Revista ABO Ed. 106

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NACIONAL REVISTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA VOL. XIX - Nº1 - FEV/MAR 2011

MARKETING

Sucesso na carreira

ISSN 0104-3072

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EDIÇÃO 106

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ISSN 0104-3072

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NACIONAL Revista da Associação Brasileira de Odontologia

O marketing da saúde bucal

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paciente deve procurar o cirurgião-dentista, o médico, porque precisa de seus cuidados, não porque foi meramente seduzido pelo apelo de uma peça publicitária, de uma propaganda ou de um pacote promocional. Então, que papel tem o Marketing quando aplicado à Odontologia? A necessidade do paciente está ali, sentida na pele, na boca, e o cirurgião-dentista tem em suas mãos os meios de supri-la. O Marketing deve, então, servir à ligação entre as duas partes. O Marketing pode e deve ser um instrumento de promoção da saúde.

Corpo Científico Presidente Newton Miranda de Carvalho Diretor científico Fernando Luiz Tavares Vieira Secretário executivo Claudio Heliomar Vicente da Silva Conselho consultivo Carlos de Paula Eduardo Edmir Matson Geraldo Bosco Lindoso Couto Heitor Panzeri José Mondelli Luciano Loureiro de Melo Maria Carméli Correia Sampaio Maria Fidela de Lima Navarro Ney Soares de Araújo Nilza Pereira Costa Orivaldo Tavano Orlando Ayrton de Toledo Roberto Vianna Salete Maria Pretto Tatsuko Sakima A Revista ABO Nacional é uma publicação bimestral da ABO Nacional. Sede administrativa da entidade: Rua Vergueiro, 3153, conjs. 82 e 83 - Vila Mariana - São Paulo - SP - CEP 04101-300 - Telefax. (+55 11) 5083.4000. Web: www.abo.org. br / E-mail: abo@abo.org.br Adress to correspondence: Rua Vergueiro, 3153, conjs. 82 e 83 - São Paulo - SP Brasil - CEP 04101-300 Web: www.abo.org.br Registrada no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), sob o Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas (ISSN) 0104-3072. A Revista ABO Nacional está indexada nas bases de dados Bibliografia Brasileira de Odontologia (BBO) e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs).

Como explicam os profissionais consultados na reportagem desta edição, todos com larga e reconhecida experiência em consultoria de Marketing e dois deles também cirurgiões-dentistas, o uso do Marketing na Odontologia ainda é tratado pelo profissional da área de forma acanhada e, diante da sua importância, até negligente. É preciso, concordam, criar uma nova cultura entre os profissionais que privilegie os recursos e as ferramentas que o Marketing tem a oferecer ao desenvolvimento de canais de interação entre os cirurgiões-dentistas e as comunidades, fazendo chegar ao público a informação correta sobre sua necessidade real. Para isso, é imperativo nascer um novo cirurgião-dentista, que conecte a gestão de seu trabalho à reconhecida excelência técnico-científica da Odontologia brasileira. Trata-se de identificar as necessidades de seu público e colocar soluções de eficácia ao seu alcance, potencializar sua função social ao se apresentar como profissional detentor dos recursos teóricos e práticos que levarão à satisfação das demandas do paciente e ao consequente sucesso profissional. A Odontologia brasileira cresceu exponencialmente nas últimas décadas, e os mais de 230 mil cirurgiões-dentistas em atividade em todo o território nacional são, claro, concorrentes num mercado cada vez mais competitivo. Mas nunca rivais. A competitividade pode e deve ser exercida de forma saudável, especialmente quando se trata da saúde do usuário de seus serviços. Alguém que coloca sua saúde, seu bem-estar, seu futuro nas mãos de um profissional precisa confiar nisso. E esse é o melhor Marketing que o cirurgião-dentista pode fazer: o de confiança. Isso compreendido como condição para a aplicação do Marketing à Odontologia, o cirurgião-dentista não só se torna um profissional mais completo como contribui com a elevação do conceito da Odontologia na sociedade e seu reconhecimento como indispensável para a saúde bucal e integral. Ao antecipar-se mais uma vez aos cenários dos próximos anos, a Revista ABO Nacional cumpre seu papel de contribuir com o desenvolvimento da Odontologia e do cirurgião-dentista, fazendo surgir um novo profissional, reconhecido por sua excelência científica e clínica, bem-sucedido em seu consultório e como gestor de seu negócio.

Newton Miranda de Carvalho Presidente da ABO Nacional

Rev. ABO Nac. - Vol. XIX nº 1 - FEV/MAR 2011

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A . . P. .R. E . .S. E . . N. .T . A. .Ç. Ã . .O.

Missão A Revista ABO Nacional tem como missão promover a atualização técnico-científica profissional da comunidade odontológica nacional e internacional, através da publicação de artigos científicos inéditos.

Objetivo A Revista ABO Nacional tem como objetivo publicar artigos inéditos nas categorias de pesquisa científica e relatos de caso(s) clínico(s). Artigos de revisão da literatura, bem como matérias/reportagens de opinião, só serão aceitos em caráter especial, mediante convite do Conselho Editorial Científico.

Histórico Lançada em 1993 por Pedro Martinelli - Há 17 anos, desde seu lançamento, quando revolucionou as publicações científicas de Odontologia ao mesclar a publicação de trabalhos científicos a reportagens sobre temas da área, a Revista ABO Nacional é referência no mercado editorial odontológico. Registrada com o International Standard Serial Numbers (ISSN) 0104-3072, que a coloca no catálogo internacional de publicações seriadas, é indexada no Lilacs e BBO deste 1998, e tem qualificação equiparada à da maior parte das publicações odontológicas brasileiras pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes): Qualis B. O desenvolvimento de seu padrão editorial coincide com o próprio desenvolvimento da Odontologia e da promoção da saúde bucal na população.

Expediente Produção e Redação: Edita Comunicação Integrada - Alameda Santos, 1398 - 8º conj. 87. Telefax (+11) 3253.6485. CEP 01418-100. São Paulo (SP) - Brasil. E-mail: edita@editabr.com.br Diretores: Joaquim R. Lourenço e Zaíra Barros. Editora responsável: Zaíra Barros (MTb:8989). Editor assistente: Diego Freire (MTb: 49614). Repórteres: Antonela Tescarollo (MTb: 41547), Antonio Júnior (MTb:56580). Copydesk: Ricardo Palmiéri. Revisor bibliográfico: Manoel Augusto

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Prêmio Colgate – Suas páginas não só divulgam a produção científica brasileira como chamam a atenção para a sua função social, como aconteceu, em especial, na série de reportagens sobre Saúde Bucal publicada em 2006, premiada por abordar o tema de forma multidisciplinar e socialmente responsável. Em 2008, o assunto voltou a ser tratado em nova série de reportagens, dessa vez enfocando o Futuro da Odontologia. Força institucional – A abordagem vanguardista da Revista ABO Nacional também foi responsável pela formulação de políticas públicas, como aconteceu após a publicação da reportagem “A Odontologia chega à UTI”, em 2007, que deu origem a projeto de lei que obriga a inclusão de cirurgiões-dentistas nas equipes das UTIs dos hospitais brasileiros. Mais recentemente, em 2009, reportagem da revista abordando o tabagismo como epidemia global que precisa ser combatida através de medidas de saúde pública levou a Aliança de Controle do Tabagismo (ACT) a consultar a ABO sobre estratégias para engajar a Odontologia nacional em suas campanhas. Após chegar à sua 100ª edição, em março de 2010, a Revista ABO Nacional orgulha-se de não só registrar a história da Odontologia brasileira, mas também de ajudar a construí-la.

Indexação A Revista ABO Nacional está indexada nas bases de dados Bibliografia Brasileira de Odontologia (BBO) e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs).

Paranhos (CRB4/1384). Imagens: Fotoabout. E-mail: rsm@fotoabout.com. Diagramação/ artes: Edita/José Américo de Lima. Diretor de Produção Gráfica: Joaquim R. Lourenço. Publicidade: MN Design (+11) 2975.3916. Impressão: Gráfica CGP. Tiragem: 30 mil exemplares. Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não expressam necessariamente a posição da ABO Nacional. Publicidade: a ABO Nacional não se responsabiliza pelos produtos e serviços das empresas anun-

ciantes, as quais estão sujeitas às normas de mercado e do Código de Defesa do Consumidor. É permitida a reprodução dos artigos não científicos desde que citada a fonte. Os artigos científicos ficam sujeitos à autorização expressa dos autores. Solicita-se permuta – Requests exchange – Si solicita lo scambio – Se solicita canje – On demande l’ èchange – Wir bitten um Austausch

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29 Pesquisa científica

AGENDA DENTAL CALENDAR

Efeito do ciclo de polimerização sobre a dureza de resinas acrílicas para base de prótese polimerizadas convencionalmente ou em micro-ondas

MARKETING

CD, qual é a sua marca? MARKETING

Dentist, wath is your hallmark

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Marketing para o CD empresário Você é seu maior concorrente Do boca a boca ao tela a tela Para saber mais OPINIÃO

20 Presente e futuro 21 E-mails a clientes, Marketing do profissional Antônio Inácio Ribeiro

Conhecimento de mães sobre promoção de saúde bucal em bebês Mother’s knowledge on oral health promotion for babies

22 A Era do Cliente Roberto Caproni

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Bruno Rosolen Moreno William Silveira Furlan Karin Hermana Neppelenbroek Nara Hellen Campanha Janaina Habib Jorge Vanessa Migliorini Urban

34 Pesquisa científica

Plínio Tomaz

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Effect of polymerization cycle on hardness of denture base acrylic resins polymerized by conventional water bath or microwave irradiation

INSTRUÇÕES AOS AUTORES INSTRUCTIONS TO AUTHORS ARTIGOS CIENTÍFICOS

Pesquisa científica Prevalência das desordens temporomandibulares em pacientes assistidos nas diferentes clínicas do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa Prevalence of temporomandibular disorders in patients treated in different clinics of the Department of Dentistry of the Ponta Grossa State University Thomas Edison Marques Vanessa Migliorini Urban Fernando Fernandes Janaina Habib Jorge

Karen Christine Santos Aline Cristina Arone Monnazzi Fernanda Lopez Rosell Silvio Rocha Corrêa da Silva Aylton Valsecki Jr. Elaine Pereira da Silva Tagliaferro

39 Pesquisa científica

Tomada de decisão e satisfação estética no tratamento da fratura superficial de esmalte entre estudantes de Odontologia

51 Relato do caso

Overdenture: implantando sorrisos em projeto de extensão - Relato de caso Overdenture: deploying smiles at extension project - Case report Fernando Luiz Tavares Vieira Alexandre Batista Lopes do Nascimento Silvana Orestes Cardoso Hilcia Mezzalira Teixeira Mirella Emerenciano Massa Lima

55 Artigo original

Análise do sorriso como ferramenta de aprimoramento para o resultado dos tratamentos restauradores estéticos Smile analysis as an improving tool to the cosmetic restorative treatment Caroline de Deus Tupinambá Rodrigues Lorena Pereira Evangelista Juliana Nolêto Costa Raimundo Rosendo Prado Júnior Marcelo Ferrarezi de Andrade

60 Artigo original

Halitosis auto-perception Autopercepção da halitose Gisele Cruz Camboim Natália Sotero Machado Suzana Lubambo de Melo Aurora Karla de Lacerda Vidal

Decision-making and aesthetic satisfaction in the treatment of a surface enamel fracture among dental students Luciane de Queiroz Mota Maria Germana Galvão Correia Lima Danilo Barboza Lopes Magalhães Andréa Gadelha Ribeiro Targino

46 Relato do caso

Laser de baixa intensidade no tratamento da hipersensibilidade dentinária - Relato de caso

Capa Edita

Low-level laser in the treatment of dentin sensitivity - Case report INDEXADA BBO Lilacs

1998 1998

Jéssica Elaine Witek Tatiane Michelle Striechen Adriana Postiglione Bührer Samra Daniela Garcia Ribeiro Protásio Vargas

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Errata Na pág. 334 da edição 105, onde se lê “Hepatite virais”, leia-se “Hepatites virais”.

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D I R E T O R I A

Associação Brasileira de Odontologia - ABO Nacional, registrada no Conselho Nacional Serviço Social sob nº 110.006/54, em 12 de janeiro de 1955. Filiada à FDI e à Fola/Oral. Conselho Executivo Nacional (CEN) Presidente: Newton Miranda de Carvalho/MG Vice-presidente: Manoel de Jesus R.Mello/CE Secretário-geral: Marco Aurélio Blaz Vasques/RO 1ª secretária: Daiz da Silva Muniz/AP Tesoureiro-geral: Wesley Borba Toledo/DF 1o tesoureiro: Carlos Augusto J. Machado/MG Suplentes: Dilto Crouzeiles Nunes/RS Paulo Murilo Oliveira da Fontoura Jr./RJ Lucila Janeth Esteves Pereira/PA Júlio Medeiros Barros Fortes/PI

A B O

N A C I O N A L

Conselho Fiscal Nacional (CFN) Efetivos: José Silvestre/SP, José Barbosa Porto/ CE, Alberto Tadeu do Nascimento Borges/AM Suplentes:Rafael de Almeida Decúrcio/GO, Patrícia Meira Bento/PB, Luiz Gonçalves Melo/ PE, Hamilton de Souza Melo/DF

Diretor científico da Revista ABO Nacional Fernando Luiz Tavares Vieira/PE

Vice-presidentes Regionais Norte: Luiz Fernando Varrone/TO Nordeste: Tiago Gusmão Muritiba/AL Sudeste: Osmir Luiz Oliveira/MG Sul: Nádia Maria Fava/SC Centro-oeste: Jander Ruela Pereira/MT

Conselho Nacional de Saúde Efetivo: Geraldo Vasconcelos/PE

Coordenadoria Geral da UniABO Coordenador: Sérgio Freitas Pedrosa/DF Vice-coordenador: Egas Moniz de Aragão/PR Secretário-geral: Inácio da Silva Rocha/RJ

Conselho Deliberativo Nacional (CDN) Presidente: José Barbosa Porto/CE Vice-presidente: Nádia Maria Fava/SC

Diretor do Departamento de Avaliação de Produtos Odontológicos (Dapo) Oscar Barreiros de Carvalho Jr./SP

A B O

N O S

E S T A D O S

ABO/Acre Pres. Stanley Sandro da Silva Mendes R. Marechal Deodoro, 837, s.4 69900-210 - Rio Branco - AC Telefax(+68) 3224.0822

ABO/Maranhão Pres. Marvio Martins Dias Av. Ana Jansen,73 65051-900 - São Luiz - MA Tel. (+98) 3227.1719/Fax 3227.0834

ABO/Rio de Janeiro Pres. Paulo Murilo O. da Fontoura Rua Barão de Sertório,75 20261-050 - Rio de Janeiro - RJ Tel.(+21)2504.0002 /Fax 2504.3859

ABO/Alagoas Pres. Tiago Gusmão Muritiba Av.Roberto M. de Brito, s/n.-Jatiuca 57037-240 Maceió - AL Telefax(+82) 3235.1008

ABO/Mato Grosso Pres. Luciano Castelo Moraes Rua Padre Remeter, 170 78008-150 - Cuiabá - MT Telefax(+65) 3623.9897

ABO/Rio Grande do Norte Pres. Pedro Alzair Pereira da Costa Rua Felipe Camarão, 514 59025-200 - Natal - RN Tel.:(+84) 3222.3812/Fax: 3201.9441

ABO/Amapá Pres. Daiz da Silva Nunes Rua Dr.Marcelo Cândia, 635 CP 635 68906-510 - Macapá - AP Tel. (+96) 3244.0202/Fax 3242.9300

ABO/Mato Grosso do Sul Pres. Paulo Cezar R. Ogeda Rua da Liberdade, 836 79004-150 - Campo Grande - MS Telefax (+67)3383.3842

ABO/Rio Grande do Sul Pres. Flávio Augusto Marsiaj Oliveira Rua Furriel L. A. Vargas, 134 90470-130 - Porto Alegre - RS Tel.:(+51) 3330.8866/Fax: 3330.6 932

ABO/Amazonas Pres. Alberto Tadeu do N. Borges Rua Maceió, 863 69057-010 - Manaus - AM Tel.(+92) 3584.5535/3635-231

ABO/Minas Gerais Pres. Carlos Augusto Jayme Machado Rua Tenente Renato César, 106 30380-110 - B.Horizonte - MG Tel. (+31) 3298.1800/Fax 3298.1838

ABO/Rondônia Pres. Antonio Carlos Politano Rua D.Pedro II, 1407 78901-150 - Porto Velho - RO Tel.: (+69) 3221.5655/Fax: 3221.6197

ABO/Pará Pres. Lucila Janeth Esteves Pereira Rua Marquês de Herval, 2298 Tel.: (+91) 3298.1800 66080-350 - Belém - PA

ABO/Roraima Pres. Galbânia Policarpo de Sá R. Barão do Rio Branco,1309 69301-130 - Boa Vista - RR Tel. (+95) 3224.0897/ Fax 3224.3795

ABO/Paraíba Pres. Patrícia Meira Bueno Av. Rui Barbosa,38 58040-490 - João Pessoa - PB Tel.(+83) 3224-7100

ABO/Santa Catarina Pres. Murilo Ferreira Lima Rua Dom Pedro I, 224 - Capoeira 88090-830 - Florianópolis- SC Telefax (+48) 3248.7101

ABO/Bahia Pres. Antístenes Albernaz Alves Neto R.Altino Serbeto Barros, 138 41825-010 - Salvador - BA Tel.(+71) 2203.4066/Fax 2203.4069 ABO/Ceará Pres. José Barbosa Porto R. Gonçalves Lêdo, 1630 60110-261 - Fortaleza - CE Tel.(+85) 3311.6666/Fax 3311.6650 ABO/Distrito Federal Pres. Hamilton de Souza Melo SGAS 616 - lote 115-L/2 Sul 70200-760 - Brasília - DF Tel.(+61) 3445.4800/Fax 3445.4848 ABO/Espírito Santo Pres. Armelindo Roldi R. Henrique Rato, 40 - Fátima 29160-812 - Vitória - ES Telefax(+27) 3337.8010 ABO/Goiás Pres. Jorivê Sousa Castro Av.Itália, 1184 74325-110 - Goiânia - GO Tel.(+62) 3236.3100/Fax 3236.3126

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ABO/Paraná Pres. Osiris Pontoni Klamas Rua Dias da Rocha Filho, 625 80040-050 - Curitiba - PR Tel.(+41)3028.5800/Fax 3028.5824 ABO/Pernambuco Pres. Luiz Gonçalves de Melo Rua Dois Irmãos, 165 52071-440 - Recife - PE Tel.(+81) 3442.8141 ABO/Piauí Pres. Júlio Medeiros Barros Fortes Rua Dr. Arêa Leão, 545 - SUL 64001-310 - Teresina - PI Tel.(+86) 3221.9374

ABO/São Paulo Pres. José Silvestre Rua Dr. Olavo Egídio, 154 - Santana 02037-000 - São Paulo - SP Tel.: (+11) 2950.3332/Fax: 2950.1932 ABO/Sergipe Pres. Martha Virgínia de Almeida Dantas Av. Gonçalo Prado Rollemberg, 404 49015-230 - Aracajú - SE Tel: (+79) 3211.2177 Fax: 3214.4640 ABO/Tocantins Pres. Luiz Fernando Varrone Av.LO15 602 Sul-Conj. 02 Lote 02 70105-020 - Palmas - TO Tel.: (+63) 3214.2246/Fax: 3214.1659

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MAIO ABO Tocantins

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SETEMBRO ABO Goiás

SETEMBRO ABO São Paulo

16º Congresso Internacional de Odontologia de Goiás 21 a 24 de setembro Goiânia (GO) Informações; ca@abo-go.com.br www.abo-go.com.br

Congresso Internacional de Odontologia da ABO/SP 4 a 6 de setembro São Paulo (SP) Informações: secretaria.abo@terra.com.br www.abosp.org.br

OUTUBRO ABO Paraná

NOVEMBRO ABO Maranhão

11º Congresso Internacional de Odontologia do Paraná 6 a 8 de outubro Curitiba (PR) Informações: abo@abopr.com.br www.abopr.com.br

4º Congresso Maranhense de Odontologia 9 a 12 de novembro São Luís (MA) Informações: aboma4@hotmail.com www.abo.ma.com.br

3º Congresso de Odontologia do Estado do Tocantins 25 a 28 de maio Palmas (TO) Informações: abotocantins@gmail.com www.abo-tocantins.com.br

JUNHO ABO Mato Grosso 6º Congresso Odontológico de Mato Grosso 2 a 4 de junho Cuiabá (MT) Informações: secretariaabomt@gmail.com www.abomt.com.br

JULHO ABO Rio de Janeiro 20º Congresso Internacional de Odontologia do Rio de Janeiro 20 a 23 de julho Rio de Janeiro (RJ) Informações: aborj@aborj.org.br www.aborj.org.br

AGOSTO ABO Paraíba

Congresso Odontológico da Paraíba 4 a 6 de agosto João Pessoa (PB) Informações: abopb@terra.com.br www.abopb.com.br

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M A R K E T I N G

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CD, qual é a sua marca?

Por Antonio Júnior e Diego Freire

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cupado de sua formação técnico-científica na área de atuação que escolheu e da atualização de conceitos e procedimentos pela qual a Odontologia tem passado nos últimos anos, o cirurgião-dentista pode negligenciar um campo de conhecimento aparentemente distante do odontológico, mas de extrema

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importância para que o potencial de seu trabalho encontre terreno fértil no mercado: o Marketing. Através do conjunto de estratégias de Marketing à disposição do profissional, devidamente ajustadas às suas necessidades e ao público que se pretende alcançar, o CD pode desenvolver e firmar sua marca em seu campo de atuação. Cada vez

mais profissionais têm voltado sua atenção à área, e o que antes era um diferencial, agora passa a ser fundamental para o sucesso. Mas, assim como bons resultados clínicos só podem ser alcançados com base em conhecimentos prévios sobre cada procedimento, aprimorados pela experiência e por constante atua-

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M A R K ET I N G

lização, a aplicação de estratégias de Marketing a qualquer área de atuação precisa ser estudada, planejada e executada de forma cuidadosa e embasada. Esta edição apresenta os fundamentos dessa condição ao cirurgião-dentista, profissional que, com lacunas em sua formação no que tange ao gerenciamento de sua carreira, tem aprendido na prática, com os bônus e os ônus que todo empirismo acarreta, a promover seus serviços no mercado. Marketing é um sistema organizacional que contempla uma série de ferramentas e estratégias a serviço da diferenciação no mercado e do desenvolvimento de oportunidades de crescimento. Com o auxílio do Marketing, o profissional pode construir e manter o conceito de sua marca, de extrema relevância para a sobrevivência e o crescimento no mercado atual. Com formação interdisciplinar em Odontologia, Saúde Pública e Marketing, Plínio Augusto Rehse Tomaz preconiza que

para ser um empreendedor bem-sucedido o cirurgião-dentista precisa entender que o consultório funciona como uma empresa, para a qual são necessárias habilidades administrativas, comerciais, relacionais e pessoais, entre outras. “Essa multidisciplinaridade é fundamental para a saúde do negócio. É cada vez mais urgente a necessidade de, além de perseguir a excelência técnico-científica, adotar na prática profissional estratégias de Marketing. Grandes potenciais po dem ser desperdiçados se esse cuidado for negligenciado”, alerta. Marketing e Gestão ainda são conceitos relativamente novos para a Odontologia. O também ci r u rgião - dentist a Rober to Ca pro ni atentou para a área ainda no início de sua carreira, buscou formação profissional em Administração, seguida de pós-graduação em Marketing e em Psicologia, e hoje se dedica à consultoria na área direcionada

R E S U M É - M A R K ET I N G

Dentist, what is your hallmark?

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ully involved with technical and scientific education on their chosen professional area and furthermore to keep themselves constantly updated on modern concepts, technologies and procedures by which the Dentistry has gone through in recent years, dentists may neglect a seemingly disconnected subject from dental knowledge, but of great importance for their practice in finding a most fertile ground: Marketing. This edition shows to dentists the basis of this activity. Dentists are willing to fill some professional gaps regarding their career’s management. They have been learning in practice how to promote their services and, obviously, facing all pros and cons that empiricism entails.

Rev. ABO Nac. - Vol. XIX nº 1 - Fevereiro/março FEV/MAR 2011 2011

para profissionais da saúde. “É preciso adaptar as ferramentas do Marketing à realidade do cirurgião-dentista, que é distinta, e fazê-lo transpor as barreiras que ainda se impõem ao entendimento da relevância do Marketing para seu sucesso profissional”, defende. Mas ao mesmo tempo em que o cirurgião-dentista precisa conhecer e incorporar em seu dia a dia profissional estratégias de Marketing, a Internet tem possibilitado diversos campos de experimentação para a promoção de competências profissionais. Com a democratização do acesso à informação promovida pela rede mundial de computadores, tem sido cada vez mais fácil acessar uma audiência global de clientes em potencial. O especialista em Marketing Antônio Inácio Ribeiro, com MBA pela Fundação Getúlio Vargas e doutorando em Administração de Marketing, chama a atenção para a reconfiguração da relação profissional-cliente que o advento das novas tecnologias de comunicação acarretou. “O paciente mudou, o cliente mudou, e o cirurgião-dentista também precisa mudar neste novo cenário. São inúmeros interesses interagindo através da Internet, das redes sociais, da blogosfera, e o profissional não pode tratá-la com descuido”, orienta. A exemplo da Odontologia, o Marketing não é uma área das ciências exatas, e não há fórmulas prontas que garantam a eficácia de sua aplicação. Mas conhecer o conjunto de ferramentas, estratégias e, acima de tudo, comportamentos que têm reconfigurado o mercado odontológico pode fazer a diferença em tempos de competitividade acirrada e demandas cada vez mais diversificadas.

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M A R K ET I N G

Marketing para o CD empresário

O acirramento da competitividade no mercado odontológico e o advento de novas tecnologias de informação fizeram surgir um novo cirurgião-dentista, que precisa aliar à excelência técnico-científica habilidades interdisciplinares de promoção de suas competências e de comunicação com seu público, cada vez mais complexo

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á 20 anos, o “boca a boca” era a receita de sucesso da maioria dos cirurgiõesdentistas. Tratamento bem feito era garantia de retorno e de recomendação para outros pacientes. Hoje, a excelência no atendimento continua sendo de extrema importância para o êxito profissional, mas, com a grande concorrência disputando o já disputadíssimo poder aquisitivo da população, é necessário investir em outras áreas, como o Marketing de Relacionamento, a fim de sobreviver aos novos desafios do mercado de trabalho. Nesse (não tão) novo cenário,

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conhecimentos técnicos não bastam: é preciso desenvolver habilidades de gerenciamento e empreendedorismo aliadas às aprendidas na faculdade. Para isso, muitos cirurgiões-dentistas têm se dedicado a obter conhecimentos em áreas como Administração e Marketing, aplicando o aprendizado no seu cotidiano e tomando decisões mais acertadas frente ao mercado e à concorrência cada vez mais acirrada. Atividades como controle de caixa, investimentos, seleção e capacitação de profissionais, entre outras, não podem mais ser tratadas com displicência e

deixadas em segundo plano. O cirurgião-dentista Plínio Augusto Rehse Tomaz tem acompanhado de perto essa nova postura do profissional de Odontologia. Pós-graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), com especialização em Saúde Pública pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) e em Administração Hospitalar pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Pesquisas Hospitalares (IPH), Tomaz é autor de livros como Alcançando o Alvo e Consultório-Empresa, e, após trabalhar durante 11 anos em

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M A R K ET I N G

consultório, dedica-se a contribuir para que outros profissionais da área da saúde selem a paz com os negócios, por meio de consultoria, assessoria, cursos, treinamentos e material de apoio. Segundo ele, nos últimos 10 anos o cirurgião-dentista adotou uma nova postura em relação ao Marketing e investiu em ações de maior impacto: o “boca a boca” e o anúncio em jornais já não são as únicas ferramentas encontradas para ajudar o profissional a ter destaque. “Muita coisa mudou, a começar pelo entendimento e pela aceitação acerca do Marketing. Os mitos foram parcialmente quebrados e hoje já se fala de Marketing de modo mais correto. Os cirurgiões-dentistas também reduziram seu investimento em malas diretas e em anúncios em jornais e revistas, substituindo por ações mais elaboradas, como eventos, networking e parcerias – o que, aliás, é o que prego e recomendo há anos”, afirma. A mudança, testemunha To maz, foi gradativa. Há 15 anos, ele próprio enfrentava dificuldades em falar do tema, e havia quem contestasse o uso do Marketing como algo ético. Depois das palestras, conta, muitos profissionais mudavam de opinião, mas “sentia-se no ar certo desconforto”. O consultor lembra que montar uma turma de 20 alunos era uma grande dificuldade. “Felizmente, o perfil do colega mudou nesse sentido, provavelmente por ter percebido a necessidade de mudança, aliado à percepção de que este assunto vem sendo martelado por anos a fio. O interesse pelo Marketing hoje é maior e o respeito ao tema também, mas ainda é um assunto marginal em termos práticos. Poucos sabem aplicar um Marketing eficiente no consultório

ou carreira”, revela. Seu consultório, sua empresa Segundo Tomaz, para ser um empreendedor bem-sucedido é preciso entender que o consultório funciona como uma empresa, para a qual são necessárias habilidades além da técnica odontológica, como comerciais, administrativas, relacionais e pessoais. Alguns cases, relata, são clássicos: Tomaz viu colegas clinicamente excelentes fracassarem no consultório devido ao não domínio de outras habilidades complementares essenciais. “Não quero dizer que estas outras habilidades sejam capazes de mascarar profissionais ruins. O que digo é que aquela velha ideia de que ser bom basta já não é mais verdadeira. O fato é que muita gente não percebe, mas profissionais bem-sucedidos que são tecnicamente brilhantes não chegaram aonde chegaram apenas por isso, mas por suas outras habilidades que também carregam – são bons comunicadores, são carismáticos, entre outras qualidades”, explica. Primeiros passos A ciência e a técnica odontológicas são aprendidas ao longo de cinco anos de faculdade. Mas o que, para Tomaz, separa o sucesso do fracasso não é ensinado nos cursos de Odontologia, pois o currículo da graduação não contempla efetivamente a formação necessária para que o profissional possa montar e conduzir seu consultório. Assim, os graduandos precisam buscar essa formação em cursos extracurriculares, pós-graduação e livros especializados. Tomaz é enfático ao dizer que as faculdades de Odontologia não entenderam ainda que o Brasil mudou e ainda formam téc-

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Tomaz: “É preciso desenvolver habilidades de gerenciamento”

nicos, todos sedentos por especializações. “Venderam-nos uma ideia errada de que esse é o caminho. Não é. O público, diferentemente do que ocorre com a Medicina, não quer o ultraespecialista, mas o clínico-geral. As pessoas querem os bons profissionais que fazem o tratamento completo.As exceções a isso são Ortodontia, Cirurgia e, em alguns casos, Endodontia.” Para Tomaz, a faculdade deveria preparar o aluno “com uma visão mais ampla do mercado de trabalho, dando orientações complementares, como sobre montar um empreendimento de Odontologia, ensinar sobre convênios – como funcionam, as leis que regulamentam o setor –, treinar os novos cirurgiões-dentistas para falar em público, administrar o seu tempo e finanças pessoais, contabilidade, entre outras lições”. Para preencher essa lacuna, o mercado oferece várias opções para quem deseja gerenciar um negócio. O Sebrae possui orientação gratuita e diversos cursos pagos para pequenos empreendedores, a exemplo de outras organizações.

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Até conseguir pagar os custos operacionais mensais, os investimentos feitos e ter lucro, o profissional pode levar entre dois e três anos. Por isso, o recém-formado deve sair do curso de Odontologia disposto a enfrentar as dificuldades de um mercado de trabalho competitivo e uma população com poder aquisitivo relativo. O primeiro passo para o êxito profissional, enfatiza Tomaz,

é entender o consultório como uma empresa. Para isso, é preciso geri-lo, entender como ele funciona, saber administrá-lo. O recém-formado deve ainda pesquisar o mercado e verificar todas as possibilidades profissionais que estão à sua frente. Especialidades que não estejam tão em evidência na região onde se mora podem ser uma opção mais interessante; busque infor-

O futuro já começou

Redes Profissionais Integrativas: negócios, capacitação e vantagens coletivas

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em surgindo no Brasil um novo conceito de negócios em saúde: as redes integrativas, um importante fenômeno de aproximação de profissionais entre si com a intenção de se beneficiarem. O primeiro passo nessa direção foi a junção de cirurgiões-dentistas para comprarem materiais de consumo em maior volume e, consequentemente, com preços reduzidos e melhores condições de pagamento. Hoje existem grupos de CDs – o que Plínio Tomaz chama de Redes Profissionais Integrativas – que fazem negócios juntos, economizam pela força do coletivo, recebem capacitação (cursos) e orientação (assessoria) em Marketing, Gestão, Finanças etc., e ainda têm um (ou mais) gestor(es) contratado(s) para pensar em novas oportunidades de negócios para o grupo. Há forte interação entre as pessoas que delas participam e muitas vantagens em estar integrado a uma rede, sem os supostos “riscos” e barreiras que as franquias apresentam. “O integrado recebe ainda assessoria em planejamento mercadológico, biossegurança e até suporte técnico clínico, realizado por um board de professores de renome, dando apoio aos casos complexos e difíceis”, explica Tomaz.

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mações e sinta a necessidade do mercado. Essa escolha deve estar em consonância com o prazer do trabalho e a melhor possibilidade de rentabilidade. Tomaz aconselha os recém-formados a sempre buscar capa citação em atividades e competências complementares às funções clínicas, tais como atendimento ao cliente, negociação, noções de administração geral, Marketing Pessoal, português e matemática financeira, entre outras. “Isso certamente confere uma visão mais ampla sobre a profissão e ajuda a adquirir algumas das habilidades essenciais ao sucesso, que vão muito além da boa prática clínica e conhecimentos científicos”, explica. Para o consultor, é fundamental que o profissional conheça profundamente o seu cliente e crie um banco de dados sobre cada um deles: suas preferências, atitudes, exigências, limitações, etc. “Conhecer também os ‘candidatos a cliente’, ou seja, a população-alvo do negócio. O que eles querem e de que precisam? Quanto podem e estão dispostos a pagar por isso? Quantos são e onde estão? Esse levantamento deve ser feito também por gênero, faixa etária, classificação socioeconômica, etc. Quanto melhor se conhece o público, melhores serviços, e mais adequados, poderão ser oferecidos a ele. Como consequência, maior demanda e maior número de clientes.” O novo cirurgião-dentista não deve esquecer de formar sua rede de relacionamentos. “Forme uma rede de contatos ampla, viva e rica. Amplie, nutra e aprofunde os relacionamentos pessoais e profissionais, pois isso é matéria-prima para o sucesso

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O consultório é uma empresa e o CD dever ser um empreendedor

no mundo contemporâneo”, complementa. Jogo dos sete erros Com essa nova realidade batendo à porta dos consultórios, é preciso adotar outra postura perante o mercado. Para isso, o cirurgião-dentista chama para si a responsabilidade de administrar o consultório, ganhando a chance de evitar erros que podem ser fatais nos dias de hoje. Plínio Tomaz aponta sete deles: 1 - Misturar contas pessoais com as do consultório e não fazer um controle financeiro adequado 2 - Não manter prontuários clínicos atualizados e completos; 3 - Não ter informação e nem estar informatizado; 4 - Não investir na equipe; 5 - Não fazer planejamento; 6 - Não determinar metas mensais ou anuais; 7 - Não saber agregar valor ao próprio serviço. “É preciso entender de uma vez por todas que o consultório é uma empresa, e perceber a si mesmo como um empreendedor. Se esses conceitos forem internalizados, o resto será consequência”, preconiza. Nem todos os CDs, porém, têm vocação ou disponibilidade para administrar seu lado empresarial, preferindo delegar a tarefa a profissionais da área – alternativa nem sempre fácil,

que exige maturidade emocional e, principalmente, confiança no serviço prestado pelo terceiro. Tomaz aconselha que, ao optar por uma administração terceirizada, deve-se “avaliar o currículo e a experiência do profissional e da equipe de trabalho e a bagagem e o histórico da empresa, já que ultimamente alguns profissionais que faliram seus consultórios têm se aventurado em consultorias”. É ideal também conversar com outras pessoas que contrataram aquele profissional ou empresa, buscar referências. “Mas o principal ponto é: uma vez contratada a empresa, confie na equipe e implante as ações propostas. Para ter sucesso nesta terceirização da Administração ou Marketing é necessário que a relação consultor-cliente seja boa, ampla e aberta. Devem ser complementares, precisam discutir os casos, analisar com seriedade e aplicar as ferramentas de análise mercadológica”, orienta, ressaltando que esse tipo de trabalho não é indicado para qualquer clínica, e, de preferência, deve ser realizado por um tempo determinado. “Marketing é uma ciência séria e precisa ser conduzida por uma equipe que traga esta disciplina à prática clínica de modo profissional. Infelizmente muitos colegas preferem soluções prontas e superficiais a aguardar que análises mais concretas sejam realizadas e ações propostas com bases sólidas e, por isso, se frustram com resultados medíocres”, alerta Tomaz. As técnicas utilizadas para atrair os clientes são as mais diversas possíveis – não há fórmulas mágicas. Tudo vai depender do público-alvo, do planejamento traçado pelo

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Relação entre consultor-cliente tem que ser ampla e aberta

cirurgião-dentista, do que ele deseja para si e para o seu consultório. “Dependendo do caso, o mais indicado pode ser a publicação de artigos, participação em eventos, parcerias, assessoria de imprensa, instrumentos de comunicação interna com a finalidade de estimular indicações e muito mais. Gosto de identificar os paladinos – clientes apóstolos, que amam e defendem o profissional – e dar ‘armas’ de comunicação a eles. Se a escolha for feita corretamente e o material também, o resto acontece sozinho”, explica Tomaz. Algo bastante utilizado pelos profissionais é o e-mail marketing – mas o sucesso disso depende do tipo da clínica, do perfil do cliente, da proposta em questão, do serviço oferecido e da “cara” da peça publicitária enviada. “Isso tem funcionado muito, mas é preciso ter critérios e cuidados éticos. Se mal utilizado pode, inclusive, ter efeito inverso e pegar mal para o profissional ou clínica”, adverte, recomendando a elaboração de um plano de metas a longo prazo. “Devem constar aí as etapas necessárias para se chegar ao resultado previsto, as melhorias que deverão ser realizadas no empreendimento, patamares de expansão, tais como crescimento no faturamento ou da carteira de clientes, entre outros detalhes”, orienta o especialista.

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Você é seu maior concorrente

Relacionar-se bem com seus diversos públicos, dentro e fora do consultório, é uma das principais prerrogativas para o sucesso profissional. Mas, por uma série de fatores – entre eles, lacunas na sua formação –, o CD esbarra em dificuldades que podem comprometer a efetividade de uma das mais importantes estratégias para se estabelecer profissionalmente: o Marketing Interpessoal

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ão muitas as questões que dizem respeito ao futuro do cirurgião-dentista e que não são respondidas ao longo dos cinco anos de faculdade: como escolher o melhor local para instalar o consultório, ge renciar contas, fazer orçamentos, atrair e manter clientes... Foi exatamente isso que aconteceu com o cirurgião-dentista Roberto Caproni após concluir o curso de Odontologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1978. Ao deixar a vida acadêmica para

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trás, o jovem profissional viu os seis primeiros meses de trabalho se transformarem num inadministrável caos. Foi então que optou por um caminho diferente: foi em busca de soluções para as suas dificuldades mercadológicas em um curso de Administração. Era o início de uma nova etapa na sua vida. Caproni teve tanta afinidade com o tema que descobriu que o consultório não era exatamente a sua vocação – mas ajudar colegas a administrá-lo, sim. Após o curso de Administração, emendou uma

pós-graduação em Marketing e outra em Psicologia, e hoje ministra cursos e palestras sobre gestão e mercado para profissionais da saúde no Brasil e no exterior, além de prestar consultoria a diversas empresas e entidades. Também é autor da obra Marketing Aplicado à Saúde, o primeiro livro escrito no mundo sobre o tema. Hoje, com a experiência que acumula, Caproni decifrou os segredos do sucesso profissional e ajuda outros cirurgiões-dentistas a superar as dificuldades de gestão e mercado com as quais se deparou

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Maior concorrente do CD é a sua própria baixa eficácia operacional

no começo de sua carreira. Nos trabalhos que realiza pelo Brasil e no exterior, o consultor lida com vários questionamentos dos profissionais em relação à administração. Gestão e mercado são ciências relativamente novas para profissionais da saúde. Por isso, muitos cirurgiões-dentistas ainda as ignoram e não utilizam os benefícios das suas aplicações nos consultórios e clínicas. Para Caproni, esse é um dos maiores erros cometidos pelo cirurgião-dentista. “Um profissional da saúde pode ter melhor resultado financeiro, mais qualidade de vida e prestígio social utilizando os conhecimentos de gestão e mercado em seus consultórios e clínicas. A Odontologia é uma ciência. Gestão e Mercado também são ciências. Quando aplicamos uma ciência em outra, potencializamos os resultados”, explica. O importante, defende Caproni, é não se limitar aos aspectos técnicos da profissão – o diferencial está em ser competitivo no mercado. Para o consultor, o mercado atual não é competitivo, e sim desorganizado. “A concorrência somente aparece depois que se atingiu a máxima eficácia operacional numa categoria”, argumenta. Em outras palavras, o maior concorrente de um cirurgião-dentista é a sua própria baixa eficácia operacional. Em busca de clientes Uma das maiores preocupa-

Mix de Marketing: pessoas, ponto, preço e promoção são as variáveis

consultório ou a clínica:

Caproni: “Para conquistar clientes é preciso ter diferencial competitivo de mercado”

ções dos cirurgiões-dentistas é encontrar uma maneira adequada de conquistar mais clientes, tendo o cuidado para não ser invasivo e insistente. Segundo Caproni, o consultório possui cinco variáveis: produto, pessoas, ponto, preço e promoção, um Mix de Marketing. Para atrair mais clientes, o consultor dá a dica: “O primeiro passo é fazer com que o Mix de Marketing tenha identidade com os clientes, trazendo segurança e conforto aos clientes. Em seguida, fazer com que o Mix de Marketing tenha coerência, gerando credibilidade. E, para conquistar novos clientes, o Mix de Marketing deve ter um diferencial, que não é clínico, mas que atraia pacientes para o consultório ou clínica”. Por meio do Mix seria possível ainda identificar as inúmeras ferramentas para cada tipo de consultório ou clínica, já que não existe solução única, mas, explica Caproni, ajustes específicos. Por isso, é preciso que o profissional da saúde comunique-se com o mercado. Segundo Caproni, há cinco meios para que novos clientes procurem o

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*Propaganda *Publicidade *Boca a boca positivo dos clientes atuais *Redes de relacionamento social *Redes de relacionamento profissional A utilização de uma ou de outra forma de comunicação depende da proposta de mercado defendida pelo cirurgião-dentista, da especialidade e das características dos clientes. Para conquistar mais clientes é preciso o que Caproni chama de diferencial competitivo de mercado (DCM), que despertaria a atenção para o consultório ou a clínica, “fazendo com que as pessoas saibam que o profissional existe de forma ética e elegante”. O DCM teria que estar atrelado à eficácia operacional, que o consultor define como “o fazer melhor aquilo que já fazemos, aperfeiçoar os processos internos dos consultórios e clínicas, agregando valor na percepção do cliente”. Na esquematização proposta pelo consultor, a junção dessas duas variáveis teóricas pode ser resumida em quatro letras: A, I, D e A: *a primeira letra, A, significa “atenção”, para mostrar que o consultório e o profissional existem *o I é de “interesse”, que

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Cuidado com os diferenciais de preços. Lembre-se do valor agregado

deve ser despertado para que os clientes conheçam os potenciais do cirurgião-dentista e para que procurem os seus serviços *o D é associado a “desejo”, poderosa força motivadora * e, por fim, o último A, de “ação”, representando o poder de fazer com que o cliente aja contratando os serviços do pro-

fissional. “O DCM chama a atenção, gera interesse e leva os clientes potenciais até o consultório ou clínica. Já a eficácia operacional desperta o desejo em relação aos serviços oferecidos levando o cliente à ação. Conhecendo esses fundamentos teóricos podemos fazer diagnóstico e, com isso, propor soluções”, resume Caproni. O preço dos serviços é sempre apontado como um diferencial na hora de atrair clientes, mas é preciso tomar cuidado com as variáveis: se for baixo, o cirurgião-dentista tem que estar preparado para atender a um grande volume de clientes, e isso implica em delegação de funções para outros

CBHPO: referência para o mercado

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e aplicadas de forma adequada à natureza do serviço oferecido, ao tipo de público que o profissional atende e às circunstâncias de mercado que se apresentam, as estratégias de Marketing podem levar o cliente em potencial a fidelizar sua preferência pelo cirurgião-dentista. Outro elemento importante nesse processo, o custo do procedimento, também precisa ser considerado de forma inteligente. Para isso, a ABO uniu-se às demais entidades odontológicas brasileiras para, através da Comissão Nacional de Convênios e Credenciamentos (CNCC), em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe-USP), criar a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Odontológicos (CBHPO). Lançada oficialmente em 2010, a CBHPO objetiva o desenvolvimento de referenciais para a valoração relativa dos procedimentos odontológicos, reconhecendo o trabalho profissional e o custo operacional. Trata-se de uma importante fonte de argumentação para os cirurgiões-dentistas nas relações de mercado. As informações da CBHPO estão disponíveis a todos os cirurgiões-dentistas no site www.cbhpo.com.br. É possível fazer download de arquivos de procedimentos ambulatoriais e cirúrgicos hospitalares, entre outros. Além da ABO, outras quatro entidades integram a CNCC: Conselho Federal de Odontologia (CFO), Associação Brasileira de Cirurgiões-Dentistas (ABCD), Federação Interestadual dos Odontologistas (FIO) e Federação Nacional dos Odontologistas (FNO).

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Sala de espera e recepcionista são o cartão de visita do consultório

profissionais no consultório ou clínica. Preços mais elevados são mais adequados para serviços personalizados e com atendimentos exclusivos. “Utilizar preços baixos para atrair clientes sem ter condições de delegar funções é um grave erro. O profissional vai trabalhar mais e ganhar muito menos. O que o cirurgião-dentista deve buscar é exatamente o contrário, valorizando sua qualidade de vida. É importante ressaltar que cliente não se importa só com preço, mas sim com valor agregado”, aconselha. “O mercado mudou, o comportamento do cliente mudou. É fundamental que o profissional da saúde esteja preparado para um mercado cada vez mais exigente, competitivo e saturado. Um cirurgião-dentista poderá se preparar adquirindo conhecimentos de gestão e mercado específicos para a realidade de um consultório ou clínica”, finaliza Caproni. Marketing para RH Ao chegar ao consultório, nada melhor para um cliente do que encontrar um ambiente que ofereça conforto e o distraia na sala de espera enquanto aguarda a hora de ser atendido. A secretária ou recepcionista também tem a função de receber bem o cliente, de criar um clima cortês e fazer com que ele fique à vontade. Essas atitudes repercutem na satisfação dos pacientes – assim, um espaço adequado e

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um bom atendimento são peças fundamentais para influir positivamente na fidelização do cliente. A primeira pessoa a quem o paciente se dirige ao chegar ao consultório é a secretária, que possui papel estratégico, pois a ela cabe a administração do espaço, a recepção dos pacientes e a mediação dos conflitos. Para ocupar tal função é preciso, antes de tudo, saber lidar com o público. A empatia ajuda a entender as aflições e os anseios da outra parte. Colocando-se no lugar do cliente, a profissional torna o atendimento mais humano. Para Roberto Caproni, os funcionários fazem parte do Mix de Marketing: é a variável Pessoas. Para obter êxito profissional é preciso uma equipe bastante integrada e que se sinta parte do sucesso do consultório. “Ter as pessoas certas nas funções adequadas faz toda a diferença no resultado de um consultório ou clínica. Para isso, é necessário saber recrutar, selecionar, treinar, motivar, avaliar, delegar, liderar e controlar os resultados. Somente assim teremos uma equipe motivada e focada em resultados. É o que chamo de verdadeiro time”, diz o consultor. Para se tornar competitivo, um consultório ou clínica pode optar pela redução de custos ou pela diferenciação. O segundo caminho exige, entre outros fatores, a excelência no atendimento ao cliente. A qualidade depende do esforço do cirurgião-dentista e da competência de sua equipe. Quando há essa interação, um acrescenta valor ao trabalho do outro, gerando um atendimento personalizado difícil de ser copiado pela concorrência. Para isso, o consultor Plínio Tomaz tem um exemplo clássico. “Um amigo seu que trabalha no res-

Sucesso: perfil profissional deve se unir ao empreendedorismo

taurante X lhe diz para você não ir lá. O que você imagina deste lugar? Que deve ser péssimo. A lição disso é que ‘o comentário interno tem poder’. O funcionário precisa ser admirador do trabalho do cirurgião-dentista – assim seu nome cresce exponencialmente”, explica. Para ele, os funcionários podem e devem ser treinados para ajudar no processo de vendas internas, na organização geral e na divulgação da marca. Uma medida simples nesse sentido é oferecer cartões de visita a toda a equipe. “Sua auxiliar terá muito orgulho de exibir e dar a seus familiares e amigos o cartão com seu nome e função. Isso faz com que a marca da clínica seja vista e conhecida”, orienta Tomaz. A cara do seu espaço Um grande diferencial atualmente nos consultórios odontológicos é a sua ambientação. Com a crescente oferta de serviços pela qual o mercado passa atualmente, os pacientes tornam-se mais exigentes, e o conforto oferecido pelo profissional influencia na

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sua decisão de voltar a procurar o cirurgião-dentista e o indicar a outras pessoas. Ambientes aconchegantes e bem iluminados, acrescidos de um bom atendimento, são primordiais para conquistar um cliente. A sala de espera é o cartão de visitas do cirurgião-dentista, pois através dela o paciente conhece um pouco da personalidade do profissional – e, por isso, merece atenção. A organização e a limpeza do local são fundamentais, mas sua estética não deve ser deixada de lado, devendo ser trabalhada de forma equilibrada e harmoniosa. É preciso aproveitar muito bem o espaço e a disposição prática dos móveis, de forma que auxiliem o profissional durante o trabalho e proporcionem conforto a todos que o aguardam. Outro ponto importante a ser considerado é o tipo de público atendido, adequando a ambientação a cada um – brinquedos para crianças e revistas para adolescentes e adultos, por exemplo, e acessibilidade para idosos e pacientes especiais.

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Do boca a boca ao tela a tela

A Odontologia encontra terreno fértil na Internet para manter sua constante e intensa modernização ao alcance de um dos públicos mais diversos e ricos em potencial de consumo, formação de conceito e opinião “Em alguns anos vão existir dois tipos de empresas: as que fazem negócios pela Internet e as que estão fora dos negócios”, profetizou Bill Gates ainda nos primeiros anos de popularização da rede mundial de computadores. Não demorou muito para que a máxima passasse a contemplar, também, profissionais autônomos e liberais – categoria em que se enquadra grande parte dos cirurgiões-dentistas. A incursão destes profissionais na Web acompanhou o comportamento cada vez mais comum entre seu público de procurar orientações sobre seus problemas de saúde na Internet – a exemplo do que é largamente feito para qualquer questão que se apresente a quem tem o mínimo de familiaridade com o computador. Grupo que está cada vez maior: segundo o

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Ibope Nielsen Online, o número de homens e mulheres com acesso à Internet em qualquer ambiente (em casa, no trabalho, na escola, em lan houses ou em outros lugares) chegou a 73,9 milhões ano passado. O cirurgião-dentista que deseja se firmar como referência no mercado não deve ficar alheio a essa multidão de interesses. É o que defende o especialista em Marketing Antônio Inácio Ribeiro, que há mais de três décadas se dedica a estudar as aplicações da área no mercado odontológico. Com MBA pela Fundação Getúlio Vargas e doutorando em Administração de Marketing, Ribeiro é professor da área na São Leopoldo Mandic e publicou mais de 30 livros e 800 artigos, 600 deles no exterior – repertório que coloca à disposição do cirurgião-dentista

interessado em expandir suas possibilidades no mercado, e o uso da Internet tem se mostrado uma estratégia simples, barata e eficaz nesse processo. “A revolução da Internet conectou o mundo, deixando todos os participantes da rede mais inteligentes, com fontes de informação globalizadas à disposição. A partir dela, procedimentos são consultados, preços são comparados e novas opções são encontradas, diferentemente do profissional que no passado ditava normas à razão do seu conhecimento e por conta disso era o preferido na escolha, que hoje muitas vezes se faz por buscas em sites”, contextualiza. Para Ribeiro, nessa nova ordem é importante que o cirurgião-dentista faça a situação contar a favor, e não contra. “Adequar-se às novas fontes de canalização

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de clientes passou a ser condição para manter-se no mercado presente e futuro dos serviços odontológicos. Coisas inimagináveis há uma década, como mandar e-mails, criar um blog ou manter atualizado um site, passaram a ser diferencial na conquista de novos clientes, e a fazer a diferença na manutenção dos antigos, se bem informados.” Ribeiro explica que o uso da Internet como recurso para criar e manter relacionamentos profissionais é extensão de uma necessidade social que precede a tecnologia digital. “Relacionar-se pela rede mundial de computa-

Ribeiro: “Relacionar-se pela rede mundial de computadores é fundamental”

Conhecimento de todos para todos

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Internet e as novas tecnologias de comunicação também são excelentes ferramentas de compartilhamento de conhecimentos, e o cirurgião-dentista está cada vez mais inserido nessa teia de colaboração. Nesse sentido, a ABO conta com duas frentes de promoção do conhecimento e interação multimídia da comunidade odontológica no mundo virtual. A mais recente delas é o ABO-Dental Tribune Study Club (www.dtstudyclub. com.br). Parceria da entidade com Dental Tribune International, trata-se de um clube de estudos que oferece ao cirurgião-dentista a oportunidade de aprender e interagir com colegas de diversas procedências e experiências em ambiente multimídia. A novidade oferece ao cirurgião-dentista acesso a cursos on-line interativos e ao vivo 24 horas, fóruns, revisão de produtos em vídeo e revisão de estudos de caso, entre outras possibilidades de ampliação do conhecimento remotamente. Outra incursão da ABO no mundo virtual é o Pro-Odonto, Programa de Atualização em Odontologia. Lançada em 2006, a iniciativa é resultado da parceria entre a entidade e a Artmed Panamericana Editora, por meio do Sistema de Educação em Saúde Continuada a Distância, o Sescad (www.sescad.com.br), e contempla seis especialidades: Cirurgia, Estética, Implantodontia, Ortodontia, Prevenção e Prótese. O objetivo é atender às necessidades de atualização permanente por meio de ferramentas de estudo flexíveis, de acordo com as disponibilidades de horário e tempo e as possibilidades econômicas dos acadêmicos e dos profissionais. Os participantes têm acesso ao e-Learning, ambiente virtual de aprendizagem onde é possível encontrar conteúdo diversificado na área da saúde, atualizado diariamente com entrevistas, matérias, notícias científicas e resumos de jornais internacionais, e ao Dentistry & Oral Sciencies Soure (DOSS), banco de dados odontológico.

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dores passou a ser fundamental para ampliação da clientela, assim como era importante a presença física, por exemplo, em atividades de entidades e eventos sociais, num passado não muito distante. Um tipo de relacionamento não substituiu o outro, mas se tornou elemento formador de opinião tal qual a maneira como os modernos meios de comunicação exercem influência sobre o que vamos comer, vestir e usar em nossa vida cotidiana”, compara. Mas, a exemplo dos relacionamentos fora da Internet, o contato entre o profissional e seus públicos on-line necessita de cuidados, regras e bom senso. Ao conjunto desses cuidados se deu o nome de “netiqueta”. Entre os piores resultados da falta de atenção à netiqueta está o famigerado spam, mensagem de e-mail enviada indiscriminadamente a múltiplos destinatários sem que se ofereça a possibilidade de cancelamento do recebimento. Além de aborrecimento, a prática de spamming pode acarretar sobrecarga das caixas de e-mail, impedindo o recebimento de informações de interesse do destinatário, e proliferação de informações e arquivos danosos. Você na Web Às orientações de netiqueta somam-se as normas impostas pelos códigos de ética e pela regulação profissional, que também precisam ser obedecidas no ambiente virtual. Há várias formas de promover serviços e competências sem feri-las. Entre elas: Publicação de artigos e outros textos técnicos ou de opinião – Escrevendo em linguagem acessível ao público que se pretende alcançar, o cirurgião-dentista

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pode deixar na Web uma marca de sua competência em tratar de determinado assunto, que pode estar relacionado à sua área de atuação, atraindo interesses que podem se converter em clientela e, mais importante, conceito positivo. Site – É a contraparte virtual do

consultório. Nele o cirurgião-dentista pode publicar informações de diversos tipos, desde contatos a descritivos de serviços oferecidos, disponibilizar o currículo dos profissionais, divulgar notícias relacionadas à área de atuação e serviços afins, entre uma série de outros conteúdos.

A ética odontológica também vale na Internet

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e acordo com a Lei 5.081/66, que regulamenta o exercício da Odontologia, não é permitido ao cirurgião-dentista “anunciar preços e modalidades de pagamento”. A despeito desta e de outras legislações que restringem a propaganda odontológica, muitos sites de compra coletiva têm veiculado, repetidamente, descontos de até 90% sobre o valor comumente cobrado por serviços de cirurgiões-dentistas, especialmente clareamento dental e outros procedimentos relacionados à estética. Outro agravante é que os anúncios oferecem benefícios que nem sempre podem ser alcançados, já que os resultados dependem da condição do paciente, que só pode ser considerada após avaliação do cirurgião-dentista. Para garantir que a Internet não seja usada para a propagação de práticas que ferem a legislação e a ética odontológica, o presidente nacional da ABO, Newton Miranda de Carvalho, entrou em contato com o Conselho Federal de Odontologia (CFO) solicitando atenção aos casos de infração identificados. O órgão orienta que cada caso seja denunciado ao Conselho Regional responsável pelo Estado em que os serviços anunciados são oferecidos. Punição O cirurgião-dentista denunciado por negociar serviços odontológicos através de sites de compras coletivas está sujeito a punição. Segundo o CFO, a primeira denúncia implica em advertência, sendo que as seguintes podem gerar multas de até R$ 10 mil. Se o caso tiver reincidência, o profissional pode ter seu registro suspenso por 30 dias e até ser cassado. Os conselhos de Odontologia também estão avaliando com o Ministério Público uma forma de punir os sites através dos quais são veiculados os anúncios.

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Através do site o cirurgião-dentista pode colocar à disposição de seu público – e de outros públicos potenciais – um canal de comunicação 24 horas por dia, a serviço também de estratégias de Marketing. Newsletter – Boletim digital e on-line enviado periodicamente a clientes e outros públicos cadastrados, a newsletter é um meio dinâmico de interação. Blog – Muitos cirurgiões-dentistas vêm utilizando blogs para estabelecer um canal de comunicação mais íntimo com seus públicos, através do qual é possível publicar arquivos multimídia (fotos, vídeos, áudio), artigos autorais, informações sobre o consultório, notícias, dados de contato, etc. Tudo de forma simplificada e prática. Um mundo de possibilidades – A quantidade de opções de comunicação à disposição do cirurgião-dentista na Internet é do tamanho da rede mundial de computadores. É possível promover serviços também através de links patrocinados, fóruns e comunidades virtuais, grupos de discussão... O importante é conhecer bem o público que se pretende alcançar e usar a ferramenta mais adequada para cada caso. Para Ribeiro, “o fator de quase gratuidade dos meios interativos é sem dúvida um dos motivos do sucesso da Internet, e deve ser uma razão decisiva para sua utilização”. Outra vantagem, aponta o administrador, “é a multiplicação e a rapidez dos resultados, característica da maioria das ações na rede mundial de computadores, que nos últimos 10 anos viu fenômenos se concretizarem a partir de ideias simples e quase sem investimento inicial”.

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Para aprender mais O conjunto de Escolas de Aperfeiçoamento Profissional (EAPs) da ABO espalhadas por todo o território nacional oferece cursos em Marketing e áreas afins com aplicação na Odontologia. São 64 EAPs oferecendo ao cirurgião-dentista grande variedade de possibilidades de aprendizado, entre cursos de especialização, aperfeiçoamento, atualização. Para mais informações, consulte a Seção ou Regional mais próxima. Os contatos estão disponíveis no Portal ABO (www.abo.org.br). A ABO ainda oferece ao cirurgião-dentista antenado à necessidade de se manter atualizado os programas de atualização a distância Pro-Odonto, desenvolvidos em

parceria com a Artmed Panamericana Editora, através do Sistema de Educação em Saúde Continuada a Distância (Sescad), e o clube de estudos on-line ABO Dental Tribune Study Club, oportunidade para o cirurgião-dentista brasileiro aprender e interagir com colegas de diversas procedências e experiências em ambiente multimídia. Pro-Odonto www.sescad.com.br ABO Dental Tribune Study Club www.abodtstudyclub.com.br

Confira, abaixo, uma série de opções em cursos na área de Marketing. Escola do Empreendedor Oferece diversos cursos em Marketing através da Postigo Consultoria. www.postigoconsultoria.com.br Centro Universitário Senac Oferece cursos de graduação e pós-graduação em Marketing em diversos Estados. www.sp.senac.br ESAMC – Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação Tradicional escola com diversas opções de cursos pelo Brasil e parcerias internacionais. www.esamc.br ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing Oferece cursos de Marketing, Propaganda e Administração. www.espm.br FGV – Fundação Getúlio Vargas Oferece cursos variados em Marketing e áreas afins. www.fgv.br FMU - Faculdades Metropolitanas Unidas Oferece cursos de graduação, pós-graduação e extensão universitária www.fmu.br Instituto Infnet MBA em Marketing Digital e em Comércio Eletrônico www.infnet.edu.br Trevisan Escola de Negócios Oferece cursos de Marketing. www.trevisan.edu.br Consulta de cursos no exterior www.cursosnoexterior.com.br www.wttuc.com.br

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Para saber mais

• Roberto Caproni www.grupocaproni.com • Antônio Inácio Ribeiro www.odontex.com.br • Plínio Tomaz www.tomazmkt.com.br • Sebrae - Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário www.sebrae.com.br • CBHPO - Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Odontológicos www.cbhpo.com.br

Para ler mais • Alcançando o Alvo - Plínio Tomaz Navegar Editora, 2006 (2ª edição), 280 páginas Onde encontrar: www.tomazmkt.com.br • Marketing Aplicado à Saúde - Roberto Caproni Editora Belo Horizonte, 2001 (4ª edição), 219 páginas Onde encontrar: www.grupocaproni.com • Marketing de Clínicas ou Consultórios - Antônio Inácio Ribeiro Editora Raiar, 2ª edição, 235 páginas Onde encontrar: www.odontex. com.br

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Presente e futuro Plínio Tomaz*

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ercadologia. É assim que o Marketing é entendido por quem se dedica a esta ciência com seriedade. Uma ciência que estuda o funcionamento do mercado para que possa encontrar as soluções mais adequadas a cada caso e objetivo pretendido. Há anos estudo o mercado odontológico brasileiro a fim de decodificá-lo e, então, identificar formas mais objetivas para que a classe alcance seus objetivos, sejam eles de maior resultado financeiro, reconhecimento de marca, melhoria da imagem pública da própria Odontologia ou outro. Ainda há muito caminho a ser percorrido neste assunto, embora muito já se tenha avançado nas últimas duas décadas. Não está longe o tempo em que todos achavam que Marketing fosse apenas uma lista de ideias prontas e instantâneas aplicáveis a qualquer tipo de consultório. Tal simplificação afastou muitos do Marketing ver dadeiro. Também não está longe o tempo em que achavam que fazer Marketing exigia gastar rios de dinheiro com propagandas, folhetos ou anúncios, até “dar retorno”. Embora estes dias comecem a ficar para trás, ainda há muito a ser conquistado nesta direção. Há um caminho que observo vem de fato sendo trilhado e outro que acredito deveria estar. O caminho certo, em minha opinião, é aquele em que os colegas aceitam de uma vez por todas que o mercado mudou completamente. Chega a ser estranho como alguns ainda teimam em achar que os clientes exigem as mesmas coisas, que possuem o mesmo nível de conhecimento da Odontologia que tinham e que o mercado como um todo funciona da mesma forma e no mesmo ritmo. Miopia. Para quem não percebeu: o Brasil

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mudou e o mercado de hoje funciona de modo diferente daquele de 20 anos atrás. Se isso é bom ou ruim é outra discussão, mas o fato é que, por ter mudado, as velhas ferramentas e soluções já não respondem às atuais demandas e necessidades da classe frente ao novo perfil do público e do mercado. O novo consumidor requer nova abordagem, relacionamento e novos métodos de conscientização. O mercado atual exige que se encare o consultório como um empreendimento que precisa ser economicamente viável e dar resultados (sim, lucro!). Para isso, é preciso ter boa gestão, aliada a uma capacidade cada vez maior de atender às necessidades e desejos dos clientes, superar suas expectativas crescentes e proporcionar uma maravilhosa experiência em todo o relacionamento profissional-cliente. O cliente de hoje tem mais acesso à informação, mas por mais paradoxal que pareça, ainda não recebe a orientação correta e suficiente sobre seus problemas bucais. Segundo pesquisas da Tomaz Gestão e Marketing, cerca de 32% da população brasileira não sabe sequer que existe tratamento endodôntico em seção única, e 12% não sabe que restaurações estéticas em dentes posteriores é realidade. Culpa de quem? Nossa, que não informamos o que deveríamos, nem da maneira que o novo consumidor necessita. Ainda que estas coisas possam ser simples, exigem dedicação e novas habilidades, que os colegas que vêem o mundo pelo retrovisor não percebem: habilidades relacionais/ pessoais, comerciais, administrativas e técnicas. Não basta ser tecnicamente bom, mas ser percebido como tal. Pouco adianta eu fabricar um bom ventilador se vendo no Alasca. Além de ser bom cirurgião-dentista em termos clínicos, é preciso saber conversar, ser

* Cirurgião-dentista e master em Inovação e Empreendedorismo. P ó s - g ra d u a d o em Marketing e especialista em Administração Hospitalar e em Saúde Pública. Autor de diversos livros, entre os quais Marketing para Dentistas, Consultório-Empresa e Alcançando o Alvo!!!. www.tomazmkt.com.br

agradável, ter contato com pessoas que possam abrir portas e oportunidades, fazer parcerias ganha-ganha, saber apresentar programas de tratamentos e valores de modo eficaz, saber manter os serviços com margens de lucro e custos programadas, ter metas internas de controles, ter programas de fidelização de clientes, ser um líder inspirador para sua equipe, etc. Nós, clientes, queremos e esperamos isso dos profissionais que nos atendem cada vez mais... É preciso inovar sempre e se reinventar a cada dia. Para muitos, a culpa pelos problemas da classe é equivocadamente atribuída aos convênios, entidades de classe, concorrentes e até aos próprios clientes. Tá na hora de reconhecer que tanto o problema quanto a solução podem estar dentro de casa. O futuro do Marketing tem um cenário onde estes conceitos são presentes no dia a dia dos consultórios, cada um à sua maneira (e não à base de imitações de estratégias que outros usaram), analisando e conhecendo o seu próprio mercado local, encontrando soluções específicas. Eu ainda acredito nisso. Eu ainda acredito na Odontologia.

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E-mails a clientes, Marketing do profissional

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Antônio Inácio Ribeiro*

aradoxalmente, o meio mais direto e moderno de comunicação com um público dirigido e selecionado é o de menor custo de manutenção e envio. Requer um pouco de criatividade, mas tem alto poder de relacionamento, principalmente por permitir interatividade. Pode ser elemento fomentador de novos clientes, na medida em que os bons textos costumam ser reenviados a amigos, levando a mensagem para lugares inimagináveis. Os e-mails são a forma ativa de uso da Internet, e os sites ou páginas, a forma passiva. Eles bem podem incrementar visitas a estes. Esta modalidade é muito fácil e prática, haja vista que é de fácil elaboração e mais simples ainda no processamento, já que um único texto é igualmente passado para todo seu cadastro. Se você usar do recurso de não mencionar no cabeçalho todos os endereços para quem você está enviando (cópia oculta), isto pode dar inclusive a impressão de que se trata de algo personalizado. Assim estará atingindo o interessado de forma direta, sem ter que abrir envelopes ou ser posta no lixo sem sequer ter sido lida. Os e-mails são a forma eletrônica da mala direta, que para não parecer propaganda, pode ser sempre acompanhada de texto sobre assunto de interesse de quem o está recebendo. O simples fato da identificação de seu remetente já caracteriza o interesse e passa a ser uma maneira de ser bem lembrado. Estimule o retorno avaliativo de quem o lê, comentando que gostaria de saber inclusive quem não está gostando de receber, pedindo para que não se envie mais. Estes textos bem podem ser a reprodução de artigos de jornais ou revistas, com ou sem comentários seus sobre seu conteúdo, mas sempre mencionando a fonte das reproduções e o seu interesse em enviá-los, como forma de

justificativa do envio. Se forem textos pequenos ou reprodução de parte de artigos, podem ser digitados para dar menos peso aos arquivos. Se forem maiores ou com ilustrações, podem ser escaneados e colocados como um arquivo anexo, que o recebedor abrirá de acordo com seu interesse. Como se trata de uma leitura de menos de cinco minutos e com temática de interesse, seu acompanhamento pela clientela ou por possíveis futuros clientes poderá transformar-se em um hábito, que levará alguns a lhe comunicar eventuais mudanças de e-mail, para continuar recebendo suas mensagens. Cuide para manter sempre atualizado seu cadastro de e-mails não só nas alterações, mas principalmente nas inclusões, que são a chave de seu crescimento. A melhor maneira de começar a montar seu cadastro é ser sistemático em pedir e-mails a todos os seus amigos e clientes. Oriente sua secretária para que faça o mesmo. Depois de um certo tempo solicitando-os, para não tornar a pedir àqueles que já lhe forneceram, passe a perguntar se estão recebendo seus e-mails. Aos que responderem afirmativamente, pergunte o que estão achando dos mesmos e peça sugestões. Aos que responderem negativamente, pergunte pelo seu e-mail. Uma perspectiva futura de utilização dos e-mails é o envio automático de um no dia anterior a todos os que tiverem consulta ou entrevista no dia seguinte, como forma de lembrete. Caso a Internet se prolifere com a rapidez que vem acontecendo, em breve deixará de ser mania nacional, para transformar-se no melhor meio de comunicação interpessoal. Aos que tiverem se iniciado antes, ficará a certeza de sua vanguarda. Item interessante para fechamento dos seus e-mails é colocar em todos eles os seus dados: nome, endereço, telefo-

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*Professor de Marketing do M BA G e s t ã o de Negócios na Área da Saúde da São Leopoldo Mandic, MBA em Marketing pelo ISAE da Fundação Getúlio Vargas, especialista em Marketing pela PUC do Paraná e administrador pela Universidade Mackenzie de São Paulo. www.odontex.com.br

ne, profissão, especialidade, trabalhos a que mais se dedica, com especial destaque para os meios de retorno, até seu telefone celular, caso ache oportuno. Lembre que estas informações são importantes, não só para dar uma ideia de propaganda de quem está patrocinando o envio destes e-mails, mas principalmente pela possibilidade de alguns deles chegarem a não-clientes. Escolha um dia da semana não muito movimentado e o adote como o dia de mandar seus e-mails, fazendo disto um compromisso consigo e com sua secretária, que se encarregará da parte operacional, tocando-lhe a escolha dos textos e complementação das mensagens e inserções adicionais. Comece hoje a preparar o seu futuro, que fatalmente passará por comunicação via Internet. Provavelmente bem antes do que imaginamos, quem estiver conectado a alguma forma de comunicação eletrônica terá futuro garantido. Lembre que este é o melhor caminho para ter em breve uma página na Internet, que já é hoje o principal meio de comunicação e divulgação das grandes empresas. Pense grande e antecipe seu sucesso!

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A Era do Cliente Em que a Revolução do Cliente afeta os resultados do seu consultório ou clínica

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m 1973 o preço do barril de petróleo aumentou 300% em apenas 90 dias. Em 1979 o preço do Ouro Negro voltou a aumentar em 1.000% causando o que foi conhecido como a Crise do Petróleo. Esses gigantescos e sucessivos aumentos do preço da principal fonte energética do planeta geraram uma crise econômica global sem precedentes. Empresas faliram em todo o mundo. Numa economia estagnada, o pouco dinheiro circulante estava nas mãos do cliente. Depois de milênios sendo ignorado, o cliente assumiu o poder e passou a ser o personagem central nas relações de troca. A Revolução do Cliente de 1980 deu início à Era do Cliente. Você + Cliente = Resultado Resultado financeiro, qualidade de vida e prestígio social. É isso que você busca através da sua atividade profissional. Até 1980, os seus resultados

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Roberto Caproni* dependiam exclusivamente de você. Hoje os seus resultados dependem também do cliente e da sua capacidade de entender e de interagir com esse cliente. Entender de técnicas e de procedimentos clínicos de pouco ou de nada adiantará se um profissional da saúde não entender também das motivações do cliente. Você pode entender tudo sobre dentes, mas não terá os resultados desejados se não entender também de clientes. É o cliente que traz o dente até o seu consultório. É o cliente que assina o cheque para pagar a conta e não o dente. É o cliente quem faz escolhas dizendo Sim ou Não para você! Conforme os bons dicionários, o coletivo de cliente é clínica. Assim quem tem uma clínica tem clientes e não pacientes. O cliente tem uma postura ativa e o paciente uma postura passiva. O cliente escolhe e o paciente é escolhido. Vivemos hoje o mundo do cliente e não mais o mundo do paciente. O paciente morreu em 1980, com a Revolução do Cliente. Num mercado cada vez mais competitivo e saturado de profissionais, no qual o poder dos clientes é crescente, você deve focar seus esforços para atender não apenas as necessidades dos clientes, mas também aos seus desejos, superando as suas expectativas. Como fazer isso? Para transformar esse conceito em ação foi criado o Mix de

*Graduado em Odontologia e em Administração de Empresas. Pós-graduado em Marketing e Psicologia. Especialista em franquias pela Franchising University. www.grupocaproni.com

Marketing (veja mais na pág. 13). Clientes cada vez mais exigentes em suas relações de troca exigem cada vez mais identidade e coerência do Mix de Marketing. Até a Revolução do Cliente, num mundo onde reinavam os pacientes, isso era praticamente irrelevante. A partir de 1980 ter Foco no Cliente passou a ter importância crescente. Podemos prever que num futuro próximo, consultórios e clínicas que não estiverem totalmente focadas no cliente não sobreviverão no mercado. Para que você tenha sucesso em mercados altamente competitivos tem que ir além da competência clínica. Com conhecimentos clínicos você está habilitado a entrar em campo. Se quer vencer o jogo tem que entender também de Gestão e de Mercado, as ciências que permitem a você ter o foco certo nos clientes certos. Somente assim você terá melhor resultado financeiro, melhor qualidade de vida e mais prestígio social através da sua atividade profissional.

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Instruções aos autores A Revista ABO Nacional é uma publicação bimestral da Associação Brasileira de Odontologia, dirigida à classe odontológica e aberta à publicação de artigos inéditos nas categorias de pesquisa científica e relatos de caso(s) clínico(s). Artigos de revisão da literatura, bem como matérias/reportagens de opinião, só serão aceitos em caráter especial, mediante convite do Conselho Editorial Científico. Os artigos devem ser enviados à sede administrativa da Revista ABO Nacional (Rua Dois Irmãos, 165, Recife/PE, CEP 52071-440) impressos em uma cópia, rubricadas suas páginas pelo autor principal, e em CD (mídia digital) com os arquivos de texto e imagens gravados em Word for Windows e JPEG, respectivamente.

APRESENTAÇÃO DOS ARTIGOS Os artigos devem ser inéditos, não sendo permitida a sua apresentação simultânea em outro periódico. Reservam-se os direitos autorais do artigo publicado, inclusive de tradução, permitindo-se, entretanto, a sua reprodução como transcrição e com a devida citação da fonte (Declaração de Transferência de Direitos Autorais). Todos os artigos são analisados pelo Conselho Editorial Científico, que avalia o mérito do trabalho. Aprovados nesta fase, os artigos são encaminhados ao Conselho Consultivo (revisão por pares), que, quando necessário, indica as retificações que devem ser feitas antes da edição. Quando houver mais de cinco autores, justificar a efetiva contribuição de cada um deles. Os artigos devem atender à política editorial da Revista e às instruções aos autores, baseadas no Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals (estilo Vancouver), elaborado pelo International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE).

O idioma do texto pode ser o português (neste caso, com título, keywords e abstratc em inglês); ou inglês, desde que tenham título, palavras-chave e resumo traduzidos para o português, pelo autor. Exige-se declaração assinada pelo autor e coautore(s), responsabilizando se pelo trabalho, constando nome, endereço, telefone e e-mail do autor que ficará responsável pela correspondência (Declaração de Responsabilidade), em duas vias (original e cópia). Recomenda-se que os autores retenham cópia em seu poder. Os artigos devem ser digitados (fonte Times New Roman, corpo 12) e impressos em folha de papel tamanho A4, com espaço duplo e margens laterais de 3 cm, e ter até 15 laudas com 30 linhas cada (incluindo ilustrações). As ilustrações (fotografias, tabelas, quadros, gráficos e desenhos), limitadas até o número máximo de 10 e citadas no texto do trabalho; devem ser apresentadas em folhas separadas e numeradas, em algarismos arábicos. Cada tipo de ilustração deve ter a numeração própria sequencial de cada grupo. As legendas das fotografias, desenhos e gráficos devem ser claras, concisas e localizadas abaixo das ilustrações, precedidas de numeração correspondente. As fotografias/imagens devem ser enviadas impressas (dimensão 12 x 9 cm, em papel fotográfico brilhante e contraste correto) e digitalizadas (arquivos JPEG - 300 DPIs - gravados em CD). As tabelas devem ser numeradas, consecutivamente, em algarismos arábicos. As legendas das tabelas e quadros devem ser colocadas na parte superior das mesmas. Não traçar linhas internas horizontais ou verticais. As notas explicativas devem vir no rodapé da tabela. Para unidades de medida, usar somente as unidades legais do Sistema Internacional de Unidades (SI). Quanto às abreviaturas e símbolos, utilizar somente abreviaturas padrão. O termo completo deve preceder a abreviatura quando ela for empregada pela primeira vez, salvo no caso de

unidades comuns de medida. As notas de rodapé são indicadas por asteriscos e restritas ao indispensável.

Ética Estudos que envolvam seres humanos ou animais, ou suas partes, bem como prontuários e resultados de exames clínicos, devem estar de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e seus complementos. É necessário o envio do documento comprobatório desta legalidade aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unidade, o qual deve ser citado no texto do item Material e Métodos ou Relato de Caso, conforme a categoria do trabalho, fazendo constar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) do paciente.

Preparo do trabalho 1.Página de identificação: Deve conter o título do artigo e subtítulo em português e inglês (conciso, porém informativo); nome do(s) autor(es) e coautor(es), indicando em nota de rodapé a titulação máxima e uma única filiação por autor, sem abreviaturas. Ex.: Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco ou Doutor em Odontopediatria pela Universidade de São Paulo. Incluir o endereço eletrônico de cada um. Abaixo do título deve ser indicada a categoria do trabalho, e, no caso de ser baseado em Trabalhos de Conclusão de Curso/ Monografias / Dissertação ou Tese, informar e colocar o nome da instituição e o ano da defesa. Resumo/Abstract : Deve apresentar-se em um texto de 250 palavras, contendo o objetivo, o método, os resultados e as conclusões do trabalho. Utilizar o verbo na terceira pessoa do singular e na voz ativa. Não deve incluir citações bibliográficas. Os resumos dos artigos originais devem conter informação estruturada constituída de: Introdução – Material e Métodos – Resultados –


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Conclusões. Para outras categorias, o formato do resumo deve ser o narrativo. Abstract em inglês para os trabalhos em português, ou em português ou espanhol caso o texto principal seja apresentado em inglês. Palavras-chave/Keywords: identificam o conteúdo dos artigos. Consultar os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS/Bireme), disponíveis em www. bireme.br/decs, e Medical Subject Headings do Index Medicus.

Estrutura do texto A – Trabalho de Pesquisa Científica INTRODUÇÃO – Deve ser concisa, explanar os pontos essenciais do assunto e o objetivo do estudo baseado em referências fundamentais. MATERIAL E MÉTODOS – Descreve a seleção dos indivíduos que intervieram na pesquisa, incluindo os controles e os métodos relacionados às etapas da pesquisa. Os métodos e os equipamentos (apresentar nome, cidade e país do fabricante entre parênteses), bem como os fármacos, incluindo os nomes genéricos e produtos químicos, devem ser identificados no texto. RESULTADOS – Apresentar os resultados, sempre que possível, subdivididos em itens e apoiados em gráficos, tabelas, quadros e figuras. DISCUSSÃO – Enfatizar os aspectos novos e importantes do estudo e não repetir em detalhes o que já foi citado em Introdução e Resultados. CONCLUSÃO(ÕES) – Vincular as conclusões aos objetivos do estudo e respaldadas pelos dados. Quando for conveniente, incluir recomendações. AGRADECIMENTOS – Quando necessários, devem ser mencionados os nomes dos participantes, instituições e/ ou agências de fomento (com número do processo) que contribuíram para o trabalho. REFERÊNCIAS B – Trabalho de relato de caso(s) clínico(s):

INTRODUÇÃO RELATO DE CASO DISCUSSÃO CONCLUSÃO(ÕES) AGRADECIMENTOS REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS No máximo em número de 30. Devem ser numeradas de acordo com a ordem em que foram mencionadas pela primeira vez no texto, de acordo com o estilo Vancouver, conforme orientações fornecidas pelo International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE). Disponível em: www/nlm.nih.gov/bsd/ uniform_requi rements.html Publicações com até seis autores, citam-se todos; além de seis, acrescentar em seguida à expressão et al. Os títulos dos periódicos devem ser abreviados de acordo com o List of Journals Indexed in Index Medicus (http://www.nlm.nih.gov/) Exemplos: Artigo de periódico Brinhole MCP, Teixeira R, Tosta M, Giovanni EM, Costa C, Melo JAJM, et al. Intubação submental: evitando a traqueostomia em cirurgia bucomaxilofacial. Rev Inst Ciênc Saúde. 2005 abr-jun; 23(2):169-72. Artigo de periódico em formato eletrônico Abood S. Quality improvement initiative in nursing homes: the ANA acts in an advisory role. Am J Nurs [serial on the Internet]. 2002 Jun [cited 2002 Aug 12];102(6):[about 3 p.]. Available from: www.nursingworld. org/AJN/2002/ june/Wawatch.htm Livro Newman MG. Carranza periodontia clínica. 9ª ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan; 2004. Dissertação e Tese Ferreira TLD. Ultra-sonografia – recurso imaginológico aplicado à Odontologia [dissertação de mestrado] São Paulo: Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo; 2005. Citações no texto No texto, identificar os autores em algarismos arábicos sobrescritos,

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correspondente às referências. Ex: A prótese adesiva foi introduzida há poucas décadas3. Citar os nomes dos autores no texto com seus respectivos números sobrescritos e data entre parênteses só quando for necessário enfatizá-los. Quando houver dois autores, mencionar ambos ligados pela conjunção “e”; se forem mais de três, cita-se o primeiro autor seguido da expressão et al. Ex: Loe et al.2 (1965) comprovaram que o acúmulo de placa bacteriana está relacionado com o desenvolvimento da gengivite. Citação de citação (apud) e comunicação pessoal devem ser citadas no texto e indicadas em notas de rodapé, com asterisco, sem fazer parte da lista de referências.

CHECK LIST PARA ENVIO 1. Manuscrito (01 original impresso rubricado em suas páginas pelo autor principal e 01 CD com arquivos do manuscrito gravados) 2. Documento comprobatório da legalidade ética do trabalho aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unidade, conforme resolução 196/96 e suas complementares do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (casos clínicos) 3. Formatação e apresentação do texto de acordo com as Instruções aos Autores 4. Referências segundo estilo Vancouver 5. Declaração de transferência de direitos autorais (ver em www.abo. org. br) 6. Declaração de responsabilidade (ver em www.abo.org.br)

Fale conosco Dúvidas ou sugestões: Telefax (+55 81) 3269.5576 / 3441.0678 E-mail: revista.abo@bol.com.br


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Pesquisa científica

Prevalência das desordens temporomandibulares em pacientes assistidos nas diferentes clínicas do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa Prevalence of temporomandibular disorders in patients treated in different clinics of the Department of Dentistry of the Ponta Grossa State University Thomas Edison MarquesI Vanessa Migliorini UrbanII Fernando FernandesIII Janaina Habib JorgeIV

RESUMO Objetivo - O objetivo desse estudo foi determinar a prevalência das Desordens Temporomandibulares (DTM) em pacientes atendidos nas diferentes clínicas do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR). Material e Método - Os pacientes selecionados assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Foram examinados 107 pacientes com idade entre 18 e 56 anos, os quais foram avaliados de acordo com o Critério de Diagnóstico das Desordens Temporomandibulares (RDC/TMD). Os resultados foram avaliados por meio do teste qui-quadrado (χ2) ao nível de significância de 99%. Resultados - Os resultados mostraram que 52,3% dos pacientes apresentaram algum tipo de DTM, sendo que 68,2% eram do gênero feminino (p=0,0013). Das DTMs observadas, 78% eram desordens articulares e 22% eram desordens musculares, tendo sido 74,4% isoladas e 25,6% associadas (p=0,0000). Independente do gênero, a DTM articular mais prevalente (n=74) foi o deslocamento do disco com redução (p=0,0000) e a DTM muscular (n=24) mais prevalente foi a dor miofascial (p=0,0001). Conclusão - A partir da análise dos dados, concluiu-se que cerca da metade dos pacientes avaliados apresentou algum tipo de DTM e que a grande maioria foi do gênero feminino. Além disso, observou-se que a DTM articular foi mais prevalente que a muscular. Palavras-chave: Síndrome da Disfunção da Articulação Temporomandibular/epidemiologia. Articulação Temporomandibular. Escolas de Odontologia. ABSTRACT Objectives - The aim of this study was to determine the prevalence of Temporomandibular Disorders (TMD) in patients from different clinics of the Department of Dentistry of the Ponta Grossa State University. Material and Method -The selected patients received informed consent term authorizing the research, witch was approved by the Ethics and Research Committee of the Ponta Grossa State University. 107 patients, with ages between 18 and 56 years were examined according to Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD). The chi-squared test (x²) was applied to significance level of 99%. Results - The results showed that 52,3% of patients presented some category of TMD, even though 68,2% were women (p=0,0013). It was observed a percentage of 78% of articular disorders and 22% of muscular disorders, being 74,4% isolated and 25,6% associated (p=0,0000). Regardless of gender, the most prevalent articular TMD (n=74) was the disc displacement with reduction (p=0,0000) and the most prevalent muscular TMD (n=24) was the myofascial pain (p=0,0001). Conclusion - From the results, was concluded that thereabout half of the evaluated patients presented some kind of TMD and most of them were of female gender. Furthermore, observed that the articular TMD was more prevalent than the muscular one. Keywords: Temporomandibular Joint Dysfunction Syndrome/epidemiology. Temporomandibular joint. Schools, Dental.

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Graduando. Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). II Professora Colaboradora. Departamento de Odontologia (UEPG). III Professor Assistente. Departamento de Odontologia (UEPG). IV Professora Adjunta. Departamento de Odontologia (UEPG).

INTRODUÇÃO

A Desordem Temporomandibular (DTM) é definida como um conjunto de distúrbios que envolvem os músculos mastigatórios, a articulação temporoman-

dibular (ATM) e estruturas associadas1-3. Sua etiologia é multifatorial e dinâmica, envolvendo fatores oclusais, anatômicos, emocionais e comportamentais2. Dentre os diversos fatores que podem estar rela-

Marques, Thomas Edison et al. Prevalência das desordens temporomandibulares em pacientes assistidos nas diferentes clínicas do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa


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cionados com a etiologia das Desordens Temporomandibulares temos os hábitos parafuncionais e posturais, ausência de contenção posterior, interferências oclusais, mastigação unilateral, deficiência nutricional, fatores psicológicos como o estresse e a tensão emocional, fatores sistêmicos, dentre outros4-7. A Dor Orofacial e as DTMs são problemas que acometem grande parte da população, a qual normalmente não recebe informações sobre o que é a desordem e como tratá-la8. Alguns estudos têm sido conduzidos em diversos países com o intuito de se verificar a prevalência dessas doenças na população em geral. O guia da Academia Americana de Dor Orofacial estima que 40 a 75% da população apresenta algum sinal de DTM e que 33% apresenta algum sintoma9, sendo o mais frequente a dor, principalmente localizada nos músculos da mastigação e na região pré-auricular10. Em uma população do México, Casanova-Rosado et al.11 (2006) observaram uma prevalência relativamente alta (46,1%) das DTMs. Ao estudarem a prevalência de sintomas em grupos de estudantes do Líbano e da Itália, Abou-Atme et al.12 (2006) observaram uma variação entre 10,1 e 29,2%, atribuindo-se tal resultado a diferenças na cultura e educação. Na Turquia, a prevalência de alguns sintomas associados a DTMs foi avaliada e os resultados indicaram que 31% da população estudada apresentaram sintoma de dor muscular, 8,4% relataram dificuldade na abertura bucal, 27,3% da população apresentaram estalido e 23% relataram apresentar apertamento dental13. No Brasil, uma pesquisa conduzida por Oliveira et al.14 (2006) demonstrou que apenas 31,39% da população estudada não apresentaram sinal ou sintoma de DTM. O restante da amostra (68,61%) apresentou diferentes graus de desordens, tendo sido observado que 50,38% da população apresentaram DTM leve, 13,94% DTM, moderada e 4,30%, DTM severa. Assim, de acordo com a literatura, a prevalência dessas doenças pode variar entre 10,1% e 75%, dependendo da população estudada (diferentes

raças, culturas e condições socioeconômicas) e, principalmente, do critério de diagnóstico utilizado15. O Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa recebe um grande número de pacientes com sintomas de DTM, porém, nenhum estudo sobre prevalência dessas desordens foi realizado até o momento. Uma vez que o diagnóstico adequado é de fundamental importância para o sucesso do tratamento, o objetivo desse estudo clínico foi determinar a prevalência das DTMs em pacientes assistidos nas diferentes clínicas do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa com o intuito de melhorar o atendimento clínico desses pacientes, bem como encaminhá-los para o adequado tratamento. MATERIAL E MÉTODO

Para a realização desse estudo, os pacientes atendidos nas clínicas do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa foram selecionados de acordo com alguns critérios de inclusão e exclusão. Foram examinados apenas os pacientes com idade entre 18 e 56 anos e foram excluídos do estudo os pacientes submetidos a tratamento ortodôntico e aqueles com algum tipo de doença sistêmica grave. De acordo com tais critérios, foram examinados 107 pacientes. Inicialmente, os pacientes selecionados assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, autorizando a pesquisa que foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Protocolo: 05255/08). O Critério de Diagnóstico em Pesquisa das Desordens Temporomandibulares (RDC/TMD - Eixo I)16 foi aplicado neste estudo, por um único examinador, para a avaliação da prevalência das DTMs. Este Critério de Diagnóstico foi idealizado para o uso em pesquisas, permitindo a padronização na coleta de dados e, assim, a comparação entre os resultados de diferentes pesquisadores. Após o exame, os pacientes que apresentaram algum tipo de DTM foram encaminhados à Clínica de

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Desordens Temporomandibulares e Dor Orofacial do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa, para possível tratamento. Para análise dos dados, o teste qui-quadrado (χ2) foi aplicado para evidenciar diferenças entre determinados grupos, com nível de significância de 99%. RESULTADOS

Os resultados deste estudo mostraram que, dos 107 pacientes examinados, 73 (68,2%) eram do gênero feminino e 34 (31,8%), do gênero masculino (P = 0,0002). Dessa amostra, 52,3% dos pacientes apresentaram algum tipo de DTM (n=56), sendo que 71,4% eram do gênero feminino (P = 0,0013). Foi encontrada uma porcentagem de 78% (n=139) de desordens articulares e 22% (n=39) de desordens musculares (P = 0,0000), tendo sido 74,4% isoladas e 25,6% associadas (P = 0,0000). A DTM articular mais prevalente, independente do gênero, foi o deslocamento do disco com redução (n=74), seguida da inflamação articular (n=55). Foram também verificados 10 casos de deslocamento do disco sem redução (P = 0,0000). A DTM muscular mais prevalente, independente do gênero, foi a dor miofascial (n=24) seguida da dor miofascial com abertura bucal limitada (n=15) (P = 0,0001). Nas mulheres, 78,5% (n=106) das DTMs diagnosticadas foram articulares e 21,5% (n=29) foram musculares (P = 0,0000), tendo sido o deslocamento do disco com redução (52,8%) e a dor miofascial (68,9%) as mais prevalentes (P = 0,0000). Nos homens, esse número foi de 76,7% (n=33) para as articulares e 23,3% (n=10) para as musculares (P = 0,0005), com 18 casos de deslocamento do disco com redução (P = 0,0000) e 4 casos de dor miofascial (P > 0,05). DISCUSSÃO

A prevalência das DTMs na população geral pode variar de acordo com os critérios de diagnóstico utilizados nos diferentes estudos. Alguns utilizam so-

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mente questionários, avaliando exclusivamente sintomas subjetivos. Outros realizam algum tipo de exame físico, podendo ou não ser validados17. Segundo Heloe e Heloe18 (1978) além da metodologia para a coleta de dados, as diferenças encontradas nos resultados das diversas pesquisas sobre DTM podem ter sido influenciadas também pelas diferenças demográficas e de gênero e idade nas amostras. Além disso, os dados podem ser coletados em diferentes raças, culturas e classes sociais, dificultando a comparação entre os estudos19. Neste aspecto, a literatura revista demonstrou não haver um consenso entre os pesquisadores quanto à prevalência das DTMs em diferentes grupos de indivíduos. A amostra estudada no presente estudo foi escolhida de forma aleatória, respeitando alguns critérios de inclusão e exclusão convenientes para que a pesquisa fosse realizada. De um modo geral, acreditamos que as características desses pacientes são semelhantes às da grande maioria da população brasileira que frequenta as clínicas de entidades de ensino, salientando o baixo nível socioeconômico e cultural. A maioria dos estudos mostra que a prevalência das DTMs em amostras aleatórias é alta, com relatos de que 80% dos indivíduos apresentaram algum sinal e cerca de 30% , algum sintoma20. Em um levantamento epidemiológico populacional da prevalência de DTM realizado em 2003 observou-se que, entre os 1230 indivíduos pertencentes à amostra representativa de uma cidade, 53% apresentavam sintomas de algum tipo de DTM21. A partir da análise dos resultados obtidos no presente estudo clínico, observamos que 52,3% dos pacientes selecionados apresentaram algum tipo de DTM, valor muito próximo do levantamento epidemiológico realizado em 2003. Quanto ao gênero, verificou-se maior prevalência de sinais e sintomas de desordens temporomandibulares entre as mulheres (68,2%), estando de acordo com os resultados encontrados em vários trabalhos encontrados na literatura9,11,13,14,22-24. Algumas teorias tentam explicar a maior prevalên-

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cia das DTMs em mulheres do que em homens. As explicações envolvem fatores psicossociais, psicológicos, comportamentais, hormonais e estruturais entre os gêneros20. Com clara diferença anatômica e genética entre homens e mulheres, acredita-se que os gêneros diferem em sua predisposição para a resposta à dor. Essa crença tem sido perpetuada pelo fato de que as mulheres procuram mais frequentemente algum tipo de tratamento do que os homens. Entretanto, os mecanismos que estão envolvidos nessa diferença permanecem obscuros25,26. Em relação ao tipo de desordem, os resultados do presente estudo estão de acordo com Franco26 (2004), que relatou que as DTMs articulares mais comuns são os desarranjos internos das articulações (variação na posição disco-côndilo) e as condições inflamatórias e que a condição mais comum de DTM muscular é a dor miofascial. Esta síndrome é descrita como sendo uma disfunção neuromuscular regional caracterizada pela presença de ponto doloroso ou ponto de gatilho que produz dor referida em áreas distantes ou adjacentes27. Pode ocorrer em qualquer idade, embora haja um pico de incidência entre os 30 a 60 anos. Estudos recentes também apontam para maior frequência no sexo feminino27,28. Apesar de sua alta prevalência o diagnóstico da dor miofascial é muitas vezes negligenciado e, consequentemente, o clínico torna-se incapaz de instituir a correta terapia. De acordo com Schiffman et al.29 (1995), vários tipos de DTMs podem ser facilmente diagnosticados em um mesmo paciente. Neste contexto, observamos neste estudo que 74,4% das DTMs foram isoladamente diagnosticadas e 25,6% estavam associadas, estando de acordo com os resultados de outros estudos13,30. Sugere-se que o envolvimento de várias DTMs em um mesmo indivíduo pode ser decorrente da cronificação da dor, que ocasiona a sensibilização dolorosa secundária, a qual é responsável pela hiperalgesia secundária e pela alodínea26. De acordo com Fricton31 (1999), atividades nociceptivas centrais ou periféricas pro-

longadas podem resultar em alterações neuroplásticas, tais como as respostas prolongadas a impulsos aferentes, aumento da amplitude do campo receptivo e atividades espontâneas de dor em neurônios superficiais ou profundos. Esta condição dolorosa do músculo pode reforçar hábitos posturais inadequados que previnam a atividade muscular funcional, aumentando sua tensão e consequentemente provocando mais dor. Além disso, quando uma DTM não é tratada, pode ocasionar o aparecimento de outras, perpetuando o ciclo de dor e disfunção. Os estudos epidemiológicos sobre DTM são importantes porque o clínico pode, frequentemente, antecipar o diagnóstico de uma desordem em uma determinada população32. Porém, é importante ressaltar que os estudos de prevalência não podem ser diretamente correlacionados com a necessidade de tratamento. Uma limitação do presente estudo talvez tenha sido a não determinação dos fatores etiológicos responsáveis pela alta prevalência das DTMs na população estudada. Conhecendo os fatores mais prevalentes, seria possível dar maior dinamismo ao tratamento desses pacientes. Todavia, os pacientes diagnosticados com algum tipo de DTM foram encaminhados à Clínica de Desordens Temporomandibulares e Dor Orofacial do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa, para determinação dos fatores etiológicos e tratamento. CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que: 1. Cerca de metade dos pacientes avaliados apresentou algum tipo de DTM; 2. Houve maior prevalência de DTMs nas mulheres; 3. Dentre as DTMs diagnosticadas, independente do gênero, as articulares foram as mais prevalentes; 4. Independente do gênero, a DTM articular mais prevalente foi o deslocamento do disco com redução e a DTM muscular mais prevalente foi a dor miofascial.

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Data de recebimento: 07/01/2011 Data de aceite para publicação: 16/02/2011 Endereço para correspondência: Janaina Habib Jorge E-mail: janainahj@bol.com.br

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Pesquisa científica

Efeito do ciclo de polimerização sobre a dureza de resinas acrílicas para base de prótese polimerizadas convencionalmente ou em micro-ondas Effect of polymerization cycle on hardness of denture base acrylic resins polymerized by conventional water bath or microwave irradiation Bruno Rosolen MorenoI William Silveira FurlanI Karin Hermana NeppelenbroekII Nara Hellen CampanhaIII Janaina Habib JorgeIV Vanessa Migliorini UrbanV

RESUMO Introdução - O tempo de polimerização reduz-se significativamente com a utilização do micro-ondas e esse método pode polimerizar com eficiência as resinas acrílicas para base de prótese. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de ciclos de polimerização, em banho de água aquecida (B) e em micro-ondas (M), sobre a dureza de resinas acrílicas formuladas para serem processadas convencionalmente (Vipi Cril®-VC) ou por micro-ondas (Vipi Wave®-VW). Material e Métodos - Corpos de prova (n=8) foram confeccionados nas dimensões de 64x10x3,3 mm e armazenados em água destilada em estufa a 37ºC por 48h. Amostras de cada material termopolimerizável convencional (VC) ou para micro-ondas (VW) foram divididas aleatoriamente em dois grupos: ciclos de polimerização recomendados pelo fabricante em banho de água aquecida (VCB e VWB) ou em micro-ondas (VCM e VWM). As mensurações de dureza (VHN) foram realizadas utilizando-se um microdurômetro Vickers com carga de 50g durante 10s. Os resultados foram submetidos à ANOVA 2 fatores seguida pelo teste de Tukey (α=0,05). Resultados - Independentemente do ciclo utilizado, não houve diferença estatisticamente significante entre os materiais avaliados (P=0,38). Foram observados valores de dureza maiores (P=0,00003) quando os ciclos de polimerização das resinas acrílicas foram invertidos (VCM=48,2>VCB=32,9; VWB=50,5>VWM=24,1). Conclusões - As resinas acrílicas apresentaram valores de dureza sem diferença significativa quando polimerizadas de acordo com as instruções do fabricante. A polimerização da resina Vipi Cril em micro-ondas e da resina Vipi Wave em banho de água resultou em valores de dureza superiores. Palavras-chave: Resinas acrílicas. Testes de dureza. Materiais dentários. Polimetil metacrilato. Microondas.

I

Graduandos em Odontologia. Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). II Professor Doutor. Departamento de Prótese da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP). III Professor Adjunto B. Departamento de Odontologia (UEPG). IV Professor Adjunto A. Departamento de Odontologia (UEPG). V Professor Colaborador. Departamento de Odontologia (UEPG).

ABSTRACT Introduction - The processing time is significantly reduced with using microwave and this method can efficiently polymerize denture base acrylic resins. The aim of this study was to evaluate the effect of water-bath (W) and microwave (M) polymerization cycles on hardness of water-bath (Vipi Cril®-VC) or microwave-polymerized acrylic resin (Vipi Wave®-VW). Material and Methods Specimens (n=8) of the heat-polymerized denture base acrylic resins were made (64x10x3.3 mm) and stored in distilled water at 37ºC during 48h. After that, specimens of water-bath polymerized (VC) or microwave processed (VW) materials were randomly divided into two groups according to the polymerization cycles recommended by the manufacturer: water-bath (VCW and VWW) or microwave irradiation (VCM and VWM). Hardness measurements (VHN) were made with a hardness tester operated under a 50-g load and a 10-second dwell time. Results were analyzed with 2-way ANOVA and Tukey’s test (α=0.05). Results - Regardless of polymerization cycle, no significant difference was observed between the evaluated materials (P=0.38). The highest hardness values (P=0.00003) were obtained when the polymerization cycles were inverted (VCM=48.2>VCB=32.9; VWB=50.5>VWM=24.1). Conclusions - Vipi Cril and Vipi Wave acrylic resins showed hardness values without significant difference after being polymerized according to the manufacturer’s instructions. Higher hardness values were obtained in Vipi Cril microwavepolymerized and in Vipi Wave water-bath polymerized specimens. Keywords: Acrylic resins. Hardness tests. Dental materials. Polymethyl methacrylate. Microwaves.

INTRODUÇÃO

Durante muitas décadas, as resinas acrílicas utilizadas para confecção das

próteses totais têm sido ativadas termicamente e processadas em banho de água com temperatura controlada durante pe-

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ríodos específicos de imersão. Segundo Anusavice1 (2005), o processo de formação dos polímeros e crescimento das cadeias prossegue com o aumento do calor e, à medida que ocorre diminuição da temperatura de polimerização, a formação de polímeros também diminui e certa quantidade de monômero residual permanece na resina polimerizada2. Estudos têm demonstrado que a presença desse monômero pode influenciar negativamente as propriedades físicas3 e mecânicas4 dos materiais e seu conteúdo residual depende de vários fatores como tempo, temperatura4,5 e método de polimerização utilizados6. Durante a polimerização em micro-ondas, as moléculas de monômero, uma vez irradiadas, movem-se orientadas por um campo eletromagnético de alta frequência (2.450 MHz)7. Nessa movimentação, as moléculas alteram suas direções milhões de vezes por segundo. Consequentemente, numerosas colisões intermoleculares são provocadas, causando um rápido aquecimento interno no qual a energia é imediatamente absorvida pela resina e espalhada de modo uniforme, eliminando o tempo necessário para transferir o calor do banho de água até a resina no interior da mufla. No método convencional de polimerização, o aquecimento da resina é lento, pois ocorre passivamente uma vez que o calor é gerado externamente e as moléculas de monômero se chocam em consequência desse aquecimento7. Kimura et al.8 (1983) utilizaram diversas combinações tempo/potência no forno de micro-ondas e observaram que era possível polimerizar o material em tempos reduzidos, obtendo precisão e adaptação da base da prótese, principalmente na área de selado palatino posterior. Outros estudos9-13 demonstraram que resinas polimerizadas em forno de micro-ondas apresentaram valores de resistência à flexão semelhantes aos das resinas polimerizadas convencionalmente. Portanto, esse método alternativo de polimerização apresenta vantagens como redução no tempo de execução7,10, facilidade e limpeza durante o processamento da resina acrílica14. Kimura et al.8 (1983) ainda relataram como

vantagens desse método uma mínima alteração de cor na resina de base e menor risco de fratura dos dentes artificiais durante a demuflagem. Tem sido relatada a importância da seleção adequada do ciclo de polimerização em micro-ondas, visando impedir um superaquecimento do monômero que poderia acarretar degradação15, porosidade no material e consequente prejuízo às propriedades físicas e mecânicas da prótese7. O objetivo deste estudo foi avaliar a dureza de resinas acrílicas termopolimerizáveis formuladas para serem polimerizadas convencionalmente (Vipi Cril®) ou por energia de micro-ondas (Vipi Wave®) quando submetidas tanto ao ciclo de polimerização convencional como ao ciclo de polimerização em micro-ondas recomendados pelo fabricante. As hipóteses nulas investigadas neste estudo foram: 1. não haverá diferença entre os materiais com relação aos resultados de dureza; 2. os ciclos de polimerização recomendados e experimentais não resultarão em valores diferentes de dureza para ambos os materiais. MATERIAL E MÉTODO As resinas acrílicas termopolimerizáveis para base de prótese selecionadas para este estudo (Vipi Cril® e Vipi Wave®, Vipi Ltda., Pirassununga, SP) estão apresentadas na Tabela 1. Corpos de prova (n=8)12 foram confeccionados nas dimensões de 64 x 10 x 3,3 mm16. Para isso, matrizes metálicas maciças nessas dimensões foram moldadas utilizando silicone laboratorial. O conjunto molde/matriz foi incluído ou em mufla metálica convencional ou em mufla própria para polimerização em micro-ondas utilizando gesso pedra tipo III. A mufla foi fechada e permaneceu durante o tempo de presa do gesso sob carga de 0,5 t em prensa hidráulica. Após esse período, a mufla foi aberta e a matriz, removida. As resinas acrílicas foram proporcionadas e manipuladas de acordo com as instruções do fabricante (Tabela 1) e foram inseridas no molde em silicone. A mufla foi fechada e mantida sob carga de 1,25 t em prensa

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hidráulica durante os tempos recomendados pelo fabricante (Tabela 1). Após esse período, os corpos de prova foram submetidos aos ciclos de polimerização em banho de água aquecida ou em forno de micro-ondas apresentados na Tabela 2. A seguir, os corpos de prova foram removidos dos moldes de silicone e submetidos a um polimento metalográfico, utilizando-se lixas d’água de granulação 400 e 800 FEPA. Os corpos de prova foram armazenados em água destilada em estufa a 37ºC durante 48 h17 e, posteriormente, submetidos ao teste de microdureza Vickers. Foi aplicada carga de 50 g durante 10 s. Foram realizadas três penetrações em cada corpo de prova e o valor médio representativo foi obtido (VHN)18. Os resultados foram submetidos à análise estatística utilizando-se a análise de variância (ANOVA 2 fatores) seguida pelo teste de Tukey a 95% de confiança (α=0,05). RESULTADO A Tabela 3 apresenta os resultados de dureza das resinas acrílicas termopolimerizável convencional e formulada para micro-ondas após terem sido submetidas tanto ao ciclo convencional em banho de água aquecida como ao ciclo em micro-ondas recomendados pelo fabricante. Não houve diferença estatisticamente significante entre os materiais avaliados (P=0,38), independentemente do ciclo de polimerização utilizado (recomendados pelo fabricante ou experimentais). A utilização dos ciclos experimentais resultou no aumento dos valores de dureza (P=0,00003), tanto para as amostras de resina acrílica Vipi Cril polimerizadas em forno de micro-ondas como para as amostras de resina acrílica Vipi Wave polimerizadas em banho de água aquecida. DISCUSSÃO

A primeira hipótese nula testada neste estudo, de que “não haveria diferença entre os materiais com relação aos resultados de dureza”, não foi rejeitada, uma vez que, independentemente do ciclo de polimerização avaliado recomendado

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Tabela 1 - Resinas acrílicas termopolimerizáveis para base de prótese Material

Classificação Pó

Composição (lote) líquido

Proporção pó/líquido

Manipulação

Fabricante

1. Espatulação até homogeneização; 2. Aguardar a fase plástica (15 min); 3. Prensagem de prova (1 t); 4. Prensagem definitiva (1,25 t por 2 h) 1. Espatulação até homogeneização; 2. Aguardar a fase plástica; 3. Prensagem de prova (1 t); 4. Prensagem definitiva (1,25 t por 15 min)

Vipi Ltda., Pirassununga, SP

Vipi Cril®

Convencional

PMMA, peróxido de benzoíla, pigmentos (98895)

MMA, EGDMA, inibidor (91534)

2,15 g/1 mL

Vipi Wave®

Micro-ondas

PMMA, peróxido de benzoíla, pigmentos (98298)

MMA, EGDMA, inibidor (01619)

2,15 g/1 mL

pelo fabricante ou experimental, as resinas acrílicas Vipi Cril e Vipi Wave apresentaram valores de dureza sem diferença estatisticamente significante. Entretanto, a segunda hipótese nula, de que “os ciclos de polimerização recomendados e experimentais não resultariam em valores diferentes de dureza para ambos os materiais”, foi rejeitada, visto que a utilização dos ciclos experimentais resultou em valores de dureza superiores aos observados quando as resinas foram polimerizadas utilizando os ciclos recomendados pelo fabricante. É importante ressaltar que todas as amostras analisadas neste estudo polimerizaram adequadamente em ambos os ciclos de polimerização utilizados. Foi observado neste estudo um grande coeficiente de variação entre as mensurações de dureza de um mesmo corpo de prova. Esses resultados refletem a variabilidade da reação de polimerização com uma distribuição irregular do conteúdo de monômero residual19. Essa diferença também pode ser relacionada à limitação do teste de dureza associada com a precisão das indentações logo após o indentador ser removido20. Essas medidas podem ser influenciadas pela recuperação elástica do material. A dureza tem sido utilizada como método de avaliação de fatores que influenciam o grau de conversão de resinas e para caracterização da qualidade mecânica de materiais poliméricos5,21,22. Espe-

cificamente, foi observada uma correlação inversa entre a propriedade de dureza e o grau de conversão de resinas à base de metacrilatos23. É importante salientar que, de acordo com a metodologia empregada para análise de grau de conversão, a extrapolação desta correlação poderá ser feita exclusivamente para comparar efeitos diferentes de tratamentos em um mesmo material. Apesar de utilizar um protocolo de metodologia diferente desta análise anterior, a mensuração do nível de monômero residual, utilizando cromatografia líquida de alta eficiência, também é utilizada para verificar a qualidade de polimerização de uma amostra. *Um estudo demonstrou que a resina acrílica Vipi Wave apresentou conteúdo de monômero residual metil metacrilato superior ao apresentado pela resina Vipi Cril quando polimerizadas utilizando os ciclos recomendados pelo fabricante. Assim, pode ser verificado que, apesar do conteúdo de monômero residual ter sido diferente, os valores de dureza desses materiais não demonstraram significância estatística. Esses valores de dureza poderiam estar associados à composição semelhante dos materiais avaliados (Tabela 1). Do mesmo modo, Truong e Thomasz24 (1988) também não encontraram diferença na composição entre resinas acrílicas termopolimerizáveis convencional ou para micro-ondas. Bonatti et al.25 (2009) não observaram diferença entre uma resina

Vipi Ltda., Pirassununga, SP

termopolimerizável convencional e outra para micro-ondas com relação à estabilidade de cor após envelhecimento acelerado e imersão em alimentos líquidos corantes. Os autores relacionaram esses resultados ao fato dos materiais serem obtidos do mesmo fabricante, apresentando, portanto, composições mais semelhantes. Lai et al.26 (2004) obtiveram resultados de dureza muito próximos entre amostras polimerizadas em banho de água e em micro-ondas. Apesar disso, Bafile et al.27 (2004) especularam que, para permitir o processamento da resina acrílica em temperaturas mais elevadas (entre 100º e 150ºC) em forno de micro-ondas sem risco de porosidades, as resinas formuladas para essa finalidade poderiam conter trietileno ou tetraetileno glicol dimetacrilato em sua composição. Esses dimetacrilatos apresentam baixa pressão de vapor, diferentemente do polimetil metacrilato que apresenta uma alta pressão de vapor27. Entretanto, estudos adicionais são necessários para comparar a composição química destes materiais, possibilitando obter conclusões mais apropriadas com relação à polimerização obtida em micro-ondas. Apesar das resinas acrílicas apresentarem composição química semelhante e proporções pó/líquido idênticas (Tabela 1), a quantidade de iniciador peróxido de benzoíla contida no pó desses materiais e a relação existente entre o monômero metil metacrilato e o agente de ligação cruza-

* Urban VM. Relatório técnico de análise de monômero residual de resinas acrílicas da marca VIPI® (Vipi Flash, Orto Cril, Vipi Wave e Vipi Cril polimerizada sob pressão ou em banho de água). São Carlos, 2005.

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Tabela 2 - Grupos avaliados Grupos

Resinas acrílicas

Ciclos de polimerização

VCB

Vipi Cril (VC)

Ciclo convencional em banho de água aquecida (B)

VCM

Vipi Cril (VC)

Ciclo em forno de micro-ondas

VWB

Vipi Wave (VW)

Ciclo convencional em banho de água aquecida (B)

VWM

Vipi Wave (VW)

Ciclo em forno de micro-ondas

da etileno glicol dimetacrilato contidos no líquido dos materiais devem ser diferentes. Dados ainda não publicados* mostraram que a proporção residual de monômero metil metacrilato em relação ao agente de ligação cruzada etileno glicol dimetacrilato foi maior para a resina Vipi Wave do que para a resina Vipi Cril. De acordo com Vallittu et al.28 (1995), o fato do material apresentar conteúdo de monômero residual maior estaria relacionado à presença desse composto em maior quantidade na composição do material. Também tem sido relatado que as resinas acrílicas polimerizadas em um ciclo mais longo apresentam polímeros com cadeias moleculares mais longas e pesos moleculares mais elevados, quando comparadas com resinas polimerizadas em micro-ondas que apresentam cadeias poliméricas mais curtas com baixos pesos moleculares1. Assim, poderia se supor, primeiramente, que a resina Vipi Wave teria uma quantidade maior de metil metacrilato em relação ao etileno glicol dimetacrilato e que, quando este material foi polimerizado em banho de água aquecida utilizando um ciclo mais longo de polimerização, cadeias poliméricas mais longas puderam ser formadas, resultando em valores mais elevados de dureza. Ao passo que a resina Vipi Cril teria uma quantidade menor de metil metacrilato em relação ao etileno glicol dimetacrilato e que, quando este material

• colocar a mufla em água fria; • aquecer a água até 65ºC durante 30 min e manter por 1 h; • aquecer a água até 100ºC durante 30 min e manter por 1 h; • desligar e deixar esfriar • 10 minutos a 270 W; • 5 minutos a 0 W; • 10 minutos a 360 W • colocar a mufla em água fria; • aquecer a água até 65ºC durante 30 min e manter por 1 h; • aquecer a água até 100ºC durante 30 min e manter por 1 h; • desligar e deixar esfriar • 10 minutos a 270 W; • 5 minutos a 0 W; • 10 minutos a 360 W

Ciclo recomendado pelo fabricante

Ciclo experimental Ciclo experimental

Ciclo recomendado pelo fabricante

Tabela 3 - Valores médios e desvios padrão de dureza em VHN dos grupos avaliados Materiais

Ciclo recomendado pelo fabricante

Ciclo experimental

Vipi Cril Vipi Wave

32,9 ± 10,1 Ba 24,1 ± 2,5 Ba

48,2 ± 7,7 Aa 50,5 ± 15,7 Aa

Nas linhas, letras maiúsculas diferentes indicam diferença estatisticamente significante (P<0,05). Nas colunas, letras minúsculas diferentes indicam diferença estatisticamente significante (P<0,05).

foi polimerizado em micro-ondas, maior quantidade de ligações cruzadas foram formadas, tornando este material mais rígido nesta condição. Essas hipóteses ainda deveriam ser verificadas. Resultados similares também foram obtidos por Blagojevic e Murphy6 (1999), os quais observaram que a dureza de uma resina para micro-ondas foi inferior quando a mesma foi polimerizada em micro-ondas em relação ao ciclo em banho de água. A polimerização convencional também aumentou o módulo de elasticidade e diminuiu o conteúdo de monômero residual dessa resina. Como relatado por Azevedo et al.22 (2005), uma vez que a propriedade de dureza indica a possibilidade do material de base de prótese ser abrasionado, é provável que as resinas acrílicas polimerizadas pelos ciclos experimentais sejam mais resistentes à abrasão por escovação do que quando polimerizadas de acordo com as instruções do fabricante29. Estudos12,26 têm demonstrado que o tempo de polimerização pode ser signi-

ficativamente reduzido com a utilização do micro-ondas e que esse método pode polimerizar com eficiência as resinas acrílicas para base de prótese. É importante ressaltar que este estudo avaliou apenas duas marcas comerciais de resinas termopolimerizáveis e que apresenta como limitação o fato de não ter avaliado o comportamento desses materiais após condições de envelhecimento, como armazenamento em água e termociclagem. CONCLUSÃO

As resinas acrílicas termopolimerizáveis para base de prótese Vipi Cril e Vipi Wave apresentaram valores de dureza sem diferença significativa quando foram polimerizadas de acordo com as instruções do fabricante. A polimerização da resina Vipi Cril em micro-ondas e da resina Vipi Wave em banho de água aquecida resultou em valores de dureza superiores àqueles observados quando estes materiais foram polimerizados de acordo com as instruções do fabricante.

Moreno, Bruno Rosolen et al. Efeito do ciclo de polimerização sobre a dureza de resinas acrílicas para base de prótese polimerizadas convencionalmente ou em micro-ondas


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Pesquisa científica

Conhecimento de mães sobre promoção de saúde bucal em bebês Mother’s knowledge on oral health promotion for babies

Karen Christine SantosI Aline Cristina Arone MonnazziII Fernanda Lopez RosellIII Silvio Rocha Corrêa da SilvaIII Aylton Valsecki Jr.IV Elaine Pereira da Silva TagliaferroV

RESUMO Objetivo - O objetivo deste estudo foi avaliar o nível de conhecimento sobre promoção de saúde bucal em bebês de todas as mães (n=60), com idade de 18-42 anos, que frequentaram a Clínica de Prevenção da Faculdade de Odontologia de Araraquara, da Universidade Estadual Paulista (FOA-Unesp), durante o período 2005-2008. Métodos - Realizou-se uma entrevista utilizando questionário contendo 18 questões abertas e cinco fechadas sobre o conhecimento e práticas em saúde bucal de bebês relacionadas à cárie e sua prevenção, bem como sobre informações sociodemográficas. Resultados - A maioria das mães acreditava que o leite materno não causa cárie (73,3%), que esta não é uma doença transmissível (51,6%) e que o antibiótico provoca cárie (63,3%). Quase todas as mães (93,3%) responderam que a doença poderia ser evitada escovando os dentes, ação que deveria ser iniciada desde o nascimento do primeiro “dente de leite” (75%). Para 73,3% das entrevistadas, o uso do fio dental deveria ser iniciado somente após o irrompimento de todos os “dentes de leite”. A maior porcentagem das mães (83,3%) sabia o que era o flúor, mas 33,3% desconheciam a época ideal para iniciar sua utilização. A orientação do cirurgião-dentista em relação à saúde bucal de seus bebês foi considerada importante por 96,7% das mães. Conclusões - As mães entrevistadas demonstraram conhecimento em relação à escovação dental em bebês, porém, não sabiam sobre outras variáveis importantes na promoção de saúde bucal dos bebês, como os fatores etiológicos da doença, uso de compostos fluoretados e visitas ao cirurgião-dentista. Palavras-chave: Saúde bucal. Atenção Primária à Saúde. Cuidado do lactente. ABSTRACT Objective -The aim of this study was to assess the knowledge level on oral health promotion for babies of all mothers (n=60), aged 18-42 years, assisted in the Preventive Dentistry Clinic of the Faculty of Dentistry of Araraquara, at Universidade Estadual Paulista (UNESP), during the period 2005-2008. Methods -An interview was performed using a questionnaire with 18 open and five closed questions about knowledge and practices related to caries prevention as well as demographic information. Methods -The majority believed that breast milk does not cause caries (73.3%), that caries is not a transmissible disease (51.6%) and that antibiotics cause caries (63.3%). Almost all mothers (93.3%) responded that brushing teeth could prevent the disease, action that should be initiated since first tooth erupts (75%). For 73.3% of the respondents, the use of dental floss should be initiated only after all deciduous teeth erupt. Results - The majority (83.3%) knew what was fluoride, but a third of them (33.3%) did not know the best time to start using it. The dentist counseling related to oral health of babies was considered important by 96.7% of mothers. Conclusion - The mothers presented good knowledge about baby’s oral hygiene, however, they did not know about other important variables for oral health promotion of babies. Keywords: Oral health. Primary Health Care. Infant care.

INTRODUÇÃO

I

Acadêmica do Curso de Graduação em Odontologia da Faculdade de Odontologia de Araraquara da Universidade Estadual Paulista (FOA-Unesp). II Cirurgiã-dentista formada (FOA-Unesp). III Professor Assistente Doutor (FOA-Unesp). IV Professor Adjunto (FOA-Unesp). V Professor Substituto (FOA-Unesp)

A alta prevalência de cárie em bebês é demonstrada em vários estudos nacionais e internacionais1-3. Segundo Akpabio, Klausner e Inglehart4 (2008) as crianças são muito suscetíveis às doenças bucais; porém tais doenças poderiam ser evitadas se os pais e/ou responsáveis recebessem informação sobre as suas causas e tratamentos e fos-

sem motivados a promover saúde bucal em seus filhos Assim, a promoção e prevenção precoce são de fundamental importância para o futuro da saúde bucal do indivíduo5. Além disso, o atendimento odontológico para bebê visa introduzir bons hábitos, adotar padrões de comportamento que possam permanecer fixados, orientar os pais quanto à importância

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da saúde oral e de sua manutenção através da higiene bucal, quanto ao controle de ingestão do açúcar e quanto à importância da amamentação6. Por fim, programas voltados para a promoção de saúde na primeira infância apresentam menores custos de implantação e operacionalização e oferecem uma cobertura maior da população por serem menos complexo, comparados com as ações curativas. Dentro deste contexto de promoção de saúde bucal, de uma forma efetiva e precoce, a mãe tem sido reconhecida como a principal responsável pela transferência das práticas de higiene bucal para seus filhos7, principalmente pela oferta de alimentos à criança, além de ser aquela que executa as orientações fornecidas por enfermeiros durante consultas de rotina8. Dessa forma, tem sido sugerido que desde a gestação a mãe receba orientações sobre promoção de saúde bucal, visando dentições futuras sadias para seus filhos. De fato, durante o período gestacional, a mulher se encontra mais suscetível a adotar novos hábitos e comportamentos9 e adquirir conhecimentos sobre cuidados para com o seu bebê, consequentemente, também está mais receptiva a entender o valor da boa saúde bucal10, favorecendo a realização de uma efetiva e precoce prevenção em Odontologia11. Entretanto, é fundamental compreender melhor o conhecimento das mães e/ou responsáveis sobre a promoção da saúde bucal para orientar os profissionais da área na elaboração de temas direcionados à educação dos pais/responsáveis sobre a prevenção e o controle das doenças bucais de bebês4. Alguns estudos nacionais têm sido realizados e seus resultados têm mostrado desde o desconhecimento das gestantes/ mães de conceitos fundamentais para a efetiva promoção da saúde bucal12,13 até um conhecimento que varia de razoável14 a bom15 sobre temas referentes à saúde bucal. Com o intuito de contribuir para o tema e para o planejamento de ações de promoção de saúde voltadas para a educação odontológica de pais e/ou responsáveis, este artigo objetivou avaliar o conhecimento sobre promoção de saúde bucal de mães de bebês de 0 a 8 meses de idade que frequentaram

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a Clínica de Prevenção da Faculdade de Odontologia de Araraquara (Unesp). MÉTODOS

Este estudo quantitativo transversal descritivo utilizou-se de dados primários e teve início após ser aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Araraquara (FAO-Unesp), processo nº 30/05. Todas as voluntárias assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes do início da coleta de dados. A população do estudo compreendeu todas as mães (n=60) que estavam em atendimento na Clínica de Prevenção da FAO-Unesp no período de 2005 a 2008. O critério de inclusão utilizado neste estudo foi a autorização prévia para a realização da pesquisa. No total, 60 mães com idades de 18 a 42 anos, com filhos de 0 a 8 meses, participaram do estudo. Não houve recusa à participação no estudo. A coleta de dados foi realizada por meio de uma entrevista, realizada na primeira consulta odontológica, em ambiente tranquilo e não constrangedor. A voluntária foi informada sobre a realização da pesquisa, sua importância e seus objetivos, a confidencialidade do voluntário e de suas respostas. Após a autorização por escrito, procedeu-se o início da entrevista, utilizando-se um questionário elaborado para a pesquisa e pré-testado, contendo 18 questões abertas e cinco fechadas sobre o conhecimento e práticas em saúde bucal de bebês relacionadas à cárie e sua prevenção (fatores causais, formas de prevenção, higienização, flúor, consultas e orientações odontológicas), e também dados relacionados à idade, ao estado civil e ao grau de escolaridade das mães. A entrevista foi realizada por duas pesquisadoras (K.C.S. e A.C.A.M.) treinadas para não influenciar as respostas das voluntárias. A análise estatística dos dados foi realizada de forma descritiva por meio de tabelas de distribuição de frequência das respostas obtidas. Como benefícios, as voluntárias receberam orientações gerais sobre a promoção e manutenção da saúde bucal. Assim, na primeira consulta de retorno, as participantes da pesquisa participaram de uma “roda de

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conversa” sobre o diagnóstico, prevenção e tratamento da cárie. Ao término da discussão foram entregues folders informativos, previamente elaborados, sobre os assuntos abordados. Na segunda consulta de retorno, as mães receberam instruções práticas dos procedimentos de higiene bucal em seus bebês, utilizando-se gaze estéril umedecida em água filtrada que suavemente foi friccionada sobre os roletes gengivais e caso o bebê possuísse dentes, utilizou-se escova especial para bebê, individual, sem creme dental nos dentes existentes. As voluntárias também receberam informações a respeito do aleitamento materno e foram instruídas sobre a maneira correta de segurar o bebê e o posicionamento da boca em toda ou maior parte da aréola para a correta movimentação dos músculos envolvidos na ordenha do leite. Além disso, as mães também receberam orientação sobre os problemas advindos do uso da chupeta e mamadeira, como a má oclusão, dificuldade na fala, respiração, deglutição e cárie de mamadeira. RESULTADOS

A Tabela 1 mostra a distribuição da frequência das mães segundo idade, grau de escolaridade e estado civil. Observa-se que a maioria das mães encontrava-se com idade de 18-24 anos, cursou o ensino médio e era casada. De acordo com a Tabela 2, a maioria acreditava que o leite materno não causa cárie e que esta não é uma doença transmissível. Dentre as que relataram que existe a transmissibilidade (46,7%), a maioria acreditava que ela ocorre quando a chupeta do bebê é limpa na boca da mãe. Outras afirmaram que a transmissão da cárie pode ocorrer quando do uso dos mesmos utensílios, ao beijar a boca do bebê e assoprar a “papinha” antes de oferecê-la. Quanto ao antibiótico causar cárie, 63,3% das mães acreditam que ele pode causar e dentre estas 33,0% não souberam relatar o por quê. Já 45,0% das mães responderam que “porque é um remédio muito forte”, “porque já ouviu falar”, “porque o dente fica escuro”. Questionou-se como a cárie poderia ser evitada e a maioria (93,3%) das mães


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respondeu que pode ser evitada escovando os dentes, dentre estas, 30,0% responderam que além de escovar os dentes, deve-se evitar o consumo de alimentos açucarados. A maioria das mães (56,8%) acreditava que a higienização deveria começar desde o primeiro dia de vida, 40,0% após a erupção do primeiro “dente de leite” e somente 3,2% iniciariam a higienização quando todos os “dentes de leite” tiverem irrompidos, sendo que a maioria realizaria com fralda ou gaze limpa que deve ser friccionada delicadamente sobre os roletes gengivais para bebês sem dentes, e na língua. Em relação à higiene para os bebês que têm dentes, 75,0% acreditavam que deve ser iniciada desde o nascimento do primeiro “dente de leite”, 55,0% acreditavam que a escovação deve ser realizada três vezes ao dia; 16,7%, duas vezes ao dia e 3,3%, uma vez ao dia. Sobre as cerdas da escova, a maioria das mães (95,0%) utilizaria escova macia. Quanto ao uso da pasta dental, 56,7% acreditavam que deve ser utilizada quando todos os “dentes de leite” tiverem irrompidos; 33,4%, desde o nascimento do primeiro “dente de leite”; 1,7%, quando ocorrer a troca dos “dentes de leite” e, de modo geral, que esta pasta deve ser infantil e sem flúor. Quanto ao flúor, 83,3% conhecem o que é, mas não sabem o início de sua utilização (33,3%) e 38,4% utilizaria quando todos os “dentes de leite” tiverem irrompidos. A respeito do uso de fio dental, 73,3% acreditam que deve ser iniciado após todos “dentes de leite” tiverem irrompidos. Sobre o nascimento do primeiro dente, 48,4% responderam que nasceria próximo aos 6 meses de idade e 51,6% não sabiam. Em relação à primeira visita ao dentista, a maioria das mães (31,7%) acredita que deve ocorrer após o nascimento do primeiro dente de leite. Quanto às visitas de retorno, 70,0% acreditam que deve ser quando o cirurgião-dentista recomendar. A orientação do cirurgião-dentista para os pais em relação à saúde bucal de seus bebês foi considerada importante por 96,7% das mães. DISCUSSÃO

Neste estudo foram entrevistadas mães de bebês de 0 a 8 meses que procuraram

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atendimento na Faculdade de Odontologia de Araraquara da Unesp para fim de conhecer o grau de conhecimento das mesmas acerca da promoção de saúde bucal em bebês. Devido à importância dada a promoção e prevenção de saúde bucal em bebês, apesar deste estudo ter se desenvolvido com uma população específica, acredita-se que seus achados poderão contribuir para o planejamento de ações em saúde voltadas ao grupo estudado. Os resultados indicaram que mais de 70% das mães acreditavam que o leite materno não causa cárie. Segundo Moura et al.16 (2000), o leite materno contém maior percentual de lactose que o leite bovino. Esse carboidrato, apesar de ser menos cariogênico que a sacarose, principalmente em condições salivares normais, também promove a desmineralização do esmalte quando permanece em contato com os dentes por um período longo, com diminuição do fluxo salivar e ausência de higiene, como é o caso do sono noturno. Além disso, o aleitamento natural e artificial inadequado em idade precoce, principalmente durante a noite, na ausência de higiene posterior, tem sido frequentemente associado à doença cárie17. Existe ainda um equívoco em relação à transmissibilidade da cárie, pois a maioria das mães deste estudo acreditava que a doença cárie não era transmissível. As que acreditavam na transmissibilidade afirmaram que esta pode ocorrer quando a chupeta do bebê é limpa na boca da mãe, quando ocorre o uso dos mesmos utensílios, ao beijar a boca do bebê e assoprar a “papinha” antes de oferecê-la. Neste aspecto os resultados estão de acordo com Corrêa, Rodrigues e Matto-Graner18 (2001) e Theodoro et al.19 (2007), que afirmam que a maioria das mães acredita na transmissibilidade da cárie, por meio do beijo na boca do bebê, limpar a chupeta na boca da mãe e usar os mesmos utensílios. Quase metade das mães (47%) estudadas por Zuanon, Benedetti e Guimarães13 (2008) relatou não haver transmissibilidade da cárie entre mãe e bebê. Sendo assim, as mães deste estudo receberam orientações quanto à colonização precoce de microrganismos cariogênicos e medidas preventivas que devem ser iniciadas durante a gestação e controladas

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após o nascimento dos bebês. Essas medidas preventivas podem ocorrer por meio de aconselhamento da dieta, profilaxia profissional, orientação sobre controle de placa bacteriana, aplicações tópicas de flúor, utilização de clorexidina e tratamento restaurador, principalmente àquelas que apresentam altos níveis de microrganismos cariogênicos na saliva. Com relação ao uso de antibióticos causar cárie, 63,3% das mães acreditavam que o uso deste tipo de medicamente provoca cárie, porém a maioria não conseguiu estabelecer uma relação de causa e efeito entre a presença de açúcares nas formulações e o desenvolvimento de cárie dentária. De acordo com Pierro e Maia20 (2005), os medicamentos infantis nacionais como antibacterianos e antitussígenos, demonstraram alta concentração de carboidratos fermentáveis e baixo pH endógeno. Tais fármacos são consumidos frequentemente pela maioria das crianças, constituindo, assim, um problema real e de extrema relevância, uma vez que este alto consumo pode estar favorecendo o desenvolvimento de cárie e erosão dentária nesta população. Além disso, é comum o relato de pais que associam o uso frequente de antibióticos durante a infância ao precário estado de saúde bucal de seus filhos, segundo Silva, Silva e Maia21 (2002). Com relação à prevenção da doença, quase todas as mães entrevistadas (93,3%) responderam que se pode evitá-la escovando os dentes, além do controle da ingestão de alimentos açucarados, mencionado por boa parte das voluntárias. Tais achados estão de acordo com vários outros encontrados na literatura odontológica18,22-25. Vale salientar que a restrição do uso do açúcar deve ser criteriosa, pois o objetivo principal é estabelecer horários para a alimentação e associá-lo aos horários de higiene bucal, não suprimindo o seu uso radicalmente. Quando questionadas sobre o tema da higiene bucal, 56,8% das mães tinham conhecimento sobre o início da higienização. A maioria delas (75,0%) acreditava que o início da escovação deve ser feito desde o nascimento do primeiro dente. Vários autores recomendam que a higienização deve ser iniciada antes da erupção dos

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Tabela 1. Distribuição da frequência das mães segundo idade, grau de escolaridade e estado civil. Araraquara, São Paulo, 2008. Características Idade 18-29 anos 30-42 anos Grau de escolaridade Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior Não respondeu Estado Civil Solteira Casada Amasiada Divorciada Não respondeu

n

%

39 21

65,0 35,0

14 36 5 5 13 21 18 5 3

23,0 62,0 7,0 8,0 22,0 33,0 30,0 2,0 13,0

Tabela 2. Distribuição da frequência das respostas sobre cárie. Araraquara, São Paulo, 2008 Questões/Respostas O leite materno pode dar cárie? Cárie é transmissível? Antibiótico dá cárie?

Sim n 15 28 37

primeiros dentes decíduos26, massageando e limpando as gengivas e a cavidade bucal para a remoção de restos alimentares que ficam estagnados na cavidade bucal e na comissura labial. A respeito de como realizar a higienização dos bebês, a maioria das respostas (26,8%) indicou o uso de fralda ou gaze, resultados similares aos encontrados por Theodoro et al.19 (2007). De fato, tem sido sugerido que a forma mais utilizada e correta de higienizar a boca do bebê é com uma fralda umedecida com água. Esta é uma forma afetiva na qual a mãe tem um melhor controle do dedo sobre a pressão exercida nos tecidos bucais16. A higiene realizada com auxílio da dedeira ou gaze ou fralda umedecida em água fervida também tem sido recomendada17,26. A maioria das mães (56,7%) relatou que o uso da pasta dental deve começar quando todos os “dentes de leite” tiverem irrompidos, e acreditava que a pasta utilizada deve ser infantil. Theodoro et al.19 (2007) encontraram em seu estudo que a maioria das mães acreditava que deva ser utilizada assim que os primeiros dentes começarem a irromper, sendo a pasta dental com flúor a de escolha por 86,3%. Martins, Tessler e

Não % 25,0 46,7 63,3

n 44 31 23

Não Sabe % 73,3 51,6 36,7

n 1 1 0

% 1,7 1,7 0,0

Corrêa26 (1998), afirmaram que a pasta dental deve ser administrada com cautela, já que até os 3 anos as crianças são incapazes de controlar a expectoração, deglutindo grande porcentagem deste produto. A maior preocupação em relação à utilização de dentifrício fluoretado refere-se à ingestão excessiva durante a formação dentária que pode causar a fluorose dentária que é considerada um problema de saúde pública. Quanto à higienização, a maioria das mães acreditava que deve escovar os dentes dos bebês três vezes ao dia usando escova macia. Estudos de Medeiros e Rodrigues14 (2003) demonstraram que a escovação foi o método mais utilizado pelas mães na prevenção da cárie de seus filhos. De fato, ao iniciar a erupção dos dentes é importante incentivar os pais a realizar a higiene bucal de seus filhos após cada refeição com a escova dental, que deve apresentar cabeça pequena, cerdas extra macias com extremidades arredondadas e ser estreita. Por sua vez, a maioria das entrevistadas respondeu que o uso do fio dental deveria ser iniciado somente quando todos os “dentes de leite” tiverem erupcionado. A literatura indica que o fio dental deve ser iniciado quando a criança apresentar os quatro incisivos irrompidos

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ou algum contato proximal26. A maioria das mães (87,0%) respondeu que conhece o flúor, mas não sabe o início de sua utilização (33,3%). Das mães entrevistadas, 38,4% utilizariam o flúor quando todos os “dentes de leite” tiverem irrompidos. Villena e Corrêa27 (2001) relataram que o uso de flúor como medida preventiva deve estar associado a um processo educativo e de necessidade individual, com a finalidade de que a criança e o futuro adulto tenham a conscientização do autocuidado e da utilização racional de flúor. A respeito do conhecimento da primeira visita ao dentista, 31,7% das mães entrevistadas nesse estudo acreditavam que a primeira visita deveria ocorrer após o nascimento do primeiro dente, resultados diferentes aos relatados por Theodoro et al.19 (2007), que encontraram 55% das mães acreditando que deveria acontecer antes do irrompimento dos primeiros dentes. Segundo Cruz et al.28 (2004), é mais fácil impedir o estabelecimento de maus hábitos quando a criança visita o cirurgião-dentista antes de irromper os primeiros dentes decíduos. A resposta de 70,0% das mães entrevistadas foi que o retorno ao cirurgião-dentista deve ocorrer quando este recomendar. De acordo com Flório e Pereira5 (2007), o retorno ao cirurgião-dentista deve acontecer de acordo com o risco e/ou atividade de cárie do paciente, levando em consideração sua higiene oral e seu contexto socioeconômico e cultural. Os resultados também mostraram que a maioria das mães acredita (96,7%) que é importante a orientação do cirurgião-dentista. Walter, Ferrele e Issao17 (1999) relataram que a Academia Americana de Odontopediatria defende a primeira visita ao odontopediatra antes que a criança complete o primeiro ano de vida. É importante que nas visitas, o profissional conscientize os pais a respeito do seu papel na prevenção e manutenção da saúde bucal do bebê aconselhando-os a respeito da higienização bucal, da importância da amamentação natural, da influência dos hábitos alimentares, da importância de uma alimentação adequada, rica em nutrientes essenciais e com redução da sacarose para as gestantes e bebês e do


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esclarecimento sobre o uso de flúor29. Dessa forma, os autores deste artigo acreditam na importância da educação em saúde iniciada precocemente voltada para hábitos saudáveis, preservando o estado de saúde de modo geral, lembrando que para prevenir faz-se necessário uma integração multi e interdisciplinar, tendo a cooperação dos pais, numa relação corresponsável com os profissionais. CONCLUSÕES

Os resultados deste estudo indicam que as mães entrevistadas demonstraram conhecimento em relação à escovação dental em bebês, porém, não sabiam sobre outras variáveis importantes na promoção de saúde bucal dos bebês, como os fatores etiológicos da doença, uso de compostos fluoretados e visitas ao cirurgião-dentista. Sugere-se que projetos envolvendo orientação das mães na prevenção e promoção da saúde bucal em bebês sejam conduzidos e que estudos futuros testando modelos de educação em saúde para essa população sejam realizados. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Pró-Reitoria de Extensão da Unesp (Proex) pelo financiamento de materiais didáticos e instrucionais. REFERÊNCIAS 1. Barros SG, Castro Alves A, Pugliese LS, Reis SRA. Contribuição ao estudo da cárie dentária em crianças de 0-30 meses. Pesq Odontol Bras. 2001; 15: 215-22. 2. Habibian M, Roberts G, Lawson M, Stevenson R, Harris S. Dietary habits and dental health over the first 18 months of life. Community Dent Oral Epidemiol. 2001; 29: 239-46. 3. Wyne A, Darwish S, Adenubi J, Battata S, Khan N. The prevalence and pattern of nursing caries in Saudi preschool children. Int J Paediatr Dent. 2001; 11: 361-4. 4. Akpabio A, Klausner CP, Inglehart MR. Mothers’/guardians’ knowledge about promoting children’s oral health. J Dent Hyg. 2008 Winter;82(1):12. 5. Flório FM, Pereira AC. Alicerce para a promoção de saúde bucal: o início precoce. In:

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Pesquisa científica

Tomada de decisão e satisfação estética no tratamento da fratura superficial de esmalte entre estudantes de Odontologia Decision-making and aesthetic satisfaction in the treatment of a surface enamel fracture among dental students Luciane de Queiroz MotaI Maria Germana Galvão Correia LimaI Danilo Barboza Lopes MagalhãesII Andréa Gadelha Ribeiro TarginoIII

RESUMO Introdução - As fraturas dentárias, principalmente de esmalte, ocorrem numa prevalência relativamente alta e acometem com maior frequência crianças e adolescentes, prejudicando, por vezes, a aparência do sorriso. Materiais e Métodos - A pesquisa utilizou o método quantitativo, do tipo epidemiológico, analítico e observacional. A amostra foi composta de 60 estudantes dos períodos iniciais e finais do curso. Foram utilizadas fotografias de um caso clínico de fratura superficial de esmalte. Os alunos respondiam uma entrevista, com perguntas subjetivas e objetivas, sobre a percepção estética do caso, a decisão de tratamento, e a satisfação com o tratamento proposto. A análise dos dados foi realizada com o programa SPSS for Windows 13.0, com distribuição de frequência e testes de associação. A significância estatística foi verificada através do teste de associação Exato de Fisher, sendo que o nível de significância estabelecido foi de p < 0,05. Resultados - Do total dos participantes, 6,7% considerou o aspecto inicial da fratura como agradável, 68,3% como aceitável, e 25% como desagradável. Quanto à indicação de tratamento, 63% dos alunos indicaram tratamento invasivo, enquanto que 37% optaram pelo tratamento conservador. Com relação à satisfação estética para o tratamento proposto, a ameloplastia, 83,3% dos alunos consideraram o procedimento satisfatório. Conclusões - Os alunos de Odontologia, quer seja dos períodos iniciais ou finais do curso, não consideram a fratura superficial de esmalte como relevante defeito estético que comprometa, de forma evidente, a harmonia do sorriso, entretanto, fazem opção por procedimentos mais invasivos, quando alguma terapêutica é indicada. Esse estudo teve o objetivo de analisar a tomada de decisão e satisfação estética dos alunos de Odontologia no tratamento da fratura superficial de esmalte. Palavras-chave: Estética dentária. Traumatismos dentários. Estudantes de Odontologia.

I

Professora Doutora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). II Aluno de graduação em Odontologia (UFPB). III Professora Mestre (UFPB).

ABSTRACT Introduction - Dental fractures, mainly in enamel occur in a relatively high prevalence and affect more often children and adolescents, compromising sometimes the appearance of the smile. This study aimed to examine the decision-making and aesthetic satisfaction of the dental students in the treatment of the superficial fracture of enamel. The research used the quantitative method, epidemiological type, analytical and observational. Methods - The sample consisted of 60 students, from the beginning periods and end of the course. Photographs of a clinical case of a superficial fracture of enamel have been used, where students answered an interview with subjective and objective questions about the aesthetic perception of the case, the treatment decision and satisfaction with the treatment proposed. Data analysis was performed using SPSS for Windows 13.0, with frequency distribution and association tests. Statistical significance was checked by the association test Fisher’s exact, and the significance level was set at p <0.05. Results - Of the total participants, 6.7% considered the initial appearance of the fracture as pleasant, 68.3% as acceptable and 25% as unpleasant. Regarding the indication of treatment, 63% of students indicated invasive treatment while that 37% opted for conservative treatment. With regard to the aesthetic satisfaction for the treatment proposed, the regularization of enamel edges, 83.3% of students considered the procedure satisfactory. Conclusions – Dental students, either initial or final periods of the course, do not consider the superficial fracture of enamel and relevant aesthetic defect which compromises so obvious, the harmony of the smile, however, are opting for more invasive procedures, while some therapy is indicated. Keywords: Esthetics, Dental. Tooth injuries. Students, Dental.

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INTRODUÇÃO

A massificação dos padrões estéticos dentro da sociedade vem provocando uma super valorização da aparência individual, e a busca pela perfeição de formas e dimensões estão se intensificando1. Uma estética agradável tem papel importante na aceitação de uma pessoa na sociedade, uma vez que nas relações interpessoais a primeira impressão tem grande influência, sem contar os fatores do próprio indivíduo, como a autoconfiança2. A necessidade sentida, ou seja, o desejo do paciente com relação ao tratamento a que será submetido pode não ser igual à necessidade observada pelo profissional3. Esta variação de percepções entre leigos e profissionais da Odontologia se observa quando esses últimos normalmente dão preferência ao aspecto intraoral, à análise formal e cientificista enquanto o leigo analisa todo o contexto dos dentes com a face4. Dentre os tipos de traumatismos dentários, as fraturas coronárias são as mais comuns entre crianças e adolescentes e acometem, principalmente, os dentes anteriores superiores5. Esse tipo de incidente, por vezes, causa perda de estrutura dentária, de gravidade variada, dependendo da magnitude do impacto. Em geral, o tipo mais comum de lesão dental provocada pelo trauma é a fratura de esmalte ou esmalte e dentina6. Quando há um envolvimento apenas coronário, diversas são as técnicas utilizadas para restaurar os dentes fraturados como: colagem de fragmentos, do próprio dente (autógena) ou adaptada a partir de um dente extraído (homógena), restauração direta com resina composta e a confecção de restaurações indiretas empregando-se resina composta ou porcelana7. A Odontologia Restauradora atual preconiza procedimentos mais conservadores, preservando o máximo possível da estrutura dental sadia. E além dos aspectos biológicos e funcionais, recomenda que o profissional deve aliar seus conhecimentos à estética, visando a satisfação do paciente8. Fraturas apenas em esmalte, geral-

Fig. 1 - Aspecto inicial da fratura superficial de esmalte.

Fig. 2 - Ameloplastia com disco de lixa.

mente, requerem soluções menos complexas, principalmente quando são superficiais. O desgaste seletivo das margens do esmalte fraturado, a ameloplastia, é um procedimento frequentemente indicado, com mínima invasão dessa estrutura, sem prejuízo estético e funcional para o paciente. Entretanto, a tomada de decisão para a realização desse procedimento vai depender do conhecimento dessa técnica operatória pelos profissionais, bem como da sua percepção sobre a estética dentária. Em face do exposto, o presente estudo pretende analisar a tomada de decisão dos acadêmicos de Odontologia na fratura de esmalte superficial e a sua satisfação estética com o tratamento proposto em um caso clínico específico. . MATERIAIS E MÉTODOS

Inicialmente o projeto foi analisado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do HULW/UFPB, cujo protocolo de

aprovação foi o de nº 131/10. Os alunos de Odontologia foram convidados a fazer parte deste estudo e, depois de serem informados sobre a importância e procedimentos da pesquisa, decidiam sobre a sua participação ou não. A taxa de resposta foi de 100%. A pesquisa utilizou o método quantitativo, do tipo epidemiológico, analítico e observacional, com uma abordagem indutiva 9. O universo foi constituído por alunos de graduação do Curso de Odontologia da UFPB, matriculados nos períodos iniciais do curso (primeiro, segundo e terceiro) e finais (sétimo, oitavo e nono), totalizando 240 alunos, aproximadamente (40 x 6 períodos). O cálculo para o tamanho da amostra baseou-se na estimativa de que 25% dos alunos (n=10), de cada período, seria suficiente para a representatividade do estudo. A amostra foi, então, composta por 60 estudantes, divididos em dois grupos (30 dos períodos iniciais e 30 dos períodos finais do curso), selecionados por randomização,

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Fig. 3 - Aspecto final após a ameloplastia. Nome: Idade:

Período do curso: Sexo: (

)M

(

)F

1) Qual a sua percepção est ética para essa situação? (FOTO 01): (

)Esteticamente Agradável (

) Esteticamente Aceitável (

) Esteticamente Desagradável

2) Você acha necessário algum tipo de tratamento para esse caso? ( ) Sim

(

) Não

* Caso a resposta seja positiva: Qual?___________________________________ 3) Qual a sua percepção estética para essa outra situação? (FOTO 02) (

)Esteticamente Agradável (

)Esteticamente Aceitável (

)Esteticamente Desagradável

4) Você acha necessário algum tipo de tratamento para esse caso? ( ) Sim

(

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) Não

* Caso a resposta seja positiva: Qual? ___________________________________

Fig. 4 - Questionário utilizado na pesquisa.

através de sorteio, utilizando uma lista dos alunos matriculados nos respectivos períodos letivos enviada pela Coordenação do curso. Previamente, foi realizado um estudo piloto com cinco alunos, visando testar o instrumento da pesquisa, para possíveis adequações do mesmo, sendo que seus dados não fizeram parte da análise dos resultados. Para analisar a tomada de decisão e satisfação estética no tratamento proposto foram utilizadas duas fotos (uma com o aspecto inicial e outra com o tratamento executado), reveladas em papel fotográfico no tamanho 10 x 15, obtidas de um caso clínico de fratura superficial de esmalte em um incisivo central da Disciplina de Dentística Clínica I (Figuras 1 e 3). O tratamento realizado foi a ameloplastia (regularização da borda incisal com mínimo desgaste) com disco de lixa de granulação grossa, montado em contra-ângulo, em baixa rotação (Figura 2). Também foi utilizado como instrumento de coleta de dados uma entrevista estruturada,

com perguntas abertas e de múltipla escolha, elaborada especificamente para esse estudo (Figura 4). Foram observados nas fotografias apenas os incisivos centrais, sem visualização de pele e lábios para não haver interferências nos resultados. Os participantes da pesquisa tinham no máximo 3 minutos para avaliar cada fotografia, e foram alertados para que não houvesse combinação entre si durante essa etapa. Uma sequência para a visualização das fotos foi padronizada e a próxima fotografia só poderia ser vista quando a anterior já tivesse sido avaliada. A coleta de dados foi realizada por um único pesquisador, no ambiente das clínicas ou em salas de aula, no intervalo das disciplinas. Ao ver a Figura 1, os alunos classificavam a aparência dos dentes, segundo a sua subjetividade, em esteticamente agradável, esteticamente aceitável e esteticamente desagradável, e decidiam pela realização ou não de tratamento. Caso fizessem opção por tratamento, o mesmo deveria ser sugerido.

Posteriormente, analisavam a foto seguinte, com o tratamento executado (Figura 3), e novamente classificavam a aparência dos dentes, segundo a sua subjetividade, em esteticamente agradável, esteticamente aceitável e esteticamente desagradável. Para os alunos dos períodos iniciais do curso buscou-se compreender a ausência do conhecimento dos termos técnicos, haja vista que ainda não obtinham informações a respeito. A análise dos dados foi realizada com o programa SPSS for Windows 13.0, com distribuição de frequência e testes de associação. A significância estatística foi verificada através do teste de associação Exato de Fisher, sendo que o nível de significância estabelecido foi de p < 0,05. RESULTADOS

A Figura 5 mostra as frequências e porcentagens dos entrevistados com relação à percepção estética da fratura superficial de esmalte no caso apresentado. Observa-se que apenas 25% dos alunos consideraram o aspecto desagradável, e 68,3% e 6,7% opinaram por aceitável e agradável, respectivamente. Entretanto, verificou-se que 88,3% indicaram tratamento para a situação em questão, enquanto que 11,7% não instituíriam nenhuma terapêutica. Dentre os tratamentos mais citados, o procedimento restaurador foi o mais indicado (63,3%), seguido do desgaste (15%) e reparo (10%), como pode ser visualizado na Figura 6. A Figura 7 mostra a satisfação estética dos alunos após o tratamento proposto e verifica-se que 16,7% dos alunos consideraram esteticamente desagradável, 21,7% agradável, e 61,7% aceitável. Nas Tabelas de 1 a 3 e na Figura 8 os resultados das associações entre as variáveis são apresentados, recodificando-se em duas categorias (dicotomia). Para a variável “percepção estética” foram agrupadas as categorias agradável e aceitável, ficando essa variável como esteticamente satisfatório, e esteticamente não satisfatório para a categoria de desagradável. Para a variável “tipo de tratamento”, as categorias de nenhum tratamento, reparo e desgaste (ameloplastia) foram reunidas em tratamento conservador,

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Fig. 5 - Gráfico da distribuição da frequência e percentual da percepção estética dos estudantes com relação à fratura superficial de esmalte.

enquanto que a categoria restauração ficou como tratamento invasivo. Verificando, na Tabela 1, a percepção estética inicial da fratura superficial de esmalte e correlacionando-a com os dois grupos de estudantes, observa-se que a maioria considerou esteticamente satisfatório (75%), com valores bem equivalentes entre os grupos de alunos dos períodos iniciais e finais do curso (38,3% e 36,7%, respectivamente), mas não houve significância estatística (p>0,05). Na Tabela 2, verifica-se que 83,3% dos alunos consideraram o caso, após o tratamento proposto, como esteticamente satisfatório, enquanto que 16,7% apreciaram como esteticamente não satisfatório. Os alunos dos últimos períodos (46,7%) consideraram o tratamento mais satisfatório que os alunos dos primeiros períodos (36,7%), com significância estatística (p< 0, 05). A Tabela 3 correlaciona as opiniões dos alunos com relação à percepção estética inicial e após o tratamento executado. Verifica-se que houve uma diferença, com significância estatística (p<0,05) entre as duas categorias, visto que, na primeira avaliação, 75% dos alunos consideraram o aspecto satisfatório e 83,3% opinaram por essa situação na segunda avaliação. Por outro lado, a insatisfação com a estética (não satisfatório) diminuiu de 25% para 16,7%, comparando as apreciações inicial e final. Também foi verificada a satisfação estética dos alunos após o tratamento proposto, de acordo com o sexo, sendo observado que houve uma leve diferença entre os sexos feminino e masculino (84,8% e 78,6%, respectivamente), porém sem significância estatística (p>0,05).

Fig. 6 - Gráfico da distribuição da frequência dos tratamentos sugeridos para o caso clínico apresentado.

Na Figura 8 observa-se que 63% dos alunos indicaram procedimento invasivo (restauração) para o tratamento das fraturas de esmalte superficial, e apenas 37% optaram por tratamento conservador.

além do conhecimento técnico sobre os princípios de estética, a habilidade para acolher a subjetividade dos seus pacientes, especialmente com relação aos seus anseios sobre a aparência do sorriso 19. A fratura superficial de esmalte, como o próprio nome já demonstra, não atinge grandes áreas do dente e foi considerada esteticamente aceitável pela maioria dos alunos. Esse fato indica que apesar dos alunos de Odontologia possuírem valores estéticos mais apurados e exigentes20 eles são criteriosos ao apontar que uma pequena falha possa comprometer a estética do sorriso como um todo. Pequenos defeitos estéticos também não foram percebidos de maneira uniforme por profissionais de Odontologia de diversas áreas, no estudo de Andrade et al.21 (2006). Da mesma forma, a presença de pequenos desvios também

DISCUSSÃO

O interesse em analisar a tomada de decisão terapêutica e a satisfação estética nos casos de fratura superficial de esmalte surgiu em virtude da frequente ocorrência desse incidente6,10,11 que acomete especialmente os pacientes jovens12-15, e da variabilidade de tratamento indicado pelos profissionais para a resolução desse infortúnio16,17. O conceito de estética é muito relativo e baseia-se em fatores étnicos, culturais e na preferência individual, tornando-se extremamente subjetivo2,18. Então, é importante que os profissionais tenham,

Tabela 1 - Distribuição da frequência e percentual da percepção estética inicial dos alunos de acordo com o período em curso. PERCEPÇÃO INICIAL Não

TOTAL

Valor

Satisfatório Satisfatório n

%

n

%

de p n

%

Iniciais

23

38,3

7

17,7

30

50

Finais

22

36,7

8

13,3

30

50

PERÍODOS

0,5

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Tabela 2 - Distribuição da frequência e percentual da percepção estética dos alunos após o tratamento proposto de acordo com o período em curso. PERCEPÇÃO APÓS TRATAMENTO TOTAL

Não

Valor de p

Satisfatório Satisfatório n

%

n

%

n

%

Iniciais

22

36,7

8

13,3

30

50

Finais

28

46,7

2

3,3

30

50

50

83,3

10

16,7

60

100

PERÍODOS

TOTAL

foram aceitos esteticamente por especialistas em Dentística e leigos na pesquisa de Rodrigues et al.22 (2010). É interessante enfatizar que embora a maioria dos alunos considere o aspecto inicial da fratura superficial de esmalte como esteticamente aceitável, um grande número de participantes sugeriu que algum tratamento deveria ser realizado, ou seja, embora a situação pudesse ser tolerada, ela demandava algum tratamento para otimização da estética, sendo que o procedimento restaurador foi o mais indicado. Tal resultado se contrapõe à pesquisa de Morales et al.15 (2007), onde o tratamento restaurador não foi indicado nas fraturas de esmalte. Parece que independente da situação a ser observada, a fratura dental suscita nos alunos a necessidade de se realizar um procedimento restaurador, por este já ser um protocolo largamente difundido, capaz de completar a estrutura dental perdida8,23,24. Foi possível observar que não houve diferença significativa na satisfação estética entre os grupos inicial e final do estudo. Embora essa análise não permita uma inferência para ser extrapolada para outros grupos, esses dados, provavelmente, ratificam a questão da subjetividade e da preferência individual, da estética dentária2. O Estudo de Mori25 (2003) também confirma essa ideia, visto que o conceito de estética dentária foi bem semelhante entre pacientes e profissionais. Garbin et al.20 (2008), da mesma forma, não encontraram diferença

0,040

na percepção de alunos de Odontologia e de Medicina Veterinária, quando questões estéticas eram bem evidentes. Na análise do tipo de tratamento proposto pelos alunos, observa-se que a maioria indicou uma abordagem invasiva para a resolução da fratura superficial de esmalte. Esses resultados orientam para uma reflexão no sentido de que os alunos não estão apreendendo os conhecimentos dos tratamentos mais conservadores ensinados na Universidade, nem vislumbram a sua importância, visto que a confecção de um procedimento restaurador normalmente implica na realização de algum desgaste dentário26. E nessa pesquisa pode-se observar que os seus participantes, em maior número, consideraram esteticamente agradável ou aceitável o resultado do procedimento conservador adotado para a fratura superficial de esmalte, embora tivessem indicado uma restauração para tratar o evento. O tratamento da ameloplastia foi considerado esteticamente satisfatório para a grande maioria dos alunos, porém, merece destaque que os alunos do final da graduação se mostraram mais satisfeitos com o tratamento que os alunos dos períodos iniciais do curso. Esse fato justifica-se, novamente, pela subjetividade da estética, que independe do conhecimento técnico, e reforça a necessidade da percepção do profissional dos anseios e expectativas dos pacientes, a fim de se obter a aprovação do resultado estético após o tratamento27.

A ameloplastia, ou desgaste seletivo, consiste na regularização da borda incisal, com mínimo desgaste da estrutura dental, e deveria ser encorajada e mais amplamente difundida pelos clínicos, porque produz resultado estético satisfatório e preserva estrutura dentária hígida. É bem indicada nos casos de traumatismo com fratura superficial de esmalte, dado o pequeno defeito estético que esse incidente produz. Mas, quando o traumatismo atinge esmalte e dentina, a inserção de uma restauração de resina composta se torna imperativo, devido à proporção da fratura15,24. Quando se comparou as percepções iniciais e após o tratamento confirmou-se a aprovação pelos alunos do resultado estético do procedimento adotado. Salienta-se que poucos consideraram o procedimento esteticamente não satisfatório o que mostra que o modelo mais conservador de tratamento deveria ser consolidado como uma evolução ante o curativo/restaurador28. Embora não tenha sido proposta do estudo, essa pesquisa investigou a relação da satisfação estética com o gênero dos participantes, na qual não se verificou nenhuma diferença relevante na percepção estética dos alunos do sexo feminino e masculino. Então, mesmo sem uma significância estatística, pode-se pensar que os homens, nos dias atuais, valorizam a aparência física de forma semelhante às mulheres. A metodologia dessa pesquisa reforça a importância dos estudos de casos clínicos nas escolas de Odontologia, como enfatizam Masetto e Prado29 (2004), citando que o amplo uso de casos clínicos ou casos simulados dão aos alunos a possibilidade de conhecer o problema antes de enfrentá-lo, treinando-os para o domínio de informações, conceitos e teorias corretas, argumentação e fundamentação para a tomada de decisão nos tratamentos que irão realizar. Salienta-se que as fotografias foram realizadas em close dos incisivos anteriores, sem exibir a boca de forma completa, e com ampliação, de forma a que os incisivos centrais ocupassem a maior parte da fotografia. A fratura dental ganhou na exibição proporções maiores do que seria numa visão em escala natural, e como concluíram

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Fig. 8 - Distribuição do percentual do tipo de tratamento proposto pelos estudantes. Fig. 7 – Gráfico da distribuição do percentual da percepção estética dos alunos após o tratamento proposto.

Flores-Mir et al.4 (2004), à medida que a perspectiva se afasta da face como um todo, o impacto estético dental diminui. Então, poderia se esperar uma satisfação estética ainda maior que a encontrada. Outra limitação do estudo foi com relação ao enquadramento do termo “reparo” utilizado nas respostas dos alunos, para a indicação do tipo de tratamento proposto para o caso clínico apresentado. Nesta pesquisa, optou-se por incluí-lo no tratamento conservador. Dessa forma, também, o percentual de alunos que optariam por tratamento restaurador (invasivo) ainda poderia ser maior. Esta expressão foi mais utilizada por alunos do início do curso, que por ainda não frequentarem disciplinas específicas, desconhecem os termos exatos. Seria interessante que estudo posterior fosse realizado para se averiguar a satisfação estética de pacientes usuários das clínicas odontológicas, sobre o mesmo caso clínico apresentado, correlacionando-o com a satisfação estética dos futuros profissionais de Odontologia, participantes desta pesquisa. CONCLUSÃO

Com base nos resultados desse estudo é lícito concluir que: • Os alunos de Odontologia, quer sejam dos períodos iniciais ou finais do curso, não consideram a fratura superficial de esmalte como relevante defeito estético

Tabela 3 - Distribuição da frequência e percentual das percepções estética inicial e após o tratamento proposto. PERCEPÇÃO APÓS O TRATAMENTO TOTAL

Não

Valor

Satisfatório

de p

Satisfatório

PERCEPÇÃO INICIAL

Satisfatório Não

N

%

N

%

N

%

42

70

3

5

45

75

8

13,3

7

11,7

15

25

50

83,3

10

16,7

60

100

0,001

satisfatório TOTAL

que comprometa, de forma evidente, a harmonia do sorriso. • Procedimentos conservadores são preteridos em detrimento dos protocolos mais invasivos pelos estudantes de Odontologia, na resolução das fraturas superficiais de esmalte • A ameloplastia é um procedimento terapêutico utilizado na resolução das fraturas superficiais de esmalte com resultado estético satisfatório. • Procedimentos conservadores para o tratamento das fraturas superficiais de esmalte deveriam ser mais estimulados e utilizados pelos clínicos por promoverem menor desgaste da estrutura dentária hígida com satisfação estética.

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Data de recebimento: 28/02/2011 Data de aceite para publicação: 05/03/2011 Endereço para correspondência: Luciane de Queiroz Mota E-mail: lucianeqmota@uol.com.br

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Relato de caso

Laser de baixa intensidade no tratamento da hipersensibilidade dentinária - Relato de caso Low-level laser in the treatment of dentin sensitivity - Case report RESUMO A hipersensibilidade dentinária é uma condição clínica odontológica que afeta grande parte da população. Na literatura pertinente ao assunto, há algumas pesquisas sobre agentes dessensibilizantes e a terapia com laser de baixa intensidade tem recebido grande destaque por ser de fácil utilização pelo cirurgião-dentista, confortável ao paciente, além de apresentar resultados satisfatórios. Este artigo tem como objetivo apresentar um relato de caso no tratamento da hipersensibilidade dentinária de um paciente voluntário, utilizando um laser de baixa intensidade, Arseneto de Gálio e Alumínio (GaAlAs). O protocolo de tratamento por meio das aplicações de laser foi padronizado e executado da seguinte maneira: Protocolo 1- primeira aplicação do laser: duas sessões em um intervalo de sete dias entre as mesmas; Protocolo 2- segunda aplicação do laser (após 12 meses do Protocolo 1): duas sessões em um intervalo de sete dias entre as mesmas e Protocolo 3- terceira aplicação do laser (após 18 meses do Protocolo 1): apenas uma sessão foi realizada. Pelos resultados foi possível observar diminuição da sensibilidade dolorosa em 82,14% dos dentes após o Protocolo 1; 35,78% após o Protocolo 2 e 57,14% após o Protocolo 3, sendo que a porcentagem de dentes com ausência de sensibilidade inicial aumentou a partir do Protocolo 2. Foi observado, ainda, ausência de sensibilidade antes da aplicação do laser em 10,71% dos elementos dentais (Protocolo 1) e em 39,28% dos remanescentes (Protocolos 2 e 3). Dessa forma, a laserterapia pode ser considerada um tratamento de fácil execução que possibilita efeito imediato.

Jéssica Elaine WitekI Tatiane Michelle StriechenI Adriana Postiglione Bührer SamraII Daniela Garcia RibeiroII Protásio VargasIII

Palavras-chave: Sensibilidade da dentina. Hipersensibilidade da dentina. Terapia a Laser de Baixa Intensidade. Abstract Dentine hypersensitivity is a clinical condition that affects a large part of the population. There is some research on desensitizing agents in the literature, and low-intensity laser therapy has received much attention because dentists have found it easy to use, it provides comfort to patients, and satisfactory results. In this article a case report is related on the use of low-level laser therapy (GaAlAs) to treat a volunteer patient. The laser treatment protocol was standardized and applied as follows: Protocol 1 - the first laser application: two sessions with an interval of seven days between them; Protocol 2 - second laser application (after 12 months of Protocol 1): two sessions with an interval of seven days between them, and Protocol 3 - third laser application (after 18 months of Protocol 1): only one session was held. From the results, a reduction in pain was observed in 82.14% of the teeth after Protocol 1; 35.78% after Protocol 2 and 57.14% after Protocol 3, and the percentage of teeth with no initial sensitivity increased as from the second Protocol. Lack of sensitivity before the application of laser was also observed in 10.71% of the teeth (Protocol 1) and 39.28% of the remaining teeth (Protocols 2 and 3). Thus, laser can be considered a treatment that is easily implemented and is immediately effective. Keywords: Dentin sensitivity. Laser therapy, Low-Level.

INTRODUÇÃO

I

Acadêmica. Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). II Professor Assistente. Departamento de Odontologia (UEPG). III Professor Adjunto. Departamento de Odontologia (UEPG).

Hipersensibilidade dentinária identifica uma condição dentária distinta que é a resposta exacerbada a um estímulo1. A etiologia é multifatorial e a identificação deve ser feita a partir de um diagnóstico diferencial, já que existem outras situações clínicas que apresentam os mesmos sintomas da hipersensibilidade dentinária, tais como: fraturas coronárias, restaurações de-

feituosas, invaginações do esmalte, trauma oclusal e patologias pulpares2,3. Em todos os relatos dessa condição clínica odontológica, o tecido dentinário, contendo numerosos túbulos com seus processos odontoblásticos, é exposto ao meio bucal e submetido a um grande número de agentes irritantes, sendo que a resposta pode variar desde um pequeno desconforto à extrema dor4. De acordo com Grossman5, para que um

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tratamento de hipersensibilidade dentinária seja eficaz e seguro, o agente dessensibilizante deveria possuir algumas características ideais, como: não ser irritante à polpa, ser de fácil aplicação, ser bem tolerado pelo paciente, não provocar manchamento dental, ter custo acessível e promover efeito imediato e duradouro. Devido às constantes pesquisas e ao avanço tecnológico foi possível desenvolver um agente dessensibilizante que reúne tais características, o laser de baixa intensidade6. Já foi relatado que esse tipo de laser, quando aplicado clinicamente, apresenta efeito analgésico, antiinflamatório e bioestimulante7,8. Turner & Hode9 e Tam10 afirmaram que o tratamento com o laser de baixa intensidade provoca alterações na rede de transmissão nervosa dentro da polpa dental, ao invés de provocar alterações na superfície dentinária exposta. A laserterapia atua de duas formas: uma imediata e outra tardia. A forma imediata suprime o potencial das fibras nervosas nociceptoras pulpares e interrompe a condução do impulso nervoso de dor na fibra nervosa aferente. A forma tardia atua aumentando a atividade metabólica dos odontoblastos, que produzem rapidamente uma quantidade de dentina reparadora ou terciária, promovendo o selamento dos canalículos dentinários4. Em relação aos tipos de lasers utilizados no tratamento de hipersensibilidade dentinária, é possível dividi-los em dois grupos; os de baixa intensidade: lasers de Hélio-Neônio (He-Ne) e de Arseneto de Gálio e Alumínio (GaAlAs) e os de alta intensidade: lasers de Neodímio Ytrio Alumínio Granado (Nd:YAG) e de dióxido de carbono (CO2). Os lasers de baixa intensidade ou “soft lasers” atuam com baixo comprimento de onda e geram um aumento de temperatura inferior a 0,1º C. O baixo comprimento de onda estimula a circulação e a atividade celular, atua na bioestimulação devido ao aumento da produção de ATP mitocondrial e acarreta aumento do limiar de excitabilidade das terminações nervosas livres, que resulta em ação analgésica. O efeito analgésico ocorre ainda devido ao aumento de β-endorfina no líquido cefalorraquidiano. Outros efeitos, como:

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antiinflamatório, vascular, miorrelaxante e cicatrizante também têm sido atribuídos à aplicação de laser de baixa intensidade8,11. As investigações científicas têm mostrado que a terapia com laser de baixa potência possibilita um tratamento conservador, de aplicação rápida, segura e indolor, de baixo custo e bem aceito pelos pacientes. Dessa forma, é um tema atual na Odontologia e de grande interesse entre os clínicos. Frente ao exposto, torna-se imprescindível aprofundar os conhecimentos sobre o efeito do laser de baixa intensidade na sintomatologia dolorosa decorrente da hipersensibilidade dentinária. Sendo assim, o objetivo do presente trabalho é apresentar um caso clínico de aplicação da laserterapia no tratamento da hipersensibilidade dentinária. RELATO DE CASO

Paciente B.R.M.S., leucoderma, sexo masculino, 28 anos, procurou atendimento no Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR (UEPG/PR), com queixa de dor na região cervical dos dentes. Após a realização de anamnese, exame clínico e radiográfico foi diagnosticado que o paciente apresentava hipersensibilidade dentinária, rejeitando a possibilidade de qualquer outra condição clínica. O paciente autorizou sua participação na pesquisa por meio do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), permitindo, assim, a divulgação dos resultados obtidos após o tratamento. O tratamento da hipersensibilidade dentinária foi realizado utilizando laserterapia por meio do aparelho Whitening Lase II (DMC - São Carlos). Foi selecionado o laser de diodo de baixa intensidade GaAlAs (Arseneto de Gálio e Alumínio), na dose de 60 J/cm², comprimento de onda 808 nm, 100 mW de potência, durante 12 segundos por ponto de aplicação. O protocolo de tratamento por meio das aplicações de laser foi padronizado e executado por um único operador da seguinte maneira: Protocolo 1 - primeira aplicação do laser: duas sessões em um intervalo de sete dias entre as mesmas; Protocolo 2 - segunda aplicação do laser (após 12 meses do Protocolo 1): duas sessões em

um intervalo de sete dias entre as mesmas e Protocolo 3 - terceira aplicação do laser (após 18 meses do Protocolo 1): apenas uma sessão foi realizada. As aplicações foram realizadas de forma direta e perpendicular à cervical dos dentes, padronizando um ponto ao meio da cervical na face vestibular e outro no ápice do dente. Antes e após cada aplicação, a sensibilidade de dor em cada dente foi avaliada. Para essa avaliação foi utilizado teste objetivo com jatos de ar da seringa tríplice perpendicular à face vestibular dos dentes. Os jatos foram aplicados durante dois segundos a uma distância de um centímetro, padronizada com o uso de um posicionador confeccionado com canudo de plástico acoplado à seringa tríplice. Para a obtenção das respostas do paciente foi utilizada a escala analógica de dor EVN (Escala Visual Numérica) proposta por Plagmann12, que segundo Serrano13, caracteriza-se por uma linha de 10 centímetros de comprimento, onde as extremidades representam os limites. O paciente foi orientado a atribuir um valor numérico de 0 a 10, de acordo com a intensidade de resposta dolorosa. Os resultados obtidos após o tratamento da hipersensibilidade dentinária para o paciente objeto deste relato estão apresentados nas Figuras 1, 2, e 3. DISCUSSÃO

Este artigo avaliou um caso de hipersensibilidade dentinária utilizando um laser de baixa intensidade (GaAlAs), seguindo um protocolo de tratamento para a condição clínica apresentada. No Protocolo 1 de tratamento, apenas 10,71% dos dentes exibiram ausência de sensibilidade antes da aplicação do laser. Porém, já na primeira sessão com o laser foi possível notar diminuição significativa da sensibilidade dolorosa. Kimura et al.14 mencionaram a possibilidade de um efeito placebo, particularmente em pacientes que relataram imediata ausência de sensibilidade dentinária após o tratamento, já que normalmente é de se esperar um efeito gradual de melhora a cada visita. Na segunda sessão do Protocolo 1, 82,14% dos dentes apresentaram diminuição da dor, sendo que em 17,86% não houve

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Fig.1 - Sensibilidade de cada dente antes e após a aplicação do laser (Protocolo 1)

Fig. 2 - Sensibilidade de cada dente antes e após a aplicação do laser (Protocolo 2)

variação entre a sensibilidade antes e após a aplicação do laser. Além disso, 39,28% dos dentes não se apresentaram sensíveis (valor nulo) após o tratamento, sendo que 14,28% já não manifestaram sensibilidade antes da aplicação, a qual não foi alterada após a utilização do laser. Os resultados do presente trabalho estão de acordo com os do estudo de Vieira et al.15, que avaliaram 164 dentes de 30 pacientes com diagnóstico clínico de hipersensibilidade dentinária. Foram realizados três tipos de tratamentos: com laser GaAlAs,

com gel de oxalato e com gel placebo. Todos os tratamentos foram considerados eficazes, pois possibilitaram diminuição da hipersensibilidade dentinária, sendo que não houve diferença significativa entre os mesmos. Outra investigação16 verificou a efetividade do laser GaAlAs no tratamento da hipersensibilidade dentinária utilizando um grupo placebo como controle. Os autores concluíram que a laserterapia promoveu redução estatisticamente significativa da sensação dolorosa após cada uma das aplicações e em comparação do início com o

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final do tratamento. Ao avaliar diferentes agentes para o tratamento da hipersensibilidade, Corona et al.17 compararam o laser de baixa intensidade e a pasta de fluoreto de sódio 33%. Foi observado que ambos os tratamentos são eficazes na diminuição da sensibilidade dolorosa (após 120 horas). De maneira semelhante, no relato de um caso realizado por Almeida et al.18, a terapêutica com laser de baixa potência foi eficaz no tratamento de hipersensibilidade dentinária, pois houve redução acentuada do grau de sensibilidade após cada sessão. A literatura demonstra que o laser de baixa intensidade pode ser um tratamento com resultados satisfatórios na redução da sensibilidade dentinária, como observado também no presente estudo. Existem algumas vantagens em se utilizar a laserterapia para o tratamento da hipersensibilidade dentinária. Dababneh et al.19 afirmaram que o tratamento com laser é interessante devido a sua ação bioestimulante. Já foi relatado que é o único método de bioestimulação da polpa, levando-a a produzir dentina secundária intrínseca20. Outros autores3,21.citaram diversos efeitos favoráveis que podem ser alcançados com a aplicação do laser, como: aumento do número de leucócitos e da atividade fagocitária, estimulação da proliferação fibroblástica, estimulação do metabolismo celular, ação analgésica e antibacteriana. Além disso, já foi descrito que os lasers de baixa potência são resistentes a forças mecânicas e à irritação química22. Ladalardo et al.4 afirmaram que esse tipo de laser provoca satisfatórios níveis dessensibilizantes devido à supressão do potencial evocado das fibras nervosas e à morfologia da polpa de pacientes mais jovens. Com base nas considerações acima é que o laser foi selecionado como tratamento para a hipersensibilidade dentinária e mostrou resultados satisfatórios no caso apresentado. A seleção do protocolo de tratamento também foi importante para a obtenção dos resultados deste estudo. O protocolo foi realizado três vezes, sendo que a aplicação do mesmo após 12 e 18 meses teve como objetivo observar o possível efeito tardio da laserterapia. De maneira

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Fig. 3 - Sensibilidade de cada dente antes e após a aplicação do laser (Protocolo 3)

semelhante, Ladalardo et al.2 irradiaram dentes com hipersensibilidade dentinária utilizando um laser e reavaliaram a medição da sensibilidade após 15, 30 e 60 dias, com a mesma finalidade descrita neste relato de caso. O Protocolo 2, aplicado 12 meses após o Protocolo 1 foi composto por duas sessões de irradiação pelo laser com intervalo de sete dias entre cada uma. O paciente relatou que 42,85% dos dentes não apresentaram sensibilidade dentinária antes da aplicação do laser. Após a primeira sessão, houve diminuição da sensação dolorosa em 60,71% dos dentes, sendo que 21,42% não manifestaram sensibilidade (valor nulo) após a aplicação. Em 32,14% dos elementos dentais não houve variação na sensibilidade, enquanto que houve um aumento na sensibilidade de 7,14% dos dentes após a irradiação com laser. Previamente à segunda sessão, 39,28% dos dentes não apresentaram sensibilidade, enquanto que em 35,78% dos remanescentes houve diminuição da sensação dolorosa, sendo que 50,00% não demonstraram variação da sensibilidade antes e após a irradiação com laser. Entretanto, em 7,14% dos elementos dentais ainda houve aumento da sensibilidade dolorosa ao término do Protocolo 2. O Protocolo 3, aplicado 18 meses após o Protocolo 1, foi composto por uma sessão de irradiação pelo laser. Ao

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submeter o paciente aos testes objetivos com jato de ar previamente à aplicação do laser, foi observado que 39,28% dos dentes demonstraram ausência de sensibilidade. Takeda10 testou a sensibilidade dentinária por meio de testes objetivos utilizando sonda exploradora e jatos de ar, concluindo que o último determinou os maiores valores de sensibilidade dolorosa. Por isso o jato de ar foi a ferramenta de eleição para este caso clínico. Após os 18 meses e a aplicação da laserterapia ainda foi observada ausência de sensibilidade em 35,71% dos elementos dentais. Houve diminuição da sensibilidade em 57,14% dos dentes, enquanto que em 7,14% o aumento ainda persistiu. Não houve variação da sensibilidade dentinária para 35,71% dos remanescentes. Pela análise dos protocolos, foi observado que todas as aplicações com laser promoveram diminuição significativa da sensibilidade inicial quando comparada à observada imediatamente após a aplicação do laser. A porcentagem de dentes com ausência de sensibilidade inicial aumentou a partir do Protocolo 2. Entretanto, após a segunda sessão de irradiação do Protocolo 2 foi possível notar uma recidiva da sensibilidade dolorosa, sendo que 50,00% dos dentes mostraram ausência de sensibilidade antes da aplicação do laser. Após o Protocolo 3, 39,28% dos elementos não apresentaram

sensibilidade anteriormente a irradiação pelo laser. Uma provável explicação para alguns dentes apresentarem maior sensibilidade após a laserterapia do que antes é o fato da dificuldade de converter dados subjetivos em objetivos18. Comparando os resultados do Protocolo 1 com os do Protocolo 3, observou-se que ao final do tratamento, o paciente relatou que a intensidade dolorosa para cada dente diminuiu. Também foi possível notar que a quantidade de dentes com ausência de sensibilidade foi maior do que a encontrada no início do tratamento. Destaca-se, pois, a manutenção da ausência de sensibilidade por períodos de tempo, tendo como possível resultado o efeito tardio do laser. Segundo Almeida et al.18 este efeito tardio é consequência do aumento da atividade metabólica do odontoblasto, que produz dentina terciária e causa o selamento dos canalículos, eliminando a circulação do fluido dentinário e promovendo analgesia de longa duração. Porém, o efeito tardio não foi avaliado por este estudo. A avaliação a longo prazo da eficácia de tratamentos com laseres precisa ser realizado para conhecer a longevidade de seu efeito. A recorrência da hipersensibilidade dentinária é possível e é deve ser avaliado em pesquisas clínicas3. Apesar das diferentes metodologias encontradas na literatura, os resultados do presente caso clínico estão em concordância com aqueles obtidos previamente por outros autores (Renton-Harper & Midda11 , Kimura et al.14; Sicilia et al.23; Wollman & Nicolau24). Este fato pode confirmar a eficácia da laserterapia no tratamento da hipersensibilidade dentinária. CONCLUSÃO

Dentro das limitações deste relato de caso, concluiu-se que a laserterapia proporcionou resultado satisfatório apresentando-se como um tratamento de fácil execução e de efeito imediato. Apesar da resposta do paciente frente aos estímulos ser subjetiva, foi possível observar o efeito imediato na diminuição da sensibilidade dolorosa, assim como a possibilidade do efeito tardio. Entretanto, outras investigações devem

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ser realizadas para comprovar histologicamente os resultados verificados de maneira subjetiva por este relato. REFERÊNCIAS 1. Curro FA. Tooth hypersensitivity in the spectrum of pain. Dent Clin North Am. 1990; Jul;34 (3):429-37. 2. Ladalardo TCCGP, Pinheiro ALB, Campos RAC, Brugnera Junior A, Zanin FAA, Weckx LLM et al. Laser Therapy in the Treatment of Dentine Hypersensitivity. Braz Dent J. 2004; 15(2):144-50. 3. Orhan K, Aksoy U, Can-Karabulut DCK, Kalender A. Low-level laser therapy of dentin hypersensitivity: a short-term clinical trial. Lasers Med Sci. 2010, Jun 30. 4. Wichgers L, Emert R. Dentin hypersensitivity. Gen Dent. 1996 May/Jun; 44 (3): 225-30. 5. Grossman LIA. Systematic method for the treatment of hypersensitive dentin. J Am Dental Assoc. 1935; 22: 592-602. 6. Lizarelli RFZ, Mazzetto MO. Análise comparativa de três diferentes tipos de tratamento para a hipersensibilidade dentinária. JBC. 2001; 2: 433-7. 7. Kimura Y, Wilder-Smith P, Yonaga K, Matsumoto K. Treatment of dentine hypersensitivity by lasers: a review. J Clin Periodontol. 2000 Dec; 27(10): 715-21. 8. Takeda Y. Irradiation effect of low energy laser in alveolar one after tooth extraction in rats. J Oral Maxillofac Surg. 1988 Dec; 17(6): 388-91. 9. Tuner J, Hode L. Low Level Laser Therapy. Clinical practice and scientific background. Sweden, AB: Prima Books; 1999.

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Data de recebimento: 26/08/2010 Data de aceite: 14/02/2011 Endereço para correspondência: Profa. Adriana Postiglione Bührer Samra Email: adrianasamra@bol.com.br

Witek, Jéssica Elaine et al. Laser de baixa intensidade no tratamento da hipersensibilidade dentinária - Relato de caso


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Relato de caso

Overdenture: implantando sorrisos em projeto de extensão - Relato de caso Overdenture: deploying smiles at extension project - Case report Fernando Luiz Tavares VieiraI Alexandre Batista Lopes do NascimentoII Silvana Orestes CardosoIII Hilcia Mezzalira TeixeiraIV Mirella Emerenciano Massa LimaV

RESUMO Devido a fatores econômicos, sociais e culturais, as pessoas ao longo do tempo perdem seus dentes ainda jovens, e boa parte dessas pessoas já foi submetida à terapia com dentaduras. Porém, outras sequer tiveram condições de acessar esta alternativa terapêutica. Ao longo dos anos, os processos alveolares (especialmente os inferiores) sofreram reabsorção e, hoje, essas pessoas, já na terceira idade, não dispõem de estrutura óssea capaz de promover estabilidade às suas próteses (quando as possuem), ficando, consequentemente, prejudicadas em sua função mas tigatória, em sua fonação, e em seu convívio social pela impossibilidade de uso da dentadura inferior, causando-lhe prejuízo estético e, muitas vezes, psicológico em razão da baixa autoestima, além de exigirem um trabalho maior do aparelho digestivo no tratamento do bolo alimentar ingerido sem a adequada mastigação. Os projetos de extensão universitária representam, na essência do termo, a projeção que a instituição de forma geral e os componentes desta, de forma individual, estabelecem com o meio social onde estão inseridos, instaurando um ciclo de retroalimentação, teoricamente positivo, que justificaria a existência da Universidade na sociedade. Não se conceitua a Universidade que não exerce o seu papel transformador dentro da sociedade O presente trabalho objetiva mostrar através de apresentação de um caso clínico de overdenture sobreimplantes, a importância dos projetos de extensão envolvendo parcerias institucionais na melhoria da qualidade de vida da população. Palavras-chave: Implantes dentários. Prótese total, motivação. ABSTRACT Due to various factors, including the economic, social and cultural perspective, many people ended up losing their teeth at a young age and good parts of these people underwent therapy with dentures. Others were even able to access this alternative therapy. Over the years, the alveolar processes (especially the lower) showed resorption and now these people, because the elderly do not have the bone structure that promotes stability of their prostheses (when have one), being thus hindered in its function mastication, in his speech and in their social life by the impossibility of using the lower denture, causing disfigurement and psychological often because of low self-esteem, and require a greater work of the digestive tract in the treatment of swallowed bolus without proper chewing.The university extension projects represent the essence of the term, the projection that the institution in general and components that, individually, lay with the social environment where they fit, introducing a feedback loop, positive theory, would justify the existence University of society. Not that conceptualizes the University shall not exercise its transformative role in society This paper aims to show through the presentation of a clinical case of overdenture implant the importance of the extension projects involving institutional partnerships to improve the quality of life. Keywords: Dental implants. Denture, motivation.

INTRODUÇÃO

I

Professor Adjunto II do Departamento de Prótese e Cirurgia Buco-Facial da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). II Professor Adjunto II do Departamento de Prótese e Cirurgia Buco-Facial (UFPE). III Professora Adjunto IV do Departamento de Prótese e Cirurgia Buco-Facial (UFPE). IV Professora Adjunto II do Departamento de Prótese e Cirurgia Buco-Facial (UFPE). V Professora Adjunto I do Departamento de Prótese e Cirurgia Buco-Facial (UFPE).

Nos dias atuais, existe uma tentativa de se criar um novo modelo de atenção básica em Odontologia, com um novo modelo de ensino, uma mudança na grade curricular do curso de graduação, porém, as lutas internas entre as forças geradoras do conhecimento universitário impedem, na maioria das vezes, estratégias transformadoras eficientes porque a base do conhecimento odontológico continua a ser a transmissão da verdade

Vieira, Fernando Luiz Tavares et al. Overdenture: implantando sorrisos em projeto de extensão - Relato de caso

profissional, gerada dentro da sala de aula isoladamente, e não da interrelação entre a sala de aula e a sociedade.1 Os projetos de extensão, quando bem aplicados, serão a retroalimentação que o curso de Odontologia terá para confirmar se os avanços técnicos desenvolvidos dentro dos projetos de pesquisas elaborados nas suas salas poderão trazer mudanças numa comunidade que deixa de ser meio de ensino para se transformar no objetivo da existência


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do curso e assim usufruir dos resultados de projetos que deixam de ser sectários, fragmentados e estéreis para se tornarem integrais e efetivos.1 A colocação de implantes osseointegráveis na mandíbula, com posterior confecção de sobredentaduras (overdentures), foi o objetivo maior do projeto de extensão denominado “Implante o seu Sorriso” que reabilitou 23 pacientes nas funções mastigatória e de fonação que se achavam prejudicados pela falta de estabilidade das suas próteses totais inferiores, oportunizando-lhes uma elevação da autoestima, favorecendo um melhor convício social e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida. O projeto foi realizado em parceria com o Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI) da UFPE e a Clínica de Prótese da UFPE que selecionaram os pacientes, e a Sociedade dos Cirurgiões-Dentistas de Pernambuco – Associação Brasileira de Odontologia Seção Pernambuco, através da sua Escola de Aperfeiçoamento Profissional, em seus cursos de Especialização em Implantodontia e Aperfeiçoamento em Prótese Sobreimplantes, onde foram realizados os tempos cirúrgicos e protéticos necessários. O projeto contemplou inicialmente 24 pacientes, tendo sido atendidos efetivamente 23, dois a cada mês. O presente projeto teve o seu piloto desenvolvido e executado pela Universidade Metropolitana de Santos – Campus Bandeirantes I, II e III, sob a coordenação dos professores Luiz Fernando Martins André, Arnaldo Massote e José Marcio B. L. Amaral. A Odontologia caminha a passos largos acompanhando a modernidade dos tempos, desenvolvendo e aperfeiçoando materiais e técnicas que objetivam a prevenção, manutenção e restabelecimento da saúde bucal da população. A perda dos elementos dentários através da “terapia” mutiladora da exodontia foi durante muitos anos a conduta clínica de eleição, especialmente nos ambulatórios dos serviços públicos municipais, estaduais e federais, deixando um saldo enorme de pacientes total e parcialmente desdentados. A insatisfação do tratamento com pró-

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teses totais convencionais nos pacientes edêntulos tem sido uma questão constante. Por exemplo, um levantamento em pacientes mais velhos mostrou que 66% estavam insatisfeitos com suas próteses. As principais razões para a insatisfação foram desconforto, pouca adaptação, retenção e, especialmente, a sensibilidade à palpação e dor embaixo da prótese mandibular, a qual pode causar muito mais problemas que as próteses totais na maxila.2 Diante de um edentulismo completo, a colocação de implantes permite a melhora significativa das condições de estabilidade e retenção dessas dentaduras.3 Hoje vivemos uma época onde a longevidade do ser humano vem aumentando, e, por conseguinte, a necessidade de manutenção dos dentes, contando com mecanismos preventivos: se todos os esforços para manutenção das raízes falharem, a bioengenharia se encarrega de recolocar essas raízes (agora artificiais), com roscas sobre um corpo metálico de titânio, que representam os implantes osseointegrados.3 O cuidado com a saúde por parte da população, a autoestima, a imagem pessoal, o aumento da idade média de vida e a educação odontológica são fatores que nos últimos anos causaram um aumento da demanda da assistência à prótese dentária. Por outro lado, a prótese especializada alcançou altos níveis de precisão, funcionalidade, beleza, comodidade, preferência, sofisticação, etc., colocados a serviço dos pacientes. Mas, sem dúvida, a contribuição mais significativa foi da Implantodontia ao permitir o desenvolvimento da prótese implantossuportada que revolucionou os tratamentos de reabilitação.4 Como tecido receptor do implante, o osso deve apresentar duas características essenciais: qualidade e quantidade ósseas. A qualidade óssea é relativa ao osso ser saudável e apresentar densidade. Ser saudável significa não ser portador de qualquer alteração morfológica que comprometa sua resistência, nem de processos infecciosos agudos disseminados pelos espaços trabeculares e ter densidade que possa auxiliar na estabilidade inicial do implante. É imprescindível, ainda, considerar o histórico

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de enfermidades periodontais graves no paciente que se submeterá à instalação de implantes. A ação fibrinolítica bacteriana retarda consideravelmente a recuperação da região e, nessa condição, o tecido ósseo requer um período maior para a sua reorganização. Sugere-se aguardar pelo menos 180 dias, depois de debelada a infecção, para instalar os implantes.5 Os dentistas e os pacientes estão mais conscientes dos problemas associados a uma prótese total mandibular, do que a outras próteses dentárias. A inserção de implante para suporte, contenção e/ou estabilização de uma sobredentadura contribui para um ambiente mais favorável para a reabilitação. Esta modalidade de tratamento também é ideal para iniciar uma curva de aprendizados em Implantodontia. Há uma margem de segurança, na posição do implante ou na confecção da prótese, em uma sobredentadura mandibular implantossuportada. Por este motivo, um dos mais benéficos tratamentos oferecidos ao paciente é também a melhor iniciação para um cirurgião-dentista na disciplina de Implantodontia.6 Sobredentaduras removíveis normalmente permitem a colocação de um número menor de implantes, como dois implantes colocados com ou sem barra de ligação. A prótese total normalmente é apoiada no implante e no tecido.7 A posição mais favorável do implante para o tratamento protético deve ser avaliada pré-operatoriamente. Assim, quando do planejamento pré-cirúrgico, já se deve ter uma idéia do sistema de retenção a ser utilizado. Os sistemas de retenção mais utilizados são o Sistema Barra-clip e o Sistema O’ring.8 O planejamento inicial, realizado mediante a obtenção dos dados oriundos da anamnese, exame clínico e exames complementares, é o primeiro passo para a realização de uma cirurgia implantodôntica tranquila e precisa. Pela análise cuidadosa dos dados de anamnese, boa parte das intercorrências cirúrgicas pode ser evitada, principalmente aquelas decorrentes de complicações sistêmicas. O exame clínico, associado aos exames complementares permite ao cirurgião-dentista prever a conformação dos tecidos sobre os quais irá

Vieira, Fernando Luiz Tavares et al. Overdenture: implantando sorrisos em projeto de extensão - Relato de caso


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Fig.1 - Perfurações realizadas para instalação dos implantes.

Fig. 2 - Instalação dos implantes.

Fig. 3 - Implantes instalados com parafusos de cobertura.

atuar, permitindo o planejamento cirúrgico específico, qual seja, a seleção dos implantes a serem empregados e as técnicas de abordagem dos tecidos moles e duros.9 RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino com 60 anos de idade, sem condições econômicas pessoais favoráveis, compareceu ao Núcleo de Atenção ao Idoso da Universidade Federal de Pernambuco com vistas a se habilitar e participar do Projeto de Extensão Implante o seu Sorriso, com queixas de falta de estabilidade em sua prótese total inferior, o que dificultava o seu trabalho mastigatório e prejudicava o seu convívio social. Na dinâmica estabelecida para o projeto de extensão, todos os pacientes interessados em participar foram convidados para uma Oficina de Motivação, na qual tomavam ci-

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Fig. 4 - Reabertura após 03 meses.

Fig. 5 - Cicatrizadores instalados.

ência previamente dos procedimentos a que seriam submetidos e, uma vez concordando, assinavam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Ao exame clínico, constatou-se a deficiência do rebordo alveolar inferior. Enquadrada no perfil pré-estabelecido ao projeto de extensão, inclusive no contexto socioeconômico, foram solicitados os seus exames tomográficos e laboratoriais, os quais foram realizados na clínica radiográfica– Radioface e no Laboratório de Análises do Hospital das Clínicas da UFPE. Com os resultados dos exames considerando-a apta aos procedimentos, foram solicitados à empresa Neodent os implantes, e assim agendada a cirurgia que transcorreu de acordo com os passos adiante descritos: Uma vez anestesiada a paciente foi realizada a incisão, descolamento do retalho e realização das perfurações de acordo com o estudo tomográfico (Figura 1). Em seguida, com o montador específico foram inseridos os implantes Titamax Ti – Neodent nas lojas ósseas (Figura 2). O passo seguinte, após a instalação, se deu a colocação dos parafusos tapa implantes (Figura 3), e foram realizadas as suturas. Conforme estabelece o protocolo, três meses após foram realizadas as reaberturas para início da fase protética (Figura 4) para colocação dos parafusos de cicatrização (Figura 5). Após 15 dias, os parafusos de cicatrização foram removidos (Figura 6) para instalação dos artifícios de retenção, attachment minibola e O’ring - Neodent (Figura 7), na boca do paciente (Figura 8). Uma vez instalado o attachment minibola na boca do paciente foi realizada a captura do O’ring com a prótese (Figura 9). Com a instalação dos artifícios de re-

tenção observa-se a estabilidade da prótese da paciente e como consequência natural constatou-se a sua satisfação (Figura 10).

Vieira, Fernando Luiz Tavares et al. Overdenture: implantando sorrisos em projeto de extensão - Relato de caso

DISCUSSÃO

A terapia negligente da exodontia, muito praticada no passado, deixou sequelas consideráveis de edentulismo em vasto segmento da população, sobretudo nos indivíduos maiores de 60 anos de idade.4 Todos os autores referenciados são unânimes em afirmar que o edentulismo, associado ao uso prolongado de próteses totais, muitas vezes mal adaptadas, levam à aceleração da perda óssea alveolar, obrigando muitas vezes os pacientes a recorrerem às alternativas reabilitadoras com o uso de implantes osseointegráveis.5,7 Valorizar e incentivar os Projetos de Extensão e as práticas extensionistas para a prestação de serviços às comunidades mais carentes é uma forma de aproximar a universidade da população e justificar todos os investimentos nela realizados através dos recursos oriundos dos impostos arrecadados da sociedade.1 CONCLUSÃO

O aumento da expectativa de vida da população tem motivado os profissionais da Odontologia a recorrerem com sucesso aos implantes osseointegráveis com o objetivo de reabilitarem seus pacientes mutilados no passado, proporcionando-lhes uma considerável melhoria da qualidade de vida. Os projetos de extensão desenvolvidos nos Cursos de Odontologia têm permitido uma maior acessibilidade à população mais carente a modalidades de tratamento mais sofisticadas, antes permitidas apenas aos segmentos mais favorecidos, sobretudo quando as parcerias institucionais se estabelecem,


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Fig. 6 - Aspecto após cicatrização.

Fig. 8 - Artifício de retenção attachment mini bola – Neodent instalado.

Fig. 7 - Artifícios de retenção attachment mini bola e o’ring Neodent.

Fig. 9 - Artifício de retenção o’ring instalado na prótese total inferior.

Fig. 10 - Aspecto final da satisfação da paciente com o tratamento.

a exemplo das realizadas no presente caso.

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AGRADECIMENTOS

Mister se faz agradecer a todos os parceiros que nos ajudaram a levar adiante este projeto que só benefícios tem trazido à população menos favorecida: Núcleo de Atenção ao idoso da Universidade Federal de Pernambuco (NAI) As empresas Neodent, Dentsply, Vigodent, Labordental, SDI, Biodinâmica, Marcas de Qualidade, VIPI, FGM, 3M, Vigodent, SS White, Hospital das Clínicas da UFPE, Radioface, Laboratório do TPD Everaldo Patrício da Silva e Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Sociedade dos Cirurgiões-Dentistas de Pernambuco – Associação Brasileira de Odontologia – Seção Pernambuco.

Data de recebimento: 15/02/2011 Data de aceite para publicação: 01/03/2011 Endereço para correspondência: Prof. Dr. Fernando Luiz Tavares Vieira Email: ftodontlogia@bol.com.br

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Artigo original

Análise do sorriso como ferramenta de aprimoramento para o resultado dos tratamentos restauradores estéticos Smile analysis as an improving tool to the cosmetic restorative treatment

Caroline de Deus Tupinambá RodriguesI Lorena Pereira EvangelistaII Juliana Nolêto CostaIII Raimundo Rosendo Prado JúniorIV Marcelo Ferrarezi de AndradeV

RESUMO Em resposta à avidez por tratamentos estéticos nos consultórios odontológicos, os cirurgiões-dentistas têm tido que se aperfeiçoar para produzir os sorrisos almejados. O domínio de utilização de técnicas restauradoras e não restauradoras, como também o conhecimento dos materiais estéticos, é fundamental para o sucesso dos tratamentos cosméticos. Existem, porém, outras ferramentas que permitem a potencialização dos resultados dos tratamentos como, por exemplo, a análise do sorriso. O presente artigo tem como objetivo a apresentação de um caso clínico em que foi realizada análise do sorriso, através da utilização de fotografias, visando a aprimorar os resultados dos procedimentos restauradores e não restauradores. Palavras-chave: Sorriso. Estética dental. Qualidade da assistência à saúde. ABSTRACT In reply to the eagerness for aesthetic treatments in dental offices, the surgeon-dentist have had to improve themselves to produce the desired smiles. The mastery in the use of restoring and non restoring techniques as well as knowledge of the aesthetic materials in basic for the success of the cosmetic treatments. There are, however, other tolls which allow the potentiality of the treatment results such as, the analysis of the smile, through the use of photographs to perfect the results of both restoring and non restoring proceedings. Keywords: Smiling. Esthetics, dental. Quality of health care. INTRODUÇÃO

I II III IV V

Doutora em Dentística Restauradora da Universidade Estadual Paulista (UnespAraraquara). Especialista em Dentística Restauradora pela Associação Brasileira de Odontologia - ABO/PI. Especialista em Dentística Restauradora ABO/PI. Professor Associado da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Professor Livre Docente - Unesp-Araraquara.

O aumento da procura por tratamentos estéticos nos consultórios odontológicos tem elevado o interesse de apro fundamento dos cirurgiões-dentistas pela área Estética3,6,11. Em resposta à atual demanda têm sido realizados congressos, jornadas e cursos (especialização e aperfeiçoamento) destinados a esta área em ascendência, que englobam as diversas especialidades e que visam à atualização e capacitação dos cirurgiões-dentistas às exigências de mercado. Atualmente, os novos materiais e técnicas oferecem tratamentos mais estéticos, com reprodução mimética das estruturas dentais e com características de refração de luz, fluorescência e opalescência próximas às estruturas dentais5,6,10,16. Conjugados ao desenvolvimento de materiais, houve um amadurecimento de técnicas restauradoras diretas e indiretas e o aumento da divulgação de técnicas não restauradoras (ex.: clareamento dental e microabrasão

do esmalte), que ampliaram o leque de alternativas dos tratamentos estéticos, sendo possível a resolução de problemas estéticos com resultados mais seguros e eficazes. Todavia, apenas o uso e aplicação de difere ntes técnicas restauradoras e não restauradoras e de diferentes materiais não necessariamente assegura os melhores resultados estéticos. Há que se fazer um apropriado planejamento e análise estética do objeto de trabalho: o sorriso. O sorriso é um elemento que faz parte de um conjunto maior que é a face 9,12. Vários trabalhos demonstram a influência do sorriso na atratividade facial3, 17, fato que comprova a interrelação e ressalta a importância de harmonia e equilíbrio entre as estruturas. Uma análise pormenorizada do sorriso nos âmbitos facial, dentofacial e dental, através da utilização de referências, princípios e normas estéticas, tem sido proposta com intuito de obter harmonia entre a composição facial e a composição do sorriso ao final dos tratamentos estéticos,

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Fig. 3 - Análise dos longos eixos dentais, em âmbito dentofacial.

Fig. 5 - Preparo de coroa do dente 22 realizado.

Fig. 4 - Avaliação em âmbito dentofacial da arquitetura gengival e da consonância entre as linhas dos pontos de contato das bordas incisais e do lábio inferior.

Fig. 6 - Clareamento de consultório com Lase Peroxide Sensy (DMC).

Dentística da ABO/PI em decorrência de descontentamento com a aparência do sorriso, apresentando, como queixa principal, o tamanho e a forma do elemento 22, além da cor amarelada dos demais elementos dentais (Figura 1). No exame clínico foi diagnosticada a ausência do elemento 12, encontrando-se reposicionado, neste local, o elemento 13; a coroa do elemento 22 tinha forma que lembrava um canino, e, por fim, havia um leve desalinhamento vestíbulo-lingual entre os elementos 13, 11, 21 e 22. Durante a anamnese, a paciente relatou que já havia realizado tratamento ortodôntico e não queria realizá-lo novamente, caso fosse necessário para correção do leve desalinhamento e posicionamento dos elementos dentais.

Neste caso clínico, alguns princípios estéticos que foram seguidos durante a análise do sorriso merecem destaque: - Unidade: é a ordenação de partes da composição do sorriso para oferecer um efeito individual de conjunto9,10. A quebra de unidade prejudicaria a aparência do sorriso; - Simetria: refere-se à simetria entre os dentes do lado direito e lado esquerdo9,10. Sorrisos mais simétricos são mais atraentes; - Equilíbrio: estabilização entre as forças segregativas (elementos do sorriso que proporcionam variedade) e forças coesivas (elementos que promovem unidade)9,10,15. Em um sorriso harmonioso, o equilíbrio entre estas forças é essencial, sendo prejudicial para a percepção estética, a predominância ou exclusividade de um dos tipos de força. As estruturas faciais devem estar em harmonia com os elementos do sorriso. Linhas imaginárias traçadas em determinadas referências permitem avaliar o relacionamento entre o sorriso e a face1-2,10.

Fig. 1 - Visão facial inicial da paciente.

Fig. 2 - Análise do sorriso em âmbito facial. Linhas de referências utilizadas: linha média facial (1), linha interpupilar (2), linha do lábio superior (3), linha intercomissural (4), linha média dental (5) e linha da borda incisal (6).

e com isso alcançar um aprimoramento nos resultados dos tratamentos estéticos1,2,4,8-13. Neste sentido, no presente trabalho, apresenta-se um caso clínico em que foi realizada a análise do sorriso visando ao aperfeiçoamento dos resultados de tratamentos estéticos. RELATO DO CASO

Exame clínico Um paciente, 27 anos, gênero feminino, procurou o curso de especialização de

Análise do sorriso Para realização da análise do sorriso foram tiradas fotografias nos âmbito facial e dentofacial. Para tomada das fotografias, o paciente foi orientado a sentar-se em posição natural da cabeça para que fosse possível o adequado diagnóstico 10.

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e, ainda, uma desarmonia na arquitetura gengival entre os lados simétricos do sorriso1,2,4,8-13 (Figura 4). Foi verificada, também, uma não consonância entre as linhas dos pontos de contatos, das bordas incisais e do lábio inferior (Figura 4).

Fig. 7 - Visão do sorriso, após cimentação da coroa de Empress II do elemento 22.

Fig. 10 - Aspecto final após tratamento estético.

Fig. 8 - Realizando preparo no dente 13, para posterior realização da restauração de resina composta.

Fig. 9 - Após o término das restaurações.

O paralelismo entre as linhas é a relação mais harmoniosa entre duas linhas1-2,10. E a perpendicularidade entre as linhas é a relação que permite o maior contraste1-2,10. Dentre as principais linhas que devem ser traçadas para avaliação estética do sorriso, podemos citar: linha média facial, linha interpupilar, linha ofríaca, linha do lábio superior, linha intercomissural, linha do plano incisal. O paralelismo entre as linhas interpupilar, ofríaca, do lábio superior, do plano incisal e intercomissural é desejável para uma composição agradável 1-2,10,15. A perpendicularidade entre a linha média, localizada idealmen-

te central à face, e as demais linhas de referências citadas conferem contraste e atratividade ao sorriso1-2,10,15. Em âmbito dentofacial, a arquitetura gengival apresenta influência na estética do sorriso. Idealmente, além da saúde gengival, essencial para o início do tratamento restaurador, a altura do rebordo gengival do incisivo lateral deve encontrar-se levemente abaixo ou, no máximo, ao nível de uma linha traçada entre as alturas do rebordo gengival dos incisivos centrais superiores e do canino2,10,15. A inclinação dos longos eixos dentais deve apresentar uma leve e crescente convergência, dos incisivos centrais em direção aos caninos, em relação à linha média 2,9-10,15. Outra norma que não pode ser esquecida é a consonância entre as seguintes linhas imaginárias traçadas: do lábio inferior, dos contatos e das bordas incisais dos dentes ântero-superiores2,9-10,15. A análise do sorriso da paciente, no enquadramento fotográfico facial, revelou ausência de paralelismo entre a linha da borda incisal e as linhas interpupilar, intercomissural e linha do lábio superior (Figura 2), além da presença de pequeno desvio e angulação da linha média dental em relação à linha média da face (Figura 2); no enquadramento fotográfico dentofacial, percebeu-se a presença de inclinações não simétricas nos longos eixos dentais dos lados opostos do sorriso (Figura 3)

Realização do plano de tratamento Após autorização do paciente, como etapa inicial, foi realizada a cirurgia de aumento de coroa clínica do elemento 22, onde, a coroa antiga foi substituída por uma coroa provisória de resina acrílica. Na segunda sessão, foram realizados o preparo de coroa do dente 22 (Figura 5) e o reembasamento do provisório. O preparo foi realizado usando ponta diamantada 4138 (KG Sorensen), para desgaste das regiões vestibular, incisal e término palatino, e a ponta diamantada 3168 (KG Sorensen) para redução da região de bossa palatina. Ainda na mesma sessão clínica, foi realizada a primeira sessão de clareamento pela técnica imediata (Figura 6) com Lase Peroxide Sensy (DMC), em que foi utilizado isolamento com barreira gengival do próprio kit, mediante adequada proteção dos tecidos moles e uso de óculos protetores para os pacientes e operadores, segundo as instruções do fabricante. Nesta sessão, realizaram-se duas aplicações do agente clareador, que foi ativado pelo Whitening Lase Plus (DMC). Posteriormente, foram realizadas mais duas sessões de clareamento seguindo o mesmo protocolo clínico. Após o estabelecimento e estabilização da cor almejada pela paciente, em sessão posterior foi feita a escolha de cor do elemento 22 com auxílio de escala de cor. Em seguida, foi realizada a moldagem do preparo com silicona de condensação pesada e leve e depois enviada para laboratório. Na realização da moldagem foi utilizado, para o afastamento dos tecidos periodontais, o fio afastador (Ultrapack, Ultradent) número 00, que foi removido, para a simultânea inoculação do material de moldagem leve, e sobreposto, em posterior etapa, pela silicona pesada, segundo a técnica de moldagem de dupla mistura em dois passos 16. Na sessão seguinte foram checados

Rodrigues, Caroline de Deus Tupinambá et al. Análise do sorriso como ferramenta de aprimoramento para o resultado dos tratamentos restauradores estéticos


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o selamento e a adaptação do coping de Empress II, sendo este, após confirmação, reenviado para o laboratório, a fim de ser feito o recobrimento com a porcelana de cobertura. Com a peça definitiva em mãos, foi realizada a cimentação da coroa de Empress II, sob isolamento relativo, de acordo com o seguinte protocolo: condicionamento com ácido fluorídrico a 10%, por 40 segundos, da coroa e condicionamento do dente com ácido fosfórico a 35% (Scotchond etchant gel, 3M ESPE), por 15 segundos; em seguida fizeram-se a lavagem e secagem do dente e coroa, e a aplicação de silano na peça, de acordo com as instruções do fabricante; finalmente, para cimentação, usou-se o cimento resinoso fill magic dual cement (Vigodent) e adesivo Prime & Bond NT (Dentisply), associado ao seu agente self cure, seguindo as instruções dos produtos para a aplicação na peça e no elemento dental (Figura 7). Na penúltima sessão, foram realizadas as restaurações dos dentes para reanotomização do elemento 13 e melhor posicionamento do elemento 11. Na análise da cor dos dentes, foram selecionadas as cores E-Bleach M e D-Bleach para dentes clareados da resina Opallis (FGM). Em seguida, sob isolamento absoluto, realizou-se preparo de faceta no canino (13) e, no elemento 11, promoveu-se leve desgaste da vestibular, em que seria acrescentada a restauração (Figura 8). O condicionamento com ácido fosfórico a 35% (Scotchond etchant gel, 3M ESPE) por 30 segundos, seguido de lavagem e secagem, e aplicação de sistema adesivo (Primer & Bond NT, Dentisply), que, de acordo com as normas do fabricante, foi realizado em ambos os dentes. Em sequência, no elemento 13, iniciou-se a aplicação de uma fina camada da resina D-Bleach, para simular a cor de dentina, que foi acrescentada deixando, em média, 0,5 a 1 mm de espessura, para que fosse preenchida com a camada correspondente à resina E-Bleach M, respectiva ao esmalte. As resinas foram aplicadas com uma espátula e espalhadas com um pincel, minimizando a necessidade de acabamento e evitando a formação de bolhas. Todos os

incrementos foram polimerizados por 40 segundos, seguidos por uma polimerização final complementar de 60s por vestibular. A mesma sequência restauradora foi seguida na realização da restauração do elemento 11 (Figura 9). Removeram-se os excessos mais grosseiros de ambas as restaurações com lâmina de bisturi número 12 e discos de lixa de maior granulação (Sof-lex 3M ESPE). Na ultima sessão clínica, deu-se continuação à fase de acabamento e polimento com os dois últimos discos de lixa de menor granulação (Sof-lex 3M ESPE) e posterior polimento com disco de feltro e pasta de polimento (Diamond R, FGM) na superfície vestibular dos elementos 11 e 13. Para as faces proximais foram utilizadas tiras de lixa associadas com a pasta de polimento. Partiu-se, então, para a remodelação estética do elemento 21 através do desgaste de cerca de 0,5 mm da borda incisal, com uma ponta diamantada tronco-cônica de granulação fina sob refrigeração, com movimentos leves e intermitentes10 para que fosse conseguido um maior paralelismo entre as bordas incisais dos elementos simétricos (11 e 21) e também um paralelismo com as referências estéticas faciais. Após o desgaste, foram feitos o polimento com a pasta de polimento e a aplicação de flúor neutro (Figura 10). É importante ressaltar que o desgaste realizado na borda incisal do elemento 21 foi controlado e confirmado através da realização dos movimentos excursivos da mandíbula, de lateralidade e de protrusão. DISCUSSÃO

De acordo com o dicionário Houaisss7, a Odontologia é uma especialidade paramédica que se dedica ao estudo e tratamento dos dentes e suas afecções. Na literatura especializada existem outras definições mais completas, mas a descrição acima reflete a visão da maioria dos pacientes e odontólogos, que focam a resolução de problemas em nível dental, esquecendo, muitas vezes, da visão holística de saúde pública. Comparativamente, na área de Odontologia Estética, este quadro não é diferente: a maioria dos cirurgiões-dentistas

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almeja solucionar os problemas estéticos localmente, ou, seja, de um ou mais dentes específicos, sem se preocupar com o impacto e a influência que estes promovem em âmbito facial. No caso clínico apresentado, foi realizada uma análise do sorriso a nível facial e dentofacial, promovendo, ao final, um sorriso agradável com harmonia entre as composições. A aplicação da análise do sorriso amplia as possibilidades de tratamentos e potencializa os resultados estéticos para obtenção de um sorriso agradável em ambos os enquadramentos fotográficos 6,11-14. A análise do sorriso, também, tem como vantagem ser uma metodologia simples, não sendo necessários equipamentos sofisticados. Além, disso, essa análise pode ser realizada por qualquer especialidade odontológica e até mesmo em tratamentos interdisciplinares10, como no exemplo do caso clínico apresentado, favorecendo o diagnóstico e os resultados dos tratamentos estéticos. Dessa forma, a resolução de problemas fica reduzida à aplicação de diferentes técnicas restauradoras e não restauradoras e excelentes materiais podem limitar os resultados dos tratamentos estéticos6. Em decorrência da maior avidez por estética encontrada nos consultórios odontológicos, é necessária a compreensão mais ampla da estética do sorriso, sendo a análise do sorriso uma preciosa ferramenta para obtenção de atratividade e harmonia. CONCLUSÃO

Existem no mercado materiais e técnicas restauradoras e não restauradoras que permitem a obtenção de um sorriso natural e atraente. Nos tratamentos estéticos, além de restaurações imperceptíveis, é necessária uma harmonia entre a composição da face e a do sorriso. Como meio auxiliar de planejamento e diagnóstico para obtenção de harmonia entre estas composições, a análise do sorriso mostra-se um instrumento valioso. REFERÊNCIAS 1. Câmara CALP. Estética em Ortodontia: parte I. Diagrama de referências estéticas dentais (Dred). Rev Dent

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Artigo original

Halitosis auto-perception Autopercepção da halitose Gisele Cruz CamboimI Natália Sotero MachadoI Suzana Lubambo de MeloII Aurora Karla de Lacerda VidalIII

ABSTRACT Objective - The aim of this study was to assess the self-perception of halitosis and to identify predisposing factors to the disease in individuals seeking dental treatment at public and private services in Recife (Pernambuco), Brazil. Materials and Methods - This cross-sectional study was carried out in Recife (Pernambuco/Brazil), which is divided into six geographical districts for health assistance. Public and private services units were randomly selected and questionnaires were used to collect data from the service users. Results - The sample consisted of 416 randomly selected individuals aged 14-91 years old, of whom 74% were female and 26% male. The mean age was 37.49 years. The study found that 6.97% of subjects reported having bad breath and 39.9% moderate halitosis. There was no difference between genders and type of care (public/private) regarding the halitosis auto-perception. Despite the existence of risk factors for halitosis such as low consumption of water, smoking, alcohol use, and poor hygiene practices, the studied individuals reported no self-awareness. Conclusions - Therefore it is important to check the self-perception of halitosis and spread the knowledge about the disease and its etiology, because identification of the disease’s risk factors is important for its prevention and treatment. Keywords: Halitosis/epidemiology. Halitosis/prevention & control. Diagnostic self evaluation. RESUMO Objetivo - O objetivo deste estudo foi o de verificar a autopercepção de halitose bem como identificar a presença de fatores predisponentes à doença em indivíduos que procuram tratamento odontológico nos serviços públicos e privados do Recife(PE) - Brasil. Material e Métodos - Foi realizado estudo transversal em Recife (Pernambuco/Brasil), que obedece à divisão geográfica dos seis Distritos Sanitários da cidade, sendo selecionados, aleatoriamente, os serviços públicos e privados para visitação e aplicação de questionário. Resultados - A amostra foi constituída de 416 indivíduos selecionados aleatoriamente, com idade entre 14-91 anos.. A idade média foi de 37,49 anos, sendo 74% do sexo feminino e 26% do sexo masculino. 6,97% dos indivíduos revelaram ter mau hálito, e 39,9% halitose moderada. Não houve diferença entre sexo e local de atendimento (público/privado) em relação à autopercepção do mau hálito. Apesar da existência de fatores de risco para a halitose como o baixo consumo de água, fumo, álcool, má higiene oral, os indivíduos da amostra não relataram a autopercepção. Conclusões - Assim, é importante verificar a autopercepção da halitose bem como socializar o conhecimento sobre as formas da doença e etiologia, porque a identificação da presença de fatores de risco para o desenvolvimento da doença aumenta, consideravelmente, a prevenção e tratamento. Palavras-chave: Halitose/epidemiologia. Halitose/prevenção & controle. Autoavaliação diagnóstica.

INTRODUCTION

I

Academics of the School of Dentistry (UFPE). II Dentist, MSc Dentistry (FOP-UPE). III Adjunct Professor PhD, Department of Pathology, Institute of Biological Sciences, University of Pernambuco (ICB/UPE).

Halitosis is known as fetid breath, stink of the mouth, bad breath or oral malodor1,2 and it is defined as offensive odours emanating from the mouth or air-filled cavities, such as the nose, sinuses, and pharynx3. It is a common complaint among adults of either gender, it occurs worldwide and has a multifactorial etiology. The main causing factor is the decomposition of organic matter by proteolytic anaerobic bacteria4-6. Halitosis

can be either pathologic or nonpathologic (physiologic)7. Physiologic halitosis is of temporary nature and occurs when volatile odoriferous hematologically borne substances are liberated into the lungs from foods such as herbs, spices, and certain vegetables like onion and garlic. These odours are mostly reversible, transient, and generally responsive to traditional oral hygiene practices. Hunger or morning breath also causes temporary halitoCamboim, Gisele Cruz et al. Halitosis auto-perception


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sis, the result of stagnation of epithelial and food debris because of decreased salivary flow and decreased activity of tongue and cheek muscles during sleep3. A range of inert materials placed in close proximity to oral tissues over extended time periods provides a hard, non-shedding substratum in a relatively stagnant environment, which enables the attachment and colonization of micro-organisms and the formation of dental plaque. Teeth that are adjacent to partial prostheses are more prone to caries and gum disease, presumably due to the enhanced accumulation of plaque that is held close to the host tissues by the inert denture8,9. Some recent scientific research 10,11assessed the effects of oral microorganisms and conditions of the mouth, nose and sinuses on the production of breath odour. A study by McNamara and colleagues12 revealed sufficient information to determine that the major cause of bad breath is oral microflora which produces volatile odoriferous molecules (including sulphur compounds and organic acids among others). Subsequent studies noted that this malodor can be controlled by cleaning the teeth and tongue13,14. Pathologic halitosis is more intense and is not easily reversible. It has the same mechanism as the physiologic type, i.e., the pulmonary release of blood-borne substances. This type of malodour originates from oral or systemic conditions, such as diabetic ketoacidosis, gastritis, gastric ulcer, esophagitis, pyloric stenosis or hepatitis. These odors are distinct in quality, persistent, and require treatment of the underlying disease15,16. There are some individuals who complain of halitosis that cannot be detected by others (halitophobia)6,17. These patients are harder to be treated and the most serious cases may become depressed and the belief may become so profound that it dominates their lives, and even leads to thoughts of suicide17. This imaginary halitosis is an ‘‘olfactory reference syndrome’’ which is a recognized psychiatric condition where the patient has an olfactory delusion that they emit a foul smell from the mouth or Camboim, Gisele Cruz et al. Halitosis auto-perception

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Figure 1 - Distribution of the sample according to the type of dental treatment.

elsewhere6. The overall prevalence of oral malodour in the adult population is uncertain18,19. According to Tonzetich and Ng13, bad breath is a common condition found (at least occasionally) in approximately 50 percent of the adult population. Some authors have indicated that, at least occasionally, the majority of adults have bad breath, usually immediately after waking or after consuming particular kinds of food16,20,21. Others stated that at least 50 percent of the sampled people suffered from persistent oral malodour, and that for approximately half of these people (that is, 25 percent of the population) bad breath was a severe chronic problem22. Thus, it is important to assess the profile of the population regarding auto-perception of halitosis, as well to provide information on the types of the condition and its etiology, and to strive for their bio-psychic-social and economic welfare, because identifying the presence of factors that cause the disease, considerably increases prevention and cure. Studies show that 20% of people who seek treatment do not have any serious problem, so it is important to invest in prevention, diagnosis and adequate treatment, aiming at better life quality for the individuals affected and their consequent insertion in society. The aim of this research was to assess the halitosis auto-perception in individuals who seek dental treatment at the public and private health services in

Recife – PE, Brazil, as well as to check the profile of individuals who complain about halitosis. In addition, the study reports the oral conditions, general medical conditions and socio-economic profile that might be associated with the halitosis auto-perception, and identifies in the sample, the presence of predisposing factors for halitosis. MATERIALS AND METHODS

A cross-sectional observational descriptive study was carried out in Recife, Pernambuco state, Brazil, between August 2007 and August 2009. Data was collected using a specially designed questionnaire, which was previously approved. A total of 416 individuals were selected at random from people who sought spontaneous assistance at public and private dental clinics. The participants signed a free and informed consent form, and agreed to oral or written publication of the findings. A database was created with the variables from the questionnaire, using the statistical software SPSS (Statistical Package for Social Sciences), version 13.0. This research was carried out after approval by the Ethics Committee for human research at the University of Pernambuco/Brazil (CEP/ UPE: 039/07) RESULTS

The sample consisted of 416 individuals (Figure 1) aged 14–91 years old. The mean age was 37.49 years old; 74% were female


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Figure 2 - Distribution of participants according to schooling and private or public dental treatment.

Figure 3 - Oral odour self-estimated by participants treated at public and private dental services.

(171 of whom were treated in a public service and 134 privately) and 26% were male (42 treated at a public service and 62 privately). The study found that 6.97% of the individuals self assessed as having bad breath and 39.9% reported to have moderate oral malodour. The socio-economic level of the 215 individuals who attended private services (dental office/ dental clinic) was classified as a single category like the public service was considered. The distribution of the participants according to schooling and dental services can be seen Figure 2. In this sample, 58 people at public ser-

vices and 32 at private services indicated that dental treatment could improve their oral odour (see Figure 4). Although 283 informants had several contributing factors for halitosis, such as a low consumption of water, use of tobacco and alcohol, bad hygiene practices, a diet high in dairy products, no statistical association was found between these factors and halitosis. DISCUSSION

There are very few epidemiological studies about halitosis and it is difficult to compare results as the researchers use different criteria. The results of this study corroborate

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another one where 295 patients (202 females and 93 males) aged 18–74 years (average 38.73 years) answered a questionnaire. In that study, the incidence of halitosis among the patients was greatest in the age ranges 25–34 (29.68%) and 45–54 years (24.52%). People from these age groups are more careful about their oral heath, so they are more likely to be interested in checking for halitosis. On the other hand, 68 (46.78%) people with diagnosed halitosis frequently reported having a problem with bad breath and only 5.81% of people with halitosis did not notice this problem23. The results of our study show that 6.97% of the individuals believed that they had bad breath, 39.9% reported having moderate oral malodour, and the others believed they had a good odour. The majority of the informants had several predisposing factors for halitosis, such as the low consumption of water, tobacco and alcohol use, bad hygiene practice, a diet high in dairy, and others. In this sample, the informants believed that dental treatment could solve the oral malodour and they did not associate the halitosis with other factors. Nadanovsky, Carvalho and Ponce de Leon15 (2007) studied the prevalence of oral malodour in a general population in Brazil and concluded that halitosis is common in Rio de Janeiro, and that it is more prevalent in men than women and in those over 20 years of age in either gender. One study reported that in the USA about 50% of the population suffers from halitosis5. In Japan, a study of 232 people found that 47% were sure they had oral malodour, and 51.7% only became aware after someone informed them about their diagnosis of halitosis24. Some authors25 have suggested that bad breath in children (aged between 5 to 14 years) is related to both nasal and oral odour and that the posterior region of the tongue may play an important role on the condition. The types of odours encountered were similar to those encountered in adult subjects. Malodour parameters were generally improved after increasing awareness of the importance of oral hygiene. They observed a significant positive correlation between bad breath parameters and dental Camboim, Gisele Cruz et al. Halitosis auto-perception


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parameters such as the plaque index, number of bleeding sites, food impaction, tongue coating, and regular tooth brushing. One of the most intriguing problems regarding bad breath is the apparent inability of knowing whether one has it, and to what extent. Many people have bad breath for years without being at all aware of it, mainly because they become adapted (habituated) to it26-30. One study that was carried out with 52 volunteers suggested that preconceived notions confound the ability to rank one’s own breath in an objective fashion. Partial objectivity can be obtained in the case of saliva self-measurement, presumably because the stimulus is removed from the body30. The study also found a significant correlation between the organoleptic evaluation and the halimeter data. A high percentage of the patients who came to the dental office with a primary complaint of halitosis did not have a detectable problem29,30. The majority of the participants in our study earned between 1and 4 minimum wages. Regarding schooling level, people who received treatment at a public service were mainly in the primary or high school level, while those at the private services had a university or high school schooling. That reflects the association between education level and access to health services. There are important costs involved in halitosis assessment and treatment, including medical appointments, specialized assessment, and laboratory tests. Such costs would be minimized by adopting a protocol of evidence-based anamnesis and a rational clinical investigation. Dal Rio, Nicola and Teixeira33 (2007) prepared a protocol for halitosis assessment in order to minimize costs, avoid unnecessary tests and provide a guideline for diagnosis. Furthermore, it is very important that individuals learn how to identify risk factors for oral malodour and know that it is an illness that can be resolved with simple treatment. CONCLUSIONS

There is no difference between gender and type of care (public/private) regarding self-perception of bad breath. Despite the Camboim, Gisele Cruz et al. Halitosis auto-perception

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Figure 4 - Number of individuals who reported dental treatment as factor that improved oral odour.

Figure 5 - Distribution of individuals treated at public and private dental services according to the Brazilian minimum wage (MW).

existence of risk factors for halitosis such as low water consumption, smoking, alcohol, poor oral hygiene, subjects in the sample reported no self-awareness. REFERENCES 1 Bogdasarian RS. Halitosis. Otolaryngol Clin North Am. 1986 Feb;19(1):111-7. 2 Grein NJ. Estomatologia para o clínico

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Data de recebimento: 14/07/2010 Data de aceite para publicação: 10/02/2011 Endereço para correspondência: Profa. Dra. Aurora Karla de Lacerda Vidal Email: aurorakarla@gmail.com

Camboim, Gisele Cruz et al. Halitosis auto-perception


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