AÇORIANO ORIENTAL SEXTA-FEIRA, 19 DE JULHO DE 2013
28 Sexta Exposição
EDUARDO RESENDES
Ana Vidigal e Paulo Brighenti expõem na Fonseca Macedo EDUARDO RESENDES
Até final de setembro, a Galeria Fonseca Macedo apresenta mostra com obras de Ana Vidigal e Paulo Brighenti ANA CARVALHO MELO anamelo@acorianooriental.pt
O arco central da galeria Fonseca Macedo é o elemento arquitetónico que separa e realça os trabalhos dos artistas Ana Vidigal e Paulo Brighenti que até final de setembro apresentam os seus trabalhos em Ponta Delgada. “O aspeto da galeria condicionou e foi um ponto de partida, mas a ideia é oferecer ao público duas propostas, e como tal foi necessário dividir o espaço”, afirma a galerista Fátima Mota, realçando que “são dois artistas que a Galeria Fonseca Macedo já conhece há muito tempo”. Nesta mostra, Ana Vidigal e Paulo Brighenti apresentam obras bastantes distintas, ainda que ambos tenham em comum a pintura.
Para Ana Vidigal, natural de Lisboa, esta mostra é um regresso, passada uma década, a uma galeria que já conhece. “Gosto de aceitar todos os convites porque são super importantes para mostrarmos a nossa obra e porque é uma petulância achar que só se pode expor em Lisboa e no Porto o que condiciona imenso a visibilidade do nosso trabalho”, afirma a artista plástica. Os trabalhos apresentados em Ponta Delgada inserem-se num conjunto a que chamou “Austeridade”, nome que surge por se tratar de trabalhos que a artista considera “contidos” mas que afirma não terem qualquer intervenção política. “Fui buscar esta palavra porque a oiço todos os dias, mas não pensei nela como intervenção política”, afirma, explicando ainda que o trabalho agora apresentado é um trabalho recente que surge na continuação do anteriormente desenvolvido. Já para Paulo Brighenti, também natural de Lisboa, trata-se de uma estreia junto do público açoriano, experiência que descreve como interessante. “É sempre uma experiência
nova conhecer a relação entre o meu trabalho e um lugar que eu não conheço, por isso cada mudança de público é sempre interessante”, afirma o artista. Nesta mostra de pintura, intitulada “Osso”, é revelado um trabalho em continuidade com a investigação iniciada na série de pinturas com o título “Chama Dupla”, 2012-2013, que questionam a visibilidade, o tempo e a perda.
“Os trabalhos que trouxe são um conjunto de obras que eu achei que eram os melhores para este espaço e contexto”, afirmou, explicando que as telas agora expostas apresentam várias histórias nas quais a imagem da nascente de um rio se repete num jogo de polaridades, numa permuta de valores positivos e negativos, escalas e intensidades, zonas de penumbra e de luz.
“O interesse foi colocar as memórias de antepassados próximos no tempo presente e o desafio de trabalhar esse conceito em termos de imagem pintada”, acrescentou, explicando ainda que está “a trabalhar o negativo dessas imagens que já não são fotográficas porque já houve uma apropriação delas” e “a representar o que não é visível”. Ana Vidigal tem um longo percurso, estando representada na Fundação Calouste Gulbenkian, na Fundação de Serralves, na Fundação PLMJ, na Coleção Berardo, no Museu do Chiado, na Culturgest, na Coleção Manuel de Brito e em outras coleções nacionais e internacionais. Paulo Brighenti, que expõe regularmente desde finais dos anos 90, recebeu em 2002, o Prémio de Desenho da Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva, em Lisboa. Encontra-se representado na Coleção António Cachola, na Fundação Calouste Gulbenkian, na Coleção PLMJ, na Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, na Fundação Carmona e Costa, na Coleção Pedro Cabrita Reis, no Museu do Chiado e em outras coleções nacionais e internacionais.◆