O esperanto num relance sylla chaves

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O ESPERANTO NUM RELANCE Notas Gramaticais

 Esperanto en Ekrigardo gramatikaj notoj

 Sylla Chaves 1998

 Edição Eletrônica disponibilizada com a permissão de Sylla Chaves no “site” da

Kultura Kooperativo de Esperantistoj www.kke.org.br Versão Eletrônica: 1.0 Rio de Janeiro - Outubro de 2004.

Esperanto num Relance – Sylla Chaves


SUMÁRIO APRESENTAÇÃO........................................................................................................................ 1 1. PRONÚNCIA E TERMINAÇÕES O esperanto.............................................................................................................................. 2 Alfabeto e pronúncia................................................................................................................. 2 Terminações gramaticais......................................................................................................... 2 Kio estas Esperanto?............................................................................................................... 2 Pronúncia: regras e advertências............................................................................................. 3 Terminações O, A, E, I e AS.................................................................................................... 4 A semivogal “J” e os plurais...................................................................................................... 5 2. ALFABETO E NUMERAÇÃO O alfabeto................................................................................................................................. 6 Considerações adicionais......................................................................................................... 6 Literoj kun ĉapelo / Literoj sen ĉapelo...................................................................................... 8 Sufixos “AĴO” e “ECO”............................................................................................................. 9 Pronomes oblíquos e saudações............................................................................................. 9 Numeração............................................................................................................................... 9 3. TEMPO E OBJETO DIRETO O tempo: ontem, hoje e amanhã............................................................................................ 11 Sezonoj kaj monatoj............................................................................................................... 11 Tagoj de la semajno............................................................................................................... 11 Partoj de la tago..................................................................................................................... 11 Terminação “N” e objeto direto............................................................................................... 12 4. PRONOMES, ACUSATIVOS E AFIXOS Afixos: “INO”, “ULO” e “GE”.................................................................................................... 13 Sufixos: “ANTO” e “ISTO”....................................................................................................... 13 “IGI” e “IĜI”............................................................................................................................. 13 Pronomes oblíquos e reflexivos ............................................................................................. 14 Objeto direto, acusativo e declinação..................................................................................... 14 5. PARTICÍPIO E AFIXOS Verbo MANĜI (comer)............................................................................................................ 15 Particípios: ativo e passivo..................................................................................................... 16 Presente, passado e futuro.................................................................................................... 16 Terminações O, A e E............................................................................................................ 16 Esperanto num Relance – Sylla Chaves


Comparação com o português............................................................................................... 16 Afixos: “EGO” e “ETO”............................................................................................................ 17 “INO”, “IDO”, “AĴO”, “ARO” e “VIR”........................................................................................ 17 “ARO” e “ERO”....................................................................................................................... 17 “MAL”, “RE”, “EK” e “BO”........................................................................................................ 17 6. CONJUGAÇÃO, DIREÇÃO E AFIXOS As terminações verbais.......................................................................................................... 18 Acusativo de direção.............................................................................................................. 18 “EJO”, “UJO”, “IO” e “ANO”.................................................................................................... 18 Comparação: “ADO” e “AĴO”................................................................................................. 19 Quadro geral de prefixos e sufixos......................................................................................... 19 7. “KIA”, CORES E AFIXOS Cores simples (simplaj koloroj)............................................................................................... 20 “EBLA”, “INDA” e “EMA”......................................................................................................... 20 “ILO”, “ISMO”, “ESTRO” e “AĈO”........................................................................................... 20 “ĈEF”, “PRA” e “DIS”.............................................................................................................. 21 8. CORRELATIVOS E PREPOSIÇÕES Correlativos............................................................................................................................ 22 Preposições............................................................................................................................ 23 9. SUFIXOS, HOMÔNIMOS, POLISSEMIA E CORRELATIVOS “ONO”, “OBLO” e “OPE”......................................................................................................... 25 “UMO”..................................................................................................................................... 25 Homônimos e polissemia....................................................................................................... 26 Correlativos (quadro resumo)................................................................................................. 26 10. DERIVAÇÃO Considerações gerais............................................................................................................. 28 Preposições e advérbios como prefixos................................................................................. 29 Uso independente de afixos................................................................................................... 29 Derivados de palavras invariáveis.......................................................................................... 30 Palavras compostas............................................................................................................... 30

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APRESENTAÇÃO Este livro contém a parte gramatical do RAPIDA KURSO (Curso Rápido), que temos realizado em quatro períodos de uma hora de duração. Suas explicações são, porém, mais extensas que as fornecidas em sala de aula. E os exemplos são também mais numerosos. Queremos, assim, facilitar o acesso do aluno à já valiosa literatura que nos chega de todo o mundo em esperanto. Alunos de outros cursos e autodidatas talvez também lucrem com este livro. Principalmente se, por falta de tempo ou exigência metodológica, ainda não tiverem acesso a toda a riqueza fornecida pelos afixos e pelas regras de formação de palavras em esperanto. Sylla Chaves novembro de 1998. Ãqueles que pretendem utilizar estas notas gramaticais para seu aprendizado sugerimos recorrerem também ao seguinte material adicional produzido pelo autor e, também, colocado neste “site”: 1. Artigos ESPERANTO E ESPERANTISMO e O ESPERANTO E EU. 2. Leitura fácil: LA JUNA VERKISTO, acompanhada de sua tradução O JOVEM ESCRITOR. 3. Canções fáceis para exercitar a compreensão oral: LITEROJ KUN ĈAPELO, BONAN TAGON, LERNU ESPERANTON, FLORO KAJ PAPILIO, FAMILIO ESTAS ĈIO, ESTU PACO, TRI VIRINOJ, KANTO DE L' KAMPARANO, KANTO DE L' MARISTO, KANTO DE L' ADIAŬO etc. Brevemente, o autor colocará, também, neste “site” seu curso básico KANTU KAJ LERNU, um pequeno dicionário para principiantes e as GOTAS DE ESPERANTO, que produziu para a televisão e já foram transformadas em fitas de vídeo e DVD. Agradeço a colaboração dos meus amigos Carlos Alberto e Maira Nobre na adaptação da primeira parte do meu livro Esperanto num Relance para inclusão no “site” da Cooperativa Cultural dos Esperantistas. Espero, porém, que os seus utilizadores não se satisfaçam com estas noções introdutórias. Elas descrevem, sinteticamente, a perfeição com que Zamenhof elaborou esta línguaponte para a aproximação da humanidade. Os detalhes aqui omitidos podem ser encontrados na bibliografia que sugerimos. Eles mostram que a genialidade com que o Esperanto foi criado é bem maior que a descrita aqui. Sylla Chaves outubro de 2004.

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1 – PRONÚNCIA E TERMINAÇÕES O ESPERANTO. É a língua internacional criada pelo Dr. Lázaro Luís Zamenhof, da Polônia, em 1887. O seu fim não é a eliminação dos idiomas nacionais, mas sim a sua utilização como segunda língua de cada indivíduo. Baseia-se nas línguas culturais modernas, aproveitando de cada uma o que tem de melhor. E é bastante fácil.

ALFABETO E PRONÚNCIA A (á) B (bô) C (tsô) Ĉ (tchô) D (dô) E (ê) F (fô)

G (gô) Ĝ (djô) H (hô) Ĥ (khô) I (i) J (iô) Ĵ (jô)

K (cô) L (lô) M (mô) N (nô) O (ô) P (pô) R (rô)

S (sô) Ŝ (xô) T (tô) U (u) Ŭ (uô) V (vô) Z (zô)

O esperanto é um idioma fonético, isto é, todas as palavras pronunciam-se como são escritas e escrevem-se como são pronunciadas. As 28 letras do alfabeto correspondem, por conseguinte, a 28 sons: 5 vogais, 2 semivogais e 21 consoantes.

TERMINAÇÕES GRAMATICAIS: O (substantivo)....... AMIKO (amigo) A (adjetivo)............. BONA (bom) E (advérbio)............ BONE (bem) I (infinitivo).............. AMI (amar) U (imperativo)......... AMU (ame) J (plural)................. AMIKOJ (amigos)

AS (presente)......... MI AMAS (eu amo) IS (passado)........... MI AMIS (eu amei) OS (futuro)............. MI AMOS (eu amarei) US (condicional)..... MI AMUS (eu amaria) N (acusativo = objeto direto): ŜI AMAS MIN (ela me ama)

São apenas essas onze e são sempre regulares.

KIO ESTAS ESPERANTO?

QUE É O ESPERANTO?

Esperanto estas la solvo por la grava problemo de la tutmonda komunikado. Tiu lingvo estas tre bela, tre klara, simila al la Itala, en kiu oni kantas kun granda plezuro. Sed Esperanto estas multe pli simpla, multe pli regula. Krome, Esperanto apartenas al neniu popolo. Sekve, oni povas diri, ke nia mirinda lingvo apartenas egale al la tuta mondo. Mi tutkore dankas vin, doktoro Zamenhof.

O ESPERANTO é a solução para o grave problema da comunicação mundial. Essa língua é muito bela, muito clara, semelhante à italiana, na qual a gente canta com grande prazer. Mas o esperanto é muito mais simples, muito mais regular. Além disso, o esperanto não pertence a nenhum povo. Por conseguinte, pode-se dizer que a nossa língua admirável pertence, de modo igual, ao mundo todo. Agradeço-lhe de todo coração, Doutor Zamenhof.

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PRONÚNCIA: REGRAS E ADVERTÊNCIAS. O texto acima contém apenas 19 das 28 letras do alfabeto do esperanto: as vogais A, E, I, O, U e as consoantes B, D, F, G, K, L, M, N, P, R, S, T, V e Z (leia-se; bô, dô, fô, gô, kô, lô, mô, nô, pô, rô, sô, tô, vô, zô). Essas letras soam como em português, desde que prestemos atenção às seguintes regras e advertências: Todas as palavras de mais de uma sílaba têm acento tônico na penúltima. Assim, temos: diga ITALA (italiano).............i-tá-la. LIBERA (livre).............. li-bê-ra. LITERO (letra).............. li-tê-ro. NUMERO (número)...... nu-mê-ro.

diga POPOLO (povo)........... po-pô-lo. RAPIDA (rápido)...........ra-pí-da. REGULO (regra)...........re-gú-lo. SIMILA (semelhante)....si-mí-la.

 A cada vogal corresponde exatamente uma sílaba. Duas vogais juntas não formam ditongo. Temos, pois: diga KIU (quem)............... kí-u (duas sílabas).........e não kíu (só uma) TIU (esse).................tí-u (duas sílabas)......... e não tíu (só uma) NENIU (ninguém)..... ne-ní-u (três sílabas).....e não ne-níu (duas). Da mesma forma, não se pode acrescentar, na pronúncia, uma vogal não escrita, como quem pronuncia: “adevogado” e “abissoluto”. Leia assim: diga DOKTORO (doutor) em 3 sílabas (e não 4)................................ dok-tô-ro LINGVO (língua) em 2 sílabas (e não 3)..................................... lín-gvo TUTKORE (de todo coração) em 3 sílabas (e não 4).................. tut-kô-re TUTMONDA (de todo o mundo) em 3 sílabas (e não 4)............. tut-môn-da  As vogais em esperanto soam sempre Á, Ê, I, Ô, U. Assim, temos: GRANDA (grande) e MI KANTAS (eu canto).............................. AA abertos BELE (belamente) e SEKVE (por conseguinte).......................... EE fechados KORO (coração) e DOLORO (dor).............................................. OO fechados e ESPERANTO (esperanto). Leia assim..................................... ês-pê-RÁN-tô Atenção especial deve ser dada às vogais finais O e E. Pronunciá-las como U e I pode causar grande confusão, como se pode observar nos pares seguintes: KIO (o que)........................................ e.............. KIU (quem) NENIO (nada).................................... e.............. NENIU (ninguém) SEKVE (por conseguinte)..................e.............. SEKVI (seguir) SIMILE (semelhantemente)............... e.............. SIMILI (parecer)

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4  Como as vogais, também as consoantes conservam sempre o mesmo som. Assim, G (cujo nome é go) é sempre o “guê” de galo e não o “gê” de gelo. Por isso, LEGI (ler) pronuncia-se “lêgui”. E devemos também prestar atenção ao T e ao D seguidos de I: DIRI (dizer), KANTI (cantar) e TIU (esse), que não têm o chiado carioca.

TERMINAÇÕES O, A, E, I e AS. O esperanto tem onze terminações absolutamente regulares. Cinco delas apareceram diversas vezes no texto acima: O, A, E, I e AS. O: é a terminação de todos os substantivos comuns; temos no texto, por exemplo: SOLVO (solução), PROBLEMO (problema), LINGVO (língua), PLEZURO (prazer), POPOLO (povo), MONDO (mundo). A: é a terminação dos adjetivos, invariável em gênero: BELA (belo, bela), KLARA (claro, clara), GRAVA (grave, importante), SIMILA (semelhante), GRANDA (grande), RAPIDA (rápido, rápida), SIMPLA (simples). O adjetivo geralmente precede o substantivo. Vejamos alguns exemplos, precedidos do artigo definido LA (o, a, os, as), que é invariável: LA ITALA LINGVO ...................a língua italiana LA RAPIDA KURSO................. o curso rápido LA TUTA MONDO.................... o mundo todo LA MONDA PROBLEMO..........o problema mundial E: é a terminação de todos os advérbios derivados, temos assim: de RAPIDA (rápido),...... RAPIDE (rapidamente, depressa) de EGALA (igual),.......... EGALE (igualmente) de KORO (coração),...... KORE ou TUTKORE (cordialmente) de SEKVI (seguir),......... SEKVE (por conseguinte) I: é como vimos acima, a terminação de todos os verbos no infinitivo. Só há uma conjugação, e todos os verbos são regulares: SIMILI (parecer), SEKVI (seguir), DIRI (dizer), ESTI (ser, estar), APARTENI (pertencer), DANKI (agradecer), KANTI (cantar), POVI (poder); AS: é a terminação dos verbos no presente do indicativo, invariável em gênero, número e pessoa. Para conjugar é necessário usar pronome. Por exemplo, MI (eu), NI (nós), VI (tu, você, o senhor, a senhora, vocês etc.), ONI (a gente). Temos, assim: MI ESTAS (eu sou) NI ESTAS (nós somos) VI ESTAS (você é) VI ESTAS (vocês são) ONI ESTAS (a gente é)

MI DANKAS (eu agradeço) NI DANKAS (nós agradecemos) VI DANKAS (você agradece) VI DANKAS (vocês agradecem) ONI DANKAS (a gente agradece)

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5 O pronome VI, como em francês ou inglês, tanto pode referir-se ao plural quanto ao singular. A tradução “você” ou “vocês” dependerá do resto da frase, como veremos ao tratar dos plurais. Frases como ONI podem ser traduzidas com o pronome “a gente” ou com a partícula “se”. ONI KANTAS (a gente canta, canta-se), ONI POVAS DIRI (a gente pode dizer, pode-se dizer). MI TUTKORE DANKAS (agradeço de todo coração) NI MULTE LEGAS (lemos muito) VI RAPIDE LERNAS (você aprende depressa) ONI BELE KANTAS (canta-se lindamente) Podemos transformar uma palavra em outra, mudando sua categoria gramatical. Para isso, basta mudar sua terminação: KORO (coração); KORA (cordial); KORE (cordialmente). NUMERO (número) NUMERA (numérico) NUMERE (numericamente) NUMERI (numerar)

SIMILO (semelhança) SIMILA (semelhante) SIMILE (semelhantemente) SIMILI (parecer)

A SEMIVOGAL “J” E OS PLURAIS. A mais importante das letras diferentes das nossas no alfabeto do esperanto é a semivogal J (iô). Corresponde ao I breve dos nossos ditongos. É importantíssima por dois motivos. Primeiro, porque com ela se escreve uma das palavras mais freqüentes em esperanto: a conjunção KAJ (e). Segundo, porque com ela se formam os plurais de todos os substantivos e adjetivos: LA MONDA PROBLEMO (o problema mundial) LA MONDAJ PROBLEMOJ (os problemas mundiais) PROBLEMO MIA KAJ VIA (problema meu e teu) PROBLEMOJ MIAJ KAJ VIAJ (problemas meus e teus) NIA MIRINDA LINGVO (nossa língua admirável) NIAJ MIRINDAJ LINGVOJ (nossas línguas admiráveis) KLARA KAJ TRE SIMPLA (clara e muito simples) KLARAJ KAJ TRE SIMPLAJ (claras e muito simples) LA UNUAJ TRI NUMEROJ (os primeiros três números)

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2 – ALFABETO E NUMERAÇÃO O ALFABETO O alfabeto do esperanto tem 28 letras, que transcrevemos, seguidas do seu nome em esperanto (na pronúncia figurada em português): A (á) B (bô) C (tsô) Ĉ (tchô)

D (dô) E (ê) F (fô) G (gô)

Ĝ (djô) H (hô) Ĥ (khô) I (i)

J (iô) Ĵ (jô) K (cô) L (lô)

M (mô) N (nô) O (ô) P (pô)

R (rô) S (sô) Ŝ (chô) T (tô)

U (u) Ŭ (uô) V (vô) Z (zô)

CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS. Teceremos algumas considerações adicionais, com dois objetivos principais: 1º) Responder as perguntas mais freqüentes de nossos alunos de cursos rápidos; 2º) Evitar erros habituais de alunos brasileiros: 1. Sugerimos que nossos alunos pronunciem as vogais E e O sempre fechadas. Entretanto, pode-se, também utilizar uma pronúncia intermediária entre ê e é, bem como entre ô e ó. Pode-se observar a falta de uniformidade em nossas gravações. O que repisamos aqui é que é erro pronunciar essas vogais completamente abertas, ou (pior ainda) com som de I e U, ou variando de sílaba para sílaba, como em nosso idioma. Digamos, pois: POPOLO (povo): “pôpôlô”e não “pôpólu”, BELEGE (belissimamente): “bêlêguê” e não “bêlégui” 2. Em esperanto, cada consoante tem apenas um som, que é aquele indicado no seu nome, como podemos observar no quadro anterior. Prestemos atenção às letras C (tsô), S (sô), K (cô), G (gô), T (tô) e D (dô): C (tsô) – A pronúncia dessa letra em esperanto nada tem a ver com a do C em português. Em esperanto, CENTO (cento) deve pronunciar-se “tsênto”, PACO (paz) deve pronunciar-se “pátso”, e BELECO (beleza) deve pronunciar-se “belêtso”. O som do nosso C de “cavalo” e do nosso QU corresponde ao K (cô) do esperanto, e o som do nosso C de “cebola” e do nosso Ç corresponde ao S (sô) do esperanto, como se pode ver a seguir: S (sô) – Corresponde ao nosso S inicial e ao nosso SS. Temos, assim: SES (seis), que se lê “sês”, e SESA (sexto, sexta), que se lê “sêssa”. O som Z de nosso S intervocálico corresponde ao Z (zô) do esperanto. Assim, rosa é ROZO (rôzo), com Z. K (cô) – É a única letra em esperanto que representa os sons ca-que-qui-co-cu. Temos, assim: KORO (coração), KATO (gato), KURI (correr), KIO (o que), que se pronuncia “quío”, KE (conjunção integrante QUE), que se lê “quê”, DEK (dez, lê-se “dêc”) e OK (oito lê-se “ôc”), ambos só com uma sílaba. G (gô) – É, como já dissemos, sempre o G de “galo”. Temos, assim LEGI (ler), que se diz “lêgui”. E o som G de “gelo” é escrito sempre com Ĵ (jô), como veremos mais tarde. Esperanto num Relance – Sylla Chaves


7 T (tô) e D (dô) – Se prestamos atenção às sílabas ta-te-ti-to-tu e da-de-di-do-du de nossos cursos de alfabetização verificamos que nortistas as pronunciam de maneira uniforme, mas que os cariocas alteram as sílabas TI e DI, produzindo um chiado: “tchi” e “dji”. Esse chiado carioca é inadmissível em esperanto, pois torna impossível distinguir a palavras escritas com TI e DI e as escritas com ĈI e ĜI. Em esperanto só estas duas últimas sílabas devem ser pronunciadas “tchi” e “dji”. O chiado carioca criaria, por exemplo, a confusão entre as palavras: TIO (isso), diga “tío” e ĈIO (tudo), diga “tchío” DIA (divino), diga “día” e ĜIA (dele), diga “djía” 3. Os sons das letras H e Ĥ não existem em português. Usamos para elas as representações que vemos com maior freqüência em nossos jornais, que são usadas na língua inglesa: “h” e “kh”. H (hô) é ligeiramente aspirado como um sopro. Esse som está presente numa da primeiras palavras que se ouvem em inglês – a saudação: “hello!” (olá). Como os ingleses não têm o som fortemente aspirado, costumam representá-lo como KH. Está presente em muitos nomes próprios árabes que penetraram em nosso idioma, como Khuri, Khalil e muitos outros. Por não termos o som correspondente, nós o transformamos em K: Kuri, Kalil. Ĥ é também o som do J castelhano de “mujer” e do X de México (escrito também Méjico). Esse som fortemente aspirado é muito raro em esperanto, aparecendo, em nossas leituras iniciais, apenas na palavra ĤORO (coro) que não deve ser confundida com HORO (hora). 4. O esperanto não possui dígrafos (por exemplo, SS, RR, CH, LH e NH). Como já vimos, o S intervocálico lê-se sempre com o mesmo som de nosso S inicial, e não deve ser dobrado: SESA (sexto) lê-se “sêssa”. O R também deve ser pronunciado de maneira uniforme e não deve ser dobrado. Deve ser sempre dobrado, como o R sulino, de “CARRO” ou “CARO” (sempre igual, forte ou fraco), e não como R gutural carioca. (Esta última pronúncia não é recomendável, mas é usada por esperantistas iniciantes influenciados por sua língua natal). Quando esses grupos consonantais aparecem em esperanto, suas letras devem ser pronunciadas separadamente. Geralmente, pertencem a elementos vocabulares diversos, formando uma nova palavra. Assim: DISSENDI FORRAPIDI MALHELA ENHAVI PACHORO

= DIS + SENDI (enviar, distribuindo) = FOR + RAPIDI (ir embora rapidamente) = MAL + HELA (escuro = contrário de hela) = EN + HAVI (conter, ou seja, ter em si) = PACO + HORO = horo de paco (hora de paz)

Neste último exemplo, suprime-se o O final de PACO e pronuncia-se “páts-hô-ro”, com três sílabas. Em português, I e U são vogais (longas) em Jair e Saul, e são semivogais (breves) em Jairo e Saulo. Em esperanto, I e U são sempre vogais. Correspondem a J (iô) e Ŭ (uô), que sempre formam ditongo. Temos assim:

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8 Com I e U: KUIRI (cozinhar)..............................ku-í-ri PRAULO (ancestral)....................... pra-ú-lo IA (de algum tipo)............................ í-a IAM (em algum momento)...............í-am IE (em algum lugar).........................í-e Com J e Ŭ: ŜAJNI (parecer).............................. chái-ni FRAŬLO (solteiro, celibatário)........ fráu-lo JA (de fato)..................................... iá JAM (já)........................................... iám JE (preposição que estudaremos).. iê Mais algumas palavras com J e Ŭ: JARO (ano), MAJO (maio), JUNIO (junho), LITEROJ (letras), AŬ (ou), AŬDI (ouvir) e AŬGUSTO (agosto), pronunciadas, respectivamente iá-ro, mái-o, iu-ní-o, li-têroi, áu, áu-di e au-gús-to. Para quem sente dificuldade em memorizar as consoantes com circunflexo em esperanto, aproveitamos uma canção infantil, que pode ser decorada. Nela mostramos cinco “letras com chapéu” (LITEROJ KUN ĈAPELO) e cinco sem chapéu (LITEROJ SEN ĈAPELO). Elas se pronunciam como no exemplo abaixo: LITEROJ KUN ĈAPELO letra exemplo tradução pronúncia Ĉ (tchô).....................DOMAĈO................. casebre.....................DO-MÁ-TCHO Ĝ (djô)...................... AĜO......................... idade.........................Á-DJO Ĥ (khô)......................ĤORO.......................coro.......................... KHÔ-RO Ĵ (jô)......................... ĴAŬDO..................... quinta-feira............... JÁU-DO Ŝ (chô)...................... ŜIPO......................... navio......................... CHÍ-PO LITEROJ SEN ĈAPELO letra exemplo tradução pronúncia C (tsô).......................PACO....................... paz............................PÁT-SO G (gô)....................... LEGI......................... ler ............................ LÊ-GUI H (hô)....................... HORO.......................hora.......................... HÔ-RO J (iô)......................... JARO ...................... ano........................... IÁ-RO S (sô) ...................... LASI......................... deixar........................LÁS-SI Para exercício, podemos acrescentar mais exemplos: C (tsô).......... : cent (cem), leciono (lição) e certa (certa, certo). Ĉ (tchô)........ : ĉio (tudo), eĉ (até mesmo) e ĉu (partícula interrogativa). Ĝ (djô)..........: ĝi (ele, ela, animal ou coisa) e ĝentila (gentil). Ĵ (jô)............ : novaĵo (noviade), aĵo (coisa). Ŝ (chô)......... : ŝi (ela, pessoa), ŝajni (parecer). Esperanto num Relance – Sylla Chaves


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SUFIXOS “AĴO” E “ECO” Acrescentam à raiz idéias de coisa (concreta) ou qualidade (abstrata). Temos, assim: Palavra primitiva.............................. Palavra com sufixo SIMPLA (simples).............................. SIMPLECO (simplicidade) GRAVA (grave, importante)...............GRAVECO (gravidade, importância) REGULO (regra)................................ REGULECO (regularidade) LEGI (ler)........................................... LEGAĴO (texto de leitura) Dos adjetivos ALTA (alto, alta), BELA (belo, bela) e NOVA (nova, novo) podemos formar derivados tanto com AĴO quanto com ECO. As traduções, nos dois casos, podem ser: altura, beleza e novidade. É que, em português, essas palavras têm dois sentidos: altura............= ALTAĴO (lugar alto) altura............= ALTECO (qualidade do que é alto) beleza.......... = BELAĴO (coisa bonita) beleza.......... = BELECO (qualidade do que é belo) novidade...... = NOVAĴO (notícia) novidade...... = NOVECO (qualidade do que é novo)

PRONOMES OBLÍQUOS E SAUDAÇÕES. Pronomes oblíquos formam-se com a terminação N: MI VIDAS VIN (eu o vejo), VI VIDAS MIN (você me vê), LASU MIN! (deixe-me!) A terminação N também é usada em saudações: BONAN TAGON!.................. Bom dia! (na chegada, de dia). BONAN VESPERON!........... Boa noite! (na chegada, de noite). BONAN NOKTON!............... Boa noite! (na despedida, de noite).

NUMERAÇÃO. Doze palavras simples e invariáveis proporcionam o essencial da numeração em esperanto: unu = um, uma du = dois, duas tri = três

kvar = quatro kvin = cinco ses = seis

sep = sete ok = oito naŭ = nove

dek = dez cent = cem mil = mil

Os outros números formam-se por justaposição: 10 = dek 20 = dudek 30 = tridek 40 = kvardek 50 = kvindek 60 = sesdek 70 = sepdek 80 = okdek

11 = dek unu 21 = dudek unu 32 = tridek du 44 = kvardek kvar 55 = kvindek kvin 66 = sesdek ses 77 = sepdek sep 98 = naŭdek ok

100 = cent 202 = ducent du 303 = tricent tri 400 = kvarcent 500 = kvincent 605 = sescent kvin 806 = okcent ses 907 = naŭcent sep

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10 Chamamos a atenção para as dezenas e centenas, que são sempre paroxítonas: dúdek, trídek, ôksent, náutsent etc. Assim sendo devemos ler: 1887 = mil okcent okdek sep (mil-ôksent-ôkdek-sep) Atenção: Também com números usam-se as terminações o, a, e. Ex.: unuo (unidade), unua (primeiro), unue (primeiramente). Nombro e numero têm sentidos ligeiramente diferentes. Usa-se nombro em contagem e numero em ordenação: numero de la domo = número da casa; nombro da lecionoj = número de lições.

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3 – TEMPO E OBJETO DIRETO O TEMPO: ONTEM, HOJE E AMANHÃ Nossa palavra “tempo” tem duas traduções em esperanto: TEMPO e VETERO. A primeira refere-se ao tempo cronológico; a segunda, ao tempo meteorológico. VETERO pode ser BELA (bonito) e MALBELA (feio). TEMPO pode ser LONGA (longo) e MALLONGA (curto). Com as terminações -AS, -IS e -OS temos presente, passado e futuro. E podemos exercitar-nos com os advérbios HIERAŬ (ontem), HODIAŬ (hoje) e MORGAŬ (amanhã), falando tanto de TEMPO quanto de VETERO: Hieraŭ estis bela tago............. Ontem foi um lindo dia. Hodiaŭ estas bela tago........... Hoje está sendo um lindo dia. Morgaŭ estos bela tago.......... Amanhã será um lindo dia. SEZONOJ (4 estações)

MONATOJ (12 meses)

printempo (primavera) somero (verão) aŭtuno (outono) vintro (inverno)

1 2 3 4

januaro februaro marto aprilo

5 6 7 8

majo junio julio aŭgusto

9 10 11 12

septembro oktobro novembro decembro

TAGOJ DE LA SEMAJNO (dias da semana, em ordem): LUNDO (segunda-feira) MARDO (terça-feira) MERKREDO (quarta-feira) ĴAŬDO (quinta-feira) VENDREDO (sexta-feira) SABATO (sábado) DIMANĈO (domingo) PARTOJ DE LA TAGO (partes do dia): mateno (manhã) tagmezo (meio-dia) posttagmezo (tarde)

vespero (anoitecer) nokto (noite) noktomezo (meia-noite)

A palavra TAGO tem dois sentidos. É o oposto de NOKTO (noite) e é também o período de 24 horas que vai de meia-noite a meia-noite. No segundo sentido, em vez de TAGO, em esperanto diz-se, também TAGNOKTO: En unu tagnokto estas dudek kvar horoj. MEZO significa “meio”. Assim, TAGMEZO = mezo de la tago (meio do dia ou meio-dia) e NOTKOMEZO = mezo de la nokto (meio da noite, ou meia-noite): POSTTAGMEZO é o período post la tagmezo (após o meio-dia, i.e. de tarde).

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12 MATENO é o começo do dia (de 12 horas). VESPERO é o fim do dia e começo da noite. É o período em que se vê, no firmamento, a estrela Vésper (planeta Vênus), da qual derivam nossas palavras “vesperal” e “vespertino”. Em português, nesse período, cumprimentamos as pessoas, desejandolhes “boa noite”. Em esperanto, porém, dizemos BONAN VESPERON! Nomes relativos a tempo são freqüentemente usados em sua forma adverbial: matene (de manhã), lunde (na segunda-feira), somere (no verão). Podemos dizer, por exemplo, ĝis lunde! (até segunda!); e mi revenos morgaŭ matene (voltarei amanhã de manhã).

TERMINAÇÃO “N” E OBJETO DIRETO Já vimos dois casos em que se usa a terminação N: 1) em saudações e 2) em pronomes oblíquos. A regra é uma só: a terminação N assinala o objeto direto. Temos, assim: mi VIDAS viN (eu o vejo); mi DEZIRAS al vi bonaN tagoN (desejo-lhe um bom dia); ne PERDU viaN tempoN (não percam o seu tempo). No próximo capítulo trataremos melhor desse assunto.

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4 – PRONOMES, ACUSATIVO E AFIXOS AFIXOS: “INO”, “ULO” E “GE” O sufixo -ulo mostra pessoa ou ser caracterizado pela idéia indicada pela raiz. De MILIONO (milhão) tem-se MILIONULO (milionário); de JUNA (jovem) tem-se JUNULO (rapaz); de MALJUNA (idoso) tem-se MALJUNULO (ancião); e de DIKA (gordo) tem-se DIKULO (gorducho). O sufixo -ino identifica seres de sexo feminino: FILO (filho)........................ FILINO (filha); PATRO (pai)..................... PATRINO (mãe); BOVO (boi)....................... BOVINO (vaca). Freqüentemente juntam-se os sufixos -ulo e -ino: JUNULINO (moça, rapariga), BELULINO (mulher bonita) HOMO (pessoa, ser humano) pode ser VIRO (homem, varão) ou VIRINO (mulher). E INFANO (criança) pode ser KNABO (menino) ou KNABINO (menina). No plural, o prefixo ge- indica ou enfatiza a presença de ambos os sexos: GEPATROJ (pais, i.e. pai e mãe), GEEDZOJ (casal, i.e. esposo e esposa), GESINJOROJ (senhoras e senhores), GEJUNULOJ (rapazes e moças).

SUFIXOS: “ANTO” E “ISTO” Além de -ulo, também -isto e -anto referem-se a pessoas; -anto indica uma situação passageira: VOJAĜANTO (viajante), HELPANTO (ajudante, assistente), LERNANTINO (aluna); -isto indica profissão, ocupação habitual ou adesão: INSTRUISTO (professor), KUIRISTO (cozinheiro), VENDISTINO (vendedora), PORTISTO (carregador), MARISTO (marinheiro), BELIGISTINO (esteticista ou embelezadora), ESPERANTISTO (esperantista).

“IGI” E “IĜI” O sufixo -igi indica fazer, tornar; e -iĝi indica fazer-se, tornar-se. Temos, assim, do adjetivo BELA, os verbos BELIGI (embelezar, tornar belo) e BELIĜI (embelezar-se, tornar-se belo); de PLI BONA (melhor) temos PLIBONIGI (melhorar, tornar melhor) e PLIBONIĜI (melhorar, tornar-se melhor). SIDI é estar sentado, SIDIĜI é sentar-se e SIDIGI é fazer sentar. MORTI é morrer e MORTIGI é matar (= fazer morrer). SCII é saber e SCIIGI é informar (= fazer saber). DEVI é dever e DEVIGI é obrigar. KOMENCO é começo e FINO é fim. Mas precisamos ter cuidado com os verbos KOMENCI e FINI. Dizemos: mi komencas kaj finas la lecionon (eu começo e termino a lição); mas dizemos: la leciono komenciĝas kaj finiĝas (a lição começa e acaba, ou melhor, é iniciada e é terminada).

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PRONOMES OBLÍQUOS E REFLEXIVOS Na 1ª e na 2ª pessoa, pronomes oblíquos e reflexivos são iguais: min, vin, nin. Na 3ª pessoa, cada pronome reto tem seu pronome oblíquo. Mas na 3ª pessoa existem vários pronomes oblíquos e apenas um pronome reflexivo: sin. Vejamos alguns exemplos: PRONOME OBLÍQUO mi aŭdas ŝin (eu a ouço) ŝi aŭdas min (ela me ouve) vi vidas min (você me vê) ili vidas lin (eles o vêem) li helpas nin (ele nos ajuda) mi helpas vin (eu o ajudo)

PRONOME REFLEXIVO mi vidas min (eu me vejo) vi vidas vin (você se vê) ni vidas nin (nós nos vemos) li vidas sin (ele se vê) ŝi vidas sin (ela se vê) ili vidas sin (eles se vêem) ...en la rivero (no rio)

OBJETO DIRETO, ACUSATIVO E DECLINAÇÃO Já vimos que, em esperanto, o objeto direto é indicado pela terminação N. Por exemplo: Mi deziras al vin bonan tagon................. Eu lhe desejo um bom dia. Mi vidas vin kaj vi vidas min................... Eu o vejo e você me vê. Mi legas bonan libron.............................. Leio um bom livro. Vi lernas Esperanton............................... Você aprende esperanto. Ni vidas florojn......................................... Nós vemos flores. Ne perdu vian tempon..............................Não percam seu tempo! Da existência do acusativo em esperanto alguns concluem que ele tem declinações e por isso é difícil. Essa conclusão é equivocada. Em primeiro lugar, as declinações do latim não impediram que ele, durante séculos, fosse a língua de entendimento entre os cientistas (que se comunicavam muito mais facilmente do que na Babel em que o mundo depois caiu). Em segundo lugar, duas das principais línguas do mundo – o russo e o alemão – têm declinações. E é consenso geral que qualquer delas é mais fácil do que o nosso português. Comparemos agora a “declinação” no esperanto e em nossa língua. Em esperanto, nos substantivos, adjetivos e pronomes distingue-se o acusativo do nominativo pela letra N. E é só, Em português a declinação (herdada do latim) permanece apenas nos pronomes, mas com quatro casos: nominativo, dativo, acusativo e um vestígio de ablativo. Vejamos qual das duas línguas é mais fácil: Caso Português Esperanto nominativo........................ eu, você, ele etc................mi, vi, li ktp. dativo................................ me, lhe etc........................ al mi, al vi, al li ktp. acusativo........................... me, o etc........................... min, vin, lin ktp. ablativo............................. comigo etc........................ kun mi ktp (ktp=etc)

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5 – PARTICÍPIOS E AFIXOS VERBO MANĜI (comer) presente (as)

passado (is)

futuro (os)

condicional (us)

imperativo (u)

mi manĝas vi manĝas li manĝas ŝi manĝas ni manĝas vi manĝas ili manĝas

mi manĝis vi manĝis li manĝis ŝi manĝis ni manĝis vi manĝis ili manĝis

mi manĝos vi manĝos li manĝos ŝi manĝos ni manĝos vi manĝos ili manĝos

mi manĝus vi manĝus li manĝus ŝi manĝus ni manĝus vi manĝus ili manĝus

mi manĝu vi manĝu li manĝu ŝi manĝu ni manĝu vi manĝu ili manĝu

PARTICÍPIOS PERSONO (pessoa)

MANĜAĴO (comida) NUN MANĜI (comer agora)

la manĝanto (aquele que está comendo)

la manĝato (aquilo que está sendo comido)

manĝanta knabo (menino que está comendo)

manĝata fromaĝo (queijo que está sendo comido)

manĝante (comendo)

manĝate (sendo comido) ANTAŬE MANĜI (comer antes)

la manĝinto (aquele que comeu)

la manĝito (aquilo que foi comido)

manĝinta knabo (menino que comeu)

manĝita fromaĝo (queijo que foi comido)

manĝinte (tendo comido)

manĝite (tendo sido comido) POSTE MANĜI (comer depois)

la manĝonto (aquele que vai comer)

la manĝoto (aquilo que vai ser comido)

manĝonta knabo (menino que vai comer)

manĝota fromaĝo (queijo que vai ser comido)

manĝonte (pronto para comer)

manĝote (pronto para ser comido)

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PARTICÍPIOS: ATIVO E PASSIVO Em esperanto os particípios são mais complexos, porém muito mais regulares do quem em nosso idioma. Em português “montado” diz-se tanto do cavaleiro quanto da montaria. Em esperanto a distinção é obrigatória: RAJDANTO é o cavaleiro e RAJDATO é o cavalo (CÊVALO). Em esperanto os particípios distinguem-se por serem ativos ou passivos; por serem presentes, passados ou futuros; e por terem terminação substantiva, adjetiva ou adverbial. Ao todo 2 x 3 x 3 = 18 variantes. Vejamos: PARTICÍPIO ativo passivo

presente -ant-at-

passado -int-it-

futuro -ont-ot- [ -o, -a, -e]

PRESENTE, PASSADO E FUTURO ESTANTECO ou ESTANTO é o presente, o que está sendo; ESTINTECO ou ESTINTO é o passado, o que já foi; e ESTONTECO ou ESTONTO é o futuro, o que será. Como nas terminações dos tempos simples, as vogais A, I e O indicam se se trata de fato presente, passado ou futuro. VIVANTOJ são os vivos, o que estão vivendo; e MORTINTOJ são os mortos, os que já morreram. MANĜI é comer. Quem está na fila de um refeitório, aguardando ser servido. é MANĜONTO; os que estão sentados comendo são MANĜANTOJ; e os que já estão devolvendo sua bandeja são MANĜINTOJ. Falando-se da refeição, da comida, MANĜOTA é a que está sendo servida; MANĜATA é a que está nos pratos sobre a mesa. E MANĜITA é a que sai da sala na barriga de cada um.

TERMINAÇÕES O, A e E Particípios em esperanto podem ter terminação de substantivo, adjetivo ou advérbio. Com terminação adverbial equivalem ao nosso gerúndio: LEGANTE (lendo). LEGINTE (tendo lido). LA LEGANTO (o leitor) é um substantivo, e, em LA LEGATA LIBRO (o livro que está sendo lido), LEGATA é adjetivo. ĴUS NASKITA BOVIDETO é o bezerrinho recém-nascido. TUJ PAGOTA AĈETAĴO é a compra que será logo paga. LA VENONTA SEMAJNO é a semana que vem.

COMPARAÇÃO COM O PORTUGUÊS. Nosso idioma tem ainda vestígios do particípio futuro latino. Nesses casos, nossas palavras correspondem exatamente às do esperanto. Temos, por exemplo: PORTUGUÊS................... ESPERANTO....................SIGNIFICADO nascituro........................... NASKOTO........................ aquele que vai nascer vindouro............................ VENONTA ....................... que virá futuro................................. ESTONTA......................... que será

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AFIXOS: “EGO” E “ETO” EGO indica o aumentativo ou superlativo, e ETO, o diminutivo. Podem ser usados com substantivos, adjetivos, verbos e até mesmo advérbios: DOMEGO (casarão), DOMETO (casinha), BONEGA (ótimo), BELETA (bonitinho), MULTEGE (muitíssimo), IOMETE (um pouquinho). De PETI (pedir) formamos PETEGI (suplicar); de PLORI (chorar), PLORETI (choramingar); de DORMI (dormir), DORMETI (cochilar); e de RIDI (rir), RIDETI (sorrir) e RIDEGI (gargalhar). ETA, usado sozinho, é sinônimo de MALGRANDA (pequeno). EGE, usado sozinho, é sinônimo de MULTE (muito). Tanto uma palavra quanto a outra são muito usadas.

“INO”, “IDO”, “AĴO”, “ARO” E “VIR” De BESTOJ (animais), como BOVO (boi), ŜAFO (carneiro), BIRDO (ave), KOKO (galo) e FIŜO (peixe), formamos derivados todos regulares. O feminino, já vimos, forma-se com ino: BOVINO (vaca), ŜAFINO (ovelha), KOKINO (galinha). O macho reprodutor forma-se com a anteposição de vir: VIRBOVO (touro), VIRKOKO (galo reprodutor). O filhote recebe o sufixo ido: ŜAFIDO (cordeiro), BOVIDINO (novilha), BOVIDETO (bezerro). O coletivo recebe o sufixo aro: BOVARO (boiada), FIŜARO (cardume), BIRDETARO (passarada). E até mesmo MANĜAĴOJ (comidas) feitas com eles recebem um sufixo regular – aĵo: BOVAĴO (carne de vaca), BIRDAĴO (carne de ave), KOKIDAĴO (galeto).

“ARO” E “ERO” Além dos coletivos de animais, temos outros importantes: JUNULARO (juventude), MARISTARO (tripulação), ARBARO (floresta) e HOMARO (humanidade). De VORTO (palavra), temos VORTARO (dicionário); e de LOĜI (morar, habitar), LOĜANTARO (população). A unidade de uma coleção forma-se com ero: de VORTO (palavra) formamos VORTERO (elemento vocabular); de ĈENO (cadeia), ĈENERO (elo); e de MONO (dinheiro), MONERO (moeda).

“MAL”, “RE”, “EK” E “BO” Com mal formamos antônimos: MALALTA (baixo), MALHELA (escuro), MALDIKA (magro). Com re indicamos repetição ou retorno: REVIDI (rever), REVENI (voltar), REDONI (devolver). Com ek, ação inicial ou repentina: EKVIDI (avistar), EKDORMI (adormecer), EKKRII (exclamar). E bo indica parentesco por casamento: BOFILO (genro), BOFILINO (nora), BOGEPATROJ (sogros).

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6 – CONJUGAÇÃO, DIREÇÃO E AFIXOS AS TERMINAÇÕES VERBAIS -I...................... infinitivo -U..................... imperativo -AS................... presente -IS.....................passado -OS................... futuro -US................... condicional As seis terminações verbais que já vimos cobrem todas as formas verbais do esperanto, como podemos ver com alguns exemplos: MI PETAS, KE VI VENU (peço que você venha); MI VOLIS, KE VI SKRIBU (eu queria que você escrevesse); MI DEMANDIS, ĈU VI IRUS (perguntei se você iria); MI SENDUS, SE VI PAGUS (eu enviaria se você pagasse); SE VI SERĈOS, VI TROVOS (se você procurar, encontrará). Mesmo com poucas formas verbais, todas as nuanças do português são mantidas em esperanto. O mesmo acontece com os tempos compostos e a voz passiva, formados sempre com o verbo ESTI (ser). KIAM VI PETIS PARDONON, MI JAM ESTIS PARDONINTA (quando você pediu perdão eu já tinha perdoado = já era alguém que perdoou); TIO ESTAS FARITA DE MI MEM (isso foi feito por mim mesmo).

ACUSATIVO DE DIREÇÃO Além dos usos já vistos, a terminação N serve também para indicar direção, como veremos com alguns exemplos: KIE? (onde?), KIEN? (para onde?) STARU TIE (fique em pé ali); SIDU ĈI TIE (fique sentado aqui); IRU TIEN (vá ali); VENU ĈI TIEN (venha cá); ESTI HEJME (estar em casa); IRI HEJMEN (ir para casa); FLUGI EN LA ĈAMBRO (voar dentro do quarto); FLUGI EN LA ĈAMBRON (voar para dentro do quarto); IE (em algum lugar); IEN (para algum lugar); VOJAĜI IE AJN (viajar em qualquer lugar); VOJAĜI IEN AJN (viajar para qualquer lugar); FLANKEN (para o lado); ANTAŬEN (avante).

“EJO”, “UJO”, “IO” E “ANO” EJO indica o lugar onde alguma coisa fica ou ocorre. De LOĜI (residir) temos LOĜEJO (residência); de LERNI (aprender) temos LERNEJO (escola); de NECESA (necessário), NECESEJO (WC); de PREĜI (rezar) temos PREĜEJO (igreja); de LIBERA (livre) temos MALLIBEREJO (prisão); de KOKO (galo, galináceo), KOKEJO (galinheiro). E SIDEJO é o lugar em que uma organização fica “assentada”, isto é, sua sede. UJO indica o recipiente: SUKERUJO (açucareiro), MONUJO (porta-notas), MONERUJO (portaníqueis), PAPERUJO (pasta de papéis). Por analogia, indica uma planta partindo da flor ou do fruto: ROZUJO (roseira), POMUJO (macieira). E também um país do Velho Mundo, a partir do seu povo: PORTUGALOJ (portugueses), ANGLOJ (ingleses), FRANCOJ (franceses). Neste caso, usa-se também IO: PORTUGALUJO ou PORTUGALIO (Portugal), ANGLUJO ou ANGLIO (Inglaterra), e também FRANCUJO ou FRANCIO (França) e ITALUJO ou ITALIO (Itália). E os clubes, congressos e outros lugares de convivência esperantista podemos chamar ESPERANTUJO ou ESPERANTIO. Para países novos, parte-se do país e, com o sufixo -ANO, designa-se o habitante: ARGENTINO (Argentina), ARGENTINANO (argentino), BRAZILO (Brasil), BRAZILANO (brasileiro); USONO (Estados Unidos), USONANO (estadunidense). É também usado para cidades continentes etc.: PARIZANO (parisiense), AMERIKANO (norte-americano). Esperanto num Relance – Sylla Chaves


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COMPARAÇÃO: “ADO” E “AJO” Esses sufixos já foram vistos: MANĜADO é o ato de comer; MANĜAĴO, o que se come; TRINKADO, o ato de beber; TRINKAĴO, o que se bebe; SKRIBADO, o ato de escrever; e SKRIBAĴO, o que se escreve ou escreveu.

QUADRO GERAL DE PREFIXOS E SUFIXOS: Neste curso estão sendo ensinados os seguintes afixos (que aqui permitem uma visão conjunta): AĈ.....popolaĉo (ralé) AD.....pafado (tiroteio) AĴ..... manĝaĵo (comida) AN.....kristano (cristão) ANT.. lernanto (aluno) AR.....arbaro (floresta) AT..... amato (amado) BO.... bofilo (genro) ĈEF.. ĉefurbo (capital) DIS....disrompi (espedaçar) EBL.. videbla (visível) EC.....klareco (clareza) EG.... petegi (suplicar) EJ..... preĝejo (igreja) EK.....ekvidi (avistar) EM.... kredema (crédulo) ER.....ĉenero (elo) ESTR urbestro (prefeito) ET..... rideti (sorrir) GE.... geedzoj (casal) I.........Francio (França)

ID...... bovido (bezerro) IG...... mortigi (matar) IĜ...... naskiĝi (nascer) IL...... levilo (alavanca) IN...... bovino (vaca) IND... mirinda (admirável) INT.... fuĝinto (fugitivo) ISM... pacismo (pacifismo) IST.... maristo (marinheiro) IT...... kaptito (prisioneiro) MAL.. malalta (baixo) OBL.. trioblo (triplo) ON.... duono (metade) ONT.. venonta (vindouro) OP.... duope (de 2 em 2) OT.....naskoto (nascituro) PRA.. praavo (bisavô) RE.....revidi (rever) UJ..... rozujo (roseira) UL..... junulo (rapaz) UM.... plenumi (executar)

Dos afixos acima, apenas um não é oficial: I, com que formamos nomes geográficos. E aqui foi também ensinado o substantivo viro (varão), usado como prefixo, v.g. em virbovo (touro). No capítulo 10 veremos outras palavras usadas como prefixo.

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7 – “KIA”, CORES E AFIXOS CORES SIMPLES (SIMPLAJ KOLOROJ) A pergunta KIA? (de que tipo? com que qualidade?) admite respostas variadas: ALTA (alto), LONGA (comprido), NOVA (novo), ĜUSTA (correto). Cabe também responder indicando uma cor (KOLORO): NIGRA (preto), RUĜA (vermelho) etc. Podemos exercitar-nos perguntando KIA ESTAS TIO? (como é isso?) e respondendo TIO ESTAS TIA (isso é assim). Por exemplo: LA SUNO (o sol) ESTAS FLAVA (é amarelo), LA LUNO (a lua) ESTAS BLANKA (é branca), LA KAMPO (o campo) ESTAS VERDA (é verde) e LA ĈIELO (o céu) ESTAS BLUA (é azul). Como resposta, teríamos a sua cor. Para variar, usaríamos também palavras como ORKOLORA (dourado) e ROZKOLORA (cor-de-rosa).

“EBLA”, “INDA” E “EMA” EBLA indica possibilidade material VIDEBLA (visível), NEVIDEBLA (invisível), TRAVIDEBLA (transparente, que deixa ver através); LEGEBLA (legível), NEŜANĜEBLA (imutável), NEKOMPRENEBLA (incompreensível). INDA indica merecimento: PARDONINDA (perdoável, que merece perdão), VIDINDA (que merece ser visto), LEGINDA (que merece ser lido), KONSILINDA (aconselhável, que merece ser aconselhado), RIMARKINDA (notável), MIRINDA (admirável, maravilhoso). Um texto grande e banal ESTAS LEGEBLA, SED NE LEGINDA (é legível, mas não merece ser lido). EMA indica tendência, inclinação: LABOREMA (trabalhador), KREDEMA (crédulo). NEROMPEBLA é inquebrável e ROMPEBLA é quebrável, mas ROMPIĜEMA é mais que quebrável: é frágil (tem tendência a quebrar-se, quebra-se facilmente).

“ILO”, “ISMO”, “ESTRO” E “AĈO” ILO indica instrumento. De LUDI (brincar) temos LUDILO (brinquedo); de TENI (segurar), TENILO (cabo); de LEVI (levantar), LEVILO (alavanca); de MONTRI (mostrar), MONTRILO (ponteiro); de TRANĈI (cortar), TRANĈILO (faca); de FLUGI (voar), FLUGILO (asa); de FERMI (fechar) e MALFERMI (abrir), MALFERMILO (abridor). ESTRO indica chefe, dirigente; de URBO (cidade) temos URBESTRO (prefeito); LABORESTRO é capataz, e ŜIPESTRO é comandante de navio. ISMO indica doutrina, modo de pensar ou de agir. De NACIO (nação) temos NACIISMO (nacionalismo) e INTERNACIISMO (internacionalismo); e temos também ESPERANTISMO (esperantismo), APARTISMO (doutrina do apartheid), HOMARANISMO (“homaranismo” doutrina de Zamenhof a quem devemos proceder como pertencentes a uma mesma humanidade ou HOMARO). E AĈO traz uma conotação depreciativa: POPOLAĈO (populacho, ralé), DOMAĈO (casebre), DOMAĈARO (favela, mocambo, vila miséria).

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“ĈEF”, “PRA” E “DIS” ĈEF indica o principal, o mais importante: ĈEFANĜELO (arcanjo), ĈEFKRUIRISTO (“chefe”, mestre cuca, cozinheiro chefe), ĈEFMANĜO (prato principal), ĈEFURBO (capital), ĈEFVERKO (obra prima). PRA dá idéia de algo remoto, distante: PRAAVO (bisavô), PRATEMPO (tempo antigo), PRAARBARO (floresta virgem), PRAHOMO (troglodita, homem primitivo). DIS dá idéia de distribuição, dispersão: DISDONI (distribuir grátis), DISVENDI (sair vendendo); de KONI (conhecer) temos DISKONIGI (divulgar, tornar conhecido); de ROMPI (quebrar) temos DISROMPI (despedaçar).

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8 – CORRELATIVOS E PREPOSIÇÕES. CORRELATIVOS Nove palavras interrogativas começam por ki e correspondem, em forma e significado, a uma resposta começada por ti: KIO?................. TIO................... (o quê? isso); KIU?................. TIU................... (quem? esse); KIES?............... TIES................. (de quem? desse); KIA?................. TIA................... (de que tipo? desse tipo); KIE?................. TIE................... (onde? lá); KIAM?.............. TIAM ............... (quando? nessa ocasião); KIOM?.............. TIOM................ (quanto? nessa quantidade); KIEL?............... TIEL................. (como? assim); KIAL?............... TIAL................. (por quê? por isso). A cada pergunta com ki correspondem ainda mais três respostas. Uma indefinida, com i: IO (alguma coisa); IU (alguém); IAM (em alguma ocasião). Uma coletiva: ĈIO (tudo), ĈIU, ĈIUJ (cada, todos); ĈIAM (sempre). E uma negativa: NENIO (nada); NENIU (ninguém); NENIAM (nunca). São, ao todo, 9 x 5 = 45 correlativos, além de seus derivados com n, como KIEN e KION. Aqui foram apresentados apenas os de uso mais freqüente. Inventemos, agora, algumas perguntas com esses correlativos e as respectivas respostas: KIO OKAZIS?.................................. (que aconteceu?) MANĜADO...................................... (uma refeição) KIES MANĜADO?.......................... (refeição de quem?) DE LA DIKULO............................... (do gorducho) KIU MANĜIS................................... (quem comeu) LI KAJ KELKAJ AMIKOJ............... (ele e alguns amigos) KIE ILI MANĜIS?............................ (onde eles comeram?) EN LIA DOMO................................. (na casa dele) KION ILI MANĜIS?......................... (comeram o quê?) ŜAFAĴON........................................ (carne de carneiro) KIAN SALATON?............................ (de que qualidade?) TRE BONAN................................... (muito boa) KAJ KIOM?..................................... (e quanto?) SUFIĈE........................................... (bastante) KIAM ILI MANĜIS?......................... (quando comeram?) ILI ĴUS MANĜIS............................. (acabam de comer) KIEL? ............................................. (como?) TRE RAPIDE................................... (muito depressa) KAJ KIAL?...................................... (e por quê?) PRO MALSATO.............................. (por causa da fome)

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PREPOSIÇÕES. Examinemos agora as preposições em esperanto. A maioria delas tem utilização bem mais precisa do que suas correspondentes em português. Vejamos algumas das mais freqüentes: AL (a, para)........................... IRI AL LA LERNEJO (ir à escola) ANTAŬ (antes de).................ALVENI ANTAŬ MI (chegar antes de mim) ĈE (junto a)........................... DOMO ĈE LA RIVERO (casa junto ao rio) DA (quantidade).................... IOM DA SUKERO (um pouco de açúcar) DE (de).................................. LIBRO DE JOHANO (livro do João) DUM (durante)...................... DORMI DUM LA TAGO (dormir durante o dia) EKSTER (fora de)................. EKSTER LA DOMO (fora da casa) EL (de dentro de).................. PRENI EL LA POŜO (tirar do bolso) EN (em, dentro de)............... RESTI EN LA LERNEJO (ficar na escola) ĜIS (até)............................... RESTI ĜIS MALFRUE (ficar até tarde) INTER (entre)........................ INTER DU LECIONOJ (entre duas lições) KUN (com)............................ VOJAĜI KUN AMIKO (viajar com um amigo) PER (por meio de)................ SKRIBI PER KRAJONO (escrever com lápis) POR (para)............................ LETERO POR MI (carta para mim) POST (depois de)................. IRU POST LA PLUVO (vá depois da chuva) PRI (a respeito de)................ PAROLI PRI LA VETERO (falar do tempo) PRO (causa)......................... MORTI PRO MALSATO (morrer de fome) SEM (sem)............................ VIVI SEN ZORGOJ (viver sem cuidados) SUR (em cima de)................ DORMI SUR LA PLANKO (dormir no chão) TRA (através de)...................TRA LA FENESTRO (pela janela) Nos exemplos acima apresentamos propositadamente algumas aparentes discordâncias entre o esperanto e o português. Isso ocorre pela maior precisão do esperanto. Analisemos o uso do “de”, por exemplo. Tem uma infinidade de sentidos em português. E é preciso saber o sentido exato desse “de” para escolher a tradução adequada em esperanto. Temos, em português: “um pouco de açúcar”, “livro do João”, “tirar do bolso”, “falar do tempo” e “morrer de fome”. Evidentemente, cada um desses “de” tem um sentido diferente dos outros. Podemos considerar o principal deles “pertencente a”. Nesse caso, usa-se DE nas duas línguas. Até mesmo quando esse “pertencer” tem um sentido mais amplo, como em AMIKO DE JOHANO (amigo do João). Em “um pouco de açúcar” tratamos da quantidade, e a tradução é DA SUKERO. Em “tirar do bolso”, queremos dizer “tirar de dentro do bolso”, que requer a tradução EL LA POŜO. Em “falar do tempo”, fala-se “a respeito do tempo”, por conseguinte PRI LA VETERO. E quem morre de fome, morre “por causa da fome”, isto é PRO MALSATO. Também a preposição “com” tem sentidos muito diferentes em “escrever com lápis” e em “viajar com um amigo”. Quem viaja com um amigo viaja “em companhia de um amigo”, “junto com um amigo”. Esse é o sentido mais normal de “com”. Diz-se, pois, VOJAĜI KUN AMIKO. Mas quem escreve com lápis não escreve “junto com um lápis”, mas sim “por meio de um lápis”. Lápis é um instrumento, não uma companhia. Diz-se, pois, SKRIBI PER KRAJONO. Também é diferente ficar na escola e dormir no chão. Fica-se “dentro da escola” e dorme-se “em cima do chão”. Por conseguinte, EN LA LERNEJO e SUR LA PLANKO. O leitor examine as outras traduções acima e verá que o esperanto é sempre preciso, claro.

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24 Os sentidos das preposições em esperanto são mais precisos que em português. Mas, como em todas as línguas, muitas preposições em esperanto têm diversos sentidos. Por exemplo: AL (destino) .................... iri al la preĝejo.............. ir à igreja (destinatário).............. doni ion al ŝi.................. dar algo a ela DE (início).........................de unu ĝis dek...............de um a dez (posse)....................... la domo de Petro...........a casa do Pedro (agente)...................... domo farita de mi.......... casa feita por mim (procedência)............. ricevi tion de mi............ receber isso de mim EL

(de dentro de).............preni el la poŝo............. tirar do bolso (material).................... ĉeno el oro.....................corrente de ouro (procedência)............. veni el San-Paŭlo.......... vir de São Paulo

É claro que não tratamos de todos os sentidos dessas preposições, o que não caberia em um curso para iniciantes. Nosso propósito foi mostrar, logo cedo, uma das principais diferenças entre o aprendizado do esperanto e o das línguas nacionais. Em esperanto guiamo-nos principalmente pela lógica. Nas línguas nacionais, como a nossa, guiamo-nos principalmente pelos costumes – processo esse, evidentemente, muito mais trabalhoso. Concluamos este capítulo com mais alguns exemplos do uso das preposições. E falemos de LABORO (trabalho): LABORI DE JANUARO ĜIS DECEMBRO (trabalhar de janeiro a dezembro); IRI ĜIS LA FINO (ir até o fim); STUDI ĜIS NOKTOMEZE (estudar até meia-noite); EKDE FRUMATENE (desde a madrugada); LABORI PER SIAJ MANOJ (trabalhar com suas mãos); KUN KELKAJ AMIKOJ (com alguns amigos); POR SIA PATRUJO (por ou para sua pátria); PRO BEZONO (por necessidade); PLI OL NECESE (mais que o necessário); ANTAŬ OL EKDORMI (antes de adormecer); POST LA LABORO VENOS LA MERITATA RIPOZO (após o trabalho virá o repouso merecido).

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9 – SUFIXOS, HOMÔNIMOS, POLISSEMIA E CORRELATIVOS “ONO”, “OPO” E “OPE” Estes três sufixos são usados com numerais. ONO forma números fracionários; OBLO forma multiplicativos; e OPO forma numerais coletivos. Todos três admitem terminações substantivas adjetivas e adverbiais. E todos três admitem a formação de derivados. Eis alguns exemplos: DUONO (metade) TRIONO (um terço) KVARONO (um quarto) CENTONO (centésimo) DUONA (meio) DUONE (metade) DUONIGI (reduzir à metade) CENTONIGI (reduzir a 1/100) MULTOBLIGI (multiplicar) DUOPO (dupla) TRIOPO (trio) KVAROPO (quarteto) PROMENI DUOPE (passear aos pares)

DUOBLO (dobro) TRIOBLO (triplo) KVAROBLO (quádruplo) CENTOBLO (cêntuplo) DUOBLA (duplo) DUOBLE (duplamente) DUOBLIGI (duplicar) CENTOBLIGI (centuplicar) UNUOPE (de um em um) DUOPE (dois a dois, aos pares) TRIOPE (três a três) KVAROPE (quatro a quatro)

“UMO” UMO é um sufixo com significado bastante variado, sendo aconselhável estudar seus derivados como novas palavras: ALFABETO (alfabeto) AMINDA (amável) BRAKO (braço) KRUCO (cruz) PLENA (cheio, pleno) NOMO (nome)

ALFABETUMO (cartilha) AMINDUMI (namorar) BRAKUMI (abraçar) KRUCUMI (crucificar) PLENUMI (cumprir, executar) NOMUMI (nomear)

É preciso não confundir palavras com sufixo UMO com outras sem sufixo ou com outro sufixo. Por exemplo, NOMI, PLENIGI, KRUCIGI: NOMI KATETON LEONO chamar um gatinho de Leão NOMUMI IUN SEKRETARIO nomear alguém secretário PLENIGI SUKERUJON encher um açucareiro PLENIGI DEMANDARON preencher um questionário PLENUMI SIAN DEVON cumprir seu dever PLENUMI TASKON executar uma tarefa KRUCIGI SIAJN BRAKOJN cruzar os braços KRUCUMI JESUON crucificar Jesus

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HOMÔNIMOS E POLISSEMIA Homônimos são palavras iguais na forma e diferentes no sentido. Por exemplo, MANGA (fruta) e MANGA (de vestuário). Polissemia é o fato de uma mesma palavra ter mais de um sentido, como ESPERAR (= ter esperança) e ESPERAR (= aguardar). Homonímia e polissemia existem muito mais em português do que em esperanto. Mas em esperanto também podemos encontrá-las. Por exemplo, KUBO (Cuba, país) e KUBO (cubo, poliedro) são homônimos. E as preposições AL, DE e EL, que vimos no capítulo anterior, são casos típicos de polissemia. Tanto homônimos quanto palavras polissêmicas são pedras no caminho de quem aprende idiomas estrangeiros e de quem traduz. Em nosso aprendizado encontraremos muito mais “pedras” produzidas em nosso idioma do que no esperanto, em que são menos freqüentes. Vejamos algumas confusões que o esperanto não tem. Em nossa língua podemos dizer “descendo de portugueses” e “descendo do sótão”. Um brasileiro culto perceberá que, no primeiro caso, há um presente do indicativo do verbo descender, e no segundo há um gerúndio do verbo descer. Também dizemos “vimos portugueses” e “vimos de Portugal”. No primeiro caso há um pretérito do verbo ver; no segundo, o presente do verbo vir. Tudo claro e simples para quem o aprende. Em inglês, diz-se time flies like an arrow (o tempo voa como uma flecha) e também fruit flies like bananas (moscas drosófilas gostam de bananas). Confusões deste tipo inexistem em esperanto, por causa da regularidade de suas terminações gramaticais. Pode-se dizer que só conhece bem uma palavra quem a conhece em todos os seus sentidos usuais e quem sabe a exata extensão de seus significados. Vejamos alguns exemplos destinados a quem usa o português para aprender esperanto. Nossa palavra polissêmica “tempo” tanto pode referir-se à meteorologia quanto à cronologia. O tempo que passa é TEMPO em esperanto; o que pode ser chuvoso e ensolarado é VETERO. Também polissêmicas são as palavras “claro” e “juventude”. Um dia claro é HELA TAGO; uma idéia clara é KLARA IDEO. E cabe observar que os antônimos e os substantivos abstratos derivados de HELA e KLARA são diferentes também em português. MALHELA TAGO é um dia “escuro”, e MALKLARA IDEO é uma idéia “obscura”. Num dos casos, referimo-nos a claridade (HELECO); no outro, a clareza (KLARECO). Também temos diferentes significados na palavra “juventude”. Pode ser um conjunto de jovens (JUNULARO) e uma fase da vida (JUNAĜO ou JUNECO). JUNULARO ESTAS SCIVOLA (a juventude é curiosa) e JUNECO ESTAS MALLONGA (a juventude é curta).

CORRELATIVOS (QUADRO RESUMO) ?....................... definido........... indefinido........ total................. negação coisa................KIO?................ TIO................... IO..................... ĈIO...................NENIO pessoa.............KIU?.................TIU................... IU..................... ĈIU................... NENIU qualidade........ KIA?.................TIA................... IA..................... ĈIA................... NENIA posse...............KIES?.............. TIES................. IES................... ĈIES.................NENIES lugar................ KIE?.................TIE................... IE..................... ĈIE................... NENIE tempo.............. KIAM?..............TIAM................ IA..................... ĈIAM................ NENIAM modo............... KIEL?...............TIEL................. IEL................... ĈIEL.................NENIEL causa...............KIAL?.............. TIAL................. IAL................... ĈIAL.................NENIAL quantidade......KIOM?............. TIOM................ IOM.................. ĈIOM................NENIOM

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27 Muitos idiomas têm formas semelhantes em algumas palavras dessa tabela. Em inglês temos: who, what, where, when, that, there, then; em russo: κогда, иногда, тогда, всегда, ниκогда; e em português: que qual, quando, quanto, quem, alguém, ninguém. Só o esperanto, porém, combinou todas essas 45 palavras em uma única tabela, fazendo corresponder forma e sentido. Metade dessas palavras estão entre as mais freqüentes de qualquer língua européia, encabeçadas pelas quatro do ângulo superior esquerdo (KIO, TIO, KIU e TIU). KIO ESTAS TIO? (que é isso?) é fase indispensável para iniciar qualquer curso de conversação. Outras palavras da tabela, porém, são bastante raras. Sintetizemos, com suas principais traduções, algumas das mais úteis para as leituras que pretendemos realizar. KIO......que................................ TIO...... isso........................... ĈIO.......... tudo KIU...... quem............................. TIU...... esse.......................... ĈIU.......... todo, cada KIAM... quando.......................... TIAM .. então.........................ĈIAM....... sempre KIE...... onde.............................. TIE...... lá, ali......................... NENIO..... nada KIEL.... como............................. TIEL.... assim........................ NENIU..... ninguém KIAL.... porque...........................IO........ algo........................... NENIAM...nunca KIOM...quanto........................... IU........ alguém...................... IOM..........um pouco

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10 – DERIVAÇÃO CONSIDERAÇÕES GERAIS O esperanto é extremamente flexível, graças à facilidade de trocar as terminações (KORO, KORA, KORE) e de usar prefixos e sufixos (BOVINO, BOVIDO, BOVAĴO, BOVARO). Formar advérbios, por exemplo, é muito comum na língua internacional. Já vimos MATENE (de manhã), UNUE (primeiramente), SEKVE (conseqüentemente), HEJME (em casa) e outros. Acrescentamos mais alguns: De...................................................... formamos BONA (bom)...................................... BONE (bem) EKZEMPLO (exemplo)...................... EKZEMPLE (por exemplo) FAKTO (fato)..................................... FAKTE (de fato) KURI (correr)..................................... KURE (de corrida) DUM (durante)................................... DUME (entrementes) EKSTER (fora de)..............................EKSTERE (do lado de fora) A regularidade dos afixos em esperanto faz com que cada um deles corresponda a muitos em português. Um exemplo pode ser ANO (membro, habitante): AZIANO (asiático) BRAZILANO (brasileiro) EŬROPANO (europeu) KONGRESANO (congressista)

LONDONANO (londrino) PARIZANO (parisiense) USONANO (estadunidense) TERANO (terráqueo)

Convém, porém, verificar se esse ANO é mesmo sufixo. Por exemplo, GERMANO (alemão) e JAPANO (japonês) têm o AN como parte integrante da raiz. Também não devemos supor que prefixos e sufixos se apliquem a todos os casos semelhantes. Asas são FLUGILOJ (instrumentos para voar), mas pés são PIEDOJ, e não IRILOJ, como uma criança e um principiante poderiam supor, IRILOJ são anda ou pernas-de-pau. O antônimo de ALTA é MALALTA e o de BELA é MALBELA, mas o de KOMENCO (começo) é FINO (fim) e não MALKOMENCO, e o de MEMORI (lembrar) é FORGESI (esquecer) e não MALMEMORI. Devemos ter sempre em mente que o esperanto é uma língua viva com mais de cem anos, cerca de um milhão de usuários, vocabulário estabilizado e vasta literatura. Para utilizá-lo bem, a solução não é tentar inventar palavras a cada passo, tirando-as de outras línguas ou formando-as de qualquer maneira, mas sim ler muito e aprender cuidadosamente as regras já consagradas de formação de palavras.

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PREPOSIÇÕES E ADVÉRBIOS COMO PREFIXOS Quase todas as preposições em esperanto são muito usadas como prefixos. As palavras resultantes podem ser muito semelhantes ao português, como TRANSPORTI (transportar) e podem ser diferentes, como ELIRI (sair). Examinemos algumas: ANTAŬ + VIDI ĈE + ESTI ĈIRKAŬ + IRI EL + IRI INTER + VENI KUN + VIVI SUR + METI TRA + IRI TRANS + PORTI DUM + VIVO PER + FORTA SEN + UTILO LAŬ + VOLO

= ANTAŬVIDI = ĈEESTI = ĈIRKAŬIRI = ELIRI = INTERVENI = KUNVIVI = SURMETI = TRAIRI = TRANSPORTI = DUM VIVA = PERFORTA = SENUTILA = LAŬVOLE

= prever (ver antes) = presenciar (estar junto) = rodear (ir à volta) = sair (ir de dentro) = intervir (vir entre) = conviver (viver junto) = vestir (colocar sobre si) = atravessar (ir através) = transportar (levar além) = vitalício (de durante a vida) = violento (feito pela força) = inútil (sem utilidade) = (conforme a vontade)

No caso abaixo, a formação é menos clara, porém também consagrada pelo uso: AL + DONI AL + PORTI AL + VENI INTER + PAROLI

= ALDONI (acrescentar) = ALPORTI (trazer) = ALVENI (chegar) = INTERPAROLI (conversar)

Como as preposições, também os advérbios são usados freqüentemente como prefixos. Por exemplo: FOR, NE, PLI, TRO. Temos, assim: FOR + IRI NE + KAPABLA PLI + FORT + IGI TRO + UZI

= FORIRI = NEKAPABLA = PLIFORTIGI = TROUZI

= ir embora (ir para longe) = incapaz (não capaz) = fortalecer (tornar mais forte) = abusar (usar demais)

USO INDEPENDENTE DE AFIXOS Outra forma de derivação muito usada é a partir de prefixos e sufixos, que se tornam palavras autônomas, como podemos ver nos exemplos abaixo: AĈA = desprezível AĴO = coisa ANO = membro ARO = grupo ĈEFA = principal DISA = disperso EBLE = talvez ECO = qualidade EGE = muito EMO = tendência

ESTRO = chefe ETA = pequeno IGI = tornar IĜI = tornar-se ILO = instrumento INO = fêmea INDA = digno MALE = ao contrário UJO = recipiente ULO = indivíduo

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30 Há combinações de afixos muito utilizadas, até mesmo com três afixos, como ESTRARANO (membro da diretoria). Vejamos alguns exemplos: AĈAĴO (cacareco) ANIĜI (associar-se) AROPE (em grupo) DISIĜI (separar-se) EBLECO (possibilidade)

EKSIGI (demitir) ESTRARO (diretoria) INECO (feminilidade) PRAULO (antepassado)

DERIVADOS DE PALAVRAS INVARIÁVEIS Palavras invariáveis freqüentemente recebem terminações gramaticais adquirindo novo sentido. E podem também receber sufixos. Sua derivação torna-se, assim, bastante rica. Já vimos a formação de DUME e de EKSTERE. Vejamos mais derivações: De formamos, por exemplo: AL (a, para)...........................ALIĜI (aderir) EN (em)................................ ENE (dentro), ENIGI (enfiar) KUN (com)............................ KUNA (conjunto), KUNULO (companheiro) JES (sim).............................. JESI (afirmar), JESA (afirmativo) JEN (eis)............................... JENA (seguinte), JENO (o seguinte) NE (não)............................... NEI (negar), NEA (negativo) PER (por).............................. PERI (agenciar), PERANTO (intermediário) POST (após)......................... POSTE (depois), POSTAĴO (traseiro) SUB (sob)............................. SUBE (embaixo), SUBULO (subordinado) TRO (demais)....................... TROIGI (exagerar)

PALAVRAS COMPOSTAS Há duas maneiras básicas de formar palavras compostas em esperanto. Em LERNOLIBRO o elemento essencial é o último, LIBRO (livro), explicado pelo primeiro LERNO (POR LERNO = para o aprendizado). LERNOLIBRO é, por conseguinte, um “livro para aprendizado” ou, como dizemos habitualmente, um livro didático. Vejamos mais exemplos desse tipo, com dois substantivos, dois verbos ou um substantivo e um verbo. AFERVOJAĜO.... viagem de negócios AKVOFALO......... cachoeira (queda d’água) BUTERPANO.......pão com manteiga FERVOJO............ ferrovia (estrada de ferro) FRUKTODONA....fértil (que dá frutos) JARLIBRO........... anuário (livro do ano) LIBERTAGO........ feriado (dia livre) LIBERTEMPO......férias (tempo livre) MATENMANĜO... desjejum (refeição da manhã) NOKTOMEZO...... meia-noite (meio da noite) PARDONPETI......desculpar-se (pedir perdão) PIEDIRI................ caminhar (ir a pé)

POŜTKARTO.......cartão postal (cartão de correio) SCIVOLA............. curioso (que quer saber) SEMAJNFINO......fim de semana SIDLOKO............. assento (lugar de sentar) SOMERDOMO..... casa de veraneio SUNFLORO......... girassol (flor do sol) TAGLIBRO...........diário (livro sobre cada dia) TAGMANĜO........ almoço (refeição do dia) TAGMEZO........... meio-dia (meio do dia) TRINKMONO....... gorjeta (dinheiro para a bebida) VERŜAJNA.......... verossímil (que parece verdade) VESPERMANĜO. jantar (refeição do anoitecer)

Os parênteses acima acentuam o fato de que o elemento essencial da palavra composta é o último. Na maioria dos exemplos é um substantivo (dia, livro, refeição etc.) Em PARDONPETI e PIEDIRI é Esperanto num Relance – Sylla Chaves


31 um verbo (ir, pedir). E em FRUKTODONA, SCIVOLA e VERŜAJNA é um adjetivo. Na tradução poderíamos ter posto o elemento essencial como adjetivo (produtor de frutos, desejosos de saber e semelhante à verdade). Optamos, porém, por uma oração adjetiva, o que vem a dar no mesmo. Na segunda maneira de formar palavras compostas em esperanto dica mais difícil decompor o sentido global em duas unidades semânticas. Seus elementos formam um todo. Só no que concerne à gramática é que podemos considerar essencial a terminação ou o sufixo que se refere a esse todo. Exemplifiquemos com BONKORA (bondoso). Equivale a uma oração adjetiva (pois usa terminação é o A dos adjetivos), “que tem bom coração”, ou “de bom coração”, que é uma expressão também adjetiva. Vejamos alguns outros exemplos: ALILANDA........... estrangeiro (de outra terra) BELSONA............sonoro (de bonito som) BLUOKULA......... de olhos azuis BONODORA........ perfumoso (de bom cheiro) BONVENA........... bem-vindo (que é bem vindo)

ĈIUNOKTA.......... que ocorre todas as noites GRANDANIMA.... magnânimo (que tem uma grande alma) KARMEMORA.....saudoso (de cara memória) LASTFOJE..........pela última vez MULTEKOSTA....caro (que custa muito)

Chamamos a atenção para a diferença entre ĈIUTAGA e TUTTAGA. ĈIUTAGA é diário, ocorre em cada dia, todo dia ou todos os dias. TUTTAGA dura o dia todo, um dia inteiro. A diferença em português está na posição ocupada pela palavra “todo’ (que pode significar “cada” e “inteiro”, dependendo da sua posição na frase). Em esperanto a diferença está na palavra usada, pois ĈIU significa “cada” e TUTA significa “inteiro”. Há muitas palavras compostas formadas com numerais. Podem ser muito úteis. Examinemos inicialmente as formadas na primeira por nós descrita. JARDEKO................ década (dezena de anos) JARCENTO.............. século (centena de anos) JARMILO................. milênio (milhar de anos) MEZURUNUO.......... unidade de medida MONUNUO.............. moeda (unidade monetária) A segunda maneira de formar palavras é ainda mais importante e muito mais freqüente que a primeira. Numerais combinados com unidades de tempo são um modo prático para indicar idade e duração, respondendo, por exemplo, à pergunta KIOMJARA LI ESTAS? (que idade ele tem?) e a outras do mesmo tipo. TRIJARA...................... que tem três anos, de três anos 20-JARA....................... de 20 anos 60-JARULO..................sexagenário 80-JARULO..................octogenário 100-JARULO................centenário (pessoa) 100-JARIĜO.................centenário (data) SESMONATA............... semestral (que dura seis meses) DUONJARA................. semestral (que dura meio ano) KVINMINUTA............... que dura cinco minutos TRIMONATA................ trimestral DUMONATA................. bimestral DUONMONATA........... bimensal (quinzenal, que dura meio mês) TRIETAĜA DOMO....... casa de três andares Esperanto num Relance – Sylla Chaves


32 TRIRASA LANDO........ país formado por três raças TRIDENTO................... tridente (arma com três dentes) TRIANGULO................ triângulo (polígono de três ângulos) KVINANGULO............. pentágono (polígono de cinco ângulos) KVARPIEDULO........... quadrúpede Não podemos concluir este tema de derivação sem mencionar as palavras com “prefixos” AL, EN, EL ou SUR e sufixo IĜI, pois são encontradas com muita freqüência: ALPROKSIMIĜI........................ aproximar-se ALTABLIĜI............................... sentar-se à mesa ALTERIĜI................................. aterrissar, aterrar (avião) ELKARNIĜI.............................. desencarnar ELLITIĜI................................... levantar da cama ELREVIĜI................................. desencantar-se ELŜIPIĜI................................... desembarcar (de navio) ENDORMIĜI............................. adormecer ENKARNIĜI.............................. encarnar ENLITIĜI................................... deitar na cama, acamar-se ENŜIPIĜI.................................. embarcar (em navio) SURTERIĜI.............................. = ALTERIĜI outras derivações, ainda mais freqüentes, começam com EL, SEN ou NE, usados como prefixo, e terminam com IGI, IĜI, EBLA ou INDA. Não precisam de destaque, pois se assemelham a suas traduções em português exceto pelo fato de que a escolha entre EBLA e INDA dá maior precisão ao esperanto. Vejamos alguns exemplos: ELPOŜIGI................................. tirar do bolso, desembolsar ELTERIGI.................................. desenterrar SENKAPIGI............................... decapitar SENŜELIGI............................... descascar NEFORGESEBLA.....................inesquecível NEKLARIGEBLA...................... inexplicável NESUPEREBLA....................... insuperável NEKREDEBLA..........................inacreditável, incrível NEKREDINDA...........................que não merece fé NEPARDONINDA..................... imperdoável ESPERANTO NUM RELANCE termina aqui. Com nosso RAPIDA KURSO (ou outro curso qualquer) e nosso DICIONÁRIO DO PRINCIPIANTE, o novo esperantista já pode iniciar um programa de leituras. A Cooperativa Cultural dos Esperantistas agradece ao Prof. Sylla Chaves por ter, gentilmente, permitido disponibilizar esta Edição Eletrônica na Internet:

Kultura Kooperativo de Esperantistoj www.kke.org.br

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33 NOTAS COMPLEMENTARES

SUMÁRIO Introdução

33

1. Pronuncia correta e sotaques

34

2. Apóstrofo, hífen e outros assuntos

36

3. Acusativo e predicativo

40

Desenho - LA HOMA KORPO

41

4. Palavras temáticas e nao-temáticas

42

5. Morfemas: oficialidade e frequência

45

6. Sinônimos e antônimos

47

7. Homônimos e parônimos

49

8. Falsos amigos e tradução parcial

51

9. Nomes próprios

54

10. Necessidade e suficiência

56

INTRODUÇÃO As notas gramaticais correspondentes ao RAPIDA KURSO terminaram na pagina 46, com a inclusão de três paginas resumo: 22 (conjugação), 28 (afixos) e 38 (correlativos). Leitores procedentes de outros cursos e que começam seu estudo por aqui, lucrarão dando uma olhada nessas paginas e lendo com atenção o capitulo 10, que contem temas menos aprofundados por outros autores. Nossa intenção não foi apresentar a gramática do esperanto em forma breve, porem completa. Em vez disso, preferimos apresentar, com maior profundidade, alguns tópicos em que a incompreensão costuma ser maior por parte de esperantistas brasileiros. Sylla Chaves, novembro de 1998


34 1. PRONUNCIA CORRETA E SOTAQUES Com o passar dos séculos, as línguas naturais faladas em grandes áreas foram-se decompondo em regionalismos, que depois se transformaram em dialetos e, mais tarde, em novas línguas. Isso ocorreu, por exemplo, com o latim, de que se originou nossa língua portuguesa. A diferenciação gradativa tinha de ocorrer, pois as comunicações eram dificultadas

pelas

grandes

distancias

e

pelas

barreiras

geográficas,

que

nossos

antepassados raramente transpunham. As línguas, muito mais faladas do que escritas, marchavam sempre, a passos largos, para o esfacelamento. Hoje o centrifuguismo da língua falada, das distancias e das barreiras geográficas foi superado pelo centripetismo da língua escrita e dos meios de transporte, que encurtaram distancias. E estamos vivendo numa “aldeia global”, pois a televisão por satélite tornou o mundo menor. Nele a comunidade lusófona expõe-se diariamente a uma mesma língua, assim como a francófona, a anglófona e outras. No terceiro milênio e provável que os regionalismos se aproximem gradativamente, em vez de afastar-se, como nos primeiros séculos de vida do nosso idioma. A comunicação em esperanto e mais escrita do que falada. E o nível cultural dos esperantistas e superior a media entre usuários de outros idiomas, como se depreende das razoes que levam os indivíduos a esperantizar-se. Mesmo assim, o esperanto também varia. Sotaques ocorrem, mas não dificultam a compreensão oral entre esperantistas de diversas procedências, em virtude da simplicidade fonética de nossa língua internacional. Gravações feitas em congressos permitem detectar e estudar essas variações de pronuncia. Como no uso internacional das principais línguas do mundo, percebem-se sotaques orientais e ocidentais. E também de norte-americanos, franceses, eslavos, hispânicos e outros. Em esperanto isso ocorre sem maiores percalços. As principais variações constatadas dizem respeito às vogais E e o e as consoantes L e R. A pronúncia aqui proposta para o E e o O é a hispânica, sempre fechada. É assim que os castelhanos pronunciam seu idioma. E é também assim que os luso-brasileiros aprendem o esperanto sem esforço. Mas ha, também, o sotaque centro-europeu e italiano, em que essas vogais têm som intermediário entre aberto e fechado. Pronunciando assim suas vogais e cantando um pouco suas frases, esperantistas iugoslavos e húngaros tem lindo sotaque, que muitos consideram o esperanto padrão. Mas, na boca de um brasileiro, esse sotaque soaria artificial.


35 Os russos têm 2 sons L: o “duro” (palatal) e o “mole”, (linguo-dental). É imprescindível distingui-los bem, pois há palavras que se diferenciam apenas pelo L, como >TOJI (UGOL) = ângulo; e yrOJIii (UGOLj) = carvão. O pequeno sinal após o L, que transliteramos como j, e o sinal amolecedorou MHrKHII 3I1AK. O L do inglês e duro (well, call) e o do frances e o do castelhano são moles (le mal, la belle, el sol, tal cual). Em relação ao L, o esperanto pouco sofre com o sotaque, pois ambos esses Ls divergem bastante das outras consoantes. Com o R a diferença é para nós mais fácil de reconhecer, pois em português constata-se logo a existência de três (ou quatro) Rs: o inicial rolado, o intervocálico (também rolado), e os sons guturais cariocas de RATO e MAR. Em esperanto o R rolado e o mais aconselhável, mas o gutural e também bastante usado, principalmente por franceses, alemães e mesmo alguns russos, que não conseguem libertar-se dele, qualquer que seja o idioma que falem. Por realismo, consideramos o R gutural um sotaque criticável, mas não um erro. E necessário não confundir sotaques e erros de pronuncia. O sotaque denuncia a procedência de quem o tem. O erro de pronuncia gera incompreensão. E pode produzir cacófatos ou sentido indesejado, pondo em ridículo quem comete o erro. Em relação ao nosso idioma, os sons básicos do esperanto são tão poucos, que qualquer um que se esforce e tome cuidado pode pronuncia-los bem. E e o sempre fechados, L final duro (como em inglês) e M e N finais mais nasalizados que o normal fazem parte do sotaque brasileiro em esperanto. Ajudados por nossa língua natal bastante variada, não confundimos V com B nem z com s, como alguns esperantistas de outras procedências. Para eles PESILOJ (balanças) e PEZILOJ (pesos) ou VESTAĴOJ (roupas) e BESTAĴOJ (animalidades) não tem diferença. Ha, porem, outros erros que são típicos de brasileiros desatentos, como acrescentar vogais inexistentes, dizendo es-ta-ri em vez de sta-ri e es-te-lo em vez de ste-lo. Às vezes, erros desse tipo chegam a ser ridículos, ou mesmo perigosos. Eis alguns exemplos: confundir

dizendo

em vez de

ti e ĉi

ĉi-o (tudo)

ti-o (aquilo)

di e ĝi

ĝi-ri (endossar)

di-ri (dizer)

al e aŭ

au do-ni (ou dar)

al-do-ni (acrescentar)

iu e iŭ

kiu (???)

ki-u (que, quem)

sti e es-ti

es-ti mu-lo (ser mula)

sti-mu-lo (estimulo)


36 2. APOSTROFO, HIFEN E OUTROS ASSUNTOS 1. Apostrofo e supressão de vogal Pode-se suprimir a vogal final do substantivo ou do artigo, colocando-se em seu lugar um apostrofo. Esse uso e frequente na poesia e raro na prosa. Como pode ser observado no texto do nosso RAPIDA KURSO, o apostrofo aparece nas canções a partir da lição 3. Nessa 3º canção lemos: Nun estas la hor’ por studo kaj labor’. Nesse trecho a terminação dos substantivos horo e laboro foi substituída pelo apostrofo. Em outras canções aparecem as expressões: ĉe 1’ mar’, de 1’ maristar’, de 1’ amatin’, pro 1’ senlaca laboro, tra 1’ tuta tersurfaco e outras com L’. Evidentemente, a supressão do A do artigo só e feita quando a pronuncia e possível. Nestes exemplos isso ocorre, pois as preposições usadas (terminadas em vogal) formam com o L do artigo uma única silaba, embora, graficamente, não haja união. Pronunciamos eel, dei, prol e trai, mas escrevemos ĉe 1’, de 1’, pro 1’ e tra 1’.

2. Uso do hífen na divisão de palavras Em suas LINGVAJ RESPONDOJ (respostas a questões linguísticas), Zamenhof indicou que, para quebrar uma palavra num final de linha, não existe em esperanto nada que obrigue uma divisão em vez de outra. “Ate mesmo aparteni- (na 1" linha) e s (na 2º) seria possível”. Zamenhof acrescenta, porem, que “costumamos dividi-las por suas partes gramaticais, pois cada uma corresponde a uma palavra independente”. Comparemos: • MALA-PERI, TRAN-ĈILO e ESPE-RANTO; • MAL-APERI, TRANĈ-ILO e ESPER-ANTO; • MALAP-ERI, TRA-NĈILO e ESPERA-NTO. Na primeira linha temos a divisão normal em línguas como a nossa. A divisão preferida por Zamenhof e a da segunda linha. E a da terceira não contem erro gramatical, mas fere a lógica e a estética e, por isso, e desaconselhada.


37 3. Uso de maiúsculas Em esperanto só e obrigatória a inicial maiúscula em nomes próprios. Mas também se usa no nome da nossa língua, Esperanto, para diferençar de esperanto (aquele que tem esperança ou, já em desuso, o esperantista). Ainda podemos acrescentar que Zamenhof, em suas cartas, usava também maiúsculas: • em nomes de meses: Januaro, Februaro etc; • em relação a autoridades (como Lia Moŝto); e • em relação ao destinatário da carta; por exemplo, em Kara Sinjoro, Vi ou Via Moŝto.

4. Afixos oficiais menos frequentes Na pagina 28 deste livro estão listados os 42 afixos que aparecem no RAPIDA KURSO (incluindo os 6 dos particípios e um não oficial). Da lista oficial de afixos foram omitidos os oito menos frequentes, que veremos agora: ĈJ (dim. masc. de carinho) paejo = papai EKS (que foi, EX) ek sed zo = ex-marido END (que deve ser) farenda = que deve ser feito FI (depreciativo) fihomo = patife ING (que contem em parte) kandelingo = castiçal MIS (que foi mal feito) mispaŝo = tropeço NJ (dim. fem. de carinho) panjo = mamãe VIC (que ocupa 2“ lugar) vicurbestro = vice-prefeito 5. Uso do artigo A regra geral e bem conhecida: o artigo definido e LA (invariável em gênero e numero) e o indefinido não se traduz. Em traduções bastante simples, temos: o livro la libro

a mesa la tablo

os livros la libroj

as mesas la tabloj

um livro libro

uma mesa tablo

uns livros libroj

umas mesas tabloj


38 Tudo parece simples, mas não e. E não por culpa do esperanto, mas pelas diferenças entre as línguas nacionais. Não e preciso falar nem do russo, que não tem artigo definido, nem do alemão, que tem três: ote/^masculino), die (feminino) e das (neutro). Falemos apenas do frances e do inglês. O frances só difere do português por ter artigos, no plural, iguais para os dois gêneros (ie Hvre, ies iivres, un livre, dês livres, la tabie, ies tables, une tabie, des tables). E o inglês só difere do esperanto por ter artigo indefinido singular (thebook, the books, a book, books, the tabie, the tables, a tabie, tables). Em casos especiais, essas línguas tem diferenças, v.g. em português, dizer a Maria indica familiaridade, mas em frances, dizer ia Marie indica que se trata de uma prostituta. Zamenhof deu tanta importância ao uso correto do artigo, que o colocou diversas vezes no seu EKZERCARO, inclusive no primeiro exercício, em que estão implícitas as duas principais regras do uso do artigo em esperanto: • Não se usa artigo antes de nome próprio: LA ROZO APARTENAS AL TEODORO (a rosa pertence ao Teodoro). • Não se usa artigo antes de nomes genéricos: ROZO ESTAS FLORO (a rosa e uma flor). É pena que um livro brasileiro, que transcreve o EKZERCARO, esteja ensinando mal esta 2a regra, em virtude de traduções mal feitas, como por exemplo “uma rosa e uma flor”. Quem traduz assim não sabe português ou não entendeu o texto em esperanto.

6. Pronomes pessoais Não ha nada a acrescentar sobre os pronomes da 1ª pessoa (a que fala), MI (eu) e NI (nos), pois coincidem na maioria das línguas. Ha, porém, grandes diferenças quanto a 2ª pessoa do singular (i.e. quando falamos com um só individuo). Alem de Vossa Excelência e outras formas parecidas, o português tem 3 tratamentos: o familiar (tu), o normal (você) e o mais polido (o senhor). Isso e uma peculiaridade do português. A maioria das línguas só tem dois: tu e você (tue usted, tue vous, due Sie, TI>I e l!l>l etc). Tirando fora o thou (só usado em relação a Deus), you em inglês serve para os três tratamentos. Também em esperanto escrito, Cl (tu) aparece pouco, mas continua a ser usado, principalmente quando se fala esperanto em casa. E a forma de grande deferência e VIA MOŜTO.


39 Como nas formas de grande deferência em português, MOŜTO usa-se tanto na 2,] pessoa quanto na 3', Vejamos alguns exemplos: Via Reĝa Moŝto = Vossa Majestade Lia Reĝa Moŝto = Sua Majestade Via Princa Moŝto = Vossa Alteza Lia Princa Moŝto = Sua Alteza Via Moŝto = Vossa Excelência Lia Moŝto = Sua Excelência O esperanto tem dois pronomes de 3a pessoa que inexistem em português: GI (pronome neutro) e ONI (pronome indefinido). As três maneiras mais usadas para traduzir ONI KANTAS para o português são: a gente canta, cantam e canta-se. Conforme o caso, uma das três traduções pode ser mais usada que as outras. Por exemplo: ONI DIRAS, KE dizem que ĈI TIE ONI KANTAS aqui se canta

7. Ordem das palavras e pontuação Chamamos a atenção para alguns aspectos da ordem e da pontuação em nossas leituras, que correspondem ao uso mais frequente em esperanto: 1. adjetivo antes do substantivo e advérbio antes do adjetivo e do verbo: la internada lingvo, tre facila, multe labori. 2. sujeito antes do verbo e este antes do objeto: Mi tutkore dankas vin, mi faros kelkajn demandojn. 3. pontuação semelhante a nossa, porem com vírgula separando as orações, mesmo quando a segunda e objeto direto da outra (pontuação eslava): li diris, ke li venos (ele disse que vira), mi ne scias, eu mi iros (não sei se irei).


40 3. ACUSATIVO E PREDICATIVO Usa-se o acusativo em três casos. O primeiro, apresentado nas lições 3 e 4, e o objeto direto, que e usado: • Nas saudações e outras expressões em que, ha um desejo Subentendido: saluton! dankon! bonan tagon! Feliĉan Kristnaskon! pardonon! E como se disséssemos: mi deziras al vi bonan tagon! (desejo-lhe um bom dia!) mi petas al vi pardonon! (eu lhe peco perdão!) • Nos pronomes oblíquos: Ĉu vi komprenas min? (Você me compreende?) Mi amas ŝin, sed ŝi ne amas min (Eu a amo, mas ela não me ama). • Nos objetos diretos em geral (incluindo os dois tipos anteriores): Mi atendas mian amikon (Aguardo meu amigo); mi legis bonan libron (li um bom livro). O segundo caso foi visto na lição 6. É o acusativo de direção, que se aplica a substantivos, adjetivos e advérbios: li metis sian manon en la POŜON (ele pôs a Mao no bolso); ŝi eniris en tre BELAN DOMON (ela entrou numa casa muito linda); venu ĈI TIEN (venha cá). Vejamos o terceiro caso: E o acusativo que substitui uma preposição que suprimimos. Faz alguns verbos parecerem transitivos não o sendo. Por exemplo: Ni iru LA VOJON CELITAN! (= Ni iru LAŬ LA VOJO CELITA!) (Sigamos pelo caminho escolhido!) Tiel li vivis SIAN TUTAN VIVON (=DUM SIA TUTA VIVO) (Assim viveu toda sua vida). A substituição de preposição por acusativo e frequente em datas e medidas: Venu ĉe mi la 3an de majo (= en la 3ª de majo) (Venha a minha casa no dia 3 de maio). La sako estas 20 kilogramojn peza (= estas peza je 20 kilogramoj = pezas 20 kilogramojn) = pesa 20 quilos. Não se deve abusar desse tipo de acusativo. E nunca se deve usar um verbo com dois acusativos. Tanto se pode dizer li instruas nin pri geografio quanto li instruas al ni geografion (ele nos ensina geografia), mas não se pode dizer li instruas nin geografion. Ĉiam la lupo estas la manĝanto kaj la ŝafido estas La manĝato (sempre o lobo e que come e o cordeiro e que e comido). La lupo manĝas la ŝafidon = la safidon mangas la lupo. O nt do particípio indica aquele que pratica a ação. E o n do acusativo mostra aquele que a recebe. A ordem das palavras pouco importa em esperanto. Mas em português, que só tem acusativo nos pronomes, ela e essencial. Os verbos transitivos (= que pedem objeto direto) funcionam como uma seta, que leva a ação do sujeito ao objeto. Assim, manĝas: manĝanto naskis:

patrino

->

manĝaĵoN

->

filoN


41 Verbos transitivos não devem ser confundidos com verbos de ligação, como esti (ser), ŝajni (parecer) e fariĝi (tornar-se), que pedem PREDICATIVO. A relação sujeito predicativo (substantivo ou adjetivo) funciona como um sinal =. Temos, assim, la hundo ŝajnas malsata e la serĝentoj fariĝis koloneloj, com as seguintes igualdades: ŝajnas: la hundo = malsata farigis: la sergentoj = koloneloj Alem

do

PREDICATIVO

DO

SUJEITO,

que

acabamos

PREDICATIVO DO OBJETO: mi vidis lin malsana

eu O vi doente

amo faros vin libera

o amor o fará livre

Essas afirmações também correspondem a igualdades: mi vidis: lin (ke li estas) = malsana amo faros: vin (ke vi estu) = libera

LA HOMA KORPO

de

ver,

ha

também

O


42 4. PALAVRAS TEMATICAS E NAO-TEMATICAS Em qualquer idioma as palavras podem ser temáticas e não-temáticas (TEMAJ KAJ NETEMAJ VORTOJ). Palavras como KRUCO (cruz), PREĜI (rezar), BIBLIO (Bíblia) e KORANO (alcorão) mostram que o tema com elas tratado e RELIGIO (religião). Palavras como PAPERO (papel), PLUMO (caneta), p o ŝ t m a r k o (selo) e l e t e r o (carta) mostram que nosso tema e KORESPONDADO (correspondência). Assim também ocorre com nomes de frutos, como CITRONO (limão), ĈERIZO (cereja) e SUKERPOMO (fruta do conde); ou de partes do corpo, como KORO (coração), PULMO (pulmão), e STOMAKO (estomago). Poderíamos enumerar aqui muitíssimos temas, como os das listas abaixo, que facilmente duplicaríamos ou triplicaríamos. Palavras não temáticas são, por exemplo, a maioria dos monossílabos, como KAJ, SED, PRI e KVAR; e ate mesmo substantivos, adjetivos e verbos, como PARTO, TUTA e ESTI que, por não se prenderem a nenhum tema, relacionam-se simultaneamente com todos eles. Em qualquer língua as palavras mais frequentes são as não temáticas. As temáticas são não só menos frequentes, mas também muito mais numerosas. Com algumas centenas aprendemos o essencial das não temáticas. Para conhecer o essencial das temáticas precisamos de pelo menos alguns milhares. Nosso curso rápido ensina um bom numero de palavras não temáticas. BESTOJ

= animais

BIRDO

= ave

BOVO

= boi

ĈEVALO

= cavalo

FIŜO

= peixe

HUNDO

= cachorro

KATO

= gato

ŜAFO

= carneiro

HOMA KORPO

= corpo humano

BRAKO

= braco

BRUSTO

= peito, torax

FINGRO

= dedo

KRURO

= perna

MANO

= Mao

PIEDO

= pé

VENTRO

= barriga


43 KAPO

= cabeça

BUŜO

= boca

FRUNTO

= testa

HAROJ

= cabelos

LIPOJ

= lábios

OKULOJ

= olhos

ORELOJ

= orelhas

VANGOJ

= bochechas

FRUKTOJ

= frutos

ANANASO

= abacaxi

BANANO

= banana

FRAGO

= morango

ORANGO

= laranja

PIRO

= pera

POMO

= maca

VINBEROJ

= uvas

ILOJ

= instrumentos

KRAJONO

= lápis

OKULVITROJ

= óculos

AVIADILO

= avião

FLUGILO

= asa

LEVILO

= alavanca

TRANĈILO

= faca

VENTUMILO

= leque

KONGRESO

= congresso

AKCEPTEJO

= recepção

KOMITATO

= comitê

KUNSIDO

= reunião

SIDEJO

= sede

ALIGI

= aderir

PROPONI

= propor

VOĈDONI

= votar


44 PROFESIOJ

= profissões

DENTISTO

= dentista

HORLOGISTO

= relojoeiro

MARISTO

= marinheiro

MAŜINISTO

= maquinista

SOLDATO

= soldado

TRADUKISTO

= tradutor

VERKISTO

= escritor

MOVOJ (movimentos):

= movimentos

FLUGI

= voar

FORKURI

= fugir

LEVIĜI

= erguer-se

PIEDIRI

= caminhar

PROMENI

= passear

RAJDI

= cavalgar

SUPRENIRI

= subir

As palavras temáticas podem ser gerais, especificas e especializadas. Geral e, por exemplo, barriga; especifica e, por exemplo, estomago; especializada e, por exemplo, duodeno. Palavras gerais temáticas são quase tão usadas quanto as não temáticas. As especificas são menos frequentes. As especializadas, ainda menos. E os termos técnicos requerem não só um tema especifico, mas também que o comunicador e o destinatário o conheçam bem. Por exemplo, diverticulite. Ou ainda: Palavras gerais: animal, mobília, homem, lado. especificas: cachorro, poltrona, medico, norte especializadas: mastim, estofado, oculista, latitude, técnicas: cinomose, esgarçar, miopia, sextante. As palavras acima tem pouca tecnicidade. Seus temas comportam outras bem mais técnicas. Mas seria absurdo usa-las aqui, pois, provavelmente, nem eu nem o leitor saberíamos o que significam. Nosso enriquecimento vocabular tem dois limites: o da nossa capacidade linguística e o da nossa iniciação em cada uma das centenas de especializações que o mundo moderno nos oferece.


45 Um bom esquema de enriquecimento vocabular deve dar prioridade máxima as palavras não temáticas e prosseguir, gradativamente das palavras gerais as especializadas. Os dicionários populares lucrariam sendo escoimados de termos técnicos ou demasiado especializados, que em suas paginas são simples balasto (= peso inútil). Esses termos só são uteis nos fakvortaroj (dicionários técnicos) a que pertencem. A leitura fluente de livros não técnicos exige pleno domínio das palavras não temáticas e das palavras gerais e especificas dos vários temas que esses livros possam conter.

5. MORFEMAS: OFICIALIDADE E FREQUENCIA O NOVO DICIONARIO BASICO DA LINGUA PORTUGUESA de Aurélio Buarque de Holanda assim define MORFEMA: “elemento que confere o aspecto gramatical ao semantema, relacionando-o na oração e delimitando a função e significado". Simplificando e adaptando essa definição a nossas necessidades, podemos dizer que MORFEMOJ ou VORTELEMENTOJ (elementos vocabulares) são, em esperanto, elementos que existem como palavras simples ou que se combinam com outros morfemas para formar palavras. Há quatro tipos de morfemas em esperanto: 1. as onze terminações especificadas por Zamenhof: A, E, I, o, u, AS, is, os, us, J e N; 2. os afixos: AR, IN, MAL, RE, UL etc; 3.palavras usadas geralmente sem terminação, como advérbios primitivos, preposições, conjunções e pronomes: AL, DU, KAJ, LA, Ml, NUN, VE etc; 4. raízes, que requerem uma terminação: AMIK, INFAN, KOR, BEL, BON, KUR, FLUG etc; de acordo com seu sentido básico e com a terminação que mais se ajusta a elas, podem ser substantivas, adjetivas e verbais; assim, AMIK, INFAN e KOR são raízes substantivas; BEL e BON são adjetivas; e KUR e f l u g são verbais. É claro que o assunto aqui esta simplificado. Refere-se ao primeiro contacto com a língua, com frases como LA BELA INFANO REVENAS EL LA ARBARO KUN LA PATRINO. Entretanto, em nosso Curso Rápido, já vimos ser usual mudar as terminações das palavras, empregar preposições como prefixos e efetuar muitas outras transformações possibilitadas por nossa língua extremamente maleável. PERANTO, ILUJO, ETBURĜO, NOKTABRUNO etc são variações em torno da classificação básica acima. Em esperanto ha morfemas oficiais e não oficiais. Os oficiais são de dois tipos:


46 1. FUNDAMENTAJ (fundamentais) - São os que aparecem no FUNDAMENTO DE ESPERANTO (Fundamento do Esperanto), produzido por Zamenhof e formado de três partes: FUNDAMENTA GRAMATIKO (Gramática Fundamental), EKZERCARO (Coleção de Exercícios) e UNIVERSALA VORTARO (Dicionário Universal). Morfemas usados em outras obras de Zamenhof, mas não nessas, não são FUNDAMENTAJ. 2. OFICIALIGITAJ (oficializados) - São aqueles que o LINGVA KOMITATO (Comitê Linguístico)

e,

posteriormente,

a

AKADEMIO

DE

ESPERANTO

aprovaram

e

acrescentaram ao UNIVERSALO VORTARO. A Academia de Esperanto e constituída por 45 membros eleitos para períodos de nove anos. As eleições ocorrem de 3 em 3 anos, elegendo-se ou reelegendo-se 15 membros. Cabe a ela zelar pela homogeneidade da língua e por sua fidelidade ao Fundamento. Hoje ha um pouco menos de cinco mil morfemas oficiais em esperanto. Alem das palavras oficiais, todos os grandes dicionários registram milhares de palavras não oficiais, que eventualmente aparecem na literatura e na conversação. Evidentemente, as mais frequentes são todas oficiais. Na década de 70 a Academia publicou uma lista de cerca de 2.500 morfemas oficiais básicos (BAZA RADIKARO OFICIALA), baseando-se nas listas de frequência e facilidade ate então publicadas. Apresentou nove grupos de morfemas, dos mais frequentes aos menos frequentes. Todos seus morfemas são oficiais. Nos grupos de maior frequência só ha morfemas não temáticos e alguns morfemas temáticos bastante gerais. As principais listas de facilidade e frequência surgidas depois do BRO são: 1. Lista da revista KONTAKTO - Resulta de consulta a escritores e pedagogos. Consiste em 520 morfemas considerados facílimos e mais 480 considerados fáceis. 2. Lista do Serviço Cultural Internacional de ZAGREB — Resulta de uma amostra do esperanto oral, registrada em fita em alguns congressos e ordenada por computador, em frequência decrescente. Contem cerca de 1200 morfemas, dos quais os primeiros 500 tem validade estatística incontestável. Os 700 outros, entretanto, são menos confiáveis devido a pequenez da amostra. Analise meticulosa dessas listas (cujo valor conjunto e superior ao valor isolado de qualquer delas) possibilitou-nos elaborar uma lista única, que denominamos KVIN-ŜTUPA MORFEMARO (lista de morfemas em cinco degraus). Compõe-se de 5 grupos de 700 morfemas. Essa lista já foi divulgada e serviu de base para a elaboração de nosso RAPIDA KURSO, de nossas leituras fáceis e de um dicionário que estamos finalizando.


47 6. SINONIMOS E ANTONIMOS 1. Sinônimos perfeitos e imperfeitos Sinônimos perfeitos tem significado idêntico. Sinônimos imperfeitos diferenciam-se por algumas nuances. São exemplos de sinônimos imperfeitos: afabla e ĝentila

nombro e numero

ŝipano e maristo

murdi e mortigi

sego e sidloko

klubo e asocio

revo e sonĝo

frapi e bati

prelego e parolado

ami e ŝati

plago e marbordo

trovi e renkonti

E são exemplos de sinônimos (quase) perfeitos: auroro e sunlevigo

lanta e malrapida

trajno e vagonaro

gusta e senerara

stumbli e mispaŝi

febla e malforta

povi e kapabli

ĉefe e precipe

mapo e landkarto

buso e aŭtobuso

lazuro e ĉielbluo

trista e malgaja

Aere = aer/poŝte (por via aérea), est/onto = est/ont/eco (futuro) e fiŝ/isto = fiŝ/kapt/isto (pescador) são variações da mesma palavra, e não sinônimos, como veremos ao tratar de necessidade e suficiência. Alguns neologismos substituem arcaísmos. Outros morrem ao nascer. No futebol brasileiro, a palavra “balipodo" morreu logo, mas “zagueiro"

firmou-se,

expulsando

“beque”.

E

“corner”

vai-se

transformando

em

“escanteio”. Em esperanto, “milênios” deixaram de ser miljaroj (como em LA ESPERO) e hoje são, com mais lógica, jarmiloj. Alguns sinônimos resultam de derivações mais ou menos equivalentes, como nos exemplos abaixo: ALI/LANDA e EKSTER/LANDA = estrangeiro AL/PRUNTI e PRUNTE/DONI = emprestar ANTAŬ/URBO e ĈIRKAŬ/URBO = subúrbio EK/SIDI e SID/IĜI = sentar-se NE/UTILA e SEN/UTILA = inútil STAR/PUNKTO e VID/PUNKTO = ponto de vista


48 “Para cada palavra, um só sentido; para cada sentido, uma só palavra” - querem alguns esperantistas. Isso é não só inatingível, mas também inumano e, consequentemente, inadequado. A explosão do conhecimento produziu centenas de milhares de “significados” que, ao transformar-se em verbetes, engordaram desmesuradamente os dicionários das línguas nacionais. Se em esperanto tivéssemos para cada sentido uma só palavra, nossos dicionários teriam, facilmente, centenas de milhares de palavras, como já tem algumas línguas nacionais. E quem quer isso? Sobre todas as línguas vivas atua a lei do menor esforço (ou lei de Zipf), que faz com que as palavras muito usadas tornem-se mais curtas, muitas vezes continuando a ser usada a palavra maior de que a menor se originou. Temos, assim, em português, “foto”, “carro”, “TV” e muitas mais, em paralelo com “fotografia”, “automóvel”, “televisão” etc. Em esperanto já foi oficializada a palavra aŭto = automobilo. Mas ainda aguardam oficialização outras bastante usadas, como buso = aŭtobuso, foti = fotografi, komenti = komentarii e muitas outras. Pares de sinônimos tem surgido, geralmente, com uma ou mais das seguintes características: 1. uma palavra longa e outra curta; 2. uma derivação do esperanto e uma palavra importada; 3. uma palavra mais poética e outra mais prosaica; 4. uma de sentido amplo e outra de sentido restrito. Antes de encerrar nosso estudo de sinônimos devemos afirmar que os sinônimos perfeitos nasceram com o esperanto. Talvez Zamenhof desejasse provar que a nossa língua internacional e uma língua humana, e não uma língua matemática ou de computador, No próprio Fundamento de Esperanto, estão as palavras: PANTERO e LEOPARDO, que existem em quase todas as línguas ocidentais. E sabemos que, assim como “burro” e “jumento", essas duas palavras designam um único animal, o Fe.spardusou Panthera pardus, animal africano semelhante a nossa onça (JAGUARO) e podendo, como esta, ter a pele pintada ou negra. 2. Antônimos Ilustremos a problemática dos antônimos em esperanto com três tipos de exemplos. Primeiro, aqueles que, tanto em esperanto quanto em português, são palavras simples, como comprar e vender, antes e depois, tudo e nada, começo e fim, guerra e paz, primeiro e ultimo: aĉeti kaj vendi

milito kaj paco

komenco kaj fino

cio kaj nenio

antaue kaj poste

unua kaj lasta


49 Num segundo grupo estão afixos (e outras palavras usadas como afixos) que formam antônimos: ĉeesti kaj foresti

utila kaj senutila

laŭleĝa kaj kontraŭleĝa

enterigi kaj elterigi

eniri kaj eliri

videbla kaj nevidebla

Num terceiro e ultimo grupo temos antônimos formados com o prefixo mal e, entre parênteses, sinônimos desse antônimo (a maioria, neologismos): forta malforta (febla)

proksima

malproksima (fora)

juna

maljuna

(olda)

granda

malgranda

(eta)

gaja

malgaja

(trista)

rapida

malrapida

(lanta)

7. HOMONIMOS E PARONIMOS 1. Parônimos (palavras semelhantes) a) semelhança casual (palavras sem correlação semântica) ATENDI (aguardar) e

ATENTI (prestar atenção)

EDZO (marido) e

ECO (qualidade)

MARDO (3a feira) e

MARTO (marco)

PASI (passar) e

PAŜI (dar passos)

POSTE (depois) e

POŜTE (pelo correio)

REGI (governar) e

REĜI (reinar)

STELO (estrela) e

ŜTELO (roubo)

b) semelhança intencional (palavras com sentido e forma correlacionados) AERI (inflar) e

AERUMI (arejar)

BRULO (queima) e

BRULUMO (inflamação)

GUSTA (exato) e

JUSTA (justo)

KIEL (como) e

TIEL (assim)

MALVARMO (frio) e

MALVARMUMO (resfriado)

PATRO (pai) e

BOPATRO (sogro)

PLENIGI (encher) e

PLENUMI (executar)

Uma língua planejada, como o esperanto, tem mais palavras com correlação forma-sentido do que a nossa. Ha, nesses casos, uma semelhança planejada, como observamos acima.


50 Isso ocorre com a tabela de correlativos, com afixos como UMO e com certas raízes cuja semelhança também ocorre para facilitar a memorização. Se, nas línguas planejadas, os parônimos são frequentemente intencionais, o mesmo não ocorre com os homônimos, pois o planejamento procura evita-los, em virtude da confusão que podem causar. Em esperanto ha menos homônimos do que em português, mas ha alguns. Uns intencionais e outros casuais. Houve intencionalidade quando uma moeda foi chamada “lira”, outra “sol”, outra “cruzeiro” e outra “cruzado”. E também quando um mês recebeu o nome do imperador Augusto e outro o de Julio Cesar. Em português, os meses são “julho” e “agosto”, e os imperadores, “Julio” e “Augusto”. Em esperanto, sem nenhuma preocupação do seu criador em diferençar o que nasceu igual, tanto os meses quanto os imperadores são JULIO e AUGUSTO. Da mesma forma, em todas as línguas, ha pares de homônimos em que um deles e nome próprio. Em português, existem a cor branca e a Dona Branca, o sangue vermelho e o Mar Vermelho, e Isso também ocorre em esperanto, com a mesma intencionalidade: sinjorino Blanka e Ruga Maro. Caso diferente e o de um pais Cuba, que não tem a forma de uma cuba, ou de um senhor Caio, que não cai. Em esperanto isso também ocorre. Mas não ha mai nenhum em que o pais Kubo (Cuba) não tenha a forma de um kubo (cubo). Nem que o poeta esperantista Reto Rossetti não faca parte de nenhuma reto (rede), como por exemplo a Interreto (Internet). Todas as Natalinas que conheço nasceram em dia de natal, mas pouquíssimas Martas nasceram em marco. E dai? Vejamos, agora, pares de homônimos em que pelo menos um deles e palavra derivada: AL/TIRI (atrair)

ALT/IRI (ir alto)

PILM/ILO (filmadora)

FIL/MILO (mil filhos)

HELP/INTA (que ajudou)

HEL/PINTA (de ponta clara)

KOLEGO (colega)

KOL/EGO (pescoço comprido)

KURAGO (coragem)

KUR/AĜO (idade de correr)

OKULO (olho)

OK/ULO (pessoa de numero 8)

SENT/EMA (sensível)

SEM-TEMA (sem tema)


51 3. Trocadilhos e cacófatos A existência de homônimos e parônimos facilita a feitura de trocadilhos e o aparecimento de cacófatos. O trocadilho e intencional e, geralmente, engraçado. Por exemplo, consta que uma girafa nunca anda sozinha, pois esta sempre KUN SIA KOLEGO. O cacófato e também, de certa forma, um jogo de palavras, um duplo sentido, produzido por alguma junção inadequada de palavras, como por exemplo “a boca dela”. Em esperanto também ha fi-vortoj (nomes feios), que podem aparecer em junções de palavras ou em palavras compostas formando cacófatos, que ferem os ouvidos dos veteranos. Mas o principiante fere-se mais facilmente, com palavras que soam mal em sua língua nacional, como por exemplo, no caso de brasileiros, “pescoço” em frances, “dia de pagamento” em inglês e “poco" em esperanto. Ao verdadeiro bilíngue essas palavras já não ferem, pois, ao falar uma língua, ele se desliga da outra. E podemos acrescentar que, geralmente, a beleza ou feiura de uma palavra não esta nela mesma, mas sim na boca de quem a usa, nos olhos de quem a vê e nos ouvidos de quem a escuta. Podemos concluir este tema assegurando que o esperanto e uma língua rica em trocadilhos, mas clara e precisa. Basta usar hífens e barras para que ate o computador possa traduzir do esperanto sem equívocos.

8. FALSOS AMIGOS E TRADUCAO PARCIAL 1. FALSOS AMIGOS Se comparamos uma língua com outra semelhante, encontramos sempre alguma palavra que parece uma coisa e é outra muito diferente. Ela e um “falso amigo”. Falsos amigos de um brasileiro são, por exemplo, brincar em espanhol, iibrary em inglês e jum ent em frances. A tradução espanhola do português “brincar" e jugar, e brincar em espanhol e “dar saltos”. A tradução inglesa de “livraria” e bookshop, e iibrary em inglês e “biblioteca”. A tradução francesa de “jumento” e .ne, e jum ent em frances e “egua”. O esperanto, que não se atrela a nenhuma língua nacional, tem falsos amigos em relação a cada uma delas. Vejamos alguns que nos interessam. Não e preciso dizer que FINO não e fino, MANKO não e manco, MOLA não e mola e MULTA não e multa, pois basta conhecer as terminações em esperanto para perceber que essas traduções são absurdas. E também não e preciso mencionar palavras aprendidas em curso elementar, pois qualquer principiante sabe que BUŜO, FALI, PANO e PRETA nada tem a ver com “bucho”, “falar”, “pano” e “preto”, mas sim com “boca”, “cair”, “pão” e “pronto”.


52 Falsos amigos são palavras um pouco menos frequentes, que atrapalham os desatentos que se recusam a consultar dicionários. A derivação em esperanto já permite perceber que FIŜARO (FIŜ/ARO) e cardume e não fichário, que PASEJO (PAS/EJO) e passagem e não passeio e que SUBIRI (SUB/IRI) e descer e não subir. O problema e mais serio com raízes que são falsos amigos, como por exemplo: FRAKASI (despedaçar)

e fracassar (MALSUKCESI)

KOKO (galo)

e coco (KOKOSO)

KURI (correr)

e curar (KURACI)

MILIO (alpiste)

e milho (MAIZO)

OMBRO (sombra)

e ombro (ŜULTRO)

PINTO (ponta)

e pinto (KOKIDETO)

POLO (polonês)

e polo (POLUSO)

PUŜI (empurrar)

e puxar (TIRI)

REKLAMI (anunciar)

e reclamar (PLENDI)

RIMEDO (meio)

e remédio (KURACILO)

SAPO (sabão)

e sapo (BUFO)

SINO (seio)

e sino (SONORILO)

2. TRADUCAO PARCIAL Quase todas as palavras mais usadas em uma língua tem diversos sentidos. E, também com frequência, a correspondência dessas palavras nas diversas línguas e apenas parcial. Em português a palavra “lar” e pouco usada. Por isso, constrói-se uma “casa” e, depois, vai-se “para casa”. Em inglês e esperanto ha muita diferença entre “casa” (house, domo ) e “lar” {home, hejmo ). Diz-se: / build a house, Ml KONSTRUAS DOMON (construo uma casa) e / go home, MI IRAS HEJMEN (vou para casa). Por conseguinte, o brasileiro só pode traduzir “casa” para o inglês e o esperanto depois de ter aprendido as palavras house, home, DOMO e HEJMO. No RAPIDA KURSO vimos, também, as diferenças entre nombro e numero, atendi e esperi e klara e hela. Vejamos, agora, casos em que o esperanto tem dupla tradução das nossas palavras por causa da maior precisão de seus afixos ou das suas palavras compostas:


53 1. Traduções diversas com a mesma raiz

Centenário Corte Escada Juventude Passeio Pais Porto

= CENT/JAR/IGO (centésimo aniversario) = CENT/JAR/ULO (pessoa de cem anos) = KORT/EGO (corte real) = KORT/UMO (corte de justiça) = ŜTUP/ARO (escada de casa) = ŜTUP/ET/ARO (escada portátil) = JUN/ECO (qualidade de quem e jovem) = JUN/UL/ARO (conjunto de jovens) = PROMEN/ADO (ato de passear) = PROMEN/EJO (lugar de passear) = PATROJ (só pais) = GE/ PATROJ (pai e mãe ou pais e mães) = HAVENO (instalações portuárias) = HAVEN/URBO (cidade portuária)

2. Traduções com raízes diferentes

Costume Curioso Ordenar Palavra Partir Passagem Pena Popular

= = = = = = = = = = = = = = = =

KOSTUMO (traje) KUTIMO (habito) KURIOZA (singular, estranho) SCI/VOLA (que quer saber) ORD/IGI (por em ordem) ORDONI (dar ordem, mandar) VORTO (vocábulo) PAROLO (fala, ato de falar) FOR / IRI (ir embora) ROMPI (quebrar) PAS/EJO (lugar de passar) VOJAĜ / BILETO (bilhete de viagem) PLUMO (pena de ave, caneta) KOMPATO (compaixão) POPOLA (do povo) POPULARA (que goza de popularidade)


54 9. NOMES PROPRIOS A regra mais geral para nomes próprios de pessoas ou geográficos, em qualquer idioma, e que só se traduzem excepcionalmente. A exceção fica apenas com os lugares mais relevantes da geografia física ou política e os nomes de pessoas mais frequentes. Mesmo esses, as vezes, também não se traduzem. Dois exemplos são suficientes: 1. A capital da maior potencia deste fim de século não se traduz em português: Washington. E por que? Porque Uoxintom (talvez já experimentada), seria uma tradução esdrúxula, de mau gosto. 2. O nome próprio mais frequente em português talvez seja Joao. Mesmo assim, o Brasil esta cheio de juiz com outros nomes, tais como Ivan, Iane, Giovane, que são algumas maneiras de dizer Joao em outras línguas. E por que não foram traduzidos? Muito simples: Em nosso pais democrático nenhuma lei proíbe que junto ao Joao brasileiro haja também um Ivan, que e o Joao russo, ou um Giovane, que é o Joao italiano. A escolha e feita pelos pais de cada um, como é seu direito. No esperanto a liberdade também existe. Vejamos alguns nomes de pessoas en esperanto: ALEKSANDRO = Alexandre MARGARETA = Margarida ANTONO = Antonio MARIA = Maria ELIZABETA = Isabel MARTA = Marta GEORGO = Jorge PAŬLO = Paulo JESAJA = Isaias PETRO = Pedro JOŜIKO = Yoshiko RITA = Rita LUDOVIKO = Luiz TEODORO = Teodoro Os nomes traduzidos para o esperanto, se masculinos, costumam ter a terminação O do substantivo, como JOHANO (Joao) e PAŬLO (Paulo). Os nomes femininos, de inicio, também costumavam receber o O dos substantivos e, frequentemente, o sufixo INO: JOHANINO (Joana), LUDOVIKINO (Luiza) etc. Zamenhof já havia usado, paralelamente, a terminação A: MARTA (Marta). E essa forma tornou-se a preferida, tanto na literatura quanto na conversação. No inicio, era comum dizer-se MARIO (Maria) e MARGARETO (Margarida), mas hoje prefere-se dizer MARIA e MARGARETA. E ha também quem diga JOHANA, em vez de JOHANINO. Permanece, porem, a terminação O em nomes de japonesas, como JOŜIKO (Yoshiko), já que essa forma melhor reproduz o original. E ha, também, nomes masculinos terminados em A, como JESAJA (Isaias).


55 Para nomes geográficos, alem da não-tradução, ha uma outra regra: de cada lugar, com nome próprio ou comum, forma-se o nome do seu habitante, com o sufixo ANO. Essa regra aplica-se a todo tipo de lugar (continentes, países, cidades, montanhas etc). Assim, temos: AMERIKO (America)

AMERIKANO (americano)

EŬROPO (Europa)

EŬROPANO (europeu)

BRAZILO (Brasil)

BRAZILANO (brasileiro)

ISRAELO (Israel)

ISRAELANO (israelense)

SUDAFRIKO (África do Sul)

SUDAFRIKANO (sulafricano)

USONO (Estados Unidos)

USONANO (estadunidense)

AMAZONO (Amazonas)

AMAZONANO (amazonense)

BONAERO (Buenos Aires)

BONAERANO (portenho)

LONDONO (Londres)

LONDONANO (londrino)

PARIZO (Paris)

PARIZANO (parisiense)

INSULO (ilha)

INSULANO (ilheu, insulano)

MONTARO (montanha)

MONTARANO (montanhês)

Ha, ainda, uma segunda regra, que se aplica unicamente a povos antigos, do Velho Mundo: Do nome do povo, forma-se o do pais ou região que ele habita. ARABOJ (árabes)

ARABIO (Arábia)

ĈINOJ (chineses)

ĈINIO (China)

FRANCOJ (franceses)

FRANCIO (Franca)

GERMANOJ (alemães)

GERMANIO (Alemanha)

HISPANOJ (espanhóis)

HISPANIO (Espanha)

ITALOJ (italianos)

ITALIO (Itália)

KATALUNOJ (catalães)

KATALUNIO (Catalunha)

JAPANOJ (japoneses)

JAPANIO (Japão)

RUSOJ (russos)

RUSIO (Rússia)

POLOJ (poloneses)

POLIO ou POLLANDO (Polônia)

Ha povos que não tem pais, que tem parte de um, ou que tem diversos: CIGANOJ (ciganos), JUDOJ (judeus), ARABOJ (árabes). KATALUNIO (Catalunha) e parte da Espanha, em que HISPANOJ (espanhóis) não são um povo, mas um conjunto deles. ARABIO (Arábia) e uma região em que ha muitos países. Árabes e Judeus estão espalhados pelo mundo. E, na região em que convivem, os nomes PALESTINO (Palestina) e ISRAELO (Israel) referem-se a terras e não a povos. Os habitantes dessas terras são PALESTINANOJ (palestinos) e ISRAELANOJ (israelenses).


56 Falemos, agora, de outros nomes próprios e seus derivados. De

ESPERANTO

temos,

por

exemplo,

ESPERANTAĴOJ,

ESPERANTISTARO

e

ESPERANTUJO. OU ESPERANTIO. De KRISTO, temos KRISTANO e KRISTANISMO. E, mesmo sem traduzir o sobrenome ZAMENHOF, podemos dele formar derivados e dizer, por

exemplo:

KELKAJ

NOVAJ

ESPERANTAĴOJ

PREZENTAS

GRANDAN

ZAMENHOFECON.

10. NECESSIDADE E SUFICIENCIA Dicionários e livros didáticos costumam colocar um ou mais elementos de palavras derivadas entre parênteses: AKV (UM) ILO

i.e.

AKVUMILO = AKVILO

FIŜ (KAPT) I

i.e.

FIŜKAPTI = FIŜI

KOK (IN) EJO

i.e.

KOKINEJO = KOKEJO

Temos ai variantes de uma mesma palavra, em que o elemento entre parênteses e supérfluo. Sem ele, a palavra torna-se mais leve, segundo o principio da necessidade e suficiência: “para transmitir uma ideia precisamos de todos os elementos necessários, mas apenas o suficiente para que a ideia fique clara”. Vejamos mais alguns exemplos: ESTONTO= ESTONTECO KARINO = KARULINO

KONATO = KONATULO KORE = TUTKORE

Nos exemplos acima, vemos a possibilidade de suprimir alguns sufixos, e mesmo algumas raízes. Na verdade todo elemento vocabular pode ser necessário ou não, conforme os outros que o acompanham e conforme a frase em que esta. Vejamos, em detalhe, o sufixo AD. AD transforma um substantivo que designa coisa concreta em outro que indica ação. Por exemplo: BROSO (escova)

BROSADO (escovadela)

MARTELO (martelo)

MARTELADO (martelada)

ĜARDENO (jardim)

ĜARDENADO (jardinagem)

As raízes substantivas o sufixo AD empresta a ideia de ação. Mas em raízes verbais a ação esta implícita. Assim: FLUGO = FLUGADO IRO = IRADO

KURO = KURADO LABORO = LABORADO


57 Com essas raízes o sufixo AD costuma servir apenas para enfatizar a continuidade ou a repetição da ação, o que e, geralmente, supérfluo. Entretanto, a certas raízes o sufixo AD da um sentido bem diferente da ação simples: paroli (falar)

la parolo (a fala)

la parolado (o discurso)

pafi (atirar)

pafo (tiro)

pafado (tiroteio);

Com outras raízes verbais, o sufixo e importante para diferenciar ação (sufixo AD) e coisa concreta (sufixo AĴ): aĉetado compra (ação)

aĉetaĵo compra (coisa)

kantado ato de cantar

kantajo canto, cancao

mangado comida (ação)

manĝaĵo o que se come

skribado ato de escrever

skribajo texto escrito

Em cada par acima a diferença e enorme, mas, mesmo assim, em muitos casos o sufixo e supérfluo, pois a frase mostra claramente o sentido de cada palavra: Jen mono por via aĉeto = aĉetado La kanto de la birdoj vekis min = kantado Li alportis sian hodiaŭan manĝon = manĝaĵon Ne parolu dum la manĝo = manĝado Lia skribo estas plena je eraroj = skribaĵo Ŝia skribo estas tre rapida = skribado Os sufixos aqui retirados eram supérfluos. E como AD, há muitos outros afixos dispensáveis, seja por não trazerem ideia nova, seja por essa ideia ser irrelevante: EC

dormem (ec) o

—>

dormemo sono

EM

drink (em) ulo

—>

drinkulo bêbado

GE

(ge) junularo

—>

junularo juventude

UL

nekonat (ul) o

—>

nekonato desconhecido

AD, EC, GE e UL são afixos frequentemente retirados, por desnecessários. Ha, porem quem veja diferenças entre raízes adjetivas com ou sem ECO, tais como: BONO = o bem

BONECO = a bondade

BELO = o belo

BELECO = a beleza


58 Com frequência essa nuance é irrelevante, e o texto lucra com a retirada do ECO, v.g.: MALGAJO (tristeza), MALGRANDO (pequenez) etc. Não se pode, porem, esquecer que ECO e ECA são sempre indispensáveis com raízes substantivas, para diferençar, por exemplo: BESTO (animal)

e

BESTECO (bestialidade)

FRAŬLO (solteiro)

e

FRAŬLECO (celibato)

PERSONO (pessoa)

e

PERSONECO (personalidade)

REGULO (regra)

e

REGULECO (regularidade)

BESTA (de animal)

e

BESTECA (animalesco)

SILKA (de seda)

e

SILKECA (sedoso)

GLUA (colante)

e

GLUECA (pegajoso)

DANTA (de Dante)

e

DANTECA (dantesco)

VIRA (masculino)

e

VIRECA (másculo)

A linguagem da poesia é mais concisa que a da prosa, e nela a leveza da frase e mais importante. Por isso suprime-se frequentemente o UL de ULINO na poesia, e quase nunca na prosa. Por exemplo: belulino —> belino

karulino —> karino

junulino —> junino

virgulino —> virgino

Pelo caráter humano do esperanto, não ha rigor no uso dos seus afixos. Vejamos o sufixo AĴO. Segundo a regra, formamos o nome da carne de um animal a partir do nome desse animal. Kokidaĵo e carne de frango; bovajo, de vaca; e safaĵo, de ovelha. E de burro? E de porco? A influencia das línguas nacionais sobre o esperanto fez com que azenajo signifique burrice e carne de burro seja só azena viando. Mas, por discordância entre as línguas nacionais, porkaĵo é carne de porco. E porcaria é malpur(eg)aĵo. De acordo com o principio da necessidade e suficiência, não apenas os afixos devem ser suprimidos quando supérfluos, mas também raízes, como as abaixo: DENT (KURAC) ISTO

->

DENTISTO (dentista)

ŜU (FAR) ISTO

->

ŜUISTO (sapateiro)

FIŜ (KAPT) ISTO

->

FIŜISTO (pescador)

MAM (SUĈ) I

->

MAMI (mamar)


59 É preciso, porem, que a supressão da raiz não traga confusão. Por exemplo, entre fiŝkaptisto (pescador) e fiŝvendisto (peixeiro). Pode ser a mesma pessoa com as duas atividades, e pode não ser. E o contexto pode mostrar claramente de qual dos dois estamos falando. Ou talvez não. Devemos, então, agir com nosso bom senso. E podemos também optar pelo uso mais frequente: LIBREJO (= BIBLIOTEKO)

biblioteca

LIBROVENDEJO

livraria

ĈEVALEJO

estrebaria, cavalariça

ĈEVALKUREJO

hipódromo.

Nestas notas complementares não foi nossa intenção esgotar nenhum assunto, mas sim facilitar a iniciação na leitura em esperanto, permitindo que o leitor entenda com precisão o que lê e saboreie as qualidades de estilo dos autores ou tradutores dos textos apresentados. E, evidentemente, esperamos também ter deixado clara a necessidade de, com um ou mais dicionários, buscar o sentido exato das palavras que apareçam por primeira vez.


60

O ESPERANTO NUM RELANCE contem notas gramaticais divididas em duas partes diversas em nível e em objetivos. A primeira e constituída das notas gramaticais do RAPIDA KURSO. E simples e breve, conforme requerem a simplicidade do esperanto e a rapidez do curso a que se destina (quatro períodos de uma hora). A segunda parte e mais profunda. Apresenta ao aluno a riqueza vocabular do esperanto, que permite expressar com precisão as nuances de um pensamento requintado. Destina-se aqueles afeitos a estudos linguísticos e ansiosos por um rápido mergulho em leituras na língua internacional. E também aqueles veteranos cujos cursos de esperanto não tiveram, em suas prioridades, rápido enriquecimento vocabular. O estudo deste livro será mais vantajoso se acompanhado do livro-texto e da fita sonora do RAPIDA KURSO, do livro de leitura fácil LA JUNA VERKISTO, do livro e da fita VARIA BUKEDO e do dicionário português-esperanto do mesmo autor, todos pertencentes a esta coleção e já prontos para lançamento.

ASOCIO ESPERANTISTA DE RIO-DE-ĴANEJRO (Associacao Esperantista do Rio de Janeiro) Rua Senador Dantas, 117/1341 - Rio de Janeiro — RJ — 20031-201 Telefono: (021) 240-R119 Retpoŝto: aerj@infolink.com.br


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