Roteiro de Oração na Vida Diária EDIÇÃO 102 - SETEMBRO 2017
Roteiro de Oração na Vida Diária
Neste mês de setembro, em sintonia com a Igreja, celebramos o mês da Bíblia, e somos convidados e convidadas a rezar sobre um termo bastante significativo para a história do povo de Deus: a liberdade. Nosso Deus, por excelência, sempre guiou seus filhos por uma trajetória de libertação e plenitude, livrando-os das amarras e opressões. Assim como o povo de Israel, vivemos em uma sociedade que nos envolve em suas tramas, estimula a insensibilidade, nos torna cativos de inúmeras injustiças e desigualdades e que naturaliza estereótipos, padrões de comportamento, preconceitos. Além disso, temos também uma história pessoal que constitui e marca nossa identidade. Apesar desse mundo e dessa história nos precederem, a Palavra de Deus nos motiva, profeticamente, a experimentarmos a liberdade proposta pelo Messias. Dessa forma, somos chamados a conhecer a realidade do mundo e de nós mesmos, possibilitando nossa realização pessoal e o seguimento do Cristo de modo autêntico.
Oração preparatória para todos os dias Senhor, que todos os meus pensamentos, ações e afetos sejam puramente ordenados ao seu serviço e louvor.
Escolho um texto bíblico. Defino a duração da oração. Busco um LUGAR tranquilo e agradável que ajude a me concentrar. Encontro uma boa POSIÇÃO corporal.
Faço SILÊNCIO interior e exterior. RESPIRO lentamente, suavemente. Tomo CONSCIÊNCIA de que estou na PRESENÇA de DEUS. Faço com devoção o sinal da cruz.
LEIO o texto devagar, saboreando as palavras que mais me “tocam”. REFLITO por que esta frase, palavra, ideia me chama a atenção. CONVERSO com Deus como um amigo: falo, escuto, peço, louvo, pergunto, silencio, seguindo os sentimentos experimentados na oração.
PEÇO a DEUS Nosso Senhor para que todos os meus desejos, pensamentos e sentimentos estejam voltados unicamente para o seu louvor e serviço. Peço a GRAÇA que verdadeiramente DESEJO receber de DEUS.
Recordo o meu ENCONTRO com DEUS. Anoto o que foi mais importante na oração: o texto mais significativo (palavras, frases e imagens); os pensamentos predominantes; os questionamentos; os sentimentos de consolação ou desolação; se houve apelos e como me senti diante deles.
Roteiro de Oração na Vida Diária
PRIMEIRA SEMANA A liberdade diante das coisas
“Quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la.” (Mt 16, 25). Como aponta o Evangelho de domingo, de nada adianta às pessoas ganharem o mundo inteiro, mas para isso, perderem sua vida com coisas irrelevantes. Vivemos em uma sociedade com ampla oferta de produtos, experimentamos o imperativo do consumo, somado a uma cruel desigualdade social. Cada vez mais há uma idolatria ao deus do dinheiro, do mercado, e o valor das pessoas é mensurado de acordo com aquilo que elas possuem. Diante de tal realidade, somos chamados a refletir sobre como lidamos com as coisas materiais. Qual espaço têm em nossas vidas os artigos de vestuários, os bens, os aparatos tecnológicos, o dinheiro, as coisas? Muitas vezes o consumismo nos aprisiona, nos tira a vida, e representa a maneira mais fácil de preenchermos, com objetos, os nossos vazios interiores. O Cristo nos convida ao seguimento, a uma vida plena de sentido, à consciência e ao desapego diante das coisas materiais. Uma vida cristã nos exige abandonar os pesos desnecessários. Tal desapego se trata de sabermos utilizar as coisas tanto quanto sejam úteis, lembrando que nosso Senhor é o Deus da vida e da humildade, não o deus do dinheiro. O amor de Deus não tem preço, nos é dado de graça, e experimentado nas coisas mais simples.
Pedido para todos os dias da semana: Senhor, instrua-nos, a seu exemplo, para vivermos uma vida simples e plena.
3 de setembro de 2017
22º Domingo do Tempo Comum Mt 16, 24 - 27 “Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro mas perder a sua vida.”
4 de setembro de 2017
Lc 4, 16 - 22 “Enviou-me para proclamar a libertação aos cativos.”
5 de setembro de 2017
Sl 26 (27) “Só isto desejo: poder morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida.”
6 de setembro de 2017
Lc 4, 38 - 44 “Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado.”
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado 7 de setembro de 2017 8 de setembro de 2017 9 de setembro de 2017
Memória de São Melchior Grodecz e Companheiros Cl 1, 9 - 14 “Ele nos libertou do poder das trevas e nos recebeu no reino de seu Filho amado.” Memória da Natividade de Nossa Senhora Mt 1, 18 -23 “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho.” Memória de São Pedro Claver Lc 6, 1 - 5 “Por que fazeis o que não é permitido em dia de sábado?”
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SEGUNDA SEMANA A liberdade diante das pessoas
Nesta semana somos chamados e chamadas a rezarmos sobre a liberdade diante das pessoas e das relações humanas. Isso não significa nos fecharmos em nosso individualismo, mas pelo contrário, representa traçarmos relações fraternas, de respeito mútuo, calcadas no amor e na aceitação das pessoas. Somos chamados a estabelecermos relações de cura, de cuidado, que somem e sejam saudáveis para todas as pessoas envolvidas. Vivemos tempos de controle e massificação dos comportamentos, e é importante fomentarmos a liberdade de ser quem se é, de agir segundo os valores do Reino, de crescermos com autonomia, para que, desse modo, ninguém precise suportar o peso de ter que corresponder às expectativas de outrem. Nós, e todos aqueles com quem nos relacionamos, somos movidos para experimentarmos a liberdade. Cristo nos convida a fazermos essa experiência, buscando sempre sermos melhor para os demais, mas essa busca, deve partir da experiência do amor, e não do apego.
Pedido para todos os dias da semana: Senhor, que saibamos nos relacionar com as pessoas segundo teu exemplo.
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado 10 de setembro de 2017
23º Domingo do Tempo Comum Memória do Beato Francisco Gárate Rm 13, 8 - 10 “O amor é o cumprimento perfeito da Lei.”
11 de setembro de 2017
Lc 6, 6 - 11 “O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?”
12 de setembro de 2017
Cl 2, 6 - 10 “Dele também vós estais repletos.”
13 de setembro de 2017
Lc 6, 20 - 26 “Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados!”
14 de setembro de 2017
Festa da Exaltação da Santa Cruz Jo 3, 13-17 “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele.”
15 de setembro de 2017
Memória de Nossa Senhora das Dores Jo 19, 25 - 27 “Mulher, este é o teu filho.”
16 de setembro de 2017
Lc 6, 43 - 49 “Toda árvore é reconhecida pelos seus frutos.”
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TERCEIRA SEMANA A liberdade diante de si
Podemos iniciar esta semana lançando um olhar amoroso sobre nós mesmos e sobre quem temos sido. Vivemos tempos de imediatismos, de narcisismos, da ilusão de felicidade constante das redes sociais e de uma suposta liberdade para nos realizarmos enquanto pessoas. Somos levados a nos colocarmos na centralidade de tudo, e de modo cruel, a acreditarmos em nossa perfeição, nos afastando assim de Deus e de nós mesmos. Libertarmo-nos de nossas expectativas, e também daquelas que a sociedade deposita sobre nós, é uma experiência existencial profunda e, por vezes, dolorosa. Somos chamados e chamadas por Deus a termos vida plena e em abundância, e muitas vezes isso implica em caminharmos com Ele, por nossas histórias, nossa identidade, por nossas feridas, limites e potências, pelos sonhos que cultivamos, por tudo que temos sido. Sigamos o exemplo do grão de trigo, que só brota e dá frutos, quando se deixa morrer: se transforma e renasce em vida nova.
Pedido para todos os dias da semana: Senhor, ajuda-nos a olharmos amorosamente para nós mesmos, aceitando quem somos e renascendo em ti. 17 de setembro de 2017
24º Domingo do Tempo Comum - Memória de São Roberto Belarmino - Mt 18, 21 - 35 “Não te digo perdoar até sete vezes, mas até setenta vezes sete.”
18 de setembro de 2017
Lc 7, 1 - 10 “Nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé.”
19 de setembro de 2017
Lc 7, 11 - 17 “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!”
20 de setembro de 2017
Lc 7, 31 - 35 “Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos.”
21 de setembro de 2017
Memória de São Mateus, apóstolo e Evangelista Mt 9, 9 - 13 “Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores.”
22 de setembro de 2017
1 Tm 6, 3 - 12 “Nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada poderemos levar.”
23 de setembro de 2017
Lc 8, 4 - 15 “Ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra, e dão fruto.”
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado
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QUARTA SEMANA A liberdade diante de Deus
Nesta quarta semana o convite é para olharmos para nossa relação com o sagrado. O seguimento de Jesus implica um ‘des-centramento’. E como postulou Santo Inácio de Loyola, é necessário um esvaziamento do “nosso próprio amor, querer e interesse”. Mas esse processo de saída de si e abertura para Deus também pode acontecer com muita liberdade, e é, sobretudo, uma escolha, uma adesão pessoal, uma posição que emerge de uma relação de fé profunda e madura. Ora, seria muito confortável se nossa vida fosse pré-determinada por Deus, e se não tivéssemos de arcar com a responsabilidade de nossas escolhas. Amorosamente, Deus nos deu a experimentar o que chamamos de livre arbítrio, para que possamos, junto Dele, fazer nossas próprias eleições. Com esse mesmo amor, ajudados por sua graça, Deus nos chama a uma vida de liberdade e de felicidade. Isso implica em percebermos que o amor de Deus é incondicional, e nos abre um mundo de possibilidades para que nos realizemos enquanto seres humanos. Essa dimensão da liberdade consiste portanto, em descobrirmos que nossos sonhos e os sonhos de Deus para nós, vão na mesma direção, e que a adesão ao chamado de Deus é um processo autêntico de conversão, que se dá pela experiência do amor, e jamais pela imposição divina.
Pedido para todos os dias da semana:
Senhor, que nós possamos experimentar seu amor e, através dele, a liberdade que vem de Ti. 24 de setembro de 2017
25º Domingo do Tempo Comum Mt 20, 1 - 16 “Os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos.”
25 de setembro de 2017
Lc 8, 16 – 18 “A quem tem alguma coisa, será dado ainda mais; e àquele que não tem, será tirado.”
26 de setembro de 2017
Lc 8, 19 - 21 “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática.”
27 de setembro de 2017
Lc 9, 1 - 6 “Não leveis nada para o caminho.”
28 de setembro de 2017
Ag 1, 2 - 8 “Considerai, com todo o coração, a difícil conjuntura que estais passando: mas subi ao monte.”
29 de setembro de 2017
Jo 1, 47 - 51 “Coisas maiores que esta verás!”
30 de setembro de 2017
Lc 9, 43 - 45 “Eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.”
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado
Ilustrações: Cláudio Pastro | Textos: Thaís Augusto / Osvaldo Meca / Tamirys Carvalho | Projeto Gráfico: Rodrigo TZK•D
Roteiro de Oração na Vida Diária
Santo do dia - 7 de Setembro | São Melchior Grodecz e Companheiros Melchior Grodecz, filho de poloneses, nasceu na Silesia, em 1584. Aluno dos jesuítas em Viena, entrou para o noviciado aos 19 anos. Já Estevão Pongracz, de nobre família húngara, nasceu na Transilvânia, em 1582. Também estudou com os jesuítas, na Romênia, e entrou para a Companhia em 1602. Ambos, se conheceram no noviciado de Viena, e acabaram por se reencontrar em 1619, enviados para Kosice, com a missão de animar os católicos boêmios e alemães. Os protestantes da região, viram com hostilidade esse redespertar da Igreja católica e decidiram avançar com suas tropas. Para encorajar a minoria católica, uniu-se aos dois padres o cônego de Esztergom, chamado Marcos Estevão, que também era ex-aluno jesuíta e antigo amigo, dos tempos de Viena. Os três foram presos pelos soldados calvinistas, torturados por 3 dias e queimados vivos. Jamais negaram a fé, nem a supremacia do Papa e, enquanto sofriam o martírio, rezavam em voz alta. A doçura dos padres e a crueldade do fato foram tantas que, após as suas mortes, toda a Hungria ficou consternada, inclusive os fiéis protestantes. Por sua coragem, os padres foram logo cultuados. Eles foram canonizados por Joao Paulo II, em 2 de julho de 1995.
Santo do dia - 9 de Setembro | São Pedro Claver Pedro Claver, espanhol, filho de camponeses, decidiu ser padre aos 15 anos. As cartas dos missionários jesuítas entusiasmavam a Europa. Ele foi a Barcelona estudar e, quando cursava filosofia, pediu admissão na Companhia. Ingressou no noviciado em 1602 e, feitos os votos, foi para Maiorca, para completar os estudos. Lá ouviu do Ir. Afonso Rodrigues: “A tua missão é nas Índias... Ah! Caríssimo Pedro. Por que não vais também tu recolher lá o sangue de Jesus Cristo?”. O jovem Pedro ofereceu-se e, em 1610, aos 30 anos, desembarcou em Cartagena, na Colômbia. Entregou-se totalmente ao apostolado dos escravos que chegavam entulhados nos navios negreiros, ao ponto de uma escrava afirmar: “... era a defesa geral de todos os negros e negras”. Incompreendido até pelos próprios companheiros, livrou-se do desanimo procurando consolo na cruz. Esgotado e doente, morreu em 1654, já com fama de santo. Canonizado por Leão XIII em 1888, foi declarado padroeiro das missões entre os negros.
Santo do dia - 10 de Setembro | Beato Francisco Gárate Nasceu em Azpeitia (Espanha), em 1857, e fez sua catequese com os jesuítas no Santuário de Loyola. A pedido deles, foi admitido como servente no Colégio N.S. de Orduña e, ali mesmo, decidiu sua vocação. Por terem sido os jesuítas expulsos da Espanha em 1868, foi preciso que caminhasse até Poyanne, na França, para entrar no noviciado. Dando mostras de simplicidade, maturidade e responsabilidade, fez seus primeiros votos em 1876 e, após breve preparação, foi enviado para La Guardia, onde foi enfermeiro e sacristão no Colégio Santiago. Sempre alegre e paciente, era exemplo de delicadeza e abnegação. Mantinha intensa vida de fé e oração, prestava constante serviço ao próximo, de modo que, humildade, abnegação e mortificação foram suas marcas como porteiro. Morreu em 1929, vítima de um tumor na próstata. Foi beatificado por João Paulo II, em 1985.
Santo do dia - 17 de Setembro | São Roberto Belarmino Nasceu a 4 de outubro de 1542, em Montepulciano, na Toscana, Itália. De família nobre porém empobrecida, desde cedo mostrou-se um estudante brilhante e muito piedoso. Entrou para o Noviciado em 1560, em Roma. Já nos estudos de Retórica destacava-se como grande pregador, sendo motivador de diversas conversões. Foi ordenado em 1570 e, desde então, prestou intenso serviço à fé como eminente professor de teologia e, também, em cargos na Companhia. Em 1599, contra a sua vontade, foi elevado à púrpura cardinalícia, onde manteve o mesmo estilo da vida religiosa, na austeridade e na pobreza. Tornou-se a maior autoridade na pregação contra as heresias, por seu espírito de ciência e humildade. Sua opinião, sábia e segura na fé, era sempre respeitada e acatada na Cúria. Morreu em 1621, como exemplo, perante uma Igreja em crise. Foi canonizado em 1930 e proclamado Doutor da Igreja, em 1931, por Pio XI.