Revista Varal do Brasil - ed 40 - março de 2016

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VARAL DO BRASIL Literário, sem frescuras!

ISSN 1664-5243

A arte de ser mulher! Genebra, março de 2016 - Edição n⁰ 40 - Ano 7


NÃO SE NASCE MULHER: TORNA-SE. SIMONE DE BEAUVOIR


Revista Varal do Brasil - Edição n0 40 - Março/2016

VARAL DO BRASIL Literário, sem frescuras!

ISSN: 1664-5243 Edição n° 40 Genebra, inverno/primavera 2016

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EXPEDIENTE Revista Literária VARAL DO BRASIL Literário, sem frescuras! Ano VII - N° 40 - Genebra - CH ISSN 1664-5243 ISSN e marca VARAL DO BRASIL registrados em Berna, Suíça. Publicação bimestral. Copyright © Cada autor detém o direito sobre o seu texto aqui publicado. © Os direitos da revista pertencem a Jacqueline Aisenman. O Varal do Brasil é promovido, organizado e realizado por Jacqueline Aisenman Site do VARAL: www.varaldobrasil.com Blog do VARAL: www.varaldobrasil.blogspot.com Textos: Vários Autores Ilustrações: Vários Autores Foto capa: © Shutterstock Foto contracapa: © Shutterstock Foto página 3: © Pont-Audemer Fotolia Algumas imagens encontramos na internet sem o nome do autor. Se for uma foto ou um desenho seu, envie um e-mail aqui para a gente e teremos o maior prazer em divulgar o seu talento. Outras imagens são de domínio público e, portanto, livres para publicação.

A REVISTA VARAL DO BRASIL CIRCULA NO BRASIL DO AMAZONAS AO RIO GRANDE DO SUL... TAMBÉM LEVA SEUS AUTORES ATRAVÉS DE TODOS OS CONTINENTES. QUER DIVULGAÇÃO MELHOR DOS SEUS ESCRITOS? VENHA FAZER PARTE DO VARAL DO BRASIL! E-MAIL: varaldobrasil@gmail.com

Revisão parcial de cada autor Revisão geral VARAL DO BRASIL Composição e diagramação: Jacqueline Aisenman

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A distribuição ecológica em formato PDF é feita através de e-mail, blogs, sites e redes sociais de forma gratuita. Todas as edições estão disponíveis gratuitamente para download no site do VARAL através das plataformas ISSUU e SCRIBD. Se você deseja participar do VARAL DO BRASIL N° 41 envie seus textos até 25 de março de 2016 para: varaldobrasil@gmail.com Tema AS QUATRO ESTAÇÕES Toda participação é gratuita. www.varaldobrasil.com

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VARAL ESTENDIDO! Pela quinquagésima oitava vez estendemos o Varal para mostrar a literatura de Língua Portuguesa. São 58 edições de nossa revista, entre as edições regulares e as especiais, todas trazendo os mais diversificados temas. Foi como edição especial que fizemos pela primeira vez, em março de 2011, uma revista falando inteiramente da mulher. Depois disto, incorporamos o tema ao nosso mundo literário e, anualmente, fazemos a edição de março tratando unicamente do universo feminino. Compreendo que muita gente pense que não há motivos para esta importância toda e que nós como seres humanos somos todos iguais e merecemos a mesma atenção. Pois é. Concordo e discordo. Concordo que somos todos humanos e que devemos, sim, receber todos a mesma atenção, consideração e tratamento. Mas discordo quando vejo que, em muitos lugares e em muitas situações, a mulher não é tratada como igual, sequer é tratada como ser humano. Há uma falta de respeito muito grande pelo ser feminino. A mulher tem dificuldades imensas em ser vista com igualdade de direitos no trabalho, no meio social e até mesmo dentro de casa. Coisa que acontece não somente em países que têm isto como tradição e que mantém esta diferença cultural nos dias de hoje de forma totalmente natural. Nestes países, todos sabemos que a diferença entre o homem e a mulher é um abismo que atinge proporções incomensuráveis. Em certas comunidades a cultura da superioridade masculina é tão importante que a mulher é reduzida a um simples acessório e utilizada como tal sem que nenhuma consideração lhe seja devida. Algumas religiões contribuem para este fator de diferença quando designam a mulher como inferior ao homem. Mas é o ser humano que em geral interpreta mal os dizeres

religiosos e acaba cometendo atos inomináveis em seu nome. Há também nas sociedades mais modernas e ditas mais desenvolvidas, uma falta de respeito muito grande pelos direitos femininos ao ponto desta desigualdade gerar sérios problemas que a mulher deve enfrentar desde a mais tenra idade e nos mais diversos universos de sua existência. A mulher não tem o direito de decidir, em muitos países (inclusive em alguns considerados mais desenvolvidos!), o que fazer com o seu próprio corpo. Deve prestar contas à sociedade de suas decisões em relação ao que deseja ou não fazer com seu corpo. É cobrada, taxada, mutilada psicologicamente. Em muitos lugares, é inclusive mutilada fisicamente. E com tudo isto, muitas mulheres morrem, diariamente, principalmente as que possuem poucos recursos financeiros. Sobre o corpo, a mulher também tem, nestas mesmas sociedades, que observar com atenção como se veste. Porque a mulher é, ainda na atualidade, julgada pela maneira como usa suas roupas. As mais ousadas, mais curtas, decotadas, ou que definam suas formas, são consideradas “convites” para o assédio masculino. Uma mulher, para ser considerada “séria”, deverá vestir-se “de acordo” com as regras sociais exigidas. Simplificando: “tapando” o máximo possível o seu corpo. Parece brincadeira, mas em termos de atitude feminina então, teríamos uma dissertação a fazer. Mulher que se impõe por direitos iguais é considerada “não feminina” e inacreditavelmente a mulher que debate socialmente certos assuntos, é muitas vezes menosprezada e criticada. Porque ainda existem temas que são considerados “masculinos”. É também requisito para a feminilidade, que a mulher

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seja o mais submissa possível ao homem. E há homens que separam mulheres em categorias: as que “são para casar” e as que são para “uso sexual”. E isto sem a menor cerimônia. Porque foram educados para serem assim e hoje não conseguem enxergar que isto é um absurdo sem tamanho. Reforçando o assunto, o assédio sexual que ainda é imenso, do mais disfarçado ao mais escancarado, acontece diariamente na rua, no trabalho, em festas, em qualquer lugar. Desde meninas, mulheres costumam ouvir o que não deveriam ouvir nunca: palavras de cunho sexual e pejorativas lhes são dirigidas; piadinhas de mau gosto com referências sexuais e “elogios” extremamente duvidosos. Fatos que acontecem na escola, entre amigos e inclusive em casa. Muito de tudo isto é considerado apenas como “natural”: “bobagem de menino”, “elogio”, “coisa de homem”, etc.. As famosas “cantadas” de baixo calão, tão “normais”! Mulheres são batidas; são violentadas de maneira cruel (física e psicologicamente). São apedrejadas, chicoteadas, presas, condenadas à morte, obrigadas a casamentos contra vontade e tantos outros atos cruéis que passam, de forma praticamente invisível, diante dos olhos de certas sociedades que raramente se erguem em defesa da mulher. E quando mulheres se unem e vão às ruas ou criam meios virtuais para lutar contra as crueldades a que são submetidas, são imediatamente chamadas de “mal amadas”, “só podem ser feias” e tantas outras expressões negativas e ofensivas. Meninas são criadas desde pequenas para serem futuramente boas esposas, enfeites que devem embelezar a casa e agradar ao marido. Século passado? Não, hoje! Meninos são criados para casar apenas com “mulher séria”, para sustentar a casa e a família! Século passado? Não, hoje! Esta distinção clara e errada, é um fato que persiste em muitas famílias. A mulher (hoje!) que decide não se casar, é quase uma afronta social. Sua decisão é questionada, como se casar fosse uma obrigação, um destino irrefutável! E será pior ainda para aquela que decidir não ter filhos. O fato de uma mulher não querer ser mãe é algo que assusta a sociedade convencional.

O mundo do trabalho também é um dos que se nega a tratar com igualdade homens e mulheres, negando a estas últimas o direito de ter salários iguais quando exercem as mesmas funções. Entrando num tema bastante debatido e recentemente ocorrido: No início do ano o programa Big Brother Brasil levou para diante das cortinas, mesmo que contra a vontade, um assunto que incomoda: a pedofilia. Um dos participantes, de 53 anos, foi acusado e apontado do dedo por ter afirmado, no programa que foi ao ar em rede nacional e aberta, gostar de “meninas mais jovens” e de “facilitar” o contato com bebidas alcoólicas. Tudo foi amplamente discutido nas redes sociais gerando milhares de comentários de homens e mulheres que se posicionavam contra ou a favor do dito candidato. O tema pedofilia, que não atinge apenas meninas, mas também meninos, é tabu mesmo nos dias de hoje e é um assunto aterrador. Muito me espantou ver a quantidade de gente (e pasmem, principalmente mulheres!) que defenderam com unhas e dentes os homens nesta situação. Os comentários realizados pelas mulheres, bem mais sarcásticos, diziam “não ver problema algum em um homem bem mais velho gostar de novinhas”; “estas meninas fogosas que só querem isto mesmo”; “são todas umas piranhas”; “a idade do homem não conta num relacionamento”; “são elas que provocam” e muito mais! Espantoso de perceber que as próprias mulheres se negam a ver o óbvio em frente delas que é o fato que meninas e adolescentes não têm maturidade alguma para viver certos tipos de relações, mesmo quando elas mesmas têm certeza que têm e se imaginam adultas. Uma reportagem, realizada por uma jornalista brasileira, mostrou que, para espanto geral dos que se preocupam com a situação das menores de idade, no Brasil um número alarmante de meninas entre dez e dezessete anos já se casou e tem um ou mais filhos. E neste caso, a reportagem que também gerou muitos comentários em redes sociais, mostrou a dura indiferença feminina em relação a estas crianças que, por força da vida e abandono so-

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cial, abdicam da infância em troca de segurança financeira ou emocional. Os dizeres das mulheres, apoiando os homens e acusando as meninas, são assustadores e fazem pensar seriamente como a insensibilidade pode ser grande. Mulheres machistas não são novidade em nossa sociedade, mas saber que, seja lá porque motivo for, elas defendem algo tão criminoso quanto a pedofilia, é realmente angustiante e desolador. Mais ainda porque sabemos que há toda uma cultura social que protege a pedofilia e mulheres têm um grande papel nesta proteção, quando permanecem do lado masculino, defendendo o homem e acusando crianças de serem “sedutoras” ou “prostitutas”. A falta de educação contribui para que estas situações perdurem, mas a falta de interesse em ajudar também é flagrante quando percebe-se que até mesmo o turismo sexual é favorecido e enfatizado através dos meios de comunicação. Tomem como exemplo a Globeleza que explora escancaradamente a mulher negra, exibindo sua nudez ao convidar para o carnaval, festa onde sabemos que, infelizmente, acontecem inúmeras violências sexuais contra mulheres de todas as idades. Mesmo com estes fatos negativos, as conquistas femininas realizadas por mulheres fortes e que acreditaram em si mesmas e em suas semelhantes, foram muitas ao longo dos anos e trouxeram à luz problemas que precisam ser debatidos e leis que precisam ser revistas. O mundo necessita de todos, mulheres e homens, mas precisa, sobretudo que todos sejam tratados de forma igual, com igual respeito e direitos, independentemente de sexo, orientação sexual, raça, religião ou qualquer outro fator que possa entrar em questão.

uma excelente leitura. São textos de todos os gêneros e estilos, de pessoas que soltaram seus pensamentos, fizeram odes, contaram histórias, relataram a vida de algumas personalidades femininas. E trazemos também uma novidade: tirinhas fantásticas realizadas por Cibele Santos e Camila Thomazini. Elas já conquistaram a Web com a página Mulher de 30 no Facebook onde diariamente postam as aventuras femininas das mulheres de 30. Mas vocês vão perceber, leitoras, que não importa a idade, todas nós podemos nos identificar com as aventuras e desventuras contadas nas tirinhas muito alegres e inteligentes. E os leitores masculinos com certeza reconhecerão nelas as mulheres de suas vidas! Temos aqui textos maravilhosos: tomem fôlego, tomem tempo, preparem um cantinho especial para leitura: esta edição vai conquistar seus corações e abrir seus olhos para muitos fatos! Gostaria de mais uma vez agradecer a todos, leitores, escritores, colaboradores. O Varal do Brasil se estende mais uma vez graças a vocês e para vocês! Até a próxima! Jacqueline Aisenman Editora-Chefe Varal do Brasil

Voltando ao Varal: Somos agradecidos a todos os que nos enviaram mensagens de apoio após a comunicação sobre nossa não participação em 2016 do Salão do Livro de Genebra. O carinho e as palavras recebidas só mostram o quanto a amizade é algo que nos une através do que mais gostamos de fazer: a literatura sem frescuras! Falando desta edição, não poderia ser mais grata a todos vocês que enviaram textos. Estamos aqui com um número recorde de páginas, que espero, vá alegrar a todos proporcionando www.varaldobrasil.com

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VARAL ESTENDIDO! NOSSO EDITORIAL EM IMAGENS: SEM PALAVRAS!

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PENDURADOS NESTA EDIÇÃO • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

ALBA HELENA CORREA ALDO MORAES ALDO NORA ALESSANDRO BORGES ALEXANDRA M. ZEINER ANA ESTHER BALBÃO PITHAN ANA FLORES ANA MARIA FELIZ GARJAN ANA ROSENROT ANCHIETA ANTUNES ANGELICA VILLELA SANTOS ANTONIO MARCOS BANDEIRA ANTONIO MIOTTO ANTONIO VENDRAMINI NETO ARLETE TRENTINI DOS SANTOS BELMIRO BRAGA BENETTE BACELLAR BERNADÉTE SCHTAZ COSTA CAMILA GOMES CAMILA THOMAZINI CARLA DE SÀ MORAIS CARMEN LÚCIA HUSSEIN CAROLINA RAMOS CERES MARYLISE REBOUÇAS CIBELE SANTOS CLEVANE PESSOA A. LOPES CRISTINA CACOSSI DANIEL DE CULLÁ DANILO OIAN DÉBORA VILLELA DIEINE CAROLINA DILERCY ADLER

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DIULINDA GARCIA DULCE RODRIGUES DELMAR MAIA GONÇALVES ELISA ALDERANI EMANUEL MEDEIROS VIEIRA EMÉRITA ANDRADE FERNANDA MORAES LIMA FERNANDO SCHIAVINATO FERNANDO SORRENTINO GAIÔ (CIDA GAIOFFATO) GALDY GALDINO GILBERTO N. DE OLIVEIRA GILDA PEREIRA DE SOUZA GILSON SILVA DE LIMA GLEICE BENEDITO HENRIQUE GUSTAVO POLYCARPO HAZEL SÃO FRANCISCO HEBE C. B.-VIAGEM A. COSTA HUGO FEDERICO ALAZRAQUI IOLANDA MARTHA BELTRAME ISABEL C. S. VARGAS ISTELA M. GOTEGIPE LIMA IVANE LAURETE PEROTTI IVONITA DI CONCILIO J. GASTÃO MACHADO JACQUELINE AISENMAN JANETE ROCHA JANIA SOUZA JÔ MENDONÇA ALCOFORADO JOÃO FREIRE FILHO JOAREZ DE OLIVEIRA PRETO JOSÉ CARLOS PAIVA BRUNO

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PENDURADOS NESTA EDIÇÃO • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

JOSÉ CARLOS SIBILA JOSÉ HILTON ROSA JOSÉ IGNACIO R. MARINHO JOSÉ M. MACHADO DE ARAÚJO JOSÉ TAVARES DE LIMA JÚLIA CRUZ LENIVAL NUNES ANDRADE LEOMÁRIA MENDES SOBRINHO LEONARDO HENKE LÓLA GARCIA LORENA MORAES LU TOLEDO LUIZ CARLOS AMORIM LUIZ OTÁVIO LYA GRAM MARIA ANGELA M. DA SILVA MARIA A. FELICORI (VÓ FIA) MARIA DELBONI MARIA JOSÉ V. JUSTINIANO MARIA LUÍZA VARGAS RAMOS MARIA (NILZA) DE C. LEPRE MARILENE SAMPAIO (BARY) MARILINA B. DE A. LEÃO MARILU F. QUEIROZ MARINA FERNANDA FARIAS MARINA GENTILE MARIO RAMOS MÁRIO REZENDE MARLY RONDAN NYDIA YAGGI MARTINS ODENIR FERRO OLAVO BILAC

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OLIVEIRA CARUSO OSIRIS (DUARTE) RORIZ PAOLA RHODEN PAULA ALVES RAFAEL REYS RAPHAEL MIGUEL REGIANA TAVARES RENATA CARONE SBORGIA RITA SARAIVA ROB LIMA ROBERTO FERRARI ROGÉRIO ARAÚJO (ROFA) ROZELENE FURTADO DE LIMA SEMINI KWSTA SILVIA RITA SOUZA SILVIO PARISE SONIA NOGUEIRA STELLA MARIS ROSSELET TANIA DINIZ TOTONHA LOBO URDA ALICE KLUEGER VALDECK ALMEIDA DE JESUS VALQUIRIA IMPERIANO VANDA L. DA COSTA SALLES VARENKA DE FÁTIMA ARAÚJO VIVALDO TERRES WADAD KATTAR WALNÉLIA C. PEDERNEIRAS YANNI MARA TUGORES TAJADA YARA DARIN YNAH DE S. NASCIMENTO ZAURA LEYNE

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VARAL DO BRASIL

O QUE É O UM PROJETO PARA A LITERATURA, SEM FRESCURAS! (A literatura vai mais longe quando é feita para todos – Jacqueline Aisenman) Divulgar o idioma Português além de suas próprias fronteiras dando a ele o valor merecido. O Varal, é um projeto que já começa a se mostrar pelo título: Literário, sem frescuras. Nele escritores são escritores, sejam eles conhecidos ou anônimos. Sejam eles os que o mundo já expôs ou aqueles que nem a família conhece. Escritores publicados podem nos levar em viagens através de seus escritos conhecidos e consagrados. E aqueles tímidos, que se intitulam escritores ”de gaveta” e que dentro delas guardam tantas maravilhas, podem finalmente se manifestar e compartilhar conosco da arte que lhes habita fazendo com que, com eles, sonhemos... O espaço é de todos! Não há distinção, não há categorias: no Varal todos são importantes e abriremos espaço para aqueles que desejarem mostrar seus talentos.

Recebemos textos em Português, mas já estamos aceitando textos em Espanhol, embora infelizmente não possamos fazer a revisão dos mesmos para publicação. Pode participar de onde você está, não importa onde você more. A participação é gratuita. O objetivo é a divulgação da nossa língua e dos nossos escritores. Os textos não precisam ser inéditos e você não precisa se associar a nenhuma academia, associação ou organização. A distribuição é feita por e-mail para qualquer lugar do Planeta! A revista, em formato PDF, além de ser distribuída ecologicamente por e-mail, é também postada em sites, blogs e redes sociais. O Varal do Brasil funciona de forma independente, sem receber subsídios ou patrocínios de organismos públicos ou de empresas privadas. Nenhuma taxa é cobrada dos participantes. Escreva, participe! Peça o seu varal pelo e-mail varaldobrasil@gmail.com

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As tiras de humor Mulher de 30 nasceram há alguns anos quando a autora Cibele Santos passou pela inevitável crise balzaquiana. Desde então a tira passou a ser publicada em jornais, blogs e redes sociais e ganhou fãs e seguidores por todo o Brasil e exterior. Hoje a tira conta com mais de 280.000 pessoas nas redes sociais e milhares de visualizações diárias. As tiras abordam temas da vida da mulher moderna como profissão, dietas, o papel da mulher na sociedade, amor entre outros. Em 2014 Mulher de 30 comemorou o lançamento da primeira coletânea de tiras reunidas no livro “Não tenho roupa - e outras neuras femininas”.

Você nunca tem roupa para nada, vive brigando com a balança, só se envolve com cafajestes, tem vontade de matar um quando está na TPM? Mulheres de 30 é seu lugar!

MULHER DE 30 https://www.facebook.com/mulher30 http://mulher30.com.br/ lojamulherde30@gmail.com www.varaldobrasil.com

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de orgasmo feminino (onde na verdade a reação de Hedy foi causada por um alfinete espetado em seu traseiro); o filme foi banido na América e teve várias cópias queimadas, mas ao menos levou a jovem atriz ao sucesso. Neste mesmo ano ela se casa com um rico industrial do setor de armamentos Friedrich Mandl e sua vida transforma-se num pesadelo: seu marido, devido ao ciúme doentio (que o fez gastar uma fortuna com negativos do filme Ekstase para queimá-los), a mantinha trancada em casa, vigiada o tempo todo, tratada como um troféu que ele exibia aos amigos.

Vivemos hoje numa era totalmente tecnológica, interligada de forma nunca antes vista pelos meios digitais, um mundo criado por matemáticos, cientistas, experts em tecnologia, certo? Errado, um mundo criado por uma bela mulher. Nesta edição especial, quero homenagear uma mulher impressionante, inteligente, corajosa, à frente de seu tempo: Hedy Lamarr. Com o nome de Hedwig Eva Maria Kiesler, ela nasceu na Áustria em 1914, numa família de judeus convertidos ao Catolicismo; o pai é um rico banqueiro austríaco, sua mãe uma pianista húngara e ela desde cedo interessou-se pela arte. Começou sua carreira de atriz em 1930 e aos 19 anos estrelou o filme “Ekstase”(1933), considerado o primeiro grande escândalo cinematográfico da história, pois exibia nudez e uma cena

Ela só podia ir com ele a algumas festas e a seus intermináveis encontros técnicos, onde ela descobriu sua aptidão científica e aprendeu os princípios da tecnologia militar de comunicações. Mas seu terror estava só começando: Friedrich tornou-se simpatizante do nazismo (apesar de judeu) e passou a dar festas com direito a Mussolini e importantes militares alemães como convidados, o assunto nos salões eram a tecnologia e o letal aparato armamentista alemão. Então ela decide: terá que fugir; e para bem longe, pois uma judia na Europa não teria muitas chances naquela época e ela sabia disso por fontes terrivelmente confiáveis. De acordo com sua autobiografia, em 1937 persuadiu Mandl a autorizá-la a comparecer a uma festa usando todas as suas joias, depois o drogou e, com roupas de empregada, escapou do país levando consigo as valiosas joias. Ela foi até Paris para pedir o divórcio, depois para Londres e de lá embarcou para a América no transatlântico Normandie, onde o destino

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cruzou seu caminho com Louis B. Meyer, da MGM (Metro-Goldwyn-Mayer); ela desembarcou nos Estados Unidos com um novo nome: “Hedy Lamarr” (em homenagem à estrela do cinema mudo Barbara La Marr, que morreu em 1926, de overdose) e um contrato para ser a nova estrela da MGM. Estreiou em Hollywood com o filme “Argélia” (Algiers,1938) e também teve muitos outros sucessos, tais como: “Fruto proibido” (Boom Town, 1940),“Demônio do Congo”(White Cargo,1942), e “Almas Boêmias” (Tortilla Flat,1942). Em 1941, brilhou no musical “Ziegfeld Girl”. Hedy fez 18 filmes entre 1940 e 1949, apesar de ter tido dois filhos durante essa época (em 1945 e 1947). Deixou a MGM em 1945 e estrelou seu maior sucesso em 1949, a “Dalila”, de “ Sansão e Dalila”(Samson and Delilah), épico magnífico de “Cecil B. DeMille”, ao lado de Victor Mature.

Foi considerada na época a mulher mais linda do mundo (apesar de declarar que achava sua beleza uma maldição), serviu de inspiração a Walt Disney para o rosto da personagem “Branca de Neve” (1937) e para Bob Kane no desenho

original da Mulher-Gato, mas ela queria algo mais que glamour e sucesso por sua beleza e um nome na calçada da fama, ela queria ajudar o governo a vencer os nazistas e salvar milhares de vidas e teria conseguido, se o preconceito contra mulheres e artistas não tivesse sido maior que uma ideia que um dia mudaria a história.

Em 1940, conheceu o compositor George Antheil, músico alternativo e cientista amador. Tornaram-se amigos e passaram noites e noites tocando piano e estudando notas; numa dessas noites ela se deu conta de que cada tecla do piano emitia uma frequência de longo alcance diferente. E, assim como elas se alternavam rapidamente em uma música, talvez algo parecido pudesse ser aplicado aos espectros de comunicação militar. Aprimorada por Antheil, a análise de Lamarr originou o sistema “salto de frequência”, no qual estações de radiocomunicação eram programadas para mudar de sinal 88 vezes seguidas(o mesmo total de teclas de um piano), fazendo com que emissor e receptor pudessem se comunicar secretamente sem serem ouvidos.

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Com isso, as forças inimigas teriam dificuldade em detectar esse registro alternado, que poderia ser então usado por navios e aviões, para orientar torpedos evitando fogo amigo e perdas humanas. Eles patentearam a invenção, oferecendo-a à Marinha Americana, que a rejeitou por considerá-la “inviável” naquele momento e seu invento ficou esquecido até 1962, quando passou a ser utilizada por tropas militares dos EUA em Cuba, mas sua patente já tinha expirado. A empresa Sylvania adaptou a invenção. Lamarr ficou sem ser reconhecida até 1997, quando a Electronic Frontier Foundation deu a Lamarr um prêmio por sua contribuição. Em 1998, a “Ottawa wireless technology” desenvolveu Wi-LAN, Inc. “adquirindo 49% da patente de Lamarr”. A ideia do aparelho de frequência de Lamarr e Antheil serviu de base para a moderna tecnologia de comunicação, tal como COFDM usada em conexões de Wi-Fi e CDMA usada em telefones celulares. Em 1998, uma ilustração da face de Lamarr foi usada pela Corel Corporation em sua publicidade para o software CorelDRAW 8 sem autorização. O caso foi resolvido em 1999. Apesar de ter patenteado a ideia que criou o GPS, o Bluetooth, o Wi-Fi e ser considerada “a mãe do Celular” não ganhou um único centavo com sua invenção; teve seis maridos, três filhos e mesmo assim morreu sozinha, pobre (chegou a ser presa por roubo duas vezes, quando já era

idosa, numa delas roubando medicamentos) e reclusa em Altamonte Springs (perto de Orlando), em 19 de Janeiro de 2000. Seu filho levou suas cinzas para a Áustria espalhando-as na floresta Wienerwald, conforme seu desejo. Em 2005, o primeiro “Dia do Inventor” na Alemanha foi estipulado, em sua honra, em 9 de Novembro, dia em que faria 92 anos e em 2015 a empresa Google criou um Doodle em sua homenagem, mostrando as duas faces dessa mulher genial que redefiniu o futuro da humanidade e viveu dividida entre o glamour e a ciência. Indiretamente ela também é responsável por tornar possível iniciativas como a nossa Revista Varal do Brasil, pois somente com os meios modernos de comunicação global (frutos de sua invenção), conseguimos quebrar a distância física e juntar trabalhos de pessoas do mundo todo, numa união eclética e ecológica. Vejam link para o Doogle e a sinopse de seu filme mais famoso. Obrigada pelo carinho!!! Doogle: https://youtu.be/Z0gu2QhV1dc?list=PLChjkzhrXCD_ 8CfFx-AU1z7jCNTtnjD4p

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“SANSÃO E DALILA” ( U.S.A. 1949) O hebreu Sansão (Victor Mature) (famoso pela sua força descomunal), fica noivo de uma mulher filisteia chamada Semadar. Ela é morta durante as vésperas do casamento pelos inimigos do hebreu, mas Sansão é que acaba acusado do assassinato. A irmã de Semadar, Dalila (Hedy Lammarr), que não sabe da verdade, tenta se vingar e descobrir o segredo da força de Sansão.Ela planeja seduzi-lo para que ele revele seu segredo para entregá-lo ao seu líder, Saran de Gaza.Um épico dirigido por Cecil B. De Mille com cenas memoráveis e interpretações incríveis. Para contato e/ou sugestões: anarosenrot@yahoo.com.br https://www.facebook.com/cultissimoanarosenrot

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A CSW (Comissão sobre o Status da Mulher) é o principal organismo intergovernamental dedicado à promoção da igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres na ONU. Assim, no período de 9 a 20 de março de 2015, foi realizada na sede da ONU, em Nova York, a 59ª CSW a fim de analisar os 20 anos de implementação da Declaração e da Plataforma de Ação definida em Pequim.

BEIJING + 20: SE TODOS OS PAÍSES TIVESSEM AVANÇADO, ESTARÍAMOS VIVENDO EM UM MUNDO MELHOR Por Sílvia Rita Souza Em setembro de 1995, na cidade de Pequim, capital da China, foi realizada a Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher. Na ocasião 189 Estados Membros das Nações Unidas afirmaram que os direitos das mulheres são direitos humanos e decidiram promover os objetivos da igualdade, desenvolvimento e paz para as mulheres, no interesse de toda a humanidade. Foi a conferência com maior impacto mundial de todas as celebradas até aquele momento. Durante a Conferência debateu-se sobre os diretos das mulheres e das meninas e da importância de potenciar suas capacidades para garantir a plena participação, em condições de igualdade, na construção de um mundo melhor para todos e para todas com vistas a promover seu papel no processo de desenvolvimento. Destacou-se ainda a importância de prevenir e eliminar todas as formas de violência contra as mulheres e as meninas. A Plataforma de Ação de Beijing, decorrente dos debates, apontou os caminhos a serem seguidos após o evento. Em 2014, a ONU Mulheres lançou a campanha global “Pequim+20: Empoderar mulheres. Empoderar a humanidade. Imagine!” com o objetivo de reacender o debate sobre igualdade de gênero, como parte dos preparativos para a 59ª sessão da Comissão sobre o Status da Mulher (CSW- sigla em inglês).

Paralela às reuniões oficiais da Comissão de 2015, cerca de 200 eventos foram organizados por governos e agências da ONU, e outros 450 pela sociedade civil. Eu tive a grata oportunidade de participar ativamente 59ª sessão da Comissão sobre o Status da Mulher (CSW 59), contribuindo com os debates e ministrando uma palestra sob o tema “Ferramentas para potencializar a liderança democrática das mulheres”, em evento organizado pela Red Mujeres, Desarrollo, Justicia y Paz, A.C., organização com status Consultivo junto ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC - sigla em inglês). Passados 20 anos do momento histórico vivenciado em Pequim, constatamos que, infelizmente, nenhum lugar do mundo alcançou a igualdade para as mulheres e as meninas. Conforme dados mundiais obtidos na ONU Mulheres, apenas 20% dos parlamentares é mulher. Cerca de 50% das mulheres tem empregos remunerados, um aumento de 40% em relação aos últimos 20 anos, apesar de persistir a desigualdade salarial. Nesse ritmo a igualdade entre gêneros no emprego em todo o mundo levaria mais de 80 anos para ser alcançada! O Brasil continua a ocupar o lugar 121º lugar no ranking de participação das mulheres na política, com as mulheres ocupando pouco mais de 10% dos assentos no Congresso Nacional. Outro dado alarmante: a violência contra a mulher afeta uma em cada três mulheres no mundo e o Brasil não foge à regra! Governos e sociedade civil organizada precisam se unir e agir com firmeza para promover as transformações sociais que todos desejamos. Porque as mulheres e as meninas não podem esperar mais 20 anos.

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MULHERES DE CORUPÁ Por Luiz Carlos Amorim

Neste final de semana estive de visita a Jaraguá do Sul, Joinville e Corupá. Revi a família, revi amigos, revi lugares. É bom aquecer o coração com a presença de pessoas queridas, mesmo com o calor de mais de trinta graus deste veranico de maio que veio em junho e segue pelo mês de julho. Conversando com um irmão aqui, outro ali, acabamos lembrando de nossa vó Paula, a vó grande, a matriarca da família que teve que deixar Corupá e ir para Curitiba, nos anos sessenta, por recomendação médica. Ah, saudade daquela mulher forte, guerreira, que criou dezesseis filhos e ainda adotou mais uma filha, saudade daquele sorriso manso, bonachão, do abraço aconchegante. Curitiba, cá pra nós, perdeu a graça, depois que ela se foi.

rio e trazia peixe quando viajava ou quando ia pescar nos rios de Corupá, e ela os defumava em cima do fogão à lenha. Depois a gente ia lá para comer com ela peixe com pirão de água. Era uma delícia e é até hoje. Vó pequeninha fazia, também um curau ou pamonha, de travessa, não sei o nome correto, que era um manjar dos deuses. Parecia um pudim de milho verde. Depois que ela se foi, nunca mais comi nada igual. Ela me ensinou canções que me ensinaram a ter fé e que eu sei até hoje. Vó pequeninha era uma grande mulher. Minhas avós eram criaturas maravilhosas, das quais tenho muito orgulho e das quais sinto muita falta. Minha terra, Corupá, é assim: acalentou em seu seio mulheres valorosas como Vó Estefânia, como vó Paula, como minha mãe, que não mora mais lá mas mora pertinho, em Jaraguá, como minha professora do primeiro ano do “primário”, dona Elizabete Voltolini, um ícone da boa educação, que deixou muita saudade e como tantas outras que viveram ou ainda vivem lá.

E me lembrando da Vó Grande, me lembro também da vó “pequeninha”, a vó Estefânia, que ao contrário da outra, era baixinha baixinha, embora fosse grande em sabedoria e fé. Convivi mais com a vó Estefânia, pois ela viveu em Corupá até o fim de seus dias, nos anos setenta. Ela morava numa casa humilde, de madeira, que ficava além dos fundos do cemitério municipal, que ainda hoje é o mesmo. Era uma discípula da Assembleia de Deus e todos na cidade a conheciam, pois ia à igreja todos os dias nos quais havia culto e caminhava da sua casa até o centro da cidade, onde ficava a igreja, cantando. Saia de sua casa, passava pelo cemitério, caminhava uns três quilômetros, mais ou menos, na ida, mais o mesmo tanto na volta, sempre cantando. Adorava ir à casa dela para sentar-me na cozinha ou na sala de jantar para ouvi-la contar “causos”. Era exímia contadora de histórias, a maioria delas verdadeiras. Aprendi a gostar de peixe defumado com ela. Meu avô era ferroviáwww.varaldobrasil.com

Imagem by Levy Carneiro Junior

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MULHER, MULHERES Por clevane pessoa de araújo lopes Mulher mulheres Mulher é você, que tem estrelas nos olhos (mesmo na chuva do pranto) que faz espaços de flores (até no deserto ardente) Você de quem disseram outrora não valer quase nada, mas que vale tanto... Mulheres são vocês, feitas de fitas, nuvens e encanto, gosto de mar, de vento, cristal de luz feito encantado dentro da terra, formando pedras preciosas, brilhantes Geodi, Ágata, Água liquefeita em sangue: sorriso, defesa, entrega, posse...


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MULHER QUE EU AMO Por Alessandro Borges

A mulher que eu amo passa pelo fogo sem se queimar. Chama o vento com um assobio, Voa sem tirar os pés do chão. É tão linda quanto a estrela azul que no extremo céu vive a brilhar. A mulher que eu amo tem o oceano na boca. O néctar no paladar, As estrelas nos olhos, O encanto do mar. A mulher que eu amo não é anjo e nem fada. É de carne e osso, Sangue quente como vulcão Pela vida apaixonada. A mulher que eu amo É como a viração do dia. Como os bosques que a fonte ondeia É fogo que me ateia.

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DIA INTERNACIONAL DA MULHER Por Ana Flores

Todo ano espero ansiosa o dia 8 de março, só para ser paparicada. Ganho flores no trabalho, e eu e todas as mulheres da repartição recebemos do presidente da empresa cartõezinhos com elogios e promessas de dias melhores. Pena o tabefe que levei do meu marido quando cheguei em casa com a rosa que recebi do meu chefe nesse dia. Outra lembrança ruim dessa data foi minha amiga sendo empurrada no chão e chamada de assassina porque saía de uma clínica na hora em que passava um grupo religioso gritando impropérios contra o aborto. Também preferia esquecer, mas não consigo, o dia em que me inscrevi num desfile de roupas esportivas que aconteceria no dia 8 de março na empresa como um dos festejos pela data. Fui barrada, a organizadora alegou que eu estava acima do peso para desfilar. Disse a ela que então deviam mudar a data para Dia Internacional da Mulher Magra, e por causa disso recebi uma advertência por falta de decoro no trabalho: mais uma dessas e seria demitida por justa causa, dizia o aviso. Mas não perco a esperança. Um dia essa data ainda vai ser perfeita. Sem tabefes, sem amigas empurradas e sem sofrer humilhação pública. Afinal, 8 de março é meu dia também. Ou não?

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SE

TU

ME

FALTARES

Por Anchieta Antunes

Se tu me faltares, esconjuro o destino, transformar-me-ei em séculos de expectativas plasmadas em sonhos irreais Em correntes aquáticas profundas, abissais, um pélago de mancha negra, uma visão do apocalipse, forjará meu curto futuro de agonias excruciantes, suplicantes, nervosas famintas de amor, de complacência e presença.

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MULHER HOMENAGEM À MULHER SUL-AMERICANA Por Angélica Villela Santos Existem tantas coisas a dizer, embora muito já se tenha dito sobre a mulher, a musa que ao nascer espalha sua graça no infinito. Qual arrebol dourado se apresenta, enfeitando da Terra o céu azul, mais beleza à paisagem acrescenta, seja ela da Europa ou cá do sul. Tanto argentinas, quando as brasileiras, uruguaias, chilenas, bolivianas, vão perfumando estas nações inteiras; plantando sempre amor em quantidade, essas mulheres sul americanas fazem canteiros de fraternidade!

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SER OBJETO Por Carmen Lúcia Hussein Mulher objeto Relações descartáveis E coisificadas Ser humano como meio E não fim Fins não humanos Que não atendem às necessidades E interesses humanos Sem considerar a pessoa Ser coisa Ser objeto E ser meio Para outros fins Que não os humanos.

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RESSUSCITADA Por Ceres Marylise Rebouças Assim te recolhi, já toda murcha, flor destroçada, por todos pisoteada. Assim te retirei, de um charco imundo, para trazer-te comigo e sobretudo, fazer-te rebrotar num novo mundo. Foste ainda capaz de em teus despojos perceberes um pouco do calor que te deram com amor meus lábios mornos. Assim te recolhi, tão desprezada, mas transformei-te enfim, na flor mais bela, pelo milagre do amor, ressuscitada.

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MINGA AL SOL Por Daniel de Cullá (*Minga es faena corta que hacen voluntariamente los trabajadores en las haciendas de campo los días festivos. También, se refiere jocosamente al órgano masculino). Me tiene contento mi amada Pues me ha preparado Un morteruelo de hígado de puerco y otras cosas. También, unos grafioles Especie de melindres hechos de masa de bizcocho Y mantequilla. ¡Yo adoro a la mujer en mi mujer¡ Ahora, viendo a mi niña aprender en voz alta La declinación del substantivo Con artículo singular y plural: “la madre es indulgente”; “bendigo a la madre” “las madres son cariñosas”; “marcho con las madres” Pienso en ellas y exclamo: ¡Oh, la madre¡ ay, la mujer¡ Me duele el ver y saber que hoy, también Algunas han sido asesinadas, violadas, humilladas Y otras, que están a punto de decir adiós al falso Amor Son perseguidas y acosadas Lo mismo que las mujeres que andan por las calles Suplicando a los cuerpos represivos Que paseen la calle con el sólo objeto De cortejarlas y obsequiarlas Y no sojuzgarlas, sujetándolas, sometiéndolas Cual esbirros que tienen por oficio prender o aprisionar Que en el Epiceno del Amor Tenemos el mismo artículo y una misma terminación Los dos sexos, como El buitre, la perdiz, el milano y la ardilla No sólo las casadas, las separadas O a punto de separación.

Cuyo resultado es, casi siempre Que ella, la mujer, muera asesinada Como Morucha embolada Que fue corrida en el banquete mortuorio del Amor Por su pareja o expareja “cabrón de padre” Como ese a quien llaman “Mueso” Por haber nacido con las orejas pequeñas Pintamonas, tarambana Trotacalles, proxeneta Que decía, embrutecido: “Aún hay sol en las bardas” Y “Ni calabaza sin tapón Ni mujer sin quita y pon”. “Chispas saltan del amor”, decía mi madre “Que los hombres son moscas cojoneras Y es muy difícil quitárselas una de encima Cuando el ser amado es alguien que mortifica O desazona, no dejando a una A sol ni a sombra Persiguiendo, importunando, con pesadez Como ahora, que escucho tras la pared Una justa o combate, un duelo de desamores Con ruido semejante del viento, del mar y de otras cosas Escuchando gritar a una pareja: Ella le dice a él con gritos: “Feto abortado” Él le dice a ella: “Puta barata” Y se escuchan golpes, bofetadas, puñadas Recordando lo que decía mi madre, advirtiéndome: “A la mujer brava, dale la soga larga” “La mujer buena, de la casa vacía hace llena” “La mujer y la pera, la mejor la que no suena” “Mujer casada, pierna quebrada” “La mujer del ciego, ¿para quién se afeita?” ¡Oh, la Mujer¡ exclamo, y pienso en ella Cogiendo una cedra, alforja de pastor Sacando unos poemitas que hizo mi abuelo. Leo: “Loro hablador Antifaz femenino Puente colgante”. “Sol abrasador Codornices cantoras Mi minga al Sol”.

Siento las sangrientas peleas del Capullo con la Rosa www.varaldobrasil.com

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O ENCANTO DA COTOVIA Por Danilo Oian Todos os dias, uma sinfonia, toca sozinha em seu coração. Foste eleita a maneira perfeita de se compor canções de amor. Efêmera, divina, portadora da vida, perfeita harmonia entre a abelha e a flor. Tamanha beleza derrubou das estrelas os anjos do céu. A natureza te fez Fênix guerreira, perdão sem recompensa, garantia suprema do leite e do mel. No choro da criança, no sorriso da caveira, és o motivo da existência

Arte by Danilo Oian

dos aromas e poemas ,essência do sopro criador.

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MULHER AFRICANA Por Delmar Maia Gonçalves Tu Mulher que no teu ventre criaste Vida Tu mulher que sofreste que não viveste que foste humilhada. Olha no teu espelho e sorri Sorri para essa Vida que é parte de ti. Não deixes que te apontem!

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ESTRELA POR EMANUEL MEDEIROS VIEIRA Para CLARICE

Então, eu disse para ela – tentando desdramatizar, buscando um sorriso –: quando sentires saudades, olha uma estrela (qualquer estrela), em qualquer noite, e tenta me enxergar lá – o bigode, o sorriso, as esperanças, as paixões, os erros, as lutas não vencidas, o sonhos, os voluntarismos, tudo o que quiseres enxergar. Ela camuflava a tristeza. Eu iria partir. Nunca se sabe quando. De qualquer maneira, eu sempre te amarei, e esse amor vai à eternidade, mas eu não quis ser solene ou retórico– era o que eu sentia (sempre, só escrevi o que senti). Morrer é ficar longe dos amigos? Lembrei-mede um personagem de Gabriel Garcia Marquez, em “Do Amor e Outros Demônios”: “O corpo humano não foi feito para os anos que a pessoa é capaz de viver” (...). Vida e morte, não pedimos para nascer, não pedimos para morrer. “Os homens morrem e não são felizes” (Albert Camus). Fomos andar no Parque da Cidade. E fiquei pensando: vi esta “menina” nascer, assisti aos seu crescimento, os primeiros dentes, seu crescimento, a evolução do corpo, e ela estava agora com quase trinta anos, e é um sol nesta minha vida. Como em Nietzsche, a mim não foi concedido o benefício do esquecimento. Seria um lugar-comum, mas eu “discursei”: é preciso ser forte, nascemos, vivemos, envelhecemos – se não morrermos antes. Entendi na prática o que estudara nas aulas de Filosofia: é preciso ser estoico. Não reclamar, seguir em frente. Fé? Eu não sabia se ainda a tinha. “Nada acontece no teu conto”, avisa um anjo. Um eventual leitor, talvez diga: “que triste!” ( o texto). Categorias como “alegria” ou “tristeza” não importam no que escrevo. Só busco colher uma verdade humana, só escrevo o que sinto – sempre (perdão pelo tom solene ou retórico – ou pelo eventual lugar-comum). Parece um jogo de dados. Cai o número seis, o número um. Sempre cai algum número. Células “saíram do lugar”. O repertório é vasto – enfermidades várias. Passamos. Breve sopro. Insisti: sempre te amarei, aqui, depois, sempre. Comemos pipoca, tomamos água de coco. Estávamos no período de seca em Brasília. Seus olhos pareciam indagar: “por que”? Nunca saberemos. Nunca saberemos de nada. Em tradução livre, recordei-me de “Macbeth”, de Shakespeare” (sobre a vida): “É uma estória contada por um idiota, cheia de som e de fúria, sem nenhum significado.” Poderia ter optado por “louco” em vez de “idiota”. E optando “qualquer” em vez de “nenhum”. A vida? Essa ânsia toda. Essa movimentação toda. Essa luta toda. Mas não esqueças, moça: para te lembrares de mim, basta escolher uma estrela. Qualquer uma. Até. www.varaldobrasil.com

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MULHERES Por Varenka de Fátima Araújo

Tenho missão, minha escrita Com sabedoria vou cantando Eis pois, mulheres guerreiras Mulheres carregam suas bandeiras Podem ser brancas, negras, amarelas, mestiças De todas as raças humanas do mundo Não querem só prazeres, nadando em gozos Rasgando véus das ilusões Vão medindo seus braços Em igualdade sem violências Maleáveis, porém com firmeza Contra as mil reflexões E mil outros preconceitos Pelas leis da prepotência Jamais silenciarão Quando aspiram uma posição Todo direito dever ser legalizado Na medida certa O brado de avante!

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MÃE

Por Gilberto Nogueira de Oliveira Mãe que desgraçadamente alimenta, Em pleno sol do meio dia Seu filho negro, com amor, Despido do assim exigido Pela saúde impopular. O filho chora desesperado Fazendo chorar a pobre mãe, Pelo filho sem solução. Apertando-o ao coração Num reprimido soluço, Num soluço sem eco Que nem Deus dá ouvidos, Pondo um problema no ar: É o soluço muito baixo Ou Deus quem tapou os ouvidos, Afim de não ouvir o sibilo sinistro De uma mãe faminta? A mãe pede ajuda: Os transeuntes não ouvem. Será que estão loucos? Estão andando como máquinas apressadas, Cada um para o seu lar Pois o luxo os aguarda, E a mãe ali fica A chorar sua miséria, Sem ter casa, comida ou razão, Para oferecer aos outros cinco. Qual a solução para a tragédia De uma infeliz mãe, Que por amor a seus filhos Flutua na desgraça da vida, Dando braçadas contra a corrente, Que é a miséria liquida De um mar de infelicidades?

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Imagem by Subbotina Anna - Fotolia

MULHER Por Hazel de São Francisco Na opinião dos Hindus, o deus Twashira tomou:

a leveza da folha a graça da corça a alegria do sol as gotas do orvalho a dureza do diamante a crueldade do tigre a timidez da lebre o calor do fogo a doçura do mel o frio do gelo e criou a- MULHER

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NOVA MULHER Por Iolanda Martha Beltrame “Toda a mulher é bela Se bela é a alma dela” Certa vez assim falou O Vinicius de Morais Com plástica, mais jovem e bela Se inteligente, mais se aprimora Um charme a faz atraente Simpatia a torna envolvente Não carece se esconder Na timidez, sem querer Ou no preconceito inutilmente Se força é maior qualidade Na disparidade superada Mais mulher se torna ela Por toda a gente é sabido E o faz naturalmente Mas só beleza não basta Mulher para ser completa No entanto precisa Cor, coração e cabeça.

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MULHERES NA PRAÇA DA LIBERDADE: MÃES DO BRASIL

estreita passagem pelos portões bem guardados por seguranças uniformizados e a possível hora da saída pelos mesmos portões. Não! Já não eram os mesmos portões! Uma vez que engolidos foram os filhos precavidos, outros permaneciam do lado de fora a debulharem lágrimas sentidas ou a encenarem ridículas pantomimas de duvidoso talento teatral. Há sempre os que choram o choro das carpideiras diante do luto alheio. Enfim, a natureza humana supera-se em bizarras estultices, como afirmava Umberto Eco: “Existe apenas uma coisa que excita os animais mais do que o prazer, é a dor.” E que se entenda por animais toda a fauna social não coroada pela lúcida humanidade - esta última é um prêmio que configura evolução, mas o tema é para outro quadro anedótico!

- o ENEM da vida ultrapassa os limites do Ensino Nacional -

“É horrível assistir à agonia de uma esperança.” Simone de Beauvoir

Por Ivane Laurete Perotti Nesgas de lucidez configuram lucidez: ponto. Milhares de brasileiros no último final de semana configuram o ENEM/Brasil/2015, dois pontos: uma estratégia de avaliação empacotada em formas generalizadas de conhecimento não disponíveis nas lojas de atacado e escolas engessadas. Onde entra a lucidez no quadro dos hiatos invisíveis aos olhos ingênuos? A qualidade do entendimento permaneceu do lado de fora das salas abarrotadas por candidatos ansiosos, entre rosários de fervorosas jaculatórias e promessas de naturezas outras. Rogai pelas mães dos candidatos, únicas a manterem-se lúcidas e calçadas em inflamada fé prodigiosa. Assim é no paraíso das possibilidades. Longe da natureza discutível dos enunciados e conteúdos entalhados nas questões retorcidas em avaliação, distintas mães mastigavam o lapso do tempo decorrido entre a hora da

Na Praça da Liberdade, centro de Belo Horizonte, as mães esperançosas teciam brócolis. Sim, aquelas pequenas formas retorcidas em panos coloridos que também recebem o nome de “fuxico”. Não fuxicavam as ditosas mães, pois mãe de candidato do ENEM reza, ora, contempla, medita, intercede, tudo na mesma ordem e princípio do que interessa ao presente-futuro dos filhos no meio do caminho do Ensino Brasileiro. Bendito é o fruto do aprendizado, mas já não se faz estudo e estudantes como antigamente - uma vez que da escola retirou-se a curiosidade e do professor se fez um malabarista da boa vontade.

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Desdita é a profissão que interfere nos sonhos desprovidos de iníqua qualificação, mas diante das promessas de sobrevivência e nesgas de lúcida vontade, as mães não entoam discursos esfarrapados: esfarrapam-se elas próprias para alcançarem aos filhos um olhar para a frente, à frente da realidade.

“Todas as vitórias ocultam uma abdicação”, deixou dito Simone de Beauvoir , mãe indireta de uma escola de pensamento que arreganha os dentes diante da incompletude do sujeito social. Mal sabia ela que um dia , não distante nem improvável, abriria azedas questões de interpretabilidade sem garantias. Bem dito que elas não existem: as garantias, pois dizer é dardo lançado ao vento, fadado às intempéries do tempo e da intencionalidade, alheias à “original” alteridade. E lá estavam elas, as mães genitoras, e a intelectual que não pariu - pariu? são tantos os fuxicos malogradamente transcritos de última hora na/s/ Wikipédia/s/ da vida digital que afirmar sobre uma possível prole da pensadora é um “tiro no pé”! - a atar os nós da esperança no mesmo cabedal de experiência. Liberdade?

ADÉLIA Por José Carlos Paiva Bruno Vontade d’escrever Adélia Prado naquelas folhas extras ao final das Cartilhas Escolares ontem. Vejo nela absoluta inferência magia que deveríamos viver. Páginas onde traduziam convicção discente; renascidas em brilho corajoso na sua entrevista ao Jornal O Globo recente. Adélia é de tal flor eterna que desmerece inflexão “Poeta”, definindo-a pelo artigo feminino. Mais que merecedora da titulação “Poetisa”, assim é nossa crepuscular suave pena, outrora Menina descoberta em Drummond via Affonso Romano, agora em maturidade marcante. Qualidade literária e sensibilidade nunca lhe faltaram, onde somada sóbria a coragem sábia dos vinhos nobres. Assim mostra-nos o que fazer com a Vida! Minimalista nos detalhes fotográficos em reverso máximo das sensações tribalistas, estas nosso grande presente divino. Mulher que todos gostaríamos de namorar, duma grandeza estelar em luz de naturalidade. Definição feminina espécime homo sapiens, absolutamente livre do artificialismo populista: moda desdobrando companheiros e companheiras... Onde comungamos crítica à morbidez irresponsável daquele sensacionalismo frio do Charlie Hebdo. Entusiasta da saúde em feminino e masculino, sendo transcendente bela que atrai belo. Desmascarando exageros do tal feminismo desqualificando fêmea, criticando inclusive hermenêutica fugidia contrária da vida, em comércio de morte. Refinamento dos pilares lírico, religioso e político, atrevimento em posicionar-se pelo amanhã. Ponderada e sensata na organização social, prática qual Rousseau sem perder paixão de linhas como Ela mesma. Adélia 80 anos em poesia de dois, antes, durante e depois...

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ANNA MARIA CASCUDO BARRETO, DAMA DA LITERATURA POTIGUAR Por Jania Souza Estive viajando. Cheguei hoje e fui trabalhar. O escritor e poeta Eduardo Gosson esteve comigo e deu-me a triste notícia da partida da Dama da Literatura Potiguar. Meu coração ficou apertado. Havia um nó em minha garganta. Querida Anna Maria tens minha eterna admiração e carinho. Aqui, foste o mais delicado lírio. Perfumaste com tua “finesse” e sensibilidade as letras potiguares. Deixas pegadas de amor no livro da praia que espera os curiosos à sombra dos coqueiros para se revelar com carinho. Em nossos corações fica a saudade do teu sorriso acolhedor e iluminado, que foi se juntar a estrela maior da literatura potiguar, teu amado pai Câmara Cascudo, cujo nome zelaste para que permaneça permanentemente na memória do povo.

Ó bela e suave gazela, continues teu suave e elegante caminhar entre as estrelas e com tua ternura, envies doces segredos nas pétalas das flores de laranjeira para deliciar os dias dos que ficam entre teus retratos e escritos, legados habitantes da Fundação Ludovicus. Fico com nossos breves e agradáveis papos na Academia Norte-rio-grandenses de Letras ou no Memorial da Justiça, enquanto aguardáva-

mos o início de coro para a reunião da União Brasileira de Escritores, seção do Rio Grande do Norte. Falavas de assuntos diversos, porém as lembranças coloridas faziam teus olhos brilharem e levavam-me a lugares encantados da tua afetividade. Gostavas da alegria, com a qual te ataviavas e em tua boca sempre havia uma palavra de entusiasmo, esperança e coragem. Dizias-me que não gostavas de negativismos e preferias companhias positivas, de seres de bem com a dádiva da vida. Amiga, boa viagem. Sei que já encontrastes teus amados. Corres feliz pelos campos verdes. És guiada mansamente pelas águas tranquilas que brotam da mão do Bom Pastor. Saudades, todos sentirão. Dói. Dói muito. Mas sabemos que agora estás feliz pertinho dos teus queridos: Camilo, Papai, Mamãe e todos que levastes no coração. Para você a poesia das rosas hidratadas por uma tímida lágrima de despedida com o sorriso cúmplice da amizade. Nosso aplauso a essa mulher corajosa, guerreira, ousada, elegante no corpo e na alma que soube com seus passos escrever uma história digna e exemplar para a nação brasileira. Vá em paz, Dama da Literatura Potiguar. Valioso tesouro, legaste as letras potiguares: a certeza de que tudo se pode, tudo se consegue, desde que seja feito simplesmente com a essência do amor.

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SER MULHER Por Jô Mendonça Alcoforado

Imagem by Beboy - Fotolia

Por ser mulher vejo que existem caminhos a se falar sobre esse tema. Podemos falar da Mulher que é filha, que ama que gera que é mãe, mulher esposa, amante, mulher solitária, mulher trabalhadora, preguiçosa, vaidosa, traída, que trai, companheira, feliz, infeliz, que apanha, que violenta, que bate e tantas outros predicados e etc... Nessa pequena crônica visualizei algo sobre a mulher que gostaria de expor. Nesse momento é uma discussão que transborda em todos os espaços da sociedade atual. Já causou polêmicas, discussões, leis e posicionamentos sérios desde os primórdios. Atualmente a mulher é um ser humano que é ventilado nas mídias em geral, apresentando várias situações de descaso do poder público e familiar. É aí que fica o questionamento do por que de tantas perguntas que muitas vezes nos faz calar! Precisamos de um sistema de governo em que a educação seja prioritária! E só com muita educação, informação e disciplina para falar sobre mulheres e a importância dela dentro do contexto sociocultural.

Ao mesmo tempo em que a mulher é importância fundamental numa sociedade, ela também vem passando por sérios problemas de ordem global com relação a sua imagem que muitas vezes é denegrida e violentada no seu papel fundamental, SER MULHER! Ainda está plantado no pensamento da sociedade mundial que a mulher não importando qual a raça, religião, lugar onde mora... Vem sempre sofrendo submissões, preconceitos, limitações, e não tem uma posição ainda de respeito dentro da sociedade e de sua cultura. Ela não recebeu ainda aplausos do poder que ela tem de mudança dentro de uma sociedade. O preconceito, estigmas estão enraizados até nas próprias mulheres que são desunidas para suas próprias defesas naturais. Não sabem ainda o que é ter o livre arbítrio porque muitas delas ainda continuam sendo submissas, violentadas, ou seja, acatando o que vem da sociedade e de certas atitudes da figura homem que na sua vida deveria ser seu apoio, seu companheiro, protegendo-a e resguardando sua imagem com respeito. O seu oposto o HOMEM que deveria lhe dar esse equilíbrio vem desequilibrado, representando um poder de mando que intimida muitas mulheres a tomarem posições de defesa do seu pensamento e do seu corpo. Isso tudo começou há anos dentro da família com o sistema patriarcal. Uma questão sociocultural que não está livre dos abusos e o livre arbítrio da mulher está longe de existir! Algumas conquistas legais que não estão sendo ouvidas são negligenciadas e a vida continua aos trancos e barrancos. No que mulheres, somos livres realmente? E o que é a liberdade? O respeito? Vivemos num condicionamento de atitudes que são passageiras. Por tantos problemas são deixados de lado a necessidade de buscar a fé, de tratar o lado es-

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piritual que, na minha opinião está na fé, para mim em Deus como centro em nossas vidas! Deus é amor! E o que foi ele disse nos mandamentos? “Amai a DEUS sobre todas as coisas! E amai uns aos outros como eu os amei!” As leis existem há muito tempo e o que vemos sempre é a sociedade em geral que vem infringindo LEIS. Pergunto, onde está o amor? O respeito? Uma pessoa que diz que ama e mata? Uma pessoa que extermina o outro do caminho para se sentir livre, que mente, levanta falsos testemunhos, que rouba que ameaça vidas... São esses tipos de comportamentos que tem começado a mostrar os seus resultados muito tristes. Mulheres e homens DOENTES da mente, do corpo e do espírito, depressivos e cheios de complexos! Os consultórios e médicos estão lotados disso! Por isso precisamos nessa temática “MULHER” tentar resgatar a identidade da mulher. Que acham mulheres? Se valorizarem mais, vulgarizarem-se menos e acreditarem mais na capacidade de mudar posicionamentos e comportamentos? Se isto não acontece, não virão as mudanças esperadas. Por mais que uma minoria lute por leis, que façam passeatas, que garantam o respeito à mulher, ela a própria mulher, deve em primeiro lugar, se dar o respeito. Enquanto isso não acontece, a vida continua com todos os problemas de diversas ordens biopsicosocioculturais, sendo assistidos numa tela de discussões filosóficas, comportamentais, antropológicas, legais, como uma grande novela da vida que está longe de terminar. Cuidem de si mulheres!

TUA

PRESENÇA

Por Anchieta Antunes Pedra de sal vício da glória, vicio de você, cicio de pele na pele, enredada na teia eriçada de sentimentos vibrantes, suntuosos, orlados, de sutis bordados, de emoções estratificadas na estrada pavimentada de nossa união terrena; aqui e acolá agora e depois, na vida e na morte.

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ISTRUPU VIRTUAL Por José Carlos Sibila Eu desci do taxi com alguma pressa, embora ainda faltasse uma hora para a reunião que traria para a agência de publicidade uma das maiores contas do país, mas a gente nunca sabe as peças que o trânsito e o dia-a-dia de uma cidade grande pode a gente aplicar e resolvi adiantar um pouco. Perder aquele encontro era algo impensável. Arrisquei uma travessia irresponsável naquela rua maluca com trânsito nos dois sentidos; escutei xingamentos de motoristas de carros e motos que, para falar a verdade, tinham razão. Um ônibus quase me atropela ao desviar do veículo a sua frente. Finalmente o lado oposto da rua estava ali, a um passo da minha trajetória e eu pronto para pisar a salvo no outro lado da rua e seguir a tempo e com segurança ara a reunião que se mostrava mais valiosa que a minha própria vida.Quando vou sair da rua e pisar na calçada uma senhora vem em minha direção e corremos o risco de um atropelamento a dois a beira da calçada da salvação, eu a puxei vigorosamente e caímos quase deitados sobre um destes degraus de calçada. Quase sem fôlego, fui logo falando meio bravo, mas sem muita energia, que eu quase já não tinha mais, ainda mais naquela posição meio deitado na rua com uma senhora. - Mas que loucura é essa, a gente quase foi atropelado minha senhora. - Senhorita e com a graça do Divino vou morrer assim. - Tá bom, mas a senhorita quase me leva junto e o seu Divino não ia fazer nada. - É que eu estou com pressa e queria perguntar uma coisa aqui dessa rua aqui do papel, Luiz, não sei lê o resto. - Rua Luiz XV - Eu li com dificuldade naquele papel todo amassado. - Pura verdade, abençoado. Olha, igualzinho eu vi escrito ali na placa da rua. - Mas se a senhorita leu lá na placa, por que veio me perguntar onde é a rua?

-Não sei onde fica a casa da Dona Cleuza. -Mas é só olhar o número. -Não tem e eu achei que o senhor poderia me ajudar. -Mas se não tem o número como é que eu posso ajudar? -O senhor é bonito, bem vestido, deve saber das coisas. Eu só tenho o número do telefone da dona Cleuza. -Então liga para ela. -Não tenho telefone. -Tome, usa o meu. -Não sei usar isso não, abençoado. -Me dá aqui o número e eu ligo, mas é a última coisa que eu faço, depois tenho que ir para minha reunião. - O abençoado é muito bom, se um dia precisar de mim é só falar. Do outro lado da linha atendeu a Dona Cleuza, que eu diria ter já uns setenta anos. Passei logo o celular para minha companheira de calçada. -Toma, acho que é a Dona Cleuza. -E o que eu faço? -Fale com ela, diga “alô” . -Alô, é Dona Cleuza? É que eu estou um pouquinho atrasada e não consigo achar a casa da senhora. O moço abençoado que está aqui meio deitado comigo disse que é preciso o número da casa. Não Dona Cleuza, Deus o livre, ele não me istrupo não. O que? Estamos meio deitados sim e ele me abraçou. Devo isso a ele. Não, nem deu tempo, ele não me istrupo não. Polícia? Mas por que Dona Cleuza? Dona Cleuza, alô Dona Cleuza. Nisso a minha parceira de calçada virou-se para mim e decretou: -Acho que o senhor está azarado. Dona Cleuza disse que ia ao outro telefone chamar a polícia para o senhor não me istrupá mais.. -Essa mulher é louca, tem neura de cidade grande. -Magina se o senhor tão fino ia fazer uma maluquice dessa para uma senhorita que já vai para mais dos sessenta, que não é nem daqui e passa até alguma necessidade, que nem comer ainda comi hoje. -A senhora não vai querer agora que eu pague alguma coisa para comer? -Não vou não senhor, não sou de pedir nada não. O que eu quero é trabalhar. -Pegou o número da casa dela? -Ainda não. Ela ainda não voltou do outro telefone. Alô Dona Cleuza, a senhora pode me dar

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o número da casa? Por que a senhora não me quer mais? Eu preciso muito do trabalho. Não a senhora está com desconfiança à toa. Eu não fui istrupada Dona Cleuza. Estou inteirinha, virgem como vim a terra. Eu tirei o celular da minha companheira de calçada e esbravejei com a interlocutora do telefone: -A senhora é uma louca. Pode me dar o número da sua casa que eu vou levar essa pessoa que está comigo pessoalmente aí. Eu não estuprei ninguém, não houve nenhum estupro e a mulher que está aqui comigo é uma santa. Não, não e não. Não vou levar para minha casa e pode me dar o número. Alô, alô. Desligou. -Para falar no certo, eu acho que o senhor devia é se mandar daqui. porque a polícia pode chegar e é logo. -A senhora já viu a polícia chegar na hora certa em alguma ocorrência? -Abençoado, estou escutando aquele barulho do medo. -Deve ser outra coisa. Eles nunca vão chegar a tempo. E depois, não fizemos nada de errado, eles vão falar o que? -Istrupu. -Para com isso. O toque do celular me faz lembrar-se da reunião, ouço a voz nervosa do dono da agência perguntando por que eu ainda não havia chegado: -Já estou chegando meu chefe, tive um pequeno incidente, mas já que eu estou aí. Eu sei que é a conta mais importante da agência e eu também preciso muito dela. Eu já chego. Desligo e a minha companheira de calçada me adverte: -O senhor não tem jeito para mentiroso. -Eu não sou mentiroso. -Mas mentiu para a pessoa aí do telefone. -Não menti e já estou indo. -Vai não, olha a polícia aí e está mostrando os dentes como sempre. Parecia um batalhão inteiro. Quatro viaturas paralisaram o trânsito, duas subiram na calçada e uma multidão de soldados desceu de armas em punho, fuzis, metralhadoras, o helicóptero Águia rondava sobre minha cabeça. Até um carro de resgate chegou e dois helicópteros midiáticos procuravam se posicionar para o melhor ângulo. Em questão de segundos eu iria virar uma celebridade. O meu celular volta a tocar

e faço menção de pegá-lo e um soldado grita para todos ouvirem: -Não se mexa, não se mexa, solte a mocinha. -Mas eu não estou segurando e ela nem é uma mocinha -Para, para ou eu atiro. -Seu guarda, se o senhor olhar bem eu nem estou me mexendo e eu só quero pegar o meu celular. O repórter de uma emissora de televisão me perguntou se eu sabia o que acontecia com estuprador na cadeia. O policial o afastou num jogo encenado e veio me algemar. Naquele momento eu já me sentia uma celebridade e arrisquei um argumento. -Seu policial, o senhor tem ideia do ridículo desta situação. A possível vítima está aqui, pergunte a ela se houve alguma coisa. -Ela será levada para exame de corpo e delito. O que sei é que depois daquela trapalhada toda eu estava no distrito com uma acusação de estupro e desacato à autoridade e a minha companheira fora levada para tal exame. O delegado, com uma barriga enorme, que não cabia dentro da calça e uma gravata solta, sentou-se a minha frente. Suava e a pressão arterial lá pelos dezoito. Falou com aquela voz de quem já estava atendendo o vigésimo flagrante do dia. -Flagrante de estupro é coisa grave. Lá fora vira celebridade, aqui dentro vira mocinha. E ainda tem o desacato, mas o garanhão tem grana e vamos dar um jeito de te ajudar. -Eu já disse que não estuprei ninguém. -Eu sei, mas as coisas não são o que são, elas são o que parecem ser. Está tudo certo, a intenção da polícia é sempre ajudar. -Eu não vou corromper ninguém? -O senhor não me fale em corrupção dentro de um distrito policial. -Então vamos falar onde? -Seu patrão já conversou comigo por telefone. Está tudo resolvido, ele quer a celebridade junto com ele. -Mas eu não sou uma celebridade. -Virou, saiu em tudo que é televisão, em rede Nacional. Espere o seu advogado para dar um aspecto legal aos procedimentos e depois pode ir embora. -Mas e a senhora que foi estuprada? -A gente dá uma ajeitada nela, uns troquinhos e tudo se acerta. Mas tem que ser tudo dentro

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da lei E veja se fala umas coisas boas da polícia quando a mídia te assediar e não complica a vida de ninguém. O senhor tem muita sorte de estar ao lado do poder. Até um estuprador se torna celebridade e celebridade vende meu amigo. A sua agência quer o senhor por lá e ainda vai fazer o maior sucesso com as mocinhas. Um pouco mais tarde eu saí pela porta dos fundos do distrito, acompanhado pelo advogado e por um representante da agência que eu trabalhava. Nunca mais vi a senhora que eu estuprei e o meu telefone tocava tanto que tive que mudar o número.

HEROIS ESQUECIDOS Quando cheguei no posto me veio na imaginação volto a me recordar no tempo que era sertão aquele povo deitado rolando ali pelo chão e dona Jeni correndo com aquela cambuquinha só pra ver se levantava os maleitosos que ali pobres caiam, mais aquela mulher corria sofria sem dizer nada, mais mostrava seu talento de enfermeira diplomada, somente quem conheceu sabe contar o que é que ela foi, a fundadora do posto de são José mais viva pai poderoso que te deu a devoção dona Jeni também foi um herói daquele sertão hoje aqui é alegria o povo tem o seu leite e seu pão todo dia só te agradece o prefeito que pois essa mordomia mesmo assim o povo não reconheceu ele foi apedrejado pela mão daqueles malvados que imitaram os judeus mesmo assim não se reclama que Jesus também sofreu Jesus morreu judiado sem se quer ter um pecado na mão daqueles malvados que não valiam o que tem .

EU, ELA. LA DAMME COMME IL FAUT

POR JULIA CRUZ

La damme comme il faut

Por José Carlos Sibila Eu,Ela. Eu menino Ela criança. Eu menino Ela menina, Eu menino, Ela garota, Eu menino Ela adolescente. Eu menino Ela em vermelho. Eu menino Ela menina-moça. Eu menino Ela deslumbrante Eu menino Ela mulher. Eu menino. Ela fascinante. Eu menino Ela uma dama. .......... Ela a mais bela das damas. .......... Ela paixão. .......... Ela encanto. .......... Ela motivo de todos os cantos. .......... Ela la damme comme Il faut. www.varaldobrasil.com

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NÃO!

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MULHER Por José Hilton Rosa Mãe que te quero feliz Sem dor e sem choro Apenas um sorriso te faz alegre Lembro quando me diz Longe te trouxe para bem perto Brotou paixão nos corações Aproximou filhos com amor de mãe Dor que suprimiu lágrimas Todos os dias se fez mãe Seu beijo curou como ervas Forte e sábia como toda mãe Ser mãe é plantar uma flor Enfeitar a alma, curar toda dor Viajar no tempo, servir o alimento produzido Trazer o amor junto de ti em todo parto Mulher Escondida sob os pés de cada luta Não é diferente da peruana Daqui ou de qualquer lugar Dormindo tranquila em sua choupana Buscando sozinha o seu prazer Pedindo seu Deus para a vida preservar Raízes esquecidas sem compaixão Lugares escondidos dos olhos Com a saudade dentro de ti Enxergar aquilo que o momento não mostra Chegar ao céu da humildade O sol te levanta com o amanhecer O cheiro da brisa fortalece O horizonte da o prazer Descansa com a paisagem que renasce Canta o canto das aves Chega sem avisar sua companhia Viajando em campos floridos Vida que se renova colorida Seu dia é manso, sem prazo para terminar Avisando que a esperança não pode faltar No rio o peixe pescar Do mel das abelhas a vida adoçar A tosse do filho, com o mesmo mel vai curar Com ela o homem quer namorar Juntos, boa vida também querem levar www.varaldobrasil.com

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SOU FORTE, MAS NÃO CHEGO AOS TEUS PÉS Por Lenival NUNES de Andrade

É preciso saber o sabor da massa Para conhecermos e provarmos da maçã Pois nessa vida tudo o que é humano um dia passa Não precisando pensar no amanhã É preciso plantar e irrigar a planta Para saber sorrir Na hora do almoço ou da janta Fazendo seu jardim florir É preciso também nascer, ver e crescer Para entender a mulher esse belo ser Seja mãe, vó ou menina solteira Ambas são mulheres, símbolo de luta, persistência e competência E merecem toda nossa admiração Seja em casa, no campo ou na feira Nessa terra boa e hospitaleira Mulheres na qualidade de mães Nos protegem da dor Pedem que compremos os pães Num carro, bicicleta ou trem a vapor Sendo esposas nos consideram E por nós sempre esperam Dividindo os dias bons ou ruins Sendo filhas nos alegram Nos dando orgulho e prazer Por isso admiro bastante e sempre esse belo ser Mulheres boas merecem companheiros admiradores e fiéis “Sou forte, mas não chego aos seus pés” www.varaldobrasil.com

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MULHER! Por LEOMÁRIA MENDES SOBRINHO Mulher! Dona do mundo Energia que a tudo engloba Sabedoria de mistério profundo Somente Deus para entender Este livro necessário Repaginado, estudado, Ensinado, traduzido, discutido Traduzido indefinido Mulher é a dona do mundo Por política não é fácil Por oportunismo é simples desmerecedora Um rápido desfazer, por medo Mulher! sempre e demais Sexo e preocupação Momentos sensuais Equilíbrio e emoção Mulher! Limite sem fim Última palavra em questão Dá início a uma discussão Põe um basta, enfim.. Quando não há enfeites Usam a Mulher Quando não há enquetes Usam a Mulher Quando pensam que usam escolher É que a Mulher tudo veio a pertencer Marido, filhos, Animais e flores Apenas um complemento Que reforça o argumento Mulher! Dona do mundo Força ,mente e poder União que faz valer Transborda amor do coração Sabedoria com razão.

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PONTO A PONTO

POR Ana Flores

Quanto mais ele a ignorava, mais ela adiantava o bordado. Quanto mais pesava o silêncio, mais energia ela passava para as flores que iam sendo criadas por suas mãos, mais empenho mostrava em encher os espaços, ir e voltar, enfiar e puxar a agulha, arrematar, cortar a linha e recomeçar. Estava há algumas semanas fazendo a barra de uma toalha de mesa para o jantar dos seus trinta e cinco anos de casamento. Uma noite, quebrando o silêncio de sempre, ele perguntou se tinham mesmo que festejar aquela data. Ela não soube responder, perdera o hábito de ser consultada. No susto de ouvi-lo dirigir-se a ela, espetara a agulha no dedo e a flor que arrematava ficou manchada com uma gotinha de sangue. Não houve toalha bordada nem jantar. O silêncio a dois voltou a reinar, e ela, feliz, começou a bordar “segunda-feira” em ponto de cruz no primeiro de sete panos de prato.

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VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA A violência psicológica ou agressão emocional é muitas vezes mais prejudicial que a agressão física, pois caracteriza-se por fatores que podem fazer com que a mulher se sinta completamente anulada. Rejeição, discriminação, depreciação, humilhação, rebaixamento, desrespeito e mesmo punições. É uma forma de agressão que não deixa marcas visíveis e por isto muitas vezes é ignorada, mas as cicatrizes emocionais que este tipo de violência pode deixar serão profundas e provavelmente a mulher que sofrê-la carregará consigo o peso por toda a vida. Preste atenção! Denuncie, ajude!

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A MULHER Por Maria José Vital Justiniano não há conceito para a mulher existe, sim, preconceito violência e desamor poucos são os seres humanos que prestigiam a mulher a mãe, a esposa e amiga há, sim, demagogia em torno da mulher, porém a mulher é real traduz vida, esperança e amor carrega coração nas mãos não deixa cair nenhuma partícula da pessoa que ama abraça, carinhosamente, todos seus filhos Toda mulher é, incondicionalmente, uma fração do paraíso.

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MULHER Por Maria Angela Manzi da Silva Misto de força e ternura, De fel e doçura, De simplicidade e sabedoria. Consegue mesclar a realidade à fantasia O sonho à esperança A tristeza à alegria. Flor que se abre À explosão do amor, Ao milagre da vida, Em doce e comum união. Estrela brilhante De muitas facetas Busca sem medo Seus sonhos e desejos. Ser primitivo De misterioso fascínio. Envolve-se na magia da emoção, No encanto da paixão, Na glória de ser, Simplesmente Mulher! www.varaldobrasil.com

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A NOVA MULHER Por Maria Luíza Vargas Ramos A mulher, figura de tão controvertida postura e inegável importância, vive em constante mutação através das décadas. Sendo mulher já do fim do século XX e vivendo, como tantas, esse tipo de vida e liberdade conquistado a duras penas - falando alto, de cabeça erguida, mas tão cansada... decidi parar um pouco e refletir sobre o que fomos, somos e seremos. Não tendo filhas, apenas meninos, egoisticamente tenho me preocupado menos com o futuro do “sexo frágil, tão forte”. Tive uma avó dinâmica, que batalhou ao lado do meu avô, mesmo sem sair de casa para trabalhar. Minha mãe sempre trabalhou fora e eu, é claro, já fiz faculdade trabalhando. Nem mesmo os filhos me impediram de cumprir meu lado profissional. Nas horas de maior atropelo, onde horários e compromissos não se afinam, não posso deixar de pensar nas mulheres de antigamente, tão bitoladas e restritas, mas talvez bem mais espertas que nós. Fingindo resignação com a condição de inferioridade, aproveitavam para se cuidar, descansar, ler, dançar e esperar os maridos cheirosas e faceiras, sem preocupações, nem trabalhos para terminar em casa. Os homens de hoje até aceitaram muito bem a nossa emancipação que, no final das contas, só lhes trouxe benefícios. Engordamos (embora só um pouquinho) o orçamento doméstico, dividimos despesas até em restaurantes e temos “vergonha” de lhes pedir dinheiro. Excluindo uma minoria que divide “numa boa” as tarefas domésticas, outra pequena porção que cumpre sua parte a contragosto, a maioria dos homens não faz “serviço de mulher, porque não tem jeito para isso”. O que sobra, então, para essa nova mulher tão emancipada, batalhadora, profissional? O jeito é conciliar, da maneira que conseguir, o trabalho com a casa, o marido e os filhos. Fazer verdadeira ginástica para arranjar uma boa empregada, que também seja uma profissional consciente e dê migalhas de amor a seus filhos

sempre carentes. Nas grandes cidades, de manhãzinha, vemos aquelas mães de semblante fechado, tristes, entregando seus filhinhos sonolentos nas creches e saindo, circunspectas, para seus empregos. À tardinha, exaustas, apanham as crianças e voltam ao “lar doce lar” para lhes dar banho, alimentá-los, colocá-los na cama e, muitas vezes, depois disso realizar as tarefas domésticas, quando não levam trabalho para casa. Será feliz essa nova mulher? Sem contar que, na maioria das vezes, são subempregadas, com salários miseráveis e sem grande importância no emprego. Por isso concluo: nunca haverá uma nova mulher se não houver um novo homem. É injusto exigir-se da mulher uma duplicidade de ação, um desmembramento da sua personalidade e da sua resistência, quando o homem, sempre beneficiado, assiste a tudo de camarote. Iludem-se as independentes moças solteiras, tão livres e profissionais, que com elas será diferente. Esperem até virem os filhos. Na primeira febre deles, quem faltará ao emprego? A mãe, é claro, já que o seu emprego não tem quase importância e ela ganha tão pouco que mal dá para pagar a empregada. Quem ajudará as crianças nas tarefas escolares e fará os maiores sacrifícios para conseguir chegar, mesmo atrasada, às reuniões da escola deles? Estou vendo os fatos sem óculos cor-de-rosa, embora não ache que devamos regredir. O que precisamos não é levantar bandeiras feministas e, sim, com a malícia e astúcia das nossas antepassadas, formarmos o “novo homem”. (escrito em 1985 e tão atual...)

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OUTONO E A MULHER Por Marilina Baccarat de Almeida Leão O outono, na vida da mulher, um dia chega. Assim como chega o outono na folhinha... Articulam, por aí, que o outono chegou, uma data no calendário, que alguém inventou, não sabemos, não podemos discutir com o calendário... Estação do ano que, muitas vezes, nem notamos, só os mais românticos observam... Ao olhar as folhas secas, que caem, no chão, ou secam em uma ou outra árvore, antes de se tornarem folhas secas, que antes eram verdes, da cor da esperança, é quando notamos que o outono se instalou, no tempo, que, a nós, foi ofertado... Quando chega o outono, na vida da mulher, é quando ela se sente rejuvenescida, sua pele fica como a de um pêssego, seu sorriso é fácil e ela procura aproveitar essa bela estação, que antecede o inverno, no calendário e na vida da mulher... Não há como explicar o que não tem explicação, estações do ano existem, sim, umas entrando pelas outras em uma orgia de cores, calores, flores, perfumes, frutos, sol brilhante, calores e frios... O calor se faz menos intenso, o céu é de um azul límpido e profundo e as manhãs trazem uma bruma suave, como que querendo

envolver-nos, numa coberta de nuvens, que se esvanecem ao nascer do sol, mas, à noite, elas descem novamente... Uma explosão de amarelos e tons laranjas não se vê nas árvores nessa época, nem tampouco faz frio nesse período do ano, a temperatura é amena... Assim, a mulher se sente no outono da vida. Tudo, nessa época, é aprazível para ela, não há frio e nem calor. Então a mulher se sente grata... O nosso outono suave, assim como o conhecemos, é um tempo de doces lembranças, que ficaram nas folhas secas, que ora estão jogadas ao chão, mas, no passado, eram verdes como a esperança... Um tempo que parece caminhar mais devagar, sem o afogueamento do verão tórrido, mas, tampouco, friorento como nosso inverno tropical, ou a primavera florida, maravilhosa e cheirosa... Então a mulher, sumarenta, perfumada dela mesma, segue pelo outono da vida, que é suave... É um tempo que parece nos dizer: “calma, vá mais devagar, olhe cada folha que cai, repare como os ramos se tingem de várias cores, sinta o frescor dos seus dias, olhe bem o azul desse céu”... Muitas vezes, esquecemos de admirar o azul do céu, que é bem diferente nessa ocasião de outono, quando não há nuvens e o azul, que o céu mostra, é mais vasto, mais rico em cores... Hoje, o outono chegou aqui no hemisfério sul, e, assim como a mulher, que está no outono da vida, segue odorosa dela mesma, em busca da serenidade... Percebe que esse é um tempo de suavidade, não há mais razão para se ter pressa de nada, não há o porquê de se desesperar ou sofrer por nada, pois tudo tem o seu tempo, na hora certa... Assim, como em cada estação, por mais perspicazes que sejam, há mudanças, sempre haverá uma folha caindo, para que outra possa brotar... Feliz de quem possa vê-la cair... Feliz de quem, talvez, a veja brotar após o inverno... Feliz da mulher por viver seu outono, se nem sempre com sabedoria e aceitação, pelo menos, com a consciência de que tudo é transitório...

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Pois toda mulher, no outono da vida, fica mais suculenta, doce e cheia de sabedoria, em saber atravessar esse outono, no calendário e na vida... Há tempo para o verão, primavera, inverno e o outono, na vida da mulher, já chegou... Feliz da mulher por estar viva para saber, mesmo sem sentir, que mais um outono chegou e que, depois, virá o inverno, mas, logo a seguir, chegará a primavera e perfumará os seus caminhos... Assim, será, até o fim das ocasiões, mesmo quando ela não estiver mais aqui, sentindo o gosto gostoso das estações, como se fosse uma fruta madura, cheirosa, perfumada, sumarenta, que está ainda no pé, para ser coletada... A mulher feliz é aquela, que, enquanto viver, deixa essas folhas de outono caírem, assim, ao lado dela e bem dentro da sua essência... O sentimento do outono, na vida de uma mulher, é mais do que uma estação, em sua vida... É o sentir do amadurecimento na vida dessa mulher, mas não de todo e que, quanto mais madura, mas ainda com frescor da juventude, mais doce e suculenta será uma fruta no outono, ou na vida da mulher... O inverno poderá trazer a tristeza para a mulher...Mas a felicidade e a alegria virão ... No outono e na mulher...

A MULHER E A LUA POR MARLY RONDAN Lua, minha mãe tão Iluminada. Quero pedir um presente real: luz e paz para a minha caminhada. Que eu possa encontrar algo especial. Quero um lugar pra viver à sorrir, um grande amor que me faça feliz, do crepúsculo até o Sol partir. Ter paz, amor, tudo o que eu sempre quis. Olhar para Minha Lua e sonhar. Andar pelas nuvens como criança. Ter asas como um pássaro e voar, luz e paz para a minha caminhada. Deusa Negra, eu só quero ser feliz! Lua, minha mãe tão iluminada.

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MULHER SAPIENS SAPIENS SAPIENS Por Mario Rezende Cerca de uma década depois da fase chamada balzaquiana, a mulherada está aí, em plena atividade, mostrando o seu interior macio numa explosão de sensualidade. Mas ao contrário do milho que só vira pipoca uma vez, a mulher inaugura a fase pós-balzaquiana cheia de experiência, porque ela teve a oportunidade de virar pipoca muitas vezes. Algumas caranguejeiras saíram de dentro do esconderijo, se depilaram e andam por aí, desfilando de new look, papando suas presas inexperientes, alimento saudável para a auto-estima e incentivo para manter a fisionomia adequada neste mundo pelos free, pelos out. As pererecas consagradas deixaram de ficar de molho no brejo e, rejuvenescidas, depois de uma overdose de auto-estima saíram por aí em busca de sapinhos, na esperança de encontrarem um príncipe encantado, travestido de companheiro ideal, em substituição aos seus velhos e rechonchudos sapos que tiveram que aturar por causa da falta de pulinhos necessários e vão empurrando a menopausa para a frente. Por falar nisso, tem uma amiga minha, que está justamente nessa fase de dar uma guaribada, também com a finalidade maior do que trocar somente o visual, porque ela estava lá pensando na vida, depois de dar uns chutes na bunda de uns e outros (alguns mereciam, antes, em outro lugar), até que de repente, “puff”, no seu brejo apareceu o príncipe. Não sei se era sapo, o fato é que ela segurou logo e foi pintando o bicho de Brad. Tomara que dê certo, estou torcendo por ela, apesar de que sou suspeito para falar. Animada e eufórica, resolveu até botar anel e abandonar a solteirisse. Talvez esteja dando saltos muito rápidos, pelo menos eu acho, apesar de não conhecê-la, ainda - sentiu o ainda, né? -, porque pintou aqui no meu brejo há pouco tempo. Só sei que está em velocidade máxima, só para quando as paredes dos vasos ameaçam romper. Está correndo mais que o beep, beep, o papa-léguas. Dizem os entendidos (e os metidos a), que isso não é bom, vive mais quem não esquenta, como a tartaruga, pulsação quase parando. Também,

não sei se toda essa correria é por causa da preparação para o corpo a corpo com Brad ou se é por conta do bread dela de cada dia que está cada vez mais duro de conquistar. De qualquer forma, a esperança é a última que morre. Mas não considere tudo ao pé da letra, porque lá no meu jardim, a esperança (pobre insetinho), foi justamente a que morreu primeiro, sob a sola de uma sandália havaianas (não a minha, claro, porque não costumo dar chineladas à toa em bichinhos inofensivos que vivem no jardim e outros grilos, muito menos matar a esperança de alguém); talvez, por acreditar nos ditos populares sem pesquisar a razão deles. Esse da esperança, por exemplo, é bem antiguinho, vem lá dá época dos deuses e tudo por causa de uma mulher (elas estão sempre na parada), tal de Pandora. Algumas resistem mesmo, tenho que admitir. Vivem paraplégicas, clinicamente mortas, mas não entregam os pontos, de jeito nenhum. Mesmo depois de fazerem a passagem, continuam como esperanças-fantasmas. Apesar de que tem hora que não dá para segurar e tem que se soltar igual a panela de pressão, porque ninguém é de ferro, né? Encarar a situação de frente e ir à luta com seus próprios recursos naturais, porque tem coisas que quem está de fora não conhece, como hemorroidas, que ninguém vive dizendo que tem, apesar de que hoje, até isso está difícil de esconder, senão não se aproveita a vida. Então, eu tenho mais é que dar força para ela. Vai fundo antes que o charco comece a secar, porque passa a ser dolorido, perde a graça e o tesão também. Então, tem que aproveitar mesmo enquanto é prazeroso e gostoso demais...

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MULHER Por Paula Alves

Olha este ventre : Prenúncio de Primaveras duradouras. Mulher. Olha esta mão, Tanta força já? Mulher! Olha esta dança, Que ginga de compassos, Mulher! Olha este veú, Perdido na descrença amarrado no hábito. Mulher? Olha esta dúvida, Criada uma maldição. Mulheres? Olha este homem, Num chuto de poder sobre ti. Mulher! Nem mulher, nem sonho. Olha esta semente no meio da ruína. Criação natural. Mulher! Onde estamos que nos derrotamos? Que somos? Que sou? Mulher?

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O VARAL DO BRASIL, SEU FUNCIONAMENTO E SEUS OBJETIVOS O VARAL DO BRASIL foi iniciado em novembro de 2009 na forma de um caderno literário informal feito no formato Word e que teve seu primeiro número (número 0) impresso e distribuído além de ser enviado por e-mail no mesmo formato. A partir do número 1 a revista, já com muitos participantes, passou a ser apenas distribuída através da internet. Com o passar do tempo passou-se a realizar a revista em formato PDF, mas do mesmo jeito informal que imediatamente conquistou escritores e leitores.

O pensamento também era o de unir as pessoas, escrever “em grupo”, ter um espaço de amizade literária que fosse inclusivo e que desse aos leitores a ocasião de ter uma afinidade maior com a literatura, até então extremamente elitizada não somente pelo preço dos livros, mas também pela forma como eram conduzidos os cadernos literários. Jacqueline desejava e realizou algo “literário, mas sem frescuras”.

A ideia nasceu do desejo de sua fundadora, Jacqueline Aisenman, de criar um elo literário permanente entre a Suíça (onde ela reside há mais de vinte e cinco anos) e o Brasil (onde nasceu) de forma descontraída e que pudesse ajudar a divulgar novos escritores, principalmente aqueles que não encontravam espaço para uma divulgação maior de seus escritos.

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O nome VARAL DO BRASIL veio através da experiência de Jacqueline Aisenman que, nos tempos em que residia no Brasil, viu e participou de muitos “varais de poesia” em universidades e praças. Estes varais aconteciam da seguinte forma: professores universitários, escritores, entre eles o catarinense Alcides Buss, reuniam alunos que escreviam poemas e os colocavam em cartolinas. Depois estas cartolinas eram “penduradas” em varais esticados em locais públicos para que a população pudesse apreciar os textos sem taxas de exposição.

Rapidamente, em poucos meses, o VARAL DO BRASIL desenvolveu um laço de amizade entre autores residentes em vários locais, nos diversos continentes. Muitos escritores viram na nova revista literária, uma oportunidade de divulgação de seus trabalhos de uma nova forma, sem as “frescuras” que em geral caracterizavam o meio literário muito intelectualizado e que não atingia uma grande parte da população de Língua Portuguesa, carente de uma literatura mais popular. O VARAL DO BRASIL encontrou seu público nas pessoas que, apreciando a literatura, não se sentiam à vontade para ler o que, na grande maioria das vezes, sequer entendiam. Outras pessoas, que não ousavam mostrar seus escritos, viram no VARAL DO BRASIL a oportunidade de, alguns pela primeira vez, publicar os mesmos sem medo. Junto a estes debutantes literários vieram unir-se ao VARAL escritores mais experientes, outros até consagrados.

Como no VARAL não há distinção de nenhuma forma, a igualdade se fez desde a confecção de um sumário sem “ordem” específica, tanto quanto na não publicação dados como biografia, idade, origem, nada que possa categorizar os autores participantes. Também, o sumário da revista VARAL DO BRASIL não traz o “número” da página onde o autor se encontra, fazendo com que o mesmo tenha que percorrer a revista, lendo seus pares até “encontrar-se”! Tendo crescido muito a participação de autores nas edições seguintes e, por conseguinte, tendo o número de páginas aumentado consideravelmente, por motivos financeiros foi decidido que a partir da segunda edição, a revista VARAL DO BRASIL seria feita somente em formato digital PDF para distribuição através da internet. As plataformas ISSU e SCRIBD foram escolhidas para distribuição. Os textos para a revista são hoje recebidos não somente do Brasil e da Suíça, mas das mais variadas regiões do planeta, sendo que mesmo autores que não são originalmente de Língua Portuguesa enviavam e enviam textos traduzidos para o Português e, atualmente, enviam seus textos em Espanhol (a partir de 2014). São aceitos todos os gêneros e estilos. Dentro da prosa e do verso, das crônicas aos contos, das trovas aos sonetos. E fora da literatura ela mesma, o VARAL DO BRASIL publica também textos acadêmicos, com aceitação e divulgação em escolas secundárias e universidades.

Em sua informalidade, o VARAL DO BRASIL não impõe aos autores uma limitação de idade e nem exige experiência literária. www.varaldobrasil.com

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Os participantes do VARAL DO BRASIL são iguais perante nossas regras de publicação, nunca importando a origem, formação, ou estilo, entre outros parâmetros que costumam distinguir os escritores. Visando sempre o melhor para o leitor, o VARAL DO BRASIL não publica textos que contenham conotação político-partidária ou sejam de alguma forma ligados a uma religião específica. Também não são publicados textos que sejam de caráter pornográfico ou que, de qualquer forma, possam afetar negativamente o leitor. A revista é realizada informalmente, sem ambição de tornar-se uma publicação com estilo dito “profissional”. A publicação é feita em período bimestral, com tema livre na sua maior parte, mas também com edições temáticas e edições especiais além das regulares. As edições especiais (distribuídas geralmente entre duas edições regulares) trazem temas como Natal e Ano Novo, Livros, Saudade, Paz, e etc. Nestas edições, assim como nas temáticas regulares, os textos publicados em toda a revista tratam do assunto proposto. A participação no VARAL DO BRASIL é sempre grande e é feito o possível para publicar todos os autores que enviam os textos dentro do prazo de inscrição.

Há mais de seis anos atuando na vasta área literária a partir de Genebra, o VARAL DO BRASIL é um caderno literário que se afirma a cada ano que passa por seu estilo e formato diferentes.

O VARAL DO BRASIL é, autenticamente, uma marca registrada na Suíça (registro do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual Suíço), com o ISSN da revista (registro de circulação) feito na Biblioteca Nacional Suíça sediada em Berna (capital suíça). Desde 2013 o VARAL DO BRASIL é além de tudo isto, uma Associação Cultural luso-suíça (sediada em Genebra), com objetivo de divulgação de todo tipo de atividade literária, cultural, artística, que seja veiculada na Língua Portuguesa. O VARAL DO BRASIL trabalha de forma completamente independente, nunca teve associação com nenhum organismo público ou com alguma empresa privada, portanto, nunca recebeu auxílio financeiro de nenhum tipo para realização de suas atividades. O VARAL DO BRASIL tem total liberdade de ação graças a esta independência. Também não possui representação no Brasil ou em outros países e nem associação direta com outras pessoas, jurídicas ou físicas. Todo o trabalho da revista e da Associação é realizado por Jacqueline Aisenman e membros de sua família. A participação na revista nunca foi e não é cobrada, nem dos autores que enviam seus textos para publicação, nem dos colunistas que colaboram com a revista.

Não há cotização, mensalidade, anuidade ou qualquer outra forma de demanda financeira por parte do VARAL DO BRASIL para publicação de textos na revista.

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O VARAL DO BRASIL não faz divulgação de livros, lançamento de livros e de autores (biografias e afins) na revista porque a demanda é grande demais e o VARAL dá preferência de utilização do espaço da revista para divulgação de textos literários e/ou acadêmicos. Mas livros, lançamentos de livros, biografias de autores, saraus, reuniões literárias e outras atividades do gênero, são todos divulgados em nossos outros espaços, como Blog, Página ou Grupos Facebook.

Nestes últimos seis anos o VARAL DO BRASIL realizou seis antologias (cinco da série Varal Antológico e a antologia Voando em Bando, resultado das oficinas literárias realizadas no Grupo do Varal do Brasil no Facebook). A realização antologias sempre foi feita com cooperação participativa dos autores, sendo que a maior parte do investimento financeiro final para edição das mesmas foi feita pelo VARAL DO BRASIL, trabalhando em colaboração com os excelentes profissionais da Design Editora, localizada em Santa Catarina. As antologias do VARAL DO BRASIL foram lançadas na Suíça e no Brasil (Bahia, Minas Gerais e Santa Catarina).

Da mesma forma funcionou, durante quatro anos, a participação de da Associação Culturelle VARAL DO BRASIL no Salão do Livro e da Imprensa de Genebra, onde representamos a Língua Portuguesa desde 2012 até 2015, aumentando significantemente o espaço físico a cada ano e desta forma atingindo a cada edição do evento um público sempre maior. Iniciamos a participação no evento com um estande de seis metros quadrados e em 2014 e 2015 estivemos com um etande de cinquenta metros quadrados. O VARAL DO BRASIL representou e apresentou autores brasileiros, portugueses, angolanos, cabo-verdianos, moçambicanos, enfim, das várias nacionalidades que têm o Português como língua oficial. Tem também levado ao Salão do Livro e da Imprensa de Genebra e publicado em na revista, livros e textos em Espanhol. Os autores participantes, além da exposição de seus livros, tiveram momentos de autógrafos e realizaram lançamentos dos mesmos livros. Durante o evento formaram-se grandes “networks” literárias que possibilitaram aos autores participantes uma visibilidade internacional como em nenhuma outra feira internacional realizada na Europa. Mais de cinquenta escritores já passaram pelo estande do VARAL DO BRASIL no Salão do Livro e da Imprensa de Genebra, entre eles os renomados Alice Ruiz, Luiz Ruffato, Marcelino Freire, Cíntia Moscovich e Ronaldo Correia de Brito. Mais de trezentos títulos já foram expostos e vendidos durante o evento! O público de

O VARAL DO BRASIL realizou durante três anos seguidos o PRÊMIO VARAL DO BRASIL DE LITERATURA, prêmio literário luso-suíço dirigido à literatura lusófona e que premiou escritores nas categorias Contos, Crônicas, Poemas e Textos Infantis. www.varaldobrasil.com

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língua Portuguesa, não só brasileiro, residente na Suiça e região da França vizinha, foi assíduo frequentador do estande do VARAL pois sabia que era onde encontraria qualidade literária unida à espontaneidade e simpatia dos participantes. O VARAL DO BRASIL já doou, entre a Suíça e o Brasil, mais de dois mil e quinhentos livros para associações, bibliotecas, escolas e para a Prisão do Estado de Genebra. O VARAL DO BRASIL tem grupos culturais no Facebook (um Grupo para oficinas literárias, postagens de textos e tudo relacionado a atividades literárias que é o Grupo VARAL DO BRASIL e um segundo grupo para divulgação de atividades e eventos culturais - literários e artísticos - que sejam em Língua Portuguesa ou a incluam, e sejam realizados na Europa). Estes grupos são abertos a todos que desejarem participar das atividades do VARAL DO BRASIL que possui também uma página destinada à divulgação cultural no Facebook, um blog (Blogger) e um site oficial. É levado sempre adiante o lema do VARAL DO BRASIL, que é fazer uma literatura de qualidade, mas sem frescuras, atingindo o máximo de leitores através de atividades literárias que mostrem o talento individual de cada um num conjunto harmonioso de autores num ambiente de paz e amizade. Venha também para o VARAL DO BRASIL! E-mail: varaldobrasil@gmail.com

VENHA TAMBÉM Curta nossa página no Facebook e envie fotos e sinopses de seus livros para divulgarmos gratuitamente! https://www.facebook.com/varaldobrasil/ Participe também de nossos Grupos no Facebook, Grupo Varal do Brasil, onde temos oficinas literárias criativas e todos podem publicar seus eventos culturais, divulgação de livros e artes em geral e também seus textos! https://www.facebook.com/groups/varaldobrasil/

Venha fazer parte do Grupo Divulgação de Atividades Culturais e Artísticas na Europa, mais uma iniciativa do Varal do Brasil! https://www.facebook.com/groups/eventosliterariosnaeuropa/

Um espaço gratuito para divulgação de seu trabalho literário, artístico, cultural de forma geral: o Blog do Varal do Brasil! Acompanhe, participe! http://varaldobrasil.blogspot.ch/ E em nosso site você encontrará fotos, vídeos, todas as edições da revista Varal do Brasil, além de muitas informações sobre nossas atividades. Visite, divulgue, chame os seus amigos! www.varaldobrasil.com

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títulos por publicar: Fonte de Mel e Doçura, A Árvore e a Bola e O Chapéu do Professor. É perseguida durante o regime militar brasileiro, 1964-1985, por ser militante do Partido Comunista Brasileiro - PCB, e por sua atuação na defesa de causas feministas. Nesse período, traduz textos do líder revolucionário russo Vladimir Lenin (1870 - 1924) e colabora em vários periódicos, entre eles O Momento, da Bahia, Época, de Sergipe, e Leitura, do Rio de Janeiro. Obras publicadas

ALINA PAIM, ESCRITORA Alina Leite Paim (Estância SE 1919). Romancista, autora de literatura infantil e juvenil e professora. Filha de Manuel Vieira Leite e Maria Portela de Andrade Leite. Aos 3 meses de idade, muda-se com a família para Salvador. Ao perder a mãe, transfere-se para Simão Dias, Sergipe, faz os estudos primários na Escola Menino Jesus, seguindo depois para o Grupo Escolar Fausto Cardoso. Em 1932, vai para Salvador estudar no Colégio Nossa Senhora da Soledade, educandário de freiras, e lá escreve seus primeiros textos no jornal do colégio e forma-se professora.

Romance A Estrada da Liberdade - 1944 Simão Dias - 1949 À Sombra do Patriarca - 1950 A Hora Próxima - 1955 Sol do Meio-Dia - 1961 Trilogia de Catarina (O Sino e a Rosa, A Chave do Mundo e O Círculo) - 1964 A Correnteza - 1979 A Sétima Vez – 1994 Infantil e juvenil O Lenço Encantado - 1962 A Casa da Coruja Verde - 1962 Luzbela Vestida de Cigana - 1963 Flocos de Algodão - 1966 Fonte: enciclopedia.itaucultural.org.br/

Leciona em Salvador, até 1943, quando se casa com o médico Isaías Paim e muda-se para o Rio de Janeiro. No ano seguinte, publica seu romance de estreia, A Estrada da Liberdade. Escreve, a partir de 1945, o programa infantil Reino da Alegria para a Rádio do Ministério da Educação e Cultura. Funda, em 1948, a revista Época, que tem circulação nacional. Em 1962, publica O Lenço Encantado, seu primeiro livro de literatura infantil, segmento em que ela produz com constância, mantendo 3 www.varaldobrasil.com

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A CRIAÇÃO MÁGICA Por Raphael Reys Whitman, o poeta campesino isolado em seu mundo nativo, longe da insensatez da urbanidade, colheu inspiração e escreveu durante setenta anos o livro Folhas de Relva. Observações pessoais sobre momentos em um jardim. Fragmentos de poemas da ação natureza em pequenos instantes de plenitude. Compôs, com isso, o primeiro tratado sobre a Sustentabilidade da Alma. O tear de Penélope trançado as avessas com fios sutis. O Pai, Criador, em seu nicho no Imanifesto, durante o interregno do sétimo ara o oitavo dia e para dar sentido e leveza ao mundo de manifestações, também fez a sua parte. Criou a mulher. A essa contraparte sutil da sua obra, deu a mais nobre das missões. Perfumar o mundo com seus sentimentos e amar por missão. Ao homem, um ser romântico iludido, concedeu-lhe o atributo de viver envernizando o seu ego, supondo ser ele o senhor da ação. Viver penducando o equilíbrio nas trilhas da vida e se enchendo de bolhas de ar. Tal o colorido das penas do pavão. Um galo teatral. A sustentabilidade, entretanto, é formada da memória adquirida nos momentos de ternura e doações recebidos da amada e dos instantes mágicos de plenitude. A mulher, esse ser diáfano e cíclico tem a capacidade de passar encantamento através de um abraço. Doar calor, ensejando momentos de loucuras no desencadeamento das paixões. Valendo-se de seu instrumental de loba, usa a arma da malícia, deixando no ar a máxima do Circo Barney: A tragédia sempre ronda o espetáculo! Diz Carlos Drummond de Andrade que: Entretanto, não há mulher no mundo que não tenha inspirado um verso, uma lágrima, um tiro de revolver ou um adjetivo (à escolha). Como a manifestação da vida é bipolar, ela tem as duas faces: Metade anjo, a outra banda puro demônio da sedução. O que vale na vida são mesmo os abraços recebidos da musa dos nossos sonhos. Afetos e o lambuzar dos sentimentos sob o torpor de seus perfumes. O poeta quando apaixonado sente a eternidade pelo amor. Uma fuga que o livra da opressão, imposta pelo poder temporal e dissolvente do tempo. E que seja eterno enquanto dure, finito, posto que chama. E nunca nos esqueçamos de que ela, a mulher, qual um Estradivários, peça rara, mesmo perfeita precisa ser sempre afinada... www.varaldobrasil.com

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A NOITE E O TEMPO Por Fernando Schiavinato Esta noite o que dizer o tempo parou para mim Enquanto meus olhos corriam buscando seu corpo seu lábio sim nessa noite o tempo parou para mim não podia querer mais nada tudo estava ali não pensava tudo sentia nessa noite o tempo parou parou e você ali só pra mim Lábios molhados doce mel frescor de manjericão gosto de mulher doçura que descia do céu minha atmosfera de amar pairando no ar o cheiro da poesia naquela noite o tempo parou parou para nos ver assim

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É Por Hugo federico alazraqui E o olho cerra e consente nada espera vai em frente não conhece a derrota e se esquece a disputa deixa fazer e convence no amor vence vira mulher díspar o quer louca tece e parece que até sem ser é

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Por Jacqueline Aisenman Há uma mulher que dorme em mim. Dorme presa pelas dificuldades impostas pelo trabalho de parir a si própria. Enquanto ela se move na grande morada, avista ao longe suas verdadeiras casas, vazias, fechadas, sem vida alguma, pois ela não consegue sair da prisão onde está. Ela tinha caminhado. Dado seus passos adiante, numa tentativa de escapar à prisão perpétua. Mas o destino alcançou-a antes disto e fez com que voltasse. Desde então ela faz o caminho de volta. Com a lembrança de ter quase alcançado o portão de saída, ela volta. Deixou suas queixas de frio e de fome, suas dores sem compreensão. Agora atinge o máximo da dor, a dor maior, a dor de ser comparada a si mesma, numa esfera até então desconhecida, a dos sentimentos, das emoções. Subitamente as linhas de seu descontentamento tão entranhado se cruzam com as barras daquela prisão nunca percebida como tal. Ela se vê e descobre que existe uma beleza dentro do que é grave. E do conflito nasce a vontade de também descobrir a outra que sente. Retirar pedra por pedra das que ali foram colocadas até formar uma montanha. Esta mulher semi-acordada quase se reconhece. Havia então uma foto dela na parede! www.varaldobrasil.com

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MULHERES Por Marly Rondan Mulher é mãe, namorada, tudo junto, misturado. Cuidadosa e apavorada pelo filho e pelo amado! Mulher é pura emoção, ri, chora, grita, enlouquece. Quem manda é seu coração. Por amor tudo ela esquece. Tem ciúmes da babá, também tem da secretária. Sempre investigando está... Meu amor vive calado. Meu bebê não quer mamar. Tudo junto, misturado.

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A ROSA E O PLATÔ Por Raphael Reys Ao construir no Nicho de Nodim os dois personagens que iriam instrumentar esse mundo de manifestação e fractais, o Criador dotou o homem de uma alma cheia de atributos e detalhes específicos. Emoção inusitada constituiu o coração como forno alquímico e depurador. Deu ao barro recém-moldado, o instinto de ser um emérito e descomedido observador de formas arredondadas. E para que isso houvesse sentido, nesse lado mágico formatou a sua cria com estímulos visuais tácteis. Gatilho para o instinto da preservação da espécie. Daí, a alma do homem se tornou escrava do amor e passível de luxúria e sensível às fragrâncias suaves. À mulher, essa notável contraparte, o Criador deu a missão de encantar e perfumar o mundo, engambelando o homem. Ela possui um útero, órgão que lhe permite cumprir a sagrada missão da maternidade. Para que o tolo homem tivesse o que contar às gerações futuras, lhe concedeu, via infortúnio, a paixão e a indispensável dor de cotovelo. Em suas elucubrações metafísicas e cósmicas, atribuiu à mulher duas metades opostas: Parte anjo, porção demônio, a maior das gozações ontológicas. A fez um ser cíclico e cheio de humores, para criar etapas e graus de dificuldade ao pretenso caçador/subserviente. E como todo mistério é doce e embriagador, para apimentar a caçada, Ele criou a lingerie... Esse ser diáfano e etéreo passou então a usar essas delicadezas para esconder temporariamente os seus segredos. A encantadora e sagrada mama e o vértice, ápice supremo da paixão. Esse vértice enganador contém um mágico e atrofiado falo, resultado da adaptabilidade adquirida desde os remotos tempos das Savanas. Criou, ainda, no âmago desse vértice maravilhoso e encantador, quatro pétalas que, como a rosa, desabrocham no platô... Numa fase elaborativa e perfeccionista, buscando imprimir e caracterizar diferenças fundamentais, o Criador, às vezes por demais originais, com uma pitada de crueldade na hora da caçada permitiu à mulher ser auditivo-cerebral-táctil. E o homem, apenas visual/táctil...

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SANGUE A CORRER Por Rita Saraiva A minha Mãe Ensinou-me tudo. Ou tudo o que sabia. Que às vezes parece que é quase tudo o que há para saber. Ensinou-me a ser bela Ser senhora, educada generosa justa, Corajosa esforçada. Ensinou-me o tempo e a vontade Também de ter mais tempo ainda Na cidade, e na praia e na noite e durante o dia. A água e a fonte dela. O mar e a mare, A costura, o café... Ensinou-me a rir e a esperar, Recuperar, e a nascer sem sofrer... E eu como queria que estivesse ela ainda cá, Nem que fosse só para me ralhar como só ela O sabia saber... Mesmo se fosse apenas Por um único magico dia qualquer. Eu gostaria de escrever o livro Que a minha mãe me ensinou a ler. Só para que a minha mãe soubesse Que tudo o que veio dela esta no meu Sangue a correr.

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Por Tania Diniz nas asas do vento borboleta multicor - brisa beija a flor.

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ESPECIAIS MULHER VARAL DO BRASIL

VENHA VOCÊ TAMBÉM PARA A REVISTA VARAL DO BRASIL! Você também pode escrever conosco! Não importa se você tem experiência ou não... Importa para nós que você escreva com muita emoção, com o coração! Prosa (contos, crônicas, etc...) ou verso (poemas livres, indrisos, trovas, etc...), você escolhe! As participações são gratuitas, você não precisa ser associado a nenhuma associação, academia ou organização. A distribuição da revista também é gratuita e é feita através das plataformas ISSUU e SCRIBD. Enviamos por e-mail em formato PDF e publicamos em blogs, sites e redes sociais. Atravessamos os cinco continentes levando a Língua Portuguesa! Próximas edições: Páscoa (edição que será distribuída em meados de março); Edição de Maio com o tema As Quatro Estações (distribuição no final de abril) e Edição especial O Lado Escuro do Ser (distribuição final de maio). Para participar envie um e-mail para varaldobrasil@gmail.com com seus textos! www.varaldobrasil.com

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MULHER Por Sílvio Parise Mulher, ser realmente inteligente Universalmente sempre presente, Louvada por muitos, odiada por outros, mas... Habilitada para nessa estrada de Espinhos e diversas pedras ousadas Realmente, apesar dos obstáculos perenes, brilhar.

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MULHER SACROSSANTO SER Por Vivaldo Terres

Como és divino ò sacrossanto ser... Apesar de seres humana! Pois fostes agraciada... Com uma missão suprema. De ajudar o homem a garantir a espécie, *** Sendo cheia de luz e paz... A transbordar-te o ser, Procuras sempre a irradiar o amor, Em qualquer lugar que estejas! Mesmo na alegria ou na dor. *** Fazes partes de um mundo... Onde a tristeza impera; Somente tu! Com esse amor que emanas... Podes iluminar o mundo! Salvando a raça humana.

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MEU PAÍS É O UNIVERSO Por Jacqueline Aisenman A minha casa o meu país a minha rua o meu mundo tudo reflete o que sou e o que não sou. Vulnerável, infiel e avariada, ávida do que nem mais há. A inconstância dentro e fora me permite me reinventar sempre o tempo todo vidas e vidas na mesma vida. Quero ir bem mais, mais além das brancas nuvens e descobrir o mais profundo das profundas águas dos oceanos, me derramar na terra e assim fundir com toda ela e sua vida... Ai, que eu sou uma mulher impermanente impertinente indolente indecente completamente absurdamente sem lar... absurda e sem lar... abusada, sem par.

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O QUE É FEMINISMO Feminismo é um movimento político, filosófico e social que defende a igualdade de direitos entre mulheres e homens.

Um dos símbolos que impulsionou o feminismo em meados da década de 1960 foi a publicação do livro “O Segundo Sexo”, da escritora feminista francesa Simone de Beauvoir, que desconstruiu a imagem de que a “hierarquização dos sexos” seria uma questão biológica, mas sim unicamente o fruto de uma construção social pautada em séculos de regimes patriarcais. A partir deste período, começa a se disseminar o chamado Feminismo Radical, uma ramificação do pensamento feminista que acredita só ser possível “exterminar” o machismo com uma revolução profunda e geral, eliminando os regimes patriarcais. As feministas radicais ainda acreditam ser necessárias mudanças na legislação dos países, criando privilégios e leis de proteção ao gênero feminino, por exemplo.

FEMINISMO E FEMISMO O “embrião” do movimento feminista surgiu na Europa em meados do século XIX, como uma consequência dos ideais propostos pela Revolução Francesa, que tinha como lema a “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”. As mulheres queriam estar inseridas no turbilhão de mudanças sociais que estas revoluções traziam, principalmente para se sentirem mais cidadãs em uma sociedade historicamente regida pelo patriarquismo. No entanto, o feminismo só começou a se popularizar no mundo ocidental nas primeiras décadas do século XX, questionando o poder social, político e econômico monopolizado pelos homens. O feminismo, como muitos pensam erroneamente, não é um movimento de sexista, ou seja, que defende a figura feminino sobre o masculino, mas sim uma luta pela igualdade entre ambos os gêneros.

Feminismo e femismo possuem significados completamente diferentes. O feminismo é um movimento social de “quebra” da hierarquização dos sexos, do sexismo e do machismo, reivindicando igualdade de direitos entre homens e mulheres. O femismo, por sua vez, pode ser considerado o sinônimo do machismo (ao mesmo tempo que é seu oposto), pois trata-se de uma ideologia de superioridade da mulher sobre o homem. O femismo, assim como o machismo, prega a construção de uma sociedade hierarquizada a partir do gênero sexual; baseada em um regime matriarcal.

Atualmente, não são apenas as mulheres que se intitulam ou compartilham de pensamentos feministas - assim como existem muitas que também apoiam o esquema de uma sociedade machista - alguns homens, que se sentem “pressionados” ou incomodados com as “regras de comportamento social do machismo”, partilham da mesma visão de liberdade e direitos igualitários entre os sexos. www.varaldobrasil.com

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FEMINISMO E MACHISMO Ao contrário do que prega o machismo, como um movimento de repressão e repúdio aos direitos igualitários entre homens e mulheres, o feminismo funciona não como uma tentativa de sobrepor o “poder feminino” sobre o masculino, mas sim de lutar pela igualdade entre mulheres e homens em todos os setores da sociedade.

FEMINISMO NO BRASIL O movimento feminista no Brasil começou a tomar corpo no começo do século XX, mais precisamente entre as décadas de 1930 e 1940. A estrutura familiar e social do brasileiro era totalmente construída sobre a figura do homem; um regime patriarcal. O feminismo no país surgiu, assim como em outros cantos do mundo, como uma tentativa de inserir a mulher brasileira na sociedade, dando voz e expressão às suas necessidades. Um dos grandes marcos do movimento feminista no Brasil foi a conquista do direito ao voto nas eleições, em 1934, durante o governo do presidente Getúlio Vargas. Fonte: Reprodução de artigo do site Significados www.significados.com.br

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o fado amoroso da Eva: Todas elas, amam e odeiam. Todas elas caminham, passeando pelo viver.... Elas brilham e não adiam nada. Não deixam nada para trás! Todas querem estar dentro do seu eixo, – equilibrando-se, gloriosas –, com salto alto: mesmo que estejam desfilando por uma corda bamba...! Elas não caem do salto! Elas não repassam a bola... Elas não deixam “a peteca cair”! Elas são os estigmas que se transcendem além do amor e do ódio! Imagem by xavier-bourdil

AS VIDAS SÃO ATOS DE AMORES, CONCEBIDOS E GERADOS PELAS MULHERES...!

As mulheres não sonham! Elas não perdem tempo com este estado onírico! Elas partem logo para o real. Elas realizam o que projetam. Elas finalizam tudo o que acreditam que é confortável para o seu bem-estar. Extensivo pri-

pOR ODENIR FERRO

Qual é a extensão proporcional, proposital, dimensional? Quais serão os múltiplos e diversos domínios que estão abrangentes na Plenitude Global das Mulheres? A mulher é a força preponderante em todos os sentidos dos acontecimentos – desde os mais corriqueiros até os mais espetaculares – cujos enredos dão plenas gestões aos desenvolvimentos históricos pelos quais caminham os seguimentos socioculturais da Humanidade! A força de domínio das Mulheres, é significativa, marcante, abrangente. As Mulheres interagem-se em pleno uníssono com o Todo do Planeta; quer estejam elas – despertas, conscientes – ou não: no que é pouco provável. Elas vivem sintonizadas com todos os acontecimentos pelos quais elas têm significativas e marcantes participações. Sejam estas participações voluntárias, geridas por elas, ou involuntárias, também geridas por elas. Elas estendem-se, alongam-se, pontuam, prolongam, prorrogam, atestam, protestam, elas são as verdadeiras intermediárias de tudo. Gerando forças dominantes, dentro dos círculos socioculturais da Humanidade! As Mulheres são dominantes em todos os sentidos! Todas elas carregam, dentro do seu carismático e glamoroso estigma genético, a herança histórica proveniente da Eva! Todas elas guardam

Imagem by Olly (Fotolia)

meiramente, aos seus, aqueles a quem ela ama, ou acredita que ama; até o momento em que se sentir traída por algo ou alguém. Embora as mulheres pareçam ser ou terem características volúveis ou vulneráveis, na realidade elas não são nada, absolutamente nada disso: o que acontece é que elas vivem sintonizadas consigo mesmas. Aceleradas dentro do corpo, mente, alma e coração – sempre se estendendo, compartilhando com o mundo em torno de si, e, também com o mundo além de si, – pois elas vivem sintonizadas com tudo e com todos – e, em muitos momentos, quando são traídas nos seus anseios, desde os mais comuns até aos mais sofisticados –, elas deixam de acreditarem no seu próximo – podendo este sentido ou esta sensação, ser momentânea, passageira, ou não... tudo vai depender do seu entendimento. E se as explicações não forem plausíveis,

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convincentes, daí então “elas chutam o balde...” E, este chute pode ser momentâneo, indeciso, ou preciso, e, definitivo. As Mulheres parecem ser, elas são, ou elas se tornam, as vezes muitas, as vezes poucas, ou as vezes, definitivamente: Camaleões! Elas são camaleões, elas são tigresas, elas são leoas... elas são pássaros livres! Elas são gatas que não se aprisionam, que não se deixam aprisionarem-se, muito embora, são gatas camaleões, tigresas, leoas, que aprisionam e em muitos casos, devoram as suas presas, com uma perspicácia indescritível, incrível... para depois voarem, voarem, ganhando as alturas magistrais de pássaros livres... Com uma habilidade ímpar... dentro de todas as suas habilidades cheias de pantomimas – nas quais, e dentro das quais, somente elas são perspicazes, malabaristas, contorcionistas, iconoclastas: (dentro da Id, do Ego, e do Álter Ego), parecendo ser ou estarem sendo ingênuas... enquanto, entretanto, vou reluzindo-se: brilhantes, lindas, dentro de auréolas novas ou seminovas, dos fados e enfados de pseudoágatas: pois todas elas, são maravilhosas, incríveis... E, muito embora pareçam ser ou estarem sendo indecisas, descontroladas, volúveis, vulneráveis – na realidade, elas estão sentindo, estão amando, estão sintonizadas com o seu meio, estão vibrando com o Planeta Terra: Deixando as suas marcas de batons, junto aos escritos que se vão, no além do Tempo, produzindo ou reproduzindo os Enredos Históricos da Humanidade! E, assim também elas, vão... sempre em gestão, enquanto estão vibrando – amando ou odiando, – por dentro ou por fora delas próprias: mas, com o álter ego sempre ativas, altivas, e, sendo, existindo, amando, odiando, realizando,

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construindo, destruindo, apaixonando, sendo apaixonáveis, dançando, caminhando, despindo, vestindo, gerando, parindo, criando..., mas, acima de tudo e de todos – de qualquer um, – sendo Mulheres: Sendo as Grandes atrizes amantes! As espectadoras de si mesmas, além do mundo todo aos seus pés, ou do mundo todo na frente do bico dos seus pés... prontos e, a ponto: para que elas o chutem – para logo a seguir, entre choros, risos e palavras desconexas, – correrem “entre delírios” para o resgatarem de volta...! Arrependidas...(?!) tal quais, fazem com os seus homens... amam ou os repulsam, repudiam... E quando mudam de ideia, correm atrás... E Ganham...! Sempre ganham! Por agirem com o coração: seja este coração pleno e repleno de ódios, ou de imensuráveis amores...! As mulheres amam...! As mulheres odeiam...! As mulheres perdoam?! (...) As Mulheres são como os Elefantes! Elas são sensivelmente elegantes: mas, muito embora, contudo, todavia, porém, elas não esquecem! As mulheres usam as pantomimas, os disfarces, os seus múltiplos disfarces, além dos inumeráveis e artísticos e estilísticos disfarces que o Mundo predispõe ou dispõe aos seus pés... As mulheres mascaram as dores. As suas ou as dos outros, enquanto vai se reproduzindo ou produzindo-se, com os artifícios da make-up, da estética, das exuberantes elegâncias corporais... As mulheres se encontram, se desencontram, se encantam, se desencantam, se ganham ou se perdem... dentro dos gestos, dos jeitos, dos trejeitos, das caras, das bocas, dos batons, das dores, das cores, das flores, dos risos, das lágrimas, dos choros convulsivos, dos anseios compulsivos, dos vômitos congestivos, da gula a noite, as escondidas, irrepreensível, somando ou descongestionando-se, dentro dos amores

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desfeitos, dos abortos sofridos, doidos, doídos, arrasados, destruídos, inconfessados, inconfessáveis... As Mulheres choram e riem, por fora, por dentro e em torno de si mesmas, equilibrando-se nos saltos mais altos possíveis, caminhando, caminhantes, dançando ou dançantes, sacolejando-se ou sendo sacolejadas, numa imensurável corda bamba – cujo o estigma carismático do viver, instigam-lhes para que avancem, caminhem, vibrem, dancem e existam: dentro das luzes das sabatinadas sabedorias... reluzentes, transluzentes, tremeluzentes, dentro dos trajetos mais incógnitos possíveis... muito embora, contudo, porém, sempre rebrilhando-se nas estruturas do Existir, do Viver, do Amar, do Sentir. Mais, muito mais, do que no além de nós, no além daqui: onde todos os propósitos, são propositalmente novos ou renováveis; quando o coração insiste em querer, em pulsar por um alguém, por um algo a mais, por um desejo descontrolado e incontável de existir, de vibrar, de compartilhar, comprazendo-se, e, deixando as suas naturais e características marcas, dentro das luzes carismáticas da existência! Onde o Palco Móvel da Vida – o qual nós o denominamos de Mundo – vai se girando, se clareando, vai se escurecendo, entre um dia e outro, entre um ano e outro... enfim, vai se demonstrando e vai se desnudando entre um cenário e outro, seja ele belo ou não – encantador ou não, fatídico ou extremamente carismático – enquanto vamos vivendo, vibrando, amando, seguindo, perseguindo, mas, acima de tudo, existindo – principalmente por criarmos a nossa história, em conjunto com todas as outras demais por demais inúmeras, inumeráveis histórias dentro das nossas outras histórias já escritas, transcritas, sempre despertas, sempre atentas, sempre alertas e vibrantes: dentro

das realidades artísticas ou reais, expressivas ou fatais. Nas quais, ou através das quais, nos propomos ou nos propusemos a conta-las, cantá-las, reconta-las, recantá-las, reencena-las, historiando-nos ou historiando as histórias das vidas... Mas, muito embora, acima de tudo, contudo, porém: Amando! Vivendo! Participando! Criando, produzindo, reproduzindo, gerando, gestando, concluindo... (Ou não?!) ... A Vida... gerando outras Vidas, prosseguindo as trajetórias históricas das Vidas, dentro do nosso viver, dentro do viver coletivo inconsciente – o qual nós o denominamos de Humanidade – dentro do qual vamos almejando as realizações de todos os nossos anseios... diluindo-nos numa têmpera de aquarela, com as nossas lágrimas e as tintas coloridas dos nossos medos, dos nossos desejos, dos nossos ódios e dos nossos amores – nas energéticas vibrações das nossas luzes – sejam elas próprias, ou vindas ou provindas, pelo nosso Deus Criador, pelos nossos bons Anjos Guardiões: aqueles que amparam-nos quando estamos sofrendo, na solidão, na repulsa, envolvidos com os desequilíbrios dos meios – desejando o Amor, acreditando no Amor, e, implorando pela Paz! A Vida é um ato de Amor, concebido e gerado pelas Mulheres...

AS VIDAS SÃO ATOS DE AMORES, CONCEBIDOS E GERADOS PELAS MULHERES...!

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foi para Calcutá onde passa a ensinar História e Geografia no Colégio de Santa Maria, da Congregação de Nossa Senhora do Loreto, em Calcutá. Mais tarde foi nomeada Diretora. Em setembro de 1946 durante uma viagem de trem, ouviu um chamado interior que a fez decidir abandonar o noviciado e se dedicar aos necessitados. Depois de apresentar seu plano, recebeu a autorização do Papa Pio XII, no dia 12 de Abril de 1948. Embora deixando a congregação de Nossa Senhora de Loreto, a Irmã Teresa continuava religiosa sob a obediência do arcebispo de Calcutá. Só em 08 de Agosto de 1948 ela deixou o colégio de Santa Maria.

MADRE TERESA DE CALCUTÁ Madre Teresa de Calcutá (1910-1997) foi uma missionária católica albanesa.Logo cedo descobriu sua vocação religiosa. Com dezoito anos entrou para a Casa das Irmãs de Nossa Senhora do Loreto. Criou a Congregação Missionárias da Caridade. Dedicou toda sua vida aos pobres. Em 1979 recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Foi Beatificada pela igreja católica em 2003. Agnes Gonxha Bojaxhiu (1910-1997) nasceu no dia 26 de agosto na Albânia. Foi educada numa escola pública da atual Croácia. Ingressou na Congregação Mariana. Com o consentimento dos pais, entrou no dia 29 de Setembro de 1928 para a Casa das Irmãs de Nossa Senhora de Loreto, em Dublin, Irlanda. O seu sonho era a Índia, onde faria um trabalho missionário com os pobres. Em 24 de maio de 1931, fez votos de pobreza, castidade e obediência, recebendo o nome de Teresa.

Madre Teresa dirigiu-se para Patna, para fazer um breve curso de enfermagem. Em 21 de dezembro obtém a nacionalidade indiana. Data que reuniu um grupo de cinco crianças, num bairro pobre e começou a dar aula. Pouco a pouco, o grupo foi aumentando. Dez dias depois eram cerca de cinquenta crianças. Tendo abandonado o hábito da Congregação de Loreto, a Irmã Teresa usava um sari branco, debruado de azul e colocou-lhe no ombro uma pequena cruz. Ia de abrigo em abrigo levando, mais que donativos, palavras amigas e as mãos sempre prestáveis para qualquer trabalho. Em 19 de março de 1949, as vocações começaram a surgir entre as suas antigas alunas do colégio. A primeira foi Shubashini. Filha de uma rica família, disposta a colocar sua vida ao serviço dos pobres. Outras voluntárias foram se juntando ao trabalho missionário. Mais tarde chamadas de “Missionárias da Caridade”. Em 1949, a constituição da irmandade, começou a ser redigida.

Da Irlanda, partiu para Índia. Foi enviada para Darjeeling, local onde as Irmãs de Loreto possuíam um colégio. De Darjeeling a Irmã Teresa www.varaldobrasil.com

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A Congregação de Madre Teresa, foi aprovada pela Santa Sé em 07 de outubro de 1950. Em agosto de 1952, é aberto o lar infantil Sishi Bavan (Casa da Esperança) e inaugurado o “Lar para Moribundos”, em Kalighat, auxiliando pobres, doentes e famintos. A partir dessa data, a sua Congregação começa a expandir-se pela Índia e por várias partes do mundo. Madre Teresa de Calcutá recebe o Prêmio Nobel da Paz, em outubro de 1979. Nesse mesmo ano, João Paulo II recebe a Madre, em audiência privada e a nomeia “embaixadora” do Papa em todas as nações. Muitas universidades lhe conferiram o título “Honoris Causa”. E em 1980, recebe a ordem “Distinguished Public Service Award” nos EUA. Em 1983, estando em Roma, sofre o primeiro grave ataque do coração. Tinha 73 anos. Em setembro de 1985, é reeleita Superiora das Missionárias da Caridade. Nesse mesmo ano, recebe do Presidente Reagan, na Casa Branca, a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração do país. Em agosto de 1987, vai à União Soviética e é condecorada com a Medalha de ouro do Comitê Soviético da Paz. Em agosto de 1989, realiza um dos seus sonhos, abrir uma casa na sua Albânia, sua terra natal. Em setembro de 1989, sofre o seu segundo ataque do coração e recebe um marca-passo. Em 1990, pede ao Papa para ser substituída no seu cargo, mas volta a ser reeleita por mais seis anos, até 1996. Madre Teresa de Calcutá morre no dia 05 de setembro de 1997, depois de sofrer uma parada cardíaca. Seu corpo foi transladado ao Estádio Netaji, onde o cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano, celebrou a Missa de corpo presente. O mesmo veículo que, em 1948, transportara o corpo do Mahatma Gandhi foi utilizado para realizar o cortejo fúnebre da “Mãe dos pobres”. Em outubro de 2003 Madre Teresa de Calcutá é beatificada pelo Papa João Paulo II. Fonte: Reprodução de biografia do site http://www.e-biografias.net/

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JUDITE (OU JUDITH) TEIXEIRA Judite Teixeira representa um caso singular na história literária em Portugal não só pelo escândalo suscitado aquando a condenação e apreensão da sua coletânea poética de 1923, “Decadência”, mas também pelo injusto esquecimento da sua contribuição literária, especialmente no discurso modernista das letras portuguesas. No entanto, como observou um dos poucos críticos que soube avaliar objetivamente a sua escrita - o poeta António Manuel Couto Viana Judite Teixeira poderia ser considerada, dentre as escritoras portuguesas, a “única poetisa modernista”. Por René P. Garay Fonte: www.triplov.com

MINHA VIDA

Tu estás doente meu amor, porquê? Falta-te o sol, a luz, o meu sabor? Ou queres tu, que ainda eu te dê, nos meus braços, mais ânsia, mais calor? Se és tu o sol, a graça, essa mercê divina que Deus trouxe à minha dor, exige tudo, a minha vida e crê que ta darei com alegria, amor! Se perdes a alegria, minha vida, perco-me eu a procurar a causa: minha alegria é também perdida! Beijemo-nos, meu bem, ardentemente... que venha a morte numa doce pausa e que nos leve se não és contente!

Judith Teixeira, in ‘Antologia Poética’

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Começou a escrever na adolescência “versos ingénuos, que guardava”, (segundo palavras suas) e apareceu no “Jornal da Tarde” com composições em prosa que assinava com pseudónimo. Do seu nome verdadeiro, só haveria notícia em 1922, quando escreveu a maior parte dos poemas que haveriam de ser incluídos nos seu livros “Decadência” e “Castelo de Sombras”, publicando também poemas na revista “Contemporânea”. O livro “Decadência” saiu em Fevereiro de 1923. Em Março do mesmo ano, o Governo Civil de Lisboa apreendeu este livro deJudith, assim como as “Canções” de António Botto e “Sodoma Divinizada” de Raúl Leal, depois da polémica instalada após a publicação destes livros, apelidados de “imorais”, que levaram uns quantos estudantes católicos sedentos de mão pesada, a queixar se contra a “literatura dissolvente” que “corroía a moral e os costumes”. Os livros foram queimados eJudith apelidada de “desavergonhada”. Fernando Pessoa tomou posição em defesa dos amigos Botto e Leal. De Judith, não mais se falou na altura. Em Junho do mesmo ano, Judith publicou “Castelo de Sombras”, constituído por 24 poemas datados de sexta feira de paixão de 1921 a Abril de 1923. E em Dezembro do mesmo ano, resolveu editar novamente “Decadência”. Durante o ano de 1925, Judith escreveu a maior parte dos poemas que iria publicar no livro “Nua”, em 1926. Entretanto, editou e dirigiu a revista “Europa”. O livro “Nua” foi anunciado pelo poema “A cor dos sons”, publicado na revista “Contemporânea”, n.º11. Em Junho, já com o livro à venda, sairia no jornal “Revolução Nacional”, (jornal de propaganda da ditadura

onde se insultavam os directores de quase todos os outros jornais), um texto onde era referido o livro “Nua” de Judith, como “uma das vergonhas sexuais e literárias” e apelidados os seus poemas de “versalhadas ignóbeis”. Marcelo Caetano escreveria ainda, no jornal “Ordem Nova” (de que era fundador e redactor), que tinham aparecido nas livrarias uns livros obscenos, apelidando Judith de desavergonhada, e onde se vangloriava pela cremação dos livros dela, de Leal e de Botto, a que chamava de “papelada imunda, que empestava a cidade”. Judith Teixeira, depois de enxovalhada publicamente, ridicularizada, apelidada de lésbica e caricaturada em revistas, defendeu se e contra atacou na conferência “De Mim”, cujo texto se apressou a editar. Sete meses depois, publicou “Satânia”, enfrentando tudo e todos. Depois desta data, Judithassinou raras colaborações. Em 1928 publicou o “Poemeto das Sombras” na revista “Terras de Portugal” e depois disto, não se ouviria dela nem mais uma palavra. Pois depois de totalmente esmagada pela moral vigente, viu se em 1927 sentenciada de “morte artística” pela mão de José Régio, que diria: “Todos os livros de Judith Teixeira não valem uma canção escolhida de António Botto”. Depois disto, sabe se que terá saído do país e que se terá calado para sempre uma voz tão incisivamente dedicada à agitação. Judith morreu em 1959. Quinze anos mais tarde, em 1977, António Manuel Couto Viana ressuscitava o nome de Judith Teixeira ao dedicar lhe uma memória no volume “Coração Arquivista” onde se interrogava porque teriam sido as poesias de Judith votadas ao silêncio e à ignorância das mesmas. Judith Teixeira é ainda hoje praticamente desconhecida e continua a não estar representada em qualquer antologia. Fala se ainda hoje da polémica da “literatura de sodoma” de Botto, Leal e Pessoa, e omite se aquela que viu igualmente um livro seu em labareda e que foi a mais perseguida e enxovalhada dos poetas modernistas. Uma excepção para a Editora “&etc”, que, em 1996 resolveu editar os poemas de Judith Teixeira, (com pesquisa, organização e bibliografia elaborada por Maria Jorge e Luís Manuel Gaspar), com o objectivo de reparar a injustiça de tal silêncio a que esta poetisa vanguardista dos anos 20 foi votada todos estes anos.

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Fonte: www.truca.pt/ 84


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MENINA MULHER Por Valquiria Imperiano Uma pequena mulher Grande nas ideias, pequena na idade Olhava-se de perfil no espelho dourado Medindo sua transformação Contava seus pelos Queria crescer virar adulta Ávida por envelhecer Pintava sua cara fresca A boca explodia no vermelho escarlate Seus pés dançavam nos sapatos de salto 15 Uma boneca fantasiando-se de adulta Refutando sua idade minúscula Seu sonho era adolescer, amadurecer, crescer Mal sabia que não precisava sonhar nem desejar Seu futuro estava previsto, decidido Suas células iriam multiplicar-se Seus hormônios conduziram-na até a passarela dos adultos Criaria pelos indesejáveis e os depilaria Talvez até cortasse a metade dos seios agigantados E recomeçaria a mirar-se no espelho Contando as rugas que a perseguiria até o fim dos seus dias Finalmente esqueceria sua cara de criança Inconformada conscientizar-se-ia Que apos cada noite de sono acordaria num amanhã sem retorno Viveria das reminiscências Desejando, apenas, ter menos dez anos...

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DOCE SENHORA Por Walnélia Corrêa Pederneiras minha vizinha desceu deusa pelo elevador setenta anos e um novo amor... viúva, sonhava e porque sonhou, encontrou. www.varaldobrasil.com

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REINOS Por Tania Diniz Ter formas de maçã A surpresa de textura e cor da romã Do caju, sumarenta carnadura Da goiaba de vez, o frescor Então, apetitosa e nua a fome acesa em tua mesa, ver, talvez, o emergente calor da tua carne dura.

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MULHER Por Vivaldo Terres

Tu és divina oh ser maravilhoso, Entre a criação tu és a preferida! Tens o dom de ser mãe e de ser amada pelo homem, E por Deus de ser reconhecida. Tens no coração a ternura dos santos, E na alma o amor, nasceste para amar... Mesmo quando não amada. Ainda que dos teus olhos escorra uma lágrima, Mesmo assim estás pronta para socorrer, e acalmar a dor. És tu que no ventre traz o herói ou a santa! És tu que no simples olhar nos dás a esperança, Querendo com isso nos dizer, Que somos fortes, pois és valente! Já não temes a morte.

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MYRTHES DE CAMPOS 1875 -1965 Primeira mulher a ser admitida no Instituto dos Advogados Brasileiros

A Reforma de Educação de Leôncio Carvalho em 1879 abriu para as mulheres as portas das Faculdades, antes reduto exclusivo dos homens. Esses e a maioria das pessoas de então não viram com bons olhos essa inovação. Muitos não as consideravam capazes de exercer tal profissão. Mas as mulheres mais ousadas trataram logo de usufruir o que a lei determinava. Enfrentaram censuras veladas ou abertas no meio social e, muitas vezes, na própria família. Myrthes de Campos, nascida em Macaé (RJ) bacharelou-se pela Faculdade de Ciências

Jurídicas e Sociais no Rio de Janeiro. Precisou enfrentar a oposição dos familiares para fazer o curso e, quando já formada, dificuldades para ser reconhecida como profissional de direito. Não era só a clientela que fazia restrições. Era a própria instituição jurídica que levantava barreiras esquecendo-se do preceito legal básico de dar a cada um o que é seu. Após muita luta, Myrthes conseguiu registrar seu diploma no Tribunal de Relação do Estado do Rio de Janeiro. O Instituto dos Advogados Brasileiros, no entanto, foi mais resistente. Sua pretensão em nele ingressar era um fato inusitado. Segundo o Relator, o diploma de Bacharel, por si só, não era suficiente, pois a mulher casada não poderia advogar sem a autorização do marido. Para ele, o poder marital era de total importância, posto que, sem ele ter-se-ia uma sociedade sem autoridade, o ideal para a anarquia no lar. Em face disso, o resultado da votação foi de 16 votos contra 11. Myrthes não se intimidou e se dispôs a vencer essa discriminação no desempenho da função para a qual se preparara. Usava a imprensa para divulgar a situação jurídica da mulher e envolveu-se no movimento sufragista feminino. Em 1905, finalmente, o Instituto dos Advogados Brasileiros abriu suas portas para a brilhante e eficiente Dra Myrthes! Era a primeira mulher a figurar nos quadros do Instituto. Nesse mesmo ano, participando do 3º Congresso Científico Latino-Americano, apresentou a tese que propunha a eliminação do item do Código Civil que legislava sobre a incapacidade civil da mulher casada. A tese foi aprovada no plenário, mas demorou mais de meio século para se tornar realidade. Mas a semente fora lançada!

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O próximo passo foi advogar o direito de voto para as mulheres. Em 1910 chegou a requerer seu alistamento eleitoral sob a alegação de que a Constituição não negava esse direito à mulher. Seu pedido foi indeferido. Mas pôs em foco a questão. Anos mais tarde, num Congresso Jurídico no Rio conseguiu a aprovação da emenda, pela qual a mulher não é considerada inapta, moral e intelectualmente, para o exercício dos direitos políticos. Foi, por meio desse esforço, que o caminho oficial tornou-se aberto para as mulheres exercerem seus direitos de cidadania. A partir de 1924 a Dra. Myrthes passou a trabalhar junto à jurisprudência do Tribunal do Distrito Federal onde permaneceu até sua aposentadoria (1944). Após sessenta anos de carreira, comentou o quanto era prazeroso ver o Fórum cada dia mais povoado de jovens profissionais e que se sentia rejuvenescida nas novas gerações de advogadas. Só ter o direito de fazer um curso superior era condição necessária, mas não suficiente. E ela provou isso! Mas não era o poder marital, por si só, que restringiria o exercício da advocacia. A advogada precisava, antes de mais nada, ser capaz de aceitar o desafio com a firme decisão de garantir o seu espaço, buscar remover os obstáculos e abrir caminho para que outras pudessem trilhá-lo. Foi essa característica que tornou a Dra. Myrthes diferente das outras mulheres que, diante nas dificuldades e das discriminações, não as enfrentaram e acabaram exercendo uma outra profissão.

No dia 15 de dezembro, comemora-se o Dia da Mulher Operadora do Direito e em homenagem a todas as advogadas, o JurisOffice presta sua homenagem a Myrthes Campos, a primeira advogada do Brasil. Seus artigos foram um marco no campo da jurisprudência em prol da liberdade feminina através do voto feminino e a emancipação jurídica da mulher. Foram necessários 55 anos desde a estréia de Myrthes no mundo jurídico para que outra juíza tomasse posse no Brasil. O fato ocorreu somente em 1954 com a magistrada Thereza Grisólia Tang de Santa Catarina. Outros 46 anos se passaram até que uma mulher, Ellen Gracie, fosse admitida no STF. Parabéns a todas as advogadas do Brasil!

Publicações: O voto feminino. 1929. A propósito da mulher jurada. 1933. Os advogados brasileiros e a advocacia feminina. 1937. Referências bibliográficas COELHO, Nelly Novaes. Dicionário crítico de escritoras brasileiras, São Paulo: Escrituras Ed., p. 497, 2002. de algumas de suas lutas e conquistas (18271970). Disponível na Internet via http://www.geocities.yahoo.com.br/izirbel/tabelamulheres.htm.

Arquivo capturado em 22 de junho de 2004. www.varaldobrasil.com

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O VOTO FEMININO NO BRASIL

A data foi sancionada muito recentemente, mas o peso é gigante: no dia 24 de fevereiro comemora-se o Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil. Neste dia, em 1932, o então presidente Getúlio Vargas assinou a lei que garantia o direito de voto às mulheres brasileiras. O decreto foi sancionado depois de muita luta e apelo político, mas veio dividido por partes. O voto permitido no decreto de 1932 restringia-se às mulheres casadas, com autorização dos maridos, e às viúvas e solteiras com renda própria. As barreiras foram totalmente eliminadas somente em 1934. Em 1946, uma nova lei passou a prever a obrigatoriedade do voto também para as mulheres, que até então era um direito, mas não um dever. Mas, até chegarmos a esses termos, a coisa andou muito devagar. A discussão sobre o voto só chegou ao Congresso brasileiro em 1891, mas foi completamente rechaçada: a maioria dos deputados, alegando a inferioridade da mulher, alertou para um suposto perigo que o voto feminino acarretaria à preservação da família brasileira.

Sufragistas brasileiras: Eugenia Moreyra, Bertha Lutz e Celina Viana. (Fotos: Wikimedia Commons e TSE - Veja acima)

Mesmo com as dificuldades, a luta das sufragistas brasileiras era alimentada pelas companheiras inglesas e americanas. A bióloga Bertha Lutz, um dos maiores nomes na defesa dos direitos políticos das mulheres brasileiras, fundou a Liga pela emancipação Intelectual da Mulher, na década de 1920, com a anarquista Maria Lacerda de Moura. Além dela, Eugenia Moreyra, a primeira jornalista mulher de que se tem notícia no Brasil, era uma sufragista declarada em seus artigos, que continham frases como: “A mulher será livre somente no dia em que passar a escolher seus representantes”. Curiosamente, cinco anos antes da lei de Getúlio, ocorreu o primeiro voto feminino e a primeira eleição de uma mulher no Brasil, ambos no Rio Grande do Norte. Em 1928, na cidade de Mossoró, Celina Guimarães Viana, de 29 anos, cadastrou-se em um cartório para ser incluída na lista de eleitores das eleições daquele ano. Também naquele ano, uma fazendeira, Alzira Soriano de Souza, foi eleita prefeita na cidade

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de Lajes, no mesmo estado. Em um caso que gerou repercussão, a Comissão de Poderes do Senado impediu que o voto de Celina fosse reconhecido e que Alzira tomasse posse no cargo. Fonte: Reprodução de artigo do site Guia do Estudante http://guiadoestudante.abril.com.br/

PÁSSARO DO AMOR Por Aldo Moraes Doce paisagem Estranha cor miragem Novas luas sete vezes Sete véus Sua imagem Sua boca Sua bondade Suas duas horas De ser mãe E ser mulher.

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POR QUE 8 DE MARÇO É O DIA DA MULHER? Desde o final do século 19, organizações femininas oriundas de movimentos operários protestavam em vários países da Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias e os salários medíocres introduzidos pela Revolução Industrial levaram as mulheres a greves para reivindicar melhores condições de trabalho e o fim do trabalho infantil, comum nas fábricas durante o período.

As histórias que remetem à criação do Dia Internacional da Mulher alimentam o imaginário de que a data teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas. Sem dúvida, o incidente ocorrido em 25 de março daquele ano marcou a trajetória das lutas feministas ao longo do século 20, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento.

O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. No ano seguinte, o Partido Socialista dos EUA oficializou a data como sendo 28 de fevereiro, com um protesto que reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York e culminou, em novembro de 1909, em uma longa greve têxtil que fechou quase 500 fábricas americanas. Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca, uma resolução para a criação de uma data anual para a celebração dos direitos da mulher foi aprovada por mais de cem representantes de 17 países. O objetivo era honrar as lutas femininas e, assim, obter suporte para instituir o sufrágio universal em diversas nações. Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiram ainda mais protestos em todo o mundo. Mas foi em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Juliano, adotado pela Rússia até então), quando aproximadamente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as más condições de trabalho,

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a fome e a participação russa na guerra - em um protesto conhecido como “Pão e Paz” - que a data consagrou-se, embora tenha sido oficializada como Dia Internacional da Mulher, apenas em 1921. Somente mais de 20 anos depois, em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Nos anos 1960, o movimento feminista ganhou corpo, em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher e em 1977 o “8 de março” foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas. “O 8 de março deve ser visto como momento de mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países”, explica a professora Maria Célia Orlato Selem, mestre em Estudos Feministas pela Universidade de Brasília e doutoranda em História Cultural pela Universidade de Campinas (Unicamp).

sexualidade e a saúde da mulher. Em 1982, o feminismo passou a manter um diálogo importante com o Estado, com a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, com o aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.

Quer saber mais? CIM - Centro de Informação da Mulher. (11) 31513660 Bibliografia As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres. Ana Isabel Álvarez Gonzalez, 208 págs., Ed. SOF/Expressão Popular.

No Brasil, as movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio aos grupos anarquistas do início do século 20, que buscavam, assim como nos demais países, melhores condições de trabalho e qualidade de vida. A luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 30, que conseguiram o direito ao voto em 1932, na Constituição promulgada por Getúlio Vargas. A partir dos anos 1970 emergiram no país organizações que passaram a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a

Fonte: Reprodução de artigo publicado na Revista Nova Escola Site: www.revistaescola.abril.com.br

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CRÓNICA DE UM DIA MUNDIAL DA MULHER Por Dulce Rodrigues O tempo passa e os dias sucedem-se uns aos outros, cada semana seguindo-se sempre à anterior e terminando-se inevitavelmente por um fim-de-semana: um fim-de-semana como todos os outros mas sempre diferente. Este de que vos vou falar foi um fim-de-semana que coincidia com um Dia Mundial da Mulher. Esta iniciativa muito simpática dos «dias mundiais» de qualquer coisa tem vindo a desenvolver-se a um ritmo acelerado desde há algum tempo e, se não servir para muito mais, é, sobretudo, lucrativa para os comerciantes. Não vivemos nós numa sociedade consumista? Quanto à finalidade essencial por que se criou o Dia Mundial da Mulher, será que esta é a melhor maneira de a atingir? Como Mulher (não por oposição, mas como complementaridade a «como Homem»), permito-me discordar. Ao banalizarem-se os dias mundiais – fazendo dias mundiais a torto e a direito, por isto e por aquilo – estes perdem o seu simbolismo, logo a sua verdadeira importância. O mesmo tem acontecido com tantos outros valores, que se perderam, ao banalizarem-se determinadas atitudes ligadas intrinsecamente a esses mesmos valores. Só esta é a explicação para a crise de identidade em que tem vivido a nossa sociedade desde as últimas três décadas do século XX. Dia Mundial da Mulher é todos os dias, pois a Mulher celebra-se no quotidiano da sua vida, ocupando-se do bem-estar dos filhos (se os tem), da família, da sociedade em geral. Mas, neste mundo em que nós vivemos desde há milénios, em que é a força física que impera, não a força espiritual do Amor pelo próximo, esta lição de humanismo perdeu-se, banalizou-se. E é assim que ninguém se preocupa em questionar o que seria do mundo se todas as mulheres, ao mesmo tempo, decidissem fazer greve dessa celebração que se conjuga no tempo presente, no passado e no futuro do seu dia-a-dia. E poucos se lembram – ou querem lembrar – que a forma primeiríssima de sociedade foi

matriarcal, pois a mulher é a única capaz de dar vida, por isso ela tinha de (e deveria continuar a) ser venerada. Que maior dávida para a humanidade do que «dar vida», por oposição a «tirar a vida», que é uma característica tipicamente masculina? O Dia Mundial da Mulher, que fez parte de um fim-de-semana na aparência igual a tantos outros que vivi, foi uma vez mais diferente desses outros. Nesse fim-de-semana houve um encontro literário em Longwy, na França, para o qual eu

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tinha recebido o convite aquando de um outro acontecimento do mesmo género em que participara na Bélgica, em Outubro do ano anterior. Como o sábado coincidia com o dia 8 de Março, os organizadores previam organizar uma mesa-redonda sobre a evolução da condição feminina ao longo dos tempos, para a qual igualmente fui convidada, assim como três outras escritoras, todas elas francesas, uma das quais membro da Academia Francesa. Como é óbvio, não vou fazer aqui um relato do que se passou na mesa-redonda, mas gostaria de citar a minha proposta final que, pelos contactos que recebi depois, parece ter sido acolhida com um certo agrado: que a educação da sociedade para a igualdade de direitos e deveres da mulher e do homem comece a ser feita já nos bancos da escola e complementarizada, a nível do secundário, com a realização de «conversas», para a qual seriam convidadas – na medida do possível – autoras/intervenientes cujo percurso testemunhe de uma época em as mulheres tiveram de lutar por objectivos que as gerações de hoje aceitam como adquiridos ; mas que, exactamente por essa atitude passiva, podem vir a ser postos em causa.

dizer que ficara emocionada ao ouvir-me e que me agradecia por isso. A minha emoção não foi menor perante estes dois jovens testemunhos. A terminar esta crónica, gostaria de deixar bem clara a minha opinião de que, por mais leis que possam existir para defender os direitos e deveres de igualdade entre os dois sexos, essa igualdade só será conseguida quando houver uma mudança radical de mentalidade de ambos os lados. E essa mudança só se conseguirá através da educação. Enquanto houver num sítio qualquer do globo mulheres que vivem subjugadas e sem qualquer possibilidade de afirmação como seres humanos com direitos e deveres, não haverá igualdade entre homens e mulheres. É a todas essas mulheres que dediquei o meu fim-de-semana e também estas linhas, insuficientes – reconheço – para defender tão grande causa, mas ditadas pelo meu coração de Mulher e Mãe.

No decorrer do jantar que se seguiu, falaram um, dois, três, quatro homens, debatendo assuntos de actualidade. Nenhuma mulher. Achei que num Dia Mundial da Mulher, as mulheres tinham algo a dizer e, como das mulheres ali presentes nenhuma tomava a iniciativa, competia-me a mim, em representação de todas elas e porque, ainda por cima, era a única estrangeira, tomar o microfone e falar. Devo dizer muito sinceramente que o fiz com bastante custo, pois gosto muito de escrever, mas não nutro o mesmo sentimento por falar em público. Mas teve de ser e falei, entre outras coisas sobre as mulheres afgãs, sobre as mulheres e crianças iraquianas, sobre as mulheres que sofrem sem poder, sequer, exprimir-se. Não falei muito, mas penso que toquei alguns corações, pois mal me tinha sentado houve um jovem de uma outra mesa que se levantou e veio ter comigo porque “tinha de me dizer quanto gostara das minhas palavras e agradecer-me por as ter dito”. Mal ele se tinha sentado, foi a vez de uma jovem (soube depois que era escritora e viera de Cannes) se me dirigir e

A mulher é um efeito deslumbrante da natureza.

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Arthur Schopenhauer

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MULHER

por Ana Rosenrot Não nasci, me fiz, me inventei, me recriei… Pois sou mais que um gene, um gênero, um cromossomo, sou mulher! Minha força, não se mede em libras, minha coragem vem do coração... Não quero conquistar o mundo, sobrepujar, quero igualdade, num jogo de regras justas, empatar… Quero ser amada, amar, ser feminina, sonhar… Enfrentar com ternura o que vier, sem destruir, nem ameaçar… Sem deixar de ser… Mulher.


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DEAMBULAR Por Antonio Miotto Na madrugada-manhã, as pessoas acordam já trabalhando. E ela, começa formidavelmente a caminhar na areia. Mais uma vez irá ela, homenagear a senhora das águas do mar. Mira ao leste, e vê o sinal do deus sol refletir no horizonte como que escrevesse com a luz seu nome.

UMA MULHER pOR Diulinda Garcia No horizonte de brumas se perde pede peca... uma mulher perdida em longas esperas encharcada de espumas oscilando na amplidão dos mares de ausências dos amores vãos.

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MANTENDO A TRA(D)IÇÃO FAMILIAR Por Osiris (duarte) roriz É o caso da filha que não mais suporta a tensão (e a pressão emocional) daquele momento da vida matrimonial, e que vai aconselhar-se e desabafar com a mãe ...

A filha: Ai que vergonha minha mãe ... A mãe: Fale de vez minha filha ... Esta tua mãe aqui vai te compreender, aconselhar e te perdoar ... A filha: Ai que vergonha minha mãe ... Não sei nem como começar ... Mas é que eu estou traindo o Hortêncio ...

Ouçam o diálogo:

A mãe: E você quase me mata do coração por causa de uma bobagem insignificante e corriqueira como esta ?

A filha: Mamãe eu não aguento mais ... É demais para mim ...

A filha: Mas como bobagem mamãe ... ? Como corriqueira ...?

A mãe: Mas o que foi minha filha ? O que está acontecendo com você.

A mãe: Claro que é bobagem insignificante e corriqueira. Ora essa ... Fique sabendo minha filha, que o teu avô era corno; o teu pai foi o maior corno do bairro; o meu cunhado, o teu tio José Nadir, já era corno antes do primeiro ano de casamento; o pai do Hortêncio (pai do teu marido) era o maior corno manso da paróquia; isto para falar só dos parentes mais próximos … E só faltava você, a minha querida filha única, quebrar a tradição da família ... Ora bolas, minha filha ... Relaxe e aproveite que vida é curta e é uma só.

A filha: Que bom se fosse só comigo ... Mas é que o Hortêncio também está envolvido nisto. A mãe: Que Hortêncio minha filha ? De quem você está falando ? A filha: Ora mamãe ... Quantos hortêncios a senhora conhece ? É claro que me refiro ao Hortêncio, meu marido, teu genro, pai dos meus filhos e pai dos teus netos. A mãe: Sim ... Sim minha filha ... O único Hortêncio que conheço é o teu marido ... Mas do jeito que você está nervosa, até fiquei meio baratinada. Mas o que é que tem o Hortêncio ? Ele está te tratando mal ? Te bateu ? Vai te abandonar ? Tá fumando maconha, bebendo, ou resolveu dar o rabo por aí ... ? A filha: Antes fosse minha mãe ... Antes fosse ... E isto já está a me deixar meio maluca ... A mãe: Então me diga de uma vez, minha filha, senão quem fica maluca sou eu ... A filha: Pois é mamãe ... É tudo culpa minha ... Eu sei que eu não presto ... E o Hortêncio, coitado, não tem culpa de nada ... A mãe: Mas me diga de uma vez o que acontece, porque daqui a pouco o Hortêncio chegará com as crianças.

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MUJER Por Yanni Mara Tugores Tajada

El primer sabor que endulza nuestra boca es la tibieza que emana de sus senos. Sus caricias que prodiga a cada instante deja el aroma de piel en nuestro cuerpo. Es mujer, madre, esposa y compañera la valiente que batalla todo el tiempo. India que monta al lado de un guerrero igual que un prócer defendiendo a su pueblo. Es gavilán siendo apenas una calandria cuando trata de defender a sus polluelos. La que lleva el estandarte en una casa y protege en las noches nuestros sueños. Cuando las lágrimas brotan de sus ojos nadie sabe si son de gozo o tristeza. Aunque esté muriéndose por dentro al mundo entero le muestra su grandeza. Esa eres tú Mujer, avasallante inteligente, sensible y compañera. Esa eres tú Mujer valiente, amiga leal, Mujer guerrera. Esa eres tú, ella o aquella. Esta soy yo, Mujer una aprendiz de poeta apenas que te honra como tantos en este día y este es mi canto de homenaje a tu entereza.

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localizado a uma distância que de tanto a se fazer aproximá-la do que já foi há um tempo para o que o é a gostar num já outro tempo agora desfaz o próprio tempo entre os dois pontos antes e depois e não mais se os há distantes, são o mesmo ponto agora: o sorriso dentro e fora.

LIA Por Gustavo Polycarpo

Lia me disse isto assim. Ela me ia a correr sempre Na frente, Como se para alcançá-la bastasse Esperar que ela voltasse. Até que ela chegasse Eu via as várias faces que podiam transformarse na dela E desistia: não lia em nenhuma face a face que Lia me via. Só lia em Lia.

sustento o sorriso nos meus lados, o de fora, o de dentro: este a esquentar-me o peito nas horas em que ouço Paganini a lançar notas para fuxicar as nuvens e agradar matizes despertados de um florear estupendo de quando o tempo não era tempo nem em uma breve história do tempo e como eu conseguiria ver tantas faces reunidas numa só face a lembrar-me quão o frescor do sorriso, o seu sorriso, lia-me antes de existir-me e depois de fazer-me; aquele lado a figurar junto por sobre as montanhas do Brasil descobertas pelas notas graves que açambarcam quase todo meu deleite em sobrevoar-me inebriado ao verme o quanto essa mistura de lábios entreabertos olhos faiscando de alegres braços com abraços a pularem em cima de mim são ambos os lados que sustentam a eternidade num ponto de tempo www.varaldobrasil.com

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HISTÓRIA DO 8 DE MARÇO No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

OBJETIVO DA DATA

Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.

CONQUISTAS DAS MULHERES BRASILEIRAS

Podemos dizer que o dia 24 de fevereiro de www.varaldobrasil.com

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1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino. As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo.

- 1870 - Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina. - 1874 - criada no Japão a primeira escola normal para moças. - 1878 - criada na Rússia uma Universidade Feminina. - 1893 - a Nova Zelândia torna-se o primeiro país do mundo a conceder direito de voto às mulheres (sufrágio feminino). A conquista foi o resultado da luta de Kate Sheppard, líder do movimento pelo direito de voto das mulheres na Nova Zelândia. - 1901 - o deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres. - 1951 - a OIT (Organização Internacional do Trabalho) estabelece princípios gerais, visando a igualdade de remuneração (salários) entre homens e mulheres (para exercício de mesma função).

- 1788 - o político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres. - 1840 - Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos. - 1859 - surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres. - 1862 - durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia. - 1865 - na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs. - 1866 - No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas. - 1869 - é criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres.

Fonte:

MARCOS DAS CONQUISTAS DAS MULHERES NA HISTÓRIA

Reprodução de artigo do site Sua Pesquisa (ww.suapesquisa.com)

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APRENDIZ DA POESIA Por Alexandra Magalhães Zeiner Sou aprendiz Sempre serei Na vida lutei Me desesperei Nas andanças encontrei A coragem perdida Por vezes esquecida A dor escondida Que o vento apontou E no ouvido soprou Sim, és aprendiz Anda, vive tua vida Te mostro um caminho Na busca do ninho Segredo nosso Destino vosso Vai, aprendiz da poesia Retoma a estrada Pois na encruzilhada Verás um sinal Segue sozinha A luz divina Com olhos de menina Da Deusa Aprendiz

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AS MENINAS SUPER PODEROSAS Outubro foi um mês marcado pelo combate ao câncer de mama, doença que corresponde a 25% dos novos casos a cada ano, segundo levantamento do INCA. Apesar de o câncer também atingir homens, é nas mulheres que se manifesta com maior frequência e severidade. Portanto, intensificou-se a campanha do Outubro Rosa (em alusão à cor mais feminina da paleta, segundo nos diz um padrão incutido desde a infância). Também em outubro, o Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM, causou certa polêmica (exagerada, por sinal) ao abordar em sua redação o tema “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Extremistas e radicais afirmaram que o famigerado ENEM fez alarde ao feminismo, enquanto outros gritaram aos quatro ventos que a menção de violência específica contra as mulheres se mostra uma espécie de discriminação de gênero.

Os tempos mudaram e a mulher ganhou espaço e importância. “Ganhou”, talvez não seja uma expressão muito feliz. A mulher sempre teve importância, mas isso se tornou cada vez mais notável. O que ocorre é que não cabe mais o exemplo da mulher submissa, sempre à sombra do homem. As mulheres ocupam o lugar que sempre lhes pertenceu, não atrás, ou ao lado, mas à frente. Hoje, mais e mais mulheres chegam até posições de destaque dentro da sociedade. Desde a chefia de um restaurante, a diretoria de uma grande empresa, ou na cadeira presidenciável de um Estado. E o que dizer daquelas mulheres que se tornam chefes de família? Daquelas que saem cedo de casa para trabalhar e sustentar os filhos, daquelas que cuidam sozinhas de suas casas e providenciam todo o necessário para a subsistência? Verdadeiras heroínas.

O que estes dois fatos têm em comum? Não apenas o mês em que ocorreram, mas o enfoque dado às mulheres. E, porventura, não são elas merecedoras de tamanho respeito? Penso que sim, óbvio que sim! A mulher não apenas faz parte da sociedade, como é uma peça fundamental ao desenvolvimento humano. Dizer que a mulher não deve ser objeto de campanhas direcionadas é o mesmo que diminuir sua importância social. www.varaldobrasil.com

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Os quadrinhos constituem outra parcela da cultura pop que abraçou o movimento Girl Power na mídia com nomes de destaque como Supergirl, Poderosa, Estelar, Zatanna, Batgirl, Ravena, Mulher-Aranha, Viúva Negra, Tempestade, Feiticeira Escarlate, Jean Gray, Jessica Jones, Sue Storm, Vampira, Witchblade, entre outras que nunca se contentaram em serem as mocinhas em perigo. Tudo sem esquecer da mais icônica personagem dentro do universo feminino da cultura pop: Mulher-Maravilha.

Isso é o que podemos chamar de Girl Power.

Sabe aquele conceito de que o sexo feminino é o mais fraco? Nem dá para falar que tal conceito é ultrapassado, pois nunca foi verdadeiro. Uma das maiores bobagens já ditas por alguém. Que venham mais e mais meninas super poderosas tanto no dia-dia como na cultura pop.

E se na realidade as mulheres se mostram cada vez mais poderosas, na ficção não é diferente. A cultura pop sempre pautou por elevar a altos patamares as meninas super poderosas. Na música, os exemplos são variados. Nos anos 70, Tina Turner brilhava nas discotecas, assim como a feroz Joan Jett no rock’n roll, acompanhada de Janis Joplin. 80’s foi a década de mulheres independentes como Madonna, Cindy Lauper e Cher. Nos anos 90, toda a loucura de Courtney Love e a rebeldia de Alanis Morisette. Em 2000, nomes como Britney Spears, Christina Aguilera, Pink, Shakira e Beyoncé foram adicionadas ao time das garotas poderosas da musica, sendo seguidas por Avril Lavigne, Amy Lee, Jessie J., Rihanna, Taylor Swift, Amy Whinehouse e a grande estrela Lady Gaga. A música popular brasileira também apresenta ícones de destaque entre as mulheres mais poderosas do mundo, de nomes que vão desde Alcione até Rita Lee, passando por Pitty e Anitta.

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destina. Foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Em 1993, também a primeira mulher galardoada com o Prêmio Camões. Seus livros trazem denúncias da realidade social vivida no nordeste brasileiro. Suas principais obras são: O Quinze, As Três Marias e Cem Crônicas Escolhidas.

10 GRANDES ESCRITORAS BRASILEIRAS DO SÉCULO XX O século XX foi, para o Brasil, um período de surgimento de grandes escritoras. Praticamente todos os nomes da literatura feminina (se é que é possível distinguir a literatura produzida por homens da literatura produzida por mulheres) surgiram nestes cem anos. Graças ao caminho aberto por elas, muitas mulheres hoje podem escrever seus versos, seus sonhos e seus livros sem serem julgadas injustamente. Então, é por este motivo que relembramos esses nomes que por si só representam muito para a história da literatura no Brasil:

Lygia Fagundes Telles (19/04/1923) Nascida Lygia de Azevedo Fagundes, foi galardoada com o Prémio Camões em 2005. Também é membra da Academia Paulista de Letras desde 1982, da Academia Brasileira de Letras desde 1985 e da Academia das Ciências de Lisboa desde 1987. Famosa por sua escrita elegante, as obras de Lygia retratam os temas clássicos e universais como a morte, o amor, o medo e a loucura. Seus livros mais famosos são As Meninas, Ciranda de Pedra e a coletânea de contos Antes do Baile Verde.

Rachel de Queiroz (17/11/1910 – 4/11/2003) Tradutora, romancista, escritora, jornalista, cronista prolífica e importante dramaturga brasileira. Autora de destaque na ficção social nor-

Cecília Meireles (07/11/1901 – 09/11/1964) Poetisa, pintora, professora e jornalista brasileira. É considerada uma das vozes líricas mais importantes da literatura de língua portuguesa. Sua poesia é densamente feminina. Delicada, Cecília levita sobre os sonhos como nuvens… Seus livros mais famosos são Ou Isto ou Aquilo, Espectros e Livro da Solidão.

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Ana Cristina Cesar (02/06/1952 – 29/10/1983) Poetisa e tradutora. É considerada um dos principais nomes da geração mimeógrafo da década de 70, e tem o seu nome muitas vezes vinculado ao movimento de Poesia Marginal. Atualmente sua obra vem sendo revisitada graças à antologia poética publicada recentemente pela editora Companhia das Letras. Seus livros mais famosos são A Teus Pés, Inéditos e Dispersos e Poética.

Lygia Bojunga (26/08/1932) Iniciou a sua vida profissional como atriz, tendo-se dedicado ao rádio e ao teatro, até voltar-se para a literatura. Produziu sempre literatura infantil. Seus livros mais importantes foram: Os colegas (1972), Angélica (1975), A casa da madrinha (1978), Corda bamba (1979), O sofá estampado (1980) e A bolsa amarela (1981). Por estes livros recebeu, em 1982, o Prêmio Hans Christian Andersen, o mais importante prêmio literário infantil do mundo – uma espécie de Nobel dos livros infantis.

Adélia Prado (13/12/1935) É um dos grandes nomes da literatura nacional. Seus textos retratam o cotidiano com perplexidade e encanto, norteados pela fé cristã e permeados pelo aspecto lúdico. Professora por formação, exerceu o magistério durante 24 anos, até que a carreira de escritora tornou-se a atividade central. Seus livros mais famosos são Bagagem, O Pelicano e Miserere. Clarice Lispector (10/12/1920 – 09/12/1977) Escritora e jornalista. Nasceu na Ucrânia e veio para o Brasil ainda na infância. Morou durante muito tempo em Pernambuco. Ao lado de Guimarães Rosa, Clarice rompeu com as tradições literárias no séc. XX. Seus livros são famosos por conterem personagens subversivas e existencialistas. Também é conhecida por escrever pelo fluxo de consciência. Seus livros mais famosos são: A Hora da Estrela, A Paixão Segundo G.H e a coletânea de contos Laços de Família.

Hilda Hilst (21/04/1930 – 4/02/2004) Poeta, ficcionista, cronista e dramaturga brasileira. É considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX. Seus livros e poemas retratam muitas vezes a relação das mulheres

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com seus desejos e sentimentos. Do amor ao sexo. Suas obras mais famosas são: Cartas de Sedutor, Do Desejo, O Caderno Rosa de Lori Lamby e A Obsena Senhora D.

Ana Miranda (19/08/1951) É atriz, poetisa e romancista brasileira. Estreou como escritora, com as poesias de Anjos e Demônios (1978) e Celebrações do outro (1983). Em 1989, lançou Boca do inferno, seu livro mais famoso.

Cora Coralina (20/08/1889 – 10/04/1985) Pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, foi uma poetisa e contista brasileira. Apesar de escrever desde moça, Cora Coralina publicou seu primeiro livro aos 76 anos. Entre outras obras, é autora deO Tesouro da Casa Velha e Estórias da Casa Velha da Ponte. Seus textos expõem o cotidiano e a vida simples no interior do país. Reprodução do artigo do site www.leitura.com Via: Homo Literatus

ADOTAR É UM GESTO DE AMOR QUE VOCÊ FAZ PARA O ANIMAL, MAS TAMBÉM E, PRINCIPALMENTE, PARA VOCÊ MESMO!

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MULHER Por Camila Gomes

Mulher de dom especial dá a luz a uma criança de forma natural. Mulher que trabalha de sol à sol de pedreira, carpinteira, marceneira sem esquecermos da faxineira que para ganhar um dinheirinho extra vira até jardineira. Quando Deus fez a mulher não esqueceu de nada tudo foi feito nos mínimos detalhes para ser o complemento do homem. A mulher sofre com dores do parto e depois a menstruação, a dor passa e a tristeza também logo ela abre um sorriso quando brinca e abraça o seu neném. Mulher! Igual a você não tem. Mulher guerreira e batalhadora. Sofre como todo mundo mas, no final dá a volta por cima e mostra sua força de forma natural deixando para traz tudo de mal. Ajudando as pessoas que sofrem no hospital. Parabéns para as lindas mulheres de todo Brasil, pois estamos lutando como nunca se viu...

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atenção. Era uma senhorinha simples, simpática, sentada em um banquinho. Ao lado havia um tipo de mesinha improvisada, de madeira, tipo um caixote, com alguns livros. Estava acompanhada de um senhor oriental, ajudando-a. Minha prima ficou curiosa, então parou, conversou com aquela senhorinha por alguns minutos. A senhorinha elogiou minha prima, por seu interesse em leitura, sendo tão jovem. O brinco de florzinha que minha prima usava também chamou a atenção dela, achei lindo, elogiou. Norma comprou um livro, recebeu o autógrafo, em seguida retornou para o seu trabalho, pois já estava no horário.

UM FELIZ ENCONTRO COM CAROLINA MARIA DE JESUS Por Marina Gentile

Norma Leite é uma prima que tenho admiração, especialmente por sua cultura literária. Por um tempo foi arrimo de família, é um exemplo de mulher de luta. Começou a trabalhar aos 16 anos, em um banco no centro da cidade de SP, Rua XV de novembro, a rua dos bancos. Foi seu primeiro emprego. No período do almoço é aquele momento de pagar conta, de dar uma voltinha nas lojas ao redor, etc. Foi num momento deste que minha prima observou, quase em frente ao seu trabalho, uma senhorinha que chamava a

A jovem não sabia, mas estava diante de uma pessoa diferenciada, única. Estava diante de Carolina Maria de Jesus, ex-catadora de papéis, uma mulher de luta, uma mulher que surpreendeu quando um jornalista divulgou seu diário. Primeiro foi um artigo em uma revista famosa da época, depois aconteceram os livros, inclusive no exterior.

Ao relatar sua realidade difícil, estava mostrando para as pessoas como é a vida em uma favela, no extremo da marginalização, da fome, etc. Ela viveu situações de muita dificuldade, mas foi uma mulher persistente no zelo dos seus 3 filhos. Ler e escrever eram o seu refúgio. Carolina Maria de Jesus nasceu em 1914, faleceu em 1977, um pouco depois de minha prima tê-la conhecido. Quase 40 anos após este lindo encontro, tomei este livro emprestado. Passei o último dia de 2015 lendo-o e terminei no início da manhã do primeiro dia de 2016.

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Foi melhor que qualquer festa. Selecionei algumas frases do livro, para constar nesta edição especial do Varal do Brasil. Livro : QUARTO DE DESPEJO - A primeira coisa que faço é abrir a janela e contemplar o espaço. - A língua delas é como pés de galinha, tudo espalha. - A língua é como pavio, fica incendiando. - Não deixo nada impressionar-me profundamente. Não me abalo. - Gosto de manusear um livro. O livro é a melhor invenção do homem. - Todos têm um ideal. O meu é gostar de ler. - Eu prefiro empregar o meu dinheiro em livros do que em álcool. - A inveja é a sua sombra. - É o ouro no meio do chumbo. - Parece que vim ao mundo predestinada a catar. Só não cato a felicidade. - A revolta surge das agruras. - A palavra da moda, agora, é aumentou. Aumentou. - Eu gosto de homens que pregam pregos, consertam algo em casa. - A saudade é a amostra do afeto. - Quem entra na réstia vira cebola. - Temos só um jeito de nascer e muitos de morrer. - Quem escreve gosta de coisas bonitas. Eu só encontro tristezas e lamentos. - Será que Deus ficou de mal comigo? - Gostaria de recortar um pedaço do céu para fazer um vestido.

CAROLINA MARIA DE JESUS – UMA BIOGRAFIA Nascida em 1914 Falecida em 1977

Eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos. A metáfora é forte e só poderia ser construída dessa forma, em primeira pessoa, por alguém que viveu essa condição. Relatos como este foram descobertos no final da década de 1950 nos diários da escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977). Moradora da favela do Canindé, zona norte de São Paulo, ela trabalhava como catadora e registrava o cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo. Ela é considerada uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil. Nascida em Sacramento (MG), Carolina mudou-se para a capital paulista em 1947, momento em que surgiam as primeiras favelas na cidade. Apesar do pouco estudo, tendo cursado apenas as séries iniciais do primário, ela reunia em casa mais de 20 cadernos com testemunhos sobre o cotidiano da favela, um dos quais deu

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origem ao livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, publicado em 1960. Após o lançamento, seguiram-se três edições, com um total de 100 mil exemplares vendidos, tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países. É um documento sobre o que um sociólogo poderia fazer estudos profundos, interpretar, mas não teria condição de ir ao cerne do problema e ela teve, porque vivia a questão, avalia Audálio Dantas, jornalista que descobriu a escritora em 1958.

um diário, iniciado em 1955. Parte do material foi publicado em 1958, primeiramente, em uma edição do grupo Folha de S.Paulo e, no ano seguinte, na revista “O Cruzeiro”, inclusive com versão em espanhol. “Houve grande repercussão. A ideia do livro coincidiu com o interesse da Editora Francisco Alves”, relatou. O material, editado por Audálio, não precisou de correção. “Selecionei os trechos mais significativos.

O encontro ocorreu quando o jornalista estava na comunidade para fazer uma reportagem sobre a favela do Canindé. “Pode-se dizer que essa foi a primeira favela que se aproximou do centro da cidade e isso constituía o fato novo”, relembrou. Ele conta que Carolina vivia procurando alguém para mostrar o seu trabalho. Uma mulher briguenta que ameaçava os vizinhos com a promessa de registrar as discórdias em um livro. É assim que Audálio recorda Carolina nos primeiros encontros. “Qualquer coisa ela dizia: Estou escrevendo um livro e vou colocar vocês lá. Isso lhe dava autoridade”, relatou. Ao ser convidado por ela para conhecer os cadernos, o jornalista se deparou com descrições de um cotidiano que ele não conseguiria reportar em sua escrita. “Achei que devia parar com a minha pesquisa, porque tinha quem contasse melhor do que eu. Ela tinha uma força, dava pra perceber na leitura de dez linhas, uma força descritiva, um talento incomum”, declarou. Apesar de os cadernos conterem contos, poesias e romances, Audálio se deteve apenas em

O texto foi mantido na sintaxe dela, na ortografia dela, tudo original”, apontou. Entre descrições comuns do cotidiano, como acordar, buscar água, fazer o café, Audálio encontrou narrativas fortes que desvendavam a vida de uma mulher negra da periferia. Ela conta que tinha um lixão perto da favela, onde ela ia catar coisas. Lá, ela soube que um menino, chamado Dinho, tinha encontrado um pedaço de carne estragada, comeu e morreu. Ela conta essa história sem comentário, praticamente. Isso tem uma força extraordinária, exemplificou. Para Carolina, a vida tinha cores, mas, normalmente, essa não é uma referência positiva. A fome, por exemplo, é amarela. Em um trecho do primeiro livro, a autora discorre sobre o momento em que passa fome. Que efeito surpreendente faz a comida no nosso organismo! Eu que antes de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos. Para Audálio, o depoimento ganha ainda mais importância por ser real. Um escritor pode ficcionar isso, mas ela estava sentida, disse. Audálio relata que Carolina tinha muita confiança no próprio talento e já se considerava uma escritora, mesmo antes da publicação. “Quando o livro saiu, a alegria dela foi muito grande, mas era uma coisa esperada”, relatou.

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O sucesso da primeira publicação, no entanto, não se repetiu nos outros títulos. Após o sucesso de “Quarto de Despejo”, a Editora Francisco Alves encomendou mais uma obra, a partir dos diários escritos por ela quando já morava no bairro Alto de Santana, região de classe média. Surgiu então o “Casa de Alvenaria” (1961) que, segundo o jornalista Audálio Dantas, responsável pela edição do material, vendeu apenas 10 mil exemplares. Audálio lembra que Carolina se considerava uma artista e tinha pretensões de enveredar por diferentes ramos artísticos. Um deles foi a música. Em 1961, ela lançou um disco com o mesmo título de seu primeiro livro. A escritora interpreta 12 canções de sua autoria, entre elas, O Pobre e o Rico”. Rico faz guerra, pobre não sabe por que. Pobre vai na guerra, tem que morrer. Pobre só pensa no arroz e no feijão. Pobre não envolve nos negócios da nação, diz um trecho da canção. Para o jornalista, a escritora foi consumida como um produto que despertava curiosidade, especialmente da classe média. Costumo dizer que ela foi um objeto de consumo. Uma negra, favelada, semianalfabeta e que muita gente achava que era impossível que alguém daquela condição escrevesse aquele livro, avaliou. Essa desconfiança, segundo Audálio, fez com que muitos críticos considerassem a obra uma fraude, cujo texto teria sido escrito por ele. A discussão era que ela não era capaz ou, se escreveu, aquilo não era literatura, recordou. Carolina de Jesus publicou ainda o romance Pedaços de Fome e o livro “Provérbios”, ambos em 1963. De acordo com Audálio, todos esses títulos foram custeados por ela e não tiveram vendas significativas. Após a morte da escritora, em 1977, foram publicados o Diário de Bitita, com recordações da infância e da juventude; Um Brasil para Brasileiros (1982); Meu Estranho Diário; e Antologia Pessoal (1996).

Fonte: Reprodução de biografia publicada no site UOL Educação http://educacao.uol.com.br/

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... a vontade é esta: rodopie com leveza a vida. Renata Carone Sborgia

O departamento foi comunicado “do corte” dos funcionários. O departamento não foi comunicado!!! O correto é: O corte dos funcionários foi comunicado ao departamento. REGRA FÁCIL: As pessoas não são comunicadas. Os fatos é que são comunicados às pessoas. Algo sempre será comunicado a alguém. No exemplo: Algo: o corte dos funcionários Alguém: ao departamento Comunicado: é a expressão utilizada na frase ________________________ “ TODO O” adolescente daquela sala de aula participou da formatura. Não participou não!!! O correto é: TODO ADOLESCENTE...( sem o artigo O) REGRA FÁCIL: Todo ( sem o artigo definido O) significa qualquer, cada. Ex.: Toda criança quer pipoca.

Todo ( com o artigo definido O ): significa inteiro. Exemplo: Toda a escola foi homenageada. ( a escola inteira) “ Antes de mais nada” , quero ser feliz!!! Será??!! Sobre a expressão: Antes de mais nada Geralmente, empregada na abertura de discursos, a expressão “ antes de mais nada”, significa “ em primeiro lugar”. Alguns autores dizem tratar-se de uma expressão vazia, argumento totalmente rebatível por outros autores, uma vez que é compreendida por qualquer falante. Antes de mais nada – pode ser empregada como sinônimo de “ antes de tudo”, “ em primeiro lugar” , “ antes de qualquer coisa”. Sem origem definida, essa locução adverbial é encontrada em textos antigos , como em “República”, obra de Rui Barbosa de 1902: “ Ora, antes de mais nada, se essa dissonância fosse inevitável, eu não a teria adotado”. PARA VOCÊ PENSAR: ... e chega o dia do julgamento: sou ré primária , vítima ou vilã??? Não sei, meu amor, o que quero é uma pena máxima para nós... quero uma sentença transitada em julgado que diz: a carência foi consumida pelo nosso amor. Nosso amor não cabe recursos...revisões... somos sentenciados desde o primeiro dia que conhecemos o pecado: a nossa paixão. Livro/trecho/crônica: Sentença... publicada Madras Editora –autora: Renata Carone Sborgia.

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MULHER Por Zaura Leyne Mulher, és rainha desde o início do mundo Trouxestes a terra em teu ventre a humanidade E através de ti o mundo continua a ser povoado, Poucos param para ouvir teu gemido de dor ao dar à luz. Mulher, raio de sol que ilumina a escuridão És o resplandecer prateado da lua sobre ás águas do mar Tens em ti plantada a força madura do infinito Pois sem ti a humanidade jamais existiria. Mulher, tua importância é vital neste nosso mundo Teu sorriso mesmo entre lágrimas sempre é acolhedor Tens nas veias a garra de uma leoa para defender o filho Uma força sobrenatural do instinto de sobrevivência. Mulher, todos já te cantaram em versos, em prosa Todos já te exaltaram e muito te amaram Muitos tentaram te destruir de forma vil e vergonhosa Mas ainda não descobriram que sem ti a vida não existe. Mulher, muitas vezes massacrada Ergue a cabeça altiva em seu padecer e segue Enxuga lágrimas doloridas e está de pé para a batalha Faz do sofrer suporte de ferro para seguir a vida. Mulher, nada se compara a ti nesta vida Teu amor materno é sublime e infinito, vai além Mulher, tens o poder da vida nas mãos e se cala, És a raiz do mundo, povoas humanidades.

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O LADO ESCURO Para junho faremos uma edição especial diferente, bem diferente... Falaremos do lado escuro do ser: os defeitos, os vícios, os pecados, os pecados capitais, as lutas interiores, os pesadelos, o medo, as agonias, os sustos, o que nos assombra, o que nos tira o bom humor... Falaremos de tristeza, de dor, de morte, de partidas, de ingratidão, de incertezas, de sonhos perdidos, de esperanças esquecidas, de vingança... Falaremos da violência, das agressões físicas e psicológicas, dos abusos, dos crimes e dos castigos, das sombras, do lado sombrio... Também buscaremos inspiração em filmes, livros ou pinturas e desenhos que evoquem o lado escuro da vida. Traremos para a luz, o lado escuro que existe no ser humano. Envie seu texto (prosa ou verso: poesias, contos, crônicas e etc.) para o e-mail varaldobrasil@gmail.com até dia 15 de abril. Toda participação é gratuita. www.varaldobrasil.com

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FITO LUAR

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Por Ivane Laurete Perotti Deitou nua a sombra da lua sobre o peito do mar... soprou seu hálito prata, a ingrata, para fazê-lo sonhar... o sonho revirou-se alma, agitou a calma, fez o pélago implorar pela face da amante, pedido extenuante, ... a lua negou saciar! Perdido em denso desejo, o mar cantou para o astro, inflou a onda mais alta: Diana! Diana! Em frêmitos, e mornos espasmos, cobiçava tocar o rosto da lua nua, sombra da lua crua, oculta parte distante e fria tão longe queria beijar... beijar... beijar... Em prata, a ingrata, fingia mergulhar no abismo do amor líquido que o mar, insatisfeito, fazia lambia ... aumentar! Abismo de amor é segredo de troca, fundo de roca, silêncio viscoso, perfil perigoso, mancha que cansa sem medo da lança ... pode atacar! No hálito prata, a luminosa ingrata, www.varaldobrasil.com

odorata, bebia o sumo insano rumo do mar infeliz! Diana! Diana! Diana! Deitou a sombra sobre o peito do mar... amou de longe deixou-se beijar mágica lua tão longe, tão nua, ... fito luar! 120


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Perdoem-me as clarinhas Mas as negras são bem mais Desejo-as mais Negras e mulatas Mestiças de cor Puras de coração Safadas na paixão! Beleza negra Não tem igual ... Ah! Morena Tua cor me embriaga Anjo de cabelos cacheados De rebolado provocante De alegria inigualável Ignoras as invejosas Sorri aos bons olhos Não tem pra ninguém... Essa tua força, tua garra Natural da tua cor Da luta dos teus antepassados Nada te derruba Nada de deprime É inebriante a tua vontade de viver É exemplo... É mulher guerreira É simplesmente Negra, linda e mulher!!

BELEZA NEGRA Por Dieine Carolina

Tua cor, tua pele Beleza única Sensualidade de poucas A mulher negra tem mais Tu tem mais rebolado Tem mais quem te ame Pérola negra, especial Tua cor é linda Teu olhar é marcante Teu cheiro de rosas Ah! Mulher negra De beleza rara Teu brilho ao sol Teu caminhar provocante Teu sorriso contagiante Tua boca carnuda ...

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ADÃO E EVA Por Totonha Lobo Ser mulher É ser costela. De tombos e dores a sofrimentos é um pulo um escorregão. O pecado de Eva terá que ser pago. Ficou com a culpa e mais pecados. Explícito nenhum platônicos alguns. Uns vividos outros pensados. Pecado é pecado aqui começa o inferno No fogo das línguas já são pagos no fogo do inferno arderão Por ser Eva mulher e não homem como Adão.

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A GUARDIÃ DOS NOSSOS SONHOS Por Urda Alice Klueger

Noutro dia falei que adolesci no tempo em que amávamos os Beatles e os Rolling Stones. Não era bem assim. Eu amava era aos Beatles, aqueles rapazes de Liverpool que nos chegaram através do rádio, lá na década de 60, e que passaram a representar nossas ansiedades e nossos sonhos de adolescentes. Num primeiro momento eles nos chegaram como um frenesi, e nós, meninas de ginásio, tínhamos cada uma o seu preferido, sendo que Paul McCartney ganhava longe, embora o meu preferido fosse George Harrison.

Segunda Guerra Mundial ainda era muito próxima, e não tinham sido os japoneses os vilões da História, com direito a experimentarem as duas primeiras bombas atômicas do mundo e tudo? Nossa cabeça formada pelas Seleções do Reader’s Digest não aceitava com nenhuma facilidade aquela japonesa na vida do nosso ídolo, ainda mais considerando o fato de a acharmos feia, e sabermos que era mais velha que ele. Como daí a pouco os Beatles se separaram, na nossa cabeça a culpa era dela, bem dela. A História encarregou-se de nos mostrar que Yoko Ono nada tinha a ver com as nossas mágoas adolescentes. Nosso amor pelos Beatles nunca morreu (amor verdadeiro não morre mesmo), especialmente por John Lennon, que, entre outras coisas, nos deu aquela pérola chamada Imagine, que, entre outras coisas, diz : “ ...Imagine todos vivendo a vida em paz/todas as pessoas partilhando o mundo inteiro/Você pode dizer que sou um sonhador/mas não sou o único...” Daí, um dia, um louco foi lá e matou aquele doce e meigo gênio que nós amávamos profundamente, e a nossa dor era tão grande com a perda dele, que transferimos todo aquele nosso grande amor para sua viúva, Yoko Ono, que víamos a chorar pelos corredores de Nova York, e até hoje me emociono até às lágrimas quando a vejo.

Aos poucos, as coisas foram se clarificando, e penso que já devia andar pelo Científico quando John Lennon tomou à frente nas lideranças entre nós, jovens, quando passou a se posicionar, decididamente, a favor da paz. Vivíamos a Guerra do Vietnã, e John Lennon arranjou um guru hindu e passou a falar da paz como ninguém ainda o tinha feito para nós. Houve um tropeço nas nossas emoções, então: de repente, John Lennon separa-se da sua primeira mulher, e quase que da noite para o dia, casa-se com um ser estranhíssimo chamada Yoko Ono. A imprensa explorou amplamente sua lua-de-mel onde os dois, vestidos de branco, recebiam os repórteres na cama, e outras coisas assim, e ajudou a criar uma boa revolta nossa contra aquela mulher que parecia ter vindo para criar complicações. Naquele período, a www.varaldobrasil.com

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Então, um dia uns caras foram lá e jogaram uns aviões sobre uns prédios nos Estados Unidos. Foram cenas vistas ao vivo pelo mundo inteiro, e um sangrento desejo de vingança tomou conta do presidente e da maioria da população daquele país, e passou-se a se querer muito uma guerra para se lavar a honra daquele povo que se sentia ultrajado. Naquelas primeiras semanas depois do 11 de Setembro de 2001, nenhuma rádio estadunidense tocava nenhuma música que falasse em paz; nenhum filme sobre tal tema era mostrado, tamanho era o desejo de guerra que por lá havia. Então foi ela, Yoko Ono, aquela a quem tínhamos detestado no começo, que lavou a nossa alma: ela comprou uma página inteirinha do New York Times (só imagino quanto terá custado!), e mandou publicar nela a letra da música Imagine. Fazia tempo que a gente já sabia que ela era a Guardiã dos Nossos Sonhos, mas naquela ocasião ela como que recebeu o grau máximo da nossa emoção. Também por causa dela, sabemos hoje que o sonho não acabou.

PRÓXIMAS EDIÇÕES DA REVISTA VARAL DO BRASIL - Inscrições abertas para a edição de maio com o tema AS QUATRO ESTAÇÕES. Você pode falar das quatro estações juntas ou separadamente de cada uma delas. Pode falar do clima, da influência das estações e do clima sobre o ser humano, etc.Inscrições abertas até o dia 25 de março. - Inscrições abertas para a edição especial O LADO ESCURO que sairá no final de maio. Nesta edição falaremos do lado escuro do ser: os defeitos, os vícios, os pecados, os pecados capitais, as lutas interiores, os pesadelos, o medo, as agonias, os sustos, o que nos assombra, o que nos tira o bom humor... Falaremos de tristeza, de dor, de morte, de partidas, de ingratidão, de incertezas, de sonhos perdidos, de esperanças esquecidas, de vingança... Falaremos da violência, das agressões físicas e psicológicas, dos abusos, dos crimes e dos castigos, das sombras, do lado sombrio... Também buscaremos inspiração em filmes, livros ou pinturas e desenhos que evoquem o lado escuro da vida. Traremos para a luz, o lado escuro que existe no ser humano. Envie seu texto (prosa ou verso: poesias, contos, crônicas e etc.) para o e-mail varaldobrasil@gmail.com até dia 15 de abril. Toda participação é gratuita e você não precisa nem ter experiência, nem ser associado a nenhuma academia, organização ou associação.

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SER MULHER Por Dieine Carolina Hoje sou uma mulher Às vezes sou menina Tem dias que me sinto feia, horrível Tem dias que estou deslumbrante Alguns dias sou baixinha demais Em outros, corpo desconforme Me olho no espelho Sensualizo comigo mesma Dou risadas de mim Mas sou mulher Talvez não tenha o corpo ideal Mas o que seria o ideal? Tudo no lugar Mas que lugar? Meus seios estão meio caídos Sim, amamentei dois filhos (e me orgulho disto) Minha barriga não tá durinha Nem mesmo minha bunda Mas nem por isso Sou menos mulher que as outras Sou mulher sim! Sou linda, tenho meu charme Sei seduzir, gosto de sorrir Tem umas ruguinhas ali Mas sou 100% natural Original de fábrica Estou de bem com a vida Isso me faz mulher

E uma mulher feliz Existem mulheres de todos os tipos Assim como o gosto dos homens podem variar Tem quem goste das mais gordinhas Outros preferem as magrinhas Tem homens que são famintos Gostam de peitões e bundões Mas tem os que gostam de pouco Gostam da discrição Mas eu sou mulher Olho no espelho e vejo uma mulher Não gosto muito de adereços Mas gosto de me maquiar Gosto de me vestir bem Às vezes sensualizar Mas tem dias que só o pijama basta Gosto de ser mulher E ser mulher não é nada fácil Ser mãe, às vezes pai Ser dona de casa e trabalhar fora Cuidar dos filhos e de você mesma... Eu gosto de ser mulher Gosto de ser feminina Mas não pise no meu calo Que eu viro homem!!! Mas eu sou mulher e menina Mãe e amiga Eu sou mulher de salto alto Ou de rasteirinha De tênis ou de botas Eu sou mulher E amo ser a mulher que sou!!

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MULHER DA VIDA

Por Valdeck Almeida de Jesus Foste tu que me ensinaste a viver Levaste-me a conhecer o mundo Deste amor de aprender, de prender Louco deixaste-me no caos profundo. Esta vida não é nada, nada boa Mas transforma cada pedacinho Mostra ao homem a beleza toda De viver como um passarinho. Vive a vida bela – tua vida Vive a vida feia – minha vida Transforma meu sofrer em tua ferida. Perfuma-me, enfeita-me para o mundo Deixar-te-ei só, partirei para viver Devo-te tudo, e vou me esquecer.


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MULHER Por Carla De Sà Morais Sou mulher sofrida Triste e desaparecida Transportando comigo o brilho Que ninguém prevê Sigo um caminho como um trilho Para poder fechar esta ferida Que aos olhos de todos se vê A dor aberta e esbaforida Como dizer ao Mundo Olhai para mim e vêde Meu olhar moribundo Da confiança tem sede E nos meus sentimentos, absorta Vem a transparência que diz Não te fies ao que conforta Armadilhas, traições de aprendiz Vou ser mulher feliz Alegre e assumida Transportando comigo o brilho Da Humanidade destemida

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FLORES POR DÉBORA VILLELA Mesmo com sua ausência, a alegria incessante se faz nas chamas das luzes Girando, rodando, homenageando, a personagem mais ilustre que conheci Sem ser de livros, sua figura grandiosa se tornou célebre Em trajes elegantes, dançando ritmos, e todos ao fervor de amor Explodiu a generosidade gratuita, com encanto de uma Santa Nos resta o campo florido com aromas mil Flores que ofertou de seu coração, durante 73 anos, circundam nossas vidas Celebremos a honra de compartilha-las, macias, perfumadas, e sem espinhos. Beijando nossa tristeza, e acariciando a esperança, em nascer novas florzinhas De PAZ. www.varaldobrasil.com

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A MÚSICA E EU O Festival de Música de Santa Catarina, realizado em Jaraguá por duas semanas, todo início de ano, há dez anos, me lembraram porque gosto tanto de música clássica. Não pude ficar para ver todo o festival, assisti só à primeira semana, mas valeu a pena porque é um oportunidade única de se ouvir a boa música várias vezes ao dia e de graça. Uma vez em Jaraguá, é claro que dei um pulo em Corupá, a minha Cidade das Cachoeiras, e não pude deixar de ligar o motivo pelo qual estava em Jaraguá com a minha terra natal. Ainda adolescente, fui aprender datilografia no Colégio São José, a segunda escola no centro da cidade naquela época, comandada por freiras. Naquele tempo não havia computador, então a gente precisava aprender a usar máquinas de escrever e, durante as aulas, as freiras rodavam discos de música clássica, para a gente ouvir enquanto praticava. Então ouvíamos Mozart, Beethoven e, principalmente, Strauss. Lembro bem de Strauss porque acabei pedindo um disco dele emprestado para a freira e eu o ouvi dezenas de vezes. Dentre as centenas de CDs que tenho de música clássica, tenho também aquele, pois comprei o disco, mais tarde, já adulto, e o digitalizei. Trata-se de “Strauss Waltzes”, com a orquestra de Mantovani.

música erudita, uma mostra de que o grande público também poderia gostar da boa música. E me fez ver que não era nada fora do comum , tão jovem, gostar tanto daquele tipo de música. E o Festival de Música de Santa Catarina prova que a história de que as pessoas, em geral, não gostam de música clássica, é mito. Os teatros do SCAR, em Jaraguá, e os outros palcos de várias cidades do norte catarinense estiveram lotados durante todo o decorrer do festival, assim como os palcos em vários pontos da cidade sede do Femus sempre atraíram enormes públicos. De maneira que o berço da minha paixão pela música clássica também foi Corupá, a Vale das Águas aos pés da Serra do Mar. Obrigado às freiras do Colégio São José por me apresentarem a música de Strauss.

Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor, Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 35 anos de trajetória, cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras. http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

No início dos anos setenta, antes de deixar Corupá, Waldo de Los Rios gravou a Sinfonia n.40 de Mozart e foi sucesso de venda e execução em todo o mundo, um sinal de popularização da www.varaldobrasil.com

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Frida. Não calo, eu falo. Sob o risco de ser calada na calada da noite ou no meio do dia. Ferida. Aberta. Cicatriz. Sou forte para as dores menos forte para amores. Fatídica. Enfrento guerras. Tento manter-me calma mas há gritos que vêm da alma e ultrapassam meus lábios. Física. Coração bate violento. Há coisas que sim, não aguento. Outras nem me tente... eu enfrento até morrer. Feliz. Sou nascente de rio. Ninguém sabe onde realmente estou e assim renasço todos os dias. Beleza que não tem nome Corpo frágil e com fome Alma sedenta. Paraíso, inferno, purgatório, limbo... é aqui na terra que pago meus pecados todos... por mim e por todos. Faca de dois gumes. www.varaldobrasil.com

JACQUELINE AISENMAN

FEMININO SER

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O DIA QUE O WHATSAPP PAROU... O dia 17 de dezembro de 2015 vai ficar marcado na mente de muita gente porque foi o dia em que por ordem judicial do Tribunal de Justiça de São Paulo, o acesso ao WhatsApp parou por 48 horas, devido a não atendimento de pedido da justiça sobre dados de alguém investigado, e o Brasil e os usuários pagaram por isso. Confusões judiciais à parte, o que gostaria de refletir aqui é sobre o que causou esse período de suspensão com milhões de brasileiros que usam e abusam desse recurso que se tornou mais que um verdadeiro vício. Nesse dia o que pudemos observar foram pessoas um tanto assim meio perdidas, sem ter o que fazer, como em uma abstinência de um viciado em alguma droga. Algo até interessante de ser notado num local público, onde normalmente podemos ver todos de cabeça baixa olhando e clicando o celular para checar ou responder mensagens.

O apelidado de “zap-zap” é uma verdadeira evolução na tecnologia tanto pessoal quanto profissionalmente. E até mesmo, porque não dizer, “fofocalmente”. Sim! Muitos usam para esse fim também e contam tudo e mais um pouco sobre os mais variados assuntos, inclusive sobre a vida dos outros... Assim, com todo esse uso, de repente vem alguém e proíbe o uso ainda que por apenas ou mesmo infinitas 48 horas, é algo com transtornos sem precedentes. E, ainda bem que durou, na verdade, 12 horas, retornando ao normal ao meio dia na mesma data para alegria de todos. Esse fato nos leva a pensar no quanto nos tornamos dependentes da tecnologia. Da mesma forma quando falta luz, o que pude passar por isso devido ineficiência das companhias elétricas, não podendo fazer nada sem a bendita luz. É um tal de cair sistema e tudo para. Filas aguardando sem previsão de volta. E todos aguardando sem nem imaginar se irá resolver ou não seus problemas por causa de problemas externos como esse. A geração que nunca viveu sem essa tecnologia então que é mais dependente ainda. A que já sobreviveu um dia sem, até poderia, mesmo com maior sacrifício do mundo, passar sem ela e voltar aos primórdios de tudo no papel e até máquina de escrever. Embora seja isso inimaginável, mesmo num colapso não impossível de acontecer a qualquer momento. Hoje em dia mais parece que ninguém consegue viver apenas no “mundo real”, tendo a dependência absoluta do “mundo virtual”.

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A culpa é sempre do próprio homem que nem dá limites à sua criação. Que possamos “dosar” um pouco de toda e qualquer avanço tecnológico que veio para nos ajudar e muito, mas não para ser algo que nos faça mal. Mas isso depende de cada um para que não se deixe dominar por nada disso e sim tome as rédeas da situação para que isso não ocorra. E o que fazer para mudar isso? Todos vão vivendo sua vida que é mais que invadida pela avalanche de informações que nem dá para respirar e digerir de tanta ao mesmo tempo. É preciso mais que fôlego para isso. E assim todos veem e ainda repassam o que receberam até “fake” que até “mata” artistas por aí afora, como já foram vítimas diversos por aí, que ainda tem de provar que estão vivos para surpresa de alguns. Muitos atrás quando a tecnologia não era nem isso tudo que é hoje, a famosa escritora Clarice Lispector disse: “O futuro da tecnologia ameaça destruir tudo o que é humano no homem, mas a tecnologia não atinge a loucura: e nela então o humano do homem se refugia”. Uma grande verdade e parece mais dita nos dias de hoje. Albert Einstein, do alto de sua sabedoria de gênio, disse algo incrível que mais parece uma profecia: “Tornou-se chocantemente óbvio que a nossa tecnologia excedeu a nossa humanidade”. E, em outra frase, sentencia o mau uso da própria tecnologia: “Todo o nosso progresso tecnológico, que tanto se louva, o próprio cerne da nossa civilização, é como um machado na mão de um criminoso”. Steve Jobs, outro gênio e grande responsável por expandir todo o processo avançado de comunicação, coloca certa culpa mais nas atitudes do que nos meios: “Nós nascemos, vivemos por um breve instante, e morremos. Sempre assim aconteceu durante imenso tempo. A tecnologia não muda muito isso - se é que muda alguma coisa”.

E quando ocorrer esse hiato com sua interrupção que não cause tantos transtornos se a pessoa souber viver equilibrando a situação. Um forte abraço do Rofa! * Escritor, jornalista, autor do lançamento infantil “Rofinha e os amigos de oito patas” (Garcia, 2015), do livro-duplo infantil “O super-herói do Natal/Presentão do Natal” (Garcia Edizioni, 2014), de “Crônicas, poesias e contos que u te conto...” (Literarte, 2014), lançado na 23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em 2014 e de “Mídia, bênção ou maldição?” (Quártica Premium, 2011); colunista do “Jornal Sem Fronteiras”, da “Revista Varal do Brasil” e do site “Divulga Escritor”; participações em diversas antologias no Brasil e exterior; vencedor de prêmios literários e culturais; membro de várias academias literárias brasileiras e mundiais.

O que achou da coluna “Lupa Cultural” e deste texto? Contato por e-mail: rofa.escritor@gmail.com ou pela fanpage Escritor Rofa ou pelo site www.rofa.com.br

A ARTE SÓ OFERECE ALTERNATIVAS A QUEM NÃO ESTÁ PRISIONEIRO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSAS.

Onde está o mal? Na tecnologia em si ou no seu abuso de tal forma que a torne uma dependência que traz algo malicioso? O próprio ser humano cria as coisas e depois as acusam de o fazer mal, o que na verdade não é bem assim. www.varaldobrasil.com

Umberto Eco Escritor

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COISAS DE VELHA

POR Fernando Sorrentino Nos dias de chuva, Mário teimava que queria comer sonhos preparados pela avó. Ela, sorrindo envaidecida, consentia sem dificuldade e mandava a Coca limpar os cutões de poeira debaixo dos armários ou arrumar o quartinho de despejo: este era o esquema para tornar-se dona absoluta da cozinha. Na casa tão grande, tão escura e tão solitária, eu podia escolher entre ficar olhando como as mãos venosas da avó elaboravam cuidadosa e lentamente os sonhos (que ela chamava de sonhinhos) ou ir com a Coca vê-la arrumar os trastes do quarto de despejo. A Coca chamava-o de armarinho do sótão, mas eu sabia bem, pelo Pequeno Larousse Ilustrado, que um armarinho do sótão não podia estar no andar térreo, num cantinho cuja janela dava para o final do jardim, junto à parede intermediária de tijolos, um lugarzinho muito sossegado e úmido onde havia uma placa retangular de ferro oxidado, uns azulejos floreados e uma mangueira para regar o jardim. Embora a torneira não tivesse chave e, por isso, ninguém regava o jardim que sequer era um jardim: não tinha plantas nem flores de cultivo, mas capim e trepadeiras heterogêneas, tatus-bola, formigas, charcos, sapos e ratos. Creio que eu tinha quatorze anos quando soube qual era o aspecto exterior da casa. Eu quase

não saía e, quando o fazia, ia e voltava pela mesma calçada da casa, de tal modo que conhecia de memória as casas da frente, mas não conhecia a que me guardava desde que nasci. Uma vez resolvi fazer outros ângulos que não os retos, sem atravessar nenhuma rua na diagonal. Caminhei desde a esquina pela calçada da frente. Pela esquerda passava por cercas de arame ou de ferro e por confusas vegetações; pela direita, a cada tantos metros, se renovava uma árvore prisioneira de uma quadrado de terra. Na primavera e no verão, os galhos se juntavam no céu e o sol passava apenas em fiapos, como através de uma inquieta e fresca peneira. Mas era inverno e entardecia. Tudo tão triste, com um ventinho desanimado, mudo, a rua vazia e umas luzinhas que saíam já como apagadas de salas de tetos altíssimos. Não sei por quê, me dava vontade de chorar e logo pensei em Mirta, uma menina mais velha que eu, que estudava no meu colégio. Eu estava sobre mosaicos azuis e brancos – um branco e outro azul -, com nove quadradinhos em alto-relevo, e uma página suja do El Gráfico ia voar levada pelo vento. Pisei nela a tempo e, sem inclinar-me, li “Musimessi, figura em Newell’s”. Libertei-a, o papel saiu arrastando-se com um gemido áspero e foi encalhar-se na água da sarjeta. Como é lúgubre a minha casa! Mal dava para vê-la. Trepadeiras murchas e escuras cobriam a cerca preta e oxidada; atrás, palmeiras cinzentas, pinheiros descascados e a onipotente seringueira nem deixavam aparecer o esqueleto opaco de nossa casa, cujas paredes eram mapas de gretas e manchas. Mas contra o céu branco se recortava o pontiagudo telhado inclinado, de telhas que haviam sido vermelhas e agora eram violeta ou da cor do barro. Na casa também havia um sótão, mas como aí dormia a Coca, já não era um “sótão” mas um dormitório; apesar de minha avó chamá-lo de o quarto da moça (e além disso dizia trolley em vez de bonde e botinas no lugar de sapatos, e o metrô da Primeira Junta, para ela, era simplesmente o Anglo).

E

u gostava deste lugarzinho com o teto em forma de “V” invertido e grossas vigas de madeira escura.

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Sobre um banquinho de cozinha reinava um rádio muito antigo, muito alto, muito pouco audível, no qual toda noite ela escutava o radioteatro da Rádio El Mundo. Ocupava metade do quarto um imenso guarda-roupa de mogno, de três corpos, com um espelho ovalado. Ao abrir a porta, presos com tachinhas, estavam: Gardel, vestido de roupa gaúcha azul; Robert Taylor, de cowboy; e Ángel Magaña de paletó e gravata de lenço; também uma pequena estampa da Virgem de Lugán e outra de Ceferino Namuncurá. Pendurada na parede, uma fotografia colorida (o dia de seu casamento com Ricardo), onde a Coca quase não era a Coca, com aquele penteado tão alto e aqueles lábios tão vermelhos e tão delineados. Sobre o mármore da mesinha de luz havia um frasco de água de Colônia e uma barrinha de enxofre. Entretanto, o melhor do quarto era uma janelinha circular, como se fosse um olho de boi, que se abria, em metades, em dois vidros rosados.

P

or isso, quando se dizia que a Coca ia limpar o sótão, significava, de verdade, que ia arrumar o quarto de despejo.

Bem que a avó gostava que Mário lhe pedisse sonhos, não tanto porque gostasse de fazê-los, mas principalmente porque dessa maneira recuperava um pouco da importância que teve em outros anos, quando era ela quem dirigia todas as coisas da casa, quando ainda não haviam começado a deixá-la de lado. Claro que, como variava da cabeça (arteriosclerose, oitenta e seis anos), não era injustificado que tivesse manias, não era estranho que se confundisse e esquecesse, não era censurável que às vezes mentisse ou inventasse. O doutor Calvino afirmou que eram coisas da idade; para isso não existia solução científica e simplesmente tinha-se que aceitar a situação daquele jeito. O que quer que fosse, de qualquer maneira a avó era adorável e não incomodava ninguém. Passava as tardes de outono e de inverno com um lenço nos joelhos e um cachecol nos ombros, movimentado-se na cadeira de balanço que, apesar de enorme, parecia perdida na interminável sala forrada de papel de flores lilás e pássaros esverdeados. Ali, com as mãos entrelaçadas, pensava em sabe-se lá o quê, olhando através da mesa preta e ovalada, sempre coberta por um forro cru de crochê.

Q

uando não, limpava todos os objetos metálicos da casa até dar-lhes um brilho ofuscante e esse brilho era como um escândalo entre coisas tão opacas e melancólicas.

Eu costumava trazer-lhe candelabros de bronze ou fruteiras de prata, mas Mário me proibiu, considerando que assim estimulava o desenvolvimento de algo que poderia denominar-se mania. De qualquer maneira, agora que os dias eram mais temperados, a avó resolvia vagar ao entardecer pelos cantos inexplorados do jardim, que eram quase todos; sentava-se bem longe da casa, numa cadeirinha de palha, até que, finalmente, a Coca vinha buscá-la e a obrigava a entrar, porque podia ser muito perigoso o sereno do anoitecer. Era difícil convencê-la a permanecer na sala, e cada dia passava mais horas no jardim, geralmente perto da estátua destruída. O doutor Calvino aconselhou que a deixassem fazer sua vontade, apenas cuidando para que não tomasse frio, devido à fragilidade de seus brônquios. Foi algo difícil de acreditar que, na noite da tormenta de Santa Rosa, quando Mário se levantou para prender as persianas, a avó perambulava pelo jardim, na chuva e agitada, tênue planta que era, no vento gelado e furioso. O doutor Calvino diagnosticou pneumonia, e, agora, à fragilidade mental se juntou a febre, e a avó começou a delirar com os homenzinhos. Os homenzinhos? Sim, os homenzinhos vestidos de calça amarela e jaqueta vermelha, que se empinavam sobre botas negras e muito altas, que cobriam a cabeça com um boné azul de veludo. Era inútil tentar interrompê-la com a notícia de que Telma havia tido gêmeos, ou que tia Marcelina lhe mostrasse os lençóis que acabara de bordar. A cidade dos homenzinhos se chamava Natania e tinha principalmente bosques, torres e pontes; a cidadela do rei e os três ministérios estavam guardados por leões alados e por touros com cabeças de águia. “Por estátuas de leões e de touros?” Não, por leões e touros de carne e osso. O doutor Calvino fez a cara especial que assumem os médicos amigos da família e a casa se tornou passagem

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obrigatória de parentes longínquos, solidários na desdita que se aproximava. Quando a sutil vidinha da avó se acabou de todo, chegaram os da funerária com os absurdos enfeites com que se recebe a morte. A capela ardente foi montada na sala onde a avó lustrava metais, e as alças do ataúde brilhavam quase como se ela mesma as tivesse polido. As duas irmãs casadas e a solteirona lembraram dela jovem, sempre tão bonita e disposta, e tios escrivães e advogados consumiam café e conhaque, e calculavam as possibilidades de Balbín-Frondizi com as de Perón-Quijano. A noite toda contemplei rostos diferentes (e às vezes pensava em Mirta) e, abandonando o velório, embrenhei-me no emaranhado do jardim, entre palmeiras enrugadas e flores azuis que morriam logo que eram arrancadas. Chorei, embora devagarzinho, só de recordá-la por ali, com seus óculos e seu casaco preto.

M

ário permitiu que a Coca, que estava separada daquele Ricardo da foto colorida, levasse para morar com ela um namorado ou coisa parecida, agora que a avó já não estava ali para escandalizar-se.

Acabou mostrando-se um indivíduo ignorante, de maus modos e caladão. Durante a primeira semana, ao voltar não sei de onde, sempre mais ou menos à mesma hora, passou as tardes examinando a casa da frente pela janelinha circular. No sábado, mostrou ser dono de um perverso espírito inovador: começou a fazer todo tipo de modificações e, com a permissão de Mário, meteu-se a revolucionar todas as coisas que estavam tão bem como estavam. Planejou nada menos que começar pelo jardim: cortar ervas daninhas, plantar grama, cultivar flores. E então o jardim seria apenas um jardim, ou seja, uma coisa limpa e clara, e não um lugar misterioso e secreto. Eu já não poderia pensar nem brincar no cantinho formado pela palmeira mais grossa, o cercado de ligústicas desordenadas e a estátua derrubada e quebrada, coberta de musgo e líquen, como diria o manual de Botânica do primeiro ano. Em volta do pedestal da estátua, o mato havia crescido até ocultá-lo por completo, mas sob ele – se é que alguém

podia levantá-lo, já que era pesadíssimo – a terra era plana e compacta num círculo perfeito, e era no círculo onde estavam os primeiros acessos de comunicação. Havia muito tempo que esse bloco de mármore estava perdido no jardim: ELISA E MÁRIO, declaravam um coraçãozinho e uma flecha meio esmaecidos e já fazia mais de vinte anos que Mário era viúvo. O cachorro dos vizinhos atrasou os planos do namorado da Coca. Ladrava e uivava dia e noite; era um cachorro burro e insuportável e, com efeito, ele não pôde agüentá-lo: num gesto típico de sua maneira de resolver problemas, jogou-lhe carne envenenada por cima da cerca. Os vizinhos – que também, embora por outras razões, eram gente desagradável – formalizaram uma denúncia à polícia e ele teve que passar dois dias na delegacia. Ao voltar, preferiu renovar o interior da casa. Mário já estava muito velho e não influía em absoluto; era mais um traste que, em vez de ocupar um espaço no quartinho de despejo, ficava na biblioteca: com esmerada caligrafia antiga, num caderno escolar, copiava – por quê?, para quê? – poesias românticas e altissonantes. Mas as semanas iam passando e o sujeito já terminava de reformar e pintar a casa toda, umas cores cada vez mais claras e luminosas, e em seguida atacaria o jardim. Começou por limpá-lo, avançando um círculo cujo centro era a casa. Claro que faltavam muitos metros até a estátua, e que ainda me restava algum tempo para conversar e saber de outros detalhes. Enquanto isso, ele arrancou as primeiras ervas daninhas, eliminou as latas e as pedras que se haviam acumulado através de mais de vinte e cinco anos de desleixo, matou uma infinidade de sapos inocentes, e desta forma traçou a primeira volta do círculo. Por sorte, dia a dia o avanço se fazia mais lento, pois as novas circunferências eram cada vez maiores. No colégio eu me sentia nervosíssimo, achando que ele já estaria chegando no pinheiro Júlio (olhando-o de um ângulo muito especial, os nós de seu tronco desenhavam JÚLIO) e, com efeito, havia chegado: a terra já estava perfeitamente limpa e alisada à sua volta. Eles já haviam começado uma ordenada migração e, embora me devessem o aviso, nunca consentiram em me dizer onde iriam instalar-se. Para piorar tudo, no domingo se privou de sua habitual conversa e partida de bilhar com seus

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amigos, esses tipinhos de bar, seres de guimba de cigarro pendurada na boca, e permaneceu no jardim tomando mate com a Coca e lendo as mentiras do jornal, de modo que nada pude saber. No outro dia me aguardava uma prova escrita de zoologia, e eu não podia me concentrar, os olhos fugiam pela janela. Não estava a fim da ameba nem do paramécio; não estava a fim de pensar nessas bobagens, tendo a certeza de que na segunda-feira chegaria inevitavelmente ao pedestal. Às duas da manhã fui me despedir, e fiquei tão nervoso que não consegui pregar o olho. De zoologia não me lembrava nada; tentei colar, a professora me pegou e me tirou a folha. Finalmente, no banco do colégio, pude ficar confortável e livre para mais uma vez poder me lembrar dos homenzinhos vestidos de calção amarelo e jaqueta vermelha que se empinavam nas botas pretas e muito altas, que cobriam a cabeça com um boné azul de veludo. Tradução de Ana Flores [De Imperios y servidumbres, Barcelona, Editorial Seix Barral, 1972]

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AS PRÓXIMAS EDIÇÕES DO VARAL ESPERAM POR VOCÊ! - Edição de maio com o tema AS QUATRO ESTAÇÕES. Você pode escrever sobre as quatro estações, ou escolher uma delas e escrever em prosa ou verso. Inscrições até 25 de março; - Edição especial O LADO ESCURO DO SER, inscrições até dia 15 de abril. - Edição de julho com tema livre. Inscrições até 25 de maio.

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MULHER Por Carolina Ramos Não se compra nem se vende um coração de mulher, mas, de graça ele se rende a quem ama-lo souber! x Na espera, sempre sonhada, a mulher, rica por dentro, lembra uma concha rosada, guardando a pérola ao centro. x Ante exigências da vida, pronta ao que der e vier, a mulher não foge à lida, e é tudo ao ser só... mulher! x A mulher, nos frágeis ombros, guarda força desmedida, capaz de ergue-la de escombros, se o amor lhe ilumina a vida! x A estruturar a família, sublime no seu mister, é de vigília em vigília que a mulher é mais mulher! x Mulher é sonho, harmonia, mistério e contradição... luz e sombra, amor, poesia... tudo... e apenas, coração! x Da mulher exige a vida nobre missão que requer uma força desmedida, sendo tudo... e só mulher!


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SINA DE SER MULHER Por Ynah de S. Nascimento

Escrever, sempre. Ir teclando, compulsivamente, estas teclas, acompanhando o resultado na tela do computador. Escrever, impulsionada pela emoção, ou inspiração. Querer arrancar da alma aquelas ervas que foram crescendo, aos poucos, coladas, sugando minha energia e que, agora, são donas de mim. Sem elas, não tenho oxigênio, nem água, nem nada. Querer meu corpo de volta, inteiro, intacto, sem marcas, rígido. Como a tela antes da pintura, como a folha antes do texto - potência guardada, possibilidade de ser. Apenas possibilidade. Escrever, sempre. Exorcizar aqueles fantasmas que passeiam sem a menor cerimônia pela minha casa em plena luz do dia. Aprender a conviver com eles. Ouvir seus gemidos, mas também suas gargalhadas, suas histórias. Preciso abrir meus olhos e ouvidos para eles. Sei que são meus antepassados, meus familiares, as mulheres da minha família. Há uma que não sai da frente do espelho. Eternamente se enfeitando, para um novo encontro - com certeza, desta vez, o definitivo. Sinto sua presença, seu perfume, sua sensualidade.

Sempre à procura daquele amor, infinito; não espera não, que esperar cansa; procura, procura, sempre procurando.... Parece que sempre encontrando nos lugares errados as pessoas também erradas... Aquela não sai do tanque e da cozinha. No tanque, seu trabalho - pesado, desgastante; na cozinha, o alimento para a família - quando há mantimentos, alegria; quando falta, bota café com farinha e dá pra enganar. Sempre trabalhando, sempre paciente, sempre desculpando os maus tratos dos filhos (alguns), a indiferença (de outros). Não para de dizer: sou mãe, e mãe é assim mesmo. Quem é aquela outra que não larga a vassoura? Tem que limpar; tudo; sempre. Não interessa se a casa é velha, caindo aos pedaços: tem de estar limpa. Ninguém sabe fazer melhor do que eu - é sua sina. Quem quiser ser seu amigo, limpe os pés, antes de entrar na casa. De manhã bem cedinho, sinto o Leite de Rosas invadindo a casa, misturado ao cheiro do sabonete. Aquela começa o seu dia, de preferência com roupa e sapato novos. Logo cedo vai procurar algumas roupinhas para lavar e passar, uma roupa para remendar, uma história de assombração para assustar os netos. Sua rotina só se altera quando sai para ir ao médico: está sempre doente, sempre carente. Talvez seja por isso que tome uns golinhos de conhaque, é claro que escondido de todos, ou fume seu Continental sem filtro.

E ainda há uma, quase a herdeira de todas as outras figuras. É supermãe, super dona-de-casa, super esposa; com todas estas tarefas, nunca deu tempo de se olhar no espelho, descobrir-se, esbanjar a sensualidade reprimida. Buscar amor definitivo, isto não existe; é coisa de novela. A vida é pé no chão; sentimento só faz sofrer. Amo meus filhos e ponto final. Cinco mulheres, cinco destinos. Como posso estar indiferente a minhas companheiras de sina. Como pude, neste tempo todo, estar de olhos, ouvidos nariz e boca fechados. Quanta

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insensibilidade achar-me tristemente só com tantas figuras à minha volta? Com tanto amor? Abram-se os canais de comunicação e se fará o verbo - pleno de signos, pulsando em vida. Quero mais que nunca falar. Não. GRITAR - ESTOU AQUI. O que me falta ainda aprender? Preciso dizer o que me sufoca a garganta, o que me arrepia a pele, o que me faz desfalecer. Olhem para mim: espero, nas contrações de meu parto, o nascimento de uma nova mulher - com fala, visão, audição; com vida, com coragem e determinação, perdidas há muito em algum canto da casa. Ligo o som e viajo com antigos discos. Belchior me diz que “há muito tempo estou na estrada”. Eu também. Eu, meus livros, meus discos e, de doze anos para cá, minha filha. Ciganamente, trocando de casa com uma certa constância (ou inconstância?). Insistindo para que “saiam do meu caminho, eu prefiro andar sozinha, deixem que eu decida a minha vida”. Quero escrever nos muros do meu país que o tempo andou mexendo com a gente sim; agora quero ser feliz.

E o Belchior gira, mansamente, na minha sala, no meu apartamento. As recordações vão e vêm, em um movimento circular sem fim.

espera, sempre linda, com seus cabelos pretos, longos e cacheados que ela não se cansa de pentear na frente do espelho. Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonita do que eu? O espelho nunca lhe responde, mas ela não se cansa de perguntar. Respondo eu, companheira de jornada: não, não existe. Você é linda, cor de jambo, boca de carmim.

Será que esta compulsão por escrever tem alguma ligação com os fantasmas que me acompanham? É uma música, um cheiro, uma boneca antiga, uma gaveta que se abre no meu sótão. Muitas vezes são lembranças que me fazem sangrar; outras vezes, sorrir, sentindo-me privilegiada de ter vivido tantas emoções, não interessa se boas ou ruins. Por isso, Roberto Carlos diz: o que interessa é que emoções eu vivi. - Eu também, eu também, eu também - ecoam as vozes dos fantasmas que me rondam. Aquela que se perfuma para um novo encontro sai bailando pela casa. Espalha uma fragrância misteriosa, suave e forte, ao mesmo tempo; ingênua e maliciosa. Espera apenas o telefone tocar, marcando o horário do encontro. Espera,

Pequena, sim, mas assim a natureza pôde concentrar a sua beleza nestes 1,50m. Cuidado! A vida não perdoa tanta beleza junta. Cuidado! Os homens, inebriados com tanta formosura, não se dão ao trabalho de descobrir o que está atrás do espelho; contentam-se em sugar sua beleza, destruindo seus sonhos de felicidade eterna. Eu sei, seu sei que você não tem medo. Mas se a vida não perdoa beleza, imagine uma beleza afoita, destemida.... Você assusta a todos que, em defesa, atacam, destruindo em você o que não ganharam da natureza. E, pode ter certeza, não lutam de igual para igual porque sentem-se inferiores - é o são. Utilizam todas as armas mais vis e dissimuladas até em amor. Cuidado! Mas não adianta avisar, o telefone toca e ela sai tão eufórica que nem ao menos se despede de mim. Fica seu perfume no ar.

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MULHER GUERREIRA... (A minha mãe!)

Por Gilson Silva de Lima Ela me ensinou a lutar Disse-me sobre a vida que iria enfrentar As tempestades que tentaria me derrubar Que firme como bambu eu teria que aguentar Em todos os momentos a Deus buscar Aprender o não de todo coração aceitar Acreditando que uma nova porta estaria a me esperar Que mesmo assim meu futuro seria Inseguro como canoa em alto mar Se eu naufragasse não me desesperar Que meu guia seria Jesus Cristo E Nele tudo eu poderia recomeçar Considerar a possibilidade de ser um grande agricultor Caminho que resolvi até o momento não seguir Mas, com uma imensa alegria e amor! Comi vários livros resolvendo a estudar Virei um poeta para te homenagear Obrigado mãe por me ensinar a vencer e amar!

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Arte by Bernadéte Schtaz Costa

FLORA VITAL Por Bernadéte Schtaz Costa Sensibilidade Sensual. Que provoca sentimentos. Que aflora E exala cheiros, Perfumes. Em noite de lua crescente De lágrimas E risos. União de ventos. Emoções Que chegam e incorporam. A fêmea Que vive A vida E revive, Feliz. E cria Sem ilusões, Apenas fantasias, Ao som de tangos, Intensos afagos, Sublimes beijos De lábios ardentes, Plenos De Êxtase, Da feminina Mulher.

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MULHERES Por Antonio Vendramini Neto De onde vieram as mulheres? Certamente, de um mundo que não conseguimos enxergar e não sabemos ao certo onde fica. Vieram nos presenteando com sua alma feminina, acolhendo, amando e também com o dom supremo de gerar novas criaturas. Com imensa ternura, criam os filhos que serão os personagens do amanhã, dedicando-lhes todos os ensinamentos básicos, principalmente na preservação dos aspectos morais. Muitas vezes, além de todas essas responsabilidades, chegou mais uma: a de buscar, em certas circunstâncias, ajuda no sustento do lar, tendo uma dupla jornada, não se cansando, porque o amor que têm pela família e pessoas que lhes são caras é incansável. E assim, cultuamos as mulheres de nossas vidas, vindas desse mundo que, se soubéssemos, certamente nos transportariam, para aprendermos a falar mais das coisas do amor, das quais, às vezes, nos esquecemos. Essas mulheres, que, apesar de tudo o que fazem, ainda nos recebem, carinhosamente, no findar do dia, dando-nos boas vindas, ofertando-nos amparo para as nossas reclamações, com conforto e amor. Parabéns, mulheres, pela coragem e a sensibilidade que lhes são características, na produção carinhosa de palavras de amor e do apoio de que sempre necessitamos.

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Voltou sorridente e bela, porém, não voltou sozinha; sem saber, trouxe com ela a alegria que eu não tinha. Por José Tavares de Lima Quando a mulher quer, eu acho que nem Deus a desanima: é água de morro abaixo ou fogo de morro acima!

A MULHER PELOS TROVADORES DA UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES, SEÇÃO DE BRAGANÇA PAULISTA

Por Belmiro Braga São as mulheres formosas como os rosais dos caminhos: de longe, mostram as rosas; mostram, de perto, os espinhos. Por Leonardo Henke Mulher – um dilema eterno, esfinge de anseios meus: ora, fagulha do inferno, ora, centelha de Deus.

Sobre a mulher, não discutam, seus impulsos não se medem; as mais fracas também lutam... as mais fortes também cedem!

Por J. Gastão Machado

No dia em que tu quiseres ser meu Senhor e meu Rei, serei todas as mulheres na mulher que te darei.

Vendo a “perua” chegar, pergunta logo a vizinha: - Querida, o que vai tomar? - Seu marido, queridinha!

Por Nydia Yaggi Martins

Por Istela M. Gotegipe Lima

Mulher com recursos fartos, pecadora impenitente, como é que só com dois quartos dá pousada a tanta gente? Por Olavo Bilac Beijos de mãe... filha... esposa... tantos beijos ganha a gente! Como pode a mesma coisa ter sabor tão diferente? Por Luiz Otávio www.varaldobrasil.com

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Antes do sopro final, Deus julgou que era preciso um detalhe especial: deu à mulher, o sorriso. Por Alba Helena Correa Pura, meiga, olhar risonho... mais linda que outra qualquer... Meu Deus! A mulher que eu sonho... é um sonho, não é mulher! Por João Freire Filho Ela é tudo em minha vida! Seu nome... seu nome... bem... quem ama mulher proibida não diz o nome a ninguém! Por José M. Machado de Araújo Primeiro veio a mulher - só pode ter sido assim - . Acredite se quiser, sem ela, seria o fim.

VENHA FAZER PARTE DO GRUPO DE AMIGOS QUE ESCREVEM NO VARAL! Inscrições abertas para:

Por Joarez de Oliveira Preto Englobando a criação do que Deus aqui deixou, é a mulher, confirmação de quanto Ele caprichou! Por Wadad Kattar Sangra o útero impotente, o mês sem ocupação, pois ele é ninho de gente, para acolher gestação. Por Lóla Prata Deus, com extremo primor quando criou a mulher, deu-lhe a fórmula do amor para usá-la onde estiver! Por Cristina Cacossi

- Edição de maio, com tema As Quatro Estações. Fale das quatro estações ou de cada uma delas separadamente, ou mesmo de apenas uma delas! Inscrições abertas até 25 de março. - Edição especial O LADO ESCURO DO SER, inscrições até dia 15 de abril. - Edição de julho, com tema livre. Envio de textos até 25 de maio. Você pode enviar textos em verso (soneto, poema livre, trova, etc...) ou em prosa (contos, crônicas, etc.). Soliicitamos que, para não ser de cansativa leitura, os textos não ultrapassem 3 páginas. Para escrever conosco você não precisa ter experiência, seu texto não precisa ser inédito e você não precisa ser associado a nenhuma organização ou associação. Toda participação é gratuita. Envio de textos para: varaldobrasil@gmail.com

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MULHERES E SEU UNIVERSO pOR Ana MARIA Felix Garjan Mulheres em cena Nas ruas, esquinas. Casas, trabalho, festa. Mulheres nas lutas Vestidas ou nuas Estética do tempo Artista, amante, poeta Signo, código, Mistério. Mulheres famintas, guerreiras. Censuradas, discriminadas, amadas Esquecidas, admiradas, desejadas Mulheres Beleza solta nas ruas Estética perfumada Em lutas, conquistas e glórias Conquistadoras, senhoras Crianças e anjos do seu tempo.

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MULHERES Por Manuel Bandeira

SITES DE ACONSELHAMENTO, DICAS E INFORMAÇÕES FEMININAS... (SÉRIAS E DIVERTIDAS) http://juliapetit.com.br/home/ http://www.2beauty.com.br/

Como as mulheres são lindas! Inútil pensar que é do vestido... E depois não há só as bonitas: Há também as simpáticas. E as feias, certas feias em cujos olhos vejo isto: Uma menininha que é batida e pisada e nunca sai da cozinha. Como deve ser bom gostar de uma feia! O meu amor porém não tem bondade alguma. É fraco! Fraco! Meu Deus, eu amo como as criancinhas... És linda como uma história da carochinha... E eu preciso de ti como precisava de mamãe e papai (No tempo em que pensava que os ladrões moravam no morro atrás de casa e tinham cara de pau)

http://azmina.com.br/ http://www.imprensafeminista.com/ http://julianagoes.com.br/ http://dicasfemininas-su.blogspot.com/ https://www.bolsademulher.com/ http://www.mulher30.com.br/ http://pausaparafeminices.com/

Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife no dia 19 de

abril de 1886, na Rua da Ventura, atual Joaquim Nabuco, filho de Manuel Carneiro de Souza Bandeira e Francelina Ribeiro de Souza Bandeira. Em 1890 a família se transferiu para o Rio de Janeiro e a seguir para Santos SP e, novamente, para o Rio de Janeiro. Faleceu n o dia 13 de outubro de 1968.

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O TU E O VOCÊ Qualquer aluno de uma escola brasileira de segundo grau já passou pela experiência de ler Machado de Assis, José de Alencar e outros tantos românticos, realistas e modernistas, que escreviam aquelas ‘águas com açúcar’, ou algo picante, como “O cortiço, de Aluísio de Azevedo”; ou “Tieta do agreste”, de Jorge Amado. Uma coisa que fazia diferença e caracterizava cada estilo era o uso da linguagem. Enquanto os nossos românticos se preocupavam em escrever gramaticalmente correto, preocupando-se com o uso correto dos pronomes com a conjugação verbal, em uma linguagem bonita, limpa e clássica; os realistas começaram a colocar na boca de seus personagens as gírias, os modismos que foram tomando corpo, num crescendo, até a pornografia do modernismo. Tudo isso em prol da comunicação. Na boca do caboclo do Nordeste deve estar o palavreado do Nordeste; na boca de uma mulher da favela o linguajar chulo encontradiço na favela. Literatura é literatura – ficção e minha crítica deve passar ao largo. A minha preocupação é o Português.

preocupar com as regras e continuava sendo um purista da língua. Outro dia escutei a propaganda, na televisão, do medicamento – Melhoral: “Pra você ficar legal, toma melhoral”. O verbo “toma” está na forma imperativa. O imperativo do verbo tomar é: toma tu, tome você. Neste caso, a propaganda deveria ser: ‘Pra você ficar legal, tome melhoral’. O imperativo afirmativo é retirado do presente do indicativo sem o ‘s’, tu tomas = toma tu, vós tomais = tomai vós; e do presente do subjuntivo que eu tome, que tu tomes, que ele tome = tome você. Como língua é automatismo, as pessoas vão ter como certo a forma ‘toma’, que é a errada, e gravar esse erro repetindo-o sempre. Ao mestre cabe corrigir os erros e ensinar, pois o aluno – ainda que não perceba – está sempre pronto para aprender.

Este português, o elemento vivo que é transmitido de gerações a gerações, que cresce e se modifica e deve ser preservado. Para isso é preciso que estejamos atentos às normas, às regras. Machado em uma de suas cartas a um amigo disse: “...devemos nos preocupar menos com a gramática; começar a frase com o pronome oblíquo, misturar o tu com você, o que importa é a comunicação. ” Se o objetivo é comunicar, tudo bem. Mas ele mesmo não deixava de se www.varaldobrasil.com

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ACEITAÇÃO

Como o eu interior Ainda que tímido

Meu rosto Hoje abre-se em um sorriso É belo Imperfeitamente belo É vivo Expressivo

Por Lu Toledo

Sou Mulher... Outrora expressão que conotava a dor de o ser Ser castrada, Sofrida, Fraca Existência carregada em um fardo de difícil sustentação Meus seios... Outrora alvos de vergonha Ocultos pelos ombros arqueados De um curvo corpo da menina em metamorfose

Olho para dentro de mim e vejo Uma vida repleta de coisas maravilhosas Prontas para serem vividas Por mim e em benefício de quem por mim passar Sou Mulher Numa sensação de leveza A leveza de ser

Meu sexo... Outrora a natureza impiedosa Detonadora do mais amargo desespero Da sua não aceitação Fez-se uma profunda infelicidade

MULHER

Meu corpo Outrora em movimentos tímidos e retraídos Revelando o próprio sentido de eu interior

Meu rosto Outrora sem expressão Sem vida, Sem cor, sem sorriso Sou Mulher Agora sou Mulher!! Não sinto-me castrada Sou sim Diferente do Homem Meus seios Acaricio-os em um gesto de aceitação Postura ereta Ombros erguidos Não ocultam mais o que hoje se faz orgulho Meu sexo Toco-o É bom... bom senti-lo Pode ser fonte de prazer A mim e ao homem que a mim merecer Meu corpo Olho-o através de sua imagem espelhada Suave Em curvaturas macias Meigo

Imagem by Adrianna Elk Photography

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PORQUE SER MULHER É UMA ARTE Por Jacqueline aisenman

Tentamos todos os dias. Não ser iguais, isto nós não queremos. Queremos igualdade. Lutamos diariamente no trabalho, na sociedade, em casa, para termos os mesmos direitos e deveres. Não queremos, repito, não queremos ser iguais aos homens! Nós gostamos do cavalheiro que afasta a cadeira no restaurante para sentarmos ou que nos oferece flores numa data especial. Gostamos do homem que nos abraça forte e faz parte de nossas vidas. Mas queremos ser donas de nosso corpo, queremos poder responder não quando uma proposta não nos interessa. Queremos ganhar os mesmos salários quando fazemos o mesmo trabalho. Queremos em casa dividir as tarefas domésticas e a educação dos filhos. Também queremos a opção de não casar e nem ter filhos. Queremos estar com quem nos alegra e faz feliz. Mas não queremos ser iguais, pensem nisto! As diferenças entre o ser masculino e o ser feminino são muito importantes. Mas queremos tratamento decente, não importa de que forma nos vestimos. Queremos tratamento decente nas palavas e nos atos. Nós mulheres não queremos parecer homens. Ser mulher é uma arte e nós amamos ser mulheres. Apenas não queremos mais ser tratadas somente como objetos de desejo, mas sim, com a dignidade e respeito que todo ser humano merece. www.varaldobrasil.com

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MULHER... Por Arlete Trentini dos Santos És tu mulher amada Que tens a palavra censurada A alma calada, a cara pintada. E não desistes de nada. Finges-te de cega Calas e consentes Mesmo que teu pensar Seja totalmente diferente. Tens a força universal A grande paz espiritual Todo mal desacreditas Por isso te chamam bendita Dona de muitas vontades As escondes, é bem verdade. Tens muita sabedoria Com isso geras alegrias...

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GLÓRIA ÀS MULHERES Por Galdy Galdino Por causa de Eva Deus expulsou os homens do paraíso Mas por que culpá-la Se ela foi tentada pela serpente do mal? Pobres mulheres que são tentadas pelos homens! Pobres homens que sofrem a tentação da mulher! Se as mulheres são ingênuas São também astuciosas Deixam-se envolver pelos homens Mas só quando elas querem Enquanto que nós homens, seres fracos, Nos fascinamos pela mulher Mesmo sem querer Não somos nós os homens, os machos, os fortes? Não, não somos! Somos apenas os fantoches das mulheres Elas que têm poder sobre nós Que nos enfeitiçam, que nos dão a glória E que nos fazem sofrer Ó mulher formosa você é parte do homem Não se esqueça disso! E os homens que tentam dominar a mulher, Infelizes desses, inseguros de si Temente ao poder que a mulher exerce sobre eles Tentam mostrar força com covardia Espancando-as, ferindo-lhes a face, Rebaixando-as a míseras submissas Mas esqueçamos esses seres abjetos Vamos guardar para nós A imagem da mulher guerreira Feminina, mas guerreira! Que luta pelos seus ideais E faz os homens lutarem por ela Mulheres fortes, mas que estão propensas A cair em tentação Mulheres decididas Que nos deixam indecisos Mulheres que sofrem as dores do parto Mas vivem na glória de ser mulher!

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MULHER DE FIBRA Por Isabel C. S. Vargas Quero homenagear nesta data festiva Uma mulher muito especial na família. Era bela, simples, alegre, pura simpatia. Por todos que a conheciam, admirada. Não tinha dinheiro, mas tinha coragem. Casou, constituiu família, trabalho passou. Dinheiro parco, sem profissão, sonhos mil. Três filhos a educar e a ensinar a voar. Viver para ela era voar de um sonho a outro Proporcionado alegrias, prazeres, sorrisos Aos três rebentos que amava acima de tudo. Para quem desejava um mar de realizações. Alfabetizada em casa descobriu o mundo. Lia com devoção, escrevia por prazer Tudo que a tocava neste mundo Eternizando no papel suas sensações. Foi trabalhar para abrir caminhos Para os filhos que eram a flecha A ser projetada para ganhar o mundo. Foi muito realizada com o que viu. Acompanhou os passos dos netos Que a enchiam de orgulho Sentindo ter cumprido com louvor A missão que se impusera. Hoje, quando a bisneta ingressa na faculdade Lamento não tê-la ao meu lado, orgulhosa Por isso escrevo a ela, eterna inspiração, Exaltando o exemplo de mulher que foi.

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MULHER Por Ivonita Di Concilio Na Literatura encontramos os mais diversos tipos femininos moldados por escritores e poetas, de acordo com as suas épocas. Para uns, elas eram ingênuas, débeis e diáfanas; para outros, o contrário: tinham fibra eram autoritárias e enfrentavam quaisquer obstáculos. Analisando os conceitos de José de Alencar encontramos essas mulheres no O Guarani (1857): a jovem inocente e diáfana Ceci, que nem cogitava amar; Isabel, a irmã bastarda e determinada em seu amor por Álvaro; e, finalmente, a fidalga paulista, dona Laureana, dama de fibra e muito autoritária. Quem teve o prazer de ler esse romance – transformado em ópera, por Carlos Gomes – nesse trio com idades diferentes terá uma ideia das etapas que as mulheres daquele século escalavam e as dificuldades que enfrentavam ante a prepotência masculina. Curiosamente, com o avanço da idade e a experiência, elas se transformavam e até se masculinizavam para impor suas vontades. Machado de Assis, Jorge Amado e Érico Veríssimo criaram muitas matronas assim. Num salto ao presente temos mulheres menos ingênuas e diáfanas e, embora ainda jovens, determinadas e batalhadoras. São mulheres que não mais aceitam ficar à sombra de um homem, mas.... Ao seu lado.

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MULHER Por Marilu FQueiroz A força interior que prevalece em suas ações... faz com que humanas se tornem suas contradições. É o apelo do amor... que fala mais alto, com convicção. O bem querer sem tamanho traduz o mistério de poder ser mãe. Seu caminho é longo. e a luta é feroz... É o sexo frágil, mais forte e de pensamento veloz. É um ser diferenciado... Ao dar a vida, privilegiado. Mas não só de luta vive a mulher, pois amada precisa ser. O que ela mantém no encontro de suas emoções.. É a virtude de se compor de diversas nuances, de amor.

Imagem by Stasique - Fotolia

São cores que a vida lhe oferece... Sabores de tudo o que tem de passar. A essência, intuição e o amor que ela tem de sobra para dar!

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LUZ QUE NOS DESTE

Portrait by Florence-Thompson

Por Galdy Galdino Ó mulher Pariste a vida! A tua fenda que se abre Para o nascer O teu seio que nutre Com o alimento vital O teu colo que aquece E a tua doce voz a ninar Tens a vida nos braços, mulher E a vida te tem no coração

SER MULHER Por Paola Rhoden As fontes do Amor, podem ser, às vezes, difícil de ver. Se nos ofendem, perdoamos, no mais fundo de nosso eu, porque aquela Paz que almejamos, não está, no que se perdeu, mas, sim, na maneira que amamos. Assim, é ser uma mulher, com muito amor e com carinho, ninguém ela deixa sozinho, porque é só dela este mister

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PRANTO POR ROBERTO FERRARI Não, tu não és um sonho, és a minha vida Tens paixão, tens desejo e tens intensidade Tu és a estrela, tu és meu amor Teu nome é minha jura, é minha poesia És luz, és amante, namorada! Tu és todo o esplendor, o último porto seguro Da poesia sem fim, amor! Do apaixonado verso meu. Ah, sempre fosses Minha, fosses a paixão, o sentimento Em mim, fosses o crepúsculo, a lua sublime Amada! Onde estás? Por onde andas? Entre as estrelas? Entre as ondas do mar? Tu pertences a mim! És linda, és sublime! És paixão Teus olhos têm a cor do amor Teu passo inspira a doce poesia Do amor! Prende o poema em rimas infinitas Dona do meu amor! Faço do teu corpo meu templo Da minha poesia fantástica és a única inspiração! Leva-me o verso à sombra e à claridade. De ti, sou teu poeta humilde e apaixonado Teu silêncio, teu trêmulo desejo, teu riso Triste, onde se escondem nostalgias Esse sorriso que é tosse de ternura Carrega-me em teu beijo, louca! Sejamos loucos no amor Recriemos a magia do sonho Tu que me deixaste morto de tanto prazer Tua sensualidade! Ah, que o destino nada pode contra É o último suspiro da poesia O mar é nosso, a noite tem seu nome E a cada verso, brinca de amor com a Lua Sem ti me perco em meio ao pranto da saudade Desse pranto que é o único amigo Das horas em que não estás comigo.

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MULHER POR ANTÔNIO MARCOS BANDEIRA SER LÍNDÍSSIMO INTELIGENTÍSSIMO SER CAPACITADO E PREPARADÍSSIMO INCRIVEL SER MULHER ESTE SER CHEIRO E ATRAÇÃO SENSIBILIDADE, OU NÃO MULHER, SER INCITAÇÃO MULHER SER FORTE CRIADO, PELO SENHOR DA COSTELA RETIRADO SEM SENTIDO FIGURADO SEM OPERAÇÃO, SEM DOR MULHER, VIDA VIVACIDADE VIVER E VIVENCIAR ÊXTASE, VERACIDADE MULHER SER NUA LINDAMENTE, OFEGANTE SUSPIRA-NOS TENSÃO LOUCURA INSTIGANTE MARAVILHOSA!!! ANGELICAL! DESTEMIDA OU NÃO. MULHER! ESSENCIAL! NÃO SEI DESCREVÊ-LAS SÃO...ESSÊNCIA! SÃO COMPLEMENTO DO HOMEM A INTELIGÊNCIA!

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A ENGRENAGEM DA EXISTÊNCIA por Lya Gram Mulher... Por várias décadas, humilhada e designada a ser ama e parideira perfeita. Ela que por diversas vezes chorou o perfume doce no colarinho da camisa do seu companheiro enquanto suas mãos sôfregas esfregavam as manchas das malditas reuniões de trabalho tardias. Ela que era levada a pensar que devia gratidão por viver um encarceiramento revestido de bondade. Ela que manchava páginas e páginas de livros com o sal de suas lágrimas no sonho de penetrar em uma nova história, onde não mais fosse coadjuvante. Ela que acariciava o ventre fértil com o resquício de docilidade que lhe sobrava, pois a vida já tinha lhe tirado a esperança da igualdade. Mulher! Que na delicadeza de uma águia agarrou o destino e o levou às alturas, perto do Sol e das estrelas e ali fincou sua bandeira para mostrar ao mundo que o céu é para todos! Que no esforço contínuo e focado, provou que poderia ser quem quisesse ser e derrubou as barreiras da hipocrisia, derretendo os pedestais de gelo que se imaginavam aço. MULHER!! Que gera no ventre muito mais que vida pura e simplesmente, gera a eternidade, como um rio que toca as margens nutrindo e abençoando as sementes que brotarão também em árvores e que, levadas pelo vento, hão de perpetuar a majestosa engrenagem da existência.

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FLOR Por Marina fernanda farias Querida flor que mora na janela Que sente a plenitude do amor Sente o coração pulsar de alegria na vida Leve, solta Mulher da noite e do dia Que acorda cedo na agonia Amada mãe colorida Pétalas Dores Amores Mulher


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MÃES QUE SE RECICLAM (Para Ivani Butzke e para Minervina Klueger, minha mãe)

Escrito no ano 2000

Por Urda Alice Klueger Se tivesse tido a oportunidade, minha mãe teria sido uma geógrafa, tal o seu gosto por saber tudo a respeito dessa ciência. Mas ela só teve acesso à escolinha rural de onde se criou, e só pode estudar até a terceira série primária. Ela teve uma vida difícil: criou-se comendo do que seu pai produzia nas roças, e ganhando o vestido novo no Natal, o único do ano. Eu a conheci quando ela passava dos 30 anos, e fazia tudo com suas mãos : ajudava a matar porco, mourejava numa horta e num jardim, criava, desde o choco, as galinhas dos almoços de domingo, fazia tachos de sabão com sebo e breu, costurava as roupas das suas três meninas, bordava as nossas fronhas e engomava as nossas anáguas. O tempo passou, o mundo mudou, e minha mãe se reciclou com a mesma velocidade do mundo. Beirando os 80 anos, ela manda recados via Internet para os netos que moram lá longe, no Continente Africano; ela tudo sabe sobre o que os políticos fazem em Brasília e sobre o que os artistas fazem nos bastidores da televisão. Continua mourejando numa horta e num jardim; produz a metade do que come, e “sem agrotóxicos”, diz com orgulho. Ela nasceu para ser uma geógrafa, mas não deu. Só que não abandona a sua inclinação natural. Minha mãe, acredito, é a única mãe de quase 80 anos, do Brasil, que ganha Atlas novos, no Dia das Mães, quando a Geografia muda, e num instante interpreta o seu Atlas e descobre os novos países e as suas particularidades. Se ela tivesse tido a oportunidade da escola! Quantas mães se reciclam com a velocidade da minha?

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GRANDES MULHERES DA HISTÓRIA Por Professor Josimar Submissa, incapaz, frágil: estes eram alguns dos termos atribuídos à mulher num passado até mesmo não tão distante. Porém, estes termos não servem mais para definir a mulher da atual sociedade e momento histórico que vivemos. Embora o preconceito ainda persista em se fazer presente em muitos aspectos do cotidiano, a verdade é que as mulheres conquistaram o seu espaço com dignidade e esse fato é irreversível e, mais do que isso, admirável. Exemplos de mulheres que se destacaram pela sua força, coragem e feitos heróicos não faltam ao longo de toda a história da humanidade. Abaixo, você pode conferir uma “Lista das 50 mulheres que merecem um dia especial”. A lista é do Portal Terra e, como se sabe, toda lista é polêmica e essas 50 mulheres estão entre milhares de outras, mas que elas sirvam, hoje e em todos os dias do ano, como inspiração.

4.Cleópatra (Egito - 70 AC a 30 AC) Um dos nomes femininos mais conhecidos de todos os tempos, governou o Egito e levou os romanos Julio César e Marco Antônio à loucura e a uma rivalidade sem tamanho. 5.Boadicéia (Inglaterra - cerca de 66 AC) Rainha celta que liderou tribos em um levante contra as forças romanas que ocupavam a Grã-Bretanha. Era “alta, terrível de olhar e abençoada com uma voz poderosa”, segundo o historiador clássico Dião Cássio. 6.Hipácia de Alexandria (Grécia - de 370 a 415) Matemática e filósofa, adepta às filosofias de Platão, foi perseguida pelos reis cristãos por proclamar que o universo é regido por normas matemáticas. 7.Khadijah bint Khuwaylid (Oriente Médio - de 555 a 619) Esposa do profeta Maomé, foi também a primeira pessoa a se converter ao islamismo. Apesar das leis vigentes na época permitirem o poligamismo, Maomé manteve-a como sua única esposa por 24 anos. 8.Leonor da Aquitânia (Inglaterra - de 1112 a 1204) Rainha consorte da França e Inglaterra, seu instinto político e sagacidade a tornaram uma das mulheres mais influentes e poderosas da Idade Média.

1.Helena de Tróia (Grécia - lendária) Figura mitológica de beleza e graça incontestável, teria sido o motivo pelo qual os gregos batalharam os troianos na famosa guerra, ganha especialmente por um cavalo de madeira. 2.Nefertiti (Egito - 1380 AC a 1345 AC) Rainha egípcia, junto com seu marido, o faraó Akhenaton, alterou as crenças religiosas de seu povo para o monoteísmo e levou-os a louvar o sol ao invés da lua. 3.Phryne (Grécia - cerca de 400 AC) Famosa cortesã grega em cerca de 400 AC, tinha uma beleza considerada divina, a ponto de livrá-la da morte por heresia em um tribunal.

9.Catarina de Siena (Itália - de 1347 a 1380) A Santa Catarina, apesar de analfabeta, ditou várias cartas e obras, em especial Diálogo

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sobre a Divina Providência, considerado pelos eclesiásticos como um dos maiores testemunhos do misticismo cristão e das idéias teológicas e espirituais.

15.Anne Bonny (Inglaterra - de 1700 a 1782) Pirata irlandesa, ficou conhecida por se destacar em uma ocupação essencialmente masculina, pilhando navios no Caribe junto com seu marido. Apesar de nunca ter comandando um navio, era conhecida por ser bonita, inteligente e muito estourada. 16.Émilie du Châtelet (França - de 1706 a 1749) Cientista, matemática e física, escreveu Dissertation sur la nature et la propagation du feu, com estudos sobre o fogo que serviram de base para o que hoje é conhecida como luz infravermelha e a natureza da luz.

10.Joana D´Arc (França - de 1412 a 1431) Santa padroeira da França, inspirada, segundo a lenda, por forças espirituais, foi a grande heroína da Guerra dos 100 anos e acabou queimada viva com apenas 19 anos de idade. 11.Catarina de Médici (França - de 1519 a 1589) Força política por trás dos 30 anos de guerra entre a Igreja Católica Romana e os Huguenotes franceses, foi a instigadora do Massacre de São Bartolomeu e grande patrona das artes na França. 12.Elisabeth I (Inglaterra - de 1533 a 1603) A precursora do grande Império Britânico, patrocinadora das artes e da cultura (ela que descobriu William Shakespeare), é ainda figura controversa entre os historiadores, que se dividem ao considerá-la uma grande governante e um mulher que fazia tudo pela metade.

17.Catarina, A Grande (Rússia - de 1729 a 1786) Imperatriz da Rússia, modernizou seu país, reformando todos os aspectos políticos e sociais e se tornando um dos maiores nomes do despotismo esclarecido. 18.Chica da Silva (Brasil - de 1740 a 1796) A escrava que se fez rainha, foi a primeira negra a alcançar prestígio e riqueza no Brasil após união consensual com o explorador de diamantes João Fernandes. Muitas de suas histórias entraram para o imaginário popular. 19.Mary Wollstonecraft (Inglaterra - de 1759 a 1797) Escritora britânica. Sua obra, Uma Defesa dos Direitos da Mulher, de 1790, é considerada a pedra fundamental do movimento feminista. Mary afirmava que o casamento era uma prostituição legalizada e que as esposas eram escravos convenientes.

13.Ana Pimentel (Portugal/Brasil por volta de 1534) Esposa de Martim Afonso de Souza, governou a capitania de São Vicente sem nunca ter posto os pés no Brasil, e foi quem ordenou o cultivo de cana de açúcar, laranja, arroz, trigo e criação de gado na região. 14.Dandara (Brasil - de 1664 a 1694) Esposa do Zumbi dos Palmares, foi uma guerreira feroz e brava defensora do quilombo. Suicidou-se para não voltar à condição de escrava. www.varaldobrasil.com

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20.Sacajawea (EUA - de 1786 a 1812) Índia norte-americana que auxiliou os ingleses Lewis e Clark a chegarem ao Oceano Pacífico em 1804. Tornou-se na América do Norte um símbolo da mulher independente, esforçada e com valor indiscutível.

rismo em tratar feridos de guerra e inventora da representação gráfica de dados, conhecida como gráfico pizza. Deu as bases para a enfermagem atual.

21.Maria Quitéria (Brasil - de 1792 a 1853) Militar brasileira, disfarçou-se de homem para lutar na guerra da independência brasileira. Feita alferes por D. Pedro I, é considerada a Joana D´Arc do Brasil. 22.Marquesa de Santos (Brasil - de 1797 a 1867) Famosa por ter seduzido e se tornado amante de D. Pedro I, a marquesa foi, no fim de sua vida, uma humanitária, ajudando mendigos, famintos e doentes e patrocinando estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em São Paulo. 23.Ana Néri (Brasil - de 1814 a 1880) Pioneira da enfermagem no Brasil, acompanhou seus filhos, soldados, na Guerra do Paraguai, prestando serviços médicos. Foi condecorada com as medalhas de prata humanitária e da campanha e recebeu do imperador Pedro II uma pensão vitalícia.

26.Susan B. Anthony (EUA - de 1820 a 1906) Pioneira no movimento feminista americano e europeu já no século 19. Fundou a associação sufragista americana e foi a primeira mulher a ter seu rosto estampado em uma moeda de circulação nacional nos EUA.

27.Anita Garibaldi (Brasil - de 1821 a 1849) Companheira de Giuseppe Garibaldi, é conhecida como a “Heroína dos Dois Mundos” por ter participado da Revolução Farroupilha no Brasil e da unificação da Itália. 24.Rainha Vitória (Inglaterra - de 1819 a 1901) Grande condutora do Império Britânico no século 19, seu governo foi marcado pela revolução industrial, expansão colonial e mudanças drásticas na política, economia e cultura inglesa. 25.Florence Nightingale (Inglaterra - de 1820 a 1910) Enfermeira britânica, famosa pelo seu pionei-

28.Clara Barton (EUA - de 1821 a 1912) Fundadora da Cruz Vermelha Americana na época da Guerra Civil e presidente da organização por 22 anos, é referência como humanitária e universalista. 29.Princesa Isabel (Brasil - de 1846 a 1921) Princesa imperial do Brasil e primeira senadora da nação, aboliu a escravatura e defendia o voto

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feminino e a reforma agrária. Era partidária de idéias modernas, e sua postura era considerada avançada para a época. 30.Chiquinha Gonzaga (Brasil - de 1847 a 1935) Autora da primeira marcha carnavalesca, Ô Abre Alas, em 1899, primeira pianista de chorinho e primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, além de ter sido ativista do abolicionismo e do movimento republicano. 31.Madame Curie (França - de 1867 a 1934) Junto com seu marido Pierre, foi Prêmio Nobel de Física de 1903 pelas suas pesquisas em radioatividade e Nobel em Química em 1911 pela descoberta dos elementos químicos rádio e polônio.

32.Helen Keller (EUA- de 1880 a 1968) Cega e surda, foi a primeira pessoa nessas condições a ganhar um diploma, graças especialmente ao trabalho de sua professora Anne Sullivan em torná-la apta para a sociedade, apesar de seus deficiências. Tornou-se escritora e ativista social. 33.Eleanor Roosevelt (EUA - de 1884 a 1962) A grande primeira dama americana, referência até hoje em seu país, foi ativista dos direitos humanos, e embaixadora na ONU, nomeada pelo presidente Harry Truman, após a morte de seu marido, Franklin Delano Roosevelt. 34.Tarsila de Amaral (Brasil - 1886 a 1973) Uma das maiores pintoras brasileiras, seu quadro Abaporu de 1928 inaugura o movimento antropofágico e foi a obra brasileira a alcançar

o maior valor em um leilão internacional: 1,5 milhão de dólares. 35.Mary Phelps Jacob (EUA - de 1891 a 1970) Poeta, editora, pacifista e socialite novaiorquina, foi a inventora do sutiã, que livrou as mulheres da prisão do espartilho. 36.Bertha Lutz (Brasil - de 1894 a 1976) Pioneira do feminismo no Brasil, foi fundadora da Federação Brasileira para o Progresso Feminino e deputada federal no governo Getúlio Vargas. 37.Golda Meir (Israel - de 1898 a 1978) Uma das fundadoras do Estado de Israel e quarto primeiro-ministro do país, considerada firme em suas decisões, ganhou o apelido de “Dama de Ferro” (que depois foi passado a Margaret Thatcher).

38.Aracy de Carvalho Guimarães Rosa (Brasil - 1908) Única brasileira homenageada no Museu do Holocausto, segunda esposa de Guimarães Rosa, salvou mais de 100 judeus na segunda guerra emitindo passaportes para entrada ilegal dos refugiados no Brasil. Ainda vive. 39.Simone de Beauvoir (França - de 1908 a 1986) Escritora, filósofa existencialista e feminista francesa, uma de suas obras, O Segundo Sexo, traçou um perfil analítico sobre o papel das mulheres na sociedade moderna. Foi a companheira do também filósofo Jean Paul Sartre. 40.Madre Teresa de Calcutá (Índia - de 1910 a 1997) Missionária católica albanesa, considerada a

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maior do século 20, dedicou sua vida aos desprotegidos e pobres da Índia, por meio da sua congregação “Missionárias da Caridade”. 41.Patrícia “Pagu” Galvão (Brasil - de 1910 a 1962) Escritora, jornalista e militante comunista brasileira, foi um dos grandes destaques no movimento modernista iniciado em 1922. Escreveu Parque Industrial, A Famosa Revista e Safra Macabra. 42.Rachel de Queiroz (Brasil - de 1910 a 2003) Jornalista, tradutora e romancista, foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Ganhou em 1993 o considerado Nobel da literatura portuguesa, o Prêmio Camões e é considerada a maior escritora brasileira.

43.Rosa Parks (EUA - de 1913 a 2005) Costureira americana, tornou-se símbolo do movimento civil pelos direitos dos negros ao recusar ceder seu lugar a um branco em um ônibus em 1955. Sua luta solitária acabou chegando aos ouvidos de Martin Luther King, que incitou os negros a recusar o transporte público branco. 44.Irmã Dulce (Brasil - de 1914 a 1992) Religiosa brasileira, destacou-se por seu trabalho de assistência aos pobres e aos necessitados e por suas inúmeras obras de caridade no nordeste, em especial na Bahia. 45.Eva Perón (Argentina- de 1919 a 1952) Segunda esposa de Juan Perón, foi a maior primeira-dama argentina, defensora dos direitos femininos e considerada líder espiritual da nação até hoje. 46.Margaret Thatcher (Inglaterra - 1925) Política britânica e primeira-ministra por 11

anos, ficou conhecida como “Dama de Ferro” devido à linha dura de seu governo. Batalhou greves, enfrentou a Argentina na Guerra das Malvinas e foi uma incansável inimiga da União Soviética e do comunismo.

47.Ruth Cardoso (Brasil - de 1930 a 2008) Antropóloga, professora da USP e, apesar de não apreciar o título, primeira-dama brasileira no governo Fernando Henrique Cardoso, criou o programa Comunidade Solidária de combate à exclusão social e à pobreza, destacando-se por sua idoneidade e princípios éticos. 48.Shere Hite (EUA - 1942) Sexóloga e feminista americana, chocou o mundo com seu Relatório Hite, focando principalmente na sexualidade feminina e em como a cultura individual afetava a vida sexual.

49.Leila Diniz (Brasil - de 1945 a 1972) Atriz à frente de seu tempo, escandalizou o governo militar e a sociedade brasileira no fim dos anos 60 e começo dos anos 70 por aparecer grávida na praia e admitir em entrevistas que “transava de manhã, de tarde e à noite”. Odiada na época tanto pela direita quanto pela esquerda, tornou-se um símbolo da mulher brasileira emancipada e independente.

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50.Maria da Penha (Brasil) Vítima de atentados praticados por seu ex-marido, sua luta e história inspiraram a lei de proteção das mulheres em casos de violência doméstica. Hoje é coordenadora da Associação de Estudos, Pesquisas e Publicações da Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência.

edição seguinte, nas Olimpíadas de Pequim. Daiane possui ainda dois movimentos nomeados após suas primeiras execuções: Dos Santos I e Dos Santos II.

51.Anne Frank (1929/1945) Adolescente alemã de origem judaica, escreveu um diário durante o tempo que ficou em um esconderijo para escapar dos nazistas. Seu diário é um dos livros mais traduzidos no mundo.

52.Cássia Eller (1962-2001) Foi uma destacada cantora e violonista do rock brasileiro dos anos 1990. 53.Carlota Joaquina (1775-1830) Foi infanta de Espanha, princesa do Brasil e rainha de Portugal por seu casamento com D. João VI de Bragança. Ficou conhecida como A Megera de Queluz, pela sua personalidade forte e porque foi isolada no Palácio de Queluz, nos arredores de Lisboa por ter conspirado contra o príncipe. 54. Carmem Miranda (1909-1955) A pequena notável, como ficou conhecida, era cantora e atriz luso-brasileira. 55. Daiane dos Santos: nasceu em 1983. Foi a primeira ginasta brasileira, entre homens e mulheres, a conquistar uma medalha de ouro em uma edição do Campeonato Mundial. Dos Santos fez parte da primeira seleção brasileira completa a disputar uma edição olímpica – nos Jogos de Atenas -, repetindo a presença na

56. Dercy Gonçalves (1907-2008) Foi uma atriz, humorista e cantora brasileira, oriunda do teatro de revista, notória por suas participações na produção cinematográfica brasileira das décadas de 1950 e 1960. Celebrada por suas entrevistas irreverentes, bom humor e emprego constante de palavras de baixo calão, foi uma das maiores expoentes do teatro de improviso no Brasil. 57. Dilma Rousseff: nasceu em 1947. É uma economista e política brasileira, e a atual presidenta da República Federativa do Brasil. Durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu a chefia do Ministério de Minas e Energia, e posteriormente, da Casa Civil. Em2010, foi escolhida pelo seu partido para se candidatar à Presidência da República, sendo que o resultado de segundo turno, em 31 de outubro, tornou Dilma a primeira mulher a ser eleita para o posto de chefe de Estado e de governo, em toda a história do Brasil. 58. Elis Regina (1945-1982) Foi uma intérprete brasileira. Elis Regina é considerada por muitos críticos, comentadores e outros músicos a melhor cantora brasileira de todos os tempos. 59. Fátima Bernardes Nasceu em 1962. É uma jornalista brasileira. Depois de por muitos anos ter sido âncora do principal telejornal brasileiro, tem atualmen-

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te eu próprio programa. Já recebeu muitos prêmios em reconhecimento ao seu potencial jornalístico. 60. Hebe Camargo: nasceu em 1929, falecida em 2012. Foi uma consagrada apresentadora de televisão, atriz e cantora brasileira, tida como a “rainha da tv brasileira”. Ela estava no grupo que foi ao porto da cidade de Santos buscar os equipamentos de televisão para a formação da primeira rede brasileira, a Rede Tupi. 61.Madonna Nasceu em 1958. É uma cantora, atriz e empresária americana. Madonna vendeu mais de 275 milhões de álbuns no mundo inteiro e é reconhecida como a artista feminina que mais vendeu em todos os tempos. Madonna é notada por renovar frequentemente seu trabalho e usar seus videoclipes e shows para comunicar sua posição sobre sexo, religião e política.

62.Maria Bonita (1911-1938) Foi a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. 63. Marina Silva Nasceu em 1958. É uma ambientalista, historiadora, pedagoga e política brasileira, filiada ao Partido Verde (PV). Foi senadora pelo estado do Acre durante 16 anos. Foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula do seu início até 13 de maio de 2008. Também foi candidata à Presidência da República em 2010 e 2014.

64. Marta Vieira da Silva Mais conhecida como Marta, nasceu em 1986. É uma futebolista brasileira que atua como atacante. Marta já foi escolhida como melhor futebolista do mundo por cinco vezes consecutivas, um recorde entre mulheres e homens. Foi considerada pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. Após a grandes exibições recentes e, principalmente, nos Jogos Pan-americanos de 2007, Marta chegou a ser comparada a Pelé, sendo chamada pelo mesmo de o “Pelé de Saias”. Ultrapassou Pelé em número de gols, passando dos famosos mil gols realizado pelo Rei do Futebol brasileiro. 65.Olga Benário Prestes (1908-1942): Foi uma jovem militante comunista alemã, de origem judaica, deportada para a Alemanha durante o governo de Getúlio Vargas, onde veio a ser executada pelo regime nazista em campo de concentração. Veio para o Brasil na década de 30, por determinação da Internacional Comunista, para apoiar o Partido Comunista do Brasil. Destacada como guarda-costas de Luís Carlos Prestes, tornou-se sua companheira, tendo com ele uma filha, Anita Leocádia Prestes. 66. Zilda Arns (1934-2010) Foi uma médica pediatra e sanitarista brasileira. Foi também fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Recebeu diversas menções especiais e títulos de cidadã honorária no país. Da mesma forma, à Pastoral da Criança foram concedidos diversos prêmios pelo trabalho que vem sendo desenvolvido desde a sua fundação.

Créditos: Reprodução de artigo de

Professor Josimar

Fonte: http://mulher.terra.com.br/ Fonte: http://professor-josimar.blogspot.com

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ANTÍTESE

Por Lu Toledo Sou bela, sou fera Sou Isolamento e sedução Tempestade, calmaria Sou Eu sou repouso e erupção Sou desejo e apatia Fantasia e aflição Sou ternura, desapego Abertura Sou prisão Sou loucura, sensatez Sou mistério e solução Sou espera, impaciência Sou amor Eu sou paixão Sou bela, sou fera... sou isolamento e sedução tempestade, calmaria sou eu sou repouso e erupção Sou vazio, plenitude Sou o sim e sou o não Sou muitas Seres num só ser Em confusão


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ou um sorriso enquanto contava seus sonhos. Vez por outra Sinhazinha pegava a ponta do avental da velha e fazia perguntas: — Vou passear hoje Aba? Ela não respondia, gemia um sopro entre os poucos dentes que tinha e baixava a cabeça. Sinhazinha com um lindo penteado, vestido rendado branco com uma enorme fita de cetim na cintura e sapatos pretos lustrosos, estava pronta para descer. A velha tinha lágrimas nos olhos. A dor que sentia no coração era de quem vê a ovelha caminhando para o abate. Suas perninhas finas fincadas ao chão enquanto era puxada sem piedade pelo pescoço. “Coisas de homens! Coisas de homens brancos!”, pensava ela. Sabia que iria sentir muita falta da menina que lhe fitava com olhos de esmeralda. Foram 12 anos, dia a dia, das primeiras horas da manhã até o pôr do sol, cuidando, alimentando e limpando. Nunca a linda Sinhazinha lhe “provocava um ralho”, nunca havia feito mal ou fizera-lhe ir para o tronco. Sinhazinha era um daqueles troços que os homens brancos chamam de anjinhos. A velha desceu com a menina e serviu café reforçado com muitos doces e guloseimas porque talvez fosse um dos últimos da pequena no casarão.

SINHAZINHA Por Janete Rocha Hoje a negra velha chegou mais cedo e acordou Sinhazinha com muito carinho. O coração da negra gritava enquanto seus olhos só expressavam amor. Havia assistido a menina no seu primeiro choro ao mundo e enrolado seu corpinho frágil nos panos brancos limpando seu sangue. Aquecida aquela pequena criatura branca segurou a mão da negra pela primeira vez. A Sinhazinha resistente rolou na cama, pouco tempo depois levantou sem preguiça porque era verão, tinha as manhãs livres para brincar nos jardins do casarão. A velha não falou uma só palavra. Indicou-lhe o urinol e separou suas roupas de festa, depois ajudou a vestir-se. Sentou-a na penteadeira com um sorriso bondoso. Soltou-lhe os cabelos negros nos ombros e começou a escovar afagando-os com um olhar doce. A menina sorria enquanto a negra fazia tranças laterais prendendo-os em enfeites de flores aos cachos no centro da cabeça. A negra evitava o olhar da menina que lhe buscava uma palavra

Ela agradou-se com o bolo de fubá e os docinhos de que tanto gostava. Mesmo sabendo que não era Domingo, Sinhazinha não se atreveu a perguntar e tratou de comer lambendo os dedos lambuzando-se dos cremes. Seus pais ausentes da mesa lhe permitiam atrevimentos com a comida. A negra apavorada limpava-a, com medo que alguém lhe ralhasse as travessuras. Tocada a sineta lá fora a negra levou a menina para a varanda. Chegaram na casa uma carruagem e duas carroças cheias. Desceram da carruagem o feitor e o negro alforriado. Dona Sinhá Maria e o Patrão desceram em seguida e por ultimo o Seu Barão que desceu batendo as botas. Homem gordo, suado e feio. Branco como a nuvem, só suas bochechas tinham cor. Uma peruca branca muito grande que fazia com que o suor lhe descesse a face escorrendo para a camisa de seda. “Gente doida, esses cabelos de mentira que cobriam a cabeça para esquentar,

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esses cremes e o pó. Um calor do cão lembrava bem a terra natal, lá pelo menos se usava poucos panos”, pensava a Negra. Os donos faziam a negra usar saia comprida e anágua, ela não gostava. Seu prazer era tomar a fresca da lua nas cochas na senzala, longe dos donos e das anáguas. Os donos subiram a escada e logo olharam a menina. Ela respeitosamente foi ter com os pais e sentou-se ao lado deles na mesa da varanda. A Sinhá pediu refresco e biscoitos e o velho gordo sentou no lado oposto da mesa se ocupando com seus panos. Nesse tempo ele já havia tirado o casaco e bem solto afrouxado os laços da manga da camisa. Suas dobras de gordura molhadas sob a seda fina eram vistas de longe. O velho gordo fedia muito, mas Sinhá e o Patrão fingiam não perceber mantendo a educação. A menina brincava e sorria com sua mãe sem perceber o olhar fixo do velho. Bem do canto da boca um fio de baba escorria enquanto observava cada movimento da menina. Os negros tiraram dos fundos da carroça um baú pesado e abriram. Tudo bem arrumado: algumas caixas menores, sedas, condimentos, prataria, pedras coloridas e muito ouro. Cabia tudo naquele baú. Os donos ficaram espantados, Sinhá Dona Maria arregalou os olhos, o velho colocou a mão no ombro de Sinhazinha que se recolheu e afastou-se para o lado de sua mãe.

do avental da velha. Foi aí que a negra esqueceu tudo que os brancos tinham-lhe ensinado, juntou as forças que tinha pulando em cima do homem. O feitor para não passar vergonha na frente do patrão, bateu-lhe forte com chicote. A negra gritava e esmurrava o homem do Barão sem piedade mesmo sendo chicoteada. Apareceu o alforriado e prendeu a velha pelos pés, mãos e amordaçou-a. Ela caiu no chão vendo tudo que acontecia, sem poder falar, chorando e se contorcendo. A menina ia sendo carregada para a carruagem contra a vontade enquanto Sinhá Dona Maria chorava no lencinho de algodão lagrimas sofridas e a negra desesperada gemia e se contorcia. No chão a Aba de Sinhazinha viu uma ultima vez sua menina aos berros na carruagem tendo seu pulso preso ao banco da carruagem se debatendo enquanto o gordo branco sentava-se ao seu lado com um ar de satisfação. Assim a carruagem partiu, o patrão mandou levar a velha para senzala e a Sinhá Dona Maria para o seu quarto. Sozinho na varanda com o negro alforriado e o feitor levaram o tesouro para seu escritório e algumas outras coisas para um quarto de segredo no porão do casarão. A carruagem parou, a menina ainda soluçando não sabia o que lhe esperava. Uma negra bonita e muito nova veio ter com a menina. Desamar-

Chegaram a varanda outros negros vindos da parte de cima da casa com os baús de Sinhazinha, algumas bonecas e as caixas de chapéus. Colocaram as coisas na charrete e a pequena olhava tudo sem entender enquanto a negra mal conseguia conter as lágrimas. Sinhá Dona Maria abraçou a menina e disse-lhe: — Vá com o Conde minha menina, ele agora há de cuidar-te. Sejas feliz! A pequena sentiu um aperto no coração sem entender muita coisa. O velho levantou-se apertando a mão do patrão. Sinhazinha correu para os braços da Aba, agarrou no seu avental e pediu a ama preta que a levasse para o quarto. Veio um homem forte, possivelmente um dos homens do Barão, e arrancou a menina www.varaldobrasil.com

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presa aos grilhões da escravidão obrigada a servir. Vestiu a roupa com a ajuda da negra, deixou Poeira lhe arrumar os cabelos. Atreveu-se a perguntar a negra quando voltaria para a casa de seus pais não obtendo resposta. Poeira mesmo tendo ouvido sua pergunta somente lhe afagou as mãos e lhe sorriu.

rou seus pulsos e acolheu-a nos braços. O barão falou: —Vá limpar esse diamante que mais tarde vou ter com ela. A negra sabia o que devia fazer. Era realmente um diamante, linda, doce, meiga, comprada a seu peso em ouro, trabalho de um ano de escravos surrados. Poeira, como era chamada a escrava, saiu com Sinhazinha pela casa, a menina de cabeça baixa deixava atrás de si pelo caminho algumas lágrimas escorridas de seu rosto triste. Poeira, deu-lhe um banho de pano para tirar a sujeira da estrada, serviu-lhe um chá e deixou-a descansar, sabia que sua noite não seria fácil. Sinhazinha assim que viu Poeira sair do quarto correu para a porta para testar a fechadura, mas estava trancada. Testou as janelas, a parte de baixo estava fechada, a parte de cima aberta deixava o ar fresco entrar junto com o desespero da prisão que ela sabia que não era merecedora. As horas se passaram, o choro trouxe o cansaço e o sono veio. O sonho era bonito, tinha suas bonecas e negra Aba a lhe sorrir. Tinha o casarão, a segurança, o lago no jardim e seus peixinhos, até Tico, seu cachorro querido, estava lá, saltitante esperando por ela. Tudo que é bom acaba mais dia menos dia, assim seu sonho foi interrompido pela porta grande que se abrira e Poeira entrava trazendo um lindo vestido rosa nas mãos. Sinhazinha não relutava com Poeira, via nela uma sofredora também

Na sala lhe esperava o Barão, agora mais frouxo na roupa e fresco, mas ainda com aquela cara horrorosa. Sentou-se sem falar nada. Foi servida a comida e o Barão não lhe tirava os olhos. Sinhazinha levantou o rosto e perguntou ao Barão quando poderia ir para casa. O Barão levou muito tempo para falar pois tossia sem parar. — Não vás a lugar algum. Esta é sua casa agora, sou velho e doente, preciso de uma Baronesa e de filhos fortes. Sinhazinha ouviu sem entender o que isso tinha haver com ela. Não sabia como poderia providenciar essas coisas necessárias para que o homem lhe soltasse. Ela insistiu mais uma vez na questão, mas o Barão parecia não querer mais ouvi-la. — Poeira! Tire o diamante daqui! Coloque-a na cama. Depois arrume meus aposentos, vou subir depois de umas bebidas. Amanhã irei as minas, ao retornar cuidarei deste assunto. Poeira se aproximou da mesa, fez com a que a menina largasse os talheres, levou-a pela mão para o mesmo quarto que estava antes. Ela pediu a Poeira que não a trancasse novamente, pois não iria fugir, mas foi em vão. A negra trocou-lhe as roupas, acendeu as velas e saiu, passando a chave na porta. Sozinha e desprotegida Sinhazinha alinhou-se aos travesseiros com esperança de que no dia seguinte, ao raiar do sol iria tomar o caminho de casa. Acreditava que o Barão iria entender que houvera algum engano, ela não tinha essas coisas que ele precisava, não sabia como conseguir, seus pais certamente viriam busca-la. Sinhazinha acordava todas as manhãs era banhada com panos molhados e alimentada, lhe trocavam as roupas e lhe davam livros para ler e bonecas para brincar sem direito a sair do quarto. Chegava vez por outra na janela olhando a estrada ao longe na esperança de ver seus pais chegando por ela com Aba na charrete, assim se passaram muitos dias.

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Longe dali, os baús e pertences dos pais de Sinhazinha estavam sendo embalados. Os escravos estavam trabalhando nisso o dia todo e ainda havia muita coisa para arrumar. Quase tudo do casarão deveria ser enviado ao porto. Agora com muito dinheiro finalmente a família depois de vender as plantações de cana iria voltar a Portugal. A negra velha havia sido abandonada na senzala a sua sorte pois era de preço baixo, a maioria dos escravos já tinham sido prometidos e pagos, faltava apenas alguns outros acertos. Sinhá Dona Maria já não chorava tanto o destino da filha, pois estava em estado de gestação, possivelmente ganharia a criança já na Europa. Finalmente poderia tirar os pés daquela terra infeliz. Numa tarde fresca Sinhazinha ouviu o sino e a correria dos escravos, pela estrada vinha uma charrete grande. Seu coração se encheu de esperança, palpitava forte, parecia que ia sai pela boca. Ela juntou suas bonecas em cima da cama, aguardou sentada pacientemente a chegada de seus pais. O tempo passou, o silencio chegou, a noite veio, nada aconteceu. Cansada a menina adormeceu em meio as bonecas. Naquela noite Poeira entrou no quarto apressada, sacudiu a menina e tirou suas roupas com prontidão, arrastando-a para a bacia de madeira. Limpou-a, perfumou-a, soltou-lhe os cabelos e vestiu-lhe uma camisola rendada. Sinhazinha perguntava se seus pais tinham chegado, mas Poeira não respondia. Naquele dia Poeira estava diferente, embora apressada estava carinhosa, por fim beijou a testa da pequena e saiu depois que a menina bebeu seu leite. Aquele beijo foi como Aba sempre dizia: um atrevimento de amor. Fizera Sinhazinha sorrir. Sinhazinha ficou quieta sentada na poltrona lendo seu livro a luz das velas em silêncio, sentiu a maçaneta ser tocada, viu a porta abrindo devagar e o Barão com um camisolão branco e um roupão vermelho aberto arrastando no piso encerado. O Barão deu boa noite de modo gentil, mas Sinhazinha não entendeu bem o que ele queria.

enquanto ela sem saber o que acontecia ela puxava-a para baixo. Ele irritado rasgou suas vestes e deixando seu corpo frágil e branco na cama sem proteção cobriu-lhe com suas banhas suadas. A menina tentava sair de baixo, mas o Barão era pesado, gritada para a mãe, para Aba, para Poeira e nada acontecia. O barão fez o que viera fazer, a menina gritava desesperada. Levantou-se deixando Sinhazinha ferida e desmaiada na cama. — Poeira, venha limpar essa sujeira. Traga os sais. Arrume tudo para amanhã novamente neste mesmo horário. Amanheceu. Sinhazinha já havia perdido as esperanças de voltar para a casa, o sol já não era o mesmo, nem as bonecas, nem os sonhos. Olhou para Poeira com sua bandeja de café com dor e ressentimento. Estava com febre, estava com dores, não tinha fome. Poeira lhe trocava os panos e acariciava seus cabelos e Sinhazinha olhando para o teto não se mexia, não pronunciava som algum. O Barão veio mais tarde, fez Sinhazinha rabiscar seu nome novo em alguns papéis, colocou um selo de cera e saiu. Sinhazinha não falava. O barão veio noite após noite no seu quarto. Ela já não lutada. Esperava a morte como uma escrava condenada. Lembrava-se de Aba e das estórias que contava a respeito da senzala. Aquele quarto era sua senzala.

—Boa noite minha senhora, deite-se, vamos começar a providenciar nossa herança. A menina continuou sentada sem se mexer e sem saber o que fazer. Ele tomou seu braço a arrastou-lhe para a cama, subiu sua camisola www.varaldobrasil.com

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SONETO HEPTASSÍLABO COSTURADO COM CALDA DE AMOR

Passados mais de quinze dias veio o padre, fez varias perguntas a respeito da Europa, do Barão, dos planos para o futuro, Sinhazinha não respondeu nenhuma. Sabia o que era a Europa, mas jamais soube como era, nem havia estado lá. Soube pelo padre que seus pais haviam embarcado para Portugal. Uma lágrima doida lhe rolou pela face. Queria ter perguntado por Aba, mas o padre dizia que os escravos que não foram vendidos foram mortos, ela preferiu não saber. O padre lhe abençoou e saiu dizendo: — Foi um grande prazer tê-la conhecido Senhora Baronesa, espero que me tenha com apresso e que visite nossa paróquia que muito necessita do teu auxílio.

Por Oliveira Caruso Meus poemas eu costuro com minha delicadeza em folha de papel puro para ti, doce marquesa. Trago-te o amor sempre - eu o juro! Um poeta de presteza que verseja até no muro, para quebrar a frieza. Soneto de sete versos pouco é para te mostrar o amor que tenho por ti! Nossos corações emersos em calda de amor a dar doçura de um colibri.

(inspirado em poema de Joaquim Moncks)

Assim, de forma simples e sofrida a “Sinhazinha da Aba” virou Baronesa de Campos, dona de uma grande quantidade de terrenos, plantações, minas e riquezas. Aos dezoito anos já era mãe de dois meninos. Ficou viúva aos trinta anos quando foi ao Rio enviar sua filha para a Europa onde parentes lhe esperavam. Ela estava tranquila. Sabia que sua filha teria um destino bem melhor que o seu e certamente seria mais feliz. Assim como ela, muitas Sinhazinhas viraram Sinhás, Baronesas e Duquesas em troca de muitos baús de ouro nessa Terra do Brasil. Outras muitas não tiveram a sorte de serem possuídas na puberdade nem trocadas por baús e morreram enterradas vivas nos porões dos casarões.

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NUA MULHER À MANEIRA DELA ‘Ser mulher, e, oh! Atroz, tantálica tristeza! ficar na vida qual uma águia inerte, presa nos pesados grilhões dos preceitos sociais!”

Gilka Machado

Por Vanda Lúcia da Costa Salles Nunca, águia inerte! Jamais, presa a grilhões encontrar-te-ei, Ó Língua companheira, que me cativas e incendeia, Linda, Ambígua e polissêmica: ave estranha! De mim Liberdade plena, de teu saber, purifico-me as entranhas. Creia-me A aguçar este sabor com que me lambe boca e talhe, a fim Habilidosa aranha teces as sedas delicadas Do manto e véu, pequenas tranças, destranças E apeteces o que me inebria a face Clave do Sol, Num rasgo do clarão da lua, nua, meu gozo alegre de Mulher se mostra, compõem-se finíssimas notas No relicário de manacás: canto e poesia! Em flauta doce... Eternizado fulgor! Da rocha encravada na areia, inscrita nesse vernáculo nauta Ó, saudade! Da que amou sem ninguém supor...

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UMA VELHA MULHER Por Maria (Nilza) de Campos Lepre Parada frente ao espelho a velha senhora se contempla. Não consegue ver a figura alquebrada, envelhecida e carregada de rugas, vê somente aquela que ainda habita dentro de si. Uma linda jovem carregada de alegrias e esperanças. O frescor da juventude irradia por todos os poros de seu corpo. Alisa com cuidado seus cabelos brancos, mas, acreditando que ainda sejam castanhos. Abre o pó-compacto e vagarosamente o aplica por toda face. Olha novamente para a figura refletida, e percebe que se esqueceu de colorir os lábios. Abre novamente a gavetinha da penteadeira e escolhe demoradamente o batom que mais a atrai. O ritual diário terminado observa novamente a sua figura e aprova o resultado. Vai até a sala, pega um livro e se dirige para a área na frente de sua casa. Senta-se em uma cadeira estrategicamente colocada, para que possa apreciar o movimento dos carros e dos pedestres. Vez por outra uma pessoa amiga para frente ao portão para um dedo de prosa. A velha senhora se sente muito feliz, pois já cumpriu sua missão, casou-se, formou uma família, criou seus filhos e ajudou a criar os netos. Agora só lhe resta amar a si mesma e desfrutar das atenções de amigos que passam ou algumas vezes a visitam. Mesmo sendo esquecida por muito tempo por sua família, ela traz a alegria dentro de si, pois consegue sentir-se como se ainda fosse aquela linda adolescente cheia de vida, sonhos e esperanças no futuro. Ela se ama não importando com o que os outros pensem dela. Isto é saber viver. Isto é ser mulher. www.varaldobrasil.com

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SÍNTESE DE ESTUDO SOBRE AS OBRAS DE MARIA FIRMINA DOS REIS “A “Poesia é a vida a nos beijar o corpo com toda a sua loucura de alma”.

Por VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES O PRIMADO DA IMAGINAÇÃO: um estudo arteterapêutico em Maria Firmina dos Reis configura o diálogo da Literatura com a Arteterapia. Nele é enfatizada a importância da imaginação criativa para a formação do(a) leitor(a) perspicaz, enquanto canto e encanto do projeto político-literário-social em obras da escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, no Brasil do século XIX. Para síntese, deixamos aqui as principais características textuais norteadoras do universo firminiano, esse imaginário poético-criativo-discursivo “de querer indefinido” – é um instante andrógino, porque de acordo com Barchelard, o mistério poético marca essa androginia de Banquete Ex-Cêntrico, que simplesmente tensiona sutil diálogo com o livro O Elogio da Loucura, escrito por Erasmo de Roterdã, em 1511, por afirmar a existência da loucura através do discurso. Entretanto, Maria Firmina dos Reis, em trajetória intra e extradiscursiva a nosso ver abre diálogo também com a fronteira da pós-modernidade ao desvelar-nos a partir de uma imagética fenomenal o movimento cíclico de visão higienista e excludente, e esse seu querer indefinido, essa paixão para além da imensidão do mar em abertura humanística que denuncia, acima de tudo, o racismo ambiental às injustiças sociais e ambientais que recaem de forma implacável sobre grupos étnicos vulnerabilizados e sobre outras comunidades, discriminadas por sua ‘raça, origem ou cor’.

Migalhas no riso e na palavra desatino, desteces o linho e alinhas... O desejo Na quebra das algemas e no jorrar da Esperança... Retempero de oceano cabe Nesse nosso céu de primavera... Ó Senhora Liberdade! Se as chaves temos, Inflame espanto e encanto, a fé da flamejante luz... Amor germine, No coração do Amor a certeira lança!

(SALLES, Vanda Lúcia da Costa Salles. In.: CENTO E NOVENTA POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS. ADLER, Dilercy Aragão. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio (orgs.). São Luís-MA:ALL,2015, nº187, p.223) *Ver imagem na próxima página _____________________________

FEMINICÍDIO maria amélia contou 13 dia a dia guilherminamariadapenhaadrianalenadinámagalianaveranelyenymaria

MULHER

Para além do Unicode no caos nosso de cada dia : resistência na cru ( z ) eta!

GRITO DE MULHERES

ces/transgender cabe no encontro do olhar no paradoxo da leitura a poesia sabe o que não cabe: os danos socioambientais transformando o Amanhã

DO LIMITE

é viva toda utopia vida ave mar poesia – não há limite no amor que me habita

EM UM CAMAFEU, SUPONDO SER DE MARIA FIRMINA DOS REIS www.varaldobrasil.com

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MULHER Por Gaiô Mulher! Tu bem o sabes! Pedes passagem à tua mente Que diferente Perscruta tua antecedente luta Travada pra aqui chegar... Vês! Tuas lutas anteriores, memória sem glória Antepassado na história, tua avó, mãe, nas salas, cozinhas, Nos quartos, nas ruas, nas roças, bramindo ao vento bandeiras! Desde a fábrica, as infindas regras do mundo irreal, Nunca alvissareiras...memórias. Menina, moleca, moça, romântica...trabalhadeira! Nunca sujeita ao comando, apenas convívio possibilitando. E calada, a palavra que não disse, pensante determinada, Mulher, mãe, professora, educadora, artista da vida, poesia escondida, comprida...e cumprida...nem sempre percebida. Resta ao coração, bravia intuição, desbravar a rota contínua Do espaço consciência em expansão... Um dia, Mulher, serás vista independente, respeitada No colo da vida emancipada, mesmo sofrida, solitária Na glória de ser e estar reconhecida... Para sempre amada. www.varaldobrasil.com

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MULHER... Por Lorena Moraes magia extrema, perfeição à luz do dia União, perfeita entre o céu e a terra Liberdade... em seus olhos encontramos o caminho do amor História linda que os anjos param para ler Enredo que embala os poetas nas noites de luar Responsável pelos momentos mais lindos desta finita vida.


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Parece até que minhas Matrióchkas estavam sorrindo para mim, chamando-me, convidando-me para ficar um pouquinho mais com elas. Atendi-as, peguei cada boneca, fui tirando vagarosamente uma por uma de dentro da outra, observando sua beleza, suas cores, sonhando... Pronto, tive uma ideia! Levaria minhas Matrióchkas e as mostraria ao público. Iria basear minha palestra na Matrióchka como símbolo da mulher, encaixando também minhas ideias sobre as diferentes funções da mulher.

MULHER PLURAL Por Stella Maris Rosselet Ao receber o convite para falar no Dia de Mulher, no ano passado, confesso que fiquei um pouco apreensiva. Não que não gostasse de falar, não porque teria que enfrentar uma viagem de 120km, não porque faltassem ideias.... Não. Era justamente o contrário: gosto de fazer palestras, contar casos, fico feliz em retornar àquela cidadezinha pitoresca do Tocantins, onde moramos alguns anos, onde deixamos grandes amigos. O único quesito que, de certa forma, me deixava perplexa era a quantidade de ideias que poderiam ser exploradas sobre o tema “mulher”. De um lado, parece que tudo já foi dito, por outro, ainda há tantas belas e importantes coisas a serem lembradas sobre a “gente feminina”... Pois bem, resolvi “desligar” e continuar a fazer meu serviço de casa normalmente, como uma mulher do lar! Comecei por arrumar a sala e aí aconteceu o milagre: ao tirar meus bibelôs e outros objetos de cima dos móveis para limpá-los, deparei-me com minhas três bonequinhas russas: as chamadas Matrióchka ou Babuchka. Aquelas bonecas ocas, coloridas, bem decoradas, feitas de madeira, de tamanhos decrescentes, colocadas uma dentro da outra.

Vale lembrar que essas bonecas são muito cativantes, constituindo sempre num belo “souvenir”. O número de um conjunto de bonecas varia muito, mas o mais comum são sete bonecas, umas dentro das outras. Então, resolvi falar sobre as sete funções da mulher na vida da família e da sociedade. Chegou o dia da palestra. Fui acolhida num local lindamente ornamentado, no pátio da principal escola de Divinópolis. Vibrei, ao me deparar com aquela gente elegante na sua simplicidade, perfumada, aquele ambiente caloroso, naquela noite gostosa de março. Era uma reunião especial da Câmara dos Vereadores, em homenagem à Mulher. Havia homens engravatados, mulheres bem vestidas, crianças comportadas. Tudo muito caprichado! Apresentei-lhes minhas bonecas e ao contar-lhes sobre a origem delas, aquela gente humilde, que mal conhece o Brasil, ficou encantada. Era como se eu tivesse levado um pedacinho do mundo para eles. À medida que ia tirando cada boneca uma de dentro da outra, a associava a uma das sete funções da mulher na família e na sociedade, valorizando cada uma delas: filha, irmã, esposa, mãe, atividade profissional, sogra e avó Deixei “espaço” para que, tanto homens como mulheres, pensassem em cada uma dessas belas, importantes e eficazes fases da vida de uma mulher. E, para terminar, assegurei-lhes que, tendo já passado por todas essas etapas, sinto-me reali-

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zada como mulher. Sou então uma feliz Babuchka (avó)! Coube então a palavra à vereadora e aos vereadores. Eles não só homenagearam as mulheres da cidade, oferecendo-lhes medalhas e presentes como também lembraram carinhosamente daquelas mulheres que participaram de suas vidas, nas diferentes funções expostas anteriormente. Minhas três “Matrióchkas” voltaram para casa agradecidas, contentes, pois, certamente, ficaram gravadas nas mentes daqueles que as conheceram no Dia da Mulher! Agora, cada vez que passo perto delas, na minha sala, vejo-as sorrindo, felizes por terem sido úteis, sentindo-se também valorosas como cada mulher! De vez em quando, até parece que surpreendo alguma Matrióchka me dando uma piscadinha cúmplice, como que dizendo: “Valeu! A mulher é realmente poderosa, ela é plural: quantas mulheres numa só mulher!”

Arte by André Rosselet

NAS PRÓXIMAS EDIÇÕES DO VARAL Teremos a edição de maio, com tema AS QUATRO ESTAÇÕES. Você pode escrever sobre uma estação do ano, ou sobre as quatro, juntas ou separadas! Teremos a edição especial O LADO ESCURO DO SER onde você poderá falar da tristeza, da morte, da violência, do desespero, de tudo o que em geral está associado ao lado escuro do ser humano! Envie seu texto para varaldobrasil@gmail.com

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Um episódio que demonstra sua sensibilidade e consciência política diz respeito ao dia em que foi receber o título de nomeação para exercer o cargo de professora. Seus familiares queriam que fosse de palanquim (espécie de liteira em que as pessoas mais ricas se faziam transportar, conduzidas por escravos) e ela recusou-se irrevogavelmente explicando: Negro não é animal para se andar montado nele. De forma inteligente e verdadeiramente cristã afirmava que a escravidão contradizia os princípios do cristianismo, que ensinava o homem a amar o próximo como a si mesmo.

MARIA FIRMINA DOS REIS: PEQUENO RECORTE DE UMA GRANDE E GLORIOSA VIDA DE MULHER Por Dilercy Adler Maria Firmina dos Reis nasceu em 1825, em São Luís, Maranhão. Seu pai, João Pedro Esteves, era negro, e sua mãe, Leonor Felipe dos Reis, branca, de origem portuguesa. Por parte de mãe, é prima do escritor maranhense Sotero dos Reis e viveu com uma tia materna cuja situação financeira era relativamente boa. Desde muito jovem, aos 22 anos, Maria Firmina dedicou-se ao magistério, uma das poucas atividades trabalhistas designadas às mulheres de sua época. Após ser aprovada em um concurso público (1847), passou a lecionar como professora de primeiras letras na cidade de Guimarães - MA, tornando-se a primeira Mestra Régia desse município.

Não podemos duvidar que Maria Firmina foi e continua sendo considerada uma mulher, a exemplo de algumas outras, à frente do seu tempo, uma irrefutável visionária que ousou contribuir para a desconstrução da ideologia etnocêntrica e masculina vigente na sociedade da época por ela vivida. Outro realce necessário nessa empreitada é reconhecer a importante contribuição das artes, entre elas, a literatura, como instrumento de construção do conhecimento na ciência, no mundo social e político. No caso de Maria Firmina, as barreiras a serem transpostas eram recrudescidas, pois, enquanto os homens brancos e ricos iam para a Europa estudar nas melhores faculdades, até meados do século XIX, poucas eram as mulheres educadas formalmente. A educação para mulheres, ainda de forma precária, foi iniciada no período imperial, com a chegada da família real ao Brasil. Ainda assim, Maria Firmina provou que a busca pelo conhecimento não tem fronteiras físicas e deu ao mundo um romance pleno de denúncias, prova da sua rejeição às injustiças arraigadas na sociedade patriarcal e machista que tinha no escravo e na mulher suas principais vítimas. Vale salientar que a imprensa foi um importante veículo nesse processo; produções femininas começaram a ser publicadas na forma de artigos, crônicas e poesias, com o objetivo de contribuir para a superação da supremacia do pensamento preconceituoso dominante, ao qual eram submetidas. A ousadia da época pululava em temas revolucionários, abordando e defendendo direitos como o divórcio e também a abolição da escravidão. Neste último caso, libertando parte da população brasileira que ainda era considerada instrumento de trabalho,

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privada, portanto, da sua cidadania e de sua humanidade. Nesse contexto, seu romance Úrsula (1859), escrito quando tinha 34 anos, ganha relevância, uma vez que o enredo, além de incluir temas polêmicos que tratam de questões de gênero e etnia, delicados para a época, intencionava, também, propagar a produção literária feminina. O romance Úrsula, uma de suas obras mais marcantes, faz com que diversos historiadores atribuam à autora não apenas o título de a primeira romancista abolicionista brasileira, mas também como a escritora que publicou o primeiro romance da literatura afro-brasileira. Paralelamente às atividades de professora, Maria Firmina tinha participação constante na imprensa local, publicando diversas poesias, crônicas, contos e charadas. Segundo Morais Filho, a entrada oficial de Maria Firmina dos Reis na Literatura maranhense foi bem recepcionada pela imprensa maranhense com palavras de entusiasmo e estímulo à estreante. [...] rompendo a cadeia dos preconceitos sociais que segregavam a mulher da vida intelectual, vinha contribuir com suas forças, seus sonhos e ideais para a criação da Literatura maranhense, para a presença maranhense na formação da Literatura Brasileira - ainda em nossos dias o embrião de uma vida em laboriosa gestação (MORAIS FILHO, 1975, p. 3).

Entretanto, ainda conforme esse autor, Maria Firmina foi vítima posteriormente de uma amnésia coletiva, ficando totalmente esquecidos o seu nome e a sua obra, aproximadamente durante um século, mas, como a Fênix, ressurgiu também das cinzas. É conveniente enfatizar ainda o registro de Morais Filho (1975), no que diz respeito a duas individualidades femininas: Maria Firmina dos Reis e D. Ana Jansen, que deram outras dimensões à mulher maranhense e acerca das quais ele traça um paralelo interessante e pertinente: Com elas a Mulher maranhense deixa de ser apenas a “Senhora Prendada” dos salões, que a escola educou, não para a vida, e sim para o casamento [...]

Donana Jansen deu-lhe Personalidade Política e Maria Firmina dos Reis deu-lhe Personalidade Literária (grifo meu).

Isso porque, segundo esse escritor, enquanto Donana Jansen era senhora de um Império Econômico, que tinha São Luís como capital, Maria Firmina dos Reis era senhora de um Reino Encantado, que tinha por sede Guimarães. E mais, aliada à individualidade de Maria Firmina dos Reis, além da denominação honorífica de Primeira Personalidade Literária Feminina do Maranhão, configurava uma Personalidade Educacional, por ela ter sido a primeira Mestra Régia em Guimarães e por ter criado a primeira escola mista também em Guimarães. Atrevo-me, porém, a acrescentar a essas Personalidades a ela atribuídas a Personalidade Política, por toda a sua postura revolucionária, visionária e humanizada, tanto na sua literatura como na sua prática educacional, e ainda nas questões cotidianas, a exemplo da recusa de ser carregada por escravos, uma prática das pessoas de prestígio, a qual ela refutou concretamente na sua história de luta, contribuindo para a desconstrução dos preconceitos e apartheids (no sentido africano, de vidas separadas) vigentes na sociedade do seu tempo, embora muitos deles perdurem nos dias atuais, em outras formas e linguagens. No meu entender, a sua Personalidade Política, retratada no seu inquestionável engajamento político, é o sustentáculo da sua obra literária e da sua vida. Essa certeza me encanta através da clara visão dos seus atos e palavras passando por todas as questões que limitam a felicidade do ser humano em seu coletivo. Quanto à Donana Jansen, é importante mencionar que, além de senhora de um Império Econômico, também é considerada uma grande incentivadora da cultura, pois os conhecidos saraus por ela realizados materializavam veículos de difusão da cultura. Talvez um dos atos mais significativos dessas mulheres tenha sido tirar a mulher do silêncio a ela imposto por séculos. No caso de Maria Firmina, esta, gritando a sua palavra, a palavra da mulher, somando-a à dos homens, possibilitou o nascimento da palavra feminina. Palavra é criação! A exemplo do que é expresso em João 1:1: No princípio era o verbo, [...], cujo versículo tomo emprestado:

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ACRÓSTICO MARIA FIRMINA

NO PRINCÍPIO ERA O VERBO O verbo é o princípio de tudo “no princípio era o verbo” o verbo no mundo o verbo nos muda o verbo deixa-nos mudos! é o verbo o princípio de tudo no princípio era o verbo!... In: GENESIS IV LIVRO, ADLER, 2000.

Segundo os biógrafos de Maria Firmina, ela teve em vida o privilégio de presenciar a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. Inclusive a Abolição inspirou Maria Firmina, com a sensibilidade que lhe era peculiar, a compor o HINO DA LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS (letra e música), em 1888. Apesar de toda a sua luta por uma sociedade mais justa e igualitária, Maria Firmina faleceu pobre e cega, no dia 11 de novembro de 1917, aos 92 anos, e sem chegar a ver sua principal obra reconhecida. Segundo Nascimento de Morais Filho, aos 80 anos retratava o quadro da velhinha negra de cabelos grisalhos, amarrados atrás da nuca, vestida de roupas escuras e sandálias. Imagino a cena... E vejo-a com o peso dos anos somado à dor de um tempo cruel, a exemplo de outros tantos, que rouba partículas essenciais de vida, sugando de forma perversa e incessante o que de mais belo um ser humano pode ter. Hoje, dentre os esforços para reparar as lacunas dos registros existentes e buscar fortalecer o reconhecimento, à Maria Firmina, os membros fundadores da Academia Ludovicense de Letras –ALL deram o seu nome à Casa que os abriga. E neste mês de março, no qual todas as mulheres são homenageadas, o nome de Maria Firmina dos Reis, deve ser lembrado juntamente com todas as representantes das filhas de Eva, habitante do panteão da Mulher, que abriga todas as mulheres da História da humanidade, as deusas, as humanas [...], as reveladas ou as invisíveis [...], que ousaram e ousam ainda quebrar os paradigmas opressores do seu tempo, e destemidamente fizeram da fragilidade feminina a sua força, o seu escudo, a sua lança nos embates indispensáveis da vida, sem esquecer o amor e o erotismo, forças geratrizes de vida e de criação (ADLER, 2011 p.3).

M aria Firmina A mou a humanidade R esgatou o sentido da vida e da liberdade I ncansável e A morosamente em cantos versos e gestos de solidariedade! F oi fiel aos verdadeiros princípios cristãos I ndignou-se contra a vil e ignóbil escravidão R evolucionou os costumes da sua época M ansa e tenazmente I mpôs-se heroicamente numa luta desigual N o limbo - sob o tapete hibernou mais de um século- injustiçada A gora – hoje- te damos esta casa para seres por nós e muitos outros sempre sempre lembrada!!!!

REFERÊNCIAS ADLER, Dilercy Aragão. ELOGIO À PATRONAMARIA FIRMINA DOS REIS: ontem, uma maranhense; hoje, uma missão de amor! São Luís: Academia Ludovicense Letras, 2014. ________. GENESIS IV LIVRO, São Luís: Estação Gráfica, 2000. MORAIS José Nascimento Filho. MARIA FIRMINA FRAGMENTOS DE UMA VIDA. São Luiz: COCSN, 1975. NASCIMENTO, Camila Maria Silva. DILERCY ADLER: a tecelã de Eros nos trópicos maranhenses. São Luís: Estação Gráfica, 2011.

E, oportunamente, lhe dedico este acróstico como mais uma singela homenagem. www.varaldobrasil.com

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MULHER GUERREIRA Por RegiAna Tavares Sentada em uma pedra branquinha, nesse espaço- Barriquinha( família buriti tupinambás açaí ), Ó Guimarães, o olhar meu nas coisas do mundo!...

CONFORME A PIMENTA DE CHEIRO Por RegiAna Tavares

QUERIDA FIRMINA POR REGIANA TAVARES Querida Firmina, Sua poesia nos inspira... Causa emoção e devoção! No Arrecife dos Atins... Em revoadas de gaivotas e garbosos sabiás! Ao som do Tambor de Crioula, até Fizeste nossa a tradição Criaste poemas, hinos e valsas Um contraponto singular que hoje marca profundo Com imensa alegria Esse nosso Maranhão!

... e no Poço Grande Em plena tarde miravas Em águas cristalinas... O gavião, a águia e o arrebol! E, à noitinha, À luz dos lampiões, Passeavas, cantavas, rodopiavas Após Corrigir as provas de seus alunos Em exercícios de amor! Ah, Firmina! Vida e missão, conforme o desejo Desse seu imenso coração! E se cozinhavas a lenha Todo encanto e iguarias: o camarão frigidinho, o pirão, O picadinho com pimenta de cheiro e o frito, todas As belezas vimarense com sabor, delícias Quem inventou foste tu, com certeza o prazer Conforme o seu infinito saber!

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FACES FEMININAS Por José Ignacio Ribeiro Marinho Descrever mulher é tão perigoso quanto atribuir descrições ao amor. Embora o amor seja um substantivo abstrato – daí, talvez, seja difícil uma descrição exata –, mulher, mesmo sendo concreta, perde-se em um infinito de conceitos.

Portam-se com elegância e maestria; irredutíveis são todas. Sempre têm uma carta debaixo da manga, um faro perigoso e um coração vermelho em ponto de erupção. Múltiplas faces duras. Por dentro, sempre um coração portando lágrimas cristalinas. Acham-se fortes, e são. Parir, depilar-se, fazer xixi sentada são apenas básicos sofrimentos pelos quais passam. Tarefa difícil é sondar a alma de uma. Mistérios e anseios constituem este bicho delicado. Tentativa inválida a minha. Delinear este ser. Impossível! Pra quê? Eu morro de medo, mas não vivo sem!

Alguns, dir-se-iam que é bicho que sangra durante sete dias, porém não morre; os poetas confessariam que se tratam de boninas que se desabrocham em frágeis e alvos lírios; há aqueles que em pleno êxtase amoroso as definem como deusas impossíveis de serem alcançadas – remete-nos à vassalagem, típica condição medieval. Tão notáveis, diversas e muito, muito complexas. Amam com furor, demasiadamente – são Vinícius fêmea –; audaciosas são aquelas que galgam patamares em meio a impossíveis dificuldades; outras conservam um quê de graciosidade; há aquelas virtuosas, mas por dentro derretem-se de fervor pelo esperado amado. Nascem flor, sementes germinadas ao vento; em meio às intempéries da vida, tornam-se tronco, preservam-se sempre as raízes, metamorfoseiam-se em rosas espinhosas diante do perigo; amalgamam-se às oportunidades. Marimbondo não se atreve a pousar em pé de madressilva poderosa, corre o risco de asfixiar-se em meio a tanto poder. Sempre há uma que banca de macho; é mãe, mas é pai. Cuida da casa, trabalha fora, é fiel ao exercício da maternidade e ainda sobra tempo para se melancolizar com alguma preocupação cotidiana. Mata leões com olhares, transpõe muralhas de salto alto, vira selvagem se as crias são ameaçadas. www.varaldobrasil.com

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SER OU NÃO SER, SOU O QUE SOU E ISTO É O QUE SEI Por Semini Kwsta Sei que sou doce, amarga talvez, Sei que sou mansa, as vezes feroz. O amargo da boca transforma em nodoa, Da língua que diz aquilo que pensa. Domínio da vida, pudera, quem é que tem? Domínio da vida e da morte também! Ser encantada de grande magia, É ver a noite estrelada depois de um dia. Viver cada dia é um grande milagre, Ser ou não ser, meu Deus quem diria? Sou encantada as vezes eu penso, Sou desprovida de muitos adereços. Meu Deus mora longe as vezes eu penso, As vezes tão perto que eu nem mereço. Me embala suave com grande carinho, Me devolve no chão e me ensina o caminho. Ai então eu penso sou o que sou, Criatura e obra do meu Salvador!


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Por Emérita Andrade “O arco-íris é uma faixa que foi colorida em sete cores; Para brindar a beleza Às sete cores que o arco-íris tem; Foram todas coloridas com seivas dos vegetais e pigmentos da terra; Na lírica ambição dos alquimistas Para criar as tinturas tão exuberantes quanto o Sol!” (Para Frida Kahlo, in memoriam)

MULHER Por Benette Bacellar uivava livre no alto da montanha alguém do outro lado a chamava de temperamental era inteira, tinha orgulho quebrava pratos e sapato de cristal

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MULHERES DE VERDADE, SIM SENHOR Por Yara Darin Não importa a idade ou a profissão, se é mãe ou não, elas são mulheres de grandeza e espírito livres que vivenciam dia a dia a perseverança de se cuidarem, de se conhecerem melhor, bem como, ao mundo em que vivem. Antenadas no mundo atual, ainda assim buscam o belo dentro de si, procurando sempre fazer algo que as fazem estar mais felizes e de bem com a vida. É um grupo de mulheres bonitas, amigas, dinâmicas e a cada nova ideia, reúnem-se e em pouco tempo já estão divulgando o assunto escolhido. Não perdem um minuto sequer para colocar em prática suas imaginações e agregar as informações. Mulheres de Atitude, este é o nome do grupo, e, são essas mulheres maravilhosas que idealizam sonhos, não esperam o tempo passar, correm, vão atrás e tudo acontece... Todas têm a sua própria personalidade e não demoram a expandir seus pensamentos. Agem rapidamente e em poucos minutos os projetos já estão em andamento e com foco determinado. È um verdadeiro enxame de ideologias e palpites. São de verdade, mulheres especiais, que dão formato ao grupo para ser mais dinâmico, ágil. Porém, não são todas que agem tão rapidamente assim; outras, mesmo sendo animadas, levam tempo para agir. Isso tampouco importa, porque cada uma leva o tempo necessário para assimilar ‘as novas ideias e terminam se adaptando ao ritmo das demais. Somos mulheres autênticas, queridas amigas, mulheres poderosas que somos, de boa-fé, de lutas, conquistas, que não precisamos provar nada a ninguém. Claro que não, porque somos todas genuínas, cada uma agindo ‘a sua maneira, ao seu modo de ser, do seu jeitinho mesmo, mas acontecendo. E não é nenhum homem que vai determinar o que somos, ou o que devemos fazer, porque somos mulheres mesmo de verdade.

Imagem by Yara Darin

E, vai dizer que não?

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FALANDO DE MULHERES Por Elisa Alderani Mulher menina, escravizada, abusada, usada... Mulher moça, roubada, iludida, perdida... Mulher adulta, Mulher casada, mãe, solteira e tudo mais... Mulher negra ainda é preconceito perfeito, ainda continua... De boca em boca nas redes sociais. Homens burros, que se esqueceram da história dos negros escravizados... Homem macho, se faz dono dela. Surra, comanda, exige e abusa... Sem educação, perde a razão! Quantas lágrimas escondidas no silêncio, sufocadas! Feliz daquele Homem que admira sua Mulher, faz dela sua poesia, doa amor, tornando-a flor que embeleza seu dia a dia! Feliz daquela Mulher que com coragem acusa. Corajosa, sabe se amar, e sozinha caminhar nessa sociedade disfarçada. Homem e Mulher foram por Deus criados abençoados com o Amor! Deus também é “Mãe”, que cuida com amor de toda a Humanidade!

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DESDE AS ERAS MAIS PRIMEVAS O MUNDO PERTENCE ÀS EVAS Por Aldo Nora Feita de barro como eu. Eis Eva, A nossa mãe nasceu da profundeza Da terra. Lá do reinado da treva. Uma figura transfeita do barro, Perfil humano de delicadeza, Arte de procedimento bizarro. Fecunda mãe d’universo. Rainha Da criação. Mulher de todos nós, Bendito o fruto de teu sacro ventre. Um desfilar de nomes, ladainha... Mulheres, homens, agora, após E sempre. Milhões, milhares, mas dentre Tantos, um é notório. É Maria. Maria que também é nossa mãe Por ser mãe de Jesus nosso bom guia. Há Madalenas, há Antonietas, Isabeis, Apolônias, Joanas D’Arc (E outras que, por virtude, nos marque) Valentes, pias, dóceis, brancas, pretas. Um caudal de mulheres cobre o mundo Necessitado de Paz e de Amor. Que fazer? Ora! Ir aos quefazeres. Neste quesito o acerto é rotundo E os proveitos são de extremo valor, Nos quefazeres ganham as mulheres. Mundo mesquinho, mundo sem ideia, Homem perdido, pejado de inveja Que venha a mulher! Que bendita seja! Olha! Sente-a inteira e não meia Porque a mulher atraente e bonita, (Por isso atrai) inspira confiança É um motor de rodagem infinita, A mulher... eis nossa eterna esperança. Mulher não para, tem sempre algo a fazer “Parar é morrer!” Diz idosa adunca. É verdade. É gostoso de ver... A mulher não para. Não para nunca. Eia, pois, elevemos a mulher Ao mais alto degrau da escadaria. Hosanas a quem faz por merecer Glória a quem até à morte porfia.

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- Nossa! Meu pai é tão bacana! Está tão contente com seu novo bebê! Toda noite vai para o meu quarto e lê para mim até meu sono chegar.

DE MULHER PARA MULHER: AVÓ E NETA CONVERSAM Por Hebe C. Boa-Viagem A. Costa Numa tarde primaveril avó e neta, confortavelmente instaladas na varanda da casa, como sempre, conversavam. De repente, a menina olhou para a avó, com ar de surpresa, ao ouvir: - Você e sua irmãzinha nasceram numa época bem melhor do que a minha e a das mulheres que me antecederam! O interesse da neta, tão visível, impulsionou a avó a seguir nas suas cogitações. - Pois é! Antigamente o nascimento de uma menina gerava, na maioria das vezes, certo desapontamento por parte do pai e, conseqüentemente, tristeza da mãe por não ter dado ao marido o filho desejado. Um menino perpetuaria o nome e os negócios da família, poderia fazer uma bela carreira... Pior ainda: era bastante comum os homens culparem a mulher pela geração de meninas. Mal sabiam eles, ignorantes da genética, que eram eles que determinavam o sexo da criança!

- Seu pai é um homem moderno, sem preconceitos. Foi com esses valores que eu o eduquei. Você freqüenta escola desde muito pequena, certamente fará um curso superior, votará, poderá candidatar-se a cargos públicos, tornar-se economicamente independente, escolherá seu companheiro de vida sem nenhuma pressão familiar. Todas essas coisas, aparentemente naturais, foram conseguidas com muita luta. Não acreditavam que as mulheres tivessem o necessário discernimento para opinar sobre questões sociais, políticas e científicas. Elas eram tidas como cidadãs de segunda classe. Elas deviam viver para os outros e ninguém se preocupava com seus anseios. - Minha mãe é advogada e trabalha muito. Ela faz tudo bem feito. - Ela é uma ótima profissional e é reconhecida como tal. Isso é coisa de agora, mas nem sempre foi assim. No final do século XIX uma lei permitiu que as mulheres tivessem acesso ao ensino superior. Elas logo se candidataram aos cursos de medicina e de direito. Entretanto, colegas e professores, a sociedade e até mesmo a família não viram com bons olhos essa novidade. As jovens faziam o curso de Direito e os Tribunais não as aceitavam e, muito menos, o Instituto dos Advogados do Brasil. Muitas acabavam desistindo e se refugiavam no magistério que era uma profissão que os homens achavam aceitável para as mulheres. A sorte é que algumas tinham garra e se dispunham a lutar contra essa discriminação. - Mas, por que não queriam que elas advogassem? - Tanto a Igreja como o Instituto dos Advogados achavam que a mulher que trabalhava fora não cuidava direito da família e isso era uma perigo. Sendo muito emotivas não teriam condições de bem julgar as demandas. Também existia uma lei que dizia que elas precisavam de autorização marital para o exercício da profissão. Logo, elas não tinham independência uma vez que, a qualquer hora, o marido poderia proibi-la de trabalhar. Para derrubar esses

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absurdos não foi nada fácil. Foi preciso muita persistência e isso elas tiveram!

- Ah! Minha professora outro dia disse que o Brasil é um pais novo e por isso não é adiantado como outros que são antigos. - Ela está, em parte, certa. Entretanto, o atraso com relação a mulher não acontecia só aqui. Era comum no resto do mundo e até hoje, em alguns paises, essa situação de colocar a mulher como um ser inferior ainda persiste. Na primeira metade do século XIX uma brasileira, Nísia Floresta, com apenas vinte e dois anos, escreveu um livro denunciando esse estado de coisa. Ela já havia abandonado o marido que lhe fora imposto aos 13 anos de idade e por causa disso precisou sair de sua cidade natal para evitar maledicências. Passou a escrever artigos para um jornal sobre a situação da mulher em diversos lugares do mundo. Nessa ocasião leu um livro que uma inglesa escrevera sobre esse tema e, encantada, resolveu traduzi-lo e adapta-lo à realidade brasileira. Foi um escândalo! Um dia você vai conhecer melhor a história dessa mulher e a sua luta para que vocês hoje pudessem freqüentar uma escola que não fizesse diferenciação entre meninos e meninas. Antigamente muitos pais não permitiam que as filhas estudassem. Aprendiam apenas prendas domésticas. - O que é isso? - Fazer os serviços da casa, bordar, costurar, dirigir as empregadas... Os mais velhos achavam que as meninas que aprendiam a ler e gostavam dos livros não iam conseguir casamento. Segundo eles, “Homens não gostam de mulheres letradas”. Foi o que sempre Cora Coralina ouviu na sua juventude. - Credo! O que aconteceu com ela? - Encontrou quem gostasse dela embora não a estimulasse a escrever. Assim mesmo, ela conseguiu formar sua família e, embora tardia-

mente, conseguiu ser conhecida e premiada como uma excelente poeta. Viúva, pobre e com muitos filhos precisava trabalhar muito para garantir o sustento da família. Fazia e vendia doces e, por incrível que pareça, junto do fogão, fazia versos e os registrava em qualquer pedaço de papel. Quando sobrava um tempinho, ela os transcrevia num caderno. - Que bonito! Você falou que as mulheres de antigamente não escolhiam seu parceiro de vida. Elas não namoravam? Com você também foi assim? - Eu e minha mãe tivemos sorte nesse aspecto. Ela precisou se impor, fazer valer a sua escolha, mas eu não. A experiência materna me deu liberdade para namorar quem eu quisesse. Antigamente os pais de meninas com treze anos já tratavam de lhes arranjar casamento e, de preferência, alguém que trouxesse alguma vantagem para a família. Não importava a idade do pretendente e nem o seu grau de parentesco. Se fosse rico ou influente na política, melhor. Ninguém consultava a menina. A vontade dela não era levada em conta. - Que horror! Elas concordavam com isso? - A maioria, infelizmente, sim. Havia outras, entretanto, que se revoltavam e não aceitavam a imposição. Outras, depois de casadas, abandonavam o marido e partiam em busca de seus anseios. Foi o caso da Chiquinha Gonzaga. Lembra-se da música “Abre alas” que ouvimos outro dia? Foi ela quem compôs.

Anita Garibaldi, chamada de Heroína de Dois Mundos, também foi vitima de um casamento sem nenhuma afinidade. Tal como Chiquinha, também não se conformou com a vida insossa que não fora de sua escolha e, indiferente ao que os outros pensavam, abandonou o lar. Só depois de muito tempo é que elas foram reconhecidas e tidas como grandes mulheres. No seu tempo, foram difamadas e desprestigiadas.

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- Puxa! Quero conhecer a história dessas mulheres valentes! Nunca pensei que elas tivessem precisado brigar tanto. - Pois é, hoje temos mulheres ocupando os mais variados cargos com muita eficiência e desenvoltura. Mas é preciso lembrar quantas mulheres enfrentaram o preconceito, romperam os grilhões que as cerceavam e abriram caminhos para que outras, futuramente, os trilhassem sem tropeços. - Sou mesmo “sortuda”. Não vou precisar lutar. Elas já fizeram o que devia ser feito! - Engano seu, minha querida! Ganhamos muito espaço, mas não o suficiente. Ainda muitas mulheres estão acomodadas, são dependentes e aceitam ser tratadas como “mulheres objeto”. Outras, lutadoras, embora tenham mais escolaridade, ganham menos que os homens e quando pleiteiam cargos relevantes, em igualdade de condições com os homens, acabam sendo preteridas. Vocês que estão se preparando para o mercado de trabalho é que terão de conquistar esse espaço. Afinal, a metade da população do mundo é formada por mulheres e não se pode desperdiçar o talento delas. Com essa contribuição, certamente, o mundo se tornará melhor. - O que eu posso fazer para que isso aconteça?

- Estudar, procurar conhecer melhor o esforço dessas mulheres para conquistar o espaço que atualmente ocupamos tão naturalmente. Hoje já existe muito estudo sobre o que elas fizeram, ao contrário dos tempos antigos onde, achando que a contribuição delas era irrisória, não costumavam registrar suas atividades. Mas tudo isso é pouco divulgado. O povo geralmente não conhece a história delas. Quer um exemplo? Onde você mora? - Ah! Você sabe, na rua Francisca Julia!

- Muito bem. Será que algum morador dessa rua sabe quem foi Francisca Júlia? Experimente fazer essa pergunta para os seus vizinhos do prédio e depois me conte.

É normal que você ainda não saiba e, por isso, pegue aquele dicionário da segunda prateleira e procure em SILVA, Francisca Julia da. Isso. Agora leia para mim. - “Francisca Julia da Silva – (1874 – 1920) Nasceu em Xiririca (SP), atual Eldorado. Colaborou em diversos jornais de São Paulo. Estreou anonimamente com versos magníficos a ponto dos editores duvidarem que uma mulher os tivesse escrito. Nos seus versos condensava uma expressão de arte diferente do seu sexo; plasmou-os em forma e sentimento à semelhança dos mais perfeitos poetas parnasianos, ombreando-se com Raimundo Correia, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e tantos outros valores de sua época. Escreveu diversos livros ...” - Agora você sabe onde achar informações sobre muitas delas. Hoje seus nomes servem apenas para designar hospitais, escolas, ruas e praças ... As pessoas não sabem o que elas fizeram para serem assim homenageadas. - Legal! O dicionário traz um retrato dela. Era uma mulher muito bonita! Depois vou acabar de ler o restante do texto. - Que bom que você gostou. Por isso, minha querida, seja sempre corajosa e lute por seus direitos. Nada de comodismo! Acredite nos seus anseios e, se preciso for, enfrente qualquer situação. - Estou pensando e, sabe vovó, um dia vou contar pra minha irmã toda essa nossa conversa. Gostei muito! E, acredito, ela também vai gostar. A avó sorriu. Afinal, não só ganhara uma nova defensora dos direitos femininos, mas também uma eficiente multiplicadora dessas ideias!

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MENINA Por Luiz Carlos Amorim

Arte by FERNL

QUE DISSE ALICE ?

Menina de cabelo branco, nossa Cora-Coralina, vem e ensina pra gente o segredo da juventude. Será a poesia que brota tão sensível de seus dedos? Será essa luz nos olhos a iluminar o futuro? Será esse teu sorriso a distribuir ternura? Será a vida, enfim, a lhe render homenagem? O que será, Mariana, esse segredo só teu, da eterna juventude?

Por Mario Ramos Quando tudo parece perdido E a esperança caiu quase morta... É preciso lembrar do esquecido, É preciso saber do que importa... Quando a doce princesa estiver Imitando a cruel dama louca... Quando o bule de chá lhe disser Que a rainha não dorme de touca... Quando todas as cartas lançadas ‘Inda estão no caminho do mal... Chega a hora das lutas travadas Pra que o bem prevaleça ao final...

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BELEZA DE CADA SIGNO Na astrologia os signos possuem características que definem a beleza de cada mulher. Confira qual é sua beleza no Mundo Mulheres. Cada mulher cuida de uma forma única de sua beleza, pois cada uma possui suas próprias características que definem o seu estilo pessoal, escolhas, comportamento e até alguns pontos fortes na hora da conquista. O que muitas mulheres não sabem é que cada signo do horóscopo tem uma relação bastante particular com o próprio corpo e com a vaidade, por exemplo, a forma como cuida do cabelo, das unhas, da pele, como se veste entre muitos outros exemplos. Confira no Mundo Mulheres o que cada signo diz sobre a sua beleza.

Signo de Áries As mulheres do signo de áries sempre vão estar com os cabelos sedosos, unhas pintadas e com o visual sempre impecável. Por serem naturalmente agitadas adoram praticar esportes, por isso costumam não sofrer com o excesso de peso e sempre estão em forma. Os pontos que mais se destacam em uma ariana sem dúvidas são a beleza, olhar penetrante e sensual e as sobrancelhas sempre bem definidas.

Signo de touro As mulheres do signo de touro são bem vaidosas e prezam muito ter uma boa imagem, pois estão sempre preocupadas com seu estilo de beleza. As taurinas adoram pintar, cortar, fazer penteados e se maquiar, mas sem muitos exageros e excessos. As mulheres no signo de touro não gostam muito de se exercitar e nem fazer dietas, por isso devem tomar cuidado com a

balança. O ponto forte das taurinas sem dúvida é sua sensualidade natural, que encanta a qualquer um.

Signo de gêmeos É comum as mulheres de gêmeos um dia estarem loiras, em outros morenas e depois ruivas, pois a geminianas adoram experimentar, seguir e testar as últimas tendências de moda. As geminianas são bem versáteis e despojadas e sempre costumam fugir do clássico para montar o seu próprio estilo. O ponto forte da mulher do signo de gêmeos sem dúvidas é a sua simpatia que sempre consegue puxar uma conversa agradável com as pessoas.

Signo de câncer Cuidar da alimentação e da estética é um fator importante para a mulher do signo de câncer, mas não possui tanta vaidade assim a ponto de colocar isso sempre em primeiro lugar. Adoram cremes de beleza e se cuidam muito para não envelhecer, mas por outro lado não gostam muito de praticar exercícios físicos. Os pontos fortes da mulher do signo de câncer sem dúvidas é a sua simpatia, naturalidade e romantismo.

Signo de leão As mulheres deste signo são as mais vaidosas de todas e se cuidam para sempre estarem bonitas ao máximo. Geralmente as leoninas possuem muito cabelo, e mesmo quando estão curtos estão sempre brilhantes, sedosos e com penteados impecáveis. As mulheres deste signo usam e abusam de seu charme, roupas e tudo o que tem direito, é por isso que na maior parte do tempo chama muita atenção. Sem dúvidas o ponto forte das leoninas é o sorriso que é a sua maior arma de sedução.

Signo de virgem As mulheres do signo de virgem são sempre mais discretas, e não gostam de chamar a atenção para si. Adoram cuidar das unhas, mas preferem sempre usar esmaltes em tons mais claros

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e discretos ou somente uma base. As virginianas se preocupam demais com o seu corpo, por isso estão sempre praticando exercícios físicos e controlando sua alimentação. O ponto forte do signo de virgem são os olhos que chamam a atenção por onde passam.

discretas e não medem esforços para estar sempre saudáveis, pois se preocupam com o futuro e com sua imagem. As capricornianas gostam mais das coisas clássicas e não ligam muito para a moda, seja nas roupas, cortes de cabelo e maquiagens. O ponto forte das capricornianas é a sua imagem que sempre estará impecável.

Signo de libra

Signo de aquário

As mulheres do signo de libra estão sempre em busca da beleza, por isso vão com frequência ao cabeleireiro, manicure, clinicas de estéticas entre outros. Mas o problema é que as librianas não gostam muito de praticar exercícios físicos e para piorar adoram comer doces e mais doces. As librianas estão sempre ligadas a moda, por isso usam a abusam das roupas chiques mais sempre com um toque pessoal. O ponto forte deste signo é o caráter doce que encanta muitas pessoas.

Signo de escorpião As mulheres do signo de escorpião são donas de um visual marcante e estão sempre bem vestidas, mesmo não ligando muito para a moda. A mulher escorpiana é sempre muito segura e gosta exatamente do jeito que é por isso não costuma se preocupar com que os outros vão dizer. O ponto forte da mulher de escorpião é sem dúvidas o seu sex appeal.

Signo de sagitário As sagitarianas são mulheres joviais por natureza, mas não são fãs de cremes, nem de ir ao cabeleireiro e nem de fazer as unhas, pois são desencanadas e querem estar bonitas sem tem que dar atenção a esses cuidados. Por outro lado as mulheres deste signo adoram novidades, e gostam de experimentar maquiagens e cremes que acabaram de ser lançado. O ponto forte das mulheres do signo de sagitário é a facilidade com que tem de fazer as pessoas sorrirem.

As aquarianas adoram estar diferentes e chamar a atenção, seja pela maquiagem, roupas ou pelo novo corte de cabelo, por isso é muito fácil reconhece-las. As aquarianas são mulheres diferentes e fogem do comum, por isso que tudo o que é comum não lhes chamam a atenção. O seu ponto forte é o mistério, convidado os homens a conhecê-los.

Signo de peixes As mulheres do signo de peixes são bem românticas, por isso o cabelo sempre está arrumado em um estilo mais romântico e a maquiagem bem feminina. De acordo com os profissionais de astrologia, as piscianas possuem um ótimo gosto e tem a noção do uso de cores e da estética. O seu ponto mais forte é a sedução e o mistério que hipnotiza muitos homens. Vale lembrar que, mais do que a influência dos signos, a beleza de cada pessoa está relacionada com o que você é e com as decisões que tomou para sua vida. Reprodução do artigo do site Mundo Mulheres http://mundomulheres.com/beleza-de-cada-signo/

Signo de capricórnio As mulheres do signo de capricórnio são bem www.varaldobrasil.com

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O MACHISMO DAS MÃES Por Raymundo de Lima Artigo reproduzido do site Espaço Acadêmico publicado na edição n0 57 da Revista Espaço Acadêmico de fevereiro de 2006.

Existe uma relação direta entre machismo e violência contra a mulher? Nas culturas em que o machismo é epidemia social haveria mais casos de violência sobre a mulher? Parece que sim. Basta ouvir as denúncias das vítimas, veiculadas na mídia ou expressadas por uma ativista dos direitos humanos. Embora vítimas do machismo, as mães não capazes de educar os seus filhos para serem não-machistas. Pergunto-me por que elas não os educam, desde pequenos, para ajudar nas tarefas domésticas, como arrumar seu quarto, lavar os pratos, aprender a fazer um arroz, um café, ou fritar um ovo. Por que as mães de hoje tendem a se submeterem aos filhos autoritários, ou seja, por que são passivas diante da atitude mandona deles, por exemplo, para lhes trazer isso ou aquilo? Além de obedecer passivamente, há mães que acham bonito ter um filho “mandão”, “durão”, “fodão”. Antigamente – e até hoje – mulheres se submetiam ao autoritarismo “normal” do pai e, depois que casavam, tinham que submeter ao seu senhor e marido. Algumas o chamavam “meu senhor-marido”. A cultura patriarcalista tem o pai como a lei (a “Lei-do-Pai, segundo Lacan); ele é a autoridade; “o pater, designa-se originalmente uma paternidade ao mesmo tempo política e religiosa, e não é senão por via de conseqüência que ela concerne à família” (JULIEN, P. 1997: 43). O poder do pai torna-se um dia o da família, o pater famílias, cuja conseqüência é o dominus, o senhor da casa (domus). Hoje, época em que o pai perdeu o seu dominus, porque sua lei – a Lei-do-Pai está em declínio – há um vazio de poder paterno nos

lares (domus); as esposas-mães de nossa época são mais autônomas em relação ao marido mas não conseguem preencher o vazio do poder do pai e nem conseguem se livrar das ordens e das imposições dos filhos. Quando uma mãe se cala diante de um “eu quero” do filho, de um “vou sair”, ou da sua falta de respeito por não fazer o que ela lhe pede, pode tanto reforçar a imagem de submissão feminina como valorizar indevidamente o machismo precoce do filho[1]. Também, me pergunto por que algumas mães “autorizam” o filho denegrir as meninas, chamando-as de bobas, “chatas”, fracas, inferiores? Por que essas mães não educam os filhos para eles serem mais companheiros das meninas, mais respeitosos e “iguais” a elas? Muitas vezes uma mãe deixa passar uma “brincadeirinha” machista do filho, que Freud denomina de chiste. Por exemplo, “brincar” de fazer da mãe sua “escrava” ou dizer “estou mandando”, são sinais precoces de machismo autorizado com vistas a se transformar em traço de caráter. A cultura machista tradicional ainda existente em boa parte do planeta leva o todo da sociedade a investir mais nos meninos e rejeitar as meninas. Meninos, nessa cultura, representam mais força física para sustentar a economia baseada na estrutura de subsistência familiar. Há países cujo machismo é tão cruel que faz das mulheres serem desprezados e serem socialmente invisíveis[2]. No Brasil ainda há casos em que é mais valorizado o nascimento de meninos do que de meninas; alguns não conseguem disfarçar sua admiração mais a um filho porque é homem do que uma filha por ser mulher. Muitas mães ainda educam os filhos para não demonstrarem emoções, reprimirem o choro, o medo e a dor. Pouco a pouco eles aprendem a silenciar seus sentimentos, emoções, desejos, falhas de desempenho. Quando adultos, suportam carregar a “couraça caracterológica” que o protege e também o aprisiona. Já as meninas são autorizadas a chorar, devem ser boazinhas, subservientes, obedientes, dependentes. Sempre. Desde cedo, alertam as meninas para ter muito cuidado com os meninos “terríveis”. Exortam o menino “macho” para ir à luta, ser aventureiro, ser namorador... De modo que,

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quanto uma adolescente fica grávida a responsabilidade dificilmente atinge o rapaz educado de modo machista. A educação não-machista dos meninos faria deles pessoas mais responsáveis na condução da sua vida e dos outros também. É verdade que o pai sempre contribuiu para reforçar o traço de machismo na personalidade do filho. O complementar do machismo é o “marianismo” (MATARAZZO, s.d.: cap. 8). Com a mudança dos costumes, um pai aparentemente liberal deixa passar nos chistes e nas conversas reservadas a preferência por um filho “durão”, mas tem dificuldades de lidar com o seu lado sensível. Por exemplo: um pai deu um carro para o filho após terminar o “terceirão”, mas não teve a mesma atitude generosa de reconhecimento para com a filha, que entrou num concorridíssimo curso de uma prestigiada universidade. Como será que ela se sentiu? Outro caso, um pai não conseguia valorizar a escolha do filho por uma faculdade ligada às artes, não porque ele entendia ser uma escolha “feminina”, mas porque não tinha mercado garantido. Aqui, o mecanismo de racionalização e aparente pragmatismo, camuflam o seu machismo.

quase 60% das vagas nas faculdades do Brasil. Elas hoje ultrapassaram os homens ocupando vagas nas universidades e se destacando nas diversas profissões de nível superior. Contudo, ainda há um número significativo de mulheres que terminam desistindo de fazer carreira profissional porque os valores machistas assimilados exercem pesada influência nelas para terem como única meta de vida um bom casamento, ou seja, para serem dependentes eternas de um marido “machão”. Novelas de época, como a atual “Alma gêmea”, demonstra tais valores sendo predominantes. Meu recado para as mães é: parem de fazer do filho um machista, porque a vítima pode ser a você, a família, toda a sociedade e ele próprio. [1] Segundo pesquisa de Lídia Weber (UFPR), 45% dos pais são negligentes e 12% são permissivos. Em ambos, o pai deixou de ser “lei”, o primeiro, por irresponsabilidade ou desinteresse e, o segundo, porque se renderam ao autoritarismo dos filhos. Os restantes: 33% são pais participativos e 10% são autoritários. [2] O filme “Osama” bem ilustra a invisibilidade e crueldade sobre as mulheres no domínio dos talebans, no Afeganistão. Bibliografia. BADINTER, E. Sobre a identidade masculina. Rio: N. Fronteira, 1993. JULIEN, P. A feminilidade velada: Aliança conjugal e modernidade. Rio: Companhia de Freud, 1997. MATARAZZO, M. H. Nós dois: As várias formas de amar. São Paulo: Gente: s.d.

Há pais que não poupam carinho “de graça” para os seus filhinhos, enquanto as filhas precisam tornar-se visíveis para receber algum afeto positivo. O fato de as meninas serem mais carentes não é totalmente negativo para o desenvolvimento de suas personalidades porque essa falta essencial pode gerar nelas um forte desejo de estudar e de se esforçar para ganhar a concorrência profissional. As mulheres são hoje www.varaldobrasil.com

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BRASIL É PRIMEIRO LUGAR EM EXPLORAÇÃO SEXUAL NA AMÉRICA LATINA Reprodução de artigo publicado em agosto de 2015 no site http://averdade.org.br/

Explioração sexual infantilO Estatuto da Criança e Adolescência (ECA) completou 25 anos de existência em julho. O ECA foi fruto de inúmeros debates e mobilizações na sociedade para garantir direitos e leis que protejam a infância e adolescência de qualquer forma de violência. Contudo, sua aplicação não impediu que o Brasil ocupasse o primeiro lugar em exploração sexual infanto-juvenil na América Latina. Os dados são alarmantes: a Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que o tráfico de seres humanos para exploração sexual movimenta cerca de U$ 9 bilhões no mundo e só perde em rentabilidade para a indústria das armas e do narcotráfico. A cada hora, 228 crianças, em especial meninas, são exploradas sexualmente em países da América Latina e do Caribe. Dos 5.561 municípios brasileiros, em 937 ocorre exploração sexual de crianças e adolescentes. O número representa quase 17% dos municípios de todo país. A Região Nordeste é a que mais cresce em número de visitantes estrangeiros (cerca de 62% são da União Europeia), segundo o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). Cruzam o país ao menos 110 rotas internas e 131 rotas internacionais relacionadas ao tráfico de mulheres e adolescentes com menos de 18 anos para fins de exploração sexual.

Comércio Sexual O Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, uma rede de organizações não governamentais, estima que existam 500 mil crianças e adolescentes na indústria do sexo no Brasil.

A falta de proteção contra a exploração sexual, os maus-tratos, o abandono, a violência, a falta de perspectivas na vida, o vício em alguma droga e a necessidade econômica continua sendo uma realidade para milhões de crianças e adolescentes. O que deveria ser uma fase de descobertas e aprendizados acaba se tornando um eterno pesadelo. O perfil é, na sua grande maioria, meninas e meninos pobres, negros ou que fazem parte de alguma etnia (índios, por exemplo), que nasceram em países subdesenvolvidos e que estão nesse mercado para melhorar as suas condições de vida e da própria família. Porém, outros fatores como a desestruturação familiar, sustentação de algum vício, a violência doméstica, física ou sexual e o apelo ao consumo justificam a entrada de jovens no mercado da prostituição. A exploração sexual, a pornografia infantil, turismo sexual infanto-juvenil e o tráfico para fins sexuais fazem parte de uma rede mundial que movimenta bilhões dólares no mundo e tem como objetivo obter o máximo de lucros com a coação ou persuasão de um aliciador ou aliciadora (um profissional engana crianças e adolescentes para explorá-los sexualmente). A grande maioria das vítimas entra nesse “mundo” com falsas promessas, suborno, sedução, ou vendidas pelos próprios pais. Esse comércio se potencializa principalmente nos megaeventos internacionais, como a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas. Os países que organizaram as Copas anteriores registraram aumento no número de denúncias no período dos jogos: na África do Sul, em 2010, o crescimento foi de 66%. Em outros eventos, como o Carnaval, essa rede de exploração oferece meninas e meninos a estrangeiros. São crianças aliciadas em outras cidades menores e levadas para os grandes centros. Outra situação é nas construções dos estádios ou quaisquer obras de grande porte, onde sempre aumenta a exploração sexual. Se existe um contingente de homens em uma localidade vivendo em subcondições de exploração e de vulnerabilidade, tem sempre uma rede de exploração sexual infanto-juvenil, além de bebidas e drogas para “amenizar” o peso da exploração que sofrem esses trabalhadores; os

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“patrões” mantêm essa rede para os trabalhadores não se rebelarem devido às pressões do trabalho. Uma sociedade que faz do ser humano uma simples mercadoria é a prova da sua decadência. A grande maioria das crianças e jovens que são usados para a exploração sexual necessita desse dinheiro para sobreviver. Muitas entram e não consegue sair: começam meninas e continuam na prostituição na sua fase adulta. Existem muitos atores envolvidos: empresários, clientes, cafetões e cafetinas, servidores públicos e até Estados. Isso significa que a exploração infanto-juvenil não pode ser vista apenas como comportamento individual de homens que pagam menores para fazer sexo. Estamos falando de uma rede mundial que lucra bilhões. Acabar com essa rede vai além do ECA, do Código Penal, das campanhas publicitárias e do ativismo de organizações governamentais e não governamentais. A mercantilização dos corpos de seres humanos desprotegidos só terá seu fim com a total destruição da atual sociedade. Somente a construção de uma nova sociedade, baseada em outros valores humanos e verdadeiros direitos, será a solução desse problema social.

Claudiane Lopes, Ceará

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SUGESTÕES AO COMBATE DA EXPLORAÇÃO SEXUAL INFANTO-JUVENIL Denise Casanova Villela Promotora de Justiça

Artigo reproduzido do site do Ministério Público do Rio Grande do Sul

https://www.mprs.mp.br

A exploração sexual infanto-juvenil vigorou por décadas sob o manto da ignorância, diante do fingimento de sua inexistência . Isso, por si só, já explica a gravidade deste crime , infelizmente, tão em evidência no Brasil. A forma mais conhecida de exploração sexual é aquela que utiliza a criança ou adolescente para fins comerciais, incorretamente chamada de “prostituição infanto-juvenil”. O tema, na verdade, diante da atual realidade, onde aumentam vertiginosamente as comunicações aos órgãos competente de exploração sexual infanto-juvenil, transcende a questão semântica, se fazendo necessário que sejam tomadas medidas mais efetivas. Para que isso ocorra, é mister saber quais as causas, bem como as formas de combate. De uma forma geral, pode-se dizer, que embora todas as situações que envolvam a exploração sexual tenham como pano de fundo uma família desorganizada, nem sempre ela ocorre oriunda do núcleo familiar. Hoje, com mais razão outras fontes conduzem para esta degradação de nossas crianças, pois a omissão colabora para que aumente a estatística, já que segundo técnicos toda a violência sexual tende a ser cíclica , caso não tratada . Neste imenso mar de informações é necessário objetividade, sob pena de pouco se fazer. Concretamente, podemos dizer que diversas são as fontes que podem nos informar sobre tal circunstância : a família nuclear ou ampliada, serviços de saúde e educação, órgãos públicos ligados ao atendimento da criança e adolescentes, ONGS , etc.

Com o avanço da tecnologia, ao par de que muito tem auxiliado a humanidade, é instrumento por vezes utilizado de modo perverso. Muito há de se fazer para o combate deste mal, mas algumas diretrizes parecem básicas e olhando sob a ótica jurídica necessitam serem normatizadas. É o exemplo da internet. Há necessidade das atividades em rede internacional de informações serem disciplinadas. Algumas sugestões podem dificultar o aliciamento de crianças e adolescentes praticado por este meio . Hoje vários países já possuem leis proibindo a distribuição e a posse de pornografia infantil e de abuso sexual de crianças. Assim, é importante assegurar na legislação, que é proibido usar a Internet para cometer ou facilitar os crimes de pornografia infantil ou abuso sexual de crianças. Há necessidade de a legislação definir pornografia infantil incluindo criações eletrônicas e alterações fotográficas, isso porque em outros países, recentemente, os acusados têm alegado que a “pornografia infantil não envolve crianças reais sendo abusadas, tratando-se de figura alterada eletronicamente“. Tal tese não pode vingar, pois o objetivo de tal alteração é mostrar para as crianças que atos sexuais com elas são normais, além de que para a criança não faz diferença se a fotografia usada para quebrar sua resistência foi real ou adulterada . Ademais, a criança cujo rosto foi utilizado também é vítima, e hoje com o aperfeiçoamento da tecnologia se torna cada vez mais difícil o perito distinguir a pornografia infantil verdadeira da adulterada . Por outro lado, a legislação deve facilitar o acesso dos Promotores de Justiça às informações existentes junto aos provedores de serviços da internet, quando verificada a existência de exploração sexual de crianças, devendo estes preservarem as informações, especialmente, nos casos de já haver procedimento legal. Deverão, outrossim, educar seus usuários para combaterem este mal. Não basta que possamos identificar os fatos e punir os agressores, há a necessidade de que as crianças e adolescentes sejam acolhidas, periciadas e tratadas adequadamente, para que os autores não se escondam sob o véu da impunidade, e os infantes tenham condições de

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recuperar-se, integralmente, e voltarem ao convívio social de forma sadia. A escola também funciona como portão de entrada da revelação de situações de violência sexual, assim, um cuidado especial na orientação, não apenas dos profissionais que nela atuam, mas dos alunos, através de uma abordagem lúdica do tema, colaboraria para a diminuição das situações de violência sexual . A inclusão em currículos universitários, de temas conexos, poderá auxiliar os profissionais da área na detectação do problema. Outra faceta é a existência de programas de crianças e adolescentes desaparecidos eficazes, inclusive com acesso nacional e contatos internacionais, assim como, a criação de convênios entre países que possibilitem o retorno imediato da criança ou adolescente que estiver submetido à violência em outros locais, pois sabe-se que muitas vezes a violência sexual é o pano de fundo do desaparecimento. Um aspecto preocupante é o turismo sexual, hoje desenvolvido no Brasil, divulgado pelas facilidades e impunidades em que os algozes acreditam. A existência de legislação coibindo estas ações e a existência de programas oficiais que orientem os turistas que cheguem ao país, sobre a legislação existente e as conseqüências jurídicas, se faz mister. Não se busca solucionar a questão com estas iniciativas, mas dificultar o aumento real, não dedenúncias , pois estas devem sempre ser estimuladas, mas de ocorrências fáticas, dessas atitudes e situações tão degradantes para a humanidade.

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MULHER ANTIGA Por Maria Aparecida Felicori (Vó Fia) Mulher antiga de vestido comprido Chapéu de veludo emplumado Sempre severa junto ao marido Caminhando elegante sem olhar para o lado. Nos pés lindos borzeguins abotoados Com botões de camurça azul claro Chale de seda cheio de bordados Colares de perolas em um tom raro. Nos braços rosados pulseiras de ouro Formato de cobra com olhos de rubi Pente brilhante enfeita o cabelo louro Debaixo do chapéu refulge aqui e ali.

OLHOS VERDES Por Gilda Pereira de Souza Seu olhar penetrante desconcerta-me Impassível prostrando minha resistência sem clemência invade meu universo assustando minha inocência que indefesa, resiste sem chance, fraqueja e nesse entorpecimento torna-se prisioneira do fascínio de seus olhos verdes

È uma dama grande senhora Desfila sua beleza sem par Ela é um charme a qualquer hora Com leque de renda se abana sem parar. Na Belle Èpoque era uma rainha Século dezenove dançando can-can Pelo passado como sombra caminha De ontem para hoje e para amanhã.

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SUSSURROS DESCALÇOS (A Anne Frank, uma homenagem a uma enorme pequenina mulher adolescente)

DIA INTERNACIONAL DA MULHER 08 DE MARÇO Por Sonia Nogueira Dedico a ti Mulher Criança Que encanta com graça e formosura Que enfeita o lar, como um jardim De esperanças futuras. Mulher adolescente De mudanças, incertezas, faceirices, Procurando encontrar no amanhã Seu espaço, na caminhada que inicia. Mulher adulta Lutadora, educadora, guerreira, Arrojada, conquistando, conquistada, Que ultrapassa os limites de sua coragem, Profissionalmente, socialmente, amando, Amada sem medo de ser feliz Mulher mãe Atenta, cuidadosa, zelosa, Protege sua prole, semente De sua árvore, partitura De sua música, que Desafinada ou infrutífera Simboliza um elo de amor.

Por Rozelene Furtado de Lima Uma menina não podia Suportar tanta crueldade Onde achar forças, não sabia Adolescente no auge da sensibilidade Desvestiu o insuportável Cobriu-se de esperança nas longas noites frias Na certeza insofismável Que haveria um futuro Que muitos iriam sobreviver Condenados a seguir em caminhos obscuros Acreditou no poder do amanhecer O “Diário” seu grande amigo consolador Que a ouvia sem desconfianças A ele contou tudo, sem pudor Foi seu apoio, sua temperança Letras curativas para os gritos de dor Unidos lápis, papel e o silêncio surdo Cinzelaram tudo que viam e sentiam, todo absurdo O céu da misericórdia foi invadido na solidão Nas páginas salgadas, molhadas de emoção Que atravessaram os tempos mortos A vida em tempos de caminhos tortos Anne Frank deixou sua grande herança, Palavras unidas acorrentaram lembranças Relatos duros, ideais, fatos e planos Dias de desespero, de indignação e de enganos A voz que nunca se calou e nem se calará Através do vento que espalha aqui e acolá A Estrela de David tatuada na raiz da sua gente Manteve a fé, a coragem da escritora adolescente.

MULHER MADURA Experiência e sabedoria, Saudade dos tempos Vividos, que sobrevive Ao tempo, na certeza do Dever cumprido na gratidão Eterna de um DEUS infinito. Feliz dia da Mulher www.varaldobrasil.com

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MULHER Por Rob lima

ASAS PARTIDAS Ceres Marylise Rebouças

A primeira vez que te vi, nunca pude esquecer, me apaixonei no primeiro choro quando você me fez nascer; O tempo passou e você continuou aqui, como posso esquecer o que fez por mim. Ainda me lembro da imagem perdida, de uma vida sofrida pra me criar; Eu encontrava no seu colo o alento esperado, de um choro incessante por um brinquedo quebrado que não ia voltar. Eu cresci com você, e sem perceber fui ganhando o mundo, meu coração vagabundo que até agora era só seu, se viu confuso em meio tumulto de tanta beleza que pude ver. Mergulhei no seu mundo, provei do sabor, ganhei seu amor e me apaixonei desesperadamente... Mulher. Se um dia eu voltar, quero te ver de novo; Nascer de você, crescer com você, me apaixonar por você... E se for pra morrer, que seja em seus braços, e se for pra morrer, que seja por amor... Mulher....

Apiedo-me de ti, mulher de asas partidas, de rosto desamparado no eterno canto calado. A liberdade é pra ti o rumo do suicídio nos regimes seculares de crueldade e machismo. Aviltam teu corpo são, anulam tua alma sadia no sofrimento perpétuo de uma vida em agonia. Mulher de burca, nunca pude ver teu riso, és um pássaro enjaulado pelo fundamentalismo: resignado soluço de uma terrível injustiça! www.varaldobrasil.com

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MULHER SÁBIA OU MULHER TOLA? Por Rogério Araújo (Rofa) A mulher foi criada para que “o homem não estivesse só neste mundo” e para ser sua “ajudadora” (Gn 2.18). Mas será sempre é uma bênção em sua vida ou algumas vezes pode ser uma maldição? Provérbios 14.1 diz que “Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos”. E não é uma grande verdade? Quantas mulheres por aí afora que ao invés de ser ajudadora, como diz a Bíblia, mas parece uma “atrapalhadora” que o coloca para baixo dos outros que conhece e puxa seu tapete para derrubá-lo. Tem um ditado que diz “Antes só do que mal acompanhado” ou numa variação de cinema “Antes só do que mal acompanhado”. Uma realidade em muitos casos em que o amor e a felicidade são substituídos pela crueldade e ódio, o que provoca briga mais que carinhos. Provérbios 31.10-12 diz: “Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis. O coração do seu marido está nela confiado; assim ele não necessitará de despojo. Ela só lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida”. A mulher que promove a paz e sabe buscar fazer o bem é virtuosa e só traz benefícios. Perfeição não existe, mas Deus pode fazer com que o homem escolha bem quem deve estar ao seu lado em sua vida e buscarem juntos, homem e mulher, o caminho em que ambos vivam desafios, alegrias e tristezas, um ajudando o outro. Que Deus abençoe as mulheres em seu dia para tenham mais atitudes sábias e bem menos atitudes tolas na vida!

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ELAS Por Gleice Benedito Hernique Veja que esplendoroso Parece ser algo glorioso Negra de pele morena Índia da cor de Iracema Branca dos cabelos dourados Negra dos cabelos cacheados De todos os tamanhos variados. Não importa se é feia ou bela Se são brancas, negras ou amarelas Se são altas ou baixas Gordas, delgadas ou magras, Simplesmente são Elas.

Imagem by Fotolia

SIMPLESMENTE MULHER... Por Fernanda Moraes Lima

Elas, as amáveis Elas, as sensíveis Elas, as indomáveis Elas, as guerreiras Elas, as aventureiras Elas, as Elas, simplesmente Elas Simplesmente Mulheres.

Quais são as palavras necessárias para defendê-la? Amor? Não, pois os poetas já versaram inúmeras vezes. Dia? Não, pois a sua luz é mais terna e intensa. Calor? Não, pois ela é a que aquece os dias frios. Sonho? Não, pois ela abre mão dos seus, em prol de alguém. Perfeição? Não, pois ela com sua forma de ser, vai muito além. Mulher, criança? Mulher, moça? Mulher, mãe? Mulher... Simplesmente a canção mais linda que o Criador ousou fazer. Imagem by Eric Quezado www.varaldobrasil.com

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MULHER Bary Sampaio Mulher Única do ser, do saber dos autores...Sonhos dos amantes. Protagonista do mundo, ela recebe caricaturas diversas: Mulher loura, mulher avião, mulher silicone, marcha sim, Senhor! Mulher jacaré, Maria-homem, Mulher jararaca, mulher amiga da onça...a cigana... ”Maria-vai-com- as outras “ Mulher sábia, mulher virtuosa, mulher pequena e grande, mulher da mata, do campo, do bosque e pomar...mulher da periferia, da favela, da cidade de dia, da balada da noite, mulher dos bares, dos motéis, das vitrines, dos programas...mulher de fama, do glamour, mulher artista, mulher das profissões múltiplas...mulher violentada, ferida, abandonada, mulher das Marias, dos homens sem nome, sem teto, sem-terra, sem casa...Mulher pobre...grande maioria...mulher com rótulos, de muitos estereótipos, gêneros e categorias diferentes...mulher que um dia foi criança, brincou de boneca, agora é chamada de mãe. Mulher de belezas indescritíveis em contraste com aquela de atitudes horríveis. Mulher de etnias, raças, tribos e povos...mulher de toda cultura... mulher conectada Mulher que sofre por amar demais. Mulher de corpo, alma e coração... Mulher que já morreu... Mulher que ainda não nasceu. Mulher que pensa e escreve sendo mulher.

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* O Brasil de 516 anos testemunha a tragédia aterrorizante acontecida em novembro de 2015, em Marina - Minas Gerais, onde centenas de famílias foram engolidas por lama da mineradora de Fundão. (Samarco, Mariana – Minas Gerais). Essa lama atingiu um dos mais importantes rios: O Rio Doce. A lama forte atingiu cidades, pessoas e águas que chegaram com lama ao oceano, na área do Espirito Santo. Onde está a solução para todas as famílias atingidas e para a natureza destruída? Quando, SAMARCO? Imagem by Ana Maria Felix Garjan

O PAPEL HISTÓRICO, POLÍTICO, SOCIAL E CULTURAL DE MULHERES EM SEUS LUGARES NO MUNDO Por Ana Maria Felix Garjan “Mesmo que eu fale de sol mesmo que cante os ínfimos espaços com as grandes verdades, todo poema é sobre aquele que sobre ele escreve”. (Trecho do poema Psicanálise da Escrita), Ana Luisa Amaral, Lisboa.

Síntese: Crise do tempo – Realidade do mundo Mulheres em ação * 2016 – século XXI – a humanidade globalizada encontra-se na Era da Informação, vivendo em ritmo e compasso acelerados, cada vez mais acelerados. Nesse atual início do ano, percebe-se o início do futuro – amanhã incerto, que é vislumbrado através dos grandes desastres ambientais que matam dezenas e centenas de vidas no mundo.

* O Fórum Social Mundial 2016 foi realizado em Porto Alegre – RGS, Brasil, nos dias 21, 22 e 23 de janeiro de 2016, onde as mulheres e odos os grupos participantes se manifestam e registraram as problemáticas da sociedade brasileira. * O Fórum Econômico Mundial foi realizado em Davos, todos os anos, e dessa vez a agenda foi discutir os desafios da “Quarta Revolução Industrial”. Particionaram do Fórum chefes de governo e ministros, representantes de empresas, bancos e diferentes grupos sociais que se reuniram na pequena cidade de Davos, nos Alpes Suíços, através desse encontro organizado pelo Fórum Econômico Mundial, com o objetivo de discutir o presente e propor caminhos para o futuro do mundo. * No mundo, nesse inicio de 2016 aconteceram diversos desastres ambientais e fenômenos que são provocados pelo ataque dos humanos aos sistemas de equilíbrio da natureza. Nas metrópoles, cidades e comunidades que vivem nas encostas dos morros do Brasil se produzem as condições para os desastres ecológicos. * Na Europa e no Oriente o terrorismo imposto pelo Estado Islâmico apavora o mundo, através dos atentados em Paris e em outras cidades da Europa, e as grandes potências não conseguem deter a neurose coletiva do fundamentalismo que mata mulheres, homens, jovens, crianças e idosos. * A longa caminhada dos refugiados, rumo à Europa, em busca de uma vida melhor é uma das mais graves situações da humanidade. Enquanto tudo acontece o mundo segue rumo ao final deste século XXI e Terceiro milênio, de forma insegura e perigosa. O mundo e sua

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humanidade se encontram diante de uma época das mais graves, por causa da ampliação do fenômeno do aquecimento do Planeta Terra. . * O estabelecimento das redes de comunicação virtual introduz o padrão de transmissão de notícias e informações de modo simultâneo à ocorrência dos eventos. Entre relações sociais e culturais expandidas nessas redes, vai se constituindo um modo de desenvolvimento vinculado a paradigmas que são concebidos pelas grandes corporações do mundo privado. Esse mecanismo de centralização das redes muitas vezes dificulta o desenvolvimento humano e o seu enriquecimento cultural e gera o desconforto do paradoxo que se estabelece entre o avanço da civilização e, ao mesmo tempo o retrocesso dos processos humanizadores. A contradição está instalada no âmbito das relações pessoais e institucionais em instâncias diversas da sociedade política e da sociedade civil. A luta contra o terrorismo não garante a vida de milhares de adultos e crianças inocentes atingidos pelo horror e a morte que se espalha mediante a ação criminosa de facções terroristas que atuam em vários continentes e em muitos países.

* As mulheres do mundo participam das redes sociais e debatem todas as questões da sociedade, da cultura e arte. Poucas se interessam em elaborar ideias sobre política.

Introdução A trajetória da mulher no mundo das contradições Olympe de Gouges declarou, em 1802: “A mulher tem o direito de subir ao cadafalso, ela também tem o direito de subir à tribuna”, in Mulheres Públicas, Michelle Perrot, Paris, 1998. “No século XIX, as mulheres se mexem, viajam. Migram tanto como os homens, atraídas pelo mercado de trabalho das cidades, principalmente, como empregadas domésticas. Essas cidades, que as chamam sem realmente acolhe-las, empenham-se em canalizar a desordem potencial atribuída à coabitação entre homens e mulheres”. “Existem lugares proibidos às mulheres, como políticos, judiciários, intelectuais, e até desportistas -, e outros que lhes são quase exclusivamente reservados – lavanderias, grandes magazines, salões de chá”. “Ser um homem público é a honra, enquanto que ser uma mulher pública é uma vergonha! Para as mulheres, o privado é seu coração, a casa. Para os homens, o público e a política, seu santuário”. “A história, de inicio, se dedicou a descrever os papeis privados das mulheres. Entre o público e o privado os homens e mulheres, o político e o pessoal, as divisões se quebram e recompõem a paisagem”. “Por que, apesar das mulheres terem adquirido a igualdade civil, a instrução, o assalariado e os esportes de alto nível, elas ainda encontram resistência nos três bastões masculinos: o militar, o político, e sobre tudo o religioso? Nada mais que as três ordens da Idade Média”. - Mulheres Públicas, Michelle Perrot, Paris, 1998.

Signos da Mulher em sua trajetória no mundo Qual será a paisagem do mundo e a sociedade do Século XXI em 2022, 2040, 2100? Quais os papéis e circunstâncias das mulheres do presente – futuro – amanhã? Quais seus direitos mais justos e seus deveres mais responsáveis? www.varaldobrasil.com

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Imagem by Ana Maria F. Garjan

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Iniciando um diálogo com pessoas e grupos Este artigo representa uma homenagem às mulheres dos milênios, épocas, séculos, das mulheres em seus signos humanos; Às mulheres de todos os continentes do mundo em suas circunstâncias, seja no lar, no trabalho, em suas profissões e funções sociais que contribuem para os tempos do mundo. E àquelas mulheres vítimas dos sistemas injustos e discriminatórios da sociedade em que vivem e em que morrem, todos os dias. Ao longo da história da humanidade, a mulher já foi vista como feiticeira, bruxa, demônio, deusa, anjo, santa, heroína. O século XX permitiu a ela, por si só, redefinir o seu papel. A ciência do século XX foi a porta libertadora da mulher. De um lado, as máquinas passaram a fazer parte de sua liberdade para sair de casa para o trabalho, ao mesmo tempo em que as mulheres se tornaram vítimas das máquinas e dos patrões que as consideravam apenas um instrumento de trabalho, sem seus direitos. De todo modo, tentando administrar o tempo e os espaços, nesse decorrer de décadas, a mulher vem, a cada dia e, rapidamente, em todo o mundo, ampliando sua participação nos campos de atuação, em áreas e circunstâncias da sociedade contemporânea. A mulher e a sua política de ser e representar seus papéis em cada canto do planeta faz da própria mulher de todos os milênios, de todos os séculos e de todas as décadas, a protagonista

mais importante da grande revolução do mundo. Mas, em sua grande maioria, as mulheres são perseguidas, sofrem discriminação e as consequências da existência que ainda há entre o mundo masculino-machista e o mundo da mulher-feminista em seu processo de emancipação social. Muitas mulheres, no mundo em que se reproduzem contradições políticas e sociais, ainda passam fome, e são vitimas de violências físicas e simbólicas inaceitáveis, como assassinatos e encarceramento em cativeiros domésticos. Através dos séculos podemos ver que os homens jamais caminharam sozinhos. Em todas as civilizações tiveram suas cúmplices de sonhos e realizações, tanto para a construção do bem como para a realização de ações perversas.

Antigamente... Na pré-história as mulheres eram sagradas. Todos os deuses eram femininos. Nessa época, os homens eram nômades, saiam para buscar alimento e as mulheres em bandos ficavam cuidando dos filhos, em seu “lar pré-histórico”. Após milhares de anos, as mulheres foram descobrindo os instrumentos modernos da agricultura. Mas, com os afazeres domésticos, a mulher não pôde assumir, com o seu companheiro, o trabalho no campo e o controle dos negócios. Assim, ela tinha somente a função de ter filhos, cuidar deles, do marido e da casa, sem nunca ter a chance de ter atividades fora de seu lar. No século XX, a mulher conquista, com luta, morte e perseverança, as condições de igualdade para disputar o mercado de trabalho. A grande disputa foi e continua sendo nessa segunda década do século XXI, a excelência, não importa o gênero. Homenageamos todas as mulheres que se destacaram no século XX, quando de simples mulheres de casa, do campo e das fábricas, tornaram-se militantes revolucionárias. Homenageamos desde as coroadas rainhas que exerceram seu poder de forma a contribuir para a emancipação humana, como todas as outras que foram condenadas a morte, nas fogueiras da Idade Média; De Sócrates e Xantipa; De Madame Curie às mulheres revolucionárias que conquistaram cargos os mais diversos, e que contribuíram com a humanidade, espe-

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cialmente as grandes educadoras. Destacamos presidentes e ministras de estado, e outras que ocuparam e ocupam cargos importantes. Da primeira mulher vítima de violência por lutar em defesa do voto feminino, no início do século XX, à nossa modernidade e contemporaneidade, são inúmeras aquelas que participam do processo político no Brasil, na América Latina, nos Estados Unidos, na Europa e em diversos países do ocidente. Muitas mulheres se preparam para as próximas eleições, visando cargos eletivos em instâncias da carreira política, nos âmbitos: federal, estadual e municipal. Nos países onde a Democracia é um direito constitucional que deve ser exercido por todos os cidadãos e por todas as cidadãs, destacam-se as mulheres que exercendo sua vontade política com competência e determinação, alcançaram posições políticas importantes para o avanço da luta pelos direitos humanos, contribuindo assim para a transformação da sociedade atual, ainda tão distante do verdadeiro sentido da democracia, no sentido real e não apenas formal. Muitos exemplos acontecem pelo mundo, onde o poder feminino possui voz, atitude e ação transformadora em prol da humanização, da justiça social, da paz, da educação e do desenvolvimento humano.

Milhares delas vivem tentando ir além, a partir dos papéis que representam nos palcos da vida. Não importam sua idade, etnia, cultura e filosofia de vida. Ela, a mulher atual da segunda década do século XXI, tem contribuído com a sociedade, assim como as grandes mulheres fizeram a grande diferença no Século XX, junto com seus companheiros de lutas, conquistas e vitórias. Homenageamos as mulheres que se destacam por sua efetiva contribuição à sociedade brasileira e seu desenvolvimento, ao longo dos séculos, nesses 516 anos do Brasil da América do Sul. A maioria, de forma muitas vezes anônima, tem realizado grandes transformações em vilas,

cidades, estados, em nível nacional no Brasil, e em tantos outros países onde atuam. Destacaremos alguns nomes de mulheres públicas que representam tantas outras que contribuíram e que contribuem com o panorama da história, nas áreas da educação, cultura, arte, política e da ciência brasileira, pois do período do império à atualidade, muitas lutaram pela igualdade de gêneros, por justiça social e avanço dos direitos civis. Na realidade, a mulher, ao longo do tempo, cristalizou uma grande força feminina que redimensionou e ampliou sua determinação pessoal, diante de seus desejos e projetos.

Fim do século 19 Surge o primeiro foco do movimento feminista brasileiro que foi motivado pelas reivindicações por direitos democráticos como o direito ao voto, ao divórcio, educação, ao trabalho e à sua forma de ser, diante dos seus signos que representam seus projetos.

Mulheres em luta no Século XX O século XX representa o nascimento social da mulher. Com a Constituição Federal de 1988, “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”. Destacamos algumas datas, nomes e acontecimentos importantes sobre a luta das mulheres no Brasil, que tinham como objetivo conquistar seus direitos democráticos. 1907 – Greve das costureiras em São Paulo, ponto inicial para o movimento por uma jornada de trabalho de 8 horas; 1914 - A jovem Eugênia Moreira se torna, aos dezesseis anos, a primeira repórter do Brasil; 1917 - Anita Malfati expõe em uma mostra que antecedeu a “Semana de Arte Moderna”, em 1922; - A professora feminista Leolinda Daltro lidera uma passeata a favor do direito ao voto pelas pelo ao voto, pelas mulheres brasileiras;

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1917 - O serviço público passa a admitir mulheres no quadro de funcionários. Dois anos depois, a Conferência do Conselho Feminino da Organização Internacional do Trabalho aprova a resolução de salário igual para trabalho igual. 1918 - Maria José de Castro Rabelo Mendes é a primeira Diplomata do Brasil; - A bióloga Bertha Lutz publica em Revista, uma carta em que divulga a organização de uma associação de mulheres pela independência e pelo voto feminino;

- A operária e militante Angelina Gonçalves é morta a tiros pela polícia durante manifestação da Campanha O Petróleo É Nosso, no dia 1º de maio. - É fundada a Associação Brasileira de Mulheres Médicas;

1919 - É construído um busto em homenagem a Clarice Índio do Brasil, que morreu vítima de violência urbana, no Rio de Janeiro; - A ativista Elvira Boni Lacerda lidera a greve das costureiras no Rio; 1922 - A Federação Brasileira pelo Progresso Feminino do país é fundada e realiza o I Congresso Internacional Feminista, no Rio de Janeiro; 1927 - Celina Guimarães Viana se torna a primeira eleitora, no Rio Grande do Norte; Década de 1930 - avanços das mulheres no campo político. Em 1932, as mulheres conquistam legalmente o direito ao voto, com o Código Eleitoral. Apesar da importância simbólica dessa conquista, à época, foram determinadas restrições para o exercício desse direito. Foi só com a Constituição de 1946 que o direito pleno ao voto foi concedido. 1933 - Almerinda Farias Gama é a primeira mulher a votar na eleição dos representantes classistas para a Assembleia Nacional Constituinte. Em 1944 - Um grupo de enfermeiras segue para Nápoles na Segunda Guerra Mundial; 1947 - Elisa Branco, ativista da Federação de Mulheres, é presa por causa de sua atuação nas campanhas contra a carestia da época. 1950

1934 - Carlota Pereira Queiróz torna-se a primeira deputada brasileira. Naquele mesmo ano, a Assembleia Constituinte assegurava o princípio de igualdade entre os sexos, o direito ao voto, a regulamentação do trabalho feminino e a equiparação salarial entre os gêneros. 1937 – Foi iniciada a ditadura do Estado Novo, e então o movimento feminista perde força. Só no fim da década seguinte volta a ganhar intensidade com a criação da Federação das Mulheres do Brasil e a consolidação da presença feminina nos movimentos políticos. 1964 – Novo período ditatorial, que diminuem as ações do movimento, só retornando na década de 70. 1969–Publicação do estudo pioneiro de Heleieth Saffioti – “A mulher na sociedade de classes”. Anos 70 - Luta de caráter sindical e a aprovação da lei do divórcio, uma antiga reivindicação do movimento feminista brasileiro e a luta feminista de caráter sindical. 1975 – Criação do Ano Internacional da Mulher e do Movimento Feminino pela Anistia. No mesmo ano a ONU, com apoio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), realiza uma semana de debates sobre a condição feminina. Ainda nos anos 70 é aprovada a lei do divórcio, uma antiga reivindicação do movimento.

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1981- Publicação do estudo da brasilianista June E. Hahner – “A mulher brasileira e suas lutas sociais e políticas”. 1985 – Criação do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), subordinada ao Ministério da Justiça, com objetivo de eliminar a discriminação e aumentar a participação feminina nas atividades políticas, econômicas e culturais.

Lutas e conquistas das mulheres no Século XXI 2000 - Tem início, no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), o funcionamento do Centro de Estudos do Genoma Humano, coordenado pela geneticista Mayana Zatz.

A partir do início de 2001 deste século 21, o movimento feminista brasileiro foi decisivo para a continuidade das lutas iniciadas no século 20, ampliando sua articulação com diversos grupos e com a sociedade civil, para conquistar a ampliação dos direitos da mulher, na perspectiva da igualdade entre os gêneros, que apesar de todos os avanços, ainda não é totalmente garantida. 2002 - O Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) foi absorvido pela Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher, criada em 2002 e ligada à Pasta da Justiça. 2003 – A Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher passa a ser vinculada à Presidência da República, com status ministerial, sendo denominada de Secretaria de Políticas para as Mulheres.

Nessa segunda década do século 21, é ampliado o movimento de mulheres que lutam pela conquista de diversas e justas reivindicações: -Reconhecimento dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais das mulheres; -Necessidade do reconhecimento do direito universal à educação, saúde e previdenciária; - Defesa dos direitos sexuais e reprodutivos; - Reconhecimento do direito das mulheres sobre a gestação, com acesso de qualidade à concepção e/ou contracepção; - Descriminalização do aborto como um direito de cidadania e questão de saúde pública. A violência contra a mulher tem sido constatada como uma realidade concreta, através de estatísticas, do início deste século. Segundo pesquisa da respeitada Fundação Perseu Abramo (Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado), realizada em 25 estados, em 2010, foi constatado que a cada dois minutos cinco mulheres são espancados no Brasil; 11,5 milhões de mulheres já sofreram tapas e empurrões e 9,3 milhões sofreram ameaças de surra.

A Lei Maria da Penha surgiu como uma das importantes leis brasileiras em defesa da mulher, pois garante proteção legal e policial às vitimas de agressão doméstica. A Secretaria de Políticas das Mulheres presta todo apoio ao movimento feminista brasileiro, que atua em prol da redução da desigualdade dos gêneros, assim como para garantir a autonomia econômica das brasileiras. Destacam-se, na década de 20 do século XX e XXI mulheres que desempenharam papéis históricos muito importantes. Seus nomes não

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estão registrados nem por ordem alfabética e nem por áreas. Esse trabalho está sendo desenvolvido através de muitas pesquisas que abrangem mulheres de áreas: científicas, culturais, artísticas, políticas, humanitárias, jornalistas, historiadoras, escritoras, poetas, artistas, e de outras áreas.

Mulheres em destaque que receberam o Prêmio Nobel de Literatura Desde 1901, o prêmio Nobel da Literatura foi concedido aos 110 escritores cujo conjunto da obra foi considerado notável. Ao receber a cobiçada medalha em outubro de 2013, a canadense Alice Munro se tornou a décima terceira autora a ser agraciada pela Academia Sueca – número ainda tímido, mas que torna este o prêmio instituído por Alfred Nobel com mais representantes do sexo feminino, atrás apenas do Nobel da Paz, que já honrou o trabalho literário de 15 mulheres laureadas; Entre elas: Selma Lagerlöf, sueca, (1858-1940), a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel da Literatura, em 1909; em 1914; a sueca Selma Ottilia Lovisa Lagerlöf se tornou também a primeira mulher a integrar a Academia Sueca, instituição responsável pela premiação instituída por Alfred Nobel; a italiana Grazia Deledda foi premiada em 1926; Sigrid Undse, da Dinamarca, criada na Noruega, recebeu o prêmio em 1928; Pearl Buck, americana, foi premiada com o Prêmio Nobel, em 1938; Gabriela Mistral, pseudônimo de Lucila Godoy Alcayaga, poeta, educadora e feminista chilena, recebeu o prêmio em 1945; Nelly Sachs, alemã, escrita lírica e dramática, premiada em 1966; Nadine Gordimer, País: África do Sul, premiação em 1991; Toni Morrison, dos Estados Unidos, recebeu a premiação em 1993; Wislawa Szymborska, da Polônia, considerada a “Mozart da poesia”, foi premiada em 1996 e faleceu em 2012; Elfriede Jelinek, da Áustria, recebeu a premiação em 2004; Doris Lessing, da Pérsia/Irã, a mulher mais velha a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 2007, com 88 anos, pouco antes de morrer; Herta Müller, da Romênia, foi premiada em 2009; Alice Munro, que escreve apenas contos, é canadense e recebeu o prêmio em 2013.

Link: http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/lists/women.html

Destacamos alguns nomes de mulheres públicas que representam tantas outras que contribuíram e que contribuem com o panorama da história, nas áreas da educação, cultura, arte, política e da ciência brasileira, pois do período do império à atualidade, muitas lutaram pela igualdade de gêneros, por justiça social e avanço dos direitos civis. Na década de 20 do século XX e da primeira década do século XXI as mulheres desempenharam papéis históricos muito importantes. Nesse parágrafo os nomes não estão registrados nem por ordem alfabética e nem por áreas. Esse trabalho está sendo desenvolvido através de pesquisas que abrangem mulheres de áreas: científicas, culturais, artísticas, políticas, humanitárias, informação, comunicação. Homenagem às importantes educadoras, médicas, jornalistas, historiadoras, escritoras, poetas, artistas plásticas, escultoras, atletas, atrizes, cineastas, coreógrafas, bailarinas clássicas, da dança contemporânea, cantoras, e de outras profissões. Mulheres conhecidas no mundo: Virginia Woolf, Frida Kahlo, Camille Claudel, Simone de Beauvoir, Sra. Klein, Florbela Espanca, e ainda mulheres que foram premiadas com o Prêmio Nobel, em diversas categorias, como Nobel da Paz, Nobel da Ciência, Nobel da Literatura, e outros nomes em diversas áreas.

Homenagem a mulheres de áreas do panorama brasileiro e internacional: Anita Garibaldi, Hipólita Jacinta Teixeira de Mello, Mayana Zatz, Bertha Lutz, Cora Coralina, Tarsila do Amaral, Bárbara Alencar, Maria Quitéria de Jesus, Maria da Glória Sacramento, Nísia Floresta Augusta, Maria Firmina dos Reis, Maria Amélia de Queiroz, Chiquinha Gonzaga, Maria Lacerda de Moura, Leolinda de Figueiredo Daltro, Nise da Silveira, Eva Nill, Irmã Dulce, Zilda Arns Neumann, Carolina Maria de Jesus, Benedita da Silva, Anita Mafaldi, Leolinda de Figueiredo Daltro, Marilena Chauí, Nélida Pinõn, Lygia Fagundes Telles, Tomie Ohtake, Adélia Prado, Cecília Meireles, Lya Luft, Bibi

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Ferreira, Fernanda Montenegro, Ana Botafogo, Clarice Lispector, Maria Clara Machado, Maria Della Costa, Lygia Clark, Lina Bo Bardi, Maria Tereza Goulart, Maria Esther Bueno, Rachel de Queiroz, Elis Regina, Ana Cristina Cesar, Lygia Bojunga, Hilda Hilst, Carla de Andrade Camurati, atriz e cineasta brasileira. Ela foi presidente da Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro entre 2007 e 2014; Mercedes Baptista, a Primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio, morreu aos 93 anos, em 18 de agosto de 2014, Ana Miranda, Beatriz Milhazes, Laura Riding, Laura Nehr, Elisa Lucinda, e tantas outras das áreas do teatro, cinema, musica, balé clássico, da dança contemporânea, e todas as artistas e os artistas que representam a diversidade cultural e o desenvolvimento da sociedade brasileira. Destacamos as atletas da década de 80: Janeth, Hortência, Paula, e a jovem atleta pernambucana Etiene Medeiros, que em 2015 conquistou no Mundial de Kazan, na Rússia, duas medalhas de prata para o Brasil, na categoria natação, tornando-se a primeira nadadora a receber uma medalha em campeonatos mundiais de piscina. Em destaque, as cientistas brasileiras: Suzana Herculano-Houzel, neurocientista carioca que estuda o cérebro humano; Duília de Mello, astrônoma que cuida de projetos na NASA. Uma das mais renomadas astrofísicas do mundo é a alemã Thaisa Storchi Bergmann, na área das ciências espaciais. A ciência brasileira, feita por mulheres, teve destaque em março de 2015. O Prêmio L’oréal-Unesco Para Mulheres Ciência premiou suas vencedoras e entre elas duas brasileiras: A astrofísica Thaisa Storchi Bergmann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), uma das mais renomadas no mundo, que estuda buracos negros supermassivos. São estruturas imensas formadas por estrelas moribundas, planetas, nuvens de gás e outros elementos que foram atraídos pela gravidade, do Big Bang até hoje. Essas estruturas também ajudam a entender a evolução do nosso sistema solar, a gravidade e o futuro do universo. A segunda cientista da atualidade é Carolina Andrade que participou do programa “Talen-

tos Internacionais em Ascensão” (em inglês, “International Rising Talents”), criado pela parceria L’Oréal-UNESCO, cujo objetivo é acelerar o avanço de 15 jovens mulheres cientistas no mundo. Carolina Andrade, farmacêutica e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), foi reconhecida pelo programa por sua pesquisa para o tratamento da Leishmaniose, doença que afeta 12 milhões de pessoas em todo o mundo. Em 2014, Carolina foi uma das sete vencedores do único programa brasileiro de incentivo às mulheres na ciência, também realizado pela parceria da L’Oréal com a UNESCO e a Academia Brasileira de Ciências. Thaisa e Carolina foram homenageadas em 18 de março de 2015, em cerimônia realizada na Sorbonne, em Paris.

Algumas Mulheres inesquecíveis - Homenagem à Madre Teresa de Calcutá Destacamos uma das personalidades femininas mais importantes para a memória da mulher, no mundo: Madre Teresa de Calcutá (Agnes Gonxha Bojaxhiu), nascida em 26 de agosto de 1910 na Albânia e falecida no dia 05 de setembro de 1997. Ela foi uma missionária católica que dedicou sua vida pessoal e religiosa aos pobres, e criou uma Congregação chamada de “Missionárias da Caridade”. Por conta de suas obras de caridade foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz em outubro de 1979. Nesse mesmo ano ela foi recebida no Vaticano pelo Papa João Paulo II, que a nomeou “embaixadora” do Papa em todas as nações. Ela recebeu o título

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“Honoris Causa”, em diversas universidades do mundo. Em 1980, recebeu a ordem “Distinguished Public Service Award” nos EUA. Em 18 de dezembro de 2015, o Papa Francisco assinou o documento que autoriza a canonização de Madre Teresa de Calcutá. O pontífice aprovou um milagre atribuído à intercessão da futura santa, beatificada por João Paulo II, em outubro de 2003. Ela continua sendo um importante exemplo para a humanidade, assim como foi e continua sendo Mahatma Gandhi (Mohandas Karamchand Gandhi). No cotidiano do nosso mundo existem centenas Madres Teresa que a mídia ainda não descobriu. Apesar das guerras insanas e do terrorismo imposto pelo Estado Islâmico, o mundo está repleto de sentimentos amorosos e de solidariedade que se materializam no cuidado dispensado pelas mulheres às crianças e às pessoas idosas. Mas existem ainda mulheres que vivem como na época da Santa Inquisição, quando Branca Dias foi condenada à fogueira. E quantas Madalenas arrependidas vagam pelo mundo? Quantas mil mulheres trabalham e estudam para superar seus limites? Não são todas heroínas aquelas que conseguem sobreviver aos seus casamentos infelizes? Não são todas indispensáveis, aquelas que pautam suas vidas nos princípios da ética e da dignidade?

Homenagem à Dra. Zilda Arns Neumann; médica pediatra, sanitarista *1934 +2010 Fundadora internacional da Pastoral da Criança, fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa - organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Dra. Zilda Arns também foi representante titular da CNBB, do Conselho Nacional de Saúde e membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Nascida em Forquilhinha (SC), residia em Curitiba (PR), mãe de seis filhos e avó de dez netos. Escolheu a medicina como missão e enveredou pelos caminhos da saúde pública. Sua prática diária como médica pediatra do Hospital de Crianças Cezar Pernetta, em Curitiba (PR), e

posteriormente como diretora de Saúde Materno-Infantil, da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, teve como suporte teórico diversas especializações como Saúde Pública, pela Universidade de São Paulo (USP) e Administração de Programas de Saúde Materno-Infantil, pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/ OMS). Por sua experiência foi convidada, em 1980, a coordenar a campanha de vacinação Sabin para combater a primeira epidemia de poliomielite, que começou em União da Vitória (PR), criando um método próprio, depois adotado pelo Ministério da Saúde. Em 1983, a pedido da CNBB, a Dra. Zilda Arns criou a Pastoral da Criança juntamente com Dom Geraldo Majela Agnello, Cardeal Arcebispo Primaz de São Salvador da Bahia, que na época era Arcebispo de Londrina. Foi então que desenvolveu a metodologia comunitária de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres, Após 30 anos, a Pastoral acompanha mais de 1,2 milhão de crianças menores de seis anos, 72 mil gestantes e 1 milhão de famílias pobres, em 3.881 municípios brasileiros. Seus mais de 205 mil voluntários levam fé e vida, solidariedade e conhecimentos sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades. Dra. Zilda Arns Neumann recebeu o título de Cidadã Honorária de 11 estados e 37 municípios brasileiros, 19 prêmios (nacionais e internacionais) e dezenas de homenagens de governos, empresas, universidades e outras instituições, pelo trabalho realizado na Pastoral da Criança. Pelo seu trabalho na área social, Dra. Zilda

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Arns recebeu condecorações tais como: Woodrow Wilson, da Woodrow Wilson Fundation (EUA), em 2007; o Opus Prize, da Opus Prize Foundation (EUA), pelo inovador programa de saúde pública que ajuda a milhares de famílias carentes, em 2006; Heroína da Saúde Pública das Américas (OPAS/2002); 1º Prêmio Direitos Humanos (USP/2000); Personalidade Brasileira de Destaque no Trabalho em Prol da Saúde da Criança (Unicef/1988); Prêmio Humanitário (Lions Club Internacional/1997); Prêmio Internacional em Administração Sanitária (OPAS/ 1994); títulos de Doutor Honoris Causa das Universidades: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Universidade Federal do Paraná, Universidade do Extremo-Sul Catarinense de Criciúma, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade do Sul de Santa Catarina.

Olenewa, quando foi aluna do estoniano Yuco Lindberg, sendo em seguida aprovada em concurso interno para participar do Corpo de Baile do Municipal. Ela foi empregada doméstica e vendedora de loja, mas com sua determinação em ser bailarina, ela não desistiu do seu sonho e objetivo. Ela mudou o carnaval carioca, com a sua presença, quando trouxe o minueto para a avenida, pela Escola “Acadêmicos do Salgueiro”, o que era uma coisa espetacular para a época. Em 1948, ela conheceu o jornalista e sociólogo Abdias Nascimento, fundador do Teatro Experimental do Negro, e passou a se engajar no movimento de cultura afro-brasileira.

Primeira Bailarina negra do Municipal

Mercedes foi para os Estados Unidos em 1953, trabalhando com a antropóloga Katherine Dunham, que pesquisava danças de origem africana. Na volta ao Brasil, ainda como bailarina do Theatro Municipal, montou sua própria companhia, o Ballet Folclórico Mercedes Baptista. Ela atuou também no carnaval, tendo coreografado alas do Salgueiro, quando a escola ganhou seu primeiro título, em 1963, com o enredo Xica da Silva. Ela foi enredo do carnaval de 2008 na “Escola Acadêmicos do Cubango”, e destaque da Vila Isabel em 2009, quando o enredo foi o Theatro Municipal.

Homenageamos Mercedes Baptista, a Primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio, que morreu aos 93 anos, em 18 de agosto de 2014. Ela ingressou no Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 1946 ela ingressou na Escola Estadual de Dança Maria

A bailarina negra foi lembrada pela amiga e aluna Ruth Souza Santos, que destacou a importância de seu trabalho: “Ela foi a pioneira a codificar a dança afra no Brasil, a partir de sua base clássica e moderna. Ela foi realmente uma desbravadora”.

Zilda Arns encontrava-se em Porto Príncipe, em missão humanitária, para introduzir a Pastoral da Criança no país. No dia 12 de janeiro de 2010, pouco depois de proferir uma palestra para 15 religiosos de Cuba, o país foi atingido por um violento terremoto. A Dra. Zilda foi uma das vítimas da catástrofe. (Dados/Internet)

Bailarinas clássicas brasileiras de destaque, entre outras As bailarinas clássicas Ana Botafogo e Márcia Jaqueline são Primeiras bailarinas do Theatro Municipal do Rio. As trajetórias de ambas já estão consagradas no cenário da cultura brasileira. A bailarina Márcia Haydée Salaverry Pereira da Silva nascida em Niterói/RJ, em 18 de abril de 1937 é uma bailarina e coreógrafa brasileira que foi muito famosa na Europa. Aos dezesseis anos, foi se aperfeiçoar na Royal Ballet School de Londres, na Inglaterra. Em 1957, Haydée iniciou sua www.varaldobrasil.com

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carreira profissional no Ballet do Marquês de Cuevas. Quatro anos depois, conheceu o coreógrafo John Cranko, diretor do Ballet de Stuttgart, de onde se tornou a primeira solista. Ela se tornou uma estrela internacional, dançando em obras como Romeu e Julieta, Eugène Oneguin e A megera domada. Em 1976, três anos após a morte do marido, Márcia assumiu a direção do Ballet de Stuttgart, passando a ser disputada por grandes coreógrafos. Ela era então aclamada como a “Maria Callas da dança”. Em 1996, Márcia Haydée resolveu dedicar-se à vida pessoal e hoje vive em uma casa de campo, a quarenta quilômetros de Stuttgart. Contudo, em outubro de 1999, aos sessenta e dois anos, ela voltou a apresentar-se, dançando a peça Tristão e Isolda, com o bailarino brasileiro Ismael Ivo, na Alemanha.

Homenagem à inglesa Margaret Mee, apaixonada pelas orquídeas da Amazônia

Margaret Mee (1909-1988) nasceu em 1909 em Chesham, no condado de Buckingham, na Inglaterra. Quando jovem, frequentou as principais escolas de artes de sua cidade. Em 1952, com seu segundo marido, o artista gráfico Greville Mee, veio a São Paulo visitar sua irmã. Acabaram ficando no Brasil, em 1956, Margaret decidiu embarcar em sua primeira expedição amazônica rumo ao rio Gurupi. A delicada pintora de orquídeas, Margaret Mee, retratou a flora usando técnicas científicas em um contexto artístico. Ela - que completaria, agora, 100 anos de vida - nasceu e morreu na Inglaterra, mas a paixão pela floresta definiu seu último desejo: suas cinzas foram jogadas no Rio Negro. Ela pesquisou, por muitos anos, a

flora da Amazônia, e deixou uma importante e preciosa contribuição ao Brasil, através de suas pinturas e aquarelas. Ela fez expedições ao Pico da Neblina, em 1967, às margens do Rio Negro, e pintou a bela natureza amazônica. Sua residência no Rio de Janeiro ficava na encosta de Mata Atlântica, no bairro de Santa Teresa. Muita obstinação e coragem são atributos que definem parte da personalidade de Margaret Mee, que possuía grande talento artístico, e vivia com tintas e pincéis, à busca da beleza de flores e paisagens. Em 15 viagens à Amazônia, produziu cerca de 450 pinturas da flora tropical, como orquídeas, bromélias e helicônias, entre outras plantas. Parte desse material pode ser visto no novo livro Flores da Floresta Amazônica, que inclui ainda trechos de seus diários, onde em um dos trechos revela a admiração com que observava a natureza. “Entramos na floresta sozinhas, seduzidas por um campo de plantas maravilhosas: pontas brilhantes e vermelhas”... “Margaret sempre buscava modelos que fossem espécimes botânicos representativos ou espécies raras”, revela Malena Barretto, coordenadora do curso de ilustração da Escola Nacional de Botânica Tropical do Rio de Janeiro, que conviveu com a artista por dez anos. “Sua arte, além de encantar pela harmonia de formas e cores, também trouxe significativo avanço à ciência.” Apaixonada pela floresta, em maio de 1988, aos 79 anos, Margaret retornou ao rio Negro. Seu objetivo era pintar a flor-do-luar, espécie de cacto que só floresce à noite e é endêmica na região do arquipélago das Anavilhanas. Margaret Mee morreu em 1988, em um acidente de carro em Leicestershire, na Inglaterra. Um ano depois, seu marido foi ao Amazonas cumprir seu o último desejo: lançar suas cinzas sobre as águas escuras do rio Negro.

Mulheres atletas nos Jogos Olímpicos da Era Moderna, Rio 2016 - Brasil Atletas mulheres e homens disputarão os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, na maior festa do esporte mundial, entre os dias 5 e 21 de agosto de 2016. Os Jogos Olímpicos da Anti-

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guidade não permitiam a participação de mulheres, mas apenas de atletas do sexo masculino, de origem grega, poderiam participar das competições. No final do século XIX, o mundo assistiu aos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, idealizados pelo Barão de Coubertin, permitia a participação de atletas de diversos países. As mulheres puderam participar, há 118 anos, dos jogos olímpicos, em todas as modalidades, a partir do I Congresso Olímpico que foi realizado em 1894, quando foi feira a escolha oficial da cidade. Quatorze séculos depois, Atenas, palco dos Jogos Olímpicos da Antiguidade, receberia os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, no período de 6 a 15 de abril de 1896. O Rio 2016 terá representantes em todas as modalidades esportivas. E nos Jogos Olímpicos de 2016 estarão presentes mulheres e homens em 28 esportes e 38 modalidades olímpicas, com a inclusão de mais dois esportes: Rugby Sevens e Golf.

Espaço da mulher além da Terra – Valentina Vladimirovna Tereshkova

em um total de 71 horas. Depois de Valentina Vladimirovna Tereshkova, outras 58 mulheres astronautas foram ao espaço e orbitarem a Terra.

Algumas mulheres cientistas consagradas no mundo, ao longo dos tempos: - Marie Curie (1867 - 1934) - Física e química polonesa que ficou conhecida por suas contribuições sobre radioatividade. Ganhou o Prêmio Nobel de Física de 1903 e o Prêmio Nobel de Química de 1911, tornando-se a primeira pessoa a conquistar o Nobel duas vezes e em duas áreas diferentes; - Rita Levi-Montalcini (1909 - presente) - Neurologista italiana que recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia/ Medicina de 1986 pelos seus estudos sobre o sistema nervoso; - Rosalind Franklin (1920 - 1958) - Biofísica britânica que foi pioneira em pesquisas de biologia molecular. Ficou conhecida por seu trabalho sobre a difração dos Raios-X; descobriu o formato helicoidal do DNA; - Maria Mayer (1906 - 1972) - Física teórica alemã que ganhou o Prêmio Nobel de Física por suas pesquisas sobre a estrutura do átomo, Jane Goodall (1934) - Primatologista e etóloga britânica, conhecida por suas pesquisas sobre chimpanzés;

Há 53 anos, a russa Valentina Vladimirovna Tereshkova tornou-se a primeira mulher do mundo a ir para o espaço, em 6 de junho de 1963, aos 26 anos. Ela foi e é considerada uma mulher de coragem que foi transformada em heroína nacional, após o sucesso de sua missão. Foi considerada “A maior mulher do Século XX”, pois continua sendo a única mulher a fazer voo solo. Valentina voou na Vostok VI, lançada de Baikonur há 52 anos, (junho de 2015). Ela completou 48 órbitas ao redor do planeta,

- Rachel Carson (1907 - 1967) - Bióloga americana que revolucionou o movimento conservacionista em todo o mundo, publicou estudos sobre o uso de pesticidas; - Mária Telkes (1900 - 1995) - Biofísica húngara que realizou pesquisas sobre energia solar. Ela inventou o gerador e o refrigerador termoelétricos; - Barbara McClintock (1902 - 1992) - Cientista e citogeneticista americana que recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia/Medicina, 1983 pela descoberta da transposição genética;

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- Cecilia Payne-Gaposchkin (1900 - 1979) - Astrônoma inglesa que descobriu que as estrelas são compostas principalmente de Hidrogênio e Hélio. Ela estabeleceu uma classificação para os astros de acordo com suas temperaturas; - Gertrude Elion (1918 - 1999) - Bioquímica e farmacêutica britânica que recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia/Mediciana de 1988, pela criação de novos medicamentos; - Elizabeth Blackwell (1821-1910) - Física americana que se tornou conhecida por ser a primeira mulher a praticar medicina nos Estados Unidos. Fundou a Universidade Médica da Mulher, Mathilde Krim (1926 - presente) - Citogeneticista italiana que realizou diversos estudos sobre vírus causadores de câncer. Foi a responsável pela fundação da Aids Medical Foundation em 1982, que se tornou a amFar (The Foundation for Aids Research), a principal instituição de pesquisa sobre a síndrome, no mundo; - Ida Noddack (1896 - 1978) - Química alemã que teve importante papel na descoberta do elemento Rênio. Foi a primeira cientista a propor a ideia de fissão nuclear;

Mulher, memória da nossa humanidade A mulher é memória sempre viva do mundo. Todas são responsáveis pelo presente e futuro da história da humanidade. E a sua essência sempre foi e continuará sendo algo imutável em todas as eras, milênios, épocas, séculos e décadas, pois carrega consigo, o dom único de ser a geradora de seres humanos. Portanto, que a humanidade por ela gerada possa se tornar cada vez mais justa, pacífica e feliz! “O correr das águas, a passagem das nuvens, o brincar das crianças, o sangue nas veias. Esta é a música de Deus.” [Hermann Hesse]. Obs: Este artigo faz parte dos estudos do Projeto Universidade Planetária do Futuro e do Projeto do livro “Cartas ao futuro – De Mulheres Contemporâneas”, idealizados por Ana Maria Felix Garjan, em 2008, em desenvolvimento. Link do projeto do livro: http://www.lamaisondart-anagarjan.com.br/cf01.htm

Referências bibliográficas: - Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo brasileiro. - CHAUÍ, Marilena e PINÕN, Nelida. Mulheres do Século XXI, Álbum histórico, São Paulo,2001. - PERROT, Michelle. Mulheres Públicas, Editora UNESP – FEU, São Paulo, 1998. - AS MULHERES NA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA, estudos de Margareth Rago. - STIFF, Ruth. Return to the AMAZON, Margaret Mee, Royal Botanic Gardens KEW, London, 1996.

- Emmy Noether (1882 - 1935) - Física e matemática alemã que realizou importantes pesquisas sobre a Teoria dos Anéis e Álgebra Abstrata. Elaborou o Teorema de Noether, que explica as relações entre simetria e as leis de conservação da física teórica; - Christiane Nusslein-Volhard (1942) - Bióloga alemã que recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia/ Medicina de 1995 por suas pesquisas sobre genética embrionária. www.varaldobrasil.com

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VOCÊ SABIA QUE EXISTE O DIA DA MULHER INDÍGENA? O Dia internacional da mulher indígena é comemorado no dia 12 de outubro, que é uma data repleta de significados, em nosso país comemoramos o dia das crianças, o dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira de nosso país e o dia do descobrimento da América.

Nesse último ponto, vale ressaltar que a Floresta Amazônica é referência em treinamento do soldado na selva e muito disso se deve aos índios que compartilharam seus conhecimentos e proporcionaram uma experiência mais proveitosa para os militares.

CULTURA INDÍGENA A cultura indígena em nosso país é muito forte, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde ainda se preservam diversas tribos indígenas. Em algumas áreas de nossa Floresta Amazônica existem ainda algumas tribos que nunca tiveram contato com o homem branco. Isso nos mostra que mesmo depois de mais de 500 anos de ?descobrimento?, da mistura de raças, os índios ainda conseguem preservar seus costumes e particularidades. É importante ainda ressaltar que o povo indígena deu diversas contribuições ao longo de nossa história, podemos citar como exemplo seu vasto conhecimento com ervas medicinais que hoje são uma alternativa muito mais saudável à química dos laboratórios, muitas técnicas de caça também foram aprendidas com os índios, conhecimento dos animais e da floresta.

A importância das mulheres É inegável que ainda existe muito machismo em nosso país, a grande maioria das mulheres já sofreu algum tipo de abuso ao longo da vida, sendo assim é preciso dar sempre destaque à importância da mulher na sociedade. Suas lutas são diárias, seja em casa cuidando da família, seja nas escolas e universidades ou ainda no mercado de trabalho, lutando por seu espaço e por salários dignos e equiparados aos dos homens. Quando falamos em mulheres indígenas, temos que lembrar que dentro da cultura indígena a mulher é muito importante e respeitada, quando o homem branco chegou para tomar o território indígena houve mulheres que lideram tropas contra esses invasores, sendo exemplo de força e de determinação.

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As mulheres precisam ser lembradas diariamente, mas em dias como esses precisamos nos esforçar ainda mais para garantir que toda a sua luta não seja em vão, precisamos valorizar as mulheres em todas as suas diversidades, em todos os momentos, seja ela uma dona de casa que cuida de sua família, seja ela uma estudante, nos bancos universitários, seja ela uma executiva de sucesso que lutou com unhas e dentes para conquistar seu lugar ao sol, seja uma indígena, que ainda preserva sua cultura, que defende seu povo, que permanece imune às tentações do nosso mundo e permanecem firmes em suas convicções ou seja ainda uma mulher indígena, que se aventurou pela selva de pedra, que se adaptou e hoje conquistou seu lugar! O artigo acima é uma reprodução de publicação do site Calendário (http://www.calendariobr.com.br/)

Imagem by Giba Tavares

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NADI POR JACQUELINE AISENMAN

Era uma mulher simples minha avó. Tinha os cabelos escuros e longos e o corpo avantajado e forte. Pisava o chão descalça e não sorria sempre. Seu sorriso vinha dos olhos negros, tão negros quanto os cabelos. Suas mãos hábeis teciam a renda da roupa e da rede de pescar do marido e dos filhos. Suas mãos também faziam o feijão, o pirão e o peixe servidos no alguidar. Um dia, ainda pequena, falei para minha mãe – que tinha dela os traços todos no rosto e no coração – : Como minha vó é linda! – Ela é índia, minha filha. Tem a beleza, valentia e bondade de índia e isto já vem da mãe dela.

Quem chorou por Vitor, o bebê indígena assassinado com uma lâmina enfiada no pescoço? Jornal El País *Referência ao menino indígena que foi assassinado no colo da mãe em Santa Catarina. Fato ignorado pela grande maioria da mídia brasileira.

Levei mais de quarenta anos para entender o que vinha dentro de todas aquelas palavras. Primeiro se foi a avó para o além do horizonte, tecer mais redes para meu avô pescador. Depois se foi a mãe, que com certeza foi ter com eles, a família estando tão grande já naquela mata sem fim que chamam céu. Até o dia em que me olhei no espelho sem querer. Vi os traços de todas as duas em mim. Me descobri bela. Me descobri valente. Me descobri índia!

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A MULHER NA PERSPECTIVA DO MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL Elza Marques da Silva Mariucci

Acadêmica do Curso de Serviço Social do Centro Universitário de Maringá

Ana Patricia Pires Nalesso

Orientadora e Docente do Curso de Serviço Social do Centro Universitário de Maringá

RESUMO: A desigualdade da mulher na perspectiva do trabalho tem raízes nas relações sociais de dominação, reforçando preconceitos e exploração. Segundo Irede Cardoso, compreendem Marx e Engels que “no lar, a mulher é o proletariado e o homem, o burguês”, ou ainda, “a mulher é o proletariado do proletariado”. Atualmente, as concepções neoliberais, a globalização e a reorganização dos processos de trabalho vêm aumentando a pobreza e a exclusão., embora no Brasil o direito ao trabalho como fonte de sobrevivência seja garantido na Constituição Federal de 1988. O presente trabalho tem por objetivo determinar historicamente a inserção da mulher no mercado de trabalho no Brasil. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica e analisaram-se dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na relação mulher e trabalho. O primeiro recenseamento brasileiro (1872) destaca que as mulheres representavam, na época, 45,5% da força de trabalho efetiva da população. Em 1900, a população feminina no mercado de trabalho correspondia a 45,3% da população economicamente ativa no país. No entanto, nos anos de 1920 e 1940 houve redução na porcentagem de mulheres inseridas no mercado de trabalho, a qual foi 15,3% e 15,9%, respectivamente. Sabe-se que em 1940 a lei autorizava o pagamento de 10% a menos

para as mulheres em relação aos homens. A participação feminina no mercado de trabalho, em 1950 e 1970, foi de 14,6% e 16,6%, respectivamente. A partir de 1970, passou a haver maior abertura no mercado de trabalho pelo suposto processo de desenvolvimento econômico e a deterioração dos níveis de renda real nas camadas mais pobres e médias inferiores. Entre 1991 e 1992, a populaçãoocupada feminina cresceu de 38,85 para 43,9% respectivamente.

O grau da escolaridade das mulheres não reverteu em melhoressalários. Dados de 2001 destacam que com até 3 anos de estudo as mulheres ganham 61,5% do rendimento médio dos homens com esse mesmo grau de escolaridade. Mulheres de 11 anos e mais de estudo ganham 57,1% do que ganham os homens dessa faixa. Cerca de 71,3% da população feminina ocupada está concentrada no rendimento de até dois salários-mínimos e somente 9,2% da população feminina ganham mais de cinco salários-mínimos. O percentual de mulheres chefes de domicílio passou de 31,9% em 1992 para 26% em 1999. A proporção de ocupados por sexo e grupo de idade nas faixas de 30 a 40 e 49 anos apontou mulheres em proporções maiores do que os homens: dos 30 aos 39 anos, elas corresponderam a 62% dos ocupados; e dos 40 aos 49 anos, corresponderam a 60,5%. O trabalho está deixando de ser fator de inclusão, solidificando a exclusão e a desigualdade. O aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho pode ter como alguns de seus determinantes a sua maior capacitação, maior escolaridade e a queda de fecundidade.

A divisão dos trabalhos domésticos efetivamente não se modificou. A dupla jornada de trabalho faz parte do cotidiano das mulheres, mantendo-se os padrões de comportamento explorador. A implementação de políticas sociais pode viabilizar a inclu-

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são de toda a população no mercado de trabalho de forma igualitária.

INTRODUÇÃO As discussões sobre a equidade de gênero no Brasil vêm aumentando. Tais discussões buscam contribuir para novas intervenções sociais e a produção de novas políticas públicas que contextualizem e ressignifiquem a questão do trabalho feminino do ponto de vista econômico e social, favorecendo o fortalecimento das organizações de mulheres. As relações de gênero como representações socialmente construídas sobre o masculino e o feminino influem na distribuição de homens e mulheres nos espaços público e privado e se expressam na hierarquização de lugares no interior desses espaços. A desigualdade da mulher na perspectiva do trabalho tem raízes nas relações sociais de dominação, reforçando preconceitos e exploração. Saffioti esclarece que é a ideologia própria do sistema econômico a causadora da situação de discriminação contra a mulher no trabalho. É útil e necessário ao sistema capitalista manter um exército de reserva de mão-de-obra barata, necessário à manutenção do próprio sistema, principalmente quando ocorre crise econômica. O presente estudo tem por objetivo determinar historicamente a inserção da mulher no mercado de trabalho no Brasil. Para o desenvolvimento deste estudo, realizou-se uma pesquisa bibliográfica e também foram analisados dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) relativos à relação mulher e trabalho. Em nossa sociedade, a discriminação da mulher está implícita em sua exclusão no mercado de trabalho, ou, seja, a mulher vem sofrendo a exclusão no mercado de trabalho por estar sob um sistema econômico que flexibilizou as relações de trabalho. Diante de inúmeros dados nacionais e internacionais, buscaram-se dados referentes ao Brasil, por atenderem aos objetivos deste estudo. A construção do marco teórico-conceitual respaldou-se criticamente no estudo da mulher na perspectiva do trabalho e sua relação com as demais instituições, bem como nas conseqüências dessas relações, suas mediações e contradições. Devido ao fato de o estudo estar buscando a determinação histórica da mulher no mercado de trabalho no Brasil, considerou-se o desenvolvimento, a dinâmica

desse processo e sua possível transformação. Utilizaram-se concepções de Marx, Engels, Saffioti, Cardoso e outros. Os dados que mais apareceram foram os do IBGE segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, os quais assim se constituíram em uma pesquisa suplementar. Optou-se, primeiramente, pelo desenvolvimento teórico-conceitual e, em um segundo momento, procedeuse à apresentação dos resultados através de tabelas. Atualmente, as concepções neoliberais, a globalização e a reorganização dos processos de trabalho vêm aumentando a pobreza e a exclusão. Entre os excluídos, as mulheres são as mais atingidas. Muitas vezes, elas são excluídas do emprego formal, dos lugares de decisão, dos benefícios de proteção legal, ficando historicamente à margem da esfera pública, em função de uma desigualdade social implícita constituída como “patrimônio cultural” da sociedade. A redução de investimentos em serviços públicos e equipamentos sociais não permite que seja atendida toda a demanda, que cresce também com a entrada das mulheres no mercado de trabalho. Elas são pressionadas entre a necessidade de inserção no mercado de trabalho e a responsabilidade familiar, que inclui trabalhos domésticos e o cuidado com os filhos e o esposo. Sabe-se que a sociedade brasileira se encontra e sempre esteve em estágio menos avançado no que respeita à sua constituição enquanto sociedade de classes, em relação às nações que integram o núcleo do capitalismo mundial. O Brasil, país periférico, é subsistema do sistema capitalista internacional, só guardando um mínimo de autonomia funcional. Marx destacou que a ideologia é o fator que dá coesão aos

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a discrimin discriminação contra a mulher particulariza-se nas instituições sociais.

A RELAÇÃO ENTRE MULHER, FAMÍLIA E TRABALHO

indivíduos em seus papéis, em suas funções, em suas relações sociais, e que, numa sociedade de classes, ela se exerce sobre a consciência dos explorados, para faze-los aceitar como natural a condição de explorados, e se exerce sobre os membros da classe dominante para permitir-lhes ver como natural sua exploração e dominação. No marxismo, a situação da mulher trabalhadora encontra-se totalmente diluída nos problemas gerais do proletariado, porém Marx e Engels contribuíram para melhorar a compreensão da feminilidade da mulher no século XIX, tanto no plano antropológico quanto no econômico. Engels assinala que na sociedade capitalista o regime familiar está totalmente submetido às relações de propriedade e que nele estão as contradições de classe e a luta de classes que constituem o conteúdo de toda a história escrita até o momento. Mas não é só na família que a mulher receberá cargas de informações que a levarão a desenvolver determinados padrões de comportamento. A situação da mulher em nossa sociedade implica a escola, a religião, a política e - é claro - o trabalho. Segundo a ideologia do momento histórico em que a mulher vive se poderão observar os diferentes desempenhos da mulher no trabalho. Em nível mais complexo, a economia determina o comportamento das instituições e, conseqüentemente, o dos indivíduos. Assim, de modo generalizado,

Conforme Cardoso, Reich considera a família não como alicerce ou base, mas como conseqüência de determinada estrutura econômica da sociedade (família matriarcal, patriarcal, etc.). Apesar de a sexologia conservadora, a moral sexual reacionária e a ordem legal sempre referirem a família como a base do Estado e da sociedade, a única ligação que Reich faz é que a “família compulsória” (ele a chama assim) supõe à existência do Estado autoritário e da sociedade autoritária. Para Reich, o sentido social da família resume-se em três dimensões básicas: a econômica, a social e a política. Argumenta ele que no início do capitalismo a família constituía a unidade econômico-empresarial entre os camponeses e a pequena indústria. Na sociedade autoritária, a família tem a importante função de “proteger” a mulher e os filhos, o que a faz entendêlos como privados dos direitos econômicos e sexuais. No tocante à dimensão política, enquanto na era pré-capitalista da propriedade privada e nos primórdios do capitalismo a economia tinha sua base na família, com o desenvolvimento das forças de produção e da coletivização do processo de trabalho ocorreu uma significativa mudança na instituição familial. A sua base imediata perdeu o significado e teve relação direta e crescente com a incorporação das mulheres no processo de produção. O que se perdeu como base econômica foi substituído pela função política. Reich vê a família como mediadora entre a estrutura econômica da sociedade e sua superestrutura ideológica e, ainda, como envolvida pela atmosfera conservadora, transmitindo não só representações gerais com relação à ordem vigente, mas também moldes de pensamento. Considerando-se a concepção de Engels sobre a família monogâmica, destaca-se que ela se baseia no predomínio do homem, com a função fundamental de procriar. É óbvio que a família monogâmica, por causa de sua rigidez, não existiu nem existe em todos os locais e épocas. Segundo Engels, a “desigualdade legal que herdamos de condições anteriores não é causa,

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e sim, efeito da opressão econômica sobre a mulher”. Para ele, com a família patriarcal monogâmica o governo do lar perdeu seu caráter social e transformou-se em serviço privado. A mulher tornou-se “primeira-criada”. Segundo Irede Cardoso, compreendem Marx e Engels que “no lar a mulher é o proletariado e o homem o burguês”, ou ainda, a mulher é o proletariado do proletariado. Na discussão sobre mulher, família e trabalho não se pode desqualificar o papel dos movimentos feministas. Em 1949 Sandra Duarte de Souza dividiu historicamente o feminismo e permitiu uma melhor compreensão dessa correlação. Para ela o feminismo pode se desdobrar em feminismo liberal, cultural, liberal contemporâneo, socialista, radical e até em ecofeminismo. No feminismo liberal há a busca por direitos das mulheres no final do século XVIII e início doséculo XIX.

Argumentava-se que as mulheres tinham capacidade tanto quanto os homens e, assim, deveriam ter os mesmos direitos que eles. No feminismo cultural, destacou-se que as mulheres do feminismo liberal não destacaram aspectos fundamentais da opressão de que eram vítimas: a religião e o casamento. Em 1893 Matilda Gage apontou que a doutrina cristã é a responsável pela constituição social na qual a mulher era inferior ao homem. A dependência econômica seria o grande fator da subjugação feminina. No feminismo liberal contemporâneo (a partir da década de 1960) há a rediscussão dos papéis das instituições. Já em 1980, Friedan defende que a participação das mulheres na esfera pública não lhes garante seus direitos. Para ela, a questão não é só querer igualarse ao homem, negando características culturais femininas. Assim, as feministas liberais retomam o discurso das culturais e salientam o aspecto jurídico para o pleno progresso da mulher na sociedade. O feminismo socialista questiona o sistema social, enfatizando que esse precisa ser transformado, visto que há uma profunda relação

entre a opressão da mulher e a opressão econômica. Reforça a concepção de que o sexismo é necessário para o bom funcionamento do capitalismo, que é sustentado pelo trabalho gratuito da mulher em casa. O feminismo radical critica veementemente o patriarcalismo. Assim, o casamento é o responsável pela manutenção da opressão feminina. Segundo Souza (1944), para Firestone, a idéia do amor romântico anestesia a ação política da mulher, mantendo-a em função do homem. “Enquanto este se dedica à criação intelectual, a mulher se dedica a ele para que sua criação seja possível, pois ela se vê como uma extensão do mesmo” (CADERNO IHU IDÉIAS, 2003, p. 4). O ecofeminismo destaca que é impossível falar em dominação da mulher sem discutir a dominação da natureza.

A RELAÇÃO MULHER, IGREJA E TRABALHO Historicamente, o papel da Igreja tem sido o de manter a mulher como mãe e dona de casa, levando-a a uma desvantagem social e à discriminação. É fato que a doutrina social da Igreja vem reforçando o papel da sujeição da mulher ao homem no casamento. A Igreja defende sua indissociabilidade, ressaltando a maternidade como uma das funções mais importantes da mulher na sociedade. Cumpre destacar alguns trechos de documentos papais. Em 1891 Leão XIII, na Resum Novarum, destacava: Trabalhos há também que não se adaptam tanto à mulher, a qual, por natureza, destina-se, de preferência, aos arranjos domésticos que, de outro lado, salvaguardam admiravelmente a honestidade sexual, correspondendo melhor, pela própria natureza ao que pede a boa educação e a prosperidade da família (CARDOSO, p. 42).

Em 1931, Pio XI, no documento Quadragésimo Anno, destaca: ...é uma iniqüidade abusar da idade infantil ou da fraqueza feminina. As mães de família devem trabalhar em casa ou na vizinhança dando-se aos cuidados domésticos. É um terrível abuso que deve a todo custo cessar, o de as obrigar, por causa da mesquinhez do salário paterno, a ganhar a vida fora das paredes domésticas, descuidando os zelos

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e deveres próprios e, sobretudo, a educação dos filhos (CARDOSO, p. 42).

Em 1943, Pio XII segue a mesma linha de pensamento, relacionando os deveres das mulheres segundo as peculiaridades do seu sexo. Pio XII condenou o trabalho remunerado da mulher por ser “danoso, desmoralizador” à família e à própria mulher. Em 1961, João XXIII também reforçou que a mulher deve manter-se no lar sempre que ela puder, materialmente falando-se; mas também destaca a percepção de que a mulher se torna cada vez mais consciente de sua dignidade humana, reivindicando seus direitos na vida familiar e social. João Paulo II condenou uma maior participação da mulher dentro da Igreja. Saffioti enfatiza a posição da Igreja: Na questão feminina a Igreja Católica reflete, de um lado, uma doutrina religiosa na qual a mulher sempre figurou como um ser secundário e suspeito e, de outro, seus interesses investidos na ordem vigente nas sociedades de classes. Nesse sentido, o comportamento da Igreja não tem diferido basicamente da atuação dos demais grupos empenhados na preservação do status quo capitalista. Como estes, a Igreja tem evidenciado um esforço de refinamento das tendências sociais conducentes a manter, embora disfarçadamente, a mulher subalterna ao homem. As encíclicas das últimas décadas e outros pronunciamentos papais atestam que a percepção do problema da mulher por parte da Igreja Católica vincula-se aos dois elementos acima assinalados.

Segundo Irede Cardoso, Saffioti entende que a Igreja Católica dificulta a integração da mulher na sociedade capitalista para retardar o processo de conquista de um estágio superior de organização social. Assim, a figura da mulher representa a resistência à mudança sociocultural, mantendo essa estrutura social pela mistificação da consciência feminina.

A RELAÇÃO MULHER, EDUCAÇÃO E TRABALHO O conservadorismo nas sociedades capitalistas imprime a manutenção e reprodução das condições vigentes na sociedade. Conforme Irede Cardoso, Rossi vê o Estado moderno como instrumento da classe domi-

nante, garantindo assim a manutenção e a reprodução das condições de sua dominação. Isso é feito pelo aparelho jurídico-repressivo. A classe dominante impõe uma dominação policial à classe trabalhadora e reforça a sua hegemonia ideológica. É na escola, segundo Rossi, que se transfere a cultura entre gerações, preparando melhor o individuo para se enquadrar nas exigências sociais vigentes. Em Irede Cardoso, no livro Mulher e Trabalho, o professor Maurício Tragtenberg destaca: Colocar a educação como um fator de redistribuição de renda, se não for de má fé, é desconhecer que a distribuição é determinada pelo modo de produção; se este, por sua natureza, concentra renda na classe proprietária, a ausência de pressões sociais em contrário, acompanhá-lo-á indefectivelmente (CARDOSO, p. 45).

Tragtenberg também esclarece que a educação cria condições para melhor aproveitamento, pelo capital, da mão-de-obra mais qualificada e disposta a aceitar para sempre a hierarquia controladora. Conforme Irede Cardoso, Rossi compreende a escola autoritária tradicional como eliminadora do pensamento crítico, relacionando suas práticas com os procedimentos da família tradicional (dominação autoritária dos pais sobre os filhos, do marido sobre a mulher, etc.) e da sociedade de classes (dominação das classes econômica e politicamente fortes sobre as classes pobres, repressão religiosa, repressão política sobre qualquer forma de dissidência, etc.). Incute-se no trabalhador a competitividade e a meritocracia, que garante a vitória aos mais capazes, por uma “triagem justa”. Para Rossi, o dominado não questionará a ordem vigente, mas aderirá a ela, principalmente, pela dedicação à escola. Dizer que quem tem mais escolaridade ganha mais é uma afirmação simplista. A educação é apenas um instrumento de progressoindividual. Rossi destaca que o sistema exagerou no contingente do exército de reserva e que a oferta exagerada de mão-deobra qualificada leva à desvalorização dessa mão-de-obra. Inúmeras pesquisas têm destacado que o esforço da mulher em se aperfeiçoar educacionalmente não tem se refletido em maior remuneração. Interessante a observação de que o comportamento da taxa de atividade por anos de estudo cresce

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à medida que aumenta a escolaridade. Assim, pode-se destacar que uma população mais escolarizada tem maiores chances de se inserir no mercado de trabalho. Porém, está óbvio que uma escolaridade mais avançada não garante a ninguém sua permanência no mercado de trabalho, visto que o desemprego tem sido maior na população mais instruída. A maior escolaridade das mulheres não se traduz em uma entrada mais fácil no mercado de trabalho, tanto que as mulheres têm sofrido maior taxa de desemprego que os homens. O perfil da escolaridade das mulheres que trabalham é diferente do padrão masculino. Em 2001, enquanto a maior parte dos homens ocupados tinha até sete anos de estudo, a proporção de mulheres inseridas no mercado de trabalho com esta faixa de escolaridade era menor. Mais de um terço das mulheres que trabalhavam tinha onze anos ou mais de estudo. Somente no Nordeste a proporção de mulheres com pelo menos onze anos de estudo não alcança um terço, mas mesmo nesse caso é bastante superior à proporção de homens com esse nível de escolaridade. Em média, as mulheres ocupadas ganham menos que os homens ocupados em todas as faixas de escolaridade. Também se observa que a desigualdade de rendimentos entre os sexos se mantém tanto nos grupos menosescolarizados quanto nos mais escolarizados. Na realidade, o mercado substituiu a mão-de-obra masculina com menor escolaridade por mulheres com melhor nível de educação formal, mas com menores salários.

CONCLUSÃO O trabalho está deixando de ser fator de inclusão, solidificando a exclusão e a desigualdade. O neoliberalismo, a globalização, a flexibilização e a preconização do trabalho vêm reforçando a exclusão da mulher do mercado de trabalho. O trabalho igual ao dos homens não dá certeza de salário igual. O aumento da população economicamente ativa feminina vem servir ao sistema econômico vigente, que vê na mulher um exército de reserva de mão-de-obra barata. Para esse aumento no mercado de trabalho são determinantes a sua maior capacitação, maior escolaridade e a queda de fecundidade. A divisão do trabalho doméstico, efetivamente, não se modificou. A dupla jornada de trabalho faz parte do cotidiano das mulheres, mantendo os

padrões de comportamento explorador. A alteração da divisão de trabalho no espaço familiar é ponto de inflexão na reformulação nas relações de gênero em nossa sociedade. O trabalho feminino ainda é visto como secundário, complementar, é entendido como “subsídio”. Os discursos governamentais e empresariais sobre a baixa escolaridade dos trabalhadores são só retórica vazia. Os empresários se queixam da baixa escolaridade dos trabalhadores, mas se sentem no direito de reduzir salários de mão-de-obra mais escolarizada quando estes se referem a mulheres. O acesso à educação formal pelas mulheres nas áreas tecnológicas, nas ciências da saúde e nas ciências sociais resulta na feminização de determinadas atividades. A atuação da mulher até pode ser um pouco reconhecida, mas a implementação de políticas sociais viabiliza a promoção da inclusão de toda a população de forma igualitária. No Brasil, o direito ao trabalho como fonte de sobrevivência é garantido na Constituição Federal de 1988; no entanto, como bem observa Gilberto Dimenstein, “ainda somos cidadãos de papel”.

REFERÊNCIAS CARDOSO, Irede A. Mulher e trabalho. São Paulo: Cortez, [s. d.]. DIMENSTEIN, Gilberto. O cidadão de papel. São Paulo: Ática, [s.d.]. ENGELS, F. A origem da família, da propriedade e do Estado. Brasília: Civilização Brasileira, [s. d.]. ESTUDOS E PESQUISAS. Informação demográfica e socioeconômica. Síntese de indicadores sociais. 2002. \ IBGE, Departamento de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro:IBGE, 2003. LIMA, Maria E. Bezerra (org.). Um debate crítico a partir dofeminismo: reestruturação produtiva, reprodução e gênero. São Paulo: CUT, 2002. REVISTA. Macha mundial das mulheres no Brasil. SOFSempreviva Organização Feminista, 2003. REVISTA. O futuro do trabalho na sociedade brasileira. São Paulo: Chevalier, 2001. SAFFIOTI, H. I. B. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. São Paulo: Vozes, 1976. Este é um trabalho que foi publicado em 2006 no site: http://periodicos.unicesumar.edu.br/ Iniciação Científica Cesumar - Maringá (PR), Brasil

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INFLUÊNCIA DA MODA NA DITADURA DA BELEZA FEMININA Autora: Caroline Freiberger Caron Instituição de Ensino: Faculdade de Tecnologia Senai Blumenau / Parceira Senai – CIETEP Professor orientador: Roberto Keller Este artigo está publicado no link abaixo:

http://www.fiepr.org.br/nospodemosparana/uploadAddress/moda%5B24229%5D.pdf

RESUMO O artigo trata da relação que a mulher contemporânea tem com o seu corpo, pautada na imposição da mídia e da chamada ditadura da beleza. Analisa como os meios de comunicação trabalham com a imagem da mulher, projetando o ideal de juventude e beleza. Este artigo analisou um dos pilares da indústria da beleza: a moda, através da interação e da criação de arquétipos da beleza na sociedade.

INTRODUÇÃO A indústria da moda esteve durante muitos anos focada apenas na produção de conceitos, estilos e roupas. A ostentação e o luxo imperaram como sendo os únicos adjetivos que desfilavam nas passarelas de moda. O padrão inatingível de beleza feminino difundido nos meios de comunicação e na moda tem, como em nenhuma outra época, construído estereótipos de mulheres que são inatingíveis para a maioria das consumidoras. É uma espécie de tirania a que pauta os bens de consumo no uso do corpo feminino. Dentro do conceito da beleza feminina existe uma medida atípica com base no que se pode chamar de beleza sustentável. Quando o “ser belo” deixa de ser a perseguição pelo padrão, para se tornar o sentir-se belo, aceitando-se, conhecer as características do próprio corpo, ter identidade e personalidade e buscar, conti-

nuamente, a saúde e o bem-estar. A valorização das imagens trouxe uma expansão da beleza estética em diversas áreas da atividade humana. Mas, na área da construção da auto-imagem e da relação do ser humano diante do outro, o problema acabou afetando drasticamente a saúde emocional e as relações humanas e sociais.

JUSTIFICATIVA O corpo é o que pode ser interpretado como veículo de acesso e de integração do sujeito com o mundo. É ele, portanto que personifica e torna a presença de si com o mundo e que estabelece uma significação com o outro. O “outro” propriamente dito, pode ser referido como sujeito “fora” do “eu”, como um desdobramento do próprio “eu”. Esse desdobramento pode-se entender então como a busca da consciência de si mesmo, do entendimento do eu e do auto-conhecimento: do “olhar para dentro de si”, e ver a imagem que o corpo forma nos olhos do mundo e da sociedade. Cabe agora questionar, propor enigmas, fazer pensar e desembrutecer o olhar saturado pela reprodução de imagens. Vestir-se para o olho, como diz Marshall McLuhan. Os expectadores e consumidores, também contribuem inconscientemente para sustentar o valor das imagens. A aceitação passiva de tudo o que existe pode juntar-se a revolta puramente espetacular: isso mostra que a própria insatisfação se tornou mercadoria.

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“A depressão é feia”, resume a psicanalista Esther Woiler. “A auto-imagem é uma construção de base emocional. O modo como você está se percebendo emocionalmente pode distorcer a sua imagem corporal”. E o fato de que muitas mulheres atualmente estão insatisfeitas com os seus corpos é uma demonstração de que a estratégia da indústria da beleza funcionou. Apesar do movimento feminista, a mídia dirigida às mulheres ainda constrói mensagens de: “feche a boca, faça uma plástica e vá malhar”, reforçando ainda mais o papel de ser bela socialmente. Ou jogam com as inseguranças e incertezas humanas, projetando ideais impossíveis de juventude e beleza (que será conquistada graças à indústria cosmética, estética e da moda).

MODA E EXPRESSÃO CULTURAL A moda é uma expressão cultural e roupa é distinção. A roupa destaca, inclui e exclui dentro de um grupo e sociedade. Uma das abordagens que mostra a moda enquanto manifestação simbólica diz respeito ao caráter revelador sugerido pela indumentária: o vestuário segunda pele. A noção de que a roupa revela algo de muito de quem a veste é de conhecimento geral. Nesse caso, a indumentária teria a capacidade de fazer transparecer a personalidade, o “eu” interior de cada um. (RENATA). Mas o seu avesso também mostra outros significados. Umberto Eco escreveu que “o hábito nem sempre fala pelo monge”. Em muitas situações a roupa, ao invés de tornar transparente, esconde, camufla, engana, transforma-se em um escudo. Utilizar-se de determinados trajes funciona em alguns indivíduos como uma “falsificação” do “eu”. Não se deixa ver o que se é, mas sim o que se gostaria de ser. Fabrica-se, desse modo, através do vestuário, um ser ideal, objeto de desejo que supostamente vai ser bem acolhido por todos. (RENATA). De acordo com Renata: Situar-se nesse horizonte individual, que diz respeito ao modo como a moda pode traduzir o comportamento psicológico do homem, ser espelho de seus hábitos e gostos, parece ser ainda redutor. É preciso elastecer a visada e olhar o fenômeno moda de forma mais abrangente. Arriscar a

afirmação de que a indumentária pode ser ensada enquanto indicativo de uma forma de estar no mundo e mais, elemento de expressão de grupos, ou mesmo de uma sociedade, e por que não, de uma época.

A MODA A moda é percebida e mostrada como expressão do desejo do novo, expressada pelas mudanças e transformações que desconstroem os velhos hábitos, buscando novas formasestéticas, experimentais e inovadoras para o estabelecimento de novas possibilidades de identificação. Para ser moda, deve ser usado e copiado por muitos. De acordo com Marie T. Martin: A moda é uma expressão cultural. Uma linguagem. Os tecidos, os cortes, as cores, os adereços, os arranjos são signos que identificam grupos sociais, valores, modos de ser. Claro que, como quase tudo em nossa sociedade capitalista – música, teatro, cinema, exposições artísticas etc. – a moda também faz parte da ciranda do consumo.

A moda é linguagem. Através das roupas pode-se fazer leituras que se mostram por signos e significados, vistos nas relações interpessoais que a pessoa trava no seu cotidiano. (BARNARD, 2003). A utilização da roupa é determinada por questões culturais, temporais, pelos valores de uma sociedade, por seus mitos, crenças e produção intelectual. Da mesma forma o corpo, tem sua aparência pautada determinada pela cultura. Sant’Anna afirma que “toda aparência constrói significados próprios ao grupo que a constituiu” (2003:77). Entendida como agente histórico, a estética participa da criação de sentidos, que por sua vez interagem nas relações humanas fundamentando identidades. Lipovetsky (2005) coloca que “o mistério da moda está aí, na unicidade do fenômeno, na emergência e na instalação de seu reino no Ocidente moderno, e em nenhuma outra parte”.

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De acordo com o Wikipédia: Moda é a tendência de consumo da atualidade. A moda é composta de diversos estilos que podem ter sido influenciados sob diversos aspectos. Acompanha o vestuário e o tempo, que se integra ao simples uso das roupas no dia-a-dia. É uma forma passageira e facilmente mutável de se comportar e sobretudo de se vestir ou pentear. A moda é abordada como um fenômeno sociocultural que expressa os valores da sociedade - usos, hábitos e costumes - em um determinado momento.

A MODA E O CORPO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA A moda se expressa nos corpos não só através das formas, cores e texturas dos tecidos, mas também pelos significados intrínsecos condicionados pela sociedade. Ela relaciona os indivíduos entre si e constrói identidades. Por isso que é possível ler, através da moda de uma época, como são pensados os indivíduos, suas relações, como se articulam os gêneros e as sexualidades e as classes sociais. De acordo com Costa (2004): (...) existe uma angústia frente às perdas dos valores, uma perplexidade que marca nossa conduta, que se contrapõem aos ideais de justiça do Iluminismo e aos ideais de auto realização do romantismo filosófico e literário. O mundo estaria dividido entre esses valores a serem preservados e a moral do espetáculo, em que a imagem do corpo é o centro das atenções. É justamente nesse contexto que o corpo – como sede das sensações e como centro das ações motoras – sofre um desequilíbrio. Os sintomas corporais resultam do conflito entre, de um lado, incorporar e manter a imagem narcísica propagada pela mídia e, de outro, manter o sentimento de continnuidade.

Assim sendo, as pessoas acreditam por um lado, que são o que a produção econômica diz que se é, e por outro lado, existe a crença nos sentimentos, espiritualidade, onde as pessoas devem ser rotegidas dos objetos materiais. E com a espetacularização do corpo, falta espaço para os sentimentos. A conseqüência disso são os distúrbios alimentares, o fisioculturismo compulsivo vigorexia), as cirurgias estéticas e as ansiedades tais como síndrome do pânico, fobias sociais. O corpo é o centro das atenções, e os transtornos deixaram de ser íntimos. (TONELLI, 2005). A moda está ligada diretamente na construção do corpo, e ela sempre foi definida de acordo com o contexto de cada época. A grande sedução da moda é a sua mutabilidade, diz Lima (2002). A construção da aparência envolve conceitos e práticas culturais corporificadas através de armações, estruturas e materiais. Assim o corpo sempre estará se moldando, ajustando-se a moda e ao padrão que ela determina em cada época. Novaes (2002), coloca que: No palco da cultura, à mercê de seus signos, o corpo ultrapassa os limites do biológico (...) o imaginário cultural engendra gestos, posturas, hábitos, vícios, expressões, enfim, toda uma cartografia corporal que insere e reconhece o sujeito como membro de um grupo social – e qual seria, na cultura atual, um dos maiores símbolos de inserção ? A MODA ! Da moda do corpo ao corpo da moda, o corpo natural se desnaturaliza ao entrar em cena, às vezes conforme as exigências impostas a ele pelos modelos vigentes (...) mas esse corpo não é apenas passivo, ele transgride, cria, rebela-se – porque fala.

RYKIEL citada por MIRKIN (2001) acrescenta: A roupa não tem vida, não tem força, é um objeto. A mulher usa esse objeto como umarepresentação. Ele simboliza a impressão que uma mulher quer dar de si mesma, mas é o corpo dela que atua. É o corpo que a fará misteriosa, estranha ou sedutora.

O corpo torna-se a tela ideal para a auto expressão do sujeito, no qual o indivíduo pode remodelá-lo, manipulá-lo e gerenciá-lo. Os limites para até onde se pode ir, se expressar através do corpo (design físico) são cada vez mais amplos e inovadores. A moda é uma forma de extensão visual do ser humano, desperta desejos e os www.varaldobrasil.com

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demonstra de diversas formas. De acordo com Hollander (1993) e Polhemus (1996), “vestir é o que as pessoas fazem com seus corpos para manter, gerenciar ou alterar a aparência”. Garcia (2002) coloca com isso que a roupa é um dos elementos mais fáceis de se negociar com o imaginário. Lipovetsky (1989) citado por Garcia (....): A moda não foi somente um palco de apreciação do espetáculo dos outros; desencadeou, ao mesmo tempo, um investimento de si, uma auto – observação estética sem nenhum precedente. A moda tem ligação com p prazer de ver, mas também com o prazer de ser visto, de exibir-se ao olhar do outro.

O indivíduo veste a “pele social”, no sentido de simbologia, que ele altera conforme o seu grau de socialização, o personagem social que ele quer incorporar. “O corpo assume o controle sobre a sua folhagem, não mais temporária ou ditada por padrões de beleza impostos”. (Garcia, 2002). Assim explica-se o porquê do uso de uma mesma arquitetura de vestimenta por meio de um grupo de pessoas, trata-se de um sistema de vínculo. Diferente de roupas, acessórios e cosméticos – que podem ser eliminados facilmente – marcas no corpo fornecem perenidade a esse caleidoscópio de significações que imprimimos na aparência. Interferências na silhueta funcionam como apólice de seguro de valores pessoas num mundo onde tudo varia em bits, tão rapidamente quanto mensagens pela internet, e através delas é possível expressar individualidade, fé, status, vivência e vontade: elementos cuja presença é crucial na cultura da imagem, repleta de falsificações. A ação de decorar, ornamentar, vestir e revestir a pele com adornos, pode ser

ntendida como um exercício constante de percepção em relação ao universo cultural ao qual o ser humano se insere, ao mesmo tempo que exprime a necessidade de se mostrar ao outro como belo e sexualmente atrativo. A partir do final dos anos 90 as esferas do corpo e da moda se encontram e assumem sua popularidade através das mídias de massa, onde a moda se infiltra e influencia no imaginário coletivo. Balsamo (1998) coloca que o corpo humano alcançou tamanha visibilidade que mesmo seus órgãos internos estão continuamente expostos. Cirurgia restauradora ou cosmética, colocação de próteses, branding, mudança de sexo, entre outras práticas, reesculpem-se no tecnologicamente para que este se aproxime de uma concepção do ideal, não do original. De acordo com Hollander (1993) citado por Garcia (2002): “o simples ato de consultar o espelho pressupõe algum desejo de criar uma imagem, de preencher a moldura”

A POLÍTICA DO CORPO A manipulação estética do corpo mostra o mesmo sendo construído por meios de técnicas e tecnologias: ginástica, musculação, modelagem por implantes, enxertos, cirurgias plásticas e etc. O padrão inatingível de beleza feminino difundido nos meios de comunicação tem, como em nenhuma outra época, construído estereótipos de mulheres que são inatingíveis para a maioria das consumidoras. É uma espécie de tirania a que pauta os bens de consumo no uso do corpo feminino. A valorização das imagens trouxe uma expansão da beleza estética em diversas áreas da atividade humana. Mas, na área da construção da auto-imagem e da relação do ser humano diante do outro, o problema acabou afetando drasticamente a saúde emocional e as relações humanas e sociais. De acordo com Sant`Anna (2002): É preciso trabalhar constantemente sobre o próprio corpo, e não apenas sobre o que o cobre. Pois a liberdade de fazê-lo, conquistada por inúmeras mulheres, vem acompanhada do dever de ser autêntica. Agora, no lugar de fingir ser bela ou jovem por um tempo limitado do dia, será exigido e desejado que a mulher o seja, de fato: e não apenas para o homem amado, mas para ela mesma e para o aumento de sua auto-estima.

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Assim a moda colocou essa tendência em roupas, que devem constituir uma parte da subjetividade de cada pessoa, confundindo-se com “o seu jeito de ser”. As aparências e tornam-se uma espécie de atestado do estado subjetivo de cada mulher: como se uma personalidade à flor da pele começasse a ser incessantemente afirmada. Como se fosse pelo corpo e não mais pela alma que as pessoas pudessem expressar o melhor e o pior delas mesmas. Como se o corpo tivesse se tornado tão importante e radioso quanto um dia foi o espírito, algo que com ele devesse ser salvo, mas não em outra vida, mas sim nessa, todos os dias, sem cessar...” Sant`Anna (2002). Essa “salvação do corpo” diária conta com o crescimento da indústria da estética, que reúne embelezamento, saúde e moda. Diante dela, ão há apenas o risco de reduzir as potencialidade de cada indivíduo a uma suposta ditadura das modas, nem unicamente o perigo de não conseguir liberar os próprios desejos e, em suma, de valorizar o próprio corpo. Sant`Anna (2002). José Gil (1988), filósofo português, refere-se ao corpo enquanto uma “infralíngua” em comunicação com o mundo. É a luz da noção de corpo, este como sendo algo que transcende a linguagem e nos serve de canal de comunicação com o mundo. É esse corpo que “fala” que é também uma forma para investigação e questionamento. Então quando a mulher veste um vestido mais ousado ou colante ela pode estar transmi-

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tindo sem saber a mensagem de que o corpo é seu único patrimônio de valor ou de que a única coisa em que está interessada é um encontro sexual. Portanto, a imagem de uma pessoa sedutora é uma faca de dois gumes: um lado atrai atenção, e do outro, o significado implícito do corpo como um “bem”, um atributo mais importante que a própria inteligência. “Uma imagem sem nenhum pudor vai fazer as cabeças se virarem, mas é esse de fato o tipo de reconhecimento que se deseja?”. (MIRKIN, 2001). As roupas constituem um passaporte para uma sociedade em que as mulheres são julgadas de acordo com códigos particulares de comportamento e vestimenta. Muitas mulheres sentem que uma imagem vulgar, abertamente sexual, denigre não apenas a usuária daquela vestimenta, mas todas as mulheres, já que esta aparência personifica um antigo estereótipo da mulher: a prostituição. Mirkin (2001), coloca em seu livro “O código do vestir” um estudo da Universidade de Misouri (EUA), onde foi comparado as reações de 20 homens e 20 mulheres que classificaram o grau de atração perante as fotos de uma modelo vestida em trajes provocantes e em trajes “normais”. Assim os avaliadores observaram uma série de fotografias onde as modelos apareciam com camiseta sobre o sutiã, na outra camiseta molhada sem sutiã, outra camisa abotoada outra foto com a camisa desabotoada até o meio. Transcrevendo as palavras de Mirkin (2001): “Surpreendentemente, quando olharam as fotografias das modelos de roupa deliberadamente provocante, os homens não percebiam acréscimo na capacidade de atração da mulher e as mulheres percebiam decréscimo.” Além disso, diversos impasses vividos atualmente diante do direito e do dever de adquirir um corpo cada vez mais jovem, belo, saudável e livre não são exatamente de ordem moral (como se parecer com uma prostituta, por exemplo). Dentro ou fora da moda, fazendo cirurgias plásticas ou aderindo às práticas consideradas as mais naturais e menos espirituais em favor do bem estar físico, somos diariamente confrontados com a dificuldade em distinguir aquilo que favorece o que se tem de melhor e aquilo que as enfraquece. (explicar isso). Sant`Anna (2002). Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica que coloca o Brasil como vice-campeão em cirurgias plásticas no mundo. A insatisfação das mulheres perante o próprio

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corpo e o seu desenvolvimento natural – viciadas em uma imagem irreal que lhes é imposta pela publicidade, pela moda, pela indústria cosmética e ideologia dominante, as mulheres de há 10 anos (como as de hoje) vivem insatisfeitas com as suas proporções harmoniosas (grotescas quando comparadas com as silhuetas subnutridas de modelos e atrizes cujos corpos em média apresentam valores inferiores em 25% ao que seria natural e saudável num corpo feminino). É o “Mito da Beleza”, conforme denominou Naomi WOLF: Se o mito se tornou uma religião é porque nós mulheres, sentimos falta de rituais que nos incluam; se se tornou num sistema econômico, é porque ainda recebemos salários injustos; se passou a ser sinônimo de sexualidade, é porque a sexualidade feminina é ainda um continente desconhecido; se se traduz numa guerra, é porque não nos são negados os meios de nos vermos como heroínas, intrépidas, estóicas e rebeldes; se corresponde a cultura das 9 mulheres, é porque a cultura dos homens ainda nos oferece resistência. Quando reconhecermos que o mito se tornou poderoso porque se apossou de tudo o que havia de melhor na consciência feminina, podemos voltar-lhe as costas para observarmos com clareza tudo o quanto este têm vindo atentar substituir. (WOLF, 1994, p.280).

Segundo Coelho (1995), “é brincando de bonecas que a menina substitui a mãe e efetua através da sua boneca, com a qual se identifica, a confirmação narcísica que incumbiria à mãe”. Assim quando a boneca Barbie, com dimensões

corporais completamente irreais, é a companheira que se torna objeto do amor infantil, uma substituição gerada pela ausência, e esta ausência cria uma busca e um desejo de suprir o que não se tem. E esta busca abre o vazio emocional, preenchido pela necessidade de manter a aparência conforme os padrões, para então se sentir amada. É a “compensação estética”, de acordo com Coelho (1995). A humanidade sempre teve a preocupação em adornar e idolatrar o corpo. Mas o culto ao corpo super magro difundido pela mídia está gerando uma psicose coletiva que assassina a auto-estima e a auto-imagem de crianças e dultos, inclusive dos homens. Incentivando e disseminado a síndrome do PIB: padrão inatingível de beleza. Onde a imagem feminina é moldada artificialmente para ser admirada. É o império do espetáculo, do falseamento. Então, a subjetividade é recalcada e retorna na forma de angústia, de depressão e de tantas outras doenças contemporâneas. O ideal, como o termo já diz é inatingível. Perseguí-lo é uma lógica suicida. Além de estimular a busca paranóica pelo padrão inatingível de beleza que expande a ansiedade, que por sua vez é projetada na necessidade de consumir o corpo como objeto. Como explica LIMA (2002, p.42): Em nome da aparência, peca-se pelo excesso, embora haja uma consciência coletiva da importância da saúde. Entretanto na realidade, o que se verifica é que muitos extrapolam seus próprios limites, comprometendo o desejo de uma vida que se considera “saudável” (...) Há sempre uma incessante busca pelo bem estar em sua maioria, mas com um alto nível de dependência ligado ao compromisso de manter-se sempre jovem, bonita e saudável. Os meios de comunicação dão uma espécie de certificado ao valorizarem esta atitude com a massificação do uso da imagem e da venda exagerada de revistas que só tratam do assunto.

O marketing promove a experimentação de diversos produtos no cotidiano das pessoas (vide os espaços públicos invadidos pela divulgação de produto ou serviço). È difícil de acreditar que uma empresa realmente tenham slogans como “a felicidade é o maior segredo de beleza”, Querer mostrar um mundo perfeito, com final feliz. Querer que acredita que esse mundo perfeito existe e, ao alcance de todos, mas como eles (os meios de comunicação) mostram. São

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DOENÇAS DO CORPO Com as pressões que o corpo sofre para estar em forma e nos moldes que a mídia projeta, os transtornos deixaram de ser íntimos: distúrbios alimentares, vigorexia(fisioculturismo excessivo), cirurgias estáticas e ansiedades de exposição (síndrome do pânico e fobias sociais). De acordo com Garcia (2002) “o corpo é o centro das atenções e, justamente por isso, os transtornos deixaram de ser íntimos. A alma e o sujeito psicológico desaparecem, e os transtornos passam a ser do copo, da percepção da imagem (...)” No ano de 2007, a médica pediatra Ana Elisa Ribeiro Fernandes, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), realizou um estudo que analisou 1.183 alunos de 6 a 18 anos, matriculados no ensino fundamental e médio de 20 escolas em Belo Horizonte, apontou que a maioria dos estudantes apresenta insatisfação com o próprio corpo (situação que não se altera com a idade). Dos alunos entrevistados, 62,6% estavam insatisfeitos com o próprio corpo, embora mais de 80% do total estivesse dentro do peso normal. Cerca de 34% gostariam de ser mais magros e 29% de ganhar peso. Entre os insatisfeitos, 32% eram homens e 30,6% mulheres. (ROMERO, 2007). “O que mais chama a atenção é que não houve diferenças estatísticas significativas de acordo

com a idade. O nível de insatisfação corporal foi praticamente o mesmo entre as crianças de 6 anos e os adolescentes de 18 anos”, disse a médica Ana Elisa. (ROMERO, 2007).

ESTILO ANTIMODA Adotar um estilo anti moda é uma forma de a mulher poder se revoltar contra as regras da indústria da moda e da sociedade em geral. Como que um retorno à adolescência, época em que é normal buscar aprovação dos semelhantes e lutar para se “encaixar” no grupo. Nesse estágio da vida, a identidade e a personalidade de uma jovem mulher ainda não estão plenamente desenvolvidas e sua associação com os colegas sustenta seu sentido de identidade. Infelizmente, muitas mulheres permanecem, sob o ponto de vista emocional, subdesenvolvidas mesmo depois de atingirem a idade adulta. Continuam precisando desesperadamente de aprovação externa, e estar na moda parece ser uma maneira de conseguir isso. A mulher deve se sentir bem dentro da roupa. Como pode se sentir atraente se o botão da calça está a ponto de estourar ? em sua compulsão de estar correta, em termos de moda, só consegue parecer tola e chamar atenção para sua incapacidade de julgamento. Não é novidade que a cultura atual está voltada para a juventude, o que coloca as mulheres em um estágio de vida diferente daquele em que elas estão. Os psicólogos chama isso de “des-

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as propagandas do tipo “seja você mesma” que conquistam as consumidores comuns, ao mesmo tempo tem todo um conjunto de leis dizendo: “seja você mesma, desde que seja assim...”. É diferente dos períodos anteriores onde sociedades tribais em que papéis de homens e mulheres eram definidos e aceitos. A mulher atual pode (e não pode) ser tudo. A moda sempre esteve ligada a construção do corpo, que sempre foi definido conforme a estética de cada época. O que se mostrou intrigante a partir da década de 90 foi o número de pessoas que passaram a desenvolver doenças de fundo nervoso em prol da estética em evidência. Assim como no passado as mulheres estavam imóveis por um espartilho, hoje elas estão aprisionadas na própria aparência que, permeando entre o imaginário e o real, a liberdade de escolher como o corpo deve parecer está cada vez mais tolhida e mais incentivado em “não ser, mas sim parecer”.

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continuidade do desenvolvimento”. Talvez porque a definição de mulher atraente seja muito estreita, todas as mulheres tentam parecer ter vinte anos, tenham elas sessenta ou dez.” Esse fenômeno é em parte produzido pela mídia. O ideal feminino é a mulher de 20 anos de idade, magra e branca. As mulheres são induzidas a acreditar que nenhuma outra idade tem tanto valor. Esse julgamento é amparado até por uma explicação biológica: pelo fato de que nos 20 anos as mulheres são mais férteis e, também, mais desejáveis. É um fator importante para o julgamento masculino e este acaba refletindo na percepção que a mulher tem de si própria.

CONSUMO DE MODA O comportamento de consumo é um elemento de processo social, afirma Douglas e Isherwood (2004). Já Campbel, coloca que o consumo é “um sistema de significados, dentro do qual não se consome apenas o bem, mas o significado atribuído a este bem (...) vários consumos de um indivíduo representam suas escolhas e criam sua individualidade” Estética, estilo e aparência surgem em títulos que tratam da beleza, dos signos culturais cariocas, do “brega”, entre outros. Os processos da moda afetam todos os tipos de fenômenos culturais, música, arte, arquitetura e até mesmo a ciências. A

moda aparece como uma linguagem (um código), que pode ser decifrado e é acompanhado de significados que estão dentro de um contexto. De acordo com Solomon (2002), “Moda é o processo de difusão social pelo qual um estilo é adotado por alguns grupos consumidores”. Assim sendo, a moda é uma combinação de elementos que passa a ser usada por um grupo de referência. É comum nesse contexto descobrir aspectos dominantes de uma cultura que são incorporadas pelas roupas (refletidos pelo design). As pessoas querem “estar na moda” por fatores muitas vezes psicológicos: pela necessidade de ser diferente, mas não diferente demais, pela variedade, criatividade e atração sexual. Muitos consumidores adaptam-se ao que está em voga no momento, mas colocam oseu toque pessoal. O ciclo de vida dos produtos em moda é muito parecido ao ciclo de vida de outros produtos fora da indústria têxtil. Uma peça de roupa ou seu uso progride através de estágios básicos de desenvolvimento, do nascimento até a morte. No estágio da introdução, a roupa é usada por um pequeno número de inovadores. Durante o estágio de aceitação, a roupa atinge maior visibilidade e aceitação de grandes segmentos da população. “A roupa vira moda quando é usada por muitos”. No estágio de regressão a moda atinge um estado de saturação social, a medida que se torna desgastada, cai em declínio e outras roupas tomam o seu lugar.(SOMONON, 2002). A mídia digital muda o curso da divulgação de informações e o comportamento dos consumidores. Novas sementes começaram a brotar no campo das mídias, com o surgimento de máquinas que possibilitavam o aparecimento de uma cultura do disponível e do transitório: fotocopiadoras, videocassetes e aparelhos para gravação de vídeos, walkman e walktalk...essas tecnologias, equipamentos e as linguagens criadas para circularem neles e entre eles têm como principal característica propiciar a escolha e consumo individualizados,em oposição ao consumo massivo. (SANTAELLA, 2008). A informação se tornou a grande palavra de ordem, circulando como moeda corrente. O computador é a grande mídia das mídias. E assim como a telecomunicação e o transporte rápido estão mexendo com a noção de tempo e espaço, fazendo o planeta encolher. “Reflexividade: as tecnologias são a medida de nossa sal-

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vação ou a causa da nossa perdição”. (SANTAELLA, 2008). De acordo com SABBAH (1985), a nova mídia determina uma audiência segmentada, diferenciada que, embora maciça em termos de números, já não é uma audiência de massa em termos de simultaneidade e uniformidade da mensagem recebida. A nova mídia não é mais mídia de massa no sentido tradicional do envio de um número limitado de mensagens a uma audiência homogênea de massa. Devido à multiplicação de mensagens e fontes, a própria audiência torna-se mais seletiva. A audiência visada tende a escolher suas mensagens, assim aprofundando sua segmentação, intensificando o relacionamento individual ntre o emissor e o receptor.

CONCLUSÃO Por melhor preparada que uma mulher seja intelectualmente sempre que ela se projeta a frente de uma idéia ela é antes julgada pela sua aparência e depois pelo que ela tem a dizer. A beleza (que atualmente é utilizada para aprisionar as mulheres) é a última “trincheira” que a mulher deve ultrapassar antes de obter a igualdade em relação ao homem em todos os níveis. A socióloga Ana Teresa Clemente aponta que a mulher inveja a liberdade do homem, mas que este não inveja nada da mulher. Essa reflexão mostra que é necessário as mulheres re apropriarem-se de seus corpos, decidindo como eles devem parecer. Resgatar a sua identidade autônoma, de memória coletiva, de liberdade e de capacidade de agir. Quando se se der valor as qualidades únicas e gostar da pessoa que se é, não se vai mais lutar para “correr atrás” das últimas tendências da moda. O compasso da moda de uma mulher deve vir dentro. A forma como os outros vêem é um reflexo do que a pessoa apresenta, a o exterior de uma pessoa é reflexo do seu interior.

CURY, Augusto. A ditadura da beleza e a revolução das mulheres. Sextante: São Paulo, 2005. LIMA, Vera. A construção do corpo nas formas da moda. In: A moda do corpo e o corpo da moda. Kathia Castilho e Diana Galvão. Esfera. São Paulo: 2002. LIPOVETSKY. O império do efêmero, 8. ed. 2005. MACLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação. Cultrix: São Paulo, 1967. MAFFESOLI. A contemplação do mundo, p.67, 1995. OLIVEIRA, Annelore Spieker. Estética Pós-Moderna na Publicidade: Técnicas de Produção Audiovisual e a Construção de Uma Estética Pós-Moderna na Publicidade. Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom. Universidade Federal do Rio Grande do Sul: 2005. RENATA Pitombo. Renata Pitombo é mestranda em Comunicação e Cultura Contemporânea pela Universidade Federal da Bahia. http://www.facom. ufba.br/sentido/moda.html RODDICK, Anita. Meu jeito de fazer negócios.Negócio Editora: 2002. RODRIGUES, Lula. Moda e política: Katharine Hamnett, a guerrilheira fashion ataca. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/blogs/ lula/post.asp?t=moda_politica_katharine_hamnett_guerrilheira _fashion_ataca&cod_Post=12870&a=42 > Acesso em: 17.jun.2008. ROMERO, Thiago. Insatisfação precoce. 10/09/2007. Agência FAPESP. Disponível em: http://www.agencia.fapesp.br/materia/7717/ especiais/insatisfacao-precoce.htm. Acesso em: 17.out.2008 SANT`ANNA, Denise Bernuzzi. Corporificando o mundo: enredos e percalços de uma subjetividade à flor da pele. In: A moda do corpo e o corpo da moda. SANTAELLA, Lúcia. Cultura e artes do pós humano: da cultura das mídias à cibercultura. Ed. Paulus: São Paulo, 2008. SOLOMON, Michael R. O Comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 5. Ed. Porto Alegre : Bookman, 2002. TONELLI, Maria José. Corpo e Sentidos na Sociedade Contemporânea. Revista de Administração de empresas – RAE. V. 45. N. 2. Abril/junho 2005. WOLF, Naomi. O mito da beleza. Rocco, 1994

REFERÊNCIAS

Artigo reproduzido a partir

BIBLIOGRÁFICAS

do site:

COELHO, Maria José de Souza. Moda: um enfoque psicanalítico. Rio de Janeiro: Diadorim, 1995. COSTA, Jurandir Freire. O Vestígio e a aura: corpo e consumismo na moral do espetáculo. Rio de Janeiro: Garamond Universitária, 2004.

http://www.fiepr.org.br/nospodemosparana/

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MULHERES MARTINHO DA VILA

Procurei em todas as mulheres a felicidade Mas eu não encontrei e fiquei na saudade Foi começando bem, mas tudo teve um fim Você é o sol da minha vida, a minha vontade Você não é mentira, você é verdade É tudo o que um dia eu sonhei pra mim

Ouça aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=gFSMNJV8nT8&ab_ channel=MarceloSampaio

Já tive mulheres de todas as cores De várias idades, de muitos amores Com umas até certo tempo fiquei Pra outras apenas um pouco me dei Já tive mulheres do tipo atrevida Do tipo acanhada, do tipo vivida Casada carente, solteira feliz Já tive donzela e até meretriz

MULHERES DE ATENAS CHICO BUARQUE Ouça aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=ojr9XfXNkI8&ab_ channel=ViniciusFarina

Mulheres cabeça e desequilibradas Mulheres confusas, de guerra e de paz Mas nenhuma delas me fez tão feliz Como você me faz Procurei em todas as mulheres a felicidade Mas eu não encontrei e fiquei na saudade Foi começando bem, mas tudo teve um fim Você é o sol da minha vida, a minha vontade Você não é mentira, você é verdade É tudo o que um dia eu sonhei pra mim Já tive mulheres de todas as cores De várias idades, de muitos amores Com umas até certo tempo fiquei Pra outras apenas um pouco me dei Já tive mulheres do tipo atrevida Do tipo acanhada, do tipo vivida Casada carente, solteira feliz Já tive donzela e até meretriz Mulheres cabeça e desequilibradas Mulheres confusas, de guerra e de paz Mas nenhuma delas me fez tão feliz Como você me faz Procurei em todas as mulheres a felicidade Mas eu não encontrei e fiquei na saudade Foi começando bem, mas tudo teve um fim Você é o sol da minha vida, a minha vontade Você não é mentira, você é verdade. É tudo o que um dia eu sonhei pra mim

Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seus maridos Orgulho e raça de Atenas Quando amadas se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas melenas Quando fustigadas não choram Se ajoelham, pedem imploram Mais duras penas, cadenas Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Sofrem pros seus maridos Poder e força de Atenas Quando eles embarcam soldados Elas tecem longos bordados Mil quarentenas E quando eles voltam, sedentos Querem arrancar, violentos Carícias plenas, obcenas Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Despem-se pros maridos Bravos guerreiros de Atenas Quando eles se entopem de vinho Costumam buscar um carinho De outras falenas

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Mas no fim da noite, aos pedaços Quase sempre voltam pros braços De suas pequenas, Helenas Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Geram pros seus maridos Os novos filhos de Atenas Elas não tem gosto ou vontade Nem defeito, nem qualidade Têm medo apenas Não tem sonhos, só tem presságios O seu homem, mares, naufrágios Lindas sirenas, morenas Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Temem por seus maridos Heróis e amantes de Atenas As jovens viúvas marcadas E as gestantes abandonadas não fazem cenas Vestem-se de negro, se encolhem Se conformam e se recolhem As suas novenas Serenas Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Secam por seus maridos Orgulho e raça de Atenas

ROSA

Aqui nesse ambiente de luz Formada numa tela deslumbrante e bela Teu coração junto ao meu lanceado Pregado e crucificado sobre a rósea cruz Do arfante peito seu Tu és a forma ideal Estátua magistral oh alma perenal Do meu primeiro amor, sublime amor Tu és de Deus a soberana flor Tu és de Deus a criação Que em todo coração sepultas um amor O riso, a fé, a dor Em sândalos olentes cheios de sabor Em vozes tão dolentes como um sonho em flor És láctea estrela És mãe da realeza És tudo enfim que tem de belo Em todo resplendor da santa natureza Perdão, se ouso confessar-te Eu hei de sempre amar-te Oh flor meu peito não resiste Oh meu Deus o quanto é triste A incerteza de um amor Que mais me faz penar em esperar Em conduzir-te um dia Ao pé do altar Jurar, aos pés do onipotente Em preces comoventes de dor E receber a unção da tua gratidão Depois de remir meus desejos Em nuvens de beijos Hei de envolver-te até meu padecer De todo fenecer

Letras no site: http://www.vagalume.com.br/

PIXINGUINHA Ouça aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=09ata4Ujams&ab_ channel=SenhorDaVoz

Tu és, divina e graciosa Estátua majestosa do amor Por Deus esculturada E formada com ardor Da alma da mais linda flor De mais ativo olor Que na vida é preferida pelo beija-flor Se Deus me fora tão clemente www.varaldobrasil.com

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Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores. Cora Coralina

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Quando olho para o meu passado, encontro uma mulher bem parecida comigo - por acaso, eu mesma - porém essa mulher sabia menos, conhecia menos lugares, menos emoções. Martha Medeiros www.varaldobrasil.com

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Somente a mulher sabe do que a mulher é capaz. W. Somerset Maugham

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A mulher é o negro do mundo. A mulher é a escrava dos escravos. Se ela tenta ser livre, tu dizes que ela não te ama. Se ela pensa, tu dizes que ela quer ser homem. John Lennon www.varaldobrasil.com

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Quem não sabe aceitar as pequenas falhas das mulheres não aproveitará suas grandes virtudes. Khalil Gibran www.varaldobrasil.com

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Vista-se mal e notarão o vestido. Vista-se bem e notarão a mulher. Coco Chanel www.varaldobrasil.com

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Eu antes era uma mulher que sabia distinguir as ciosas quando as via. Mas agora cometi o erro grave de pensar. Clarice Lispector www.varaldobrasil.com

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Sou uma mulher polida vivendo uma vida lascada.” Alice Ruiz

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SANTAS SERÍAMOS, SANTAS SOMOS Por Jacqueline Aisenman Na verdade eu seria santa se não tivesse sido tantas antes tantas outras coisas. E também se não tivesse tantas vontades as tantas de depois de ser depois e ter depois e nem sei antes ou depois do que. Seria santa como são todas as mulheres as que nasceram antes e depois. Porque as virtudes da santidade não estão no depois de tudo, mas exatamente no antes de qualquer coisa. E se eu fosse então santa e todas as outras também seriam seríamos todas. Partilharíamos com a vida nossos martírios pessoais e mundanos e escolheríamos a cor do altar (combinando com nossos olhos ou com o salto alto). Nós, mulheres, somos as tais santas que não se venera. Usamos batom, saias que voam e baldes na cabeça. Também cuidamos para que o decote seja tão vasto quanto é nosso coração (de vez em quando nos fechamos em golas altas). As cores dos vestidos fazem coro com os sentimentos e por isto somos floridas, coloridas ou no luto nos escondemos. Não temos tempo de ser mãe de um só filho, somos mães mesmo sem filhos, nossos filhos estão pelo mundo, espalhados e não nos chamam de mãe. Devotas esposas de homens que muitas vezes nem sabem que com eles casamos. Impiedosas amantes de homens que muitas vezes nem sabem que são eles que amamos. Agarramos com as unhas o que queremos, arranhamos com as mesmas unhas o que nos violenta. Somos as santas profissionais da casa, da vida, do amor, do sexo, dos sonhos, da crueldade. Somos as santas que o povo ama e tripudia. Alcançamos a graça simplesmente por ter nascido mulher.

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GOSTOU DESTA EDIÇÃO? Então venha participar das próximas edições do Varal do Brasil! - Edição de maio, com o tema as quatro estações: envio de textos até o dia 25 de março. Esta edição será distribuída no final de abril; - Edição especial o lado escuro do ser que será distribuída no final de maio: textos até final de março falando do lado escuro do ser: os defeitos, os vícios, os pecados, os pecados capitais, as lutas interiores, os pesadelos, o medo, as agonias, os sustos, o que nos assombra, o que nos tira o bom humor... Falaremos de tristeza, de dor, de morte, de partidas, de ingratidão, de incertezas, de sonhos perdidos, de esperanças esquecidas, de vingança... Falaremos da violência, das agressões físicas e psicológicas, dos abusos, dos crimes e dos castigos, as sombras, o lado sombrio... Também buscaremos inspiração em filmes, livros ou pinturas e desenhos que evoquem o lado escuro da vida. Traremos para a luz, o lado escuro que existe no ser humano. Envie textos em verso (poemas, trovas, etc...) ou em prosa (contos, crônicas, artigos...) para o e-mail varaldobrasil@gmail.com Os textos não precisam ser inéditos e você não precisa ser associado ou afiliado a nenhuma organização, academia ou associação. A publicação dos textos é feita gratuitamente e a distribuição da revista igualmente. Você encontra todas as edições da revista literária Varal do Brasil no site www.varaldobrasil.com na seção Revistas e pode ler e baixar de forma gratuita. Divulgue esta publicação entre seus amigos! Envie para quem ainda não conhece! Poste em seu blog, em seu site, em seus espaços nas redes sociais! Juntos nós levaremos Língua Portuguesa cada vez mais longe! www.varaldobrasil.com

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REVISTA VARAL DO BRASIL CH - ISSN 1664-5243 A revista Varal do Brasil é uma revista independente, realizada por Jacqueline Aisenman. Todos os textos publicados no Varal do Brasil receberam a aprovação dos autores, aos quais agradecemos a participação. Os artigos reproduzidos são acompanhados da fonte e do nome do autor. Se você é o autor de uma das imagens que encontramos na internet sem créditos, faça-nos saber para que divulguemos o seu talento!

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