Mídia cavalo de lata 04 04 2013 p 38

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Geral

ZERO HORA QUINTA-FEIRA, 4 DE ABRIL DE 2013

CONTRA MAUS-TRATOS Cavalo de Lata a serviço do bem Projeto de carrinho elétrico que substitui carroças na coleta seletiva de lixo nas ruas está em fase de testes em Santa Cruz do Sul Santa Cruz do Sul VANESSA KANNENBERG

Acabar com os maus-tratos a cavalos. Melhorar a qualidade de vida de catadores de lixo. Diminuir a interferência da coleta no trânsito da cidade. Um carrinho elétrico de engenharia simples, manutenção econômica e ideia sustentável é a proposta que vem sendo testada há quatro meses em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. Pretende-se amenizar três problemas com uma única solução.

Trote mais lento em Porto Alegre

Adeus, tração animal Protótipo, que deve estar finalizado em 30 dias, é recarregado na luz e mais seguro devido à sinalização:

Na Capital, uma lei prevê o início da redução gradativa de veículos com tração animal. A partir de outubro, passa a ser proibido circular usando carroças e carrinhos na Zona Sul.Após, aos poucos, outras regiões vão ser incluídas. Para que os catadores se ajustem a essa lei ou aprendam outras fontes de trabalho, a prefeitura criou o projeto Todos Somos Porto Alegre – Programa de Inclusão Produtiva na Reciclagem. A estimativa é de que 1,8 mil famílias sejam beneficiadas, sendo 1,2 mil famílias de carroceiros, carrinheiros e catadores, mais 600 famílias vinculadas a unidades de triagem, em um total de 5,4 mil pessoas.

C

vanessa.kannenberg@zerohora.com.br

ZEROHORA.COM

Diferenças Maustratos Trânsito

Cavalo

Carrinho

A baixa velocidade dos cavalos que puxam as carroças pode atrapalhar o trânsito de veículos. Além disso, o abandono dos animais também pode causar acidentes.

O carrinho também tem velocidade limitada (entre seis a 20km/h), mas é mais seguro devido à sinalização e não oferece risco de acidentes por causa de abandono.

Saúde pública

A utilização de cavalos traz a possibilidade de Como não usa o animal, não há fezes em vias aparecimento de zoonoses (doenças transmiti- públicas nem disseminação de doenças. das entre o homem e os animais) além das fezes que ficam pelas ruas.

Economia

O custo de aquisição de um cavalo é muito vari- O carrinho deve custar cerca de R$ 12 mil. Como ável, mas exige gastos com cuidados e alimenta- é recarregado na luz, exige apenas manutenção ção, estimados em, pelo menos, R$ 150 por mês. simples de um veículo motorizado.

Capacidade

Baixe um aplicativo leitor de código QR, aponte para a imagem ao lado e acesse, do seu celular, vídeo que mostra como funciona o carrinho.

É comum ver cavalos maltratados, sem ferradu- Como não se usa tração animal, não existem ras, desidratados, desnutridos e explorados, pu- maus-tratos. xando pesadas carroças.

É importante cuidar dos animais ✔ Há muitos animais no nosso planeta. Os de estimação, menores, como cachorro e gato, e outros como o boi e o elefante, maiores.

Uma carroça tem capacidade variável, pode va- O cavalo de lata suporta até 350kg de carga. riar de 150kg a 500kg.

Carro precisa de aprovação do Denatran Em Santa Cruz do Sul,não há um levantamento do número de carroças puxadas por cavalos e nem de quantos carrinhos de tração humana existem,já que a cooperativa não atende a todos os catadores. Assim que estiver pronto, o carrinho deve ser encaminhado para aprovação do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e,depois de homologado,deverá ser vistoriado pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) gaúcho. Como não há legislação para carrinhos assim no país, não se sabe o que o órgão vai definir,se será exigido emplacamento e carteira de habilitação. –Vou ajustar tudo o que pedirem para conseguir colocá-lo nas ruas a serviço dos catadores – explica o Modelo sustentável ainda está na fase de testes e de ajustes idealizador do Cavalo de Lata.

CACO KONZEN, ESPECIAL

hamado de Cavalo de Lata, o projeto nasceu da indignação de uma publicitária com os maus-tratos sofridos pelos animais ao puxarem carroças pesadas por longos trajetos. O invento está sendo executado por um engenheiro de produção que pesquisou em diversas cidades do mundo alternativas semelhantes e chegou à ideia do carrinho elétrico. – Cansei de ver e ouvir histórias de animais doentes e desnutridos carregando carroças pesadas e de alguns que têm até olhos furados para não se assustarem na rua, aí pedi que meu namorado e engenheiro criasse uma solução – explica a publicitária Ana Paula Knak,36 anos. A partir da provocação,Jason Duani Vargas, 33 anos, começou a rabiscar o projeto que ainda está sendo aperfeiçoado e em processo de patenteamento. – Visitei lugares como a China, onde tudo é elétrico, e vi modelos de carrinho de catadores na Alemanha, mas eram pequenos.Aí,surgiu o projeto com esse conceito sustentável. Fiz voltado para melhorar a vida dos catadores – explica Vargas. O protótipo deve ser finalizado em cerca de um mês.Os 50 trabalhadores vinculados à Cooperativa dos Catadores e Recicladores de Santa Cruz do Sul (Coomcat) vêm testando regularmente o carrinho em um local fechado e fazem sugestões de mudanças, que são discutidas com o engenheiro e colocadas em prática na metalúrgica onde o modelo fica guardado. Segundo o presidente da Coomcat, que também é catador, Fagner Jandrey, a ideia já foi aprovada por eles. Inclusive, há verba garantida por meio de programas federais para custear a confecção de cerca de 20 carrinhos. O número exato vai depender do valor que cada um vai custar,ainda a ser definido. – A coleta seletiva está em processo de ampliação e vamos dobrar o número de catadores.Por isso, vamos precisar de mais apoio público para conseguir um carrinho por catador – acrescenta Jandrey.

✔ Alguns, como os cavalos, podem ser usados para transportar o homem e até puxar carroças. ✔ Não é proibido que eles ajudem as pessoas, mas o trabalho pode fazer mal para os bichos. Isso acontece se ele for obrigado a carregar muito peso, andar por longos caminhos e ganhar pouca comida. ✔ Quando trabalham nas ruas, podem se assustar com o barulho dos carros e até sofrer acidentes. ✔ Pensando nisso, um engenheiro teve a ideia de trocar as carroças puxadas por cavalos por um carrinho elétrico, que apelidou de Cavalo de Lata.


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