Belas
EDIÇÃO 1 . NÚMERO 1 . ABRIL 2017 . UMA PUBLICAÇÃO DA CAIXA BELAS ARTES
MEU AMOR
NOS BASTIDORES COM
Isabelle Huppert
Conheça a história da estrela francesa em entrevista exclusiva com produtor de "Souvenir" POR TRÁS DE MARTÍRIO
Um papo com os diretores do documentário que abalou Brasília
UMA NOITE DE TERROR
DE VOLTA À ADOLESCÊNCIA
Veja como foi o noitão Sonho de Greta e narrativa australiana que encantou de terror do BA cinéfilos
Novidades no BA VILLA-LOBOS SEG
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Quando Araminte (Isabelle Hupert) contrata Dorante (Louis Garrel) como seu novo secretário, o rapaz da classe baixa se apaixona pela rica viúva. Diante disso, o criado Dubois (Yves Jacques) faz de tudo para que a mulher se apaixone pelo jovem.
OSCAR NIEMEYER SEG
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Diante de uma realidade crua e imprevisível, os personagens deste filme caminham sobre a linha tênue que separa a civilização da barbárie. Uma traição amorosa, o retorno do passado, uma tragédia ou mesmo a violência de um pequeno detalhe cotidiano são capazes de empurrar estes personagens para um lugar fora de controle.
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Na faculdade, uma dupla de cineasta encontrou cinco fitas VHS contendo registros culturais da tribo Ãwa. Reunindo outros materiais, eles partem em busca do grupo, apresentando as imagens pela primeira vez e descobrindo a trajetória de enfrentamento com o povo branco desde 1973. Hoje, os Ãwa lutam pela demarcação e restituição de suas terras.
CARMEM SEG
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Uma esquecida cantora (Isabelle Huppert) vive no anonimato trabalhando em uma fábrica de patê. Um jovem colega de trabalho descobre seu segredo e, com charme, a convence a se apresentar pela primeira vez em anos. Aspirante a boxeador, ele se empolga com a nova possibilidade de negócio e, apaixonados, os dois decidem tentar fazer com que o retorno dela aos holofotes aconteça.
INGRESSOS: Seg
(Sábados) Inteira: R$18,00 Meia: R$9,00
Ter e Qua R$20,00 R$ 10,00
Qui e Dom R$28,00 R$14,00
Sessão Extra R$20,00 R$10,00
| Editorial |
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alar de cinema é uma paixão do Caixa Belas Artes que agora temos a oportunidade de externalizar com a Belas, Meu Amor. Nesta primeira edição, podemos dizer, com toda a certeza, que começamos arrasando. Nas próximas páginas, você poderá se deliciar com um perfil da estrela francesa Isabelle Huppert que construímos com o auxílio de Yves Verbraeken, um dos produtores de “Souvenir”. Além disso, a Belas conversou com os diretores e produtores do documentário “Martírio”, Vicent Carelli e Ernesto de Carvalho. O resultado você irá conferir em uma maravilhosa matéria sobre os bastidores de uma produção tão importante para a nossa nação. Para fechar, você confere a cobertura do nosso Noitão de terror que não podia ter sido melhor com frio, muita pipoca e terror. Ah, e não deixe de conferir se a sua foto não foi escolhida para a nossa seção colaborativa, “Você no B.A”. Esperamos que você aproveite cada página desta revista que foi concebida com todo carinho de seus curadores. Um beijo e até a próxima edição.
Expediente Editora de design: Ana Luisa Pasin Redação: Ana Luisa Pasin, Guilherme Franco e Luis Ottoni. Trabalho realizado para disciplina de Jornalismo Empresarial da Universidade Presbiteriana Mackenzie sob orientação da professora Patrícia Paixão. Foto de Capa: Agence France Press (AFP)
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PRÉ-ESTREIA DA SEMANA
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O Sonho de Greta nos leva de volta aos anseios, ~ ~ frustracoes e ambicoes da vida adolescente Em sua produção de estreia, Rosemary Myers conquista cinéfilos em uma construção visual que lembra Wes Anderson e Tim Burton Foto: Divulgação
Inserido em um ambiente retrô, Sonho de Greta conquistou o coração dos cinéfilos ao redor do mundo. O filme de estreia da diretora australiana Rosemary Myers é centrado nas angústias e frustrações de Greta Driscoll, interpretada por Bethany Whitmore. Vista como a garota estranha da escola, aos 14 anos, Greta não tem amigos. Seu destino muda, porém, quando o tagarela Elliot, interpretado por Harrison Fieldman, abre-se a conhecer a adolescente e os dois se tornam grandes amigos. Ainda preocupados com o comportamento da filha, que continua a se isolar do resto do mundo, os pais de Greta, interpretados por Whittet e Amber McMahon, decidem organizar uma festa de 15 anos e convidar todos os ‘colegas’ de escola, sem o consentimento da filha. O incômodo e o medo de outros colegas é tão grande que leva Greta a entrar em um outro universo, com suas próprias fantasias e ilusões. O crítico da Folha de S. Paulo, Leonardo Cruz, destacou o filme como uma referência ao cinema de Wes Andeson, pela organização das cenas, excentricidade da construção narrativa e personagens da década de 70, como em “Os Excêntricos Tenebaums” (2001). Também nos lembramos de Tim Burton, pelo universo onírico que remete à infância, como em “Alice no País das Maravilhas” (2010) e “A Fantástica Fábrica de Chocolate” (2005). O filme tem sua Pré-Estreia neste sábado aqui no Belas Artes com preço com desconto e entra em cartaz na próxima quinta-feira.
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Foto: Divulgação
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Nos Bastidores com Isabelle Huppert Yves Verbraeken, um dos produtores de Souvenir, conta à Belas como são os bastidores de uma produção com a estrela do cinema francês contemporâneo
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onsiderada a maior atriz do cinema francês de sua geração, a parisiense Isabelle Huppert alavancou sua carreira a partir de “Elle”, cultivando uma gama de filmes prestigiados como “Souvenir” (2016) e “Falsas Confidências” (2017). Antes de se tornar uma estrela mundial, representante do cinema francês, Huppert foi encorajada pela mãe para iniciar sua carreira sua carreira no teatro, em 1970. Nos anos seguintes, fez pequenos papéis no cinema como em Faustine et le bel été (1971) e Bar de la Fouche, Le (1972). Com a participação em mais de cem produções, Huppert deve atuar apenas este ano em outras oito produções.
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Yves Verbraeken, produtor e roteirista de “Souvenir”, conta que trabalhar com Huppert é uma experiência intensa. “Teve um momento em que tive que me certificar com a equipe do filme se ela tinha descansado o suficiente. Eu sempre a via trabalhando de alguma forma, seja treinando suas falas ou conversando com a imprensa”, conta.
Foto: Divulgação
Quando perguntado se Huppert soube cumprir suas expectativas em relação à personagem Liliane Cheverny, Yves explica que a atriz foi além. “Como esperávamos, Isabelle conseguiu preencher os espaços que deixamos como escritores e nos trouxe um material melhor do que imaginávamos. Não vejo a hora de trabalharmos com ela novamente”, disse.
“Sua filmografia é impressionante. Huppert fez grandes escolhas em sua carreira” A experiência com Isabelle, de acordo com o belga, foi a primeira envolvendo uma artista tão renomada, mesmo que Yves já coleciona diversos filmes, principalmente direcionados ao público LGBT. “Estamos sempre participando de diversas produções, então é um pouco difícil mensurar o impacto que um filme em específico tenha”. Sobre o futuro de suas produções, o belgo garante que está trabalhando com foco no mercado internacional, mas não revela o que está por vir.
Huppert nunca hesitou em interpretar personagens controversos que poderiam danificar sua
imagem: Les Valseuses (Blier), sobre a questão de
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Cena do Filme “A Pianista”, Michael Haneke (2002) gênero ou Entre Nous (Diane Kurys), que fala sobre sadomasoquismo, são alguns deles. A audiência francesa vem crescendo com ela”, explica Sylvie Blum-Reid, professora doutora em língua francesa e cinema da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos. Sylvie ainda destaque o caráter “generoso” de Huppert, que hoje já conhecida por grandes produções comerciais, não se importa em “emprestar” seu talento a diretores independentes, que estão no começo de suas carreiras. “Sua filmografia é impressionante. Huppert fez grandes escolhas em sua carreira, selecionando
filmes que mostram uma imagem diferente dela mesma. Ela não tem medo de correr riscos e demonstra uma tremenda energia em cada filme que faz”, enfatiza. Entre suas principais conquistas, a atriz foi selecionada por Claude Charbrol, uma das principais cineastas do “New Wave Era”, termo criado por um grupo de críticos para designar os principais cineastas do cinema francês entre os anos de 1950 e 1960. “Ela atuou em ‘herritage productions’, uma velha tradição da indústria francesa que remete a adaptação de romances para filmes.Isso é épico”, analisa Syvie. Yves Verbraken no Festival de Toronto 2016
| Olhar Cinematográfico |
Capitalismo e Terras Indígenas: uma Guerra sem Fim A Belas conversa com Vincent Carelli e Ernesto de Carvalho, diretores e produtores do documentário “Martírio”
Foto: Divulgação
Uma crítica social à maneira como as forças governamentais tratam o grupo de índios Guarani-Kaiowá, um dos maiores que ainda resistem em território brasileiro, Martírio é aquele tipo de documentário que faz o espectador refletir os rumos da humanidade. Com mais de duas horas de duração, a narrativa apresenta o resultado de um estudo de Vincent Carelli em uma constante luta por terras. Angustiante, o filme traz testemunhos de membros da comunidade indígena mato-grossense e retrata a intensa guerra que fazendeiros travam contra os índios por terras. Para contar essa história, Vincent e Ernesto tiveram que escolher um fio narrativo para essas tradições, lendas e tragédias tão amplas. Eles escolheram os casos e montaram o filme em capítulos, a co-diretora Tatiana de Almeida, entrou na pós-produção e aliou suas habilidades para costurar essa narrativa. Vincent é o criador do projeto “Vídeo nas Aldeias” e tem mais de quarenta anos de vivências com indígenas. Ernesto participa há dez anos do projeto. Ambos os diretores estavam familiarizados com a realidade dos índios. O que acontecia era a preocupação de construir um filme com uma comunicação ampla, pois como diz Ernesto, “ali tem humanidade.” Cartaz do filme
Índios Guarani-Kaiowá em Brasília. Foto: Vídeo nas Aldeias
Um dos maiores papéis dos diretores com o filme era a humanização, desconstruir esses personagens que muitas vezes pessoas olham ou com a visão do índio selvagem, agressivo e perigoso ou a visão passada nas escolas, do Dia do índio, uma construção didática e simplista. Para Ernesto, é preciso “deixar essa fantasia de lado, olhar os índios como pessoas normais, vivendo em 2017, num mundo contemporâneo.” Eles vivem do mesmo momento que nós, compartilham do mesmo presente, o que acontecem algumas vezes é o processo de “recusa do presente”, não aceitar essa população vivendo no mesmo momento que nós.
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Integrante da tribo Guarani-Kaiowá filmando outro índio se pintando. Foto: Vídeo nas Aldeias O filme mistura várias técnicas de documentário, começa com uma narração em primeira pessoa de Vincent, depois vai para um modo observativo e consegue dar um panorama amplo e geral sobre a problemática indígenas, desde a época da colonização, e aí que se justificam os mais de 120 minutos de duração. É uma obra essencial em que todos deveriam assistir, além de ser utilizada nas escolas como uma ferramenta formadora de estudantes e da sociedade. O Cinema Direto, tradição do documentário, está presente. “Câmera na mão e o corpo presente no momento”, como diz Ernesto. A experiência de aprender junto é o ensinar para os índios. O “Vídeo nas Aldeias” coloca a imagem a serviço da comunidade. No filme, são trabalhadas posturas humanas, para os índios Guarani-Kaiowá tem uma visão diferente da terra como terreno, para eles têm que se ter a partilha, solidariedade, perspectiva essa que contrasta em muito com a dos empresários e políticos que defendem o agronegócio. “A experiência política dos Guarani-Kaiowá vem de ideias religiosas, que a terra não pertence a ninguém.” No filme, são mostradas várias cenas
de sessões da câmara, além de um leilão de gados. No entanto, Vincent conta que nunca sofreram repressão nenhuma durante o processo de gravação ou exibição do filme, afinal, eles estão lá falando em alto tom sua opinião. Para realização da obra, os dois cineastas viajaram 7100 quilômetros em três semanas, quase sem dinheiro, com um ideal e um propósito ético. Como verba inicial, foi utilizado o financiamento coletivo. Bem encaminhado no Brasil, Martírio foi exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, um dos maiores festivais de cinema da América Latina. Os diretores estão realizando exibições nas aldeias, e agora esperam que o filme seja abraçado como ferramenta política pelos índios. Além disso, o longa atualmente circula por festivais, tendo grande repercussão no exterior. SESSÃO VITRINE PETROBRÁS Este filme faz parte do projeto “Sessão Vitrine Petrobrás”, uma parceria entre a distribuidora Vitrine Filmes e a Petrobrás. Os filmes ficam em cartaz durante duas semanas em um horário fixo. Os ingressos tem valor de R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia).
| Perfil |
Paris, 1953. Com mãe francesa e pai brasileiro (o artista Antonio Carelli), Vincent veio logo para São Paulo, com cinco anos de idade. Na capital paulista, ele estudou Ciências Sociais e aos poucos foi misturando a veia política com a artística. Com mais de quarenta anos de indigenismo, foi em 1987 que criou um projeto que marcou sua carreira: o “Vídeo nas Aldeias”. A iniciativa criada por Vincent busca colocar o vídeo a favor dos serviços políticos e culturais dos índios. Entre os destaques do projeto, tem a premiação de “A Arca dos Zo’é” no importante Festival Francês de Documentários “Cinéma du Reel” e a exibição dele e de outros títulos como “O Espírito da TV” e “Eu já fui seu Irmão” pelo Canal + e outras emissoras internacionais. Em 1999, Vincent recebe o Prêmio UNESCO na 6ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico pelo trabalho no “Vídeo nas Aldeias” e com ele o respeito à diversidade cultural e a busca por relações de paz entre etnias. Outros cineastas também trabalham com a experiência de filmar com indígenas e dar a eles a oportunidade de estar atrás das câmeras, como o brasileiro Jorge Bodanzky, que realizou entre vários filmes: “Iracema: uma transa amazônica” (1975) e “No meio do rio, entre as árvores” (2009), este último em que os próprios índios se filmam. Também Jorge Sanjines, boliviano com grande trabalho no movimento Nuevo Cine Latinoamericano, que entre suas maiores obras está “Yawar Mallku - o sangue do Condor” (1969). No filme, um grupo de estrangeiros chega em uma comunidade indígena com o pretexto de ajudar no desenvolvimento, mas para isso estão esterilizando as mulheres camponesas à força. O filme
Foto: Vídeo nas Aldeias
VINCENT CARELLI
teve grande repercussão e levou até o próprio país a tomar medidas contra esse grupo. Para Ernesto de Carvalho, co-diretor de “Martírio”, Vincent tem “dignidade humana, ele é pragmático quando se comunica cinematograficamente, é um grande batalhador, excelente gestor que administra o ‘Vídeo nas Aldeias’ com garra.” Duas coisas que mais marcaram Ernesto é a sagacidade e inteligência de Vincent, a habilidade de “estar junto”, compartilhar, explicar e o ritmo das ideias dele. Rita Carelli, filha de Vincent, diz que seu pai é para ela uma espécie de bússola moral. “Poucas vezes vi pessoas tão éticas comprometidas com uma causa quanto ele”. Rita, diz que para seu pai a ética está acima de tudo: ego, oportunidades pessoais, até da família. Para ela é inspirador ter alguém assim por perto. “Faz constantemente com que desejemos dar um sentido maior para nossas vidas e capacidade de trabalho.” Vincent tem medos, sonhos e alegrias. Um de seus maiores sonhos é ver o mundo com justiça para todos e seu maior medo, que essa onda de extremismos e injustiças aumente cada vez mais.
Foto: Vídeo nas Aldeias
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5 Filmes que marcaram Vincent Botão de Pérola (2015)
Os mestres Loucos (1955)
Blade Runner (1982)
Foto: Vídeo nas Aldeias
Foto: Vídeo nas Aldeias
A Imagem que Falta (2013)
2001 (1968)
| Por Dentro do B.A. |
Sala de Cinema do Belas. Foto: LuĂs Ottoni
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~ O NOITaO A Belas acompanhou o noitão de terror e conversou com um dos organizadores, Léo Mendes
Chuva, frio e feriado. Una a isso, muita pipoca, café e terror. Esse foi o clima do noitão do Caixa Belas Artes de abril. Com a pré-estreia do filme “A Autópsia”, do norueguês André Øvredal, e outros dois clássicos do gênero, a plateia, que lotou as nossas salas, gritou, escondeu-se e ganhou prêmios ao longo da madrugada. Maria Luiza Bitencourt tem 54 anos e veio acompanhar o filho, Luis Bitencourt, ao noitão.
| Por Dentro do B.A. | “Achei uma experiência incrível. É muito diferente de tudo que já fiz na minha vida. Ficar uma noite toda no cinema”, disse Maria, que ainda faturou um par de ingressos para voltar ao BA com o filho no mês que vem. Os sorteios dos noitões contam com kits dos filmes em exibição, como ecobags e squeezes. Para aquecer e manter acordados nossos maratonistas, as nossas bombonieres ficam abertas a noite toda com chocolate quente e café à disposição, além de pipoca, brownie e até quitutes salgados, como salgados integrais. “Eu adoro o Caixa Belas Artes e a estrutura do cinema. Já havia vindo aqui no noitão do Stephen King e foi bem legal. É tipo uma balada no cinema”, brinca Beatriz Moraes, 19, estudante de jornalismo na Fundação Cásper Líbero. Sua amiga Larissa Bonfim, 20, veio acompanhá-la. “É a minha primeira vez, mas com certeza vou voltar. Esse é o tipo de programa que tenho coragem de sair de baixo do cobertor e da frente do Netflix para ir”, enfatiza.
Para saber mais sobre o que irá passar no Noitão, basta ir ao caixa do Belas Artes e se informar sobre os temas. Além da atração estar no site do cinema e possuir evento no Facebook.
LÉO MENDES: O ORGANIZADOR NOITÃO NO BELAS Já conhecidos pela comunidade de cinéfilos, os nossos noitões acontecem uma vez por mês. Neles, são exibidos três filmes pelo preço de um. Além disso, a temática mensal é sempre diferente. O primeiro longa é sempre uma pré-estreia, o segundo normalmente é um filme clássico e o último é sempre surpresa. Ao anunciarmos o tema das sessões e abrirmos para a venda, nota-se que os ingressos vão se esgotando rapidamente. Isto indica que há um público fiel, pelo qual busca um diferencial, algo além de uma simples sessão de cinema em uma sexta-feira à noite. Algo que não se vê em sessões normais do Belas Artes, é a surpresa de poder ser sorteado entre os filmes. O que faz com que o público tenha uma diversão não só ao ver os filmes, como também nos intervalos. Isso faz com que haja uma interação das pessoas com o estabelecimento e até mesmo com o organizador do evento.
Organizador do noitão e assessor do Pandora filmes, Léo Mendes atua no projeto do Noitão desde seu início, na década de 80, até mesmo quando esse costume de abrir sessões de madrugada nem era no Belas Artes. Isso fez com que Mendes tivesse mais experiência com atrações do estilo do Noitão. Notando a importância deste evento para o BA, entrevistamos Léo para saber como é e o que rola nos bastidores de um noitão. Belas: Como surgiu o Noitão? Léo: Surgiu por volta da década de 80, no Cineclube Oscarito, na Praça Roosevelt, onde hoje funciona um teatro. A ideia foi inspirada em algumas sessões noturnas que aconteciam em Buenos Aires, onde os fundadores do Cineclube Oscarito viajavam com os projetos cineclubistas. Dentre eles, estava o Noitão, que não existia com esse nome e nem com esse formato. Eles então o adaptaram, nomeando-o de “Noitão”, que é
Foto: Divulgação
16 Belas: No meio tempo em que você não estava trabalhando com o Noitão, você fazia o que? Continuou no cinema ou saiu dessa área? Léo: Eu comecei a trabalhar com cinema em 89 e, justamente nessa época, eu abandonei o emprego em uma loja, onde trabalhei por dois anos. Depois do Oscarito, trabalhei com o André Sturm em um outro cineclube chamado Veneza, no Bixiga. Como eu só trabalhava na parte da tarde e da noite, decidi então pedir um emprego para ele na distribuidora Pandora Filmes na parte da manhã, como assessor de imprensa. Acabou que gostei mais de trabalhar na Pandora do que no cineclube e estou trabalhando na distribuidora há 26 anos.
uma sessão três filmes que começa por volta da meia-noite e se estende até o amanhecer. Um dos cineclubistas do Oscarito, era André Sturm, que hoje é o atual diretor do Caixa Belas Artes e que quis voltar com o projeto do Noitão. Como eu já havia trabalhado com essa atração, ele me encarregou de “ressuscitá-la”.
Belas: Como funcionam as seleções dos temas do Noitão? Léo: Nós não podemos escolher o tema de acordo com os nossos gostos, independente do que tenha disponível nas distribuidoras, porque fica inviável. Costumamos pegar carona em um assunto do filme, lançamentos ou diretor. Mas o que normalmente acontece, até mesmo para ser
Léo Mendes é organizador do noitão e assessor de imprensa da Pandora Filmes. Foto: Luís Ottoni mais atrativo e as pessoas ficarem durante toda a noite, são filmes populares. Belas: Você vê a formação do Noitão como uma espécie de cineclube? Léo: Existem muitas pessoas que vêm para o Belas Artes através do Noitão, porque os amigos con-
vidaram e tal. Também sei que muitas pessoas passaram a frequentar o cinema no geral, tendo o evento como porta de entrada. Entre os brindes que nós sorteamos sempre tem convites e cortesias, para a programação regular do cinema, o que acaba sendo um incentivo a mais
Foto: Divulgação
Belas: Como é administrar o Noitão nos bastidores? Léo: O Noitão tem aquela reunião para decidir o tema e lançamentos e isso faz com que a data seja decidida também em função da estreia que nós temos para incluir na programação, pois a data é livre. A programação do Noitão é uma coisa simples de se fazer, desde que se tenha decidido o filme. O padrão é o mesmo para todos. Só temos que ficar atento ao cálculo de tempo e horário para não se coincidir os intervalos das salas e todos ficarem no lounge ao mesmo tempo. Belas: O que é cinema pra você? Léo: É uma realidade inatingível para mim como espectador, mas, ao mesmo tempo, é um imã que me atraiu para sempre. Belas: Como você enxerga o futuro do Noitão? Léo: O Noitão é uma coisa que para mim nunca vai acabar, sempre vai existir temas, filmes e público. Belas: Você acha que as pessoas sentem necessidade de ir ao cinema de madrugada? Léo: Tem aqueles que são notívagos e que se não estão no Noitão, estão fazendo qualquer outra coisa de madrugada, vendo filmes em casa, tomando café ou saindo. E tem aqueles que vêm conhecer ou acompanhando alguém e que não são definitivamente pessoas da noite. Como Noitão é uma coisa muito democrática, ele agrega notívagos e não-notívagos. Tem gente que vem porque ama o Noitão, pelo fato de ser um acontecimento único.
5 Filmes que MArcaram Leo Pickpocket (1959)
Possessão (1981)
A Sede do Mal (1958)
O Ano Passado em Marienbad (1961)
2046 (2004)
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