Revista Varal do Brasil - ed 30 julho de 2014

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Varal do Brasil

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ISSN 1664-5243

Ano 5 - Julho de 2014—Edição no. 30 www.varaldobrasil.com

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Varal do Brasil

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ISSN 1664-5243

LITERÁRIO, SEM FRESCURAS Genebra, verão de 2014 Edição no. 30 - Julho de 2014

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EXPEDIENTE

BLOG DO VARAL

Revista Literária VARAL DO BRASIL NO. 30- Genebra - CH - ISSN 1664-5243 Copyright : Cada autor detém o direito sobre o seu texto. Os direitos da revista pertencem a Jacqueline Aisenman. O VARAL DO BRASIL é promovido, organizado e realizado por Jacqueline Aisenman Site do VARAL: www.varaldobrasil.com Blog do Varal: www.varaldobrasil.blogspot.com Textos: Vários Autores Ilustrações: Vários Autores Foto capa: © Patrizia Tilly - Fotolia Foto contracapa: © Jacqueline Aisenman Muitas imagens encontramos na internet sem ter o nome do autor citado. Se for uma foto ou um desenho seu, envie um e-mail aqui para a gente e teremos o maior prazer em divulgar o seu talento. Agradecemos sua compreensão.

Você pode contribuir com artigos, crônicas, contos, poemas, versos, enfim!, você pode escrever para nosso blog. Também pode enviar convites, divulgação de seus livros, pinturas, fotografias, desenhos, esculturas. Pode divulgar seus eventos, concursos e muito mais. No nosso blog, como em tudo no Varal, a cultura não tem frescuras! (www.varaldobrasil.blogspot.com ) Toda contribuição é feita e divulgada de forma gratuita e deve ser enviada para o e-mail varaldobrasil@gmail.com

Revisão parcial de cada autor

A revista VARAL DO BRASIL circula

Revisão geral VARAL DO BRASIL

no Brasil do Amazonas ao Rio Gran-

Composição e diagramação:

de do Sul...

Jacqueline Aisenman

Também leva seus autores através PARITICIPE DAS PRÓXIMAS EDIÇÕES: •

Até 25 de JULHO você pode enviar textos para nossa edição de setembro que trará o tema AMOR! As inscrições podem ser encerradas antes se um número ideal de participantes for atingido.

dos cinco continentes. Quer divulgação melhor? Venha fazer parte do VARAL DO BRASIL E-mail: varaldobrasil@gmail.com Site: www.varaldobrasil.com Blog do Varal: www.varaldobrasil.blogspot.com *Toda participação é gratuita

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Chegamos com mais uma edição de nossa revista! Dizer para vocês o imenso prazer que é ter tanta gente participando, é quase impossível, pois esta alegria vem desde o nosso primeiro número, quando mesmo com poucos participantes levávamos em frente o nosso desejo de divulgar, sem frescuras, todos os que amam escrever. Este ano participamos com sucesso do 28o Salão Internacional do Livro e da Imprensa de Genebra. Foi nossa terceira participação e conseguimos, entre autores participantes e visitantes, obter uma química inigualável! Mostramos que o objetivo principal de quem aprecia a literatura é divulgá-la, apresentá-la em sua melhor forma e dar ao público a oportunidade de conhecer autores que ele não conheceria de outra forma, já que a mídia não propaga a grande maioria dos novos autores.

Contando com uma diagramação arrojada e textos de qualidade, o livro Varal Antológico 4 foi sucesso junto ao público leitor! E é realizando atividades de qualidade, onde a literatura, sem frescuras, une o público com os autores, que o Varal do Brasil tem seguido o seu caminho pleno de êxito. Agradecemos aos autores que participam conosco de nossas atividades, assim como ao público que nos brinda com sua leitura, sua presença e seu carinho. Agradecemos aos que nos apoiam. E seguimos em frente. Já preparando o Salão do Livro de Genebra para 2015 e o livro Varal Antológico 5. Esperamos que você venha conosco! Até a próxima edição!

Mostramos também que a vida literária não é feita tão somente de prêmios e medalhas como muitos pensam: fomos bem além deste estereótipo! Lançamos durante o evento em Genebra o livro Varal Antológico 4, quarta antologia de nosso projeto. www.varaldobrasil.com

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ADINA WORKMAN

INÊS CARMELITA LOHN

ALCILENE MAGALHÃES

IRIS SAMPAIO

ALEX MONTEIRO

ISABEL C. S. VARGAS

ANA CRISTINA C. SIQUEIRA

ISABELA GOMES

ANA ROSENROT

IVANE LAURETE PEROTTI

ANAXIMANDRO AMORIM

JACQUELINE AISENMAN

ANTONIO CABRAL FILHO

JANIA SOUZA

BENILDA CALDEIRA ROCHA

JEREMIAS FRANCIS TORRES

BILÁ BERNARDES

JOSÉ ALBERTO DE SOUZA

CARMEN LUCIA HUSSEIN

JOSÉ CARLOS BRUNO

CAROLINE BAPTISTA AXELSSON

JOSÉ ROBERTO ABIB

CELESTE FARIAS DIAS

JULIA ANTUERPEN

CLEBER REGO

KLEBER NUNES

DANIEL DE CULLA

LEPOTA L. COSMO

DIAS CAMPOS

LUIZ CARLOS AMORIM

ELISA ALDERAN

LUIZ MANOEL F. MAIA

ELOISA MENEZES PEREIRA

MARCELO DE OLIVEIRA SOUZA

ESTHER ROGESSI

MARCOS ROGÉRIO DE OLIVEIRA

EVALDA DE A. SILVA COSTA

MARIA JOSÉ V. JUSTINIANO

EVELYN CIESZYNSKI

MARIA SOLER

FÁTIMA RIBEIRO SOARES

MARILU F. QUEIRÓZ

FELIPE CATTAAN

MARINA FERNANDA FARIAS

GERMANO MACHADO

MARIO REZENDE

GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA

MARLUCE ALBES F. PORTUGAELS

GUACIRA MACIEL

MIRIAN MENEZES DE OLIVEIRA

HAZEL SÃO FRANCISCO

NICE ARRUDA

HEBE C. BOA-VIAGEM A. COSTA

NILZA AMARAL SOUZA

HILDEBRANDO RIBEIRO

ODENIR FERRO

HUGO DALMON www.varaldobrasil.com

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ODIBAR J. LAMPEAO

OLIVEIRA CARUSO

PAULO JOSE PIRES

REGINA MERCIA S. SOARES

RENATA CARONE SBORGIA

RICARDO SANTOS DE ALMEIDA

RO FURKIM

RO MIERLING

ROGERIO ARAÚJO (ROFA)

RONIE VON ROSA MARTINS

ROSE ROCHA

ROSSANDRO LAURINDO

ROZELENE FURTADO DE LIMA

SELMA ANTUNES

SERGIO EDUARDO DEL CORSO

SILDECY L. ALVES MARTINS

SILVIO PARISE

SONIA NOGUEIRA

TANIA B. BAROS CAVADINI

TEODORO BALAVEN

TIAGO GONÇALVES

VIVIAN DE MORAES

VO FIA

WELBER ROCHA

YARA DARIN

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Guerra e Paz Por Adina Worcman Por que a Guerra? Quem quer a Guerra? Queremos Vida, queremos Paz! Pessoas boas, crianças, inocentes, Vidas se perdem, é tudo tão cruel, O mundo perde, nada se faz! Queremos Paz! Para que a Guerra? Não entendemos! Queremos Vida, queremos Paz! O sangue jorra, tinge a terra, Rompe famílias e nada trás! Só trás desgraça, destrói cabeças, Pessoas boas, Queremos Paz!

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Na TV tudo vira noticia A fama cresce e decresce família Governo ou companhia Mas só é rico, quem se vicia.

A TV... Por Alcilene Magalhães

Como pode um objeto Ser tão dono de poder Que faz tantas famílias Ficarem passivas, e até adormecer. A cada dia a TV se transforma Mas na vida nada muda Tudo fica da mesma forma.

Palavras voam no tempo Imagens valem mais que palavras Quem deixa o certo pelo incerto Ou é doido ou não é esperto.

A vaidade da TV É moeda de duas faces O dinheiro que compra pão Não é o mesmo que paga a gratidão Daquele sem razão.

Porque será que o individuo Não enxerga o que ele ver A imagem desfigura A historia de nosso ser.

A TV e mente vazia É oficina do Diabo Tenha cuidado: realidade ou ficção A TV compra sua atenção.

Na TV o homem faz o tempo O tempo faz a historia De comunidades sem vitória. Na TV se ver de tudo Que faz o homem sorrir e chorar Pois a vida é uma novela Retratada na TV pro homem recobrar. A TV afeta nossa razão Na doença ou na alegria ela nos dar informação, conhecimento e ilusão Fazendo o longe ficar perto Diante da televisão. Entre a transmissão do bem ou do mau ATV sobrevive de fatos O telespectador assiste, Mas nem sempre entende os fatos.

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Minha Vó Por Alex Monteiro

Minha avó... Te devo uma poesia... Mas confesso, cá pra nós... Tua grandeza me refuta a pequenez de minha palavra. Mas um dia desses, Talvez quando eu tiver o teu tamanho, vou chegar de Mansinho, e enquanto Te faço um cafuné, vou lançar ao vento uma palavra, Mais outra palavra, uma de cada vez, Tendo cuidado com cada uma delas. Mas não quero pressa sabe? Tem que ser uma a uma. Mas Primeiro as distantes, as esquecidas, Terão gosto de infância, saudade de quintal, Mesa posta, sombras de proteção. Te trarei depois as outras Mesmo sem sabor Tímidas, confusas, perdidas, saudosas Mas guardadas há tanto tempo Tendo presa de encontro Me deixe falar, esvaziar meu coração Tenha paciência como sempre teve Me faça sentir menino Teu menino de outrora Minha Avó.

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PERPLEXIDADE (inspirado em “A gralha e a tralha”, de Francisco A. Ribeiro) Por Ana Cristina Costa Siqueira

A despeito de uma gralha, codinome tralha, metida nuns confins na história contada por um poeta, herdei, por minha vez, a voz estridente, dita “de taquara”, como tudo o que range – dentes, porta, bambuzal, o roçar de galhos, varais improvisados que se esticam entre madeiras velhas. Entre dentes, falarei de amor e conjugarei o verbo; falarei de amor aos bichos e às plantas, a eles direi meus versos de uma forma que só eles entendam. Talvez, por isso, ainda teça, neste país imaginário, ao modo das tecelãs, o seu riso amado:

onde a lei do silêncio não alcance a gralha.

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toco que tem cabeça, é!

CABEÇA DE TOCO

Dizem que é... não é cabeça de boi,

Antonio Cabral Filho

que é maioria Naquelas curvas

e não dá nem pra somar;

que dão voltas no sertão

não é cabeça de burro,

há casos que o povo conta,

que há em profusão e ninguém dá conta de contar;

casos de poeira

não é cabeça de gente,

que sobe nos braços do vento

que de gente há multidão!

e faz a Virgem Maria Dizem os andarilhos do sertão

trazendo anunciação

que as cabeças que os tocos tem casos de assombração

é a cabeça do bicho,

que vai em nossa frente

é, a cabeça do bicho,

andando andando

cabeça do bicho, é é é é !!!

sem olhar para trás sem deixar rastros nem fazer movimentos casos de toco toco sim punhado de tocos que vivem na beira da estrada seguindo a nossa viagem e ficam ali parados olhando as gentes passar... e tem toco que vai segue os passos da gente e faz o pobre parar e pôr a mão na cabeça abestado que só vendo e perguntar ao sertão "mas eu num já vi esse toco (?!) passei por ele agorinha..." mas tem toco que exagera e tira tudo do sério: É toco que tem cabeça, www.varaldobrasil.com

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“O SÁBIO, O DISCÍPULO E O PRESIDENTE SARTORI” Por Benilda Caldeira Rocha Digo-vos como disse um Diretor de Santana. Recordo sempre com muito carinho: Inda que não vejamos.. ”Há sempre um Olho que tudo Vê e conhece bem, nossas intenções”. Ah! Como era calmo o Dr. Luís! Esse era seu nome. Foi Numa tarde de grandes intempéries mentais. Sabe Excelência, creio que compete A cada um fazer bem o que deve ser feito. Com Responsabilidade e esforço, o Trabalho ficará mais suave. Temos certeza, foi O melhor que podias fazer e o nosso coração o sabe. Receba este Acróstico que vai com carinho. SOIS INCRÍVEL! O mais Humano Presidente que o Tribunal já teve!

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Germinação Por Bilá Bernardes

“Uma rosa não é só uma rosa” Uma rosa é um botão que se abriu semente que germinou planta que cresceu recebeu alimento, luz e calor são espinhos que a defenderam mãos, cuidados, carinho, suor “Uma rosa não é só uma rosa” Uma rosa é a vida que teve chance de se mostrar flor

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A beleza

Por Carmen Lucia Hussein

Rezo quando contemplo a beleza Vejo Deus na beleza Da música Da poesia Da verdade na ciência Das boas atitudes Do amor No sorriso de uma criança E no canto do sabiá nas árvores A beleza está além das palavras Que se transformam em poesia E em música A vida toda não seria uma busca da beleza No meio do caos sem sentido?

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CULTíssimo Por @n[ Ros_nrot

Para você o que significa a liberdade? É dizer o que pensa? É poder ir e vir? Ou é apenas um estado de espírito, independente do corpo físico? Liberdade é ilusão ou redenção? Um escritor ousou responder a essas perguntas (ou não) e um roteirista e produtor levou para as telas toda a grandeza desta ideia; falo de Stephen King (o mestre do terror) que escreveu o conto Rita Hayworth e a Redenção de Shawshank (Rita Hayworth and the Shawshank Redemption, 1982), um dos belos trabalhos incluídos no livro Quatro Estações (Different Seasons, 1982) homenageando a primavera e Frank Darabond, conhecidíssimo por produzir a série televisiva The Walking Dead, que adaptou o conto e produziu um filme que em 2007 foi colocado na 72ª posição dos “Maiores Filmes de Todos os Tempos” pelo American Film Institute; foi considerado em 2008 o melhor filme de todos os tempos, no site IMDb.com; o 4º melhor filme já feito, pela revista Empire (em setembro de 2008) e o maior injustiçado do Oscar por ter recebido 7 indicações e não ganhar em nenhuma; mas você sabe que filme é esse? Um sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption) estrelado por Tim Robbins e Morgan Freeman, mostra que podemos ser livres mesmo encarcerados em uma prisão (metáfora comum para as várias prisões existentes em nosso cotidiano), nos faz pensar sobre o valor de uma amizade, sobre os sonhos que sempre existirão dentro de nós, ensina que nunca devemos parar de lutar e de buscar justiça (mesmo que pareça impossível) e que cada segundo é importante, portanto devemos viver plenamente, com liberdade e responsabilidade. Esse lindo filme teve uma das piores bilheterias da história do cinema, arrecadou somente 28 milhões de dólares e ainda enfrentou problemas com a American Human Association (associação que monitora o uso de animais em filmes) que vigiou as cenas envolvendo um cor-

vo que era o bicho de estimação de um dos detentos. Durante a cena em que ele o alimenta com uma minhoca, a AHA objetou que havia crueldade com a minhoca (????) e requisitaram que usassem uma minhoca que tivesse morrido por causas naturais (do coração, por exemplo). Uma foi finalmente encontrada, e a cena foi filmada; mas em 1995 aconteceu a grande virada: o filme foi o mais alugado da história e tornou-se Cult devido à apreciação do público que dura até hoje em suas várias reprises na T.V., tonando-se um grande clássico visto por milhões. Se você ainda não viu está perdendo a oportunidade de assistir um filme humano que fala de coragem, boa vontade, obstinação, persistência, esperança, enfim, que tem algo a dizer a cada um de nós; então não perca mais tempo e veja essa obra prima do cinema Cult. Até a próxima e muito obrigada pelo carinho!!

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Um Sonho de Liberdade (Shawshank Redemption, The, 1994) • Direção: Frank Darabont •Roteiro: Stephen King (conto), Frank Darabont (roteiro) • Gênero: Drama • Origem: Estados Unidos • Duração: 142 minutos Sinopse: Em 1946, Andy Dufresne (Tim Robbins), um jovem e bem sucedido banqueiro, tem a sua vida radicalmente modificada ao ser condenado por um crime que ele não tem certeza se cometeu, o homicídio de sua esposa e do amante dela. Ele é mandado para uma prisão que é o pesadelo de qualquer detento, a Penitenciária Estadual de Shawshank, no Maine. Lá ele irá cumprir a pena de duas prisões perpétuas. Andy logo será apresentado a Warden Norton (Bob Gunton), o corrupto e cruel agente penitenciário, que usa a Bíblia como arma de controle e ao Capitão Byron Hadley (Clancy Brown) que trata os internos como animais. Andy faz amizade com Ellis Boyd Redding (Morgan Freeman), um prisioneiro que cumpre pena há 20 anos e controla o mercado negro da instituição. O corpo de Andy está preso, mas ele lutará para que sua alma permaneça livre.

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ESTOCOLMO Por Caroline Baptista Axelsson Arquipélago divino às margens do Mar Báltico Beleza gelada com calor de primavera, à espera Hoje espera o verão, amanhã o inverno Entre uma estação e outra está o dia-a-dia em bosques de magia Mergulho profundo Caminhos perdidos Existe algum lugar no mundo repleto de sonhos que o tempo não mata? Se eu pudesse morderia o presente deixando morangos na boca Anemona neumorosa Abraço de urso polar Resplendor de barcos à vela apontando ao céu azul ou borrado Amo você, cidade linda Relâmpago de Thor que acende a faísca de mortos Revolta de lua em eclipse nua Tentáculo molhado e terra de pedra Agonia de morte com fôlego de vida Pincelada de prata Beijo que sufoca Suspiro de Escandinávia

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Transpiração poética Por Celeste Faria Dias Me envolvi com as letras, Lancei belas palavras Ao vento Apaguei de minh’alma Todo tormento E transpirei poesia!

Mas vale transpirar um poema, a respirar um ódio!

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ASSIM ME FALOU ZARATUSTRA. “Exorto-vos, meus irmãos, a permanecer fiéis à terra e a não acreditar em quem vos fala de esperanças supraterrestres”. (Friedrich Nietzsche)

Por Cleber Rego Loucos são os homens que não se rendem a uns goles de cerveja ao sol do meio-dia de qualquer segunda-feira. Que amam apenas uma mulher, que depositam nos clubes de futebol a esperança das suas grandes vitórias, que creem na esquerda, que usam gravata, que seguem a bíblia ou as universidades. Loucos são os homens que não amam a vida e vivendo o amanhã, morrem todos os dias.

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LA VENATRIZ Por Daniel de Cullá Sucede en Francia. La Venatriz velluda acababa de salir preñada del Condado Venasino o simplemente “El Condado”, residencia de los papas antes de la revolución francesa, profiriendo expresiones y lanzando exclamaciones de cólera y enojo, pues no recordaba por cual de los papas había sido follada. Ella, que había sido invitada, sin adivinarlo, para escardar cebollinos, andaba, ahora, como huyendo de algo, recordando cuando la levantaron el culo por la espalda y la jodieron. Recuerda, también, que había sito atada con un vencejo, lazo o ligadura como los que se atan los haces de las mieses, sobre una felpa o terciopelo de algodón de pelo muy corto, sin recordar si fue sobre una cama o sobre el suelo. Un venático papa, maniático del culo, extravagante, llamado Carpentras, le puso una venda en los ojos, dominándola, subyugándola, refrenándola, Se montó en ella, la superó de lado, de costado, ladeando, torciendo o inclinando su columna, saliéndose con la suya al tercer ensayo o segunda repetición del coito. Aunque odiaba a muerte a quien le estaba haciendo esto, un algo casi divino influyó en su ánimo, de modo que se dejó engañar con un pirulí de la Habana, como los niños se dejan engañar por el Sacamantecas o aquel Chorrasebo del cuento a las puertas de un Colegio. Carpentras alardeaba de valimiento o privanza como un poderoso en vendeja, comiendo pasas e higos. Alegre, con la alegría de los hijoputas, decía: .-A mejor cazador, mejor conejo. Cuando de cazador nada, pues había puesto cebo a la Venatriz para traerla a su caza. Ella, que era pariente lejana de la princesa de Lamballe, que fue amiga muy íntima de María Antonieta, quien después pasó a querer locamente a la Duquesa de Polignac, se limpiaba las lágrimas con el orillo de un paño, y, arrebatada su honra, estando vendida como estaba, prometió hacerse jacobina, y luchar por llegar a cortarle la cabeza a su violador y a los demás papas, Se dejaría ver con Robespierre y, con él, viendo las cabezas caer en el vendimiario, primer mes del calendario de los revolucionarios franceses, gritar: -Después de vendimias, cuévanos.

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- Pois é, meu amigo, até elas vêm sendo tachadas de herméticas e impessoais.

O DESAFIO

- Ah, não, isso já foi longe demais! - E o que podemos fazer se quem lança as plumas ao vento protege-se com o anonima-

Por Dias Campos

to? - Sabe, Gonçalves, nesse final de sema-

Bueno de Andrade, prata da casa de um

na, quando balançava na varanda...

dos periódicos mais influentes da capital cea-

- Na famosa varanda?

rense, há algum tempo sentia queimarem-lhes

- Pois é, alguns têm ideias no chuveiro;

as orelhas com os disse me disse que corriam outros, como eu, na varanda. à solta pelos corredores da empresa. Escapa- Continua, então. vam, aqui, que seus textos estagnavam-se na - Como dizia, entre um e outro vaivéns, mesmice; corriam, ali, que seus artigos desembocavam no previsível; e insinuavam, acolá, assopraram-me uma maneira bem divertida de pôr fim a essas chocalhices. É verdade que é que sua coluna já carecia de admiradores. Não que isso lhe fosse completamente estranho à carreira... nos anos que se foram,

um pouco arriscada, mas nunca tive medo de ousadias; você sabe disso muito bem.

mais de um redator chegou a irritá-lo com mui-

- De fato. Mas, continuo sem entender.

tas e férteis acridezes, fosse no jornal em que

- É simples: quem não tem competência

trabalhava, fosse no atrevido concorrente. De não se estabelece, certo? outra parte, esses fatos também não lhe soa- Dá pra melhorar? vam tão perigosos a ponto de antever, em pe- Claro. Ora, as plumas lançadas ao vento sadelos, a demissão chegando pelo correio ou um lépido e promissor recém-formado sentado pelo mexeriqueiro... em sua cadeira. Só que, desta vez, o aroma desses mexericos, odorosos de perfídia, e a ligeireza com que se difundiam, tão limosos quanto a peste, conseguiram arranhar o peito do velho Andrade de tal modo, que até o cigarro ele pensou em ressuscitar.

- Ou mexeriqueira. - É, pode ser. Seja como for, não foi você que disse que as infâmias que esse ser fica espalhando têm por fim mostrar que estou ultrapassado? Ou, como ele adoraria dizer, que a minha pena está mais seca que as arvoretas

- Já soube da última?

da caatinga?

- Diga lá...

- Sim, disse. Mas, e daí?

- Ouvi, no cantinho do café, que até suas crônicas beiram ao tédio. (Segue)

- Como assim? www.varaldobrasil.com

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- Mesmo assim, não voltarei atrás. O que

- Pois bem, a maneira que vislumbrei de fazer calar essa criatura é, justamente, mostrar acha? a ela quem é o competente aqui. E, para isso,

- Acho que quem teve a insensatez de

nada melhor que forçá-la a vir à tona; ou, em cutucar a onça, deveria ter usado uma vara outras palavras, constrangê-la a mostrar o seu bem mais longa. – E ambos riram. trabalho. Assim, mesmo que não descubra - A propósito, já que gostou da minha

quem é o invejoso, ele fatalmente se calará di-

ideia, deixo a você o privilégio de escolher o

ante da sua própria mediocridade.

tema. - Sem querer parecer pleonástico, de du- Não está desconfiando de mim, está?

as, uma: ou o seu raciocínio está muito além da

- Fica tranquilo, Gonçalves, isso jamais

minha capacidade, ou a minha capacidade está

muito aquém do seu raciocínio. Não entendi me passou pelas ventas. Apenas que, como sempre lhe tive em grande estima, gostaria que patavina! - É simples: vou lançar um desafio.

fosse você o escolhedor do mote fatal. - Tudo bem, tudo bem... Que tal...? O

- Um desafio?

aquecimento global e o desmatamento; mais do - Sim. Uma espécie de concurso literário que nunca esse é o tema do momento. interno, em que todos terão a oportunidade de - Perfeito! mostrarem-se por seus textos, incluindo, por - E qual será o veículo desta contenda? óbvio, o mentor desses ataques. - Ora, já que a última desfaçatez teve por

- Entendi! Uma vez tendo mostrado sua

“competência”, e uma vez tendo sido derrotado, objeto as minhas crônicas, que seja a crônica, só restará a esse crápula calar-se para sempre. então! A euforia a que o experiente jornalista se

- Elementar, meu caro Gonçalves. - E se alguém se recusar a participar, já terá contra si, pelo menos, o peso da desconfi-

entregava, sobretudo depois que o desafio foi lançado, assemelhava-se ao êxtase que arrebata um duelista pela certeza de sua perícia.

ança.

Tanto que ninguém lhe via diminuir o sorriso, - É óbvio. Portanto, acho difícil que al- apertar os lábios ou suar em demasia. Pelo guém se esquive. contrário, a confiança em si mesmo, comentavam nos corredores, exalava-se à farta, e a ca-

- Mas...?

da adesão ao certame, mais entusiasmado fica-

- Mas, o quê?

va. - Não que eu esteja duvidando da sua capacidade. Mas, e se você perder? - É por isso que disse que havia um cer-

(Segue)

to risco. - Entendo. www.varaldobrasil.com

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O mais interessante, porém, não foi a

- Pois bem, meu caro Bueno – comenta-

unânime adesão à contenda, fato que se com- va consigo mesmo, e diante do computador –, provou com o término do período de inscrições trata de caprichar, pois só o inusitado é que tee com o qual o decano já contara, mas, sim, a rá condições de vencer este concurso. mitigação na verve dos boatos, o que só fez corroborar o acerto de sua atitude.

Houve, sim, entre as dezenas de inscritos, primorosos textos jornalísticos. A forma e o

- É, Gonçalves, parece que o fulano não tema sugeridos nunca foram tão bem trabalhasó entendeu o recado como também está se dos! Era como se os concorrentes, dando do seu melhor, quisessem demonstrar solidarieda-

borrando de medo.

de para com aquele que fora abjetamente injus-

- Disso não tenho dúvida. E...?

tiçado. Um, no entanto, sobressaiu-se a olhos - Fala, meu fiel escudeiro.

vistos. A criatividade e a originalidade desta

- E como anda a sua crônica? Lembre-se crônica venceram, e não só sedimentaram as de que o prazo de recebimento acaba daqui a plumas que um dia ousaram pairar, como tamduas semanas.

bém resplandeceram o Argentum que sempre

- Ela vai muito bem, obrigado. E não me se fez brunir naquela casa: olhe com esta cara de cachorro pidão, pois vo-

O Anátema.

cê só a conhecerá no momento em que publicarem os textos vencedores. Pode-se afirmar que a audiência ocorrida - Puxa, sempre soube de sua autoconfiança; mas desta vez você se superou!

ontem em Haia, e que foi presidida por Deméter à frente da Comissão de Aquecimento Global e

- Meu amigo, ou creio em minha capaci- Desmatamento, conquistou o seu lugar na hisdade, ou naufrago por antecipação. Aguarda tória! A divindade que um dia decidira não retormais um pouco e garanto que se impressionará nar ao Olimpo enquanto sua filha não lhe fosse com a peculiaridade do meu texto.

devolvida – fora raptada por Hades –, e que,

- Como assim? Como uma crônica pode por força de sua ausência, tornara estéril toda a Terra, soube deixar claro aos dignitários conviser peculiar? dados a dar explicações que não mais admitiria

- Espera e verá.

evasivas. Sem nenhuma dúvida, a filha de Cro-

Ao voltar para sua residência, Bueno de nos estava determinada a obter medidas conAndrade preferiu uma refeição frugal ao pesado cretas à boa recondução do planeta. O motivo, e formal jantar que sua esposa preparara. Não publicaram-no para quem quisesse ler: de acorque ela tenha ficado muito contente com a súbi- do com a FAO, órgão da Organização das Nata mudança no cardápio... mas, como sempre ções Unidas para a agricultura, o Brasil é o maiestivera a par daqueles dissabores, nada faria or desmatador do planeta! Aliás, e segundo esque pudesse sequer arranhar a harmonia de se mesmo estudo, a América do Sul lidera o que seu marido tanto precisava, a fim de que sua criação fosse a melhor possível.

(Segue)

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desflorestamento no mundo, com cortes anuais Pegada Hídrica, o que permitirá o fornecimento de 4 milhões de hectares/ano, sendo seguida de padrões globais para o cálculo do consumo pelo continente africano, com 3,4 milhões. de água e para a formulação de políticas para a Ora, como o assunto é de vital e global imporsua conversão; e que o Instituto Florestal acaba tância, houveram por bem indicar como delegade divulgar o novo inventário da vegetação natidos os verdadeiros defensores das matas, das va em São Paulo, estimando-se que tenha haflorestas e dos animais silvestres, o índio Curuvido uma recomposição vegetal de 95 mil hecpira e o sui generis Boitatá. Assim, os folclóritares nos últimos sete anos, o que permitirá, cos representantes passaram a ouvir todo um daqui a 50 anos, a retirada de 28 milhões de elenco de fatos, de números, de porcentagens toneladas de dióxido de carbono da atmosfera. e de projeções desesperadores. Foram-lhes É verdade que, confrontada com esses relembrados, por exemplo, os malefícios que o fatos positivos, com esses programas esperandesflorestamento acarreta: a nocividade sobre çosos, a deusa da terra cultivada, das colheitas o solo virgem, sobre a perda da biodiversidade, e das estações bambeou em sua potestade. No sobre o regime de chuvas e sobre a temperatuentanto, como o divinal orgulho sentiu-se arrara local. Com relação a este último tema, tivenhado, e como Demetra descera ao mundo dos ram que enfrentar um relatório sobre o aquecimortais decidida a transformar a sessão que mento do planeta, elaborado pelo Banco Munpresidiria em um verdadeiro divisor de águas, dial e apresentado em Lima. Por meio desse Curupira e Boitatá tiveram que engolir a última documento souberam que poderá ocorrer a expalavra, quedando-se silentes ante a apocalíptitinção da floresta amazônica em 2020, e sua ca promessa: - Cumpram à risca o que me ofetransformação em grandes extensões de savareceram. Caso contrário, tornarei a bradar o na; uma carência de água que afetará 77 mianátema que fiz pesar sobre toda a Terra, lhões de pessoas na América Latina, pois os quando o deus dos infernos levou minha filha. – Andes serão afetados; o desaparecimento dos “Ingrato solo, que tornei fértil e cobri de ervas e recifes do Caribe, minando-se a proteção natugrãos nutritivos, não mais gozará de meus faral que eles opõem às tormentas marítimas; e vores!” estragos no Golfo do México, tornando-o mais vulnerável aos furacões, que serão mais fortes e frequentes. Dada a palavra aos ilustres enviados, a mãe de Perséfone ouviu-lhes os seguintes anúncios: que a Europa terá energia limpa até 2050, sendo alimentada por usinas hidrelétricas na Escandinávia e nos Alpes, por painéis solares instalados no norte da África e por centrais eólicas na Espanha e no Mar do Norte; que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente tornou-se o 100º membro da Rede de www.varaldobrasil.com

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PALAVRA CRÔNICA Anaximandro Amorim

O RECALQUE TÁ NA MODA "O meu sensor de Periguete explodiu/ Pega sua inveja e vai pra..." "Beijinho no ombro", Valesca Popozuda

Popozudas e popozudos do meu Brasil: o recalque tá na moda! E só com muito beijinho no ombro pra ele passar bem longe! É aquela história: em lago que tem Facebook, recalcado nada de costas... e se defende com um post! Quem nunca sentiu uma invejinha sequer, que cante o primeiro funk. De todos os Sete Pecados Capitais, ela é, certamente, o mais atual e, parece que com o Facebook, a coisa ganhou uma poderosa força motriz. Saiu, aliás, na revista Veja: antes de aproximar amigos, familiares, a rede, nesse contemporâneo louco, serve, também, pra um propósito só: causar inveja. Afinal, quem nunca postou aquela foto da viagem dos sonhos, do vestido chique ou da última conquista material, só pra deixar o coleguinha, no mínimo, babando? Ok, você me afirma que não. Mas, veja bem: ninguém coloca foto suado, descabelado, remelento ou chorando numa rede social. Coloca? O tema, aliás, é tão espinhoso que já o abordei, uma vez, numa crônica sobre Alexsander de Almeida, o “rei do Camarote”. Houve até quem se ofendesse! Inveja do moço? Coisa de recalcado? Não sei. Só sei que, contra tanta polêmica, só com muito “beijinho no ombro” pra escapar ileso às pedradas. Aliás, fico pensando se gente como Shakespeare, Machado, Guimarães Rosa, Alexandre Dumas, Zuenir Ventura ou Dante também não tomaram algumas. Não, leitor, não estou me comparando com eles. Mas, obras como, respectivamente, "Otelo", "Esaú e Jacó", "O recado do morro", "O Conde de Monte Cristo", "O Mal Secreto" e até "A Divina Comédia" já trataram do tema, tão humano, demasiadamente humano que ele é. E o fizeram tão bem que dá até inveja... Mas é na música que eu noto como o tema tá na moda! Principalmente na popular brasileira. Mas na bem popular, mesmo. É cantora pedindo pra você

se preparar, senão vai ficar babando... é cantor dizendo que pega mesmo, só pra botar os caras com inveja... e, é claro, aquela famosa canção, que manda o recalque passar longe! Essa, aliás, da polêmica Valesca Popozuda, alçada ao patamar de pensadora do momento e chancelada numa questão de prova, em Brasília. Discussões à parte, pra mim, a Valesca é, antes de mais nada, como artista que é (gostando ou não do estilo dela), um arauto do que está acontecendo à nossa volta. E, não só ela, como todas as músicas que tocam na rádio, de Valescas, Anittas e outros cantores, mostram o nosso lado podre, desunido, tocando naquela ferida: somos, de maneira geral, um povo invejoso, recalcado. Tanto que Tom Jobim (este, sim, um invejável artista e um dos ícones da MPB) disse: "No Brasil, sucesso é ofensa pessoal".

Dizem, aliás, que a arte é um espelho de uma época, de uma sociedade. Brincadeiras à parte, se o recalque tá na moda, então, os psicanalistas agradecem. Parece que a maior quantidade de lixo encontrado nas águas do rio Tâmisa, em Londres, é caixa de tarja preta. Divã de analista tá tão cheio que tem gente dispensando cliente. Oras, será que ninguém reparou o quanto estamos adoecendo? Esse contemporâneo, ao mesmo tempo que nos desconectou de algumas amarras, se tornou um "cada um por si" tão grande que, sem perceber, colocamos as respostas (Segue)

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às nossas agruras no consumo. E aí, tem gente se matando pra conseguir satisfazer o seu. De tal modo que a grama do nosso jardim tem de ser sempre a mais verde. O problema é que isso nem sempre acontece e, quando os argumentos acabam, não raro, eu ouço um "você está com inveja!", quando, muitas vezes, a coisa se dá ao contrário. E aí, só com muito “beijinho no ombro”, mesmo. Para quem não sabe, “beijinho no ombro” significa “não tô nem aí”, na linguagem dos funkeiros. Como eu sei disso? Eu tenho alunos... tá bom, vai! Eu sei que essa desculpa não cola mais. Confesso: eu também já ouvi a Popozuda (quem não?)! “Grande Pensadora”? Não sei. Só sei que ela é o produto de uma época, de uma cultura que preza muito mais a imagem, o ter, e outros valores que fazem com que o recalque esteja, sim, muito em moda. E, como diria a mais nova “filósofa” de plantão, “beijinho no ombro”. Pro recalque passar longe. Bem longe.

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UMA NOITE DE CHUVA Por Elisa Alderani Aquela noite, saindo da escola, nos surpreendeu a chuva. Não tem problema, ele disse, Eu tenho o guarda-chuva... A chuva engrossava. Pegue no meu braço, ele me disse... Senti a pele arrepiar, o coração bater. Mais forte mais forte. E ele disse... Eu a acompanho até a estação! E assim foi a primeira noite. Depois vieram outras noites... E caminhamos de braço dado por muito tempo!

Imagem by Dragon88

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Canto do silêncio Por Eloisa Menezes Pereira

Na multidão vozes sussurram As lembranças do recente passado Imagens atravessam os encontros Deleitando –se

na saudade

Silenciosas, cantam à História A sobrevivência da memória Pensamentos

desajeitados lastimam

O silêncio dos olhares

O tempo persistente Cantando suas perdas recordações Mudo, transforma as emoções Nos espaços da vida, insiste

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ROSEIRAL DE FOLHAS Aos 125 anos de Cora Coralina

Por Emérita Andrade Nas dispersas páginas Seguirei cantando Contos de segredos Segredos – vinténs... Que creiam que os contos São meus e só meus Nas horas dos sonos Refletindo luzes Cromáticos – vinténs. Os cantos das vozes Sinceras vaidades Os pássaros reclamam Jamais por vintém Tinteiros sem tintas Reflexo de luzes Grafados a pincel Meu livro sem preço Legado a vintém. Caminheira da vida Pintando brancuras Sonhando acordada Sem qualquer vintém Flores de papel Colhidas da aurora Nas sombras da tarde Das noites sem lua Bordando vintém.

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QUEM É DANIEL DAY-LEWIS

permitisse colocar à mostra a sua versatilidade, e potencial interpretativo - um desafio, antes de tudo, para si. Enfim, aconteceu!

Por Esther Rogessi

A sua chance de ouro surgiu com a proposta de atuação, no filme "Minha Adorável Lavandaria " que, viria impactar, a indústria cinematográfica americana. O filme em questão relata a paixão entre um inglês e um árabe – administradores de uma lavandaria. Por este, e outro filme lançado simultaneamente, de título: Uma janela para o amor, onde Daniel atua um personagem distinto, face ao primeiro, Day-Lewis recebeu o prêmio da Associação de Críticos de New York, de o melhor ator secundário do ano.

Esteticamente falando, pode-se afirmar que Daniel Lewis é um dos homens mais belos do planeta – a revista inglesa Empire o elegeu um dos cinquenta homens mais bonitos do mundo no ano de 1990 – quanto as suas origens sabe -se ter nascido em Londres, filho de família influente; sua mãe - filha de judeus e atriz conceituada, de nome Jill Balcon; seu pai um poeta laureado britânico, de nome Cecil Day-Lewis; sua irmã mais velha, de nome Tamasin Day- A partir daí sucederam-se os convites para paLewis, uma conceituada cineasta, documenta- péis marcantes. lista e chefe de TV. Um dos mais impressionantes papéis de DayO seu pai, não denotava interesse pelos filhos, Lewis aconteceu, no filme O meu Pé Esquerdo, faleceu quando Daniel tinha 15 anos de idade. show de interpretação, onde Lewis se negou, a Day-Lewis, não sentiu a sua perda, e diante do sair da cadeira de rodas, onde vivia o seu perfato, lamentou a própria falta de emoção e dis- sonagem, mesmo nos intervalos cinematográfise: – Gostaria de ter sido mais íntimo de meu cos - queria absorver mais e mais, das limitações de seu personagem – Christy Brown – um pai. quadriplégico filho de uma família pobre, irlanDaniel cursou escolas públicas e deixou os esdesa. O personagem considerado, por todos, tudos aos 13 anos de idade; apaixonou-se pecomo que inútil teve em sua mãe, a Ms. las artes dramáticas, conseguiu um papel no Brown, o único apoio e reconhecimento de um drama Domingo Maldito - John Schlesinger-, ser inteligente. com empenho e dedicação buscou mais que apreender, pois, o que se aprende pode ser O único órgão funcional do corpo desse persoperdido, porém, o que se apreende, segue co- nagem, o seu pé esquerdo, que não o impediu de se tornar escritor e pintor. Indiscutivelmente, nosco – as minúcias do ofício. esse filme, nos traz uma maravilhosa lição de O seu zelo profissional, e seriedade o fez, e o vida, de superação tão bela, e grandiosa, faz de fato, um dos homens mais belos do plaquanto a de Daniel Day-Lewis buscando, semneta. Após o seu primeiro papel, só voltou às pre apreender, e se aperfeiçoar, visando dá o telas dez anos após, quando se considerou seu melhor – respeito para consigo, e para amadurecido, e apto para expor o seu talento e com o público. técnicas. A representação, a dramaturgia, corria -lhe nas veias, porém, ele quis mais que isso, A ele, os nossos aplausos! buscou si encontrar, para que pudesse representar e, assumir os seus personagens. A fama da família, certamente, lhe abriria às portas ele foi além, buscou ser porta e ter a sua própria chave. Atuou em filmes para a TV, conseguiu papeis irrelevantes no cinema, o seu coração ansiava por um papel marcante, impactante, que lhe www.varaldobrasil.com

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O sobrenome Machado *

do burrico e de seu dono, percebia a beleza fragmentada da estrada, toda retorcida de su-

Por Evalda de Andrade Silva Costa

bidas e descidas, apesar das dores que forçavam essa pessoa a um caminhar lento e vaci-

A estrada àquela hora não era empoei-

lante. Mas o mato fresco orvalhado e o cheiro

rada nem quente. Na verdade, caminhar por

da terra nas estradas expandiam a visão e o

ela, às seis da manhã, quando grande parte da

olfato de até mesmo qualquer um acostumado

população de Monte Belo ainda dormia, era

àqueles caminhos matutinos. Os anuns tam-

algo que podia dirimir as dores de um corpo e

bém faziam uma festa. Pois já cedo, se deita-

alma solapados na vida. O sol leve, amigo,

vam na estrada e se alguém lhes atrapalhasse

aquecia as plantas orvalhadas de uma madru-

o sossego, não tinha problema, esvoaçavam e

gada fria. A estrada levava alguém para longe.

se ajeitavam nas estacas que demarcavam as

Para além, muito além, da vida e das pessoas

terras e engenhos dos homens dali.

de Monte Belo. Quem por ali passava além do burrico e Passado um pequeno morro, e por um

de seu dono carregava a alma um tanto escu-

rudimento de ponte, que mal podia sustentar

recida. E nessas coisas simples do mundo ha-

um burrico e seu dono, ambos velhos e que

via uma beleza restauradora, tão contrastante

carregavam capim para a criação, via-se, logo

aos negrumes de outrora... Mas quem ia as-

acima, a fonte de água mineral, recém-

sim? Sem compromisso com a ida, sem hipó-

descoberta e recém-sensação da cidade. Por-

tese de volta? Karolina Machado. Mulher duns

que aos poucos chegavam novidades e proje-

trinta anos. Bonita, morena, olhos escuros. Po-

tos para o desenvolvimento da região. Ali, jazia

rém, um tanto pálida e sem viço. Um vestido

um engenho muito antigo, cujo herdeiro desco-

largo, nada de pulseiras e brincos. Cabelos

brira a tal água pura que, passada por uma sé-

compridos, soltos ao ar fresco da manhã. Dei-

rie de laudos técnicos, estava pronta para ser

xara a rua do prostíbulo assim...

comercializada. (Segue) Mas quem passava por ali além, é claro, www.varaldobrasil.com

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Karolina parou um instante. As águas vindas do córrego eram limpas e atraentes. A Natureza era atraente. Karolina namorou um riachinho dissidente que cortava os matos e que vinha dos córregos acima. Bebeu-lhe da água. Murmurou uns sentimentos desencontrados. Desespero? Arrependimento por ter feito o que fez? Não, não. Tudo, absolutamente tudo havia sido feito como quem executa um plano bem arquitetado, um projeto há muito articulado que amadurecera numa persistência quieta dos anos, mas que só exigia uma última faísca de esperança se esvair para poder eclodir. Karolina deixou uma lágrima irromper. Mais uma. Mais outra. E mais outras tantas que vieram sem sufocar. Depois delas, um sentimento forte de gratidão animou seus pensamentos e conclusões: as correntes que lhe atavam invisivelmente àquela condição sofrível de vida estavam sendo, definitivamente, quebradas para sempre! Seu sobrenome Machado, sua mãe não lhe legara à toa. (...) *Trecho do romance Karolina Machado

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SONO Por Evelyn Cieszynski

da (mo)rte ao nasci(mento) tac-tic – anti-horário – não afogar burlar bengalas abandonadas para engatinhar abrir os olhos O es(cu)ro é o (co)meço

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Perdidos em Minas Por Fátima Ribeiro Soares Como se reencontra um homem perdido nas lonjuras de Minas? Guimarães me socorre! Não sei me mover nas tuas veredas. O meu grande sertão é uma estreita faixa, Pernambuco. Tenho fomes, tenho ânsias, tenho sedes. Cansaço de tanta lida... Preciso encontrar uma trilha e alimentos para a alma. Como se reencontra um amor perdido nesse estado diverso, nesse mar de gente? Drumond me ensina! Em calçadas de ferro não sei me mover. Venho de verdes mares, não nasci em Itabira. Embora traga singelas prendas para oferecer: Desejo inconfidente, saudade barroca, amor rococó. Porém meu caminho está cercado de pedras. Como se reencontra a pessoa perdida por essas montanhas? Fernando Sabino! Tu sabes? Se sabes me ajuda! Me indica um trem, uma estrada. Não sou um Giramundo. Por essas lonjuras já estou mentecapto. E o que trago no íntimo já não posso entender. Como se reencontra a perdida certeza? Apelo a Gonzaga. Do exílio me diz: “As glórias que vêm tarde, já vêm frias,” E o que foi às Gerais não volta pra ti. Sou Dirceu sem Marília perdido em Minas. Porém, tal qual o pastor com “um coração maior que o mundo” Em dúvida, prossigo ainda buscando o reencontrar.

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Tachismo Por Felipe Cattapan Algum autor algum dia em algum livro escreveu que para se escrever poesia basta cortar os pulsos sem agonia e ver o sangue verter sem pudor meu sangue vertido correndo, escorreu recorrendo, discorreu convertido no vértice desta folha de papel: não vi poema, não virei poeta só vejo aqui este borrão sem meta Algum leitor algum dia talvez trace com fantasia o esboço de um sentido para o impulso irrefletido deste meu nada desmanchado Entretido omito a minha dor borrada revendo meu borrão sem estética evitando rever a cor do maior dos borrões sem métrica: este branco latente no papel permanente na sua ausência de ética; inerente às cores de qualquer pincel e onipresente em sua abstrata geometria; indiferente à nossa mancha assimétrica e ao nada de qualquer poesia.

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Camarão a Porto de galinhas Por Chef Marcelo Romão

Uma receita inovadora do chef Marcelo Romão: Camarão ... feito na frigideira de ferro. Grande com anéis de lula, polvo, peixe namorado, verduras .... E manga! Chapear os camarões o polvo e as lulas em fio de azeite ate dourar.... Cortar os peixes em cubos ou postas ... Retirar as espinhas Cortar legumes :cebola em pétalas : cenoura e rodelas, Pimentões vermelhos e amarelos Corte quadrados largos 3x3 ou 3x2 : tomate sem Pele : um talo de alho poro Corte as mangas em pedaços generosos ...tampe a frigideira até levantar fumaça e o peixe ficar no ponto .... Decorar com cheiro verde !!!

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mais metafísico, pouco, físico, cobertura material-espiritual da solidão;

Olhar Por Germano Machado

Olha o padrão, talvez, talvez a lei o rei o esquadro medidor centimetrada régua sem coração, um tantinho de amor...

Inere àquele olhar um pouco de atenção ao outro olhar a olhar? Por que não conferir por dentro no seu próprio íntimo o seu olhar e a ânsia de ver e ser visto sem ferir o outro olhar?

Rirá, se compadecerá... oh! firme e ridículo fecha a porta e a janela do olhar, friamente apenas raciocinará... oh! ridículo e firme de novo...

Rirá, um pouco talvez agora menos irônico, mordaz : ao olhar atrás verá um inicial olhar a querer ser visto, vendo...

Um dia, se não mudar de perspectiva, altiva uma voz lhe dirá: nem olhar, nem ver; não há visão, há somente apenas agora consigo mesmo, um ser em esvaída desilusão!

Ver não é olhar: ver, função da vista com sentimento, emoção, sem comparar ou recriminar... Aqueles olhos olham esses olhos e apenas veem sem compreender o por quê, o quê do olhar daqueles outros olhos... Um horizonte sem nunca chegar; limitar-se no deserto parado do cego? apenas conceito, preconceito, a ferir fundo o peito oposto, malsinado e posto de lado... Nem se trata daquilo da imaginação: apenas colar a pele do espírito abrir um pouco na do corpo... Encontro

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SEMPRE FOI ASSIM

Não demora para que pereça.

Por Gilberto Nogueira de Oliveira

Dr. Meireles lança um grito

Dr. Inácio e sua calvície,

Para seus subordinados.

Sempre lustrosa e perfumada.

Pedro ousa sorri

Sua imensa barriga,

E ecoa a bofetada.

Sempre cheia e estufada.

Pedro rola no chão E não diz absolutamente nada.

Dr. Inácio lança uma ordem E Orestes, cabisbaixo,

Seu corpo começa a tremer,

Obedece sem pestanejar,

Sua boca fica calada.

Com sua barriga vazia,

Em seguida se levanta,

E sua boca sem comer

Dr. Meireles, gargalhada.

O seu pão de cada dia, E caminha sobre os andaimes

Pedro sai cabisbaixo,

Sempre pronto a despencar,

Seus olhos vertem lágrimas,

E assim ele se comporta

Pelo ódio é dominado.

Se o chefe necessitar.

E ainda cambaleante Com sua fúria recalcada,

Dr. Luis com suas botas

Pragueja contra Dr. Meireles

Sempre novas a brilhar.

Com o pensamento em voz baixa.

Lança a chibata sobre Cazuza

Chora de dor e humilhação,

Para ele trabalhar.

Com o ódio sufocado,

Cazuza sufoca o ódio E caminha com sua foice.

Orestes, Cazuza e Pedro

Nem sequer percebe o sódio

Sempre tristes se abraçam.

Pelo corpo a derramar.

Inácio, Luís e Meireles

Seus olhos são profundos

Sempre sorrindo os amordaçam.

De tristeza e sofrimento, Trabalhando de sol a sol Não descansa um só momento. Derruba árvores com o machado, O cabo lhe passa rente à cabeça. O seu corpo todo inchado, www.varaldobrasil.com

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Oh Vida Marvada!

Por Hazel São Francisco

“A luz crua dos dias sertanejos Brilham ofuscantes Por muitas léguas. “

O Homem da Terra, agora um Migrante... O chamado da Urbanização e as condições de pobreza, fez com que a gente do campo, migrem para a cidade na busca de trabalho. Sem estar qualificado, tem dificuldade em o encontrar, o que leva ao aumento do contingente dos desempregados e dos subempregados. E notória a ruptura familiar tradicional. Homens abandonam seus lares para procurarem emprego na cidade. As mulheres forçadas exercer o seu papel de chefe de família, sozinhas, sobrecarregadas, passam a questionar o seu tradicional papel... O homem incapaz de exercer o seu papel tradicional de protetor e provedor, muitas vezes sente-se envergonhado e desesperado...

“A luz crua dos dias largos Flameja sobre o Homem e a Terra.”

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EU NÃO GOSTO DE ATEUS Eu não gosto de ateus, é o meu pr imeir o livro de ficção, publicado no fim de 2013 de forma independente, através da filosofia de financiamento coletivo, crowdfunding, de amigos e parentes que pagaram antes da gráfica imprimir os 300 livros, 30 reais no livro impresso e 10 reais no ebook. A história é sobre um jovem baiano de 18 anos chamado Al Pacino, aluno de direito e morador de Brasília, feliz com a pacata vida universitária. Apaixonado pela cidade, nas horas vagas se diverte como baterista da banda de rock Flamingo Negro. Em uma manhã recebe em sua quitinete a visita inusitada de Luciffer Grttwanm (Diabo). O homem convida Al para acompanhá-lo em uma jornada internacional em busca de provas que serão usadas para sua defesa na disputa judicial contra seu irmão, Yahweh Grttwanm (Deus). O leitor descobrirá que Luciffer, Yahweh e todos os outros seres divinos de todas as religiões do planeta Terra não são deuses, mas sim seres inteligentes, fisicamente similares a nós humanos. Entretanto vivem em média 80 mil anos, chegam atingir 18 metros de altura e apresentam um domínio tecnológico altamente avançado para os padrões terráqueos. Todavia, há milhões de anos houve uma guerra devastadora no planeta deles, Ding, que orbita ao redor da estrela Krebbhanj, conhecido por nós terráqueos como VY Canis Majoris, situada na constelação Canis Major. Regiões foram bombardeadas com armas biológicas que foram aos poucos interferindo no processo de fotossíntese realizado pelas plantas, as tornando incapazes de produzir oxigênio. As florestas e as algas dos oceanos, responsáveis por grande parte da produção de oxigênio do planeta foram afetadas. Após esta catástrofe, todas as autoridades resolveram se unir para salvar Ding. Depois de muita discussão, eles decidiram adotar a pesquisa de um polêmico cientista dingir, que anos antes havia descoberto em seus experimentos no planeta Bèna, habitado por seres pensantes similares aos terráqueos, que as preces e orações feitas aos deuses poderiam ser captadas por equipamentos específicos e transformados em oxigênio. Investimentos nunca vistos foram feitos para construção das turbinas e estações para iniciar rapidamente a captação de preces, salvando o mundo dingir. A partir de então, houve uma busca incansável no Universo por novos locais habitados por seres pensantes o que culminou com descoberta de 17 planetas, entre eles a Terra. Com o passar do tempo, a captação de preces deixou de ser explorada diretamente pelos governos e passou para a iniciativa privada que, após captar as preces, vendia para as empresas responsáveis por transformá-los em oxigênio, um negócio extremamente lucrativo visto que cada

dingir era obrigado a pagar um imposto por respirar. Com a profissionalização deste ramo empresarial, dingirs começaram a atuar como deuses, instalando chips nas cabeças dos seres pensantes de outros planetas, mantendo diálogos com o propósito de manter a fidelidade do indivíduo e assim aumentar a quantidade de preces, significando mais lucro. Isto tornou o ramo de preces altamente competitivo. Dentre as maiores empresas, a YAHFFER GRTTWANM ocupa o topo, tendo como acionistas majoritários os irmãos Yahweh e Luciffer. Em todos os planetas em que atuam, era adotado o duoteísmo como forma de captar fiéis. Todavia no planeta Terra, Yahweh aproveitou o fato de ser responsável por administrar os negócios da empresa e traiu seu irmão Luciffer impondo o monoteísmo aos fiéis judeus e cristãos. Para não ser descoberto, Yahweh manipulou planilhas financeiras da empresa para que Luciffer e nenhum outro acionista desconfiassem do golpe. Mas a mentira foi descoberta e após constatar a traição do irmão, Luciffer entrou com um processo judicial contra ele e por isso recebeu uma autorização para viajar ao planeta Terra para captar as provas que denunciariam Deus. Ao empreender sua jornada, Luciffer, acompanhado do irônico e divertido ateu Al Pacino, descobrirá as armações de Deus para transformá-lo na própria encarnação do mal E é neste contexto que a viagem internacional prossegue com descobertas surpreendentes que envolvem: O Codex Gigas, popularmente conhecido como a Bíblia do Diabo, que compõem o acervo da Biblioteca Nacional da Suécia, Kungliga. biblioteket; O teto da Capela Sistina, no Vaticano, pintada com maestria pelo artista renascentista Michelangelo Buonarroti; Os poemas originais dados como perdidos da Commedia do Dante Alighieri, envolvendo a Abadia de Monte Cassino, na Itália, e a moderna Singapura; O Muro das Lamentações, na cidade antiga de Jerusalém, onde toda a traição foi iniciada. Al descobrirá que nem tudo é o que aparenta, e os mocinhos nem sempre estão do lado do bem. Melik Silva Brün Mais informações: www.meliksilvabrun.com

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O Que Nunca É Por Hugo Dalmon Não há dúvida presente no que não existe, Há dor de mentira em quem por ora insiste De ser outra vez uma inventada história Em busca de uma falsa glória, quando nada vive Em torno de uma bela fuga que se ilude E com medo de perder o que nunca teve. Há cor em tudo que mente Há cor em toda essa gente E o que não existe luta por uma história Quando fora da quimera recalcitrante Haverá tão só a energia Sem a cor angustiante.

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A DANÇA DO SONHO Por Inês Carmelita Lohn Acordei no meio de uma noite Percebi que o vento entrava Na janela que estava entre aberta As cortinas de renda dançavam Como bailarinas num palco Numa dança sincronizada. Por um momento pensei Que estava sonhando acordada O silêncio, vinha de fora para dentro Formando um som musicalizado Eu, escutava aqueles sussurros lentos Como instrumentos harmonizados. Fiquei de pé no meio do quarto E comecei a dançar lentamente O vento, tocou em todo meu corpo A janela abriu-se por completo Eu, dancei, dancei, dancei e dancei Abri meus, olhos e acordei...

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Cuide bem de seus talentos:

lores e a filosofia da empresa;

um dos pilares para o sucesso Mostrar o objetivo do empreendimento e discutir o porquê de sua importância; empresarial Apresentar as metas que se pretende alcançar e os caminhos a serem percorridos; Davi continuou na Internet lendo seus e -mails e encontrou um depoimento de uma exaluna e empresária, que solicitou que disponibilizou um discurso para outras pessoas interessadas em vencer no campo dos negócios. ****

Definir os papéis e falar da importância do comprometimento com a qualidade, com a ética, com o meio ambiente e o social; Estabelecer metas e prazos que possam ser cumpridos;

Conscientizar-se de que a obtenção de resultados é importante para os dois: empresa e colaborador;. É necessário que o profissional saiba relacionar-se com suas ideias e com as dos outros, assim como os dirigentes devem saber incentivar o compartilhamento. E que a busca A vida me ensinou que determinadas pelos resultados positivos sejam para ambas ações são realizadas com eficiência e eficácia as partes. quando somadas à sua experiência, conheciUm dos meios para se obter o sucesso mento e a expertises de outras pessoas. Mas empresarial é aproveitar talentos, capacitar e para que isso ocorra é necessário ter habilidaempolgar os colaboradores a trilhar mais uma de e competência para escolher os talentos milha a cada dia, dar oportunidades e distribuir que deverão agregar valores ao seu empreenresultados. “O compromisso com o crescimento dimento, através de seus trabalhos e de suas pessoal é importante e é especialmente imporexperiências. tante para aqueles que ocupam posições de Conscientizei-me também que cada liderança”. (Peter Senge) pessoa tem sua forma e seu jeito de trabalhar. É bom para a empresa quando procura Às vezes, pessoas com a mesma atividade, proporcionar um ambiente saudável, amigável embora percorrendo caminhos diferentes, chee sustentável. É nessa linha que se valoriza a gam ao lugar que todos almejam: resultado. alma do empreendimento: pessoas. “Quando colocadas em um mesmo sistema, as Ficar vigilante para que os problemas, pessoas, mesmo com diferentes perfis, tendem a produzir resultados semelhantes”. (Peter as dificuldades e as crises não gerem situações de estresse na ambiência interna da organizaSenge) ção, sem inibir o desempenho e o bom relacioÉ comum, no dia a dia das empresas, a namento dos talentos da empresa. convivência de pessoas com diferentes formas Faz toda a diferença para uma emprede pôr em pratica sua capacidade, competência e habilidade, porém todas têm sua impor- sa, no mercado em que atua, quando proporcitância na obtenção dos lucros e do sucesso da ona para os seus colaboradores benefícios e empresa. Líder e liderados devem saber convi- vantagens além dos que eles têm assegurado ver com a diversidade generalizada, desde o por lei. ponto de vista das ideias até as emoções. TorReconheça, valorize, respeite e cuide na-se mais fácil quando se tem a consciência com carinho de seus talentos. de que ambos devem saber respeitar, reconheEscute a voz de quem tem experiência. cer e valorizar o trabalho de cada um. “O homem de grande experiência tem Após escolher e decidir com quem vai trabalhar, é de fundamental importância trans- inúmeras ideias; Aquele que muito aprendeu, fala com sabedoria”. (Eclesiástico, 34,9) mitir segurança e confiança. Melhorei meu empreendimento após a conscientização de que só com o meu conhecimento e a habilidade de empreendedorismo nato não seriam suficientes para o sucesso da minha empresa.

Outro passo relevante é repassar aos colaboradores, com precisão e clareza, informações da empresa e instruções de como se pretende trabalhar, tais como: Apresentar a missão, a visão de futuro, os vawww.varaldobrasil.com

Boa Sorte! Texto retirado do Livro Criar, Empreender e Amar de Iris Sampaio 47


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NO UNIVERSO DE GUACIRA MACIEL

(Des)ordem

acordo com essa percepção e por que o fazem...ou seria o contrário?...na verdade, isso é muito difícil

Existe uma dimensão que é desconhecida de ter um ordenamento linear; elas também poderipor quem lê a obra de um autor, que é o processo da am evidenciar a percepção que tenho das coisas, de criação... o momento primeiro, quando as ideias vão acordo com a sensibilidade...até achei melhor assurgindo por qualquer motivo; em minha cabeça sim...a minha percepção é desencadeada pela minha esse momento tem uma nuance de caos, em conse- sensibilidade. É isso aí, acho...vê-se, dessa forma, quência da velocidade com que os pensamentos bro- como não existe uma única ordem na complexidade tam; da forma incontrolável com que chegam à do Universo. Vê-se como não existe certo e errado e mente e vão estabelecendo vínculos, ainda que pare- que a verdade não tem núcleo, a não ser em univerçam totalmente incoerentes ou sem elos entre si. Se sos pessoais, que podem partir de valores e conceifosse escrever nessa não ordem quase absoluta, se- tos específicos nos quais também não se pode interria impossível a compreensão daquilo que preciso ferir, mas que deverão se abrir à luz da consideradizer. Entretanto, o fato de tentar estabelecer algu- ção dos opostos complementares (mecânica quântima coerência não deverá tirar o que existe de me- ca). Cada um que ler este e, talvez, todos os meus lhor na criação, que traduz a beleza dessa aparente textos, poderá achar que a ordem seria outra, e a desordem, ou mesmo incoerência, que a mim se intenção é essa mesmo: rever conceitos... a minha configura o verdadeiro encanto de escrever. Até compreensão é a de que, qualquer que seja essa orporque, o próprio mundo parece ter-se desvinculado dem, significa que uma possibilidade não exclui a de qualquer vislumbre dos anteriores paradigmas e outra, e que a cada nova incursão teríamos outras entrado numa vertiginosa busca, não por uma, mas tantas a considerar... novas ordens, novas pedras filosofais... muito em-

Não me proponho a dizer nenhuma verdade;

bora isso não seja novidade, mas um acontecimento neste momento penso desta forma, mas, à medida recorrente na trajetória da humanidade.

que for vivendo, aprendendo, estudando, me relaci-

Venho buscando explicar a mim mesma as onando, também irei incorporando outras visões, coisas que percebo ao meu redor, a forma como as ampliando ou mudando as que já expus aqui ou em compreendo, ou seja, como elas se mostram a mim, qualquer outro lugar, podendo reescrever tudo a à minha sensibilidade, ao meu universo íntimo, de

(Segue)

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a partir de uma nova ordem, inerente àquele momento, reconstruída ou elaborada nas interseções, uma vez que o todo não representa, apenas, as partes, mas também um terceiro espaço ou outros mais... O mais importante para mim é expor essa inquietação e reafirmar a inexistência de uma verdade imutável e única. A criação é fruto das elaborações de um íntimo e desconhecido universo pessoal, inerente a cada ser (cada observador), estimulado pelas vivências, buscas, interesses, emoções e estados de espírito momentâneos, que na dinâmica da vida quase sempre são representados sob diferentes linguagens e nuances novas. Em sendo assim, vou liberá-los para as suas...

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O MAR Por Isabel C. S. Vargas Mar tão sonhado Por quem não o conhece. Desbravado pelos navegadores Em busca de sonhos. Mar dos poetas, dos apaixonados, Das serestas, dos devaneios. Mar que se funde com o céu No longínquo horizonte Onde repousa o olhar De quem busca o infinito. Mar que rima com luar Nas noites tropicais De quem descansa olhando as estrelas Que guiam navegadores, marujos, poetas Seres de alma errante em busca da felicidade. Mar alegria dos jovens, crianças, adultos, Mar que trás recordações de épocas felizes, De folguedos de férias, de amores Que se tornaram eternos navegando Em ondas de nostalgia. Mar, ora calmo, ora revolto, Que a todos recebe com igualdade Em um clamor de alegria Tornando-se inesquecível Para quem em suas águas se revigora.

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Perigo de Guerra Por isabela Gomes

O anúncio de guerra me estremece a alma. Mesmo que ela ainda não tenha se efetivado, mesmo que nunca vá se efetivar. Só a possibilidade de que possa acontecer... me entristece. Quer dizer, se ainda estamos querendo resolver problemas com guerra, não nos diferenciamos em nada dos nossos antepassados que faziam política sobre sangue derramado. O fato do próprio exército ainda existir é triste, temeroso. Mesmo que nosso exército seja fraco, nós ainda preparamos homens para a guerra. Hitler preparava homens para a guerra, por exemplo. Esses homens preparados para a guerra tomaram o poder em 64. Não creio que seja necessário dissertar muito sobre isso. Existem alguns anos e nomes que falam por si só. Já ouvi dizerem que precisamos “melhorar nosso exército”. Melhorar nosso exército seria aceitar a regressão e praticá-la descaradamente. Nos meados desses milênios A.C. as coisas eram resolvidas com guerra. Nos anos de 1914 até 1945 as coisas foram decididas com guerra. Será que já não temos experiência o suficiente? Será necessário mais uma guerra na Rússia? Quantas Guerras Mundiais são necessárias para fazer uma nação mudar seu rumo? E como nação aqui, peço licença poética para dizer que o mundo inteiro é a mesma nação. Somos a nação mundial. Nós humanos junto com outros animais e vegetais, povoamos juntos esse espacinho chamado Terra. Ao invés de nos destruirmos, não seria mais vantajoso nos ajudarmos? A energia e o dinheiro que se gasta com armas e guerras seria muito mais bem gasto em salvas florestas, pessoas famintas, países sem água! O fato de que nós humanos ainda busquemos solução na violência, na guerra, na morte, me estremece a alma. Mesmo que ela não se efetive, alguém pensou que seria uma boa solução.

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GATILHOS CORROMPIDOS: RIMAS EXAUSTAS NUNCA ANTES A AUTOESTIMA ESTEVE TÃO OUT

Por Ivane Laurete Perotti

“Sob o alpendre o espelho copia somente a lua...” Jorge Luís Borges

alta... palavras órfãs apelam para o discurso estético, nada poético, funesto gesto de preservação. Doloridas dobras sobram às margens do meio, três centeios, rede de peixes, inválido dom da multiplicação. Valham-se as consoantes sem dentes, os dedos pendentes em comiserada oposição: milagre! O homem moderno reage intacto à rude intervenção: silicone, fantasia, gravata e terno, salto alto, cirurgias de opinião. Intrigante a intimidade que empoa a poesia nua; o costume motiva o mito: sem grito! Frágil linha que aperta o nó da corda por onde, debalde, deslizam os versos em camadas de tinta: cicatrizes da vida adulta, make-up do cotidiano. Milagres da civilização. Gostar de si mesmo... gostar de si mesmo... gostar de si mesmo... onde estava eu? Ilusão sóbria: muitos sabem quem são. Com o gostar vem o costume, o medo, a compreensão, o tédio, a criativa elevação. Mais ou menos como a lua que, ao fazer reverência à rosa posta no alpendre, encontra um jeito para refletir sua devoção: as rimas exaustas cumprem de longe, muito de longe, com o propósito da acomodação. Ironia? Talvez, destino de quem pensa e pensa que não encontra razão.

Faces plásticas endurecem a rua pontilhada por cabeças ausentes: descrentes! Quando foi que tudo deu errado? Carcomidas expressões escondem-se em mangas compridas: puídas! Um ás sem copas abriga-se por entre as árvores despeladas na urdidura que ladeia o cortejo descendente: olhos brancos, mãos em riste. Passos vazios atroam no picadeiro das pedras frias. É dia! Outro dia de infinita busca pela calculada euforia. Pecado mortal sentir o vão aberto entre os “Qualquer destino, por mais longo mundos: moribundos! Viva a hipocrisia! Quan- e complicado que do foi? seja, vale apenas por um único Sonhar o sonho não ti- momento: aquele em que o homem compreende de nha idade: agora carece de juventude, habeas uma vez por todas corpus da alegria. Quem diria? Cansados do prelo, acorrentam-se os desejos de ser e ter na orla gasta do destino: vaga e impúbere filosofia. A obscura vontade molhada nas pregas da vida recolhe o manto: espanto! Foi-se o tempo da novidade, a alma do homem sobrevoa rasante a consciência falida: desmedida! Nem o pão nem o vinho: um sopro da reversa ortodoxia.

quem é.” Jorge Luís Borges

Frouxas alavancas da sobrevivência motivam o drible rimado na curva da imitação: o que cabe a um cabe a outros. Eu e eus recheiam o singular compasso: coletiva homogeneização. Autoestima, estima www.varaldobrasil.com

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Carrossel da Irmandade da Vida

constante, sem fim. Tórrido vendaval esse amor aos sentidos secreto segredo da abelha rainha

Por Jania Souza Em borbulhas de amor, dedo da Criação descerra névoa da escuridão na revelação dos dias. Seu sopro, berço suntuoso da vida

imã na atração à beleza da diversidade da vida. Seu voo ébrio entre aromas sensuais e díspares polemiza luxúria no mágico distúrbio de infindos tons irresistível porta aos pecados humanos mundanos

abre as páginas da poesia escrita com a raridade e a perfeição ímpar do Idealizador da beleza da diversidade da vida. Formas multiplicam-se do uni ao pluri em bandejas, verdes matas cerradas

rico oceano em fulgor, variedade de infinitas espécies empréstimo ao brilho da harmonia do poder do universo. Nem mesmo os parcos jardins de espinhos e egoísmo ego

desertos de areia, de sal, de gelo e até de almas...

(veneno aterrador a devastar a vida no ecossistema)

A vida espalha-se por terras, rios e ar

conseguem destruir a força da restauração dos sábios dedos das crianças

na enchente de viventes sobre campos, oceanos, montanhas

resistência aguerrida na preservação de todas as espécies.

até nas profundezas desconhecidas por todos os mortais donde se ouve o silêncio do canto das flores

Ante a resposta dos vivos à necessidade da vida

sepultura da paz, outrora reino do horizonte sem fim

a Criação em sinfonia rejubila-se

no abraço à eternidade em pleno arrebol de alegria infinda.

numa beleza de encanto único, imperdível!

Gotas de orvalho são lágrimas de prazer

Maravilha magnífica de todos os sentidos sensitivos

sobre a magia debulhada da diversidade da vida.

a relação de baleias, homens, rouxinóis, andorinhas

A passarada entoa convite à reflexão sobre caos no planeta.

com a variedade diversa da vida

comunhão do cosmo com o carrossel da irmandade da vida.

O arco-íris, essência da própria felicidade, sorri e todos se encantam com a mensagem das cores e o milagre da vida repete-se simples, www.varaldobrasil.com

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DELÍRIOS ONÍRICOS

Por José Alberto de Souza

Ali estávamos apenas tu e eu, quando inesperadamente no recinto foi introduzido

e colocado sobre pedestais um suntuoso esquife, logo depois os candelabros postavam-se de atalaia

e também duas poltronas com assento de palhinha que nos indicaram para sentar

e ficamos ali recebendo equivocadas condolências, enquanto uma névoa seca subia do chão ao teto

e aromáticas fragrâncias impregnavam o ambiente, as pessoas chegando demonstravam seu sentimento

e nós sempre impassíveis a representar os papéis que nos foram destinados: tu - o de prendada viúva

e eu, quem poderia conceber tão esdrúxula ideia? - o de primeiro pretendente!

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Origem versus Destino... Por José Carlos Paiva Bruno Platão afirmou que as almas caem em corpos por castigo. Onde protesto e digo: a vida e o homem por si só, são siso das grandes afrontas e desafios ao inimigo. Razão pela qual discordo veemente dos comportamentos antinaturais: tatuar-se, drogar-se, perverter-se, como autoflagelo. A paz do corpo e espírito, saúde; vem do permanente encontro com Deus, que é também toda natureza presente. Para que milagres (intervenções do divino no terrestre) aconteçam, carecemos apenas merecê-los. Onde o meritório (certamente pós-purgatório) identifica-se naturalmente saudável, nada mais. Não pretendo aqui um tratado da virtude, tão somente auxiliar na busca do melhor caminho entre dois pontos, nossa familiar reta. Respeitando todos os pensadores, anteriores, contemporâneos e ulteriores, seus motivos formas e cores, até mesmo pretensas normas e retóricas... Da agonia de Sartre à perplexidade de Nietzsche. Afinal, as famílias existenciais e a sociedade organizada, definiram-se anteriormente em plano de amor, merecemos e optamos em estarmos aqui. Assim, do meu livre arbítrio alcanço o destino que quero. Vero verbo; escolho a superação de Santo Agostinho, mundano virtuoso, merecedor da Graça: toma e lê! Chove por aqui; arredores da Serra Bocaina. Manha das águas em retorno evaporação, sinonímia metáfora, consequência de nossa atitude ação. Quando olho pela janela esse verde molhado, lá adiante os cumes azul oxigênio, penso no Deus maravilhoso, soprador daquele barro Vida... Então, que seja atrevida felicidade! Desconheço qualquer talento oriundo – que é um vindo do fundo – da indiferença... Em prosa, sendo seja ou veja; oxalá vindo peregrino, porque despreza norma e medalha circunstância, apenas intensidade pureza da manjedoura infância. Esta que descobre a sabedoria, percorrendo a distância. Revendo a Peri Archõn de Orígenes, irremediavelmente reencontro sua triste mutilação. Volitiva crudelíssima autônoma, antagônica a do castigo de Sun Tzu (Arte da Guerra), engendrada via destino inveja. Este sem pés, aquele eunuco; onde rabisco arguto, sem ópio, sem ódio, ou perda desrespeito irreversível. Respeitando meu corpo alma e outrem, traduzidos templo e vontade divinos. Seja nossa inquietude – tempo – o verdadeiro desejo de melhorar...

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Destemor... Por José Roberto Abib

Destemor, Horas frias, Folhas soltas ao vento, E este rico abarcar de razões Junto à quietude dos sentimentos, Na verdade já agora despertos porque A vida e suas estações voltaram a ser, Portanto, destemor havendo, ao frio vento Venceremos, Até que o chão se alongue ainda mais sob Os pés que nele caminham, Continuando a alma enamorada de si própria, Eis que se sobrepôs ao imprevisível teor Que um dia a sina, mostrar conseguiu, Buscando em nós as primeiras respostas Aos contextos que despontaram qual se fossem Íngreme desafio à coragem de amar, Porém, sempre ciosos, nossa propensão fez Renascer o apego à liberdade, Cremos na veraz prescrição, os céus fazem Com que a vida desponte do próprio alcance, E, se sombrias alamedas percorrermos, o tempo Dará amparo aos passos com que prosseguir......!!!

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Confissões Conturbadas Por Julia Antuerpen

O Último Dia para Ela Era quase meia noite do início de Janeiro, há 5 anos atrás. Eu fazia um bolo enquanto esquecia. Mas a essa altura do casamento, eu já tinha desistido de esquecer de primeira. Detestava quando meu marido tirava o leite da geladeira e não voltava. O leite ficava fora o dia todo, quente, até eu chegar à noite. Eu só gosto de leite gelado e ele sabe disso. Ele simplesmente se servia e esquecia o mundo à volta, como se nada mais importasse. O homem que eu amava e admirava era uma fraude. Correndo o risco de parecer redundante, e certa novamente, telefonei para o marido, que não atendeu. Voltei para o bolo. Fazer o quê com leite quente? Pelo menos essa frustração sumiu. A verdade é que aí o nosso amor já tinha, há muito tempo, acabado. E o leite quente só piorava. Quando nos conhecemos, jamais me ocorreu questionar a minha empolgação quando ele dizia que ia trabalhar noite adentro. Estava eu desesperada para conquistar o reconhecimento e afeição daquele homem. Admirava onde ele tinha chegado e a maneira como conseguia fazer seu sistema nervoso parar, apenas por dispensar alguns preciosos minutos falando com você. Tinha uma ressonância enigmática e um jeito de herói. Eu precisava de um herói naquela época, quando minha moral idônea e minha bondade infantil se acoplavam à minha ingenuidade. Seria tão melhor se tivesse sido criada na sarjeta! Veria o oportunismo dele de primeira. Demorou, mas entrei para a lista dele: a esposa bonita em meio às reportagens na tv, ao cartão de crédito do tamanho do PIB de alguns países, festas chiques, viagens de príncipes com tempo e energia de sobra para toda esta encenação. Ah, sim, há também mais um item da lista: as amantes bonitas. Clichê, né? Mas os clichês estão sempre certos. No começo, perguntei a empregada, revirei gavetas e o stalkiei no facebook. Virei quase um vingador, disposto a rodar a cidade atrás do seu inimigo. Me culpei por escolher uma pós graduação e não uma aca-

demia. Pensei se na vida passada não fui Ana Bolena. Não seria um desespero total, mas é um desespero total quando você acha que seu marido a trai sem motivos. Tao torto e tão errado foi tudo isso. Quando limpava a cozinha, já estava num impasse, em vigésima votação, sobre dar ou não outra chance, eis que ele chega. Grandioso, como a cena pedia. Um metro e oitenta de altura, garboso, com um quê de galã. Os anos sempre chegam mais gloriosos para os homens. Estranhou o bolo, eu nunca cozinhava. Me perguntou qual era a ocasião. Mal acabou a frase, que tinha aquele tom de esposa relapsa que nunca cozinha, comecei a gritar em plenos pulmões e para todas as casas do quarteirão. Queria que confessasse. E olha que fazer seu marido confessar uma traição é uma arte. Arte moderna, daquelas que ninguém sabe como faz. Mas era isso: uma confissão em alto e bom tom. Simplesmente. Nem pedi todas as outras coisas que me eram de direito: os motivos, as vezes, com quem e quem sabia. Ele se sentou na sua cadeira majestosa do escritório e defendeu-se sobretudo com um silêncio, hora intercalado com um riso do tipo “garota – ele sempre tinha meus anos mais jovens na ponta da manga - não brigue comigo”, como se associar seu amor com uma traição fosse de uma irrelevância absurda. “O que você quer que eu faça, grite, berre?” disse ele. Eu só queria mais do que estava vendo. Lia subtextos no seu silêncio: seus olhos e a maneira irritante de estar e não estar ali, fingindo recolher as migalhas do prato do bolo, davam o testemunho de uma história terrível. Sabia que estava no coração dele também. Os anos mais velhos o permitiram ter mais experiência nisso do que eu, mas compreendi o jogo dele. Ele quis deixar a duvida: culpado ou inocente? Uma grande covardia inteligente. “Querida – veja bem este querida era falso, tá? - Tem algo que eu possa fazer por você?” O que diabos eu deveria responder à isso? A resposta foi uma enorme lista, durante a qual ele limitava-se a olhar para o fundo da sua taça de vinho. Nem havia percebido quando ele se serviu. Claro que a taça foi para a parede. No primeiro silêncio desabafei tudo, neste resolvi jogar coisa. Foi tudo que estava ao alcance da mão.

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Ele permanecia com sua expressão glacial perante este mundo caído, como se tivesse um policial falando que ele tinha o direito de ficar calado e tudo que dissesse seria jogado contra ele. Será que terminava com todas assim ou variava de acordo com a freguesa? De onde eu tirei que eu teria sucesso com tal vendedor? Depois que acabaram os artefatos quebráveis, ele continuava sentado de tal maneira que duvido que pediu permissão para Zeus para agir como o tal. Finalmente ele se levantou e quase caiu na dobra do tapete. Quis rir. Imaginei que era Zeus o empurrando perante a ousadia que teve. “Está questionando o que eu digo?”, disse ele. Enchi a boca e com orgulho falei: “Sim e a sua índole”. Ele ficou surpreso. “Alguma objeção? Evolução de alma?” continuei. Novamente o silêncio vindo do seu promontório provaram que os seus argumentos eram tão mal elaborados quanto suas intenções. A coisa não tá fácil nem na egosfera. E foi assim noite adentro. Um ficou dominando o outro à sua maneira. Porém, somente quando isolada em meu quarto, percebi que a reconciliação estava junto com Godot e não viria nunca. A verdade é que querer terminar não muda nada, terminar muda tudo. Nossa relação terminou com o nascer do sol quando liguei para o advogado. Ao final, um Mazel Tov irônico. Foi a última coisa que disse para ele, assim, só para acabar com uma provocação. Ele, evidentemente, não percebeu que precisava de alguém tão boa quanto eu. Nos dias seguintes, almejei por um mundo onde era socialmente aceito sair na rua enrolada num cobertor. Só assim para sair da cama. Me aborreci muito. Depois, o ódio que senti me deixou confusa, mas foi neste momento que resolvi vence-lo em seu próprio jogo. Porém, fui a luta por conquistas perenes e por meios verdadeiros. Hoje, 5 anos depois, fui num coquetel do ramo. Nele, as pessoas mais de sacanagem que o universo já criou. Tive a oportunidade de ve-lo em uma performance final de lobo-cordeiro. Ele com uma mulher. Sem surpresa. Ele é cafajeste, é o que eles fazem, é a versão de golfe para eles. Ela com ar de gueixa obediente com gula e um sorriso tímido, mas com belos peitos e ar de primeira dama. Eu, sem o ar de ex esposa sofrida, fui retocar a maquiagem no banheiro, afinal a vontade era de pegar a faca do patê em cima da mesa e enfiar no pescoço dele. Calma. Não convém, senão eu não seria mais convidada

para coquetéis. Ao chegar perto dele, a contra gosto, percebi que, nestes 5 anos que se passaram, parecia que ele havia cometido suicídio em parcelas. “Boa Noite” disse a voz que surgia da máscara. Apenas apertei-lhe a mão firme e sai. A verdade é que ele caiu muito desde que terminamos. Na carreira e na vida. Percebi que agora ele era desprezado – quando e se mencionado. Sua notoriedade de lobo em pele de cordeiro, pelo visto, fortaleceu a deterioração de sua imagem. E agora, por fim, escrevo esta carta para mim mesma, como prova de autoestima, para mostrar que, em meio a tantas mentiras nasceu uma grande verdade: eu não precisava da confissão. Percebi que não fui eu a jovem que foi seduzida por ele, e sim ele por mim. O imagino hoje voltando para casa, tirando esta máscara que o fazia ser duas pessoas, mas, ao cair o pano, ele se via como não sendo nenhum dos dois, como não sendo nada. Nem um homem, nem um profissional, só um aproveitador. Que triunfo terrível. Hoje vejo isso como uma cicatriz de guerra: proeminente e orgulhosa, que me ensinou a sobreviver nesse mundo. A vingança que eu busquei resultou num belo final: eu, o Hamlet sem a indecisão. Ele, a Lady Macbeth sem a sinceridade. Não tive a confissão nem tenho ele como marido. Mas agora tinha mais. Tinha a vingança. Tinha a verdade. E leite gelado.

O Último Dia para Ele Eu sou um homem à minha maneira. Não fico lembrando como foi. Da nossa historia, já em si bastante insossa, em muito já esqueci. Mas ao vê-la hoje no coquetel, me pus a pensar. Lembro-me que, na noite final, cheguei e ela tinha feito um bolo. Ela não era de cozinhar. Aliás, detestava. Achei um gesto de amor. Numa noite qualquer, uma coisa desnecessária como aquela só podia ser por amor. Perguntei qual era o motivo. Aparentemente o motivo era ser uma quitute para o término. Algo para se comer impulsivamente em meio aos berros e aos choros. Ou simplesmente algo para jogar na minha cara que até no ultimo dia do relacionamento ela havia feito algo por mim.

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Ela me dizia, com um sentimento tão trágico quanto uma heroína martirizada comparável a Princesa Diana, que queria a confissão das minhas traições. Não tinha por que, era exaustivo e o dia estava acabando. Tantos motivos para a inutilidade daquilo. Aquela mulher doce, xingando sem nenhum constrangimento, se entregava aquela inquisição de corpo e alma, e eu querendo me livrar para jantar. Não fiz esforço para esconder isso e fui considerado um cara ainda menos confiável. Não sei como as crises anteriores se resolveram. Eu faço mágica, suponho. Tudo que ela queria era me ouvir essa confissão como se fosse o ultimo helicóptero de Saigon. Confissão. A palavra em si é ridícula, a ideia inútil. Desde quando confissão e verdade são a mesma coisa? Sempre achei injusto uma confissão ser tida como prova em tribunais. Tem tantos tipos diferentes de mentira, porque não há de ter tantos tipos diferentes de verdade? Escolhi a postura de ficar quieto. Nem se eu quisesse teria dito. Tudo que era verdade, quando dito para as mulheres que estive, parecia transparentemente falso. Quanto mais eu me esforçava para ser sincero, pior tudo ficava. Acabei me dando por vencido. Então, entre assumir ser um sacana infiel ou deixar tudo na eterna dúvida, tentei ao menos cooperar com minha imagem pública e não dizer nada. Alguma verdade há nisso, não há? “Eu só estava trabalhando nos projetos” disse. Elabore isso! Não, não. Só mentiras tem detalhes. Limitei-me a falar com tamanha solidez, como se a frase se encontrasse no Velho Testamento. Foram três horas mais ou menos ininterruptas de monologo nada amistoso, onde ela, com a empolgação, me informava todas as minhas falhas de caráter. Uma formulação precoce (e não necessariamente errada) atrás da outra, para em seguida me torturar com cada suspiro envolto de lagrimas. Volta e meia eu me pegava olhando para o pulso, mas havia deixado o relógio para arrumar. “Querida, tem algo que posso fazer por você?” Um silencio agora seria maravilhoso. Mas não. Ela reviveu cada ponto do relacionamento. Caçou todas as bruxas que pode. Moldou a história como uma faca que é minuciosamente afiada. Fez tudo que pode para não aceitar o fato de que coisas ruins acontecem. “Com o dedo de alguém, claro” respondia ela. Ironia não lhe servia bem, sugeri voltarmos para a apatia e o gelo. Dai em diante só restou-me

fazer de surdo enquanto ela gritava a sua calma. E de cego enquanto ela chorava a sua força. Ela queria me magoar de todos os jeitos, inclusive com o sentimento de superioridade que ainda não tinha. Nunca vi uma mulher com uma opinião mais equivocada sobre tudo. Quanta sensibilidade a flor da pele. Porque diabos mulheres tem tanta necessidade de serem sensíveis? Continuava sentado de frente para ela, como um monumento, uma estátua. Não respondia. Deixei tudo eternamente no ar, tal qual dita Miranda Warning. Será ele culpado ou inocente? Mantive a minha postura com firmeza e calma. Olhava para a minha taça de vinho. O vinho parecia mais negro que de costume. De repente, a taça se espatifou na parede. Meu coração foi a mil. Não que a situação de uma taça se espatifando por uma mulher magoada fosse inédita para mim. Ela não foi a primeira. Muito menos original. Continuou a destruir todos os copos, taças e xícaras da casa. Peças vindos de viagens nupciais, quadros comprados em momentos de felicidade extrema, até a jarra finíssima, presente de casamento, guardada desde o tempo das Cruzadas, se espatifou no tapete, sobre o qual eu mesmo já me arrastara com outras mulheres. Mas confesso que cheguei a pensar em tirar a faca do bolo de cima da mesa. Porém, esse excesso de silêncio produziu resultados muito mais nefastos do que se tivesse admitido. Se tivesse dito a verdade, pensei, não sei até que ponto nada daquilo teria acontecido. Creio que acabaria tudo igual, mas agora seria ela quem daria as cartas. Eu só seria o ser sensacional e nobre (para não dizer burro e vulnerável) com a verdade da traição. Ela não estava errada. Mas estar certo não vale de nada se você não puder defender sua opinião. Por fim, persisti na minha maldade e foi isso. Fui mais cruel do que precisava e do que pretendia ser, como resultado imposto por aquela afronta não tão injusta. Mazel Tov. Ela foi dormir soluçando no quarto e eu dormi calmamente no sofá, em meio à prataria quebrada como um campo de guerra, que, aliás, fiz questão de não recolher, ela cuidaria disso, se não se suicidasse ou me matasse durante a noite. Ou se o apartamento não pegasse fogo e terminasse em cinzas. Manhã seguinte, advogados contratados, amigos repartidos. E foi tudo.

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Depois de 5 anos de sumiço, nos encontramos hoje num coquetel. O acaso forjado não me convenceu em nada. Ela apareceu com um jeito autoconfiante, (talvez protegida por nada menos do que a sinceridade) com cabelos esvoaçantes saído de algum paraíso. Estes anos foram muitíssimo bem aproveitados. Eu a li de ponta a ponta e ela nem me olhou, nem de longe e nem do alto. Nada além da indiferença. Já aguardava o momento em que ela daria um sorriso superior, mas o fato dela não o fazer, não me surpreendeu também. No fundo, eu sempre soube que ela iria longe. Se não visse potencial não a teria escolhido. Mas não esperava que ela subisse tão cedo e nem que fosse tão magnânima. E (aqui não vai nenhuma ironia) admito que ela parece que vem ganhando o mundo do jeito antigo: merecendo. Agora escrevo esta carta, recluso em minha casa, sem destino algum para este pedaço de papel, além do fato dele servir brevemente como base para essas palavras. Não para convencer ninguém do meu espirito puro e incorruptível. A questão é que eu também quero acreditar nisso. Para mim, precisa existir algum prazer na vida e o meu é este. As pessoas têm tantos vícios. Sair por ai disfarçado é o meu. Agir como outro, se passar por alguém que você não é, fingir, é uma arte. E as pessoas sempre acreditam no que veem. E assim se domina muito. Ela queria uma confissão, mais nada. Nem queria saber se eu desejei ou se aconteceu. Desta confissão, então, farei só uma parte (pois ressalto novamente: confissão não é verdade). Pois bem, eila: eu tentei trai-la, mas não consegui muito bem. Isso faz de mim um homem melhor ou pior? Tentei e hoje não tento mais. Com ela. Só sendo louco para mexer com alguém como ela se tornou. Hoje, porém, não posso deixar de pensar que, se tivesse ficado ao seu lado, ela me impediria de me ferrar. Mimada do jeito que era, me faria ficar ao seu lado, me ensinaria a ser feliz. Mas claro que nunca falaria isso à ela, não por consideração ou culpa, mas porque meu resto de preservação ainda depende do proveito e favores futuros disfarçados de gratidão. Não posso estar a mercê de sofrer vergonhas ou punições. Agora uma confissão final: também não tenho desejo nenhum de ser perdoado. Ela me amou. Amou este ser áspero, severo. Acho que só por essa

afirmação, a culpa é 50% para cada. E assim, abruptamente declaro encerrada esta conversa.

ATIVIDADES DO VARAL

Estão abertas as inscrições para o Salão Internacional do Livro e da Imprensa de Genebra 2015;

Estão abertas as inscrições para o livro Varal Antológico 5;

Estão abertas as inscrições para a edição de setembro de nossa revista com o tema Amor!

PARTICIPE! INSCREVA-SE! varaldobrasil@gmail.com

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HISTÓRIA DO BRASIL SOB A ÓTICA FEMININA Hebe C. Boa-Viagem A. Costa

Maria Firmina dos Reis, a mestra-régia do

Nela também lecionava. Era o costume de então a

Maranhão

professora fornecer o local para o exercício de sua profissão. Aposentou-se depois de trinta e quatro

1825 – 1917

anos de magistério público oficial, mas depois disso

Maria Firmina é, em Guimarães (MA),

continuou a lecionar. Aos cinquenta e quatro anos

sinônimo de mulher inteligente e instruída. Por quê? ia, diariamente de carro de boi, dar aulas para as filhas de um senhor de engenho. Levava consigo alTudo começou com uma figura marcante que nasceu, em 1825, em São Luis (MA). Mulher, bastarda, guns alunos formando assim uma classe mista e gratuita. Na época, isso era uma experiência ousada, mulata, cresceu numa região onde as condições da educação eram precárias e também de difícil acesso

que a muitos escandalizou. Segundo declarações de

para as mulheres. Tudo isso não impediu que Maria

ex-alunos, Maria Firmina era uma pessoa reservada,

Firmina dos Reis desenvolvesse o seu potencial inte- mas acessível e gozava da estima de todos que a conheciam. lectual. Como conseguiu não se sabe ao certo. O fato é que fazia tradução do francês para jornais, ganhava a vida como professora e publicava romances, contos e poesias. Era conhecida como Mestra-régia, posto que, num concurso estadual, em 1847, foi a única aprovada para a instrução primária na Vila de Guimarães. Nessa época, a maioria das professoras era leiga, sem o preparo adequado para ensinar, mas, assim mesmo eram recrutadas. Esta foi a grande oportunidade de trabalho para a mulher. A mãe de Maria Firmina, vaidosa com a aprovação da filha, queria que ela fosse de palanquim tomar posse do cargo. Ela, entretanto, se recusou dizendo: “Negro não é animal para se andar montado nele”. E foi a pé!

Além de professora, Maria Firmina distinguiu-se em diversos campos participando ativamente da vida intelectual maranhense.

Colaborava na imprensa

local, escrevia contos, livros, musicou Versos da

Passou a residir em Guimarães numa ca- Garrafa atr ibuídos pelos antigos a Gonçalves Disa de alvenaria de propriedade de uma tia materna. as. www.varaldobrasil.com

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Foi uma abolicionista atuante dando ao problema da

cida e acessível, havia uma mulher amarga. Tinha

escravidão um enfoque diferente daquele corrente

tido, na sua juventude, sonhos que nunca se realiza-

entre os outros escritores. Analisou o encontro da

ram.

cultura européia com a dos indígenas, também de uma forma diferenciada e revelou-se como folclorista.

Continuou escrevendo enquanto pode. Morreu pobre e cega, aos noventa e dois anos, na casa de uma ex-escrava, mãe de um de seus filhos de

Em 1859, Maria Firmina publicou o ro-

criação.

mance Ursula considerado nosso primeiro romance abolicionista. Nele mostra a sua crença de que a escravidão contradiz os princípios cristãos que ensinam

Recentemente suas obras foram republicadas pelos estudiosos maranhenses Horácio de Almeida e José Nascimento Morais Filho.

o homem a amar o próximo como a si mesmo. Zahidé L. Muzart, no livro “Escritoras do século XIX

Para saber mais:

considera esse romance” superior a “A escrava Isau- • ra” de Bernardo Guimarães.

COELHO, Nelly Novaes. Dicionário crítico de

escritoras brasileiras, São Paulo: Escrituras Ed -

Escreveu o conto A escrava publicado na 2002. Revista Maranhense em 1887. É uma história que mostra a existência da rede abolicionista, que ia de

COSTA. Hebe C. Boa-Viagem A. Elas, as pioneiras do Brasil - São Paulo- Ed. Scortecci – 2005

São Luis a São Paulo, que escondia os escravos fugidos e, legalmente, comprava–lhes a liberdade. Essa liga de mulheres, que surgiu por volta de 1870, abrigava participantes de todas as camadas sociais. É nesse cenário que se desenvolve o conto. O Hino da libertação dos escravos foi feito por ocasião da assinatura da Lei Áurea. Gupeva (1861 /1865), um conto publicado no jornal literário O jardim das maranhenses foi muito bem recebido pelo público e, por isso, foi publicado três vezes, sempre como folhetim. Nele mostra o embate violento entre a cultura européia e a indígena. Usa, como pano de fundo, a história da ida de Paraguaçu à França e do seu batismo pela rainha Catarina de Médicis. Poeta, em 1871, publicou Contos à beiramar. Embora respeitada, admirada por muitos, nas costumeiras anotações de alguns momentos de sua vida, revela que ninguém a conhecia realmente. Sendo uma pessoa reservada, atrás de sua figura pláwww.varaldobrasil.com

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Quando dói somos iguais Por Kleber Nunes

Quando nos tornamos refém da dor Quando o medo nos assombra Quando a morte nos espreita e a sentimos por perto Não importa quem somos O que temos Não importa nossa cor Nosso credo O coração aperta O estomago sofre E chorar é quase inevitável Quando perdemos alguém que amamos Para a vida ou para morte É comum nos rendermos à tristeza E mais comum ainda tudo perder o sentido Quando a decepção se torna constante em nossa vida E ninguém mais parece merecer nossa confiança É muito comum nos fecharmos Sofrermos Escolhermos o silêncio Quando a solidão torna nossas noites mais longas e frias E a única certeza que temos é que a noite seguinte será igual É muito comum perdemos a esperança Diante das dores da alma somos todos iguais Há tantas lições na dor...

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O senhor

Por L.epota L. Cosmo Seja despreocupado e misterioso. O seu céu não tem mar Com o coração em vez do sol. Você não sabe voar Mas você é um poeta-beija-flor O cormorao com gravata E quatro voos sagrados (Entre as meninas e Diamantes)

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Sombra fugidia

Por Luiz Manoel F. Maia

Naquela primeira noite em que foram definidos os pares para a formação do grupo de dança, não se ouviu qualquer pergunta sobre a jovem desconhecida, apenas alguém observara que ela havia chegado às escondidas. Certamente ela ouvira falar sobre a reunião e recebera despretensioso convite. Um jovem, porém, acreditava que o destino a conduzira até ali para deixá-lo fascinado com sua feminilidade desabrochada em alegria, envolvê-lo com sua simpatia e torná-lo cativo de seu olhar, de sua voz e de seu sorriso. Daí em diante ele nunca duvidou que essas lembranças lhe ficassem para sempre. Na noite seguinte e nas demais em que ele tentou alongá-las na felicidade de tê-la junto a si, não acalmava seu espírito em cada despedida e inquietava-se enquanto a misteriosa jovem não chegava novamente. Suspirava e sentia seu coração exultante quando finalmente a via aproximar-se em passos ligeiros, com sua sombra esguia deslizando fugidia pelos muros, na rua mal iluminada. Nesses encontros juntavam-se porções de uma paixão que corria a rédeas soltas, ávida e intensa a cada escapulida do aprisco que a guardava para outro. Entretanto, ele antevia com tristeza as vezes de espera em vão e que ela não estaria presente por longo tempo em sua vida.

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Árvore da vida Por Marcelo de Oliveira Souza

Árvore da vida Tão castigada hoje em dia Trocada por prédios sem nostalgia Vem sumindo rapidamente... As cidades se desenvolvem As florestas somem, Parques arborizados Transforma-se em parque tecnológicos. Sem nenhuma lógica A vida empedra-se Vemos um mundo predial Casa encima de casas... A razão virou lucro Nosso sangue verde solidifica-se E a nossa vida Virou dúvida, dívida...

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TRITOFES

Jogou-me na rua e chorei E uma lágrima derramei

Por Maria José Vital Justiniano A poesia se fez presente Me entregando a pedra Me jogando ao vento E derramando uma lágrima... Pedra, vento ,lágrima se uniram...

TRITOFES é um estilo literário criado pela poetisa Maria José Vital Justiniano. É composto de três estrofes. Cada estrofe deverá ter no primeiro verso só uma palavra monossílaba; no segundo verso uma dissílaba e no terceiro verso uma trissílaba. Lembrando que são três (TRI) estrofes (TOFES) Os versos trissílabos devem rimar, isto é, em cada estrofe os últimos versinhos devem rimar. A rima pode ser gramatical ou poética.

Vi Dama Pensando Ela Está Amando Por Isso Chorando

A revista VARAL DO BRASIL circula no Brasil do Amazonas ao Rio Grande do Sul...

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Também leva seus autores através dos cinco continentes.

Nasceu um poema

Quer divulgação melhor?

As pedras soltas na rua, O vento que agora me empurra Esta gota de lágrima teimosa Que insiste em descer pela face Tudo isso é poesia...

Venha fazer parte do VARAL DO BRASIL E-mail: varaldobrasil@gmail.com Site: www.varaldobrasil.com

No entanto, nem as pedras Nem o vento Nem a lágrima Podem fazer um poema Pois o poema já nasceu Nasceu ontem quando fui a rua E me esbarrei na pedra Assim o vento me tocou

Blog do Varal: www.varaldobrasil.blogspot.com

*Toda participação é gratuita

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Pinturas da artista Maria Soler

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QUEM É VOCÊ Por Marilu F Queiroz

Finge amar a vida, mas ama o infinito. Pensa ser um estranho... mas é fútil, corriqueiro.

Quer fazer do mundo de todos O seu fiel escravo. Dos sentimentos humanos... As vazantes da sua alma.

Quem pensa ser, afinal? Um extra- terrestre, um sábio... Um dominador de reflexões, Ou ser humano comum?

É somente peça incólume Projeto esquecido de ideais... Alma transladada de outrora, Para a turbulenta vida atual.

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Caráter Por Marina Fernanda Farias

Sentimento mais difícil Aquele pelo qual as pessoas pouco têm Será que isso é verdade? Ou será que a mentira prevalecerá? Em mundo obscuro Certas verdades escondem-se Entre as almas perdidas Desejando derrubar os outros Perdas Lágrimas Uma falta de caráter sem sentido Caminhos incertos que alguns escolhem seguir Enquanto vários se matam Almas choram Eu vou seguir... Medo

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MEU DIA É ASSIM

Por Mário Rezende

Um bocejo, um gracejo e o amor de minha mulher no comecinho do meu dia. Café com leite bem quentinho pão e manteiga derretida como ela pelo sol que ultrapassa a janela e ilumina a nossa cama. Eu me lanço no mundo precisão da lida dessa vida, despendendo um dia inteiro nessa coisa complicada que o homem construiu. Mas quando o sol vai embora e a lua toma o seu lugar, finalmente chega a hora de voltar para o meu lar. Abraços apertados cheios de carinho eu recebo dos filhinhos e um beijo de saudade da dona do meu amor me enche de vontade de deitar na nossa cama e receber e dar carinho aconchegado ao corpo dela iluminados pela lua nossa parceira tão bela que vem deitar o seu luar. E esquecido dos problemas recostar no travesseiro a cabeça cheia de sonhos para outros dias que virão. www.varaldobrasil.com

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Livro de Memórias Por Marluce Portugaels

essa época meu desejo de aprender línguas, de brincar com palavras. De viajar pelo mundo, pois, um dia. tio Dai trouxe-me de Manaus um Atlas! A partir daí, tudo mudou! Num esforço, lembro-me de Neruda, “livro, quando te fecho, abro a vida...” Fecho os olhos e me vejo a bisbilhotar nas caixas que minha avó Lita, professora rural, recebia abarrotadas de cartilhas e de outros livros para distribuir com os filhos dos trabalhadores do Seringal Bom-Jardim. No Seringal havia uma escola e a professora rural tinha a função de ensinar as primeiras letras às crianças, que todos os dias se sentavam ao redor da grande mesa presidida pela professora. A aula começava com a professora fazendo os alunos repetirem o A B C, em seguida, juntarem as letras, “um B com A, Bê a Bá”, e, finalmente, formarem frases, “Eva Viu a Uva”. E os alunos, será que já tinham visto uva?

O Dia Mundial do Livro, que cabeças bem pensantes tiveram a ideia de instituir, trouxe-me recordações que eu jamais imaginei estivessem tão vívidas em minha memória. Minha relação com os livros começou bem cedo, quando eu era pequenina, no Seringal Bom-Jardim, de meu avô Chico, no Rio Juruá, e ganhei de presente de meu tio Dai um livro de contos de fadas, que ele comprou em uma de suas viagens a Manaus. E que eu li e reli com paixão. Hoje, ainda, lembro-me do livro que foi, talvez, o mais belo presente que recebi, porque tinha sete anos, tinha aprendido a ler e, com aquele livro, eu voava para bem longe, para o país das fadas e das outras personagens nele imortalizadas. Anos depois, lendo Emily Dickinson conO último estágio era a leitura das historinhas cluí que, de fato, “não há melhor fragata do que como a do Jeca Tatu que era preguiçoso e um livro para nos levar a terras distantes.” cheio de vermes, ele, a mulher e os filhos, pois Eu ficava ao lado de minha mãe, lendo as histó- todos andavam descalços e não conheciam rias maravilhosas contadas pelos irmãos bons hábitos de higiene. Mas, um dia, um médiGrimm, por Hans Christian Andersen, por Per- co lhes prescreveu remédio para vermes e um rault, enquanto minha mãe lia os livros da Bibli- fortificante. E também lhes disse que andassem oteca das Moças, que eu depois também devo- calçados. Eles ficaram fortes, corados porque rei. Ainda hoje adoro ler histórias de amor com eliminaram os vermes e aprenderam a se cuidar. Jeca Tatu, então, criou coragem para trafinal feliz! balhar, prosperou e comprou sapatos para todo Lá em casa todo o mundo lia e cada um tinha o o mundo. Até para os porquinhos. E assim terseu gênero literário preferido. Além de roman- mina a história. ces de amor, minha mãe lia com avidez a revista Vida Doméstica, da qual tinha assinatura fei- Nessa época nem desconfiávamos que a personagem ta pelo reembolso postal, e que chegava religio- do Jeca Tatu fora criação do grande Monteiro Lobasamente ao seringal. Meu pai gostava de ler os to, que em seu livro Urupês, com 14 contos, denunjornais velhos que o navio da linha, a chatinha cia a situação de miséria e abandono do caipira da trazia da cidade grande. E as Seleções Rea- região do Paraíba do Sul. Mas essa também era a realidade do caboclo do Amazonas que vivia à beira do der`s Digest, traduzidas para o português. Lemrio, o beiradeiro. Dessa forma, não há como não conbro-me também que ele tinha um carinho especordar com Joseph Conrad, “o autor só escreve metacial por um livro de título curioso, Como Fazer de do livro; da outra metade deve ocupar-se o leiAmigos e Influenciar Pessoas. Nós também tí- tor...” nhamos um dicionário em casa. Para mim era um livro sério, de capa preta, que as pessoas abriam quando tinham alguma dúvida sobre o (Segue) que liam nos livros. Foi assim que eu também aprendi a usar dicionários e me apaixonei pela etimologia das palavras. Acho que remonta a www.varaldobrasil.com

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Revivendo tudo, ainda sinto o cheiro de novo das cartilhas, das tabuadas, dos cadernos de caligrafia... Tenho na memória o ícone das Edições Melhoramentos. Aquele passarinho pousado sobre o globo terrestre, presente em todos os livros que eu folheava, acompanhou-me por toda a vida. A minha impressão era que todos os livros traziam aquela marca. Devo ter aprendido a ler com minha avó, junto com as outras crianças. No processo, acumulei a função de ajudante da professora. Como era curiosa e queria saber o que continham os livros de historinhas, lia tudo em casa com a permissão de minha avó e, na aula, ajudava-a com os alunos mais lentos. Assim, devo ter forjado a profissão de mestre que finalmente abracei. Eu ainda teria muitas reminiscências sobre o Livro, esse objeto sedutor, essa caixinha de segredos capaz de imobilizar-nos em um canto durante horas, e de transportar-nos a rincões nunca dantes sonhados. Mas, já é tarde e precisa-se parar em algum lugar... Abro os olhos, lentamente, e me vejo ainda bisbilhotando livros, mas não os das caixas de minha avó Lita, mas os meus próprios, arrumados em estantes em minha biblioteca. Então, penso que eles, os meus livros, são os únicos objetos que eu não gostaria de deixar para trás, se tivesse de partir rapidamente...

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VIDENTE SENSITIVO

No caso específico da placa do VIDENTE, podemos dizer que temos um microempresário bem sucedido, ou não! Na verdade, compadeci-me da “criatura”, pois pensei na quantidade de calotes que já deve ter levado. Há muitos malandros na praça, “de olho” nos serviços fiados.

TRAGO SEU AMOR DE VOLTA PAGUE SOMENTE DEPOIS

Por Mirian Menezes de Oliveria

Não se ofenda quem for o proprietário dessa placa! Sinta-se honrado, inclusive... Não citarei qualquer tipo de informação que possa ser rastreada por GPS ou CHIP. Não me interessam: local, pessoas envolvidas, desfecho, mas o fato... Tenho esta eterna mania de ler anúncios por toda a parte e placas me chamam à atenção. Para que possamos realizar uma boa leitura de placa, precisamos, primeiro, entender todo o contexto que cerca a produção! Certa vez, assusteime com uma simples expressão: “Casa dos Macacos”. Por ser contadora de histórias e escritora, transportei-me para o Mundo da Fantasia, imaginei a Mulher Barbada, uma Casa de Shows, ou um “conto de fadas”, num reino distante... Enquanto delirava, meu esposo, simplesmente, dizia:

“PAGUE DEPOIS!” ... Coitado! Quantos casais felizes já devem ter se mudado para outros locais nesse mundo: reconciliados e esquecidos do profissional em questão. Nesse mundo, em que tantos desejam “levar vantagens”, o que considero um horror... acredito que o VIDENTE já tenha sofrido vários “calotes”! Vender fiado a pessoas que desejam recuperar um AMOR! Juro que gostaria de ser diferente e não escrever uma crônica sobre esta placa, mas os simples momentos que vivo são capazes de me despertar reflexões: algumas tolas, confesso!... mas o que me importa, realmente, é não permitir que passe despercebida nossa rica rotina! Se pararmos para observar, encontraremos muitas situações dignas de grandes reflexões. Para isso, serve um cronista, para discorrer sobre possíveis “banalidades”. Banalidades?

_Loja de autopeças! “Ah!” Que vexame! Ainda bem que não verbalizei meu pensamento! Já li placas, com todos os formatos e conteúdos possíveis, e nada mais me surpreende, entretanto esta placa me despertou a atenção por vários motivos. Em primeiro lugar, pensei na autoestima e na garantia do VIDENTE SENSITIVO. Hoje em dia, poucas pessoas garantem tão bem seus serviços e empenham a “palavra de honra” (expressão em desuso), como este profissional (vamos chamá-lo assim!). Nesse mundo consumista, empresas de grande porte, muitas vezes cometem deslizes horrorosos com seus consumidores e nem contratos dão conta da tão necessária garantia. Se pelo menos, a situação favorecesse o deleite de músicas clássicas ao telefone, poderíamos frisar o trabalho de excelência do Telemarketing, contribuindo para um mundo mais cultural... Mas não! Passamos eternos minutos, ouvindo músicas de qualidade, sem, entretanto, aproveitar o momento. Não há clima para isso! Caso a intenção seja a de diminuir a ansiedade, no meu caso, o stress não permite a abertura dos ouvidos para os clássicos. Se você tem algum problema a ser resolvido, não há CHOPIN, ou MOZART que dê conta da situação. www.varaldobrasil.com

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rosa área de preservação ambiental.

Beleza Campestre

Agora vejo num pequeno ninho um pardal aliPor Nice Arruda

mentando seu indefeso filhote e passo a contemplar ainda mais a natureza.

Nos anos 50, existia o conhecido Haras Dulcinéia, localizado no município de Chorozinho no meu Ceará, e que até hoje relembra muitas histórias jubilosas, vitórias e premiações de seus cavalos de raça em Fortaleza e Rio de Janeiro, contadas e recontadas aos seus visitantes para

O entardecer vinha chegando e o magnífico espetáculo do pôr do sol embelezava aquele momento corriqueiro e às vezes pouco apreciado... A fulgurante estrela despediu-se rapidamente e nos brindou com a chegada da lua cheia .Naquele instante um misto de saudade

o deleite de seus ancestrais. Há seis anos esse espaço deu lugar a um privilegiado hotel fazenda, onde podemos encontrar simplicidade, bem estar e muito verde , num agradável contato com a natureza . A maioria das antigas baias dos animais foi substituída por confortáveis acomodações pra receber pessoas que, como eu gosto de desfrutar de um ambiente campestre, tranquilo e acolhedor. A pequena casa de seus antigos proprietários continua lá, nos convidando a visitar e conhecer um pouco da história desse casal de imi-

e melancolia brotaram em meu coração, lembranças contidas no âmago de meu ser... Os coelhos passavam céleres para seus abrigos. As ovelhas silenciavam em seus currais. Galinhas, gansos e calopsitas também queriam se aquietar .Os cavalos já estavam em suas baias. Era chegada a hora de dormir. O céu sublime, inspirador e o clarão da lua nos convidava a uma noite de mais reflexões e agradecimentos ao ser supremo por esse momento efêmero e especial...

grantes europeus quando aqui chegaram. A velha mobília, lampiões e lamparinas, retratos nas paredes, troféus, louças de porcelana, pote e quartinha de barro , rádio antigo e fogão a lenha se destacam aos nossos olhos ávidos por surpresas. E foi numa dessas tardes quentes de outubro, durante um divertido passeio de charrete que pude me encantar com bucólicas paisagens : Verdes e frondosas árvores que balançavam ao som dos ventos , pássaros que cantavam acompanhando essa doce melodia , num bailado feliz e harmonioso com os espertos saguis que corriam por entre as copas das mangueiras e cajueiros repletos de frutos amarelos. Ao longe, um carnaubal complementava essa valowww.varaldobrasil.com

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Se na noite, um estranho Por Nilza Amaral forçando a porta de entrada penetrasse em meu apartamento, e diabólico e cruel, explorasse com seus passos macios e premeditados a minha intimidade, devassasse a corrente dos meus pensamentos, extraindo dos cantos do meu cérebro as palavras não ditas, apenas pensadas, se invadisse os meus aposentos, revirasse as minhas gavetas, à cata do quê? joias, se não as tenho, dinheiro escondido, muito menos, fetiches? tão ocultos jamais expostos, como aquela roupa íntima vermelha usada nos momentos do sexo mais pervertido, ou aquele pé de coelho que um dia me ofertaram com a promessa de que ele amaciaria os caminhos, se esse estranho embaralhasse a minha vida, violentasse o meu pudor sem a minha concordância, penetrasse a minha cozinha em busca de alimento, encontrasse aquela sobremesa especial que fiz com carinho, e com um bah de desprezo, atirasse tudo ao cachorro, não sem antes lhe dar um pontapé no traseiro, em seguida sem aviso, alcançasse a faca afiada e com ela me ameaçasse, se entregue ou eu te furo, e me atirasse ao chão e me possuísse sob gritos de meu protesto irado, se esse estranho me humilhasse de todas as maneiras, penetrando violentamente todos os orifícios de meu corpo em busca do prazer insaciável, achando que o meu dever era aceitar resignada a sua condição de macho de cetro impiedoso, e a minha de fêmea sempre pronta, pernas abertas, e se depois da posse, estirado ainda no ladrilho frio da cozinha, acendesse um cigarro e me olhasse com os olhos semicerrados, feliz com a sua conquista e vangloriando-se de ser bom amante, o querido de todas as mulheres do bairro, se esse estranho depois do ato do sexo, percorrendo com uma faca todos os contornos de meu corpo, parando em meus mamilos duros de prazer, penetrando a minha vagina ainda quente, riscando a minha pele eriçada, então se levantasse e ordenasse, faça um café, mulher, abra uma cerveja, se mexa, me agrade, que eu mereço pois afinal entrei na tua vida para te fazer feliz, ah, se ainda esse estranho resolvesse aportar na minha casa, e dela tomar posse, com promessas de mudança e de carinhos, se chegasse todos as noites depois de passar em meia dúzia de bares, embora para que ele não voltasse, eu rezasse todo os terços, que ele me arrancava das mãos pisava sobre as contas, gritando eu sou teu único Deus, e, se como senhor e dono me exigisse, me possuísse pele enésima vez, gritando, nenhum deus te dará mais aleluias do que eu, e depois de todas as vontades satisfeitas, deitasse na minha cama e dormisse a sono solto, até a manhã seguinte, e se

assim fossem todos os dias, a relação de dois estranhos sob o mesmo teto, e se eu mais uma vez rogasse aos santos, sobre meus joelhos sangrando, para acontecer algum fato, mesmo que fosse uma desgraça, que interrompesse essa corrente, ou que a minha vontade predominasse por alguns instantes, o tempo suficiente para expulsá-lo de minha vida, eu agradeceria pelo resto da vida, mas se a fraqueza, o medo, o amor, o ódio ou o prazer, impedissem o cumprimento dessa vontade, e eu insensata o matasse com mil facadas perfurantes que lhe alcançassem a alma de coisa ruim, talvez seu espírito retornasse mais feroz do que o anterior desencarnado, e mais me torturasse, me penetrando, me violentando, me satisfazendo. Se esse estranho a cada dia se fizesse mais odioso e mais desejado, se minasse em meu íntimo dia a dia, minuto a minuto, a volição da vida, se arraigasse o desejo insensato de liquidá-lo na hora do orgasmo, a hora da distração e do alheamento, se despertasse em mim o lobo interior que leva à crueldade em vez da gazela que bale, se esse estranho me asfixiasse com seu suor, e num momento de fúria eu o estrangulasse ou o aleijasse cortando seus testículos recheados, e o banisse da minha vida escravizada, então talvez eu descansasse e abrisse as portas para a solidão se alojar. Se esse estranho não tivesse o riso cínico de superioridade estampado na face, a lubricidade sempre pronta, se não soubesse o poder de sua dominação, da força da perdição que impele à morte, a certeza do seu absolutismo, se esse estranho que invadiu a minha noite não tivesse consciência do quanto se tornou imprescindível, se desaparecesse assim como apareceu, com seus passos mansos e sua fala macia, com suas pretensas promessas de felicidade, se esse estranho que comigo hoje habita se fosse, desistisse de mim, então talvez eu me desesperasse. Se numa noite, um estranho tentasse entrar em minha vida para se instalar, eu o teria impedido, teria trancado com todas as chaves a porta de entrada da minha casa, e mais as entradas de meus sentimentos, fechado o caminho do labirinto do meu corpo, ou gritado por auxílio, e se ele superando a minha força física e as minhas intenções, conseguisse o seu intuito, e me submetesse ao seu sexo, então eu o assassinaria, e seria em legítima defesa. E se ele implorasse, em nome do passado, do amor, da luxúria, eu recusaria para que ele fosse nada mais, apenas um estranho na noite tentando forçar a minha porta de entrada. Se na noite, um estranho tocasse a porta da minha alma e do meu destino .

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SOMOS INUMERÁVEIS PESSOAS Por Odenir Ferro Muitas, inúmeras pessoas... Bem... Muito embora, sejamos apenas um. Dentro da composição eterna e, – intensa de inumeráveis e de aglomeráveis (sociáveis?!) – pessoas. Assim sendo, somos inumeráveis pessoas. Dentro da nossa individualidade ímpar Quase ou todos nós, temos ações ou reações divergentes- enquanto direcionamos as nossas atenções para que as mesmas se foquem num mesmo ângulo em que haja diversas pessoas também motivadas a este atento, dentro de uma determinada situação qualquer. Caminhamos pelo viver, entrelaçando os nossos mais expressivos gestos de indignações, aprovações, reprovações, comoções ou repulsas –, mediante a um determinado acontecimento focado –, quando nem sempre este ato – recebe a aclamação geral por unanimidade, pela humanidade. Ou partes dela. Nós somos seres humanos diversos. Diversificados e, atualmente, podemos até sermos anatomicamente deformados ou modificados. Penso que o nosso corpo humano é a mais perfeita máquina. A qual os nossos criadores: Deus e nossos pais, generosamente criaram-nos. Sei que cientificamente podemos afirmar que a Natureza é imperfeita. Mas, acredito na divindade existencial da nossa alma... Movimentando o nosso corpo, através do ânimo espiritual. Coordenando todas as mais belas, espetaculares, fantásticas e complexas estruturas corporais, materiais e físicas. Conduzindo-nos a registrarmos página a página o teor histórico da nossa história, atravessando a nossa vivencia corporal, rumo aos incógnitos caminhos da nossa imortalidade (não a física), mas sim, a espiritual. Embora sejamos semelhantes em opiniões que possam ser ou vir a serem diversificadas, mas sempre ou na maioria das vezes, nós geramos, através dos sensos, os consensos ou os contrassensos – que nos posicionam intelectualmente, moralmente, virtualmente, fisicamente... Nos instantâneos espontâneos daqueles momentos repentinos, que nos obrigam a formar uma opinião pes-

soal rápida, ou a agirmos ou reagirmos de forma instintivamente mecânica ou impulsivamente rápida... Dentro dos estabelecidos parâmetros motivados ou impulsionados, pelas regras sociais de cada acontecimento ou envolvimento sociocultural. Também, nos divergimos (nós, seres humanos somos inflexíveis, mas mesmo assim, vulneráveis) dentro de cada tópico, dentro de uma mesma opinião – ao focarmos as nossas polêmicas, impostas dentro de uma determinada situação. Encarando-a, através de um foco diferente do qual àquele, sempre aquele: em que estávamos acostumados ou acomodados a vê-lo ou resolvê-lo ou revolvêlo, ao menos que momentânea ou temporariamente, dos desígnios de nós, do nosso mundo interior pessoal. A vida, dentro do contexto geral, é a detentora metafísica das regras gerais. E dentro das regras gerais, situam-se os parâmetros (convencionais ou não) das nossas regras emocionais. As quais se circundam em torno da nossa presença pessoal, através das nossas vivências comportamentais, fazendo com que possamos, através das nossas experiências pessoais de vida, caminharmos avante, dentro dos seus mais inusitados e inumeráveis momentos, dentro dos nossos momentos em movimentos existenciais. Cujas nossas íntimas noções, mesmo estando entranhadas no nosso eu cognitivo – fazem, em determinadas vezes, com que encaremos (emocionados ou não) os mesmos fatos. Posicionando-os de um modo novo ou diferente, da conceituação que até então, as tínhamos inerentes em nosso ego racional. Mudando assim, a nossa forma de percepção, (ao mesmo momentaneamente) em relação ao pensamento crítico, analítico, ou a nossa forma de sensações relacionadas às associações de sentimentos em relação àquele determinado fato. E, dentro deste novo ângulo de visão, poderemos vir a ser predominantes ou não. Sempre estando aptos a avaliar ou reavaliarmos os nossos procedimentos cognitivos em relação a algo ou a alguém. É por isso que o nosso campo afetivo se renova, se diverge, se corrompe ou se rompe ou se entrelaça e se solidifica, nas raízes do interior de cada um de nós. Fazendo com que socializemonos (ou não) com algo ou alguém.

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PONTO DE VISTA Jeremias Francis Torres

JFT O SUJEITO MAIS CHATO DA FACE DA finalmente dizem: “chega né, o Mané!” Sabe o TERRA! que responde? Mas, eu não chamo Mané, eu chamo... todo mundo sabe! Quando isso ocorre e não foi uma única vez que isso aconteceu, ao longo de O cara é chato! sua extensa vida, procura imediatamente, hoje, Ainda bem que o admitiu, ape- em seus arquivos digitais MP3, sua canção preferida, de seu cantor ídolo: “I Never Fall in Losar de tarde! ve Again!” A ansiedade aliada a timidez, Mentira! É só até baixar a poeiao longo de sua vida, causou-lhe severas ra, dali a um tempo, lá está ele de novo, en“baixas”, razão pela qual, foi ficando cada vez chendo o saco de alguém! Diga-se de passamais “desagradável!” gem para não haver dupla interpretação, é difíNão gosta de estar na multidão! cil para ele, conquistar um bem (querer). De aglomeração! De declamação! Muito menos A impressão que dá é que sofre de associação, exceto, uma “leve” para com daqueles modernos “males” que atingem em seu time do coração, cuja bandeira carrega um cheio a humanidade, denominados TOC verde que lembra as plantas, as matas e as flo(Transtorno Obsessivo Compulsivo) e TAB? restas e tal, mas, isso não interessa! (Sim, o famoso Transtorno Afetivo Bipolar), seCerta vez, quando tentava mais rá? uma novamente, ostentar a sua dupla personaBom, em suma sem perder o lidade, foi desmascarado por uma chamada foco: o cara é chato, que às vezes ele mesmo “autoridade” que trabalhava consigo: “quer dinão se suporta... mas, quando isso acontece, zer que o senhor é um lobo em pele de ovelha, acredita numa mudança radical num futuro não é?” próximo ou talvez distante! Sem saída, descoberto, não Bem, espere aí, mas, de quem teve outro jeito, senão admitir: “eu o sou! Está necessariamente estamos falando?! certo eu sou um lobo! É um lobo! É um lobo!” Merecia “ apanhar na cara ou ser morto por um caçador justiceiro! Com o passar do tempo e o recrudescimento de sua personalidade, verdade é que, em alguns aspectos, sofreu algumas metamorfoses. Em alguns casos para melhor, noutros, nem tanto... É o caso da PAIXÃO por exemplo, quando paquera uma moça “enche” o saco das moçoilas, até que não aguentam mais e www.varaldobrasil.com

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O voo

Por Odibar João Lampeão

Comecei como humano Incongruente demais para mim mesmo E na neblina que se acorrenta ao futuro Destemido, me ofertei de peito aberto a deceção Eu queria uma trajetória Que embora minha, não deixasse de ser pra humanidade Mais um exemplo de vitória Mas depois, depois do chão, Quedado e sem folego pra ética Recomecei como um furacão Onde os obstáculos trajaram a história de um trilho Que um dia os homens envelhecidos Com olhares cravados no meu brilho Chamaram de voo.

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Água benta

Por Oliveira Caruso Cai a chuva sobre a capela. Lava a alma da gente passante. Reza gente suas preces naquela, em grande fervor, que segue adiante. Cai a água benzendo a cidade; sobram pecados na gente perdida. Sobram pecados somados na vida; outros buscam n’água a verdade. O espelho d’água reflete emoção de todo o sentir da gente carente, carente de estar dos pecados ardentes longe de fato. Com bom coração! Deixo que a água bem cuide de mim, levando consigo as árduas querelas, querelas às quais darei logo um fim! Deixo que a água expurgue o rancor, n’ação de despejo do fundo do peito, trazendo de volta paixão sem torpor!

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O estranho ponto

- Patroa, voltou o negócio de novo pos as mãos nas cadeiras e disse que ia tirar de novo.

Fiquei mais feliz. Será que ia me ver livre daquele ponto? Cheguei do trabalho e lá estava ele no mesmo lugar.(desta vez Cleonice não conseguiu pintar.) agora estava entre o sofá e a Quando começou não sei, só sei que a primei- estante. Vou ter que me acostumar a dizer: ra vez que vi foi no domingo. Parecia uma man- bom dia, boa noite para ele. Será que ele tem chinha de piche. distúrbio de crescimento? Tentei tirar não saiu passei removedor idem, Quarta feira! Será que ele vai querer ver tv ou gilete muito menos. Vai ver era minha imagina- ouvir rádio? Como será que ele está? Aumenção, sono ou algum problema de vista. O dia tou mais? Muito. Do tamanho de uma melancia. passou e lá estava ele, as pessoas passavam Todos já estavam se acostumando, o tratavam por cima dela e não percebiam. Porque só eu como parte da casa. O meu filho, meu marido, via? a empregada (que o lustrou). Estranho como No outro dia fui direto para aquele ponto, lá es- ele cresce. Não parece célula. Radiação? De tava ele parado, só que maior do tamanho... De onde veio? um olho. Joguei um prego em cima, nada não Quinta feira. Maior ainda está o dobro do tamapuxou, não gemeu. Não podia ser buraco nenho de ontem, de melancia, abismal. Se não gro, nem ser vivo. Aiiiii! Esse ponto me deixa tomar cuidado posso cair ou tropeçar. O que eu malucaaa......! Esqueci de dizer meu nome: Ida, estou dizendo?! Isso é só uma mancha no passagem só de ida não de volta. É o que tochão. Tchau, até mais tarde: Cleonice, bom dos dizem. Voltando ao ponto, agora. dia.´cê viu? Nossa mancha está maior. As pessoas começaram a notar, meu filho logo Concordou: é patroa, é impressão minha ou escedo notou: tá ficando mais quente. É parece que ´tá sim Cleonice. -Mãe, o que é isso? É piche? Eu disse que não sabia. Ele disse que depois a Na hora que todos chegaram, perceberam que gente descobria. Meu marido também pensou estava ficando mais quente o chão. O meu maque era algum adesivo colocado perto do meu rido disse que a gente devia procurar alguém. Eu disse que era perda de tempo porque iam filho: achar que éramos malucos, depois ia ser aque-Esse Carlinho, é fogo colocou adesivo no le vai e vem de cientistas. E o meu filho pergunchão, passa um removedor depois... tou sobre as visitas. Eu disse que poderia ser uma nova forma de decoração... -já passei e não saiu _ disse pra ele que não acreditou, disse pra pedir pra Cleonice tirar com Sexta feira.... Parece que ele cresceu muito algo. E foi tomar café. Logo depois chegou Cle- mais já ocupou o chão todo. Agora que fuonice que perguntou o que era aquilo, eu disse deu....!! Não pode jogar, cair mais nada no que não sabia. Ela disse que ia tirar de qualchão... Já pensou cair catchup, molho de tomaquer maneira. O dia passou, voltei do trabalho te? Vai poder virar quadro negro ou pintar quae parecia que Cleonice tinha dado um jeito, drados.É isso que vou fazer! Vou pintar como passou uma tinta da cor do piso. Tomara que um tabuleiro. Ai poderá jogar damas, xadrez, desapareça. Não volte mais. etc. na sala. Cleonice você chegou, me ajuda a tirar os móveis. Vou pintar esse chão de tabuNo terceiro dia fui correndo olhar pra ele. Lá leiro. estava... Maior e com uma mancha no meio e do tamanho de uma laranja. Agora parecia um Tabuleiro, patroa? É Cleonice, pelo menos pra olho, um grande olho imóvel a me olhar. Fui disfarçar. Na hora que todos chegaram, percorrendo pegar o removedor para tirar a tinta guntaram assustados sobre o que aconteceu. em volta dele, pelo menos ia ficar um ponto Disse que tinha pintado pra disfarçar.É dissemenor. Não saiu. Todos passavam e olhavam: ram que tinha ficado menos quente... primeiro Carlinho:

Por Paulo José Pires

Olha que olhão mãe!!!!Eu só olhei para ele e não disse nada. Depois veio Nelson, meu mari- (Segue) do “tinha esquecido de falar o nome dele”, olhou praquilo e comentou: www.varaldobrasil.com

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Sábado, lá estava ele começando a aparecer na parede. Não vai parar mais?Mas você não me oprimir! É só você preencher a parede que vou pintar de tabuleiro. Hoje estão todos em casa. Ainda tem pouco na parede. Não é preocupante. Meu filho disse que quando chegar no quarto dele ia fazer umas grafites manerooss .Meu marido, Nelsinho, disse que no quarto nem ia precisar pintar que era melhor escuro. Minha casa tem: sala, dois quartos, cozinha e banheiro. Como vou pintar a sala quando o preto cobrir? Passaram-se cinco meses e o ponto tinha invadido toda a casa. Como pode? Um pontinho de aquele tamanho fazer tudo isso? Mas pintei todos os cômodos da casa de sua maneira. O ponto não tinha mais onde cobrir. Acho que não vai chegar na parte externa da casa. Ontem meu filho amanheceu com uma pinta preta no pé. Perguntei para ele o que foi, não soube explicar. Foi no médico que disse ser mancha de pele. Uma pinta. Mas daquele tamanho? No outro dia aquele pé estava todinho preto. Pensamos que podia se câncer. Nem levamos o menino no médico. E se fosse mesmo câncer? Teria que amputar? O menino nem tirou o tênis na escola. No outro dia sua perna estava preta. Já estava se conformando. á achando legal ficar assim. No fim de duas semanas ele já estava todo preto. -Me diz agora meu filho. E os colegas como reagiram? Muito preconceito? Primeiro disse que era uma mancha. Foi Clara quem viu. Noutro dia todos ficaram preocupados falaram para eu ir ao médico. Disse que era um tratamento. E fui inventando. O que eu poderia fazer? Porque ´tá estranhando? -É que seu pai e eu já estamos ficando com manchas pretas. Seu pai ´ tá com medo de ser despedido. -Ainda mais naquela empresa... -Comigo. Acho que não terei problema. - Eu vou ter que me acostumar. Passa uma semana. -Mulher, eu disse pro patrão que é uma doença. Não sei se ele engoliu. -E você já se acostumou? Vai ter que aceitar. Será assim até o fim. Eu até ´tou gostando.

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onde mata a sede

Mulher e Mãe Poesia

de seu ser criado Por Regina Mércia Sene Soares

por ela vendo nós crescermos como uma rosa criança

É como uma poesia

a desabrochar no jardim da vida.

que define uma figura Ela é como o fogo fogo esse que transfigura marca o tempo e o espaço para nunca ser esquecida Mãe é plenitude onde suas raízes

PARTICIPE DE NOSSA EDIÇÃO DE SETEMBRO!

vem de uma imagem que existe na ressurreição Mãe da a vida

VAMOS FALAR DE AMOR, DO AMOR EM TODAS

e acredita que tudo é fluxo do Criador com suas obras magníficas somando sua plenitude

AS SUAS FORMAS! VAMOS FALAR DO AMOR

Mãe propicia o sentir o desabrochar de um delicado

DOS SERES HUMANOS DO AMOR

poema que faz parte da eternidade onde

PELOS ANIMAIS

gera o amor e a feição

DO AMOR Mãe é a mutação eterna

PELO PLANETA!

que um dia esperemos alcançar como a melhor definição da estrela amiga desapontando no céu azul da vida Mãe parece um sonho

Envie seus textos até 25 de julho para varaldobrasil@gmail.com

sem ansiedade e passos leves sempre amiga como uma água cristalina do riacho

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mas feliz, muito feliz.

A CAIXA

De noite faziam fogueira assando salsinhas e contando histórias, sem deixar de limpar tudo na saída, afinal eles eram uma família ecologicamente corPor Rô Mierling reta. Em dado momento, chegou a hora de voltarem. A mãe começa a recolher as coisas, o trajeto de volta será o mesmo: barco, trem, ônibus e avião. Precisam Eles foram viajar. Adoravam viajar, trabalha- empacotar tudo e arrumar as malas. vam praticamente só para isso. A mãe, o pai e o filho A mãe olha para o pai e vê que ele está preode sete anos. Uma família feliz e realizada. Com cupado, o filho também nota. muitos planos e ideias, escolheram uma ilha afastada A mãe pergunta: para passar o carnaval. A mãe, sempre previdente, sugeriu que saíssem de casa na quarta-feira de cinzas - Amor, o que houve? quando todos já estariam voltando, deixando de pe- Nada – ele diz. gar o tumulto tradicional do carnaval. Como pai e mãe eram autônomos, foi possível seguir a sugestão de mãe e na quarta-feira de cincas estavam todos prontos para seguir até a tal ilha. Não seria fácil, pois moravam no interior do Estado, mas tudo vale a pena quando é para viajar e se aventurar. Primeiro pegaram um ônibus com duas horas do trajeto até a capital do Estado. Depois um táxi até o aeroporto, malas, equipamento de fotografia, de pesca, uma verdadeira tralha familiar. Embarcam no voo até a capital do outro Estado onde ficava a tal ilha. Chegando ao aeroporto de destino pegam um táxi até a rodoviária, mais um ônibus de uma hora, descem numa ferrovia, pegam um trem que atravessa uma serra linda, mais duas horas de trajeto. Chegam à estação final, pegam um táxi e vão para o píer de onde saem os barcos para a tal ilha. Está mais perto do que nunca, todos empolgados, cansados, mas felizes, ficarão na ilha de quarta-feira até a segundafeira seguinte, valerá a pena.

- Conta logo papai, sabemos que está preocupado - diz o filho. - É que eu peguei umas mudas de orquídeas em algumas árvores para levar para meu orquidário – diz o pai meio sem jeito. - E qual o problema? Sendo pequenas mudas não tem problema, eu acho – diz a mãe. - É que não sei onde levá-las, afinal vamos passar pela revista no aeroporto e pode dar problema – diz o pai. - Que nada amor, se são mudinhas, coloca na bolsa entre as roupas e pronto. - Amor, acho que não dá – insiste o pai. - Por quê? – pergunta o filho.

O pai então abre uma sacola de mercado daquelas grandes e mostra mais de quinze mudas de orquídeas diferentes, todas silvestres, formando uma Chegam à ilha. A cabana que reservaram fica pequena montanha de verde que dificilmente seria do outro lado da ilha que não tem estradas nem car- fácil de esconder. Todos olham espantados para as ros, só picadas abertas no mato. Contratam um rapaz plantas em cima da cama e a mãe diz: para ajudar a carregar as tralhas. Tudo certo! Eles -É melhor deixar ai. chegam à cabana, uma graça, tudo arrumado, meio mato meio mar. Foram dias maravilhosos, ninguém - Não, vou levar de qualquer jeito, deu o maimais na praia, as cabanas vizinhas todas vazias, o or trabalho para subir nas arvores e tirar – diz o pai. plano da mãe de chegar no fim do carnaval deu cer“Nada ecológico isso”, pensa o filho, mas to, tinham a ilha praticamente só para eles. O pai, biólogo e amante das orquídeas e dos bichos, corria diante do momento tenso, prefere nada falar. atrás de cobras, lagartos e flores, fotografando tudo. A mãe, com muitos livros, lia muito, observava os (Segue) barcos no oceano, chegando e saindo em um porto próximo. O filho já corria pelado pela praia, assado entre as pernas de tanto rolar na areia e pegar sol, www.varaldobrasil.com

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- Eu tive uma ideia pai – diz o menino. - Qual? – pergunta o pai. Coloca tudo numa caixa de papelão e deixa que eu levo, vou fazer uma plaquinha, colar na caixa e embarcamos a caixa normalmente no avião. A mãe, já com mil coisas para arrumar, deu o assunto como resolvido, virou as costas e continuou fazendo as malas. O pai, indeciso, pensou: “vou mesmo por as mudas numa caixa de papelão e no embarque do aeroporto eu me viro”. Tudo pronto! Começaram o regresso e depois de todos os trajetos, chegaram ao aeroporto e até o momento do embarque a caixa de mudas (mudas essas que a princípio nunca deveriam ter saído da ilha por serem consideradas nativas e raras) passou despercebida e com várias coisas para se preocuparem não haviam falado mais no assunto.

Venha par3cipar de um dos mais badalados eventos culturais da Europa, o maior evento literário suíço! De 29 de abril a 3 de maio De 2015

Chega o momento de despachar as malas, o pai então se lembra da caixa de mudas, a mãe fica tensa, a moça despachante de malas pergunta:

Você pode par3cipar de duas maneiras:

- A caixa vai embaixo ou em cima no avião? Momento tenso. Um fiscal do aeroporto passeia por perto. - E então senhor? A caixa vai ao porão ou vai como bagagem de mão? O pai pensa: “Estou ferrado, se a caixa for ao porão vai amassar tudo, se eu levar como bagagem de mão, vão passar ela no raio x e agora?”

Vindo pessoalmente, para autografar seus livros ou

O menino vendo a tensão do momento grita (criança sempre grita):

Enviando seus livros e nós representamos você!

- Não se preocupe pai, lembra que eu disse que faria uma placa para colocar na caixa para ninguém destruir ou amassar as mudas?

Informações:

- Lembro meu filho.

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- Então, eu fiz a placa, me deixa colocar na caixa, só um minuto moça - diz o menino para o pai e para a moça da companhia aérea. Nesse momento, muitos passantes e fiscais do aeroporto já param para ver o que está havendo. O menino tira então do bolso uma placa de papel, pega uma fita adesiva no balcão da empresa aérea e cola na caixa a tal placa com os seguintes dizeres: “FRAGIL! CUIDADO! PLANTAS ROUBADAS E DELICADAS!” www.varaldobrasil.com

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Amigos que “entram no jogo” Por Rogério Araújo (Rofa)

O Brasil sempre para em período de Copa do Mundo, embora a nossa seleção muitas vezes deixe a desejar com sua atuação. Fiquei pensando sobre o Dia da Amizade, que é comemorado no dia 20 de julho, e percebi o quanto um amigo tem muito a ver com o futebol, como disse um e-mail que recebi muito interessante sobre esse tema que adaptei para esta crônica. Todos desejam que a vida seja como uma partida; deste que é o esporte mais popular do Brasil, com craques bem conhecidos como Pelé, Garrincha, Ronadinho, Kaká, Neymar, dentre outros. E como precisamos driblar todas as tristezas e matar no peito todas as angústias para ter uma vida mais alegre no dia a dia. Precisamos mostrar cartão amarelo para a mentira e a falsidade e mostrar cartão vermelho, com coragem, para os nossos medos. Que possamos mandar pra lateral pessoas que são falsas. E se alguém sofrer uma derrota, que esta sirva de lição, sem deixar revolta. Que possamos chutar para escanteio as más amizades e não cometer nenhuma falta com os adversários ou amigos. É mais que necessário fazer belíssimos gols, conquistar e comemorar verdadeiras e leais amizades. E quem “joga bem”, pode realizar-se e ser um(a) verdadeiro(a) campe (ã)o na vida! Mas, torna-se fundamental fazer lindas jogadas de paz e amor e comemorar muito. Os verdadeiros e leais amigos, com certeza, estarão na arquibancada, aplaudindo muito! Certamente que eu e você estamos na plateia da vida, torcendo para que nossos amigos e amigas façam belíssimos gols e vençam sempre em sua vida! E, é claro, esperando dos que dispõem de nossa amizade também ajam desta forma. No entanto, nada disso terá valor se não pedirmos orientações de DEUS, que é nosso técnico para o jogo da vida, sempre ao nosso lado, para que saibamos as “melhores táticas” desta partida terrena antes que ela termine.

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LITERATURA & ARTE

LUIZ CARLOS AMORIM

AUTORIA E COAUTORIA Já escrevi várias vezes sobre plágio, mas de vez em quando aparece algum fato que traz o assunto novamente à tona. Todos sabemos – ou deveríamos saber – que “arrumar” ou “melhorar” o texto dos outros não existe. Não podemos modificar em nada um texto de ninguém, a não ser de nós mesmos. Se eu for editor e achar que o texto que o autor me entregou para publicar na nossa revista, por exemplo, não é bom, eu peço outro. Ou, quem sabe, peço para o autor reescrever, se tiver intimidade para isso. Não vou adaptar, acrescentar ou cortar trechos para melhorar, pois estarei adulterando uma obra que não é minha. E isso é plágio. Se alguém altera um texto de outra pessoa, esse alguém está se transformando em coautor daquele texto, o que significa que a outra pessoa não é mais a única autora. O referido texto não tem mais apenas um autor, tem dois. Se os dois passarem a assinar o texto, ótimo. Mas não é isso que acontece. Há quem altere o texto da gente, quer publicar o texto adulterado e quer que a gente assuma sozinho o resultado. Isso é crime. Isso me volta à cabeça porque fui convidado para participar de uma pequena antologia que seria publicada em alguns outros idiomas, além do português. Havia um assunto específico e mandei um poema meu que talvez se encaixasse no tema. A editora achou que precisava de uns ajustes, que se suprimíssemos alguns versos ele ficaria perfeito. Aceitei, ela me enviou a nova versão e, como apenas tivessem saído

algumas linhas, sem que quebrasse demais o sentido, eu aprovei. No entanto, quando a editora me enviou o poema “editado”, como ela mesma disse, com a tradução para o inglês, eu me apavorei. Havia modificações no poema em português que eu não havia aprovado, a tradução para o inglês estava um desastre: trechos incompreensíveis, trechos com palavras que não traduziam o que estava no poema, etc. E eu me reportei dizendo o que não aceitava na “adaptação” do poema original em português e explicando o porquê. Ela me retornou dizendo que preferia do jeito que havia ficado, que ela achava que estava “maravilhoso” assim. Eu então pedi para sair da antologia, já que eu não podia opinar sobre modificações no meu próprio poema. Ela insistiu para eu continuar, pediu desculpas e eu propus começarmos tudo de novo Mandei a minha versão do poema, mandei uma outra tradução feita por pessoa que fala fluentemente o inglês e também é poeta. A editora agradeceu e eu achei que estava tudo bem. Dias depois recebi a “edição” final, com o original e a tradução para eu aprovar. Só que a tradução estava diferente do que eu havia mandado. Palavras que foram usadas para manter o ritmo foram substituídas por outras que não eram a exata tradução do original. O resultado, afinal, não foi bom, sem contar que modificaram sem me consultar. O engraçado é que eu não concordei e a “editora” me respondeu lamentando ter que me “tirar” da antologia. (Segue)

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Mas o problema não é esse, eu já havia manifestado interesse em não participar, mesmo. Tenho todo o processo da história. O caso é que isso prova, mais uma vez, que algumas pessoas não sabem o que é “edição”, que isso não quer dizer alterar o trabalho de outros autores ao bel prazer, que só o próprio autor tem o poder de modificar a sua obra.E não há como confundir este ocorrido com revisão, que é a correção do texto sem alterá-lo. Alterar o trabalho dos outros é outra coisa, totalmente diferente. Não podemos alterar, sob hipótese alguma, um texto que não seja o nosso próprio, repito. Só quem pode modificar um texto é o próprio autor. Outra coisa: tradução de poema fica melhor se feita por tradutor que também é poeta. Sob pena de transformar o poema em prosa. Não aceite que modifiquem o seu texto. Submeta-o a leitores, para saber o que acham. Se alguns não gostarem, reescreva-o. Mas não deixe que ninguém “ajude”, “arrume”, “conserte”. Isso não existe. A história que contei parece meio absurda, mas sabemos que ela acontece. Tenho toda a série de mensagens que provam o que houve. Não deixe que ela aconteça com você. Se você tiver que escolher entre publicar um texto seu adulterado, prefira não publicar. De que adianta publicar uma coisa que não espelha a sua criação, o seu estilo?

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LUPA CULTURAL Por Rogério Araújo (Rofa) O escritor e seu reconhecimento

Depende de quem os leia”, disse Daniel Piza (1970-), jornalista e escritor paulista (do livro “Dicas da Dad, de Dad Squarisi”). Esta frase

No dia 25 de julho no Brasil é comemo- coloca toda a “responsabilidade” para o leitor. rado o Dia Nacional do Escritor. E qual a sua Este que deve ler, refletir e assimilar ou não o importância e como ser “reconhecido” no mer- que leu e decodificar sendo bom ou ruim para cado e, principalmente, pelos leitores? sua vida. Isso que é um “leitor ideal” para todo Quando alguém descobre que tem esse autor. dom maravilhoso de conseguir colocar no papel ou na tela de um computador as palavras inspiradas que tem sobre uma verdadeira gama de gêneros e temas mais variados possíveis, é possível extravasar o que está por dentro afligindo e incomodando. Seja um cronista que observa tudo ao seu redor; seja um contista que cria as maiores fabulas ou historias ficcionais; ou mesmo os

“Escrever é não esconder nossa loucura”, disse Arnaldo Jabor (1940-), jornalista e cineasta carioca (“A Invasão das Salsichas Gigantes”). Tudo porque um escritor que se preze não se contém com uma inspiração até ver escrito e desenvolvido. Caso contrário, quem fica ”louco” é o próprio autor. “O escritor não é alguém que vê coisas

poetas que usam versos melódicos ou melosos que ninguém mais vê. O que ele faz é simples– todos são escritores e tem seu valor e sem- mente iluminar com os seus olhos aquilo que pre é reconhecido de uma forma ou de outra.

todos veem em sem se dar conta disso”, disse

“A obra literária deve ser sempre melhor Rubem Alves (1933-), escritor e psicanalista do que o autor”, disse Carlos Drumonnd de An- mineiro (“O Retorno e o Terno”). É uma grande drade (1902-1987, poeta e cronista mineiro em verdade. O escritor tem um olhar aguçado que “O Avesso das Coisas”). Ele também disse na a todos passa despercebido e a ele não. Algo mesma obra que “Tudo que escrevemos não especial contido que tem a ver com o DOM que vale o que deixamos de escrever, certamente ele possui. referindo-se às ideias que borbulham na mente

“Escrevo para viver, quando gostaria de

dos escritores e que simplesmente vão embora viver para escrever”, disse Fernando Sabino como veem como um passara que voa. (1923-2004), escritor mineiro (“O Tabuleiro de “Escritores fazem bem ou fazem mal. Damas”). www.varaldobrasil.com

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Quem escreve tem uma agonia intensa este porque tem o seu próprio estilo e peculiar. de escrever o que imaginou, senão fica total-

Sendo assim, por essas e outras frases mente incomodado com isso. E pior que não é de escritores sobre a própria arte da escrita ou compreendido pela maioria das pessoas que de obras, o reconhecimento de cada autor ainda acham que é algo que não serve para acontece em sua excelência pelo leitor. Prênada e “não dá dinheiro”.

mios, títulos ou destaque na mídia nem sempre

“Para escrever bem não é preciso mui- querem dizer muita coisa. O que mais importa tas palavras, só saber como combiná-las me- é ser elogiado e ter como fã, aquele para quem lhor. Pense no xadrez”, disse Millôr Fernandes uma obra foi escrita e que não teria sentido e (1924-), escritor e humorista carioca (“Millôr existência de um escritor: o LEITOR. Definitivo: A Bíblia do Caos”). E não é verdade?

Um forte abraço do Rofa!

Um jogo de palavras do escritor para que o leitor decifre esse “jogo” e os dois consigam junto saírem vencedores: quem escreveu e quem lê. * Escritor, jornalista, autor do livro “Mídia, bên“Quando alguém pergunta a um autor o ção ou maldição?” (Quártica Premium, 2011), colunista do “Jornal Sem Fronteiras”; participaque este quis dizer, é porque um dos dois é ções em diversas antologias no Brasil e exteriburro”, disse Mário Quintana (1906-1994), poe- or; vencedor de prêmios literários e culturais; membro de várias academias literárias brasileita gaúcho (“Caderno H”). Frase bem humorada, ras e mundiais; menção honrosa no Prêmio Vamas uma realidade. Às vezes um pequeno e ral do Brasil de Literatura, com a crônica “O amor... é cego, surdo e mudo?!”. simples texto emociona e dá de dez em outros O que achou da coluna “Lupa Cultural” e deste elaborados e feitos para impressionar. Nem texto? Contato: rofa.escritor@gmail.com sempre os melhores estão naqueles que usam palavras difíceis, mas em quem sabe chegar ao leitor de forma certeira e ser acima de tudo bem compreendido. “Não há ninguém que abomine mais um autor do que outro autor. Um autor só é solidário com outro no velório do concorrente”, disse Nelson Rodrigues (1912-1980), dramaturgo e jornalista pernambucano (“Flor da Obsessão”). Aqui, o grande cronista brasileiro ironiza a inveja e ciúme entre autores pelo sucesso alheio dos colegas. O que nem teria sentido se imaginarmos que cada um tem seu público e escrita única a seu modo. Um livro de sucesso invejado pelo “colega” nunca poderá ser escrito por este que pode conseguir outros feitos, mas não

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DO TAMANHO DO BRASIL Por Marcos Rogério de Oliveira

NÃO INCUMBE NO CORAÇÃO NEM TAMPOUCO SEGURA O SER ALTO AFETO E FERVOR DIFÍCIL ENTÃO ABSORVER SOBREPUJAR ESSE AMOR AMPLO E DESMESURADO ABRANDAR , IMPOR SERENO NO PEITO NÃO CABE PRA ESSE APEGO ELE É PEQUENO SURGIU UMA PAIXÃO UM AMOR NOBRE GIGANTE ESMERALDINO , ALVO, ANIL E AMARELO DOURADO COR DE OURO DO BRASIL AFEIÇÃO CONTINENTAL UM SÓ NÃO REPRIME CONVOCO A NAÇÃO PRA DOMINAR ESSE BRAZEIRO PRA CONTER ESSE AMOR CHAMO TODO BRASILEIRO.

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O Quadro Por Ronie Von Rosa Martins

Antes de entrar ele pressentiu. Frio estranho lambendo o corpo. Arrepio bolinando a alma. Com calma. Mesmo assim entrou. Sempre entrava “mesmo assim”. E naquele dia resolveu ver. Observar. Coisas que não via. No cérebro, algo sempre tilintava. Sinal? Tinha sempre a sensação de que sua visão não era boa. De que não conseguia ver tudo. Olhava. Olhava muito. Para tudo. Traços, rostos, relevos, linhas, cores, ângulos, texturas, estilos, épocas, conceitos. Mas algo dentro dizia que alguma coisa estava errada. E ele decidiu. “Não é grande coisa,” um amigo dissera. O outro “que era mediano”. Alguns, por falta de propaganda, mídia e badalação, negaram veementemente a intenção. “Não vale a pena, o tempo, o movimento, as cores, o comentário.” Mesmo assim ele foi. E era estranho. Intrigante. O espaço em que o quadro o corpo em tinta e traço olhava. Espaço de brancura iluminista. Claridade anormal cegante-sufocante. Paredes nuas, explícitas. E no meio de todo o nada - ele. O quadro. Único. Mão e olho. Rosto sugerido, cores infringidas. Delirante pincel. Escuro e sombrio. Sombra e cor além da luz. E o olho branco. Vago. Profundo. Janela. E da mão um furo. Outro rasgo. Outra brecha. E as linhas e os cortes. Traços que separavam ou juntavam pedaços. A imagem em construção. Destruição? E então a visão. Toda. Furiosa. Facho, fluxo. O olho no olho e ambos dentro e fora. O quadro e o corpo. Simbiose. Mergulho, naufrágio no olho. Afogamento. Dança erótica e lasciva com todas as sereias recusadas por Ulisses. Todos os caminhos e dimensões sensoriais, corporais e táteis experimentadas por Alice. Valsa fantástica a bordo da nau dos loucos. Traduçãodevoração do verbo insano, do verso da não-razão. Antonin Artaud cuspindo saliva e sangue no buraco mágico dos Taraumaras. Explodindo e desorganizando-se em corpo e mente. Criação de outro mundo. Vocábulo do além gramática. Janelas e mais janelas ao suicídio do lugar comum. Do senso comum. Corpos em queda. Livres. O incêndio de todas as roupas, de todas as máscaras. Nero bondoso e fantástico e sua lira. Insanidade mortal. Fogo. Roma e Tróia. Incandescentes. Na pausa que se fez. Do olho que ao fechar-se o mundo enclausurou, rio de sal aos poucos vazou. Dor, prazer, júbilo, razão? Ninguém soube ou sabe ou saberá motivo, ideia, intenção. Mesmo assim ele levantou. E pelo olho do quadro nova direção. Da janela aberta em braços e asas saltou. Final. Ponto

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AMIZADE ANTES – AMOR DEPOIS

Ou um fora vou levar O recuo é a tentativa De a mágoa evitar

Por Rose Rocha

Vejo nos seus olhos Um mundo novo Acordo de repente e você na minha mente

Mas não posso ter certeza

Ainda beijando meus lábios no meu sonho um

Que você quer mesmo me amar

tanto quente

Se não me deixa uma pista Ou tem coragem de falar

Quem pudera seu entendimento ouvir meus pensamentos

Recuso-me em dizer que tudo

E por fim compreender todo este sentimento

Pode ser um grande equívoco

Quem pudera acreditar

É que este sentimento

Que no seu coração eu tenho um lugar

Me enche de tanta esperança

Tão claro e espaçoso como diz o seu olhar

Que faço dele o meu abrigo

Já passei daquele tempo

Penso no seu sorriso

Que o corpo em seu apogeu

E também nos seus dedos longos

Faria alguém desejar apenas ao olhar

Passando pelos cabelos bonitos

O seu bem coladinho ao meu

Como seria tocá-los Como seria beijá-lo

Sou mulher e fiquei mais velha

Apenas sinto que você na minha pele

Mas não posso negar

Tudo faria mais sentido

Que a menina dentro de mim Não me cabe duvidar

Acha a vida muito bela

Quanta paz eu sentiria O corpo é uma parte

Em seus braços no seu aconchego

Que na terra vai ficar

Muito amor eu teria e seria

Mas o que sinto por você

Transbordando de alegria

Para eternidade vou levar Você é lindo e tão carente

No seu coração estou certa de deixar A lembrança da minha alegria, do meu sorriso E do meu jeito de te amar

De alguém para lhe aquecer o corpo E o coração principalmente Pudera ser eu essa pessoa Que lhe deixasse contente

Sou intensa, mas silenciosa Não consigo enfrentar Talvez por incerteza se serei correspondida

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AS MÃOS SOBREPOSTAS DE MAMÃE

A dependência oposta será mantida

Por Rossandro Laurindo

As mãos agora invertidas

Por amor à vida que lhe concebeu a vida

As do filho sob as enrugadas, envelhecidas Bradou e um coração nasceu

Agradecidas velam o leito materno

Um pequeno rosto junto à pele de sua face

Os céus abençoam a família que permanecera no Eterno

A troca de olhares inevitável A multidão de dentes no sorriso largo de felicidade

Tratando um ao outro como um sendo o outro A recompensa é olhar-me ao espelho E enxergar fragmentos de ti em mim

A mão adulta sob a recém-nascida A junção das digitais maternas às do filho Demonstração de amor simples, mas marcante Semblante estafado devido ao esforço de conceber a vida Esforços multiplicados à medida do cuidado Do ensino no andar e falar do pequeno ser humano As mesmas mãos que tomou a criação nos braços Agora guiam as mãos do pequeno escritor nas primeiras letras As vestes são postas ao corpo minúsculo do ser Pelos dedos delicados, dedicados ao zelo O alimento doado de si mesma nutre os órgãos em desenvolvimento Dependência plena do perpétuo colo materno amável Os ouvidos da vida adolescente são aconselhados Pela sabedoria da alma feminina Inclinação em manter a curiosa alma jovem Nos caminhos da bondade e justiça Os olhos, agora maduros, observam a idade maternal avançar E o início da retribuição dos cuidados antes fornecidos

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Delírios da saudade

Por Rozelene Furtado de Lima

Palavras espalhadas no diário empoeirado Páginas escritas pelo tempo passado Abertas e lidas com emoção pela saudade Atrás da encantada e fugaz felicidade Quem sabe? Um encontro informal, não marcado Concebido na intransparência do destino Sempre esperado no delírio do sonho acordado Dar de cara com teu sorriso divino Que chega salgando e regando meu corpo por inteiro Ao som do eco da energia dos suspiros sonantes Dedilhando e compondo a canção dos meus ais Imersos no lago dos desejos, livres, sem roteiro A ilusão na tensão da lembrança constante Que vibra num tempo que ficou para trás

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DICAS DE PORTUGUÊS com Renata Carone Sborgia ... a Língua Portuguesa com sua regra??? “A confiança é um ato de fé e esta dispensa Ficou triste!!! raciocínio.” Carlos Drummond de Andrade O correto é: frente a frente—sem o acento grave Maria fez uma “micro-radiografia” na mão. Regra fácil: nunca ocorre crase nas ex...vamos torcer para que esteja tudo bem pressões formadas por palavras repetidas. o exame, assim como vamos torcer para Maria dominar a Nova Regra Ortográfica!!!

Para Você Pensar:

O correto é: microrradiografia.

Dica fácil: nas formações em que o prefixo (ou falso prefixo) termina em vogal e o segundo termo inicia-se em r ou s. Nesse caso, passa-se a duplicar essas "Amanhã fico triste, consoantes e não se emprega o hífen. Amanhã. Hoje não. Hoje fico alegre. Pedro foi ao “auto-escola” renovar a carta E todos os dias, por mais amargos que sejam, de habilitação. Eu digo: Amanhã fico triste, ...muito bem, Pedro!!! Vamos torcer para Hoje não. Para Hoje e todos os outros dias!!!" dominar a Nova Regra Ortográfica!!! Encontrado na parede de 1 dormitório de crianças do campo de extermínio nazista de Auschwitz.

O correto é: autoescola Dica fácil: nas constituições em que o prefixo( ou pseudoprefixo) termina em vogal e o segundo termo iniciase com vogal diferente—não se emprega o hífen. Ficamos “ frente à frente” e felizes!!!

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Sonhos Por Selma Antunes Menina de olhos tristes, De vestido pintado de nuvens. Por que se preocupa tanto? Deixe seus pensamentos voarem comigo, Que eu posso te levar para longe. Lá onde eu vivo, Não há tempo nem pensamentos. Nem instantes perdidos. Existe um lugar, Muito distante, Onde você pode ficar. E nele você poderá acordar. Menina que olha para o céu, Venha comigo. Escute-me, Que a noite já vem vindo. Peço que apenas pense em mim. Feche os olhos, Deixa eu te levar comigo. Que assim é mais fácil sonhar.

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Universos livres Por Sergio Eduardo Del Corso

“Livro: magias em papéis, mundos, gentes, culturas, aventuras, outrora loucuras, despertam sabedoria, despertam em grande, despertam prazer, acordar da escuridão! Woolf, Cervantes, Agatha, Assis, Tolstoy, Clarice, Verne, Goethe, Shakespeare, Raquel, Borges, Austen, Márquez, Cecília, Roberts, há muito mais no horizonte, do que se pode prever, amor, paz, tristeza, alegria, injúria, guerra, lua, sol e até a morte, desenhos de literatura, enfim, pérolas da vida! Viajar da mente, intelecto massageado, por letras de luz! Ler... ler... e ler. Criar e recriar, livre assim, ideias do oceano de criança, ser tudo em tempo único!”

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PRESERVAÇÃO DA VIDA: ENTRE O DIREITO PREVISTO NOS PROJETOS DE LEI DE UMA BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA E OS CAPÍTULOS DA NOVELA CHOCOLATE COM PIMENTA.

ão. No exercício de suas atribuições será que sou considerada uma pessoa pública? Acredito que não. E os Deputados, Senadores, Ministros de Tribunais etc. Destarte não.

Por Sidelcy Ludovico

Há alguns dias atrás, ao tentar iniciar mais um livro, me deparei com várias ilações ou porque não dizer dúvidas com relação ao tema das biografias não autorizadas.

Sabemos que há vários trabalhos das empresas de comunicações que não se enquadram em Uma Biografia Não Autorizada, mas que mesmo assim merecem menção. Caso clássico era o quadro TOLERÂNCIA ZERO, produzido e exibido pela Rede Globo de Televisão, em que o filho do ex Presidente do Tribunal de Contas da União, Ministro Iram Saraiva, Iram Saraiva Filho e sua esposa Caroline, eram satirizados.

A proposta de um Estatuto Legal das Biografias para oferecer a “Liberdade para as Biografias” com o argumento de que as vidas dos indivíduos são parte da história não é nova. A primeira idéia foi do ex Deputado e ex Ministro da Fazenda Antonio Palocci que não foi efetiva a ponto de ser aprovada. Em 2011, através do Projeto nº 393/2011, de autoria do Deputado Newton Lima, houve nova rediscussão do tema.

Outro bom exemplo é o do programa SAI DE BAIXO, exibido pela Rede Globo de Televisão, em que a Deputada Federal e empresária, Magda Moffato, interpretada por Marisa Ortz, sofre uma severa critica, haja vista que dá a entender que a mesma não entende de política tampouco de negócios. A Ministra do Supremo Tribunal Federal Carmen Lúcia da Silva Antunes também foi massacrada pela novela global Avenida Brasil, com o personagem Carminha.

A PRINCESA DO CERRADO

E afinal, de quem se poderia falar, quando as biografias seriam consideradas não autorizadas e quais as suas implicações se o trabalho fosse adaptado para o cinema ou para a televisão. E até quando discutiremos o assunto sem pensarmos em suas conseqüências? Esse assunto não é novo, mas vamos lá.

Evidente que nesses casos alguns se sentem ou são mais ou menos prejudicados em sua vida pessoal, intimidade privacidade, honra etc, mas nesses casos as concessões de televisão e rádio poderão ser cassadas, conforme prevê o art. 64, “a”, da Lei nº 4.117, de 27 de agosto de 1962, que institui o Código Quem, portanto, seriam consi- de Telecomunicações. deradas “pessoas públicas de quem se Caso de adaptações de livro poderia falar livremente”. No meu cotidi- para a televisão e que não foram bem ano interpreto vários papéis será que se- sucedidos e que não se respaldou no ria considerada uma pessoa pública a Estatuto Legal das Biografias, pois ainda ponto de ensejar Uma Biografia Não Au- não se discutia o tema, foi o da minissétorizada. rie DECADÊNCIA, onde o escritor Dias Nesses vários papéis que interpreto um Gomes tentou contar a história do especial deve ser mencionado, o exercí(Segue) cio do cargo efetivo de Advogada da Uniwww.varaldobrasil.com

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também escritor Edir Macedo, o mesmo foi interpretado pelo ator Edson Celulari. Nesse caso o direito de petição foi imediatamente e de pronto utilizado e a minissérie não pode mais ser exibida.

tião LUDOVICO da Silva se casou com minha bisavó Ana FERREIRA da Silva e tiveram dez filhos. Minha avó Luzia, nascida no dia 21 de abril, mesmo dia em que se comemora o aniversário de Brasília, a mãe de minha mãe, Cleusa LuNa novela CHOCOLATE dovico Alves Pereira, Julieta, Divina, COM PIMENTA, exibida originaria- Cristina, Maria Madalena, Cândido, mente de 08 de setembro de 2003 a 07 Enisvone, Eurípedes, Augusto e José. de maio de 2004, a Rede Globo de Televisão conta a “suposta” e “fictícia históVerifica-se que o caso supraria” de ANA CANTO E MELLO e LUDO- mencionado além de desonrar, denegrir, se apropriar de vidas de pessoas simVICO CANTO E MELLO. ples se dispõe a excluir todos os desNesse caso a bola da vez fo- cendentes de um único casal. Tal fato ram meus bisavôs e consequentemente configura-se gravíssimo para o atual eseu e toda minha família. Na primeira vez tágio da sociedade mundial, haja vista que a novela foi exibida não vi, na se- que na versão “fictícia” de CHOCOLATE gunda não entendi e adoeci e na tercei- COM PIMENTA, ANA CANTO E MELLO ra já tinha retificado o meu nome para teve um único filho, e que não foi com incluir o apelido de família LUDOVICO e LUDOVICO CANTO E MELLO, e por isacionar a Rede Globo de Televisão e so todos os seus descendentes não seus proprietários na justiça. Por incrível existem e nem existiriam assim como que pareça a novela ainda foi passada sua bisneta e ora escritora. em Portugal. Mais porque Portugal? Já Para acabar de piorar a situajá explico. ção fui checar a minha arvore genealógiEsse trabalho me prejudicou e ca que, diga-se de passagem, ainda não me prejudica até hoje a ponto de me fez está completa, para ver a necessidade perder uma vaga para ser Ministra do de um grande conglomerado de comuniTribunal Superior Militar e que também a cação fazer o trabalho que fez. E chemeu ver enseja a cassação da emissora guei à Família Imperial Portuguesa no de televisão. Isto porque põe em xeque Brasil. a reputação de minha bisavó, de meu Isso mesmo pasme. Descobri bisavô e minha reputação ilibada. que a história do Brasil estava mal contada mesmo desde o começo e que a Marquesa de Santos, Domitila de Castro No trabalho exibido os proprieCanto e Mello, era a sétima esposa de tários do conglomerado imputam a miD. Pedro I e com ele teve quatro filhos. nha bisavó Ana Ferreira, ANA CANTO E Sua filha mais velha, Isabel Maria de AlMELLO, interpretada por Mariana Ximecântara Brasileiro e Bragança, a Duquenes, um filho fora do casamento com o sa de Goiás, por sua vez teve também seu namorado. Posteriormente, ela se quatro filhos. Seu filho Fernando Fischcasa com o meu bisavô Sebastião Ludoler se casou com a condessa Isabel Mavico, LUDOVICO CANTO E MELLO, fica ria Ludovico Francisco Xavier Fischler com toda a sua fortuna e também viúva Von Treuberg, advindo daí a Família Lue se casa com o namorado o pai de seu dovico. filho. (Segue) Ocorre que meu bisavô Sebaswww.varaldobrasil.com

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Entrementes, mesmo com tudo isso não acredito que a melhor forma de resolver o conflito seria o uso da censura e por isso expus o problema ao Primeiro Ministro de Portugal, a Comunidade Comum Europeia, a Organização das Nações Unidas e a Corte Interamericana de Direitos Humanos para que houvesse a criação da Organização Mundial das Comunicações um fórum ideal para se discutir assuntos dessa envergadura. Enfim, será que ainda ouviremos falar ou discutiremos o Estatuto Legal das Biografias? Isso somente o futuro nos dirá.

1 A minissérie Decadência foi exibida entre 05 de setembro de 1995 a 22 de setembro de 1995, e baseada no romance homônimo de Dias Gomes, viúvo de Janete Clair, filha de Carolina Stocco, e escrita pelo próprio Dias Gomes. 2 Chocolate com Pimenta é uma novela escrita por Walcyr Carrasco, com a colaboração de Thelma Guedes, dirigida por Jorge Fernando e exibida pela Rede Globo de Televisão, entre 8 de setembro de 2003 e 7 de maio de 2009. Foi exibida, três vezes no Brasil e uma em Portugal, e deu origem ao Inquérito nº 0003837, processo nº 995749371.2014.1.00.0000, em curso no Supremo Tribunal Federal. 3 A reputação ilibada é uma reputação qualificada, ou seja, mais do que somente a própria reputação

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Felicidade Por Silvio Parise Sobre os raios de um sol caloroso num céu azul e simplesmente formoso saímos para passear nesse dia glorioso cujas aves insistiam em cantar. E, como Deus sempre tudo dá, aproveitamos esse dia maravilhoso para, juntos irmos passear dentre campos, lagos e colinas usufruindo ao máximo a beleza deste lugar. Porque na realidade sentimos a felicidade no cotidiano amavelmente nos inundar talvez, por sermos da paz e querermos sempre mais essa paixão constantemente abraçar.

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REFLEXÕES E PRÁTICAS GEOGRÁFICAS

Ricardo Santos de Almeida

“A construção de um Espaço Nacional: Proposta de

regionalização do Brasil, a partir de Regiões

novos modos de regionalização do Brasil a partir de

Geoeconômicas – onde as atividades econômi-

Regiões Geoeconômicas”

cas serão os fatos preponderantes para a divisão de áreas; Regiões segundo o Índice de Desenvolvimento Humano – que ressalta a partici-

Este ensaio foi desenvolvido como ativi- pação da maioria da população no desenvolvidade da disciplina Geografia de Alagoas minis- mento sócio-espacial de um país; não esquetrada pelo Professor José Pinto Góes Filho, na cendo as Regiões pautadas na divisão oficial Universidade Federal de Alagoas em 2011 com do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística o intuito de analisarmos a regionalização do (IBGE) – que divide o país mediante os aspecBrasil em suas gêneses e intencionalidades. tos físicos, sociais e econômicos. Para muitos, o que está descrito e analisado

A Formação Econômica e Social brasi-

abaixo pode ser considerado mais do mesmo, leira é retratada desde os tempos de colônia de porém, esta é a minha análise e como tal mere- exploração. Posteriormente é explicado como ce ser respeitada.

ocorre o processo de incentivos à plantação de

É essencial o resgate de nossos percur- commodities, tais como o cacau, a cana-desos na academia, pois percebemos que nossa açúcar, algodão, café e borracha. Sendo, asanálise segue evoluindo. Aproveito este espaço sim, cada um desses produtos incentivam um para lhes recomendar o acesso ao portal do processo singular de formação econômico sociNúcleo de Estudos Agrários e Dinâmicas Terri- al em cada recorte do Espaço Geográfico brasitoriais

(NUAGRÁRIO-IGDEMA-UFAL): leiro, para além do crescimento ou retração po-

www.nuagrario.com onde estão disponibiliza- pulacional. das as produções acadêmicas do referido nú-

A ideia central do texto, cujo é destacada

cleo, bem como artigos e notícias sobre o es- pelo seguinte questionamento: Como ocorre o paço agrícola e agrário brasileiro e mundial.

processo de regionalização brasileira?

O texto “A Construção de um Espaço Nacional” propõe repensarmos os modos de www.varaldobrasil.com

(Segue) 105


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Esta é condicionada pela Formação Eco-

ênfase na atual Região Centro-Sul

nômica e Social especifica de cada lugar? Pinto

(regionalização em regiões Geoe-

Filho (2010, p. 5) ressalta essa divisão regional

conômicas) através do redirecio-

homogeneidade adotada pelo IBGE, pautadas

namento do investimento de capi-

inicialmente nos aspectos físicos e socioeconô-

tais oriundos da oligarquia cafeei-

micos e posteriormente enfatizando um estudo

ra, a primeiro momento. Ainda

mais aprofundado em regiões geoeconômicas.

neste século, começa a surgir a

Ao pontuar os fatos históricos em escala

divisão inter-regional do trabalho

processual os fatores que fomentaram o real

condicionada pelo início da diver-

desenvolvimento regional no Brasil desde os

sificação econômica, e também a

primórdios, a partir da espacialização e molecu-

atração de imigrantes nas regiões

larização da produção agrícola. Além deste de-

Sul e Sudeste brasileiro incremen-

talhe, encontra-se como base deste processo a

tando

articulação comercial inicialmente dependente

“progressista” das regiões sob o

de Portugal e Inglaterra e posteriormente a par-

pretexto de serem mão-de-obra

tir das relações de interdependência regional,

mais especializada. Contudo, es-

do Brasil já (in)dependente, ainda sob imposi-

se longo recorte espaço-temporal

ção da espacialização produtiva extremamente

firma o Brasil como tardio no pro-

agrícola e ressalta o processo de êxodo rural

cesso de industrialização;

como fator primordial na concentração de terra

a

singularidade

Entre 1930 e 1950: Durante a década de 1930 o Brasil inicia um pro-

nas mais de latifundiários: Entre 1500 e 1930: Inicio das pri-

cesso de controle da imigração.

meiras relações comerciais do

Nas regiões Sul e Sudeste as ati-

Brasil com o mundo, intermediado

vidades econômicas são diversifi-

pela metrópole Portugal. Entre os

cadas implicando na atração po-

Séculos XVI e XVIII as relações

pulacional de outras regiões brasi-

sociais se pautavam no regime

leiras, principalmente o Nordeste

escravista de trabalho, onde os

em crescente êxodo rural, servin-

escravos eram submissos aos

do como mão-de-obra na indús-

poucos membros das oligarquias

tria, comércio e serviços, uma vez

canavieira, cacaueira e cafeeira.

que os imigrantes, mesmo em

Nos

XX

condições insalubres de perma-

(basicamente entre 1888 a 1930)

nência nas fazendas, principal-

com o fim do regime escravocrata

mente as cafeeiras, conseguiram

e com o incremento de novos ca-

investir em outros setores da eco-

pitais estrangeiros há a necessi-

nomia. Há ainda neste período

dade de condicionar o Brasil a tor-

incentivos para a ocupação do

nar-se cada vez mais industrializa-

oeste brasileiro, especificamente

do. Este processo se pauta com

na década de 1940; (Segue)

Séculos

XIX

e

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Entre 1950 e 1960: O ápice das mi-

maiores empresas instaladas nas

grações internas condicionado es-

regiões Sul e Sudeste motivadas

sencialmente pelo crescimento da

por ações estatais envolvendo

indústria nas regiões Sul e Sudes-

desde incentivos fiscais, melhor

te brasileiro e a construção de

infraestrutura

Brasília, novamente absorvendo a

transporte conectando cada vez

mão-de-obra dos nordestinos. Im-

mais o país sob políticas multimo-

plementação de Superintendên-

dais, expansão da fronteira agrí-

cias Regionais de Desenvolvimen-

cola – impulsionando os comple-

to em cada região geoeconômica

xos agroindustriais, aumento dos

(Centro-Sul, Nordeste, Amazônia)

custos devido a valorização do

como tentativa de incrementar a

solo urbano nas regiões Sul-

politica econômica;

Sudeste. A migração brasileira

nos

modais

de

Entre 1960 e 1970: Ocupação de

continua associada, ainda, a fato-

pontos mais isolados da Amazô-

res econômicos, porém, realçada

nia, sob o intuito de proteger e re-

de modo sazonal, dependendo no

conhecer a fronteira, desconecta-

aumento da demanda de produ-

da das demais regiões do Brasil.

tos, prestação de serviços e a ge-

Ainda neste recorte, estão inclu-

ração de empregos no comércio.

sas a nova atração de capitais estrangeiros e mesmo em plena diAo resgatar aspectos como renda, esco-

tadura militar;

Entre 1970 e 1980: Atração popula- laridade e expectativa de vida, mensurados, cocional para os Estados Rondônia mo novos elementos para uma regionalização e Roraima condicionada pela ga- mais consistente sob utilização do ranking munrimpagem, e novamente a popula- dial do Índice de Desenvolvimento Humano, em ção nordestina é impulsionada a nível mundial em: migrar e “avançar” a ocupação no

Países de Muito Alto Desenvolvimento Humano;

cerrado amazônico; Entre 1980 e 2000: O país no início

Países de Alto Desenvolvimento Hu-

da década de 1980 condiciona-se

mano, destacando-se na 75º posi-

como um Brasil emigrante, cuja

ção, o Brasil;

parcela populacional arriscava-se de modo legal e ilegal a trabalhar em outros países favorecidos pela difusão do meio técnico-científico-

Países de Médio Desenvolvimento Humano; e Países de Baixo Desenvolvimento Humano.

informacional. Além disso, outro fator preponderante é a descen-

(Segue)

tralização da concentração das www.varaldobrasil.com

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Ao abordar a regionalização sob ênfase

multimodal; cinco regiões metro-

Geoeconômica, Pinto Filho (2010, p. 9) relacio-

politanas; está em processo de

na a diferenciação singular como um dos condi-

descentralização econômica e re-

cionantes para a criação de novos Estados bra-

pulsa populacional;

sileiros pautados em diferentes interesses e ideologias, bem como a proposta miltoniana

Região Nordeste: Possui 30% da

que surge a partir da teoria e método sobre o

população brasileira; está em pro-

meio técnico-científico-informacional desenvol-

cesso de desenvolvimento condi-

vendo junto a Maria Laura Silveira (ver figura 1)

cionado a partir de incentivos fis-

uma proposta de regionalização. Enquanto Re-

cais e instalação de empresas e

giões Geoeconômicas o autor as destaca anali-

indústrias (especialmente a de

sando via fluxograma a População Economica-

bens intermediários) antes instala-

mente Ativa (PEA) e a distribuição de renda no

das na Região Centro-Sul e eleva-

Brasil com base em dados de 2001 do IBGE:

do refluxo populacional.

Região Centro-Sul: Possui 60% da população brasileira; está localiza-

Região Amazônica: Mesmo não

do próximo a países que junto ao

constando no texto, deduz-se que

Brasil formam o bloco econômico

a possui 10% da população brasi-

Mercado

Sul

leira ; recebeu incen5vos estatais

(MERCOSUL); possui maior inte-

para desenvolver-se, em especial no

gração inter-regional pautada nos

final da década de 1960, com a

Comum

do

complexos agroindustriais favore-

(Segue)

cendo uma politica multimodal e www.varaldobrasil.com

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instalação da Zona Franca de Manaus como tentativa de ampliar o mercado de trabalho, não sendo cobrados nesta, impostos sobre importação de produtos estrangeiros; e ainda há como estratégia principal a defesa das fronteiras através da atração populacional.

Pinto Filho (2010, p. 10) encerra sua análise a partir do entendimento sobre a nova configuração do processo migratório no Brasil, caracterizado essencialmente através das migrações pendulares (envolvendo a relação capital e trabalho – onde os habitantes de uma cidade se deslocam da periferia ao centro e do centro para a periferia), e transumância (onde, em geral, trabalhadores sazonalmente mediante a produção agrícola ou aumento na demanda de serviços e comércio aumentam, deslocam-se para áreas distantes de sua origem, retornando no fim de um período).

REFERÊNCIAS GEOGRAFALANDO. Espaço Geográfico Brasileiro: Regionalização. Disponível em: <http:// geografalando.blogspot.com.br/2013/04/espaco-geografico-brasileiro.html>. Acesso em; 10 dez. 2013. GÓES FILHO, José Pinto. A Construção de um Espaço Nacional. In.: Geografia. 11 p. 2011.

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Ode a Poesia Por Sonia Nogueira

Sempre que te vejo belo, ó luar! Vivo uma saudade, nasce à poesia, O pensamento vem se despojar Nas auras da emoção que principia Na letra, no rabisco, emoldurando Um verso, outro segue, outro vem, A força da palavra vai singrando Navega versos livres aqui, além. Cada poeta revelando um talento, Como mãe gerando filho em série, No modernismo ou clássico, alento, Não importa, a poesia é mistério. O mesmo sentimento de saudade É o mesmo que grita na despedida, Revela no amor com tal verdade Que versa no leitor crença bendita. Em cada estilo, o canto é melodia, No desagrado em nada se detém, Em alguns olhares é beleza e irradia, Nada importa se o poema é refém. Às vezes não sei quem sou, nem sei, Mas de ti, sei que sou carente terna, Poeta e andarilho, eu sempre serei, Prostrada em santuário ou caverna.

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Um Átimo em Outro Tempo e Espaço Por Tânia Barros

Naquele instante percebi com toda clareza da consciência a existência de dimensões diferentes daquela na qual eu estava respirando. Estava dentro do táxi que avançava numa das principais avenidas da cidade e o trânsito era engarrafado. A via era de mão única e o sol que se punha às costas dos que ali se encontravam em seus veículos além de superaquecer as inquietudes iluminava aquele adiante que parecia inatingível quase inalterado. Naquele átimo no qual sucedera a coisa tudo parecia não estar convergindo para um só ponto apenas como se desejava. Pareceu-me que ao fim daquela reta, qualquer rota poderia ser tomada por cada cidadão. Naquele momento havia somente a aparência da coisa linear da vida. Somente aparência, sim. O céu pincelado de azul e branco lembrava-me uma tela envelhecida ao fundo da ilusória concretude daquela cidade. Veio-me então uma sutil sensação de um saber que antes só fora aventado na minha imaginação quando lia a respeito de mundos paralelos ou quando com eles sonhava. Lá estava, pois, o céu e tudo mais ao redor: pessoas, carros, calçadas, lojas, poeira, buzinas, vitrines, semáforos, e até o silencioso motorista do táxi que me conduzia. Tudo e todos lembravam irrealidades junto as quais eu participava mas consciente de sua relatividade, ou pelo menos de que não éramos exatamente os mesmos naquele agora. Eu estampava uma fisionomia grave, mas paradoxalmente minha alma estava tranquila. Na luz do entardecer desta segunda-feira, com o trânsito pleno, fui capaz de entrever outra configuração do real, e nem mesmo pensava em tal possibilidade àquela hora. Apenas estava a fazer o percurso do centro até minha casa. Estava calada. Cansada. E foi quando a coisa se deu. Percebi a transparência entre uma e outra dimensão, talvez a fluência entre ambas. Não entendi a razão nem a causa deste singular evento exatamente àquele instante. O que mais me assombrou foi a estranha certeza de que após este fenômeno eu poderia evocá-lo quando assim desejasse. Talvez não uma certeza, mas uma leve pretensão de criança curiosa ao perceber aquilo que poderia representar um desafio verdadeiramente interessante. Estaria sendo abençoada com uma espécie de Iluminação, abertura de chacras ou portais? Poderia ser qualquer sinal a todo meu lento processo de perguntas, buscas às demandas da alma? Perguntava a mim mesma. Enfim, eram os mistérios que marcavam parte substancial da minha existência. Senti-me superando um certo qual peso visceral naquele instante. Refletindo sobre isto fui tomada por um temor próprio de quem aprende ainda a caminhar. As coisas não eram apenas o que pareciam ser. Mais que nunca agora eu sabia.

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tripudiando, mordiscando aquelas tetas que são li-

Casa de Cortázar

vres, autônomas, se manifestam e sentem prazer sem o resto de Andy; aquelas tetas têm seus próprios segredos, são dois melões honestos e servidos em por-

Por Teodoro Balaven

ções generosas. Já estou indo - grito do banheiro. Culpa. Percebo. “¿ ahora, que importale ? mucho tiempo ya. Afinal: Manu. el que para salsicha nace, del cielo le cae la lata.”

Resolveu que viajaríamos para Cuba. Não sei onde

Gregório e Ariel depois de uns tragos de run na va- estava com a cabeça quando aceitei. Cuba? Porra randa Manu, todo mundo vai para Paris, Veneza, Rio Grande do Norte e essas coisas. Você quer ir para Cuba? Para Varadero? Não? Tiene ganas! Tiene ganas! Tiene ganas! Havana? Ah, não fode Manu. Havana? Tinha mais Vidro e alumínio da janelica do banheiro não impediram os gritos de Ariel inundar a pequena e alugada suíte. “Por Zeus; o que esse cubano está fazendo agora?”. Motivos da viagem: receber prêmio por livro que escrevi de encomenda. Calle da Amargura. Número 268. Habitacion 4. Havana Vieja, por favor.

essa! Manu sempre que viajava não fodia. Na Argentina me senti estuprador: sexto dia sem sexo não pensei duas vezes, ela saiu do banho, peguei sua cintura por trás, encostada no beliche. Gozei. Manu dormiu. Sexo só uma semana depois. Na volta. Tudo bem. Quem nunca quis ser Che?

Sento no taxi. Acendo um cigarro. É isto que gosto em Cuba; podemos fumar em qualquer lugar. Sem-

Tiene ganas! Ay que ganas! Mira!

pre que chego a Havana lembro de Moliere e seu Não é uma culpa qualquer e nem culpa por ser um Don Juan: ‘quem vive sem tabaco não merece vi- homem de 37 anos que se masturba diariamente. É ver’. Saio do Aeroporto Jose Marti e até a casa onde uma culpa brega, sem sofisticações. Horácio é o estou hospedado o caminho foi Manu. Parece que pássaro que Ariel mantém na gaiola de madeira e todas as coisas já haviam sido. Por que aceitei este arames velhos. Ariel arquitetou aquela gaiola. Como prêmio? Falta de decência dos organizadores, esco- quase tudo por aqui. Como quase todos os cubanos. lhendo a mim, em um país que tem Andre Sant’An- A gaiola fica no corredor curto que traz da sala e na. Tremendo erro. Sinto o cheiro da comida. Cerdo, quarto e entrada da casa, para os quartos dos fundos mouros y cristianos, refresco de abacaxi e com sorte e a cozinha. La Ventilada; assim Ariel e Carmem uma salada de abacate. Refeição completa. Banquete chamam sua habitacion. Cubanos de Camagüey. restrito por aqui. Pelo menos para a maioria, acostu- Ariel trouxe Horácio de sua cidade. De ônibus. O mada em abandonar o rigor. Exageros só para turis- bicho quase morreu durante a viagem. Faz 15 dias tas. Como eu. Não me abato com os gritos. Impossí- Ariel alimenta Horácio com ajuda de uma seringa. vel pôr termo a minha masturbação ritualística. Ja- Horácio voltou a comer e os gritos de festejo de Arimais tive coito interrompido com Andy San Dimas; el não saem de minha cabeça. Horácio parece um não abro mão. Andy não tem as tetas mais gostosas. Uirapuru, mas não canta. Andy é a teta mais gostosa. Estou no meio daquelas tetas: chupando, lambendo, esfregando, açoitando,

(Segue)

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Carmem passa em frente à minha porta com alguns Ficamos hospedados em Havana Vieja. Manu era pratos e grita com divertimento cúmplice: “No grite dançarina e artista plástica. Isto basta para fazer de demasiado Arieeeel, Gregório etá decansaaaan- qualquer pessoa um ser supremo. Ela queria o palco. dooooo.”.

Queria ser famosa. E quem não iria querer? Eu? An-

Manu.

damos por toda a cidade nos intervalos de suas apresentações. Manu era aclamada por onde passava. Eu

Era o arquétipo da mulher selvagem mitológica só que contemporânea. Ela era uma coleção de adjetivos e formas deliciosas de mulher. Com Manu eu amei sem reservas. Este foi o ponto. Depois de certa idade não é prudente fazer isto. É como comer torresmo: com o tempo vai pesando e passa a ser estripulia gastronômica. Nós nunca tivemos nenhum nú-

era ‘o cara do lado da Manu’. Ou era coisa da minha cabeça. Manu deixava qualquer pessoa assim. Havana Vieja, parte mais antiga da cidade, parecia um tabuleiro, um labirinto quadrado com suas ruas perpendiculares, entrecortadas, suas casas e prédios baixos em ruínas, sofridos de tempo e mar e miséria e resiliência e beleza e cores e cheiros e sons.

mero especial, nenhum recorde. Diferente de Luisa. Ah, Luisa. Doze orgasmos na mesma trepada e ela Tiene ganas! Sigue com ganas! Venga! só não teve mais porque eu não consegui me contro- Carmem. Querida. Não vou jantar. Perdi a fome. lar. Desculpa/me. Vou tomar um trago. Calle Amargura até o fim sentido ao mar. Esquerda na Calle Oficios.

Tiene ganas! No para! Estou sentindo culpa por ter perdido a paciência. Por ter mandado tudo a merda. Reajustei o lápis para

Direita na Calle Obispo. 21h – a la hora del cañonazo. Havana Vieja e

deixar de escrever com as tendências – sem violên- suas ruas ainda estão cheias de toda sorte de turistas cia, sem palavrões e com a merda da felicidade e comprando bugigangas do Che. O argentino virou coisa e tal – dai escrevi contos profundos; perdi o uma espécie de MacDonalds;. vende qualquer coisa. emprego. Escrevi um romance profundo; perdi o edi- “Queremos capital, não capitalismo” – disse uma tor. Outro romance profundo e perdi o resto; inclusi- velha cubana. Che para os turistas e celulares para os ve minhas aulas para a faminta classe média. Manu cubanos. A fila da CubaCel serpenteia pela Calle não gostou. Agora sou cult. Gastei meus últimos di- San Ignacio. Pequeno luxo. Devidamente controlanheiros com esta viagem para Cuba. Intelectual. do. Preciso de um trago. Na Plaza de Armas ainda Marginal. Frustrado. O que eu mais gosto agora em encontro uma banca montada, o vendedor com desHavana? O que eu mais gosto é ver as conversas nas crença me oferece a única biografia escrita e autoriportas das casas e poder caminhar pelas ruas sem zada de Camilo Cienfuegos. Preciso de um trago. medo de ser o protagonista de um latrocínio. Aqui se Entro em El Floredita. Cinco Daiquiris. Clássico. Eu pode caminhar. Caminhar e pensar são as coisas que sou da opinião de que turista deve fazer coisas típifaço por aqui enquanto espero o Prêmio Sotomoma- cas: ser enganado, usar pochete, tirar muitas fotos, yor de Literatura Latino Americana. Jogar dominó e etc., é uma ótima chance para sermos ridículos livreassistir novela também faz parte da minha programa- mente; bancar o nativo é ridículo. Como prova irreção indecisa. Com Ariel. Dominó. Com Carmem. futável da teoria recebo de um russo uma máquina fotográfica, que sem constrangimento, pula no pesNovela. Manu.

coço fosco-metálico de Hemingway. (Segue)

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A escultura do Nobel estava lá o tempo todo, sorri- fundido com o mar. Estou bêbado. Um negro alto, dente. “Ei, o que acha Mr. Hemingway? Fotos com forte, brilhando de suor, de calça jeans e camiseta turistas, hã?”. Me lembro de ‘Meia noite em Paris’, regata branca se aproxima: “Ei compadre, que prolembro/me do pronome no lugar certo e que se o ro- curas? Que quieres?”. Pronto. Cá estou eu embriagateiro fosse meu morreria em um ménage com Mar- do, culpado e promíscuo, acompanhando o cubano guerite Duras e Clarice Lispector. O run já mostra sem nome que prometeu. Mulheres. Música. Celeentusiasmo. Peço a conta. Procuro dinheiro nos bol- bração. sos. Não sei se eu disse ou se pensei: “Teria He-

Manu.

mingway alugado uma casa em Santa Tereza no Rio de Janeiro e o Nobel seria brasileiro”. Digo não sei porque o que lembro mesmo é de ter passado pela porta giratória sem usar os pés. Cai. Desconhecido.

A festa havia avançado para a hora mais escura da noite. Eu estava exausto. Procurei Manu. Queria ir embora. “Ei amigo, viu Manu?” Na cozinha. Apartamento enorme do embaixador filho da puta. “Ei ami-

Calçada.

ga, viu Manu, a dançarina brasileira?”. Na varanda. Manu.

Porra. Todo mundo trincado de cocaína. Salsa co-

Premiada no Gran Teatro. Luzes. Aplausos. Manu mendo solta. Não aguentava mais ouvir ‘Hasta Siconquistou todos os jurados. E claro, muito filho da empre’. Maconha. Run. Salsa. Maconha. Run. Salsa. puta quis comer Manu. Eu fodido. Fim de apresenta- Maconha. Cocaína. Freud. Maconha. Run. Salsa. ção. Fim de premiação. Festa de comemoração no Maconha. Run. Salsa. Maconha. Cocaína. Tcheckov. apartamento do embaixador português. Todos convi- Maconha. Run. Salsa. Maconha. Run. Salsa. Macodados. Festa com muitos artistas é uma bosta. Um nha. Cocaína. Porra Manu. Maconha. Run. Salsa. monte de ‘eu’ perambulando. Todos inteligentíssi- Maconha. Run. Salsa. Maconha. Cocaína. Fui para o mos. Nietzsche. Lacan. Jung. Simone de Beauvoir. banheiro. Maconha. Run. Salsa. Maconha. Run. SalGothe. Beckett. Guggenheim. Hemingway foi ou sa. Maconha. Cocaína. Precisava mijar. Maconha. não foi um grande escritor? Disseram que ele escre- Run. Salsa. Maconha. Run. Salsa. Maconha. Cocaívia todos os dias. Pro

na. Banheiro lotado. Maconha. Run. Salsa. Maco-

caralho o Hemingway. Eu sempre passei mais tempo nha. Run. Salsa. Maconha. fugindo de escrever do que escrevendo. Escrever era Cocaína. Procurei outro banheiro. Maconha. Run. só preguiça. Sai. Fui andar pelo Malecon. Salsa. Maconha. Run. Salsa. Maconha. Cocaína. Nos fundos. Maconha. Run. Salsa. Maconha. Run. Salsa.

Tiene ganas. Si. Não existe nada mais cubano – até para um turista – do que caminhar pelo Malecon. Havana é uma mulher. De lado para o mar. As pernas. As pernas das cubanas é o que mais me encanta. Essas mulheres parecem saber pedir. Sabem cruzar as pernas. Deve ser impossível dizer ‘não’ para uma mulher cubana.

Maconha. Cocaína. Empurrei devagar a porta. Maconha. Run. Salsa. Maconha. Run. Salsa. Maconha. Cocaína. Escutei Manu. Maconha. Run. Salsa. Maconha. Run. Salsa. Maconha. Cocaína. Tienes Gana! Venga. Sigue. Tiene ganas. Si. Ay papito! Enfia esse pau gostoso! Ay que gana, sigue!

Passo em outra bodega. Tomo mais quatro doses de run añejo dos bons. Acendo um cigarro. Os muros do Malecon segurando o mar do caribe. O céu con-

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Entrei.

“Desesperado por meter manos a la obra?!, huuum,

We are here friend. Pronto compadre. Relax and despachado!, tienes gana!, Ay papito! Vamos al enjoy it. Relájese y disfrute O negro tem um inglês punto caramelo!” de sotaque eslavo. Welcome to night club Home of “¿Como te llamas?” the Cortázar. Bienvenido al Club Nocturno Casa de

“¿ Manu?”

Cortázar. Search no more. No busque más. Here are the best girls from Havana. Aquí están las mejores mujeres de la Habana. Here is the paradise of the caribe. Aquí es el paraíso del Caribe. Y ahora bye, bye. Adiós cumpadre. O luminoso de neon lilás e azul, na parede do balcão, pisca preguiçoso o que julgo ser a frase: ‘Fora de seu tempo’. A recepção

Em novembro estaremos comemorando 5 anos de

suave da mulata de quadril petulante parece ignorar o bolero “Desengano Cruel” de Benny Moré que toca no velho jukebox.

VARAL DO BRASIL!

“Buenas noches señor ¿Qué es lo que más desea?” “Las pernas mais bonitas” – em um portunhol etílico. “Pois não señor, acompanha/me.”

Nossa edição de aniversário terá tema livre!

“Aqui estão elas, as pernas, señor.” Cheiro. de tabaco. De culpa. De desculpa. De dúvi-

Par3cipe conosco!

da. De angústia. De festa. De vida. Que é só isto mesmo. Acendo o meu puro. Tomo o run de um só trago.

Par3cipe de nossas

“Estoy embarcado... ¿ Cuanto... ¿ Cuanto cobra?”

a3vidades!

“Me hace precio.” “Que picapa mamita!”

VARAL DO BRASIL:

“Ah, me vuelves loco...” “Yo te pago todo.” “Te levo a São Paulo. Yo tengo una casa en São Paulo.”

LITERÁRIO, SEM FRESCURAS!

“Vas a ser mi reina.” “Soy un grand escritor.” “Ay que linda! Da-me una vuelta! Outra vuelta!”

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Tudo ter para sozinho viver Por Tiago Gonçalves Quem hoje olha para este lugar não imagina o passado no qual se ergueu. O gasto monte que agora nos entristece, foi outrora o farol natural e verdejante que ao sol brilhava nos olhos, de todos os felizardos que por meros segundos ousavam observar a sua hospitaleira beleza. A tentação era arrebatadora e assim, quem aqui sem nada vivia, contentava-se pela prisão da fascinante paisagem na qual existiam. Eu fui o pioneiro urbano que da cidade se antecipou e num comboio fugiu, ponderando na minha certeza, com os olhos batendo nos desertos que vislumbrava. Aqui cheguei, este local que com pequenas pedras trilhava o seu caminho, desde a estação até algures. Sai e corri, rápido para não perder a oportunidade que sabia encontrar. Só ouvira falar antes deste lugar por causa deste monte verde, que como diziam, apaixonava. Um pequeno lugar com pouco mais de uma centena de habitantes, cujas ténues vidas eram a agricultura e a religião. Um pequeno lugar de maiores oportunidades. Eu as procurava, para cultivar as sementes do meu futuro monopólio na mente desenhado. Com a pequena fortuna com que parti construí casa e trabalho, na vazia calmaria, semeei mais, ganhei mais. Cresceu e assim nomeei ao que antes apenas era um ponto num mapa de ninguém. Nomeei com a mesma expressão que me nomeara, quando me isolara. A expressão da solidão.

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Prof. Germano Machado Por Varenka de Fátima Araújo Modesto Prof. Germano Machada Modesto comemorando seus 88 anos No seu pensamento de fé e filosofo No seu discurso eloquente ao CEPA O qual findou, já faz 63 anos, vivas! Do benfeitor que carrega discípulos A voz e o riso e cantando vitórias No seu testamento da crença ao amor Salve, o homem que amo, sem amor nada Sobre mil bênçãos de Todos os Santos Relança seu livro, Os dois Brasis Ainda que a noite seja de chuva Na Câmara de vereadores repleta Em Salvador-Bahia- Brasil Um homem brindava a vida com amor.

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o mel

Por Vivian de Moraes

trago pólen no coração foi depositado por amigos ao longo de anos e anos e hoje as abelhas fazem a festa no meu coração transmudando em mel o que é pólen! e quem terá esse mel? todos os meus amigos os passados os presentes os futuros e sempre haverá fartura de mel para todos os amigo amados desde que eles depositem seu pólen.

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PROSOLINO PAMPLONA SOMBLA Por Maria Aparecida Felicori (Vó Fia) Naquela vila perdida na base da Serra do Tatu, o povo era simples e poucos eram alfabetizados e mesmos esses privilegiados não perdiam tempo com leituras, porque todos trabalhavam nas lavouras e era um trabalho pesado e cansativo e quando a noite chegava, só queriam descansar da labuta do dia e além disso lá não chegava nenhum jornal. Aquela vida tranqüila nunca mudava e o povo se acostumou a viver na ignorância de tudo o que acontecia no resto do mundo e eram felizes por isso, porque ali na Vila do Mandi a paz era total, todos viviam em harmonia, porque quem não era parente era compadre e assim a vida era boa; divertimentos quase não existiam, mas também falta não faziam. Uma vez ao mês o padre Tonico vinha celebrar uma missa, realizar batizados e algum casamento e depois da missa terminar, toda a comunidade se reunia na única praça do lugar e almoçavam juntos alegremente ao ar livre, animados com a música do Tito sanfoneiro, acompanhado pela viola do Zeca Peru, e durante a tarde toda, cantavam e dançavam. E esse era o único divertimento daquele povo, e para eles estava muito bom e ninguém desejava nada diferente, mas uma manhã acordaram com som de cornetas e toques de tambores; correram para ver a novidade e pela primeira vez viram artistas de circo desfilando pelas poucas ruas da vila e quando levantaram a lona que cobria o circo, ficaram espantados. O nome do circo era Grande Circo Prosolino Pamplona Sombla e o dono do mesmo usava esse nome estranho e usava uma roupa cheia de brilhos de lantejoulas parecida com a veste de um toureiro e como ele era um moreno alto, de cabelos negros e brilhantes olhos verde fazia uma bonita figura; as tímidas moças da vila ficaram encantadas com ele.

Na noite de estréia do tal circo, todos os moradores da Vila do Mandi compareceram e se acomodaram nas arquibancadas bem desconfiados e até com um certo medo, mas durante o espetáculo foram se ajeitando e passaram até a se divertir com as brincadeiras dos palhaços, os equilibristas e trapezistas, mas se assustaram com os maiôs das atrizes. Ninguém daquela vila conhecia um maiô e quando viram aquelas jovens quase despidas, se horrorizaram e saíram depressa com suas famílias e em poucos minutos o circo estava vazio, mas no dia seguinte o vistoso dono do circo prometeu aos moradores, que suas moças não voltariam a vestir os escândalos maiôs e as funções continuaram. Alguns dias depois o circo anoiteceu e não amanheceu, sumiu de repente e com ele sumiu a jovem Nininha filha do fazendeiro Oscar Tenório; foi o maior escândalo daquele pacato lugar, mas o fazendeiro se enfureceu e foi atrás dos fugitivos com um bando de homens muito zangados e algumas léguas depois alcançaram as carroças do circo. O tal Prosolino Pamplona Sombla foi agarrado pelo pai de Nininha, enquanto seus companheiros pegavam o resto do pessoal do circo e foi uma pancadaria caprichada, depois o fazendeiro mandou queimar as carroças com tudo que tinha dentro e disse: você não é mais Prosolino, agora é o Chico, porque vai casar com a Nininha e vai trabalhar na lavoura. Isso foi dito e feito, virado em Chico, o elegante dono do circo se casou com a moça e passou a trabalhar no cafezal de Oscar Tenório e seus artistas sem outra opção, se empregaram em outras fazendas da região e foram capinar café, porque a Vila do Mandi era o fim do mundo, não tinha como sair de lá e assim terminou o Grande Circo Prosolino Pamplona Sombla.

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Soneto de amor II Por Welber Rocha Que sentimento é esse que aflora no coração se não é amor? Que é tão inabalável como uma correnteza E arde mais forte que o fogo, e às vezes é tristeza Que provoca tremores em uma pálida flor

Que aparece em belas noites de luar Junto às alvas... E deixa o mar atormentado Que sentimento é esse embarcado Naquele sol em que a chuva insiste em apagar?

Tão suave e frágil como o vento Que bate sempre nas paredes da primavera Que cruza a via – láctea sem comprometimento.

E que na poesia é mais do que uma quimera No fundo, todos queriam que amor fosse algo concreto Entretanto, acredito que não seja o correto.

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Almas Sutis Por Yara Darin Senti o impacto sutil dentro do meu ser, Quando nossas almas se encontraram. O triscar de uma partícula celestial, Resplandeceu por todo o universo. A forma e a essência do querer, Numa poção mágica e divinal, Refletiu em meus olhos o brilho da tua aura. Prateada e cintilante , luz incandescente, Mergulhei perdida no sonho ideal, Naveguei sem limites no espaço sideral. Afogada na minha inconsciência noturna, Busquei teu rosto neste sonhar sem fim , Moldei teu semblante , adornei, Te elaborei em fantasia e te fiz só para mim. A névoa fina existente , envolvente, Não me deixou ver o teu vulto claramente. Contemplativa, Captei o esplendor da tua luz deslumbrante, Toquei na tua alma!

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Revista Varal do Brasil A revista Varal do Brasil é uma revista independente, realizada por Jacqueline Aisenman. Todos os textos publicados no Varal do Brasil receberam a aprovação dos autores, aos quais agradecemos a participação. Se você é o autor de uma das imagens que encontramos na internet sem créditos, façanos saber para que divulguemos o seu talento!

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