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A GAZETA Vitória (ES), quarta-feira, 23 de março de 2011

Cachoeiro. Moradores alegam que água das chuvas atinge barrancos e põe casas do local em risco

Parte de prédio desaba e deixa duas famílias desalojadas no Sul ANA PAULA SANTOS

Grávida e duas crianças estavam em casa quando estrutura caiu; Defesa Civil mandou deixar imóvel

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ANA PAULA SANTOS

cachoeiro@redegazeta.com.br

CACHOEIRO

n n Duas famílias viveram momentos de aflição, na noite da última segunda-feira, em Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado. Parte de uma casa de dois pavimentos caiu, após um murodesabarsobreumadasparedes. Cinco pessoas estavam na parte de cima e duas na parte de baixo – entre elas uma mulher grávida de gêmeos e duas crianças – quando tudo aconteceu. Ninguém se feriu. Cláudia Regina Beltrão Macarte, 30 anos, morava no primeiro andar da casa, com o marido e o filho de 10 anos. No segundo andar vivia a família do mecânico Luciano Dallaclode, 32 anos – ele, a esposa, três filhos (de 18, 15 e 5 anos) e a sogra. A moradora do primeiro andar, que está no quinto mês de gravidez de gêmeas, assistia TV com o filho no quarto quando ouviuobarulho.“Acheiquetudo ia cair, que a gente ia morrer. Fiquei em choque, paralisada. Não tivereaçãonenhuma,atéqueum vizinho me tirou daqui”, disse. O marido de Cláudia estava

SUSTO. Após a queda do andar térreo, o segundo pavimento ficou praticamente suspenso

no trabalho quando tudo aconteceu, assim como o mecânico Luciano, que soube da notícia pela esposa. “Vim correndo para casa, desesperado. Passamos a noite em claro, na rua, vigiando para ver se a casa ia cair”. Após a queda, a casa de cima ficou praticamente suspensa no ar.Nadebaixo,doiscômodosforamdestruídos.Asduasfamílias foramorientadaspelaDefesaCivilasairdosimóveis,masnãosabem para onde ir. O órgão vai

avaliar a causa do desabamento. A Secretaria de Desenvolvimento Social informou que vai enviar uma equipe ao local para atender à família e avaliar a necessidade de abrigo. DRENAGEM

O prédio fica na Rua Justo Bicalho, sem calçamento, no bairro Abelardo Machado. O acesso ao local é difícil pela lama e valetas que se formam após as chuvas. Mesmo com pouca intensidade,

a água escorre para os barrancos em volta e, segundo moradores, põe em risco as casas. Eles alegamquejápediramàprefeituraa drenagem e pavimentação, sem sucesso.“Senadaforfeitomuitas famílias vão passar pela mesma situação”, disse a dona de casa Luciana Clemente, de 29. Aobradeveriatercomeçado em 2010, mas a Secretaria de Obrasinformou,emnota,queo serviço está sendo licitado, e deve começar ainda este ano.

Aqui era a minha casa. Se eu tiver que pagar aluguel, vou passar fome.” CLÁUDIA REGINA BELTRÃO MACARTE 30 ANOS, DONA DE CASA, GRÁVIDA, QUE MORAVA NA CASA CUJO TÉRREO DESABOU EM CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM ------------------------------------------------------------------------------

Lama deixa desvio intransitável em Guaçuí

FOTOS: ROBERTO MARTINS/DIVULGAÇÃO

Além do excesso de barro, há morros no acesso feito para veículos pequenos, no último sábado n n Transitar em Guaçuí, na região do Caparaó, continua complicado: o desvio para a passagem de carros pequenos ficou pronto no último sábado, mas já apresenta problemas. O acesso ao trecho, que liga Guaçuí a Alegre, é de aproximadamente 7km e foi feito numa área particular, na altura do Morro Antônio Martins e da Granja Santa Catarina, localidades de Guaçuí. A situação do desvio é alarmante. A estrada de chão está com lama, fazendo com que os carros deslizem pela pista, estreitaecommorrosíngremes.O problemapioraquandovemum motorista no sentido contrário. “Só transitam mesmo veículos com muita tração. Recomendo que os motoristas só passem em situação emergencial”, orienta Roberto Martins, tenente da Polícia Ambiental de Guaçuí. Quem precisa viajar de ônibus continua enfrentan-

BURACO. Chuva abriu cratera na ES 482, entre Guaçuí e Alegre

do a baldeação no meio do caminho, tendo que passar por uma ponte improvisada. Uma iluminação foi colocada no local. PROVIDÊNCIAS

Quanto ao desvio para carros pequenos na altura do Morro Antônio Martins, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) afirmou que está trabalhando para melhorá-lo. Sobre o ponto onde se abriu a cratera, na ES 482, o DER in-

forma que o trecho será pavimentadoequeseráconstruído um bueiro provisório. A previsão é que a obra fique pronta em 40 dias caso não chova. Além das estradas, a falta de água é outro transtorno em Guaçuí.Napartebaixa,oabastecimento é feito à noite. De acordo com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), uma ligação provisória foi feita, mas a parte alta está recebendo três caminhões-pipa. (Sara Moreira)

ESFORÇO. Para travessia, o jeito é se arriscar em ponte improvisada ------------------------------------------------------------------------------

Comércio registra queda de quase 50% nas vendas As vendas no comércio de Guaçuí caíram quase pela metade em função dos problemas com as chuvas. “O município é um dos principais pontos de comércio da região e recebe muitos visitantes”, afirma Clécio Lemos, presidente

da Associação Comercial e Industrial de Guaçuí (Acisg). Segundo ele, nas cerca de 1,3 mil empresas registradas, houve queda de 45% nas vendas. De acordo com Aldair Bittencourt, gerente de um supermercado da cidade, a perda de clientes chega a 60%. “O fornecimento das mercadorias está complicado, e algumas empresas não entregam mais os produtos”, destaca.

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Giro Capixaba

Dias abafados e chuvas rápidas até domingo n n Nos próximos dias, por mais que o sol apareça, é melhor levar um guarda-chuva. O tempo instável deve continuar até domingo, com dias abafados e chuva rápida, em todo o litoral e na Região Serrana do Espírito Santo. Até amanhã, deve chover em todo o Estado, informa o meteorologista Hugo Ramos, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Segundo ele, esse tipo de clima é típico do começo do outono. “Temos ventos úmidos vindo do mar, que causam nebulosidade. Como as temperaturas continuam altas, os dias ficam mais abafados e com chuvas rápidas”, explica. O volume da chuva não deve preocupar, diz Ramos. Essa instabilidade deve se manter no litoral do Estado até o fim do próximo mês, quando as massas de ar frio começam a chegar, trazendo baixas temperaturas e tempo seco. (Elaine Vieira)

São Mateus. Começou ontem, em São Mateus, a coleta seletiva de lixo, pelo bairro Aviação. Cerca de 70% dos moradores aderiram ao sistema que vai enviar o lixo seco para Associação de Catadores da Cáritas Diocesana.

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FUNDÃO

CACHOEIRO

GURIRI

Começa a demolição dos 14 quiosques de Praia Grande

Curso gratuito de informática

Famílias ocupam loteamento e área de preservação em São Mateus

Estão abertas as inscrições para cursos de informática básica oferecidos gratuitamente nos telecentros comunitários de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado. As matrículas são feitas nas próprias unidades, localizadas em 12 regiões do município, e o interessado deve apresentar um documento de identidade com foto. A previsão para o início das aulas é a próxima segunda-feira, dia 28. Os cursos têm carga horária de 40h, e a expectativa é que a rede de telecentros receba pelo menos 500 alunos por semestre.

Cerca de 200 famílias invadiram um loteamento no Bosque da Praia, em Guriri, São Mateus. A área tem mais de 1 milhão de m2 e 40 quadras. Durante todo o dia ontem, eles demarcaram vários terrenos, inclusive que fazem da Área de Preservação Permanente (APP), com estacas e arame farpado, e alegam que só querem um lugar para construírem suas casas. “Não aguentamos viver de aluguel e sabemos que é área de preservação, mas não vamos sair daqui enquanto não garantirem um lugar para que a

Atendendo a uma determinação do Ministério Público Federal, a Secretaria de Patrimônio da União(SPU) iniciou ontem a demolição dos 14 quiosques instalados em Praia Grande, Fundão. O presidente da associação de moradores local, Aldo dos Santos, afirmou que vai entrar na Justiça contra a medida. Ele destacou que tentou negociar com a SPU e a Prefeitura Municipal para que os quiosques, pelo menos os que estivessem com boa estrutura física, só fossem demolidos após a apresentação do projeto de urbanização anunciado pelos ad-

ministradores públicos. Segundo Santos, muitos quiosqueiros estão no local há mais de 20 anos e alguns até residem nas barracas. O secretário municipal de Turismo de Fundão, Nilson Santos, disse que o município está integrado ao Projeto Orla, do Governo Federal, que visa disciplinar o uso e a ocupação da orla marítima nacional. Segundo o secretário, o projeto de urbanização de Praia Grande está sendo desenvolvido em consonância com os interesses da comunidade local e será apresentado até o final do ano.

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DESEMPREGO

50 pessoas afetadas É o total de pessoas que podem ficar sem emprego com a demolição dos 14 quiosques de Praia Grande, no município de Fundão. Muitos quiosqueiros já estariam no local há mais de 20 anos e alguns até residem nas unidades. A associação de moradores disse que vai entrar na Justiça contra a medida.

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CYAN

MAGENTA

gente possa morar”, ressaltou Eduardo Panteleão, de 29 anos, que está desempregado. O secretário de Meio Ambiente de São Mateus, Antenor Malverdi, disse que vai até a área hoje, acompanhado de quatro fiscais, para garantir que as famílias tomem a distância de 300 metros da praia, que é a área de preservação ambiental. “Vamos levar a trena para medir e tentar conversar para retirá-los pacificamente. Se houver resistência, seremos obrigados a chamar a Polícia Ambiental”, salientou.

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