Revista Varal do Brasil - ed 21 - Abril 2013

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ISSN 16641664-5243

Literário, sem frescuras!

Ano 4 - Março de 2013— 2013—Edição no. 21


Varal do Brasil - Abril de 2013 - Varal Especial do Amor no.2/20B

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Varal do Brasil - Abril de 2013 - Varal Especial do Amor no.2/20B

Nunca esquecendo aqueles que todos os dias são vítimas da violência, do abandono e das inconsequências humanas...

... Esta edição que fala de amor é dedicada a todas as famílias e a todos os amigos das vítimas de Santa Maria. Possa o amor reconstruir suas vidas!

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® ISSN 16641664-5243

LITERÁRIO, SEM FRESCURAS Genebra, Inverno de 2013 Edição no. 21, março de 2013

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EXPEDIENTE

SANTAS, FLORES E MINHA TIA Plinio Camillo

Revista Literária VARAL DO BRASIL

VITRINE CULTURAL Marina C. Lentini

1664-5243 NO. 21- Genebra - CH - ISSN 1664Copyright Cada autor detém o direito sobre o seu texto. Os direitos da revista pertencem a Jacqueline Aisenman.

VOZES DO BRASIL Railda Masson Cardozo

VOX POPULI, VOX DEI, CRÔNICAS DO FOLCLORE BRASILEIRO Mario F. C. de S. O VARAL DO BRASIL é promovido, organizado e Santos realizado por Jacqueline Aisenman Site do VARAL: www.varaldobrasil.com Blog do Varal: www.varaldobrasil.blogspot.com Textos: Vários Autores

A distribuição ecológica, por e-mail, é gratuita. A revista está gratuitamente para download em seus site e blog. Informações sobre o 27o Salão Internacional do Livro e da Imprensa de Genebra e sobre o stand do VARAL DOBRASIL:

Ilustrações: Vários Autores Foto capa: © NinaMalyna - Fotolia.com Muitas imagens encontramos na internet sem ter o nome do autor citado. Se for uma foto ou um desenho seu, envie um e-mail aqui para a gente e teremos o maior prazer em divulgar o seu talento. Revisão parcial de cada autor Revisão geral VARAL DO BRASIL Composição e diagramação: Jacqueline Aisenman

COLUNAS

A VIDA IMITA A ARTE Cintia Medeiros ARTES NA VISÃO DE Jacob B. Goldemberg AXIS MUNDI Hipólito Ferro CLEBR-ART-& Gisele Wolkoff CENAS COTIDIANAS Danielli Okamura CULTíssimo Ane Rosenrot

varaldobrasil@gmail.com

BLOG DO VARAL Você pode contribuir com artigos, crônicas, contos, poemas, versos, enfim!, você pode escrever para nosso blog. Também pode enviar convites, divulgação de seus livros, pinturas, fotografias, desenhos, esculturas. Pode divulgar seus eventos, concursos e muito mais. No nosso blog, como em tudo no Varal, a cultura não tem frescuras! (www.varaldobrasil.blogspot.com) Toda contribuição é feita e divulgada de forma gratuita e deve ser enviada para o e-mail varaldobrasil@gmail.com

LITERATURA COM Isabel C. S. Vargas LUPA CULTURAL Rogério Araújo (Rofa) NO UNIVEROS DE Guacira Maciel PALAVRA CRÔNICA Anaximandro Amorim

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Passou o carnaval, passou mais da metade do

O mundo anda conturbado demais. Tragédias

inverno europeu e cá estamos nós com uma

nos afogam em lágrimas e fazem nosso cora-

nova edição temática. Viemos falar de amor!

ção se encher de questões construídas pela

O amor é o que há de mais intrínseco na vida de cada um de nós. Somos feitos de amor e vivemos na contínua busca dele. Somos felizes quando damos amor e quando recebemos.

tristeza. E só o amor é remédio para tanto. Nada mais, nada menos. Temos hoje nesta edição mais de cem autores que vieram falar do que conhecem bem: o sentimento, a emoção de amar.

Há tantas formas de amar como há de viver. Ama-se a família: filhos, pais, irmãos, sobri-

Você deve ter percebido que há apenas um mês saiu a revista de fevereiro (com o tema

nhos, tios, primos e todos mais.

Mulher, um universo). Pois é... Resolvemos faAma-se os amigos, nossa família escolhida e que, muitas vezes, acabam tornando-se de uma importância não sonhada. Ama-se alguém especial, alguém que consegue entrar coração à dentro da gente e lá permanecer. Ama-se o

zer a revista mensal por um tempo e assim dar mais oportunidades a tantos que buscam escrever conosco. Veremos no segundo semestre se continuaremos assim ou voltaremos a fazêla bimestral.

universo, a natureza, os animais, a vida. Nesta edição temos uma novidade que vai Não foi à toa que um dia um dia foi dito e é repetido até hoje: “Amai-vos uns aos outros”. “Amar ao outro como a si mesmo”. Amar.

agradar, com certeza, a todos: ganhamos colunistas que, voluntários, falarão de assuntos os mais diversos a cada nova revista. Você lerá

O amor por um filho é o amor-dedicação. O

sobre arte, literatura, comportamento, cinema,

amor por alguém que divide nossa vida, pode

etc.. Um novo mundo se abre dentro do Varal.

passar por muitas etapas, muitas variações

É, o Varal cresceu! Anda solto por aí atraves-

desta melodia chamada amor. Mas sempre vol- sando continentes e fazendo com que pontes tará ao mais básico dela: simplesmente amar.

se estabeleçam e diminuam as fronteiras entre

Amor é energia que nos move e nos convida a

a literatura de um canto e outro. Interligando

viver melhor.

pessoas que têm em comum estas grandes

Este foi o motivo pelo qual escolhemos este tema para a revista de março. Porque precisa-

paixões: ler e escrever em Português. Brasileiros, portugueses, angolanos, moçambi-

mos mais do que nunca redescobrir o amor sob canos. A Língua Portuguesa está alçando um voo sobre mares bem pouco navegados. E está todas as suas formas.

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voando bem, aterrissando em corações espalhados por este maravilhoso planeta em que vivemos. Nossos preparativos para o 27o Salão Internacional do Livro de Genebra estão de vento em popa, com muitos livros chegando para exposição e divulgação. Nossa segunda participação contará com mais de vinte autores autografando seus livros durante o evento. Autores estes vindos das mais diversas regiões do Brasil e também da Europa. Teremos vários lançamentos de livros, entre eles o volume 3 de nossa coletânea Varal Antológico, um grande orgulho. Teremos a presença da Literarte, que lançará dois livros durante o evento, com sua representante Dyandreia Portugal e vários coautores dos dois livros. E o I PRÊMIO VARAL DO BRASIL DE LITERATURA continua recebendo inscrições. São contos, crônicas e poemas que nos chegam todos os dias. Este concurso, que pretende premiar os melhores trabalhos nestas três categorias, levará os seis primeiros lugares para o volume 4 da coletânea Varal Antológico em 2014! Nossas atividades, feitas com dedicação e amor, têm conquistado sempre mais pessoas dispostas a participar. Por isto não hesitamos em continuar. Queremos que o amor da leitura e da escrita se espalhe cada dia mais dentro de cada um e cada vez mais longe se leia, escreva e valorize a Língua Portuguesa. E claro, sempre com nosso estandarte maior guiando nossos passos: Literário, mas sem frescuras! Muito obrigada por estar conosco!

Jacqueline Aisenman Editora-Chefe VARAL DO BRASIL

Todas as cartas de amor... Fernando Pessoa (Poesias de Álvaro de Campos) Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, Ridículas. As cartas de amor, se há amor, Têm de ser Ridículas. Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são Ridículas. Quem me dera no tempo em que escrevia Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas. A verdade é que hoje As minhas memórias Dessas cartas de amor É que são Ridículas. (Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos, São naturalmente Ridículas.)

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ANA ROSENROT

FÁTIMA M. DE O. FRIAÇA PEREIRA

ANAXIMANDRO AMORIM

FELIPE CATTAPAN

ANGELA GUERRA

FLAVIA ASSAIFE

ANNA RIBEIRO

FRANCY WAGNER

AVELIN ROSANA R. C. DE OLIVEIRA

GAIÔ

BERTOLINA MAFFEI

GERALDO SANT ANNA

CARLOS ALBERTO BARRETO

GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA

CARLOS ALBERTO OMENA

GIRLENE MONTEIRO PORTO

CARMEN DI MORAES

GISELE WOLKOFF

CESAR SOARES FARIAS

GUACIRA MACIEL

CINTIA MEDEIROS

HIPÓLITO FERRO

CLÉA PAIXÃO

ISABEL C. S. VARGAS

CRISTIANO SOUSA

ISADORA CRISTIANA A. DA SILVA

DANIELLI OKAMURA

JACOB B. GOLDEMBERG

DARLENE LIDI

JACQUELINE AISENMAN

DEIVISON LAMONICA BARRETO

JEANNE C. BARBOSA PAGANNUCCI

DO CARMO

JOSÉ ALBERTO DE SOUZA

DOMINGOS NUVOLARI

JOSÉ CAMBINDA DALA

DOUGLAS SILVA

JOSÉ HILTON DA ROSA

DULCE RODRIGUES

JOSSELENE MARQUES

EBER JOSUÉ

JU PETEK

EDER ROBERTO DIAS

JULIETA FALAVINA

EDIANE SOUZA

LARISSA LORETTI

ELAINE FERNANDES DOS SANTOS

LENIVAL NUNES ANDRADE

EMÉRITA ANDRADE RAMOS

LEONILDA YVONNETI SPINA

ERICA GONÇALVES

LUIZ CARLOS AMORIM

ESTHER ROGESSI

LUZINETE DA SILVA T. SOARES

FABIANA DE ALMEIDA

LY SABAS

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MAGNO OLIVEIRA

RAIMUNDO CANDIDO TEIXEIRA

MARIA JOSÉ VITAL JUSTINIANO

REGINA COSTA

MARIA (NILZA) CAMPOS LEPRE

RENATA IACOVINO

MARIA SOCORRO SOUSA

RITA DE CÁSSIA A. ANDRADE

MARIANE EGGERT FIGUEIREDO

RITA DE OLIVEIRA MEDEIROS

MARILU F. QUEIROZ

RITA PEA

MARINA CERVINI LENTINI

ROBINSON SILVA ALVES

MARLUCE ALVES F. PORTUGAES

ROGÉRIO ARAÚJO (ROFA)

MARIO F. C. DE SOUZA SANTOS

ROSSANDRO LAURINDO

MÁRIO REZENDE

ROZELENE FURTADO DE LIMA

MARLENE CERVIGLIERI

SANDRA FERRARI RADICH

MARLY RONDAN PINTO

SASKIA BRIGIDO

MARTA CARVALHO

SILVANA BRUGNI

MIRIAN MENEZES DE OLIVEIRA

SONIA NOGUEIRA

NORÁLIA DE MELLO CASTRO

VALDECK ALMEIDA DE JESUS

ODENIR FERRO

VALQUIRIA GESQUI MALAGOLI

OLGA HOSKEN

VALQUIRIA IMPERIANO

ONÂ SILVA

VARENKA DE FÁTIMA ARAÚJO

PAULO SIUVES

VÓ FIA

PLINIO CAMILLO

WALNÉLIA CORRÊA PEDERNEIRAS

RAFAEL ZEN

YARA DARIN

RAILDA MASSON CARDOZO

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UTI NÉO NATAL Por César Soares Farias O meu varal, estendido na frente de casa, denuncia que algo mudou no lote número 156 da Rua Sete Povos das Missões. A corda de nylon azul, que antes servia de secadouro à calças, jaquetas, camisas, toalhas e outras tantas peças de vestuário, exibe agora tip-tops, coletinhos, blusinhas, meinhas e camisetinhas. Não sei se é mera impressão de um pai de primeira viajem, mas o varal parece bem mais alegre desse jeito. E a alegria desse momento só não é maior porque o proprietário dessas mini indumentárias humanas ainda não veio morar com a gente. Meu pequeno, que nasceu prematuro, conforme prescrição médica, precisa engordar algumas gramas para vir ocupar o espaço que é seu de direito. O berço permanece vazio, com alguns brinquedinhos espalhados, esperando o gurizinho chegar. De certa forma, como numa projeção futurística, já enxergo ele ali, dando bom dia e chamando-nos para curtir o sol brilhando lá fora. Por enquanto, Rafael, só no quarto da UTI Néo- natal do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, onde diariamente preciso me identificar na portaria para ganhar um crachá de acesso. Necessito que enfermeiros ou funcionários do Estabelecimento abram-me, uma à uma, as portas que separam-me dele. Fui instruído a lavar cuidadosamente os meus braços e antebraços antes de pegá-lo no colo, momento esse que compensa todos os esforços até aqui empregados. Sentir a sua respiraçãozinha junto ao meu peito e a maciez da pele do seu rosto encostado ao meu, renova em mim o compromisso de cuidar bem desse nenê. Enquanto a tão sonhada alta não chega, sigo me contentando com essas meras visitas, que suavizam a dor da separação. Queria trazê-lo para casa, que foi especialmente reformada e reciclada para recebe-lo, no entanto, é imperioso aguardar mais um pouco. O Rafael resolveu vir justamente num momento não planejado, me fazendo rever planos e formular às pressas novas estratégias, resignando-me á máxima Zeca Pagodiana do “Deixa a vida me levar, vida leva eu.” Percebo, pelas primeiras fotografias que tiramos juntos, que o brilho dos meus olhos recuperaram uma parcela do vigor de tempos atrás e que algo renovou-se nos recônditos do meu ser. Não nego, está sendo um desafio e tanto pra mim e a sua mãe tê-lo apenas em dosagens reduzidas e homeopáticas. O destino, nesse instante, não nos deixa outra alternativa. Sei que em breve, em caráter definitivo e irrevogável, estaremos juntos para desempenharmos no teatro da vida um épico de amor, conquistas e felicidade. Salve vinte e nove de janeiro de dois mil e treze. Bem vindo filho meu. Que o Senhor me transforme no pai que você certamente merece.

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Paixões Amorosas Por Darlene Lidi Paixões amorosas são como corações que queimam no deserto, atraem as pessoas como redemoinhos nos lugares escondidos do mar que não é conhecido. No amor, não pergunte porque não há respostas. Portanto, é uma cegueira voluntária de amor. Não há inspiração sem amor. Nenhuma palavra pouco artificial não deve cair e refugiar-se atrás de uma de sombra tímida. O amor é um tabu para alguns e pode ser considerado desejo proibido para outros, mas na verdade o amor é lindo e puro, como uma flor que encontramos no campo. Amor requer coragem. Amor exige paciência (essa é a parte mais difícil na minha opinião). O Amor não vem com manual de instrução, nem data de validade e nem prazo de devolução. Amor é semelhante à água, não à Vida sem ela. Tem gente que prolonga a vida baseada no amor e cuja existência é mais do que um sentimento de amor e respeito, é companheirismo. Mas as vezes os dias são noites e aperta o peito. Amor é sentir no meio do inverno o perfume da primavera, é a luz que me faz voar nas asas de um sonho, que voa longe e vai buscar o que é meu. Nesta nota picante do Amor, eu sou melodia em seu ser, a brisa leve que toca seu rosto, a agonia, a sua sede. O Amor também pode ser sofrimento, amar as vezes é tão doloroso quanto acabar o dia e é por isso que eu sempre desejo que o Sol brilhe à noite, apesar de amar a Lua. O Amor é tudo isso e muito mais, mas não saberia como descrever. Apenas sei que devemos amar com o Coração Grande.... Ame sempre!! Não deixe o tempo passar em brancas nuvens. Por que se preocupar com algumas rugas? Ame a todo momento, todos os dias, de todas as formas, maneiras, cores e sabores. Ame sem medo, sem preconceito. Não apenas, em uma noite de sonhos, mas infinitas noites de desejos e paixão...Ame de uma forma clara e límpida, de paixão cristalina... Ame de qualquer jeito... Mas, nunca deixe de Amar. E eu acredito em liberdade, talvez possamos decidir sobre amar ou não amar... Simplesmente por ser uma eterna apaixonada...E eu decidi amar..

Foto enviada pelo autor do texto

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SER DOIS Por Deivison Lamonica Barreto

Porque ser dois É melhor do que ser um Com tantas diferenças E tanta coisa em comum

Só Deus pra fazer Coisas assim Só Deus pra trazer Você pra mim

Porque ser um É melhor do que ser dois Unidos, não divididos Agora e depois Formando uma só carne Onde eu possa dizer...

Porque ser três É maior que tudo isso Somos você e eu E acima de tudo, Deus Fortalecendo o nosso compromisso

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S[nt[s, flor_s _ minh[ ti[ Por Plínio C[millo Noutro chegou muito mais tarde.

Thaís

Em outro não chegou. Na morte, ela me esquece. Não era para ser assim.

Voltou pedindo uma conversa séria.

Eu a amo e pensei que me amasse. Falou dos desejos, de flores, de santas e de um Ela me tirou de uma vida medíocre em que fatalmente seria: namoradinha, noiva, mãezona e

novo amor. Chorei.

morreria de infarto. Na morte, não esquece. Ela me conduziu por dentro de mim mesma. Levou pela mão.

Pedi para ficar. Pedi para não deixar eu ir.

Pelos pés Pela boca.

Meu anjo se vai!!

Assim me fiz mulher.

Ela me deixou na morte.

Dela. Minha. Plínio Camillo – Escrevinhadeiro Na morte, a gente esquece. Com a minha família houve a doce incompreensão. A vitoriosa decepção que eu não seria o que eles imaginavam. Eu não sou o que imaginava. Um dia chegou mais tarde, irritada, sem querer ser tocada.

Aos três anos descobri que as letras tinham significados. Aos cinco, a interrogação. Aos nove, não era sintético. Aos doze, quis ser metonímia. Aos quinze, conquistei a exclamação. Aos dezessete, vi os morfemas. Aos dezoito, foi liberado do tiro de guerra, virei perífrase. Aos vinte, estava no palco. Aos vinte e dois, me vi como um advérbio. Aos vinte e cinco, desenredei a Linguística. Aos vinte e sete, redescobri o eufemismo. Aos trinta, a e a onomatopeia. Aos trinta e dois, melhorei a minha caligrafia. Aos trinta e cinco, recebi o maior presente: aquela que me trouxe a felicidade. Aos trinta e seis, não morri, como ameaçava o anacoluto. Aos quarenta, desvendei uma ligeira maturidade e ironia. Aos quarenta e cinco, recebi o prazer de viver no adjunto adverbial de companhia. Aos quarenta e sete abreviei o meu discurso. Desde o cinquenta tomo remédio para pressão antes de escrever. Hoje, uso óculos para atender telefone e me divirto cometendo garranchos.

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Este ano o stand do VARAL DO BRASIL acolherá uma exposição de pinturas do artista RICHARD CALIL BULOS. Richard, também conhecido como Chachá, nasceu no Rio de Janeiro e radicou-se após em Laguna, SC, onde viveu até seu falecimento em 2007. Filho de um libanês e de uma suíça nascida em Genebra, o artista já teve suas obras expostas por três vezes nesta cidade (duas vezes na OMC e uma vez na OMPI). Artista plástico, caricaturista, jornalista, Richard dedicou sua vida a retratar e defender os cidadãos mais simples da região de Laguna, cidade que amou e pela qual zelou com palavras, tintas e pincéis. Suas obras estão espalhadas pelos cinco continentes.

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Definição Por Valquíria Gesqui Malagoli Se for para falar de amor, o mais sábio é fechar a boca. Deixo esse gosto ao pregador a martelar palavra oca. Ah, de que adianta o raciocínio? Amor é coisa que treslouca! Qualquer dicionário define-o, mas, quero ver lavar-lhe a roupa.

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Amor... ...do que se trata, mesmo? Por Ediane Souza Camões dizia que o amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente. Eu digo que se pode, sim, enxergar sua fogueira e gemer com as marcas que deixa na gente. Em I Coríntios, está escrito que mesmo que se fale a língua dos homens, nada se é sem amor. Mas, por que às vezes ele passa tal qual um tornado, deixando marcas, causando dor? Vinícius escreveu certo dia que em tudo ao seu amor seria atento, e sempre e tanto. Mas nem todos estão preparados para tanta entrega e provocam no noutro o pranto. Racionalizando, Djavan cantou que o amor é um grande laço, uma armadilha. Mas todos querem nele se prender e no seu mar se perder, tal qual uma ilha. Há quem diga que o amor “é um furacão, que surge no coração sem ter licença pra entrar”. Será que se permitiria sua entrada se fosse sabido o estrago que por vezes pode causar? Para Drummond, o amor é grande, cabe na janela sobre o mar, na cama, no colchão. Penso que às vezes ele cresce tanto que não cabe no corpo inteiro, que dirá no coração! Ouvi Bethânia dizer que vive a vida, a vida inteira a descobrir o que é o amor. Digo que dele só se sabe, quando tudo muda de lugar, quando em noite fria se sente calor. No dicionário, é masculino, carregado de intensidade, é um nobre de fino trato. Diz-se substantivo, com múltiplos significados, mas é o mais concreto de todo os abstratos. O amor é o nome, o debulhar dele é o verbo, o que o recebe é o particípio, diz-se o amado. Feliz quem dele se alimenta com reciprocidade, quem sozinho o experimenta é o condenado. Quando partilhado se mistura, ora se aquieta, é ternura, ora é desejo, volúpia, paixão. Se segue só a sua estrada, se transforma, vira desencanto, desalento, chama-se desilusão. Ainda que dele se fuja, é para ele que se corre, que se atravessa a madrugada. Ainda que dele pouco se entenda, por ele, ninguém se importa de percorrer a longa estrada. Ainda que ele cause desastres, traga agonias, faça alarde, nos arraste tal qual um tsunami, Não há um ser nesta terra, seja na paz ou na guerra, que não tenha amado ou que não ame.

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Então é natal....

Por Rita de Oliveira Medeiros Um pouco mais distante do cotidiano do meu ofício de dona de casa, inclino-me com prazer aos preparativos natalinos e fatalmente, isto me remete aos natais de minha infância. Dentre todos, aquele que mais aviva minha recordação, com carinho especial, acredito seja o natal de 1966, quando tinha 6 para 7 anos. Época em que, a contragosto mais que natural do meu pai, eu ainda dormia no quarto deles. Aliás, por força do pânico de ficar soziAo lado da boneca também estava um jogo de nha, obrigatoriamente eu “tinha que ter alguém loucinhas, formado de bule, xícaras e chaleira ao meu lado” para poder dormir. vermelhos e de pratinhos, pires e talheres Creio que houve “uma certa exigência” do brancos. meu pai, para que eu, pelo menos, dormisse Aquela cena que vi ao abrir os olhos, a na sala, preservando a intimidade do casal. árvore piscando, a boneca de pé, com os braE foi numa destas noites, que dormia na ços erguidos, como que esperando o meu sala, eu acordei com uma imagem maravilho- abraço, as loucinhas, enfim, resta gravado em sa e desta sensação de surpresa, alegria e meu coração para sempre. Foi um momento contentamento eu nunca mais me esqueci! inesquecível. A sensação em meu peito era A árvore de natal estava montada bem insuportavelmente feliz! E o fato de ganhar aldefronte ao sofá onde, naquele ano, eu dormia. go que somente possível em sonhos, demonsAbrindo os meus olhinhos, de seis anos de ida- trava que coisas boas poderiam acontecer, que de, aos meus pés, ela piscava lindamente e no a vida não se resumia a tristeza em que vivíachão ao seu lado, estava uma boneca “grande mos. demais, maior que todas as outras”, quase do Rememorando o natal de 1966, vieram a tamanho da árvore. Vestida lindamente de tona lembranças do natal de 1969. azul, sapatos brancos, meia curtinha, cabelos Muito embora, o decorrer deste ano para curtos e louros, os olhos eram de uma cor que eu nunca tinha visto em boneca alguma: azuis mim, tenha sido cheio de angústias. Porque dois dos meus irmãos mais queridos, em razão Jacqueline era seu nome, anotado em de trabalho, afastaram-se do meu convívio. O azul e impresso na caixa de fundo bege. Eu meu irmão do meio, Rogério, foi servir o exercifiquei encantada, eis que a minha frente, na to, em Brasília e, minha irmã Odete, professominha casa, o meu presente era aquela bone- ra, passara no concurso de ingresso e fora dar ca que eu havia me derretido toda, ao vê-la aulas em Itapoá, município situado na fronteira dias antes junto com sua irmã morena, na vitri- de Santa Catarina com o estado do Paraná ne iluminada das Lojas Hoepke, no centro de (para mim, era como se fosse outro país, algo Laguna. É verdade, que ao vê-las nada comen- tão longe que eu não conseguia imaginar). tei com minha mãe, não era coisa que se pe(segue) disse ao Papai Noel! www.varaldobrasil.com

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Como se não bastasse a saudade de minha irmã, para ofensa e indignação dos meus pais, ela escrevera “somente para nossa Tia Marta” uma carta, relatando as dificuldades que estava passando na dita cidade. Acompanhando sem muito ou quase nada poder fazer, frente a indignação dos meus pais pelo fato de somente através de terceiros ter conhecimento da real situação da minha irmã e sobre o conteúdo da própria notícia, mergulhei numa tremenda angústia, que se prolongou durante todo aquele ano, a imaginá-la sozinha, passando por tudo aquilo, num lugar “tão, tão distante”!!

meus braços!!! Eu bem sabia que a moda de ter uma Suzi já havia passado.... mas não me importei nem um pouco. Ganhar uma Suzi era algo que também nem sonhava em pedir e o melhor de tudo foi que com esta Suzi eu pude brincar a vontade. Ela não estragou, não ficou velhinha nem feia e, quando saí de casa, já adulta, dei-a como presente para minha sobrinha mais nova.

Por isto mesmo, quando o final do ano chegou, trazendo os meus irmãos de volta, “sãos e salvos” e, aos meus olhos, “inteiros”, a minha alegria fora imensa. E é bem assim que eu estou, numa foto, rodeada por eles, no galpão do Porto, onde meu pai trabalhava e onde também, todos os anos, organizava-se um presépio muito bonito, para a confraternização dos funcionários e seus familiares! Aquele era um presépio, aos meus olhos, gigantesco, pois o local era enorme e todo cenário era feito de uma espécie de papelão amassado, imitando as pedras, os morros, onde havia espelhos imitando lagos, com água corrente feito um riacho, a areia das dunas do mar grosso, formava o deserto, relva colhida, imitava a vegetação rasteira. O cenário todo não se limitava ao nascimento do menino Jesus. Contava todos os acontecimentos, iniciando pela anunciação, a visita de Maria à sua prima Isabel e a peregrinação dos Reis Magos, os pastores no campo com a Estrela de Belém, para culminar no presépio em si, o menino Jesus na manjedoura, ao lado de sua Sagrada família, representados pela imagens de cerâmica. Neste natal a festa foi especial. Os brinquedos que ganhamos foram bem melhores que os dos anos anteriores e, nesta foto, eu estou pra lá de feliz com uma boneca Suzi em www.varaldobrasil.com

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A VIDA IMITA A ARTE Por Cintia Medeiros

“Viver! E não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...”, adoro essa música, acho que traduz bem o povo brasileiro...alegre, simples, hospitaleiro...e reflete bem o que será colocado nessa coluna...vida e arte...um encontro de temas diversos que remetam isso “quando vida e arte se confundem”, afinal, se pensarmos bem...o que é a arte senão imitar a vida, levar formas que eternizem algo ou alguém, ou ainda levar alegria, informação...levar esperança!

que ele tem; pelo exemplo de vida que foi e é para muitos. Uma das coisas que mais me impressiona nele, é que boa parte de suas pinturas eram momentos; ele gostava de eternizar momentos seus...e isso é possível perceber em seus quadros, quando percebemos situações que envolviam pessoas, sua esposa, e paisagens urbanas ou no próprio campo.

Já mais idoso, foi acometido de uma catarata que o deixou quase cego, ele poderia ter desistido, encerrado sua carreira; mas percebemos E a vida? Acho que a vida em si, já é uma obra que na dificuldade, ele buscou forças e pintou de arte concedida pelo Criador, que artistas ao quadros ainda mais bonitos, com cores mais longo dos tempos foram esculpindo, pintando, vivas, mais vibrantes...era como se seus quadros, meio borrados como alguns diziam, foscantando, dançando...vivendo! sem sua visão do mundo, e é o que os torna ainda mais especiais que os demais. Quando afirmo que vida e arte se confundem, afirmo com plena convicção...viver é arte. Gosto de citar o pintor Claude Monet, como exem- Então, como não dizer que a vida imita a arte?! plo disso; ele foi um grande artista para sua Impossível! Na verdade, sua paixão pela arte o época (experimentou fama e desprezo, chegou motivou a continuar vivendo; ao tempo que sua até tentar o suicídio antes de seu reconheci- vida em si...momentos, pessoas e lugares que mento profissional) e até hoje é referência co- amava se tornaram molduras...se tornaram armo um dos maiores pintores impressionistas. te! Tinha paixão pela arte, em especial pela pintura, tanta que enfrentou o pai, influente comerci- Deixo vocês com algumas de suas obras, até a ário para pintar. Estudou, enfrentou barreiras, próxima!! Beijinhos! inventou “arte”...queria ser pintor, mas queria um estilo diferente da época...foi revolucionário eu diria...mas conseguiu o que queria, e se tornou um grande pintor. Gostava de pintar sua família, seu jardim...o famoso jardim de Monet, acho que dificilmente encontraremos um jardim tão lindo quanto àquele...o que o diferencia dos demais é que Monet escolheu aquele lugar para pintar, ele tinha verdadeira adoração por seu pedacinho construído, diria que foi especialmente projetado em suas minúcias...e verdade seja dita, ele é lindo!! Sou apaixonada pela história desse pintor, e não apenas pela obra, visto que suas (1) The Artists Family In The Garden pinturas são perfeitas, mas pela história de vida www.varaldobrasil.com

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(2) Madame Monet and Child (Camille Monet and a Child in a Garden)

(3) Water Lily Pond Symphony In Rose

(4) Windmill At Zaandam (1)A família do artista no jardim; (2) Madame Monet e Criança (Camille Monet e uma criança em um jardim); (03) Sinfonia da lagoa do lírio de água; (04) Moinho de vento em Zaandam Créditos pelas imagens: http://www.claudemonetgallery.org/

Não existe grande amor. Todo amor é grande. Nem amor verdadeiro. Todo amor é lídimo. Nem amor que finda. Todo amor é permanente. Grandes e pequenas são as paixões; autênticas ou traiçoeiras, são as paixões; impermanentes, passageiras, estas são sempre as paixões. Ama-se para toda a vida, apaixona-se várias vezes na vida. Há paixões que se transformam em amor, mas amor... este será sempre maior do que qualquer paixão! Jacqueline Aisenman www.varaldobrasil.com

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HÁ MUITAS MANEIRAS DE AJUDAR OS ANIMAIS QUE PRECISAM TANTO DE NÓS! SE VOCÊ NÃO PODE ADOTAR OU AJUDAR FINANCEIRAMENTE, AJUDE COM A SUA PRESENÇA, SEJA UM VOLUNTÁRIO! EM CASO DE VIOLÊNCIA CONTRA OS ANIMAIS, DENUNCIE! ELES NÃO PODEM SE DEFENDER SOZINHOS, FAÇAMOS ISTO POR ELES! www.varaldobrasil.com

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uma mensagem dizendo que ele desejava poder ver o que eu estava vendo.

O amor é subversivo Por Julieta Falavina Foi o que eu pensei quando terminei de ler o amor nos tempos do cólera. Florentino viveu estórias onde nunca esteva, esperando por toda a vida por um amor sonhado na infância. Na Colômbia do livro, isto só foi possível quando a bandeira os separa de tudo, a bandeira do cólera. Porque a cólera é contagiosa e o amor só poderia existir desta forma, contido em um barco em um rio. Porque a sociedade corrompe tudo. Ela corrompe todas as visões. Este pensamento voltou à minha mente mil vezes. Todas as vezes em que estive em lugares violentos. Todas as vezes em que estive em lugares muito desenvolvidos. Por que é que o amor é tão difícil? Em toda minha vida tenho procurado dar amor a tantas pessoas em tantos lugares. No entanto, sempre houve algo que deixei de lado. Foi porque o amor que procurei para me salvar de mim mesma não poderia fazê-lo. O amor me fez vulnerável. O amor estava faltando dentro de mim. Quando não estamos preparados, o amor causa o colapso entre as ideias e o corpo. Nós sentimos o amor entrar de alguma forma em nosso corpo e pensamos sobre isto de forma diferente.

Ofereci-me para lhe enviar os e-mails que enviei a meus amigos e em poucas horas ele me enviou uma outra mensagem dizendo: “Eu não posso mais te ver”. Perguntei a ele se era por causa do que estava escrito em meus e-mails e ele disse que sim. Fiquei intrigada, já eu não tinha escrito nada sobre a ocupação ou política. Liguei para ele e ele então me explicou que não sabia porque as coisas eram tão difíceis. Eu insisti, afinal ele era um filósofo que tinha como trabalho de algo estranho, familiar. “É humano demais” Foi difícil demais para ele dizer aquilo. E eu me senti muito grata. Ele prosseguiu: “Se você tivesse falado contra a ocupação, se você tivesse falado da política, eu entenderia. Eu podia concordar, ou discordar... mas quando escreve sobre amor, sobre yoga, sobre como eles tomam conta de você como nós tomamos aqui... é humano demais.” Naquele dia fui a Jerusalém conversar com ele. Mas eu nunca mais o vi. No entanto tudo ficou em minha mente para sempre. Quando escrevo sobre o ser humano eu faço desmoronar todas as separações, todas elas.

Sinto que o amor é compaixão. E compaixão é compreender que os filósofos asiáticos, homens religiosos, sociólogos e tantos outros têm nos tocado com a ideia de que somos todos indivíduos, mas num mundo plural. O amor não aceita a separação do outro. O amor é humano. E como o ativista morto em Gaza, Victtorio Arrigoni disse, “nós devemos permanecer humanos”. Quando cruzei o muro de separação em Israel para chegar à Cisjordânia (contra a vontade de meus amigos), pela primeira vez encontrei palestinos. Na época, eu já tinha escrito histórias sobre pessoas que tinha conhecido pelo mundo. Da Palestina escrevi sobre minha vida diária. Um dia, um filósofo israelense que eu deveria encontrar, mas estava sempre adiando porque queria ficar mais na Cisjordânia, enviou-me

Foto: Julieta Falavina

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E não há nada mais humano que o amor. O colapsar da mente versus o corpo. Toda a confusão que vem com a enorme vulnerabilidade de amar, de ser humano.

vermelho. Sorri. Ali na terra onde o amor foi tão subversivo, um homem, que tinha lutado na Intifada, hoje serve comida. Ele luta pela sua causa com seu restaurante, alimentando gente, trazendo pessoas para conversar.

Na Colômbia, há pouco tempo, encontrei um homem de Gaza. Ele abriu um bar em Tagan- E na sua parede os Handalas se abraçam e a ga, vilarejo de pescadores, na beira do parque maior palavra é “Love”, que é amor. Tayrona. Era sua forma de lutar pela Palestina: O amor é subversivo, mas não ficou contido no servindo comida. barco. O amor é humano. E Vittorio Arrigoni, Na frente do café havia desenhos do Handalas, italiano, que morreu em Gaza, sabia disso. e “Revolución” escrito. Eu tinha um pouco da aflição dos ativistas, que Handalas são cartoons. Eles são os personaparecem sempre lutar contra seus próprios fangens mais importante do Naji al Ali. Handalas tasmas em outros lugares. O mesmo que eu fiz normalmente são pintados de costas, com as em tantas partes do mundo. mãos fechadas e cruzadas. Eles representam Nesse dia, eu vi pela primeira vez o blog do Vitcrianças de 10 anos que foram enviadas de ca- torio sua principal mensagem era: Stay human! sa em 1948 para Al Naqbah ( O grande desas- (Permaneça humano). tres para os Palestinos, quando perderam suas Amar é permanecer humano. Com as armas e casas). as câmeras e os medos. O amor é subversivo Eles estão sempre de costas e de mão cruza- porque nos obriga a ficar, a abalar todas as dida, porque Naji al Ali que era critico tanto do visões. governo de Israel como dos governos árabes; Então, da Colômbia, de Taganga, agradeci ao rejeitava todas as soluções de paz que viesuniverso, aos seres humanos, deus... Pela cósem de fora. lera ter sido contida, mas não o amor. O amor Não na Colômbia. Quando eu cheguei à Taexiste em todos os lugares que se permita que ganga, eu vi primeiro a bandeira da Palestina e ele esteja. E este pode ser o caminho: permitir depois a Revolución e depois os Handalas. Me que ele esteja conosco em sua plena humaniapresentei ao dono, Yassert do café/ dade, em toda sua imperfeita perfeição. E que restaurante como alguém que amava o oriente permaneça. médio e que tinha amigos dos dois lados do muro da separação em Israel. Voltei ao café do Yassert todos os dias tomando café, conhecendo seu filho, sua história. Logo no primeiro dia eu fui pesquisar sobre a personagem Handala. E depois me lembrei que ali na Colômbia os Handalas pintados no café de um homem que fugiu de Gaza estavam de mãos dadas. Abraçados. Um carregava uma chave, outro uma arma, outro uma câmera, outro um estilingue para baixo. Tudo isso nos ombros. Eu não gostei de ver a arma. No entanto, quando li que o Naji al Ali tinha sempre os feito de mãos separadas, e de costas, me senti aliviada. Ali na Colômbia eles estão abraçados. Tem algum que carrega uma arma no ombro mas suas mãos carrega o outro. O vizinho. Olhando para trás, vejo em minha memória para me lembrar que a palavra REVOLUCIÓN estava escrita diferente. Tinha a palavra LOVE destacada no meio, só que ao contrário e em www.varaldobrasil.com

Foto: Julieta Falavina

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BOLINHO DE CHUVA http://panelinha.ig.com.br ingredientes 2 ovos 3/4 xícara (chá) de açúcar 2 colheres (sopa) de manteiga 1/2 colher (chá) de sal 1 colher (sopa) de fermento em pó 1 xícara (chá) de leite 2 xícaras (chá) de farinha de trigo óleo de canola para fritar açúcar e canela em pó para polvilhar Modo de Preparo 1. Numa tigela, junte os ovos, a manteiga, o açúcar e o sal e misture muito bem. 2. Acrescente alternadamente à mistura o leite e a farinha de trigo, mexendo sempre com uma colher. 3. Junte o fermento e misture bem. 4. Numa panela média, coloque bastante óleo e leve ao fogo alto para aquecer. 5. Quando o óleo estiver quente, abaixe o fogo. 6. Com duas colheres de sobremesa, modele os bolinhos. Encha uma das colheres com a massa e passe de uma colher para a outra, até que a massa fique com um formato arredondado. 7. Com cuidado, coloque pequenas porções de bolinhos no óleo quente. Deixe fritar até que os bolinhos fiquem dourados. 8. Com uma escumadeira, retire os bolinhos e coloque sobre um prato forrado com papeltoalha. 9. Num prato fundo, coloque açúcar e canela em pó e misture bem. Passe os bolinhos por essa mistura até envolvê-los completamente. Sirva a seguir.

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CEN@S COTIDI@N@S por ^[ni_lli ok[mur[

É tão fácil destruir o outro, não é preciso

prometem realizar seus sonhos, mas quando

de remédios, de drogas ou de venenos... nem

os seus próprios sonhos ficam ameaçados pa-

de revólveres, de facas ou de canivetes... para

ra poderem realizar os sonhos prometidos... se

destruir o outro basta acabar com as possibili-

esquecem das promessas e se voltam para si,

dades de realização dos sonhos. Os sonhos

em seus sonhos.

de uma pessoa é um dos bens mais importan-

Há pessoas. Há pessoas que sonham,

tes que ela possui. Não há nada que se pode

há pessoas que não sonham, há pessoas que

substituir os desejos de se realizar os seus

têm pesadelos, há pessoas que não têm pesa-

respectivos sonhos.

delos, há pessoas que se realizam, há pesso-

Há pessoas que realizam os seus so-

as que não se realizam, há pessoas que não

nhos, outras não conseguem... mas estão em

sabem se vivem sonhos, pesadelos, realidades

busca deles ou começam a se satisfazerem

ou nada disso.

com a realização dos sonhos dos outros, por-

Há pessoas que têm sonhos sobre o

que a realização dos sonhos dos outros os

passado, outras sobre o presente e algumas

completa.

sobre o futuro. Há pessoas que já não sabem

Há pessoas que têm os seus sonhos destruí-

mais a diferença desses três tempos, porque

dos por pura inveja ou maldade de outros. Há

os seus sonhos foram tão esquecidos que se

pessoas que têm os seus sonhos destruídos

perderam ... não se sabe mais qual é o tempo,

porque acreditaram em realizar sonhos depen-

qual é o espaço, tudo se mistura, tudo se se-

dendo da vontade de outros. Há pessoas que

para, de nada ou tudo se lembra.

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Há pessoas. Há sonhos. Há realidades.

gene egoísta realiza os seus sonhos com aju-

Há mentiras e verdades.

da dos outros, e acha que não precisou dessa

Há. Há um gene egoísta. Um gene que só

ajuda e se esquece de ajudar os outros a reali-

pensa em si. Um gene que só pensa o seu so-

zarem os sonhos.

nho. Um gene que só vive o seu sonho. Um

E quem vive assim? O que é melhor? Um

gene que só realiza o seu sonho. Há um gene,

gene egoísta gozando de prazer de suas reali-

um egoísta, há uma pessoa, há um homem. É

zações e se enaltecendo para demonstrar isso

tão fácil construir os seus sonhos quando há

para todos? Ou uma pessoa triste despedindo

alguém por perto, quando há o apoio do outro.

de sua vida sem possibilidades de realizações

Mas é tão fácil destruir os sonhos dos outros,

tendo a piedade de todos? Ninguém sabe,

quando só o seu é importante, só o seu deve

mas ainda se buscam as realizações dos so-

ser realizado.

nhos e só assim se aguenta o sofrimento de

Há sonhos e há pessoas. Dos sonhos,

estar no mundo. Não há tempo para se pensar

nada mais... dos desejos dos sonhos a verda-

no outro, se colocar no lugar do outro, só há

de, a personalidade, a vivacidade. Destroem-

tempo para buscar as realizações de seus pró-

se os sonhos de uma pessoa, logo destrói uma

prios sonhos.

pessoa. Uma pessoa é indomada e quando escolhida e caçada, depois tentada e despertada para infelizmente ser traída e marcada... não se espera outra coisa, que seja queimada... sim queimada as suas palavras, os seus sentimentos, as suas obras e que seja levada ao vento para um mundo perdido dos seus sonhos que voaram entre tempestades contra os raios e os ventos de uma noite sem fim. Se foram os sonhos, se foi a pessoa... mas ficou o gene egoísta com outras pessoas,

Imagem: D.R.E.A.M.S.by ~AtixVector

com mais e outros sonhos. E assim é vida, o www.varaldobrasil.com

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Paixão: uma reflexão Por Norália de Mello Castro

“Puxa” – pensei – “ainda sem saber ler e ou escrever, enfrentar as agruras da velhice, não dá! Precisamos mesmo acabar com o analfabetismo em nosso país!”

Aquela carga de ódio daquela mulher permaneceu em mim... Ah! A paixão... Incrível! Como pode ser construtora de coisas boas e Quando aquele convite para nós mulhe- de coisas más... Somos sempre um poço de res dedicarmos à Paixão chegou... Meu corapaixões. É a paixão que comanda o mundo. E ção estremeceu e minha alma ficou em reboli- a palavra paixão predominou meus sentimenço. tos e pensamentos nos últimos dias do ano. Paixão... Eta palavrinha terrível, que viVira e mexe, ela se desenha à minha nha me perseguindo há dias... desde quando frente: vejo a Capela Sistina e Deus Pai estenrecebi a visita de uma mulher da roça. Ela veio dendo a mão para a sua Criação... Saio da facom um de seus filhos para que nos conhecês- se azul de Dalí e vejo sua total deformação da semos. Ele cuida dos jardins da minha casa, há natureza, recriando-a com seus sentimentos anos, e queria, talvez, que eu ajudasse sua obsessivos. Sinto Pessoa isolado no seu quarmãe, que estava em crise. to, escrevendo como Álvaro Campos. Prefiro Deparei com uma mulher de 58 anos de não olhar a figura de Drummond, na orla da idade, rosto tostado pelo sol, ainda belo e jo- praia no Rio, mas mergulhar-me nos seus esvem, sem rugas. Corpo esbelto. Ela mancava critos. Prefiro mesmo, hoje, 1º de janeiro de em consequência de grave acidente na roça, 2013, embaralhar-me com os girassóis de Van quando uma enxada quase lhe decepou o pé Gogh, sentir seu cheiro e movimentos. Mas, é direito. Chegou com sorriso nos lábios, mas Tereza de Calcutá que me atrai para não ser a faíscas de ódio na voz. Ela está impedida de mais pobre das criaturas, como ela definiu: “o fazer a única coisa que sabe e gosta de fazer: ser mais pobre do mundo é aquele que não roçar seus campos e plantações. Trabalho bra- tem amigo”. Com isto, ela conclama a ação peçal mesmo, com o qual ela e o marido criaram los menos favorecidos. seus cinco filhos. Ah! Se não fosse a paixão, sua dedicação a uma causa, não teríamos estes exemNão tem mais nenhum filho em casa; casaramplos a permearem nossas vidas. Bem... dizem se e vieram para a cidade trabalhar.Agora, ela que em tudo, em qualquer desenvolvimento de está impedida de roçar. Não se conformava. Expelia seu ódio a palavras em aberto. Só ela um talento, temos apenas 1% de inspiração e e o marido ficaram na aldeia minúscula. Repeti- 99% de suores. Eles foram homens/mulheres apaixonados, totalmente dominados pela paidamente dizia ela: xão, por sentimentos profundos chegando à - Odeio a vida que levo atualmente! beira de obsessões, o que faz sofrer, mas Odeio a velhice! constrói seres dedicados a uma causa do Bem. Seu corpo tremia da raiva ao ódio, que Ao artista plástico, somente sua paixão impulsise percebia através de suas roupas. Não quer ona o seu progredir, sua determinação, sua demorrer, mas odeia sua vida e seu corpo, agora dicação na evolução de seus desenhos. Ao inimpedido de trabalhar. Depois de despejar tan- ventor, a paixão o leva a descobrir coisas novas. Ao escritor, o ato de escrever constanteto ódio, arrematou: mente o leva a escrever melhor, a dominar me- O que eu vou fazer daqui pra frente? lhor as palavras e bem equacioná-las. O repetir Não tenho TV na roça e nem sei ler e escrever! constante de talentos só é mantido pela paixão pelo que faz e aonde quer chegar. Infelizmente, Aí, o choro brotou... constatamos a paixão conduzindo às guerras, Comovi-me diante desta mulher e pou- escravizando a maioria dos viventes. cas palavras pude lhe dizer. Não vi como ajudá -la. Difícil, até impossível, que apenas palavras minhas pudessem remover tamanho ódio. Sim(Segue) plesmente acheguei-me e abracei-a. A sensação de sua tremura ficou em mim. www.varaldobrasil.com

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As guerras são delineadas pela paixão obsessiva de ganância pelo poder e ter. Seja de que forma for, é a paixão pela vida que nos faz avançar o nosso trajeto, com erros e acertos. Paixão é um sentimento que nos envolve e nos leva ao amor por gente e coisas de nosso cotidiano. É a paixão que nos leva também a ter compaixão. Paixão é definida como situação difícil, sofrer e ampliação da emoção. São alguns de seus aspectos. Entretanto, é uma força interior que impulsiona a ação, para o Bem ou para o Mal. É força determinante para sair do abstrato para o concreto.

feminina, bem como a sensibilidade feminina adquirindo mais racionalidade masculina: a junção das duas qualidades humanas. Que o homem e a mulher vivam de acordo com os seus dois lados do cérebro. A cozinha continua a ser uma grande arma feminina e transformadora para a mulher no seu lar. Os dias foram passando e eu não me desgarrava da palavra Paixão... Estava totalmente dominada por este sentimento: paixão pela própria vida. Não entendo bem o que me acontece que, quando estou em estágio vibratório, coisas afins vão se apresentando e se direcionando ao mesmo ponto:

E estava eu ali, há dias, sofrendo com as vibrações de ódio de uma mulher que acabara de conhecer. A palavra Paixão não se desgrudava. Vislumbrei um casal apaixonado, demonstrando sentimentos de ganância de amor, o que é lindo de se ver. Mais lindo e emocionante quando estamos vivenciando esta experiência, buscando no outro o mitigar da solidão. Mas, a vida não é só isto. Não se está só quando aspiramos e vibramos com cada dia: nossa casa, nosso trabalho, nossos hobbies e nossa família e amigos. A vida por si só é uma Paixão, desde quando emitimos nosso primeiro grito, nosso primeiro som, ao nascer, e nos comunicamos assim, primariamente, com os outros. Tudo, tudo mesmo que nos rodeia nos inspira a paixão por seres e coisas. É saber ouvir os sons da vida.

Eis que recebo convite da Avaaz* para assinar a petição a favor de proteção às indianas e que seus direitos humanos sejam respeitados. A seguir, a notícia da morte da jovem estuprada coletivamente em Nova Deli!

Para mim, uma grande perda da mulher, ao longo da história, foi quando ela, desprezando a cozinha, deixou que um homem, um francês, elevasse o conceito de cozinha, fazendo banquetes para os reis, e os homens se destacassem como chefs. Ou seja, deixou que o homem se apossasse de seus segredos culinários e os transformasse em glória profissional.

Ainda em estágio vibratório sobre a palavra Paixão, me chega às mãos o vídeo de Isabel Allende, nos convidando para termos Paixão pela vida, para que possamos fazer as transformações que são necessárias. Disse ela: “Que tenhamos paixão para equacionar melhor este mundo, não precisa que seja perfeito não, mas um pouco melhor”. Claro que prontamente aceitei e me pus a escrever este texto. É a contribuição que posso dar neste momento, como escritora. Não tenho como resolver aquele ódio sentido pela mulher da roça que me visitou. Não tenho como impedir preconceitos e ações terríveis contra a mulher. Sou parcela mínima, mas posso gritar o meu repúdio pelas aberrações que vivemos, seja no dia a dia, ou através da imprensa. Pois creio que a paixão leva ao amor e à compaixão. Esta paixão construtiva, sim, deve ser cultivada.

“Eta mundo cão!” - pensei e assinei. A mulher sempre foi usada como objeto nas mãos daqueles que têm mais força física. Sempre. Em todas as eras. Precisamos acabar com este tratamento. Precisamos. Como? Em ações mais concretas. O mundo precisa de mais mulheres em pontos estratégicos de Poder: precisamos mais de mulheres como Eleonora Roosevelt, Hillary Clinton, Margaret Thatcher e Indira Gandhi... Mas também que mulheres não se façam como mero objeto para os homens.

Desconheceu a mulher o PODER que tinha nas mãos, talvez se sentindo menor diante da força física do homem. Entretanto, cabe à mulher as grandes descobertas de vida num lar: a cozinha, a plantação de alimentos, a confecção de vestimentas. A mulher sempre procurou abastecer sua casa – seu homem e filhos – do básico para viver num lar. Com toda sua sensibilidade e intuição, mal visualizava seu poder próprio. Não acredito que uma sociedade matriarcal seja a solução para a humanidade, mas sim a junção destes dois poderes: o racio- * Avaaz.org é uma rede de a&vistas para mobilização social nalismo masculino aberto para a sensibilidade global através da Internet. www.varaldobrasil.com

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O amor Por Bertolina Maffei Amor que sonha, sofre. Amor do poeta que põe em versos seus sentimentos, sua alma e seu coração! Ah não confunda amor com paixão o amor chega devagarinho de mansinho e sussurrando em teus ouvidos: "Eu te amo com todo o carinho". A paixão é malvada, danada, explosiva, prende e deixa saudade. É loucura... deixa em pedaços seu coração! O amor diz baixinho: "eu te amo, meu amor....." A Paixão grita: "eu te quero neste momento! Neste instante! Não aguento mais esperar". Você não se controla mais. Você não domina mais seu coração! O cérebro está em atrito com o coração. "Eu não posso", diz a consciência. Mas o coração diz "eu te quero meu amor, neste momento, aqui agora, neste instante!" E na guerra entre a razão e a emoção... nem sempre vence a razão.

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O Primeiro Baile* Ana Rosenrot Anoitecia quando Janete vestiu o vestido de baile pela primeira vez, desde que o comprou, há uma semana; sentiu-se estranha, o tecido era muito macio, tocava a pele de forma suave, tão diferente de suas roupas do dia a dia, sempre de material sintético ou algodão ordinário. O vestido era lilás − mesmo sabendo que sua mãe ficaria muito brava, queria mesmo é que ele fosse vermelho, mas paciência −, a saia era um pouco folgada, mas não muito, o corpete, justo, marcava bem a cintura, o decote deixava uma parte do busto descoberto e como não estava acostumada, Janete sentia um misto de vergonha por estar exposta e também certo orgulho de si mesma. Calçando os sapatos novos, foi em direção ao velho espelho de mogno lascado; quase não se reconheceu na imagem da bela e elegante moça, que lhe sorria com olhos brilhantes; naquele momento, concordou que toda aquela procura tinha valido a pena. Na semana anterior, Janete passou dias sacrificando seu horário − já tão apertado − de almoço, para percorrer as lojas de roupas finas, em busca de liquidações, pontas de estoque, saldos ou qualquer tipo de promoção que aparecesse, tentando encontrar um vestido que fosse bom e que não custasse muito; encontrou o que queria numa loja não muito grande, que ia fechar as portas e estava vendendo tudo por menos da metade do preço e mesmo assim, foi obrigada a gastar todas as suas economias, para comprar o vestido e um par de sapatos combinando. Jamais, em sua tão sofrida vida, havia sequer imaginado que um dia iria se vestir daquele jeito − parecendo uma princesa de conto de fadas −, ainda mais para ir a um baile de gala no Tênis Clube, frequentado somente pela alta sociedade. Se alguém lhe dissesse, há cerca de um ano, quando chegou à cidade − vinda do interior, acompanhada da mãe, procurando urgentemente por trabalho, após a morte de seu pai, com uma enorme quantidade de dívidas acumuladas −, que seria convidada para ir a um glamuroso baile, riria, pensando ser brincadeira ou uma loucura impossível. Estabelecer-se na cidade grande tinha sido difícil, não conheciam ninguém, tiveram que passar por muitas provações, até Janete

conseguir um emprego numa fábrica de perfumes; então, alugaram uma casa − simples e pequena, porém confortável − e sua mãe, para ajudar no orçamento, passou a fazer salgados por encomenda; juntas estavam conseguindo, aos poucos, pagar as dívidas e superar as dificuldades e após Janete receber uma bolsa de estudos na faculdade, começou a acreditar num futuro melhor e por tudo isso, sentia-se cada vez mais feliz e confiante. Prendeu o colar de contas que imitavam pérolas e foi até à janela, a noite já estava escura e a rua deserta e quieta. (Só espero que ele chegue logo...). − pensava. Quando Ivan − considerado o rapaz mais lindo, rico e educado da faculdade −, convidou-a para o baile, ficou desconfiada, achou que ele estivesse caçoando; já estava acostumada com as brincadeiras e piadinhas que os alunos de famílias ricas faziam com os bolsistas. Estava sentada no pátio, repassando a matéria para a prova de Química e nem reparou quando ele foi abrindo caminho por entre os alunos, parou na sua frente e disse: −Janete? −O que foi?− respondeu distraída. −Gostaria de ir ao baile do Tênis Clube comigo? −Não está tentando me pregar uma peça, não é? − disse Janete, levantando-se.

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−Claro que não!Estou interessado em você já faz algum tempo, queria te convidar para sair e achei que ir ao baile seria uma boa ideia... −É melhor não... − respondeu triste, dando às costas e caminhando rápido em direção à sala de aula. −Por favor, não é nenhuma brincadeira, eu não seria capaz de fazer uma coisa dessas com você; diga que sim! − disse Ivan, bem alto, chamando a atenção dos colegas, que apontavam e riam. Comovida, Janete parou e mesmo sabendo que poderia estar cometendo o maior erro de sua vida, voltou-se e disse, com voz firme: −Tudo bem, eu vou... − e saiu correndo após ouvir o som da campainha, chamando para a aula de Química; o rosto queimando de vergonha. E agora estava ali, aflita, esperando; haviam marcado para as oito e meia; eram oito quarenta e três. (Vai dar tudo certo, ele já deve estar chegando, eu não vou ficar nervosa!) − pensou, retorcendo os dedos da mão. Pegou uma revista, tentou ler, mas não conseguia se concentrar, olhava para o relógio a todo instante; desistiu, passou a andar pelo quarto pequeno de um lado para o outro, pois não queria se sentar e amarrotar o vestido. Os minutos se passavam − e nada dele chegar −, a tensão aumentava cada vez mais, Janete não sabia o que fazer; mas acreditava que apesar do atraso, Ivan ainda viria. Ou será que não? (Vem, ele vem sim...). Temia que talvez tudo isso não passasse de mais um truque, entre tantos outros que já teve que suportar. Deixá-la ali, em pé a noite toda em seu belo vestido de festa, aguentando o aperto dos sapatos de salto alto, a maquiagem escorrendo devido às lágrimas e o abandono total. Mas, o que mais temia mesmo, era que mais tarde, Ivan e seus amigos, passassem correndo em seus carros, tocando aquela música ensurdecedora, gritando em frente à sua casa e caçoando da garota pretensiosa, que ousou achar que um deles poderia se apaixonar por alguém como ela. (Pare com isso, ele vai chegar...). O relógio de parede − com a paisagem campestre desbotada −, já marcava nove e vinte e cinco e Janete, zangada, tirou os sapatos, jogando-os num canto e sem pensar no

que fazia, passou a mexer nos frascos de perfume − amostras que ganhava da fábrica − e bibelôs da penteadeira, mudando-os de lugar e depois os recolocando novamente; coisa que fazia sempre que ficava muito nervosa. (Não... ele não vem...). As nove e cinquenta, já não se importando mais nem com o vestido, senta-se na cama, derrotada, lutando contra as lágrimas, odiando-se extremamente por ter se deixado enganar tão facilmente.

(Ele não vem mesmo; nunca pensou em vir, queria somente me fazer de boba.). Revoltada consigo mesma, começa a tirar o vestido, encarando o fato de que fora realmente enganada; mas para, ao ouvir o som de um carro diminuindo a marcha; olha pela janela − num último lampejo de esperança −, vê que é realmente Ivan e corre, desajeitada, tropeçando, enquanto calça novamente os sapatos; passa a mão pelos cabelos, ajeitando-os, respira fundo para controlar os nervos, espera impaciente pelo toque da campainha e ao ouvi-lo, tenta conter-se, obrigando-se a caminhar lentamente, tentando demonstrar naturalidade e caprichando no sorriso, o coração aos pulos; abre a porta e ouve: −Oh, Janete, você está maravilhosa! Espero que possa perdoar meu atraso, mas eu tive um problema no carro e levei um tempão para consertá-lo. − disse Ivan, eufórico, pegando-lhe a mão e conduzindo-a orgulhosamente para o carro. −Tudo bem, eu quase nem percebi o atraso, sabia que você viria. − respondeu disfarçando o riso, enquanto reparava na beleza máscula, mas tranquila de Ivan, ainda mais bonito num smoking escuro.

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Quando chegou ao Tênis Clube, ficou maravilhada com a beleza do salão em estilo colonial e o brilho dos grandes lustres de cristal, que reluziam no teto decorado com motivos florais; uma banda clássica tocava e cantava antigos sucessos; as pessoas elegantemente vestidas moviam-se lentamente; naquele momento as dificuldades e inseguranças do passado pareciam superadas, existindo somente Ivan e ela, de braços dados; Janete não poderia sentir-se mais feliz. Ela sabia que logo começaria outra semana e com ela a escola, o trabalho e a luta pela sobrevivência; pode ser que esse seja o único baile de sua vida, ou o primeiro de muitos, acompanhada de Ivan, ou não; mas hoje não quer pensar em nada disso, quer apenas viver seu sonho, aproveitando a magia do seu primeiro baile. Movimentam-se lentamente, seguindo o ritmo romântico da musica − executada pela banda com emoção contagiante, atendendo a um pedido especial de Ivan −, se abraçam apaixonadamente e trocam beijos tímidos, inesquecíveis; talvez o início de uma grande história de amor. “Eu sei que vou te amar”...

*Conto premiado com medalha no Concurso “Troféu Jacaré” 2012.

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Não importa se ela perpassa

QUE MISTÉRIO É ESSE?

apenas num olhar, passeia entre as palavras

Por Leonilda Yvonneti Spina

e o coração vem alegrar... - Que mistério é esse,

Esses instantes de ternura,

que a outro ser nos impele,

rarefeitos no tempo e espaço,

nos faz identificar

tornam-se extremamente belos

com seu jeito, o cheiro, a pele?

ao calor de um abraço!

- Que mistério é esse, que ao vê-lo, um doce arrepio nos percorre as entranhas e um súbito calor nos invade e aquece com força e emoção tamanhas? - Que mistério é esse, que nos faz adivinhar carícias, um delirar de amor sem fim? - Que mistério é esse, que acontece, quando a um mero olhar, num segundo, sabemos distinguir nosso par, entre tantas pessoas do mundo? - Que mistério é esse, enfim, que o aproxima de mim? Imagem: La&fa Você surge em meu áspero caminho... Transforma em flor afiado espinho. E, de mansinho, entra em minha vida, que então se torna alegre e florida! Breves momentos de ternura... É melhor tê-los, que nesta vida breve nunca vivê-los! www.varaldobrasil.com

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FILOSOFIA DO AMOR Por Gilberto Nogueira de Oliveira

Escrevo aqui neste papel as minhas palavras tristes, Que talvez poucos leiam. Também não importa Se ninguém ler as minhas poucas palavras. Eles ficariam amargurados. Elas não falariam nunca sobre amor. O amor é um jogo no qual o homem Pensa que faz o que quer, E a mulher faz o que quer, mas Mesmo assim, deseja que seja assim. O amor é um jogo no qual o homem Pensa que ama quem quer, Enquanto a mulher ama quem quer. O amor é um jogo abstrato Onde o homem pensa que manda, E a mulher pensa que obedece. Onde o homem cansa, Cansando a mulher que descansa. O amor também é um jogo de caricias Onde quem sabe mais, recebe menos. A carícia é o principio da razão do amor. Aquele que não tem amor, Pede aos outros que não tenham. E, se não quer pedir, apenas deseja. Isto é um mal para o amor h%p://www.iwallfinder.com/

Isto é o amor pelo mal.

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O amor de minha vida Por Marlene B. Cerviglieri

Não permitirias que chorasses por mim nunca, E nem fosses o meu pensamento, Mas queria ser o teu querer Receber a tua segurança em meu coração. Que velasses o meu sono, E estivesses em meus sonhos! Ser amparada em teus braços Não sentindo nenhum problema Seria o meu grande amor Bem guardado em meu coração. Não mais desilusões e sofrimentos Estar no mundo real e junto caminharmos De mãos dadas. Com sentimentos puros Muito te amar! Seria para ti o teu grande amor procurado Pois para mim és e sempre serás O grande amor de minha vida!

Imagem by Cleobella

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Simplesmente Amor Por Flávia Assaife

Simplesmente sentir tua presença Simplesmente desejar teu abraço Simplesmente sentir teus braços a envolver Simplesmente sentir teu beijo arder Simplesmente os problemas esquecer Simplesmente acreditar que vale a pena viver Simplesmente em teu colo adormecer Simplesmente sentir-se importante para você Simplesmente não deixar o tempo passar Simplesmente todos os segundos aproveitar Simplesmente sentir-se a vontade para brincar Simplesmente saber ouvir e falar Simplesmente permitir-se viajar Simplesmente saber amar Simplesmente amor...

Imagem by Laurpora www.varaldobrasil.com

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Tema e Variações em Forma Cíclica Por Felipe Cattapan

1-

Seduzir é iludir, apaixonar-se é ansiar; ansiar é sofrer... Amar é divinizar! Querer é um vício; uma tara é um vício destilado pelo tempo; (solidão destilada pelo tempo é autofagia). Sexo é vício, ilusão, ânsia, sofrimento em querer condensar deus no próximo - sublimar a solitária digestão da tara do tempo.

2-

O escorrer do tempo se liquefaz em idade, pervertido pela razão reconhece sem ânsia que a admiração nasce de alguma ignorância e o desejo se nutre de alguma necessidade; (mas toda necessidade plenamente saciável é sede efêmera e volátil). - Envelhecer é admitir e concluir. Poetizar é resseduzir... Imagem by Angelles

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Perfeição Por Elaine Fernandes dos Santos

Perco-me lentamente em ti a cada dose deste amor louco e vivaz que me ofertas... e entrego-me inconsequentemente embebida pela ânsia que me devora e me impele a ti... Derretendome a mercê da magia deste olhar de avelã... que me aquece... me acalenta... devora-me. Doce desejo de me embrenhar nos altos e baixos do teu corpo que me seduz... vorazmente. Como uma droga viciante tu me incitas a loucos e devassos pensamentos proibidos... que incongruentemente dominam minha mente fugaz. A racionalidade subverte-se ao poder do fascínio do desconhecido que se mostra delirantemente prazeroso. E um sabor deliciosamente estonteante gruda-se em minha pele vibrante... eis o efeito do teu toque lascivo. Sons disformes chegam sussurradamente a meus ouvidos entorpecidos provocando-me arrepios... frio... fogo... delírio. Desejo ardente de te ter. Palavras cálidas jorram perigosamente em meu pensar delineando em mim desejos secretos destinados a ti. Cenas inebriantes povoam inescrupulosamente meu olhar levando-me ao deleite da tua existência mítica. E um desejo ardente de amar corrói meu íntimo. Decaio. E o que antes era só pensar... agora sim... realidade. E nesta realidade sonhada a existência indesejada de um obstáculo indiferente que em toda a sua extensão não foi suficiente para reprimir o nascimento de um sentimento tão sublime. Amor. E o sonho se fez real... louca paixão unindo duas almas distantemente esperadas. E o desejo de amor se completa na distância dos corpos unidos por um único pensar: amar. Livre ânsia da felicidade que se idealiza na espera de um beijo sonhado. E a perfeição de um sonho feito real idealiza este encontro secretamente tramado. E a doçura de um sorriso espontâneo acalenta a saudade sufocante que cresce desenfreadamente. No silêncio de encontros ocultos constrói-se a certeza de um futuro incerto. E o amanhã, constantemente esperado, apresenta-se longínquo enquanto o agora se vai repentinamente. Foi um encontro estranhamente inesperado. Traçado. Vidas distantes que ao primeiro contato se reconheceram. Entrega total... segredos... sonhos... medos... incertezas... confidências. E no reconhecimento de suas fraquezas, na confissão de seus desencontros passados a certeza de uma união almejada. Carências supridas. Sintonia total. Poucos dias, felicidade de anos completos em parceria perfeita. Por vezes, o mesmo pensamento verbalizado. No início, dedicação total em curar mágoas. Um amo-te sem cobranças, e outro e mais outros. Uma conquista. Alma refeita. Vida nova. Inevitavelmente poucos dias sem encontros vorazes... no reencontro, uma confissão entre lágrimas: eu amo você. E a esperança da chegada deste dia transforma-se em festejo. Um beijo. De amor. Um coração que bate aqui. Um coração que pulsa lá. Um amor nunca sentido, hoje concretizado. Dois corpos distantes. Uma só alma em união. Uma espera interminável pelo momento desde já inesquecível. Neste sonho, a realidade. Neste segredo, a perfeição. Em um beijo, duas almas. Dia após dia numa lenta e cálida paixão que alimentada pela saudade de corpos distantes pulsa veementemente à espera do ápice deste amor que se fortifica noite após noite entre as confissões secretas de corpos que sussurram em devaneio. Promessas juradas que se fazem reais através de uma pequena tela de cristal líquido. www.varaldobrasil.com

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Bolinho assado de batata com espinafre Ingredientes •

12 batatas médias . 2 colheres (sopa) de queijo ralado . 1 colher (sopa) de salsinha picada . 1 colher (sopa) de cebola picada . 1 ovo . 1 xícara (chá) de leite . 1 colher (sopa) de farinha de trigo aproximadamente . Sal a gosto . 1 gema para pincelar Recheio . 1 colher (sopa) de manteiga . 1 cebola picada . 1 maço de espinafre picado . 1/2 xícara (chá) de leite . 1 colher (chá) de farinha de trigo . Sal a gosto

Modo de preparo Cozinhe as batatas até ficarem macias. Escorra e amasse até formar um purê. Junte os ingredientes restantes e leve ao fogo até secar o excesso de líquido. Para o recheio, derreta a manteiga e refogue a cebola e o espinafre picados. Junte o leite misturado com a farinha de trigo e tempere com o sal. Cozinhe até começar a engrossar. Divida a massa de batata em pequenas porções e ponha um pouco do recheio no centro. Enrole como bolinhos e disponha-os em uma assadeira untada. Pincele com a gema e asse-os no forno até dourar. Dica: este bolinho também pode ser frito em óleo bem quente. http://mdemulher.abril.com.br

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A LUA E O AMOR Por Lenival de Andrade Duas coisas que não combinam É o amor com a dor A lua brilha no céu O amor domina na terra A lua também na terra brilha O amor também domina no céu Bela é a lua Belo é o amor Quero amor sem dor E tão bela é a lua Existe também outra lua É a lua de mel É o melhor do casamento Depois vem o fingimento E até o arrependimento Parecendo coisa de momento Porém não existe outro amor Que não seja o divino Meu sonho maior desde menino Era encontrar um amor Puro e verdadeiro Maior que o mundo inteiro E que todo o universo Duas coisas que não combinam É amor com dor O que combina é a lua com o amor

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@RTES N@ VISÃO DE J@COB B. GOLDEMBERG

ARTE? FALA SÉRIO! Começamos com uma citação do escritor peruano Mario Vargas Llosa, no Hay Festival Cartagena 2013, Colômbia, transcrita na revista VEJA, Edição 2307, de 06/02/2013: “Nas artes, a palhaçada chegou a termos grotescos, a ponto de museus importantes pagarem centenas de milhões por um tubarão no formol” Alusão clara à obra de Damien Hirst, o artista britânico mais badalado e rico da atualidade, “The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living”, de 1991, vendida em 2004 por doze milhões de dolares ao bilionário americano Steve Cohen : nada além de um tubarão morto (menos mal…) de 5 metros, mantido em formol em aquários, pesando a obra 2 toneladas; ; recentemente foi desmontada e recuperada por técnicos especializados por deterioração na taxidermia do animal. Some-se a isso críticas e questionamentos feitos à realização de “obras de arte” em que o artista sequer põe a mão no trabalho, deixando tudo por conta de outros, especializados — não se faça aqui qualquer analogia com os aprendizes, estagiários, assistentes, o caso é exatamente ao contrário; questionado sobre esse procedimento, Hirst declarou, certa vez: “… não sou burro a ponto de trabalhar …” . A obra de arte chega a quem com ela se encontra ao modo e intensidade que ,em cada um, a sua percepção acolhe, permeia suas preocupações e o seu conhecimento processa; é aí que a interação entre o artista e o espectador é construtiva e enriquecedora — porque diálogo; no entanto, a grande maioria do que nos é oferecido são peças ou ambientes cenográficos à procura de um texto que os justifique, o que é proposto em pequenos escritos, em placas ou paredes, ou através de textos críticos nos meios de divulgação: não mais um diálogo mas sim digressões

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sobre a obra e sobre o autor: difíceis de entender até mesmo para o autor, que com toda a certeza não pensou aquilo tudo que se explica, nem antes, nem depois, mas passa a adotar e repetir; resumindo: quem tem o que dizer, dá o recado, quem não tem necessita de alguém que lhe invente um. Assim, as obras de artes plásticas, as mais em voga nos dias de hoje, estão difíceis de entender mas são fáceis de definir: é uma PERFORMANCE quando o palhaço é o artista ou é uma INSTALAÇÃO quando os palhaços somos nós. Com todo o respeito devido aos palhaços, artistas sublimes que são.

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De como entrar num parafuso sem fim Por José Alberto de Souza lá vem ela me enxerga se transforma fica linda e eu não tenho uma câmera para registrar a felicidade que ela transmite quando me vê nenhuma outra mulher no mundo se apura tanto quase corre querendo se atirar em meus braços que bom te ver eu também precisava tanto falar contigo eu também me beija nas faces que dia bonito dá vontade é sair de mãos dadas contigo não posso não fica direito vais pra lá eu também te lembras daquela vez que brincamos de roda faz tempo não muito ainda não esqueci mas como estás bem continuas a mesma menininha safada que mexia comigo dizendo que eu eras um bocó que não gostava de namorar mas eu não queria me comprometer ficar enrabichado depois teu pai perguntar qual era minha intenção sem que eu pudesse falar outra coisa que era a melhor possível e logo tua mãe na sala fazendo crochê na cadeira de balanço vigiando a gente segura a tua mãozinha não pode faz cosquinha no sovaco vê só que atrevimento te manda moleque onde já viu faltar o respeito com moça de família não ontem não dava pé hoje pode dar ela quase se encosta eu tenho vontade é de passar o braço nos seus ombros pergunto com meu olhar responde com seu gesto esfregando sua coxa na minha mão me excita me deixa todo corado de mão num bolso que coisa louca nunca vi nada igual nem acredito xô danada cruz até acho que ela deve gostar de mim

Imagem by Mari Mackie www.varaldobrasil.com

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REGULAMENTO DO CONCURSO CULTURAL "1º PRÊMIO VARAL DO BRASIL DE LITERATURA - 2013", PROMOVIDO PELA REVISTA VARAL DO BRASIL

A finalidade do presente concurso é a divulgação da Língua Portuguesa e da arte literária mediante premiação das melhores obras literárias dentro do proposto no regulamento a seguir:

1.

Poderão participar do concurso pessoas maiores de 18 anos que sejam brasileiras ou estrangeiras e que escrevam na Língua Portuguesa.

2.

Serão consideradas três categorias: contos, crônicas e poemas.

3.

Os originais deverão ser inéditos e escritos em Língua Portuguesa. Os contos, crônicas e poemas não poderão ser traduções de originais de outros idiomas e não poderão ter sido publicados anteriormente em nenhum meio de comunicação, impresso ou virtual, e poderá ser chamado às vistas da lei.

4.

O conteúdo dos originais seguirá o critério seguinte: o tema é LIVRE, ou seja, o autor poderá escrever sobre o assunto de sua escolha. Os textos não deverão trazer temática partidária, seja ela política, religiosa, racial ou outra. Textos que pos-

suam conteúdo partidário político, religioso, racial ou outro e textos que contenham pornografia de qualquer espécie serão desclassificados deste concurso sem mais. 5.

Cada candidato poderá concorrer nas três categorias com um trabalho em cada uma delas no máximo. Para cada categoria o candidato deverá fazer uma inscrição separada e enviar também separadamente, o material a ser avaliado no concurso.

6.

A inscrição dos originas deverá ser realizada no período entre 1º de fevereiro e 30 de abril de 2013, mediante o pagamento de uma taxa de inscrição e do envio dos originais a serem avaliados para o e-mail varaldobrasil@gmail.com nas condições abaixo discriminadas.

7.

O valor da taxa de inscrição fica estabelecido em: CHF 25,00 (vinte e cinco francos suíços) para a Suíça; BRL 45,00 (quarenta e cinco reais) para o Brasil e EUR 20,00 (vinte euros) para todos os demais países. O valor deverá chegar ao VARAL DO BRASIL isento do pagamento da taxa de transferência bancária ou depósito bancário.

8.

As coordenadas bancárias para o pagamento da taxa de inscrição deverão ser solicitadas através do email varaldobrasil@gmail.com

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9.

Os interessados preencherão a ficha de inscrição que será enviada junto do texto (folha separada) e comprovante de pagamento da taxa de inscrição. Uma foto de rosto deverá ser enviada junto ao restante do material solicitado.

10. As inscrições serão realizadas apenas online, por intermédio do email varaldobrasil@gmail.com e o autor deverá utilizar um pseudônimo que estará presente na ficha de inscrição. 11. As crônicas e os contos deverão ser enviados em formato A4, letra Arial 12. Os contos deverão ter no máximo duas páginas e as crônicas no máximo uma página. 12. Os poemas deverão ser enviados obedecendo às mesmas condições dos itens 10 e 11, mas contendo no máximo 1 página. 13. Não serão considerados válidos textos que vieram colados no corpo do e-mail nem textos que vierem sem o comprovante de pagamento da taxa de inscrição. 14. Não serão considerados válidos textos que vieram colados no corpo do e-mail nem textos que vierem sem o comprovante de pagamento da taxa de inscrição. 15. Para seleção das melhores obras o VARAL DO BRASIL formará uma Comissão Julgadora que estará apta a avaliar os originais enviados de acordo com os critérios editoriais, criatividade e estilo para desta forma escolher os vencedores do presente Prêmio.

16. Toda e qualquer decisão tomada pela Comissão Julgadora será irrevogável. E para a decisão não cabe nenhum tipo de recurso ou medida judicial. A inscrição no concurso implica na aceitação de todos os itens deste regulamento. 17. A escolha das melhores obras literárias será publicada no mês de junho de 2013 no site e blog do VARAL DO BRASIL (www.varaldobrasil.com e www.varaldobrasi.blogspot.com) e divulgada amplamente. 18. Os vencedores em cada categoria receberão certificado do I PRÊMIO VARAL DO BRASIL DE LITERATURA, além da quantia de CHF 500,00 (quinhentos francos suíços) e a participação como convidados no livro VARAL ANTOLÓGICO 4 a ser editado em 2014. 19. Os detentores do segundo lugar em cada categoria receberão Menção Honrosa, mais a quantia de CHF 300,00 (trezentos francos suíços) e a participação como convidados no livro VARAL ANTOLÓGICO 4 a ser editado em 2014. 20. Do terceiro ao décimo lugar: Menção Honrosa e possibilidade de participar do livro VARAL ANTOLÓGICO 4 (mediante pagamento de inscrição com valor privilegiado) 21.

A nominação e comunicação dos premiados será feita por e-mail.

(SEGUE)

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22. Fica autorizada a publicação pelo VARAL DO BRASIL na revista VARAL DO BRASIL, no livro VARAL ANTOLÓGICO 4 e nos blog e site do VARAL DO BRASIL de todos os textos inscritos, sejam eles selecionados ou não. Os candidatos autorizam o uso e a veiculação do seu nome pelo VARAL DO BRASIL ou por terceiros por ele autorizados, inclusive para fins comerciais. 23. A apresentação dos originais para concorrer ao I PRÊMIO VARAL DO BRASIL DE LITERATURA implica expresso acordo às normas apresentadas no presente Regulamento. 24. Os prêmios são pessoais e intransferíveis e não poderão ser trocados por quaisquer outros produtos ou serviços. 25 Todos os casos não previstos nas normas deste Regulamento serão resolvidos diretamente pelo VARAL DO BRASIL. 26. A organização do VARAL DO BRASIL se reserva o direito de recusar qualquer candidatura que acredite não respeitar as normas deste Regulamento ou por outros motivos que a organização do I PRÊMIO VARAL DO BRASIL DE LITERATURA achar pertinente.

Em Genebra, 24 de janeiro de 2013

Jacqueline Aisenman Editora-Chefe do VARAL DO BRASIL Coordenadora do I PRÊMIO VARAL DO BRASIL DE

LITERATURA

@quilo qu_ s_ f[z por [mor _stá s_mpr_ [lém ^o \_m _ ^o m[l. Fri_^ri]h Ni_tzs]h_

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INTIMIDADE Por Jeanne Cristina Barbosa Paganucci

Sonhos, doce encanto dos meus dias Em que choro tão pesadas despedidas e encontro tão distante tuas carícias penso nas cartas não correspondidas

Livre de ti estou só Para não mais te encontrar Mas essa dor que lacera minh’alma Vive e persegue meu despertar

Desapareça, saia de vez e não volte Jamais, para que eu possa sonhar Em outras ilusões adentrar

Agora o encanto se quebra e repito Desapareça, saia de vez e não volte A povoar o meu intimo, instinto

Imagem: http://www.amormensagensepoesia.com/products/soneto-da-intimidade/

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NO UNIVERSO DE GUACIRA MACIEL

Alma barroca do povo brasileiro (fragmento do meu livro “Cruz do meu Rosário; um amor na Chapada Diamantina” (Guacira Maciel) Aqui precisaria trazer uma compreensão sobre essa analogia, pois entendo que o barroco representa fortemente a alma do povo brasileiro, em sua profunda teatralidade expressada com muita ênfase, propriedade e força na obra do Aleijadinho, grande escultor mineiro (1730/1814), que externou esse fenômeno em suas esculturas. Uma obra plena de drama, de expressão, de metáforas, de musicalidade, constituídas por olhares, postura corporal, gestos e movimentos que absorvem e partem da apropriação de elementos da natureza. Nela se encontra retratada, pioneira e reconhecidamente, a identidade mestiça da alma e do sangue do povo brasileiro, evidenciada por esse caráter expressionista. Eu diria que na sua obra está o genoma da composição genética em cujos códigos se pode identificar o sangue indígena, nativo do país, acrescido daqueles outros que foram incorporados a posteriori, que são o do negro e do europeu, com marcantes características humanas e pleno de sensualidade, percebidos nos movimentos das suas esculturas. Buscando compor uma identidade própria nesses espaços, encontramos referenciais bastante contemporâneos no hipertexto que se realiza na obra do artista, reconhecido, inclusive, como um majestoso conjunto arquitetônico; eu iria mais longe, ousando dizer que essa arquitetura se transmuta numa perspectiva tam-

bém imaterial, quando imagino o que consegue estimular na dimensão da criatividade, moldando essas características mestiças. Na montagem do seu teatro em pedra-sabão, ainda que em sua imobilidade material, fundado em 1957, na então Freguesia de Nossa Conceição das Congonhas – exemplo de uma história icônica -, o artista mineiro construiu o que os estudiosos denominam de “arquitexto” (arquitetura e texto), que eu diria arquitexto também no sentido de dimensões imaginárias colossais quanto às possibilidades, composto de um cenário e uma coreografia que conseguem nos transportar à própria gênese da história humana. Ali se encontra em plenitude outras linguagens, como a muda e imutável musicalidade, percebida sutilmente pelo movimento das posturas e roupagens que dão suporte a esse movimento; nela, os 12 Profetas em imponente postura, realizam uma conferência imaginária, que me transporta à não menos mágica Távola Redonda, do lendário Rei Artur. Esse caráter barroco da obra teatralizou a arte brasileira em suas características multirraciais, representando-as com nuances de musicalidade, que tanto têm em comum com o nosso caráter, expressão corporal, criação e imaginário, mas também ciência (cálculos e precisão). A maior marca dessa teatralidade, dessa dramaticidade lhe é conferida magistralmente nessa linguagem visual, através do movimento dançante das roupas enfunadas por um vento quase palpável e não menos imaginário e dramático; pela sugestão da impetuosidade e autoridade anunciadas por esses personagens/

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divindades, como um portal entre o divino e o

tendo a criação um terreno sem paternidade e

humano, livre de qualquer crença específica.

movido por amplas compreensões de mundo

A dramaticidade do barroco está muito plena

e caminhos do imaginário, não a desconside-

na obra, até pela similaridade com as condi-

raria, uma vez que aquela fase se constitui

ções físicas do seu criador, severamente muti-

uma vivência histórica plena de muita dramati-

lado pela lepra, segundo consta, enfermidade

cidade da nossa história, pois naquele período

que foi consumindo sua carne e seus movi-

Minas Gerais passava por um momento de

mentos tão lenta e perversamente. Nela tam-

grande exploração de suas riquezas e reivindi-

bém estão registrados a dor e o sentimento de

cações sociais, atingindo o desfecho que co-

transitoriedade do homem, que o artista tão

nhecemos.

bem consegue comunicar; a impossibilidade

Essa compreensão busca explicitar com luci-

da perfeição e do reconhecimento de que a

dez, com muita pertinência, a similaridade que

arte capta um momento fugaz da condição hu-

busco explicar e entendo existir entre a natu-

mana de criar; portanto, do reconhecimento

reza do povo e a teatralidade da fase barroca

das suas limitações.

brasileira, especialmente o trabalho desse ar-

Talvez até possamos entender certa

tista, onde está implícita a multiplicidades rít-

‘crueldade’ ou desespero vistos nas deforma-

mica e outras linguagens artísticas plenas de

ções das esculturas de pedra-sabão, escolhi-

musicalidade, de dramaticidade, de movimen-

da - sugerem alguns - por sua composição

to e envolvimento com o clima e a voluptuosi-

com ferro e, portanto, sujeita à oxidação, co-

dade dos nossos relevos, em que o elemento

mo uma forma de retratar seu estado físico

nativo, acrescido dos outros já mencionados e

legado pela inexorável enfermidade, ou ainda

que compõem nossa genética tão múltipla, se

pela ilusão de ter o controle ao roubar-lhes a

fazem esplendidamente presentes, ampliando

integridade, a beleza e a vida, como acontece

suas formas em nossos espaços

consigo mesmo, sem que possa interferir nesse processo. Aqui volta a chamar a atenção sobre a representação e a utilização da arte como possível expansão do Eu; o Eu que lhe escapa e adquire vida e personalidade, e existência próprias. Segundo consta, há uma referência de que os Profetas também representariam os inconfidentes mineiros, tese desconsiderada com acidez por Waldemar de Almeida Barbosa em “O Aleijadinho de Vila Rica” (texto da Internet), que diz ser a hipótese “excesso de imaginação ou falta de assunto”. Entretanto, como enwww.varaldobrasil.com

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O AMOR É INSANO

Por Girlene Monteiro Porto

Não há moinhos de vento Que me afastem de você E nem poderia a mesquinha sensatez Ser mais esperta que a loucura Do amor que sinto e que me dá forças Para lutar contra tempestades em alto mar. Mar que me leva a viajar Para distantes terras, mas mesmo cansado do caminho, Sempre volto louco para o seu amor, meu amor.

Imagem by Mothyyku

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Se você deseja ajudar os animais que todos os dias são abandonados, atropelados, maltratados e não sabe como, vai aqui uma dica: Procure uma associação de proteção aos animais, um refúgio, uma organização ou mesmo uma pessoa responsável em sua cidade ou estado. As colaborações podem ser feitas através de tempo, dedicação, ajudas financeiras, divulgação. Há pessoas por todos os cantos ajudando aqueles que não sabem como ajudar a si mesmos. Seja mais um, faça destes bichinhos a sua causa!! AJUDE A AJUDAR, SEJA HUMANO! SE VOCÊ É PROTETOR DE ANIMAIS OU É FLIADO A ALGUMA ASOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL: NÓS DIVULGAMOS AQUI NA REVISTA VARAL (GRATUITAMENTE) O SEU TRABALHO. ENTRE EM CONTATO: E-MAIL; varaldobrasil@gmail.com www.varaldobrasil.com

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Vértice do universo Por Paulo Siuves

No momento em que estamos juntos, eu me sinto como que vivendo num sonho, quando a sua voz invade a minha alma sinto que há fogo em meu corpo. Tuas mãos deslizam em meu rosto fazendo-me calar num longo e sincero beijo, meus braços envolvem com ternura o teu corpo, alvo de toda a minha paixão, meus olhos procuram em teus olhos um pedido para interpretar. Sinto a sua respiração ofegante, enquanto minhas mãos deslizam suavemente pelo teu corpo procurando um segredo que eu não conheça, entre sussurros e palavras de amor eu recebo os seus beijos doces como favos de mel. Em beijos ardentes, nossos corpos se envolvem em um intenso ritmo de prazer e se misturam transformados numa fonte de suor, descubro os segredos guardados nas curvas mais cobiçadas do teu corpo, não há uma só coisa que me seja proibida. Então sinto o queimar do teu prazer e em teus braços, o teu olhar em forma de querer me leva ao vértice do universo. E, extasiado, vejo o teu corpo brilhando sob a luz da lua, cúmplice desse momento sagrado, onde bailamos ao som das estrelas, a melodia da vida a canção dos apaixonados...

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Bolinho de arroz INGREDIENTES De Tania Cione 2 xícaras de chá de arroz cozido 1/2 xícara de chá de queijo ralado 1/2 xícara de chá de leite 2 colheres de sopa de cheiro-verde picado 1 colher de sopa rasa de fermento em pó 1/2 xícara de chá de amido de milho 1/2 xícara de chá de farinha de trigo 3 ovos óleo para fritar MODO DE PREPARO

Misture tudo muito bem Frite as colheradas em óleo quente, deixando dourar de ambos os lados Escorra sobre papel absorvente

http://tudogostoso.uol.com.br/

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Imagem by ichihimemania

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UM GRANDE AMOR Por Mário Rezende

Nada melhor que ter um grande amor. Quando se encontra o outro na areia do rio; no pio do pássaro noturno; em gotas de orvalho numa pétala de flor; nos pingos da chuva refletindo nos raios do sol um arco-íris; na lágrima que veio do coração; no sopro do vento; na linguagem muda do pensamento; no silêncio do deserto; na noite enluarada; na história de amor que a gente cria; no beijo atrevido jogado no meio da multidão. Quando se tem tudo isso, para guardar como boas lembranças, nos enlaçados corações. www.varaldobrasil.com

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Stand do Varal do Brasil em 2012 Na foto, recebemos, o Embaixador Ernesto Rubarth, CĂ´nsul-Geral do Brasil em Genebra

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O Amor é Flor… Por José Cambinda Dala

O amor já não é qualquer flor Actualmente é flor rara Difícil de se encontrar Já que os jardins de verdade desapareceram

Infelizmente quem tem a sorte de a achar Nada faz parar a preservar Maltrata-a regando quando quiser O que leva-a a murchar

Flor murcha não é morta! É apenas falta de cuidados Que seja bom jardineiro quem a descobrir

O que renasce é sempre mais forte Com experiencias acumuladas Para uma nova vida, rumo a felicidade.

h%p://southgippsland.wordpress.com/

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O jogo da sedução Por Angela Guerra

O AMOR chega despercebido... A flecha do impiedoso Cupido fere sem dor e o nosso corpo inteiro vibra, inflamado pelo AMOR! Uma canção, um cantinho especial, um mundinho só dos dois, muitos beijos e um depois... Emoções aos borbotões, invadindo os corações, eletrizando os sentidos, exacerbando os desejos, e, na volúpia dos beijos, os corpos se tornam um e permanecem unidos, no jogo da sedução, até o espocar dos fogos, que, com mil cores, preenchem a vida daqueles dois...

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POEMA PARA MEU FILHO Por Maria José Vital Justiniano Por que te preocupas? Acaso, não vês que as estrelas sempre brilham? Não importa se não tem flores no jardim, As estrelas continuam brilhando... Não tem problema se o amigo te trouxe desilusão, Outros amigos virão... Por que queixas? As estrelas não se preocupam com quem as contempla, Nem ficam com menos brilho se alguém não gosta de poesia As estrelas permanecem com o mesmo brilho Porque são sensíveis, Lindas, Preciosas, Ingênuas, Majestosas, E poéticas. Assim, como você, amigo e carinhoso, Necessário no seio da família e da sociedade para BRILHAR ..

h%p://vegan.sheknows.com/

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Tempestade sentimental Por Erica Gonçaves Era uma tempestade com chuvas intensas, diferentes, parecia de prata com um imenso brilho que vinha de um olhar apaixonado. Ah! E as nuvens deste olhar eram torrentes de fogo, como lavras de um vulcão incandescente, queimando por grandes sentimentos de amor. Havia também muita ventania, formada pelos constantes abraços e carinhos atrevidos e incansáveis. Os trovões mostravam os impulsos do coração e sua euforia diante do prazer absoluto. Os corpos tocados causavam grandes relâmpagos que cegavam a insensatez do momento. Os desejos... Os desejos queriam todos os prazeres ao mesmo tempo, mas também que o tempo parasse no tempo. O corpo era como uma elegante palmeira se requebrando com aquela tormenta, grandes ventanias e impulsos eletrizantes que todos aqueles sentimentos causavam. O prazer era absoluto e insano, e os ventos afáveis. E na calmaria, o cansaço imperava, buscava repouso, silêncio, tranquilidade e mansidão... ... Numa pausa, a tempestade do amor

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O terceiro volume de nossas coletâneas VARAL ANTOLÓGICO chegará em breve! Será lançado dia 03 de maio no 27o Salon International du Livre et de la Presse de Genève (Genebra/Suíça) e em agosto em Florianópolis, SC. Conheça todos os 40 coautores e do livro e demais participantes nas páginas de nosso site! www.varaldobrasil.com

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OS SENTIRES MEU E DE DEUS Por EstherRogessi O amor é indefinível, não há palavras que o descreva. Por mais que as busque, menos digo; quanto mais calo... Mais sinto. Só sei que está no vento, na chuva, no sol, no firmamento; no nascer, morrer... Sim! No morrer – O grande amor de Deus leva-O, a nos tomar para si. Menos dor haveria se pensássemos assim...! O amor é doação... Do contrário, é amor não. (...) O amor é sofredor, é benigno: O amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência; não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha.

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Muita gente pergunta: Castrar pra que? Coitado do animal? A resposta do porque castrar está ai. 13 filhotes abandonados em caixa de papelão. Ai pergunto: Cadê a mãe? Está com o ignorante que abandonou os bebês e não vai castrar a fêmea que daqui 6 meses entra novamente no cio. Tá respondida a pergunta? Rafael Leal protetor, dedicado a ajudar os animais teve 10 filhotes abandonados na sua porta. Eu e minhas amigas com 20 filhotes abandonados e com certeza mais um monte de protetor ou pessoas que lutam para ajudar tiveram esta surpresa em sua porta. Pense nisso, castre seus animais, oriente seus vizinhos e conhecidos a fazer o mesmo para que um dia esta situação melhore. Quem sofre com tudo isso é o animal que é tirado da mãe antes do tempo e jogado em ruas e estradas.

Reprodução da página do Facebook de Marcia Leone http://www.facebook.com/marcialeone?fref=ts

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Sonhar o amor Por José Hilton da Rosa Cúmplice de qualquer sorriso só para amar Lágrimas de esperança e solidão só para amar Perdido e reencontrado, emocionado só para amar Fingir a falsidade, abnegado sorriso só para amar Quisera olhar, mesmo infeliz só para amar Sonhos que levam o ar puro do amor somente amando

Imagem by diihpictures

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BOLINHO DE BACALHAU Ingredientes

6 Colher(es) de sopa de Alho Granel 2,5 Quilo(s) de Batata 3 Colher(es) de sopa de Azeite Borges ExVirg 3 Xicara de Oleo Soja Sadia 2,5 Quilo(s) de Bacalhau Porto

Modo de preparo Em uma assadeira, coloque as batatas e leve ao forno para assar, a 220ºC, por 1 hora. Depois re&re as batatas do forno, descasque-as e passe-as pelo espremedor, ainda quentes. Deixe esfriar e reserve. Em uma panela, aqueça o azeite e refogue o bacalhau, as folhas de louro e o alho picado. Frite bem, até que fique sequinho, e deixe esfriar. Quando as batatas e o bacalhau es&verem fritos, misture-os e acrescente a pimenta e a salsinha a gosto. Faça bolinhos e frite-os no óleo bem quente. Sirva com limão. h%p://www.receitasprezunic.com.br/

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Seus olhos Por Renta Iacovino Gosto de ler a cor dos seus olhos Não essa que parece Que aparenta Mas aquela Que é parente Da entrelinhada furta-cor Desse âmbar todo amor... Gosto de tecer a cor desses seus olhos Tão meus olhos A me olhar A olhar você... Essa tradução Imperceptível Aos olhos dos outros Gosto de imaginar o que me dizem Ao se perderem entre os meus Quando parece que o caminho finda E nova nesga se ilumina Conduzindo-nos a diversos olhares Nossos Gosto... Gosto do gosto do seu olhar A me pestanejar Conversando explicitamente Subliminarmente Assim de longe Assim tão perto Aí e aqui

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SOBRE NOSSO AMOR Por Larissa Loretti Todas as luzes da ribalta te iluminam, meu amor. Nada nos falta. Não é preciso inflação de palavras para te saudar... Apenas um grão de ternura um sorriso, um poema... Ficou nítida a paisagem de nós dois vivendo essa aventura maravilhosa! Nada de escrever odes à melancolia, mas viver sob um céu cor de rosa, enfeitando o caminho. E sem preconceito atiçar o desejo sobre o leito porque na verdade, meu amor, imersos na felicidade, no fórum do tempo, dia a dia seremos eternos amantes, em todos os instantes, encharcados de amor e poesia!...

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DIVINO AMOR Por Carlos Alberto Omena O amor quando se vai deixa-nos vazio, causa dor. É sensação estranha o amor, divino amor.

Mas quando presente estás sobe por todo o corpo imenso calor. Por isso é que sois mágico amor, divino amor.

Sois imprudente e até leviano causa alegrias, às vezes medo ou pavor. Sois a felicidade ou decepção. Por isso chamam-lhe amor.

Amor, singelo sentimento, tal perfumada e rara flor. Tu és poderoso e nobre; amor, divino amor.

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As Sem-razões do Amor (Carlos Drummond de Andrade) Eu te amo porque te amo. Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo. Eu te amo porque te amo. Amor é estado de graça e com amor não se paga. Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários. Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim. Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama. Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo. Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor.

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TRÊS CORPOS Por Eber Josué Na noite profunda, Três corpos são vistos Envoltos em chamas, Em fogos ardentes, De pura lascívia e paixão. Três corpos desnudos, Três deuses profanos Bailando na água, Ardendo em desejo; O tempo parece parar. No seio da noite, Três corpos se enlaçam Num só sentimento; Confundem-se as carnes Em luxuriante prazer. Envoltos no ébano, Despidos de tudo, Os corpos se fundem; Sensação profunda De puros prazeres carnais. Roçar de três corpos Tremulantes e acesos; Convulsiva explosão Propagando, qual onda Perdida no éter profundo. Na noite profunda Três corpos são vistos, Mas ninguém indagou Se os orgiosos sussurros São pecado ou adoração.

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V Encontro Brasileiro na Suíça – “Redes Sociais e Integração”

Sábado, 25 de maio de 2013 - Aula Rämibühl, Rämistrasse 56, 8001 Zurique As redes virtuais como o Orkut, Facebook, E-mails, Blogs, dentre outros, inauguraram uma nova era no campo das comunicações e desempenham um papel importante na vida cotidiana da maioria das pessoas, especialmente quando se mora longe da família. Apesar isso, todas essas formas de “estar conectado” com o mundo não substituem o encontro pessoal e presencial com outras pessoas. Para nós, o termo “Redes Sociais” refere-se a uma teia multifacetada de relações (presenciais e virtuais), que vão desde o pequeno círculo familiar até as relações estabelecidas no ciberespaço. Todas as relações estabelecidas entre pessoas, de forma presencial e/ou virtual, criam importantes contatos, de diversas naturezas. No contexto multicultural da Suíça, as redes sociais são uma chave importante para a integração. É na construção e no interior dessas redes sociais que a integração se concretiza, passo a passo. A ideia deste Encontro é debater sobre os papeis que essas redes sociais podem representar, assim como sobre as chances e os desafios do mundo ligado em rede. O público terá a oportunidade de interagir ativamente durante o evento, tanto na troca de experiências com os outros participantes, como no contato com os participantes da mesa redonda. Reservem a data, façam sua inscrição e sejam bem vindos para debater conosco e com nossos convidados sobre esse tema, que além de interessante, é também muito atual! Coordenação do CBS (Conselho Brasileiro na Suíça) Patrocínio: Integrationskredit des Kantons Thurgau Fachstelle Integration des Kantons Basel-Landschaft Integration Basel Amt für öffentliche Sicherheit – Abt. Lotteriefons/Solothurn Migroskulturprozent Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Segue) www.varaldobrasil.com

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Programa 9:30 Chegada, inscrição 10:15 Abertura e Saudação 10:35 Introdução ao tema 10:50 Palestra: “Redes Sociais: Chances e desafios do mundo ligado em rede”, por Alexander Thoele (jornalista da Swissinfo, criador do Blog “Do topo dos Alpes” e do “Fórum Brasil-Suíça”) 11:30 Dinâmicas para troca de experiências 12:00 Espaço Cultural 12:15 Almoço 14:00 Mesa Redonda com participação de: Meire Yamaguchi (psicóloga, naturopata e escritora), Jacqueline Aisenmann (escritora, editora do site e da revista eletrônica “Varal do Brasil”) Vicente Luis de Moura (psicólogo). Moderação: Sandra Rodrigues Urech (mestre em educação, membro da diretoria do CBS) 15:40 Pausa 16:10 Conclusão do tema, com apresentação de links úteis 16:30 Reflexão final 17:00 Encerramento com música Formas de acesso ao Local: Aula Rämibühl, Rämistrasse 56, 8001 Zurique (Entrada na Steinwiesstrasse/ Steinwiesplatz) / Trem: Da estação principal de trem de Zurique pegar o bonde (Tram) Linha 3/8 direção Klusplatz, descer no “Hottingerplatz”, descer a rua e virar a primeira à direita. Inscrições online: www.encontro-brasileiro.ch ou www.conselho-brasileiro.ch Até 10 de maio de 2013 www.varaldobrasil.com

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SOBRE O AMOR Por Jacqueline Aisenman

Ou você ama, ou você não ama. Não se ama pouco, nem se ama demais. Amor é o que faz você se conectar com as pessoas. O que se chama amor demais já é paixão, aquela areia movediça que não dá pé e onde a gente costuma se perder. Amor é sentimento que não pede volta, retorno, reciprocidade, pede nada. Amor existe porque existe, não pediu pra nascer. Mas amizade é coisa de conquista e paixão é coisa de ser humano. Deixa-se de ser amigo porque os tempos mudam e a vida caminha e amizade nadava em águas rasas (amigo mesmo tem o nosso amor!); a gente se "desapaixona" de um dia para o outro e nem sabe como aconteceu (às vezes vira amor...)! Mas amor é divino, por isto, quem ama sabe que, se amou uma vez, nunca deixará de amar e nem se dará conta se o amor bateu lá e voltou ou não. Amor não volta porque não precisa partir. Amor é eterno. E o enquanto dure pertence à paixão!

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VOX POPULI, VOX DEI, CRÔNICAS DO FOLCLORE BRASILEIRO

Por Mario F. C. de Souza Santos

CRÔNICA DE ANDIRÁ E YRESÉ OU, DE AMORES, MONSTROS

crava, marcada no peito nativo pelo amor, deitada na areia da praia de São Vicente sob as estrelas, entre os braços e membros de Andirá,

E HERÓIS

forte, tupi, ardendo chamas do amor, nunca

NA ENSEADA DE SÃO VICENTE

mais verá aquele que a amou com tanto calor nas frias praias do mar.

É com muita honra que damos início à Amor cega e com certeza fora a ceguei-

nossa coluna de crônicas “Vox populi, Vox Dei,

crônicas do folclore brasileiro” na revista Varal ra da felicidade no amor que fez com que a podo Brasil! E não há tema melhor para início de bre Yresé ignorasse o conselho insistente da conversa do que o que rege a própria revista velha índia feiticeira da Vila de São Vicente paesse mês, a saber, o AMOR! Pois então, é uma ra contar ao patrão vice-governador, o romance história de amor, trágica, tão real quanto lendá- logo todo... Mas ora, quantas loucuras não faria, que narrarei nessas poucas linhas. História zemos por amor? Não era para tanto o desfeda qual tomei ciência após minha visita à bai- cho! xada santista, nesse estranho verão de 2013. Preste sentidos!

Isso porque, numa das noites amantes, foi Yresé ainda escondida ver o amado e amar,

*

quando se deparou com sua canoa vazia e um

Foi em 1564, tempo do medo no mar e monstro terrível, ao lado do bote, braços enordas navegações grandes, que Andirá deixou de mes, garras, escamas longuíssimas, nadadeiaparecer em sua canoa vinda dos lados de ras em lugar de pés, focinho de cachorro, coisa Santos, pra ver Yresé. Yresé, pobre índia, es- repulsiva, horrível de ver e até de falar, quase www.varaldobrasil.com

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não me aguento aqui, era o Ypupîara, que sentiu a índia escrava? Acaso não sabia senhor do mar. De tão assustada, Yresé só amar, por ser índia? Por ser escrava? Ao sofrilembrou do conselho da feiticeira e foi correndo mento da pobre quem prestou ouvidos? chamar seu senhor o capitão Baltazar Ferreira, que tomando de sua espada, bancou o herói dando um traço luso à história. Matou o tal

Andirá desapareceu no Gonzaguinha de São Vicente. Nunca mais virá de Santos. Nunca mais se deitou com Yresé pra amar o amor

monstro marinho e o expôs em praça pública naquela pele indígena... Nunca mais não teria pra demonstrar sua façanha e coragem.

vergonha das vergonhas da amada... Nunca

O monstro, o tal Ypupîara, que não fácil mais seria ele mesmo Andirá... Pobre Yresé, deixou-se vencer pelo luso, virou lenda-mor da índia escrava abandonada, pelo amor no meio Vila de São Vicente, sua história correu todo o do mar... litoral brasileiro colonial, chegando mesmo à

Não importa que relação tenha o tal leão

Europa, deixando muito lusitano do Tejo de bo- marinho com a morte de Andirá, ou mesmo o ca-aberta e calças a borrar! O capitão Baltazar tamanho da espada do Doutor capitão lusitano, Ferreira foi ainda mais uma vez louvado, sua ou se a cidade de São Vicente, toda orgulhosa honra de cabra homem, vice-governador da ter- de seu monstro e de seu capitão, me perdoará ra! Poderia, se vivesse nesses nossos dias, re- o comentário, mas na praça 22 de janeiro, perclamar para si o título de “Doutor Capitão Balta- to da Biquinha de Anchieta, deveria estar meszar Ferreira”, o que lhe seria concedido com mo era a estátua solitária de Yresé com os bragáudio de todos, com toda certeza, mesmo ços estendidos para o mar, a esperar Andirá, sem ter ele o doutorado cumprido!

culto ao amor eterno.

Enfim, o feito ficou memorável, o Ypupîara ganhou uma estátua azul enorme na praça 22 de janeiro, junto ao Marco Zero de São Vicente, o capitão, bem, seu destemor é come- (Mario Filipe Cavalcanti de Souza Santos, é recifense, estudante de direito da Faculdade de morado ates os dias de hoje. Ocorre que de Direito do Recife (UFPE), vencedor do Concurso Literário Nacional de Contos da Associação Andirá, quem mais falou uma letra? E Yresé, o Nacional de Escritores em 2012, com o conto O LEGALISTA). www.varaldobrasil.com

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Fotografia: Gilmar Garcia Dueñas

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ADOLESCÊNCIA Por Mirian Menezes de Oliveira

Sedosa e “bélica”... A adolescência tem cor... Cor de mato, cor de vida! Aspereza, frescor!

Neste universo de contradições, os frutos se agrupam todos, no centro da mesma haste...

Disputam amor e beleza... Reconhecimento, compreensão... Disputam o ar e a vida... (No coletivo... a solidão!)

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Stand do Varal do Brasil em 2012

E vocĂŞ? EstarĂĄ conosco em maio de 2013? www.varaldobrasil.com

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BOLINHO DE ARROZ

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Ingredientes . 2 xícaras (chá) de sobras de arroz Namorado cozido . 2 colheres (sopa) de queijo ralado . 1 ovo . 1 colher (sopa) de farinha de trigo aproximadamente . Sal e salsinha picada a gosto . Farinha de rosca para empanar . Óleo para fritar Modo de preparo Bata rapidamente no liquidificador o arroz. Transfira para uma tigela e acrescente os ingredientes restantes. Se for necessário, adicione aos poucos mais farinha de trigo para dar ponto de enrolar. Passe na farinha de rosca e frite em óleo quente. Sirva quente.

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LITERATURA COM Isabel C. S. Vargas SÓ MESMO DRUMMOND... O texto de Drummond, o grande e maravilhoso que é capaz de extrair poesia de pedra, nos faz pensar, refletir sobre o que fazemos – escrever - por profissão, deleite, necessidade, vocação, ou qualquer que seja o motivo. Os meios de comunicação além de informar, formam e transformam pessoas, opiniões, comunidade, um país inteiro, se for necessário (quantos já caíram do pedestal, por interferência dos meios de comunicação), por força de fatos revelados ou por revelação de omissões nefastas, tipo aquela de Pilatos, de quem lavou as mãos, embora elas não estejam limpas. Bem, voltando ao mago das palavras... Para que não fiquemos “cheios de si”, com um certo ar de importante pelo fato de escrevermos crônicas, de termos a ousadia de publicálas e achar que transformamos o mundo, ou as pessoas, só porque dizemos algo ,ou melhor, nos atrevemos a dar nossa versão sobre determinado assunto, ou relatar experiências que nos tocaram e que pode ser do agrado de alguns leitores é bom dar um lida no que ele diz sobre o ato de escrever. Escrever impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a purê de palavras. O que você perde em viver, escrevinhando sobre a vida. Não apenas o sol, mas tudo que ele ilumina. Tudo que se faz sem você, porque

com você não é possível contar. Você esperando que os outros vivam, para depois comentá-los com a maior cara-de-pau ("com isenção de largo espectro", como diria a bula, se seus escritos fossem produtos medicinais). Selecionando os retalhos de vida dos outros, para objeto de sua divagação descompromissada. Sereno. Superior. Divino. Sim, como se fosse deus, rei proprietário do universo, que escolhe para o seu jantar de notícias um terremoto, uma revolução, um adultério grego — às vezes nem isso... Sim, senhor, que importância a sua: sentado aí, dando sua opinião sobre a angústia, a revolta, o ridículo, a maluquice dos homens. Esquecido de que é um deles. Ah, você participa com palavras? Sua escrita — por hipótese — transforma a cara das coisas, há capítulos da História devidos à sua maneira de ajuntar substantivos, adjetivos, verbos? Mas foram os outros, crédulos, sugestionáveis, que fizeram o acontecimento. Isso de escrever «O Capital» é uma coisa, derrubar as estruturas, na raça, é outra. E nem sequer você escreveu «O Capital». Não é todos os dias que se mete uma ideia na cabeça do próximo, por via gramatical. E a regra situa no mesmo saco escrever e abster-se. Vazio, antes e depois da operação. Já revelei em outras ocasiões o quanto gosto de Drummond, do que e como escreve. Apesar de fazer esta crônica com seu prazeroso texto (há quem diria delicioso, mas sou do tempo que só se usa delicioso para coisas comestíveis) vou me permitir discordar um pouco do que ele diz (até para me justificar de aqui estar). (Segue)

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Todo aquele que se atreve a comentar sobre os fatos do cotidiano, não o faz por ser ou estar sereno (nem ele próprio), superior, mas por ter sido tocado por tais fatos, por outros textos, por uma palavra numa conversa informal com outrem, por acontecimentos fortuitos, quer de maneira negativa ou positiva a ponto de não conseguir guardar para si todo o sentimento produzido (alegria, tristeza, inquietação, admiração, indignação) dividindo-o com os leitores. Creio que conseguimos ter olhos sensíveis para os acontecimentos, (não que outras pessoas não possuam) por mais banais que possam parecer, só temos a ousadia de dar nossa opinião e de mostrar de que modo fomos atingidos. Neste processo, muitos se identificam e gostam (nosso público leitor) outros discordam, e um outro percentual nem foi atingido pelo que escrevemos e seguem sua vida independente das letrinhas colocadas no papel. Enquanto isso, como diz o poeta, um imprevisto sucede outro, num mecanismo de monotonia... explosiva.

NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra.

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Caridoso Por Isadora Cristiana Alves da Silva

A essência do meu ser É amar sem perecer. Amor concessivo, compassivo, prestativo. Não quisera eu ver no silêncio, o frio abandono. No medo, a ausente confiança. Nas lágrimas, o sofrimento desumano. Sinto a fome, o frio, a dor do outro. Pois meu amor é caridoso...

Manifestado em mim Quando aos meus amigos, meus irmãos, dedicado. A felicidade de minh’alma É oferecer o calor que acalma. Estender a palma içando o prostrado.

É Sentir... Nos abraços, confiança. Nos sorrisos, esperança. E não importa onde a vida me levará Se no caminho a gratidão me encontrará

Sigo fiel na missão De sempre estender a mão Aos que clamam: salvação! Que a mim falte, a eles não.

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SOBRE AMOR E AMIZADE Por Cintia Maria de Medeiros

Já há algum tempo um homem muito sábio, popularmente conhecido como o “poeta do cotidiano” ou simplesmente Mário Quintana, eternizou a amizade num de seus poemas mais célebres, quando afirmou que “a amizade é uma espécie de amor que nunca morre”. Penso que ele esteja certo, que sentimento é esse onde pessoas riem, choram, brigam, se beijam, se batem, se xingam, afirmam que não mais se falarão e daqui a pouco estão novamente aos beijos e abraços?! Como dizer que não seja amor?! Em um de seus vários significados, o Dicionário Aurélio, conceitua a palavra amigo como sendo a “pessoa a quem se está ligado por uma afeição recíproca”, em contraponto, também conceitua amor como sendo a “afeição viva por alguém ou por alguma coisa”. Que dizer então desses dois sentimentos tão próximos, que muitas vezes se confundem?! Fico me perguntando, o que o nosso saudoso Mário Andrade estaria fazendo naquele momento? No que estaria pensando? O que teria lhe motivado a escrever tais versos? Será que foi um grande amigo, que partiu desse mundo para um melhor? Um casamento dissoluto? Uma briga com alguém que amava tanto, que não conseguia entender por que continuavam brigados? Um amor que se transformou em amizade? Enfim, são tantas possibilidades, nenhuma resposta!! Só sei que lendo e relendo aqueles versos, vejo não apenas amizade...vejo verdade!

mundo afora exista alguém assim...não sei!! Só sei que amor não se resume apenas a namoro, a ficas (como se diz agora), a noivados ou casamentos...acredito que a amizade seja um reflexo do amor! Eu não amo meus pais? Não sou casada com eles, mas os amo com paixão. Meus irmãos: vivemos às turras, muitas vezes entramos em guerra pela manhã, mas à noite já temos paz declarada...também os amo...não os namoro!! O que dizer do primeiro amor? Hmmm, o primeiro amor...acho que hoje em dia as pessoas não valorizam mais o amor, não se oportunizam mais o conhecimento prévio, a paquerinha. Parece que faz tanto tempo, mas não. Há alguns anos, lembro como se fosse hoje eu olhava pra um menino, né Rodrigo?! E ele olhava pra mim...e embora àquilo nunca tenha saído do papel, como dizem os engenheiros, acho que foi um dos sentimentos mais sinceros e verdadeiros que já tive...e por que não chamar de amor?! Enfim, no mundo de hoje, tomado pela tecnologia, diria que seria tal qual um relacionamento sério!! E olhe, que na época, o que tornou isso possível foi a nossa amizade, os nosso amigos...impressionante como essa palavrinha amizade é forte. Hoje em dia, as pessoas hoje namoram status do facebook, curtem um momento vivido nas redes sociais e não na vida, perderam os valores. A alguns dias um amigo meu casou, à noite estava na internet...eu prefiro nem comentar, mas acho que hoje existe uma inversão tão grande valores, que as pessoas esqueceram o que é amar...o que é namorar...o que é ter um amigo de verdade! Enfim...e o que dizer dos amigos então?! Sempre tem àqueles que a gente ama tanto, que quer proteger, quer dar o melhor de si...proporcionar que nunca estejam tristes, que sempre estejam motivados a algo...tenho amigos tão queridos, tão especiais...que se tornaram família, se tornaram irmãos...! Vejo isso como amor, você não?!

Entendo a amizade como o amor...ninguém consegue passar o tempo inteiro sorrindo pro Enfim, para concluir, só queria deixar um recaoutro, concordando com tudo que lhe é dito! dinho: ame mais, reclame menos...viva mais!! Diria que é praticamente improvável! Mas, como toda regra há exceções, aposto que por www.varaldobrasil.com

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CHAMAS ARDENTES Por Maria Socorro Sousa

Teu jeito misterioso Enigma no espelho Fluxo de coração Queima minha alma Arrebata-me… Místico descarte de Copas Em máscaras exóticas Prepare-se: jorram as veias em vinho tinto Quero te amar… Aceita dançar comigo? Fantástico reinar entre teus braços Frenesi em palco. Ama-me! Deixa-me te amar… Luxuria de sentimentos Devoram todo meu Ser Em chamas ardentes Louco amor!

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Eu não quero ninguém para lutar por mim,

O QUE EU QUERO?

Eu quero alguém que lute do meu lado, Que proteja as minhas costas

Por Francy Wagner

E que tenha certeza que estarei protegendo as dela. Eu não quero companhia, a minha solidão me basta.

Alguém que se envolva em mim, que se misture comigo;

Eu quero companheira, para com ela ser solitário.

Eu não quero ninguém pra levar para a Balada,

Eu não busco uma alma gêmea, eu ja sou suficiente;

Eu quero alguém que baile comigo,

Eu busco uma alma complementar, que me faça inteiro. Eu não quero ninguém para levar para jantar;

A musica da vida, nem sempre suave, nem sempre rock-and-roll. Nem sempre nascimento, mas também morte,

Eu quero jantar todos os dias com alguém.

Nem sempre aniversario ou casamento, mas também enterro e saudade.

Eu não quero ninguém para levar para a cama;

Eu não quero união, pois prezo minha liberdade:

Eu quero alguém na mesma cama comigo, todas as noites.

Eu quero interseção na medida certa da vida.

Eu não quero sexo: eu quero intimidade.

Eu não quero dependência, Quero acordo bilateral.

Eu não quero paixão;

Eu não quero casamento,

Eu quero serenidade.

Eu quero compromisso.

Eu não quero alguém para curtir na vida,

Quem eu sou?....

Eu quero curtir a vida com alguém. Eu não quero ninguém para momentos de tristeza,

O Amor!

Eu quero alguém que entenda meus entristecimentos. Eu não quero ninguém para me alegrar, Eu quero me alegrar por estar com alguém. Eu não quero ninguém nem a frente, nem atrás, Quero alguém do meu lado, igual, de passos sincronizados. Eu não quero uma alma gêmea, Eu quero uma alma amiga, Eu quero uma alma companheira, Eu quero uma alma que me falta. Eu não quero as belezas da juventude, eu quero envelhecer junto. Eu não quero fotos nas paredes, nos álbuns... Eu quero lembranças e sorrisos do passado. www.varaldobrasil.com

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Gritos de amor Por Varenka de Fátima Araújo Teu pensamento nas falas muito poucas palavras bastam teu canto em uma só voz retenho tua foto com fôlego teus olhos num campo de visão e me fui fazendo carne como às leoas a boca vermelha de carmim de paixão no meio tom, uma excitação lanço me com gritos de amor

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Alguém Por Magno Oliveira Eu quero alguém para me fazer companhia Passar a noite e me preocupar de dia Alguém com o sorriso bonito Que não se importe com meu jeito esquisito Alguém essencial Daquelas que o fazem se sentir especial Ligar no ano novo e passar o natal Dar flores no dia dos namorados Alguém que me ajude a resolver desde os problemas mais simples aos mais complicados Eu quero alguém Que eu faça bem E que me faça isso também Alguém que preencha em meu coração as lacunas existentes Alguém que queira voar comigo Sem medo de ser feliz Eu quero um amor bandido, um amor amigo, um amor de verdade. Daqueles que nos enche de orgulho e felicidade. Quero alguém para o dia nascer feliz.

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Por

VOZES

Railda

DO BRASIL

Masson Cardozo

Musa dos Dias de Gonçalves

Foram-se embora os Dias de Gonçalves, o Poeta, deixando-me Musa anônima na posteridade que vivo, sem direito no testamento, de ser chamada de amada. Restou-me luto poético na qual mergulho enclausurada. Cabisbaixo enamorado da caneta, não deslumbrou o verde de meus olhos dentre o musgo das Palmeiras... Não me viu debruçada sobre seus ombros, lendo suas poesias por primeiro... Chamava-me de Amor, mas mesmo assim não me ouvia respondendo... Anoiteci lendo suas missivas de dor e não mais acordei. Foram-se também os meus Dias e noites com Gonçalves! Preferiu meu amado, fechar os olhos à me esperar. Entregou-se aos braços do mar, ouvindo o canto da sereia ao invés do choro do sabiá. Tão iludido estava a procura da tal felicidade, que resolveu se entregar, não mais lutar. "Se Morre Sim" nobre poeta, sou prova disso longe de ti. Pois amargo o fato de ter nascido bem depois de ter me escrito. Num universo paralelo, leio todas suas cartas e deixo as minhas respostas no parapeito da janela. Unidos eternamente estaremos, de braço dados na estante de poesias. Saudades sinto de GONÇALVES DIAS...

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O AMOR É A CONJUNÇÃO COM O INFINITO E AS ESTRELAS Por Odenir Ferro Por quantos bem fadados e encantados atinos? Atuados nas almas! Protagonistas dos mais sublimes sentimentos, e que se intercalam, e se relacionam - dentro desta extensa rede tão subjetiva - e, que muito embora sendo real, é totalmente tangível e saliente: - E que se nos desnuda! Por entre todos os poros do corpo. Fazendo latejar a alma, por emoções replenas: de tão puros ou explosivos desejos! - Senão, que não seja este inusitado sentimento, que denominamos de amor?! Através de quantos e quantos, poemas líricos:

lençol de linho branco fosse, ou como se fosse algum invisível líquido, fluindo das minhas mãos; para exalar-se de mim e em torno de mim, indo aos encontros dos anseios da humanidade inteira! Transcendendo-se, através deste exótico perfume aromático, que se desprende como se fosse uma seiva quase impossível de diagnosticar-se as suas origens: muito embora eu saiba que as suas dimensões, são os lapidados mais finíssimos e transparentes - transcendentes e translúcidos - deste diamante exuberante, que denominamos de amor. Inesgotável amor, que vem até nós, como se fosse pétalas líquidas de fios de ouro e de prata. Impregnandonos, por aromados sentimentos: que deixamos transcendê-los, através dos nossas mais abrasivas e ininterruptas emoções expansivas; que deixamo-nos fluírem e vazarem-se, de dentro do mais profundo interior augúrio, das entranhas da nossa alma.

O amor é este sentimento, feito de pura ternura e poesia. Por aonde, - através desta ótica vibracional existencial, - podemos modesta e infimamente, - tentarmos desvendá-lo ou o vivenciarmo-nos; dentro destas magias, que se compõem de inusitadas e intensas belezas: geradas, através das composições mais elegantes e belas, patentes nas essencialidades, do nosso - Até, por palpitarmo-nos em intensas vibra- dia a dia. Tudo simultaneamente acontecendo, ções?! Enquanto vamos nos deparando - frente enquanto vamos caminhando pela vida, sima frente - com as abrasivas forças, que nascem plesmente amando. e se mantêm, dentro das vibrações esplendoro- O amor é a conjunção com o infinito e as estresas: las - conquanto formos deleitando-nos no éter - E que se entonam, com os melódicos sons? Extraídos das musicalidades geradas pelas liras e as harpas celestiais - através das quais, poderemos, talvez, nos aventurar? Por estes caminhos insólitos de tão inusitados que são, dentro destas tão encantadoras magias que se nos fazem presentes:

- Deste tão intenso, e significativo sentimento, deste puro estado sublime sabor de graça. Aonde vamos conciliando-nos - através das que denominamos de amor?! nossas razões, desejosas de o conjugarem em Eu, ardentemente desejo e quero poder dife- vão, atrevendo-se no querer entendê-lo, atrarenciar-me - dentro desta igualdade de comuni- vés de todas as suas traquinagens. Impostas cação tão comum entre nós todos: para cons- por ele, nos entrelaçamentos feitos de diálogos truir dentro de mim, importantes dons! Para extensos, ou de cenas mudas. Ao expô-lo por sentir a liberdade de criação, - ao ir escrevendo dentro e por fora de nós, através das nossas -, quase que intuitivamente, - sobre estas me- convulsivas emoções. Enquanto vamos camimórias emocionais que guardo e resguardo, nhando pelo viver afora, norteando ou desnordentro de cada nervura vibrante do meu ser. teando-nos: através destes sôfregos experiDesejo poder persistir nesta avassaladora ansi- mentos que ele nos dá. Fazendo com que nos edade, que me preenche por inteiro. Quando elevemos, aos estados mais sublimes da perposso sentir que devo repartir-me - através feição e da graça. Ou então, que nos derrotedestes diálogos amorosos - formando densa- mos e nos aprofundemos num posso sem fim: mente, uma aura composta por toda uma ternura inquebrantável que se exala do meu corpo. - Mediante ao estado da desgraça! Partindo-se do interior mais profundo da minha (Segue) alma: para vir despojar-se em torno e por fora de mim, indo estender-se - como se um fino www.varaldobrasil.com

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O amor pode ser ágil, ou então, aparecer– nos sem aparentar nenhuma pressa. Viajando pelos círculos de nós, apenas atravessando esta luminescência encantada! Na qual, vamos vivenciando-o - momento a momento, - em cada segundo que respirarmos este encantado e embriagante éter! Sobrevindo da essencialidade eterna - que compõe-se, nestas composições alquimistas, deste mágico sentimento:

vés deste - eloquente, embora dinâmico, - estado indefinível, indecifrável, que denominamos de amor!

O amor vibra-se permanentemente - entre as mágicas constâncias e as inconstâncias - entremeadas pelos fios invisíveis, que entrelaçam -se entre os nossos corpos, adjuntos agindo, em conjunto às nossas almas! Perfazendo-se assim, o dom milagroso das nossas existên- Sentimento mágico, - que o denominamos, cias: partindo deste grandioso mistério, que se faz com que vibremos a vida; através destas de amor! ondas sonoras replenas de luzes - que deixam A vida, e o viver em si, vão preenchendo as -nos livres, para vivenciarmos todos os teores lacunas deixadas pelos nossos vazios existen- mais saborosos da nossa existência. ciais. Quando inexplicavelmente, deparamonos com este sentimento encantador, que é o Enquanto formos vivendo - por estes caminhos amor. Sentimento este, que então, preenche- tão repletos de vida - reverenciando, crendo e nos de luz, desfazendo todas as lacunas mais sublimando, os poderes vindos e sobrevindos enfadonhas que se estendem de dentro do da Luz! Depositando a nossa fé, nas forças nosso vazio interior: e que às vezes, até arras- poéticas, extraídas dos vaporosos contrastes ta-nos pela vida, como se o viver em si, fosse exalados destas radiâncias, - derramadas pelo um pesado e enfadonho fardo sem brilho e misterioso continuum vitae, - que é a realidade sem luz. Os estados sublimes da perfeição, constante nas páginas escritas pelo Poder da sobrevindos do amor, transmuta-nos em pura Eternidade! energia viva. Libertando-nos destes enfadonhos malefícios, que tantas vezes ocorrem dentro dos ostracismos mais comuns, na rotina do nosso viver. O amor não compõe-se de trevas! O amor é a essência mais divinal, que se irradia e se projeta através da luz eterna, que se emana de todas as almas. O amor é este estado vibracional que vai incendiando-nos por dentro e por fora. Percorrendo com elegância, todas as abrangências mais intensas da nossa ânsia de querer demonstrarmo-nos, perante às alegorias que se desprendem das abstrativas líricas essenciais, do perfumado éter que se esvai constante e eternamente - do indecifrável olor amoroso e poético que se derrama das mãos do deus Eros e da deusa Afrodite, caindo dentro da nossa consciência: transformando-nos em sábios e fiéis seres humanos! De tão encantados ficamos, - com as transcendências transparentes das belezas - quase etéreas, muito embora possamos até, tocá-las! Compreendendo miraculosamente, a divinal essência da pureza coerente, vinda das mãos invisíveis das nossas emoções. Ao tangenciarmos estas ricas experiências que adquirimos e impregnamos no livro etéreo da nossa alma! Ao caminharmos pela vida, dentro das vibrações misteriosas, que se aconchegam até nós. Atra-

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SOBRE O AMOR

Neste tipo de relacionamento não existe dominação, nem concessões exageradas.

Cada um é ímpar, no seu modo de pensar, de agir, que serve para si mesmo e não Por Isabel C. S. Vargas para julgar, avaliar ou enquadrar ninguém. Nem existe a necessidade de “criar” alguém para se enquadrar num esquema que se ajuste “Vivemos esperando o dia em que seremos melhores, melhores no amor, melhores na dor, ao do outro. melhores em tudo.” (Jota Quest) Neste tipo de amor que Gikovate chama de mais amor, coexistem duas pessoas inteiras, onde há prazer na companhia, aconchego, Mesmo que estejamos vivendo no sécurespeito. lo XXI, que o avanço tecnológico seja uma O homem muda o mundo e depois sente marca da época, o ser humano continua com necessidade de mudar a si mesmo, para se muitos anseios tal qual o homem de século adaptar ao novo mundo, daí as mudanças nas passado. relações. As angústias, as dores, dúvidas sobre si mesmo, sobre os relacionamentos ainda passam por corações indecisos. Há uma busca por novos relacionamentos, numa tentativa de viver mais feliz. Segundo o psicanalista Flávio Gikovate o que muitos buscam hoje é um relacionamento em moldes diferentes daqueles vividos no passado, no qual ocorria até um processo de despersonalização, geralmente da mulher, onde um ser sente-se incompleto e vai em busca da outra metade que o complete. Este ser não vive por si só. Precisa de outro que lhe dê sentido. Ocorre um processo de enquadramento no Na medida em que a sociedade hoje projeto masculino, no qual a mulher, muitas venão está formada dentro dos parâmetros de zes perde sua identidade. antigamente, que a mulher em grande percenSegundo ele, o fundamental nas relações tual não depende mais do homem financeiraatuais é a parceria. Não existe aquele desejo mente, tem profissão, reconhecimento, desadesenfreado de ter alguém para sentir-se alparece aquela relação de necessidade e surge guém, pois as pessoas aprenderam a viver outra mais espontânea que se caracteriza pelo mais consigo mesma, respeitando-se mais, por desejo de estar junto, desejo de companhia de isto pensam em dividir com o parceiro a sua partilha entre duas pessoas plenas, mais seguvida. ras, mais predispostas a dividir o que pode ser O fundamento da relação é outro. Não é um fator importante para obtenção de sucesso mais a dependência. Ambos são seres comple- na relação. tos, mas que buscam junto um enriquecimento Este sem dúvida é um assunto muito intemaior, na troca de vivências, de sentimentos. É ressante, principalmente se levarmos em conta uma troca prazerosa e geradora de crescimen- que todos querem mudar o mundo, mudar o to e fortalecimento da cumplicidade. outro, mas encontram dificuldade em mudar a São como companheiros de viagem, nes- própria vida, abrir mão de conceitos já arraigados, verdades próprias, pois toda mudança deta trajetória imprevisível que é a vida. sestabiliza, ameaça territórios conhecidos e Esta aproximação é possível entre duas teoricamente dominados. pessoas inteiras, dois seres únicos, valorizaNa realidade o amor se constrói junto com dos, pessoas que tem forte individualidade, o o indivíduo. que não se confunde com egoísmo. O amor que temos é o amor que somos. www.varaldobrasil.com

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O melhor lugar Por Silvana Brugni A mais bela forma de amor é quando duas pessoas já amadureceram e sabem que a busca não é pela metade, pois já se reconhecem inteiros! Se o outro vem, é para somar e acrescentar; é antes de tudo ser amigo de verdade d’aqueles que não usam o que foi dito contra você e onde ambos estão dispostos a evoluir juntos por saberem-se imperfeitos. É saber que imperfeição também é condição: Condição de ser ... Ser Humano e que uma falta boba não é desculpa para desistir. É estar ao lado sempre e em qualquer momento, tanto nos bons e nos ruins, e saber que terá uma mão estendida quando o outro cair. É tentar ensinar mais, julgar menos e aprender juntos. É ter em mente que não sabem tudo e a humildade de saber serem “eternos aprendizes” e que isso é tudo o que realmente são! É ter valores, ter gosto igual, gosto diferente e antes de mais nada querer trilhar a mesma jornada. Amor bonito é o que tem de alicerce a amizade E saber-se aceito assim, do jeito que se é. É saber rir junto de uma bobagem e chorar na frente sem constrangimento, e tudo isso com desejo, carinho, pele e cheiro! É sentir saudade, e ao mesmo tempo ter certeza de que logo estará ao lado da pessoa amada. É saber que somos movidos à escolhas, e que por mais que a vida tente conserva-se fiel ao seu amor, porque no meio de tanto desamor importante é lembrar que amar é arte e que nem todos são artistas, e é por isso que amar de verdade é para poucos loucos, imperfeitos... mas bons! É descobrir que o melhor lugar do mundo pode não ser Paris ou as Ilhas Gregas, mas sentir-se pleno e seguro... dentro de um simples abraço!

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BOLINHO DE MANDIOCA http://www.ligadanasdicas.com/b O primeiro passo para preparar esses bolinhos deliciosos é separar os seguintes ingredientes: - quatro xícaras de mandioca; -300 gramas de carne moída; - meia xícara de farinha de trigo; - duas colheres (sopa) salsinha picada; - uma cebola picada; - sal a gosto; - pimenta a gosto. Agora veja o modo de preparo. Cozinhe a mandioca até que fique bem macia e passe no espremedor, assim formando uma massa de mandioca espremida. Junte a farinha de trigo e os demais ingredientes. Frite a cebola picada junto da carne moída e tempere bem de acordo com a sua preferência. Deixe esfriar. Forme bolinhas de mandioca, faça uma pressão no meio da massa, recheie com a carne e feche deixando-as redondinhas, passe na farinha de trigo e frite com óleo quente. Passe os bolinhos para um recipiente forrado com papel toalha para enxugar o óleo dos bolinhos fritos e sirva-os. Essa é uma receita muito simples e você poderá preparar bolinhos de mandioca saborosos para servir seus familiares e amigos.

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O AMOR Por Douglas Silva O amor é um grande raio Um detalhe, uma carícia. Um homem correndo o risco Para curar sua ferida. Amar o ser amado Como se ama a própria vida Espanta-se e não se mata, Feito um lobo e sua cria. O amor é como um passo Caminhando sem destino Corre léguas, vai ao longe Demonstrando força tardia. É o nobre em seu palácio, Seu desdém pelo caminho Na certeza de um irmão Ou na confissão do seu martírio. O amor é fonte límpida Derrubando obstáculos, Lutando diante dos dias. Um beijo vence o palhaço E a paixão que é insana Marca o coração com um rastro Que nem o amor de quem ama, Que tem medo de perder seu espaço.

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MEU POEMA Por Luiz Carlos Amorim Como vou fazer poesia se o seu sorriso tão meigo é o verso mais bonito que jamais vou escrever? O meu poema é você, a inspiração/emoção, a rima do corpo-a-corpo, pele-a-pele, boca-a-boca, o ritmo em sincronia de corações como um só, a métrica da ternura. Minha poesia é você. Pra que então, escrevê-la? Fiz-me poeta em você, poeta em seu amor... Vem, comigo, minha musa, vem morar neste poema...

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MÁGOA Por Emérita Andrade Ramos Meu espírito já foi feliz, Mil manobras, mil artes já fiz Navegando no mar da ilusão... Mas um dia, um viés de ventura, A incerteza, a tristeza e a amargura Ofuscaram um breve clarão... Hoje a mágoa parece um lamento, Triste choro num frio pensamento, Só lembrança e só solidão... As fagulhas que cruzam os ares Iluminam antigos altares, Ao jorrar da saudade o vulcão... Inda hoje a memória revive Os reveses e azares que tive Confiando na fria razão... Inda hoje das brasas, o arder Sob as cinzas esconde o poder De fazer reviver a paixão...

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O MILAGRE DOS GERÂNIOS

escalando as mangueiras e driblando os queroquero em permanente alegria. A vida dessas famílias teria uma reviravolta muito grande naquela manhã em que Kefud escalava as colinas atrás de um coelho. O coelho cinzento e gordo atraiu cuidadosamente o homem para sua toca. Na verdade um buraco de pelo menos cinquenta centímetros quadrados. O buraco parecia fundo e abria-se gradualmente. Percebia que dentro uma mina formava um pequeno córrego. Esgueirou-se como pode e escorregou para dentro do túnel úmido e escuro. O odor denunciava que ali também residiam morcegos e logo confirmou suas reflexões quando um bando deles agitou-se sobre sua cabeça.

Por Geraldo Sant’Anna

Os jardins traduziam uma inequívoca sensação de paz formando um extenso tapete de gerânios floridos. A brisa suave trazia o aroma de suas flores recentemente banhadas pelo orvalho. Os aldeões já desfilavam desde o alvorecer em suas rotinas diárias. Um cheiro de pão assando nos fornos de barro se misturava ao perfume dos gerânios, da serragem e a lama dos chiqueiros onde gordos porcos remexiam os restos de tubérculos destinados a eles. A população caminhava num ambiente extremaAo fundo da estranha toca acreditou ver mente pobre para alguns e estava inserida em um pedestal onde se encontrava um baú de um lugar rico e próspero onde a natureza lhes oferecia o suficiente para viverem seguros e madeira, muito bem talhado e antigo. Arrastouo como pôde para fora, machucando as mãos tranquilos. com grandes cortes e arrastando-se pelas peLogo ao pé da colina, um tanto afastados, dras pontiagudas espalhadas pelo chão da esresidia um casal e sua filhinha que já completa- treita gruta. Sob a luz do sol as moedas dourara cinco anos. Seus cabelos negros, cachea- das refletiram sua descoberta. Estava rico. dos, o olhar curioso e o sorriso meigo era um A riqueza revelou um lado oculto de Kefud presente celestial que os pais agradeciam a cada manhã e a cada por do sol. Kefud era um e Sorene. Compraram terras e construíram um verdadeiro palácio. Afastaram-se da gente pohomem solitário, criado com a rudeza de seu bre da aldeia e proibiram que Zina continuasse pai, proibido de exteriorizar sentimentos e preose encontrando com Luan. Tornaram-se arrocupado com o sustento da família. Seu coração gantes, frios e distantes, como se uma amnésia amava sua esposa Sorene e sua filha Zina, os fizesse esquecer de todos os bons momenmas não demonstrava, fechava-se em si mestos vividos, as amizades, as muitas vezes que mo, cerrava as sobrancelhas e deixava sua albuscara a mãe de Luan e retornara com uma ma deleitar-se com o que sentia. Seu sonho era bela abóbora para conseguir alimentar a si e enriquecer como os nobres que passavam em sua família. seus luxuosos cavalos pela aldeia e cuidar de Zina como uma princesa. Não distante dali morava uma outra família já com seis filhos em uma modesta casa de pau a pique, rodeada de pés de abóbora, donde se fazia uma cheirosa cambuquira ou sopas perfumadas. Um dos meninos, com a idade aproximada de Zina, logo passou a ser frequentador assíduo da casa. Chamava-se Luan. Assim cresceram juntos, correndo pelos campos, www.varaldobrasil.com

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A proibição, naturalmente, obrigou os adolescentes apaixonados a buscarem criativamente condições de se verem. Cada momento tornou -se intenso e precioso. Um passeio pelo pomar da residência, a ida ao mercado com a austera e intolerante Alfreda, quase uma guardiã de Zina, o momento da missa e o diálogo com o mercador de tecidos, um dos disfarces de Luan.

Apegou-se a oração e tornou-se humilde e submissa. Irmã Dorotéia a espezinhava, ofendia, agredia e testava seu silêncio a todo custo. Zina, porém, respondia com frases utilizadas por Jesus. Algumas freiras diziam que era uma santa, pois uma pessoa normal não suportaria tantas provações. Além dos muros, Luan esperava por Zina. Sofria e acreditava encontrar um meio de retirá -la daquele lugar e viverem a felicidades que se prometeram durante anos. Tamanho seu sofrimento que foi tomado por estranha febre ficando acamado, definhando a olhos vistos e tendo momentos de delírio onde a própria Virgem anunciava que a tiraria de lá e traria para ele. Zina, coberta de palidez, magra e exausta, não resistiu, sendo dominada pela peste cinzenta que levava dezenas de pessoas para as sepulturas.

Alfreda mostrava-se sagaz e terrível, nada parecia enganá-la ou iludi-la, sempre extremamente fiel aos mandos de Sorene. Sorene tornara-se uma mulher masoquista que fazia cada serva sofrer, através de sistemas engenhosos de humilhação e desprezo. Alfreda, muitas vezes, era sua pesada mão. Vendo a impossibilidade de isolar os dois amantes, Kefud julgou melhor interná-la em um convento. O convento de Nossa Senhora da Estrela, conhecido como Aurora da Salvação, era onde meninas eram levadas para terem boa educação ou para os fins similares ao de Zina. As muralhas a protegeriam. Logo nas primeiras semanas foi possível Luan subir os muros, arranhar-se nas roseiras e falar com Zina, até que Irmã Lucrécia a denunciasse. Desde então passou a ter uma vida mais rigorosa, com horários inflexíveis, orações, mortificações e trabalho físico, limpando as imensas instalações, carregando lenha e capinando a grama. As lágrimas, a dor, a saudade e a tristeza passaram a ser suas amigas.

O dia estava frio e um vento gélido parecia querer talhar como lâmina a pele das freiras. Sem abalar-se, seja com o frio, seja com a morte de Zina, Irmã Dorotéia mandou enterrála no jardim e determinou que fossem avisar Dona Sorene. Estranhamente, ao raiar da manhã a cova estava coberta de gerânios floridos. Algumas madres encolheram-se na capela em oração, entre assustadas e encantadas com o fenômeno. A mãe da menina pareceu cair em si naquele instante, perturbada, fitando a mensageira com olhos esbugalhados e agressivos. Tocou a madre como se enxotasse um cachorro de sua propriedade. Subiu as escadarias como louca até chegar ao terraço de onde fitava o convento e tornava-se mãe, deixando-se sentir a ausência de Zina. Ali sentou-se e permaneceu o resto de seus dias, com o olhar fixo, meio morta e meio viva, sem expressão, como uma múmia fitando o poente.

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Kefud, como sempre cuidou para que os sentimentos fossem enterrados na mesma sepultura que Zina, para assim manter-se firme, dono de si, simulando ignorar sua consciência. Arrastouse, contudo, para junto de amantes e sua riqueza foi sendo dilapidada até quase nada restar. Magro e transtornado, já sem forças, pelejou pela escada até aproximar-se de Sorene, muda e morta. Era outro homem, sujo e maltrapilho. De lá saltou pondo fim ao mal que o consumia. Luan levantou-se com dificuldade para olhar o céu, onde via os olhos brilhantes de Zina. Imerso em seus sonhos sentiu as mãos leves e suaves da moça tocarem seu ombro. O perfume de gerânios o fez buscar os tempos de infância, o primeiro beijo, o primeiro afago. Olhou-a com alegria e incompreensão. Logo viu-se abraçado com Zina caminhando pelo infinito jardim de gerânios, poderiam estar juntos agora, para sempre. Diante da cova, coberta de flores, um grupo de pessoas rezava o terço buscando uma benção, um olhar amoroso de Zina, quem sabe um milagre.

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PELO AMOR DE UMA MULHER Por Carlos Alberto Barreto Avança a turba no afã fremente A linchar o rapaz - turba furiosa Que arfava por dar um presente À donzela tão linda quanto briosa. Mas alguém viu este ato inclemente: - Cadê a ultrajada tão majestosa? Mas os opressores queriam tão somente Resolver aquela faceta desditosa. Madeira geme, cinta desce - gente cega - ávida de sangue e belicosa Tripudiam o jovem até o batente. Que reúne forças num gesto prosa Mão sangrando - abre-a debilmente E dentro dela, os restos de uma rosa...

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A AMIZADE

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O AMOR ROMĂ‚NTICO

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O AMOR PELA FAMĂ?LIA

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AMOR PELOS ANIMAIS

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O AMOR DA FÉ

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BOLINHO CAIPIRA TRADICIONAL http://podepesquisar.com/ Uma receita típica das festas juninas são os bolinhos caipiras; aparecem muito também em quermesses. E o que combina com o bolinho caipira é o quentão e vinho quente. Aproveite agora para experimentar essa delicia. Ingredientes da massa: 4 Colheres de sopa de óleo ½ Farinha de milho amarela 1 litro e meio de água 2 cubinhos de caldo de carne 2 colheres de sopa de farinha de mandioca Recheio: 1 Kg de carne moída 1 Cebola cortada em cubos 5 alhos bem amassados Sal, pimenta e cebolinha á gosto. Como preparar a massa: Em um recipiente, junte a farinha de milho e a farinha de mandioca, misture até que os grumos se desfaçam; coloque o óleo e reserve. Ferva a água junto com os cubinhos de caldo de carne, depois despeje aos poucos nas farinhas, misture bem e deixe a massa homogênea. Como preparar o recheio: Misture os ingredientes na carne, para que fique bem temperado; não refogue ou fite para que não fique seca. Modo de preparar a forma da massa: Separe uma pequena quantidade de massa na palma da mão e achate. Coloque no centro da massa o recheio e feche com a própria massa, dando o formato de do bolinho, evite que a massa abra no momento da fritura. Feito todo esse procedimento, coloque os bolinhos no óleo bem quente, depois escorra em um papelabsorvente e aproveite essa delicia. Bom apetite !

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Ah... o amor! Por Marilu F. Queiroz

O amor nos apresenta diversas formas, durante toda a nossa vida. Ora nos enternece a ponto de quase sucumbirmos diante de sua ternura e verdade, ou sufoca a ponto de querermos distância do que nos oprime. O jeito certo de amar? Não existem regras a serem seguidas, no que se refere ao amor, nem tampouco conduta perante o ser amado. Todas as formas de amor nos levam à reflexão perante a vida e suas consequências, nos modifica e deixa mais maleáveis. Amar um filho é a sua forma mais sublime. É um querer gratuito que nos deixa embevecidos da mais pura emoção, uma doação sem esperar nada em troca. Amor incondicional, que só aumenta e perdura enquanto vivermos, uma sensação de que somos preenchidos por total abrangência e nos torna melhores, é o mais lindo tipo de amor, o amor de mãe. Amor de filho pelos pais e irmãos vai se modificando conforme crescemos. Primeiro nos traz segurança e proteção. Somos dependentes dele quando crianças, tudo o que pensamos e queremos é estar colados aos que amamos. Os pais são os alicerces de nossa infância, junto com a presença boa de nossos avós, tios e irmãos. Quando adultos tornamo-nos independentes aí vem a sensação de que o amor já não depende de tanta coisa, apenas um querer gratuito e igualmente importante, ou seja é uma troca de experiências e paciência. Quando nascem os filhos, compreendemos a importância até do que nos aborrecia. É o amor falando mais alto de novo. Ser pai ou mãe é compreender o amor integral, total. Amar é tomar de si o que há de melhor e mais bonito para oferecer. Exercício da alma, doação, emoção sem conta, nem hora. Amar e ser amado é muito bom, traz uma sensação de conforto e estabilidade. Achar um grande amor é a felicidade sem fim. Quem ama se torna melhor em todos os aspectos da vida, pois amar é transcender nossos ideais, em prol de uma emoção verdadeira.

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Palco do amor Por Saskia Brígido Quando o sonho virar real O caminho será laço A distancia uma lembrança A fechar-se num abraço Quando o abraço selar a aliança Haverá novo espetáculo No antigo e escuro cenário Onde dorme a velha criança Quando enfim a criança acordar Na sua última hora irá perceber A presença que sempre buscou No AMOR que a fez renascer

Imagem by *oO-Rein-Oo

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LUPA CULTURAL Por Rogério Araújo (Rofa) Vícios modernos (1) Quando se fala em vício, logo se imagina as drogas que, ao longo do tempo, causaram e continuam causando diversos males à sociedade e às pessoas que se viciam por algum motivo. A explicação de alguns para experimentar maconha, cocaína, heroína, cigarro, álcool, dentre outras “drogas” são muitas. A má influência é uma delas, bem como o vazio interior que dizem que é “preenchido” por essas substâncias que, num primeiro momento, podem até agir dessa forma, mas, que, com o passar do tempo, trazem suas consequências e a dependência ainda por cima. Este é o panorama que encontramos no mundo hoje. O que pretendemos aqui nesta coluna é tratar de outros tipos de dependências: os “vícios modernos”. Ser viciado em comunicação e na tecnologia existente com todas as suas facilidades está se tornando algo compulsivo. Usar tablet, iphone, smartphone com inúmeros recursos como se fosse um computador que cabe na palma da mão, wi-fi, bluetooth que transmite dados para outros aparelhos celular ou para o micro, acessando a internet onde a pessoa estiver... já virou mania para tudo e para todos. Quem não entrou neste meio parece estar por fora! A situação é tão crítica que quando encontramos alguém que “respira” toda essa modernidade ou não gosta de computador e internet, ela mais parece um ET neste mundo. Ainda tem gente que escreve tudo à mão ou mesmo datilografa (com máquina de escrever) e, nem por isso, deixa de cumprir sua tarefa. Mas o que ocorre é que o mundo parece exigir que todos sejam expert em informática para viver hoje. A informação atual é tanta que toma conta da mente de todos como se nela entranhasse. E o pior é que a maioria dela é inútil e nunca será aproveitada nem mesmo pelo nos-

so cérebro que a descarta automaticamente. Porém, todos esnobam de ser bem atualizado sobre tudo via internet que tem se tornado a mídia mais rápida que existe. Há tempos atrás, os professores exigiam trabalhos em que os alunos tinham de pesquisar em livros empoeirados dos pais e avós para cumprir a tarefa escolar. Hoje, os próprios mestres colocam o tema e recomendam que este seja encontrado no Google ou outros sites de pesquisa existentes. Alguém por acaso pergunta se o aluno tem internet ou computador em casa? Ele que se vire. Afinal “todo mundo é obrigado a ter para viver”. E a juventude então? É blog, Facebook, Twitter, Orkut, e tantas outras formas de comunicação com amigos, informação, que viraram uma febre. Parece que ninguém passa uma hora sem acessar esses redes sociais e sites para ver se alguém entrou em contato, ficando sempre “ligado” na net. Talvez, a pergunta que grita nessa hora é: “Então eu não posso usar dessa tecnologia atual porque posso estar viciado nela?” A questão a ser analisada e respondida é: Qual repercussão isso tem causado em minha vida? Estou lidando bem ao ser exposto a tudo isso ou não tenho me controlado? Com diria, em termos muito falado no mundo: somos modernos ou agimos no passado, como dinossauros, avessos à tecnologia e sem a menor vontade de conhecê-la? Vamos continuar “olhando por essa Lupa Cultural” e tratar desse tema na coluna do próximo mês... Um forte abraço do Rofa! * Escritor, jornalista, autor do livro “Mídia, bênção ou maldição?” (Quár&ca Premium), dentre par&cipações em diversas antologias no Brasil e exterior, vencedor de prêmios literários e culturais. O que achou da coluna e texto? Contato direto:

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rofa.escritor@gmail.com 113


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EMOÇÃO Por Walnélia Corrêa Pederneiras Coração agora planta Necessidade latente Olhar desperto não sente Taquicardia mental Coberta até o pescoço, não canso porque não ouço. Livro na mão, óculos no chão Pássaros soltos descansam no bebedouro floral Eu, neste verso emocional.

Surreal emo&ons by sadegnia

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Dueto para o amor

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Por OnĂŁ Silva

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AMA... NÃO DEIXES NUNCA DE AMAR... Por Carmen Di Moraes Ama ternamente, Ama intensamente... Ama sinceramente... Ama até... quase loucamente, mas Ama com cuidado... Ama sem possessão... Ama... com a possibilidade da desilusão... Ama sem deixar doer... Ama com a visão do ter; e do perder... Ama hoje, que o amanhã é incerto... Ama... simplesmente... ama Mas de uma maneira tal... que se perder... Amanhã não queiras morrer... Ama com a impetuosidade da adolescência; Ama com a ansiedade dos jovens... Ama com a sabedoria dos adultos; Ama com a serenidade da maturidade... Ama, mas ama em todas as idades... Com a cumplicidade dos enamorados; Ama assim para não sofrer... E poder... ternamente Relembrar esse amor... Se um dia... ele fenecer... Ama, não deixes nunca de amar... Ama... que amar é Viver!!! Ama... pois ser uma pessoa amada... Pelo ser amado; é a maior dádiva... Pelos céus, concedida... É como estar num paraíso... Em plena vida...

“Ousei Escrever 100 Poesias” pag. 128

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AXIS MUNDI

Por Hipólito Ferro

cem uma forte atração nas pessoas por diver-

O SIGNIFICADO

sos motivos. Axis mundi uma expressão de origem latina que significa eixo do mundo . O estudioso Mircea Eliade usa em suas obras sobres as religiões e suas manifestações dentro de um deter-

Logo sempre houve no homem e na humanidade o impulso de seguir adiante e construir e arquitetar dentro do espaço terrestre uma forma concreta da manifestação do invisível dentro do visível. Durante muito tempo esse para-

minado espaço. Desde a antiguidade houve espaços sagrados para a manifestação do Transcendente dentro

doxo persegue nos humanos e ainda não sabemos direito como compreender isto tudo.

de determinadas localidades onde vivia a humanidade, seja dentro dos povos tribais passando pelos deuses gregos, as religiões constituídas e institucionalizadas como judaísmo, cristianismo, islamismo, budismo, hinduísmo e assim posteriormente tinham ali suas manifestações. O homem e a humanidade sempre preservaram ou tentsram preservar os lugares da manifestação da Transcendência como espaço sagrado e de convivência entre os humanos nem sempre houve uma tolerância entre si devido a infinitos fatores aos longos passos da nossa caminhada sobre a Terra. Também existem as cidades consideradas sagradas para a humanidade onde o eixo do mundo é a manifestação do divino nesses lugares; Para nos ocidentais, locais tais como Aparecida no Brasil, Jerusalém, Roma, Meca,

Axis_Mundi by Atra_Virago

Constantinopla etc... Enfim cidades que exerwww.varaldobrasil.com

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DOCE MORADA DO AMOR Por Gaiô Nosso amor veste esta casa. Moldura de carinho, Pela porta faz entrada, Pelas frestas e janelas Onde flores se avizinham, Se espalham pela calçada. Tem sede da vida que somos, Imagens cotidianas, coloridas, perfumadas, Em outras esmaecidas, renovadas. De colos aconchegantes, sorrisos, olhares ternos, Cheiros que falam de essências, transbordam silêncios Vazão dão...aos sentimentos. Tudo nem sempre igual. Ah! Coração! Mansidão especial, De infinitos, cada qual revela um ser Seja em dor, alegria, delicadeza e prazer. Impregna o teto, paredes, jardins tecidos de encantos, Mentes, almas afogueadas, Nosso canto, paixão doce de viver. Sem você, falta o porquê, Um quê, não sei, de asas, De tudo por se fazer. Já convidamos o amor Pra vestir a nova casa.

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AME E PRONTO Por Ju Petek

esqueça as expectativas ame esqueça as decepções ame esqueça as mágoas ame esqueça que pra amar tens que ser amado ame esqueça que possa ser "felizes para sempre" ame esqueça que possa ser apenas chama ame esqueça que o sonho tenha que ser perfeito ame esqueça as qualidades esperadas ame esqueça supere desarme-se preencha-se simplesmente e suavemente ame e pronto!

a linha do céu azul e serenamente tocava todo o amor daquele que amava e alí por um instante um mundo a explodir no toque de uma paixão

hoje quero estrelas sob meus pés luares estonteantes ao meu redor a mais alegre canção no cantar Hoje eu quero acender corações borboletas voando dentro de mim flores perfumadas inundando meu viver hoje eu quero cantar dançar tua mão tocar e na linha do céu azul, flutuar hoje eu quero te amar hoje eu quero tudo que nos faça bem hoje eu quero SER FELIZ

e nesse instante um arco íris estonteante ilumina o coração, o caminho, o viver acendia corações no céu a iluminar contritos corações ao redor teria estrelas resplandecentes sob os pés luares a lhe cobrir dançaria a mais esfuziante canção. Do coração invocava sonhos e os perseguia como coloridas bolhas de sabão numa tarde de verão. Teria o sol radiante iluminando a alma, e flutuando atingia www.varaldobrasil.com

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A próximas edições serão: Até 25 de fevereiro estarão abertas as inscrições para a revista de abril com tema livre; Até 25 de março estarão abertas as inscrições para a revista de maio com o tema SAUDADE (Parece que foi ontem...); Até 25 de abril estarão abertas as inscrições para a revista de junho com o tema SEGREDOS E PECADOS; Até 25 de maio estarão abertas as inscrições para a revista de julho/agosto com tema livre; Peça o formulário de inscrição no e-mail varaldobrasil@gmail.com * Inscrições abertas até estas datas ou até atingirmos número de participantes ideal

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O amado em posse da mulher aos braços

Amor Ausente

O alado anjo arrebatado em traços

Por Rossandro Laurindo

Ao contemplar tamanha quimera Meu peito pulsou-se ininterruptamente

As folhas outonais banham-me a face

Turbilhões de vivências vieram em avalanche

Entre sofridos arvoredos, os laços Minha face é esculpida por gélidas lágrimas Formando expressões depressivas

Sufocando-me o íntimo imediatamente Restou-me mergulhar o rosto exausto

Um lago estático aproxima-se de meus passos Reflete-me os olhares sofridos, moídos

No monturo de folhas secas e lodo Em busca de um simplório conforto

As mãos estão repletas de vários calos Dos trabalhos forçados estão corroídos O peso da responsabilidade força-me a prostrar-me Sobre as múltiplas cores da estação O inverno reside em meu interior a levar-me Ao devaneio simples de imensa sofreguidão Está doente o meu espírito, desfalece-me o ser O amor ausente reflete a imagem triste do viver Sorver compulsivamente o eu íntimo Somente conduz-me ao fosso dos delírios O sorriso que antes acalentava minha alma Foi moldado a tornar-se adaga Sangra a pele do coração antes aprisionado Tritura a sobra da emoção afogada Amores em cores cinzentas Penhores perdidos ao vento As dores envoltas em tormentas Valores lançados ao relento Meu olhar agora contempla uma escultura Ela centraliza o jardim onde me encontro www.varaldobrasil.com

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CULTíssimo Por @n[ Ros_nrot

Criei esta coluna para falar do meu (e de muitos) gênero cinematográfico predileto: o Cult. Falarei também do mundo Cult em geral e só para apimentar um pouquinho do film noir, que a cada dia se torna mais Cult. Mas afinal o que são filmes Cult? Filmes Cult (cultuados) ou Cult movies são filmes que não procuram agradar às grandes massas, nem aos críticos de cinema, não seguem refinados padrões hollywoodianos, ficam fora dos circuitos principais, geralmente alcançando baixa bilheteria; mas por possuir roteiros originais bizarros, cheios de violência gratuita, sexo e transgressão, com trilhas sonoras obscuras e mensagens inovadoras e subliminares, agradam a um público mais refinado e cansado da mesmice comercial do cinema convencional e suas tramas óbvias. Infelizmente (ou felizmente) esses filmes são enquadrados como B, underground, alternativos e de subculturas, seu material é escasso, muitas vezes de difícil acesso e é exatamente essa obscuridade que acabou criando uma variada gama de verdadeiros “cultuadores”, que fazem do Cult sua filosofia e estilo de vida (é o meu caso). Mas não se engane, nem todo filme Cult é “cabeça”, ou somente para um público seleto, alguns são sucesso absoluto em seus países de origem, por mostrarem a realidade cultural desses lugares e outros se transformaram em grandes bilheterias, um exemplo é The Godfather “O Poderoso Chefão”, ícone do cinema mundial. Um bom filme pode sim, cair no gosto do grande público sem deixar de ser Cult. Tudo o que apaixona, cria seguidores e fãs fanáticos pode ser Cult, desde músicas, personalidades, automóveis HQs, Mangás, livros, etc... O Cult é exatamente como a Revista Varal do Brasil: sem frescuras. Nas próximas edições, esperem mais sobre esse universo grandioso da cultura, subcultura e contracultura Cult. Agora aproveitando o tema do Amor (sob todas as formas) recomendarei

alguns filmes Cult românticos (nem tanto, é claro): A noiva estava de preto (La Mariée Éait en Noir, França 1967), é uma homenagem de François Truffaut a Alfred Hitchcock, protagonizado pela sensual Jeanne Moreau, conta a história de uma mulher que teve o marido assassinado na porta da igreja após terem acabado de se casar; sua dor é tanta que ela resolve procurar os cinco homens envolvidos no crime e matá-los, um a um (Como declarou Tarantino: nada a ver com Kill Bill). Baseado em um romance de Cornell Woolrich, possui cenas incríveis e um final impressionante, mostra que a perda de um grande amor pode transformar uma mulher comum em uma assassina.

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Em algum lugar do passado (Somewhere in Time, U.S.A. 1980), ficção científica baseada no romance Bid Time Return de Richard Matheson, estrelado por Christopher Reeve e Jane Seymour, fala de um amor capaz de romper (ou não) as barreiras do tempo, pois Richard Collier (Christopher Reeve) viaja no tempo para encontrar seu grande amor, a atriz Elise Mckenna (Jane Seymour). É um filme que deixa no ar uma pergunta que eu tenho certeza que quem já assistiu se faz até hoje.

A princesa prometida (The Princess Bride, U.S.A. 1987), é um clássico que combina aventura, comédia, romance e fantasia, é baseada no livro de William Goldman, protagonizado por Cary Elwes e Robin Wright é o típico capa e espada com direito a gigantes, lutas de esgrima e uma linda princesa apaixonada, é o famoso conto de fadas Cult.

Para contato e/ou sugestões é só mandar uma mensagem: anarosenrot@yahoo.com.br www.varaldobrasil.com

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Sonhos de Amor Por Anna Ribeiro Esta noite quero hospedar-me em teu peito Abraçar-te por inteiro Quero mais, muito mais. Senão...Murmúrios e suspiros Entregue nesta paixão, quando o sol lá no horizonte nascer; Direi adeus! Em reza de benfazeja, desta noite em meu coração recolherei todas as ternuras ...Abrindo os olhos; Foi apenas um sonho de Amor!

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Meu querer Por Ly Sabas Não é assim que te quero quente e selvagem Saboreando pecados Quero-te com ternura mansa Sem pressa... sem medo... Destilando mel Quero-te como nunca quis Em tarde cálida de final de abril

Foto: Glória Nunes

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CELEBRCELEBR-ARTART-&

A Falta da Poesia...

Gisele Wolkoff

da sala de onde ouço o cão que agora já abranda o ritmo das latidas.

Em 1921, T.S.Eliot revia os conceitos românticos de arte conforme os tinha postulado o Lá ao longe, tão perto, um cão ladra. poeta William Wordsworth em 1801, autor do Outros cães procuram ladrar alto como este que não me dá sossego num sábado de carna- “Preface” as suas Lyrical Ballads e criava uma val pós-estreia das homenagens literárias dos tradição que se estenderia por toda a década de 1930 na Inglaterra, sobretudo, com a criafoliões crentes. As estrelas se apagam num céu de nuvens que faz cessar a esperança de ção da revista Scrutiny: a Poesia como religião. um dia ensolarado e justo aos que tanto se es- Na decadência da fé religiosa, que se viu abaforçam em fazer o mundo girar conforme a éti- lada muito pela primeira guerra mundial e seus efeitos socioeconômicos devastadores, restava ca, a moralidade dos valores e a equidade... -nos a Poesia. Num canto da sala, o jornal traz Sérgio O cão que ladra lá adiante e que ecoa Augusto desmascarando a boa literatura, lembrando-me em “Como Se Diz Best-Seller Em aqui dentro é metonímico da violência que felizChinês” (crônica de 9 de fevereiro n´O Estado mente não vejo mas cuja existência brota nas De S.Paulo) do James Joyce e da tradução do páginas dos jornais que leio, nas imagens que Ulysses por Antonio Houaiss em 1966... E, fe- pipocam contra a minha alma lírica nas telas de lizmente, lembrando que há a tradução magní- TV e do computador a que tenho acesso Já fica do também magnífico Donaldo Schüler do não vivo sem a consciência da violência das bizarro Finnegans Wake, do autor que o mortes estúpidas, diárias, fruto da incompetên“mago” que assina a autoria de livros que al- cia administrativa do país, e da falta de religiocançam a tiragem de vendas superior a qua- sidade. Desta religiosidade que nos leva ao surenta milhões e que o Edney Silvestre ousada blime, nos faz sonhar, nos faz ir além da realie atrapalhadamente inseriu no seu papo literá- dade do cão histérico, porque todos os cães rio (!) considerou um dos piores escritores da são histéricos – com exceção das cadelas que humanidade...(por certo, o senhor Coelho des- parem... conhece a boa literatura, ou quer só polemizar para ser ainda mais lido...afinal, a julgar pela sua capacidade literária, pouco se celebraria!). James Joyce, sim, foi um grande literato. Modifica-nos a existência ao nos apresentar Molly Bloom e seu inconsciente fluxo de consciência, ao dar vida às perambulâncias de seu marido corno, Leopold Bloom em Ulysses...ou, ao nos transformar em cúmplices humanos do sonhopesadelo do Jovem Artista, da sua eterna obra por acabar, do Work-in-Progress... Podemos ser melhores com estas leituras. Nem todos os que as lemos o somos, porém. Mas, há um quê que nos modifica a visão de mundo. Como o traço nada esgarçado na reprodução dos elefantes musicais de Vladimir Kush ou da sua Western Passage, cuja cópia jaz no outro canto www.varaldobrasil.com

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Falta-nos a Poesia reticente. A Poesia que canta. Que dança e esculpe. Falta-nos a vivência do onírico que transforma o latido do cão em motor do trem que deixou de atravessar o interior brasileiro ao longo do século XX, porque as rodovias receberam sempre maior incentivo... Num “Kind of Blue”, Miles Davis devolve-me a paciência ‘a inconstância com que convivemos, nós brasileiros, desde a nascença. Com “Kind of Blue”, ganho a cumplicidade do sonho que só vejo refeito nas obras de V.Kush, nas palavras do próprio T.S.Eliot, no Drummond que reinventou o Modernismo ao gosto do feijão com arroz, seguido do café “preto como a velha preta” do poema “Infância”, que nos diz que temos mais potencial que o famoso ícone do selfmade-man americano, o Robinson Crusoe, personagem do livro de um dos primeiros romancistas ingleses, o Daniel Defoe. Por fim, “Kind of Blue” me dá vontade de samba. Quero ir além da bossa-nova. Quero ir além da década de 1950, do (pseudo?) desenvolvimentismo de Juscelino Kubitscheck. Nasci para o transe além do silêncio, a partir do cão que ladra: quero o barulho de todas as inconstâncias, quero celebrar a arte, e o estender aqui neste Varal... “Let´s Get Lost” já cantou Chet Baker, porque “love is anterior to life//posterior to death// initial of creation// the exponent of breath” também nos ensinou Emily Dickinson. E o nosso João Guimarães Rosa fez haicais. Bora lê-los...

Gostou da coluna? Quer conversar com a autora? E-mail: gwolkoff@gmail.com

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sentenรงa Por Rafael Zen numa mortalha magra numa embalagem pequena como uma coisa meio morta numa caixa de fรณsforos com um selo por cima, me entregou o amor e saiu

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VITRINE CULTUR@L M[rin[ C_rvini L_ntini Arte e Liberdade

mos livres para criar, em nossa tela mental,

“A arte liberta.

vastas pinceladas de sonhos.

A arte é essência.

Manifestar a arte é permitir que a emoção aflo-

A arte é luz que toca a escuridão e a subjetivi-

re. Dance em seu quarto, pinte gravuras infan-

dade.

tis, encene diante do espelho, escreva poesias

Dando forma ao inconsciente.

em blocos de anotações, crie formas para a

E trazendo ao mundo o universo dos sonhos.”

arte ter espaço em sua vida. Dê permissão para o seu dom artístico aflorar e preencher os

A vida muitas vezes impõe pesadas algemas.

seus dias com as cores da liberdade de ser

Pulsos doloridos e pesados se tornam imobili-

quem você é.

zados. A criação se perde entre a manifesta-

A vida é arte. A arte é liberdade. Seja livre. Ex-

ção de gestos e palavras mecânicas e robóti-

presse a sua arte.

cas. A emoção muitas vezes pode ser colocada de lado e trocada por uma série de comandos e ideias compradas. O ser que ocupa um cor-

* Marina é Atriz, Professora de Teatro, Escritora, Ilustradora e Gerenciadora de Mídia e Publicidade. E-mail: marinacervini@yahoo.com.br

po e uma vida, muitas vezes que não é a sua, mas sim uma existência construída e manipulada por repetições de padrões, pode trancafiar sua essência em um lugar escondido em meio a subjetividade. Porém, mesmo diante da prisão imposta, todos têm um mundo criativo repleto de vontades reprimidas e sonhos esquecidos e guardados em gavetas trancadas da alma. A arte é libertação. Fazer arte, ver arte, manifestar arte, abre as gavetas trancadas e gera uma conexão forte com os sonhos esquecidos. Ser

artista

é

um

dom

que

dos possuem. Independentemente de

to-

quanto

racional as nossas escolhas nos tornam, sowww.varaldobrasil.com

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BOLINHO DE BATATA http://receitasdfamilia.blogspot.ch/

Ingredientes 3 batatas grandes 2 ovos 1 xicara de trigo Tempero à gosto Modo de preparo : Cozinhar a batata e espremer para formar um paté, colocar os ovos e o tempero, juntar o trigo e misturar até ficar homogêneo. Fritar. Caso queira rechear : carne moída, atum, camarão...

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Amor Passageiro Por Cristiano Sousa

Sempre estou a esperar O amor que tanto quero Que ele seja o que eu pensei E que nos sonhos sempre me entreguei Decidi me entregar Mas não sei o que eu quero Poucas chances que não agarrei E hoje sou um arrependido sem amor Vou procurar alguém Que dê vida a minha vida Curando todas as feridas Dessa solidão Como pude me enganar Com o seu jeitinho inocente No seu lindo sorriso eu acreditei De menina morena que não sabe o que é amar A ilusões me dediquei E por uma bela moça me apaixonei A consciência me fez refletir De que a queria só para mim Não foi a toa que não comi E mil e uma noites eu não dormi Pensando neste amor que guardei Dentro do peito trancafiei Não se declara amor passageiro Porque ele nunca é o primeiro Foram por tantos que eu senti E hoje estou sozinho enfim

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PROCURA Por Marta Carvalho

Noite escura, Eu em tua procura, Lembrando teus beijos, Palavras de doçura, Gestos de pura ternura, Alma cheia de candura.

Dia ensolarado, Onde está meu amado? Te busco por todo o lado Cadê meu Príncipe Encantado? Saudade... saudade!

Sei que um dia vais chegar, Pelo menos de passagem, Me mande alguma mensagem, Que eu te desejo boa viagem, De retorno ao nosso lar.

Quero dormir e só acordar, Quando você resolver voltar. Quero dormir e só acordar Quando você vier me beijar!

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Saudades Por Domingos Nuvolari

Sabe, hoje eu senti saudades. Saudades de um mundo diferente que eu vivi. Um mundo do qual o mal não existia. Um mundo florido de rosas vermelhas e Lírios cheirosos dos campos matinais. Um mundo sem chuvas frias, Sem garoas mais geladas ainda, Um mundo sem escuridão. Um mundo que era lindo, Tão lindo que parecia que o mundo Mesmo era uma enorme alegria. A felicidade rondava, Tristeza não havia, Solidão eu não conhecia. Enfim um mundo todo especial, Vivo, cheio de alegrias. O mundo do qual vivo hoje mudou muito, É um mundo repleto de muito choro, É um mundo triste. Os dias são vazios, e a incerteza sempre vem. h%p://favim.com/

São dias e dias que se passam, Todos de uma tristeza imensa. As noites são escuras e a solidão também sempre vem, São noites e noites que também se passam, Todas cheias de uma solidão, Só solidão e um vazio enorme. E essa solidão junto com a tristeza Vem em forma de saudades, Saudades de um mundo que no Passado se resumia em você, só você.

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Já ele não usa relógio porque dentre seus infin-

Aquele beijo

dáveis compromissos o tempo não se conta, Por Mariane Eggert Figueiredo

não se finda, não se destaca como entidade

O tempo. Sempre o tempo. O velho tempo a tangível e palpável. Para ele, o tempo flui como regular o universo, a engolir emoções. Enquan- parte integrante de sua essência rara, humana to ele espera conseguir gerenciar, controlar e sem dúvida, mas intangível e indivisível. É ele compartimentar, ela sonha recuperar, reacen- que flui pelo tempo e, a cada segundo soado, a der, reviver. Em pulsos pelas multidões e esta- cada segundo denunciado pelos delatores ções ou pelas catedrais como testemunhas mu- mundanos, se esvai. Um poro, uma respiração, das dessa vertigem insana, os ponteiros val- uma fração de seus pensamentos sublimes, ele sam embriagados. São delatores, juízes. São todo se fluidificando a cada nova apresentação. eles que marcam e acusam: já é hora: de le- Em algum momento marcado pelos guerreiros vantar, de começar. Hora de sair ou de entrar. do tempo, valentes a postos em sua nobre Hora de acabar. missão de soarem com precisão as horas do Ela não usa relógio. Porque lembranças não mundo, ela, faceira, menina, feliz, irradia sorritem hora. Nem para começar. Nem para termi- sos. Em outras eras, são olhos vívidos e connar. E também porque o passado, tal qual pon- templativos que a observam rodar faceira e teiros do relógio, não volta. Pois como ela aí provocativa, viva em seu vestido marrom. Sevivive pregada, naquele instante preciso, naquele lha é o palco. Florianópolis a plateia. Um oceadia, é como se em sua vida fossem sempre ain- no engole os dois, fugidio, de expectativas e da nove e meia. Com que fim, então, consultar melindrosas cogitações. Um oceano que afuas horas? Serão sempre nove e meia. Jamais genta segundos eternizados em rodopiosela estará atrasada. Nem adiantada, aliás. Es- flashes. Décadas separam o encontro. Contará sempre focada. Naquele dia. Naquela ho- fronto de sensações. Por instantes, as pupilas ra, às nove e meia.

tentam reter pensamentos intrusos. E o tempo já não importa. Não existe. Não separa. Não para, nem passa. O tempo ultrapassa limites e esferas. Mergulha em uma única e só perspectiva fugaz: aquele instante supremo do olhar pousado. Ela, despreocupada, rodopia na fotografia. Ele, contemplativo, espia pelo túnel da paixão. Em delírios passionais, desligados do mundo e do tempo em outra era e outro espaço. Ambos afogados pelo desejo ardente de mais um abraço após aquele dia. Às nove e meia.

(Segue)

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Naquela outra noite, após um dia em seu momento. E cada momento, a sua hora. que as horas parecem anos e o dia, um século, Sem relógios. Sem rimas nem perspectivas. A ele chegara. O conferencista parado no tempo. vida vivida num paralelismo de esferas e eras. Olhar desligado. Mas vivo. A boca pequena. A era dos dois mundos e das duas vidas. Uma, Sorriso. O rosto suave. Meiguice. A pele more- de possíveis e imagináveis se apenas seus na. Maciez. A elegância do terno. Chique. Os passos tivessem realmente se cruzado. Naquecabelos “a negritude da asa da graúna”, pensa- la Sevilha de então. Nessa Florianópolis de ra. E mãos tão ágeis que aspergiam ideias co- agora. A vida dos dois, a dois. A vida daquele mo retinham sua atenção. O moço era loquaz, instante, enquanto os relógios do mundo inteiro perspicaz, contumaz, tinha a oratória na pele, soavam minutos passados, ela desejava minuno corpo, na mente. Regia o tempo e o mundo tos eternizados: o abraço, o beijo, o adeus. E pela batuta dos dedos. Mãos carinhosas e con- depois... nunca mais. quistadoras avançando pelas horas em falácias

- Que seja eterno enquanto dure -

discursivas. Mãos que foram tocando o ar. Val- pensou. sando. Volteando. Executando um balé silenciSem relógios, aquele beijo ainda du-

oso e ritmado, enquanto os olhos negros hipnotizavam. Tão logo se associassem, estava subjugada, presa e arrebatada pela voz da fatal aparição. Desfilava-lhe toda a mitologia: Adônis e Afrodite. Dos céus caía-lhe sobre a cabeça

ra, porque um beijo trocado com amor é eterno. Mesmo que a cadência do tempo o recorte. No coração dos amantes, ele flui para sempre. Para além do próprio tempo.

Eros. O peito ardia-lhe, estava ferida. Cupido atingira-a com sua flecha. E tal qual Heloísa a Abelardo, amava. Mas o tempo não perdoa. Voa em instantes fugazes. Sublimes, mas levados como areia ao vento em pensamentos idos. Foram segundos soados pelos cruéis relógios do mundo. Ele, polivalente, seguiu seu ritmo. O Voo marcado. O trabalho. Compromissos. Agendas. Rendas. Assertividade. E o relógio rindo solto, gargalhando, indicando-lhe as horas. As de antes. De depois. As de agora. Enquanto sua rotina, feito uma gangrena, o devora, ela, onírica bailarina, borboleta fugaz, relembra. Ela espera. O seu tempo não tem hora, não tem ritmo. Ela, não tem tempo. Porque seu tempo é o minuto de agora. Cada instante é www.varaldobrasil.com

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AMOR DE MÃE Por Marly Rondan Senhor, dai-me paciência! Educar e formar filhos, precisa-se competência para amá-los e acolhê-los. Para meus filhos olhar, aceitá-los como são, limites preciso dar. Preparar meu coração! Quando rebeldes parecem, querem ajuda e atenção... Mesmo quando não merecem. Precisam de coerência, Seus erros de correção. Senhor, dai-me paciência!

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Entrega Por Fabiana de Almeida

: eis que me entrego ao Amor. Amor assim mesmo, com letra maiúscula. O Amor verdadeiro, maior e mais bonito. Amor que não necessita, mas precisa. Amor que ilumina, que transcende, que bate descompassadamente, desconexo e calmo. Que vibra as células do meu corpo, treme a carne e descansa nos perfumes mixados, sublimes. Entrego-me ao Amor sem dúvida, sem não ou talvez, sem culpa nem pudor. Amor intangível, indizível, ininteligível. Entrego-me porque simplesmente. Entrego-me. Amor incondicional, sem fronteiras, que se instala sem ondes e nem quandos. Amor que entorpece e tange o intransponível, que segue lado a lado. Amor, fonte de vida nas minhas entranhas, fortaleza de minha razão, que entontece e significa. Amor que regurgita força, que enobrece e protege. Entrego-me ao Amor cego, e que sem enxergar, vê. Amor que, em sua infinitude, irradia pelos meus poros, luz do meu ser, e que faz de mim um instrumento. Entrego-me. Sem passado. Um futuro ainda a ser escrito. Mas ainda assim, entrego-me. Sossego enquanto me entrego, e posso vislumbrar os mais audaciosos sonhos. Vislumbro ainda o amadurecer de uma nova era, de um novo começo, ad libitum. E assim nasce a vida, a minha vida, o objeto da minha entrega subjetiva, do meu Amor...

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UM TOQUE DE MELANCOLIA Por Jacob B. Goldembert

Desde o medieval O nome da rosa, passando pelos versos de Gertrude Stein — “Uma rosa é uma rosa, é uma rosa...” —, sabemos que as palavras se bastam, quando têm a força e o impacto necessários para que seus significados passem a existir. Para “workaholic” — aqui e agora —, por ser em língua estrangeira, pensamos numa tradução significativa, tal como “trabalhador inveterado”, ou “tarefeiro compulsivo”, “viciado em trabalho” ou, até, “servidor neurótico”, todas expressões compostas e nenhuma delas com a força da inglesa, fusão de duas em uma, com significação direta, atual e impactante: diz tudo, tudo o que se pretende que se entenda. Ora, pois, que me desculpem os puristas e os nacionalistas, mas os personagens e componentes desta história induzem à conspurcação da língua mãe com expressões alienígenas já consagradas — técnicas umas, importadas outras —, deletando o similar nacional, com todo o respeito; isto, porque não existe nada melhor para definir uma workaholic do que “workaholic”. Justamente o que ela era.

praticidade, de modo a viabilizar seu entendimento, assaz particular, do deslocamento físico no espaço urbano, ou seja, cinco minutos o espaço de tempo gasto para se ir de qualquer lugar a outra parte da cidade. Complementando a imagem de executiva antenada com a modernidade — que lhe permitia adentrar qualquer ambiente desfilando na categoria up to date com o século XXI —, um laptop de última geração em sua maleta italiana na cor goiaba, compensando a grande bolsa Louis Vuitton: mais ou menos uns quatro quilos de agenda, caneta Montblanc e apetrechos de maquiagem Shiseido, nada de similar ou genérico, por favor! Naquela tarde, telefonaram para o escritório do marido dando a notícia do falecimento de um amigo, indesejado mas inevitável, aguardado há muito, devido à doença insidiosa e traiçoeira. Aquela. — O corpo vai ser cremado amanhã, às onze horas. Vamos juntos? — Não, é melhor ir cada um por si, cada qual com seu carro, pois de lá vou a Niterói, depois à Barra e tenho uma reunião no Centro, depois de pegar o pessoal no escritório para montar uma obra oi. — Pegaste uma obra da Oi?

— Não, o oi eu dei para uma cliente que acabou de entrar, serve um cafezinho e uma Seu dinamismo inesgotável, sua simpa- água, já falei quantas vezes?! É uma monga mesmo! tia e fácil relacionamento com qualquer pessoa, salvo — por princípio — o marido, eram — Quem, a cliente? completados pela boniteza natural, coisa rara — Não, gênio!, a secretária, traz aí a em tempos atuais, porque isenta de botox e proposta! silicones. — Então ficamos combinados assim: Profissionalmente envolvida com casa e cor, com os mais importantes e badalados correto- cada um por si e Deus contra todos. Até mais! res de artefatos de decoração — explorados vitrinistas das melhores casas do ramo —, era — Desligaram. a preferida pela grande maioria por sua qualidade, pontualidade e honestidade — coisa ra(Segue) ra, também. Vestia-se bem, elegante sem perder a www.varaldobrasil.com

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Ele chegou meia hora antes, como sempre, encontrando o salão de estar do Crematório do Caju bastante cheio; muitos óculos escuros — que é para quem não chora dar a impressão de que chorou —, pessoas trocando condolências, outros desfiando confidências, mão no ombro, palavras ao pé do ouvido e outros tantos, não se sabe bem o motivo, às vezes gargalhando: um típico velório. Na sala da capela, palidamente iluminada, um caixão sobre a esteira rolante que o levaria ao forno, ladeado por coroas de flores saudosas e algumas pessoas, não muitas, pouca conversa e mais óculos escuros.

am mudado — todos, embora não parecesse, pela postura, murmúrios, prantos e óculos escuros.

Ela chegou meia hora depois, como sempre, mas tudo estava atrasado mesmo, ela sempre contava com isso: prontos pêsames e solidariedade aos parentes identificáveis — e aos estranhos também, quem sabe... — na sala de espera. Viu o marido, abriu um sorriso, pegou-o pela mão, desmontou o sorriso e o arrastou, apressada, para a capela. Enquanto ele se dirigia, curioso, à coroa maior, do lado direito, ela, célere, visava o caixão. Rápido, quase num pulo, o marido pega-lhe o braço e, delicadamente, mas com determinação, a arrasta para fora, sussurrando:

a bolsa e o laptop batendo contra uns e outros;

— Tá bem, olha lá a irmã dele, não é? Vamos falar com ela.

—, acostumado ao desespero do cônjuge so-

— Tenho cinco minutos, não vou poder esperar mais. Você fica, me representa e a gente se vê à noite. Ato contínuo, se precipitou para dentro da capela na tentativa de chegar junto ao caixão — coberto com a bandeira do Flamengo, do qual o morto fora sócio benemérito e torcedor fanático —, a família em volta e em prantos. Teve alguma dificuldade em abrir caminho, com agoniada, viu o caixão começar a se mover em direção a seu destino final. Neste momento, o salto agulha se quebrou — um traje prático mas nem tanto, há limites que a elegância não permite desconsiderar —, a executiva perdeu o equilíbrio, o laptop escapou-lhe da mão e, leve, como ela tanto procurara, foi lançado à frente caindo sobre a esteira; desesperada, ela tentou pegá-lo se projetando contra a urna funerária e

arrastando para o solo sua elegância, que já — Disfarça que o falecido não é esse. O nem era tanta, e a bandeira do mais querido, nosso vem depois. aos gritos de “ele é meu!”, “parem o caixão!” — Jura? Nesta altura da cerimônia, o responsável — Com certeza, vi a coroa. Te salvei de pelo acionamento nem tomou conhecimento um mico do tamanho de um orangotango, minha cara. dos gritos e choros — o equipamento não para brevivente, a cena é sempre a mesma... Dentre

— Aquela é a velha babá, mas tudo as expressões dos circunstantes — espanto, bem, deve estar mais triste do que a irmã, uma surpresa, susto —, a que tornou o momento chata de galocha! mais constrangedor foi a da esposa do falecido, Já estavam estendendo a mão para o que nem a conhece e, certamente, se questioritual de condolências quando perceberam que na: “Quem é essa louca? Será que o safado o salão se esvaziara, enquanto a capela, ao contrário, estava cheia de gente, uma grande tinha... e eu não sabia? Ele não valia tanto demovimentação: os presentes à cerimônia havi- sespero... E ainda é vascaína, a safada!” www.varaldobrasil.com

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Em meio à inusitada coreografia, para um evento dito fúnebre, Beethoven atacou de Nona — um dos mistérios da eletrônica de ponta, essa incompatibilidade entre o telefone celular e a campainha de telefone; só são aceitos toques escalafobéticos, quanto mais, melhor; e alto, para os devidos psiusss nos locais favoritos: cinema, teatro, hospitais, igrejas e velórios, e agora, também, o crematório.

você vai precisar; ou então, mandar pelo motoboy. — É, é o jeito. Só espero que ela não entenda tudo errado. Nos vemos à noite. Tchau! — Beijo!

É noite. No seu quarto, todo branco e espelhado — “como tá se usando”, ela sempre pontifica —, toda Victoria’s Secret e recostada na cama, faz a última revisão na agenda do dia seguinte. Como marcador de data, um folheto da HP, com a imagem do seu saudoso e torrado laptop. No olhar, um toque de melancolia; “tá bem, compra-se outro; mas aquele tinha algo de especial, foi o primeiro, e a primeira vez a — Cadê meu celular! Ei, peraí, não pisa! gente nunca esquece...” Tira a porra dessa bandeira daqui! — Boa noite, meu amor. Porra, já dorMais uma vez, o marido — seu cavaleiro miu. Insensível! andante e um Jó de paciência —, acode e controla a situação. Levanta-a, recolhe a munição à bolsa e a leva, carinhosamente, para fora da capela.

Bolsa aberta, agenda e tudo o mais espalhados pelo chão e embolada com o glorioso estandarte rubro-negro, a executiva tenta, em posição ingrata, recolher os escombros; os mais próximos se recompõem, tentam ajudá-la — os homens, naturalmente! —, uns com olhar reprovador, outros segurando o riso e arriscando um olhar galante.

— Calma, meu bem! Relaxa. Já passou, vamos andando. — Mas eu tenho que... Tenho reunião agendada com a ... — Você vai conseguir, sabe que vai. Querer é poder, não é assim que você diz? Em cinco minutos você estará lá, como sempre. Vai, relaxa, respira fundo. — O motorista, cadê meu carro? — Calma, ele está lá fora, paquerando a babá da filha do Rodrigão. Já fiz sinal para ele. Olha lá, já está na porta, vamos. — Mas como é que vou fazer sem o meu laptop? Como vou mostrar os trabalhos? Me diga: na mão, como uma artesã? Nem morta! Isto já está mais do que off white... — O jeito é chamar o escritório, mandar a secretária pegar um taxi e levar as fotos onde www.varaldobrasil.com

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DOCE ILUSÃO Por Robinson Silva Alves SONHO CONTIGO DOCE AMADA MAS QUANDO ME VEJO VEJO O NADA VIVO AMARGURADO AMO. NÃO SOU AMADO TE AMO MAS NÃO SABES DE MEUTRISTE QUERER PREFIRO Á MORTE A PASSAR A VIDA SEM TER VOCÊ DEUSA DOS MEUS SONHOS ACALENTAS MINHA SOLIDÃO VENHA A REALIDADE POVOE MEU CORAÇÃO EM SEUS OLHOS FITO O CÉU SUA BOCA PURO MEL TENS O AROMA DE UM JASMIM TE AMO PRINCESA, ÉS DONA DE MIM.

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Em julho de 2012 nós tivemos uma edição especial sobre o amor! Se você desejar ler esta edição, visite nosso blog ou nosso site e baixe direta e gratuitamente a revista. Caso prefira, pode solicitar por e-mail.

Blog: www.varaldobrasil.blogspot.com Site: www.coracional.com E-mail: varaldobrasil@gmail.com

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Amor – Ontem, Hoje e Sempre Por Sonia Nogueira O amor era como o alimento d’alma, Sonho de ontem, oculto se firmava, A obediência dormia sob a calma, Seguia onde a força lhe ordenava. No escuro da alcova fria, a timidez. Prole e fartura, destino longo e certo, Os sonhos morreriam na escassez, O amor navegava num deserto. Um dia a porta rija deu passagem, Os olhos repousaram na procura, Braços abraçados na coragem, O mundo assistia vida e ventura, Amor se libertou cortou correntes, E fez da comunhão ninho binário, Duas forças e dois corpos carentes, Criaram no amor o seu sacrário. Amor não tem idade, sexo, cor. Nasce de um olhar, a face queima, Fogueira interior lareira e calor, O sonho tresloucado vive, reina. Amor, semente viva adormecida. Brota onde a água rega os sonhos, Sonhos germinando na alvorada, Bebendo primavera, risos gronhos. Amor é como verso que renasce, Cada improviso á mão do escultor, Cativo doutro olhar canto e prece, Ontem, Hoje e Sempre é Amor.

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feitos, em pleno Rio de Janeiro.

NÚPCIAS

Sedução pra cá, sedução pra lá.

Por Rita de Cássia Amorim Andrade “No leito de núpcias, promove despudorada liturgia eucarística, transubstancia o corpo em copo inundado do vinho embriagador da perda de si no outro” (Frei Betto – A arte de semear estrelas)

Hoje, acordei com aquela sensação de todas as manhãs, o cheiro do homem que há 48 anos se debruça no meu corpo e me beija a boca sonolenta. Como de hábito, finjo-me adormecida para, em seguida, puxá-lo de volta aos meus braços. Pode parecer rotina, mas é uma história de amor bem real.

Volta ao Piauí. “Bodas de Prata”, com direito a celebração religiosa – reafirmação do casamento, jantar com velhos e novos amigos, no salão nobre do melhor hotel de Teresina. Formatura dos filhos, festas, brindando e dançando agarradinhos. Morte de um filho, lágrimas se misturando. Casamento dos outros dois, felizes, mas sentindo a falta, no convívio diário. Depois, um neto e mais outro, avós felizes. De repente, 48 anos!

Meio brincando, meio sério, ele diz: “esta é aquela que me aquece no inverno e me faz suar no verão”. Ele, 76 anos, eu, 73. Continua me Tão logo nasci, ali estava o menino de três deixando constrangida: “ela é a minha Viagra”; anos de idade, primo em primeiro grau, nascido “se virem uma loura… é a minha”. para ser o meu companheiro. Não fora casaFaço por onde… mento arranjado, antes, uma predestinação. Nenemritinha para Artulino. O tempo passava, 48 anos de amor-paixão: transubstanciando o ele, em Floriano, eu, em Simplício Mendes. Fé- corpo em copo inundado do vinho embriagador da perda de mim nele. rias escolares – intervalos das namoradinhas florianenses e dos namoradinhos simplícioLevantemos as taças e brindemos com chammendenses –, com direito a troca de olhares e panhe e velas perfumadas! bilhetinhos ilustrados de flores. Até as próximas férias. Mais tarde, tudo se repetia, ele, com as namoradas cariocas, e eu, com os gatinhos de Teresina, até que as férias nos unissem. Reencontros cinematográficos, com direito a troca de beijinhos na boca, e só. Algumas cenas de ciúme de ambas as partes. Um dia apareceu um pernambucano, querendo casamento. Corri ao Rio de Janeiro: “vou me casar com um rapaz chamado…”. A resposta foi imediata: “Não! Vai se casar comigo”. “Sim! Casar-me-ei com você”. (A essa altura eu já havia lido todos os grandes escritores, e começava a falar difícil). Casados, vieram três varões. Os desejos de grávida: frutas cítricas, tipo “cajá”, todos satiswww.varaldobrasil.com

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ESTRELA DO TEMPO Por Do Carmo Corre, voa estrela do tempo Teu rastro de luz vai ficando.... ....Mas, por que corres? Se o tempo é eterno E infinito o espaço que voas? Por que voas? Disse o tempo Espera por mim (não te apresses)! Há muito tempo ainda.... Só eu sei qual é teu caminho! Não corras, se queres que te leve. Vamos, dê-me a mão que te guio Mostrando as trilhas que deixastes, Tuas obras e teus frutos Mesmo aquelas que ainda não terminastes. E assim, na paz envolvidos No amor sereno e pelo que há de mais bonito Verás que juntos e eternos Alcançaremos o infinito!

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Nos braços do papai Por Marina Gentile

Olhei para seus olhos, Vi o céu inteirinho, Tornei-me um gigante, Meus braços viraram ninho. Seu corpo junto ao meu, Puro encantamento, Senti plena felicidade, Naquele precioso momento. As cortinas bailavam, Com a alegria do vento, No palco que é a vida, Um anjo e seu tempo. Das flores o melhor perfume, Dos pássaros, suave cantar, Você é a preciosa joia, Grande amor do nosso lar.

Foto de José Moreno, filho de Marina Gen&le

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PALAVRA CRÔNICA Por Anaximandro Amorim O VERBO “COISAR” O verbo “coisar”: eu coiso, tu coisas, ele coisa... regular da primeira conjugação. Particípio passado: coisado. Gerúndio: coisando. Sempre fui encafifado com esse verbo desde quando uma coleguinha de infância pediu para eu pegar “o coisa pra coisar com o coisa”. Que coisa! Qual a coisa certa pra coisar com a coisa em questão? Poderia ser tantas coisas, não acha... sei lá, mas essa coisa toda me persegue até hoje! Procurei no dicionário esse verbo e, obviamente, vi que ele não existe. Existe coisa e, como tudo o que é aparentemente simples, o verbete vem recheado de um monte de coisa. Pois não é que coisa vem do latim causa? A coisa em latim, na verdade, é res, daí república (res publica, a coisa pública, já que pública e privada não são a mesma coisa). E, como a gramática pode qualquer coisa, abro o Houaiss e encontro “coisificar” (mas não “coisar”). Coisa em francês é chose. Em italiano e espanhol, cosa, com diferenças de pronúncia, obviamente. No inglês e alemão, a coisa ficou diferente: thing e Dinge. Mas, no fundo, tudo é a mesma coisa!

Aliás, a música deve muitas coisas à coisa. Quem não se lembra daquela de Jorge Aragão, Almir Guineto e Luis Carlos, “Ô coisinha tão bonitinha do pai”? Até Vinícius e Tom, quem diria, chamaram Helô Pinheiro de “coisa mais linda, mais cheia de graça”, enquanto Caetano bradou: “alguma coisa está fora da ordem... fora da nova ordem mundial!”. A literatura também está cheia de coisa, como “O Coisa”, de Oswald de Andrade, “A Coisa”, de Stephen King, “A Palavra e as Coisas” de Michel Foucault e “A Força das Coisas”, de Simone de Beauvoir. E o humor também: afinal, quem não se lembra de “Coisinha de Jesus”, sátira inventada pelo Casseta e Planeta?

Coisa também tem variações na língua portuguesa: uma delas é “negócio”. É muito falada no Brasil, sobretudo na Região Sudeste – e tem até um verbo próprio, bem usado: “negoçar”, sinônimo do nosso “coisar” em questão. Mas o “trem” dos mineiros é imbatível! Tudo é trem: é trem no olho, trem bão, trem demais, sô! Eu mesmo, capixaba, falo trem, muitas vezes. Só tem que o trem de verdade não é trem, mas é coisa. Aí é demais! Mas demais mesmo foi tentar explicar a uma colega francesa que, em todo caso, coisa e trem são a mesma coisa, mas, como diria um professor meu, “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra Eu me lembro que meu avô falava cousa. coisa”. Confuso, não? Achava tão engraçado que, nas minhas primeiras tentativas poéticas, escrevia assim. Que A confusão, aliás, é tanta que, até coisa absurda! Parecia até cousa de autor do hoje, nunca entendi que coisa deveria coisar século XIX, isso, em pleno final do século XX! com o coisa para a minha coleguinha. Mais tarCoisa de louco ou chose de loque, como se fiz de, foi a vez de um colega do meu irmão, que por aí, lembrando que essa expressão não coisava tudo! Acho que a gente sempre tem um existe em francês! Louco é fou e, portanto, falar amigo “coisinha”, né? Pro bem e pro mal pois assim é “coisa de maluco”, como diria aquela coisinha pode ser legal mas daí chamar alguém canção do Fincabaut, lá dos idos dos anos de coisa... sei lá, acho que não é coisa boa, 1990, que arrumou outra forma de escrever, não. Só mesmo o Coisa do Quarteto Fantástichosedelok. co. Talvez um dia eu saiba de que coisa ela falou. Até lá, cada coisa no seu lugar. Coisou? www.varaldobrasil.com

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Negociar contigo pacientemente,

Luz de Luiza

sentada ao teu lado no chão do supermercado, Por Valquiria Imperiano

e tentar te convencer, em vão, a aceitar a bolsa da escola vermelha.

Um bebe que se chama Luz Um anjo pleno de luz

Enquanto amuada, de braços cruzados sobre o peito,

Luz que virou Luiza

cabeça baixa fazendo beiço,

Uma menina-anjo adorada

respondes com um muxoxo

Teu nome vem de luz

um grande hum hum negativo,

Luiza minha neta amada

sofrido, molhado de lágrimas. E eu contendo o riso, para não te ofender,

Quando o teu sorriso de inocência e pureza ilu- diante da cena tragicômica do teu sofrimento de criança. minam o teu rosto mágico, Eu iluminarei meus próprios olhos e alimenta- Quero também estar com as mãos estendidas rei minha criatividade ao te fixar.

se tropeçares quero te segurar.

A inspiração precisa de musas.

Quero sentir o teu olhar carinhoso me pedindo Eu preciso de Luiza para acalmar minha excita- ajuda por alguma tolice que fizeres. ção de vó. Te protegerei, Preciso da tua beleza,

me sentindo feliz por precisares de mim.

da tua candura,

Já estou com saudade do teu passado.

da tua maneira de olhar de soslaio,

Vem cá Luiza dá-me tua mão

curiosa da vida

guia-me em direção ao fim de minha vida.

Ávida por captar as informações do mundo ao teu redor

Tu és meu futuro. Tu és minha eternidade.

Ávida por sorver mais e mais a sabedoria que a vida te oferece. Vó Valquiria

Não quero beber tua inocência, nem a tua juventude. De nada me serviriam Estou envelhecendo… É a tua vez Luiza Cedo-te o meu lugar no mundo !. O que me importa é sentir a tua presença. Acompanhar teu crescimento. Rir das tuas descobertas de criança. Quero aproveitar todos os teus anos de bebe. Fazer todos os caprichos. Te comprar bailarinas com purpurina Vestidos cor de rosa, a tua cor preferida.

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Verbo amar Pensas que sabes conjugar? Por Raimundo Candido Teixeira Pois sim!!! Pois tá!!! No ermo de nós dois passam, com folgas, dó e compaixão, subsistem bem ajustados, piedade e desilusão! Acreditas que és capaz? O mágico amor dissimula-se dançante em enganosas flexões, embora aparente ordem, harmonia e simetria é defectivo, irregular. Desista, abandone de vez! Ele desconsidera aos poetas e só aos loucos se revela! Somente os insensatos o sabem declamar!

Imagem by Jackie Jealouse

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gou duas semanas de detenção. Luiza voltou de ôni-

Luiz e Luiza

bus e o namorado teve de trocar sozinho os quatros pneus.

Por Plino Camillo

*** 1981 - Luiza e Luiz resolvem se aventurar pela Be-

1966 - Luiz com seis anos e seu ligeiro velocípede sobe e desce a rua. Luiza com oito e sua boneca Soneca recebe a visita da madrinha e tia. Ele, por querer, passa diversas vezes em cima da boneca. Nas primeiras vezes, Luiza chora aos cântaros. Na última, Luiz leva um soco no olho e uma cabeçada da boneca na boca.

lém-Brasília de carona. Em Brasília, Luiz ficou na rodoviária mais de oito horas esperando por ela que foi fazer “uma visita rapidinha“ para uma prima. Disse que almoçou, dormiu e perdeu a hora. Dias depois, Luiz quase morreu afogado em Paragominas. Sorte que Luiza sabia nadar. Depois do “boca-boca” ela confessa que em Brasília foi “dar uma rapidi-

***

nha” com um vizinho do primo.

1969 - Luiza sempre fala que quem inventou a estratégia foi a prima Lucilla. Luiz entrega o primo Joel. No “beijo-abraço-aperto-de-mão” Luiza sempre escolhe o Luiz para o beijo. O contrário acontece também. Ficam naquele ”eu e você / você e eu” até a turminha preferir brincar de “mãe-da-rua”

*** 1984 - Luiza se formou em Administração. Luiz cumpria muitas dependências em Letras. Na cantina, no final do ano, Luiza ficou muito louca: chá de lírio. Ela viu um coelho gigante que imitava o Michael Jackson e andou nua pelo campus cantando “Girls

***

just want to have fun”. Luiz a levou para a republica

1972 - No bailinho de garagem, Luiza dança pela terceira vez com o Casemiro, filho do padeiro, um bom partido. Luiz vem e disse que a padaria está pegando fogo. O padeirinho sai correndo, desesperado. Eles dançam Love me tender de rosto colado. Brincaram à serio de “beijo-abraço-aperto-de-mão” no caminho de casa dela.

em que morava. Lá ela vomitou na cômoda e diz ter cuspido dúzias de besouros. Dia seguinte: ela constata ter perdido o pivô. *** 1987 - Luiz estava denunciando esposa que tentou envenenar a filha de dois anos. A mulher falou com a delegada de 13a, demonstrando frieza, que“não era

***

depressão nenhuma! É ódio!” Contou que desde que

1975 - Aquele verão, Luiz passa com os primos em Ubatuba. Luiza viaja para Dracena. Ela ficou muito bêbada, jurupinga, e não consegue lembrar para quantos vigilantes noturnos deu naqueles dias. Já o melhor do Luiz, foi quando segurou a vela para o primo César.

a menina começou a falar, sempre dizia que sonhava com a “Tia Luiza”. Tudo era essa: “Tia Luiza”. Brinquedo novo: “mostrar pra Tia Luiza”. Comida gostosa: “levar pra Tia Luiza”. Bronca: “vou contar pra Tia Luiza”. Antes de se calar para sempre, afirmou que, se não estivesse lá na hora do parto da in-

***

grata, teria certeza que era filha da “Tia Luiza”. Até

1978 - Luiz estava de plantão no exército, na guarita da frente. Luiza estava dando uns malhos no novo namorado, no carro, em frente ao quartel. Luiz pe-

o jeito de andar era igual. Luiza trai o primeiro marido com o futuro segundo marido duas cidades dali. ***

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1990 - Luiz foi para Caraívas, sozinho. Passou um

na biblioteca e nos restantes até um motel no meio

mês e ficou hospedado com um casal de argentinos

do caminho. O namorado, o holandês, desconfiava.

que brigavam e se estapeavam antes de um sexo

A segunda mulher nem ligava. A filha dele acha

meigo. Participou de duas competições de lambada,

muito legal!!

numa delas pegou segundo lugar. Luiza sofre um

***

aborto, pois o segundo marido, um jornalista ale-

2002 - Na primeira apresentação do espetáculo Mor-

mão, preparou uma carne ensopada com pimenta de

te Vida Severina, da filha do Luiz, Luiza chegou

murici.

bem depois do final. A jovem atriz ficou decepcio-

***

nada e o pai, irado. Levou Luiza para um canto e

1993 - A raiva, a tristeza de ser traída e a TPM bor-

falou como ela era irresponsável, aérea, insolvente,

dô profundo fez Luiza voar no pescoço da suposta

leviana, alheada, desatenta, distraída, trivial, arreba-

amante do marido. A bem da verdade, não era aman- tada, estouvada, volúvel, delirante e tonta. Luiza pete, apenas ajudava o maridão em alguns exercícios

diu desculpa, disse que ficou sabendo que tinha cân-

na academia, além de ser halterofilista federada, lu-

cer na mama. Luiz chorou de soluçar.

tadora de muay thai e promotora de vendas. Luiza

***

teve que implantar mais dois dentes, colocar pino no

2005 - Da Noruega, Luiza trouxe para o Luiz um

punho e no cotovelo. Teve, por anos, a perda de ol-

livro sobre a lenda de Tristão e Isolda. Ele agradeceu

fato, um apetite insaciável por couve-flor e não con- e pediu para a namoradinha com metade da sua idaseguia enxergar a cor rosa. Luiz leva pela quinta vez de que traduzisse. A namoradinha topa, porém antes a filha ao teatro. Ela adora a peça Pluft, o fantasmi-

vão fazer rapel. Luiz constata que tem medo de altu-

nha.

ra.

***

***

1996 - Luiza chegou bem depois da meia-noite. Es-

2008 - Luiz

demonstrou o espanto de somente ver

tava desnorteada. Luiz serviu um chá de camomila e um só seio. Luiza se cobre. Luiz afirma sorridente esperou mais de meia hora até que ela se acalmasse. que com um é mais fácil de brincar. Brincam, canContou com riqueza de detalhes que o atual ex-

tam e relembram do “beijo-abraço-aperto-de-mão”. A

marido havia ido para Mianmar fazer uma operação

filha do Luiz os pega fazendo meia nove na sala. Gargalham.

de mudança de sexo. Luiz segurou a risada e ofere-

***

2011 – A filha vai a uma cartomante, que antevê as mesmas coisas de sempre, até que a bola de cristal miu com a filha que rangia os dentes. Pela manhã, a cai no seu pé. Com uma voz fina, a cartomante prevê filha sugere um passeio para a Disney e Luiza topa ir o Futuro: 2036, os netos de sangue e de coração rojunto. lam de rir! Luiz com setenta e seis anos em sua ligeira cadeira de rodas dá voltas pelo asilo. Luiza com *** setenta e oito e sua boneca Dengosa recebem a visita 1999 - Luiz, tentando aprender tango, trincou o torda tia e da madrinha da boneca. Ele, querendo, passa nozelo esquerdo. Luiza, descendo de um taxi, trindiversas vezes em cima da boneca. Nas primeiras cou o tornozelo direito. Foram obrigados a fazer fisi- vezes, Luiza chora aos cântaros. Na última, Luiz leva um soco no olho e uma cabeçada da boneca na oterapia durante trintas dias seguidos. Depois das boca. sessões, em alguns dias iam ao cinema, em outros, ceu a sua cama para que Luiza dormisse. Luiz dor-

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Carne fresca Por Valdeck Almeida de Jesus Adoro carne fresca Assada, cozida, crua, Tostada, queimadinha, Estendida na cama, nua. Carne jovem, morena, Carinhosa, saborosa, Macia, quente, suculenta, Marrom, vermelha, rosa. Tatuada ou toda limpa, Lisa, crespa, enrugada; Mas que seja bem amada. Fatiada ou peรงa inteira, Peรงas pequenas ou postas; Seja de frente ou de costas.

Imagem by Kenia Kimeva www.varaldobrasil.com

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A eterna descoberta do Amor...

que embriaga, como o definido pela a amada do rei Salomão “Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho.(Cantares 1)

Por Cléa Paixão Meu amor, o meu ser, o melhor de mim... é simples, intenso, verdadeiro... Assim sou eu. E é tudo que tenho para dar... Disseram-me que o amor é sentimento para românticos, não combina com a razão, que o amor é só emoção, é cego. Discordo. O amor tudo vê. O olhar de amor tolera algumas coisas e transforma outras... Sou muito racional, questionadora, mas gosto de contemplar as estrelas, a lua, o pôrdo-sol, de sentir o vento no rosto, de sentir o coração bater forte pelo um simples olhar, amo dizer e ouvir EU TE AMO. Sou razão e sou emoção. Tudo vejo, e tenho muitos defeitos. Mas não posso deixar de ser eu para viver unicamente as expectativas do outro - e nem o outro pode viver exclusivamente conforme as minhas. Senão perdemos a identidade e as características que despertaram o amor. Certa vez me pediram para definir o amor. Fiquei a pensar... E assim estou até hoje. No livro dos cristãos, a Bíblia, tem uma grande definição, em I Coríntios 13: “...O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses,(...) O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.” Compreende-se que o verdadeiro amor significa pensar mais na felicidade da outra pessoa do que na própria, não importa quão dolorosa seja a sua escolha. É verdade que quando amamos a felicidade do outro nos faz bem. No meu livro A influência da mulher no mundo: família, religião e sociedade (Exitum Editora, 2012) descrevo inúmeras mulheres bíblicas que viveram as mais diversas formas de amor. O amor submisso de Sara, o amor determinado de Rebeca, o amor fraternal de Rute por sua sogra, o amor justo de Ester pelo seu povo, amor de mãe, de esposa, de filha, de irmão, de concubina, de prostituta, o amor

Ilustração do livro “A Influência da Mulher no mundo”, de Cléa Paixão

Na minha caminhada para descobrir a melhor definição do amor, abri uma folha em branco que, como disse Pablo Neruda “Tu eras uma pequena folha que tremia no meu peito”. Só depois me foi revelado que carregava comigo as raízes do amor. “... as tuas raízes atravessaram o meu peito, se uniram aos fios do meu sangue, falaram pela minha boca, floresceram comigo”. E nesta trajetória, que parece não ter fim, fico a refletir que o amor não se define se vive. Não é puro sentimento, é uma decisão. O nosso amor não é para nos amar, não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima, a sede e a fome. Não consigo imaginar nada mais satisfatório e mais nobre do que amar. E mesmo não sabendo a maior ou a melhor definição do amor, sei o que ele representa. Não importa o tipo: ágape (amor divino, espiritual), filéo (amor fraternal) ou eros (amor carnal). Ele é o que nos faz, no meio de uma multidão, destacar alguém. Enxergar o outro por inteiro apenas pelo olhar ou sentir o outro a quilômetros de distância. É receber uma atenção exclusiva e ofertá-la na mesma medida. Ter uma intimidade milagrosa com outro ao ponto de ser transparente, se desnudar por inteiro, do silêncio dizer mil palavras. (Segue)

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Shakespeare, Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e outros não fizeram poemas com juras eternas, nem amores eternos. Para quem vive o amor diário e prático, viver sem amor significa realmente não viver. Nenhum poeta tem condições de definir o que é o amor - para mim ou para você - isso é entre você e Deus, entre você e o outro que é amado. Alguns afirmam que o amor é a força que se move para fazer o bem ao outro. Entre os namorados, casais apaixonados, uns amam muito, outros amam menos. Têm aqueles que quase se contentam em apenas ser amado. Não é preciso dizer "eu te amo" basta demonstrar através de pequenos gestos. Mas como medir o amor? A força pode ser medida por quilos; a velocidade pode ser medida por segundos; a precisão influenciada pela técnica. E o amor demonstrado ou sentido por cada um? Esse não pode ser medido. No “mundo moderno” o amor, em alguns casos, tornou-se passível de ser combinado. Amantes tornaram-se sócios, o amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de interesses comuns ou uma questão prática. Neste contexto, eu quero fazer, aqui, o elogio do amor puro, do amor que tudo enxerga, que tolera, que transforma, que suporta, que se alegra com a alegria do outro, que romanceia, que contempla as estrelas, não mede a distância, rompe o medo, do que simplesmente ama. Amor é amor! Li uma definição “louca” do que seja o amor (não lembro de quem): amar é se jogar de um precipício sem saber se lá embaixo vai ter alguém para segurar a gente. Ora, o amor não é irresponsável, suicida ou homicida. Ele harmoniza a razão e a emoção. É a certeza do amor, da verdade. A poetisa Cecília Meireles escreveu em Inscrições na areia: “O meu amor não tem importância nenhuma.” Outro poeta disse: “É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada. É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.” Na minha caminhada para descobrir a maior definição do amor, a pequena folha em branco está quase virando um livro, quiçá uma coletânea. E assim, como disse Clarice Lispector “vou deixando o melhor de mim... Se alguém não viu, foi porque não me sentiu com o coração.” E não se esqueça: Só é feliz quem ama! Albert Einstein afirmou: “Existem apenas duas maneiras de ver a vida. Uma é pensar que não existem milagres e a outra é que tudo é um milagre.” E eu digo: só há uma maneira de viver plenamente a vida, com amor. Quem não ama não serve para viver. A cada dia que vou preenchendo as folhas ainda em branco, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não oferecemos. Não sei se existe a pessoa certa. Sei que existe uma pessoa certa para cada um. Ela, por mais imperfeição que possua, é aquela que te dá vontade de continuar, de viver, acordar sorrindo, com vontade de ser melhor para a gente mesmo e para quem nos rodeia. “Quem és tu que me lês? És o meu segredo ou sou eu o teu?” (Clarice Lispector). Eu sou aquela que sente, que enxerga com o coração, que ama! Se sei o que é o amor? Se já tenho a melhor definição do amor? Continuo descobrindo... A única certeza que tenho é que o amor é o que sinto e vivo agora. EU TE AMO DE AMOR, COM TODO AMOR, MEU AMOR!

Ilustração do livro “A Influência da Mulher no mundo”, de Cléa Paixão

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UMA HISTÓRIA DE AMOR Por Dulce Rodrigues Era uma vez duas amigas de infância, a Palmira e a Maria, que se encontraram um dia, ao fim de muitos anos. Ambas estavam a passar férias com a família naquela bela praia da Costa da Caparica. A Palmira estava casada com o Ernesto e tinha um filho chamado Arnaldo. O marido da Maria chamava-se António, e a filha Maria José. O Arnaldo tinha então 20 anos e a Maria José ia a caminho dos 17. Não foi amor à primeira vista o sentimento que os dois jovens Maria José e Arnaldo experimentaram um pelo outro, mas esse primeiro sentimento de amizade que nasceu entre eles em breve cresceu e se tornou numa duradoira história de amor. Estava-se em tempo de guerra na Europa e, embora Portugal não tivesse entrado directamente no conflito, as repercussões do mesmo faziam-se sentir no país, as pessoas viviam com dificuldades, havia racionamento de alimentos e outros bens de primeira necessidade. As pessoas tinham de ir para a bicha do peixe, da carne, do leite... e só levavam para casa aquilo que lhes era atribuído, pois havia senhas de racionamento. Cada família recebia por mês essas senhas, em função das pessoas que constituíam o seu agregado familiar, e com elas podia fazer compras nas lojas tradicionais. Algumas famílias com mais dinheiro negociavam essas senhas. Nas aldeias, havia também quem tivesse colmeias para produzir mel, que usavam para fazerem as chamadas “sopas de cavalo cansado “. Numa tijela punha -se pão, vinho tinto e mel. Com essa “receita milagrosa “, ganhava-se força para o árduo trabalho nos campos. O racionamento era sobretudo sentido pelas famílias modestas, pois quem tinha dinheiro comprava muitas coisas clandestinamente, “à candonga”, como se dizia naquele tempo. Como também havia racionamento no combustível para as camionetas e outras viaturas da época, muitas destas eram movidas a gasógeno, um combustível alternativo que era simplesmente um gás pobre. Nesse tempo, também não existiam transportes públicos como actualmente, as pessoas que trabalhavam na Baixa de Lisboa andavam, por vezes, muitos quilómetros a pé desde casa até ao empre-

go. Era o caso do Arnaldo e da Maria José, a que todos chamavam Zeca. Segundo reza a crónica da família, foi a avó paterna (e madrinha da bebé) que lhe pôs o nome de Maria José. Mas este nome não agradou à Maria, a mãe da bebé, que solucionou o problema de um modo radical. “Eu nunca chamarei Maria José à minha filha, para mim ela será Zeca.” E foi assim que a Maria José ficou Zeca para sempre; ela até chegava a esquecer-se de que esse era o seu verdadeiro nome quando alguém a chamava por ele. A Zeca trabalhava mesmo no centro da Baixa, o Arnaldo saía do emprego e ia a pé até lá, esperava a namorada e depois seguiam juntos até casa dela. Ficavam a namorar um pouco à porta, outras vezes o Arnaldo subia com ela e entrava em casa para cumprimentar os futuros sogros. Curiosamente, moravam todos no mesmo bairro, o Bairro de Campo de Ourique, um dos mais antigos e bem frequentados de Lisboa. Passados quatro anos de namoro, o Arnaldo e a Zeca resolveram casar-se. Foi um belo e elegante casamento, num dia de Julho de 1940. Estava-se em plena guerra mundial, mas para quem se ama, qualquer altura é boa para se celebrar o amor. Quatro dias depois, o Arnaldo fazia 25 anos. Nove meses mais tarde, nasceu-lhes uma menina. O Arnaldo estava à espera que fosse um rapaz, mas teve de conformar-se com a menina. Como ainda continuava a guerra e a empresa alemã para que o Arnaldo trabalhava precisava dele em Barca d’Alva, vila fronteiriça com a Espanha, ele foi viver para lá. A mulher e a filha de seis meses acompanharam-no. Estiveram por lá mais de um ano, depois regressaram todos de novo a Lisboa.

(Segue)

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Na véspera dos quatro anos da filha, o jovem casal foi viver para a sua nova casa, no Bairro da Encarnação. Fora o tempo em que tinham estado em Barca d’Alva, haviam sempre vivido com os pais do Arnaldo. O sonho era terem a sua própria casa, e esse sonho tornava-se assim realidade. Passaram-se muitos anos de felicidade, viram crescer a filha, viram-na partir para o estrangeiro e regressar, casar-se e divorciar-se, e este foi um golpe duro. A vida não é sempre um mar de rosas, e até as próprias rosas têm espinhos. Mas, existe também um lado bom e, um belo dia de Verão, viram realizar-se mais um grande sonho – foram avós! E não como a maior parte das pessoas, que veem chegar um neto de cada vez. Não, foram avós de dois gémeos. Para o Arnaldo, a alegria era ao quadrado. Não tinha tido o filho que tanto desejara, mas a filha que Deus lhe dera presenteava-o agora com dois netos, que foram todo o orgulho e o seu amor de avô. O Arnaldo foi o primeiro a partir. Foi numa noite de Novembro, aos 97 anos de idade. A Zeca ainda por cá ficou, por quantos anos, não se sabe. Mas a bela história de amor chegou ao fim.

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do, alguém deixou o portão aberto. Ao perceber, passou por ele sem que ninguém notasse a sua peraltice.

A gatinha fujona Amor familiar

A tardezinha, ao trocar a comida e a água, sua dona notou que ela não havia aparecido. Estranhou, pois era sempre a primeira a se apresentar. Procurou por toda casa, quintal, e não encontrou a safadinha.

Por Maria (Nilza) Campos Lepre

Era uma vez uma gatinha persa, chamada Nina. Desde pequena sempre foi alegre e brincalhona. Era a única sobrevivente de uma cria de quatro gatinhos. Os irmãozinhos nasceram muito fraquinhos, talvez tenham nascido prematuros.

Desesperada saiu para a rua chamando por ela aos gritos: - Nina, cadê você? Vem gatinha linda, vem com a mamãe, pisu, psiu, psiu... Vem amor a comidinha esta a sua espera. Chanim, chanim, chanim... Chamava em desespero.

Como estão vendo, teve de ser lutadora Nada da arteira aparecer. Procurou em desde a hora que chegou a este mundo. Era toda a casa da vizinhança, e ninguém sabia muito pequenina, conseguia se esquentar na da fujona. A noite estava se aproximando e palma da mão de sua dona, isso com os desua dona entrou em desespero. Onde será dos fechados. que a pequena havia se metido? Era feinha a pobrezinha, parecia até um De repente ouviu um cachorrinho latinET. Como a mãe estava doente, sua dona codo, e apontando para uma arvore que ficava meçou a alimentá-la com uma mamadeirido outro lado da rua. Prestou atenção e parenha. No começo foi difícil, mas logo aprenceu escutar um miado abafado. deu a chupar o leite, e era tão gulosa, que viPara ali se dirigiu. Ao olhar para o alto via se afogando. da arvore, adivinhem quem ela encontrou? Aos poucos ela foi crescendo e se torSim, era a Nina, estava tão apavorada, e com nando uma linda gatinha de pelos ruivos, e os pelos tão eriçados, que lembrava um porem algumas poucas partes com pelos branco espinho. O rabo mais parecia um espanacos. Seus olhinhos arregalados pareciam iludor, com os pelos todos arrepiados. minados por uma luz que lhe dava um ar de Quando ela notou a presença de sua dosempre estar alegre e feliz. na, começou a miar muito alto, coisa que Foi crescendo sem nunca ter sentido o nunca fizera em sua curta vida, pois normalsentimento do medo, pois todos da casa a mente era difícil escutar qualquer som sainamavam e a tratavam com muito carinho. do de sua boquinha. Sua dona chegou a penGostava de subir nas arvores do quintal para sar que ela tinha algum problema nas cordas tentar caçar algum passarinho que ali se en- vocais. contrasse. (Segue) Apesar de todo cuidado de seus donos para que não saísse a rua, um dia por descuiwww.varaldobrasil.com

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O verdadeiro e mais puro dos amores. O amor que não tem limite, nem fronteiras, é em nosso lar que encontramos, ele é a morada, do eterno “Amor familiar".

AGENDA VARAL

Mas, só agora descobriu a forma de pedir socorro nas horas difíceis. E como miava a danadinha! O dono do cachorrinho levou o para longe, e somente aí Nina pulou para o colo de sua dona. Depois deste dia, mesmo que o portão ficasse escancarado, nunca mais ela se aventurou a sair. Aprendeu neste dia, que nada é mais seguro do que a sua casa. Nada substitui o carinho das pessoas que a amam. Saia sempre a passeio, mas em companhia de alguém que cuidava para que nada de mal lhe acontecesse. O que mais adorava era voltar para seu espaço particular depois destas saídas. Nada era igual ao aroma, o calor e o aconchego do seu LAR. Muitas vezes procuramos a felicidade muito distante, e quase sempre, é ali que ela reside, bem pertinho de da gente. É no seio de nossa família que encontramos o verdadeiro amor. O dos pais para com seus filhos, e dos filhos para com seus pais, irmãos, avós e todos os membros da família.

Até 25 de fevereiro estarão abertas as inscrições para a revista de abril com tema livre; Dia 15 de março (ou antes se acharmos conveniente) serão consideradas fechadas por completo todas as vagas para o 27º Salon International du Livre de Genève; Até 25 de março estarão abertas as inscrições para a revista de maio com o tema SAUDADE (Parece que foi ontem...); Até 30 dia abril será comunicada a data do lançamento do livro VARAL ANTOLÓGICO 3 em Florianópolis; Dia 30 de abril encerram-se as inscrições para o I PRÊMIO VARAL DO BRASIL DE LITERATURA; De 1º a 5 de maio nosso Stand representará os autores brasileiros e portugueses pela segunda vez no 27º Salon International du Livre de Genève; No dia 03 de maio será lançado durante o 27º Salon International du Livre de Genève, o livro VARAL ANTOLÓGICO 3; Até 25 de abril estarão abertas as inscrições para a revista de junho com o tema SEGREDOS E PECADOS; Dia 25 de maio estaremos presentes no V Encontro de Brasileiros na Suíça em Zurique; Até 25 de maio estarão abertas as inscrições para a revista de julho/agosto com tema livre; Até 30 de junho serão comunicados os vencedores do I PRÊMIO VARAL DO BRASIL DE LITERATURA. Até 25 de julho estarão abertas as inscrições para a revista de setembro com o tema HOMEM, NOSSA ESTRELA

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Que perdição! Por Rita Pea Beijar esses teus lábios… Tocar-te docemente, olhar-te, sentir-te! Saborear o teu corpo, Acariciar a tua alma, Alimentar os teus sonhos, Saciar-te de amor e desejo, Imbuída pela ternura do teu beijo.

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O poder do amor Por Josselene Marques Se me amas, com efeito, sou: O teu sol nos momentos grises; A lua misteriosa a inspirar Versos múltiplos e cálidos; Uma constelação a iluminar A tua solitária noite; Uma lágrima a esvaecer-se Em teus lábios tal qual ameno beijo; A chuva generosa a purificar Toda a tua compleição; A aragem a acariciar Tua pele e desalinhar teus cabelos; Uma bela canção a transportar Tuas súbitas lembranças; Um distinto perfume a conturbar Despertando-te os sentidos; Por fim, sou alento e néctar Em tua valedoura e profícua vida.

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Mãe Índia

Por Avelin Rosana Rolim Correia de Oliveira

Lá... Lá vai ela a mãe índia ela vai! Bem pintada e bonita ela vai carregando o seu filho. Em sua fuga sagaz... Vencendo a fome a morte ela vai. Lá lalaiê lalaiê lalaiá, lalaiê lalaiê lalaiá lalaiá...

Vai... Leva o filho pro igarapé Cata fruta madura no pé Anda léguas e léguas a pé Ela vai...

Lá vai ela a mãe índia ela vai. Perseguida e ferida ela vai, mas, carrega em seu seio a paz... É guerreira e não para jamais ela vai... Lá lalaiê lalaiê lalaiá... lalaiê... Lalaiê lalaiê lalaiá... Lalaiá

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O amor tem que estar presente nos nossos dias. Por Eder Roberto Dias

Naturalmente somos levados a amar e a construir expressões de sentimentos bons e honestos. O ser humano que prioriza valores e recebe ensinamentos que o levem a conhecer os bons efeitos dessa prática, cria em torno de si a formação de atos mais polidos e condizentes com uma vida saudável. A família é o fator preponderante e responsável por esse ensinamento que vemos estar muito esquecido, e talvez, adormecido por medicamentos que causam a apatia da mordaça inviabilizadora ao respeito aos antepassados. Quando o amor ultrapassa a verdade de nossa razão, passamos a empregar aos ensinados a fragilização que não deve ser demonstrada aos que ainda desconhecem a formação desse sentimento. Amar ... não é apenas permitir coisas ou vontades a quem amamos, mas trazermos ensinamentos que possam dar a eles uma vida próxima a que irão enfrentar em um futuro próximo. Estamos descompassados e perdidos no ato em permitir, estamos mergulhando as novas gerações a um consumismo de "SIM" que, certamente, afastaram deles o sentimento aproximado de um amor maduro e real. O amor começa no ato de nossa fecundação, inicialmente no sim que nossos pais se deram e permitiram o ato de amor entre duas pessoas. Mas temos visto que pessoas estão se dando por um acaso, por um desejo sexualizado pelo modismo e pela aplicação de falsos valores. Geramos filhos do acaso, filhos do impulso, filhos de um ficar irresponsável! Devemos nos preocupar com nossos filhos que devem reconhecer o amor como sendo uma virtude, uma benção e um direito a construir um futuro familiar, e não a banalização de reproduzir pessoas sem o principio de uma família aproximada. O amor esta em nós ... assim como o ar que respiramos ou no simples fato de vivermos. Ainda há tempo para mudarmos o errado, ainda

temos forças para trazer a todos eles a exaltação que os levem a aceitar a vida como algo valorizado em cada atitude que eles venham a tomar, mas para isso, temos de acreditar no amor sem traição, no amor sem brigas ou agressões. Ainda estamos chocados pela liberdade sexual que nos é imposta pela mídia ou reportagens que exaltam o sexo pelo sexo. O verdadeiro sabor do amor está em algo maior, em algo além do simples ato de se desejar sexo. O amor começa na simplicidade de um olhar, no desejo de um abraço ou no sabor de um beijo. O sexo é um complemento, uma clarividência da afirmação do desejo em prolongar a beleza desse encontro. O amor nos liga a Deus e, Deus nos quer amando na verdadeira relação de um respeito que venha do homem e da mulher. O amor não é modismo que um dia vem à tona e no outro é esquecido! Ele permanece e permanecerá para sempre no convívio entre nos humanos. Existem na história muitos fatos que reafirmam o valor do amor e do quanto estamos ligados a esse sentimento; basta tão somente que olhemos a expressão: Jesus crucificado. O maior, o mais importante e verdadeiro gesto de amor entre os homens. Apesar dos pesares ainda não aprendemos a expressar, ensinar e praticar esse sentimento na dimensão exata que Jesus tanto pregou, ainda desconhecemos a virtude dessa prática, ainda difundimos o amor como sendo algo impossível de se encontrar. Como formarmos uma família saudável se não conseguimos respeitar o amor que deveria unir pessoas? Como ensinar nossos filhos o que é amor se não acreditamos em sua existência? Ainda há tempo de buscarmos uma religiosidade que sustente a nós e aos que surjam do ato de nosso amor. Deixemos de lado o machismo, deixemos de lado o feminismo que transforma o amor em rivalidade entre sexos. Temos muito que aprender e devemos respeitar a natureza que nos mostra um equilíbrio que teimamos em não ver!

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O amor está na simplicidade, no compromisso sem tempo, no caminhar sem correr e no esperar sem cobrar. Se em sua vida existir um sufocar que distancia, um interessar que apenas compre ou um suportar que impeça o respirar: reinicie. O amor é a chave do perdão, a liberdade do existir e o carinho do coração

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AMOR É MÚSICA!!! Por Vó Fia Amor não é só uma palavra É som é música é melodia Que faz com que o coração se abra E traz felicidade todo dia. Se o amor é fiel traz calma Alegria e muita felicidade Faz cantar alegre a alma Independente da idade. Um amor sincero é canção Que se canta suavemente Embalando com ternura o coração Afagando o corpo e a mente. Como um Noturno de Chopin O amor faz sonhar acordado Na noite alta ou de manhã Sonhando se é embalado. Nas azas de um feliz Cupido O amor vem como um som De valsa de minueto ou samba garrido Voando o Deus do Amor deixa feliz um coração.

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seguindo o curso do tempo que devotamos ao nosso amigo.

O Amor Por Marluce Portugaels

Dias atrás, ao ler uma entrevista com o jovem ator britânico, Nicholas Hoult, protagonista do filme “Meu namorado é um zumbi” tive uma feliz surpresa. Perguntado sobre o que ele achava do amor, Hoult respondeu que acreditava completamente no amor, acrescentando que o amor verdadeiro faz com que alguém mude para melhor. A resposta do ator ecoou como uma oposição à banalização do amor que testemunhamos nos dias atuais. Fala-se muito em amor, hoje, mas o discurso parece vazio, sem sentimento, sem coração.

Passeando pela literatura em todas as épocas, esbarramos com poetas celebrantes do amor dos amantes. No século 18, as cartas de amor de Diderot à sua amada, Sophie Volland nos enlevam, principalmente aquela em que ele lhe escreve no escuro e lhe pede que, onde houver espaço em branco, ela leia que ele a ama. O nosso Luís de Camões, em um de seus sonetos nos conta a luta de Jacó ao trabalhar como pastor sete mais sete anos para Labão dar -lhe a mão de Raquel, a quem ele amava e jurara servir mais, “se não fora para tão longo amor tão curta a vida”. Em nossa época, o cantor Renato Russo, fazendo suas as palavras de Camões, junto com a banda Legião Urbana canta a intensidade do “Amor, fogo que arde sem se ver...”

Pesquisando sobre o filme que Hoult está estrelando, aprendi que se trata de uma versão contemporânea de “Romeu e Julieta”. Pensei, então, parecer milagre que o amor puro e impossível, contado na tragédia de Shakespeare, continue sendo festejado, apesar das mudanças nas sociedades humanas. Basta que as pessoas tenham coração. Lembrei-me, então, do Homem de Lata, amigo de Dorothy no filme Mágico de Oz. Essa personagem foi inspirada na lenda do Lenhador de Lata que, em um acidente na floresta com seu machado encantado, perdeu os braços e as pernas, sendo os mesmos substituídos por membros de lata. Um dia, em outro acidente, ele ficou sem o coração, perdendo, assim, a capacidade de amar. De várias formas o amor é feito. Há o amor fraterno, o materno, o filial, indubitavelmente fortes porque se originam dos laços de família. O escritor francês, La Bruyère, no século 17 já dizia que estar com aqueles a quem amamos é suficiente na vida, pois quando estamos com eles não precisamos de mais nada. O amor pelo amigo é diferente, pois está no plano da amizade que, outra vez, segundo La Bruyère se desenvolve lenta e gradualmente,

Finalmente, é ainda a voz de Renato Russo quem conosco louva o amor a Deus e ao próximo, com palavras do apóstolo Paulo “ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria. É só o amor que conhece o que é verdade. O amor é bom, não quer o mal, não sente inveja nem se envaidece”.

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Por vezes sendo chama, outras sendo bálsamo

INDECIFRÁVEL AMOR

É frio, quente, vazio, pleno Lágrimas, sorrisos, doce veneno, incompleta solidão

Por Luzinete da Silva Tôrres Soares

Que sentimento é esse? Como poder desvendá-lo, ó grande amor, se os meus sentidos inebriados estão de embevecimento?

Que pretensão dissemina enquanto manifestação da sensibilidade, da íntima inquietude com que se converte?

Como explicar a sua etérea pujança, em face desse encantamento perfeitamente entranhado em mim?

Amor, amor...

Como sabê-lo perene, total, intimamente afeito ao seu langor, se a eloquência com que te travestes inquieta-me a alma?

Desejado, disfarçado, de todas as cores, de todas as dores

Sentimento oportuno, inoportuno, viés de infortúnio

Estou entregue ao teu poder, totalmente despojada de mim

Quanto mais me esquivo das tuas artimanhas, mais me vejo enredada em tuas teias sedutoras, em teus insistentes desatinos

Envolta em sentimentos tépidos, contraditórios, fugidios

Me perco, me reservo, me deleito em sua inconstância ardente

És tu, apontando para esse doce abismo, essa insólita peregrinação

A estranha magia com que o amor se me apresenta tem uma conotação de pecado

Se ora me acalentas, se ora me afliges, também me transbordas

A sua volúpia murmurante insufla a ardência do meu coração

Ó amor, o teu mistério me sonda, a tua desejada presença me confunde, o teu descortinar me espreita

Que palpitante, adentra esse calor, esse instante eterno, efêmero em sua dolência, mágico em sua essência

O teu realismo me desnorteia, a tua instabilidade me estonteia

Parece dor, furor, temor, mas é o amor!

Transitas entre o êxtase da tua presença e a abissal magnitude da tua ausência Ah, o amor, esse deslumbre, essa contemplação da alma, esse ermo sentimento... Tão intenso, denso, imenso Tão colossal, infernal, essencial Tão inquietante, inflamante, extasiante Suspensa em tua bruma, deixo-me levar Deslumbrada, eivada, plena Inquieta, arrebatada, sigo esse sentimento desconexo O amor é loucura, paz, transcendência Enunciação, busca, desdobramento Descortínio pretendido, interação corpo, alma, emoção Encerra, também, um paradoxo constante

Imagem: Ceyda Niyazi

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Amando a DEUS e a sua Criação Rogério Araújo (Rofa)

dos ares, certamente AMA A DEUS. As ações valem mais que palavras. Defender o verde com protestos, pura e simplesmente, é defender uma causa da “boca pra fora”,

DEUS orientou Adão para que cuidasse de mas, agir de verdade, é que surtirá os maiores sua criação: “E tomou o Senhor Deus o efeitos e agradará, e muito, ao nosso Criador. homem, e o pôs no jardim do Éden, para o lavrar e o guardar” (Gênesis 2.15). Quem cuida

Seja um zelador de tudo que fez para esse

de tudo que o Senhor criou é porque AMA sua mundo. Quem assim o fizer só tem a ganhar, pois quantos efeitos colaterais ocorrem para o

obra e a Ele por consequência.

próprio homem quando ele mesmo destrói tudo Esse cuidado, zelo, carinho, por tudo que que vê pela frente? nosso Deus fez é algo que vale para todos nós. Ninguém está isento dessa tarefa. Devastar flo-

AME A CRIAÇÃO DE DEUS!!!

restas pela ganância do dinheiro desse negócio; aprisionar animais silvestres e vender para contrabandista, não está certo pela sua ilegalidade e, também, por maus tratos aos animais que não merecem passar por isso. Em Gênesis 1.31 diz: “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom...”. Tudo que o Senhor criou é perfeito. Por que o homem quer sempre estragar tudo? Onde ele coloca a sua mão “podre”, tudo se destrói. Quem preserva a natureza criada pelo Senhor, os verdes das matas, o azul dos mares, rios e oceanos, e a beleza das mais variadas espécies de animais dos aquáticos, terrestres e

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ÍNTIMO

Por Regina Costa

Por um instante Senti você comigo Instante de luz interior... Íntima afeição se estendeu E eu fiz você feliz Por um instante apenas Clareou Vivo movimento de amor

E nós nem nos falamos Sequer nos tocamos Apenas nos ouvimos Misteriosamente... Por um instante apenas

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Amor de Amantes Por Sandra Ferrari Radich Desaparece como fumaça A qualquer momento volta e encaixa Sorrateiramente no espaço vazio que deixou, Tão leve... Tão perfeito, Como se nunca tivesse saído dali. É muito mais meu, sem mentiras, Tira a roupa e junto tira a máscara. Nudez completa, É bom tê-lo por inteiro, Sem farsas, sem falsas promessas, Sem falsos pudores, sem falsa modéstia. Nós dois sabemos porque estamos ali, Nudez e gozo do corpo e da alma. Causa frisson e a vontade Demasiadamente louca Faz com que façamos o não feito, Todo de uma só vez, Coisas que só fazem sentido ali.

Ilustração enviada pelo autor do texto

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Maior tesouro Por Olga Hosken

É quase nada Mas representa tudo! De tão pequeno carrego com uma só mão. De tão grande sentimento, mal cabe no peito. Supera minhas forcas, Transpõe meus valores, Enche-me de graça!!! Quando a sombra do medo tenta abraçar meu telhado E o vento frio, de arrepios escabrosos, ameaçam percorrer meu corpo, Teus meigos olhos sopram uma brisa suave e morna, como as manhas primaveris. Qual grande foi a graça, que Deus me concedeu, De ter nos braços, Um filho meu.

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INFORMAÇÃO: AUTISMO AUTORA: Olga Hosken Autismo é uma desordem no desenvolvimento que inicia desde o nascimento ou se desenvolve nos primeiros anos de vida. O termo Autismo significa “ausente” ou “perdido”. Hoje em dia o Autismo se tornou uma crise pública de saúde que está crescendo assustadoramente. Pesquisas comprovam um grande impacto na saúde das crianças nos seus três primeiros anos de vida que são os mais importantes para a aprendizagem. Características do Autismo: Riso inapropriado Dificuldade de relacionamento com outras pessoas. Pouco ou nenhum contato visual Aparente insensibilidade à dor Preferência pela solidão Modos arredios Rotação de objetos Hiperatividade ou Inatividade Ausência de respostas aos métodos normais de ensino Insistência em repetição Resistência à mudança de rotina Repetição de palavras Recusa de contato físico Irregular habilidade motora Acessos de raiva Falta de noção do perigo Dificuldade de processar informações que recebe do meio ambiente Dificuldade de expressar suas necessidades (Usa gestos ou aponta quando quer algo)

liações sistemáticas e periódicas são sempre recomendadas. Não existe medicação e nem tratamento especifico para autismo. Tratamento: O tratamento do autismo é complexo pois envolve uma gama de profissionais tais como: neurologista, pediatra, psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, físico terapeuta, pedagogo, e orientação familiar. Para o sucesso do tratamento ocorrer é necessário o empenho de profissionais qualificados e o TOTAL envolvimento da família. A demora no processo de diagnóstico e a aceitação dos pais é prejudicial ao tratamento, A descoberta precoce desta desordem no desenvolvimento e o tratamento adequado vão influenciar na evolução da criança. Faz parte do tratamento a educação especial, de preferencia individual, com aprendizagem intensa e gradual. A criança autista que desenvolve a fala possui grandes chances de melhorar expressivamente.

Como o quadro do autismo não é estático, alguns sintomas podem se modificar, se amenizar ou ate desaparecerem, porém outros sintomas poderão surgir. Avawww.varaldobrasil.com

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Doce mel Por Rozelene Furtado de Lima Hoje eu só quero encontrar Um amor carregado de vontade Desejoso de morrer de amar De ser momento na eternidade Quero beijos muito ardentes Carícia livre sem restrição Entregar tudo, totalmente Corpo, pele, sonhos e ilusão Sussurrando com estrelas deixar fluir Provar o néctar, saborear o doce mel Sem parcelar a liberdade de ficar Pagar, receber, dar e dividir Ser ponte, ser escada, ser céu Ir onde nunca olvidei chegar

h%p://vilamulher.terra.com.br/

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Poema do meu amor! Por Yara Darin Meu amor é feito o dia Como um lindo amanhecer Na beleza da poesia Da paixão e do bem querer. Meu amor é água da fonte Puro e transparente Tão imenso, tão sincero Quão difícil de explicar. Meu amor é uma aquarela De alegria e de emoção Com as cores da esperança Tem as notas de uma canção. Este amor que é a minha alegria Minha paz verdadeira No abraço ,no teu beijo Quando te quero por inteiro . Amor, eu sempre vou te amar!

arte by Felix Mas

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AMOR RAZÃO DE VIVER

tos e também sei os seus, assim estamos juntos como Romeu e Julieta se conheceram nos aposentos seus.

Por Fátima Maria de Oliveira Friaça Pereira

Um dia tão claro já nos vimos a beira mar estacando pedregulhos para ver o tempo passar, e as águas cristalinas brilhando no seus cabelos, o seu corpo escultural desenhei nas areias do mar, fica registrado, marcado por dentro o nosso encontro no ar livre onde tudo podemos fazer sem medo de errar.

Gosto muito do seu jeito amo-te demais querida amor da minha vida estou possesso, apaixonado uma alucinação sem tempo, um amor conectado deixa-me cheio de carinho, carinho este que quero sempre ti dar. Parece infantilidade Somos amantes da noite, não tememos a mas o que fazer com tanta paixão você é o hora adentro quanto mais nos amamos, mais amor razão de viver no meu coração. queremos nos amar, desejo igual, sede insaciáVejo estrelas a brilhar nos teus olhos fico a ti vel que não para, sempre mais e mais, madruamar, já não aguento mais quero contigo me gada vem o sono juntos vamos descansar, será casar, é verdade esse é o começo de nossas mesmo! Que vamos parar! Seu sorriso sonolenvidas que já viramos ao avesso de tanto amor to me encanta me dá um nó na garganta ai copara dar, deixa eu ti amar flor da minha vida, meçamos a nos conectar, jeito de amar, jeito de amo tudo em você, entenda que a explosão do querer e não desistir porque não quero ver voamor é conectado no nossos pensamentos que cê ir porque ainda é muito cedo. descem queimando por dentro. E por, falar em amor jamais desistir de amar ou se conhecer para ser amado (a) e poO fogo dessa paixão são labaredas ardentes, não sonho vejo tudo ao meu redor você, dá pa- der dizer um para o outro: descobri que te amo ra entender eu já não vivo mais eu, mas vivo eu demais. e você são formas concretas, encaixe perfeito, coração latente sempre pedindo alegremente esse amor, amor que não tem cor, nem raça e nem dessabor é o amor razão de viver. Ouço em meus ouvidos a sua voz sussurrando: amor eu estou aqui acabei de chegar, não posso esperar e já começo a te abraçar e te beijar, os nossos afagos, tampa o nosso respirar, ai não penso! Sinto tudo girar e nos encontramos no amor ao amar, sua vida é minha parte, minha metade que completa todo jeito de amar. Conto para você historinhas de ninar, só para ver você soluçar nesse amor sem parar, isto é paixão não é loucura, não vivemos de gravura mas de pura convicção, ao vivo nossas vidas se misturam no amor razão de viver, mas viver bem aconchegados na medida que nos amamos cada dia aumenta mais e mais essa vontade esse desejo. Desejo este de te amar para sempre, sempre sorrir com muitas gentes que também querem saber amar, vamos dar bom exemplo mostrando esse amor tanto em nosso interior como na vida diária com sorrisos alegremente. Que bom poder te amar somos unos pelo o amor de Deus, dando nos oportunidades de nos conhecer melhor, você sabe os meus defeiwww.varaldobrasil.com

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Aceitarás o amor como eu o encaro ? Por Mário de Andrade

Aceitarás o amor como eu o encaro ?... ...Azul bem leve, um nimbo, suavemente Guarda-te a imagem, como um anteparo Contra estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de melhor e de mais raro Vive em teu corpo nu de adolescente, A perna assim jogada e o braço, o claro Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada. Não desejo Também mais nada, só te olhar, enquanto A realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza... a evasão total do pejo Que nasce das imperfeições. O encanto Que nasce das adorações serenas.

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VARAL DO BRASIL POR TODOS OS LUGARES PARCERIAS VENCEDORAS!

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Revista Varal do Brasil A revista Varal do Brasil é uma revista independente, realizada por Jacqueline Aisenman. Todos os textos publicados no Varal do Brasil receberam a aprovação dos autores, aos quais agradecemos a participação. Se você é o autor de uma das imagens que encontramos na internet sem créditos, façanos saber para que divulguemos o seu talento!

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VARAL DO BRASIL No 21

Voltaremos em abril com o no. 22! www.varaldobrasil.com www.varaldobrasil.blogspot.com

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