ILUSTRAÇÃO DE AVES E MAMÍFEROS Duas perspectivas diferentes da aplicação da Ilustração Científica num contexto museológico.
Ana Margarida Lagartinho Lopes
Provas destinadas à obtenção do grau de Mestre em Ilustração – Área de Especialização em Ilustração Científica
Janeiro de 2012
Instituto Superior de Educação e Ciências de Lisboa Universidade de Évora
Ilustração de aves e mamíferos Duas perspectivas diferentes da aplicação da Ilustração Científica num contexto museológico Prova destinada à obtenção do grau de mestre em Ilustração Científica.
Ana Margarida Lagartinho Lopes Orientadores: Marco Correia e Rafael Matias 4 de Janeiro de 2012
Esta Tese de Mestrado faz-se acompanhar por um DVD, contendo o Relatório de Actividades em formato *PDF, as ilustrações, esboços/apontamentos, pesquisa de imagens, fotografias e digitalização de originais.
Com amor, para a minha filha Catarina.
AGRADECIMENTOS
Esta tese não faria sentido sem o apoio da minha filha, a quem dedico este trabalho. Por toda a força que me deu e pela paciência ao longo destes dois anos. Por saber esperar por mim com um sorriso lindo e compreender que o esforço e empenho são nossos, e que este trabalho é mais um contributo para o nosso futuro. O meu segundo agradecimento vai para a Suzanna Lopes, por acreditar em mim. Sem a sua ajuda eu não teria a possibilidade de fazer este mestrado. A toda a minha família e aos meus amigos pelo apoio que me deram e pela paciência que tiveram comigo durante este período. Agradeço também em especial à Anjos e família, e aos padrinhos da Catarina, por cuidarem da minha filha, proporcionando-me tranquilidade e confiança durante a minha ausência. À Viviane Silva por ter sido a primeira professora a acreditar no meu trabalho, a impulsionar-me e incentivar-me para continuar, sobretudo na minha candidatura a este mestrado. Ao amigo César, por me fazer ver o lado positivo de tirar um mestrado e pelo encorajamento e motivação que me deu para o fazer. Um grande obrigado ao Professor Pedro Salgado, que mesmo sem me conhecer, me recebeu no IAO em 2009. Foi um dos principais pontos de viragem na minha vida enquanto estudante, sem esse pequeno “empurrão” não teria escrito estes agradecimentos. Agradeço à Profa. Dra. Cristiane e ao Prof. Dr. Pedro Casaleiro, pela oportunidade que me deram ao receber-me nos seus projectos, e por toda a orientação dentro dos museus. Ao Dr. Paulo Marques e ao Prof. Dr. José Pedro Granadeiro, pela prestabilidade e ajuda ao longo do estágio. Aos meus companheiros de estágio: Margarida Duarte, Patrícia Sardinha, Joaquim Tapisso, Pedro Andrade, Inês Silva, Cristina Rufino e Filipa Heitor, um grande obrigada por
I
me orientarem dentro dos museus e nas respectivas cidades; por me ajudarem nos detalhes ao longo do estágio e sobretudo alegrarem o meu dia-a-dia nos museus. Agradeço ao Prof. Dr. Pedro Callapez pela ajuda no trabalho da Cruziana sp., e por resolver todas as minhas dúvidas e corrigir as minhas “gafes”. Aos fotógrafos Paulo Amaral e ao Ricardo Guerreiro pelas fotos que me cederam, para utilizar como referências para as ilustrações. E apesar de saber que, não se agradece aos orientadores, pois só estão a cumprir com o seu dever, um obrigado na mesma! Ao Marco Correia e ao Rafael Matias. Sei que parte do mérito de ter chegado até aqui provém do meu esforço, mas na outra metade foram vocês que trabalharam, puxando por mim, exigindo mais e motivando-me ao longo dos estágios, para que conseguisse resultados. Muito obrigada! Por fim, quero agradecer à pessoa que mais me ajudou. Obrigada por me teres ensinado um mundo de coisas, por mudares a minha forma de olhar para o mundo. Por me apoiares incondicionalmente, sempre incansável e cheio de paciência em todos os momentos, fáceis e difíceis. Obrigada por tudo o que me deste, nunca esquecerei.
II
PALAVRAS-CHAVE Ilustração Científica; Ilustração; Desenho; Mamíferos; Aves; Museu.
KEYWORDS Scientific Illustration; Illustration; Drawing; Mammals; Birds; Museum.
III
RESUMO
A ilustração científica tem um modo próprio e objectivo de entender, explicar e transmitir ciência, através de uma abordagem visual. Diversifica-se conforme a sua finalidade, tal como varia ainda, de autor para autor. Os museus são um dos principais, entre os vários, utilizadores recorrentes da ilustração científica. Usam a ilustração na maioria das disciplinas, através de variáveis suportes, tradicionais ou digitais. Nesta tese de mestrado foram exploradas duas vertentes da ilustração científica de aves e mamíferos, com aplicação em dois contextos museológicos diferentes. Realizaram-se dois estágios em duas instituições museológicas de História Natural. No primeiro estágio, feito ao abrigo do Museu Nacional de História Natural, explorouse a ilustração científica no contexto editorial de um catálogo para o registo da colecção de aves e mamíferos da colecção de Moçambique que o Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT) conserva. No segundo estágio realizou-se ilustração para acompanhar as exposições das colecções de aves e mamíferos de Portugal do Museu de História Natural de Coimbra. Destas duas experiências, resultaram ilustrações divergentes em alguns aspectos. Apesar de se ilustrar o mesmo tipo de animais em cada um dos estágios, aves e mamíferos, onde seriam expectáveis ilustrações semelhantes, resultaram trabalhos muito diferentes: na cor, nas composições, nos detalhes focados, nos formatos de reprodução, na função e inclusive nas metodologias utilizadas. Nesta tese comprova-se como a ilustração científica é multifacetada no que respeita a linguagens, formas e aparências, com poucas regras que limitem essa multiplicidade. Mostramos como uma mesma matéria pode ser moldada e adaptada de acordo com o seu autor, finalidade e aplicação.
IV
ABSTRACT
Scientific illustration, has a specific and objective way to understand, explain and transmit science through a visual approach. It adapts according to the purpose, and also varies from author to author. Among the various users, museums are one of the main demanders of scientific illustration. In these institutions illustration is used to transmit concepts for most if not all disciplines, both using traditional or digital techniques and media. In this thesis two aspects of scientific illustration of birds and mammals were explored, with application to two different museum contexts. The work here presented results from two different internships at two different Portuguese museums of Natural History. In the first internship, undertaken at the National Museum of Natural History of Portugal (Lisbon), scientific illustration was explored under the context of illustrating a book regarding a collection of birds and mammals from Mozambique, property of the Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT, Lisbon, Portugal). In the second internship, at the National History Museum of Coimbra, illustrations were developed to accompany and complement the permanent exhibition of portuguese birds and mammals, showing the various species integrated in their natural habitat. From these two experiences illustrations resulted that are different in several aspects. Although their subject is very similar (biological illustration of birds and mammals), similar illustrations could be expected. However, the resulting work was very different relatively to the methodologies in general (that included the use of color, the design of the compositions, the level of detail, and how the resulting image was presented) which was a consequence of the different purposes they were created for. The results from this thesis show how scientific illustration is manifold with respect to languages, forms and appearances, with few rules that limit its multiplicity. It is shown how one same story or subject, can be shaped and adapted according to its purpose, application or author.
V
ABREVIATURAS E SIGLAS
ISEC – Instituto Superior de Educação e Ciências MNHNL – Museu Nacional de História Natural de Lisboa MHNC – Museu de História Natural de Coimbra IICT – Instituto de Investigação Científica Tropical JZL – Jardim Zoológico de Lisboa UL – Universidade de Lisboa UC – Universidade de Coimbra
VI
ÍNDICE GERAL
1. INTRODUÇÃO
1
1.1. ENQUADRAMENTO
1
1.1.1 O desenho e a ilustração
1
1.1.2 A ilustração científica
1
1.1.3 O PROJECTO
4
1.1.4 QUADRO RESUMO DO PROJECTO
5
1.2 OBJECTIVOS
7
2. ESTÁGIO I (MNHN)
8
2.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ENTIDADE DE ACOLHIMENTO
9
2.2. TEMPO E ESPAÇO
11
2.3 OBJECTIVO DE TRABALHO PARA O MNHN
12
2.4. DESCRIÇÃO DAS ACTIVIDADES
13
2.5 METODOLOGIAS, RECURSOS E MATERIAIS
15
2.5.1 Exemplo do processo de execução de uma ilustração científica
17
2.5.2 Excepções à metodologia
19
2.6 DISCUSSÃO
21
3. ESTÁGIO II (MHNC)
23
3.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ENTIDADE DE ACOLHIMENTO
24
3.2 TEMPO E ESPAÇO
25
3.3. OBJECTIVO DE TRABALHO PARA O MHNC
26
3.4 DESCRIÇÃO DAS ACTIVIDADES
27
3.4.1 Breve descrição das ilustrações para a exposição da Sala de Portugal do MHN de Coimbra
28
3.5 METODOLOGIAS, RECURSOS E MATERIAIS
30
3.5.1 Excepções à metodologia
31
3.6 TRABALHO EXTRA-TEMÁTICO
33
3.6.a Cruziana sp.
33
3.6.b Exposição “Maria Skłodowska-Curie: Madame Curie”
35
3.7 DISCUSSÃO
36 VII
4. DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÃO
37
5. COMPETÊNCIAS TÉCNICAS E COMPORTAMENTOS ADQUIRIDOS
39
6. GLOSSÁRIO, DEFINIÇÕES E NOTAS
41
7. BIBLIOGRAFIA
43
8. WEBGRAFIA
47
9. TABELAS
48
A. Lista de espécies de aves da colecção do IICT ilustradas para o MNHN
48
B. Lista de espécies de mamíferos da colecção do IICT ilustradas para o MNHN
49
C. Lista de espécies de aves e de mamíferos ilustrados para exposição do MHN de Coimbra
50
VIII
1) INTRODUÇÃO
1.1) ENQUADRAMENTO
1.1.1) O desenho e a ilustração O desenho é uma forma de expressão visual e uma das principais formas de representação dentro das artes visuais. Tem por base, a construção de uma imagem bidimensional através de pontos e/ou linhas, através dos materiais como a grafite, sanguínea, lápis-de-cor, etc. Existem variadas formas de desenho, como por exemplo, o desenho cartoon, desenho de arquitectura ou a ilustração. Na generalidade, a ilustração é criada para elucidar ou para sugerir informação, sendo utilizada em vários meios de comunicação como complemento. Ao contrário do desenho técnico, esta pode surgir pela forma de imagem, de vídeo e até escultura. Dando como exemplo uma história infantil, uma notícia de jornal ou um documentário. Entre os vários tipos de ilustração, está também a ilustração científica, que tem como objectivo geral, a explicação da ciência. Como é referido nos escritos de Le Corbusier, “O Desenho permite transmitir integralmente o pensamento, sem o apoio de explicações escritas ou verbais (…) O desenho pode prescindir da arte. Pode não ter nada haver com ela. A arte, pelo contrário, não pode expressar-se sem o desenho." No decorrer desta tese de mestrado, poderá confirmar-se como o desenho técnico é também uma ferramenta importante na elaboração de uma ilustração, pois desenhar, é uma forma de observar e aprender.
1.1.2) A ilustração científica “A fotografia reproduz a realidade, o indivíduo. A ilustração científica reproduz o “indivíduo modelo”, o representante da espécie. Além disso, interpreta, faz a reconstrução de partes danificadas ou omissas e omite partes sem importância. Codifica transparências, esquematiza estruturas, simplifica. A ilustração científica permite-nos “ver” seres já desaparecidos, 1
espécies e paisagens de há milhões de anos, do universo e de futuros possíveis. A fotografia é indispensável para o trabalho do ilustrador científico, seja como material de referência ou como ponto de partida para uma imagem com tratamento digital. O desenho científico é uma actividade que requer uma formação equilibrada em ciência e arte. Quando uma destas facetas é frágil, o desenho dificilmente terá o rigor e a qualidade gráfica adequada a um nível profissional. Um ilustrador poderá fazer desenho científico sem se interessar e documentar pela ciência associada a cada projecto; um cientista poderá fazer desenho científico sem se interessar e dominar instrumentos de expressão plástica, tradicionais e digitais.” Excerto de entrevista com o ilustrador, biólogo e Prof. Pedro Salgado, 2009-01-06, por Filinto Melo, para CiênciaHoje.pt
A ilustração, e em particular a ilustração científica, é considerada um modo diferente e directo de entender, explicar e visualizar ciência. Ela ultrapassa as barreiras da linguagem. 1 Nos dias de hoje é fácil encontrar a ilustração dispersa por toda a parte para além das diferentes áreas científicas, seja em livros escolares para crianças, passando pelos Museus, até em Jardins Zoológicos, ela está por todo o lado onde se deseje mostrar, explicar, exemplificar ou entender qualquer ciência/conhecimento. Sendo assim, a ilustração científica pode surgirnos sob diversas formas, com estilos diferentes e em suportes/formatos variados. Diversificase conforme a sua finalidade assim como varia também de autor para autor. Conclui-se que, a ilustração científica contém em si mesma, uma diversidade de linguagens, formas e aparências com poucas regras – exceptuando as “regras científicas”, que limitem essa multiplicidade, em que uma mesma matéria, pode ser moldada de acordo com o seu autor, finalidade, aplicação e ainda em concordância com o requisitante da ilustração quando o caso.
Um dos principais utilizadores recorrentes da ilustração científica, são os museus. Usam a ilustração em diversas disciplinas, passando pela Física e Química, Antropologia, História Natural e tantas outras. A ilustração, adapta-se a cada um destes grupos com propósitos diferentes. Ela pode explicar-nos, como funcionava um aparelho de medição de 1
Frances W. Zweifel, 1988. “Handbook of Biological Illustration”.
2
radiação do séc. XVIII, como se organizavam as aldeias de tribos indígenas ou mostrar-nos como era e como vivia um animal extinto. Nos dias que correm, com a tecnologia avançada e o fácil acesso à informação, a maior parte dos cidadãos, tenta aproveitar o máximo com o mínimo de esforço, quando dedica algum tempo ao lazer e ao conhecimento fora de casa, esperando sempre a mesma comodidade. As visitas aos museus, mesmo as visitas guiadas, tendem a acontecer a uma velocidade que deixam para trás, grandes painéis de texto onde muitas das vezes, se encontra a informação relevante e que decifra os acervos. Há sempre, muita pressa e afogo em ver e viver o que vem a seguir. Visando a cultura e a vida ocidental agitada, cabe aos museus adaptarem-se, ao quotidiano do público e entregar o conhecimento, mais espontaneamente aos seus visitantes. A ilustração científica, é umas das indispensáveis respostas a esta necessidade. Como diz o adágio popular “uma imagem vale mais que 1000 palavras”. É este o papel, que a ilustração científica desempenha: substitui palavras, oferece conhecimento e cativa as pessoas a procurar e a entender ciência.
No decorrer dos estágios, pretendeu-se explorar duas formas diferentes de ilustração científica, em tudo o que esta pode ter de dissemelhante, focando-se num mesmo objecto de estudo, trabalhou-se com o intuito de dar resposta, às necessidades de dois museus diferentes, em projectos igualmente distintos.
3
1.1.3) O PROJECTO Durante o primeiro ano do mestrado, os alunos foram conduzidos a pensar, no que viria a ser a sua tese, e do que esta trataria e desenvolveria. Inicialmente, falou-se até, que o segundo ano do mestrado, dedicado ao projecto de tese /relatório de actividades, poderia ser composto por um ou mais estágios abordando vários temas. Nessa altura a aluna não tinha quaisquer perspectivas sobre o que viria a fazer no seu segundo ano de mestrado. Meses antes, visitou o Museu Nacional de História Natural, onde adorou ver as várias exposições, algumas já acompanhadas pela ilustração científica. Quando começou a pensar em hipóteses para o seu estágio, lembrou-se deste museu e resolveu consultar o seu site online. Escolheu ao acaso, um contacto do departamento de zoologia, a Profa. Dra. Cristiane Bastos Silveira, e enviou um e-mail no qual a aluna se propunha a oferecer o seu trabalho de ilustração científica em “troca” de uma entidade de acolhimento para o seu estágio. A resposta foi positiva, e após algumas reuniões, ficou planeada a colaboração da aluna em conjunto com o MNHNL. A segunda oportunidade de estágio, surge quando o Prof. Dr. Pedro Casaleiro se deslocou de Coimbra ao ISEC, para um seminário sobre Museologia. Neste seminário falou de diversos museus, nacionais e internacionais, e destacou a importância da comunicação do museu para com o público visitante. Muito interessada, a aluna dirigiu-se ao museólogo, e mais uma vez, propôs a sua colaboração através da ilustração. Na fase seguinte, quando já tinha calendarizado os seus estágios bem como as suas actividades e temáticas, foi anunciado que só se poderia tratar/estudar um único tema, prevendo apenas um estágio. A mestranda, com a ajuda do Professor Pedro Salgado conseguiu então arranjar uma solução, e teceu um propósito que mantinha os dois estágios unidos na tese que se vai desenrolar. O agrupamento dos dois estágios, deveu-se ao facto de serem ilustradas, as aves e mamíferos conservados em museu.
4
1.1.4) QUADRO RESUMO DO PROJECTO MNHN Lisboa
MHN Coimbra
(01 Set 2010 a 28 Fev 2011)
(1 Mar 2011 a 30 Jun 2011)
Moçambique
Portugal
Ilustrações
Origem das espécies ilustradas Utilização das Ilustrações / suporte Público-alvo
Técnica / cor
Complementos
Livro, Catálogo
Exposição, Painéis de informação
Comunidade científica
Publico geral, visitantes do
interessados no acervo do IICT
MHN de Coimbra
Grafite
Guache / Lápis de cor /
/AdobePhotoshopTMCS3 /
AdobePhotoshopTMCS3 /
Preto e branco
Cores
Texto, mapas, códigos da colecção e algum texto
Texto informativo sobre a espécie e talvez outros (vídeo, áudio, etc.)
O projecto tem por base dois estágios curriculares (por resultarem de dois caminhos de trabalhos divergentes), estando a estrutura deste relatório dividida em duas secções principais: A) Museu Nacional de História Natural de Lisboa, (ESTÁGIO I: ilustração científica aplicada a um catálogo de inventariação) B) Museu de História Natural da Universidade de Coimbra (ESTÁGIO II: ilustração científica aplicada a uma exposição museológica) A apresentação das entidades de acolhimento bem como as respectivas actividades, metodologia e resultados, serão apresentados separadamente, conforme se verifica no capítulo da conclusão em que, os resultados de ambos os estágios, serão analisados e comparados.
5
Devido ao facto de esta tese de mestrado ter uma componente prática tão importante quanto a componente teórica, este relatório de actividades encontra-se dividido em dois volumes. O primeiro é destinado à tese, à teoria, onde é descrita toda a informação sobre os estágios. O segundo bloco, tem a função de anexo, e é um livro com todas as imagens referidas no primeiro. Esta opção, facilita a leitura em simultâneo com a visualização das imagens.
6
1.2) OBJECTIVOS
Este trabalho consiste em mostrar a versatilidade da comunicação visual da ilustração científica, mesmo quando se trata, de um mesmo objecto de estudo. Visa o recurso à ilustração biológica em dois campos distintos – editorial e museológico, atingindo dois públicos-alvo igualmente diferentes - comunidade científica e grande público, respectivamente. Os objectivos deste projecto são elaborar ilustração científica de aves e mamíferos (inclusive espécies já extintas), demonstrando que podem ser ilustrados e apresentados de formas diferentes. Neste trabalho, serão desenvolvidos vários tipos de ilustração, com diferentes funcionalidades, para públicos divergentes, e recorrendo a linguagens visuais e técnicas dissemelhantes. Na conclusão deste trabalho espera-se conseguir obter respostas adequadas do uso da ilustração nos contextos a que a aluna se propõe, e o desvendamento do processo técnico e do conhecimento adquirido ao longo de todo o percurso, expondo todos os prós e contras desse mesmo trabalho.
7
2) ESTÁGIO I A ilustração científica aplicada a um catálogo de inventariação. Museu Nacional de História Natural de Lisboa Estágio com início a 15 de Setembro de 2010 e final a 25 de Fevereiro de 2011. A responsável pelo estágio da aluna nesta instituição foi a Profa. Dra. Cristiane Bastos Silveira. Neste capítulo serão apresentadas a entidade de acolhimento respectiva ao primeiro estágio deste mestrado, assim como os objectivos, actividades, metodologias e resultados correspondentes.
8
2.1) CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ENTIDADE DE ACOLHIMENTO Museu Nacional de História Natural (Museu Bocage) http://www.mnhn.ul.pt/ Rua da Escola Politécnica 56, 58, 1269-102 Lisboa O Museu Nacional de História Natural (MNHN), é um organismo da Universidade de Lisboa, vocacionado para a investigação científica e actividades de extensão cultural. Esta instituição produz, ou acolhe, exposições permanentes e temporárias e é, ainda, sede de conferências, debates, cursos de formação e outro tipo de eventos de divulgação científica, culturais e artísticos. As actuais instalações do MNHN, ocupam (em conjunto com o Museu de Ciência com o Instituto Geofísico Infante D. Luís) uma área, que no século XVII correspondia à cerca do Noviciado da Cotovia com o seu horto. Extinto o Noviciado, foi fundado no mesmo espaço o Colégio Real dos Nobres (1761-1837), a que se sucederam, a Escola Politécnica (1837-1911) e a Faculdade de Ciências (1911-1985). A prática museológica é baseada num espólio científico-cultural, resultante maioritariamente de expedições científicas e doações. Numerosos investigadores, nacionais e estrangeiros, têm estagiado nesta instituição visando o estudo do património ali preservado. Também tem sido dada, orientação a teses de licenciatura, mestrado e doutoramento.
Departamento de Zoologia Uma vasta colecção zoológica, representativa da fauna portuguesa e uma ampla colecção antropológica, considerada a segunda mais importante da Europa, constituem o espólio desta área. A maioria deste acervo, resulta de um grande esforço de reunião de espécimes, após o incêndio de 1978, que dizimou praticamente toda a colecção existente (Catry et al. 2010). O
9
departamento, possui ainda, um importante fundo documental, relacionado com a Zoologia e a Antropologia em Portugal desde o séc. XVIII, que inclui mais de 4000 documentos. É desenvolvida, investigação nas áreas da Zoogeografia e Biossistemática, com recurso a marcadores citogenéticos e moleculares, Antropologia, Ecologia e História da Zoologia.
10
2.2) TEMPO E ESPAÇO O primeiro estágio deste projecto, teve lugar no MNHN, no departamento de Zoologia. Este, teve início a 15 de Outubro de 2010, e terminou a 25 de Fevereiro de 2011. A aluna, esteve instalada no gabinete destinado aos mestrandos da UL, no Departamento de Zoologia. À sua disposição, teve o material de escritório necessário secretária, candeeiro de secretária extensível, internet, bem como o acesso à biblioteca do museu e às colecções de espécimes de aves e mamíferos, desta instituição.
11
2.3) OBJECTIVO DE TRABALHO PARA O MNHN Na altura, em que a aluna se deslocou ao MNHN, decorria um projecto nominado “Recuperar o passado, registar o presente e preparar o futuro das colecções zoológicas em Portugal”2 . Este projecto, pretende organizar o espólio conservado no Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT), recolhido nas Missões Zoológicas a Moçambique. 3 Para a reorganização dos dados sobre o acervo, pretendia elaborar-se um catálogo, onde seriam inventariados todos os espécimes zoológicos recolhidos em Moçambique, onde constasse a descrição da espécie (da subespécie quando o caso), local da colheita, nº de exemplares colhidos pela missão e as respectivas notas de cada espécime/recolha. A mestranda, ao integrar o seu trabalho neste projecto, no âmbito do mestrado, comprometeu-se a ilustrar uma espécie, de cada ordem das espécies, presentes nos catálogos. Foi acordado que as ilustrações seriam feitas a preto-e-branco, contando com as dimensões aproximadas entre o tamanho A5 e A4 não ultrapassando as medidas de 21 X 29,7 cm, e que os animais afigurados seriam apresentados em posições estáticas, clássicas, em estado adulto (na sua maioria exibindo o macho, não evolvendo qualquer outro componente de distracção, como crias ou habitat natural por exemplo). As ilustrações teriam que ser feitas num cariz simples e evidente, para que se adaptassem ao conteúdo do catálogo, descritivo e objectivo. Ficou ao critério da aluna, o design e ilustração da capa para os catálogos; os responsáveis pelo projecto, seleccionaram as espécies que queriam ver representados na capa.
2
Projecto: Recuperar o passado, registar o presente e preparar o futuro das colecções zoológicas em Portugal. 2008-11 Ref. PTDC/BIA-QOR/71492/2006. Instituição proponente: FFCUL (MNHN/CBA) Outras Instituições Participantes: IICT, UMinho, CiBio. Coordenação: C. Bastos-Silveira. Equipa do MNHN: C. Bastos-Silveira, J. P. Granadeiro, G. Ramalhinho. 3
Nota histórica, origem da colecção de Moçambique do IICT
As colecções zoológicas do IICT tiveram início em meados dos anos 40 tendo como objectivo a recolha e inventariação de representantes das espécies animais das então colónias portuguesas, contribuindo para esse objectivo a fundação, em 1948, do Centro de Zoologia da antiga Junta de Investigações Coloniais. Para as actividades de colheita e inventariação constituíram-se as Missões Zoológicas que, na prática, funcionaram como Expedições Científicas. A maior parte das actuais colecções zoológicas resultam da actividade destas Missões. O trabalho científico organizava-se no Centro de Zoologia de acordo com os grupos taxonómicos mais estudados. Entre 1945 e 1955 decorreram as Missões a Moçambique. Nos anos 60 a Missão de Estudos Zoológicos do Ultramar retoma as colheitas de Vertebrados, designadamente de aves e répteis em Moçambique.
12
2.4) DESCRIÇÃO DAS ACTIVIDADES No mês de Agosto de 2010, ainda antes do inicio do estágio no MNHNL, foi facultada à aluna a lista total de espécies de mamíferos que fazem parte da colecção do IICT (Tabela 2) e que irão entrar no catálogo, com a informação de cada ordem taxonómica e respectivo nome científico. Consequentemente, fez-se uma primeira pesquisa sobre esses mamíferos, onde se procurou saber de que animais se tratavam. Sobre cada espécie pesquisou-se: o seu nome comum, proveniência geográfica; se existiam subespécies; se existia dimorfismo sexual; as principais características e entre outras coisas, onde poderiam ser encontrados esses animais em Portugal (em colecções e parques zoológicos). De Setembro a Dezembro, após a execução da pesquisa inicial, a aluna teve a oportunidade de se deslocar diariamente, ao Jardim Zoológico de Lisboa, durante algumas semanas, com o propósito de conhecer, tirar fotografias e desenhar, alguns dos animais que constam da lista de mamíferos da colecção. Em finais de Outubro, começou a frequentar as instalações da entidade de acolhimento em Lisboa, onde conheceu alguns colaboradores do MNHN e alguns dos seus departamentos. A 8 de Novembro foi-lhe disponibilizado pela Profa. Dra. Cristiane Silveira, um conjunto de livros sobre mamíferos africanos, da Biblioteca do Departamento de Zoologia, dando então inicio ao trabalho de ilustração a 9 de Novembro, começando pelas espécies de mamíferos que visitara no Jardim Zoológico de Lisboa. A lista das espécies de aves (Tabela 1), foi fornecida durante esse período, contendo apenas uma espécie de cada uma das 18 ordens de aves presentes na colecção do IICT. Depois de visitar novamente o JZL, a mestranda iniciou-se nas ilustrações das aves. A 20 de Janeiro, o Dr. Paulo Marques disponibilizou bibliografia, incluindo um guia de Aves Sul-africanas, que ajudou a decifrar, quais seriam, as subespécies de aves moçambicanas, uma vez que, a aluna não teve acesso á colecção do IICT 4 , que lhe permitisse 4
A aluna não utilizou a colecção dos animais de Moçambique do IICT como referência para o seu trabalho. Devido a razões burocráticas, apenas esteve uma vez no edifício onde se encontra a colecção, para conhecer o local, acompanhada pela responsável de estágio. Para ter acesso aos espécimes de interesse da colecção era necessária uma autorização específica, que foi solicitada, mas à qual a aluna não teve acesso a tempo de ser utilizada no período de estágio em Lisboa.
13
observar directamente, quais espécies tinham sido recolhidas. Inicialmente não existia um número determinado de ilustrações a fazer, e a Mestranda teve a liberdade de escolher que espécies ilustrar. Já depois de começar o trabalho de ilustração, foi decidido que primeiramente seriam feitas ilustrações representativas de cada ordem existente na lista, mais cinco diferentes para a capa. A aplicação das ilustrações era destinada às páginas no decorrer do livro, onde acompanhadas das ilustrações estariam a informação sobre os espécimes recolhidos em Moçambique (caracterização da espécie, mapas de distribuição, códigos de base de dados, etc.). Com a decisão de fazer uma espécie por ordem, pensou-se em utilizar as ilustrações como identificadores das diferentes ordens de animais presentes no catálogo. Ficou em aberto a possibilidade de alterações sobre a utilização das ilustrações no catálogo. A aluna concretizou também uma proposta para o design da capa, lombada e contracapa do catálogo a cores. As ilustrações dos animais reproduzidos na capa foram estabelecidas pelos envolventes no projecto, se ão elas seguintes espécies: tauraco-de-cristavioleta, Gallirex porphyreolopha; barbaças-de-colarinho-negro, Lybius torquatus; calau-defaces-prateadas, Bicanistes brevis; palanca-negra, Hippotragus niger e impala-de-face-negra, Aepycerus melampus (consultar Anexo1, página 6 do Livro de Anexos).
14
2.5) METODOLOGIAS, RECURSOS E MATERIAIS Neste estágio as práticas didácticas tiveram início nas visitas ao JZL, onde a aluna desenhou e fotografou os animais de interesse para este trabalho. Nestas visitas teve mais atenção aos detalhes físicos dos animais, como as patas das aves ou as armações dos bovídeos, por vezes difíceis de entender apenas através de fotografias e vídeos. As espécies que observou no JZL, com utilidade para o projecto, foram as seguintes: impala-de-face-negra; calau-trompeteiro Bycanistes bucinator; palanca-negra, Hippotragus niger; elefante-africano, Loxodonta africana e íbis-sagrado, Threskiornis aethiopicus. Para algumas ilustrações a aluna pôde consultar as colecções de aves e mamíferos do MNHN de Lisboa, para observar os espécimes mais detalhadamente e tirar dúvidas, principalmente em relação à estrutura física dos animais e interrogações sobre as subespécies africanas. Estas espécies arquivadas não eram africanas mas estas pertenciam de alguma forma ao mesmo grupo taxonómico, o que em alguns casos conservam algumas características idênticas. Depois de ver cada animal no JZL e verificar que espécies o MNHN possui, recolheuse informação disponível nos livros e internet, por exemplo a caracterização de cada espécie, imagens e vídeos, a fim de realizar vários esboços e traçar o desenho de linha. A pesquisa focou também a observação de ilustrações concluídas sobre cada espécie, a fim de evitar fazer ilustrações semelhantes a outras já existentes. As artes finais das ilustrações foram feitas a grafite de diferentes durezas variando entre mina B2 e B7. A escolha do papel alternou conforme o animal a ser ilustrado, ou papel de grão fino com uma gramagem de 340 g, ou papel BristolTM satinado de 150 g, a fim de evitar que a textura do papel fosse visivel no desenho. A preferência destes materiais deve-se às condicionantes do catálogo e do facto de poder obter várias graduações de cinza desde o branco ao preto. A escolha do papel (textura e tamanho) está relacionada com o tamanho que as ilustrações terão quando impressas, ou seja, poderão ser impressas no seu tamanho original ou em menor tamanho, sem que haja alterações na leitura da imagem impressa, pois utilizando papel de grão fino haverá poucas possibilidades de haver ruído na imagem. A sua alta gramagem permitiu que a folha e o desenho se preservem por mais tempo como peça única. 15
Para as ilustrações da capa, utilizou-se o mesmo papel anteriormente descrito, e lápis de cor Caran D’AcheTM Supracolor Soft, utilizando por vezes o guache TalersTM para pequenas reparações. No final, depois de todas as ilustrações terminadas, a aluna fez correcções necessárias em cada desenho. A maioria das correcções foram feitas no próprio desenho, ou posteriormente no programa de imagem AdobePhotoshopTMCS3, assim como os tratamentos de imagem. O AdobePhotoshopTMCS3 foi utilizado nestas ilustrações para retoques na luz e volumes das ilustrações, ou para apagar sujidades presentes nos suportes. As ferramentas utilizadas frequentemente para estes processos são: Clone Stamp Tool, para uniformizar áreas e padrões; Eraser Tool e Lasso Tool, para apagar áreas e pormenores; Burn Tool, para escurecer e Dodge Tool para aclarar zonas, e ainda Pensil e Brush Tool para acrescentar mínimos detalhes. Para esta fase foi importante o uso da mesa digital. Para o design geral dos catálogos, layout de páginas e design gráfico da capa, a aluna utilizou o programa AdobePhotoshopTMCS3 para as imagens e o AdobeIllustratorTMCS3, específico para design gráfico.
16
2.5.1) Exemplo do processo de execução de uma ilustração científica 1) Inicialmente, através do nome científico, fez-se uma pesquisa e conheceu-se os traços gerais da espécie. Nesta primeira fase, e sabendo que o desenho final das espécie seria um desenho a preto e branco, de médio detalhe e simples, procurou-se saber os detalhes relacionados com a estrutura e postura do animal. Esta pesquisa variou em conformidade com o grupo taxonómico em que o animal se insere. Explicando: No caso de um mamífero - dando como exemplo o pangolim africano, Manis temminckii; foi necessário perceber-se quantas escamas ou placas dérmicas este animal tem ao longo do seu corpo, tendo em atenção que poderia ter um número de placas certo ou variável. Compreender quantos dedos tem nas patas dianteiras e traseiras. Apreender se há diferenças entre o estado juvenil e adulto. Nas aves - normalmente tomou-se cuidado com a variação de penas, que apesar do seu numero ser certo (havendo algumas excepções), a forma e comprimento é característica de cada espécie assim como a exposição das penas primárias. Teve-se em cuidado a estrutura das patas, se era zygodactyla ou se o quarto dedo era omisso, assim como a comissura do bico, igualmente importante e diagnosticante. São apenas alguns exemplos aos quais se teve atenção durante as pesquisas. Em alguns casos houve contacto visual com o animal, como é o caso da palanca-negra ou da impala-deface-negra, através do JZL. Apesar de a visualização directa ser a melhor forma de se conhecer o animal, teve-se em atenção o facto de serem animais de cativeiro, pois isso pode significar em alguns casos a existência de sumárias diferenças físicas e comportamentais em comparação com animais livres e selvagens. Em seguida, o melhor recurso para a pesquisa foi a visualização de vídeos e imagens. Quase todos os vídeos e imagens foram recolhidos na internet, exceptuando algumas imagens cedidas pelos orientadores. Aquando a falta/escassez de material de referência, normalmente recorreu-se à pesquisa de espécies do mesmo género ou da mesma família. 2) Depois de toda a pesquisa, foram concluídos alguns esboços dos animais. Esta fase de desenho foi importante para a mestranda conhecer e familiarizar-se com a estrutura física do animal. Ajudou-a a perceber desde logo quais os pontos no desenho que requeriam mais atenção e cuidado assim como saber enfatizar as características diagnosticantes de cada espécie (Consultar Anexo 2, na página 8 do Livro de Anexos). 17
3) Após este processo foi feito um desenho preliminar, normalmente chamado desenho de linha contendo todos os detalhes que iriam estar presentes na ilustração final. Até este ponto o processo é um pouco lento e demorado, mas a partir do desenho de linha a ilustração avança rapidamente. Na grande maioria, as ilustrações foram enviadas nesta fase para os orientadores para que estes fizessem correcções quanto a forma e proporções (consultar Anexo 3, na página 19 do Livro de anexos). 4) Após passar o desenho de linha para o suporte final, o que foi feito com papel vegetal, começou a preencher-se o desenho com grafite (ou no caso das ilustrações a cores, com lápis-de-cor). Esta parte do processo foi resolvida acompanhada pelos esboços, imagens e vídeos de referência. Normalmente a aluna elegia determinadas referências para depois tentar adaptar à sua ilustração dentro dos limites do desenho (consultar Anexo 4, na página 20 do Livro de Anexos). 5) Logo que a ilustração era terminada esta era fotografada/digitalizada e enviada para os orientadores, por e-mail ou presencialmente, para que pudessem fazer comentários e correcções. 6) Depois de aplicadas as emendas a aluna digitalizava novamente as ilustrações, limpava e retocava a imagem no programa AdobePhotoshopTMCS3. Em algumas ilustrações aumentou o contraste e por vezes aplicou volume digitalmente (consultar Anexo 5, na página 21 do Livro de Anexos).
18
2.5.2) Excepções à metodologia Ilustrações a cores – As ilustrações a cores tiveram um processo muito parecido com as ilustrações a grafite. A diferença dá-se principalmente na pesquisa inicial, quando se procuram referências, onde para estes casos se deu mais importância à cor e ao detalhe. Ilustração de Lepus saxatilis 5 – este é um dos exemplos em que se utilizou um exemplar de museu (MNHNL) que não era o que se pretendia ilustrar, mas que pertencendo ao mesmo género taxonómico – Lepus capensis, permitiu ver detalhes como as patas e a cauda. Ilustração da galinha-pintada, Numida meleagris – Esta ilustração teve o procedimento normal da metodologia geral excepto no que diz respeito à execução dos océlos das penas que foram feitos com tinta guache por cima da grafite. Foi utilizada a tinta pouco diluída, e após a secagem foi retocado nos pontos onde incidia a luz (consultar Anexo 6, na página 22 do Livro de Anexos). Ilustração do calau-de-faces-prateadas, Bycanistes brevis – Assim como a ilustração da galinha-pintada, a ilustração desta ave, elaborada com lápis-de-cor, tem algumas penas que por terem um tom muito claro (cinzento claro), tiveram o reforço do guache. Utilizou-se o guache com pouca adição de água para que se mantivesse opaco (semelhante à técnica utilizada na ilustração anterior). Ilustração da impala-de-face-negra, Aepycerus melampus – Esta ilustração foi reconstruída parcialmente. Uma vez que na primeira abordagem os cornos do animal foram representados com algum erro, para evitar a total repetição da ilustração a mestranda fez de novo a representação dos cornos numa folha de papel á parte e recorrendo ao AdobePhotoshopTMCS3 montou os dois desenhos formando a ilustração final (consultar Anexo 7, na página 23 do Livro de Anexos). Ilustração do morcego Pipistrellus nanus
6
- Foi a espécie para a qual se encontrou
menos registos fotográficos (apenas uma fotografia). Para este caso, sabendo que as diferentes espécies deste género taxonómico são muito semelhantes no que diz respeito ao tamanho e á 5
Lepus saxatilis é um leporídeo da África do Sul e Namíbia. Não se encontrou a designação em português para esta espécie de lebre. 6
Pipistrellus nanus é uma espécie de morcego da família Vespertilionidae, encontrada na África subsaariana.
19
cor da pelagem não houve problemática, pois as ilustrações não eram feitas com base numa escala numérica e sendo a preto e branco apenas os contrastes desta seriam perceptíveis. O que torna as espécies distintas é a estrutura das suas orelhas, tendo uma forma e número de estrias internas muito características de cada espécie.
Capa do catálogo – Para a execução da capa do catálogo, depois de ilustradas as espécies individualmente, guardou-se as ilustrações em formato *.png 7 e recorreu-se ao programa AdobeIllustratorTMCS3 para montar as imagens, texto e grafismo que compõem o layout da capa e sobrecapa (consultar Anexo 1, na página 6 do Livro de Anexos).
7
*.png (Portable Network Graphics) é um formato de dados utilizado para imagens, que surgiu como substituto para o formato GIF. Com uma maior gama de profundidade de cores, alta compressão (regulável) e ao contrário do formato GIF, é capaz de definir o nível de opacidade de cada pixel, algo que não se consegue com os outros formatos populares como JPEG, GIF ou TIFF por exemplo.
20
2.6) DISCUSSÃO A pesquisa e a observação directa das espécies a serem ilustradas reflectiu-se nas ilustrações. Talvez devido à pressão psicológica, por ser a primeira abordagem que a aluna fez à prática da tese, as primeiras vezes que a mestranda se deslocou ao JZL para fazer esboços dos animais não tiveram os resultados esperados. Posteriormente, no decorrer da execução das ilustrações, os desenhos começaram a sair melhor, assim como os esboços feitos para cada espécie. No início a aluna teve dificuldade na representação dos mamíferos, principalmente os que desconhecia. Apesar de se sentir á vontade no desenho, e ter facilidade em desenhar á vista, fazer um desenho/ilustração de uma espécie específica, sem que esta fosse a cópia de uma fotografia ou imagem já existente, trouxe algo de novo na forma de interpretar e observar da mestranda. Nas primeiras vezes a aluna tentou construir as ilustrações através de várias imagens o que não facilitava e apesar dos desenhos ficarem parecidos com a espécie em questão, bastava que mudasse de referência para perceber pequenas diferenças. Ao invés desta metodologia, percebeu que recorrer dos desenhos de campo e fazer vários pequenos esboços para conhecer a forma e familiarizar-se com o animal era preferível. O desenho técnico foi uma ferramenta de trabalho presente na maioria dos processos de estruturação das ilustrações. Com o passar dos desenhos a aluna percebeu que muita da sua dificuldade na interpretação da fisionomia dos animais devia-se ao facto de não conhecer nem perceber até aquele momento como funcionava o esqueleto/corpo dos mamíferos e das aves. Utilizar o conhecimento do esqueleto humano em comparação com a estrutura física dos animais foi uma forma de perceber como estes se movimentavam e a perceber as suas posições de conforto. 8 Começou a ser um dos primeiros passos a dar na sua metodologia para fazer ilustração de animais. Como era esperado, a forma de interpretar e passar os tons de cor para preto e branco não se revelou um obstáculo. Muitas vezes, quando se pretende fazer um desenho/ilustração a preto e branco de qualquer coisa, tira-se uma fotocópia da imagem a cores e é-nos dada a interpretação directa das cores para tons cinza / preto e branco. Constatou-se que nem sempre essa é a solução mais certa, pois ao tirar uma fotocópia a preto e branco á imagem/fotografia da espécie em questão, alguns tons como os verdes, os vermelhos ou alguns azuis, saiam em 8
Teoria da Evolução (Darwin, 1859).
21
tonalidades de cinza muito aproximadas tornando todas essas manchas de cor, numa única mancha cinzenta. Por essa razão teve-se que dar mais importância à luz das cores individualmente, e diferenciá-las conforme os seus contrastes perceptíveis a olho nu, a fim de não correr o risco de um animal, por exemplo como o Apaloderma narina, que possui um vermelho e verde muito garrido, sair todo no mesmo tom de cinza. O cansaço e o facto de aluna estar a ilustrar várias espécies diferentes, continuamente, o recomeçar a pesquisa para uma nova ilustração e todo o processo necessário, fez com que a aluna por vezes tivesse dificuldades em desenhar e criar formas, que na maioria das situações eram simples. Simplesmente não conseguia fazer os esboços necessários, tendo que deixar o desenho de parte quando isto acontecia, para que mais tarde, e depois de finalizadas outras ilustrações, voltasse a ele e o concluísse. O estágio teve grande importância individual para a aluna, que passou a compreender melhor a zoologia e taxonomia no geral e com grande impacto na forma como observava a natureza. Um estágio que serviu certamente de preparação para o estágio seguinte; armando e munindo a aluna de capacidades para ultrapassar as mesmas peripécias, a enfrentar na realização das ilustrações a cores, tais como a estrutura física dos animais e os detalhes a ter em conta de cada espécie. Para a execução do trabalho definido, uma vez que a colecção do IICT da qual provêem as ilustrações não se encontrava acessível, a aluna considerou não ser relevante a permanência no MNHN. A estadia nesta instituição foi positiva, especialmente pelo acesso ao conjunto de bibliografia específica de aves e mamíferos, e pelos contactos com os colaboradores do museu. O trabalho de ilustração normalmente não depende de horários fixos, podendo o ilustrador trabalhar nas horas para ele mais conveniente, mas a estadia no MNHN foi positiva para aluna, na medida a que a obrigou a ter horários e rotina de trabalho. Este estágio foi importante para a aluna na medida em que a apresentou ao mundo dos museus e da sua estrutura interna, assim como a ajudou a perceber as suas principais motivações para a conservação da natureza e a entender o valor desse trabalho para o público.
22
3) ESTÁGIO II A ilustração científica aplicada a uma exposição museológica. Museu de História Natural da Universidade de Coimbra Estágio com inicio a 7 de Março de 2011 e terminou a 30 de Junho de 2011. O responsável pelo estágio da aluna nesta instituição foi o Prof. Dr. Pedro Casaleiro. Neste capítulo serão apresentadas a entidade de acolhimento respectiva ao segundo estágio deste mestrado, assim como os objectivos, actividades, metodologias e resultados correspondentes.
23
3.1) CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ENTIDADE DE ACOLHIMENTO Museu de História Natural de Coimbra http://www.uc.pt/museudaciencia/ / http://www.museudaciencia.org/ Departamento de Zoologia, Laboratório Chimico, Largo Marquês de Pombal, 3000-272 Coimbra. O Museu de História Natural de Coimbra (MHNC) está sediado num edifício Neo-clássico construído por ocasião da Reforma Pombalina de 1772. É constituído por quatro secções (Museu Antropológico, Museu Botânico, Museu Mineralógico e Geológico e Museu Zoológico). Durante o último quartel do século XIX foi dividido em três secções correspondentes às grandes áreas das Ciências Naturais. Em 1991 foi recriado o Museu de História Natural. A partir de meados do século XVI, a Universidade de Coimbra (UC) converteu-se no maior encomendador português no campo artístico, logo a seguir à Coroa. Ao longo das gerações, o seu património artístico foi-se acumulando, dando origem a um acervo notável de testemunhos históricos e estéticos do passado, que sobressai nos contextos nacional e internacional nos mais variados domínios, com destaque para a arquitectura, escultura, pintura, azulejaria e tapeçaria. De acordo com vários especialistas internacionais, a UC detém um espólio na área da museologia sem comparação no nosso país, que configura um museu de capacidade internacional. A generalidade destes museus é uma consequência da Reforma Pombalina, que deu origem a uma profunda reestruturação da área científica e à construção e adaptação de novos estabelecimentos ligados à investigação experimental.
24
3.2) TEMPO E ESPAÇO Ao dia 10 de Março de 2011 a aluna iniciou o segundo estágio da Tese de Mestrado no Museu de História Natural em Coimbra. Ficou a trabalhar no gabinete destinado aos Bolseiros e Estagiários do Museu de Zoologia, onde estava acompanhada pelas Bolseiras Ana Cristina Rufino e Maria Inês Silva, responsáveis pelo Museu de Zoologia do MHN de Coimbra. A 6 de Abril de 2011, foi entregue á aluna o excerto do Programa Cientifico para o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e logo a seguir a mestranda iniciou as visitas frequentes à Sala de Portugal, que se prolongaram até ao final do estágio. Com intuito de conhecer algumas das paisagens naturais de algumas das espécies a ilustrar a aluna visitou alguns habitats típicos. Esteve em dois pauis, Paul de Arzila (22 de Maio) e Paul da Madriz (28 de Junho), a fim de conhecer o habitat natural do camão, Porphyrio porphyrio. De 11 a 14 de Abril conheceu a Pampilhosa-da-serra, acampando na barragem de Sta. Luzia, e entre outras espécies observou de perto o corvo, Corvus corax. A de 14 a 18 de Junho visitou o Gerês onde conheceu o habitat da cabra-do-gerês, Capra pyrenaica lusitanica (extinta), e do lobo-ibérico, Canis lupus signatus. O estágio terminou a 30 de Junho de 2011.
25
3.3) OBJECTIVO DE TRABALHO PARA O MHNC A colaboração da aluna para esta entidade de acolhimento tem como finalidade fazer ilustração de aves e mamíferos para o Museu de Zoologia do MHN, mais concretamente para a exposição da Sala de Portugal, onde se encontram expostos vários exemplares das espécies de Portugal. Pretendiam-se ilustrações a cores dos animais em exposição, em várias situações comportamentais diferentes, contextualizados no seu habitat. O tamanho e a técnica a utilizar nas ilustrações ficou ao critério da mestranda assim como as espécies a realçar, dando preferência às espécies extintas ou em perigo de extinção. O objectivo de trabalho tem por base o Programa Científico para o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, mais adiante serão expostos os pontos de relevância para este estágio.
26
3.4) DESCRIÇÃO DAS ACTIVIDADES A prática deste mestrado teve início quando a aluna recebeu excerto do Programa Científico para o Museu da Ciência da UC. Entre vários, os tópicos de interesse sobre os quais a aluna se debruçou são: 1) Diorama de animais em perigo de extinção ou extintos (por exemplo Lince Ibérico, Cabra do Gerês, Lobo Ibérico ou Lontra), demonstrando factores de interesse e modo de vida. 2) Espécies introduzidas em Portugal. 3) Meio de protecção/atracção de predadores/presas (camuflagem, mimetismo, etc.). 4) Competição. Espécies com características morfológicas relacionadas com a competição territorial e sexual. Depois de ver a sala de Portugal, e conhecer os exemplares na exposição que encaixavam nos tópicos referidos no programa, a aluna pôde escolher os animais que preferia ilustrar (Tabela 3). Sempre que necessário a aluna deslocou-se à Sala de Portugal para tirar fotografias e fazer esboços de detalhes que achava importantes. Em paralelo, e como foi referido no capítulo anterior, a aluna esteve em vários locais do país para conhecer alguns tipos de habitat das espécies ilustradas neste estágio. Além de conhecer esses locais pessoalmente a aluna pode tirar fotografias e fazer esboços de campo para utilizar como referência nas ilustrações (consultar Anexo 8, na página 24 do Livro de Anexos).
27
3.4.1) Breve descrição das ilustrações para a exposição da Sala de Portugal do MHN de Coimbra 1 – Gato-bravo, Felis silvestris. Em perigo de extinção por hibridação com outra espécie de gato, o gato-doméstico, Felis catus. Está representada uma fêmea a amamentar cinco crias no interior da sua toca. 2 – Camões, Porphyrio porphyrio. Espécie que já esteve em declínio Portugal e foi entretanto reintroduzida em alguns pontos do país.9 Esta imagem ilustra a alimentação das crias pelos dois progenitores e por um imaturo resultante da ninhada anterior. 3 – Cabra-do-Gerês, Capra pyrenaica lusitanica. Subespécie que residia naturalmente no nosso país está extinta. Neste momento o seu nicho é ocupado pela Capra pyrenaica hispanica, com variações físicas muito diferentes na sua estrutura. Dois machos da subespécie C. p. lusitanica lutam pelas fêmeas/território, enquanto um terceiro aguarda. 4 – Lobo ibérico, Canis lupus signatus. Em perigo de extinção. Representa uma alcateia de lobos em repouso, focando em segundo plano um macho e uma fêmea em jogos nupciais que antecedem o acasalamento. 5 – Águia pesqueira, Pandion haliaetus. Extinta como nidificante em Portugal.9 Nesta ilustração está representada uma águia a pescar um robalo junto à costa alentejana, local em que a espécie nidificou pela última vez em Portugal. 9 6 – Lince-ibérico, Lynx pardinus, e coelho-europeu, Oryctolagus cuniculus. Estas espécies estão relacionadas. O coelho, que se encontra em declínio (por doença), é a principal presa do lince-ibérico, que se encontra em perigo de extinção devido a vários factores, incluindo a escassez destes leporídeos 10 . Podemos ver nesta imagem um lince a preparar-se para atacar um coelho. 7 – Veado, Cervus elaphus; Grifo, Gyps fulvus; Abutre-preto, Aegypius monachus e corvo, Corvus corax hispanicus. Estas espécies de aves têm a sua população em declínio em
9
CATRY, 2010
10
ICNB – Lince-ibérico, 2011
28
Portugal. 11 Nesta ilustração vemos três espécies diferentes de aves necrófagas em volta de uma carcaça de veado. Ilustra a organização que existe quando estas aves se alimentam em conjunto. 12
11
CATRY et al., 2010
12
Comunicação pessoal R. Matias.
29
3.5) METODOLOGIAS E RECURSOS Para a execução destas ilustrações foram utilizados vários recursos, alguns deles diferentes dos que foram empregados no primeiro estágio. Uma das principais ajudas/vantagens na elaboração das ilustrações para estas espécies foi o facto de a aluna poder conhecer de perto os exemplares de taxidermia do MHN de Coimbra de ter acesso livre às mesmas para desenhar e fotografar, exemplares que correspondem exactamente às espécies ilustradas. A metodologia é semelhante à utilizada nas ilustrações para o catálogo 13 , no estágio no MNHN de Lisboa. As semelhanças estão na pesquisa das espécies e no desenho de linha que antecede o preenchimento, neste caso de cor, da ilustração. A acrescentar à pesquisa inicial, uma vez que estas espécies são representadas no seu contexto natural e são demonstrados alguns comportamentos dos animais, procurou-se saber mais sobre a espécie em termos de etologia 14 , reprodução, alimentação, assim como o clima e a vegetação envolvente nas paisagens de algumas das ilustrações. Em algumas destas ilustrações estão representados animais de espécies diferentes em conjunto, a fim de realçar algumas situações de interacções entre espécies diferentes.
13
Consultar o capítulo 2.5.1) “Exemplo do processo de execução de uma ilustração científica” na página 16 da Secção
“ESTÁGIO I” 14
Etologia é a ciência que estuda o comportamento animal.
30
3.5.1) Excepções à metodologia Por serem animais existentes em Portugal a aluna teve mais facilidade em encontrar referências de imagem e vídeo para concretizar as ilustrações, assim como a existência de exemplares de taxidermia foi essencial para o conseguimento das ilustrações. Neste capítulo falaremos das metodologias / recursos utilizados em algumas ilustrações que foram diferentes do que foi usual nas anteriores. 1 - Cabra-do-gerês – Tendo em conta que é uma espécie já extinta, desprovida de registos que possam ser utilizados como referência, esta ilustração teve três diferenças decisivas na sua metodologia: a) A aluna visitou o habitat natural onde a espécie residia, e tirou apontamentos e fotografias de referência. Apesar de ser um local conhecido este manteve-se inalterado e longe das influências da população humana devido ao difícil acesso e permanência. b) Os dois exemplares, macho e fêmea que se encontram no MHN de Coimbra, degradaram-se como é usual, com o passar do tempo e a incidência constante da luz. As manchas de cor no pelo são já pouco visíveis e alteram-se as cores e o volume das peças que já não é o mesmo devido à secagem dos tecidos. Isto dificulta a imitação das cores e da volumetria da espécie na ilustração. Aquela que parece ter sido a sua fisionomia, foi desenhada observando os exemplares do museu, uma das poucas fotos conhecidas da espécie em vida (uma fêmea), 15 e fotos de exemplares da espécie que parece ser o parente mais próximo em termos de semelhanças físicas (manchas de cor na pelagem e nos cornos), Capra pyrenaica hispanica. c) Os cornos são o único elemento no exemplar do macho que se manteve inalterável como quando foi montada a peça. As dúvidas que surgem são em relação ao estado de crescimento do animal. Não há registos conhecidos quanto à idade que o exemplar teria, e nem quanto ao tamanho máximo que a envergadura que os cornos poderiam atingir nesta espécie enquanto adulto. Foi modelada em plasticina uma réplica em miniatura, da forma dos cornos 15
Almaça, C. (2000)
31
do único exemplar de macho existente na actualidade. Como estes possuem uma forma complexa, a aluna utilizou este meio para facilitar o desenho de linha dos três machos que se encontram em posições muito diferentes na ilustração (consultar Anexo 12, na página 29 do Livro de Anexos). 2 - Gato-bravo – O desenho de linha foi concluído tendo por base a observação dos exemplares do museu, e também pelo prévio contacto directo com o gato doméstico, fêmea e crias (semelhantes anatomicamente), o que possibilitou o estudo deste mamífero quanto às suas posições de conforto e de amamentação. 3 - Lince-ibérico, camão e lobo-ibérico – Para esta espécies visitou-se o seu habitat natural, o que permitiu a escolha das referências para as ilustrações. Consultar Anexo 13, na página 30 do Livro de anexos.
32
3.6) TRABALHO EXTRA-TEMÁTICO Este capítulo trata o primeiro período de tempo em que a aluna trabalhou com o MHN de Coimbra, fazendo ilustração solicitada pelo responsável de estágio, não destinada directamente ao tema da tese de mestrado. O motivo pelo qual esse período é aqui referido tem a ver com a contribuição para o conhecimento das matérias abordadas assim como a abertura a novas áreas da ilustração científica que a aluna desconhecia, servindo também de preparação técnica para as ilustrações propostas para este museu. Por essa razão, neste capítulo serão descritas as actividades, metodologias e os recursos para a execução desse trabalho.
3.6.a) Cruziana sp. Inicialmente não havia certezas quanto à abordagem que seria feita pela mestranda às espécies de aves e mamíferos do museu, portanto foi proposto à mestranda que até que se decidisse, abordasse outro assunto fora da temática da tese de mestrado. O assunto em questão tratava-se da Cruziana sp. 16 exposta no Museu de Mineralogia e Geologia da UC. Foi solicitada uma ilustração esquemática da formação da placa de cruzianas. A placa de Cruziana sp. do período do Ordovícico irá ser exposta no Museu acompanhada da infografia/ilustração que a Mestranda elaborou. Neste trabalho, a aluna contou com o apoio do Dr. Pedro Callapez, professor de Paleontologia na Universidade de Coimbra, que supervisionou o trabalho da mesma. A aluna visitou o Museu Museológico e Mineiro de Lisboa para entender melhor e recolher informação sobre as cruzianas e as trilobites. Explorou na Internet e na Biblioteca das Ciências da Terra do Departamento de Geologia e Mineralogia da Faculdade de Coimbra. Ao procurar por Cruziana sp., percebeu que esta se tratava de um icnofóssil, sendo a Cruziana sp. o nome dado ao rasto de alimentação/locomoção de uma trilobite. Além da Cruzina sp., são 16
Cruziana sp. é um icnofóssil.
33
conhecidos mais dois tipos de icnofósseis relacionados com as trilobites: Diplichnites, rastos de locomoção, e Rusophycus, pista de repouso. Ao aprender sobre o tema, a aluna observou melhor a placa assente na parede do Museu de Minerologia e Geologia da UC tendo o propósito de tentar perceber se juntamente com a Cruziana sp. haveria a possibilidade de encontrar outros tipos de icnofósseis. Não encontrou, mas deparou-se com uma impressão muito suave na zona mais lisa da rocha, semelhante a uma possível vista dorsal de trilobite. Após a observação, o Prof. Dr. Callapez, confirmou à aluna de que era muito possivelmente uma impressão de trilobite. A importância deste achado deve-se ao facto de ainda haver incertezas na comunidade científica de Paleontologia quanto aos verdadeiros feitores da Cruzina sp., pelo que a impressão da trilobite junto aos rastos das mesmas, poderia ajudar a levantar questões relacionadas com essas dúvidas. Esta descoberta entusiasmou a aluna para o trabalho sobre a Cruziana sp. Para tornar a ilustração das Cruzianas mais credível a aluna teve que pesquisar que outras espécies marinhas, coexistiam com as trilobites. Para isso recorreu às Noticias Explicativas das Cartas Geológicas de Portugal. Primeiro viu na Carta Geológica, em que cidades/vilas/aldeias coincidia a rocha Ordovícica em Portugal, para depois encaixar cada zona no mapa da grelha das Noticias Explicativas das Cartas Geológicas e obter a letra e o número da respectiva revista. Depois de recolhidas as revistas certas, a aluna recolheu todos os nomes científicos mencionados, relativos a espécies encontradas nas rochas do Ordovícico. A maioria destas espécies correspondia a icnófosseis, e a espécies que ajudam na estratigrafia dos terrenos, havendo por isso uma omissão considerável de espécies. A aluna começou por esboçar um esquema inicial que foi aprovado pelo Prof. Dr. Callapez. Na fase seguinte a aluna dedicou-se á primeira e mais trabalhosa prancha da infografia, onde a maior parte da pesquisa é aplicada/visualizada. A 19 de Abril iniciou a ilustração da principal prancha para a infografia. Foi inicialmente delineado o esboço da ilustração, a grafite numa folha de papel Sipriano para aguarela, de gramagem 270g. De seguida foi preenchida com cor, tendo sido utilizado o lápis de cor e o guache. Esta foi a primeira vez que a aluna utilizou o guache, não obtendo resultados satisfatórios, pelo que posteriormente digitalizou o original e a partir dessa imagem trabalhou-a no programa AdobePhotoshop™CS3, adicionou novos elementos e tonalidades á ilustração. Uma vez que este é um trabalho exterior ao tema da tese e a fim de começar com o 34
trabalho proposto para este estágio, a aluna decidiu deixar este trabalho por terminar, e por isso apenas concluiu a prancha principal. Terminou a 27 de Abril de 2011 (consultar Anexo 11, na página 28 do Livro de Anexos).
3.6.b) Exposição “Maria Skłodowska-Curie: Madame Curie” A par do trabalho de pesquisa e esboço da ilustração das cruzianas foi solicitado á aluna a cooperação na montagem da exposição “Maria Skłodowska-Curie: Madame Curie”, inaugurada a 27 de Abril de 2011 no Museu da Ciência da UC. Colaborou com algumas ilustrações, tais como retratos de Marie Curie, esquema dos equipamentos e mapas cartográficos. Foi apresentado à mestranda o espaço e o contexto geral da exposição e seguidamente foram feitos esboços. As ilustrações destinam-se a um espaço do género montra/vitrina, protegida por uma placa de acrílico transparente. No seu interior estarão objectos originais e alguns semelhantes aos com que Marie Curie trabalhava, com texto e esquemas explicativos. A aluna propôs um desenho de linha de Marie Curie que complementaria os restantes elementos em exposição no interior da vitrina, e por onde se poderia ver através do desenho sem que este perturbasse a visão para o seu interior. Para a produção das ilustrações, a aluna desenhou primeiro a lápis várias possibilidades (consultar Anexo 9, na página 25 do Livro de Anexos). Depois de digitalizar essas imagens, usou-se o programa AdobeIllustrator™CS3 para vectorizar as ilustrações com o propósito de poder ampliar as ilustrações, e serem impressas em vinil para a aplicação na vitrina. Foram pedidas alterações na primeira ilustração, pelo que a aluna criou várias versões para a ilustração. Foram feitos ainda mapas de distribuição de gás radão em Portugal e o esquema de montagem do funcionamento do equipamento de medição de radioactividade, destinavam-se a painéis exteriores á vitrina, e que por isso não tiveram condicionantes importantes. Para estas ilustrações, foi seguido o mesmo processo na elaboração, mas com a finalidade de serem impressos em painéis de madeira (consultar Anexo 10, na página 27 do Livro de Anexos).
35
3.7) DISCUSSÃO A pesquisa e a observação directa dos exemplares de taxidermia foi importante, e revelou-se ser uma mais-valia para as ilustrações, por serem, na maioria dos animais, mais fáceis de manipular e de perceber detalhes. Tornou acessível o entendimento da anatomia destes animais, e também pela quantidade e qualidade das referências. Tornou-se claro que o ideal para a elaboração das ilustrações, seria ter estes exemplares como referência em conjunto com o contacto visual directo com as espécies. Assim como no primeiro estágio, houve uma primeira fase de adaptação aos novos conhecimentos. Neste estágio sucedeu-se o mesmo, mais precisamente em relação à técnica do guache. Apesar de não ser a primeira vez que aluna tomava contacto com a técnica, a primeira abordagem – na ilustração Cruziana sp. não teve os resultados que a mestranda esperava. A aluna constatou que a metodologia ideal para a execução desta ilustração teria sido a técnica digital, utilizando o PhotoshopTMCS3 para pintar digitalmente, tendo como base um desenho de linha digitalizado. Passado algum tempo recomeçou de novo – na ilustração do gato-bravo, e os efeitos já foram preferíveis. A escolha do macho ou da fêmea, e o estado de crescimento na representação da espécie neste estágio esteve relacionada com o que se pretendia mostrar em cada uma das ilustrações. Em alguns casos foi indiferente, como no caso do lince ou da águia-pesqueira, pois macho e fêmea tem o mesmo comportamento quando procuram por alimento (sendo este o comportamento a demonstrar na ilustração). A aluna considerou a estadia no museu muito importante pelo facto de ter acesso fácil às colecções. No decorrer das ilustrações quando surgiam dúvidas, podia consultar imediatamente as peças de taxidermia. Outra hipótese viável para a execução das ilustrações, teria sido definir previamente e concisamente os objectivos para as mesmas, o que se pretendia mostrar e como, e em seguida realizar algumas visitas para fazer apontamentos, esboços e fotografia dos exemplares.
36
4) DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÃO
Em ambos os casos tratados nesta tese, as ilustrações elaboradas foram resultado da função a que se destinam. A) Na execução do catálogo para o MNHN para a área editorial, observa-se que as ilustrações para o exterior do catálogo se adequaram às suas funções, tanto nas espécies seleccionadas, nas técnicas utilizada para a sua representação, como na organização das mesmas no layout da capa. O exterior da capa deve ser característico, explícito e apelativo para o seu sucesso, pelo que a proposta apresentada parece responder a esses requisitos. Para o interior do catálogo as ilustrações elaboradas parecem responder aos seus propósitos, tendo sido feitas objectivamente e mostrando todas as características disgnosticantes de cada espécie. No entanto esta técnica (ou outras a preto e branco) apresenta a limitação de não permitir distinguir facilmente diferenças cromáticas subtis, seja para diferenciar algumas subespécies ou alguns casos de dimorfismo sexual. B) A elaboração das ilustrações para a exposição no MHNC, respondem igualmente de forma positiva à proposta desta instituição. Como as ilustrações originais são em grande formato, estas podem ser expostas em dimensões variadas (desde o A5 ao A2), e ainda ser utilizadas em merchandising e divulgação da colecção. Devido aos seus propósitos, as ilustrações elaboradas no estágio no MHNC (exposição) carregam muito mais informação do que as conseguidas para o catálogo do MNHN. Além da forma, padrões, texturas e estrutura das espécies conseguidas, transmitem conhecimento completo sobre o comportamento, habitat natural e as respectivas cores (tanto das espécies alvo como dos seus habitats). Em contrapartida, as ilustrações para o catálogo mostraram ser mais objectivas, exigindo menos tempo de estudo e pesquisa das espécies, e conseguindo apresentar um maior volume de trabalho num mais curto período de tempo, em grande medida, devido à maior simplicidade da técnica.
37
Conclui-se, para ambos os casos, que a ilustração científica deve responder aos seus propósitos, sem sobrepor-se à peça/colecção em questão. Esta deve ser utilizada para substituir ou complementar o texto de caracterização e simplificar os conceitos a transmitir. Com o aumento do interesse pela peça, esta torna-se mais facilmente recordada pelo publico e consequentemente os conceitos em questão são mais facilmente apreendidos. A grande importância da ilustração científica ao serviço de um museu, está na comunicação correcta da informação relevante, biológica e científica das espécies, quer ao público mais restrito que engloba a comunidade científica, quer ao público em geral, leigo nestas temáticas.
38
5) COMPETÊNCIAS TÉCNICAS E COMPORTAMENTOS ADQUIRIDOS
A mestranda desenvolveu e melhorou as técnicas que já conhecia por frequência no primeiro ano do mestrado. Para a aluna, foi superado em parte aquele que prometia ser o grande desafio em termos competências técnicas: a representação dos animais em conjunto com as paisagens e a luz atmosférica. Percebeu que as diferenças em desenhar algo em movimento, objectos ou pessoas, são muito desiguais ao desenhar animais. Concluiu ser muito mais difícil, pois os apontamentos em que se deve focar no desenho de animais são diferentes no desenho de pessoas, apesar de terem bases semelhantes. Melhorou a utilização de referências: quando não existia a possibilidade de ver as espécies ou vídeos das mesmas, a aluna tentou perceber as suas formas mais naturais através de fotografias, decifrando os seus aspectos/comportamentos e posições naturais, muitas vezes utilizando em comparação outras espécies do mesmo género ou da mesma família. Aprendeu a procurar bibliografia específica para as espécies, tanto para texto ou para referências de imagem. Melhorou a capacidade de interpretação visual da fisionomia dos animais em estudo, no que diz respeito às proporções, à estrutura e à coloração dos animais, tanto no desenho de campo como nas artes finais. Adquiriu conhecimentos sobre as plumagens das aves, pelos dos mamíferos, esqueletos e instruções semelhantes a estas. Aprendeu a procurar as características diagnosticantes das várias espécies ilustradas, o que se aplica à elaboração de futuras ilustrações de aves e mamíferos. Aprendeu a interpretar os nomes científicos, a perceber melhor a taxonomia sistemática e a reconhecer algumas ordens, famílias e géneros de aves e mamíferos. Melhorou o seu conhecimento sobre ilustração científica, e as diversas áreas em que esta se pode encontrar principalmente através do contacto com os colaboradores de ambos os museus. O estabelecimento de horários de trabalho e a permanência nos museus ajudou a cumprir objectivos. A mestranda desenvolveu e melhorou sobretudo metodologias de trabalho. 39
Aprendeu também como e onde pesquisar assuntos biológicos, dificuldade que sentiu ao longo do primeiro ano e início do segundo ano do Mestrado.
40
6) GLOSSÁRIO, DEFINIÇÕES E NOTAS Hibridação – Hibridação de espécies – É quando duas espécies diferentes, sendo normalmente do mesmo género, acasalam dando origem a crias/animais que reúnem e misturam as características dos progenitores.
Icnofóssil – fósseis de pistas, rastos ou pegadas de animais.
Morfológica – Morfologia, é o estudo da forma de um organismo vivo, ou de parte dele. Nidificantes – Nidificar – É quando uma ave nidifica, faz ninho.
Océlo – Marca semelhante a um olho.
Ordovicíco ou Ordovicíano – É um dos seis períodos da era Paleozóica, na escala de tempo geológico, que sucede o período Cambriano e precede o período Suluriano. Placas dérmicas – É um tipo de tecido formado pela derme que é uma camada acima da epiderme, constituída por densa rede de tecido conjuntivo. Reintroduzido/a – Reintrodução de espécies, é quando uma espécie é colocada num lugar onde existiu anteriormente. Taxidermia - É a arte de montar animais mortos, preservando o aspecto da sua forma em vida, a sua pele (pelagem, penas), planos e tamanho, para conservação e exibição em museus e estudos científicos.
Taxonómico – Taxonomia sistemática – é a ciência que classifica organismos vivos, inventaria e descreve a biodiversidade para compreender as relações filogenéticas entre os organismos
41
Zigodactyla - é quando os dedos são orientados de forma diferente que a usual. Nas aves é quando o primeiro e quarto dedo se deslocam para traz e o segundo e terceiro dedo se mantêm para a frente.
Nota* A nomenclatura utilizada - Para a maior partes das espécies africanas ilustradas, não existem nomes comuns instituídos. Desta forma optou-se por omitir alguns nomes vernáculos deste trabalho.
42
7) BIBLIOGRAFIA
ALMAÇA, C. (2000). O Homem Medieval e a Biodiversidade. Museu Nacional de História Natural (Museu Bocage), Lisboa. ALMEIDA, P. R., J. ALMEIDA, N. F. ALMEIDA, M. J. CABRAL E OUTROS (Eds.) (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Peixes, Dulciaquícolas e Migradores, Anfíbios, Repteis, Aves e Mamíferos. Instituto da Conservação da Natureza. ISBN 972775-153-9. BISMARK, M. (s/data). Desenho e aprendizagem. Edição do autor. BROWN, L., E. URBAN & K. NEWMAN (1982). The Birds of Africa. Volume I. Illustrated by Martin Woodcock and Ian Willis. Academic Press. ISBN 0-12-137301-6. CATANA, M. (2009). Rota dos Fósseis. Perguntas e Respostas. Parque Icnológico de Penha Garcia. Município de Idanha-a-Nova. CATRY P., H. COSTA, G. ELIAS & R. MATIAS (2010). Aves de Portugal, Ornitologia do território continental. Assírio & Alvim, Lisboa. Clarkson, E. N. K. (1998). Invertebrate Palaeontology and Evolution, 4th Edition. WileyBlackwell. University of Edinburgh, Scotland. ISBN 0-632-05238-4. DANDELOT, P. (1973). Guia de Campo de los Mamiferos Selvajes de África. Barcelona: Ediciones Omega, S. A. Casanova. EQUIPA ATLAS (2008). Atlas das Aves Nidificantes em Portugal. ICNB (Instituto da Conservação da natureza e Biodiversidade). ISNB 978-972-775-198-3. ESTES, R. (1992). The Behavior Guide to African Mammals. Introducing Hoofed Mammals, Carnivores, Primates. Drawings by Dabiel Otte. Berkeley: The University of California Press. ISBN 0-520-08085-8. FRADE, F. & A. BACELAR (1953). Trabalhos da Missão Zoológica de Moçambique (XXIV). Aves coligidas pela Missão Zoológica de Moçambique. ANAIS (Estudos de Zoologia) Vol. VI, TOMO IV – Fascículo III. 43
FRY, H., S. KEITH & E. URBAN (1988). The Birds of Africa. Volume III. Illustrated by Martin Woodcock and Ian Willis. Academic Press. ISBN 0-12-137303-7. FRY, H., S. KEITH, F. G. CRAIG, L. GRIMES, M. IRWIN, D. PEARSON, E. URBAN, D. WIGGINS & R. WILKINSON (2000). The Birds of Africa. Volume VI. Illustrated by Martin Woodcock and Ian Willis. Academic Press. ISBN 0-12-137306-1. IGC (1968). Carta Geológica de Portugal, Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos. Cx. 20, Escala 1: 1000000, 1968. Instituto Geográfico e Cadastral. KEITH, S. (1992). The Birds of Africa. Volume IV. Illustrated by Martin Woodcock and Ian Willis. Academic Press. ISBN 0-12-137304-5. KINGDON, J. (1988). East African Mammals. An Atlas of Evolution in Africa. Bovids. Volume III, Part C. Chicago: The University of Chicago Press. ISBN 0-226-43724-8. KINGDON, J. (1988). East African Mammals. An Atlas of Evolution in Africa. Bovids. Volume III, Part D. London: Academic Press. ISBN 0-226-43725-6. MACDONALD, D. (1984). The Encyclopedia of Mammals. Carnivores, Seals, Whales, Dolphins, Primates. 2nd Edition. Oxford: Equinox. ISBN 0-04-500028-X. MACDONALD, D. (1984). The Encyclopedia of Mammals. Herbivores, Insectivores, Bats, Marsupials. 2nd Edition. Oxford: Equinox. ISBN 0-04-500029-8. MATIAS, R. (2002). Aves Exóticas que Nidificam em Portugal Continental. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e Instituto da Conservação da Natureza. ISBN 972-775070-2. MELENDEZ, B. (1977). Paleontologia, TOMO 1. Parte General e invertebrados. 2ª Edição. PARANINFO, Madrid. ISBN – 84-283-0005-4. MEYER, D. L. & R. A. DAVIS (2009). A sea without fish, life in the Ordovician Sea of the Cincinnati Region. Indiana University Press. ISBN-10: 0-253-35198-7. NOWAK, R. & J. PARADISO (1999). Walker’s Mammals of the World. Volume I. 4th Edition. The Johns Hopkins University Press. ISBN 0-8018-2525-3.
44
NOWAK, R. & J. PARADISO. (1999). Walker’s Mammals of the World. Volume II. 4th Edition. The Johns Hopkins University Press. ISBN 0-8018-2525-3. SEILACHER, A. (2007). Trace Fossil Analysis. 1st Edition. Springer. ISBN-13: 978-3-54047225-4. SINCLAIR, I. & P. HOCKEY (1997). The Larger Illustrate Guide to the Birds of Southern Africa. Illustrated by Norman Arlott and Peter Hayman. 2nd Edition. Struik Publishers. ISBN 978-1-77007-243-5. SVENSSON, L., K. MULLARNEY & D. ZETTERSTRÖM (2009). Collins Bird Guide. London: HarperCollins. ISBN 978-0-00-726726-2. THONEY, D. A. & N. SCHLAGER (Eds.) (2002). Grzimek’s Animal Life Encyclopedia (vols. 1 – 17). 2nd Edition. Thomson Gale. ISBN 0-7876-5362-4 URBAN, E. & S. KEITH (1986). The Birds of Africa. Volume II. Illustrated by Martin Woodcock and Ian Willis. London: Orlando Academic Press. ISBN 0-12-137302-9. URBAN, E., H. FRY & S. KEITH (1997). The Birds of Africa. Volume V. Illustrated by Martin Woodcock and Ian Willis. Academic Press. ISBN 0-12-137305-3. VÁRIOS AUTORES (1981/1982). Garcia de Orta: Revista da Junta de Investigações científicas do Ultramar, Série de Zoologia. Vol. 10, Nº 1 e 2. Corpo Editorial, João Tendeiro, E. Marques, J. F. L. do Rosário Nunes. Lisboa ZWEIFEL, F. W. (1988). - Biological Illustration. University of Chicago Press. ISBN 0-22699700-6.
NOTICIAS EXPLICATIVAS DAS CARTAS GEOLÓGICAS DE PORTUGAL Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos. Serviços Geológicos de Portugal. Carta Geológica de Portugal CX. 20, Escala 1:1000 000, 1968. Revistas consultadas, contendo o registo de fósseis encontrados e terreno geográfico correspondente ao período do Ordovicíco em Portugal: 1 -Aveiro (Albergaria-a-Velha; Sever do Vouga; São João da Madeira) 13D – 1981 45
2 - Barrancos 44B – 1977 3 - Bragança 3D - 1999 4 - Castelo Branco (Vila Velha de Ródão; Penamacor; Rio Zêzere; Pampilhosa da Serra) 28 B – 1964 5 - Coimbra (Penacova; Góis; Poiares; Mealhada; Arganil) 6 - Freixo de Espada à cinta 15B – 1990 7 - Lamego (Tarouca) 14ª – 1968 8 - Miranda do Douro (Vimioso) 9 - Portalegre / Marvão 32B – 1972 / 29 C – 1975 10 - Porto (Valongo; Castelo de Paiva; Arouca, Póvoa de Varzim) 9C – 1957 / 13B – 1963 / 13D – 1981/2006 / 9ª – 1965 11- Tomar (Vila do Rei; Ferreira do Zêzere; Mação; Figueira dos vinhos) 12 - Torre de Moncorvo 11C – 1988 13 - Vila Real (Serra do Marão; Murça; Rio Tua; Vila Flor) 14 - Viseu (S. Pedro do sul; Sátão) 14C – 1977 / 17B – 1990
46
8) WEBGRAFIA
Animal Diversity Web (1995). Acedido em Setembro de 2011, em: www.animaldiversity.ummz.umich.edu ARKIVE, Images of Life on Earth. Acedido em Setembro de 2011, em: www.arkive.org Chris Rose, Wildlife Artist. Acedido em Setembro de 2011, em: www.chrisrose-artist.co.uk Ciência em Portugal – Episódios e personagens. Acedido em 7 de Setembro de 2011, em: http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/e4.html EOL, Encyclopedia of Life. Acedido em Setembro de 2011, em: www.eol.org FLICKR. Acedido em Setembro de 2011, em: www.flickr.com Google. Google Images. Acedido em Setembro de 2011, em: www.google.pt/imghp?hl=ptpt&tab=wi IBERCAJALAV. Acedido em Setembro de 2011, em: www.ibercajalav.net ICNB – Lince-ibérico. Acedido em 23 de Setembro de 2011, em: http://linceiberico.icnb.pt Images of Africa, Photo Library. Acedido em Novembro de 2010, em: www.imagesofafrica.co.za Jardim Botânico Tropical. Acedido em 4 de Setembro de 2011, em: http://www2.iict.pt/jbt/index.php?idc=208&idi=11956&idi=11967 The Internet Bird Collection. Acedido em Setembro de 2011, em: www.ibc.lynxeds.com The IUCN Red List of Threatened Species. Acedido em Setembro de 2011, em: www.iucnredlist.org Trilobites. Acedido em Abril de 2011, em: www.trilobites.info Wikipédia - Acedido em 8 de Setembro de 2011, em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal
47
9) TABELAS
Tabela A) Lista de espécies de aves da colecção do IICT ilustradas para o MNHN ORDEM
ESPÉCIE
Anseriformes
Dendrocygna viduata
Apodiformes
Cypsiurus parvus
Bucerotiformes
Bycanistes bucinator Bycanistes brevis (capa)
Ciconiiformes
Threskiornis aethiopicus
Coliiformes
Urocolius indicus
Columbiformes
Treron calva
Coraciiformes
Ceryle rudis
Cuculiformes
Chrysococcyx klaas Gallirex porphyreolopha (capa)
Galliformes
Numida meleagris coronata
Gruiformes
Lophotis ruficrista
Musophagiformes
Tauraco shalowi
Passeriformes
Euplectes afer
Piciformes
Pogoniulus bilineatus bilineatus Lybius torquatus (capa)
Psittaciformes
Poicephalus cryptoxanthus cryptoxanthus
Strigiformes
Bubo africanus
Trogoniformes
Apaloderma narina
Turniciformes
Turnix sylviaticus
Upupiformes
Upupa epops africana
48
Tabela B) Lista de espécies de mamíferos da colecção do IICT ilustradas para o MNHN ORDEM
ESPÉCIE Aepyceros melampus
Artiodactyla
Hippotragus niger Tragelaphus angasii
Carnivora
Canis adustus
Chiroptera
Pipistrellus nanus
Lagomorpha
Lepus saxatilis
Macroscelidae
Elephantulus brachyrhynchus
Perissodactyla
Equus quagga
Pholidota
Manis temminckii
Primates
Cercopithecus aethiopicus rufoviridis
Proboscidea
Loxodonta africana
Rodentia
Paraxerus cepapi
49
Tabela C) Lista de espécies de aves e de mamíferos ilustrados para exposição do MHN de Coimbra. ILUSTRAÇÃO
AVES
1 2
MAMÍFEROS Gato-bravo, Felis silvestris
Camão, Porphyrio porphyrio
3
Cabra do Gerês, Capra pyrenaica lusitanica
4
Lobo ibérico, Canis lupus signatus
5
Águia-pesqueira, Pandion haliaetus
6
Lince ibérico, Lynx pardinus Coelho, Oryctolagus cuniculus
7
Grifo, Gyps fulvus
Veado, Cervus elaphus
Corvo, Corvus corax Abutre-negro, Aegypius monachus
50