Roteiro de Oração na Vida Diária EDIÇÃO 105 - DEZEMBRO 2017
Roteiro de Oração na Vida Diária
Estamos no fim do ano litúrgico e início do novo ano, nós nos colocamos diante do Senhor que nos julga, não como poderoso Senhor, mas como Bom Pastor: “Ó Pastor de Israel, prestai ouvido. Aparecei cheio de glória e de esplendor. Vinde logo nos trazer a Salvação.” Vigiem, diz o Senhor, não durmam. Vigiar significa não viver de ilusões, experimentar tudo e ficar com o que realmente vale para a eternidade. A mente ativa procura se dar conta do que a envolve e dos contravalores propostos em belas embalagens. Temos diante de nós dois tempos litúrgicos fortes, o Advento e o Natal. A liturgia nos convida a sentir e viver no Advento o espírito da conversão para uma vida ativa que prepara o caminho do Senhor, e no Natal a alegria agradecida na contemplação de um mistério tão excelso que nos envolve. Se as circunstâncias nos envolvem, estas, no Natal, nos extasiam. Neste caminho espiritual estamos propondo esta experiência diária de oração, no encontro íntimo com o Senhor da vida, a partir dos textos bíblicos de cada dia, ao longo do Tempo do Advento. A oração pessoal e comunitária é o lugar onde o discípulo, alimentado pela Palavra e pela Eucaristia, cultiva uma relação de profunda amizade com Jesus Cristo e procura assumir a vontade do Pai. A oração diária é um sinal do primado da graça no caminho do discípulo missionário. Por isso, “é necessário aprender a orar, voltando sempre a aprender esta arte dos lábios do Mestre”. Bem, este caminho de oração, feito no dia-a-dia, por um determinado tempo, baseando-se em exercícios de oração, sugeridos e elaborados neste folheto que agora apresentamos. Elementos básicos para fazer este Retiro do Advento/Natal são:
a. dedicar trinta (30) minutos à oração pessoal diária; b. rever esta oração durante alguns minutos;
Escolho um texto bíblico. Defino a duração da oração. Busco um LUGAR tranquilo e agradável que ajude a me concentrar. Encontro uma boa POSIÇÃO corporal.
Faço SILÊNCIO interior e exterior. RESPIRO lentamente, suavemente. Tomo CONSCIÊNCIA de que estou na PRESENÇA de DEUS. Faço com devoção o sinal da cruz.
LEIO o texto devagar, saboreando as palavras que mais me “tocam”. REFLITO por que esta frase, palavra, ideia me chama a atenção. CONVERSO com Deus como um amigo: falo, escuto, peço, louvo, pergunto, silencio, seguindo os sentimentos experimentados na oração.
PEÇO a DEUS Nosso Senhor para que todos os meus desejos, pensamentos e sentimentos estejam voltados unicamente para o seu louvor e serviço. Peço a GRAÇA que verdadeiramente DESEJO receber de DEUS.
Recordo o meu ENCONTRO com DEUS. Anoto o que foi mais importante na oração: o texto mais significativo (palavras, frases e imagens); os pensamentos predominantes; os questionamentos; os sentimentos de consolação ou desolação; se houve apelos e como me senti diante deles.
Roteiro de Oração na Vida Diária
ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS DA SEMANA Aqui estou, meu Deus, diante de ti, tal como sou agora. Estou tranquilo e pacificado diante de ti, Senhor, como um discípulo atento a seu Mestre. Estou na tua presença e me deixo conduzir. Abro-me à tua proximidade. Dá-me um coração de discípulo, para que, cada dia, possa ouvir a tua Palavra. Tu és a fonte da vida, a força da vida que me penetra. Tu és meu ar que me oxigena e dilata. Deixa que a tua paz me habite. Concede-me a graça de me deixar “limpar” por ti, ser uma concha que se enche de ti, meu Deus. Que todos os meus pensamentos e sentimentos, minha vontade e liberdade sejam orientados para o teu serviço e louvor, meu Mestre e Senhor. Assim seja!
Roteiro de Oração na Vida Diária
PRIMEIRA SEMANA
Domingo 3 de dezembro de 2017
1º Domingo do Advento Mc 13, 33-37 “Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento.”
Neste novo ano litúrgico, iremos ler e meditar, nos domingos do tempo comum, o Evangelho de Marcos - Ano B. Iniciamos o tempo litúrgico com o tempo chamado Advento, que se caracteriza como tempo de espera, de preparação, de expectativa pela vinda do Senhor: é tempo de despertar. Os sofrimentos do povo e os aparentes silêncios de Deus terão uma resposta. O texto de hoje faz parte do discurso apocalíptico. Depois de descrever os sinais que precederão a vinda do Filho do homem, Jesus responde a outra pergunta que lhe foi feita pelos discípulos, sobre o momento de sua vinda. A resposta está bem clara: não sabe nada... somente o Pai. É preciso estar alerta e preparado, porque o Filho do Homem chegará no momento mais inesperado. Diante do desconhecimento do dia e da hora, a única atitude possível é estarmos vigilantes. Toda intervenção consciente e operosa da fé é um sinal da vinda do Filho de Deus, que já se manifesta na história de cada dia, mas que anuncia sua plenitude no fim dos tempos. A Palavra de Deus que nos acompanhará nos próximos domingos nos ensina que Jesus continua presente em cada um de nós e nas nossas comunidades, nas nossas famílias, no nosso trabalho do dia a dia. Para refletir: Neste domingo inicia-se o Tempo do Advento, tempo de espera, no qual esperamos ansiosos pelo nascimento de Jesus. Como então nos preparar para esta grande chegada?
Segunda
4 de dezembro de 2017
Mt 8,5-11 “Vou curá-lo.”
A fé não é um refúgio num santuário, mas uma interminável peregrinação do coração. Só temos que confiar em Deus, pois a fé é uma resposta de reciprocidade a Deus, que age em nós conforme nossa reciprocidade na fé. A fé do gentio suscita a admiração de Jesus e dá motivo ao contraste entre ela e a pouca adesão que encontra em Israel. Jesus vê que a sua mensagem vai suscitar melhor resposta entre os não judeus que entre os judeus. E podemos confiar nele, porque ele confia em nos. É a fé que possibilita ao homem ser mais homem, isto é, livrar-se de toda a enfermidade que o condiciona a tantos tipos de morte. Registra-se aqui o único caso no Evangelho de Mateus, no qual Jesus toma a iniciativa de uma cura. O dom é oferecido sem prévio pedido. Temos a ação gratuita de Jesus, que se antecipa. Nessa cura Jesus se manifestou como salvador do homem doente.
Terça
5 de dezembro de 2017
Lc 10, 21-24 “Tudo me foi entregue pelo meu Pai.”
O texto de hoje nos apresenta o retorno da missão dos setenta e dois discípulos. Eles voltam dessa missão conscientes de terem libertado os homens do mal moral e físico, graças ao uso que eles fizeram do poder de Jesus. A igreja tem a missão de dizer abertamente que a sua vida está em suas próprias mãos e não na fatalidade. Não basta denunciar as alienações, é preciso curar suas feridas, lutar contra as doenças mentais, a velhice, o isolamento, recusar as pressões que conduzem os homens ao vício e a injustiça. Jesus, por meio de sua missão, revela-nos que a fé, a caridade, o cristianismo são, antes de qualquer coisa, a pura intervenção de Deus como primeiro ser que nos amou. Deus revelou-nos Cristo e garantiu-nos um grande privilegio quando nos deu a oportunidade de ver e ouvir Jesus, que ainda hoje vive na Igreja. Tudo isso é graça de Deus.
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Quarta
6 de dezembro de 2017
Mt 15, 29-37 “Tenho compaixão da multidão.”
Esse relato está praticamente calcado sobre o primeiro relato da multiplicação dos pães, narrado por Mateus. Ainda se fazem presentes as alusões ao Antigo Testamento, referência à Eucaristia e ao papel de mediador dos discípulos. No entanto, algumas variantes revelam que, o primeiro relato da multiplicação dos pães, refere-se a repartir o pão entre os judeus, enquanto que este, se trata de repartir o pão entre os pagãos. A multiplicação dos pães representa e preanuncia o banquete eucarístico, ao qual todos estão convidados: pobres, doentes, desamparados, humildes e todos aqueles que ajudam os necessitados. A ordem de Jesus de recolher os fragmentos lembra-nos o dever de cuidarmos das pequenas coisas, dos pormenores, com atenção as pequenas coisas, as únicas, afinal, que podemos oferecer aos necessitados.
Quinta
7 de dezembro de 2017
Mt 7,21.24-27 “Quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática, é como um homem prudente”
As palavras do texto do Evangelho de hoje marcam o fim do Sermão da Montanha. Por meio delas, Jesus nos exorta à prática de seus ensinamentos. Não é suficiente aceitá-los e concordar com eles, é preciso praticá-los. Essa é a atitude de muitos cristãos que, em tempos de crise, levam suas vidas ao desastre, porque são apenas ouvintes e não seguidores do Senhor. Pelo contrário, os que seguem a Jesus, que não são apenas ouvintes, mas que são firmemente centrados em sua Pessoa, sempre tem coragem para superar qualquer problema da vida, sem com isto gerar sua ruína e sem comprometer seu destino final. A parábola das duas casas é um excelente testemunho das preocupações catequéticas do evangelista Mateus. Ele conserva, especialmente das parábolas de Jesus, tudo o que se aplica à vida, ao dia a dia. Mateus reage contra o formalismo legalista de certos meios pagãos: não há religião cristã sem engajamento.
Sexta
8 de dezembro de 2017
Lc 1, 26-38 “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”
O diálogo do anjo Gabriel com a Virgem Maria articula-se em três momentos: a saudação e a mensagem; o anúncio da maternidade messiânica; e a revelação da divina maternidade no anúncio. Maria conceberá por obra do Espírito Santo, fonte de vida, que vai descer sobre Maria, e o poder de Deus Altíssimo vai cobri-la com a sua sombra. O “sim” de Maria foi dado em total fé e submissão ao plano de Deus. É um verdadeiro exemplo de atitude que todo ser humano deve ter diante de Deus. Por meio de Maria Imaculada, sabemos que a fidelidade é possível. Maria manifesta que a fidelidade ao desígnio de Deus não é um mito paradisíaco. A pureza da Imaculada nada mais é do que a transparência à vontade de Deus.
Sábado
9 de dezembro de 2017
REPETIÇÃO
A oração de cada sábado consiste no exercício chamado de repetição. Trata-se de profundar aquilo que rezei durante a semana. Santo Inácio diz: Não é o muito saber que satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coisas internamente [EE 2]. Por isso não é apresentada uma nova matéria de oração para este dia. Faço, pois, a oração, a partir do texto ou moção que mais me consolou ou que mais me desolou na semana que passou.
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SEGUNDA SEMANA
Domingo 10 de dezembro de 2017
2º Domingo do Advento Mc 1, 1-8 “Esta é a voz daquele que grita no deserto.”
É interessante observar que a narrativa começa definindo quem é Jesus: o Filho de Deus. Esta é a tese do evangelista Marcos, quando escreve o seu Evangelho. No transcorrer da narrativa, esta tese aparece em três lugares estratégicos: no início é o autor quem faz esta proclamação; no meio da narrativa do Evangelho é Pedro quem a faz; no final do Evangelho é o centurião. Jesus é o Evangelho por excelência, a Boa-Nova, é a maior riqueza enviada pelo Pai. Jesus é o Filho de Deus. Ele vai se revelando e, nós o vamos descobrindo, pela fé, acompanhando seus passos, sua vida e sua doutrina. A narrativa de hoje também procura explicar o papel de João Batista, no início da missão de Jesus. Ele é um personagem muito importante. A sua mensagem centraliza-se na urgência da conversão, que era expressa através do Batismo. João Batista proclama que a salvação é universal, isto é, a todos, oferecida sem exceção. A mensagem central de João Batista é, ainda hoje, tão necessária quanto antigamente. Os primeiros cristãos identificaram João Batista como o mensageiro anunciado pelo profeta Isaías e como Elias, que segundo a tradição judaica, anunciava a chegada do Messias. De acordo com essa interpretação, Jesus aparece como o Messias, e João Batista corno o precursor. A narrativa do Evangelho insiste na diferença entre o batismo de João Batista e o de Jesus: o de João era simplesmente um rito que expressava a conversão; o de Jesus era selado pelo Espírito Santo e o fogo, duas imagens que os primeiros cristãos utilizaram para descobrir a sua incorporação ativa a missão da Igreja. O batismo de João Batista era uma preparação para o batismo cristão, que tem um caráter definitivo, expresso em imagens apocalípticas. Para refletir: Aplainai os caminhos do Senhor. Para atualizar estas palavras temos de recomeçar a cada dia. O que pode nos sustentar na caminhada é a oração. Reservo tempo adequado para rezar?
Segunda
11 de dezembro de 2017
Lc 5, 17-26 “Hoje vimos coisas maravilhosas!”
Alguns homens carregaram um paralítico sobre uma maca e o levaram até Jesus. Estes homens são santos, solidários com seu irmão paralítico. São homens de fé que acreditam no poder de Jesus. Sua atitude enche a terra de esperança. Ainda existe quem carregue um paralítico com sua maca. Esta é a primeira coisa maravilhosa que todos viram, admirados, e seria suficiente, se Jesus não tivesse perdoado os pecados do paralítico. Isto teria bastado para encher o dia de alegria, mas não bastou para Jesus, que decidiu curar a paralisia daquele homem. A paralisia poderia ser consequência de algum pecado pessoal, como poderia ser consequência de algum mal social que se abateu sobre o homem. Ao separar o pecado da paralisia, Jesus mostrou que um não é necessariamente causa do outro.
Terça
12 de dezembro de 2017
Lc 1, 39-47 “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!”
O encontro das duas mães, em realidade, o encontro dos dois filhos. João Batista inaugura a sua missão, anunciando pela boca de sua mãe, o senhorio de Jesus, manifestação de seu mesmo messianismo e de sua profunda relação com Deus. A resposta de Maria à saudação de Isabel, que tradicionalmente designamos com o nome latino de “Magnificat”, é um Salmo de ação de graças, composto por citações e alusões ao Antigo Testamento, de forma especial, ao cântico de Ana, a mãe de Samuel (1Sm 2,1-10). Lucas nos mostra, neste canto, um tema de sua predileção: Deus tem piedade dos pobres. Em realidade, não há aqui somente um louvor aos pobres, dos quais Maria é a representante. Os que contam aos olhos de Deus, são os que passam despercebidos pelos poderes deste mundo.
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Quarta
13 de dezembro de 2017
Mt 11, 28-30 “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos.”
Mateus reuniu aqui três sentenças de Jesus, que provavelmente tiveram a sua origem independente. A palavra de Jesus é muito semelhante ao convite a se tornarem discípulos da sabedoria, que lemos nos livros sapienciais: “Vinde a mim”; “Tomai meu jugo”; “Encontrareis descanso”. Esse jugo transformou-se num pesado fardo para o povo. Por isso, Jesus convida os simples para se tornarem seus discípulos, seguindo os seus passos em obediência filial à vontade do Pai. Jesus convida a aceitar seu jugo, essa é uma imagem das exigências que derivam de sua mensagem. O seu jugo é suave, não como o da lei proposta pelos magistrados (escribas e fariseus), e sua carga é leve. Jesus convida todos a se aproximarem dele diretamente, e não através da lei.
Quinta
14 de dezembro de 2017
Mt 11, 11-15 “Quem tem ouvidos, ouça.”
Jesus faz aqui um elogio a João Batista. Mateus tenta explicar essa grandeza e humildade do Batista: ele é grande porque aponta a realização das profecias do Antigo Testamento e da Lei; pequeno, por ser apenas um precursor, um novo Elias, que pertence ainda a ordem da profecia e não da realização, isto é, não pertence ao reino de Deus, mas ao tempo da preparação do Antigo Testamento (“os Profetas o a Lei”). Ele é o novo Elias que, do antigo, possui o espírito e o poder, e deve preparar a vinda do Senhor. Agora que o Messias veio, começou o novo tempo, no qual o recinto sagrado já está reservado aos profissionais da piedade. A missão de João Batista é proclamar o término do tempo de esperar e o início de uma “nova história”, feita por homens e mulheres “novos”, renovados no Espírito.
Sexta
15 de dezembro de 2017
Mt 11, 16-19 “A sabedoria foi reconhecida com base em suas obras.”
A sabedoria se reconhece em suas obras. Muitas são as palavras e muitos os julgamentos. Dizem estes uma coisa, e aqueles dirão o contrário. Divergimos entre nós. Temos poucas certezas, muitas opiniões e muitas interpretações. Necessitamos, por isso, da sabedoria. Dizem os filósofos que a sabedoria é o perfeito conhecimento de todas as coisas. Mas é preciso acrescentar que ela consiste em conhecer todas as coisas, em vista de uma boa conduta na vida, para a obtenção da felicidade, na medida do possível. Ela é humana e se adquire por experiência, e é divina, um dom especial do Espírito Santo. “Rezei, e a inteligência me foi dada, invoquei, e o espírito de Sabedoria veio a mim”, diz o Livro da Sabedoria. Neste tempo do Advento, a sabedoria é o próprio Filho de Deus, que vem até nós. Concede-nos saborear algo do próprio Deus e, com o gosto das coisas do alto, decidir espontaneamente pelo que é melhor. São muitas as opiniões e não há tempo para errar. Animados e iluminados pelo Espírito do Senhor Jesus, queremos acertar o caminho para chegarmos ao fim que nos propusemos.
Sábado
16 de dezembro de 2017
REPETIÇÃO
A oração de cada sábado consiste no exercício chamado de repetição. Trata-se de aprofundar aquilo que rezei durante a semana. Santo Inácio diz: Não é o muito saber que satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coisas internamente [EE 2]. Por isso não é apresentada uma nova matéria de oração para este dia. Faço, pois, a oração, a partir do texto ou moção que mais me consolou ou que mais me desolou na semana que passou.
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TERCEIRA SEMANA
Domingo 17 de dezembro de 2017
3º Domingo do Advento Jo 1, 6-8.19-28 “Eu sou a voz que grita no deserto.”
Os dois blocos da narrativa do Evangelho de hoje giram em torno do tema do “testemunho”, esta é a grande característica de João Batista, narrada pelo evangelista João: o testemunho é fundamental. É o modo de fazer com que Cristo apareça, torne-se visível no mundo. Esse testemunho é de um homem historicamente situado e vem anunciar Jesus a todos. O comportamento de Jesus não responde em tudo ao ideal messiânico de João, centralizado na dimensão penitencial da conversão. Por isso, ao ouvir falar das obras realizadas por Jesus, envia, a partir do cárcere, os seus discípulos, para perguntarem diretamente a Jesus, se é ou não o Messias. Em sua resposta, Jesus faz referência aos sinais que realizou. Esses sinais, contemplados à luz dos oráculos proféticos, revelam, melhor do que quaisquer outros, a resposta de que ele é o Messias, aquele que havia de vir, e colocam em realce, também, que a sua mensagem é uma boa notícia, uma grande alegria. A fé cristã é a alegria que perpassa toda a vida. Essa alegria não está nos caprichos de nossos estados de espírito, ou nos sucessos de nossas vidas. A grande e verdadeira alegria é conhecer a Jesus e fazer com que outros o conheçam. Essa é a única e verdadeira alegria. João Batista, para quem a conversão consistia em voltar a viver o amor a Deus no próximo, pelo abandono do pecado, testemunha que ninguém, em qualquer condição humana, pode viver sem o amor de Jesus. Dar testemunho da luz consistia em despertar o desejo e a esperança da vida – luz, anunciar a possibilidade de uma vida plenamente humana, como alternativa ao regime das trevas.
Segunda
18 de dezembro de 2017
Mt 1, 18-24 “Deus está conosco.”
Como Maria, na Anunciação, aceitou a mensagem de Deus, também José aceita, com fé, o sinal. Diante da descoberta da gravidez de Maria, José, qualificado como homem justo, tem diante de si duas alternativas que lhe passam pela cabeça. Uma, pensa em afastar-se de Maria, fugir, não querer assumir a criança da qual ignora o pai, e a outra, expor Maria às formalidades da Lei, mas não faz isso, por estar convencido da virtude de Maria. Jesus não é apenas um filho da história humana. Ele é o Filho de Deus. Sua mãe é humana. Seu pai é divino. Ele vai nos ensinar o Projeto de Deus para que sejamos todos livres e vivos, a fim de nos tornarmos o que Deus deseja. O nome “Jesus” significa “Deus salva”.
Terça
19 de dezembro de 2017
Lc 1, 5-25 “Não tenhas medo.”
Zacarias aparece como um homem justo e com características similares aos da história de Abraão e Sara. Vai receber no templo, que representa o coração do judaísmo, o anúncio do nascimento de seu filho. Descreve-se a missão de João Batista, que vem preparar o caminho do Senhor Jesus. São dois os aspectos que o texto destaca em João Batista. O primeiro é o de haver recebido a plenitude do Espírito. O segundo aspecto que se afirma sobre João, é o de encarnar o profeta Elias, que a tradição de Israel esperava, no final dos tempos, como precursor do Messias. A conjugação destes dois elementos nos indica que estamos entrando no tempo da salvação definitiva da humanidade. A boa notícia se aproxima dos homens por meio de João Batista, que preparará o povo de Israel para a vinda de seu Senhor.
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Quarta
20 de dezembro de 2017
Lc 1, 26-38 “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!”
O “sim” de Maria não representa apenas um ato de submissão à vontade de Deus (por meio do anjo), mas um consentimento ativo e responsável. O diálogo do anjo Gabriel com a Virgem Maria se articula em três momentos: a saudação e a mensagem, o anúncio da maternidade messiânica, e a revelação da divina maternidade no anúncio. Maria coloca uma dificuldade. Como acontecerá isso? Ela conceberá por obra do Espírito Santo, fonte de vida, que vai descer sobre Maria, e o poder de Deus Altíssimo vai cobri-la com a sua sombra. O Evangelho de hoje procura explicar como Jesus, nascido de maneira misteriosa de Maria, é Filho de Deus, o Messias. Tudo isto mostra que Deus quer salvar os homens por meio dos homens. Como Maria, na Anunciação, aceitou a mensagem de Deus. Jesus não é apenas um filho da história humana. Ele é o Filho de Deus. Sua mãe é humana. Seu pai é divino, e José exerce o papel de pai adotivo. Ele vai nos ensinar o Projeto de Deus, para que sejamos todos livres e vivos, a fim de nos tornarmos o que Deus deseja. O nome “Jesus” significa “Deus salva”. Maria é aquela que contribuiu de maneira decisiva para a libertação do povo de Deus. Ela interfere positivamente na nova criação em Cristo, mediante o Espírito Santo.
Quinta
21 de dezembro de 2017
Lc 1, 39-45 “Bem-aventurada aquela que acreditou.”
Nestes dias de Advento, vivemos a alegria da casa de Isabel e Zacarias, pulamos com o Batista, cantamos com Maria, contemplamos tudo em silêncio com José. É um momento em que não precisamos fazer propósitos nem tirar conclusões práticas. Não precisamos fazer nada. Basta entrar no ócio da contemplação e participar da alegria, da presença de Jesus em Maria. Podemos rezar os mistérios gozosos do terço e repetir com o Anjo: “Ave, cheia de graça”. E com Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”. Maria, grávida de seu Filho Jesus, foi às pressas até Ein Karem, nas montanhas de Judá, ao lado de Jerusalém, para estar com sua prima Isabel. Há uma grande alegria nesta visita.
Sexta
22 de dezembro de 2017
Lc 1, 46-56 “O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.”
A narrativa do Evangelho de hoje nos apresenta um cântico, o Magnificat. É chamado também de cântico de Maria. O seu conteúdo possui diversos matizes, é uma das grandes manifestações de Deus, agindo no meio do povo, e, também, uma resposta do homem ao amor de Deus. O Magnificat é uma sucessão de realidades das Palavras, vividas por Maria, que transbordam espontaneamente de sua intimidade. Maria alimentava-se das Escrituras, daí sua fala estar revestida da Palavra de Deus. Cada trecho desse cântico é um eco de alguma passagem da bíblia no Antigo Testamento. Portanto, vemos aí Maria tão unida à Palavra de Deus que disso resulta seu eco sonoro. Não devemos nos admirar, portanto, pelo fato de Deus, na Anunciação, lhe responder por intermédio do anjo, do mesmo modo.
Sábado
23 de dezembro de 2017
REPETIÇÃO
A oração de cada sábado consiste no exercício chamado de repetição. Trata-se de aprofundar aquilo que rezei durante a semana. Santo Inácio diz: Não é o muito saber que satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coisas internamente [EE 2]. Por isso não é apresentada uma nova matéria de oração para este dia. Faço, pois, a oração, a partir do texto ou moção que mais me consolou ou que mais me desolou na semana que passou.
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QUARTA SEMANA
Domingo 24 de dezembro de 2017
4º Domingo do Advento Lc 1, 26-38 “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus.”
O “sim” de Maria não representa apenas um ato de submissão à vontade de Deus (por meio do anjo), mas um consentimento ativo e responsável. O diálogo do anjo Gabriel com a Virgem Maria se articula em três momentos: a saudação e a mensagem, o anúncio da maternidade messiânica, e a revelação da divina maternidade no anúncio. Maria coloca uma dificuldade. Como acontecerá isso? Ela conceberá por obra do Espírito Santo, fonte de vida, que vai descer sobre Maria, e o poder de Deus Altíssimo vai cobri-la com a sua sombra. O Evangelho de hoje procura explicar como Jesus, nascido de maneira misteriosa de Maria, é Filho de Deus, o Messias. Tudo isto mostra que Deus quer salvar os homens por meio dos homens. Como Maria, na Anunciação, aceitou a mensagem de Deus. Jesus não é apenas um filho da história humana. Ele é o Filho de Deus. Sua mãe é humana. Seu pai é divino, e José exerce o papel de pai adotivo. Ele vai nos ensinar o Projeto de Deus, para que sejamos todos livres e vivos, a fim de nos tornarmos o que Deus deseja. O nome “Jesus” significa “Deus salva”. Maria é aquela que contribuiu de maneira decisiva para a libertação do povo de Deus. Ela interfere positivamente na nova criação em Cristo, mediante o Espírito Santo.
Segunda
25 de dezembro de 2017
Solenidade do Natal Jo 1, 1-18 “E a Palavra se fez carne e habitou entre nós.”
A mensagem cristã não é uma ideologia, mas sim um acontecimento: Jesus Cristo. Esse acontecimento tem duas dimensões: o fato concreto bem humilde, concentrado no sinal do recém-nascido envolto em panos, e o alcance cósmico desse fato, simbolizado pelo canto dos anjos: Glória a Deus nas alturas e paz aos homens na terra. Celebrar o Natal é comprometer-se com essa glória, que envolve as condições mais sublimes ou mais humildes da existência e da atividade dos homens, e também com essa paz, que é o gozo da fraternidade e o fruto da justiça nas relações entre os homens.
Terça
26 de dezembro de 2017
Mt 10, 17-22 “Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.”
As palavras de Jesus neste texto de hoje são proféticas. Ele nos anuncia aquilo pelo qual os cristãos de alguns lugares estão passando hoje: incompreensão, contradição e perseguição. O destino do discípulo de Jesus é o mesmo do Mestre. Jesus foi rejeitado pelos grupos dos fariseus, como inimigo da ordem querida por Deus. O mesmo acontecerá com os discípulos. Um discípulo de Jesus tem como tarefa testemunhar o Mestre, na pobreza, na simplicidade, na humildade, com toda a coragem e clareza, em todas as circunstâncias. A força do discípulo está no Espírito que o inspira e o fortalece até o fim. Com Cristo, todo cristão é um sinal de contradição.
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Quarta
27 de dezembro de 2017
Jo 20,2-28 “Ele viu, e acreditou.”
Quem foi São João? Filho de Zebedeu, irmão de Tiago, o Maior, discípulo de João Batista. Foi um dos primeiros a passar para o seguimento de Jesus. É o discípulo predileto, que, na Última Ceia, reclinou a cabeça no peito de Jesus. Testemunha da transfiguração e da agonia de Jesus, esteve presente ao pé da cruz, onde Jesus lhe confiou a Mãe. Junto com Pedro, viu o sepulcro vazio e acreditou na ressurreição do Senhor. Foi evangelista, escreveu o quarto Evangelho, no qual penetra profundamente no mistério do Verbo feito homem, cheio de graça e de verdade. Exilado na ilha de Patmos, foi arrebatado em êxtase no dia do Senhor, quando teve as visões que descreveu no Apocalipse, último livro do Novo Testamento (cf. Missal Romano).
Quinta
28 de dezembro de 2017
Mt 2, 13-18 “Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos.”
Todo o relato se desenvolve num duplo clima: de um lado a perseguição da qual Jesus é objeto; e do outro, a constante presença de Deus, que vale-se de seu mensageiro e dos sonhos, para avisar a José que Ele continua sendo o protagonista dessa história. Alguns detalhes deste texto relembram o início da vida de Moisés: a matança das crianças inocentes, a fuga do jovem Moisés, porque o faraó queria eliminá- lo, e o seu regresso para o Egito quando já morreram aqueles que queriam matá-lo. Por meio de todas essas referências, Jesus aparece como um novo Moisés, que ensinará uma nova lei a um novo povo de Deus. Os inocentes nos dão testemunho de Jesus Cristo, não com palavras, mas com o seu próprio
Sexta
29 de dezembro de 2017
Lc 2, 22-35 “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel.”
No templo de Jerusalém, o velho Simeão pôde cantar seu cântico de despedida, porque seus olhos viram a salvação que Deus preparou para todas as nações, a luz que brilhará para os pagãos e para a glória de Israel. Agora ele pode partir em paz, como Deus lhe tinha prometido. Ele vê o menino, vê seus pais, vê uma espada que traspassa a alma de Maria, sua mãe. Vê no menino um sinal de contradição para muitos em Israel, cujos pensamentos serão revelados, caindo uns, reerguendo-se outros.
Sábado
30 de dezembro de 2017
REPETIÇÃO
A oração de cada sábado consiste no exercício chamado de repetição. Trata-se de aprofundar aquilo que rezei durante a semana. Santo Inácio diz: Não é o muito saber que satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coisas internamente [EE 2]. Por isso não é apresentada uma nova matéria de oração para este dia. Faço, pois, a oração, a partir do texto ou moção que mais me consolou ou que mais me desolou na semana que passou.
*Material adaptado do Retiro de Advento 2017 - https://goo.gl/LjKZuB elaborado e organizado por Pe. Luiz Renato, SJ. Ilustrações: Cláudio Pastro - Adaptação: Osvaldo Meca - Revisão: Thaís Augusto - Projeto Gráfico: Rodrigo TZK-D