Tra Le Memorie

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ANA LAURA SABANELI

Tra le Memorie Co-Living de idosos na Indústria CIANÊ


TRA LE MEMORIE: tradução italiana que significa Entre as Memórias


Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

O45t Oliveira, Ana Laura Candido Sabaneli de Tra Le Memorie/ Ana Laura Candido Sabaneli de Oliveira - Ribeirão Preto, 2021. 148p.il Trabalho de conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Barão de Mauá Orientador: Me. Ana Teresa Cirigliano Villela 1. Memória 2. Co-living 3. Patrimônio I. Villela, Ana Teresa Cirigliano II. Título

CDU 72

Bibliotecária Responsável: Iandra M. H. Fernandes CRB8 9878



AGRADECIMENTOS A Deus, por me permitir ultrapassar todos os obstáculos encontrados ao longo da realização deste trabalho. Aos meus pais, por nunca terem medido esforços para me proporcionar um ensino de qualidade durante todo o meu período escolar Aos familiares, amigos e meu namorado por todo o apoio e ajuda, que muito contribuíram para a realização deste trabalho, que me incentivaram nos momentos difíceis e pelo apoio demonstrado ao longo de todo o período em que me dediquei a este trabalho. Aos professores, Ana Teresa Cirigliano Villela, por ter sido minha orientadora e ter desempenhado tal função com dedicação e amizade. E Henrique Vichnewski, por todos os conselhos e ajuda. Ambas inspirações na qual guiaram meu aprendizado. A todos que participaram, direta ou indiretamente do desenvolvimento deste trabalho de pesquisa, enriquecendo o processo do mesmo. Dedicado aos meus padrinhos e avós Maria Aparecida de Morais Candido e Antônio Amaro Candido Filho (in memorian).

Imagem 1 - Avós da autora. Fonte: Acervo pessoal.



RESUMO Este caderno de projeto apresenta as diretrizes para a realização do TFG (Trabalho Final de Graduação) do Curso de Arquitetura e Urbanismo. Trata-se da proposta de Reabilitação da antiga Fábrica CIANÊ (Companhia Nacional de Estamparia), localizada em Ribeirão Preto, como um CoLiving de idosos. O trabalho teve início com o levantamento de autores e obras que discutem a nova forma de morar, não apenas dos idosos, mas de toda a população, e do papel memorial inerente da arquitetura histórica. Parte-se da premissa que a arquitetura histórica, aqui representada pela CIANÊ, pode contribuir para um envelhecimento saudável, uma vez que se trata de um edifício que marcou as vivências de muitos idosos na cidade. Foram feitas entrevistas com idosos que contaram sobre suas memórias e seu passado em Ribeirão Preto, frequentemente mencionando a indústria CIANÊ, além de outras edificações históricas, tais como, Teatro Dom Pedro II, Estação Barracão e a Cervejaria Paulista. Para o reconhecimento do bem, foram realizados o levantamento documental e visitas in loco. Por fim foram analisados projetos destinados à moradia de idosos e usos complementares, voltados para toda a sociedade.

Imagem 2 - Fábrica CIANÊ Fonte: Nilo Cabral 2019


IMAGENS 1 Acervo pessoal 2 Cedida por Nilo Cabral 3 Google Street View; Autoral; https://issuu.com/flaviavilasboas/docs/fragmentos_patrimoniais_-_percursos http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/281501 4 Google Street View 5 https://www.nporadio1.nl/geschiedenis/15146-ouderenutopie-gesloopt 6 Cedida por Nilo Cabral 7 Cedida por Nilo Cabral 8 https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Panoramica_ouro_preto.jpg 9 https://en.wikipedia.org/wiki/Euston_railway_station https://en.wikipedia.org/wiki/Coal_Exchange_(London) https://pt.wikipedia.org/wiki/Fundi%C3%A7%C3%A3o_Ipanema 10 Google Street View 11 http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/281501 12 http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/281501 13 Autoral; http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/281501 14 https://elarafritzenwalden.tumblr.com/post/166299709947/de-drie-hoven-housing-complex-for-elderly 15 http://hiddenarchitecture.net/de-drie-hoven/ http://hicarquitectura.com/2017/03/herman-hertzberger-housing-for-old-and-disabled-people/ https://www.ahh.nl/index.php/en/projects2/14-woningbouw/133-de-drie-hoven-elderly-housing-amsterdam 16 http://hiddenarchitecture.net/de-drie-hoven/ http://hicarquitectura.com/2017/03/herman-hertzberger-housing-for-old-and-disabled-people/ https://www.ahh.nl/index.php/en/projects2/14-woningbouw/133-de-drie-hoven-elderly-housing-amsterdam 17 https://www.amstelring.nl/verpleeghuis-de-drie-hoven 18 http://hiddenarchitecture.net/de-drie-hoven/ http://hicarquitectura.com/2017/03/herman-hertzberger-housing-for-old-and-disabled-people/ 19 https://www.behance.net/gallery/28258789/Urban-Elderly-Community-Center 20 https://www.behance.net/gallery/28258789/Urban-Elderly-Community-Center


LISTA DE FIGURAS 21 https://www.fysiotherapieplus.nl/locaties/humanitas-bergweg/ 22 https://www.building.co.uk/focus/care-homes-the-new-way-to-get-old/5050512.article 23 http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/281501 24 http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/281501 25 Cedidas por Nilo Cabral; Autoral; http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/281501 https://issuu.com/grazielefiorin/docs/museu_da_imagem_e_do_som_graziele_lopes_fiorin 26 Google Street View https://issuu.com/grazielefiorin/docs/museu_da_imagem_e_do_som_graziele_lopes_fiorin 27 Cedidas por Sebastião Felício e Osmar Oliveira 28 Autoral 29 http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/281501 30 Cedidas por Nilo Cabral; Autoral; https://issuu.com/grazielefiorin/docs/museu_da_imagem_e_do_som_graziele_lopes_fiorin 31 Google Street View 32 Google Street View 33 Google Street View 34 Google Street View 35 Google Street View 36 Google Street View 37 Google Street View 38 Autoral 39 Autoral 40 Autoral 41 Autoral 42 Autoral 43 Autoral


MAPAS 1 Autoral; Google Street View 2 Autoral; Google Street View 3 Autoral; Google Street View; http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/281501 4 Autoral; Google Street View 5 Autoral; Google Street View 6 Autoral; Google Street View 7 Autoral; Google Street View 8 Autoral; Google Street View 9 Autoral; Google Street View 10 Autoral; Google Street View 11 Autoral; Google Street View PLANTAS 1 Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto 2 http://hicarquitectura.com/2017/03/herman-hertzberger-housing-for-old-and-disabled-people/ 3 https://www.behance.net/gallery/28258789/Urban-Elderly-Community-Center 4 https://gerohabitacao.wixsite.com/blog/humanitas-bergweg 5 Proposta - Autoral 6 Implantação - Autoral 7 Demolição nível -1 - Autoral 8 Demolição nível -2 - Autoral 9 Demolição nível -3 - Autoral 10 Nível -1 - Autoral 11 Nível -2 - Autoral 12 Nível -3 - Autoral


LISTA DE FIGURAS

DIAGRAMAS 1 http://hicarquitectura.com/2017/03/herman-hertzberger-housing-for-old-and-disabled-people/ 2 http://hicarquitectura.com/2017/03/herman-hertzberger-housing-for-old-and-disabled-people/ 3 https://www.behance.net/gallery/28258789/Urban-Elderly-Community-Center 4 https://gerohabitacao.wixsite.com/blog/humanitas-bergweg 5 https://gerohabitacao.wixsite.com/blog/humanitas-bergweg 6 Programa de necessidades - Autoral 7 Proposta de usos - Autoral 8 Edificações existentes - Autoral 9 Perspectiva explodida - Autoral 10 Perspectiva explodida - Autoral 11 Perspectiva explodida - Autoral 12 Perspectiva explodida - Autoral 13 Perspectiva explodida - Autoral 14 Perspectiva explodida - Autoral 15 Perspectiva explodida - Autoral 16 Perspectiva apartamento - Autoral 17 Detalhes - Autoral 18 Elevações e cortes - Autoral


11 INTRODUÇÃO

PATRIMÔNIO

CO-LIVING

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MEMÓRIA

LEITURAS PROJETUAIS


SUMÁRIO

HISTÓRICO CIANÊ

ESTUDO PRELIMINAR / ANTE PROJETO

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145

RECONHECIMENTO DO BEM E ENTORNO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


INTRODUÇÃO



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Apesar das dificuldades do envelhecimento as memórias de muitos idosos entrevistados se mantém vivas. Por isso, para desenvolver esse trabalho, decidimos intervir em um local histórico na cidade de Ribeirão Preto. Trata-se das antigas instalações das Indústrias Reunidas Matarazzo, posteriormente compradas em 1981 pela Companhia Nacional de Estamparia (CIANÊ). Dentre tantas possibilidades de sítios e edifícios históricos, selecionamos a Fábrica CIANÊ por estar abandonada e em ruínas e por ser um local constantemente lembrado pelos idosos entrevistados como minha avó Maria Aparecida.

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Em Ribeirão Preto minha segunda cidade vejo com tristeza o esquecimento e desleixo com as construções da época dos barões do Café, bem como o descuido com o Museu do Café que abriga a memória histórica da cidade. Muitos casarões, foram demolidos para dar lugar a prédios modernos. Outros que ainda restam estão se deteriorando. Alguns com o tombamento conseguem ser preservados. Outras construções como o quarteirão paulista, a CIANÊ, a estação de trem do Barracão, todos estão desaparecendo. Enfim há muito o que cuidar para a memória histórica de Ribeirão Preto não desaparecer (MARIA APARECIDA, 2021).

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O trabalho aborda como TEMA as formas de morar do idoso e as possibilidades que o espaço construído tem para tornar mais saudável e ativo esse envelhecimento. Trata-se de uma etapa da vida que pode ser mais solitária, pois muitos já não estão mais em uma fase produtiva da vida, ao menos sob o ponto de vista econômico, ou estão longe de suas famílias. Por isso, buscamos desenvolver um espaço que propicie o convívio, a interação e a vivência entre os idosos, propiciando um processo de envelhecimento mais saudável.

Além disso, a área está localizada entre a antiga Estação Barracão, situada no bairro Ipiranga, e o bairro Campos Elíseos, nos quais ainda se preservam várias edificações históricas, como podemos ver na imagem ao lado. Muitas dessas edificações, contudo, não são oficialmente reconhecidas como patrimônio cultural do município, dado o seu caráter menor, isto é, de uma arquitetura que não é monumental nem dotada de características artísticas excepcionais. Por outro lado, além do valor histórico, diretamente relacionado ao processo de ocupação desses bairros, seguido da industrialização, esse conjunto arquitetônico está fortemente presente na memória coletiva. Isso reforça o potencial histórico e memorial da área e da edificação escolhida.


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Mapa 1 - Edificações históricas Fonte: Elaborado pela autora

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14 1 km

N


1

CEAGESP s.d.

5

ESTAÇÃO BARRACÃO 1900

2

CASA DE BETÂNIA 1962

6

ESCOLA SANTOS DUMONT s.d.

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ESCOLA MUSA 1988

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CERÂMICA SÃO LUÍS 1932

4

GALPÕES INDUSTRIAIS E ARMAZÉNS s.d.

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FÁBRICA DE GUARANÁ 1953

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FÁBRICA CIANÊ 1945 (data foto 2019)

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CASAS DE OPERÁRIOS 1945 (não demolido) E ATLÉTICA MATARAZZO 1945 (demolido)


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ABRIGO ANA DIEDERICHSEN 1939 LAR PADRE EUCLIDES 1919

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ANTIGO CURTUME s.d.

CLUBE PALESTRA ITÁLIA 1917

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CAPELA SANTA CASA 1886 21

ETEC 1922 22

FÁBRICA DE VINAGRE s.d.

CRECHE SANTO ANTONIO 1936

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FÁBRICA DE CERVEJA 1900

ESTAÇÃO SÃO PAULO E MINAS 1928 18

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I. SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA 1922 SECRETARIA CULTURAL DO BAIRRO s.d. 23

Imagem 3: Levantamento de edificações históricas nos bairros, Campos Elíseos e Ipiranga, na cidade de Ribeirão Preto. Fonte: elaborado pela autora utilizando fotos do Google Street View, imagens disponíveis na internet, em VILAS BOAS (2016), VICHNEWSKI (2004) e autoral. Em colorido bens tombados e em preto e branco bens de interesse histórico, porem não tombados. CAPELA SANTO ANTONIO 1903

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P a r ti m o s d a PROBLEMÁTICA q u e o envelhecimento populacional vem ocorrendo de forma mais intensa desde 2012, superando 30,2 milhões em 2017. Segundo o IBGE, em 2060 teremos 58,4 milhões da população com idade superior a 65 anos, devido à queda na taxa de natalidade e mortalidade. Os idosos, por não estarem mais em sua fase produtiva economicamente, pois alguns já não podem mais trabalhar, caem no esquecimento da sociedade. Segundo Ecléa Bosi (1999), autora de Memória e Sociedade, a classe idosa é oprimida tanto pela velhice como pela dependência. Os idosos costumam se referir a sua fase produtiva, isto é, o período em que trabalhavam, utilizando de frases como "no meu tempo, na minha época", o que mostra a permanência da memória. "A memória é a conservação do passado que é chamado pelo presente sob forma de lembrança que vem à tona a qualquer momento" (CORREA, 2017, P. 19).

Ao envelhecer, o idoso pode se tornar mais solitário, pois se foram muitas vezes amigos da mesma idade, companheiro como esposa/o, filhos que construíram suas próprias famílias. Há a possibilidade de reduzir essa solidão por meio de projetos de arquitetura adequados às necessidades da terceira idade como afirma Lilian Lubochinski (2018), contribuindo para minimizar os efeitos da demência, depressão e Alzheimer. Na cidade de Ribeirão Preto, há alguns locais voltados para o acolhimento de idosos, tais como o Lar Padre Euclides e a Casa do Vovô. Os mesmos estão em situação precária quanto à provisão de alimentos, lotação, espaços, cujas melhorias muitas vezes dependem de doações e abrigam idosos em situação de abandono, que passaram por maus tratos.

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Sendo assim, deixar viva as lembranças na memória do idoso, nessa fase da vida, faz com que ele tenha mais qualidade afetiva e emocional de vida.

O Lar Padre Euclides é uma instituição fundada em 1919 pelo padre Euclides Gomes Carneiro. Com a finalidade de desenvolver e praticar a assistência, amparando e protegendo as pessoas idosas (LAR PADRE EUCLIDES. SITE INSTITUCIONAL, 2021.) A casa do Vovô, originada no núcleo colonial Antônio Prado, atendeu um antigo desejo do proprietário de abrigar idosos abandonados, inaugurado em março de 1978 com a finalidade de dar assistência aos idosos desamparados (GAETANI, 2021).


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25 Mapa 2 - Lares de idosos públicos e privados Fonte: Elaborado pela autora

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18 5 km

N


1

RESIDENCIAL D CLARICE 5

2

CASA DE REPOUSO AMI 6

3

4

CASA DE REPOUSO SÍRIOS 7

SWEET CARE 8

AMIZADE CENTRO 9

SANTA TEREZINHA 10

FLOR DE MAIO 11

LAR FLORENÇA 12

MELHOR IDADE 13

RECANTO DAS ANDORINHAS

SWEET HOME DAY CARE

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RESIDENCIAL CASA DO IDOSO 16

LAR AMOR E CARINHO

ARTE DE VIVER

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REVIVER RAMÃ

FLORENÇA UNIDADE 1


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FLORENÇA UNIDADE 2

REVIVER

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FLORENÇA UNIDADE 4 25

VITATIVA UNIDADE 1 26

MARIA NAZARÉ 27

RECANTO DOS ANJOS 28

FLORENÇA UNIDADE 5

VITATIVA UNIDADE 2

CASA DO VOVÔ

IGREJA PRESBITERIANA

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LAR PADRE EUCLIDES

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RECANTO DOS IDOSOS

FLORENÇA UNIDADE 3

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CANADA 24

Há também cerca de 26 hospitais e hotéis geriátricos particulares na cidade, que predominam na zona Sul, e, tendo em vista os altos custos mensais, são direcionados a um público mais restrito. Imagem 4: Levantamento de lares de idosos públicos (colorido) e privados (preto e branco) na cidade de Ribeirão Preto. Fonte: elaborado pela autora utilizando fotos do Google Street View e disponíveis na internet.

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Imagem 5 - De Drie Hoven Fonte: Nporadio1

Mais do que um déficit institucional, constatamos que a cidade carece de locais que possibilitam experimentar outra forma de morar, que se difere das casas de repousos e asilos. Nesse sentido, propomos um tipo de moradia, o Co Living, como uma alternativa para tornar o processo de envelhecimento saudável e tornar o idoso mais ativo.

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A seleção desse tipo de moradia a ser desenvolvida no âmbito desse TFG, foi feita a partir de relato de idosos, coletados em uma série de entrevistas conduzidas pela autora com o objetivo de compreender as necessidades dos idosos.


Tendo em vista a necessidade de desenvolver esse espaço para o envelhecimento e a importância que as memórias tem nesse processo, foi escolhido como local de intervenção para o projeto dessa moradia a antiga Fábrica CIANÊ, pertencente em 1945 às Indústrias Matarazzo, que atualmente se encontra abandonada, em ruínas. Mais do que um edifício histórico, que contém várias memórias enriquecedoras, a Fábrica localiza-se na divisa dos bairros Ipiranga e Campos Elíseos, bairros antigos que se originaram como Núcleo Colonial Antônio Prado.

Imagem 6 - Fábrica CIANÊ Fonte: Nilo Cabral 2019

O núcleo foi originalmente uma área produtora de alimentos e fornecedora de mão de obra, concentrando uma população essencialmente de imigrantes que se dedicavam à agricultura, comércio e pequenas fábricas. Mais tarde essa mão-de-obra foi absorvida pelas indústrias, construindo grande parte da classe proletária no início do século, tornando-se bairros de operários (SILVA, 2006). Atualmente segundo o Censo de 2010, são os bairros com a maior concentração de idosos em Ribeirão Preto. Intervir nessa Fábrica é recuperar parte dessas memórias, ainda vivas, não apenas dos idosos, mas de toda a cidade.

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Pretende-se REABILITAR os galpões da antiga CIANÊ, dando a ela um novo uso de moradia voltado ao público idoso. Em específico o trabalho tem como OBJETIVO criar espaços de integração e convivência, de modo a preservar esse patrimônio que foi tão importante, seja na história quanto na memória dos idosos que vivem na cidade. No Co-Living proposto, haverá tanto espaços privativos para os moradores quanto espaços coletivos. Os espaços privativos serão dotados de quartos, copa, sala e banheiro buscando assegurar a individualidade e a privacidade de cada um. Já os espaços coletivos, terão ambientes como, cozinha, lavanderia, espaços para festas, refeições, exercícios, lazer, horta, atividades manuais, biblioteca com espaço para relembrar a história da cidade e de suas construções incluindo a própria CIANÊ, e espaços para realização de atividades ao ar livre. Portanto, mais do que uma moradia coletiva, a ideia é incentivar a tomada de decisões de forma coletiva, o revezamento de atividades domésticas, o apoio mútuo. Motivo pelo qual, para estruturar o programa de necessidades, recorremos às entrevistas aos idosos.

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Imagem 7 - Fábrica CIANÊ Fonte: Nilo Cabral 2019


JUSTIFICANDO

a escolha do Co-Living de idosos como tema para este TFG se deu em função da ausência de instituições públicas que acolham os idosos e também do papel memorial que a edificação possui. Em Ribeirão Preto, temos apenas dois lares públicos voltados para idosos, que funcionam em situação precária, mas ainda sim dispõe de dependências médicas e acolhem idosos em situação de abandono. Também há hospitais e hotéis geriátricos privados, cujo público é mais restrito pois as mensalidades ficam entre R$ 2.000 a R$ 4.000 e se concentram na zona Sul da cidade. Podemos notar que não temos um lar voltado para idosos ativos que escolheram ter um envelhecimento compartilhado em um local que mantém viva parte de suas memórias. Intervir na Fábrica CIANÊ foi uma escolha tanto da preservação do patrimônio histórico, quanto da memória, pois trata-se de um dos bairros mais antigos da cidade e que tem moradores mais idosos. E a escolha do local devido aos grandes galpões proporcionando os amplos espaços de convivência e interação entre os usuários. “A lembrança é a sobrevivência do passado” (ALMEIDA E OLIVEIRA, 2016, p.52).

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PATRIMÔNIO


"Ligado as estruturas familiares, e econômicas e jurídicas de uma sociedade estável, enraizada no espaço e no tempo". (CHOAY,2015, p.11).


Segundo Carsalade (2014), o lugar definido como PATRIMÔNIO é reconhecido pela sua particularidade, única e irreprodutível, e tem relação de pertencimento com a sociedade em que está inserido. Funciona como o berço dessa sociedade. O patrimônio histórico-cultural é composto pelos bens produzidos pela sociedade, e podem ser de natureza material ou imaterial. São selecionados pela relevância histórica e cultural de um povo e que, por isso, devem ser preservados. O conceito de patrimônio é algo que vem sendo modificado ao longo do tempo e depende dos valores e interpretações atribuídos pela sociedade em questão.

Segundo Choay (2015) a origem da palavra patrimônio está na ideia de propriedade, conjunto de bens que sejam transmissíveis, "herança". É o usufruto da comunidade, enraizado no espaço e tempo, o acúmulo de uma diversidade de objetos que se congregam pelo passado comum, como obras, artes, edificações, dentre outros. A autora enfatiza também que a noção de patrimônio histórico é uma ampliação do conceito de monumento histórico, que chega ao final do séc. XX com a inclusão de novos tipos de bens, como as edificações ecléticas e industriais, bem como os conjuntos urbanos.

Ouro Preto reconhecida como monumento nacional.

1837

Criação do decreto lei número 25.

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Primeira Comissão de Monumentos Históricos na França.

Década 60

1936 1933

Debate na Inglaterra sobre a o preservação industrial.

1937

Criação do SPHAN.

Diversificação do patrimônio, não considera somente bens coloniais.


A partir do pós-Segunda Guerra Mundial o conceito de monumento histórico começou a se transformar e consequentemente o número de bens aumentou exponencialmente.

no cenário internacional. Frente a isso foi elaborada a Carta de Veneza em 1964, documento que usamos até os dias atuais para orientar práticas de conservação e restauração de bens culturais. Muito embora a carta se utilize da expressão monumento histórico, o conceito é bastante amplo. Segundo o Artigo 1º:

‘‘

Isso se deu devido a uma série de mudanças políticas, sociais, econômicas e culturais Criação da Carta de Veneza e primeiro bem industrial tombado no Brasil.

"A noção de monumento histórico compreende a criação arquitetônica isolada bem como o sitio urbano ou rural que dá testemunho de uma civilização particular, de uma evolução significativa ou de um acontecimento histórico. Entende-se então não só as grandes criações, mas também às obras modestas, que tenham adquirido, com o tempo, uma significação cultural." (ICOMOS, 1964, p. 2).

Criação do TICCIH.

1968 1964

Criação da Carta de Nizhny Tagil.

1980 2003

1978

Criação do CONDEPHAAT

Próximos tombamentos de ed. industriais no Brasil.

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‘ ‘

Após a Revolução Francesa o conceito de patrimônio é ampliado do individual para o coletivo. Na França em 1837, foi criada a primeira Comissão de Monumentos Históricos para identificar o patrimônio francês, constituído principalmente por edifícios religiosos e alguns castelos medievais.


Imagem 8 - Cidade Ouro Preto Fonte: Wikipedia

As primeiras leis de tutela à preservação patrimonial no Brasil, datam da década de 1930 e estão diretamente relacionadas a um projeto de criação de identidade nacional encabeçado pelos modernistas. Foi Lucio Costa o pioneiro ativo nos trabalhos de restauro desenvolvidos pelo antigo SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), fundado em 1936, e dirigido por Rodrigo Melo Franco de Andrade até 1967. Na década de 1970, o SPHAN foi transformado em IPHAN (Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), mas muitos dos instrumentos legais de proteção continuaram vigentes. Dentre eles, destaca-se o decreto lei 25 de 1937, que estabeleceu os procedimentos legais para a

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proteção do patrimônio artístico e histórico brasileiro. No entanto, já em 1933 Ouro Preto foi reconhecida como monumento nacional , primeira cidade brasileira a ganhar esse título por ter sido "teatro de acontecimentos de alto relevo histórico na formação da nossa nacionalidade" (BRASIL, 1933, s. p), materializados pela arquitetura colonial. Após a criação do SPHAN e a promulgação do decreto lei N° 25 de 1937, vários bens começaram a ser tombados, principalmente no litoral e nas cidades mineiras. No entanto, a partir dos anos 60, começou a haver um processo de diversificação desse patrimônio, para além dos bens coloniais.


Um exemplo é a Real Fábrica de Ferro Ipanema, um empreendimento da Coroa Portuguesa e o primeiro bem industrial tombado pelo IPHAN. "Deve-se lembrar um fato de grande importância: o pioneiro tombamento pelo Iphan, em 1964, do conjunto formado pelos remanescentes da Real Fábrica de Ferro São João de Ipanema, no município de Iperó." (IPHAN, 2015, p. 1). Segundo o IPHAN (2015) o interesse pela preservação industrial é relativamente recente e deve ser entendido como ampliação daquilo que é considerado bem cultural.

Imagem 9 - Bens Pioneiros Fonte: Wikipedia

Esse debate iniciou-se na Inglaterra por volta dos anos 1960, frente às demolições de edifícios importantes como Euston Station e o London Coal Exchange. No Brasil, o tombamento da Real Fábrica de Ferro Ipanema é o pioneiro se considerado esse cenário internacional . No entanto, as iniciativas tardaram a acontecer e os próximos tombamentos ocorreram apenas na década de 1980. Nessa época, nem no Brasil nem no cenário internacional haviam documentos que orientassem as medidas de conservação e restauração dos bens industriais, cujas características são bastante diferentes dos bens que, até então, vinham sendo objeto de restauração.

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Por isso, em 1978, foi criado o órgão especializado no tratamento e gestão do patrimônio industrial, o TICCIH (The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage). Em 2003, o TICCIH elaborou a primeira carta sobre o tema, chamada de Carta de Nizhny Tagil sobre o Patrimônio Industrial. No entendimento dessa carta o patrimônio industrial:

‘‘

"compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de processamento e de refinação, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infraestruturas, assim como os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação." (TICCIH, 2003, s. p)

Vide o exemplo das linhas férreas, uma categoria específica do patrimônio industrial, e que tem como uma de suas principais características a formação de redes nos territórios estaduais ou nacionais. Situação presente na nossa área de intervenção, a Fábrica CIANÊ em Ribeirão Preto que está originalmente inserida em um bairro de operários e imigrantes derivados do antigo núcleo colonial Antônio Prado. Inclusive a Estação Barracão, situada no mesmo bairro que a Fábrica, é um bem tombado tanto instância municipal, quanto estadual.

‘‘

No estado de São Paulo segundo Rufinoni (2019) o C O N D E P H A AT ( C o n s e l h o d e D e f e s a d o Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), órgão criado em 1968, vem tendo uma gradual percepção da dimensão urbana do patrimônio industrial. Até 1970, as estratégias de proteção desse patrimônio se davam sobre edifícios isolados, mas após a criação do TICCIH percebe-se que a escala do patrimônio industrial é mais ampla.

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ESTAÇÃO BARRACÃO.


ESTAÇÃO SÃO PAULO E MINAS.

FUTURO TERRENO MATARAZZO.

CAPELA E HOSPITAL SANTA CASA.

Imagem 10 - Algumas edificações históricas já existentes em 1933 em destaque Fonte: Imagens do Google Street View e disponíveis na internet.

TRILHO DO TREM

N

Planta 1 - Planta da cidade de Ribeirão Preto em 1933, onde so haviam os bairros Vila Tibério, Centro e Barracão. Fonte: Arquivo publico e histórico de Ribeirão Preto com intervenção da autora.

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A CIANÊ, foi tombada duas vezes: a primeira em 1994 e a segunda em 2010. Em 2002, dado o seu estado de conservação, ela foi "destombada". Segundo Rufinoni e Assis (2017) o tombamento como um instrumento jurídico tem se disseminado recentemente, mas ainda assim tem caráter excepcional e ainda é muito mal compreendido. As limitações impostas pelo tombamento e a responsabilidade da conservação do bem provocam reações por parte dos proprietários, que, muitas vezes, preferem deixar as edificações em ruínas para poder vender a área, ou insistem via judicial pelo destombamento. Apesar de controverso, esse recurso é previsto no decreto lei n° 25/1937 em situações nas quais o proprietário não tenha recursos para proceder com as obras de conservação e reparação, desde que levado a conhecimento do órgão responsável pelo tombamento para que o Estado possa interceder em seu auxilio. Caso não ocorra essa providência ou a desapropriação do bem, o proprietário pode então requerer o destombamento da edificação. Outros exemplos de justificativas que movem os pedidos de destombamento são o crescimento urbano, a descaracterização excessiva do bem devido à má conservação ou o estado de ruína, etc.

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Geralmente tais motivos são provocados por negligência na conservação e falsa noção de que o tombamento e a preservação patrimonial são empecilhos ao desenvolvimento urbano. No âmbito desse trabalho, que trata diretamente de uma intervenção sobre uma edificação industrial tombada, nossa discussão irá se centrar no papel memorial exercido pelo patrimônio edificado. Existem diferentes formas de se preservar edificações históricas sejam elas tombadas ou não, a depender do estado da edificação, se ela se mantém em uso ou não. Consideramos que é mais adequado para nosso objeto de estudo a REABILITAÇÃO.


Reabilitação Conjunto de operações destinado a aumentar os níveis de qualidade de um edifício, de modo a atingir a conformidade com exigências funcionais, para as quais o edifício foi concebido; Segundo Pasquotto (2010) a Reabilitação no sentido de origem significa o restabelecimento dos direitos.

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É a "ação de recuperar a estima e a consideração" (apud CHOAY E MERLIN, 1988, p. 573). "Choay e Merlin (1988, pág.573) consideram a reabilitação uma operação mais avançada do que simples melhoria no habitat (...) Este termo se sobressai aos outros por ser o que mais pressupõe a preservação do ambiente construído (MARICATO, 2001, pág. 125-128) e ocupado (...) e também por incluir uma ação de preservação da arquitetura comum e de conceber o patrimônio edificado em si como valor de recurso (SCHICCH, 2005)." (PASQUOTTO, 2010, p. 146-147).

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MEMÓRIA


"A memória é a conservação do passado que é chamado pelo presente sob forma de lembrança que vem à tona a qualquer momento" (CORREA, 2017, P. 19).


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"O patrimônio é um sinal de nossa existência histórica, ele também, pela memória, traz consigo um conjunto de potenciais significados importantes para a presença, presentificando o passado, tornando-o vivo." (CARSALADE, 2014, p. 151). "A recordação refere-se ao passado e nesse sentido é um realmente um sinal, mas é precioso para nós mesmos porque nos mantém presente o passado como uma parte que não passou." (apud GADAMER, 2004, p. 216).

"Porque preservar? a não recordação da memória acarreta um dano irreversível à nossa cultura, resultando na destruição dos documentos da nossa história, afetando assim a transmissão desse legado para as gerações futuras. Ninguém pode ser privado de memória sem ser despossuído de identidade. Sem memória, uma pessoa não se reconhece, ela se despedaça, deixa de existir." (VICHNEWSKI, 2020, s. p).

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MEMÓRIA

é a capacidade de adquirir, armazenar, e recuperar informações disponíveis, seja internamente, na mente, ou externamente, algo como construção por exemplo. Dentre tantas memórias ao longo do tempo, as que ficam muitas vezes estão relacionadas ao caráter afetivo do indivíduo ou algum acontecimento marcante para a sociedade. Muitas delas marcam a vivência do idoso, são lembradas de como eram, estando ainda ou não no presente.

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Imagem 11 - Fábrica CIANÊ Fonte: VICHNEWSKI (2004).


Através de entrevistas que fizemos com alguns idosos residentes na cidade de Ribeirão Preto percebemos que frequentemente são mencionados lugares que hoje são oficialmente reconhecidos como patrimônio cultural, ou que tenham algum valor histórico, ainda que não tombados. Segundo Correa (2017) a memória é seletiva por ser uma representação afetiva e corresponde a própria maneira do idoso de ver o mundo e de entender a si e seu passado em relação com aquilo que o cerca hoje. São "representações sobre o passado, as memórias de vida dos idosos substituem e dão significado a própria vida desses idosos, o representando" (CORREA, 2017, p. 2). O autor afirma também que o presente pode influenciar na memória. É contado o que se escolhe, o que se lembra. Existem silêncios e esquecimentos , fica o que significa . Há inicialmente duas categorias de memória , a cotidiana, que é relacionada a laços afetivos, e a política, que são memórias coletivas e sociais nas quais o indivíduo está inserido.

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Relacionando ao patrimônio edificado, o indivíduo pode ter um apreço e histórias vividas com aquele edifício guardadas em sua memória afetiva, como também pode apenas conhecer a construção e conhecer histórias contadas por outras pessoas sobre o mesmo, ou seja, uma memória construída a partir de várias individuais, formando a coletiva (politica). A memória coletiva, além de ter vários pontos de vistas individuais, é constituída por dados, marcos sociais, datas, levantamentos e estudos em geral. Segundo Almeida e Oliveira (2016) a lembrança é a sobrevivência do passado e a memória possibilita a relação entre passado e presente. É pertinente lembrar que a memória é importante na construção da identidade cultural. É também importante darmos voz, incentivarmos a recuperação das memórias muitas vezes escondidas, pois toda memória tem também uma história. A reorganização do passado realizada pela memória ocorre no presente, baseado nas suas concepções e emoções.

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Imagem 12 - Fábrica CIANÊ Fonte: VICHNEWSKI (2004).


Os idosos usam termos para falar desse tempo passado como "no meu tempo" , "na minha época", como se a velhice não fosse também o seu tempo, ou seja, consideram que a sua identidade está no passado. Correa (2017) ainda explica que o esquecimento pode ser uma ação por parte da memória, pois o não dito está dentro do que foi dito. Há aquilo que se lembra e se escolhe não contar, ou aquilo que se tenta contar, mas realmente não achou na memória informações suficientes para verbalizar e acaba não sendo dito. Para termos então uma visualização concreta de como os idosos verbalizam essas memórias, foram feitas as mesmas perguntas a alguns deles, e confirmamos que as lembranças presentes na memória, no caso o patrimônio geralmente evoca edifícios históricos. Para as entrevistas utilizamos o mesmo repertório de perguntas utilizado por Almeida e Oliveira (2016):

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"Memória histórica é a preservação das marcas que o homem deixa no mundo através dos seus atos e feitos materiais ou através da ciência e seu legado. Na guerra ou na paz o homem deixa na memória aquilo que se tornou importante (...) Em Ribeirão Preto minha segunda cidade vejo com tristeza o esquecimento e desleixo com as construções da época dos barões do Café, bem como o descuido com o Museu do Café que abriga a memória histórica da cidade. Muitos casarões, foram demolidos para dar lugar a prédios modernos. Outros que ainda restam estão se deteriorando. Alguns com o tombamento conseguem ser preservados. Outras construções como o quarteirão paulista, a CIANÊ, a estação de trem do Barracão, todos estão desaparecendo. Enfim há muito o que cuidar para a memória histórica de Ribeirão Preto não desaparecer." MARIA APARECIDA, 67 ANOS

O que você entende po

"Memória histórica é tudo o que já foi destruído e não tem mais, o que está guardado na nossa cabeça (...) Emblemar, uma empresa que eu trabalhava e já fechou. A Fábrica de Tecidos Matarazzo, era uma fábrica muito grande e boa que dava serviço para muitas famílias (...) A cervejaria paulista, antártica. A empresa Mabel, de bolachas (em que eu trabalhei na montagem de produtos)." EDVALDO RAMAZZO, 72 ANOS

"Memória histórica é tudo o que fica na nossa cabeça, que são as lembranças do passado (...) Do Teatro Pedro II, que é um prédio muito bonito e da Fábrica de Tecidos Matarazzo/ CIANÊ onde vendia os tecidos mais baratos (...) A Fábrica de Tecidos Matarazzo/ CIANÊ, onde muitas pessoas trabalhavam (inclusive meu marido, como mecânico de máquinas) e a fábrica faliu e mandou todos os funcionários embora, sendo uma situação muito difícil (inclusive financeiramente)." MARLY FELÍCIO, 60 ANOS

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Quais são as memórias q que já foi destruído nela significou muito pra você?


or memória histórica?

"São as nossas lembranças, o que fica guardado na nossa cabeça (...) De quando eu era moça e criança de quando eu podia brincar na rua. Na primeira casa que eu morei, as praças, era tudo muito livre. A Fábrica de Tecidos Matarazzo/ CIANÊ, eu não frequentava, mas já ouvi falar (...) A ferroviária, porque era muito bom, tudo era mais fácil, um meio de transporte era mais barato e meu pai trabalhava lá também." ROSA CIPRIANO, 70 ANOS

"Memória histórica é tudo o que já foi destruído e não existe mais (...) Nos anos 70/ 80 existia a cervejaria Paulista (Rua Mariana Junqueira com a Avenida Gerônimo Gonçalves), que tinha o melhor Guaraná do Brasil e Malzbier. A antártica comprou a cervejaria Paulista, por conta dos seus produtos. A cervejaria Antarctica (Rua Luís da Cunha com a Avenida Gerônimo Gonçalves), que veio a fechar nos anos 80/90 e hoje ambas estão fechadas. A Fábrica de Tecidos Matarazzo (Avenida Costa e Silva, 1111), fundada nos anos 50 até 94, onde eu trabalhava com mais 2.000 pessoas (...) A Fábrica de Tecidos Matarazzo/ CIANÊ porque eu trabalhei por 20 anos e ela é a que me vem mais na memória, pois era um bom lugar de trabalho. E a antiga fábrica de papelão localizada na Vila Virgínia, que funcionou por mais ou menos 50 anos até a morte do Dono." SEBASTIÃO FELÍCIO, 68 ANOS

que tem da sua cidade e o que em algum momento ?

"Lembro de morar nas casas próximo a usina Galo Bravo, hoje é o clube Magic Gardens. Era muito bonito e gostoso de morar, bem cuidado, tinha médico, dentista, tudo ali perto. Tinha cinema e alguns cursos, cabelo, costura. Na usina faziam açúcar, álcool". LAIS ZERLIN, 72 ANOS

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Ecléa Bosi (1999) faz um denso estudo sobre memória dos velhos e para obtê-las entrevistou idosos com a idade e o espaço social em comum, a cidade de São Paulo. Tal estudo foi um incentivo para fazermos também as entrevistas com alguns idosos de Ribeirão Preto e entender melhor suas memórias. A autora também fala sobre as memórias afetivas e políticas, no entanto se refere a elas como memória pessoal e social. Além da memória, Bosi (1999) trata das relações entre o idoso e a sociedade. Segundo a autora o idoso é considerado uma classe oprimida por ter uma relação de dependência.

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Conforme explica a autora, o passado se conserva e atua no presente, mas não de forma única. De um lado temos a memória-habito, que é a dos mecanismos motores e, de outro lado, as lembranças independentes de hábitos, lembranças isoladas e singulares que constituem a recuperação do passado. A memória-habito é o esforço e repetição de gestos ou palavras, processo exigido pela socialização e retomado até a fixação. Já a lembrança pura traz à tona um momento único da vida, singular e irreversível.

"O velho não tem armas. Nós é que temos de lutar por ele (...) Por que temos que lutar pelos velhos? Porque são a fonte de onde jorra a essência da cultura, ponto onde o passado se conserva e o presente se prepara (...) Mas se os velhos são os guardiões do passado, porque nós é que temos que lutar por eles? Porque foram desarmados (...) A função social do velho é lembrar e aconselhar (...) Como se realiza a opressão da velhice? De múltiplas maneiras (...) burocracia da aposentadoria e asilos, tutelagem e recusa do diálogo, próteses e precariedade(...)." (BOSI, 1999, p. 18).

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VALOR HISTÓRICO Imagem 13 - Fábrica CIANÊ Fonte: VICHNEWSKI (2004) e autoral com intervenção da autora.

VALOR MEMORIAL IDOSO

PRESERVAR

REABILITAR

RUÍNAS

VALOR HISTÓRICO

PATRIMÔNIO

"ação de recuperar a estima e a consideração" (apud CHOAY E MERLIN, 1988, p. 573)

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CO-LIVING


"Comunidade intencional que fornece moradia compartilhada para pessoas com afinidades de intenções. Combina espaços individuais e coletivos." (autor desconhecido).


Nossas residências são feitas, em geral, para moradia da família nuclear. Recentemente tem se pensado na moradia coletiva, geralmente voltado para o jovem que trabalha o dia todo e volta para casa para dormir. Diferente do idoso, que fica em casa o dia todo e tem algumas atividades esporádicas. Não estamos buscando generalizar o idoso como uma pessoa inativa, mas o quadro atualmente da pandemia nos mostrou uma nova e triste realidade. M a r c e l o Tr a m o n t a n o ( 1 9 9 8 ) d i s c u t e a s transformações dos novos grupos domésticos ao longo dos anos. A família tradicional sofreu mudanças nas últimas décadas, pois houve queda na taxa de natalidade por conta da disseminação de métodos contraceptivos, escolarização e queda da taxa de mortalidade, devido aos avanços medicinais. Acarretando assim o aumento da expectativa de vida e uma população mais idosa. A redução do tamanho da família, devido ao menor número de filhos, e aos desmembramentos dos mesmos mais depressa, acarreta aos pais serem futuros idosos sozinhos. Essas mudanças na composição populacional solicitaram aos arquitetos pensar novas soluções adequadas a esses novos modos de vida.

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Uma das que questões fundamentais nessa discussão é a dualidade entre o privado e compartilhado conforme discute Hermer Hertzberger (1999). O autor afirma que esses termos não são exatamente opostos. É possível pensar no espaço individual e coletivo, mas com espaços de acolhimento entre si, um espaço de transição, convite para o usuário, usado como analogia a soleira, um intermediário entre o fora e dentro. Trata-se de um "intervalo" conectando ambos os ambientes, "lugar que dizemos olá ou adeus aos visitantes, limpamos a neve das botas e penduramos o guarda-chuva" (HERTZBERGER, 1999, p. 34). Em linhas gerais, para o autor, os arquitetos devem projetar espaços com capacidade de se adequar às diversidades de uso e mudanças. A partir desses, propomos no âmbito desse TFG um CO LIVING para idosos. O Co-living é uma habitação que combina espaços individuais e coletivos (espaços comuns) para diversos grupos familiares em um mesmo local. Nesse trabalho desenvolveremos um espaço para idosos que estejam sozinhos ou na companhia de seus cônjuges, irmãos e amigos. A proposta é desenvolver tanto espaços privados quanto coletivos.


Imagem 14 - De Drie Hoven Fonte: Elara Fritzenwalden

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Diferente de uma habitação compartilhada (apartamento), o Co-living , tem os espaços, unidades individuais, como quartos, banheiros, copa (podendo ser habitado por uma família ou uma pessoa só) em conjunto com os espaços coletivos, onde todos os moradores do local usam em colaboração, tais como, sala, cozinha, lavanderia, etc. Já em um apartamento esses espaços são de uso privativo para cada família, enquanto os espaços coletivos, se prestam apenas para circulação, tais como, corredor, hall de entrada e recepção. Além de espaços privados e coletivos com base nas proposições de Hertzberger (1999), incorporaremos elementos em nosso projeto que promovam o convite aos usuários do edifício. Desse modo, mesmo aqueles que não residem no local, poderão usufruir das atividades junto aos moradores. Podemos usar como exemplo dessa forma de convite para a sociedade pequenas soluções como: entradas cobertas, alpendres, bancos próximos as portas de entrada, grandes janelas e meiasportas.

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Como podemos ver nas imagens no edifício De Drie Hovem, que tomaremos como referência projetual, de autoria de Hertzberger, o espaço externo é composto por mesas e cadeiras , e de uma cobertura que serve para acolher aqueles que vem de fora. Nem totalmente fora e nem dentro do edifício. Presente também nessa referência projetual, a meia-porta aberta pode ser um gesto de convite, uma entrada para o privado. Os moradores as deixam aberta como se o corredor fosse um alpendre, presente nesse corredor alguns moveis pessoais próximo a suas portas, uma área ao mesmo tempo que de uso coletivo, com pertences individuais. Esses corredores servem como ruas e os espaços pertencem tanto ao corredor, público, quanto a habitação, privada. Quando há essas sugestões espaciais que permitem aos moradores incorporarem sua influência a essa área, o espaço público é consideravelmente aprimorado no interesse comum. Um espaço público onde os moradores estão envolvidos com suas marcas individuais criadas por eles mesmos, é transformado em um espaço comunitário.


CONV

ITE

ACOLHIMENTO

BANCOS PRÓXIMO AS ENTRADAS

CONVITE PARA OLHAR A PAISAGEM - FORA

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Imagem 15 - Conjunto de imagens - De Drie Hoven Fonte: Hidden architecture; AHH; Hicarquitectura com intervenção da autora.

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DENTRO

CONVITE

ACOLHIMENTO

FORA

ENTRADAS COBERTAS

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Imagem 16 - Conjunto de imagens - De Drie Hoven Fonte: Hidden architecture; AHH; Hicarquitectura com intervenção da autora.

INTERAÇÃO


INTEGRAÇÃ

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PRIVADO

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DE

CONVITE

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52 RUA


LEITURAS PROJETUAIS



DE DRIE HOVEN Já mencionado anteriormente, tomado como leitura projetual. Analisaremos a questão do espaço individual e coletivo e ambientes propostos aos idosos. Arquiteto: Hermer Hertzberger Ano: 1971-1974 Localização: Amsterdã. Complexo que abrange idosos de todos os estados físicos. O edifício se constitui em várias alas, cada uma delas destinada para diferentes dependências físicas dos usuários. Estas alas são unidas por um pátio de convivência central, promovendo diferentes atividades de lazer como, jardinagem, cuidado com animais e bicicletário.

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Imagem 17 - De Drie Hoven Fonte: Amstelring


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ANÁLISE IMPLANTAÇÃO E PLANTAS

ALA FUNCIONÁRIOS

QUARTO / SALA BANHEIRO HALL

PÁTIO CENTRAL LAVANDERIA SINUCA BAR

ACESSO JARDINAGEM LAZER BICICLETÁRIO

BIBLIOTECA TERAPIA COMÉRCIOS SERVIÇOS TERRAÇO BUFFET

QUARTO / SALA BANHEIRO HALL

Diagrama 1 - Implantações do edificío De Drie Hoven Fonte: Hicarquitectura com intervenção da autora.

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ALA SOLTEIROS O INTERVALO


ALA CASAIS O INTERVALO DESPENSA SALA ESTAR QUARTO BANHEIRO VARANDA COZINHA SALA JANTAR HALL O INTERVALO

BANHEIRO QUARTO HALL O INTERVALO

ALA ASSISTIDA O INTERVALO QUARTOS DE 1 Á 4 MORADORES SERVIÇOS

Planta 2 - Plantas do edificío De Drie Hoven Fonte: AHH; Hicarquitectura; Gerohabitação com intervenção da autora.

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ANÁLISE ESTRUTURA E JANELAS

TERRENO

PROGRAMA

PILARES

Pessoal interno

Cuidados em domicílio

Apartamento de serviços

FORMA DO EDIFÍCIO B A S E A D O N O PROGRAMA, JUNTO AOS PILARES

59 Cuidados médicos


Janelas projetadas de forma que o usuário tenha a visão do externo, estando em pé, sentado ou deitado.

Imagem 18 - Conjunto de imagens do edifício De Drie Hoven Fonte: Hicarquitectura; Hidden architecture com intervenção da autora. Diagrama 2 - Janelas, programa de necessidades e estrutura de De Drie Hoven Fonte: Hicarquitectura com intervenção da autora.

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URBAN ELDERLY COMMUNITY CENTER Arquiteto: Waijun Lee Ano: 2015 Localização: Pudu, Malásia O projeto é um espaço público que atende às necessidades da população fornecendo serviços básicos. A maior parcela da população na cidade é idosa, então o centro fornece para os mesmos vários tipos de programações e instalações. Composto por um estacionamento, cafeteria, banheiros, hall principal, lojas e barracas de comidas. No primeiro pavimento tem biblioteca, banheiros, consultórios, espaço multiuso e terraço. Segundo pavimento há área de alimentação, áreas para leitura e atividades físicas, área social, salas multimídia, culinária e multiuso, também espaço ao ar livre. Por fim no terceiro pavimento se encontra a administração do edifício, sala para reuniões e escritório para alugar, sala de estar e quartos passar a noite. Como podemos ver na análise da página seguinte.

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Imagem 19 - Urban Elderly Community Center Fonte: Behance


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ANÁLISE PLANTAS

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O INTERVALO ACESSO ESCADAS CAFÉ BANHEIROS HALL PRINCIPAL BARRACAS DE COMIDA LOJAS

ESTACIONAMENTO ACESSO SERVIÇOS

Planta 3 - Plantas do edifício Urban Elderly Community Center Fonte: Behance com intervenção da autora.

PLANTA TÉRREO SEM ESCALA


SALAS CLÍNICAS ACESSO ESCADAS SALA MULTIUSO BANHEIROS HALL PRINCIPAL BIBLIOTECA TERRAÇOS

PLANTA 1º PAVIMENTO SEM ESCALA SALA MULTIMEDIA ACESSO ESCADAS ÁREA PARA LER E COMER BANHEIROS SALA MULTIUSO HALL PRINCIPAL ÁREA SOCIAL TERRAÇOS ACADEMIA SALA CULINÁRIA PLANTA 2º PAVIMENTO SEM ESCALA SALA REUNIÕES ACESSO ESCADAS ADMINISTRAÇÃO BANHEIROS HALL PRINCIPAL QUARTOS SALA DE ESTAR ESCRITÓRIO PLANTA 3º PAVIMENTO SEM ESCALA

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ANÁLISE VOLUMETRIA E JANELAS JANELAS CAÓTICAS COM BRISES ACESSO POR DUAS RUAS

Conforme analisamos, os pavimentos são compostos por diferentes usos e áreas, sendo fixos a circulação vertical, hall principal e banheiros. Os pavimentos acima do térreo funcionam como mezaninos permitindo altos pé-direitos e terraços. Presente no térreo o intervalo, mesas, cadeiras e bancos acolhendo o usuário convidando-o. O edifício é composto a partir de vários volumes de diversos tamanhos, as janelas representam a arquitetura caótica local da cidade e composta por brises para auxiliar na iluminação e ventilação natural.

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COMPOSIÇÃO DE VOLUMES

Diagrama 3 - Volumetria, janelas e implantação de Urban Elderly Community Center Fonte: Behance com intervenção da autora.


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Imagem 20 - Urban Elderly Community Center Fonte: Behance com intervenção da autora.

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HUMANITAS BERGWEG Arquiteto: EGM Architecten Ano: 1993-1996 Localização: Oude Noorde, Rotterdam (Holanda) Trata-se de uma instituição para idosos, o edifício está inserido em um bairro habitacional e estabelece relações sociais abrindo ao público externo equipamentos complementares. Um bloco laminar de pavimento com 195 unidades de apartamentos. É um modelo híbrido, que mistura equipamentos de saúde e assistência. No pavimento térreo há mercado, escritórios, consultórios, instituições de apoio como cursos, serviços migratórios, etc. O primeiro pavimento é composto pelos apartamentos e uma praça central coberta, todos os pavimentos são voltados a essa praça. Como podemos analisar na página seguinte.

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Imagem 21 - Humanitas Bergweg Fonte: FysiotherapiePlus


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ANÁLISE PLANTAS

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HALL MERCADO DEPÓSITOS ESCRITÓRIOS CARGA/DESCARGA SALAS TÉCNICAS INSTITUIÇÕES BICICLETÁRIOS ARMÁRIOS MUSEU DA MEMÓRIA

PLANTA TÉRREO

ACESSOS LAVANDERIA ESPAÇO CONTAINER SALAS CLÍNICAS

Planta 4 - Plantas de Humanitas Bergweg Fonte: Gerohabitação com intervenção da autora.

Diagrama 4 - Programa de necessidades de Humanitas Bergweg Fonte: Gerohabitação


PASSARELA

HALL APARTAMENTOS LAGO DE CARPAS ESCRITÓRIOS CRECHE SALA REUNIÕES VARANDA RESTAURANTE BANHEIRO LOUNGE/ CAFÉ

PLANTA 1º PAVIMENTO

CABELEREIRO CORREIO/ BIBLIOTECA INSTITUIÇÃO MESAS SINUCA INFORMAÇÕES BAR/ CAFÉ

No primeiro pavimento há uma praça central, onde todos os pavimentos acima tem a visão sobre o mesmo, através de corredores que funcionam como sacadas e passarelas.

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ANÁLISE INTERIOR E IMPLANTAÇÃO APARTAMENTOS

APARTAMENTO

Diagrama 5 - Volumetria de Humanitas Bergweg Fonte: Gerohabitação com intervenção da autora.

PRAÇA CENTRAL

MERCADO ENTRADA PRINCIPAL

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AS PASSARELAS

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PRAÇA CENTRAL

Imagem 22 - Humanitas Bergweg Fonte: Building com intervenção da autora.

O INTERVALO

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HISTÓRICO CIANÊ



Para melhor compreender o objeto de estudo e a área em que está inserido recorremos a uma das principais fontes sobre o tema, a dissertação de mestrado e o livro do professor Henrique Telles Vichnewski, intitulados "As indústrias Matarazzo no interior paulista: arquitetura fabril e patrimônio industrial (1920-1960)" e "Indústrias Matarazzo em Ribeirão Preto". Nesses trabalhos, o autor relata a história de grande parte das Indústrias Reunidas de Francisco Matarazzo (IRFM), o maior grupo empresarial da América Latina, que chegou a englobar 350 empresas em diversos ramos. Dentre as muitas fábricas construídas no estado, nesse trabalho tratamos especificamente da Fiação de Tecelagem Matarazzo, localizada em Ribeirão Preto, e que foi incorporada posteriormente pela CIANÊ.

Em 1935 e 1940 outros edifícios foram construídos, sendo destinados a depósitos de algodão. Em 1945 a Algodoeira diversificou-se implementando a Fiação e Tecelagem Matarazzo. Esse grande complexo industrial foi inserido no antigo bairro Barracão, hoje Campos Elíseos. Para viabilizar o grande empreendimento, a Prefeitura solicitou a abertura de uma rua que fosse da fábrica até a Avenida da Saudade, importante via de acesso da cidade.

Segundo Vichnewski (2010) em 1934, a indústria Matarazzo adquiriu em Ribeirão Preto um terreno para a construção de uma fábrica de algodão, azeite e extração de querosene, denominada Algodoeira Matarazzo, primeira fábrica das IRFM na cidade. O terreno se localizava entre as ruas Saldanha Marinho, José Bonifácio, Campos Salles e Prudente de Moraes, como podemos ver no mapa ao lado.

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Imagem 23 - Diário da Manhã 1934 Fonte: VICHNEWSKI (2004)


1934

1935

1940

1945

AV. COSTA E SILVA

N

R. PRUDENTE DE MORAIS

R. CAMPOS SALLES

NQUEIRA

A MARINHO

R. SALDANH

JU AV. FRANCISCO

NIFÁCIO

R. JOSÉ BO

Mapa 3 - Industrias Matarazzo em Ribeirão Preto. Fonte: Elaborado pela autora utilizando imagens disponíveis em VICHNEWSKI (2004).

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2 ESTAÇÃO BARRACÃO

PRAÇA CONDE F. MATARAZZO 6 JÚNIOR

1 CIANÊ

ANTIGA CASAS OPERÁRIOS 7 GEMINADAS

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3 ANTIGA CASAS OPERÁRIOS

4 ANTIGA CASAS OPERÁRIOS 1

6 7 3

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Mapa 4 - Entorno do terreno Matarazzo. Fonte: Elaborado pela autora utilizando imagens do Google Street View e autoral.

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Matarazzo Júnior, no mesmo tempo da construção da indústria, mandou construir também diversas habitações para os operários qualificados da tecelagem instaladas ao redor da Praça "Francisco Matarazzo". Outro equipamento coletivo foi o clube esportivo Associação Atlética Matarazzo, investimento este, realizado próximo à indústria e equipado com quadras de futebol, uma quadra coberta, pistas de bocha e área de lazer." (VICHNEWSKI, 2010, p. 93).

O complexo foi projetado pelo engenheiro Mario Calore e o arquiteto Francisco Verrone, que também foram responsáveis por diversas outras obras da IRFM. O complexo era composto por um pavilhão para preparação da fiação, outro para fiação e o terceiro para tecelagem, além das construções de apoio como refeitório, almoxarifado, escritório, casa das caldeiras e tinturaria.

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Do outro lado da Avenida Costa e Silva,

PAVILHÃO TECELAGEM PAVILHÃO FIAÇÃO PAVILHÃO PREPARAÇÃO DA FIAÇÃO ESCRITÓRIO ALMOXARIFADO REFEITÓRIO PRAÇA CONDE F. MATARAZZO CASA OPERÁRIOS ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA MATARAZZO CASAS DAS CALDEIRAS TINTURARIA

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Imagem 24 - Usos originais dos galpões. Fonte: Elaborado pela autora utilizando imagem e informações contidas em VICHNEWSKI (2004).

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A tecelagem foi tombada pelo município, pela Lei no 6.826, de 9 de junho de 1994, com a finalidade de ser reerguida pelos próprios funcionários, e também pela sua grande importância histórica e cultural. Em maio de 2002, a tecelagem foi destombada, pela Lei no 9.567, para ser instalada, no local, uma rodoviária. Houve uma reação da população da cidade contra a demolição da indústria e a instalação da Rodoviária naquele local. (VICHNEWSKI, 2010, p. 95). No ano de 2010 a Fábrica foi novamente tombada.

PORTÃO DE ENTRADA

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Em 1981 a Matarazzo decretou falência e o edifício foi comprado posteriormente pela Companhia Nacional de Estamparia (CIANÊ). Em 1994 a CIANÊ também decretou falência, por conta da concorrência com o mercado exterior.

Hoje o local se encontra em ruínas, após sofrer um incêndio em 2011. No entanto, nesse período houve propostas de novos usos para o local, que é de propriedade da prefeitura. Dentre eles, a transferência do Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto e a implantação da FATEC, mas essas propostas nunca foram efetivadas. Como podemos ver na figura seguinte o edifício original em contraste com a situação de ruína, agravada após o incêndio. Com o abandono ao longo do tempo, e após o incêndio apenas o esqueleto da construção.

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AO LONGO DO TEMPO ...

CAIXA D’ÁGUA


UNIÃO DOS GALPÕES

LATERAL DOS GALPÕES

Imagem 25 - Conjunto de imagens da Indústria. Fonte: VICHNEWSKI (2004), FIORIN (2019), Nilo Cabral e autoral.

EDIFICAÇÃO ANEXA A FRENTE DOS GALPÕES

80


AO LONGO DO TEMPO ...

Edificação praticamente sem a cobertura

Terceiro galpão e algumas edificações anexas já não haviam mais.

2012 / 2013

SEM DATA 2010 / 2011

Edifício em sua forma original com os três galpões principais e edificações de apoio.

81

Construção do superme do terreno da Cianê

2015

201

2014

Após incêndio de 2011 cobertura dos galpões cederam, e as edificações anexas.

Podemos notar na imagem estacionamento criado para um mercado que utilizou uma das edificações anexas, antes refeitório.


ercado Tenda ao lado

Toda a Cianê em ruínas, ficando somente a estrutura.

Edificações anexas na frente dos galpões cederam mais.

2017

16

2019 2018

Crescimento da vegetação no terreno impossibilitando a visão e o acesso ao edifício na escala do pedestre.

Toda a Cianê em ruínas, ficando somente a estrutura.

Imagem 26 - Linha do tempo CIANÊ. Fonte: Elaborado pela autora utilizando imagens do Google Street View e a primeira em FIORIN (2019)

2021 2020

Atualmente o terreno se encontra inacessível, vegetação muito alta impossibilitando a visão, e a edificação somente o esqueleto.

82


MEMÓRIAS DA CIANÊ ...

"Eu vim pra Ribeirão em 1973. A fábrica funcionou até 1981. Do lado da fábrica tinha a lojinha que vendia tecido mais barato. Eu comprava lá, meu vizinho o Toninho trabalhou lá e acho que a mãe dele também (...) Não, tínhamos acesso aos galpões, só funcionários. O público tinha acesso só à loja que era pequena.’’ MARIA APARECIDA, 67 ANOS

"Tinha 35 anos, mais ou menos. Trabalhei 20 anos lá. Mas era Matarazzo e depois virou CIANÊ. Ficava na Av. Marechal Costa e Silva 1111 (...) Eu entrava as 21h e saía as 05 h da manhã, eu entrei varrendo o chão e sai de contra mestre, que é chefe de sessão, eu arrumava as maquinas e tomava conta das pessoas." SEBASTIÃO FELÍCIO, 68 ANOS, EX FUNCIONÁRIO DA FÁBRICA

83


Sr. Osmar Oliveira, também foi funcionário da CIANÊ e nos deu um relato muito precioso sobre sua rotina de trabalho, funcionamento da fábrica e a relação com a própria arquitetura e consideramos importante a reprodução desse relato na íntegra.

‘‘

Meu nome é Osmar Oliveira tenho 48 anos e sim, trabalhei na CIANÊ, por pouco tempo de 1989 a 1991, mas vamos começar do começo. Meu primeiro contato com a empresa foi um contato indireto, quando ainda tinha 7 ou 8 anos, eu estava começando a estudar e não tinha mochila para levar o material escolar, isso pelas idas de 1980 mais ou menos, meu pai já trabalhava na CIANE que nesse tempo se chamava S/A INDUSTRIAS MATARAZZO. Ele trazia para mim um embornal (bolsa antiga de pano) que se usava na empresa para colocar cestas de algodão e outras sobras da fabricação de tecido, minha mãe fazia uma adaptação na alça e eu usava para colocar meus cadernos, sempre que rasgava, ele trazia outro.

A empresa funcionava em três turnos, das 5h às 13h, das 13h às 21h e das 21h às 5h. Eu entrava as 5h da manhã, tinha que acordar as 3:30h, pois o ônibus passava na esquina de baixo da minha rua as 4h, de vez em sempre eu me atrasava, então tinha que correr três quarteirões para pegar o ônibus voltando pela parte de cima da rua, o problema é que só levava 5 minutos para ele voltar. Bom, vamos ao que interessa, chegando para o trabalho, eram 7 ônibus que traziam certa de 600 funcionários, outros tantos viam de bicicleta e motos, uns poucos de carro, no caso a chefatura, e muitos vinham a pé em grupos de 5 a 10 pessoas que iam se encontrando pelo caminho, era comum correr na casa de algum companheiro para acorda-lo quando este não estava no ponto de encontro. Cada turno tinha cerca de 1000 funcionários, pra mim era tudo muito grande e era mesmo.

‘‘... 84


MEMÓRIAS DA CIANÊ ...

‘‘

Eram muito setores, muitas máquinas cada uma mais esquisita que a outra, corredores a perder de vista e muito, mas muito barulho, era impossível conversar sem olhar para a outra pessoa, pois para entender o que se estava dizendo tinha que ler os lábios literalmente. Naquela época não tinha celular e não podia trabalhar de relógio por causa das maquinas e como era muito barulho, facilmente perdia-se a noção do tempo, então para avisar o horário de almoço usava-se luzes amarelas espalhadas em pontos estratégicos por toda a empresa, tínhamos uma hora de almoço, mas apenas 15 minutos para comer pois eram muitos funcionários para o tamanho do refeitório, então saia uma turma a cada 15 minutos a partir das 9:30, quando a luz acendia ficava acessa por 3 minutos, apagava e 15 minutos depois acendia de novo e saia outra turma e isso se repetia até 12:30 quando terminava o horário da ultima turma. A proposito o refeitório tinha uma cozinha industrial que nunca parava, eu estava sempre por lá, também tinha ambulatório com medico e enfermeiras o tempo todo.

A quem diga que o lugar era assombrado, e que vagava pelos infundáveis corredores uma mulher loura com o rosto de algodão e sem os pés, cruz credo, e também uma máquina no setor de tecelagem que ligava sozinha, bom isso sim era sinistro, pois a maquina ligava mesmo e quando acontecia ninguém trabalhava nela ate os rolos de linha acabarem e a maquina parar, diziam que era o espirito de um ex-funcionário que ali morreu, Deus é mais.

‘‘...

85


‘‘

Certa feita eu estava no banheiro que era no subsolo, quando acabou a energia e ficou muito escuro, sangue de Jesus tem poder, o medo era tanto que não achava a saída, se aquela loura aparecesse naquela hora eu a matava de novo só nos gritos.

Eu não tenho certeza, mas acho que tinha berçário, o que eu sei é que no dia das mães, dia das crianças e mais algumas datas tinha trenzinho que levava as mulheres e crianças para passear pela cidade, eu e mais uma turminha ficávamos escondidos e quando o trenzinho estava passando pelo portão saiamos correndo e íamos também, na volta tomávamos 3 dias de ganho, era tudo que queríamos. Na saída do trabalho antes de picar o cartão, tinha que passar por uma pequena maquina com duas lâmpadas, uma verde e outra vermelha, se acendesse a luz vermelha tinha que entrar numa salinha e passar por revista, era muito engraçado pois a turminha do boteco apostava, aqueles que caíssem na luz vermelha pagava a rodada de cachaça. OSMAR OLIVEIRA, 48 ANOS, EX FUNCIONÁRIO DA FÁBRICA

‘‘ 86


87

Imagem 27 - Holerites e Carteiras de trabalho. Fonte: Sebastião Felício e Osmar Oliveira.


88


RECONHECIMENTO DO BEM E ENTORNO



APRESENTAÇÃO DO BEM - CIANÊ

- Denominação: Fiação e Tecelagem Matarazzo, posteriormente Fábrica CIANÊ. - Data de Construção: 1945 a 1951.

- Endereço: Antigo bairro Barracão (atualmente Campos Elíseos). Av. Marechal Costa e Silva 1111, Ribeirão Preto. - Uso: Originalmente Fábrica - estamparia. Atualmente abandonado. - Proteção legal existente: tombado em 2010 pelo CONPPAC (Conselho de Preservação do Patrimônio Artístico e Cultural). - Estado de conservação: em ruínas. - Área construída: 39.000 m² - Número do processo: 02.94.017612-9. - Categoria: Arquitetura Industrial. - Proprietário: Antiga IRFM (industrias reunidas de Francisco Matarazzo). Atualmente pertence a Prefeitura de Ribeirão Preto. - Construtor/arquiteto/engenheiro: Os profissionais responsáveis pelas obras da IRFM foram o arquiteto Francisco Verrone e engenheiro Mario Calore.

91 Imagem 28 - Fábrica CIANÊ Fonte: Autoral 2021


92


ANÁLISE TIPOLÓGICA As IRFM, grupo empresarial como já dito anteriormente que dominou o estado de São Paulo, tinham relações em suas construções. Reunimos algumas indústrias no interior do estado, citadas por Vichnewski (2004). Como na cidade de Votuporanga, Bauru, Ribeirão Preto, São Paulo, Araçatuba, entre outras. Todas mesmo que com tipologias diferentes e de épocas diferentes, são compostas por grandes galpões interligados, em escala monumental, de tijolos, concreto, compostas por amplas janelas para auxiliar na ventilação e iluminação natural. Com edifícios anexos para auxiliar nos usos e também como casas de operários. Plantas livres para os grandes maquinários e número de funcionários.

93


Imagem 29 - Indústrias Matarazzo no interior paulista. Fonte: VICHNEWSKI (2004).

94


IDENTIFICAÇÃO DE MATERIAIS E RECONHECIMENTO PRELIMINAR SISTEMAS CONSTRUTIVOS DE DANOS Os galpões são estruturados por vigas e pilares de concreto armado, de planta simples e livre, galpões de 150mx50m, pouco compartimentados. Sem nenhum ornamento os fechamentos são de tijolos comum rebocados e as paredes internas de blocos de concretos. A cobertura tinha estrutura de madeira e fechamento com telha cerâmica. E havia grandes janelas basculantes de vidros de pilar a pilar, contribuindo muito para iluminação e ventilação. As ruas internas eram de paralelepípedos. Não foi possível realizar o mapa de danos devido a inacessibilidade à área. A mesma se encontra murada e com portões, com a vegetação muito alta impossibilitando acesso e visão, entulho e ocupação ilegal, tornando-se perigoso a tentativa de entrar no terreno. As fotos que são autorais foram tiradas por frestas nos muros e de longe com zoom da câmera.

Imagem 30 - Conjunto de imagens da Fábrica CIANÊ Fonte: FIORIN (2019), Nilo Cabral (2019) e autoral (2021)

95

Como podemos ver na figura as paredes internas perderam os rebocos, os tijolos, blocos de concretos e azulejos estão quebrados e danificados. Escadas internas destruídas. Já não existem mais paredes externas, apenas a estrutura de concreto armado, somente o esqueleto. Não existe mais telhado, o mesmo foi cedido e destruído pelo incêndio, assim como as janelas, que já não há vidros e nem a armação dos mesmos. O terreno foi tomado pela vegetação, solo e entulho, não existindo mais os paralelepípedos das ruas internas.


96


USO DO SOLO Na área predomina o uso residencial, embora tenha grande quantidade de comércio e serviço próximo as vias principais, como Av. Costa e Silva, R. Luiz Barreto, R. Marques de Pombal e R. Silveira Martins. Há alguns usos institucionais, como escolas, igrejas, faculdade e apenas um centro clínico próximo. Há também uma quantidade considerável de lotes vazios e construções sem uso.

97

INSTITUCIONAL SEM USO RESIDENCIAL COMÉRCIO ÁREA VERDE SERVIÇO EM CONSTRUÇÃO VAZIO ÁREA DE ESTUDO Mapa 5 - Uso do solo Fonte: Elaborado pela autora.

AV. COSTA E SILVA - COMÉRCIO E SERVIÇOS R. CONDE F. MATARAZZO - RESIDENCIAL Imagem 31 - Vias com comércios e residências. Fonte: Google Street View.


ZZO

A

REI

AV. DOM PEDRO I

R. RIO GRANDE DO SUL

D

UAR

R. PERNANBUCO

ED AV.

ND OA

A TAR MA

AE OST

A SILV

AV. CAPITÃO SALOMÃO

C AV.

R. SILVEIRA MARTINS

R. MARQUES DE POMBAL

R. LUIZ BARRETO

98


OCUPAÇÃO DO SOLO - FIGURA E FUNDO Na área de estudo há tanto grandes lotes vazios com áreas verdes, quanto vários lotes edificados no seu limite, permanecendo ainda algumas edificações geminadas. Como podemos analisar no mapa ao lado há um adensamento maior próximo ao antigo trilho do trem devido a ocupação irregular da atual comunidade.

AV. COSTA E SILVA - EDIFICAÇÕES GEMINADAS Imagem 32 - Edificações.Fonte: Google Street View.

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ÁREA EDIFICADA Mapa 6- Figura e fundo Fonte: Elaborado pela autora.

ANTIGO TRILHO DO TREM - OCUPAÇÃO IRREGULAR


AV. DOM PEDRO I

A

REI

D

UAR

ED AV.

ND OA

R. PERNANBUCO

R. RIO GRANDE DO SUL

ZZO

A TAR MA

AE OST

A SILV

C AV. AV. CAPITÃO SALOMÃO

R. SILVEIRA MARTINS

R. MARQUES DE POMBAL

R. LUIZ BARRETO

100


OCUPAÇÃO DO SOLO - GABARITO Predominantemente edificações com apenas um pavimento, algumas como própria CIANÊ, faculdade Anhanguera e alguns outros prédios residenciais que tem dois ou mais pavimentos. A área como um todo tem baixo gabarito, contribuindo para ventilação e iluminação natural da área.

R. SILVEIRA MARTINS - GABARITO BAIXO Imagem 33 - Gabarito baixo. Fonte: Google Street View.

101

1 PAVIMENTO 2 PAVIMENTOS 3 OU MAIS PAVIMENTOS Mapa 7 - Gabarito Fonte: Elaborado pela autora.

R. JOSÉ DE ALENCAR - GABARITO BAIXO


AV. DOM PEDRO I

A

REI

D

UAR

ED AV.

ND OA

R. PERNANBUCO

R. RIO GRANDE DO SUL

ZZO

A TAR MA

AE OST

A SILV

C AV. AV. CAPITÃO SALOMÃO

R. SILVEIRA MARTINS

R. MARQUES DE POMBAL

R. LUIZ BARRETO

102


HIERARQUIA VIÁRIA FUNCIONAL Há a presença da Av. Eduardo Andreia Matarazzo, via expressa na área, de grande extensão na cidade e alto fluxo, recebe o trânsito de todas as outras vias, por isso sua largura é maior. Como vias arteriais há a Av. Costa e Silva e Av. Capitão Salomão que em determinado momento vira a Av. Dom Pedro I, estas tem um grande fluxo por atravessar vários bairros e receber o trânsito das vias coletoras. As vias coletoras na área são as R. Luiz Barreto, Silveira Martins, Marques de pombal, Pernambuco, Rio grande do Sul, responsáveis por captarem o transito das ruas locais.

AV. COSTA E SILVA - ARTERIAL

VIA ARTERIAL VIA COLETORA VIA LOCAL ÁREA DE ESTUDO Mapa 8 - Hierarquia viária Fonte: Elaborado pela autora.

AV. EDUARDO ANDREIA MATARAZZO - EXPRESSA R. SILVEIRA MARTINS - COLETORA

Imagem 34 - Fluxo das vias.Fonte: Google Street View.

103

VIA EXPRESSA


AV. DOM PEDRO I

A

REI

D

UAR

ED AV.

ND OA

R. PERNANBUCO

R. RIO GRANDE DO SUL

ZZO

A TAR MA

AE OST

A SILV

C AV. AV. CAPITÃO SALOMÃO

R. SILVEIRA MARTINS

R. MARQUES DE POMBAL

R. LUIZ BARRETO

104


VEGETAÇÃO E ÁREAS VERDES No terreno de intervenção há a presença de várias árvores e uma extensa área verde ao lado. Av. Eduardo Andréia Matarazzo há um parque linear, onde passa o córrego e uma ciclovia em sua extensão com muitas árvores. No restante da área de estudo há a presença de algumas praças e árvores ao longo das avenidas.

PRAÇA RÔMULO MORANDI - R. LUIZ BARRETO Imagem 35 - Áreas verdes.Fonte: Google Street View.

105

ÁRVORES PLANTO DE PISO ÁREA DE ESTUDO Mapa 9 - Vegetação e áreas verdes Fonte: Elaborado pela autora.

PARQUE LINEAR; CICLOVIA - AV. E. ANDREIA MATARAZZO


AV. DOM PEDRO I

A

REI

D

UAR

ED AV.

ND OA

R. PERNANBUCO

R. RIO GRANDE DO SUL

ZZO

A TAR MA

AE OST

A SILV

C AV. AV. CAPITÃO SALOMÃO

R. SILVEIRA MARTINS

R. MARQUES DE POMBAL

R. LUIZ BARRETO

106


EQUIPAMENTOS URBANOS Podemos notar que na área há a presença de alguns equipamentos religiosos (igrejas), alguns educacionais como creches, escola e faculdade. Equipamentos de abastecimento (mercados, postos de gasolina), o Daerp como infra-estrutura. Há dois de saúde, Centro clínico Santa Casa e um hospital publico apenas para tratamento psiquiátrico. Notamos a falta de equipamentos de lazer, cultura e esporte e também saúde publica próximo.

EQUIPAMENTOS DE ABASTECIMENTO Imagem 36 - Equipamentos urbanos.Fonte: Google Street View.

107

PRAÇAS EDUCACIONAL ESPORTE RELIGIOSO ABASTECIMENTO SAÚDE INFRAESTRUTURA ÁREA DE ESTUDO Mapa 10 - Equipamentos urbanos Fonte: Elaborado pela autora.

EQUIPAMENTOS DE SAÚDE E EDUCACIONAL


AV. DOM PEDRO I

A

REI

D

UAR

ED AV.

ND OA

R. PERNANBUCO

R. RIO GRANDE DO SUL

ZZO

A TAR MA

AE OST

A SILV

C AV. AV. CAPITÃO SALOMÃO

R. SILVEIRA MARTINS

R. MARQUES DE POMBAL

R. LUIZ BARRETO

108


MOBILIÁRIOS URBANOS Na área há grande quantidade de pontos de ônibus, grande parte próximo uns dos outros. Apenas alguns são pontos com bancos cobertos, a maioria apenas o posto de identificação. Fizemos o levantamento de semáforos próximos, predominante nas vias coletoras e arteriais.

PONTO DE ÔNIBUS NA AV. COSTA E SILVA Imagem 37 - Pontos de ônibus. Fonte: Google Street View.

109

SEMÁFOROS PLACAS PONTOS DE ÔNIBUS ÁREA DE ESTUDO Mapa 11 - Mobiliário urbano. Fonte: Elaborado pela autora.

PONTO DE ÔNIBUS NA AV. COSTA E SILVA


AV. DOM PEDRO I

A

REI

D

UAR

ED AV.

ND OA

R. PERNANBUCO

R. RIO GRANDE DO SUL

ZZO

A TAR MA

AE OST

A SILV

C AV.

AV. CAPITÃO SALOMÃO

R. SILVEIRA MARTINS

R. MARQUES DE POMBAL

R. LUIZ BARRETO

110


ESTUDO PRELIMINAR



O que um Co-living deveria ter para

"Um lugar arejado, tranquilo, bastante verde, vizinhos pertos, acesso para familiares." MARIA APARECIDA, 67 ANOS

"Área verde, lago, funcion organizado, jogos de carta e

MARLY FELÍCIO, 60 ANOS 113


a ser uma moradia agradável?

"Bastante espaço, área verde, sala de televisão, jogos e dança." SEBASTIÃO FELÍCIO, 68 ANOS

nários, lugar aconchegante, e sala de televisão."

S 114


PROGRAMA DE NECESSIDADES CAMPO DE JOGOS

6%

CAMINHOS / ÁREA VERDE

PARQUE LINEAR / CICLOVIA 12% 2% 2% 2%

BICICLETÁRIO VENDA HORTA/ FLORES BANHEIROS

3%

CAFÉ/RESTAURANTE

2%

MUSEU MEMORIAL

2%

BIBLIOTECA

115

USO COLETIVO - MORADORES

USO COLETIVO - MORADORES + POPULAÇÃO

11%

6%

JARDIM E HORTA

1%

ATIVIDADES MANUAIS

1% 1%

Cores em degradê representam os usos próximos e/ou que estão na mesma edificação

ESTACIONAMENTO

SALA EXERCÍCIOS PSICÓLOGO

1%

ENFERMARIA

1%

SALÃO DE FESTAS

1%

SALÃO DE JOGOS

1%

LAVANDERIA

1%

BANHEIROS

3%

COZINHA COMUNITÁRIA

3%

SALA ESTAR

3%

SALA DE TV

1%

CORREIO

USO PRIVADO- MORADORES + FUNCIONÁRIOS

11%

27%

1%

APARTAMENTOS ADMINISTRAÇÃO

Diagrama 6 - Programa de necessidades Fonte: Elaborado pela autora.


PROPOSTA DE INTERVENÇÃO CICLOVIA EXISTENTE PROPOSTA DE MELHORIA E PARQUE LIENAR

PROPOSTA DE NOVO ACESSO

PROPOSTA DE VEGETAÇÃO PARA O ANTIGO TANQUE

514

ANTIGO TANQUE ATUALMENTE OCUPADO POR CASAS

512

RUA EXISTENTE DE ACESSO AO MERCADO VIZINHO

PROPOSTA DE HORTA E JARDIM PROPOSTA DE ESTACIONAMENTO

518 520 50

ACESSO ORIGINIAL

528

100 150 200

250

Planta 5 - Implantação da CIANÊ Fonte: Elaborado pela autora.

500 ACESSO/ GUARITA

LAZER/ CONTEMPLAÇÃO

CICLOVIA/ PARQUE LINEAR

JARDINAGEM/ HORTA

ESTACIONAMENTO

EDIFICAÇÕES EXISTENTES

116


USOS EXTERNOS ACESSO/ GUARITA

AV. E D

UAR

JARDINAGEM/ HORTA

DO A

NDR

EIA

MAT ARA

ZZO

LAZER/ CONTEMPLAÇÃO ESTACIONAMENTO CICLOVIA/ PARQUE LINEAR

AV. C O Diagrama 7 - Proposta de novos usos ao terreno da CIANÊ Fonte: Elaborado pela autora.

117

STA

E SIL VA


IDENTIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES GALPÃO - A - MORADIA GALPÃO - B - MORADIA

AV. E D

UAR

ANEXO - A - CAFÉ/ RESTAURANTE/ BIBLIOTECA ANEXO - B - SALÃO DE FESTAS E JOGOS

DO A

NDR

EIA

MAT ARA

ZZO

ANEXO - C - LAVANDERIA COMUNITÁRIA ANEXO - D - CORREIO/ ADM/GUARITA ANEXO - E - BICICLETÁRIO ANEXO - F - VENDA HORTA/ FLORES

ANEXO - G - SALA ATV. MANUAIS/ EXERCÍCIOS ANEXO - H - ENFERMARIA/ PSCICÓLOGO

AV. C O Diagrama 8 - Identificação das edificações da CIANÊ Fonte: Elaborado pela autora.

STA

E SIL VA

118


ANTE PROJETO



IMPLANTAÇÃO No rio localizado na Av. Matarazzo, há em seu entorno um parque linear com uma ciclovia existente. O projeto de melhoria desse parque linear proporcionou acesso de calçadas largas e ciclovias dos dois lados da via. Foi projetado para área de intervenção um novo acesso na Av. Eduardo Matarazzo ligando ao acesso original na Av. Costa e Silva. Por meio de uma nova rua, somente de acesso para carros de moradores e visitantes, ambulância e carga e descarga. Existente na área uma via de paralelepípedo, restrita aos carros que acessam o estacionamento e a ambulância para atendimento médico. Pois próximo a essa via, há o anexo diretriz de enfermaria e outras pequenas de apoio dentro dos galpões. No entorno de todas as edificações também há vias existentes de paralelepípedos, que são acesso apenas de pedestres. Projetados vias que se conectam à todas as atividades e edificações. Restrita à pedestres e carrinhos de locomoção, que percorre toda a área. São de piso drenante, mesmo material pensado para as calçadas no entorno do terreno. Há uma horta/jardim comunitário para venda local e consumo dos moradores, estacionamento externo e praças para convívio do decorrer das vias internas. Para o antigo tanque de dejetos tóxicos de uso da Fábrica, foi implantado um parque com bastante vegetação para contemplação. Devido a extensão do projeto, os dois galpões principais foram projetados, destinados à moradia e os anexos permanecem como diretrizes com atividades que convidam a população para um convívio em conjunto dos moradores. Dentre eles atividades que auxiliam na economia da moradia como bicicletário para alugar as bicicletas e acessar a ciclovia e a compra de verduras e flores que os moradores plantam.

121


LEGENDA Edificações: A - Galpão moradia B - Galpão moradia A - Anexo café/biblioteca (diretriz) B - Anexo salão jogos/ festas (diretriz) C - Anexo lavanderia (diretriz) D - Anexo adm./ guarita (diretriz) E - Anexo bicicletário (diretriz) F - Anexo venda horta (diretriz) G - Anexo sala de exercícios (diretriz) H - Anexo enfermaria (diretriz) I - Anexo guarita (diretriz)

Pisos: 1 - Asfalto 2 - Grama 3 - Piso drenante 4 - Paralelepípedo existente 5 - Ciclovia concreto pintado 6 - Rio existente Atividades: acesso horta praças estacionamento ciclovia


A PRESERVAR / DEMOLIR / CONSTRUIR NÍVEL -1 O nível -1 está a 4,35m a baixo do nível 0 que é a Av. Costa e Silva. Nele seguindo a pré-existencia não tem cobertura, apenas os pilares, vigas e o piso (laje), no qual foram preservados. Foi demolido parte dessa laje, de modo a integrar este pavimento com o de baixo, auxiliando na iluminação, ventilação e interação entre os moradores, além de funcionar como vista das varandas dos apartamentos que estão localizados no interior do galpão. Pois os apartamentos que estão nas extremidades do galpão tem suas varandas (sacadas) também. O parapeito destes vãos na laje são jardim com floreiras verticais cercado por concreto de 1,10m, estas floreira crescem sentido o pavimento a baixo. Os apartamentos que ficam na extremidade tem sacadas compartilhadas a cada duas unidades de moradia. As unidades localizadas no interior do galpão todos tem a mesma varanda compartilhada virada para este vão, como dito antes. Ainda neste nível, foram construídas todas as paredes internas e construído também mais uma passarela, pois há uma existente, na qual permite o acesso de um galpão ao outro sem precisar acessar externamente, permitindo o fluxo e interação entre os mesmos. Sobre a estrutura foi reforçada com a inserção de vigas metálicas em todos os pavimentos. Da mesma forma na cobertura, vigas metálicas, laje seca steel frame e telha sanduiche. A laje seca steel frame foi utilizada também nas sacadas, mantendo as vigas metálicas engastadas. (ver detalhe 5 da cobertura e sacada mais pra frente). A escolha da telha deu-se pelo isolamento térmico e leveza, e a laje seca por suportar cargas elevadas distribuídas, também isolamento térmico e vencer grandes vãos. Visto que os galpões tem mais de 100 m de comprimento por 50m de largura.

123



A PRESERVAR / DEMOLIR / CONSTRUIR NÍVEL -2 O nível -2 da mesma forma, preservado os pilares, apenas os que estão a baixo da onde foi feito o rasgo na laje que foram demolidos, as paredes internas foram construídas e inserida vigas metálicas para estruturar a laje e as sacadas.

LEGENDA: Preservar Demolir Construir

125



A PRESERVAR / DEMOLIR / CONSTRUIR NÍVEL -3 O nível -3 da mesma forma, preservado os pilares, as paredes internas foram construídas e inserida vigas metálicas para estruturar a laje e as sacadas.

LEGENDA:

Preservar Demolir Construir

127



NÍVEL -1 No galpão A (153m x 46m) foi projetado 50 unidades de apartamentos de 50m² e no galpão B (121m x 46m) 40 unidades de 50m². No qual as varandas são compar lhadas entre os apartamentos. Ambos galpões conectados por duas passarelas e com vãos que permitem a integração com o pavimento de baixo, além de serem espaços de varandas para as unidades internas do galpão. Há também enfermaria (ver detalhe 1 mais pra frente) com elevador próximo para maca, cozinha comunitária, sala de tv, área de jogos e deposito para material de limpeza e lixo. Banheiros, com ves ário para funcionários e PNE. O acesso ao galpão se dá pelas portas próximo a Av. Costa e silva, onde o morador já se iden fica no balcão na entrada, ou pelos elevadores e escadas acessando primeiro os pavimentos -2 e -3, acessando pela lateral ou entrada próximo a Av. Matarazzo.

129



NÍVEL -2 O nível -2, é o subsolo do Galpão B, que já está no nível da Av. Matarazzo, e o pavimento intermediário do Galpão A, sendo o acesso por escadas e elevadores. Por conta da topografia e da forma que o edi cio foi implantado, o pavimento não tem uso total, parte deles tem o pé direito baixo, apenas com pilares de sustentação. No Galpão A com 12 unidades de 50m² e o restante do pavimento livre para eventos, festas. Galpão B com 25 unidades, permanecem com cozinha, sala de tv, enfermaria, deposito de limpeza e lixo. Nas áreas que ficam embaixo dos vãos, amplos espaços que funcionam como uma praça.

131



NÍVEL -3 O último pavimento, nível -3 pertence ao Galpão A, no qual grande parte não é habitável. Com o pé direito baixo, e pilares de sustentação. A parte em que o pé direto é habitável permanece para acesso com elevadores e escadas. banheiros e estacionamento com 64 vagas. Ao todo são 128 vagas referente ás 127 unidades de moradia, 64 são vagas externas.

Diagrama 15 - Perspectiva explodida contorno nível -3 - autoral Planta 12 - Nível -3 na folha ao lado - Autoral

133



Diagrama 16 - Perspectiva do apartamento - autoral.

Diagrama 17 - Detalhes na folha ao lado - Autoral



Imagem 38 - Autoral

CORTES E ELEVAÇÕES Nos desenhos ao lado, podemos ver o desnível do terreno entre as duas avenidas Costa e Silva e Matarazzo, próximo a esta ul mao rio. Visível também como as edificações se encaixam no terreno. Nos cortes a união dos galpões pelas passarelas e o desnível entre eles com a quan dadede pavimentos. Visível também a caixa d’água de concreto existente desde 1945, acrescentando devido a demanda, uso con nuodos moradores e reserva, um castelo d’ água para suportar essa demanda.

Diagrama 18 - Elevações e cortes na folha ao lado - autoral.

137



139


Imagem 39/40 - Autoral

140


141


Imagem 41/42 - Autoral

142


Imagem 43 - Autoral

143


Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória. O que a memória ama fica eterno. O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente. (frase Pinacoteca de São Paulo)

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