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14 CIDADES

A GAZETA SEXTA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2012

PELO ESTADO CARIACICA

QUASE 40°C

Bebê prematuro morre, e família denuncia falta de atendimento

Alegre registra recorde de calor no ano

Criança nasceu em casa; parentes afirmam que faltou socorro rápido para mãe e filho ANA PAULA SANTOS

cachoeiro@redegazeta.com.br

Após ter nascido em casa e esperado quase três horas para dar entrada num hospital – dois problemas causados pela demora no atendimento, segundo a família – , um recém-nascido prematuro morreu ontem em Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado. A mãe da criança, Creuzeni de Assis, 37, estava no 6º mês de gestação. Ela começou a sentir dores às 11h30, e a família ligou para o 190. “Disseram que acionariam a ambulância. E mandaram a gente ligar paraosbombeiros”,contou a conferente Joana de Assis, 26, irmã de Creuzeni. Segundo ela, o Corpo

“Estamos em choque. Pedimos uma ambulância, queríamos ajuda. Ninguém fez nada” —

JOANA DE ASSIS TIA DO BEBÊ

de Bombeiros informou que a família deveria aguardar a ambulância. “Continuamosligandopara o 190. E disseram que o socorro já estava vindo.” Nesse meio tempo, a família pediu ajuda no posto médico. Uma enfermeira foi à casa, e o bebê, João Emanuel,nasceu.Porvolta das 13h30, mãe e filho foram colocados na ambu-

lância e encaminhados à Santa Casa de Misericórdia. Segundo Joana, os dois foram avaliados por um médico, que orientou que fossem levados ao Hospital Evangélico. “Ele disse que lá seria melhor paraobebê,poistemaUtin (Unidade de Terapia Intensiva Neonatal).” Na porta do Evangélico, mais angústia. “Minha irmã esperou 40 minutos dentro da ambulância, debaixo do sol quente. Disseram que os médicos estavam em horário de almoço”, acrescenta. Segundo o relato da tia, depois de muita demora, um médico buscou a criança e a mãe. O bebê chegou a ser internado na Utin,masnãoresistiu.“Estamos tristes e revoltados. Minha irmã estava alegre até receber a notícia de que o filho morreu.”

Secretaria de Saúde e hospital negam demora A Secretaria de Saúde de Cachoeiro de Itapemirim informou, em nota, que o serviço de ambulância da prefeitura foi acionado pelo Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes) às 12h25, e a ambulância foi deslocada imediatamente à residência da família, onde chegou por volta das 12h45. Na chegada ao local, foi constatado que a mulher já havia dado à luz a criança. Mãe e recém-nascido foram levados até a Santa Casa de Misericórdia, onde o atendimento não pôde ser feito. Em seguida, foram encaminhados para o Hospital Evangélico, on-

de deram entrada no pronto-socorro às 13h20. A Santa Casa foi procurada, mas não informou por que mãe e criança não puderamseratendidasali, antes da transferência. O Hospital Evangélico afirmou que não houve esperanenhumaparaatendimentoeque,segundooboletim do Corpo de Bombeiros, mãe e criança saíram de casa depois de 13h07, quando ficou registrado o último contato da família com os bombeiros. Às 13h20, ambos deram entrada na unidade e foram imediatamente atendidos, segundo o hospital. O bebê teve o óbito registrado às 13h40, na Utin.

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O município de Alegre, localizado na Região do Caparaó, registrou a maior temperatura do Estado neste ano. Na quarta-feira, os alegrenses tiveram que suportar o calor de 39,2°C. Já em Baixo Guandu, no Noroeste, a temperatura chegou a 38,2°C. O calor intenso vai permanecer no Espírito Santo. A previsão para os próximos dias é de muito sol. Na Região Sul capixaba, o sol não dará trégua, segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Na Grande Vitória, os termômetros registrarão temperaturas na média de 35°C. Na cidade mineira de Aimorés, vizinha a Baixo Guandu, um termômetro de praça registrou, na última quarta-feira, marcou 42°C.

RIO BANANAL

Peixes MP vai apurar mortos fechamento de centro oncológico lotam rio Sem verba do governo, unidade suspendeu atividades ontem; 120 pessoas serão afetadas O Ministério Público do Estado (MPES) começou ontem uma investigação para evitar que mais de 120 pacientes sejam prejudicados com o fechamento da Unidade de Tratamento de Câncer de São Mateus, no Extremo Norte do Estado. O órgão não detalhou, no entanto, como se dará essa ação. Namanhãdeontem,dezenas de pacientes fizeram seus últimos exames, consultas e sessões de quimioterapia no centro de oncologia, que encerrou oficialmente suas atividades. A presidente da Associação Mateense de Combate ao Câncer (Amecc), Luzia Neves, afirmou que soube, por meio de A GAZETA, da declaração do

subsecretário de Saúde, Geraldo Queiroz. Ele afirmou, na quarta-feira, que o Estado vai arcar com as despesas da unidade, até dezembro deste ano. “Enquanto isso, vamos manter a decisão de fechar, pois não temos dinheiro no caixa”, diz. Segundo a Amecc, a paralisação afeta diretamente 120 pessoas, que terão que buscar hospitais em Linhares ou Grande Vitória. É o caso da aposentada Maria Alvim, 54 anos, que sofre câncer no intestino e há três anos recorre ao centro, uma vez por semana, para fazer quimioterapia. “Moro em Guriri e, sem a unidade, vou ter que acordar às 3h, no mínimo, para ir até Linhares. E há gente mais idosa e mais debilitada que eu que não vai conseguir fazer esse trajeto”, diz a aposentada. (Patrik Camporez)

Centenas de peixes morreram num trecho de cerca de 1km do Rio Bananal, município de Rio Bananal, no Norte. Segundo a moradora Vera Lúcia Soela, a margem do rio próxima à prefeitura, no Centro, foi tomada pelos animais. “Há peixes enormes boiando nas pedras. Disseram até que haviam jogado veneno no rio. O problema é que vi gente pegando esses animais mortos”, disse Vera Lúcia. O secretário de Agricultura da cidade, Tiago Fantin, informou que a causa da morte dos peixes pode estar relacionada a agrotóxicos e ao baixo nível da água, já que não tem chovido na região. “Abrimos represas para aumentar o volume do rio e melhorar a oxigenação da água.” Fantin acrescentou que pedirá análise da água e estuda a possibilidade de fazer um racionamento da irrigação por cinco dias.


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