 13

Bezerros 6 a 12 12 0 0 0 12

Novilhas 12 a 18 5 0 0 0 5

Novilhas 18 a 24 5 0 0 0 5

Touros 1 0 0 0 1

Touros 1 0 0 0 1

Total 49 0 3 12 64

Total 53 0 4 13 69

Discriminação Ventres Bezerros 0-6 Fêmeas 6-12 Machos 6-12 Novilhas 12-18 Novilhas 18-24 Touros Total

Mortes Cabeças 0,32 0,49 0,21 0,21 0,09 0,09 0,01 1,42

Vendas Cabeças 1 0 0 5 0 0 0 6

Remanescentes UGM Cabeças 30 30 2 12 2 5 0 0 2 5 3 4 1 1 40 57

Discriminação Ventres Bezerros 0-6 Fêmeas 6-12 Machos 6-12 Novilhas 12-18 Novilhas 18-24 Touros Total

Mortes Cabeças 0,34 0,50 0,23 0,23 0,10 0,09 0,01 1,52

Vendas Cabeças 1 0 0 6 0 0 0 7

Remanescentes UGM Cabeças 33 33 2 12 2 6 0 0 3 5 3 5 1 1 44 61


49

Ano

5

Ano

5

Discriminação Existentes Adquiridos Incorporados Nascidos Total

Discriminação Existentes Adquiridos Incorporados Nascidos Total

Ventres 33 0 5 0 38

Bezerros 0a6 0 0 0 14 14

Bezerros 6 a 12 12 0 0 0 12

Novilhas 12 a 18 6 0 0 0 6

Novilhas 18 a 24 5 0 0 0 5

Ventres 36 0 5 0 41

Bezerros 0a6 0 0 0 15 15

Bezerros 6 a 12 13 0 0 0 13

Novilhas 12 a 18 6 0 0 0 6

Novilhas 18 a 24 6 0 0 0 6

Touros 1 0 0 0 1

Touros 1 0 0 0 1

Total 57 0 5 14 75

Total 62 0 5 15 82

Discriminação Ventres Bezerros 0-6 Fêmeas 6-12 Machos 6-12 Novilhas 12-18 Novilhas 18-24 Touros Total

Mortes Cabeças 0,38 0,55 0,24 0,24 0,11 0,10 0,01 1,63

Vendas Cabeças 1 0 0 6 0 0 0 7

Remanescentes UGM Cabeças 36 36 2 13 2 6 0 0 3 6 3 5 1 1 47 66

Discriminação Ventres Bezerros 0-6 Fêmeas 6-12 Machos 6-12 Novilhas 12-18 Novilhas 18-24 Touros Total

Mortes Cabeças 0,41 0,60 0,26 0,26 0,12 0,11 0,01 1,78

Vendas Cabeças 1 0 0 6 0 0 0 7

Remanescentes UGM Cabeças 40 40 2 14 2 6 0 0 3 6 4 5 1 1 52 73


50

3.6. Sanidade A sanidade dos animais é fruto dos manejos praticado pelos humanos com os bovinos. Busca-se através de boas praticas de manejo garantir a saúde do sistema de produção. Animais produzidos a pasto estão sujeitos as variações sazonais, ou seja, a oferta de forragem, e outras intempéries. Dessa forma é de extrema importância planejar a alimentação dos bovinos, bem como o acesso a água de qualidade e em abundância, construir ambientes com sombra e fazer o uso de medidas preventivas para evitar as enfermidades pelos quais os bovinos estão sujeitos. Assegurada as necessidades básicas para o desenvolvimento sadio dos bovinos a pasto, devemos seguir rigorosamente o programa de vacinação do município. Dessa forma, nos meses de maio ou novembro devemos vacinar os animais contra febre aftosa e brucelose. Para além dessas doenças, cuja vacinação é obrigatória, devemos prever algumas praticas para prevenir endo e ectoparasitas, que são: 1) Guardar o colostro, que sobrar, principalmente do primeiro dia, em garrafas armazenadas no congelador. O colostro é um alimento rico, por onde a mãe fornece uma série de anticorpos para o bezerro recém-nascido. Dessa forma, guardar parte do colostro é aconselhável podendo este ser utilizado em qualquer animal do rebanho que venha a ter problemas de diarreia e outras doenças metabólicas. 2) Oferecer alho aos animais como forma de prevenir endoparasitas. Para tanto este pode ser oferecido na água, na forma de chá, ou junto ao sal mineral, havendo a necessidade de tritura-los. Essa prática tem especial atenção no manejo dos bezerros. Outro alimento que pode ser oferecido aos animais com vermes, é a folha de bananeira, em uma quantidade de 2 folhas para animais pequenos e 3 para bezerros maiores. 3) Oferecer chá de arruda para as vacas que tiverem dificuldade de soltar a placenta ou mesmo que por algum problema reprodutivo tenham tido um aborto. Para tanto recomenda-se oferecer chá três vezes por dia, durante 3 dias. 10 4) Passar a urina da vaca, que pode ser facilmente coletada durante a ordenha com uso de um balde forrado com um pano para evitar que a vaca se assuste, para repelir a mosca do chifres. A urina diluída 10% em água pode ser pulverizada no animal, 3 vezes ao dia. Outra medida preventiva é raspar o esterco do curral e amontoa-lo junto com palha para favorecer a compostagem desse material e evitar a proliferação da mosca dos chifres. 10

Informação verbal fornecida por Luís Carlos de Quadros Alvez durante aulas que ministrou no curso de

Especialização de Leite Agroecológico, 2013.


51

5) Para prevenir mastite ambiental, podemos fazer um chá de carqueja, alternada com picão preto, 2% de iodo e a baba da linhaça. A baba de linhaça é retirada esquentando a linhaça por 5 minutos. Passar essa mistura nos tetos das vacas, principalmente aquelas cujo bezerro já está desmamado. Para tanto, pode ser utilizado à caneca de pós mergulho. 6) Não utilizar panos para limpeza dos tetos antes e depois da ordenha, para evitar que animais que têm mastite passem a bactéria de um teto para outro e também para outras vacas. Dessa forma, recomenda-se passar um guardanapo de papel, um em cada teto, após os bezerros mamarem e a lavagem dos tetos. A mão do ordenhador também deve ser lavada após a ordenha de cada teto, para tanto podemos dispor de um balde com sabão de coco a fim de facilitar essa higienização. No caso de ordenha mecânica colocar as teteiras em um balde com 10 gotas de própolis depois da ordenha de cada animal. 7) Fazer a eliminação dos primeiros jatos de leite, na caneca do fundo preto para verificar a existência de mastite clinica. Recomenda-se também que pelo menos uma vez por semana seja feito o teste da raquete (CMT). Nesse caso, retira-se um jato de leite de cada teto na raquete, e com uso de um produto denominado alizarol é possível verificar a presença de mastite subclínica. 8) Para controle de carrapato podemos fazer o uso de nosódios. Para fazer o nosódio de Carrapato: 11 1. Pegar carrapatos de todas as vacas (se possível) 2. Furar os carrapatos e colocar em um vidro escuro (uma parte de carrapato e cinco partes de álcool) 3. Esperar 15 dias(deixar descansando) e fazer a tintura mãe 4. Para fazer a tintura mãe, pegar 1 parte da mistura e 99 partes de álcool de cereais 70% ou água. Nesse segundo caso a validade é de no máximo 7 dias. 5. Feito a tintura mãe, DINAMIZAR até o 6 CH 6. Misturar 100 gotas do vidro 6CH em 500 gramas de açúcar 7. Dar 01 colher sopa, todos os dias na forragem 9) No entanto, caso seja necessário fazer uso de medicamento alopáticos para tratamento de endo e ectoparasitas dos bovinos, fazer preferência por medicamento cujo principio ativo seja a base de albendazol, levamisol e mebendazol. Evitar, ao máximo, o uso das avermectinas. Para bezerros a aplicação deve ser a cada 2 meses e em animais adultos a cada 6 meses.12 11

Informação verbal fornecida por Luís Carlos de Quadros Alvez durante aulas que ministrou no curso de Especialização de Leite Agroecológico, 2013


52

3.7. Sombra Bovinos fazem preferência por temperaturas que variam de 0° C a 31°C, sendo que animais taurinos a zona de conforto varia de 0° a 16°C e têm 800 a 900 glândulas/cm² de pele, animais zebuínos de 10 a 27°C e têm 1500 glândulas/cm² de pele e animais mestiços a zona de conforto varia entre 5° e 31° C. 13 No Pontal do Paranapanema, as temperaturas máximas chegam entorno dos 40°C principalmente no verão. Dessa forma é de extrema importância prever a sombra a fim de evitar que os animais sofram com a alta temperatura. Algumas árvores de crescimento rápido, forrageiras, adaptadas ao Pontal do Paranapanema e que podem ser plantadas de estacas são: amora, seriguela, moringa e gliricídia. Estas podem ir para as pastagens com 2 metros de altura, não havendo, portanto necessidade de proteção enquanto estão crescendo. Para tanto, é necessário pegar estacas de galhos grossos e não utilizarmos os ponteiros. Estas devem ser enterradas no solo pelo menos 40 cm e ser colocado esterco de vaca com palha por cima sobre o solo e no pé da estaca, para favorecer o pegamento das estacas. A melhor época de plantio dessas estacas no Pontal do Paranapanema é de abril a junho, com solo molhado. Outras árvores de rápido crescimento, leguminosas e copa não muito densa são: canafístula (Peltophorum dubium.), farinha seca (Albizia niopoides), tamboril (Enterolobium contortisiliquum), angico branco (Anadenanthera colubrina) e ingá-açu (IngavVera). Estas também são importantes de serem colocadas nas pastagens, por melhorar os solos, favorecendo principalmente o aporte de nitrogênio nas pastagens. Estas são plantadas como mudas ou sementes e necessitam de proteção contra os animais enquanto crescem. Dessa forma, devemos prever a colocação de árvores em todos os piquetes, tomando o cuidado de não colocar a sombra, o sal e a água próximos para evitar que os animais mais submissos fiquem sem beber água ou lamber sal enquanto os animais dominantes ruminam na sombra. A previsão de sombra para o sítio Família Sena está descrito no desenho abaixo, cujas estacas podem ser colocadas junto às lascas, a cada 15 metros aproximadamente, e com o passar dos anos serem usadas como mourões vivos. Na lateral de todos os piquetes plantar uma muda que deverá ser protegida com fio de choque. 12

Informação verbal fornecida por Luiz Carlos Pinheiro Machado durante aulas que ministrou no curso de Especialização de Leite Agroecológico, 2013. 13 Informação verbal fornecida por Luciana Honorato durante aulas que ministrou no curso de Especialização de Leite Agroecológico, 2013.


53

Figura 19. Desenho para plantio das árvores

LESTE

3.8. Melhorias e instalações 3.8.1. Cercas e divisão de área O sítio Família Sena têm aproximadamente 12,8 ha de pastagens que serão piqueteadas para manejo dos animais sob Pastoreio Racional Voisin. Os animais serão manejados em 2 lotes principais e será considerado um tempo de repouso que varia de 30 dias no verão à 120 dias no inverno. Segundo Voisin et. al. (1973) só o tempo irá dizer o tempo de repouso de cada piquete e por isso é de extrema importância à anotação. Serão feitos 60 piquetes, com 46 metros de comprimento e área total de 2116 m² = 0,21 ha. O formato do piquete deverá ser o mais quadrado possível, pois esse é o formato que se gasta menos fio elétrico e favorece nos processos de hierarquia social entre os animais. O ponto ótimo de repouso é flexível e no verão é estimado em 30 dias, podendo variar de 20 a 40 dias. Os piquetes devem ser pastoreados a fundo, porém devemos deixar sobra de pasto a fim de evitar que o solo fique descoberto. O ideal é tempo de ocupação de ½ dia, ou seja, que sejam utilizados 2 piquetes por dia. Para tanto, caso o lote de vacas não tenha consumido o pasto disponível em ½ dia podemos utilizar cerca móvel e subdividir o piquete para que a utilização seja feita a fundo. Os piquetes que sobrarem deixar sobrar e utiliza-los para confecção de feno ou serem roçados e servirem de cobertura para o solo. 14 No inverno, pode acontecer das forrageiras entrarem no ponto ótimo de repouso com 120 dias e é aconselhável dividirmos os 60 piquetes passando um fio de choque e formando 120 piquetes. Para tanto será necessário oferecer alimentação extra de feno de braquiária e/ou

14

Informação verbal fornecida por Mário Vicenzi durante orientação no curso de especialização em Produção de Leite Agroecológico, Laranjeiras do Sul, 2014.


54

feno de mandioca. Estes deverão ser colocados embaixo da cerca elétrico espaçados a cada 70 cm. Todos os piquetes terão dois fios, para podermos manejar os bezerros junto às vacas de leite.

Figura 20. Desenho dos piquetes e dos bebedouros no sítio Família Sena

Área total = 14,2 ha . 3.8.2. Instalações hidráulicas O cálculo da hidráulica deve ser dimensionada para o auge do projeto, momento em que, pelas melhorias da relação vaca-solo-pasto será possível colocar 4 UGM/ha no sítio Família Sena. Dessa forma, teremos 50 UGM após 5 anos de manejo com PRV. Levando em consideração que cada vaca precisa de 80 litros de água/dia e que se espera uma produção de 10 litros/dia/vaca. Para cada litro de leite produzido é necessário que a vaca beba 5 litros de leite. Do total do rebanho espera-se que 70% das vacas estejam em lactação. Dessa forma, o volume de água que o rebanho leiteiro necessita por dia é de 5.560 litros de água, o que corresponde a 5,6 m³/dia. A fim de evitar que os animais fiquem sem água, caso aconteça algum problema com a rede hidráulica, recomenda-se ter um reservatório pelo menos 3 vezes maior (PINHEIRO MACHADO, 2004). Dessa forma, devemos instalar um reservatório de 18 m³ no ponto mais alto do terreno, para que, a água chegue nos bebedouros por gravidade.


55

Para tanto, o sítio Família Sena dispõe de uma caixa d´água de 27m³ instalada em cima de uma construção de 4 metros, que é abastecido por uma bomba instalada no poço artesiano comunitário do assentamento, de onde a família dispõe de água sem restrição. Como as vacas funcionam em ritmos cicardianos de 57600 segundos, a vazão do bebedouro localizado na parte mais longe do reservatório deverá ser de 0,10 litros/segundo, ou 100 ml/segundo. Para tanto serão utilizadas mangueiras ¾ pretas que não serão enterradas e ligarão a caixa d´agua, localizada 4 metros acima do nível do solo, aos bebedouros. O tamanho do bebedouro é calculado para um animal ocupando 0,5 metros de borda interna dos bebedouros, chamados de copo. Considerando que em um copo bebem 10 cabeças por dia e que no sítio família sena serão 73 cabeças, será necessário utilizar 8 copos. Dessa forma os bebedouros terão 4 metros de perímetro, que é igual a 1,3 metros de diâmetro. As “bombonas” de 200 litros que carregam azeitonas ou outros alimentos têm 0,6 metros de diâmetro. Dessa forma no ano 5, no sítio família Sena, deveremos utilizar 2 bombonas de 200 litros. Figura 21. Desenho da rede hidráulica e bebedouros no sítio Família Sena.


56

Figura 22. Bebedouro móvel e formas de construção

Flutuador preso com fio de nylon

Mangueira de jardim flexível com mais ou menos 10 metros Torneira de bóia com entrada embaixo

3.9. Manejo

3.9.1 Manejo do rebanho leiteiro A fim de aproveitar a melhor qualidade nutricional das pastagens, bem como o melhor desempenho por animal, o rebanho de animais maiores será dividido grupos: 1) Lote do Desnate: formado pelas vacas em lactação e o touro. 2) Lote do Repasse: formado pelas vacas secas, animais em final de lactação e em processo de secagem. 3) Lote de animais de alta exigência: animais desmamados e vacas em pré parto. 4) Lote dos pequenos: bezerros mamando 3.9.2. Manejo na ordenha A ordenha corresponde ao momento em que o leite é ordenhado, de forma manual ou mecânica. É o momento pelo qual, devemos nos atentar a uma série de práticas a fim de conseguir fazer uma ordenha profunda, ou seja, sem deixar leite residual e com higiene, para que se produza um alimento com qualidade.


57

A vaca, durante e ordenha, deve ficar tranquila, para que o hormônio da ocitocina atue e permita que o leite desça com facilidade. Caso a vaca sofra algum estresse, seja ele ocasionado, pela simples presença de um cachorro, ou por práticas de manejo que modifiquem a rotina dos animais, irá atuar outro hormônio, a adrenalina e o leite não descerá. O rebanho leiteiro precisa de rotina e é importante considerar que são diversos os mecanismos que estimulam a vaca a soltar o leite, devendo este ser feito todos os dias, criando rotina nos animais para que possam ficar tranquilos. Dentre eles podemos citar o barulho da ordenhadeira mecânica, a visão ou a presença do bezerro ou a própria chegada dos animais na sala de ordenha. Portanto, se forem feitas alterações na sala de ordenha, como tamanho, cor, local de entrada, esta deve ser previamente visitada pelos animais, antes de ordenha-los nesse ambiente, a fim de acostumá-los com a nova sala. É importante ressaltar que a ocitocina atua na corrente sanguínea dos animais por no máximo 7 minutos. Portanto, vacas que por algum motivo, o tempo de ordenha seja superior a 7 minutos, devem ser descartadas. Este é um dos principais motivos pelos quais devemos evitar ordenhar a vaca com o bezerro ao pé. Além da sala de ordenha é importante que tenham dois centros de manejo, um para que as vacas que não foram ordenhadas fiquem esperando sua vez e outro para que os animais ordenhados tenham contato com os bezerros e esperem para serem levados ao piquete no Ponto Ótimo de Repouso. Os centros de manejo devem conter água, sombra, um saleiro e um tamanho de 0,1 ha, prevendo um espaço de 27m²/UGM, quando estivermos com 35 ventres.

Figura 23. Sala e centro de ordenha no ano 1

Vacas esperando para serem ordenhadas = 50 m² Vacas já ordenhadas e com bezerros = 200 m²

Sala de espera dos bezerros = 10 m²

Sala de ordenha = 40 m²


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Figura 24. Sala e centro de ordenha ano 5 Sala de ordenha = 200 m²

Sala de espera dos bezerros = 100 m²

Vacas esperando para serem ordenhadas = 500 m²

Vacas já ordenhadas e com bezerros = 500 m²

3.9.3. Manejo dos bezerros O manejo dos bezerros praticado no sítio Família Sena, é bastante parecido com o costume de muitos produtores do Pontal do Paranapanema. Nesse manejo os bezerros são separados das mães ao meio dia e colocados no “pasto dos bezerros”. É feito apenas uma ordenha no período da manhã e os bezerros são responsáveis por estimular o leite a descer. Esse manejo é bastante cultural e positivo na produção de leite, por dois principais motivos: baixa mortalidade de bezerros e baixa incidência de mastite, conforme relato dos produtores de leite da região. No entanto, o bezerro na produção de leite deve formar seu rúmen o mais rápido possível, permitindo maior volume de leite comercializado. Dessa forma, no sítio Família Sena, a ordenha será feira com o bezerro ao pé. Dessa forma, tira-se o leite de três tetos, sobrando um para o bezerro mamar, que permanecerá com a vaca até meio dia. Para estimular a formação do rúmen dos bezerros deve ser oferecido feno de mandioca ou de pasto, assim como alimentos concentrados, a partir do segundo dia de vida do animal. Fazendo isso podemos desmamar os bezerros com três meses de idade e avaliar a possibilidade de serem feitas 2 ordenhas ao dia. É importante considerar que são diversos os estímulos que levam a vaca a soltar o leite. A presença do bezerro na ordenha pode dificultar a retirada do leite, sendo necessário avaliar


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a possibilidade da ordenha ser feita sem o bezerro ao pé. A mudança no habito e na rotina dos animais deve ser feito aos poucos e principalmente com as vacas de primeira cria.

Desmame e aleitamento - Do 1° ao 5° dia: permanecer com a mãe. Fazer a primeira mamada do colostro com até seis horas de vida. Nesses primeiros dias de vida, o fornecimento de leite deve ser à vontade e estimulada. O colostro, que o bezerro mão mamar, principalmente do primeiro dia pode ser armazenado em garrafas no congelador. - Do 5° dia até mais ou menos 3 meses: leito materno + feno, capim verde picado, silagem ou concentrado + pasto de boa qualidade. Os bezerros à vontade mamam de 8 a 12 litros de leite, 5 a 10 vezes por dia. - Dos 3 meses até 1 ano: Podem alimentar exclusivamente de pasto, no entanto devido ao costume já praticado pela família podemos solta-los com as vacas até meio dia, ou fazer duas ordenhas ao dia. - De 1 ano até entrarem na fase reprodutiva: em piquetes próprios. São animais de alta exigência. Acomodações O parto dos bezerros é um momento de grande importância nos sistemas produtivos de leite. O comportamento natural da vaca é entrar em trabalho de parto no anoitecer ou no amanhecer e no centro da manada. Assim sendo, a vaca escolhe o lugar do parto e é ela quem determina onde o bezerro irá nascer. Depois do nascimento devemos deixá-los tranquilos e estes animais só mudarão de piquetes, junto com as demais vacas, se o bezerro quiser. No manejo praticado pela Família Sena os bezerros mamam até a vaca ficar seca, dessa forma os bezerros serão manejadas junto com as mães no PRV até o meio dia. Depois desse horário, estes são colocados no pasto do bezerro. No quinto ano, teremos 4 UGM de animais com menos de 1 ano. Nesse sentido é importante que no pasto dos bezerros tenha um abrigo de 6m², para que os animais possam ficar acolhidos na chuva, sombra, um bebedouro com água de qualidade e em abundância, pasto de boa qualidade e um saleiro.


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Figura 25. Piquetes e abrigo para bezerros

Fonte: Honorato (2014)

3.10. Manejo da reprodução A reprodução das vacas leiteiras, em sistemas de produção de leite, é de extrema importância para sucesso desses empreendimentos. Em ótimas condições de manejo, devemos encontrar um parto/vaca/ano. Dessa forma, são nove meses de gestação, pula-se o primeiro cio, que ocorre 21 dias, após o parto do bezerro, e no segundo cio essa vaca já esta apta para produzir um novo bezerro. Pular o primeiro cio é necessário para que a vaca consiga ter boas condições de gerar um novo bezerro. Aos noves meses, o bezerro ocupa um grande espaço no interior da vaca, que passa a ter um rúmen menor e consequentemente, menor ingestão de forragem. Dessa forma é natural que a vaca emagreça antes do parto, no entanto esta deve recuperar sua condição corporal antes de serem cobertas ou inseminadas. A idade para a primeira cobertura varia entre 1,5 anos a 2 anos de idade da novilha. No entanto, não devemos inseminar animais com peso corporal menor que 300 kg. 3.11. Escolha da raça e programa de seleção No sítio Família Sena, as vacas que os agricultores têm são Girolandas, havendo animais no rebanho com mais genética Gir e outros com mais genética Holandês. A raça do touro é Girolando. Eles têm interesse de produzir principalmente leite, mas também, caso os bezerros nascidos sejam do sexo masculino, que estes tenham um bom valor de venda. Dessa


61

forma, a genética dos animais que os agricultores têm no lote, é adequada para essa dupla aptidão, produção de leite e de bezerros com estrutura corporal para produção de carne. É importante considerar que Dinei sabe fazer inseminação artificial e que no assentamento Porto Velho existem produtores que já utilizam sêmen para manejo do rebanho leiteiro, sendo possível a inseminação artificial na realidade da família Sena. Dessa forma, se fossemos optar por um programa de seleção com uso de sêmen bovino, aconselha-se no primeiro ano de inseminação utilizar sêmen de genética holandês, para criar animais com maior aptidão para a produção de leite e no momento seguinte utilizar sêmen de genética gir leiteiro, aumentando a rusticidade dos animais. Também podemos incluir o Jersey e o Pardo Suíço misto no cruzamento.


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4. Investimentos Os investimentos necessários para instalação do projeto de Pastoreio Racional Voisin estarão descritos nas tabelas 6 e 7, sendo divididos em investimentos a serem realizados e já existentes na unidades de produção e vida da Família Sena.

Tabela 7. Investimentos a serem feitos no sítio Família Sena

Quantidade

Investimentos a serem feitos

Valor total

Benfeitorias Telhado e chão da sala de ordenha de 300 m² Abrigo para bezerros (6 m² cada)

1 5

R$ R$

4.000,00 750,00

6 175 330 110

R$ R$ R$ R$

300,00 3.150,00 400,00 70,00

3400

R$

1.700,00

1600 2 2 2 20 5 2 1

R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$

1.600,00 150,00 12,00 150,00 200,00 15,00 5,00 10,00

1 2 2 5 5 5 10

R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$

5.500,00 600,00 4.000,00 100,00 70,00 20,00 400,00

Instalações elétricas Mourões com 180 x 20 x 20 cm Lasca de eucalipto 150 x 10 x 10 cm Isolador Castanha Isoladar Roldana Fio eletrix ou arame galvanizado n° 16 para fazer 2 fios por piquete (metros)

Instalações hidráulicas Mangueira 3/4 (metros) Galão de 200 litros para os bebedouros Bóia de caixa d´agua Mangueira de jardim 35 metros Torneiras Tê ¾ Cotovelo Registro de saída 3/4 Equipamentos Ordenhadeira mecânica balde ao pé com 3 conjuntos de ordenha Lona de 10 x 10 metros Roçadeiras costal sthill Garfos para feno Facão Lima EPI (bota, calça, perneira, óculos) Animais Vacas

7 Pastagens, árvores e arbustos

R$ 14.000,00


63

Mudas de árvores Forrageiras hibernais + inoculante (kg/há)

190 150

R$ R$

95,00 1.000,00

R$

5.000,00

Projeto de irrigação Equipamentos

1 TOTAL

R$ 43.297,00

Tabela 8. Investimentos já existentes no sítio Família Sena

Quantidade

Investimentos já existentes

Valor total

Benfeitorias Sala de ordenha de 40 m²

1

R$

2.000,00

Instalações elétricas Ripas de madeira 110 Energizadores ligados a rede elétrica com mais de 2.0 jaules 1 Para-raio 1 Cerca fixa com 4 fios 1

R$

500,00

R$ R$ R$

300,00 200,00 1500,00

Instalações hidráulicas 1

R$

3.300,00

R$ R$ R$

7.000,00 1.400,00 60,00

R$ R$

2.000,00 260,00

R$ R$ R$ R$

28.000,00 10.500,00 8.800,00 2.500,00

Caixa de água 18 m²

Equipamentos Resfriador de leite 750 litros Triturador para motor com 5 a 7,5 cv Cavadeira Maniva de mandioca Estaca de árvores

1 1 2

Pastagens, árvores e arbustos 14000 260 Animais

Vacas Novilhas Bezerros Touro

14 7 11 1 TOTAL

R$ 66.320,00


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5. Custos e Receitas Os custos do projeto até o quinto ano, considerado o ano de estabilização, correspondem a: mão-de-obra, custos com sal mineral, sanidade e manutenção das pastagens, depreciação e conservação das benfeitorias, demais gastos diversos e imprevistos. Abaixo será descrito os custos e a receita com a atividade leiteira, conforme manejo previsto nesse projeto de PRV para o sítio Família Sena.

Tabela 9. Custo anual da mão de obra Quantidade

Salário mensal

Total

2

R$ 800,00

R$ 19.200,00

Mão-de-obra

Tabela 10. Custo da depreciação anual dos equipamentos Valor (R$)

Vida útil (anos)

Valor residual (R$)

Depreciação TOTAL

Custo da depreciação anual

Benfeitorias

6.500,00

20

325,00

6.175,00

308,75

Elétrica

8.120,00

10

406,00

7.714,00

771,40

Hidráulica

4.442,00

10

222,10

4.219,90

421,99

Equipamentos

19.150,00

20

957,50

18.192,50

909,63

Irrigação

5.000,00

10

250,00

4.750,00

475,00

TOTAL

70.322,20

2.886,77

*Foi considerado o valor residual como sendo 5% do valor inicial dos equipamentos

Tabela 11. Custo com a manutenção anual dos equipamentos Valor (R$)

Custo de manutenção

Benfeitorias

R$

6.500,00

R$

195,00

Elétrica

R$

8.120,00

R$

243,60

Hidráulica

R$

4.442,00

R$

133,26

Equipamentos

R$

19.150,00

R$

574,50

Irrigação

R$

5.000,00

R$

150,00

R$

1.296,36

TOTAL

R$

43.212,00

*Foi considerado um valor de 3% do preço de cada equipamento para calculo do custo de manutenção


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Considerando um consumo de 40 gramas por UGM da mistura mineral e esta com preço de R$2,00/kg, o custo da mineralização dos animais no ano 1 ao ano 5 será de:

Tabela 12. Custo com a mineralização dos animais UGM total 30 33 39 44 50

Ano UGM/ha 1 2 3 4 5

2,3 2,6 3 3,4 4

Consumo diário – kg 1,2 1,3 1,6 1,7 2

Custo anual (R$) 876 949 1168 1241 1460

O custo com a sanidade do rebanho leiteiro varia de unidade de produção e também conforme a estação do ano. Segundo relato dos agricultores da região o custo com vacinas/medicamentos no Pontal do Paranapanema é maior no inverno do que no verão. Em média o custo anual é de R$ 10,00 no verão e R$ 20,00 no inverno / UGM.

Tabela 13. Custo com a sanidade dos animais Ano

UGM/ha

UGM total

Custo (R$)

1

2,3

30

R$ 450,00

2

2,6

33

R$ 495,00

3

3

39

R$ 585,00

4

3,4

44

R$ 660,00

5

4

50

R$ 750,00

Tabela 14. Custo total com o rebanho leiteiro nos cincos anos do PRV Ano

1

2

3

4

5

Custos variáveis Mistura mineral

R$ 876,00

R$ 949,00

R$ 1.168,00

R$ 1.241,00

R$ 1.460,00

Sanidade

R$ 450,00

R$ 495,00

R$ 585,00

R$ 660,00

R$ 750,00

Diversos

R$ 66,30

R$ 72,20

R$ 87,65

R$ 95,05

R$ 110,50

Juros sobre financiamento

R$ 1.515,40

R$ 1.515,40

R$ 1.515,40

R$ 1.515,40

R$ 1.515,40


66

Custos fixos Mão-de-Obra

R$ 19.200,00

R$ 19.200,00

R$19.200,00

R$ 19.200,00

R$ 19.200,00

Manutenção

R$ 1.296,36

R$ 1.296,36

R$ 1.296,36

R$ 1.296,36

R$ 1.296,36

Depreciação

R$ 2.886,77

R$ 2.886,77

R$ 2.886,77

R$ 2.886,77

R$ 2.886,77

TOTAIS

R$ 26.290,82

R$ 26.414,72

R$ 26.739,17

R$ 26.894,57

R$ 27.219,02

A previsão de receita do projeto de PRV do sítio Família Sena inclui a venda de leite / queijo conforme a estratégia de comercialização adotada pela família e também a venda dos bezerros machos e outros animais de descarte. Para o calculo das receitas será considerado o preço do leite pago ao produtor como sendo R$0,60 o ano todo, o preço de uma vaca adulta R$ 2.000,00 e o preço do bezerro R$ 800,00. As receitas com o projeto estão descritas abaixo:

Tabela 15. Receitas com o rebanho leiteiro nos cinco anos do PRV Ano 1 2 3 4 5

Vacas lactação

15 23 31 40 45

Produção Leite (Kg/dia) 154

Vendas Total (R$)

Total TOTAL (R$)

Vacas

Novilhas

(R$)

R$ 33.726,00

1

1

R$ 2.800,00

R$ 36.526,00

231

R$ 50.589,00

2

4

R$ 7.200,00

R$ 57.789,00

312

R$ 68.328,00

2

4

R$ 7.200,00

R$ 75.528,00

396

R$ 86.724,00

4

5

R$ 12.000,00

R$ 98.724,00

450

R$ 98.550,00

5

6

R$ 14.800,00

R$ 113.350,00


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6. Análise Econômica A análise econômica nos permite compreender a real viabilidade econômica do empreendimento, o tempo necessário para receber o investimento realizado, a atratividade do empreendimento, o ponto de equilíbrio e o valor líquido do investimento.

A análise econômica nos permite compreender a real viabilidade econômica do empreendimento, o tempo necessário para receber o investimento realizado, a atratividade do empreendimento, o ponto de equilíbrio e o valor liquido do investimento.

O fluxo de caixa previsto para o sitio família Sena com o manejo do rebanho leiteiro em PRV será de: FLUXO DE CAIXA Ano 1

Ano 2

Ano 3 -

R$

Ano 4 -

R$

Ano 5

Investimentos

- R$ 109.617,00

-

Receitas

R$ 36.526,00

R$ 57.789,00

R$ 75.528,00

R$ 98.724,00

R$113.350,00

Custos Fluxo de caixa líquido

R$ 26.290,82

R$ 26.414,72

R$ 26.739,17

R$ 26.894,57

R$ 27.219,02

R$ 10.235,18

R$ 31.374,28

R$ 48.788,83 R$ 71.829,43

R$ 86.130,98

Fluxo de caixa acumulado

- R$ 99.381,82

-R$ 68.007,54

-R$ 19.218,71

R$ 138.741,70

R$ 52.610,72

R$

Conforme demonstrado o empreendimento só terá retorno econômico a partir do quarto ano, momento em que o fluxo de caixa acumulado fica positivo. O ponto de equilíbrio é outro indicador contábil que nos informa o volume necessário de vendas, no período de 5 anos, para cobrir todas as despesas, fixas e variáveis na produção de leite. Nesse caso, iremos considerar apenas a venda do leite.

Custo fixo total

R$

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 TOTAL

R$ 26.290,820 R$ 26.414,720 R$ 26.739,170 R$ 26.894,570 R$ 27.219,020 R$ 116.915,625

-


68

Custos variáveis unitários

Valor em R$/ litro

Mistura mineral Sanidade Diversos

R$ R$ R$

0,017 0,009 0,001

Juros sobre o financiamento

R$

0,022

TOTAL

R$

0,049

O ponto de equilíbrio é calculado pela seguinte forma: PE = Custo Fixo Total / Preço de venda unitário – Custo variável unitário PE = R$ 116.915,625 / R$0,60 - R$ 0,049 PE = 194.859 litros de leite = R$ 116.915,60 Portanto, será necessário vender 194.859 litros de leite para podermos cobrir todas as despesas com a atividade leiteira. Esse volume corresponde a aproximadamente 3 anos de vendas do leite com o preço de R$0,60 o ano todo e a R$ 116.915,60.

A análise da sensibilidade nos permite saber o comportamento do lucro líquido da atividade com mudanças para mais ou menos no preço do leite.

Tabela 16. Análise da sensibilidade do produção leiteira do sítio Família Sena Variação do preço

Preço de venda

Custo total médio

Margem unitária

-25% -20% -15% -10% 0% 5% 10% 15% 20% 25%

R$ 0,28 R$ 0,37 R$ 0,46 R$ 0,54 R$ 0,60 R$ 0,63 R$ 0,69 R$ 0,80 R$ 0,96 R$ 1,20

0,24 0,24 0,24 0,24 0,24 0,24 0,24 0,24 0,24 0,24

R$ 0,04 R$ 0,13 R$ 0,22 R$ 0,30 R$ 0,36 R$ 0,39 R$ 0,46 R$ 0,56 R$ 0,72 R$ 0,96

Lucro líquido R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$

11,81 40,14 68,46 93,46 111,98 121,24 140,68 172,76 221,94 295,73

Os resultados apresentados na tabela 16 demonstram que o preço caindo 25% ou aumentando 25%, a atividade leiteira permanece produzindo lucro, o que demonstra segurança no investimento. O resultado positivo do Valor Presente Líquido (VPL) significa que se todas as entradas forem descapitalizadas para a data 0, a 10% ao ano, elas cobrem o investimento inicial de


69

R$109.617,00 e geram um adicional de R$ 64.813,67. Dessa forma, quando o VPL é positivo o projeto é viável. Tabela 17. Análise econômica da produção leiteira do sítio Família Sena Descrição

Dados

Taxa mínima de atratividade

10%

Custo inicial do investimento por um ano a partir de hoje

-R$ 109.617,00

Retorno do primeiro ano Retorno do segundo ano Retorno do terceiro ano Retorno do quarto ano Retorno do quinto ano

R$ 10.235,18 R$ 31.374,28 R$ 48.788,83 R$ 71.829,43 R 86.130,98

Descrição

Fórmula

Valor líquido presente (VPL Taxa Interna de Retorno (TIR)

R$ 64.813,67 25%

A TIR corresponde a Taxa Interna de Retorno e demonstra um retorno de 25% ao ano em relação ao investimento realizado. Pode-se concluir que quando a TIR é maior que a TMA, este projeto é considerado atrativo.


70

7. Administração A administração da unidade de produção leiteira é essencial para o sucesso da atividade leiteira no sítio Família Sena. Ela inclui uma série de ações que auxiliam nas tomadas de decisão. Dentre os monitoramentos que devemos fazer, podemos citar o controle leiteiro, o controle reprodutivo, o controle da rentabilidade e os manejos executados nos piquetes. Para tanto, serão propostas as seguintes fichas de monitoramento.


71

DIA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Total Média

Planilha do CONTROLE LEITEIRO / MÊS: Produção do rebanho Mastite (Kg de leite) (sim ou não) Observação


72

DESENHOS DOS PIQUETES PARA CONSTRUÇÃO DA TABELA DE TEMPOS Nesse desenho deverá ser acrescentado o numero dos piquetes


73

Planilha do CONTROLE DO PASTOREIO / DIA MÊS: ENTRADA PIQUETE

Dia

Hora

SAÍDA Dia

Hora

NÚMERO Cabeças

LOTE

OCUPAÇÃO

OBSERVAÇÕES

Horas

Lua, desnate, repasse, roçadas, adubação...


74

Planilha do CONTROLE REPRODUTIVO VACA: _____________________________________ RAÇA:_______________________________________ QUANTIDADE DE PARTOS: _________________________________________ COBERTURA 1,2,3...**

Data

Nome do touro

Raça do touro

DATA do PARTO Monta natural ou Inseminação art.

Previsto

Ocorrido

CRIA Sexo (F / M)

Nome

Peso (kg)

Observação do bezerro (vivo ou morto)


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