Evangelho da Graรงa
Autoria ANDERSON DE FARIA CANTARELLI Capa e Diagramação: ANDERSON DE FARIA CANTARELLI 2010
Publicado originalmente por andup editora Coordenação editorial: Anderson Cantarelli Supervisão de produção: Anderson Cantarelli Capa: Anderson Cantarelli
Copyright © 2011
Um livro por Anderson Cantarelli .
Publicado no Brasil com a devida autorização com todos os direitos reservados pela: andup editora 1ª edição brasileira foi publicada em novembro de 2010. com uma tiragem de 50 exemplares. Impresso no Brasil.
Sumário
02 AGRADECIMENTO 03INTRODUÇÃO 04 EXPLICANDO A GRAÇA 05 O EVANGELHO DA GRAÇA 06 MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA 07 DEFINIÇÃO DA GRAÇA 08 A GRAÇA SUPERRABUNDOU 09 SUBSIDIO DIDATICO 10 CONCEITO DA GRAÇA 11 NATUREZA DA POLITICA 12 CONCLUSÃO 13 NOTAS 14 FONTE SOBRE O AUTOR
Agradecimentos Minha gratidĂŁo sincera a Jesus e a andup por sua ajuda ao editarem este livro
A Minha Eposa Raquel e Meus Pais e Sogros cunhadas e amigos, que me ensinaram o significado do Amor verdadeiro de Deus por meio da vida de cada um.
Introdução : Decifrar a graça, como um todo, é um grande desafio, desde seu conceito até o seu alcance, sua força e seus aparentes dilemas. Por outro lado, é maravilhoso perceber como Deus nos ama inefavelmente. Isso é graça. Um favor imerecido da parte de Deus, que permite ao homem existir (comum) e, por outro lado, abre-nos o caminho para nos relacionarmos com Ele (especial). a Graça é um presente, que justifica o injustificável, que salva o odioso, que perdoa o imperdoável e dá vida ao moribundo. Jesus é a graça de Deus! Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens (Tito 2.11).
Como incentivo não podemos deixar passar estes exemplos criados para motivação e nos levar a mergulhar na graça de Deus . Neste livro que você vai ver , você vai entender que ele pode ti ajudar na sua vida espiritual transformando as motivação em especial dentro do seu coração e modificar sua visão de Deus e Jesus Aproveite esta paixão e viaje comigo no mundo da graça de Deus e seja motivado por este amor .
Anderson Cantarelli
EXPLICANDO A GRAÇA
Explicando a Graça
Alguém já disse que se fosse definir, diria que o evangelho “é o anúncio da graça”. E o grande apóstolo Paulo escreveu em Romanos que o evangelho da graça “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer” (Romanos 1: 16 -18). O evangelho da graça é o evangelho de Cristo. O evangelho que livra o homem das algemas da religiosidade, do farisaísmo ferrenho, do tradicionalismo que mata, dos dogmas religiosos que muitas vezes nos oprimem. É o evangelho que conduz o homem às pastagens verdejantes do reino de Deus. Trata-se de um evangelho lindo, pois nele o “Espírito sopra de maneira livre, indo além do legalismo vazio”,
mecânico, oco, formal, muitas vezes sem significado nenhum. No evangelho da graça, como bem frisou alguém, não “há vivência templária, contemplativa, formatada com base em estruturas fundamentadas de dogmas antigos, ritos e regras comportamentais”. O evangelho da graça nos ensina sermos éticos (a grande crise do momento), sem sermos moralistas. Não podemos nos esquecer que a religiosidade legalista mata e maltrata, ao contrário do evangelho da graça, que é libertador, restaurador (João 08. 32). Trata-se de um evangelho que traz vida abundante (João 10.10). Não o evangelho do peso, nem do jugo (Mateus 11. 28 30), mas do alívio, da cura, da terapia, do refrigério e da restauração. Não da religiosidade da acusação, mas da graça libertadora do perdão: “Onde é
que estão os teus acusadores? Nem eu tão pouco te condeno, vai-te e não peques mais” (João 08. 9 -11). Portanto, como já dizia alguém, “esse legalismo baseado em relações de sacrifícios e méritos não pode substituir o evangelho da graça”, pois não estamos no tempo da lei, mas na era livre e graciosa inaugurada pelo Cordeiro “pascal”. No evangelho da graça Cristo pagou, quitou uma vez por todas para nos trazer libertação plena e completa: “Quando ele tomou o vinho, disse: “tudo está completado”. Tudo está quitado e pago” (João 19. 30). Ora meu amado, o evangelho da graça é muito simples, nós é que o complicamos! Sem querer ser nenhum crítico, mas não posso negar que na maioria das
vezes tenho observado uma mensagem muito forte dessas formas e ritos, dogmas e práticas, tentando impedir a ação preciosa do Espírito Santo, o que não faz da vida um estilo de festa, regozijo, júbilo e alegria para glória e louvor do Pai. No evangelho da graça há alegria, libertação e louvor: “vamos começar a festejar, porque esse meu filho estava morto e viveu de novo, estava perdido e foi achado. E começaram a festa” (Lucas 15: 24 - 25). Portanto é bom sabermos que esse evangelho da “graça não vive nenhuma manutenção obcecada das chamadas formas religiosas, sejam elas provenientes de qualquer cultura, se da européia do século XVI, ou mesmo do caldo pop evangélico desenvolvido nas últimas décadas. Ora, essas coisas são, pois,
secundárias!”. Neste momento não poderia deixar de descrever o lindo hino de Jhon Newton: Preciosa a graça de Jesus, que um dia me salvou. Perdido andei, sem ver a luz, mas Cristo me encontrou. A graça, então, meu coração, do medo me libertou. Oh, quão preciosa salvação, a graça me outorgou! Promessas deu-me o Salvador, e nele eu posso crer. É meu refugio e protetor, em todo o meu viver. Perigos mil atravessei, e a graça me valeu. Eu são e salvo agora irei,
ao santo lar do céu. E, finalmente, apesar de todas as dificuldades encontradas em meio à nossa caminhada, que nos apeguemos ao evangelho da graça, pois “não há lugar mais cheio de graça”, do que no evangelho da graça. Atos 20:24 “[...] contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”. VERDADE PRÁTICA O evangelho da graça de Deus é por excelência o evangelho da libertação do homem através do sacrifício salvífico de Jesus Cristo. LEITURA DIÁRIA
Segunda — 1Tm 1.7: Falsos doutores da lei que não compreendiam o que ensinavam Terça — 1Tm 1.9,10: A Lei não foi feita para os justos, mas para os injustos Quarta — 1Tm 1.17: A Deus honra e glória para sempre Quinta — 1Tm 1.20: Entregues a Satanás para que aprendam a não blasfemar Sexta — 2Tm 4.7: Combatendo o bom combate da fé cristã Sábado — Gl 1.15: Paulo foi chamado pela graça de Deus LEITURA BÍBLICA 1 Timóteo 1:3-10. 3 — Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina,
4 — nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora.
5 — Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida.
6 — Do que desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas,
7 — querendo ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam. 8 — Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente,
9 — sabendo isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas,
10 — para os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã doutrina.
O EVANGELHO DA GRAÇA
Ao se despedir dos anciãos de Éfeso, Paulo expressou seu sentimento de preocupação com o rebanho de Deus, pois tinha receio de que na sua ausência as ovelhas do Senhor fossem atacadas (At 20.29,30). Sem dúvida, foi um sentimento dado pelo Senhor, pois sete anos depois, Paulo estava deixando Timóteo em Éfeso, para combater os “lobos cruéis”, que queriam “devorar” o rebanho sob seus cuidados pastorais. Nos dias de hoje, há igrejas que abrigam falsos obreiros, que pervertem a sã doutrina matando ou dispersando as ovelhas.
I. AS FALSAS DOUTRINAS CORROMPEM O EVANGELHO DA GRAÇA
O evangelho da graça. É o Evangelho libertador que Cristo trouxe ao mundo, por bondade de Deus, independente das obras humanas (Ef 2.8,9). Paulo se referiu a esse Evangelho de maneira muito eloquente (At 20.24). Ele conhecia esse Evangelho, não apenas na teoria, mas por experiência própria. De modo inexplicável, o blasfemo e perseguidor dos cristãos, foi escolhido para ser um dos maiores pregadores do Evangelho de Cristo (1Tm 1.12-14). Será que daríamos oportunidade a um indivíduo com tal histórico? As falsas doutrinas (v.3). Os falsos mestres seriam presbíteros, a quem cabia a tarefa de ministrar o ensino à igreja (1Tm 5.17; 3.2). As falsas doutrinas eram apresentadas como
“fábulas ou genealogias intermináveis” (1.4). As “fábulas” (gr. mythoi) eram narrativas imaginárias, lendas, ficção. Na literatura, têm seu lugar. Mas, na Igreja, não deve haver espaço para fábulas ou mitos. No texto, não fica claro qual o conteúdo das “genealogias”, mas, ao lado das fábulas, eram ensinos que traziam especulações e controvérsias inúteis que não edificavam os irmãos em nada. Timóteo foi o mensageiro, enviado por Paulo, para enfrentar e combater tais ensinos. Há igrejas evangélicas que aceitam esse tipo de ensino e permitem que o emocional lugar do verdadeiro avivamento espiritual.
O “fim do mandamento” e a finalidade da Lei. Paulo chamou a atenção de Timóteo, seu enviado a Éfeso, para a doutrina de Deus e de Cristo, a que ele resumiu no “mandamento”, e sua finalidade (1Tm 1.5,6). Em seguida, Paulo ensina acerca do objetivo da Lei, e para quem ela se destinava, discriminando, no texto, uma longa lista de tipos de pessoas ímpias que eram alvo dos preceitos legais (1Tm 1.9-11). II. A GRAÇA SUPERABUNDOU COM A FÉ E O AMOR Gratidão a Deus. Uma das características marcantes do caráter de Paulo é o ser grato a Deus (Rm 7.25; 1Co 1.4; 14.18; 2Tm 1.3). Nesta parte da Epístola, ele expressa sua gratidão a Cristo por tê-lo escolhido e
posto no ministério apostólico e pastoral, apesar de ter sido um terrível opositor do Evangelho de Jesus (1Tm 1.12,13). É mais uma demonstração do que o “evangelho da graça de Deus” pode fazer na vida de um homem. Deus tem seus santos caminhos. O evangelho é a expressão do amor de Deus, em Cristo Jesus, que alcança um homem no mais baixo nível de pecado e o faz uma “nova criatura” (2Co 5.17), e mais, ainda, o faz parte da “família de Deus” (Ef 2.19). Paulo reconhece que “[...] a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em Jesus Cristo” (1 Tm 1.14). Foi Jesus quem o salvou e o transformou mediante sua graça.
Paulo não era mais um novo convertido ou neófito quando escreveu suas cartas a Timóteo. Ele não estava usando de falsa modéstia quando declarou ser o principal pecador que Jesus veio salvar (1Tm 1.15). Paulo tinha convicção de que fora salvo pela graça, e não por seus méritos. Mesmo na condição de salvo, o crente deve saber que não merecíamos o dom (presente) da salvação. Como salvos em Jesus Cristo, não temos mais prazer no pecado. Aquele que ainda tem prazer no pecado, não experimentou o novo nascimento: “Qualquer que é nascido de Deus não vive na prática do pecado; porque a sua semente
permanece nele; e não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1Jo 3.9). III. UM CONVITE A COMBATER O BOM COMBATE (vv.18-20) A boa milícia. Depois de orientar Timóteo sobre a difícil missão de combater as heresias, na igreja de Éfeso, Paulo dá uma palavra de ânimo, encorajamento e incentivo ao jovem pastor. Como um verdadeiro “pai na fé”, o apóstolo diz: “Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por elas boa milícia” (1Tm 1.18). Paulo lembra a Timóteo que seu ministério foi confirmado por profecia. Deduz-se, do texto, que as profecias
eram tão consistentes, que Timóteo deveria militar “a boa milícia”, ou o bom combate, com base naquilo que Deus lhe havia falado (1Tm 1.18). A rejeição da fé e suas consequências (1Tm 1.5). Quem rejeita “a fé não fingida” e a “boa consciência” cristã colhe os resultados de sua má escolha. O resultado é o “naufrágio na fé”. Paulo toma como exemplo Himeneu e Alexandre, obreiros que entraram por esse caminho. Quanto a Himeneu, sua postura é tão terrível que ele é citado em 2 Timóteo 2.17. Seu nome deriva de Himen, “deus do casamento”, na mitologia grega. Não se sabe ao certo qual “doutrina” falsa ele semeava. Estudiosos dizem que ambos eram representantes do
gnosticismo no meio da igreja de Éfeso. Com relação a Alexandre, aliado de Himeneu na semeadura das falsas doutrinas, era tão pernicioso, que Paulo o considera desviado ou “naufragado” na fé. Sua influência era tão maliciosa que Paulo os entregou “a Satanás, para que aprendam a não blasfemar” (1Tm 1.20). Que o Senhor livre sua Igreja dos falsos mestres. O cristianismo nasceu debaixo de perseguição e confronto com heresias e ensinos desvirtuados. Na consolidação de igrejas abertas em suas viagens missionárias, Paulo teve que oferecer resistência e ação decidida contra os “lobos vorazes”, que haveriam de surgir, até mesmo no
seio das igrejas, como no caso da igreja de Éfeso.
Com a graça de Deus e o apoio de homens fiéis, como Timóteo e Tito, o apóstolo Paulo fez frente aos falsos mestres que se levantaram para prejudicar o trabalho iniciado e desenvolvido em muitas igrejas cristãs.
PARA REFLETIR
A respeito das Cartas Pastorais: Segundo a graça, o que é o evangelho da graça? Como eram apresentadas as falsas doutrinas? De acordo com a lição, cite uma característica marcante do caráter de Paulo? O ministério de Timóteo havia sido confirmado mediante o quê? Segundo a lição, qual o resultado da rejeição à fé? A manifestação da Graça da Salvação “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” Tt 2.11
MANIFESTA ÇÃO DA GRAÇA
“[...] contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” Atos 20.24
leia o seguinte versículo:
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8). Faça uma reflexão , que se hoje estamos firmes com Cristo é porque um dia nós fomos alcançados pela maravilhosa Graça de Deus.
Além de nos salvar pelo ato da sua graça, Deus nos preparou as boas obras para que andássemos por elas. Explique que as boas obras não salvam, mas dá um poderoso
testemunho diante da sociedade sobre o quanto fomos alcançados pela graça divina. A doutrina da Graça de Deus é uma das verdades mais gloriosas das Sagradas Escrituras. A convicção de que não há nada na pessoa humana capaz de preencher o vazio da alma, isto é, o restabelecimento da nossa ligação com Deus e o significado do sentido último da vida, e saber que só Deus é capaz de fazer esse milagre em nós, mostra-nos o quão miserável nós somos e quão misericordioso Deus é. A doutrina da Graça apresenta-nos o misericordioso Deus, que em Jesus Cristo estava reconciliando o mundo consigo mesmo (2Co 5.19), operando em nós para o reconhecermos Pai amoroso.
Por isso, apresentar a doutrina da Graça ao pecador é conceder-lhe libertação da prisão do pecado, a autonomia da fé em Cristo e o privilégio em sabermos que não há nada que pode separar-nos do amor de Deus (Rm 8.33-39). quando falamos da Graça de Deus, inevitavelmente, chegaremos ao tema da eleição divina. Como a graça de Deus nos alcançou? A graça de Deus é arbitrária sem levar em conta a responsabilidade humana? Qualquer estudo sobre a eleição divina tem de partir obrigatoriamente da Pessoa de Jesus. Em Jesus não achamos qualquer particularidade divina em eleger alguns e deixar outros de fora, resultado de uma escolha divina arbitrária e individualizada antes da fundação do mundo.
A escolha de Deus se deu em Jesus (Ef 1.4; Rm 8.29). Nele, a salvação é oferecida a todos (2Pe 3.9; cf. Mt 11.28), e, pela sua presciência, o nosso Senhor sabe quem há de ser salvo ou não. A eleição de Deus leva em conta a volição humana, pois é um dom dEle mesmo à humanidade. Assim, quando levamos em conta a volição (ação de escolher ou decidir) humana não esvaziamos a soberania de Deus e da sua Graça. Pelo contrário, afirmamos a sua soberania, pois Deus escolheu fazer um homem autônomo. Afirmamos também que a graça de Deus opera, restaurando a capacidade do homem de se arrepender e crer no Evangelho (1Tm 4.1,2; Mt 12.31,32). O evangelho da graça de Deus é por excelência o evangelho da libertação do homem através do sacrifício salvífico de Jesus Cristo.
O apóstolo Paulo era um pastor cuidadoso em extremo com o rebanho do Senhor sob seus cuidados. Quando escreveu a primeira epístola a Timóteo, este se encontrava em Éfeso, cumprindo a orientação de Paulo, a fim de ministrar as devidas orientações àquela igreja, ante as ameaças de falsos mestres que se infiltraram no seio dos irmãos e já estavam semeando seus ensinamentos perniciosos. O jovem obreiro não era o pastor da igreja de Éfeso, mas recebera a grande e grave incumbência de não só advertir a igreja, mas de confrontar os que se tornaram instrumentos a serviço da semeadura das heresias. O problema era tão grave que Paulo fugiu ao seu estilo peculiar de redigir suas cartas.
Normalmente, ele começava algumas de suas epístolas com ações de graças (Rm 1.8; 1Co 1.4; 2Co 1.2). A leitura geral da epístola não dá informações claras sobre quais heresias estariam sendo difundidas no meio da igreja. Paulo vai direto ao assunto, abordando o problema dos ensinos falsos que estavam sendo repassados pelos “falsos mestres”, os quais se aproveitavam das dificuldades próprias da época, em que as comunicações eram escassas e demoradas, para contaminar a mente dos crentes, especialmente dos novos decididos, com seus ensinos perniciosos. “Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso,
para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina, nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora” (1Tm 1.3,4 - grifo nosso). Que seria essa “outra doutrina”, essas “fábulas” e essas “genealogias intermináveis”? O texto não esclarece. Estudiosos da Bíblia entendem que poderiam ser os ensinos gnósticos ou dos judaizantes. Ao que tudo indica em Éfeso, além da perseguição externa, havia também a perseguição interna, dos falsos mestres, de dentro da própria igreja. Em sua despedida dos anciãos de Éfeso, Paulo expressou seus
sentimentos de preocupação com o rebanho de Deus (At 20.29,30). Sem dúvida, fora uma palavra profética. Sete anos depois, Paulo estava deixando Timóteo em Éfeso, para fazer face aos “lobos cruéis”, que queriam “devorar” o rebanho sob seus cuidados pastorais. infelizmente hoje temos os mesmo problemas nas igrejas atuais que vem se tornando cada dia mais e mais e roubando a graça e o evangelho não há mais curas,milagres reais na igreja moderna nem mesmo conversões como no passo .
DEFINIÇAO DA GRAÇA
1. O Evangelho da Graça O evangelho da graça é o evangelho libertador que Cristo trouxe ao mundo, por mercê de Deus, independentemente das obras humanas (Ef 2.8,9). Paulo se referiu a esse evangelho de maneira muito eloquente em Atos 20. 24. Ele entendeu bem o que significa o “evangelho da graça de Deus”. Ele, que em seu zelo extremista em defesa do judaísmo, cometeu atos absurdos, a ponto de consentir na morte de seguidores de Cristo, sendo testemunha e cúmplice de Estêvão (At 7.58; 8.1). Ele próprio, julgando estar fazendo a vontade de Deus,
tornou-se líder da perseguição aos servos de Jesus, mas foi escolhido para ser uma testemunha da graça e da misericórdia de Deus. A superabundante graça do Senhor Jesus Cristo não só escolheu, como chamou e acolheu Paulo, como ministro do evangelho, mas o enviou a ser um dos maiores e mais destacados líderes da evangelização do mundo, em sua época. 2. As Falsas Doutrinas O evangelho da graça de Deus é bem diferente de “outro evangelho” (G1 1.8), que era pregado em Éfeso e em diversos lugares por onde Paulo passara, fundando igrejas.
Escrevendo a Timóteo, o apóstolo orienta bem acerca dos ensinos estranhos à “sã doutrina”. 1) “Outra doutrina” “Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina” (1Tm 1.3). Esse versículo mostra que os falsos mestres não eram apenas pessoas de fora da igreja, que difundiam a doutrina herética do gnosticismo ou do judaísmo. Estudiosos das epístolas paulinas entendem que se tratava de presbíteros, a quem cabia a tarefa de ministrar o ensino à igreja (1Tm 5.17).
Sem dúvida, isso se deve ao fato de que o “bispo” ou o presbítero deve ser “apto para ensinar” (1Tm 3.2). Eles ensinado se deixaram influenciar por ensinamentos estranhos e passaram a ensinar “outra doutrina”. No grego original, “outros” vêm de “heteros", no caso, “doutrina estranha”, “falsificada”, “diferente”. Ou “não ensinar diferente” (gr. heterodidaskalein). “Os oponentes do apóstolo são aqueles que (literalmente) ‘ensinam outra/diferente’. Embora desejem ser ‘doutores da lei’ (v.7), não são mais do que ensinadores de inovações, isto é, daquilo que é alheio ao verdadeiro evangelho”.1
2) “Fábulas ou genealogias intermináveis” Para o destinatário da carta em apreço, essas expressões eram familiares. Mas, para os leitores dos tempos atuais, tão distantes daquele período em que foi escrita, o que seriam essas “fábulas” e essas “genealogias”? Fábulas (gr. mythoí) são lendas, narrativas imaginárias, mentiras, invencionices literárias, que podem ter lições positivas ou negativas. “O termo ‘fábulas’ ou ‘mitos’ (mythos) poderia incluir narrações alegóricas, lendas ou ficção, ou seja, doutrinas espúrias em contraste com a verdade do Evangelho”.2 Os gnósticos desenvolviam cultos aos anjos, e acreditavam
que eles seriam guardiões que levavam as pessoas a Deus. Esses falsos ensinos resultavam em “questões” vazias, discussões que não levavam a lugar nenhum em termos de edificação dos crentes (cf. 1Tm 1.4). Não é de admirar que tais ensinos tivessem lugar no seio da igreja cristã, como em Éfeso. Genealogias (gr.genealogiai) significam “linhagem, estirpe, ascendência. A: descendência”,3 ou estudo das origens das linhagens, ascendências e descendências de determinados grupos sociais ou famílias. Não fica claro, no texto a que se referem essas genealogias.
Mas, ao lado das fábulas, eram ensinos que demandavam o confronto decidido e firme da liderança eclesiástica. As genealogias não eram vistas apenas como lista de ascendentes e descentes de uma linhagem. Os gnósticos as consideravam de forma mítica, como temas centrais de sua teologia espúria. Dá para imaginar a confusão que tais ensinos causavam no meio de igrejas cristãs, que recebiam muitos novos convertidos. Timóteo foi o mensageiro, enviado por Paulo, para enfrentar “o bom combate” da fé genuína, que se fundamenta na ortodoxia da “sã doutrina” (1Tm 1.10; 2Tm 4.3; Tt 1.9).
3) “O fim do mandamento” Após exortar com firmeza contra as “fábulas” e as “genealogias” intermináveis, que só trazem perturbações, discussões inúteis e fúteis, Paulo chamou a atenção de Timóteo para a doutrina prescritiva de Deus e de Cristo, a que ele resumiu no “mandamento”, e sua finalidade, dizendo: “Ora, o fim do mandamento é a caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida. Do que desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas” (1Tm 1.5,6). Mas a Palavra de Deus, ou a sua doutrina (gr. didakê), tem por finalidade a transformação espiritual do ser humano. Essa
transformação se dá de fora para dentro, pela ação sobrenatural e eficaz da Palavra (Hb 4.12). Essa é a finalidade do “mandamento” ou do ensino cristão. Provocar mudança eficaz no interior do homem. Paulo expressa bem essa transformação em 2 Coríntios 5.17. É o que ele expressa a Timóteo: que o ensino, a doutrina ("o mandamento”) não produz efeito superficial, mas profundo, que resulta na “caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida”. Os gnósticos dividiam-se em dois grupos: os ascetas e os libertinos. Os ascetas pregavam o afastamento do mundo, do contato com os homens e as
mulheres, para terem uma vida monástica, sobre as montanhas, ou o mais distante das cidades, para não se contaminarem com as coisas materiais, incluindo o corpo, que é mau. A corrente dos libertinos tinha outro direcionamento para a purificação do corpo. Era a sua destruição, na libertinagem, na depravação sexual desenfreada. Buscavam a purificação pela destruição do pecado original . Certamente, Timóteo teve muito trabalho em usar a Palavra de Deus para desmanchar a influência desse tipo de doutrina. Esse “mandamento” a que Paulo se referia eram as exortações, os ensinos e a “sã doutrina” (Tt 2.1), cujo objetivo ou finalidade era promover três importantes
resultados na vida dos crentes: “a caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida”. Essa caridade, que se revela num “coração” puro, não é qualquer tipo de “amor”, mas o verdadeiro amor cristão, que deriva do amor Àgape, ou amor de Deus. E se concretiza, ou se materializa, não em teoria, mas num viver santo e puro, conforme a Palavra de Deus. E o amor que faz o crente amar a Deus em primeiro lugar, e “ao próximo como a si mesmo” (Lc 10.27). Jesus refere-se aos que têm “coração puro”. São os “limpos de coração, porque eles verão a Deus” (Mt 5.8). A segunda evidência desse
“mandamento” é “uma boa consciência” cristã. No vernáculo, consciência significa “conhecimento, ciência”; “A consciência é a capacidade, ou sede, da consciência moral, comum a todas as pessoas” (Rm 2.15; 2Co 4.2)”;4 a consciência natural, do homem não salvo é influenciada por muitos fatores, tais como sua origem, sua história, bem como sua nova vida em Cristo (2Co 5.17); mas, na Bíblia, consciência é mais que isso, é a convicção interior da condição cristã, na comunhão com Cristo. E o sentimento de firmeza de pensamento; é a certeza da comunhão com Deus. E a “boa consciência” no andar com Deus (At 23.1; 1Pe 3.21); é “ter uma
consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens” (At 24.16); é a “voz interior”, que acusa ou defende cada pessoa (Rm 2.15); é a consciência que leva o crente a obedecer a Deus, independentemente de quem quer que seja (Rm 13.5); é o testemunho interior da conduta do crente (2Co 1.12); é a consciência do crente que serve a Deus com pureza (2Tm 1.3); é o contrário da “má consciência” (Hb 10.22). Os “falsos mestres”, que perturbaram a igreja em Éfeso, não tinham essa “boa consciência” cristã. Eles certamente falavam, ensinavam e agiam conforme a consciência deles (2Tm 4.1); eram hipócritas, falavam mentiras e tinham
“cauterizada a sua própria consciência” (2Tm 4.2). O terceiro resultado, fruto do “mandamento”, ou da Palavra de Deus, na vida do crente, é “uma fé não fingida”. Tem o sentido de fé sincera, autêntica, verdadeira. “Aqui, fé não fingida refere-se à virtude cristã, significa confiar em que Deus está presente de verdade, em contraste com a natureza enganosa da ‘fé’ dos mestres do erro”.5 É a “fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3). No dizer de Paulo, os “falsos mestres queriam ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam (1Tm 1.7). Por isso mesmo, davam-se a fábulas e a genealogias intermináveis” (1Tm 1.4), com o
que se embaraçavam e embaraçavam seus ouvintes. Certamente, era uma ação diabólica, promovendo a confusão entre os cristãos de Éfeso. 4) A lei e a quem se destina Como os falsos mestres da lei (nomos didaskalos), ou “professores” da lei, manipulavam os textos do Antigo Testamento, Paulo, escrevendo, disse que sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente (1Tm 1.8). Os ensinos da Lei de Moisés tinham seu bom efeito, se fossem bem interpretados e aplicados à vida da igreja, ou seja, mediante o uso legítimo do texto legal. Mas os fariseus, os saduceus e os doutores da lei nem sempre
usavam seus textos de modo correto e legítimo. Eles exigiam o cumprimento estrito e literal da lei, mas eles próprios não o faziam (Mt 23.23). Ou seja, fariseus davam o dízimo de tudo, até das menores coisas, mas desprezavam o mais importante da lei: “a misericórdia e a fé”. Ser dizimista fiel é uma bênção. É o reconhecimento e a gratidão de que tudo o que temos vem de Deus (cf. 1 Cr 29.14). Mas a entrega dos dízimos e das ofertas para a obra do Senhor não dão direito a desprezarmos os sagrados princípios bíblicos de santidade, ética e pureza em nossas vidas.
Paulo ensina acerca do objetivo da lei, e para quem ela se destinava; sabendo isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas [que matam seus pais] e matricidas [que matam suas mães], para os homicidas, para os fornicadores [em outra tradução é “devassos”; “impuros”, gr. pomos; “no moderno vocabulário, esta última palavra indica a prática ilícita de contatos sexuais antes do casamento”,6 os que praticam atos sexuais ilícitos], para os sodomitas [homossexuais ativos, que fazem o papel de macho],
para os roubadores de homens [sequestradores ou traficantes de pessoas], para os mentirosos, para os perjuros [que proferem falso juramento] e para o que for contrário à sã doutrina, conforme o evangelho da glória do Deus bem-aventurado, que me foi confiado” (1 Tm 1.9-11 informações explicativas acrescentadas).
A GRAÇA SUPER ABUNDOU A FÉ
1. Gratidão a Deus Uma das características marcantes no caráter de Paulo é o ser grato a Deus (Rm 7.25; 1Co 1.4; 14.18; 2Tm 1.3). Ele expressa sua gratidão a Cristo por tê-lo escolhido e posto no ministério apostólico e pastoral, apesar de ter sido um terrível opositor do evangelho de Jesus, em sua vida pregressa (1Tm 1.12,13). E mais uma demonstração do que o “evangelho da graça de Deus” pode fazer na vida de um homem. 2. Humildade na Grandeza Espiritual
Já fazia bastante tempo desde a conversão de Paulo ao evangelho de Cristo, ocorrida de forma dramática, no caminho de
Damasco. Ele não era mais um “novo convertido” ou “neófito” (pagão recém
convertido ao cristianismo) quando escreveu suas cartas a Timóteo. Declara que “Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1Tm 1.15). Não era falsa modéstia. Ele tinha convicção de que fora salvo, mas ainda se considerava “o principal” dos pecadores. Certamente, não era uma confissão de prática de pecados atuais. Mas considerava que, mesmo na condição de salvo, ainda assim o crente deve considerar-se
pecador. Não mais um pecador praticante do mal, mas sujeito ao pecado em suas formas muitas vezes as mais sutis. É tão verdade isso, que a Palavra de Deus diz que “não há homem que não peque” (1Rs 8.46; 2Cr 6.36; Ec 7.20). O apóstolo João diz que “há pecado para morte” e há “pecado que não é para morte” (1Jo 5.16,17).
“Não obtemos por boas obras (a essência da religião legalista) o direito à libertação do pecado e da morte. Jamais! Graça significa que tudo começa e termina com Deus. A salvação é, então, um presente de nosso Criador. Nós criamos a nossa própria ruína, mas nele reside nosso socorro.
O Criador restaura com as próprias mãos sua obra-prima arruinada. Enquanto a graça é a origem ou fonte da nossa salvação, a fé é o seu meio ou instrumento. A fé não faz reivindicações, para que não seja dito que foi por ‘mérito’ ou ‘obra’” (Comentário Bíblico Beacon. 1ª Edição. Volume 9. RJ: CPAD, 2006, p.136).
UM CONVITE A COMBATER O BOM COMBATE (vv. 18-20) 1. A Boa Milícia Depois de orientar Timóteo sobre a difícil missão de combater as heresias na igreja de Éfeso, Paulo dá uma palavra de ânimo, encorajamento e incentivo ao jovem obreiro. Numa atitude de um verdadeiro “pai na fé” (1Tm 1.18). Paulo lembra a Timóteo que, em sua vida de obreiro, ele teve o respaldo de mensagens proféticas a seu respeito.
Certamente, por meio do “dom de profecia”. Deduz-se, do texto, que as “profecias” eram tão consistentes que Timóteo deveria militar a boa milícia”, ou o bom combate, com base naquilo
que Deus lhe falara. No seio da igreja cristã, os dons espirituais são usados como ferramentas ou instrumentos para o fortalecimento da fé dos crentes, no cumprimento da missão confiada por Cristo, ante os embates com as forças que a ela se opõem. Mas os dons, e em especial a profecia só têm valor se for genuína.
“Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus...” (1Pe 4.11). Pela experiência e as evidências incontestáveis na vida de Timóteo, o apóstolo concluiu que o plano de Deus na vida dele estava em pleno andamento, e ele deveria lembrar-se das “profecias que houve acerca” dele, a fim de saber conduzir-se na “boa milícia” que lhe fora confiada, “conservando a fé e a boa consciência” (1 Tm 1.19).
2. A Rejeição da Fé e suas Consequências A base ou o fundamento da “boa milícia” a que Timóteo deveria dedicar-se eram a fé e a boa consciência” cristã, de que o jovem obreiro era bem conhecedor. Essa “fé” é a “fé não fingida” (1Tm 1.5), aliada à “boa consciência” a que Paulo já se referira (1Tm 1.5). Sem essa base de caráter espiritual e esse respaldo doutrinário, seria temerário engajar-se numa luta contra as forças do mal que agiam na igreja. Com essa exortação, Paulo lembra que quem rejeitou esse fundamento naufragou na fé, não foi bem sucedido e fracassou em sua jornada. Foi muito forte sua admoestação.
Ele diz que “rejeitando a qual alguns fizeram naufrágio na fé. E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar” (1Tm 1.19,20). Quem rejeita “a fé não fingida” e a “boa consciência” cristã colhe os resultados de sua má escolha, e o resultado é o “naufrágio na fé”. Paulo toma como exemplo de obreiros que entraram por esse caminho Himeneu e Alexandre. Quem eram esses maus exemplos de “falsos mestres”? Pouco se fala deles no Novo Testamento. Quanto a Himeneu, é citado em 2 Timóteo 2.17. Não se sabe ao certo qual “doutrina” falsa ele semeava. Mas ele se encarregava de disseminar “falatórios profanos”, ao lado de outro
heresiarca, chamado Fileto (2Tm 2.17,18). Estudiosos dizem que eles eram representantes do gnosticismo no meio da igreja de Éfeso. Com relação a Alexandre, aliado de Himeneu na semeadura das falsas doutrinas, era tão pernicioso que Paulo o considera desviado ou “naufragado” na fé. Sua influência era tão maliciosa que o apóstolo os entregou “a Satanás, para que aprendam a não blasfemar” (1Tm 1.20). Eram “os dois apóstatas” que estavam à frente do movimento herético, surgido no seio da igreja de Éfeso, com o objetivo de promover dissensão e divisão naquela igreja.
Esse tipo de falso obreiro perturbou também a igreja em Creta, e Paulo tomou a medida de enviar Tito para fazer frente à ação predatória contra a
igreja (Tt 1.10,11).
“Conforme Timóteo 1.18, houve profecias concernentes à vontade de Deus para o ministério de Timóteo na igreja (1Co 14.29). Paulo exorta a Timóteo a permanecer fiel àquela vontade revelada para sua vida. Como pastor e dirigente da igreja, Timóteo devia permanecer leal à verdadeira fé apostólica e combater as falsas doutrinas que estavam penetrando insidiosamente na igreja. Paulo adverte Timóteo várias vezes a respeito da terrível possibilidade da apostasia e abandono da fé” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1865).
O cristianismo não nasceu em “berço esplêndido” de condições favoráveis à
sua expansão pelo mundo. Pelo contrário. Nasceu debaixo de perseguição e confronto com heresias e ensinos desvirtuados. Na consolidação de igrejas abertas em suas viagens missionárias, Paulo teve que oferecer resistência e ação decidida contra os “lobos vorazes” que haveriam de surgir, até mesmo no seio das igrejas, como no caso da igreja de Éfeso. Com a graça de Deus e o apoio de homens fiéis, como Timóteo e Tito, o apóstolo fez frente aos falsos mestres que se levantaram para prejudicar o trabalho iniciado e desenvolvido em muitas igrejas. Na primeira epístola a Timóteo, Paulo designou o jovem obreiro para
pastorear a igreja em Éfeso, para conter a maré de heresias diversas, dentre as quais o gnosticismo e o judaísmo. Nos dias atuais, há muitas heresias infiltrando-se nas igrejas, ou surgindo no seio delas. Os líderes do povo de Deus precisam agir com sabedoria, graça e firmeza contra essas ameaças reais. Um dia, estávamos mortos em nossos delitos e pecados; separados de Deus, em completa iniquidade, aguardando o justo julgamento de juízo de Deus para nós (Ef 2.2,3). Andávamos segundo o curso deste mundo, um mundo sem Deus, onde os seus valores e pensamentos opõem-se frontalmente aos valores e os pensamentos de Deus.
Éramos filhos da desobediência, esta, por sua vez, operava em nós as obras da carne, segundo as astúcias do príncipe das potestades do ar. Quem guiava a nossa mente e coração não era o Espírito de Deus, mas os desejos da nossa carne. Fazíamos o que bem entendêssemos. Buscávamos somente preencher as pulsões da carne, o vazio da alma e o desejo do coração com as coisas materiais e ilusórias. Éramos integralmente hedonistas! Para nós, a felicidade resumia-se na saciedade do prazer. Éramos, por natureza, filhos da ira, igualmente como tantos outros o são hoje.
“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus” (Ef 2.4-7). Hoje, a nossa situação mudou radicalmente. O Deus rico em misericórdia e de um infinito amor por nós, os pecadores deliberados, mortos em ofensas, graciosamente nos “vivificou”, fez-nos reviver para a vida: tudo isso foi pela graça.
Não foi por mérito nosso, pois se fosse por mérito, pelo mérito merecíamos o inferno. Mas pela graça Ele mudou o quadro da nossa situação. Graça não tem o porquê?! Graça é aceitar livremente e espontaneamente a bondade, a misericórdia e a infinitude do amor de Deus, “porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.10). Deus, o nosso Pai, por intermédio de Jesus Cristo, o seu Filho, é o autor da salvação. Por isso, a graça da Salvação é obra somente de Deus. É Graça de Deus! Ser humano nenhum, que se intitule representante de Deus, tem o direito de dizer quem vai e quem não vai para o inferno.
Ele não tem esse poder. Só quem conhece o coração do homem é Deus e sua própria consciência. Sejamos livres na plena Graça de Deus! A nós, é o que basta! Revista Ensinador
Cristão A graça de Deus emanou do seu coração amoroso para salvar o homem perdido, por meio do sacrifício vicário de Cristo Jesus. A salvação, concedida ao homem perdido, é fruto da graça de Deus, por intermédio de Cristo Jesus, que veio ao mundo, como Deus que se fez homem, para redimir o homem. A graça de Deus é a mais extraordinária manifestação do seu amor para com o pecador. Mas ele só pode usufruir os benefícios desse recurso divino se reconhecer o seu estado miserável, em termos espirituais, e converter-se mediante a aceitação de Cristo como
seu Salvador. Embora haja vários significados para a palavra graça, a mais comum é ser considerada “favor imerecido de Deus”, visando à salvação do homem. Essa graça de que fala o texto em apreço, que estende o favor divino ao pecador, é a “graça salvadora”, segundo a qual, Deus, o Soberano do universo, concede ao homem a oportunidade de reconciliar-se com Ele, mediante o sacrifício de Cristo, no Calvário. Essa graça salvífica é a origem desse favor divino, motivada pelo grande amor de Deus. Diz Paulo: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8). Em João 5. 24 Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida
eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”. Para ser salvo, o homem precisa dar ouvidos à Palavra de Deus. Não é apenas escutar, ou “ouvir dizer”; é necessário abrir o coração para a mensagem do evangelho. E indispensável que creia em Deus, “naquele que me enviou”, conforme ressaltou Jesus. Só assim pode ter a vida eterna. Esse é o evangelho de Jesus, segundo escreveu João. Somente satisfazendo essas condições de ouvir e crer, e, mais ainda, obedecer, é que a pessoa pode ser beneficiada pela graça de Deus, pela graça salvadora, que só há em Cristo Jesus. Na carta a Tito, Paulo declara, de modo enfático e solene: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”
(Tt 2.11). Isso não quer dizer que a salvação a todos os homens é automática e incondicional. De forma alguma. Mas que a salvação foi trazida, por intermédio de Cristo, como manifestação da graça de Deus, à disposição de todos os homens. Mas ela só pode ser efetiva e eficaz para aqueles homens que derem ouvidos à Palavra de Deus, arrependerem-se de seus pecados e ser converterem a Deus. Jesus iniciou seu ministério dizendo: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15). Sem arrependimento e fé, a graça de Deus não pode agir no coração do homem.
A Palavra de Deus nos mostra que há diversas manifestações da graça divina. É importante saber o sentido da palavra “graça”. Vem da palavra hebraica hessed, e do termo grego charis, cujo sentido mais comum é o de favor imerecido que Deus concede ao homem, por seu amor, bondade e misericórdia; a partir dessa conceituação, podemos ver a “graça comum”, pela qual Deus “dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (At 17.25b). Mas a graça comum não opera a salvação do homem. E expressão da bondade divina sobre toda a criação de Deus.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
O conceito de "graça comum": tratase de uma abordagem eminentemente da teologia reformada. É uma tentativa de se responder uma questão angustiante observada na existência dos santos, bem como observou o salmista Asafe (Sl 73).
Se o salário do pecado é a morte, por que as pessoas que pecam não morrem imediatamente e não vão definitivamente para o inferno, mas desfrutam de bênçãos incontáveis na terra? Ainda, como pode Deus dispensar bênçãos a pecadores que merecem apenas, e somente, a morte, mesmo as pessoas que serão condenadas para sempre ao inferno?
Neste contexto é que a doutrina da "graça comum" traz uma resposta bíblica acerca da questão. É uma graça pela qual Deus dá aos seres humanos bênçãos ou dádivas inumeráveis que não fazem parte da salvação. Ou seja, não significa que quem as recebe já é salvo. A base bíblica para esse entendimento é a graça manifestada por Deus na esfera física da vida (Gn 3.18; Mt 5.44,45; At 14.16,17); na esfera intelectual (Jo 1.9; Rm 1.21; At 17.22,23); na esfera da criatividade (Gn 4.17,22); na esfera da sociedade (Gn 4.17,19,26; Rm 13.3,4); na esfera religiosa (1Tm 2.2; Mt 7.22; Lc 6.35,36).
Ou seja, não é porque o mal reinante no ser humano é fruto do pecado original que ele fará somente obras más. Não, a Graça de Deus opera em todos os homens e faz com que eles façam coisas boas também. A Graça Salvadora “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). Ela ultrapassa o conceito e o sentido da “graça comum”, que é disponível para “todos os homens”, independentemente de crerem em Deus ou não. A “graça comum” é manifestada pela “revelação natural”, pela natureza (SI 19.1ss). A graça salvadora também está à disposição de “todos os homens”, mas
só é alcançada ou eficaz por aqueles que creem em Deus, e aceitam a Cristo Jesus como seu único e suficiente Salvador pessoal. E também chamada de “graça especial”, conhecida por meio da “revelação especial” de Deus, que é a sua santa Palavra. Na carta a Tito, Paulo ressalta o valor da “graça de Deus”, no seu mais elevado e nobre aspecto, entendido como “graça salvadora”. Ela é de tamanha significação, que se pode desdobrar, para efeito de compreensão, em outros aspectos relativos à obra salvífica de Cristo Jesus, na redenção do homem. 1) Graça justificadora A graça salvadora opera a justificação do pecador, diante da justiça de Deus. Para Myer Pearlman, “Justificação é
um termo judicial, que nos faz lembrar um tribunal. O homem, culpado e condenado, perante Deus, é absolvido e declarado justo — isto é, justificado. [...] Deus é o juiz, e Cristo é o Advogado; o pecado é a transgressão da lei; a expiação é a satisfação dessa lei; o arrependimento é convicção; a aceitação traz perdão ou remissão dos pecados; o Espírito Santo testifica o perdão; a vida cristã é obediência e sua perfeição é o cumprimento da lei da justiça”.1 2) Graça regeneradora Myer Pearlman2 considera a regeneração como uma “experiência subjetiva”, da qual resulta a adoção, que é um “privilégio objetivo”. Segundo esse teólogo, “a alma, morta em transgressões e ofensas, precisa duma nova vida, sendo a mesma concedida por um ato divino de
regeneração”. Uma vez nascida de novo, a pessoa passa a fazer parte da família de Deus: “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus” (Ef 2.19). Passa a ser “nova criatura”: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). Pela regeneração, o homem é feito “nova criatura” (2Co 5.17), e sua história passa a ser contada diante de Deus a partir de sua decisão de se tornar “filho de Deus”. Bergstén afirma que a regeneração, ou o novo nascimento, “significa o ato sobrenatural em que o homem é gerado por Deus, 1Jo 5.18, para ser filho de Deus, Jo 1.12, e participante
da natureza divina, 2Pe 1.4”.3 Horton4 diz que “A regeneração é a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior [...] O Novo Testamento apresenta a figura do ser criado de novo (2Co 5.17) e da renovação (Tt 3.5), porém a mais comum é a de ‘nascer’ (gr. Gennaõ), ‘gerar’ ou ‘dar à luz’ (cf. Jo 3.3; 1Pe 1.3)”. Essa gloriosa bênção é fruto da graça de Deus. 3) Graça santificadora A santificação é indispensável à salvação (Hb 12.14). A graça de Deus só pode ser eficaz, na vida do convertido, se ele se dispuser a negarse a si mesmo, para ter uma vida de santidade.
A santificação é um processo espiritual, que tem início na conversão, e deve prosseguir por toda a vida do crente, até a morte, ou o seu encontro com Cristo, em sua vinda. É o estado vivencial daquele que é santo, que vive em santidade. A falta de santificação anula os efeitos da regeneração e da justificação. Diz a Bíblia: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). 3. Condições para Ser Salvo “[...] ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente, aguardando a bem-aventurada
esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.12,13). Essa palavra de Paulo está em perfeita harmonia com o ensino precioso de Cristo Jesus, em seus sermões: “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23). É necessário o crente demonstrar arrependimento sincero, o que significa mudança radical em sua natureza, pensamentos, atitudes e práticas. Para ser salvo, o crente precisa ter duas atitudes, opostas uma à outra. A primeira, é no sentido da negação ou da renúncia do próprio eu:
“renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas” (Tt 2.12b; Lc 9.23); a segunda, é no sentido positivo, segundo o qual o salvo deve viver “neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tt 2.12c). Viver sobriamente é viver com a “simplicidade que há em Cristo” (2Co 11.3). A vida de luxo e ostentação não combina com essa condição exemplificada por Jesus. A sobriedade deve fazer parte do cotidiano da vida do crente (1Pe 1.13; 4.7; 5.8). Viver justamente é ter uma vida pautada pela prática da justiça fundamentada em Cristo Jesus. Não é a justiça do homem, que é falha e discriminatória. A uns, a justiça humana é aplicada de uma forma; a outros, de outra forma, mesmo que as circunstâncias das
transgressões sejam idênticas. Mas a justiça de Cristo, no crente, faz com que ele viva de maneira justa, em consonância com a Lei de Deus (SI 23.3; Pv 12.28). Viver piamente significa viver de acordo com a piedade (gr. eusebeia) cristã, é viver em santidade e respeito à Palavra de Deus, em santificação. Todo esse cuidado com o comportamento cristão não é sem finalidade, mas tem um propósito muito elevado, face à vinda de Cristo: “aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo”. Paulo doutrinou aos coríntios, acerca da salvação, demonstrando de forma consistente que, para ser salvo, é necessário permanecer no “caminho
estreito” (Mt 7.14), em obediência à vontade de Deus. “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis; pelo qual também sois salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se não é que crestes em vão” (1Co 15.1,2). De propósito, destacamos o “se”, que indica condição indispensável para a salvação. Sem essa permanência e retenção dos ensinos de Cristo, a fé do crente é vã e morta (Tg 2.17). Somente valorizando a “graça salvadora” é que o crente pode fazer parte do povo de Deus.
Paulo diz a Tito que Jesus “se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tt 2.14; 1Pe 2.9). E ordena que esse ensino, de caráter devocional e prático, deve ser repassado com muito cuidado e zelo à igreja local: “Fala disto, e exorta, e repreende com toda a autoridade. Ninguém te despreze” (Tt 2.15). Nos dias presentes, há muita pregação, muita prédica ou preleção, mas há pouca exortação com doutrina (2Tm 4.2).
O CONCEITO DA GRAÇA
"O conceito de graça é multiforme e sujeito a desdobramentos nas Escrituras. No AT, "hen", 'favor', é o favor imerecido de um superior a um subalterno.
No caso de Deus e do homem, hen é demonstrado por meio de bênçãos temporais, embora também o seja por meio de bênçãos espirituais e livramentos, tanto no sentido físico quanto no espiritual (Jr 31.2; Êx 33.19).
Hesed, 'benevolência', é a firme benevolência expressada entre as pessoas que estão relacionadas, e particularmente em alianças nas quais Deus entrou com seu povo e nas quais sua hesed foi firmemente garantida (2Sm 7.15; Êx 20.6)."
Para conhecer mais leia Dicionário Bíblico Wycliffe, CPAD, p. 876.
II - A CONDUTA DO SALVO EM JESUS 1. Sujeição às Autoridades Legítimas “Admoesta os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam e estejam preparados para toda boa obra” (Tt 3.1). Paulo tinha uma consciência muito viva quanto aos deveres cívicos e sociais a que os cristãos deveriam (e devem) submeter-se, desde que tal submissão não implique desobedecer à Lei de Deus.
Nesta parte da carta a Tito, ele exorta a que ensine aos crentes que se sujeitem “aos principados e potestades”.
E uma linguagem muito antiga ou arcaica, que pode ser mais bem expressada em termos mais recentes, na linguística da tradução bíblica. O cristão sincero deve obedecer aos governantes e autoridades que cuidam da vida administrativa, social e política das nações. Ressalvando que essa obediência cívica não deve suplantar a obediência à cidadania cristã, ou à cidadania dos céus. Jesus mandou dar “a César o que é de César” e “a Deus o que é de Deus” (Mt 22.17- 21). O texto em apreço termina com a observação: “que lhes obedeçam e estejam preparados para toda boa obra” (Tt 3.1 b). Ou seja: que devemos obedecer às autoridades, no que concerne à prática de “toda boa obra”, e não de
qualquer obra.
2. O Relacionamento Cristão Após doutrinar sobre deveres sociais e cívicos, perante as autoridades, Paulo diz a Tito que ensine aos crentes a saberem comportar-se no relacionamento humano: “[...] que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda mansidão para
com todos os homens” (3.2). Vejamos abaixo alguns comportamentos exigidos dos cristãos. 1) Não infamem a ninguém Infâmia é “crime contra a honra”, capitulado no Código Penal do Brasil e de países civilizados. E sinônimo de calúnia. No original grego, eqüivale a “blasfêmia”. E pecado muito grave infamar alguém, na igreja ou fora dela. E passível de sanção judicial ou condenação na justiça humana. Muito mais, na Lei de Deus. Normalmente, a infâmia é ditada com intenção maligna de prejudicar alguém. O cristão deve cultivar o fruto do Espírito da “benignidade”, que é a qualidade
de quem só faz o bem (G1 5.22). 2) Não sejam contenciosos Escrevendo a Timóteo, Paulo diz: “E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor” (2Tm 2.24). Contendas, nas igrejas, geralmente têm resultados muito prejudiciais. Isso não agrada a Deus. 3) Mostrem “mansidão para com todos os homens” Em um mundo em que os prepotentes, autoritários e violentos são os que dominam, é difícil ser manso, sem sofrer consequências morais ou emocionais. Mas deve ser característica marcante do servo de Deus ser
“manso e humilde de coração”, como Jesus ensinou (Mt 11.29). Além de não ser interessante a contenda, no meio cristão, o crente precisa ser “manso para com todos, apto para ensinar, sofredor” (2Tm 2.24b). 3. A Lavagem e a Renovação do Espírito Santo “Porque também nós éramos, noutro tempo, insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros” (Tt 3.3). Neste parágrafo da carta, Paulo traz à lembrança o que “nós éramos”, não apenas ele, Tito e os demais cristãos.
E enumera várias qualidades ou adjetivos, e situações que eram próprias da velha vida de pecado, longe de Deus; ou do “velho homem”, que foi crucificado com Cristo (Rm 6.6); que era corrompido “pelas concupiscências do engano” (Ef 4-22; Cl 3.9); esse “velho homem”, ou velha criatura, possuía qualificações dissonantes com o “novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24). São seis características discriminadas por Paulo que caracterizam o homem no pecado:
insensatez Refere-se à velha vida, plena de loucura, imprudência, leviandade e incoerência, que leva muitos à perdição eterna. Trata-se de condição de quem não é prudente para buscar a Deus, esperando a vinda de Jesus. Ele também falou sobre o homem “insensato”, que edifica sua casa sobre a areia (Mt 7.26). E desastre espiritual inevitável. 2) Desobediência Refere-se à desobediência a Deus e à sua Palavra. O velho homem, dominado pelo pecado, vive em aberta rebelião ou insubordinação contra Deus. E a desobediência é o pecado mais comum, a “mãe” de todos os pecados, cometidos pelo homem,
em todos os tempos (Rm 11.30), que são “filhos da desobediência” (Ef 2.2; 5.6; Cl 3.6ss). 3) Extravio Sem Deus, sem a salvação em Cristo, o homem é um extraviado, como ovelha sem pastor (Mt 9.36). E uma situação difícil e por vezes desesperadora. Mas é feliz quem faz como o “filho pródigo”, que tomou a decisão sábia de retornar humilhado à casa do pai, onde foi recebido com amor e misericórdia (Lc 15.18-24). 4) Servindo a “várias concupiscências e deleites” Outra tradução fala de “paixões e prazeres”, que dominam a vida do homem sem Deus.
Os deleites da carne impedem que o homem se converta a Deus de verdade, sufocado pelos “espinhos” da vida (Lc 8.14). As concupiscências da vida, ou os desejos exacerbados da carne, são impedimento para uma vida de santidade e fidelidade a Jesus (1Pe 4.3; Jd 16). De modo geral, esse tipo de prática está relacionado aos pecados sexuais. 5) “Vivendo em malícia e inveja” Malícia é sinônimo de maldade, perversidade, malignidade. Um cristão, nascido de novo, não pode andar com esse tipo de sentimento ou de prática em sua vinda íntima nem no relacionamento com os outros. A malícia não deve fazer parte da vida cristã (Ef 4.31; Cl 3.8). A
inveja é outro sentimento indigno para um cristão sincero; é sentimento carnal, ou de influência diabólica, que faz com que uma pessoa sinta-se mal com o sucesso do outro. E sentimento destruidor não só da paz interior, mas que é devastador para a saúde física. É “a podridão dos ossos” (Pv 14.30). 6) Odiosos, odiando “uns aos outros” Completando o quadro memorativo do que era o “velho homem”, Paulo lembra a Tito que, no trato passado, “nós” éramos “odiosos” e odiávamos “uns aos outros”. Ódio é sinônimo de rancor, de raiva, interiorizado no coração ou na mente da pessoa. Quem odeia faz muito mais mal a si mesmo do que à pessoa ou ao
objeto odiado. O ódio ou o rancor, internalizado e guardado no coração é devastador também da saúde mental e física. Além disso, perante Deus, aquele que odeia ou aborrece seu irmão não entra no céu, e é considerado criminoso (1Jo 3.15). Toda essa lista negra de qualidades ruins foi mudada, na vida do salvo, quando teve o encontro com Cristo e experimentou a “lavagem da regeneração do Espírito Santo” (Tt 3.4-7).
A Natureza da PolĂtica
"A essência da política é a luta por poder e influência. Todos os grupos e instituições sociais precisam de métodos para tomar decisões para seus membros. A política nos ajuda a fazer isso. A palavra grega da qual política é derivada é polis, que significa 'cidade'. Política no sentido clássico envolve a arte de fazer uma cidade funcionar bem. Também ajuda a administrar nossas organizações e governos. Quando nosso sistema político é saudável, mantemos a ordem, provemos a segurança e obtemos a capacidade de fazer coisas como comunidade que não poderíamos fazer bem individualmente.
Votamos as leis, fazemos a polícia impô-las, arrecadamos impostos para estradas, sistemas de esgoto, escolas públicas e apoio nas pesquisas de câncer. Em nossas organizações particulares, um sistema político sadio nos ajuda a adotar orçamentos, avaliar pessoal, estabelecer e cumprir políticas e regras e escolher líderes. No melhor dos casos, a política melhora a vida de um grupo ou comunidade. A política toma uma variedade de formas, como eleições, debates, subornos, contribuições de campanha, revoltas ou telefonemas para legisladores. Como vê, alistei maneiras nobres e ignóbeis de influenciar as decisões de um sistema político. Algumas delas são formais, como as
eleições, ao passo que outras são informais, como telefonar para vereadores, deputados e senadores e pressioná-los a votar do nosso modo"
(PALMER, Michael D. Panorama do Pensamento Cristão. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p.447). III - AS BOAS OBRAS E O TRATO COM OS HEREGES 1. A Prática das Boas Obras “Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que creem em Deus procurem aplicarse às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens” (Tt 3.8). Mais uma vez, Paulo ressalta o valor das boas obras na vida do crente em Jesus. O cristão deve cultivar e demonstrar o fruto
do Espírito em sua vida. As boas obras são sinal evidente de uma vida frutífera e produtiva na presença de Deus. “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda” (Jo 15.16). Esse “fruto” é concretizado por meio do testemunho eloquente de uma nova vida em Cristo. Materializa-se na prática de boas obras, na demonstração de atitudes e práticas que concorrem para a glória de Deus: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31).
Como Tratar com os Hereges Os hereges ou os falsos mestres tinham oportunidade, tanto em Éfeso como em Creta e em outros lugares onde o cristianismo chegava com sua mensagem salvadora. Satanás logo procurava induzir pessoas que se convertiam ao erro, por intermédio de homens de má índole, que procuravam perturbar a estabilidade das igrejas que iam sendo abertas em todos os lugares. Assim, da mesma forma que advertira quanto aos falsos ensinos na igreja de Éfeso (2Tm 2.23), Paulo chamou a atenção de Tito para o mesmo tipo de discussão estéril e prejudicial à fé genuína dos cretenses: “Mas não entres em questões loucas, genealogias e contendas e nos debates acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs” (Tt 3.9).
Em uma exortação de apenas duas linhas de sua carta a Tito, Paulo resumiu a maneira como se deve tratar o herege, ou seja, aquele que, rejeitando a verdadeira fé, julga-se mais sábio e conhecedor do que os demais cristãos. Esses são arrogantes, presunçosos, e se acham “donos da verdade”. O apóstolo demonstra que é perda de tempo ficar discutindo ou argumentando com quem apóstata da fé e se afasta da sã doutrina de Cristo.
Ele é incisivo e direto quanto ao trato com o herege: “Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido e peca, estando já em si mesmo condenado” (Tt 3.10,11).
Basta admoestar uma ou duas vezes, e, depois, apenas orar para que Deus se apiede de sua arrogância doutrinária. "A segunda proibição que Paulo faz é contra os facciosos, aqueles que causam divisões por meio de discordâncias.
'Depois de uma e outra admoestação, evita-o', ou seja, tente ajudá-lo corrigindo o seu erro através de advertências ou aconselhamento. Tais inimigos só devem ter duas chances e então devem ser evitados. 'A razão pela qual o 'herege' deve ser rejeitado é justamente esta; em sua divisão, 'tal' homem demonstra que 'está pervertido e peca, estando
já em si mesmo condenado'. Ao persistir em seu comportamento divisor, o 'falso mestre' tornou-se pervertido ou 'continua em seu pecado', deste modo 'se autocondenando'. Isto é, por sua própria persistência no comportamento pecaminoso, condenou a si mesmo, colocando-se de fora, sendo consequentemente rejeitado por Tito e pela igreja"
(Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 1.ed.Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1515).
CONCLUSÃO
A graça de Deus, manifestada por meio de Cristo, é a mais alta expressão do seu amor, misericórdia e bondade para com o homem pecador. Depois da Queda, rompeu-se a ligação direta entre o homem e Deus. Mas, por intermédio de Cristo, foi reconstituída essa ligação, tornandose Ele o mediador entre o ser criado e o seu Criador. Essa graça que é salvadora, santificadora e redentora está à disposição de todos os homens, pois “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (SI 24.1). Todos os seres humanos pertencem a Deus por direito de criação. Mas para serem salvos, precisam tornar-se filhos de Deus, crendo nEle como seu Salvador (Jo 1.12).
Notas: 1 French L. ARRINGTON & Roger STRONSTAD. Comentário bíblico pentecostal - Novo Testamento, p.1445. 3 Dicionário HOUAISS. 4 Gordon D. FEE. Novo comentário bíblico contemporâneo 1; 2 Timóteo e Tito, p.53. 5 D. FEE, Gordon. Novo comentário bíblico contemporâneo 1; 2 Timóteo e Tito, p.53.
6 Russell Norman CHAMPLIN. O Novo Testamento interpretado, versículo por versículo. Vol.5, p.284
Fonte: A Igreja e o seu Testemunho - As ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais - Elinaldo Renovato de Lima
(livro de apoio) Comentário Bíblico Beacon 1ª.ed.vol.9 Bíblia de Estudo Pentecostal
Experiências pessoais
Testemunhos de vida
Sobre o autor : Anderson de Faria Cantarelli, Casado com Raquel J Cantarelli
Formado em: Administração,eTeologia e Ed Fisica e Tec Enfermagem, Missiologia,informática ,coaching Ex Jogador de Basquete Presidente do EC Vasco da Gama Americana Basquete . Atua como escritor, conferencista , coaching e Palestrante . Para compartilhar testemunhos, ler mais estudos ou nos chamar para a realização de conferências , palestras , clinicas e eventos em geral em sua igreja , escola , empresa , clubes entre em contato peloe-mail anderson12144@hotmail.com ou aindapelostelefones: (19)9829-06751.