Ana Laura Dias Maran
centro universitรกrio senac
2013
Ana Laura Dias Maran
Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de graduação em Design Gráfico - Bacharelado em Comunicação Visual pelo Centro Universitário Senac - Santo Amaro, sob orientação do Prof. Fernando Carvalheiro.
centro universitário senac
2013
MARAN, Ana Laura Pin-up Brasil / Ana Laura Dias Maran - São Paulo, 2013. Total de páginas: 156
Orientador: Fernando Carvalheiro Monografia (Design Gráfico - Bacharelado em Comunicação Visual) Centro Universitário Senac 1- PIN-UP 2- ESTÉTICA 3- CULTURA BRASILEIRA I. Fernando Carvalheiro II. Centro Universitário Senac III. Pin-up Brasil
Ana Laura Dias Maran Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de graduação em Design Gráfico - Bacharelado em Comunicação Visual pelo Centro Universitário Senac Santo Amaro, sob orientação do Prof. Fernando Carvalheiro.
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO Local:
Data de defesa: Resultado:
de
de
FERNANDO CARVALL centro universitário senac.
ANA CRISTINA AZEVEDO centro universitário senac.
PAULO BARRETO
centro universitário senac.
Dedico este trabalho a todas as mulheres (principalmente as brasileiras), devido à luta, à perseverança e à bravura para a conquista de seus direitos e imagem na sociedade, deixando assim um grande marco na história e a afirmação de que todas as mulheres foram e são ícones majestosos da beleza feminina. Aos meus pais, familiares e amigos pelo apoio e oportunidade de concluir esta importante e inesquecível etapa da vida.
dedicatória
Agradeço ao meu orientador e professor: Fernando Carvalheiro, por seu apoio e fornecimento de novos conhecimentos que levarei para o resto da minha carreira. Agradeço especialmente a todos aqueles que estiveram diretamente ligados a este projeto. À minha mãe Maria Cecília e à minha mãe de consideração, Sílvia, por tudo o que fizeram por mim, minhas queridas amigas de infância Maria Eduarda e Juliana, às novas grandes amizades e ajuda de Camila e Ádima. À minha tia Maria Ângela por suas artimanhas da língua portuguesa, aos meus amigos de faculdade, Camila, Gabriel, Jimmy, Julia, Lara, Luana, Mathias, Tarsio e Weverton que mesmo indiretamente foram fundamentais para que este projeto se concretizasse. Agradeço ao meu pai José Luiz e irmão, Marcelo, por todo o apoio dado; à minha cunhada Thaís por não me deixar fracassar e ao meu namorado Ricardo por sua paciência e carinho, mesmo nos momentos mais difíceis. À minha família, agradeço pelas palavras de apoio, incentivo, carinho, críticas e orgulho criado sobre mim. Me faltam palavras para descrever o quão agradecida me sinto pelo apoio que todos vocês me deram. Sem vocês não resultaria em algo tão fiel aos meus pensamentos e isso é muito gratificante para mim. Vocês foram essenciais em cada simples momento, até mesmo no simples abraço que representava um “vai dar tudo certo!. Talvez um obrigada seja muito pouco, mas é o que no momento tenho a oferecer. Muito obrigada, o obrigada mais sincero de todos os obrigadas.
agradecimentos
“Mulheres comportadas, raramente fazem história” MARILYN MONROE
O projeto a ser apresentado consiste em utilizar a estética da pin-up art para a representação da Cultura Brasileira por meio de ilustrações, através da direção de arte como processo criativo, que englobará: customização, caracterização, maquiagem, fotografia e a indumentária dos aspectos da cultura brasileira escolhidos, tais como: música, literatura, arte, dança e outros aspectos que fazem parte da cultura e de ícones do Brasil. Para que o projeto fosse constituído de maneira profissional, fez-se necessário elaborar uma pesquisa sobre todos os fatores que envolvem a pin-up art; desde seus antecedentes históricos mundiais e brasileiros até as origens e conceitos que estas apresentaram para o mundo. Foram utilizados livros, periódicos e a internet para a elaboração de uma pesquisa completa e fiel sobre as garotas de papel. O foco do projeto é expressamente voltado para a questão estética da pin-up art, não enfatizando a questão política que envolve toda a história que se antecede. Devido ao envolvimento com a ilustração, pretende-se atingir jovens e experientes ilustradores que possuam conhecimento e interesse pela arte e época “retrô”.
PALAVRAS CHAVE: PIN-UP, ILUSTRAÇÃO, CULTURA BRASILEIRA
The project to be presented is to use the aesthetics of pin-up art for the representation of Brazilian Culture through illustrations using the art direction as a creative process, which will include: customization, characterization, makeup, photography and clothing aspect of selected Brazilian culture, such as music, literature, art, dance and other aspects that are part of the culture and iconization Brazil. To the project be made in a professional manner, it was necessary to draw up a survey of all the factors involved in pin-up art, from its historical antecedents to the world and Brazilian origins and concepts they presented to the world. Were used books, periodicals and the Internet to the elaboration of a full and faithful research about the paper girls. The focus of the project is expressly focused on the aesthetics of pinup art, not emphasizing the political issue involved in all the history that precedes it. Due to the involvement with the illustration is intended to reach young and experienced illustrators who have knowledge and interest in art and retro era.
KEYWORDS: PIN-UP, ILUSTRATION, BRAZILIAN CULTURE
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RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1: ANTECEDENTES HISTÓRICOS 1.1. Primeira Guerra Mundial 1.2. Segunda Guerra Mundial 1.3. A visão da mulher na sociedade
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CAPÍTULO 2: O SURGIMENTO DAS PIN-UPS 2.1. Conceito de pin-ups 2.2. Origem 2.3. Principais ícones 2.3.1. Betty Grable 2.3.2. Marilyn Monroe 2.3.3. Bettie Page 2.4. Os artistas 2.4.1. Georges Léonnec 2.4.2. Charles Dan Gibson 2.4.3. George Petty 2.4.4. Alberto Vargas 2.4.5. Gil Elvgren 2.5. Veículos de Divulgação
30 33 40 40 43 46 49 50 51 53 56 59 64
CAPÍTULO 3: O BRASIL 3.1. O Brasil nas décadas de 40, 50 e 60 3.2. A mulher brasileira na época 3.3. O Movimento Feminista no Brasil 3.4. Aspectos da Cultura Brasileira
70 72 73 74
CAPÍTULO 4: PIN UPS NO BRASIL 4.1. Origem das pin-ups no Brasil 4.2. Principais ícones brasileiros 4.2.1. Carmem Miranda 4.2.2. Leila Diniz 4.3. Os artistas brasileiros 4.3.1. Alceu Penna 4.3.2. Vicente Caruso 4.3.3. Benício 4.4. Veículos de Divulgação
86 90 90 94 97 97 100 102 104
CAPÍTULO 5: O PROJETO 5.1. Proposta 5.2. Processo Criativo 5.2.1. Direção de arte 5.2.2. Técnica 5.3. Resultados
108 110 110 126 127
CONCLUSÕES FINAIS REFERÊNCIAS LISTA DE IMAGENS
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INTRODUÇÃO Sabe aquela mulher da casa ao lado? Aquela que você sempre a pega desprevenida pendurando uma roupa no quintal, ou molhando o jardim? Ou aquela que, sem querer, deixa cair algo no chão, levando imediatamente a mão à boca pronunciando um “Ops!” e olha para você de forma angelical, ajeitando a saia que ficou enroscada quando passou pelo portão de casa mostrando sutilmente sua cinta-liga? Esta mulher que fez o seu coração disparar por instantes, a garganta secar e os olhos vidrarem...é a famosa pin-up! Há mais de cem anos essas beldades enlouquecem as cabeças dos homens de todo o universo. Consideradas apenas arte ou até mesmo um sonho excepcionalmente desejado, as pin-ups revolucionaram a imagem e atitude das sociedades constituídas a partir de sua origem. Origem esta que não poderia ter sido em momento tão propício quanto a Segunda Guerra Mundial, a qual era composta de bravos soldados que se entregavam de corpo e alma em combate pela defesa de seu glorioso país. Elas foram capazes de tornar a tragédia em algo belo e inspirador. Não é à toa que estas eram reproduzidas em aviões e mísseis de guerra. Trouxeram o alívio para aqueles que há anos não possuíam contato com suas mulheres e trabalharam a imaginação masculina de maneira inacreditável. O projeto aqui a ser apresentado tem por objetivo trabalhar a estética deste fenômeno para a representação da cultura brasileira por meio de ilustrações, utilizando a direção de arte como processo criativo englobando a indumentária dos aspectos da cultura brasileira escolhidos, customização, caracterização, maquiagem e fotografia. Para que o projeto fosse constituído de maneira profissional, fez-se necessário elaborar uma pesquisa sobre todos os fatores que envolvem a pin-up art; desde seus antecedentes históricos mundiais e brasileiros até as origens e conceitos que estas apresentaram para o mundo. Foram utilizados livros, periódicos e a internet para a elaboração de uma pesquisa completa e fiel sobre as garotas de papel. No primeiro capítulo serão abordados os principais momentos históricos que antecedem a origem das pin-ups e que acredito terem sido também uma iniciativa, mesmo que indireta, para a origem destas. Haverá uma breve abordagem das principais grandes guerras, a Primeira Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial, (momento em que estas beldades surgem definitivamente). Também é de grande importância trazer ao conhecimento do leitor a visão que as sociedades antigas tinham da mulher, e também como eram tratadas. Por último será abordado de forma sucinta a questão do movimento feminista, que foi um grande marco na conquista da liberdade feminina sobre seus direitos sociais, culturais e trabalhistas. No segundo capítulo, o leitor conhecerá a origem das pin-ups no mundo; o primeiro subcapítulo traz o conceito ao pé da letra sobre o termo pin-up. Logo em seguida é discutida a origem destas em diversos países e principalmente durante a década de 40, momento este que representa o início da
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Segunda Guerra Mundial. É importante também trazer para aqueles que ainda não conhecem sobre o assunto quais foram as estrelas que se tornaram ícones do fenômeno pin-up e também por quais artistas estas garotas de papel foram retratadas, mostrando assim um pouco das obras e falando sobre a técnica que cada um utilizava. Para encerrar o segundo capítulo, faz-se necessário falar sobre as publicações que divulgavam esta arte para o mundo. Devido ao projeto ser focado na cultura brasileira foram necessários dois capítulos que seguissem a mesma sequência dos capítulos anteriores, porém voltados exclusivamente para o Brasil. Contudo, o terceiro capítulo traz primeiramente a situação em que o Brasil se encontrava nas décadas de 40, 50 e 60. O conteúdo se baseia somente nos fatos históricos que aconteceram no país durante a época estipulada. Assim como antes foi falado sobre a visão que a mulher possuía antigamente, foi necessário argumentar sobre a visão destas no Brasil, assim como o movimento feminista. No último subcapítulo deste capítulo, serão abordados os aspectos da cultura brasileira escolhidos para o desenvolvimento das ilustrações do Pin-up Brasil. No quarto capítulo será retratada a origem das pin-ups no Brasil, os meios que provocaram o surgimento dessas mulheres idealizadas em nosso país. Logo após serão apresentadas as mulheres que se tornaram ícones de beleza e que se acredita serem as principais pin-ups brasileiras. Assim como em outros países, o Brasil também foi berço de inúmeros artistas consagrados sobre este assunto, porém todos estes com influências americanas. Para encerrar o penúltimo capítulo, as publicações que ajudaram a divulgar este novo estilo de arte no Brasil durante as décadas de 40, 50 e 60. Com toda a pesquisa elaborada e organizada, pode-se afirmar que a base para o projeto Pin-up Brasil está constituída. O quinto capítulo é resumidamente a proposta do projeto que será apresentado. Neste capítulo será argumentada a proposta do projeto, o processo criativo que foi utilizado e a técnica que será apresentada por meio das ilustrações das pin-ups brasileiras.
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ANTECEDENTES HISTóRICOS
Para explicar a origem que as pin-ups tiveram no mundo, faz-se necessário esclarecer quais foram os antecedentes históricos que estas vivenciaram para um dia se popularizarem em meio às sociedades e também as influências que as grandes guerras e movimentos tiveram em relação ao surgimento destas mulheres. Sendo assim, neste capítulo estarão contextualizados os momentos mais marcantes do século XX, caracterizados pela Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial (onde se dá a origem das pin-ups), a visão que as mulheres possuíam sobre a sociedade machista e conservadora da época e, por fim, o Movimento Feminista.
1.1 PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL Com base nas afirmações do autor Eric Hobsbawn (1995), a Primeira Guerra Mundial foi um marco inesquecível para o início do século XX. Segundo historiadores e pessoas que presenciaram este momento, afirmava-se que o fim do mundo estaria próximo e que, antes de 1914, a “Paz” seria possível de ser reconhecida e retratava os anos que antecederam o início da guerra. Nunca havia acontecido na história uma guerra como esta e que envolvia todas as grandes potências mundiais; foi de fato algo assustador. [...] A Primeira Guerra Mundial envolveu todas as grandes potências, e, na verdade, todos os Estados europeus, com exceção da Espanha, os Países Baixos, os três países da Escandinávia e a Suíça.
E mais: tropas do ultramar foram, muitas vezes pela primeira vez, enviadas para lutar e operar fora de suas regiões. Canadenses lutaram na França, australianos e neozelandeses forjaram a consci-
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ência nacional numa península do Egeu - “Gallipoli” tornou-se seu mito nacional - e, mais importante, os Estados Unidos rejeitaram
a advertência de George Washington quanto a “complicações eu-
ropeias” e mandaram seus soldados para lá, determinando, assim, a forma da história do século XX. Indianos foram enviados para a
Europa e o Oriente Médio, ; batalhões de trabalhadores chineses vieram para o Ocidente, africanos lutaram no exército francês. Embora a ação militar fora da Europa não fosse muito significativa a não ser no Oriente Médio, a guerra naval foi mais uma vez global: a primeira batalha travou-se em 1914, ao largo das ilhas Falkland,
e as campanhas decisivas, entre submarinos alemães e comboios
aliados, deram-se sobre e sob os mares do Atlântico Norte e Médio. (HOBSBAWN, 1995, p. 31)
Tudo partiu inicialmente de uma guerra essencialmente europeia, entre a tríplice aliança constituída pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália contra a tríplice entente constituída pela Inglaterra, França e Rússia. Após os submarinos alemães afundarem dois navios mercantes brasileiros, o Brasil entra na guerra ao lado da tríplice entente (HOBSBAWN, 1995, p. 32). As batalhas eram feitas em trincheiras (fig. 1,2) deixando soldados, dia após dia, enfurnados ali, com o objetivo de conquistar pequeno territórios. Novas tecnologias como tanques de guerra e aviões foram utilizadas durante a Primeira Guerra Mundial. No ano de 1917, os Estados Unidos entrou no conflito ao lado da Tríplice entente, tal fato foi decisivo para a vitória da Entente. Os países da tríplice aliança tiveram que assinar o Tratado de Versalhes sob fortes restrições e punições (PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL, 2012, online).
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2 FIG 1: Trincheira - Fonte: http://goo.gl/JeoGF - Acesso em: 19/11/2012 FIG 2: Trincheira - Primeira Guerra Mundial - Fonte: http://goo.gl/Ngn51 - Acesso em: 19/11/2012
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1.2 SEGUNDA GUERRA MUNDIAL A insatisfação dos países derrotados na Primeira Guerra era extrema. Os partidos comunistas de extrema esquerda e os partidos socialistas de extrema direita, seguidores de Adolph Hitler, possuíam em comum a condenação do Tratado de Versalhes proposto de forma injusta e inaceitável ao fim da Primeira Guerra Mundial à Alemanha. Portanto, segundo o autor Eric Hobsbawn (1995, p. 43): “[...] a pergunta sobre quem ou o que causou a Segunda Guerra Mundial pode ser respondida em duas palavras: Adolph Hitler.”. Um dos principais motivos para se iniciar a Segunda Guerra Mundial foram os governos totalitários que surgiram na Europa na década de 1930, o nazismo na Alemanha comandado por Adolph Hitler e o fascismo na Itália comandado por Benito Mussolini. Ambos os países passavam por uma situação econômica bastante séria. O Japão se juntou ao Eixo, com o objetivo de expandir o território. Em 1939, a Alemanha invadiu a Polônia, fato este que levou a França e a Inglaterra declararem imediatamente guerra à Alemanha. Formaram-se dois grupos de combate - Os Aliados (Inglaterra, URSS, França e Estados Unidos) e o Eixo (Alemanha, Itália e Japão) (SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, 2012, online). De 1939 a 1941, a guerra é lembrada por inúmeras vitórias do Eixo, porém após o ataque do Japão à base militar norte-americana de Pearl Harbor, os Estados Unidos entraram no conflito ao lado das forças aliadas, resultando, assim, na derrota do Eixo no período de 1941 a 1945. No ano de 1945, os Estados Unidos provocam uma tragédia desnecessária ao Japão ao lançar bombas atômicas sobre as cidade de Hiroshima e Nagazaki (SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, 2012, online). Abaixo, algumas fotos tiradas durante a Segunda Guerra Mundial.
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4 FIG 3 e 4: Fotos da Segunda Guerra Mundial - Fonte: http://goo.gl/cqig5 - Acesso em: 19/11/2012.
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A Segunda Guerra Mundial não foi só uma guerra mundial; foi tam-
bém, e acima de tudo, uma guerra “total”, mais do que a anterior havia sido. Seus efeitos se estenderam muito além dos campos de
batalha, desorganizando a vida de centenas de milhões de pessoas em cada canto do planeta e causando destruições em uma escala
imensa. A mais imponente e sangrenta guerra da história da humanidade [...] (LAROUSSE, 2009, p. 273)
1.3 A VISÃO DA MULHER NA SOCIEDADE Por muitos anos as mulheres não tiveram a oportunidade de se manifestar pela conquista de seus direitos e acabaram se tornando elementos submissos de uma sociedade estritamente machista e conservadora. O silêncio era a única solução para os problemas e requisições da sociedade feminina. Antigamente na Grécia, ser mulher era o mesmo que ser um escravo, pois qualquer trabalho que fosse executado por estas era de fato desvalorizado pelo homem. O único objetivo pelo qual a mulher estava no mundo era o de reproduzir a espécie humana e o de servir a seus maridos (ALVES, PINTANGUY, 1991, p. 11). Para Xenofonte, a mulher deveria ter o menor contato possível com a cultura e educação, para afirmar tal argumento: “[...] que viva sob uma estreita vigilância, veja o menor número de coisas possível, ouça o menos número de coisas possível, faça o menor número de perguntas possível” (XENOFONTE apud ALVES, PITANGUY, 1991, p. 12). Através desta afirmação, pode-se concluir o tratamento e inferioridade que a mulher, não só grega, possuía pela sociedade masculina. Diferentemente da Grécia, nas tribos de Gália e da Germânia, as mulheres eram tratadas semelhantemente aos homens, exerciam funções e decisões ao mesmo nível do público masculino e também, quando necessário, tinham direito ao poder de superioridade mediante a um homem (ALVES, PINTANGUY, 1991, p. 15). A mulher teve maior participação em termos históricos, quando surgiram os conflitos da Segunda Guerra Mundial, pois se fez necessário a ajuda destas para os meios trabalhistas. A função doméstica imposta para estas mulheres demandava de forças e cansaços iguais aos dos homens, porém isto não podia ser considerado uma justificativa válida para a igualdade entre os salários, o homem sempre ganharia a mais (ADÍLIA, 2010, online). Conforme o tempo, as mulheres de todo o mundo ganharam voz para enfrentar todos os problemas que há anos carregavam por sua reputação. Sendo assim, sugiram os grupos feministas, a fim de lutar por seus direitos sociais que abrangiam, principalmente, a educação e o trabalho. Aos poucos a sociedade feminina ganhou espaço e deixou de ser submissa. Atualmente a liberdade cedida às mulheres é o resultado de que não se deve haver inferiorização de raças, gêneros e sexo.
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O feminismo busca repensar e recriar a identidade de sexo sob uma ótica em que o indivíduo, seja ele homem ou mulher, não tenha que adaptar-se a modelos hierarquizados, e onde as qualidades “femininas” ou “masculinas” sejam atributos do ser humano em sua globalidade. Que a afetividade, a emoção, a ternura possam aflorar sem cons-
trangimentos nos homens e serem vivenciadas, nas mulheres, como
atributos não desvalorizados. Que as diferenças entre os sexos não se traduzam em relações de poder que permeiam a vida de homens e mulheres em todas as dimensões: no trabalho, na participação política, na esfera familiar, etc... (ALVES, PITANGUY, 1991, p. 9-10).
Durante o século XVII, surge Ann Hutchinson, considerada uma das primeiras mulheres a obter atitude o suficiente de manifestar sua voz para a defesa geral das mulheres na história americana. A mesma afirmava que tanto o homem quanto a mulher foram criados por Deus de forma igualitária, porém este seu pensamento a levou a ser condenada ao banimento no ano de 1937. O século XVIII é conhecido devido às inúmeras revoluções que aconteceram, é neste momento que o feminismo surge adquirindo características de uma política organizada. Na França, o movimento feminista assume o discurso próprio e afirma oficialmente a luta das mulheres por seus direitos de igualdade. Ainda de acordo com as autoras (ALVES, PINTANGUY, 1991), no século XIX, a decadência do processo produtivo e da organização do trabalho, em especial a desvalorização da mão-de-obra feminina são consequências de um sistema capitalista. Com a Revolução Industrial, o desenvolvimento de tecnologias afetava cada vez mais o trabalho feminino, sofrendo desigualdades sobre o pagamento de salários em comparação aos homens. Nomes como Jeanne Deroin e Flora Tristan surgem para defender a situação das mulheres como meras operárias. Após uma luta árdua e constante por seus direitos, no dia 8 de março de 1857, as mulheres trabalhadoras romperam seu silêncio e colocaram seus pensamentos a conhecimento da sociedade em geral, organizaram uma marcha pela cidade para o protesto contra seus baixos salários e para a redução da jornada de trabalho para 12 horas. Cinquenta e um anos após este fato, no mesmo dia 8 de março de 1908, operárias saíram às ruas com as mesmas queixas e também com o pedido de direito de voto às mulheres. Porém, somente em 192,0 foi ratificada a 19ª Emenda Constitucional, a qual concedia à mulher o direito de voto. O movimento sufragista pode ser considerado um movimento feminista pelo fato de denunciar a exclusão da mulher da possibilidade de participação em todas as decisões tidas como públicas. Nas décadas de 30 e 40, alguns dos direitos das mulheres foram atendidos: estas já possuíam o direito de votar, de ingressar nas instituições escolares e também de participar do mercado de trabalho. Marcado pelo início de uma nova guerra mundial e pelas necessidades econômicas geradas por esta, a mão-de-obra feminina passa a ser valorizada mais do que nunca. Porém, com o final da guerra e já não havendo mais a necessidade do trabalho feminino como durante a era de conflitos, a desvalorização toma o posto novamente. A década de 60 foi caracterizada pela luta contra o racismo, pelo direito das minorias, colonialismo e reinvindicações estudantis. É só a partir da década de 70 que o feminismo ressurge e se constitui, atuando na sociedade como núcleos congregadores de grande número de mulheres. Segundo ainda Alves e Pitanguy (1991), existem atualmente os chamados grupos de reflexão, em que as mulheres possuem um espaço próprio para o compartilhamento de conhecimentos, dificuldades, frustrações e alegrias como forma de expressão de forma coletiva, “[...] para compreender-se através de sua voz e da voz de suas companheiras, para descobrir sua identidade e conhecer-se.”.
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SURGIMENTO DAS PIN-UPS
A década de 40 juntamente com a Segunda Guerra Mundial foram o início para o sucesso dessas mulheres. Neste capítulo será retratada a origem e a importância que as pin-ups possuíram durante os seus anos de glória. Para tal sucesso, foi estabelecido um padrão e um conceito para essas garotas, os quais tornaram as principais estrelas hollywoodianas em verdadeiras pin-ups de carne e osso. Mas nada seria possível se não fossem os principais artistas e publicações divulgarem de forma esplêndida tamanha beleza que estas mulheres representavam.
2.1 CONCEITO DE PIN-UPS Donas de pernas lindas e longas, seios volumosos, cintura marcada e um olhar que faz qualquer homem prender fundo a respiração. Estão raramente nuas, porém sempre a mostrar partes do corpo que as tornem desejáveis por aqueles que a admiram, devido a suas genitais estarem quase sempre escondidas, a representação explícita de um ato sexual passa a não existir tanto quanto é sugerida por estas inspiradoras mulheres. E é por esse motivo que, nas décadas de 40 e 50, muitas pessoas, na maioria das vezes as próprias mulheres, associavam essas representações ao vulgar, ao indecente, pois estas despertavam os desejos sexuais masculinos levando-os à loucura, justamente em uma época que a sociedade se definia como extremamente conservadora e o papel da mulher era apenas o de ser digna como dona de casa. Surge, a partir deste pensamento, a comparação da mulher como um objeto sexual, o qual tem somente a função de despertar interesse sexual e de satisfazer aquilo que foi instigado na população masculina, as pin ups podiam ser consideradas imagens pornográficas ou eróticas, representações de um lado negro da história (BUSZEK, 2006, p. 8). Como afirma a autora Maria Elena Buszek (2006, p.8), o gênero pin-up não surgiu para representar o erotismo ou a pornografia e sim para mostrar ao mundo uma nova visão sob o papel da mulher: resumidamente é a representação do auto-conhecimento de uma mulher positiva, vigorosa e independente. O foco principal está na figura feminina sozinha, sem estar acompanhada de um homem ou mulher
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para que não haja justamente este pensamento de serem imagens representativas da pornografia explícita. As pin-ups são figuras sensuais, sorridentes e aparentemente inocentes, donas de uma beleza invejável e grandiosa. Vieram para mostrar o poder que as mulheres possuíam em meio à sociedade; algumas fotografias e ilustrações antes dos movimentos feministas e da revolução sexual já revelavam sinais sobre a libertação feminina devido à exposição do corpo e a reiteração sensual da mulher em um universo dominado por valores e razões masculinas. Foi através da sensualidade e sexualidade que as representações artísticas das pin-ups conseguiram contrapor o poder da razão masculina e controlá-los; de fato elas não tinham nada de inocentes (ANAZ, 2012, online). Uma expressão que representava essas mulheres muito antes de estas serem conhecidas e datadas como “Pin-ups”, havia surgido aproximadamente em 1934, foi a expressão “Cheesecake”, a qual se definiu devido estar no contexto quando se tratava de falar sobre uma bela mulher, “Better than Cheesecake” (melhor do que “bolo de queijo”), esta era a expressão como se definia uma mulher que era para a época um verdadeiro pitéu (O QUE É PIN UP?, 2009, online). De acordo com Buszek (2006), foi em meados da década de 40 que surgiu definitivamente o termo “Pin-up”, época que pode ser considerada os anos de glória para estas musas. Os meios de produção em massa se desenvolvem em meio a uma sociedade mais receptiva à representação da sexualidade feminina, sendo assim, cartões-postais, calendários e pôsteres levam as imagens dessas mulheres para dentro das casas, trabalhos, e assim o fenômeno das pin-ups começa a se espalhar pela Europa e Estados Unidos. Segue abaixo exemplos dessas ilustrações que na década de 40 foram um sucesso em meio aos homens (fig 5, 6, 7).
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FIG 5: The Petty Girl Suit (1940) - George Petty - Fonte: http://goo.gl/daX89 - Acesso em: 15/09/2012 FIG 6: Temptation (1941) - Alberto Vargas - Fonte: http://goo.gl/8TFIH - Acesso em: 15/09/2012 FIG 7: A Pleasing Discovery (1942) - Gil Elvgren - Fonte: http://goo.gl/GIyQV - Acesso em: 15/09/2012
No artigo “Tudo o que você sempre quis saber sobre as pin ups, sem nunca ousar perguntar” do website “Fashion Bubbies” Claire Guillot (2006), retrata em seu texto de maneira simples o real significado e origem do termo “Pin-up”:
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Oops! Deixei cair a minha calcinha…”, exclama uma linda garota, com uma
perna para cima e os seios arrebitados. Sexy, sorridente e bobinha, tal é o
estereótipo da pin-up. Uma garota de papel que os esportistas nos vestiários ou os soldados nos quartéis penduram por meio de alfinetes (to pin-up), há mais de um século. Que ela seja desenhada ou fotografada, numa
revista ou num calendário, a pin-up não é uma mulher de verdade, e sim uma fantasia: ela é feita para ser devorada com os olhos, e não para casar.” (GUILLOT, 2006, online).
E para completar esta informação, Olavo Saldanha (2007), nos mostra de forma sintetizada a importância e o conceito sobre estas mulheres que deixaram sua marca na história. O conceito das garotas pin-up era bastante claro: eram sensuais e ao mesmo tempo inocentes. A verdadeira pin-up jamais poderia ser vulgar ou ofe-
recida, apenas convidativa. Asseguradas pelos traços sofisticados vindos da art-nouveau, elas vestiam peças de roupa que deixavam sutilmente à
mostra suntuosas pernas e definidas cinturas. Era o bastante para alimentar a fantasia dos marmanjos. (SALDANHA, 2007, online).
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Portanto, ao pé da letra, “Pin-up” significa “cravar com tachinhas”, ato este que os soldados executavam em seus momentos de solidão durante a guerra, por estarem longe de casa e sentirem falta de ter uma mulher ao lado, estes afagavam suas saudades e desejos através das imagens dessas mulheres irresistíveis. Recortavam ou destacavam suas idealizações de revistas, calendários e penduravam nas paredes de seus aposentos ou até mesmo nas trincheiras para tê-las como inspiração e força durante a sangrenta guerra. Era comum se ver nessas ilustrações, situações do dia a dia dessas beldades, muitas apareciam praticando algum esporte ou até mesmo executando um de seus serviços rotineiros de casa como passar roupas, molhar o jardim e até mesmo cozinhar. Coisas que definiam o modo de ser “dona de casa” de uma forma sutil e quase inocente. Mas além de representar as tarefas de casa (fig. 8), as pin-ups também traziam quando ilustradas as profissões que exerciam na época, tarefas como secretárias e professoras que eram bastante comuns entre as mulheres da década de 40 (fig. 9). Porém por viverem uma era de guerra, muitos artistas retratavam-nas como militares (fig. 10), fato este ligado diretamente com os soldados da Segunda Guerra Mundial que ao olharem para essas mulheres representando o seu país se inspiravam e encorajavam-se a lutar bravamente.
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FIG 8: Let’s Eat Out (1967) - Fonte: http://goo.gl/gE4du - Acesso em: 17/09/2012 FIG 9: I’m Never Promoted. But I Get Lots of Advances (1946) - Fonte: http://goo.gl/UtrKi - Acesso em: 17/09/2012 FIG 10: Air Force Girl - Fonte: http://goo.gl/4SXhQ - Acesso em: 17/09/2012.
2.2 ORIGEM Toda a história que abrange as pin-ups possui registros desde muito tempo atrás, aproximadamente no final do século XIX, quando a Segunda Revolução Industrial surge para executar melhorias e aperfeiçoamentos das tecnologias que haviam surgido na Primeira Revolução Industrial. A Revolução Industrial apresentou novas oportunidades de emprego para os homens da sociedade e junto a eles, porém em menor escala, as mulheres também receberam propostas para trabalhar em fábricas, na indústria têxtil (fig. 11) e em outros cargos que eram necessários (ADÍLIA, 2010, online). Muitas pessoas acreditavam e ainda acreditam que essas oportunidades de trabalho eram exploratórias, mulheres e crianças (fig. 12) trabalhavam horas seguidas para serem remunerados por uma quantia muito baixa, porém o professor Ludwig Von Mises (1995 apud HESSEN, 2012) ressalta um fato que é importante ser lembrado: Os proprietários das fábricas não tinham poderes para obrigar ninguém a
aceitar um emprego nas suas empresas. Podiam apenas contratar pessoas que quisessem trabalhar pelos salários que lhes eram oferecidos. Mesmo que esses salários fossem baixos, eram ainda assim muito mais do que aqueles indigentes poderiam ganhar em qualquer outro lugar. É uma dis-
torção dos fatos dizer que as fábricas arrancaram as donas de casa de seus lares ou as crianças de seus brinquedos. Essas mulheres não tinham como alimentar os seus filhos. Essas crianças estavam carentes e famintas. Seu
único refúgio era a fábrica; salvou-as, no estrito senso do termo, de morrer de fome. (MISES, 1995, p. 626 apud HESSEN, 2012, online)
Anterior a esta oportunidade para o trabalho feminino, o serviço que as mulheres desta sociedade estavam acostumadas a fazer era o de cuidar de seus filhos e realizar suas tarefas domésticas. De acordo com o blog de Adília (2010, online), as primeiras candidatas a serem chamadas para trabalhar fora de casa foram as mulheres solteiras, devido a não terem outras responsabilidades como maridos e filhos, porém, ao passar do tempo, o índice de mulheres casadas passou a crescer também, e estas passaram a enfrentar a jornada dupla em suas vidas.
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Foi a partir dessa atitude que um clima de libertação passou a existir sobre as mulheres da época, o questionamento sobre seus direitos comparados aos dos homens passa a ser constante, porque estes não eram iguais? Já que o trabalho das mulheres poderia ser considerado semelhante ao dos homens devido o esforço e cansaço serem os mesmos. Assim, surge junto a Revolução Industrial o movimento feminista (como já explicado no capítulo um); o movimento que procura atender aos direitos da mulher, e posiciona-las na sociedade como um gênero de poder juntamente aos homens, os quais sempre usufruíram de seus direitos rebaixando as mulheres neste quesito. As profissões que eram dadas como oportunidade variavam entre secretárias, professoras, empregadas domésticas, enfermeiras e o mais comum dentre estas; operárias de fábricas e indústrias que estavam em alta no mercado de trabalho (ADÍLIA, 2010, online).
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12 FIG 11: Mulheres trabalhando em indústria têxtil - Fonte: http://goo.gl/QnPDy - Acesso em: 17/09/2012 FIG 12: Crianças trabalhando em indústria têxtil - Fonte: http://goo.gl/s8aea - Acesso em: 17/09/2012
Para a época, uma atitude como esta, vinda das mulheres era de fato assustadora e ameaçadora para os homens. A mulher, que agora era um ser moderno, autoconsciente e independente, fez com que muitos homens e ainda algumas mulheres se opusessem a elas por acharem que mulheres estudadas e trabalhadoras se tornavam masculinizadas e egoístas e que estariam tomando essa atitude para fugir de suas obrigações domésticas, o que seria uma ofensa para uma mulher submissa e digna. Um fato histórico vale a pena ser lembrado para ilustrar essa situação sobre a liberdade que a mulher obteve através do trabalho, algo que vai além de uma simples ilustração feminina: uma mulher em pose de desafio a todos que a admiram, mais conhecida como “Rosie, The Riveter”, a qual levava junto de sua imagem uma das frases que marcaram o maior movimento político junto ao feminismo, “We Can Do It”. Quando o governo americano se viu obrigado a contratar mulheres para trabalhar nas fábricas e usinas do país, desenvolveu a ideia dos cartazes como uma estratégia de marketing, ou seja, estampariam a imagem de uma mulher batalhadora, incentivaria as mulheres da sociedade a trabalharem a favor deles, pois assim estas acreditariam ter algum poder em uma sociedade dada por pensamentos e atitudes masculinas (@VINTAGEPRI, 2011, online). No artigo “Yes, We Can Do It” do website “Nos tempos da minha avó”, @vintagepri (2011) explica com clareza essa estratégia que os Estados Unidos tomaram para conseguir que as mulheres trabalhassem a seu favor.
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Durante a Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos que tentava a todo custo reestabelecer a economia do país e não poderia contar com maior parte dos homens que deixaram seus lares e trabalhos para servirem às Forças armadas (1941). Devido a carência de mão de obra, o governo decidiu assim criar uma campanha para encorajar as mulheres ao trabalho
como em fábricas de produção de matéria bélico. A campanha teve um for-
te apelo também aos maridos que tinham que permitir que suas esposas deixassem os lares ou empregos como secretária ou professoras para um trabalho mais braçal.” (@VINTAGEPRI, 2011, online).
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A personagem foi utilizada pela primeira vez em 1942, em uma composição feita por Redd Evans e Jacob John Loeb, a qual mais tarde veio a ser entre as mulheres um hino patriota. O objetivo de Rosie foi seguido por todas as mulheres da sociedade, desmistificando, assim, a capacidade de trabalhos pesados e a força de vontade que antes somente os homens obtinham (@VINTAGEPRI, 2011, online).
FIG 13: Cartaz “We Can Do It” - Fonte: http://goo.gl/R5sC - Acesso em: 11/09/2012
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O cartaz “We Can Do It” (fig 13) ilustra essa “nova mulher”, arregaçando as mangas da blusa pronta para fazer aquilo que fosse proposto, sem medo e sem frescura. Mesmo sendo uma imagem representativa de força e poder, ela não perde a feminilidade, sua maquiagem, seus brincos e o lenço na cabeça são símbolos que, acima de tudo, mesmo possuindo forças para ocupar o lugar de um homem, não deixam de ser mulheres (@VINTAGEPRI, 2011, online). O final da Segunda Guerra Mundial não foi motivo para que essas mulheres largassem seus postos, e sim uma motivação para que houvesse continuidade no trabalho feminino, mesmo recebendo salários inferiores aos dos homens; as mulheres foram à luta ainda mais seriamente para conquistar seus direitos. Por curiosidade, uma matéria do Jornal Folha de São Paulo (2010), relata que Geraldine Doyle morreu em 26/12/2010 com 86 anos, e foi uma foto de quando tinha 17 anos que serviu de modelo para o famoso cartaz de uma mulher vestindo um lenço na cabeça e mostrando o bíceps. Segundo Sandy Soifer (2010), “Ela era definitivamente uma das Rosies [...] Acreditamos que ela é a modelo do desenho que é o mais normalmente usado nos cartazes e produtos”. O que mais impressiona a todos é que: “Doyle disse ao “Lansing State Journal” em 2002 que até 1984 [...] ela não tinha se dado conta de que era o rosto estampado no cartaz, patrocinado pelo Comitê de Coordenação de Produção da Guerra dos EUA” (OPERÁRIA QUE INSPIROU [...] CARTAZ DA SEGUNDA GUERRA MORRE NOS EUA, 2010, online). A questão da Revolução Industrial foi muito importante para o surgimento das pin-ups, pois foi nesta era que surgiram os meios de reprodução em massa, que, como afirma a autora Maria Elena Buszek (2006), “a pin-up é um gênero associado com a reprodução em massa , distribuição e consumo” (BUSZEK, 2006, p.11) E continua afirmando que: É no século XIX que são reunidas as condições para a emergência do gênero [...] quando surgem os meios de produção das imagens em massa, uma
classe média urbana e uma sociedade mais aberta à representação da sexualidade feminina. (BUSZEK, 2006, p. 86).
Foi quando jornais, revistas, pôsteres e cartões postais passaram a ser produzidos em massa e distribuídos a todos e eram nestes meios que podiam ser encontradas imagens e ilustrações das pin-ups, as quais eram frutos da publicidade na época. Segundo Gonçalo Junior (2011, p.143), a comercialização dessas imagens não foi uma invenção americana: teve sua origem na França e Alemanha devido aos ousados cartões-postais com imagens sensuais de garotas que eram distribuídos pelo mundo através da indústria do sexo, porém foi na américa que estas garotas ganharam inúmeras formas (GONÇALO, 2011a, p. 143). Como já explicado no subcapítulo acima (Conceito de Pin-ups), o termo surgiu devido a estas ilustrações ou fotografias serem penduradas por soldados, durante a guerra, em paredes, armários e outros suportes, para que assim pudessem saciar a saudade de suas mulheres que deixaram em casa ou simplesmente para idealizarem a mulher que gostariam que estivesse ao seu lado. De acordo com Danielle Silveira da Cunha (2010, p.33), o fenômeno se desenvolveu durante e ainda mais depois da Segunda Guerra Mundial, aproximadamente na década de 40, os anos de glória (como podemos chamar) dessas deusas, eram conhecidas entre os soldados norte-americanos como “armas secretas”, devido dar a estes o poder do alívio e fazê-los sonhar em meio a um campo de ba-
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talha. Os soldados e garotos da época colecionavam essas figuras feitas a lápis e tinta, e era somente isso que saciava seus desejos e curiosidades sobre a idealização do corpo de uma mulher. Mas não foram apenas nas revistas e jornais que estas beldades podiam ser encontradas: o cinema e a publicidade também trouxeram e utilizaram a imagem das pin-ups através de ícones famosos que adotavam o estilo e a cultura deste fenômeno. Nomes americanos como o de Marilyn Monroe e Jayne Mansfield e nomes europeus como o de Sophia Loren e Brigitte Bardot surgiram para inspirar ainda mais renomados artistas em suas obras próximo ao fim da Segunda Guerra Mundial. Estas eram conhecidas como as pin-ups de carne e osso, representavam o padrão de beleza exposto pelas pin-ups ilustradas por artistas da época, seios volumosos, quadris delineados, cinturas marcadas, pernas exuberantes e, é claro, o ar de erotismo e sensualidade proposto por essa cultura. Como citado na monografia de Danielle Silveira da Cunha (2010, p.34), as pin-ups conquistaram novas estéticas e culturas sobre a sociedade, e o cinema foi aquele que abrangeu de forma fiel a figura das pin ups durante os anos de glória, filmes como “Pin-up Girl”, “Ninotchka“ e “Quem matou Vicki?” (fig. 14, 15, 16) nos mostram essa caracterização sensual e provocante do universo das pin-ups.
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FIG 14: Cartaz do filme Pin Up Girls (1944) - Fonte: http://goo.gl/CNtfi - Acesso em: 17/09/2012 FIG 15: Cartaz do filme Ninotchka (1939). Fonte: http://goo.gl/U6ZLU - Acesso em: 17/09/2012. FIG 16: Cartaz do filme Quem matou Vicki? (1941). Fonte: http://goo.gl/YiAuq - Acesso em: 17/09/2012.
As pin-ups também foram destacadas de uma forma diferente em uma conceituada arte na Segunda Guerra Mundial, a chamada “Nose Art”, que de acordo com Laís Pacheco (2011, online) teve sua origem na Primeira Guerra Mundial quando os soldados tinham como hobby customizar as fuselagens dos aviões de guerra. Mas foi na Segunda Guerra Mundial que a “Nose Art” realmente tomou forma; as
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pinturas podiam ser encontradas em diversos modelos e tipos de aviões militares. Foram os pilotos italianos e alemães que deram origem a essa forma de expressão em meio a uma guerra tão trágica. Recebeu este nome devido as pinturas serem feitas na ponta do avião, no “nariz”. Ali eles pintavam tudo o que achavam que seria inspirador naquele momento tão difícil, era um método de encorajá-los, tornando-se, assim, uma forma de proteção psicológica contra tudo aquilo que pudesse vir a acontecer. O italiano Francesco Baracca foi quem produziu a primeira “Nose Art” da história, conhecida como “Cavallino Rampante” (fig. 17), pintura que ficou extremamente conhecida no mundo e que até hoje pode ser vista como fonte de origem do famoso cavalo empinado da marca Ferrari. Essa pintura consagrada foi feita no ano de 1913, em um “flying boat” italiano, um avião que pode pousar tanto em água como em terra (PACHECO, 2011, online).
17 FIG 17: Primeira “Nose Art” - Cavallino Rampante (1913) - Fonte: http://goo.gl/4kE29 - Acesso em: 17/09/2012.
Ainda de acordo com Laís Pacheco (2011, online), anos após esta primeira apresentação do que viria ser “Nose Art”, muitos outros soldados demonstraram seus talentos em seus aviões de guerra. Cada país possuía um estilo de pintura: no caso da “Nose Art” americana, símbolos de sorte como as cartas de baralho e dados, personagens de cartoon como o Popeye e as gloriosas pin-ups apareciam do lado de fora de seus aviões. E foi assim que outras pinturas ganharam seu espaço na guerra. As “Nose Art” mais famosas até hoje são: a “Shark-Face” (fig. 18) feita em um Bf-110s, e a “The Dragon and his Tail” (fig. 19), que traz a imagem de uma mulher sendo segurada por um dragão. Rita Hayworth e Betty Grable foram as principais mulheres que inspiraram esses homens a pintarem em seus aviões suas belezas. Eram os grandes ícones no universo das pin-ups e serviram como encorajamento para os soldados que viviam na época um momento que se resumia em tragédia e tristeza. As ilustrações de Alberto Vargas foram as mais utilizadas quando se tratava de pin-ups na “Nose
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Art”, mulheres sedutoras e provocantes, capazes de distrair e levar qualquer inimigo à morte. Abaixo seguem algumas “Nose art” que utilizaram as pin-ups como foco principal (PACHECO, 2011, online).
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19 FIG 18: Nose Art: “Shark-Face” - Fonte: http://goo.gl/S37Yn - Acesso em: 18/09/2012. FIG 19: Nose Art: “The Dragon and his Tail” - Fonte: http://goo.gl/rudfQ - Acesso em: 18/09/2012.
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FIG 20, 21, 22, 23, 24, 25: “Nose Arts” de pin-ups - Fonte: http://goo.gl/q8l0t - Acesso em: 18/09/2012.
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2.3 PRINCIPAIS ÍCONES: PIN-UPS Elas começaram apenas como rascunhos de idealizações masculinas e, anos depois, passaram a viver seus momentos de glória caracterizado pela Segunda Guerra Mundial. Revolucionaram a mulher que antes era submissa ao homem e às regras que a vida impunha, trouxeram o autoconhecimento, a força de lutar e de ser livre na sociedade. Como já citado no capítulo anterior, foi na década de 40 que as pin-ups surgiram e surpreenderam homens e mulheres da época, e que alguns ícones do cinema se destacaram por adotarem o padrão deste fenômeno. Mulheres deslumbrantes, provocantes e donas de uma beleza inigualável capaz de causar inveja a qualquer pessoa que as admirassem.
2.3.1 BETTY GRABLE Seu nome completo se dava por Elizabeth Ruth Grable, porém, quando se tornou estrela do cinem,a passou a ser conhecida por um apelido carinhoso: Betty Grable. Nascida no dia 18 de dezembro de 1916, na cidade de St Louis, Estados Unidos. Sua mãe Lillian procurou sempre fazer o impossível para que sua filha pudesse se tornar famosa e desfrutar de uma vida digna de conforto e felicidade (BETTY GRABLE A ETERNA PIN UP, 2008, online). Foi então que, após uma viagem a Los Angeles - CA (1930), Lillian tentou convencer centenas de produtores sobre os dotes que a filha possuía como cantora, dançarina e atriz. Com aproximadamente treze anos Betty começou sua carreira de estrela de cinema, uma jornada que viria ser longa e de muito sucesso em sua vida. Nesse mesmo ano, Betty estreou no filme musical Whoopee! (1930) como figurante e, após essa estreia, continuou com participações discretas em outros filmes (BETTY GRABLE, 2012, online). Betty fez parte de mais de 50 filmes da época, porém, juntamente com a explosão das pin ups na década de 40, sua carreira passou a ser brilhantemente destacada no cinema e com isso acabou se tornando uma renomada atriz da produtora 20th Century’s Fox, a qual lhe forneceu uma oportunidade no filme Pigskin Parade (1936), porém foi a produtora Paramount que tornou Betty Grable na principal estrela de Hollywood através de sua participação no filme de grande sucesso: Million Dollar Legs (1939) (BETTY GRABLE, 2012, online). Grable alcançou uma fama surpreendente em meio a outras estrelas, chegando a ser a ganhadora de um dos maiores salários de Hollywood. Estrelou em filmes que foram grandes sucessos de bilhe-
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26 FIG 26: Betty Grable Fonte: http://goo.gl/pEHSS Acesso em: 23/09/2012
teria, como: Down Argentine Way e Narry was a lady (1940), Moon Over Miami (1941), Coney Island (1943), Pin Up Girl (1944), The Dolly sisters (1945), Mother Wore Tights (1947) e o mais importante de sua carreira, How to Marry a Millionaire (1955) que contou coma presença de Lauren Bacall e Marilyn Monroe (BETTY GRABLE A ETERNA PIN UP, 2008, online). Além de obter enorme sucesso no cinema hollywoodiano, Betty se tornou extremamente popular entre os soldados americanos que estavam combatendo na Segunda Guerra Mundial, por seguir o estereótipo de uma verdadeira “pin-up girl”. Agora aquelas mulheres idealizadas, que antes podiam ser só vistas em revistas, passaram a existir em carne e osso, levando assim ainda mais os homens à loucura. Havia uma fotografia (fig. 26) de Betty Grable que era indispensável de ser pendurada nos armários dos soldados americanos. Foi através dessa foto e de sua beleza inigualável (fig. 27, 28) que a garota das pernas de um milhão de dólares recebeu o título de “pin-up verdadeira” na década de 40. Betty se tornou um famoso símbolo sexual entre os homens da época, dona de um carisma incomparável e de uma delicadeza provocante. Seguiu sua carreira seriamente até a década de 50, quando entrou em conflito com um de seus principais produtores, conhecido como Samuel Goldwyn. Após esta tragédia, Betty passou a decair em sua profissão estrelando seu último filme em 1955, How to Be Very, Very Popular (1955). Em 1973, Betty morreu de câncer de pulmão, deixando apenas na lembrança o seu marco histórico que vivenciou durante 56 anos.
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28 FIG 27: Betty Grable - Fonte: http://goo.gl/8W1Gt - Acesso em: 23/09/2012 FIG 28: Betty Grable - Fonte: http://goo.gl/fZYpx - Acesso em: 23/09/2012
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2.3.2 MARILYN MONROE Dentre todas as outras mulheres que foram intituladas como pin-ups, Marilyn Monroe foi a que obteve maior nome, conhecida como “a pin-up de todos os tempos”. Sua marca se tornou tão forte, que atualmente é o seu nome que vem primeiro à mente de todos quando se questiona quem foram os principais ícones que representaram este fenômeno. Em 1º de julho de 1926, nasce Norma Jeane Baker por depois nomeada Marilyn Monroe. Sua mãe era conhecida por Gladys, que passava por muitos problemas psicológicos na época, problemas que a levaram a habitar numa instituição mental pelo resto de sua vida. Norma passou parte de sua infância morando com alguns parentes e também em orfanatos. Certa vez, viu-se diante da escolha entre duas opções que teria que tomar para a sua vida: morar em um orfanato ou a de se casar com Jimmy Dougherty, e então se casou. Porém, em 1944, seu marido entrou para a marinha e foi transferido; com isso Norma passou a trabalhar na fábrica Radio Plane Munition em Burbank, CA (NEVES, 2007, online). Foi nesta fábrica que Norma obteve a oportunidade de brilhar tempos depois. Lá o fotógrafo Davis Conover tirava fotos de mulheres que ajudavam nas fábricas durante a guerra e foi ali que viu Norma pela primeira vez. Davis a escolheu e, após a seção, lhe enviou propostas para que continuasse com a carreira de modelo, tornando-se uma modelo admirável em todo o mundo em apenas dois anos. Em 1946, Norma se divorciou de seu primeiro marido e assinou contrato com uma das maiores produtoras, a 20th Century Fox. Meses depois criou sua identidade tingindo os cabelos de loiro e mudando seu nome de batismo para Marilyn Monroe (fig. 29, 30, 31) (NEVES, 2007, online).
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30 FIG 29: Marilyn Monroe - Fonte: http://goo.gl/7yvs0 - Acesso em: 23/09/2012 FIG 30: Marilyn Monroe - Fonte: http://goo.gl/5D4JR - Acesso em: 23/09/2012
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31 FIG 31: Marylin Monroe Fonte: http://goo.gl/Jpum4 Acesso em: 23/09/2012
Marilyn estreou no filme The Shocking Miss Pilgrim (1947), e, assim como outras atrizes, fez pequenas aparições até 1950. Após conseguir papéis importante, Monroe participou de filmes como: Let’s Make It Legal, As Young As You Feel, Monkey Business, Don’t Bother to Knock e Niagara (1953), o qual a fez se tornar estrela e obter papéis principais em Gentlemen Prefer Blondes e How to Marry a Millionaire (NEVES, 2007, online). Marilyn, assim como Betty Grable, tornou-se um símbolo sexual para a época, uma representação de como era uma pin-up de verdade, também dona de uma beleza exuberante e ícone da sensualidade no cinema, causava calafrios nos homens que a tinham como musa. Suas provocações não possuíam limites, como afirmado no artigo “A História das Pin-ups - parte 2” do website “oblogdozen”: A pin-up mais célebre do século 20, Marilyn Monroe, contribuiu de ma-
neira considerável para impor o clichê da boneca loira, passiva e inocente,
à espera do bem-querer do homem. Marilyn Monroe encarna este clichê com perfeição em 1949, mas quando é publicado o calendário Golden Dreams [...] acaba sendo transformada, em pouco tempo, num símbolo sexual
do cinema nos Estados Unidos. Sempre provocativa, uma vez quando perguntada por um repórter o que ela usava para dormir, respondeu: “Duas
gotas de Channel Nº 5”, um famoso perfume da Channel. O ícone mítico e
sorridente fará a sua glória, mas também causará a sua desgraça: é difícil impor-se como uma atriz séria quando você encarnou a loira descerebrada cujo vestido é levantado pelo vento. (ZEN, 2007, online).
No dia 5 de agosto de 1962, Marilyn Monroe morreu por overdose de barbitúrico, mais conhecido como sonífero, porém até hoje existem dúvidas sobre este fato. Muitos acreditavam e ainda acreditam que Marilyn não havia se suicidado e sim que teria sido assassinada. Com apenas 36 anos, Monroe deixou sua carreira de tantos sucessos, com aproximadamente 30 filmes e apenas um filme que não terminou de gravar, conhecido como: Something´s Got to Give (1962). Além de sua carreira, a diva levou também a farsa de que estrelas de cinema vivem um conto de fadas, sem problemas e desilusões. A partir de sua morte, passou a existir para a lembrança e a eternidade, tornando-se, assim, um mito cinematográfico (JEFFMAN, 2012, online).
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2.3.3 BETTIE PAGE Considerada até os dias de hoje uma das principais pin-ups que marcaram a época do pós-guerra, Bettie Page transformou por completo a imagem de uma mulher submissa, principalmente aquela em que a pornografia era severamente vetada na sociedade. Era muito mais que uma modelo bonita: destacava-se por ser a melhor entre todas elas. Não havia ninguém que incorporasse as cenas fotográficas com maior carisma e facilidade que Bettie, era único o seu jeito de se expor em frente às câmeras. Conseguia ser, ao mesmo tempo, uma mistura de contradições: era agradável, porém impertinente, tímida, mas completamente ousada e dona de uma beleza simples que se tornava estritamente exótica. Esbanjava a beleza de sua pele bronzeada, de seus olhos azuis e de seu cabelo preto como o carvão junto de sua franja (a qual era sua marca registrada) em inúmeras fotos tiradas para as revistas da época. O seu olhar parecia ser inocente, porém cativava explosivamente a todos. Você poderia esperar duas coisas quando se fala da rainha do pin up dos anos 50 nos Estados Unidos: em primeiro lugar, uma linda jovem com um
tolo e doce olhar usando os mesmos trajes de Adão e Eva, ou em segundo lugar, um triste olhar cheio de lágrimas de uma mulher machucada no passado escondido atrás do sorriso e das câmeras fotográficas. A magnífica
Bettie Page nao traz nenhum perigo no seu erotismo. Ele é simplesmente doce e ligeiramente engraçado. Os momentos negros de sua vida, como o
abuso que sofreu na adolescência por um grupo de homens jovens e pelo
pai é esquecido eternamente na busca pela felicidade, liderança e carisma. (BETTIE PAGE, 2010, online)
Betty Page nasceu em 22 de abril de 1923, na cidade de Nashville, Tennessee, passou a sua infância junto dos pais à procura de estabilidade econômica. Ainda uma menina, precisou cuidar da casa e de seus outros cinco irmãos. Inúmeros problemas surgiram ao longo da vida de Bettie: seus pais se divorciaram e a situação financeira da família decaiu novamente. Aos dez anos de idade, Page foi morar em um orfanato junto de suas duas irmãs e lá aprendeu a cozinhar e costurar, serviço que a levou a fazer seus próprios trajes mais tarde. Aos quinze anos, a garota era tristemente violentada pelo próprio pai. Bettie possuía enorme interesse em cinema e com isso se formou bacharel em artes no Peabody College em 1943 e, neste mesmo ano, casou-se com Billy Neal e mudou-se para São Francisco, onde realizou seu primeiro trabalho como modelo (ALL ABOUT BETTIE PAGE, 2010, online). Em 1947, Bettie se divorciou de Billy e mudou-se para Nova Iorque, onde dois anos depois conheceu Jerry Tibbs, um fotógrafo amador, e é ele quem caracteriza Betty Page como uma verdadeira pin-
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32 FIG 32: Bettie Page Fonte: http://goo.gl/StlTF Acesso em: 24/09/2012
-up. A partir daí, sua carreira passou a deslanchar, principalmente quando as fotografias das revistas Robert Harrison e Playboy foram publicadas , o que lhe rendeu o título de “Miss Garota Pin-up do Mundo” em 1955 (ALL ABOUT BETTIE PAGE, 2010, online). Irving Klaw e Bunny Yeager foram os fotógrafos que imortalizaram a pin-up Bettie Page: produziram fotos (fig. 32, 33) extremamente sensuais que envolviam poses de bondage (fig. 34) semelhantes ao sadomasoquismo, coisas que, para a época, eram expressamente proibidas por serem consideradas pornografia, fato este que gerou a destruição de grande parte de suas fotos contraditórias. É no ano de 1958 que se desfaz de sua carreira como modelo, tornando-se uma devota religiosa e o dia 11 de dezembro de 2008 fica marcado por sua morte por pneumonia (ALL ABOUT BETTIE PAGE, 2010, online).
FIG 33: Bettie Page Fonte: http://goo.gl/Q09sh Acesso em: 24/09/2012
FIG 34: Cena de bondage com Bettie Page Fonte: http://goo.gl/e9ihr Acesso em: 24/09/2012
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2.4 OS ARTISTAS De acordo com Ingrid Guerra (2008, online) a prática deste tipo de ilustração pode ser encontrada, desde o século XIX, quando alguns artistas produziam cartazes com figuras femininas sem ao menos esperarem que futuramenwte estas dariam origem às famosas pin-ups. Foram diversos artistas que fizeram parte deste movimento que até hoje é usado como inspiração para as obras modernas. As ilustrações que envolvem mulheres sedutoras, delicadas e naturais, podem ser estritamente comparadas ao movimento Art Noveau, o qual nasceu pouco antes da Primeira Guerra Mundial, aproximadamente entre os anos 1890 e 1918 e que deixa sua marca devido ao uso de elementos naturais, animais e principalmente o floral. Preocupa-se com a forma e o contorno que estará presente e a figura feminina se torna indispensável nas ilustrações que envolvem o mundo da moda. É válido destacar que o estilo surge justamente em uma época em que a Revolução Industrial se impõe na sociedade, lembrando, assim, o início da exposição das pin-ups durante a Segunda Guerra Mundial, que, assim como o Art Noveau, dialogaram diretamente com a produção industrial em série, ou seja, aderiram para seu crescimento à sociedade de massas, alcançando todos os membros da sociedade através da indústria. Ainda de acordo com a autora Ingrid Guerra (2008, online), foi em Paris (século XIX) que surgiram dois ilustradores conhecidos por Alphonse Mucha (fig. 35) e Jules Chéret (fig. 36), que tinham como objetivo e característica de seus pôsteres desenhar mulheres consideravelmente sensuais para a época e também por enfatizarem em suas ilustrações o forte contorno e a imensidão de detalhes. Mais tarde Raphael Kirchner (fig. 37) também se torna onipresente quando o assunto é retratar mulheres parisienses. Quando surgiram, no final do século XIX, na França, sua denominação e formas ainda não eram as que hoje conhecemos. Inspirados pela Art Nouveau,
em voga naquele momento, Alphonse Mucha e Jules Cheret criam um estilo que influenciou diversos ilustradores e personificou o ideal masculino
de mulher. Além de reconhecimento, o novo século iniciou com produções mais ousadas. Os desenhos de Raphael Kirchner merecem destaque por apresentar, na década de 1920, a vida parisiense através de mulheres se-
dutoras, com pouca ou nenhuma roupa – por vezes preservando apenas o
púbis – e em situações que sugeriam lesbianismo. “Apesar da censura, os traços elegantes do movimento Art Nouveau acabaram por tornar aceitá-
veis as figuras desnudas, que passaram a estampar de filtros de cigarros a caixas de bombons”. (GUERRA, 2008, online)
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FIG 35: Obra de Alphonse Mucha - Fonte: http://goo.gl/6esQW - Acesso em: 02/10/2012 FIG 36: Obra de Jules Chéret - Fonte: http://goo.gl/31QvM - Acesso em: 02/10/2012 FIG 37: Obra de Raphael Kirchner - Fonte: http://goo.gl/fmDwn - Acesso em: 02/10/2012
2.4.1 GEORGES LÉONNEC Ainda argumentando sobre a vida parisiense, há um artista que se torna importante quando já se trata da pin-up art. Georges Léonnec antecedeu muitos outros ilustradores de grande nome nas décadas de 30 e 40, os quais, de certa forma acabaram agregando parte da importância que Léonnec possuiu, tornando-o, assim , menos conhecido. Georges Léonnec foi um dos principais percursores da pin-up art do final do século XIX juntamente dos artistas citados no subcapítulo anterior (Alphonso Mucha e Jules Cheret). Inicialmente Léonnec exercia a profissão de cartunista (1899) produzindo ilustrações que eram compradas pelos jornais e outras publicações da época, mas foi quando a revista La Vie Parisienne o contratou como ilustrador que seu nome começou passou a ganhar fama entre os outros artistas da época. A revista tratava de assuntos como o cinema e a moda parisiense os quais eram retratados de forma sensual e romântica, este diferencial podia ser visto nitidamente nas ilustrações (fig. 38, 39, 40) do artista, estas eram compostas de traços finos e delicados, mas que remetiam à ousadia de forma convidativa (@VINTAGEPRI, 2011, online).
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FIG 38: Obra de Georges Léonnec - Fonte: http://i.imgur.com/4klmk.jpg - Acesso em: 02/10/2012 FIG 39: Obra de Georges Léonnec - Fonte: http://i.imgur.com/ju4W8.jpg - Acesso em: 02/10/2012 FIG 40: Obra de Georges Léonnec - Fonte: http://i.imgur.com/TIz5B.jpg - Acesso em: 02/10/2012
Todo artista possui seu antecessor, aquele que o inspira e é tomado como referência para suas obras, no caso de Alberto Vargas (artista que ficou conhecido na década de 40 por ser um dos principais responsáveis pela origem das pin-ups como ilustração, que será retratado no subcapítulo 2.4.3.), era Georges Léonnec. Vargas conheceu Léonnec através da revista La Vie Parisienne quando ainda era jovem e, anos após, desenvolveu suas próprias obras que envolviam a figura sensual feminina, as quais seriam conhecidas pelo termo: Pin-up (@VINTAGEPRI, 2011, online).
2.4.2 CHARLES DAN GIBSON Gibson nasceu no dia 14 de setembro de 1867 na cidade de Roxbury, Massachusetts. Estudou na escola Flushing High School e, após sua formação, continuou a estudar na Art Student’s League em Nova Iorque. Sua primeira ilustração apareceu pela primeira vez em 25 de março de 1886 em uma matéria da revista Life, que pouco depois passou a publicar frequentemente suas obras (ARTIST BIOGRAPHY, 2012, online).
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O artista modificou o conceito da mulher através de seus desenhos que representavam a alta sociedade americana. Suas obras tinham por objetivo influenciar a mulher americana a adotar o estilo europeu, conhecido por estilo edwardiano, o qual era caracterizado por vestidos de grande valorização dos quadris, cinturas absurdamente finas devido ao uso do espartilho, chapéus delicadamente trabalhados e para finalizar o vestuário, uma sombrinha. Gibson visava a representar através de suas ilustrações o modo como a sociedade se portava na época, seus costumes e rotinas. (fig. 41, 42) Em 1890, ele criou sua principal obra que mais tarde veio a ser considerada uma das primeiras s do passado conhecida por: Gibson Girl (fig. 43) a qual foi um sucesso imediato: era a representação de uma mulher dona de uma beleza pura e serena, vestida com seus trajes finos e comportados que, mesmo assim, eram capazes de despertar desejos entre os homens (ARTIST BIOGRAPHY, 2012, online).
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FIG 41: Gibson Girl - Fonte: http://goo.gl/XgsWy - Acesso em: 05/11/2012 FIG 42: Gibson Girl - Fonte: http://goo.gl/Jf2ZM - Acesso em: 05/10/2012 FIG 43: Gibson Girl - Fonte: http://goo.gl/3b7xL - Acesso em: 05/10/2012
Esta ilustração de grande sucesso foi publicada pela primeira vez na revista americana Life, a qual levou Charles Dan Gibson a ser um dos ilustradores mais bem pagos do país. Mas foi no dia 23 de dezembro de 1944 que Gibson morreu de miocardite em Nova Iorque, deixando suas ilustrações apenas como lembranças de um artista inovador para a época.
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2.4.3 GEORGE PETTY George Brown Petty nasceu em Abbeville, Luisiana, no ano de 1894. Sua família se mudou para Chicago onde trabalhou por algum tempo no estúdio de fotografia de seu pai. Petty frequentava, além da escola, a Academia de Belas Artes de Chicago com o intuito de desenvolver e obter conhecimentos para o seu lado artístico. Após se formar, viajou a Paris para estudar na Académie Julian, junto de Jean Paul Laurens (GEORGE PETTY, 2012, online). Com a Primeira Guerra Mundial (1919) acontecendo, George Petty foi obrigado a voltar para Chicago, onde passou a trabalhar como retocador de fotos feito através de um aerógrafo em uma empresa de impressão local, junto deste trabalho ele exercia atividades como freelancer, o que em 1926 o levou a abrir seu primeiro estúdio em Chicago (GEORGE PETTY, 2012, online). As ilustrações feitas por Petty passaram a ser conhecidas aproximadamente em 1933 através da revista Esquire. Após a primeira divulgação de seus trabalhos, outras revistas da época requisitaram seu trabalho para divulgá-lo de inúmeras formas. George Petty pode ser considerado um dos principais artistas que passaram pela revista Esquire: ele contribuiu com uma imensidão de ilustrações de pin-ups, enriquecendo, assim, a história da pin-up art. Quando Alberto Vargas foi contratado para trabalhar na revista, George Petty, após um ano, optou por se afastar. Assim como a maioria dos fatos relacionados à história das pin-ups, em 1940 Petty ficou famoso por suas ilustrações que eram publicadas em diversos suportes, as “Petty Girls” como ficaram conhecidas, estavam por toda parte, caminhavam junto das “Varga Girls” (pin-ups feitas por Alberto Vargas) durante os tempos da Segunda Guerra Mundial. Em 1945, o artista passou a trabalhar na revista True Fawcett Publications, onde suas pin-ups apareciam mensalmente em uma página exclusivamente reservada e que publicou um de seus principais trabalhos, os calendários das Petty Girls (fig. 44, 45, 46).
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FIG 44, 45 e 46: Calendário da Companhia Ferramenta Ridgid - Fonte: http://goo.gl/TlQRZ - Acesso em: 08/10/2012
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47 FIG 47: Petty Girl para o calendรกrio da Companhia Ferramenta Ridgid Fonte: http://goo.gl/7TV3J Acesso em: 08/10/2012
Outro cliente importante para a carreira de George Petty foi a Ridgid Tool Company (Companhia de Ferramentas Ridgid). O calendário (fig. 47, 48, 49) que o artista criou para a companhia se tornou popular em meio a seus admiradores. Petty utilizava nas ilustrações diversas ferramentas que deveriam ser divulgadas para a empresa: junto delas criava suas adoráveis pin-ups, em que algumas apareciam vestidas como mecânicas para afirmar o conceito da empresa (GEORGE PETTY - THE PIN-UP FILES, 2012, online).
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FIG 48 e 49: Calendário da Companhia Ferramenta Ridgid - Fonte: http://goo.gl/TlQRZ - Acesso em: 08/10/2012
Antes de se tornar um artista americano famoso, Petty utilizava inicialmente sua esposa como modelo para suas pin-ups e, logo depois, sua filha. As Petty Girls, se comparadas com outras pin-ups de diferentes artistas, são facilmente reconhecidas por possuírem características únicas; a ilustração de George Petty não possuía o objetivo de ser fiel a uma fotografia, a realidade é visivelmente distorcida. Segundo o website “The Pin Up Files”: A Petty Girl possuía um sorriso envolvente e um brilho especial nos olhos. De pernas compridas e voluptuosas, ela era uma criatura linda, flexível,
e sedutora. Como muitos artistas de pin ups, Petty criou essas meninas
americanas ideais, combinando as melhores características entre diversos modelos. Ele ainda melhorou na natureza, fazendo suas cabeças menores e suas pernas e torsos maiores. Seja qual for o segredo, Petty certamente teve o toque mágico. “ (GEORGE PETTY - THE PIN-UP FILES, 2012, online)
George Brown Petty faleceu no dia 21 de julho de 1975, em São Pedro, Califórnia.
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2.4.4 ALBERTO VARGAS Quando se trata da pin-up art, Joaquim Alberto Vargas pode ser considerado o principal ilustrador que retratou esta arte; aquele que mostrou ao mundo em primeira mão o verdadeiro significado deste fenômeno. Introduziu esta cultura nas revistas de maior sucesso durante a Segunda Guerra Mundial para que os soldados americanos pudessem desfrutar de suas idealizações ilustradas. O ilustrador peruano nasceu em Arequipa no dia 9 de fevereiro de 1896, representou por meio de suas obras melhor que ninguém a beleza americana. Forneceu desenhos para as capas e miolos das revistas mais renomadas da época, as quais chegavam a disputar acirradamente os serviços do artista. Eram estas: Playboy, Harper’s Bazaar, Theatre Magazine e Esquire (a qual viria torná-lo um artista de grande sucesso). Em 1911, Vargas viajou para a Europa com o intuito de agregar conhecimentos sobre a mundo artístico e foi em Paris que descobriu dois grandes artistas que passaram a inspirá-lo na criação de suas obras. Eram estes: Ingres e Raphael Kirchner, o qual produzia ilustrações para diversas publicações da revista La Vie Parisiense que inspiraram profundamente Vargas em suas representações da figura feminina. Nas figuras abaixo, nota-se nitidamente como Vargas se inspirava nas ilustrações de Kirchner (VADEBONCOEUR, 2011, online).
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FIG 50: Obra de Raphael Kirchner. Fonte: http://goo.gl/W8NtJ - Acesso em: 11/10/2012 FIG 51: Obra de Alberto Vargas. Fonte: http://goo.gl/oq59y - Acesso em: 11/10/2012
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FIG 52: Varga Girl Fonte: http://goo.gl/NTzCP Acesso em: 08/10/2012 FIG 53: Varga Girl Fonte: http://goo.gl/fzDT4 Acesso em: 08/10/2012
Sua fissura pela imagem e beleza da mulher americana surgiu quando se mudou da Europa para os Estados Unidos, especificamente Nova Iorque. Ao chegar, surpreendeu-se com a atitude das mulheres norte-americanas, motivo que fez com que ficasse ali por boa parte de sua vida. O primeiro emprego do artista estava relacionado a ilustrações de moda, que eram feitas a partir de aquarela e caneta nanquim para a Companhia Hat Adelson e Padrões Butterick. Fora este emprego, Vargas exercia atividades como freelancer quando certa vez, ao pintar uma vitrine de loja, foi abordado por um dos representantes da empresa Ziegfeld Follies (ALBERTO VARGAS, 2012, online). Foi então que conheceu Florenz Ziegfeld, o artista em que Vargas possivelmente se inspirou ao retratar as mulheres da sociedade; nunca representando-as de forma vulgar, porém o uso da sensualidade se tornava indispensável. Em 1919, Vargas foi contratado para trabalhar na Ziegfeld Follies, com a função de reproduzir doze retratos das estrelas americanas para o New Amsterdam Theatre (VADEBONCOEUR, 2011, online). Vargas casou-se com Anna Mae Ciift em 1930 e, anos após, mudou-se para Hollywood onde foi contratado pela Twentieth Century Fox para pintar retratos das estrelas que estavam em alta; ao sair da produtora, foi contratado pela Warner Brothers e em seguida para a MGM (ALBERTO VARGAS, 2012, online). Porém foi em 1941 que a revista de maior sucesso conhecida por Esquire substituiu outro renomado artista, conhecido como George Petty, com a proposta de ser o único ilustrador das matérias que a revista oferecia e o único a estar a altura de executar as tarefas propostas (VADEBONCOEUR, 2011, online). As ilustrações de Vargas possuíram maior reconhecimento durante a Segunda Guerra Mundial, aproximadamente na década de 40, que, como já argumentado anteriormente, foi considerada os anos de glória das pin-ups por terem tido a liberdade de se expor na sociedade. As mulheres ilustradas pelo artista passaram a ser conhecidas entre os soldados americanos como “Varga Girls”. As “Varga Girls” (fig. 52, 53, 54) apresentavam corpos esculturais, possuíam uma elegância incomparável com a das mulheres comuns da sociedade, a sensualidade que transmitiam era capaz de fazer qualquer homem ultrapassar seus limites, e foram de grande importância e influência na modificação do estereotipo feminino.
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54 FIG 54: Varga Girl Fonte: http://goo.gl/2v1G7 Acesso em: 08/10/2012
Com suas ilustrações, Vargas trouxe ao mundo um novo conceito sobre a imagem da mulher, para afirmar esta informação, Argimiro Vendrell (2006) escreve sua visão sobre o conceito criado por Vargas. [...] O conceito de Varga Girl (garota Varga) que deu origem à ideia de «Pin up» e que gerou suculentos dividendos e imitadores a magote, nasceu e
ficou na «Esquire». Antes de finalizar a sua relação com a revista, Alberto
tinha produzido um número considerável de desenhos de modelos, com a finalidade de animar o espírito das tropas durante a Segunda Guerra
Mundial [...] Ao mesmo tempo os seus desenhos para anúncios traziam sua
personalidade e serviam como campo de experiência e desenvolvimento de novos conceitos, além de acrescentarem mais algumas entradas extras, para uma agenda que se tornava, cada vez mais ocupada. Este gigante da
ilustração americana criou um estilo sensual e requintado. O prefácio de um dos livros da colecção Harmony Books assegura que “não era realista,
mas sim surrealista pela composição e tema que abordava, ainda que não estivesse isento de um certo idealismo”. (VENDRELL, 2006, online)
Vargas deixou a revista Esquire em 1946 e, aproximadamente uma década depois, foi convidado a oferecer seus serviços para a revista Playboy, onde seu trabalho seria divulgado mensalmente. Produziu centenas de obras durante os dezesseis anos de carreira construídos na revista e adquiriu boa estabilidade financeira através de seu trabalho (ALBERTO VARGAS, 2012, online). Em 1974, sua esposa Anna Mae Ciift faleceu, tornando-se o principal motivo de seu desinteresse pela pintura. Após esta tragédia em sua vida, exerceu ainda poucos trabalhos até o ano de 1976, quando decidiu se aposentar de toda a sua carreira de artista consagrado. No dia 30 de dezembro de 1982, o artista Alberto Vargas morreu em Los Angeles (ALBERTO VARGAS, 2012, online).
2.4.5 GIL ELVGREN Gillette A. Elvgren nasceu no dia 15 de março de 1914 em Minneapolis, St. Paul. Após concluir a escola, foi para a Universidade do Minnesota para estudar arquitetura e design, mas, em 1933, teve a certeza de que deveria se voltar para a criação artística. No mesmo ano, casou-se com Janet Cummins e logo menos se mudaram para Chicago, onde se matriculou na Academia Americana de Arte (MARTIGNETTE; MEISEL, 2008, p. 258).
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Em 1936, o casal volta para St. Paul e Elvgren abre o seu primeiro estúdio, lá recebe sua primeira encomenda que consistia em fazer a capa de um catálogo de moda. Foi a partir deste primeiro trabalho que o artista passou a ser admirado e a receber inúmeras encomendas. Semanas depois, a empresa Brown & Bigelow solicita o trabalho de Elvgren para pintar um retrato das Cinco Gêmeas Dionne (as quais eram um grande sucesso americano) que seria publicado no calendário de 1937. Segundo Charles G. Martignette e Louis K. Meisel (2008, p. 259): “Começar a sua carreira pintando as garotas mais famosas, mais amadas e mais admiradas da América fez com que se transformasse naquela raridade - um sucesso comercial de um dia para o outro”. Em 1937, Gil Elvgren foi contratado pela concorrente da Brown & Bigelow, a empresa Louis F. Dow Calendar Company. Seu trabalho seria o de criar uma série de garotas pin-up para diversos calendários. O ano de 1938 foi bastante importante para o artista por dois motivos: o primeiro por ter recebido a encomenda de produzir cartazes em tamanho natural de suas obras que seriam expostos no interior das lojas e o segundo por tornar-se pai pela primeira vez (MARTIGNETTE; MEISEL, 2008, p. 259). Em 1940, o casal decide se mudar novamente para Chicago, onde o famoso estúdio Stevens/Gross passa a ser o novo emprego do artista. Foi ali que Elvgren conheceu o seu mentor: Haddon H. Sundblom (1899-1976), que logo após se tornou seu grande amigo e inspiração para sua carreira. No mesmo ano, Elvgren foi candidatado a produzir os trabalhos de publicidade para a Coca-Cola (fig. 55, 56), o que futuramente gerou vinte e cinco anos de produção e motivo de orgulho em sua carreira (MARTIGNETTE; MEISEL, 2008, p. 259).
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FIG 55: “The Pause That Refreshes” (1939) - Fonte: http://goo.gl/5aaS9 - Acesso em: 12/10/2012 FIG 56: “Come on over...Have a Coke” - Fonte: http://goo.gl/908aG - Acesso em: 12/10/2012.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Elvgren já possuía reconhecimento pelo público sobre o sucesso de suas pin-ups reproduzidas e publicadas em diversos produtos da publicidade, e para confirmar tal afirmação:
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Os jornais e revistas da época estavam cheios de artigos sobre soldados que estavam no exterior lutando na guerra. Tendo muitas vezes como ponto central a moral das tropas, esses artigos estavam ilustrados com fotografias instantâneas dos soldados nas casernas ou tendas ou até numa
trincheira de um campo de batalha durante uma pausa nos combates. Podíamos distinguir as gravuras de pin-ups da Louis F. Dow pintadas por Elvgren e cadernetas penduradas numa parede, coladas à mochila ou na mão
de um jovem soldado nitidamente solitário. Para além de Elvgren, o único artista pin-up cujo trabalho foi tão proeminentemente exposto nesses ar-
tigos foi Alberto Vargas, que tinha o apoio da revista Esquire. O feito de Elvgren foi deveras surpreendente pelo facto de ter atingido tal populari-
dade apenas cinco anos depois de ter aberto o seu primeiro estúdio. Não havia dúvidas de que a sua arte tivera uma resposta tão forte por parte do público americano porque proporcionava um escape à realidade durante os negros dias da guerra. (MARTIGNETTE; MEISEL, 2008, p. 258)
Em 1945, Elvgren passou a trabalhar para a empresa Brown & Bigelow, com um contrato que durou até 1972. Tornou-se o artista responsável pelos anúncios publicitários da Coca-Cola e pelas pin-ups campeãs de venda. Seus trabalhos passaram a ser publicados pelas revistas de maior sucesso, como: See (1948), U.S. Camera (1949) e a revista Pix (1949). Devido à sua popularidade em meio aos outros artistas, Elvgren atendia a inúmeras empresas de grande nome como: Coca-Cola, Orange Crush, Schlitz, Red Top Beer, Ovaltine, Royal Crown Soda, Campana Balm, General Tire, Sealy Matress, Serta Perfect Sleep, Napa Auto Parts, Ditzler Automotive Finishes, Frankfort Distilleries, Four Roses Blended Whisky, General Electric Appliance e Pangburn’s Chocolates (MARTIGNETTE; MEISEL, 2008, p. 261). Devido à grande procura por seus serviços, Elvgren e Sundblom pensaram em abrir um estúdio próprio para atender as demandas, obtendo como ensino principal a “pintura maionese”, expressão usada para retratar a arte dos dois artistas, pois estes conseguiam em suas obras uma aparência cremosa e suave. Porém a ideia de abrir o estúdio foi em vão após estudarem todo os gastos que iriam ter para manter o local de ensino. No ano de 1956, Elvgren mudou-se com a família para Flórida onde construiu um fabuloso estúdio de dois andares. Anos depois, sua esposa faleceu sendo vítima de cancro. A partir deste fato trágico, Gil se aprofunda ainda mais em suas pinturas, marcando os anos 60 com as melhores obras já feitas em toda a sua carreira. Elvgren possuía um jeito único de captar a beleza feminina americana: representava em suas pinturas cenas comuns do quotidiano, que poderiam ser executadas por qualquer mulher americana. Suas modelos deveriam ser jovens, pois ainda possuíam nesta idade uma espontaneidade natural, com a face serena e grandes variações de expressão. Para criar um perfil característico de uma pin-up, Elvgren aumentava os bustos de suas modelos, alongava as pernas, afinava a cintura, dava ao corpo curvas mais marcadas e sensuais, arrebitava o nariz, aumentava os olhos e trabalhava as expressões faciais com o intuito de torná-las mais divertidas e reais. Suas pin-ups eram apaixonantes, de um perfeccionismo incomparável, dando a impressão que em qualquer momento sairiam da tela para se tornarem uma mulher em carne e osso. Com base no livro “Gil Elvgren - The complete pin ups” (2008), pode-se comprovar esta afirmação:
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57 FIG 57: “Bear facts a modest look bearback rider” Fonte: http://goo.gl/7dkNC Acesso em: 12/10/2012
As Raparigas Elvgren pareciam pessoas reais. Parecia que a qualquer altura, a
rapariga poderia saltar da pintura e dizer bom dia ou oferecer a quem a contemplasse uma chávena de café, uma bebida ou um convite para um divertimento não tão inocente. As Raparigas Elvgren tinham personalidade e satisfa-
ção; eram belezas alegres e simpáticas transbordantes de entusiasmo. Tinham expressões doces, mas eram também generosamente dotadas pela natureza. Podiam facilmente provocar em um piscar de olho a alguém e tinham muitas
vezes o seu a piscar. Durante mais de trinta anos, a partir dos anos 40 e até finais dos anos 60, as Raparigas Elvgren representavam a Rapariga Cem Por Cento Americana. (MARTIGNETTE, Charles. MEISEL, 2008, p. 265)
Abaixo, alguns exemplares das inúmeras pin-ups pintadas por Gil Elvgren.
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FIG 58: “Le petit Roger” - Fonte: http://goo.gl/bR4kG - Acesso em: 12/10/2012 FIG 59: “Skirting the issue” - Fonte: http://goo.gl/4cL5c - Acesso em: 12/10/2012.
Como todo artista, Elvgren possuía um estilo próprio no processo criativo de suas obras. Para ele, antes de chegar à etapa final que seria executar a pintura, era necessário passar por uma série de fatores. Planejava detalhadamente o que iria compor a sua obra: primeiro desenvolvia a situação visual e selecionava a modelo ideal para o cenário a ser criado: depois escolhia o vestuário e outras peças que iriam fazer parte de sua cena e, por fim, ajustava a iluminação. Após ter todos estes fatores em ordem, Elvgren fotografava a cena montada e somente assim poderia começar a pintar. Abaixo, algumas fotos para exemplificar o seu processo criativo.
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FIG 60, 61, 62 e 63: Processo criativo de Elvgren - Fonte: http://goo.gl/97ZBI - Acesso em: 12/10/2012
No dia 29 de fevereiro de 1980, Gil Elvgren, o principal artista da pin-up art, morreu com sessenta e cinco anos, deixando para trás uma rica história e acervo de sua longa carreira como artista.
2.5 VEíCULOS DE DIVULGAçÃO As pin-ups foram uma das representações da sexualidade mais abordadas pelas revistas, quadrinhos, calendários, pôsteres e cartões postais das décadas de 40, 50 e 60. Através das obras dos grandes artistas abordados nos subcapítulos anteriores, as pin-ups conquistaram sua popularidade em meio a uma sociedade bastante conservadora, modificando aos poucos os pensamentos sobre algo que se era tão inaceitável para a época. Ao serem publicadas em revistas mundialmente conhecidas, as pin-ups tornaram-se referências e exemplos de beleza e atitude para as mulheres da época. As publicações sobre este gênero traziam, na maioria das vezes, atrizes e modelos de grande sucesso para a época em poses sensuais e trajes
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como vestidos e espartilhos para apimentar a composição, porém o sorriso e a ingenuidade no olhar sempre se fazia presente. De acordo com a monografia de Danielle Cunha (2010, p.38), a revista americana Life (1936) é considerada a precursora do gênero pin-up, pois em 1887 trouxe em uma de suas publicações a Gibson Girl (já apresentada no subcapítulo sobre o artista Charles Dana Gibson). Esta foi considerada o primeiro estereótipo de uma pin-up que, mesmo comportada, burguesa e aparentemente ingênua, era capaz de seduzir aos homens.
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65 FIG 64: Gibson girl - Fonte: http://goo.gl/0je6z - Acesso em: 12/10/2012 FIG 65: Gibson girl - Fonte: http://goo.gl/trc45 - Acesso em: 12/10/2012
Entre todas as revistas que fizeram sucesso nas décadas de 40, 50 e 60, a revista Esquire foi a que obteve maior popularidade e também a responsável por inúmeras publicações sobre as pin-ups. Esta também trouxe em suas páginas obras dos maiores artistas responsáveis por retratar tão bela arte. George Petty, Alberto Vargas e Gil Elvgren tiveram sua oportunidade e espaço nesta revista enormemente conceituada pelos homens da época. A revista Esquire (fig. 66, 67 e 68) nasceu no ano de 1933, conquistando a fama por suas páginas recheadas de maravilhosas pin-ups. Nos intervalos de algumas de suas publicações, apareciam ilustrações ou fotos destas musas idealizadas. Devido ao grande sucesso de venda, no ano de 1939 criou-se um espaço de em média três páginas exclusivo para a abordagem destas mulheres tão desejadas. As ilustrações que ali apareciam podiam ser destacadas e penduradas para uma maior aproximação com o leitor, fato este que deu origem ao termo “Pin-up” (CUNHA, 2010, p. 39). Durante a Segunda Guerra Mundial, a revista mandou cerca de nove milhões de exemplares aos campos de batalhas para que os soldados americanos pudessem admirar e pendurar em suas paredes tais ilustrações. As ilustrações neste período deixaram de ser consideradas vulgares ou pornográficas e passaram a representar uma era de patriotismo e orgulho americano.
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FIG 66: Capa da revista Esquire - março de 1944 - Fonte: http://goo.gl/jXhZ7 - Acesso em: 12/11/2012 FIG 67: Capa da revista Esquire - janeiro de 1953. Fonte: http://goo.gl/SX2xH - Acesso em: 12/11/2012 FIG 68: Capa da revista Esquire - agosto de 1954. Fonte: http://goo.gl/52qBE - Acesso em: 12/11/2012
Ainda de acordo com Cunha (2010, p.41), o sucesso dos diversos modos de divulgação deste fenômeno foi tão grandioso que estimulou diferentes editoras a lançar revistas especializadas na arte das pin-ups. Estas revistas ficaram conhecidas como as Girlie Magazines e traziam em seu interior pin-ups de diversos estilos e vestuários como marinheiras, donas de casa, enfermeiras, professoras etc e através dessas ilustrações e também fotografias os homens iam à loucura, pois o maior objetivo destas revistas era o de realizar os fetiches por eles criados. As revistas que se focavam nestas beldades ficaram conhecidas como: Beauty Parade (fig. 69), Eyeful (fig. 70), Flirt (fig. 71), entre outras.
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Fig. 69: Capa da revista Beauty Parade - Fontehttp://goo.gl/mzV9G - Acesso em: 12/11/2012 Fig. 70: Capa da revista Eyeful - Fonte: http://goo.gl/wpne9 - Acesso em: 12/11/2012 Fig. 71: Capa da revista Flirt - Fonte: http://goo.gl/6e4zV - Acesso em: 12/11/2012
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Aproximadamente no ano de 1953, a revista Esquire deixa um pouco de lado o foco que possuía sobre a cultura das pin-ups; contudo surge uma nova revista para valorizar este gênero conhecida como Playboy (fig. 72, 73). O renomado artista Alberto Vargas se retirou da revista Esquire para ser o principal ilustrador da nova revista. Lá executou trabalhos maravilhosos, valorizando logicamente o nu feminino (fig. 74), mas sem voltar a imagem para a conceituação do vulgar e pornográfico como esta mesma revista vem a ser atualmente (CUNHA, 2010, p. 42).
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FIG 72: Capa da revista Playboy - 1953 - Fonte: http://goo.gl/GDS0Y - Acesso em: 12/11/2012 FIG 73: Capa da revista Playboy - 1958 - Fonte: http://goo.gl/pPcKU - Acesso em: 12/11/2012 FIG 74: Primeira pin-up de Alberto Vargas para a revista Playboy - Fonte: http://goo.gl/693Ti - Acesso em: 12/11/2012
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BRASIL
O projeto trará a demonstração dos aspectos culturais brasileiros através de ilustrações; para isso se faz necessário a existência de um capítulo voltado somente para o Brasil. A historicidade da situação em que o Brasil se encontrava durante as décadas de 40, 50 e 60 e também a visão que a mulher brasileira possuía em meio a sociedade são importantes para iniciar um dos principais recortes do trabalho. Recorte este que é dado por dez aspectos da cultura brasileira, com o objetivo de representá-las nas figuras femininas ilustradas.
3.1 O BRASIL NAS DÉCADAS DE 40, 50 E 60 Em outubro de 1930, Getúlio Vargas sobe ao poder como presidente do Brasil; a Igreja Católica foi uma grande aliada do Estado, levando grande parte da população católica a apoiar o novo governo. Durante o governo Vargas a Política Trabalhista se apresentou bastante inovadora com os objetivos de reprimir os esforços organizatórios da classe trabalhadora urbana fora do controle do Estado para, assim, atraí-la ao apoio difuso do governo. Criou-se, durante o governo, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e também o Ministério da Educação e Saúde (FAUSTO, 2002, p. 188). Na política dos anos 1930 a 1934, foi abordada a questão do tenentismo e a luta entre o poder central e os grupos regionais. Quando a Revolução de 1930 foi ganha, os tenentes se tornaram membros do governo defendendo, assim, a continuação da ditadura no Brasil. Em 1932, o voto se tornou obrigatório e secreto. Dois anos mais tarde, Getúlio Vargas é reeleito para presidente, dando início a um novo movimento conhecido como “integralismo” possuindo um foco maior na cultura que na economia em si. Em 1937, o Congresso e as Assembleias Legislativas Estaduais são dissolvidos por Getúlio Vargas, o qual propõe uma nova Constituição, originando o Estado Novo, onde seu objetivo principal era o da industrialização do país. Em 1939, é criado o Departamento de Imprensa e Propaganda, o qual se torna responsável pelas censuras aos meios de comunicação e propagandas (DÉCADA DE 40, 2012, online).
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O Estado Novo perseguiu, prendeu, torturou, forçou ao exílio intelectuais e políticos, sobretudo de esquerda e alguns liberais. Mas não adotou uma
atitude de perseguições indiscriminadas. Seus dirigentes perceberam a im-
portância de atrair setores letrados a seu serviço. Católicos, integralistas
autoritários, esquerdistas disfarçados vieram ocupar os cargos e aceitar as vantagens que o regime oferecia. (FAUSTO, 2002, p. 210)
Em 1945, Vargas deixa o cargo de presidente da república e Dutra toma posse do governo brasileiro. Dois dias após estar no comando, Dutra dá início à Assembleia Nacional Constituinte. Em tese, o governo Dutra seguiu inicialmente um modelo liberal, a intervenção estatal foi condenada e os controles estabelecidos pelo Estado Novo foram aos poucos sendo eliminados (FAUSTO, 2002, p. 222). Em resumo, a situação econômica da década de 40 se dá pelo clima favorável criado pela segunda guerra mundial e os primeiros anos do pós-guerra; as importações sofrem redução e, devido a isso, a industrialização cresce. A questão do trabalhismo passa a ser ampliada e sistematizada e, na política externa, o Brasil se mantém neutro durante os primeiros três anos da Segunda Guerra Mundial, mas, após ataques de submarinos alemães, o Brasil declara guerra à Alemanha e Itália (DÉCADA DE 40, 2012, online). Getúlio Vargas conquistou novamente seu posto como presidente no ano de 1951, promoveu diversas medidas para incentivar o desenvolvimento econômico, com ênfase na industrialização, controlou a economia, promoveu o aumento dos salários mínimos e a indústria nacional. Em 1953, João Goulart se torna o ministro do trabalho. (DÉCADA DE 50, 2012, online). Em 1954, Vargas reformula o ministério e se vê duramente combatido pela UDN e pelo jornalista Carlos Lacerda, que acusa Vargas do planejamento corrupto de um golpe sobre a implantação de uma república sindicalista. Devido a isto, Vargas propõe a morte de Lacerda que acaba sendo uma verdadeira tragédia para a sua própria vida. No dia 5 de agosto de 1954, Lacerda é ferido em um atentado a tiros, porém seu companheiro major da Aeronáutica é morto. Ao descobrir que a ordem viria de Vargas, dá-se início a uma crise política que exigia a renúncia do presidente. No dia 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas se suicida (DÉCADA DE 50, 2012, online). Após a morte de Vargas, o vice-presidente Café Filho assume o poder, o qual é deposto devido ao desenvolvimento de um golpe. Nas eleições do ano seguinte, Juscelino Kubitschek é eleito para presidente e João Goulart como o seu vice. De acordo com o autor Boris Fausto: Em comparação com o governo Vargas e os meses que se seguiram ao suicídio do presidente, os anos JK podem ser considerados de estabilidade polí-
tica. Mais do que isso, foram anos de otimismo, embalados por altos índices
de crescimento econômico, pelo sonho realizado da construção de Brasília. Os “cinquentas anos em cinco” da propaganda oficial repercutiram em amplas camadas da população. [...] Ao iniciar-se o governo JK, a cúpula militar se acalmara. Os partidários do golpe jogaram uma cartada alta na renúncia
de Vargas e na tentativa de impedir a posse de Juscelino, mas tinham perdi-
do. Juscelino começou a governar enfatizando a necessidade de promover
“desenvolvimento e ordem”, objetivos gerais compatíveis com os das Forças Armadas.[...] (FAUSTO, 2002, p. 233)
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No dia 21 de abril de 1960, é inaugurada Brasília. Jânio Quadros vence as eleições de outubro e, no dia 31 de janeiro de 1961, passa a ser o novo presidente da república. Em seu governo, adere a uma política interna austera e ao mesmo tempo cria uma política externa independente. Por ser acusado de tramar um golpe contra o Estado, renuncia sete meses após ter sido eleito. Com a renúncia de Jânio Quadros, uma grave crise política acontece entre a UDN e três ministros militares que se manifestam contra a posse de Goulart. Porém, no dia 7 de setembro de 1961, Goulart ocupa o cargo como presidente (DÉCADA DE 60, 2012, online). Aproveitando-se do restabelecimento dos poderes presidenciais, associações de classe de trabalhadores e estudantes, algumas fortemente influen-
ciadas por comunistas, intensificam as pressões para a implementação das chamadas “reformas de base”. Uma bandeira do próprio governo, tais refor-
mas diziam respeito a um conjunto de propostas que, mediante mudanças nas estruturas econômicas, sociais e políticas, visava promover o desenvol-
vimento e reduzir as desigualdades sociais, além de ampliar a presença do Estado na economia. Com esse intuito, Goulart encaminha em 1963 pro-
postas de reformas agrária e urbana que o Congresso, no entanto, rejeita,
provocando forte reação por parte dos grupos de esquerda. Em setembro, são os sargentos, suboficiais e cabos das Forças Armadas que se rebelam, reivindicando o direito de exercer mandato parlamentar nas três esferas
de governo, o que contrariava a Constituição de 1946. No campo, invasões promovidas pelas Ligas Camponesas exacerbam os conflitos pela posse da terra. (DÉCADA DE 60, 2012, online)
Goulart é deposto no dia 1 de abril de 1964, um dia depois, Ranieri Mazzilli assume a presidência. Porém, pouco tempo depoi,s Castelo Branco assume o poder governando até o ano de 1967. Em seu governo foi estabelecida a suspensão dos direitos políticos dos cidadãos, cassação de mandatos, as eleições para governadores passam a ser indiretas e as greves foram proibidas. De 1967 a 1969, o Brasil é governado por Costa e Silva, quando a nova Constituição entra em vigor, enfrenta a reorganização política que há nos setores da oposição e radicaliza as medidas repressivas (DÉCADA DE 60, 2012, online).
3.2 A MULHER BRASILEIRA NA ÉPOCA Com base na monografia “A personagem feminina na literatura brasileira” escrita por Aida Kuri Souza (2005), pode-se concluir fatores que fizeram parte da visão que a mulher brasileira possuía em meio à sociedade em que vivia. Como já argumentado no subcapítulo ”1.3. A visão da mulher na so-
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ciedade”, as mulheres brasileiras também passaram por situações semelhantes às das mulheres da Grécia. A submissão era um fator que se fez presente na sociedade feminina mundial durante muito tempo e, no Brasil não foi nada diferente. Assim como em todos os países que as mulheres eram inferiorizadas, a submissão e o conservadorismo fizeram com que esses anos de silêncio se tornassem uma busca pela liberdade e pela conquista de seus direitos como seres humanos. Ainda de acordo com a autora Aida Kuri Souza (2005), a mulher brasileira não podia assumir cargos elevados e também não possuía o direito de voto, pois este era um mérito dos homens, assim como a educação. Deveriam assumir o seu papel como dona-de-casa e nada mais. No Brasil, as mulheres escravas eram indiscutivelmente ainda mais submissas, serviam de amas de leite, trabalhavam nos serviços de casa, colhiam, limpavam, cozinhavam e eram até mesmo tratadas como escravas sexuais de seus patrões. Durante o governo de D. Pedro II, há apenas um momento histórico em que se valoriza uma mulher: a Lei Áurea concebida no dia 13 de maio de 1888 que foi promulgada pela Princesa Isabel. Com a Constituição de 1934, Getúlio Vargas traz a oportunidade de voto para a sociedade feminina, desmistificando o fato de que estas, assim como os idosos, eram inaptos para tal função. Durante anos as mulheres do Brasil, assim como em grande parte do mundo, viveram sobre o silêncio de sua inferioridade. Com o movimento feminista, conquistaram aos poucos grande parte de seus direitos sociais. Atualmente as mulheres podem exercer qualquer função que lhes interessem, deixando para trás o passado repleto de desigualdade e inferioridade a que estas foram expostas (SOUZA, 2005).
3.3
O MOVIMENTO FEMINISTA NO BRASIL Este subcapítulo é inteiramente baseado na pesquisa feita sobre o Movimento Feminista Brasileiro através do livro “Breve história do feminismo no Brasil” (1993), escrito pela autora Maria Amélia de Almeida Teles. No ano de 1934, surge a União Feminina como parte da Aliança Nacional Libertadora, movimento este comunista e responsável por querer derrubar o governo Vargas para a implantação de um governo popular. A União Feminina constituía-se por suas adeptas intelectuais e operárias. Olga Benário Prestes fazia parte desta união e, por ser uma cidadã alemã, lutava contra o nazismo no Brasil. Foi presa, deportada para a Alemanha e, em 1942, assassinada. Em 1937, ocorre no Brasil o Golpe de Estado de Getúlio Vargas, a luta das mulheres se junta com a de toda a sociedade em oposição à ditadura. No ano de 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, surge no Rio de Janeiro o Comitê de Mulheres pela Democracia, para que as mulheres participem a favor da igualdade nos direitos profissionais, administrativos, culturais e políticos. A Constituição de 1934 não era a favor da discriminação por sexo, porém a Constituição de 1946 condenou somente a questão do preconceito racial. O ano de 1947 é marcado por uma série de fatores que envolvem o movimento feminista, surge o jornal Momento Feminino, é criada também a Federação das Mulheres do Brasil (FMB) , Esta Federação mobilizava as mulheres a impor questões de seu interesse sobre seus direitos. Em 1951, foi realizado o
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Primeiro Congresso da FMB, reunindo donas-de-casa, operárias, professoras, estudantes, entre outras. Ainda de acordo com a autora (TELES, 1993), em 1952 é realizado a 1ª Assembleia Nacional de Mulheres, para que fossem debatido os direitos das mulheres trabalhadoras, da infância e da paz mundial. O governo de Juscelino Kubitschek (JK) suspendeu as organizações femininas, mas tal fato não impediu de as mulheres continuarem a se organizar e, em 1960, foi fundada a Liga Feminina do Estado da Guanabara. Em 1963, o Encontro Nacional da Mulher Trabalhadora foi realizado para a defesa dos salários iguais aos dos homens. No ano de 1964, houve novamente o Golpe de Estado e essas associações feministas deixaram de existir, voltando à ativa somente no ano de 1975.
3.4
ASPECTOS DA CULTURA BRASILEIRA O Brasil é um país privilegiado em inúmeros quesitos e um desses se torna o principal por caracterizar este lugar repleto de belezas naturais. A Cultura Brasileira apresenta os mais variados estilos, sabores, cores e outros fatores que a compõem e isto tudo se deve a miscigenação de raízes indígenas, europeias, asiáticas e africanas. Neste capítulo, serão apresentados os aspectos culturais escolhidos para o desenvolvimento das ilustrações do projeto Pin-up Brasil. De acordo com o artigo “Cultura Nacional” do website “brasil.gov.br” afirma-se que: A imigração no Brasil foi de extrema importância para a formação da cultura nacional. Características dos quatro cantos do mundo foram incorpora-
das ao longo dos cinco séculos desde a chegada dos portugueses, em 1500. Além das contribuições de índios, negros e portugueses, a expressiva vinda
de imigrantes de todas as partes da Europa, do Oriente Médio e da Ásia influenciou a formação do povo brasileiro. A imigração de países vizinhos, como Argentina, Uruguai, Chile e Bolívia, também contribuiu para a diversificação de costumes, hábitos e crenças, mas com um idioma comum. (CULTURA NACIONAL, 2012, online)
Para o projeto Pin-up Brasil, que tem como principal objetivo trabalhar a estética das pin-ups para a representação da cultura brasileira por meio de ilustrações, foram escolhidos alguns aspectos da cultura brasileira que caracterizam e representam de forma inigualável o Brasil. São estes: o carnaval, a música garota de Ipanema para a representação do estilo musical bossa nova, a feijoada como gastronomia, o futebol, a capoeira, Tarsila do Amaral para ilustrar um dos grandes nomes femininos da arte brasileira, a personagem Gabriela de Jorge Amado para representar a literatura e o mito Saci-Pererê para privilegiar o folclore brasileiro. Será apresentada, a seguir, uma breve introdução à estes aspectos para que o leitor possua maior entendimento sobre o objetivo do trabalho.
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CARNAVAL
O carnaval representa a alegria e a dor do desabafo popular através de canções, brincadeiras e fantasias, sempre com o objetivo da interação das classes sociais, em que não se deve haver a discriminação entre o pobre e o rico, tendo o privilégio de reunir um imenso público até os dias de hoje. O carnaval surgiu aproximadamente quatro mil anos antes de Cristo a partir das festas que eram promovidas no antigo Egito. Eram eventos relacionados à religião ou rituais agrários; era comum as pessoas pintarem os rostos, dançarem e beberem. Mais tarde, a Igreja inseriu a festa pagã no calendário religioso com o intuito de conter os excessos da população, terminando, assim, na quarta-feira de cinzas (CARDOSO, 2012, online).
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Por duas rotas chegou o carnaval ao Brasil. A primeira , partindo da África,
de onde os negros, junto com seus cantos e suas danças, contrabandearam inconscientemente, a semente do carnaval. A outra, europeia, trouxe, de Por-
tugal, o entrudo, carnaval de então que consistia, basicamente, em jogar de tudo, em todos - e a tradição do Zé Pereira. Houve a união destas duas culturas, que, além da mulata, nos deu o carnaval.” (ARAÚJO, GÓES, 2012, online) FIG 75: Coleção especial - carnaval da Farm Fonte: http://goo.gl/odqR0 Acesso em: 19/11/2012 FIG 76: Coleção especial - carnaval da Farm Fonte: http://goo.gl/fm0MB Acesso em: 19/11/2012
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BOSSA NOVA
A música, assim como o carnaval, é bastante respeitada nos outros países, devido também à miscigenação que há no Brasil. A música brasileira não se define por somente um estilo. No ano de 1808, com a chegada da coroa portuguesa, a música se transformou por completo, pois junto com a família real, o Rio de Janeiro foi presenteado com a biblioteca da família Bragança, a qual, para a época, era uma das melhores da Europa. Nomes como: Chiquinha Gonzaga, Carmen Miranda, Ary Barroso é que constroem a história sobre a cultura musical brasileira (MÚSICA, 2012, online). A Bossa Nova (estilo escolhido para o projeto) surgiu através de um movimento urbano de classe média, aproximadamente no fim da década de 50. Um estilo voltado para as raízes do samba ao qual incorporou alguns elementos do jazz delimitando assim um estilo musical baseado na voz, piano ou violão. Como o projeto possui o objetivo de ilustrar estas culturas brasileiras, foi escolhido a música Garota de Ipanema de Tom Jobim e Vinícius de Morais para representar a cidade maravilhosa do Rio de Janeiro e a mulher carioca. A música foi inspirada em uma moça conhecida como Helô Pinheiro, que passava em frente ao Bar Veloso, em Ipanema. Segundo Vinícius de Morais:
FIG 77: Helô Pinheiro Fonte: http://goo.gl/iZvC2 Acesso em: 19/11/2012
[...] O ar ficava mais volátil como para facilitar-lhe o divino balanço do andar.
E lá ia ela toda linda, a garota de Ipanema, desenvolvendo no percurso a geometria espacial do seu balanceio quase sambar. [...] Ela foi e é para nós
o paradigma do broto carioca; a moça dourada, misto de flor e sereia, cheia de luz e de graça, mas cuja visão é também triste, pois carrega consigo, a ca-
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minho do mar, o sentimento da mocidade que passa, da beleza que não é só nossa, é um dom da vida em seu lindo e melancólico fluir e refluir constante. (MORAES apud REBOUÇAS, 2008, online)
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GASTRONOMIA
Em todos esses anos que o Brasil existe como país, a culinária brasileira resultou de uma grande mistura de culturas, população e tradições. Cada região brasileira possui um prato típico e artimanhas culinárias adaptadas ao seu clima e especiarias, devido a esta variedade não há como definir somente um prato típico que caracterize o Brasil (GASTRONOMIA, 2012, online). Porém um dos pratos mais conhecidos e saboreados pela população brasileira e pela população mundial é a feijoada. Algumas referências históricas levam a crer que a feijoada foi criada pelos escravos que cozinhavam o feijão juntamente com os restos de carne que não agradavam aos seus senhores e que assim surgiria o prato mais conceituado do Brasil pelas mãos dos negros. Porém a história da feijoada vem de muito tempo atrás, desde a origem do feijão para a sociedade. O feijão preto (clássico grão para a feijoada) é de origem sul-americana e era bastante utilizado pelas tribos indígenas e veio mais tarde a se tornar um prato indispensável nas mesas da alta sociedade. Porém, segundo historiadores a feijoada é inspirada em um prato tradicional da Europa dos tempos do Império Romano que consiste em tipos de carne misturados com legumes e verduras. Quando esta tradição vem para o Brasil com os portugueses, há a mistura deste tradicional prato europeu com o feijão preto, surgindo, assim, a típica feijoada brasileira (FEIJOADA: BREVE HISTÓRIA DE UMA INSTITUIÇÃO COMESTÍVEL, 2012, online).
78 FIG 78: Feijoada à brasileira - Fonte: http://goo.gl/cGOXI - Acesso em: 19/11/2012
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FUTEBOL
Esta cultura está em todos os corações brasileiros, em alguns com maior intensidade outros com menor, mas não há ninguém no Brasil que não se transforme ao assistir a um jogo de futebol de sua querida nação, retratando o patriotismo de uma maneira única, afirmando, assim, a verdadeira identidade brasileira. O Futebol chegou ao Brasil no final do século XIX. Após chegar da Inglaterra, Charles Miller trouxe o esporte para o Brasil, tornando-se, assim, o divulgador do futebol em São Paulo e Oscar Cox no Rio de Janeiro. Antes o futebol era tido como um esporte da elite, porém aos poucos foi se tornando popular, principalmente quando os negros passaram a fazer parte das equipes de futebol. Com o campeonato de 1923, vencido pelo time de negros e pobres do Vasco da Gama, a visão elitista sobre o esporte deixou de existir (MARANGON, 2012, online). A paixão que existe pelo futebol no Brasil é tanta, que os jogadores brasileiros passaram a jogar não só por esporte e sim com o coração; com isso a qualidade do jogador brasileiro se enobrece e torna o esporte em uma forma de arte. Segundo o autor Davi Marangon: “[...] essa forma de jogar futebol passa a representar o homem brasileiro, da mesma forma com que o fazem outros fenômenos nacionais, como o carnaval, por exemplo.” (MARANGON, 2012, online).
[...] essa forma de jogar futebol passa a representar o homem brasileiro, da
mesma forma que o fazem outros fenômenos nacionais, como o carnaval, por exemplo. [...] Ao longo dos anos, desde sua chegada ao Brasil, o futebol tem
se transformado em uma forma de linguagem por meio da qual a sociedade
brasileira pode expressar suas características emocionais mais profundas, tais como paixão, ódio, felicidade, tristeza, prazer, dor, fidelidade, resignação, coragem, fraqueza, entre outras. Conclui-se que a relação do brasileiro
com o futebol foi se constituindo de forma complexa, envolvendo diversos
79 FIG 79: Torcida brasileira Fonte: http://goo.gl/CQ8bT Acesso em: 19/11/2012
aspectos interligados — históricos, culturais e sociais —, de forma que hoje esse esporte se configura como uma paixão nacional, patrimônio cultural e elemento identificador do povo brasileiro. (MARANGON, 2012, online)
CAPOEIRA
A capoeira tem início durante o século XVI. A mão-de-obra escrava africana era muito utilizada nos engenhos de cana-de-açúcar, quando o Brasil ainda era colônia de Portugal. Quando os africanos vieram para o Brasil, necessitaram de uma defesa contra os maus tratos dos senhores de engenho, mas estes proibiam seus escravos de executar qualquer tipo de luta. Foi neste momento que a capoeira surgiu pela primeira vez; como os africanos já possuíam o hábito de dançar conforme seus ritmos, a capoeira se originou dessas danças com a adaptação a um tipo de luta, tornando-se, assim, uma arte marcial disfarçada de dança ao som do instrumento principal, que é o berimbau. Esta criação tinha como principais objetivos a manutenção da saúde física dos escravos, da cultura e o alívio do estresse de trabalho (HISTÓRIA DA CAPOEIRA, 2012, online).
80 FIG 80: Capoeira Fonte: http://goo.gl/1KoOz Acesso em: 19/11/2012
ARTE
Quando se argumenta sobre a arte brasileira, as diversas obras de Tarsila do Amaral (fig. 81) surgem em nossas cabeças. Como o projeto se delimita à estética de imagens femininas, faz-se necessário retratar uma figura feminina que representou tão bem a cultura brasileira em suas obras. Tarsila do Amaral nasceu no ano de 1886 na cidade de Capivari, interior de São Paulo. Foi capaz de representar a cultura popular brasileira de uma forma única no universo da arte contemporânea através das formações acadêmicas que teve em São Paulo e em Paris. Durante o Movimento Modernista, a artista foi considerada a melhor pintora capaz de representar a arte brasileira através de suas obras de expressão inigualável. Em 1928, pintou sua mais famosa e valiosa tela, o Abaporu (fig. 82), fruto da inspiração do movimento antropofágico da década de 30 (BIOGRAFIA DE TARSILA DO AMARAL, 2012, online).
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FIG 81: Tarsila do Amaral Fonte: http://goo.gl/w8P9p Acesso em: 19/11/2012
FIG 82: Obra Abaporu Fonte: http://goo.gl/76O6S Acesso em: 19/11/2012
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LITERATURA
Jorge Amado nasceu em 1912 na cidade de Itabuna no sul da Bahia. Anos mais tarde, mudou-se para a cidade Ilhéus com sua família devido a uma epidemia de varíola. Aos 15 anos, começou a trabalhar em jornais, já dando início à sua carreira como literário. Entre os anos 1931 e 1937, publicou importantes obras como: O país do carnaval (1931), Cacau (1933), Suor, Jubiabá, Mar Morto e Capitães da Areia. Combateu os abusos do Estado Novo e, por este motivo, foi perseguido e exilado, voltando ao Brasil somente no ano de 1944. Exilado novamente, foi com a família para a França. Quando voltou ao Brasil em 1950, lançou os romances: Os subterrâneos da liberdade, Gabriela, Cravo e Canela (1958), Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966) e Tereza Batista Cansada de Guerra (1972). Em 1961, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras e no ano 2001 faleceu no dia em que completara 89 anos (JORGE AMADO, 2012, online). Para representar a literatura brasileira com a estética das pin-ups, foi escolhida a personagem Gabriela da obra “Gabriela, Cravo e Canela” do autor Jorge Amado, devido à personalidade forte que esta apresenta em meio às mulheres de sua época na obra literária. Gabriela é uma mulher vinda do norte, fugitiva da seca, alegre e disposta, segundo o próprio autor: “Ela tem cabelos longos, negros e encaracolados, pele cor de canela e perfume de cravo. Tem corpo de mulher jovem e feições de menina”. Uma mulher que cativa a todos os homens que a veem.
83 FIG 83: Gabriela, Cravo e Canela Fonte: http://goo.gl/j20qW Acesso em: 19/11/2012
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FOLCLORE
A cultura brasileira também é composta pelos mitos do folclore e o Saci-Pererê é um dos principais personagens que representam essa cultura. Acredita-se que este surgiu nas tribos indígenas da região sul do Brasil. O personagem também sofreu influências da cultura africana e acabou se transformando em um jovem negro que possui somente uma das pernas e que, segundo o mito, teria perdido em uma luta de capoeira; em sua cabeça um gorro vermelho e na boca um cachimbo. O Saci-Pererê é conhecido principalmente por sua postura, apronta travessuras a todo tempo, é alegre e divertido, possui a mania de esconder objetos, adora assustar cavalos e bois, porém tudo é feito de forma cômica. De acordo com o mito, se quiser pegar um saci, é necessário jogar uma peneira em cima do redemoinho que se desloca. Após isso, deve-se tirar o gorro e prendê-lo em uma garrafa para que assim obedeça. Foi através da cultura oral que o mito se perpetuou entre as sociedades (LENDA DO SACI-PERERÊ, 2012, online).
84 FIG 84: Saci Pererê Fonte: http://goo.gl/7TLDZ Acesso em: 19/11/2012
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FESTA JUNINA
Acredita-se que há duas formas de se explicar o surgimento da festa junina, uma delas é a de que esta surgiu em função das festas que ocorrem durante o mês de junho, a outra é a de que a festa teve sua origem em países católicos da Europa e que devido a isso seria uma homenagem ao São João. Segundo historiadores a festa teve sua origem no Brasil através dos portugueses ainda durante o período colonial, porém nesta mesma época o Brasil era influenciado por diferentes culturas de diferentes países. A quadrilha, como é conhecida a dança típica da festa junina teve como influência principal as danças nobres francesas, conforme o tempo todas as características destas culturas se misturaram às brasileiras nas diferentes regiões do país resultando em um estilo exclusivo. A festa junina é comemorada em todo o Brasil, porém a região do Nordeste a tem como tradição quando se trata de agradecer aos santos: São João, São Pedro e Santo Antônio. Tradição esta que se encontra também na gastronomia, pois a colheita do milho é feita no mês de junho e este cereal é de extrema importância para os pratos juninos como: pamonha, cural, canjica, entre outros (HISTÓRIA DA FESTA JUNINA E TRADIÇÕES, 2013, online).
85 FIG 85: Bandeirinhas Fonte: http://goo.gl/892e0 Acesso em: 19/11/2012
ÍNDIOS
Os índios foram a primeira população que habitou o território brasileiro. Segundo o autor Leandro Carvalho (2013, online) os índios foram nomeados de indígenas pelo fato de os portugueses acreditarem que haviam chegado na Índia, fazendo então referência ao nome. As comunidades indígenas sempre se diferenciaram diante de suas características únicas, dentre elas se destaca a língua falada nas diferentes tribos como tupi, aruak, entre outras; as práticas culturais e também as diferentes crenças e rituais. Existem ainda tribos que habitam o Brasil, dentre as tribos que habitam e habitaram o território nacional destacam-se: Araweté, Avá-Canoeiro, Bororo, Cinta larga, Guarani, Javaé, Kaingang, Karajá, Kayapó, Krahó, Munduruku, Pataxó, Tapirapé, Terena, Ticuna, Tupinambá, Xakriabá, Xavante, Xerente, Xingu, Yanomami, entre outros. Para a própria sobrevivência ou da tribo em geral, os indígenas eram povos nômades e seminômades, o que significa que assim que se acabavam os recursos naturais, vegetais e animais daquela determinada região eles se deslocavam a procura de um outro local que pudesse oferecer-lhes estes recursos durante determinado tempo. Os valores culturais e sociais impostos pelos chefes espirituais era algo que se prezava dentro de uma comunidade indígena, fazendo com que todos da tribo seguissem e respeitassem o ambiente o qual foram criados. Valores estes que geraram hábitos, crenças, alimentos e costumes para a maioria da população brasileira (CARVALHO, 2013, online).
86 FIG 86: Índio Fonte: http://goo.gl/dbV8z Acesso em: 19/11/2012
PIN-UPS NO BRASIL
Em cada país, elas conquistaram sua popularidade de uma forma diferente. No Brasil as melindrosas, o teatro de revista, as vedetes, as certinhas do Lalau e a chanchada foram os principais responsáveis pela chegada deste fenômeno, que não possuiu o mesmo objetivo que tinham na Segunda Guerra Mundial para o Estados Unidos, mas aqui possuíam a única e exclusiva função de representar aquilo que o Brasil possui de mais belo: suas mulheres e sua cultura.
4.1 ORIGEM DAS PIN-UPS NO BRASIL Assim como nos Estados Unidos, a arte das pin-ups passou a crescer no Brasil através das mídias. Foram diversos os veículos de divulgação que trouxeram este fenômeno para o nosso país (os quais serão tratados no subcapítulo 4.4.), entre eles pode ser destacada a revista de maior sucesso da época conhecida por “O Cruzeiro”, assim como a indústria cinematográfica brasileira. Segundo Gonçalo Junior (2011, p.136), o mercado da moda incentivou, mesmo que indiretamente, a vinda deste estilo de arte para o Brasil (na época ainda era novato nesta área quando relacionada ao vestuário feminino) . Desde 1910, as revistas traziam seções exclusivas sobre a moda feminina. A França era o país onde a indústria da moda prevalecia, tanto que era de lá que as mulheres brasileiras que possuíam condições financeiras importavam suas roupas e lingeries (pois a produção de lingeries no Brasil aconteceu somente da década de 30) e aquelas que não possuíam condições contratavam costureiras para copiar os modelos originais parisienses (GONÇALO, 2011a, p.136). Mas a história das pin-ups no Brasil vai muito além das mídias que divulgaram tal fenômeno. As mulheres da sociedade brasileira passaram por inúmeros acontecimentos históricos até o momento de serem datadas como pin-ups. Acontecimentos estes que deixaram sua marca e registro na formação da cultura brasileira e que relembram os acontecimentos anteriores às pin-ups americanas. No ano de 1920, uma figura que hoje é imortalizada por todos surgiu pelas mãos do artista J. Carlos (1884 - 1950) em publicações da revista “Para Todos...”. Caracterizada por seus lábios vermelhos em formato de coração, olhos redondos e cabelos escuros curtos, disparava os corações dos homens
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que se lançavam a seus pés. Definitivamente a Melindrosa (fig. 87), personagem criada por J. Carlos, pode ser considerada uma pin-up da década de 20, que esbanjava o seu modernismo, beleza, charme e ousadia na representação precoce da mulher brasileira (MELINDROSA, 2010, online).
87 FIG 87: Melindrosa de J. Carlos Fonte: http://goo.gl/5jaF3 Acesso em: 15/11/2012
Foi no ano de 1859 que nasceu o teatro de revista brasileiro (fig. 88, 89 e 90), derivado dos vaudevilles parisienses e trazido pelos imigrantes portugueses. O Teatro Ginásio do Rio de Janeiro foi palco da primeira peça que representaria o gênero: “As surpresas do Sr. José da Piedade” (1859), que representava um humor leve e popular, provocava indiretamente críticas políticas e, como principal característica, as cenas musicais que trabalhavam com a criatividade as paródias e danças de forte apelo sexual devido suas atrizes, as famosas vedetes, estarem sempre com as pernas à mostra (FIALHO, 2011, online).
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FIG 88 e 90: Cartaz e espetáculo do Teatro de Revista - Fonte: http://goo.gl/alXYX - Acesso em: 15/11/2012 FIG 89: Vedetes do Teatro de Revista - Fonte: http://goo.gl/kb0Tk - Acesso em: 15/11/2012
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Segundo Neyde Veneziano (1994, p. 154 - 155), o movimento do Teatro de Revista foi dividido em três marcantes fases. A primeira fase se caracteriza através das obras de Artur Azevedo; no início de cada ano, lançava-se uma revista que reunia os fatos marcantes do ano anterior de forma crítica e bem-humorada. A segunda fase do teatro de revista foi marcada pela chegada da companhia francesa Ba-ta-clan que influencia o teatro através do desnudamento do corpo feminino, transformando-o em um elemento cenográfico para as danças e musicais. A orquestra de cordas antes utilizada é substituída por uma banda de jazz da companhia de Jardel Jércolis. Nesta fase ainda, a revista se torna equilibrada entre os quadros cômicos e de crítica política, os números de musicais e fantasia. Na terceira fase do Teatro de Revista, a apresentações se tornam verdadeiros espetáculos, valorizando ainda mais o luxo presente nas coreografias, cenários e figurinos. Porém, com o passar do tempo, o Teatro de Revista começa a desaparecer aproximadamente na década de 60, devido à sua decadência. Ao se falar em teatro de revista, que nos venham as ideias de vedetes, de
bananas, de tropicália, de irreverência e, principalmente, de humor e de música, muita música. Mas que venha também a consciência de um teatro que contribuiu para a nossa descolonização cultural, que fixou nossos ti-
pos, nossos costumes, nosso modo genuíno do ‘falar à brasileira’. Pode-se dizer, sem muito exagero, que a revista foi o prisma em que se refletiram as nossas formas de divertimento, a música, a dança, o carnaval, a folia,
integrando-os com os gostos e os costumes de toda uma sociedade bem
como as várias faces do anedotário nacional combinadas ao (antigo) sonho popular de que Deus é brasileiro e de que o Brasil é o melhor país que há (VENEZIANO, 1994, p. 154 - 155)
O Teatro era composto de mulheres excepcionalmente belas e glamorosas, conhecidas como as vedetes, termo este que possuía no Brasil o significado sobre coisas ou pessoas extremamente desejadas. Nomes como Virgínia Lane, Anilza Leoni, Bibi Ferreira, Eloína Ferraz, e Renata Fronzi fizeram parte deste espetáculo que reunia a beleza de mulheres esplêndidas (fig. 91, 92 e 93) (VENEZIANO, 1994, p. 154 - 155).
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FIG 91 e 92: As vedetes Anilza Leoni e Bibi Ferreira - Fonte: http://goo.gl/Pt5q7 - Acesso em: 15/11/2012 FIG 93: Vedete Eloína Ferraz - Fonte: http://goo.gl/9yXKt - Acesso em: 15/11/2012
Outro fato marcante que fez também parte da origem das pin-ups no Brasil foram As certinhas do Lalau. Segundo a autora Lily (2009, online) do website “contandocauso”, o jornalista Sérgio Porto conquistou seu espaço na mídia brasileira durante a década de 50 e ficou conhecido por todos como Lalau. Tudo se deu início quando a revista Manchete (1950) publicou uma lista das “Mulheres mais bem vestidas do ano” e, por sátira, Lalau criou a lista das “Mulheres mais bem despidas do ano”. A expressão “Certinhas do Lalau” foi baseada na frase que o pai do jornalista pronunciava ao ver uma bela mulher passar: “Olha só que moça mais certa” e, a partir de então, deu-se início ao concurso que elegeria a mulher mais bela do ano. Aizita Nascimento, Betty Faria, Brigitte Blair, Carmen Verônica, Eloína, Íris Bruzzi, Mara Rúbia, Miriam Pérsia, Norma Bengell, Rose Rondelli, Sônia Mamede e Virgínia Lane eram mulheres que se faziam presente na que lista de Lalau criou (LILY, 2009, online). Por último e não menos importante, a Chanchada Brasileira. Esta pode ser considerada um gênero cinematográfico que representava filmes engraçados que estiveram em cartaz entre as décadas de 30 a 60. A palavra Chanchada significa ao pé da letra: chanchada (espanhol chanchada) s. f.
1. [Brasil] [Cinema, Teatro, Televisão] Obra de carácter popular, com números musicais e de humor burlesco.
2. [Brasil, Depreciativo] [Cinema, Teatro, Televisão] Filme, peça teatral,
programa televisivo ou radiofónico de carácter vulgar, com piadas brejeiras ou de má qualidade.
3. [Brasil] Qualquer coisa sem valor ou de má qualidade. = CHACHADA (PRIBERAM, 2012, online)
Segundo Luiz Santiago (2012, online), este tipo de gênero foi bastante comum entre outros países também, não sendo, então, uma exclusividade do Brasil. Como visto na definição real da palavra, as chanchadas eram comédias que misturavam músicas de carnaval com partes de filmes policiais ou de ficção (chanchadas de paródia) sempre com o bom humor, e foi devido a isto que as salas de cinema lotavam sempre que havia novidade. A produtora Atlântida Cinematográfica foi a responsável pela introdução do gênero no país, tendo seus anos de glória durante as décadas de 50 e 60. Nos primeiros filmes, fez-se necessário trazer pessoas de grande sucesso para a época, pois a intenção era a de conquistar o público através destes personagens. Assim como na maioria dos acontecimentos, as chanchadas brasileiras se baseavam nas comédias do cinema hollywoodiano, juntavam-se as características deste com as de nosso país para personificar o cinema nacional (SANTIAGO, 2012, online). As chanchadas, assim como o Teatro de Revista, foram muito importantes para a libertação da
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imagem feminina. As telas de cinema traziam ao público mulheres lindas que agiam de forma natural e engraçada, sem em algum momento a submissão fazer parte do bom humor apresentado.
4.2 PRINCIPAIS ÍCONES BRASILEIROS Consideradas o estereótipo de mulher mais bonito que existe no mundo, a mulher brasileira possui um jeito exclusivo de encantar os olhos de quem a vê passar. Possui um mistério em seu olhar, em sua ginga e em seu andar; dona de uma essência que não há em qualquer outra mulher no mundo, é a mais bela e a mais sedutora. Vive a vida da melhor maneira, sabe aproveitar e contemplar as belezas que o próprio país proporcionou ao seu redor. Tal elogio se deve aos grandes ícones que fizeram história, mulheres que um dia impressionaram e ainda impressionam, não só o seu país, mas o mundo todo. Carregaram consigo as principais características de seu país e levaram-nas para o conhecimento geral das nações, cativando a todos. Portanto, ninguém melhor que Carmen Miranda e Leila Diniz para a representação da mulher brasileira.
4.2.1 CARMEN MIRANDA Com base no website oficial da cantora Carmen Miranda, é possível descrever a biografia daquela que conquistou o mundo (CARMEN MIRANDA OFICIAL, 2012, online). Maria do Carmo Miranda da Cunha nasceu no dia 9 de fevereiro em Portugal no ano de 1909. No mesmo ano, sua família se mudou para a cidade do Rio de Janeiro no Brasil, onde a futura cantora cresceu ouvindo e degustando um pouco de toda a miscigenação cultural que habitava o local. Carmen pode ser considerada a primeira artista multimídia do Brasil, cantar era apenas um de seus talentos, ela foi capaz de revolucionar a cultura brasileira com a sua voz. Por muito tempo, foi a maior estrela que o Brasil já possuiu, dominou o primeiro lugar nas rádios, no cinema, teatros e até os cassinos brasileiros. A cantora fazia uma releitura sobre a imagem da baiana; até hoje suas roupas, maquiagem e adereços são características fortes quando se lembra da cantora de maior sucesso brasileiro (fig. 94, 95, 96).
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94 FIG 94: Carmen Miranda Fonte: http://goo.gl/VJqB6 Acesso em: 16/10/2012
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96 FIG 95: Carmen Miranda - Fonte: http://goo.gl/bNZjC - Acesso em: 16/10/2012 FIG 96: Carmen Miranda - Fonte: http://goo.gl/qxU2Q - Acesso em: 16/10/2012
Suas músicas prestavam homenagens e eternizaram grandes compositores que um dia representaram o Brasil, nomes como Ary Barroso, Dorival Caymmi, Lamartine Babo e Pixinguinha ficaram registrados nas inúmeras marchinhas de carnaval e samba que Carmen gravou durante a sua carreira. Ainda com base no website oficial da cantora, seu sucesso foi tão grande, que em pouco tempo de carreira conquistou ouvidos e corações que habitavam outros continentes; primeiramente na Argentina, depois se expandiu para os Estados Unidos e Europa. Conquistou cada um destes locais com sua graça e simpatia, voz sedosa e diferenciada, levou o ritmo brasileiro ao conhecimento de pessoas que jamais tiveram oportunidade de vivenciar as qualidades e belezas superiores de um país maravilhoso. Por causa de seu enorme sucesso fora de seu país de origem, Carmen foi acusada pelo povo brasileiro de ter se influenciado pela cultura americana e de “americanizar-se”. É importante lembrar que, até hoje, quando se fala sobre a cantora, surge a questão de que ela se americanizou e se esqueceu de seu lado brasileiro de ser. É de grande mediocridade quem trata este fato como se fosse uma verdade. Carmen foi, e ainda é, um símbolo indiscutivelmente representativo da cultura brasileira; nasceu em Portugal, mas foi no Brasil que aprendeu, cresceu, conviveu e viveu toda a beleza e característica que o país se dispôs a oferecer. E foi através disso que criou o seu sucesso e conquistou a coragem e atitude para mostrar mundo afora aquilo de que mais se orgulhava: o seu país, o nosso país (CARMEN MIRANDA OFICIAL, 2012, online). Muitos profissionais dos ramos da música, cinema, teatro etc. demonstram através de palavras a sua admiração por Carmen Miranda. Segundo Caetano Veloso: [...] Um movimento cultural que veio a se chamar Tropicalismo tomou-a
como um dos seus principais signos, usando o mal-estar que a menção do seu nome e a evocação dos seus gestos podia suscitar como uma provo-
cação revitalizadora das mentes que tinham de atravessar uma época de
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embriaguês nas utopias políticas e estéticas, num país que buscava seu lugar na modernidade e estava sob uma ditadura militar [...] Tínhamos descoberto que ela era nossa caricatura e nossa radiografia. E começamos a
atentar para o destino dessa mulher: uma típica menina do Rio, nascida em Portugal, usando uma estilização espalhafatosamente vulgar mas ainda
assim elegante da roupa característica da baiana, conquistara o mundo e chegara a ser a mulher mais bem paga dos EUA [...]” (VELOSO (1991) apud CARMEN MIRANDA OFICIAL, online)
Para o historiador de moda João Braga, a baiana significava: Ela conseguiu criar uma identidade brasileira ao misturar elementos sen-
suais, como o bustiê e os quadris marcados, com o exagero dos bordados e de seus gestos. A própria Carmen, inclusive, costurava suas peças. O exagero do barroco está na essência do brasileiro e ela trazia isso em sua ima-
gem. Foi ela quem criou uma identidade para o Brasil lá fora, de alegria e de descontração” (BRAGA apud CARMEN MIRANDA OFICIAL, 2012, online)
Assim como as atrizes e cantoras americanas eram símbolos da beleza americana e mais tarde vieram ser consideradas as verdadeiras pin-ups, pode-se afirmar que Carmen Miranda também é um ícone representativo da beleza feminina brasileira, a qual para muitos artistas e pintores brasileiros foi considerada a principal pin-up brasileira de todos os tempos, talvez não com tanta intensidade quanto para os artistas americanos, mas com o fiel objetivo de mostrar uma mulher ideal e principalmente real. Carmen cativava a todos com sua ginga e olhos cristalinos; suas roupas ousadas desafiavam o período de ditadura em que se encontrava, foi um grande símbolo e exemplo para a moda brasileira, era uma pessoa simples e repleta de um conteúdo gigantesco. Porém sua popularidade exigia muito de seus esforços e para que isso não se tornasse um problema para a estrela, pílulas para dormir e acordar passaram a fazer parte de sua rotina, as quais no dia 5 de agosto de 1955 levaram-na a falecer com apenas 46 anos (CARMEN MIRANDA OFICIAL, 2012, online).
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4.2.2 LEILA DINIZ Com base nas pesquisas feitas, pode-se dizer que Leila Diniz é a maior revolucionadora de atitudes femininas desde a década de 60. Com ela não havia tempo ruim muito menos desigualdade. Em meio a uma sociedade machista, ela enfrentou centenas de homens e também mulheres através de seu linguajar chulo quando se fazia necessário; ficou conhecida também por ser a primeira brasileira a ser fotografada grávida e usando somente um biquíni (1971), o que para a época era considerado um absurdo, mais que isso, um escândalo. Segundo o artigo sobre Leila Diniz encontrado no website “cidadeverde”: Leila Diniz expôs o corpo numa época de recato. Falou palavrões em público num tempo em que apenas os homens faziam isso. Fez apologia do prazer sexual quando isso era um tabu. Namorou quem quis, solteiros e casados, sempre manifestando a sua vontade. Era muito diferente da maioria das mulhe-
res do seu tempo – e teve a oportunidade de fazer tudo isso de forma pública graças à visibilidade que a carreira de atriz lhe proporcionou.” (NEM SANTA NEM VAGABUNDA, LEILA DINIZ RENASCE EM BIOGRAFIA, 2012, online)
Com base nas informações do website “UOL”, Leila Roque Diniz nasceu no dia 25 de março de 1945, em Niterói, Rio de Janeiro. Possuía paixão por crianças e, desde muito nova, já lecionava em um jardim de infância. Domingos de Oliveira (cineasta) foi o seu primeiro amor, com o qual conviveu até os seus vinte e um anos. Após o término do relacionamento, passou a trabalhar como atriz em teatros, televisão e também no cinema. A atriz participou de diversos filmes, um total de aproximadamente quatorze longas-metragens, doze novelas e inúmeras peças de teatro. Dentre suas realizações se destacam: “Em Busca do Tesouro”(1961), “O Preço de Um Homem” (1964), “Eu Compro Essa Mulher” (1965), “O Sheik de Agadir” (1965), “Todas As Mulheres do Mundo” (1966), “Edu, Coração de Ouro” (1967), “Madona de Cedro” (1967) e “Fome de Amor” (1968). Também, mesmo que breve, fez parte do elenco do Teatro de Revista como vedete no espetáculo “Tem Banana na Banda” (LEILA DINIZ, 2012, online). Leila possuía as principais características de uma verdadeira pin-up, assim como Carmen Miranda; ela distorceu a visão que antes havia sobre a mulher brasileira e despertou desejos inimagináveis aos homens de uma época ditatorial. O estereótipo atual não era valorizado: para a época uma mulher bonita tinha que possuir curvas e ser “cheinha”, a magreza de hoje em dia era dispensável. Leila (fig. 97, 98 e 99) mostrou ao país esse tipo de mulher, dona de um corpo natural, causava inveja a todas as mulheres que a subestimavam.
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97 FIG 97: Leila Diniz Fonte: http://goo.gl/Q0ntv Acesso em: 06/11/2012
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FIG 98: Leila Diniz- Fonte: http://goo.gl/6IvVn - Acesso em: 06/11/2012 FIG 99: Leila DIniz - Fonte: http://goo.gl/35KMn - Acesso em: 06/11/2012
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101 FIG 100: O Pasquim - Fonte: http://goo.gl/ YNjYO - Acesso em: 06/11/2012
FIG 101: Leila DIniz Grávida - Fonte: http://goo. gl/T2V8E - Acesso em: 06/11/2012
Havia somente uma preocupação na vida de Leila Diniz, a de ser feliz. Muitas pessoas se opunham à vida de Leila, inúmeras críticas vinham da sociedade machista em que vivia, as mulheres da época a consideravam extremamente vulgar, porém para Leila pouco importava o pensamento alheio, para ela a vida deveria ser vivida da melhor forma, sem restrições ou arrependimentos. Com isso tornou-se um ícone de liberdade feminina e ficou para a história. O ano de 1969 ficou marcado pela entrevista que Leila concedeu a Pasquim (fig. 100), a qual ficou conhecida pela quantidade de palavrões que a bela moça pronunciou durante toda a conversa e também por uma de suas falas: “você pode amar muito uma pessoa e ir para a cama com outra. Já aconteceu comigo”. Tais fatos foram um baque para uma sociedade conservadora que vivia um período de uma rigorosa e dolorosa ditadura; sua fala gerou mais à frente a censura prévia à imprensa, que ficou conhecida como Decreto Leila Diniz (RIBAS, 2010, online). No ano de 1971, casa-se com o diretor de cinema Ruy Guerra, com quem tem uma linda filha chamada Janaína. Neste mesmo ano, outra polêmica é provocada por Leila, com a indefesa intenção de mostrar o seu lado maternal, aproximadamente aos nove meses de gestação, Leila tira fotos (fig. 101) de biquíni na praia de Copacabana, exibindo sua barriga fertilizada ao público, causando novamente um escândalo para a época (RIBAS, 2010, online).
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Infelizmente, em 1972, morre Leila Diniz de maneira trágica e triste. Com apenas vinte e sete anos e no auge de sua fama, um fatídico acidente de avião ocorre na Índia, ela voltava de um festival de cinema na Austrália onde acabara de ganhar o prêmio de melhor atriz do filme “Mãos Vazias”.
4.3 OS ARTISTAS BRASILEIROS No Brasil por volta de 1930, alguns dos artistas brasileiros sofreram grande influência deste fenômeno inesquecível que marcou a era da Segunda Guerra Mundial. Por meio da publicidade, foi possível mostrar a toda sociedade a figura feminina idealizada. Assim como na América e Europa, no Brasil essas mulheres também se tornaram comuns em pouquíssimo tempo, invadiram o mercado nacional através de fotos, pôsteres, cartazes e calendários. Artistas como Alceu Penna, Vicente Caruso e Benício merecem ser lembrados e destacados em meio a outros como os principais criadores e caracterizadores das pin-ups brasileiras. Cada um destes artistas possui um estilo diferenciado de representação da beleza e estereótipo feminino. Nos subcapítulos abaixo, será possível conhecer um pouco mais detalhadamente sobre seus trabalhos.
4.3.1 ALCEU PENNA O subcapítulo é escrito com base no livro “Alceu Penna e as garotas do Brasil: Moda e Imprensa - 1933 a 1975” (2011a), escrito pelo jornalista Gonçalo Junior. Alceu Penna nasceu no dia 10 de janeiro de 1915 na cidade de Curvelo, Minas Gerais, porém anos depois muda-se para o Rio de Janeiro. Desde pequeno, o artista mostrava interesse em ser pintor, pois tinha o hábito de ficar horas rabiscando as calçadas, reproduzindo os desenhos da revista infantil O Tico-Tico e das publicações da revista O Malho (1902) em que o artista J. Carlos (1884-1950) aparecia com sua ilustrações de traços delicados e humanistas. Ainda pequeno, descobriu-se através de um casal de artistas que Alceu possuía dificuldades com as cores, o que logo após foi confirmado o caso de daltonismo. Aos quatorze anos, o artista desenvolve um traço próprio para seus desenhos, porém com nítidas semelhanças ao trabalho de J. Carlos. Alguns anos
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após, Alceu inicia um curso de arquitetura, mas desiste e se dedica ao Curso de Belas Artes. Depois de constituir sua carreira como artista consagrado, passa a colaborar com diversas revistas de sucesso brasileiro como: “O Cruzeiro”, “A Cigarra”, “O globo Juvenil” e “Manequim”. Entre estas revistas, a que mais se destaca na carreira de Alceu Penna é a “O Cruzeiro” onde fundou uma coluna especial com seus trabalhos, conhecida como: “As Garôtas” (fig. 102 e 103). Neste espaço exclusivo para suas obras, Alceu teve a oportunidade de mostrar ao Brasil e ao mundo a beleza única que suas mulheres ilustradas possuíam. Tinha como principal objetivo convencer todos os seus leitores (as) de que a liberdade e a sensualidade feminina não deveriam ser julgadas através da vulgaridade e castidade. Com isso, Alceu consagrou a imagem da mulher carioca por meio de suas pin-ups, estabeleceu o padrão de beleza carioca revolucionando as atitudes e pensamentos da mulher jovem de todo o país. Prenunciou, pregou e difundiu as tendências de liberdade, independência e emancipação da mulher brasileira com apenas o ato de desenhar aquilo que mais lhe agradava.
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103 FIG 102: Coluna “As Garôtas de Alceu Penna - Fonte: http://goo.gl/Um7Co - Acesso em: 15/11/2012 FIG 103: Coluna “As Garôtas de Alceu Penna. Fonte: http://goo.gl/zoShW - Acesso em: 15/11/2012.
Ainda de acordo com o autor (GONÇALO, 2011a, p.138), o mundo da moda sempre se fez presente nas obras do artista. Com sua experiência ao lado da musa Carmen Miranda nos Estado Unidos, Alceu pôde difundir através de suas ilustrações os novos hábitos e costumes da América, fato este que tornou notável em sua coluna “As Garôtas”. De acordo com o autor do livro Alceu Penna e as garotas do Brasil: Moda e Imprensa - 1933 a 1975, afirma-se que: Alceu assimilou muitas influências, mas estabeleceu um traço único. Isso se
nota no fato de que ele não copiava exatamente poses das pin-ups dos mes-
tres Vargas ou Gibson, recurso adotado por muitos desenhistas brasileiros de histórias em quadrinhos. Sua concepção autoral se fazia, portanto, completa, personalíssima. Também não recorreu a telas a óleo para compor suas
garotas, como faziam os americanos - eram incrivelmente, desenhadas. Mas
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dava a elas o mesmo espírito libertário e a mesma reverência à beleza femi-
nina que consagraram os mais importantes autores do gênero nos Estados Unidos. (JUNIOR, 2011, p. 140)
Em todos os trabalhos executados por Alceu Penna, nota-se a característica única que constituiu para o seu próprio traçado, linhas leves e de espessura fina dão à suas ilustrações um toque mais feminino e simplório. Após ter formalizado o padrão de beleza da garota carioca e brasileira, as garotas de Alceu são mulheres que possuem a cintura afinada, quadris reduzidos, pescoços longos, narizes afilados e a estatura média da mulher brasileira que varia entre um metro e cinquenta centímetros e um metro e sessenta centímetros (fig. 104 e 105). As personagens criadas e ilustradas pelo artista materializam o sonho de uma mulher ideal. Com isso se afirma que Alceu seguia o mesmo conceito e objetivo das pin-ups americanas: são mulheres criadas não para a realidade, mas sim para habitarem a mente da sociedade masculina que se fazia presente na época.
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105 FIG 104: Garotas de Alceu Penna - Fonte: http://goo.gl/xX4Wl - Acesso em: 15/11/2012 FIG 105: Garotas de Alceu Penna - Fonte: http://goo.gl/Z9nXC - Acesso em: 15/11/2012
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4.3.2 VICENTE CARUSO De acordo com o website oficial da família, conhecido como: “Pintores Caruso, o pintor já nasceu em uma família de artistas; desde o ano de 1910, a família Caruso é admirada por sua capacidade de expressão sobre a tela. Os desenhos, as cores, a sensibilidade e o realismo sempre estiveram presentes para que a sociedade brasileira e estrangeira pudesse prestigiar com orgulho e admiração obras incrivelmente cativantes. Rubens Caruso (2008, online) traz de maneira harmônica em sua matéria biografia sobre a família os principais objetivos que estes pretendiam alcançar com suas obras. Artistas, na mais plena acepção da palavra, voltados exclusivamente para o
seu trabalho estético, despreocupados em cortejar a crítica, incensar a mídia ou buscar guarida nos partidos e agremiações de esquerda, têm sido siste-
maticamente ignorados, o que certamente explica por que, neste início do
século 21, sejam praticamente desconhecidos das novas gerações. Chegou a hora de corrigir essa injustiça e recolocar os CARUSO no lugar que merecem. É esse o objetivo deste trabalho. (CARUSO, 2008, online)
Filho de Vicenzo Caruso e Ana Maria Provenzano, Vicente Caruso nasceu no ano de 1912 vivendo até o ano de1986. Durante este período, constituiu sua carreira como um dos maiores pintores brasileiros, porém, infelizmente, pouquíssimo lembrado e assim como muitos artistas suas obras obtiveram maior reconhecimento após a sua morte. Vicente possuía uma temática de obra bastante ampla, pintava desde natureza morta até a sua verdadeira paixão que eram os nus femininos. Ao ver suas obras de representações femininas, é possível concluir que ninguém soube abordar de melhor forma a beleza da mulher brasileira, como ele. Como afirma o jornalista Rubens Caruso: “[...] o frescor da sua pele e aquele algo a mais que poucas mulheres no mundo conseguem mostrar [...]” (CARUSO, 2008, online). Caruso lembra demasiadamente o pintor americano Gil Elvgren por possuírem estilos e técnicas muito parecidas e também por representarem situações semelhantes em que suas pin-ups se encontravam; como a cultura e o patriotismo de seus países. Em algumas obras do pintor brasileiro é possível admirar características específicas da cultura brasileira (fig. 106, 107, 108 e 109) e também a questão do orgulho patriota pela cidade de São Paulo, a qual foi representada em um dos inúmeros calendários feitos para a empresa Good Year para uma edição comemorativa do quarto centenário da fundação de São Paulo (fig. 110, 111). Caruso foi capaz de adaptar uma arte de conceito completamente americano para uma visão e compreensão explicitamente brasileira; procurou manter a mesma linguagem do original americano e também a questão do apelo sexual que se é oferecido pelas pin-ups, tudo isso feito de maneira “abrasileirada”, modificou suas pin-ups para um clima tropical e às curvas de uma nativa brasileira.
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FIG 106, 107, 108 e 109: Obras de Vicente Caruso - Fonte: http://goo.gl/LqDkP - Acesso em: 09/11/2012 FIG 110 e 111: Obras de Vicente Caruso - Fonte: http://goo.gl/Yr1hv - Acesso em: 09/11/2012
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4.3.3 BENíCIO Baseado no livro “Benício - Um perfil do mestre das pin-ups e dos cartazes de cinema”, de autoria do jornalista Gonçalo Junior (2006b) é possível afirmar que o artista conseguiu como ninguém, expressar em suas obras as relações emocionais e os maiores desejos que se encontravam no homem brasileiro. Segundo o próprio autor Gonçalo Junior: Sabe estas mulheres com quem cruzamos nas ruas? Estas que nos calam com
o olhar, com o exagero da gostosura quase cruel? Mulheres idealizadas que
podem ser a nossa perdição ou nossa redenção? Aquela que pode ser o amor de nossas vidas e que simplesmente vai em frente, deixando para trás a possibilidade de cometermos com elas as maiores loucuras?
Estas mulheres, a soma de todas as nossas vontades, estão lá, condensadas na obra do artista que se insere na tradução popular e no imaginário masculino brasileiro. (JUNIOR, 2006b, p. 8)
Nascido no dia 14 de dezembro de 1936 na cidade de Rio Pardo, o artista José Benício mudou-se anos depois para a cidade de Porto Alegre, quando descobriria o que o mundo havia para lhe oferecer. Desde sempre se mostrou prodígio para aprender a ler, escrever e logicamente desenhar. Sua mãe Hilda sempre procurou guardar os desenhos que seu filho fazia quando pequeno e foi através deles que se é possível afirmar a proximidade que Benício sempre possuiu com a sensualidade feminina. A revista O cruzeiro (1940) era sua principal fonte de inspiração: de lá copiava artistas famosas como a eterna Carmen Miranda ou reproduzia as criações que o artista Alceu Penna elaborava para os carnavais de todos os anos. Outro meio que levou Benício a se inspirar e descobrir ainda mais o mundo da ilustração foram as histórias em quadrinhos. Segundo o autor Gonçalo Junior (2006b, p.47), o primeiro emprego de Benício como ilustrador foi na Clarim Publicidade, aproximadamente no ano de 1952, quando entrou como sendo aprendiz de desenhista. Além do desenho, o artista possuía enorme paixão por tocar piano. Ao sair da agência de publicidade, foi trabalhar na Rádio Gaúcha; neste meio tempo Benício viajou para o Rio de Janeiro, onde mais tarde viria a se descobrir em um lugar repleto de belezas naturais e principalmente de mulheres lindíssimas. Foi na cidade maravilhosa que Benício encontrou a sua musa Maria de Lourdes com a qual se casou anos mais tarde e teve quatro filhos. Após ter deixado a Rádio Gaúcha, foi contratado como aprendiz de desenhista na Rio Gráfica e Editora (RGE) de Roberto Marinho, com a função de ajudar nas edições das histórias em quadrinhos compradas dos Estados Unidos e Itália, porém os desenhos
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de moda lhe agradaram mais que tudo e com isso passou a trabalhar para as revistas femininas Cinderela e Querida (edições de moda). Com a aproximação dos trabalhos estrangeiros, Benício se manteve inspirado através das obras de diversos consagrados artistas, como: Jonathan Uhitcomb, Alex Ross, Austin Briggs, Bob Peach, All Parker e preferido entre todos, Norman Rockwell. Os trabalhos destes artistas podiam ser encontrados na época em revistas de vanguardas gráfica e editorial americanas, entre elas: Good Housekeeping, Esquire, Time, New Yorker e Playboy. A revista Esquire foi para Benício a mais marcante devido a valorizar grandiosamente a ilustração de belas garotas. Ainda segundo o autor, no ano de 1961, por diferenças de salário, o artista deixa a Rio Gráfica e Editora e passa a trabalhar para McCann Erickson Publicidade na função de ilustrador. No período entre 1961 a 1963, executou trabalhos para grandes e importantes multinacionais como Coca-Cola, Esso e outras. Em 1963, afastou-se da empresa McCann Erickson Publicidade e foi trabalhar na concorrente Denison Propaganda, na qual foi contratado como ilustrador consagrado. Porém sua estadia na empresa é curta e, logo no ano seguinte, o artista volta para Porto Alegre, funda com seu irmão publicitário Juarez a J Benício Publicida, que, em 1967, fecha as portas. Entre os anos de 1965 a 1967, Benício produziu capas para os romances policiais e de espionagem da Editora Monterrey. Ele havia se tornado o responsável por ilustrar as capas dos best-sellers da editora. Ilustrou a personagem já existente, Giselle Montfort, da série A espiã nua que abalou Paris (fig. 112) e, após o fim desta edição, criou a personagem Brigitte Montfort (fig. 113 e 114), filha de Giselle Montfort. O artista se inspirou em uma socialite carioca chamada Maria de Fátima Priolli, pois acreditam que esta reunia todas as qualidades que um homem procurava em uma mulher. Segundo o autor Gonçalo Junior, a personagem Brigitte representava para o ilustrador, “[...] a mulher livre, emancipada, mais inteligente que os homens, rebelde, que lutava contra os ditadores, os políticos velhacos e os conceitos hipócritas daquela época” (JUNIOR, 2006b, p. 90), além de ser considerada uma válvula de escape para a juventude reprimida da época.
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FIG 112: Giselle Montfort - Fonte: http://goo.gl/j23yb - Acesso em: 14/11/2012 FIG 113: Capa do livro de Brigitte Montfort - Fonte: http://goo.gl/rrU6V - Acesso em: 14/11/2012 FIG 114: Brigitte Montfort - Fonte: http://goo.gl/DQAzv - Acesso em: 14/11/2012
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A partir de 1968, Benício focou sua arte nas produções de cartazes de cinema, transformando-se no mestre-de-cerimônias de um movimento cinematográfico jamais esquecido, conhecido como Pornochanchada, produziu inúmeros cartazes para filmes nacionais, fato este que o levou a se tornar o artista mais cobiçado e mais caro do Brasil. O primeiro cartaz a ilustrar foi o do filme Os carrascos estão entre nós (fig. 115); logo em seguida produziu o do filme A madona de cedro (fig. 116) que contava com a atuação de Leila Diniz, a série Os trapalhões (fig. 117) também ficou marcada pelos cartazes de Benício. Outros filmes também fizeram parte de suas ilustrações, como: Corisco, o diabo loiro (1969), O profeta da fome (1969), A compadecida (1969), Um certo capitão Rodrigo (1970), Ana Terra (1971), A mancha (1972) (JUNIOR, 2006b, p.110).
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FIG 115: Cartaz: Os carrascos estão entre nós - Fonte: http://goo.gl/7kXhl - Acesso em: 14/11/2012 FIG 116: Cartaz: A madona de cedro - Fonte: http://goo.gl/p0sS5 - Acesso em: 14/11/2012 FIG 117: Cartaz: Os trapalhões - Fonte: http://goo.gl/9GuJI - Acesso em: 14/11/2012
4.4 VEÍCULOS DE DIVULGAÇÃO Segundo o livro Alceu Penna e as garotas do Brasil: Moda e Imprensa - 1933 a 1975” (GONÇALO, 2011a), a revista O Cruzeiro foi a mais querida entre toda a população. No dia 6 de dezembro de 1928, as bancas de centenas de cidades receberam a primeira edição deste grandioso sucesso de vendas. Nos três primeiros anos de publicação, a revista possuía um forte apelo para o lado editorial e gráfico,
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o conteúdo que apresentava era de primeira, com nomes importantes para a literatura e jornalismo da época. A apresentação gráfica que esta trazia era incrivelmente impecável, impressa sobre o melhor papel couchê em quatro cores e em tamanho tabloide, revolucionava assim todo o aspecto imagético das revistas da época. O Cruzeiro trouxe também em seu editorial diversas publicações voltadas para o mundo feminino, suas capas eram na maioria das vezes compostas de mulheres bonitas, fato este que também agradava ao público masculino através de suas pin-ups. Como afirmava o editor chefe Chateaubriand: Uma revista deve ser como um espelho leal em que se reflete a vida nos seus aspectos edificantes, atraentes e instrutivos [...] Uma revista deverá
ser, antes de tudo, uma escola de bom gosto. Porque é a mais nova, O Cru-
zeiro é a mais moderna das revistas. É este o título que, entre todos, se empenhará por merecer e conservar: ser sempre a mais moderna num país
que a cada dia se renova, em que o dia de ontem já mal conhece o dia de amanhã. (JUNIOR, 2011a, p. 40 - 42)
As pin-ups que apareciam na revista O Cruzeiro eram obras do artista Alceu Penna, o qual possuiu uma coluna especial para a divulgação de seus trabalhos. Inicialmente com apenas três páginas que devido ao grande sucesso se tornaram seis. As jovens mulheres modernas da sociedade se basearam em todos os costumes e atitudes impostos por Alceu em sua coluna, maquiagem, penteados, vestimentas, tudo aquilo que uma verdadeira mulher adora. Abaixo alguns exemplares (fig. 118, 119 e 120) da revista de sucesso instantâneo, O Cruzeiro (GONÇALO, 2011a).
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FIG 118: Primeira edição da revista O Cruzeiro - 1928 - Fonte: http://goo.gl/HSxWC - Acesso em: 17/11/2012 FIG 119: Capa da revista O Cruzeiro - 1940 - Fonte: http://goo.gl/Dt3gE - Acesso em: 17/11/2012 FIG 120: Capa da revista O Cruzeiro - 1947 - Fonte: http://goo.gl/JQggt - Acesso em: 17/11/2012
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Outra publicação que pode também ser lembrada pela divulgação de figuras femininas foi a revista A Gigarra (fig. 121, 122 e 123). Esta foi lançada no ano de 1914 e, anos mais tarde, comprada pelo editor Assis Chateaubriand para se vincular como encarte da revista O Cruzeiro, que depois viria a ser independente com uma tiragem quinzenal. Era também uma publicação levemente exclusiva para o universo feminino, rica em ilustrações, inclusive as de Alceu Penna com dicas de moda, bem-estar, cinema e duas seções que abrangiam a este universo “Vida Doméstica” e “Colaboração das Leitoras”. A revista deixou de existir em meados da década de 70 (ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, online).
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FIG 121, 122 e 123: Capas da revista A Cigarra - Fonte: http://goo.gl/oaqHq - Acesso em: 17/11/2012
Outras duas revistas que fizeram grande sucesso com o público feminino de classe média eram conhecidas como Querida (fig. 124) e Cinderela (fig. 125 e 126) ambas da Rio Gráfica e Editora. Produtos de beleza e para o lar, moda universal, comportamento e histórias de amor eram publicações que podiam ser encontradas nas páginas internas. Inúmeras pin-ups ilustradas pelo artista Benício podiam ser encontradas e seguidas como exemplo pelas jovens leitoras.
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FIG 124: Revista Querida - Fonte: http://goo.gl/rHtoS - Acesso em: 17/11/2012 FIG 125: Revista Cinderela - Fonte: http://goo.gl/OeJSE - Acesso em: 17/11/2012 FIG 126: Revista Cinderela - Fonte: http://goo.gl/GwNwN - Acesso em: 17/11/2012
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O PROJETO
5.1 PROPOSTA Devido ao meu interesse de anos pelo assunto, o Trabalho de Conclusão de Curso foi para mim uma oportunidade de expressar toda a admiração que tenho pela arte das pin-ups. A era ”retrô” me instiga e me envolve em todos os aspectos e tem há muito tempo servido como principal influência para a realização de meus trabalhos casuais. Assim que houve a chance de expor e realizar algo que nos constituísse internamente, o tema aqui a ser apresentado se deu início. A minha relação com o desenho surgiu há muito tempo, o melhor brinquedo que poderiam me dar na época se resumia a uma simples folha de papel junto de diversos materiais que pudessem despertar a minha criatividade a partir de um espaço em branco e ali ficava por horas, esquecia-me de tudo o que acontecia ao redor, como se fosse uma terapia, um espaço sem tempo, um prazer sem cobrança. Portanto, o projeto que será apresentado possui acima de tudo, o objetivo de mostrar aquilo que possuo de maior habilidade e paixão em fazer. A ilustração é a forma com a qual consigo me expressar diante daquilo que me fascina; sendo assim, com este trabalho será possível mostrar a todos exatamente aquilo para o que desenvolvi maior interesse em ilustrar: a beleza feminina. O principal foco das minhas ilustrações, tanto casuais quanto as do projeto, dá-se pelo corpo, face, olhos e desenvoltura feminina, pois acredito que há, além da versatilidade, a identificação própria e sentimental para o desenvolvimento de algo que me compõe: a feminilidade. Não lembro o exato momento em que fui apresentada às pin-ups, mas lembro que o envolvimento maior com esta arte se iniciou quando comprei o livro Gil Elvgren - The complete pin-ups (2008). Foi de fato apaixonante admirar aquelas pinturas ali impressas, a delicadeza da técnica usada para representar detalhadamente como eram belas e únicas estas mulheres idealizadas. Elvgren possuía um dom indiscutivelmente incrível de trazer a realidade através de suas pinturas, visivelmente dono de um perfeccionismo incomparável e necessário para o sucesso que conquistou. Quando o assunto feminilidade entra em questão, nada melhor que as pin-ups para representá-lo. São delicadas, sensuais, provocantes e ingênuas, muitas vezes se torna difícil de compreender como os opostos conseguem ser encontrados juntos em uma só imagem. E é justamente este mistério que me instiga a admirar ainda mais essa arte de anos atrás.
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Baseado nas pesquisas que foram feitas sobre toda a historicidade das pin-ups e sua origem no mundo, expressamente no Brasil, o projeto aqui a ser apresentado consiste em utilizar a estética destas beldades para representar de forma diferenciada e inovadora a Cultura Brasileira. Por ser voltado expressamente para a questão estética da pin-up art, não se enfatiza a questão política envolvida em toda a história que se prelimita. O objetivo é utilizar a estética, ou seja, a ilustração como base principal para a execução do projeto final afim de atingir jovens e experientes ilustradores que possuam conhecimento e interesse pela arte e época ”retrô”. O projeto também é destinado àqueles que somente admiram a arte da ilustração. Como já argumentado nos capítulos anteriores, as pin-ups foram ilustrações que se popularizaram durante a Segunda Guerra Mundial, aproximadamente nos anos de 1940. A arte de se ilustrar mulheres de modo idealizado deixou sua marca entre as sociedades que vieram a ser constituídas após este período. Essas ilustrações se resumiam a representações sobre o quotidiano americano em que essas mulheres estavam expostas, os serviços domésticos de costume e muitas vezes a representação de uma mulher patriota e também que idolatravam a cultura de seu país. Logicamente tudo isto era interpretado de maneira machista, pois as pin-ups possuíam como seu principal público-alvo e interesse: os homens. A ideia de reproduzir as pin-ups brasileiras surgiu durante a primeira pesquisa realizada para o Trabalho de Conclusão de Curso. Após um maior domínio sobre o assunto, pude concluir que as pin-ups americanas abrangiam demasiadamente a cultura e o quotidiano americano, retratando o dia a dia e o patriotismo de uma mulher americana, com isso decidi seguir os mesmos passos. Como o objetivo do meu trabalho é representar a Cultura Brasileira com este estilo de arte, fez-se necessário pesquisar referências de diversos artistas que consagraram a estética das pin-ups em suas obras. Primeiramente pesquisei artistas de diferentes nacionalidades, com a restrição de que estes possuíssem em comum a formularização da estética das pin-ups que viria a surgir nas décadas passadas. Após ser feita esta pesquisa, abrangendo de forma geral / mundial o nascimento e desenvolvimento da estética deste fenômeno conhecido como pin-up, foi necessário delimitar a pesquisa para o Brasil. Para chegar à constituição de um tema final, foi necessário pesquisar os artistas brasileiros e as influências da pin-up art americana que receberam para assim analisar quais eram os objetivos destas. Feita a análise, conclui que os artistas brasileiros, assim como os americanos, utilizavam a imagem das pin-ups para divulgações na área da publicidade. Alceu Penna sofreu influência das pin-ups americanas ao representar suas mulheres cariocas e toda a sua criação para o mundo da moda. Benício, ao criar suas personagens Giselle e Brigitte, também apresentou ao Brasil as características de uma verdadeira pin-up americana: seus cartazes de cinema traziam atrizes brasileiras pintadas com a mesma técnica e característica de uma garota de papel. Porém o artista brasileiro que mais se interliga com o meu projeto é Vicente Caruso, num trabalho com grandes semelhanças ao de Gil Elvgren. Caruso apresentava ao Brasil, de forma publicitária ou não, o quotidiano de uma mulher brasileira e, em alguns de seus trabalhos, os aspectos de nossa cultura. De fato, todos estes artistas representaram o Brasil a sua maneira e visão, porém o meu objetivo é apresentar a cultura e as características que nosso país adquiriu durante seus 512 anos de história. Interpretar de forma ilustrada a música, a literatura, o cinema, a dança, a arte, entre outros aspectos que fazem parte da cultura e “iconização” do Brasil, transformando assim uma arte que antes era tida como essencialmente americana em uma arte de características brasileiras. Porém a questão que surge é: Qual o sentido de utilizar a imagem das pin-ups para representar a Cultura Brasileira? O sentido do meu projeto está em apresentar aquilo que o Brasil possui de mais belo: suas mulheres. Como o objetivo principal é ilustrar as mulheres brasileiras, já há uma relação direta com as pin-ups, pois estas eram originalmente a representação da beleza e estereótipo da mulher americana. A Cultura Brasileira entra no projeto como um fator exclusivo e também para a
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junção de duas belezas magníficas que o nosso país possui: suas mulheres e sua cultura. Para a execução da parte prática do meu projeto, utilizei como principal referência o artista Gil Elvgren devido ao seu estilo e técnica serem de grande semelhança com a forma que eu ilustro. Elvgren trabalha com o realismo em suas obras, porém a técnica que utiliza é a pintura a óleo, principal característica que diferencia nossos trabalhos, nos meus a técnica se resume ao esfumato com grafite. Como peça gráfica e também para melhor apresentação final do projeto, foi diagramado um catálogo. Neste constarão as dez ilustrações feitas para o projeto “Pin-up Brasil” impressas em fine art que ficarão dentro de bolsas onde haverá breves descrições sobre cada cultura escolhida para a representação de nosso país e também a foto original que deu origem ao desenho.
5.2 PROCESSO CRIATIVO Para um projeto de grande extensão ou um simples trabalho casual, é necessário que se tenha traçado uma linha de processo criativo, uma forma de organizarmos nossos pensamentos e selecioná-los para que sejam colocados em prática. Como será elaborado, o que deverá conter, como será desenvolvido, o que será essencial, são perguntas que devem estar presentes no início da execução de um projeto como o de conclusão de curso. A partir disso, pode-se avaliar as opções e alternativas que teremos antes de chegar à decisão definitiva daquilo que estamos planejando. O processo criativo envolve desde a pesquisa até o momento da execução final, a parte prática e gráfica do projeto. Para o projeto aqui apresentado, fez-se necessário desenvolver possibilidades de caracterização das modelos para as fotos e também todo o material e técnica a ser utilizado no desenvolvimento das ilustrações das pin-ups brasileiras.
5.2.1 DIREÇÃO DE ARTE Após serem feitas as pesquisas para a constituição e embasamento do projeto, pude, por fim, selecionar o artista que mais se aproxima da minha técnica e objetivos: Gil Elvgren (mencionado no subcapítulo 2.4.5.). Suas obras consistiam na fiel representação da mulher idealizada ou mais conhe-
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cida como “a mulher da casa ao lado”, sempre graciosas e divertidas. Suas pin-ups traziam a cultura e quotidiano americano para os calendários e propagandas mais cobiçados do país. Além de Gil Elvgren ser o preferido entre os outros artistas, há algo em suas obras que me fascina acima de tudo: seu processo criativo e artimanhas. Trechos do livro “Gil Elvgren - The complete pin ups” (2008) são capazes de descrever detalhadamente este processo de criação do artista. A capacidade de Elvgren para captar o espírito da beleza feminina americana era inultrapassável. As suas pin ups eram imagens de raparigas reais
e de situações reais do quotidiano. Por vezes, eram um pouco exageradas, mas funcionavam sempre. Pintava com 32 cores na palete, usava sobretudo telas que mediam 76x61 cm colocadas num grande cavalete de madeira.
Ao pintar, Elvgren sentava-se numa cadeira com rodas, para que pudesse andar de um lado para o outro e ver o trabalho em curso sob todos os ân-
gulos. Um espelho na parede por detrás dele permitia-lhe ver a pintura por cima do ombro. [...]
Quando perguntaram a Elvgren que características mais lhe interessavam
numa modelo, respondeu: - Uma rapariga com características faciais bastante móveis, capaz de uma grande varidedade de expressões, é a verdadeira jóia. A cara é a personalidade.- A modelo era o factor primordial para converter a pintura em algo forte. [...]
Elvgren planeou sempre cada pintura cuidadosamente. Começando por uma ideia, desenvolvia a situação visual e selecionava a modelo adequada para cada cenário específico. Em seguida, decidia sobre o guarda-roupa,
o fundo para o seu cenário de estúdio, os adereços e a iluminação. Até o penteado da modelo era um fator importante [...]. Por fim, Elvgren fotografava a cena com uma 2 1/4 Rollei, depois do que podia começar a pintar. (MARTIGNETTE; MEISEL, 2008, p. 265)
Tomei como base principal para o desenvolvimento do meu projeto o processo de criação utilizado pelo artista Gil Elvgren, processo este que pode ser chamado também como direção de arte. Elvgren planejava, selecionava e montava a sua obra antes mesmo de esta ser executada, tudo era antes finalizado em sua cabeça. O processo criativo para a execução das ilustrações do Projeto Pin-up Brasil englobou a indumentária dos aspectos da cultura brasileira escolhidos, a customização, a caracterização, maquiagem e fotografia. Para que isto acontecesse de forma fiel, foram selecionadas três modelos que posaram com as indumentárias dos aspectos da cultura brasileira selecionados (ver subcapítulo 3.4.). Os requisitos básicos que procurei para efetuar a seleção das modelos foram: corpo voluptuoso, rosto expressivo e exótico, desenvoltura em frente à câmera, facilidade para posar. Para representar a miscigenação que há no Brasil, a mistura de raças e culturas, selecionei modelos de diferentes tons de pele e cabelo. Foi selecionado uma modelo mulata (fig. 128), uma loira (fig. 129) e uma modelo morena (fig. 130). Para melhor conhecimento, abaixo segue uma foto de cada uma das modelos escolhidas para a execução do projeto.
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127 FIG 127: Ă dima Macena Por: Camila Tuon
128 FIG 128: Juliana Banov Por: Camila Tuon
129 FIG 129: Maria Eduarda Nano Por: Camila Tuon
Após a escolha das modelos, para que as fotos do projeto pudessem ser excutadas foi necessário antes fazer uma pesquisa imagética sobre cada cultura que seria representada, para isso montei um painel visual que representasse cada uma delas com suas devidas cores, texturas, características, poses entre outras coisas que facilitassem a direção fotográfica e a busca pela indumentária correta. Abaixo seguem alguns dos painéis para melhor entendimento.
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FIG 130, 131, 132, 133: Painéis semânticos - arquivo pessoal.
Toda a indumentária utilizada foi selecionada de acordo com o que tinha ao meu redor, um fato que facilitou a procura das roupas e acessórios que deveriam compor a fotografia foi que atualmente trabalho em uma produtora de filmes, com isso parte da indumentária encontrei no departamento de figurinos. Poucas peças foram compradas, procurei utilizar o que estava ao meu alcance justamente para não gastar e economizar para outras partes do projeto. Demorei em torno de duas semanas para reunir e organizar todas as peças que havia separado, aos poucos fui vendo quais se adaptavam melhor ao tema escolhido e separei-as. Após feita a separação, optei por desenha-las juntas para ver se a combinação realmente me agradava; para isso desenvolvi a ilustração de um croqui, assim que ficou pronto comecei a desenhar para cada aspector cultural seu devido figurino. Acredito que desta forma ficou mais fácil de se realizar e agilizar todo o processo e direção fotográfica, pois com os desenhos em mão não houve a necessidade de perder tempo na hora de fotografar para ter que ficar montando cada figurino. Coloco abaixo imagens de alguns dos croquis que levam desenhadas as roupas escolhidas que compuseram os figurinos de cada foto representativa da cultura brasileira.
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FIG 134: Croqui desenvolvido para a execução dos desenhos de figurino - Fonte: Arquivo pessoal FIG 135, 136, 137, 138 e 139: Figurinos desenhados de acordo com o tema escolhido - Fonte: arquivo pessoal
No momento em que tudo estava selecionado e de acordo com cada tema a ser representado, um estúdio fotográfico foi alugado para que pudessemos realizar as fotos. Como eu possuo somente o conhecimento básico sobre fotografia, procurei ajuda de duas amigas (Ádima Macena e Camila Tuon) que trabalham nesta área para que pudessem me auxiliar dentro do estúdio desde a montagem dos equipamentos até a regulagem de luzes e câmera. Uma vez lá dentro, levei comigo o livro que tenho do artista que escolhi como referência para direcionar as meninas de acordo com as poses que eu desejasse. Durante o ensaio fotográfico pedi para que a fotógrafa Camila Tuon fizesse algumas fotos de making of para que pudesse registrar aqui para vocês toda essa experiência que vivi durante a elaboração e execução do meu projeto.
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FIG 140 a 177: Making of - Por: Camila Tuon
FIG 178: Minhas Ajudantes (Maria Cecíla, Ádima, Camila, Juliana, Ana Laura, Sílvia e Maria Eduarda) Acervo pessoal
5.2.2 TÉCNICA Ao serem executadas as fotos contendo as temáticas selecionadas sobre a cultura brasileira, as mesmas foram escaneadas e dado o tratamento que se julgou necessário para a correção de possíveis imperfeições. Logo a seguir, as mesmas foram impressas sobre uma folha sulfite de tamanho A3 para que assim pudesse dar início às ilustrações das pin-ups brasileiras. Após a impressão e o devido trato, as fotos serviram como base primordial para a criação e releitura das pin-ups brasileiras. Com o auxílio de uma folha vegetal, foram selecionadas linhas necessárias para a composição de uma ilustração relacionada diretamente com o realismo, este processo só foi realizado devido ao curto tempo para a execução do projeto. Com esta etapa do trabalho concluída, a parte principal para a elaboração do desenho entra em prática: a técnica de luz e sombra e esfumato. As ilustrações que foram feitas para este projeto não fizeram o uso da cor; a técnica foi somente de sombreamento e modelagem através do lápis grafite e esfuminho. Segundo o livro Materiais e Técnicas: Guia Completo, “O grafite é um carvão cristalizado, de toque oleoso, que deixa rastro ao ser friccionado contra uma superfície dura.”. As minas de grafite são a mistura deste carvão cristalizado pulverizado com a argila cerâmica. Após a mistura, é feito o cozimento para gerar a rigidez do material. Se a quantidade de argila for maior que a de grafite, a mina será mais dura, fornecendo assim um traço mais fino e claro (5H, 4H, 3H, 2H, H, F, HB). Porém se a quantidade de grafite for maior que a de argila, a mina tenderá a ser mais macia (B, 2B, 4B, 6B, 7B, 8B, 9B). Para este trabalho, serão utilizados os lápis da marca STAEDLER da linha Lumograph de minas número 7B e 8B (fig. 179), por serem menos rígidos e proporcionarem maior facilidade de serem esfumados, segundo o livro Materiais e Técnicas: Guia Completo: “Os lápis 7 e 8 da linha Lumograph, da Staedler, são mais macios que os indicados com graus superiores de maciez, de outros fabricantes.”. A escolha deste lápis e marca foi feita por já haver antes uma afinidade e costume com o material em meus trabalhos. Outro material escolhido para executar o trabalho foram os esfumadores. Estes podem ser bastões, algodões ou panos. São empregados em técnicas que envolvem o desenho a seco, para que as partículas do material utilizado possam ser espalhadas pelo suporte. Neste projeto, farei uso do esfuminho (fig. 180), bastões de papel esponjoso que possuem pontas nas duas extremidades, absorve o grafite em suas fibras e modela as áreas que serão trabalhadas entre o claro e o escuro.
FIG 179: lápis grafite STAEDTLER 8B - Fonte: http://goo.gl/8FHe4 - Acesso em: 11/11/2012
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FIG 180: Esfuminhos - Fonte: http://goo.gl/PvyPd - Acesso em: 11/11/2012.
A técnica de esfumato com o esfuminho consiste em considerá-lo como um verdadeiro material de desenho, como se este fizesse parte das mãos do artista. O esfumato é resumidamente o processo que dá forma ao desenho, o sombreamento, o realce e a matização fazem parte desta técnica que, assim, modela a ilustração através da luz e sombra propostas. O desenho se torna em geral suave, sem haver manchas ou traços de grafite.
5.3 RESULTADO Devo dizer que por mais que uma pessoa possua algum talento propriamente dito, e saiba fazer o uso correto de quaquer técnica que seja, os novos desafios continuam sendo sempre difíceis no início. Após um ano de estudos, pesquisas, treinos e cansaço, muito cansaço, o projeto “Pin-up Brasil”chega ao fim. Durante este um ano, eu pude aprender ainda mais sobre um assunto que me fascina e me encanta toda a vez que se apresenta, este trabalho é a demonstração e nada mais daquilo que tenho paixão por fazer: desenhar. É com muito orgulho que eu posso apresentar a todos um projeto que não só enfatiza a área de design e sim inúmeras outras que precisaram se juntar para resultar em algo que me representa. Neste projeto consegui trabalhar com outras àreas, as quais além do design me instigam a querer aprender mais e a conhecer mais. Para que cada ilustração chegasse a este resultado, foi necessário muita pesquisa sobre cada aspectos cultural que estas representariam e também logicamente sobre a pin-up art. Devido a estes estudos se tornou possível a montagem, a direção de arte, a escolha da indumentária, a escolha das modelos, e a fotografia final que daria origem ao desenho. Abaixo, estarão fotos dos desenhos e ao lado a fotografia de origem, para que as pessoas possam comparar, admirar e olhar detalhadamente aquilo que lhes interessar. Além dos desenhos há também como produto final um catálogo que comporta as ilustrações impressas em fine art, com o intuito de que as pessoas possam levar consigo uma cópia original da ilustração.
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181 FIG 181: Gabriela, cravo e canela Por: Ana Laura Dias Maran
182 FIG 182: Desenho Gabriela, cravo e canela Por: Ana Laura Dias Maran
183 FIG 183: Futebol Por: Ana Laura Dias Maran
184 FIG 184: Desenho Futebol Por: Ana Laura Dias Maran
185 FIG 185: Capoeira Por: Ana Laura Dias Maran
186 FIG 186: Desenho Capoeira Por: Ana Laura Dias Maran
187 FIG 187: Ă?ndia Por: Ana Laura Dias Maran
188 FIG 188: Desenho Ăndia Por: Ana Laura Dias Maran
189 FIG 189: Carnaval Por: Ana Laura Dias Maran
190 FIG 190: Desenho carnaval Por: Ana Laura Dias Maran
191 FIG 191: Gastronomia Por: Ana Laura Dias Maran
192 FIG 192: Desenho gastronomia Por: Ana Laura Dias Maran
193 FIG 193: Festa Junina Por: Ana Laura Dias Maran
194 FIG 194: Desenho Festa Junina Por: Ana Laura Dias Maran
195 FIG 195: Garota de Ipanema Por: Ana Laura Dias Maran
196 FIG 196: Desenho Garota de Ipanema Por: Ana Laura Dias Maran
197 FIG 197: Tarsila do Amaral Por: Ana Laura Dias Maran
198 FIG 198: Desenho Tarsila do Amaral Por: Ana Laura Dias Maran
199 FIG 199: Saci Por: Ana Laura Dias Maran
200 FIG 200: Desenho Saci Por: Ana Laura Dias Maran
CONCLUSõES FINAIS
Além de o foco do projeto “Pin-up Brasil” consistir em apenas ilustrar a Cultura Brasileira utilizando a estética das pin-ups, pretendo com este estudo trazer também, através de uma visão feminina, a influência e importância que as pin-ups tiveram nas atitudes e imagem da mulher até os dias de hoje. A imagem das pin-ups modificou pensamentos e atitudes das sociedades constituídas a partir dos anos 40. Nasceu de uma visão e idealização indubitavelmente machista, possuindo, de início, o simples objetivo de enlouquecer a cabeça dos soldados americanos da Segunda Guerra Mundial e de fazer com que estes idealizassem cada vez mais o tipo de mulher que gostariam de ter ao seu lado naquele momento tão difícil. Porém este simples objetivo se transformou em algo muito maior, com a popularidade das pin-ups: as mulheres da sociedade passaram a mudar o seu modo de pensar e agir perante a uma sociedade extremamente machista, onde os direitos das mulheres eram de fato ignorados, forçando-as a serem submissas aos seus “fiéis” maridos. De certa forma, acredito que a imagem dessas mulheres idealizadas e frutos de uma imaginação e visão machista serviram como influência na libertação da mulher submissa, pois se este era o desejo dos homens que estavam ao seu redor, por que não tornar esta idealização realidade? Foi a partir disto que as mulheres adquiriram forças o suficiente para confrontar os homens da sociedade, para conquistar a legalização de seus direitos e virem a se tornar as mulheres dos dias atuais. No geral, o projeto contribuiu ainda mais para o meu conhecimento sobre um assunto que tanto me atrai, foi um projeto bastante gratificante de se fazer, pois para a criatividade não havia limite, pude criar, pesquisar, modificar quantas vezes fossem necessárias. Além de conhecimento, também tive a oportunidade de cada vez mais melhorar as técnicas de desenho, e devido a isso posso dizer que me orgulho pelo resultado que obtive, pois dei aos desenhos o melhor e a máxima qualidade que possuo.
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LISTA DE IMAGENS
Fig. 1: Trincheira Fig. 2: Trincheira Fig. 3 e 4: Fotos da Segunda Guerra Mundial Fig. 5: The Petty Girl Suit (1940) - George Petty Fig. 6: Temptation (1941) - Alberto Vargas Fig. 7: A Pleasing Discovery (1942) - Gil Elvgren Fig. 8: Let’s Eat Out (1967) Fig. 9: I’m Never Promoted. But I Get Lots of Advances (1946) Fig. 10: Air Force Girl Fig. 11: Mulheres trabalhando em indústria têxtil Fig. 12: Crianças trabalhando em indústria têxtil Fig. 13: Cartaz “We Can Do It” - [...] Norman Rockwell Fig. 14: Cartaz do filme Pin Up Girls (1944) Fig. 15: Cartaz do filme Ninotchka (1939) Fig. 16: Cartaz do filme Quem matou Vicki? (1941) Fig. 17: Primeira “Nose Art” - Cavallino Rampante (1913) Fig. 18: Nose Art: “Shark-Face” Fig. 19: Nose Art: “The Dragon and his Tail” Fig. 20, 21, 22:“Nose Art” de pin-ups Fig. 23, 24, 25: “Nose Art” de pin-ups Fig. 26: Betty Grable Fig. 27: Betty Grable Fig. 28: Betty Grable Fig. 29: Marilyn Monroe Fig. 30: Marilyn Monroe Fig. 31: Marilyn Monroe Fig. 32, 33: Bettie Page Fig. 34: Cena de bondage com Bettie Page Fig. 35: Obra de Alphonse Mucha Fig. 36: Obra de Jules Chéret Fig. 37: Obra de Raphael Kirchner Fig. 38: Obra de Georges Léonnec Fig. 39: Obra de Georges Léonnec Fig. 40: Obra de Georges Léonnec Fig. 41: Gibson Girl Fig. 42: Gibson Girl Fig. 43: Gibson Girl Fig. 44, 45, 46: Calendário da Companhia Ferramenta Rigid
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Fig. 47: Petty Girl para o calendário da Companhia Ferramenta Rigid Fig. 48, 49: Calendário da Companhia Ferramenta Ridgid Fig. 50: Obra de Raphael Kirchner Fig. 51: Obra de Alberto Vargas Fig. 52: Varga Girl Fig. 53: Varga Girl Fig. 54: Varga Girl Fig. 55: Coca-Cola, “The Pause That Refreshes” (1939) Elvgren Fig. 56: Coca-Cola, “Come on over...Have a Coke” Elvgren Fig. 57: “Bear facts a modest look bearback rider Fig. 58: “Le petit Roger Fig. 59: “Skirting the issue Fig. 60, 61, 62, 63: Processo criativo de Elvgren Fig. 64: Gibson Girl Fig. 65: Gibson Girl Fig. 66: Capa da revista Esquire - março de 1944 Fig. 67: Capa da revista Esquire - janeiro de 1953 Fig. 68: Capa da revista Esquire - agosto de 1954 Fig. 69: Capa da revista Beauty Parade Fig. 70: Capa da revista Eyeful Fig. 71: Capa da revista Flirt Fig. 72: Capa da revista Playboy – 1953 Fig. 73: Capa da revista Playboy – 1958 Fig. 74: Primeira pin up de Alberto Vargas para a revista Playboy Fig. 75: Coleção especial - carnaval da Farm Fig. 76: Coleção especial - carnaval da Farm Fig. 77: Helô Pinheiro Fig. 78: Feijoada à brasileira Fig. 79: Torcida brsileira Fig. 80: Capoeira Fig. 81: Tarsila do Amaral Fig. 82: Obra Abaporu Fig. 83: Gabriela, cravo e canela Fig. 84: Saci pererê Fig. 85: Bandeirinhas Fig. 86: Índio Fig. 87: Personagem Melindrosa de J. Carlos Fig. 88 e 90: Cartaz e espetáculo do Teatro de Revista Fig. 89: Vedetes do Teatro de Revista Fig. 91 e 92: As vedetes Anilza Leoni e Bibi Ferreira Fig. 93: Vedete Eloína Ferraz Fig. 94: Carmen Miranda Fig. 95: Carmen Miranda Fig. 96: Carmen Miranda Fig. 97: Leila Diniz Fig. 98: Leila Diniz Fig. 99: Leila Diniz Fig. 100: O Pasquim Fig. 101: Leila Diniz grávida
Fig. 102: Coluna “As Garôtas” de Alceu Penna Fig. 103: Coluna “As Garôtas” de Alceu Penna Fig. 104: Garotas de Alceu Penna Fig. 105: Garotas de Alceu Penna Fig. 106, 107, 108 e 109: Obras de Vicente Caruso Fig. 110 e 111: Obras de Vicente Caruso Fig. 112: Giselle Montfort Fig. 113: Capa do livro de Brigitte Montfort Fig. 114: Brigitte Montfort Fig. 115: Cartaz: Os carrascos estão entre nós Fig. 116: Cartaz: A madona de cedro Fig. 117: Cartaz: Os trapalhões Fig. 118: Primeira edição da revista O Cruzeiro – 1928 Fig. 119: Capa da revista O Cruzeiro – 1940 Fig. 120: Capa da revista O Cruzeiro – 1947 Fig. 121, 122 e 123: Capas da revista A Cigarra Fig. 124: Revista Querida Fig. 125: Revista Cinderela Fig. 126: Revista Cinderela Fig. 127: Ádima Macena Fig. 128: Juliana Banov Fig. 129: Maria Eduarda Nano Fig. 130, 131, 132 e 133: Painéis semânticos Fig. 134: Croqui desenvolvido para a execução dos desenhos de figurino Fig. 135, 136, 137, 138 e 139: Figurinos desenhados de acordo com o tema escolhido Fig. 140 a 177: Making of Fig. 178: Minhas ajudantes Fig. 179: Lápis grafite STAEDTLER 8b Fig. 180: Esfuminhos Fig. 181: Gabriela, cravo e canela Fig. 182: Desenho Gabriela, cravo e canela Fig. 183: Futebol Fig. 184: Desenho futebol Fig. 185: Capoeira Fig. 186: Desenho capoeira Fig. 187: Índia Fig. 188: Desenho índia Fig. 189: Carnaval Fig. 190: Desenho Carnaval Fig. 191: Gastronomia Fig. 192: Desenho gastronomia Fig. 193: Festa Junina Fig. 194: Desenho festa junina Fig. 195: Garota de Ipanema Fig. 196: Desenho Garota de Ipanema Fig. 197: Tarsila do Amaral Fig. 198: Desenho Tarsila do Amaral Fig. 199: Saci Fig. 200: Desenho Saci
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