sustentável O TEMPO Belo Horizonte, Sábado, 25/8/2012
para os novos tempos Com a sustentabilidade e responsabilidade social, Eletrobras amplia investimentos em hidrelétricas e investe em novas formas de geração
Vertedouro da Itaipu Binacional: água que move as turbinas leva energia para milhões de brasileiros
BANCO DE IMAGENS ITAIPU/DIVULGAÇÃO
ambiente
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DNA verde. Em total sintonia com os novos tempos, Eletrobras investe em seu desenvolvimento sustentável
Hidrelétricas. Matriz energética brasileira é reconhecidamente a mais limpa do mundo
Carro elétrico. Projeto da Itaipu Binacional pode ditar o fim da dependência dos combustíveis fósseis
Energia eólica. Essa fonte limpa e renovável está transformando a paisagem de diversas cidades Brasil afora
Pg. Pg. 88 ee 99
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Biogás. Projeto Alto Uruguai está transformando resíduos da suinocultura em fonte alternativa de energia
Nos rincões do Brasil. Energia fotovoltaica leva conforto e cidadania a moradores de Xapuri, no Acre
Boas escolhas. Selo Procel garante eficiência energética de eletrodomésticos vendidos aos consumidores brasileiros
Procel Edifica. Ele prevê, desde 2010, a etiquetagem de prédios públicos, comerciais e residenciais
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Inovação. Aeronaves não tripuladas garantem mais confiabilidade e segurança no monitoramento de linhas
Tecnologia. Inédito, Projeto Megawatt Solar vai viabilizar primeiro edifício autossuficiente do país
Consumidor. Redes inteligentes estão revolucionando a forma de gerenciar a conta de luz
Germoplasma. Em Tucuruí, 97% das áreas impactadas já foram recuperadas com espécies nativas
Índice
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Lago de Itaipu. Crianças nadam no reservatório, cuja faixa de proteção abriga dezenas de espécies de aves, mamíferos e répteis, além de rica ictiofauna
Ambiente Sustentável
Editora. Juliana Dapieve Grossi – Reportagens. Ana Paula Braga e Márcia Xavier Fotografia. Alexandre Marchetti, Hermínio Nunes, Jorge Coelho, Pedro R. Pozzebom e Sávio Borges Diagramação. Anderson Carvalho – Tratamento de Imagem. Cristiano Silva
AMBIENTE SUSTENTÁVEL • Belo Horizonte, 25 de agosto de 2012 • 3
O valor de ser sustentável
Ana Paula Braga
O
desafio de assumir um compromisso com a sustentabilidade se apresenta em razão de uma perspectiva de futuro. Mas as tarefas que ele impõe no dia a dia são do presente. E para que isso aconteça, governos, empresas, organizações e cidadãos têm a grande responsabilidade de incorporar, de maneira permanente e inovadora, as melhores práticas. Ser o maior sistema empresarial global de energia limpa é o desafio que vem impulsionando a Eletrobras nos últimos anos. Mais dinâmica, mais integrada e em total sintonia com os novos tempos, a maior holding do setor elétrico da América Latina quer ir além quando o assunto é o desenvolvimento sustentável. Além de fazer parte, pelo quinto ano consecutivo, do Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo (ISE/Bovespa), a Eletrobras conseguiu atender aos requisitos do Pacto Global e também foi eleita a empresa de maior prestígio no Brasil, no setor de energia. Sem contar outros prêmios e reconhecimentos conquistados nos últimos anos pelo acompanhamento diário dos aspectos socioambientais e pela transparência empresarial, aspectos imprescindíveis para atrair a atenção e confiança de investidores e também da sociedade. Para o superintendente de Comunicação e Relações Institucionais da Eletrobras, Luiz Augusto Figueira, a política ambiental da companhia ressalta o compromisso de minimizar, cada vez mais, os impactos ambientais decorrentes de suas operações em todos os cantos do país, especialmente as relativas aos recursos hídricos, energia e mudanças climáticas, sem deixar de acompanhar o crescimento econômico do Brasil.
“A sustentabilidade está no DNA da empresa desde antes de o conceito ser largamente usado no mercado, como prova o fato de 85% de nossa capacidade instalada de geração de energia provir de hidrelétricas, uma fonte limpa e renovável. Com o tempo, a Eletrobras incorporou o conceito a sua gestão, colocando, inclusive, a sustentabilidade em sua missão. Em todos os empreendimentos, procuramos conjugar retorno financeiro, respeito aos públicos de relacionamento envolvidos e a preservação do meio ambiente”, avalia Figueira. GESTÃO AMBIENTAL
Com a intenção de avaliar os sistemas de gestão ambiental existentes em todas as empresas Eletrobras e estabelecer metas, foi desenvolvido, em 2010, o Sistema de Indicadores para Gestão da Sustentabilidade Empresarial (IGS), que promove a melhoria contínua de todos os processos envolvidos. Neles, são avaliados quatro grandes temas: água, energia, resíduos e biodiversidade. O IGS Ambiental também aloca dados referentes a seis atividades – as de geração hidrelétrica e termelétrica, transmissão, distribuição, atividades administrativas e conformidade legal. Segundo Figueira, para aperfeiçoar o desempenho do preenchimento do banco de dados do Sistema IGS, são oferecidos treinamentos para as equipes das empresas, todos ministrados pela Eletrobras Cepel. Somente no ano passado, foram realizados cinco treinamentos. “O uso dessa ferramenta permite o gerenciamento de indicadores por meio de informações parametrizadas e
Em 2011, a empresa realizou o maior programa de investimentos da sua história e obteve lucro líquido de R$ 3,7 bi
rastreáveis, inclusive por auditoria externa, e auxilia na consolidação de dados para os diversos relatórios corporativos voltados ao atendimento das demandas de acionistas, investidores e demais partes interessadas, abrangendo os processos de listagem nos índices do mercado de capitais”. REDUÇÃO E EDUCAÇÃO
Outro ponto importante é que a Eletrobras tem trabalhado em prol da eficiência energética do país, atuando em duas vertentes. A primeira está voltada para a redução de 5% em kWh/mês do consumo total de energia elétrica em suas operações, focando principalmente a troca de equipamentos obsoletos
por outros mais eficientes, tais como sistemas de climatização, iluminação e geração de energia. Já a segunda tem o objetivo de promover o uso eficiente e sustentável da energia elétrica por toda a sociedade. Neste caso, programas de eficiência energética são implantados nas residências de consumidores de baixa renda, além de locais de utilidade pública como escolas, equipamentos de trânsito, prédios públicos, sistemas de água e esgoto, etc. Essas iniciativas vão desde a instalação de kits fotovoltaicos, passando por atividades educacionais aos consumidores sobre uso seguro, racional e eficiente da energia, até a realização de diagnósticos energéticos. JORGE COELHO/ELETROBRAS
Luiz Agusto Figueira: “A sustentabilidade está no DNA da empresa antes de o conceito ser usado no mercado”
Monitoramento socioambiental, transparência e compromisso estão na pauta da Eletrobras
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Energia limpa para o
desenvolvimento econômico Juliana Dapieve
A
realidade atual busca a lucratividade baseada em processos sustentáveis. Este é o foco de empresas que visam ao equilíbrio de três pilares – ambiental, econômico e social – com a incorporação da sustentabilidade em suas estratégias de negócios para obter bons resultados. Nesse contexto figura o Sistema Eletrobras, hoje o maior conglomerado empresarial de energia limpa da América Latina e que, assim como as grandes companhias de energia elétrica globais, tem como desafios no futuro próximo a ampliação da geração de energia, a otimização dos sistemas de transmissão e de distribuição e a garantia de suprimento para todos. A maior parte da energia elétrica
produzida no Brasil vem de uma fonte renovável – a água. O território brasileiro é cortado por rios e as usinas hidrelétricas são uma opção sustentável para garantir a energia de que o país precisa para crescer. A hidreletricidade, na concepção brasileira, é um importante vetor de desenvolvimento e combate à pobreza, visto que o potencial remanescente encontra-se em locais onde o Índice de Desenvolvimento Humano ainda é muito ruim. Com esse foco, o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, diz que a meta da empresa até 2020 é ser o maior sistema global de energia limpa, com rentabilidade comparável à das melhores empresas do setor elétrico. “As usinas hidrelétricas continuarão sendo priorizadas em nossa política de investimentos. Atualmente, estão em construção mais de 22.524 MW de ca-
pacidade instalada por todo o território nacional, empreendimentos em sua grande maioria desenvolvidos em parcerias. É o caso de usinas como Jirau (3.750MW de capacidade instalada) e Santo Antônio (3.150 MW), no Rio Madeira, que devem estar operando em plena capacidade até 2013, e, especialmente, a de Belo Monte”, explica. Segundo Carvalho Neto, a Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte terá capacidade instalada de 11.233 MW, com previsão de entrada em operação comercial de sua primeira unidade em 2015. Sua implantação adicionará 4.571 MW médios de energia ao sistema elétrico brasileiro, energia suficiente para abastecer 40% do consumo residencial de todo o país. NOVOS EMPREENDIMENTOS
Já na fase de estudos de viabilidade
e projeto básico a cargo das Empresas Eletrobras, há uma capacidade instalada total adicional prevista da ordem de 22.543 MW. Para o período de 2012-2015, está previsto um acréscimo contratado de capacidade instalada da ordem de 13.251 MW, representando um investimento associado de R$ 26,4 bilhões. “Dentre os projetos que estão em estudos, podemos destacar as usinas de São Luiz do Tapajós (6.133MW) e Jatobá (2.338MW), no Rio Tapajós. Elas estão passando pela fase da viabilidade técnica e econômica e dos relatórios ambientais. Mais adiante, a previsão é que sejam estudadas também as usinas de Jamanxim (881MW), Cachoeira dos Patos (528MW) e Cachoeira do Caí (802MW), todas no Rio Jamanxim”, explica Carvalho Neto, sobre as usinas que formam o Complexo Tapajós. BANCO DE IMAGENS ITAIPU/DIVULGAÇÃO
Vertedouro da hidrelétrica Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu
Usinas hidrelétricas desenvolvidas de forma economicamente viável, ambientalmente sensata e
Principais vantagens das hidrelétricas Utilizam uma fonte renovável de energia. A água que movimenta as turbinas da hidrelétrica e gera eletricidade se renova sempre por meio do ciclo hidrológico e pode ser reutilizada. Sua qualidade é preservada. Viabilizam o uso de outras fontes renováveis. A flexibilidade e a capacidade de armazenamento das usinas fazem delas um meio eficiente e econômico para dar suporte ao emprego de outras fontes de energia renovável, como a eólica e a solar. Contribuem para manter mais puro o ar que respiramos. As hidrelétricas não produzem poluentes do ar nem geram subprodutos tóxicos. Ajudam a combater as mudanças climáticas. Estudos recentes vêm mostrando que reservatórios de hidrelétricas podem absorver gases de efeito estufa.
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Compromisso é mitigar e minimizar impactos A Eletrobras tem como política ambiental o compromisso de mitigar e minimizar os impactos decorrentes de sua operação, sem deixar de acompanhar o crescimento econômico do país. Ainda assim, existem críticas sobre a adoção do modelo de geração de energia hidrelétrico em larga escala. Mas presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, lembra que a construção de hidrelétricas é norteada por uma ampla legislação ambiental que estabelece os limites do empreendedor e visa preservar o meio ambiente, a cultura local e a qualidade de vida das pessoas. “A política energética brasileira adotou, há muitas décadas, a opção pelo uso de hidrelétricas na composição majoritária de nossa matriz elétrica. Essa decisão se mostrou acertada, visto a abun-
dância de rios com potencial hidrelétrico em nosso território”. Para ele, não há dicotomia entre a construção de hidrelétricas e a preservação do meio ambiente. “Um empreendimento hidrelétrico traz impactos socioeconômicos na região em que é implantada. Entretanto, os impactos não são apenas negativos, mas também positivos”, diz. “A construção de usinas gera emprego e diversas contrapartidas, como implantação de saneamento básico, construção de escolas, hospitais e casas para os moradores. Há também contrapartidas ambientais, como a preservação de áreas no entorno, a recomposição de matas ciliares etc. Em áreas em que são implantadas hidrelétricas, o meio ambiente é preservado, já que isso é bom para o negócio, pois mantém o equilíbrio ecológico
e os rios com água limpa, um componente essencial para a boa operação de um empreendimento”. BONS EXEMPLOS
Como exemplos, ele cita a usina de Tucuruí. Lá, 97% da mata degrada na época da construção já está recomposta com sementes nativas, cultivadas na Ilha de Germoplasma. Em Itaipu, o programa Cultivando Água Boa preserva os recursos da Bacia Hidrográfica do Paraná 3, localizada no oeste do Paraná, na confluência dos rios Paraná e Iguaçu. “Esses exemplos, além de muitos outros, demonstram que a geração de uma energia limpa, barata, renovável e firme, que propicia as condições de desenvolvimento para o país, é possível”, diz Neto. JORGE COELHO/ELETROBRAS
Armazenam água potável. Os reservatórios das usinas coletam água de chuva, que pode ser usada para o consumo e a irrigação. Promovem a segurança energética e a redução dos preços pagos pelo consumidor final. A energia que vem dos rios é uma fonte renovável com ótima relação custo/benefício, confiabilidade e eficiência. Elevam a confiabilidade e estabilidade do sistema elétrico do país. A energia gerada pelas hidrelétricas pode ser injetada no sistema elétrico interligado e transportada para todas as regiões, de Norte a Sul do Brasil. Contribuem significativamente para o desenvolvimento. As instalações hidrelétricas trazem eletricidade, estradas, indústrias e comércio para as comunidades. Com isso, estimulam a economia e melhoram a qualidade de vida da população. Significam energia limpa e barata para hoje e amanhã. Com um tempo médio de vida que pode chegar a cem anos, os empreendimentos hidrelétricos são investimentos de longo prazo, capazes de beneficiar várias gerações.
Presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto diz que a meta até 2020 é ser o maior sistema empresarial global de energia limpa
País está com “crédito ambiental” O Brasil caracteriza-se pela abundância de rios, muitos dos quais possuem quedas d’água perfeitas para o aproveitamento hidrelétrico. Atualmente, dos 260 mil MW do nosso potencial, cerca de 180 mil MW podem ser aproveitados com impactos ambientais mitigáveis. Desse total, o país explorou 80 mil MW. “Essa abundância de potencial hidrelétrico e a expertise desenvolvida pelos profissionais brasileiros ligados ao setor elétrico oferecem uma vantagem competitiva imensa para o Brasil em relação a outros países do mundo, que precisam queimar óleo, carvão ou gás, combustíveis não-renováveis, de
produção cara e ambientalmente prejudiciais”, explica o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto. Há dois meses, durante a Rio+20, o Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (FMASE) participou da elaboração de um documento que reuniu 16 setores da indústria, inclusive o setor elétrico. O texto reiterou premissas de atuação do segmento, destacando pontos relevantes – lembrando, inclusive, que a matriz energética brasileira é cerca de 7,5 vezes mais limpa que a mundial e o desafio é manter essa característica. “O Brasil deve ter reconhecido seu esforço em ter desenvolvido e mantido
uma matriz elétrica baseada em mais de 80% de fontes renováveis, enquanto a média mundial é 18%”, destaca o documento. Segundo o FMASE, no texto, o país tem, por isso, um “crédito ambiental histórico”, em “contraste às ‘responsabilidades históricas’ dos países desenvolvidos relativas às grandes emissões passadas”. Atualmente no ranking das dez primeiras empresas geradoras com matriz limpa em relação ao total gerado, a Eletrobras figura na terceira posição, com 98,2% de geração de energia limpa. À frente da Eletrobras estão a Hydro Quebec (Canadá) e a ISA (Colômbia), respectivamente.
socialmente responsável representam o desenvolvimento sustentável em sua melhor concepção
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Projeto incentiva produção de veículos ecoeficientes Ana Paula Braga
O
consumo abundante de combustíveis fósseis derivados do petróleo é a principal causa do fenômeno conhecido como aquecimento global. Veículos movidos a motor de combustão liberam na atmosfera gases poluentes como o dióxido de carbono (CO2). Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, 75% das emissões de CO2 dos últimos 20 anos derivam da queima de combustíveis fósseis. Diante desse cenário, o veículo elétrico se configura como uma tendência mundial e se traduz como uma das melhores alternativas de substituição do petróleo, por trabalhar com fontes de energia renováveis e não poluentes, que oferecem melhor qualidade de vida às cidades. Projeções da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) apontam que, em dez anos, quase um quarto dos veículos novos deverão ser movidos por algum tipo de propulsão elétrica. Aliar a questão ambiental com a eficiência energética é a tônica do Projeto Veículo Elétrico (VE) da Itaipu Binacional, a maior geradora de energia limpa do mundo, com a empresa suíça Kraf-
Baterias serão nacionalizadas
twerke Oberhasli AG (KWO). Além de se firmar como uma iniciativa sustentável, capaz de propiciar transferência de tecnologia, apenas nos primeiros cinco anos do projeto, mais de 50 protótipos saíram do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Montagem de Veículos Elétricos (CPDM-VE), com recursos da Eletrobras. Apesar da escala ser laboratorial, trata-se da maior linha de montagem de carros “verdes” do país. PROTÓTIPOS
Os protótipos com modelo Palio Weekend, construídos em parceria com a Fiat, levam bateria de 15 kW (20 cv) e têm autonomia de 100 km. Os automóveis podem alcançar velocidade máxima de 110 km/h e exigem tempo de recarga de 8 horas. O grande desafio do Projeto VE é viabilizar a autonomia de 450 km, velocidade máxima de 150 km/h e recarga de apenas 20 minutos, com robustez e preço compatível com o mercado convencional. Outro modelo de sucesso que está sendo desenvolvido é o Novo Uno Ecology, que terá uma performance superior por utilizar motor elétrico e bateria de maior potência. O carro elétrico pode ser considerado “100% ecológico” pela ausência de poluentes, por quase não emitir barulho e poder ser abastecido em casa, com despesas mínimas. “O motor mais eficiente do mundo é o elétrico, com 95% de aproveitamento”, afirma o diretor-geral brasileiro da
empresa energética Itaipu Binacional, Jorge Miguel Samek. “No motor convencional a combustão interna tem uma eficiência de apenas 25%, pois precisa gastar muita energia para fazer um veículo rodar”, completa ele. Além do transporte individual, o Projeto VE busca soluções para o transporte de carga e de passageiros. Surgiu dessa iniciativa o primeiro caminhão elétrico da América Latina, que foi desenvolvido em parceria com a Iveco – segmento da Fiat para veículos pesados. Lançado em agosto de 2009, o Iveco Daily Elétrico cabine dupla ganhou o Prêmio Destaque Tecnológico
no Congresso da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE). O utilitário tem motor de 40 kW, autonomia de 100 km e pode alcançar velocidade de 70 km/h. Leva até sete pessoas e suporta uma carga de 2,5 toneladas. “Satisfazer as necessidades de transporte de hoje, sem comprometer as futuras gerações. É isso que entendemos como sustentabilidade”, defende o presidente da Iveco para a América Latina, Marco Mazzu. Segundo ele, o caminhão elétrico vai atender à demanda de empresas e comunidades que tenham compromissos com a sustentabilidade.
Palio Weekend elétrico: ele alcança velocidade máxima de 110 km/h e recarrega a cada 8 horas FOTOS ALEXANDRE MARCHETTI/ITAIPU BINACIONAL
O alto custo das baterias, hoje importadas da Suíça, é considerado uma das principais barreiras à popularização dos veículos elétricos. Para enfrentar essa dificuldade, o Projeto VE obteve R$ 32 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. A ideia é desenvolver uma bateria nacional similar às utilizadas hoje no Projeto VE. A Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) será a gestora do projeto, com coordenação técnica da Itaipu.
Caminhão Caminhão elétrico elétrico leva leva até até sete sete pessoas pessoas ee suporta suporta uma uma carga carga de de 2,5 2,5 toneladas toneladas
Tendência mundial, carro elétrico da Itaipu Binacional é considerado 100% ecológico
HERMÍNIO NUNES/ELETROSUL
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Tirandopartidodos
(bons)ventosbrasileiros Ana Paula Braga
E
Parque Eólico de Cerro Chato em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul
m apenas dez anos, o Brasil conseguiu expandir sua capacidade instalada de energia eólica em 65 vezes. O progresso tecnológico, associado às excelentes condições de vento no país e a crise internacional explicam a entrada tão virtuosa dessa fonte em nossa matriz energética. Hoje, são quase mil aerogeradores espalhados por 71 parques eólicos, o suficiente para abastecer de energia limpa e renovável quase 12 milhões de pessoas. Segundo especialistas, os ventos brasileiros são fortes, constantes e sem rajadas, elementos que os tornam os melhores do mundo para esse fim. Diante deste cenário, a expansão do mercado tornou os preços bastante competitivos e a energia eólica é, hoje, muito mais barata do que já foi. Essa fonte de energia que mais cresce no mundo transformou a paisagem de diversas cidades pelo Brasil afora, principalmente na região Nordeste e no extremo Sul do país. A Eletrobras Eletrosul, por exemplo, tem sido uma das protagonistas nesse avanço ao investir mais de R$ 2 bilhões na construção de quatro grandes complexos eólicos cuja capacidade instalada representa aproximadamente 35% da geração eólica atual do Brasil. CONHEÇA CERRO CHATO
O primeiro complexo a entrar em operação foi Cerro Chato, em Sant’Ana do Livramento, no Rio Grande do Sul, na fronteira com Uruguai. Todo complexo – com 45 aerogeradores e 90 MW de capacidade instalada – está em operação desde dezembro do ano passado e
atende o consumo de aproximadamente 490 mil habitantes. Segundo informações da Eletrosul, a estimativa de geração para este ano é de 300 gigawatts hora (GWh), o que reforça o suprimento de energia para o Sistema Interligado Nacional (SIN) e diminui a dependência das termelétricas. Outro complexo da Eletrosul, que fica no município de Sant’ Ana do Livramento (RS), já está em construção em áreas próximas a Cerro Chato. São mais 78 MW de capacidade instalada que deverão ser entregues no primeiro trimestre de 2013, um ano antes do prazo estipulado pela Aneel. Em Santa Vitória do Palmar, litoral do Rio Grande do Sul, a empresa irá construir o maior complexo da América Latina, com 258 MW de capacidade instalada. O outro complexo será em Chuí e leva o mesmo nome do município. Serão mais 144 MW de capacidade de geração. A previsão é que ambos entrem
em operação até o primeiro trimestre de 2014. Já a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), por meio da consolidação, no país, dos leilões de compra e venda de energia eólica, investe no momento cerca de R$ 1,2 bilhão em empreendimentos eólicos. Está implantando em Casa Nova, na Bahia, a maior central eólica individual do país, com capacidade de 180 MW e, em parceria com a Brennand Energia, o Complexo Eólico Sento Sé. Essas duas com operação prevista para o início de 2013. No Ceará, em parceria a Voltália, está implantando o Complexo Eólico Cruz, com 112 MW de capacidade e operação prevista para 2016. “Desse modo, a Chesf, além da expansão da oferta de energia com sustentabilidade e da diversificação da matriz de geração de energia elétrica, está contribuindo para o desenvolvimento regional, fortalecendoa indústria e ampliandoa criação de empregos”, avalia o gerente do Departamentode Tecnologia ede Desenvolvimento de Alternativas de Geração da Eletrobras Chesf, Pedro Bezerra.
Incentivo verde-amarelo O governo brasileiro tem apostado na energia eólica e, ao instituir leilões regulares para a fonte, estimulou a redução no custo de produção da energia, que já se tornou competitiva em comparação a outras fontes alternativas, como as térmicas. Atualmente, o Brasil já é o principal país da América Latina no uso da energia eólica e um dos principais mercados do mundo em expansão, razões que têm atraído muitos investidores. Para ter direito ao financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), com juros atraentes, as empresas do setor eólico precisam assegurar a utilização de, no mínimo, 60% de peças e acessórios nacionais. A medida estimulou a geração de emprego e renda, sendo que o setor eólico responde, hoje, por cerca de 12 mil empregos diretos. O diretor de Engenharia e Operação da Eletrobras Eletrosul, Ronaldo dos Santos Custódio, destaca os impactos positivos da energia eólica. “A geração de empregos, melhoria nas condições de acessos e malha viária existente, acréscimo da demanda por serviços de infraestrutura, geração de renda aos proprietários de terras onde os parques são instalados, aumento de receita para o município e atração de novos investimentos estão entre os benefícios dessa fonte de energia”.
País tem hoje quase mil aerogeradores em 71 parques eólicos; expectativa é crescer mais
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Biogás: vantagens
ambientais e energéticas Márcia Xavier
A
proveitar os resíduos da suinocultura e transformar um passivo ambiental em fonte alternativa de energia. Esse é o propósito central do Projeto Alto Uruguai – Cidadania, Energia e Meio Ambiente, idealizado pela Eletrobras e pela Eletrosul para atender a região que responde por aproximadamente 35% da produção nacional de suínos. O projeto está em sua segunda etapa, que prevê a implantação de até 40 biodigestores em 55 municípios de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e de até quatro mini centrais de geração de energia elétrica a partir do biogás, com capacidade total de um megawatt. O investimento previsto é de mais de R$ 11,5 milhões, a serem aplicados ao longo de quatro anos. Para se ter ideia da importância do Projeto Alto Uruguai, Santa Catarina e Rio Grande do Sul concentram quase 35% do rebanho de suínos do Brasil, com 13,5 milhões de cabeças, segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Isso que resultaria em 116,1 milhões de litros de dejetos por dia (considerando a produção média de 8,6 litros/animal). COOPERAÇÃO
A segunda etapa do Projeto Alto Uruguai terá a cooperação dos municípios e a parceria do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). “Por concepção, o projeto é da Eletrobras e da Eletrosul, mas, na prática, ele depende do envolvimento da sociedade para termos sucesso no objetivo final que é o de garantir o desenvolvimento sustentável da região. Daí a importância da integração com as prefeituras e movimentos sociais”, diz o presidente da Eletrosul, Eurides Mescolotto. As primeiras ações da segunda etapa do Projeto Alto Uruguai serão a capacitação e treinamento de 2.000 professores das redes municipais de ensino e de mil agentes comunitários para difundir os conceitos de conservação e eficiência energética, na mesma linha do Procel Educação. Está prevista, ainda, a elabora-
ção de Planos Municipais de Gestão Energética (Plamge’s) – que irão orientar ações para redução do consumo de energia – e de diagnósticos energéticos nos setores residencial, comercial e industrial dos municípios para adoção de medidas de conservação energética. CRONOGRAMA
Depois de realizar o diagnóstico socioambiental e o trabalho de conscientização, nos 55 municípios, serão selecionadas as propriedades que receberão os biodigestores. A escolha levará em conta a contribuição em termos de carga poluente, entre outros critérios técnicos. Os produtos resultantes do processamento dos resíduos da criação de suínos com o uso de biodigestores são metano e matéria orgânica, que podem ser usados como combustível para aquecimento e geração de energia e como fertilizante, respectivamente. Além de reduzir o impacto ambiental, as ações propostas pelo Projeto Alto Uruguai criam condições para que os produtores tenham ganhos com a economia de insumos essenciais à atividade.
As unidades biodigestoras do projeto Alto Uruguai estão abertas para visitações, pesquisa e estudos
FOTOS HERMÍNIO NUNES/ACS ELETROSUL
Biodigestor em Irmã Luft, distrito de Itapiranga, em Santa Catarina
Desenvolvido em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, Projeto Alto Uruguai
AMBIENTE SUSTENTÁVEL • Belo Horizonte, 25 de agosto de 2012 • 9
Unidade Unidade biodigestora biodigestora na na colônia colônia Célia Célia de de Ivo, Ivo, em em Chapecó Chapecó (SC) (SC)
Saiba mais Qualidade. Um relatório do Grupo de Estudos Ambientais da Bacia Hidrográfica do Alto Rio Uruguai, da Unochapecó, ressalta que qualidade da água do riacho no município de Itapiranga, em Santa Catarina, melhorou após a primeira fase do Projeto Alto Uruguai. Segundo o levantamento, com a instalação de biodigestores para o armazenamento dos dejetos suínos, também houve redução do mau cheiro, da quantidade de insetos e da carga orgânica e nutrientes nos efluentes da região.
Biodigestores já evitam a emissão de gás metano na atmosfera A primeira etapa do Alto Uruguai abrangeu 29 municípios de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e teve investimento de aproximadamente R$ 4 milhões. Nela, foram instalados biodigestores em 35 propriedades, o que tem garantido a destinação adequada e o tratamento de mais de 147 mil litros de dejetos por dia e a produção de 90 mil litros de fertilizante por mês, além de evitar a emissão de mais de 1,6 milhão de metros cúbicos de gás metano na atmosfera, por ano. O projeto ganhou esse nome pois os municípios atendidos estão na área de influência da Bacia do Rio Uruguai, que reúne importantes mananciais de abastecimento para a região.
Substituição da madeira. Com os biodigestores, moradores e empresários dos municípios atendidos pelo projeto conseguem substituir o uso da madeira pelo biogás, evitando o desmatamento. O biogás também pode ser usado em fogões, no aquecimento de água, motores, geladeiras etc. Benefícios. Segundo dados da Eletrobras Eletrosul, os biodigestores têm garantido a destinação adequada e o tratamento de mais de 147 mil litros de dejetos por dia e a produção de 90 mil litros de fertilizante por mês, além de evitar a emissão de mais de 1,6 milhão de m³ de gás metano na atmosfera, por ano.
ACOMPANHAMENTO
Na segunda etapa do projeto Alto Uruguai, está previsto o acompanhamento das 35 unidades biodigestoras implantadas na primeira fase. “Esse acompanhamento consistirá em prestar assistência técnica aos produtores, orientando-os quanto à segurança de suas instalações e a melhor destinação do biogás e do fertilizante gerados no processo”, esclarece o gerente do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética da Eletrosul, Jorge Luis Alves, responsável pela gestão do projeto pela empresa.
Jorge Luis Alves, gerente do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética da Eletrobras Eletrosul
transforma gás em energia para pequenos produtores rurais
Vale ressaltar. Os biodigestores são basicamente câmaras fechadas onde os resíduos orgânicos são fermentados de forma anaeróbia, ou seja, sem a presença de oxigênio. Dessa forma, a biomassa é transformada e pode ser reaproveitada.
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Quando a energia
solar transforma vidas Ana Paula Braga
A
lternativas mais econômicas e energeticamente eficientes e produtivas. Esses são os grandes motes do projeto-piloto de instalação de Sistemas Fotovoltaicos Domiciliares (SFD) em comunidades isoladas nos seringais da Reserva Agroextrativista Chico Mendes, em Xapuri, no Acre. A iniciativa, que realizou o sonho e melhorou a qualidade de vida de muitas famílias na região, faz parte do programa Luz Para Todos do governo Federal, e foi desenvolvido em parceria com a Eletrobras, a Eletrobras Distribuição Acre e também com o GIZ, órgão alemão de cooperação técnica.
Mais do que um esforço conjunto em levar luz e cidadania a quem precisa, a geração de energia solar usando células fotovoltaicas, mais conhecidas como placas solares, surge como a melhor opção para suprir a demanda em uma área na qual o potencial eólico é baixo e a conexão com o Sistema Interligado Nacional é impossibilitada pelo custo e, principalmente, pela questão ambiental. Desse modo, o principal objetivo do projeto é desenvolver o acesso e o uso da energia elétrica como fator de inclusão de comunidades no meio rural brasileiro. “O grande desafio da eletrificação rural, hoje, são os pontos remotos das regiões isoladas, onde seria inviável econômica e ambientalmente a chegada da energia convencional. Por isso, é necessá-
ria uma regulamentação específica, que contemple o uso sustentável de fontes alternativas como a biomassa, a eólica e a fotovoltaica solar”, explica Celson Frederico Corrêa Santos, gerente do Departamento de Gestão de Projetos Setoriais da Eletrobras. Segundo ele, a iniciativa tem contribuído muito com subsídios técnicos para a Eletrobras em sua participação, tanto nas audiências públicas para modificação da regulamentação, quanto nos principais fóruns técnicos nacionais e internacionais. FONTES RENOVÁVEIS
Composto por 103 sistemas fotovoltaicos individuais, o projeto-piloto Xapuri disponibiliza o uso de energia elétrica, com ênfase no emprego de fontes renováveis,
durante as 24 horas do dia. Cada morador recebeu em sua casa três pontos de luz e quatro lâmpadas de 12 volts. Estima-se que a operação e a manutenção de cada sistema tenha um custo anual em torno de R$ 700. Os moradores, porém, pagam uma tarifa de R$ 2,80 mensais à Eletrobras Distribuição Acre. O sistema das unidades fotovoltaicas disponibiliza a capacidade mínima de 13kWh por mês e obedecia à antiga resolução 83/2004 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), hoje aprimorada como Resolução 493/2012, que estabelece os procedimentos e as condições de fornecimento de energia por intermédio de Sistemas Individuais de Geração de Energia Elétrica com Fontes Intermitentes (SIGFI). FOTOS JORGE COELHO/ELETROBRAS
Extração Extração da da seiva seiva da da seringueira, seringueira, uma uma das das principais principais atividades atividades econômicas econômicas da da região região
Projeto de eletrificação através de painéis solares leva saúde, conforto e bem-estar
AMBIENTE SUSTENTÁVEL • Belo Horizonte, 25 de agosto de 2012 • 11
O seringueiro Valdemir de Souza com a família: “Agora, meus filhos podem fazer a lição de casa até mais tarde”
Geladeira é protagonista Além de facilitar o dia a dia de 103 famílias e enriquecer o aprendizado nas escolas da comunidade, os beneficiados passaram a economizar com os gastos para a iluminação e também foram beneficiados com mais saúde e conforto. É o caso da família do seringueiro Valdemar Ferreira de Souza, 49, e de sua esposa Maria das Graças Feitoza de Souza, 45. Moradores de Albracéa, um dos locais abraçados pelo programa, o casal e seus quatro filhos jamais haviam morado em um lugar com acesso à energia elétrica. “A vida melhorou muito com a energia. Agora, vem a geladeira. A comida não vai mais azedar e vamos ter água gelada”, comemora. Valdemir destaca outras vantagens que a energia trouxe. “As crianças chegam da escola quando já está escurecendo. Com a luz, elas podem fazer a lição até mais tarde”, pontua. “De todos os objetos que já tive, a geladeira é o melhor. Quando vou trabalhar, levo uma garrafa de água gelada. Também podemos guardar carne e peixe”, explica Manoel Roldão, que mora com a esposa, Maria Matias da Silva, 42, e dez dos seus12 filhos.
Energia pré-paga é nova opção para comunidades isoladas “Vai passar na mercearia? Aproveite a caminhada e não se esqueça de comprar o crédito para a luz, antes que a carga chegue ao fim”. A frase, curiosa aos olhos do leitor, já faz parte da realidade de 222 famílias de 12 comunidades espalhadas por toda a Amazônia. Autazes, Barcelos, Beruri, Eirunepé, Maués e Novo Airão são os municípios beneficiados com o fornecimento de energia elétrica gerada por miniusinas fotovoltaicas com minirredes e sistema de faturamento pré-pago. O projeto, pioneiro no país por receber autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), foi desenvolvido pela Eletrobras Amazonas Energia, por meio do programa Luz Para Todos, que busca universalizar o acesso à energia elétrica em todo Brasil, e executado pelo consórcio Guascor & Kyocera. Com investimentos na ordem de R$ 6,6 milhões, o sistema de minirredes fotovoltaicas trabalha com tecnologia limpa e renovável e foi projetado para suportar
dois dias sem captação da luz solar. Além disso, ele é modular, ou seja, se houver aumento da demanda por energia, um novo bloco gerador pode ser instalado no barramento de distribuição do sistema, permitindo o aumento do consumo de eletricidade provocado pelo desenvolvimento da comunidade. MAIOR CONTROLE
Segundo informações obtidas na Eletrobras, o sistema de pré-pagamento funciona da seguinte maneira: o consumidor compra um número que vem impresso em um tíquete, na mercearia ou mercado mais próximo, que dá direito a 30kWh por apenas R$ 5,70. Logo em seguida, ele digita o número no medidor de consumo residencial e passa a consumir aquela quantidade de energia elétrica contratada. O sistema é bem parecido com o que existe na telefonia móvel e possibilita ao consumidor ter maior controle dos gastos
TRABALHO
Outra alternativa encontrada para melhorar o padrão de atendimento dos serviços prestados e, ao mesmo tempo, diminuir os custos com transportes a locais de difícil acesso é a empregabilidade de pessoas das próprias comunidades para a realização de atendimentos emergenciais. Morador de Dois Irmãos, o agente Josiel Silva de Souza deu suporte durante um ano aos demais moradores do seringal e também em Iracema. “Meu trabalho era ir às casas verificar que tipo de problemas eles tinham. Se não fosse nenhuma peça quebrada, eu mesmo resolvia. A principal ocorrência é a queima de inversores (que transformam a corrente contínua em alternada) e controladores (que impedem a sobrecarga ou a descarga das baterias). Se fosse isso, eu ligava para os técnicos do projeto pedindo as peças”, finaliza.
A energia chegou à casa da família de Manoel Roldão e a geladeira se transformou na rainha do lar
para moradores de comunidades isoladas em Xapuri, no Acre
mensais. Cada residência recebeu um pequeno dispositivo (display) que, antes de chegar ao final da carga, dispara um alarme sonoro informando ao consumidor que os “créditos” estão chegando ao fim, o que possibilita ao consumidor adquirir mais, de acordo com as suas necessidades, sem precisar interromper o fornecimento de energia. A Aneel pretende promover, até setembro, duas audiências públicas para ouvir os consumidores sobre oferta de serviços pelas distribuidoras de energia e pré-pagamento eletrônico das contas de luz. As concessionárias estudam oferecer, além da distribuição de energia elétrica, serviços como reforma elétrica de imóveis, elaboração de projetos de construção com uso eficiente da energia e inclusão de assinaturas, contribuições e doações na conta de luz. A outra audiência irá debater a norma para o pré-pagamento e o pós-pagamento eletrônico de energia elétrica no país.
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Pedro José Vasconcellos comprou uma geladeira nova no último sábado: gosto da “patroa” e Selo Procel pesaram na decisão
Boas ações,
FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR
grandes resultados Márcia Xavier
Q
ual a diferença entre um aparelho com Selo Procel e outro sem? “Tecnicamente, não sei explicar. Mas uma geladeira com o selo consome menos energia. E é essa que eu vou levar”, adianta o técnico em manutenção Pedro José Vasconcellos. Ele admite que não saiu de casa, no último sábado, com a intenção de comprar o eletrodoméstico mais eficiente do ponto de vista energético mas, ao chegar à loja e ver, entre várias opções, as geladeiras certificadas, não teve dúvidas sobre qual escolher. “Eu decido pensando no preço, na estética e respeitando o gosto da ‘patroa’. Mas só de ver o selinho do Procel a gente fica tranquilo em relação à qualidade do produto. Se posso optar entre a mais eficiente e outra sem o Selo Procel, é claro que vou preferir pela geladeira certificada. Senão, o barato vai sair caro no futuro”. Promover a racionalização da produção e do consumo de energia elétrica para eliminar os desperdícios, reduzir os custos, os investimentos setoriais, e, ainda, os impactos ambientais, são alguns dos objetivos do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Pro-
cel). O programa, de responsabilidade do Ministério de Minas e Energia, existe há 27 anos e é coordenado pela Eletrobras. Um de seus produtos mais visíveis é o Selo Procel, que orienta o consumidor no ato da compra. Através dele é possível saber quais são os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria, o que acarreta em economia no consumo e na hora de pagar a conta. MUDANÇA DE HÁBITO
Mas o Procel vai além e vem buscando promover mudanças sustentáveis no comportamento do cidadão brasileiro. “O consumidor deve entender que utilizando de forma eficiente a energia ele só tem a ganhar. Ganha com economia na sua fatura de energia e de água, ajuda o meio ambiente e o país”, afirma Emerson Salvador, gerente da Divisão de Planejamento e Fomento da Eletrobras. “De nada adianta a criação de programas de eficiência energética, de subsídios, de iniciativas e a mobilização dos atores do mercado, se o consumidor, que está lá na ponta, que é quem consome energia, não compreender a importância de reduzir ou até evitar o desperdício. É necessário o entendimento da importância em se utilizar a energia de forma eficiente”, defende.
Em média, equipamentos com Selo Procel consomem entre
10% e
15% menos energia que os outros
E quando se fala em economizar, pequenos hábitos como o de desligar a televisão no próprio aparelho, podem fazer grande diferença, uma vez que equipamentos no modo de espera (stand by) – que são desligados apenas por controle remoto –, podem apresentar um consumo considerável. “O stand by é uma energia que, às vezes, as pessoas nem sabem que estão gastando”, observa Salvador. Uma
televisão sem o Selo Procel, por exemplo, pode consumir até 10 Watts (W) no modo de espera, enquanto que a que o tem pode consumir no máximo até 1W. Em média, equipamentos com Selo Procel Eletrobras de Economia de Energia – como geladeiras, ar condicionado, lâmpadas, ventiladores de teto e freezers – consomem entre 10% e 15% menos de energia que os outros. (Com Juliana Dapieve)
Selo Procel orienta o consumidor na hora da compra de eletrodomésticos; eficiência
FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR
Selo Procel contempla produtos com índices de eficiência Apesar de o alerta para o consumo responsável de energia ser sempre válido, o consumidor tem adotado um novo perfil em relação aos gastos energéticos e à preservação ambiental. Relatório do Procel divulgado este ano aponta que mais de 6 bilhões de quilowatt-hora foram economizados com ações promovidas em 2011. “Essa economia de energia corresponde a 1,56% de todo consumo nacional de eletricidade de 2011, o suficiente para atender uma cidade de 3,59 milhões de residências brasileiras durante um ano, evitando ainda a emissão de 196 mil toneladas de gás carbônico na atmosfera, correspondente à liberação anual de 67 mil veículos”, explica Emerson Salvador, gerente da Divisão de Planejamento e Fomento da Eletrobras. Segundo ele, em 2012, a expectativa é manter a média de crescimento verificado nos últimos anos e, com isso, fortalecer o Selo Procel Eletrobras, além de manter os investimentos nas diversas áreas de atuação do programa, a exemplo da educação para eficiência energética, iluminação pública, aquecimento solar de água etc. Para Salvador, os bons resultados do relatório estão relacionados à venda de produtos com o Selo Procel e, também, a um grande investimento da Eletrobras que, desde 1986, já investiu mais de R$ 1,26 bilhão em ações do Procel. FATOR PREÇO
O meio ambiente agradece e os consumidores também. Salvador explica que as exigências para que os aparelhos se enquadrem nas especificações capazes de receber o Selo Procel motivam o desenvolvimento de novas tecnologias na indústria, promovendo assim um incentivo ao desenvolvimento tecnológico no país. Esse investimento em tecnologia ainda encarece um pouco os produtos, mas Salvador afirma que, à medida que o consumidor se conscientiza que vai obter esse retorno financeiro pela economia na sua conta de energia, ele passa a adquirir modelos mais eficientes. “Com o Selo Procel, as vendas e a produção, juntamente com a concorrência, devido ao aumento da demanda, acabam por reduzirem os preços”. “Acho que a certificação já está bem assimilada pelos consumidores. Só tenho produtos com Selo Procel lá em casa, e acho muito simples e coerente do ponto de vista ambiental e econômico fazer essa opção”, diz a funcionária pública Lucimar Nunes. “A questão do preço é relativa. Primeiro, porque a grande maioria dos brasileiros compra eletrodomésticos de forma parcelada. Segundo, porque um consumo de energia mais eficiente é revertido em uma conta de luz mais barata”, completa ela. Emerson Salvador lembra que o Selo Procel é voluntário e os fabricantes interessados em ter a certificação remetem seus produtos a testes em laboratórios credenciados pelo Inmetro. “No que diz respeito ao consumo consciente de energia, há uma mobilização considerável dos agentes desse mercado, bem como da sociedade. Embora ainda haja muito a ser feito, o Brasil ficou entre os dez primeiros países no ranking dos países mais importantes no cenário da eficiência energética mundial, elaborado pela American Council for na Energy-Efficient Economy (Aceee)”. (Com Juliana Dapieve)
Julieta e sua filha, Lucimar Nunes: para elas, Selo Procel já é bem assimilado pela sociedade
JORGE COELHO/ELETROBRAS
Emerson Salvador, da Eletrobras, lembra que o consumo eficiente de energia também é uma questão de bons hábitos
energética reduz o valor das contas e beneficia o meio ambiente
16 • Belo Horizonte, 25 de agosto de 2012 • AMBIENTE SUSTENTÁVEL
Entre os itens avaliados pelo programa estão o sistema de iluminação, o sistema de condicionamento de ar e a envoltória STOCKXPERT/ARQUIVO
Etiquetagem atesta imóvel eficiente
Juliana Dapieve
C
onhecido entre os consumidores para a avaliação do nível de eficiência energética de eletrodomésticos, o Selo Procel, do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, também virou quesito para compra ou locação de imóveis. O subprograma Procel Edifica prevê, desde novembro de 2010, a etiquetagem de prédios públicos, comerciais e residenciais, incentivando as construtoras a buscar o uso mais racional da eletricidade e alertando os consumidores sobre as opções mais econômicas. “Nas novas edificações, com tecnologias mais eficientes elaboradas no projeto, a economia no consumo é de cerca de 50%. Em edificações adaptadas, ela chega a 30%”, explica a arquiteta da Eletrobras/Procel Edifica, Estefânia Neiva de Mello. Além da certificação, a vertente do programa investe na capacitação de profissionais, na parceria com universidades e na pesquisa de tecnologias eficientes quanto ao uso da energia. O selo classifica os imóveis de “A” a “E”, num nível decrescente de eficiên-
cia. Cada edificação pode receber mais de uma etiqueta, com a avaliação do projeto, do edifício construído, de cada unidade e das áreas comuns. Para obter o selo, o proprietário do edifício deve procurar um organismo de inspeção acreditado pelo Inmetro, que irá fazer a análise. A etiquetagem ainda não é obrigatória. Atualmente, existem 28 edifícios comerciais, de serviços e públicos etiquetados, totalizando 48 etiquetas (projeto e edifício construído), e 11 edificações residenciais etiquetadas. No total, são 39 edifícios etiquetados e 653 etiquetas emitidas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Pará, no Distrito Federal e na Bahia.
DESAFIOS
“Um dos grandes desafios da matemática financeira de edifícios eficientes, na maioria dos casos, é balancear o incremento inicial no custo da edificação, que é de responsabilidade do empreendedor, e o benefício financeiro na conta de energia, que é vantagem do proprietário final”, diz Estefânia. Em Minas, o primeiro prédio a receber a Etiqueta PBE Edifica é o Edifício
Residencial Vila Real, no Luxemburgo, da construtora Diniz Camargos. Em São Paulo, a Tecnisa é a pioneira no uso do selo, e aprova a iniciativa. A partir de mudanças no projeto inicial do Flex Guarulhos, com um incremento de 1,3% no valor da obra, o empreendimento ganhou nível “B”. “A economia chega a R$ 230 mil ao ano. Dá para pagar a repintura da fachada do prédio, reduzindo o custo para os moradores”, explica o arquiteto da Tecnisa, Otávio Panzarini. PRÊMIO
No ano passado, o Procel Edifica conquistou o Prêmio Green Building Brasil 2011, de júri popular, na categoria Políticas Públicas Sustentáveis. Segundo Estefânia Mello, da Eletrobras, a premiação trouxe visibilidade internacional para o programa, uma vez que o Green Building Council Brasil é um dos mais atuantes fóruns do norte americano Green Building Council, cuja certificação de edifícios sustentáveis é a maior reconhecimento no mercado mundial. “O mais gratificante dessa premiação é sem dúvida o reconhecimento do júri popular, que valorizou a apoiou o trabalho que o Procel Edifica vem desenvolvendo desde sua criação, em 2003”.
Em prédios novos, economia de energia chega a
50%.
Nos adaptados, representa
30%
Com a escassez de recursos naturais, Procel Edifica é um estímulo na retomada dos conceitos
AMBIENTE SUSTENTÁVEL • Belo Horizonte, 25 de agosto de 2012 • 17
Passo-a-passo O processo de etiquetagem baseia-se na avaliação da edificação em duas fases, de projeto e construída. Confira os principais passos. Nível de eficiência. O requerente deverá apresentar o projeto e autodeclarar, por meio de um memorial de cálculo e diversas comprovações, o respectivo nível de eficiência energética da sua edificação a um laboratório acreditado pelo Inmetro. Análise. Após a conferência dos dados, o laboratório valida ou não o nível autodeclarado. É facultado ao laboratório reiniciar o processo, desde que toda a documentação seja reapresentada com as devidas alterações para ser submetida à nova análise. Etiqueta. A última fase é a avaliação da edificação construída. Através de uma conferência por amostragem, verifica-se se a obra foi executada de acordo com as premissas do projeto, que servem de base para a avaliação. A conferência é da obra pronta e a etiqueta é datada.
JORGE COELHO/ELETROBRAS
Investimento se paga em três anos
CUSTOS
Segundo Estefânia de Mello, as metas de curto e médio prazo do Procel Edifica estão sendo cumpridas
As tecnologias que proporcionam redução de consumo já estão disponíveis no mercado. Mas Westphal ressalta que, para lançar mão delas, o incorporador ou construtor tem de desembolsar de 5% a 7% a mais no custo de construção de edificações comerciais e residenciais, respectivamente. A economia gerada, no entanto, chega a até 40%, “pagando” o investimento em apenas três anos. “Os investidores devem ser
sensibilizados. É como se estivessem investindo em um seguro contra a obsolescência da edificação”, acrescenta. CONSUMO EM NÚMEROS
As edificações representam quase metade do consumo de energia do país. Segundo informações do Ministério de Minas e Energia, elas são responsáveis por 42% de toda a energia elétrica consumida. O setor residencial contribui com 23%, o comercial, com 11%, e o público, com 8% desse percentual. Um dos grandes vilões, nesses dois últimos casos, é o sistema de condicionamento de ar, com 48% do consumo de energia elétrica, seguido pelo sistema de iluminação, com 24%. Com a concessão do selo, é possível nortear parâmetros para construções mais eficientes, estimulando o mercado a adotar as melhores práticas no que se refere à economia de energia. “Ações como essas têm como objetivo postergar investimentos em novos projetos de geração de energia, economizando divisas para o país e minimizando os impactos negativos ao meio ambiente”, ressalta Roberto Wagner Lima Pereira, consultor do Ministério de Minas e Energia.
arquitetônicos primordiais que tiram proveito da própria natureza
viver
Segundo o engenheiro civil Fernando Westphal, gerente de Eficiência Energética da Unidade de Sustentabilidade do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), o selo é um forte instrumento de mudança no mercado, uma vez que agrega valor às edificações, dando oportunidade para que esses empreendimentos se diferenciem dos convencionais. Entre os itens avaliados pelo programa estão os sistemas de iluminação e de condicionamento de ar e a envoltória da fachada. Para cada um deles, existem pré-requisitos e recomendações para alcançar as classificações que vão de “A” a “E”, dependendo do nível de eficiência energética da edificação.
18 • Belo Horizonte, 25 de agosto de 2012 • AMBIENTE SUSTENTÁVEL
Chesf investe em
aeronaves não tripuladas
FOTOS CHESF/DIVULGAÇÃO
O engenheiro Felipe Wavrik (à esq.), com o presidente da Chesf, João Bosco de Almeida: protótipos fizeram sucesso na Rio+20
Márcia Xavier
R
eduzir custos, riscos – tanto em relação às perdas de vidas humanas quanto às materiais –, contribuir para melhoria dos serviços prestados e para preservação ambiental. É para alcançar esses objetivos que a Eletrobras Chesf, em parceria com o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) e com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), desenvolveu dois veículos aéreos não tripulados para trabalhos de inspeção técnica em linhas de transmissão de energia. “Um helicóptero e um avião, sendo um elétrico e outro movido com pouco combustível, estão sendo testados e devem ser lançados em julho de 2013”, adianta Felipe Wavrik, engenheiro eletricista da Eletrobras Chesf e um dos idealizadores do projeto. Segundo ele, tendo em vista que a inspeção aérea representa papel fundamental nos ativos das empresas do setor elétrico, com especial relevância na detecção dos defeitos e na minuciosa checagem das linhas de transmissão, as aero-
naves não tripuladas estão sendo planejadas para aprimorar e qualificar os serviços dessa área, substituindo as ações que, atualmente, são feitas por aeronaves com profissionais e que apresentam inconvenientes como alto gasto de operação; grande impacto ambiental e a possibilidade de acidentes. EMISSÕES REDUZIDAS
De acordo com Wavrik, por se tratar de veículos de peso e custo muito mais baixos do que os convencionais tripulados, os equipamentos reduzem a emissão de gases poluentes, contribuem para o aumento da confiabilidade do sistema elétrico, facilitam a inspeção e diminuem em até dez vezes custos com monitoramento e manutenção. O engenheiro explica que os protótipos são controlados por acesso remoto e filmam, em tempo real, os elementos que constituem as linhas de transmissão, como cabos, emendas, isoladores e espaçadores. As imagens são transmitidas para uma estação de terra, onde é extraída a informação relevante à aplicação, avaliação e tomada de decisão por um operador, que, se necessário, pode realizar correções na rota.
O empreendimento tem investimento de
R$ 5 milhões
e a pretensão é de que haja comercialização no futuro
Tecnologia inédita proporciona redução nos custos de manutenção de linhas
AMBIENTE SUSTENTÁVEL • Belo Horizonte, 25 de agosto de 2012 • 19
Entenda como funcionam os voos A decolagem e a aterrissagem das aeronaves não tripuladas são feitas por controle remoto, com auxílio humano. Já o voo ao longo da linha de transmissão é feito de maneira automática, préprogramada. Ao constatar um defeito, uma equipe em terra é acionada para ir ao local e fazer o reparo. Além disso, as aeronaves podem ser colocadas acima do ponto onde foi detectado o problema, para detalhamento de imagem. Projetadas para operar em ambiente sujeito a fortes rajadas de vento e para garantir alta confiabilidade ao sobrevoar áreas habitadas, as aeronaves também são mais ágeis e capturam imagens com qualidade superior à do sistema convencional. Felipe Wavrik, engenheiro eletricista da Eletrobras Chesf, explica que, até agora, os testes tiveram resultados satisfatórios, principalmente nos serviços de manutenção. Pesquisas mais detalhadas estão sendo feitas no intuito de tornar os protótipos economicamente viáveis e mais tecnologicamente avançados. Um desafio a ser superado é a regulação pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), uma vez que as aeronaves dividirão o espaço aéreo brasileiro com outros voos comerciais. No entanto, a expectativa é de que a regulamentação seja viabilizada em breve. Pioneiro no Brasil, o empreendimento tem investimento de R$ 5 milhões e a pretensão é de que seja disponibilizado comercialmente no futuro. Neste ano, o helicóptero e o avião não tripulados chamaram a atenção e despertaram o interesse e curiosidade de representantes de vários países, ao serem expostos no estande da Eletrobras, durante a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
1,80 m
é a medida da hélice do helicóptero não tripulado
Helicópteros não tripulados foram projetados para operar em ambiente sujeito a fortes rajadas de vento e para garantir alta confiabilidade ao sobrevoar áreas habitadas
de transmissão com mais segurança e sem poluir o meio ambiente
inovação
APROVADOS
20 • Belo Horizonte, 25 de agosto de 2012 • AMBIENTE SUSTENTÁVEL
Explorando a luz do sol
Alemanha, Espanha, EUA e Japão são campeões no uso de energia solar
Márcia Xavier
GOOGLE IMAGENS/REPRODUÇÃO
E
m um único dia, a luz solar fornece mais energia que a demanda de todos os habitantes do planeta durante um ano e, além disso, pode ser revertida em eletricidade de forma limpa e renovável. Tendo em vista tais benefícios, a Eletrobras Eletrosul lançou o projeto Megawatt Solar, iniciativa que visa preservar o meio ambiente, além de incentivar o desenvolvimento da energia solar no Brasil e na América Latina. A equação é simples: explorando tal recurso, problemas como os causados pelos combustíveis fósseis terão redução significativa. “Com esse projeto, a Eletrosul dá sua parcela de contribuição para que a energia solar no país comece a ganhar forma e, a exemplo da eólica, em pouco tempo se consolide como fonte alternativa complementar à nossa matriz energética”, acredita o presidente da estatal, Eurides Mescolotto. Financiado pelo Banco de Fomento Alemão KfW Bankengruppe e com apoio da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/LabSolar), do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (IDEAL) e da Agência Alemã de Cooperação Internacional GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH), o projeto consiste na construção de uma usina solar, através da implantação de um sistema fotovoltaico nas coberturas do edifício sede e dos estacionamentos da Eletrosul, em Florianópolis, em Santa Catarina, totalizando uma área de aproximadamente 10 mil metros quadrados. EDIFÍCIO AUTOSSUFICIENTE
O termo fotovoltaico é o casamento das palavras “foto”, que tem sua raiz no grego e significa “luz”, com “voltaico”, que vem de “volt” e é a unidade de medição do potencial elétrico. Sintetizando, é a produção de eletricidade a partir da luz. Tal sistema é composto por painéis capazes de captar a energia do sol e usála para gerar um fluxo de corrente elétrica, como já acontece na Alemanha, Espanha, Estados Unidos e Japão, líderes no desenvolvimento e utilização dessa tecnologia. O edifício sede da Eletrosul será o primeiro prédio público brasileiro a utilizar o conceito BIPV (sigla inglesa para Sistema Fotovoltaico Integrado à Edificação) conectado à rede elétrica em larga escala. A usina será conectada à rede local e deve gerar, em média, por ano, 1,2 GWh, o que equivale ao consumo anual de cerca de 570 residências, além de evitar que toneladas de gás carbônico sejam lançadas na atmosfera. A energia produzida pelo projeto Megawatt Solar será comercializada em leilões no mercado livre. A quantidade de energia produzida será dividida em lotes, que serão disputados pelos interessados.
Projeto Megawatt Solar é aposta da Eletrosul para amenizar problemas ambientais e
HERMÍNIO NUNES/ELETROSUL
AMBIENTE SUSTENTÁVEL • Belo Horizonte, 25 de agosto de 2012 • 21
O presidente da Eletrobras Eletrosul, Eurides Mescolotto, acredita no Megawatt Solar como importante alternativa à matriz energética brasileira
A previsão é de que o Projeto Megawatt Solar seja concluído no primeiro semestre de 2013. Em julho deste ano, o consórcio português Efacec foi o escolhido para instalar a usina solar para a Eletrobras Eletrosul. A licitação, com critério de menor preço por empreitada global, foi conquistada com um valor homogeneizado de R$ 8 milhões. O valor é quase 15% inferior ao previsto no edital, que era de aproximadamente R$ 9,5 milhões. PLANTA PILOTO
Com o objetivo de prospectar resultados para a usina solar e adquirir experiência e conhecimento, a Eletrosul implantou uma planta-piloto fotovoltaica em um dos estacionamentos frontais do edifício sede. Ela está em operação desde fevereiro de 2009 e tem medições consolidadas desde junho do mesmo ano. Atualmente, a sua produção de energia elétrica é absorvida pelo consumo do edifício. O Megawatt Solar e outras pequenas plantas servirão para estudos que viabilizem a nacionalização da tecnologia empregada e orientem a regulamentação da conexão e da forma de comercialização da energia solar no país.
“Esse pequeno projeto será utilizado para estudos reais da eficiência de produção de energia em função da orientação solar e da inclinação dos módulos”, explica o gerente do projeto Megawatt Solar, Rafael Takasaki. Através de parceria com o meio acadêmico e científico, a Eletrosul planeja colocar o Brasil entre os poucos países que têm pleno domínio da cadeia de produção de módulos fotovoltaicos. Várias pesquisas estão sendo desenvolvidas, principalmente no âmbito da purificação do silício e fabricação de células solares, tecnologia restrita à Alemanha, Noruega, China, Japão e Estados Unidos.
A licitação, com critério de menor preço, foi ganha com uma proposta de
R$ 8 mi
Compromisso com a inovação e com o meio ambiente Atualmente, o custo da energia solar é tido como uma barreira para sua expansão no país. Porém, no intuito de criar incentivos e alavancar esse mercado promissor, foi desenvolvido o Selo de Energia Solar, visando uma possível certificação de vendas futuras e para dar mais publicidade à ação. “O selo desenvolvido pelo Instituto Ideal permitirá que o mercado reconheça o valor de projetos inovadores e comprometidos com o meio ambiente, além de permitir que esses consumidores demonstrem ao seu cliente final o mesmo comprometimento”, acredita Rafael Takasaki, gerente do projeto Megawatt Solar. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ideal e pela Agência Alemã de Cooperação Internacional GIZ mostrou que os consumidores acreditam que um selo é uma maneira eficiente de identificar empresas que agem de maneira ambientalmente responsável, e que isto é um fator de decisão na hora de diferenciar produtos. ELETROSUL/DIVULGAÇÃO
Vista aérea do prédio da Eletrosul, em Florianópolis: estacionamento já tem planta-piloto fotovoltaica
impulsionar novo mercado de energia elétrica
tecnologia
Custo de instalação será 15% menor que o previsto
SÁVIO BORGES/DIVULGAÇÃO
22 • Belo Horizonte, 25 de agosto de 2012 • AMBIENTE SUSTENTÁVEL
Catedral de Nossa Senhora do Carmo, em Parintins: redes inteligentes geram benefícios econômicos e ambientais
Redes inteligentes a
serviço do consumidor Juliana Dapieve
A
Eletrobras Amazonas Energia lançou, em junho do ano passado, o Projeto Parintins – um sistema inteligente que, por meio de sensores colocados na rede de distribuição, permitirá o conhecimento e a intervenção imediata em caso de falhas elétricas. A ação é inovadora e pretende transformar o cotidiano da população parintinense com a implantação de redes inteligentes, denominadas smart grids. A tecnologia de redes inteligentes atrai asatençõesda comunidadetécnico-científica por representar um desafio e um avanço importante na distribuição de energia elétricaemtodo omundo. NoBrasil,asconcessionárias do setor têm concentrado esforçosem pesquisas e projetos-piloto na área – a Cemig, por exemplo, também está em fase de testes do sistema, em Sete Lagoas. A tecnologiaprioriza, entreoutrascoisas, aredução do consumo de energia elétrica, beneficiando diretamente os consumidores. De acordo com a assessoria, o investimento da Eletrobras, por meio das seis Distribuidoras do Grupo (Eletrobras Acre, Eletrobras Amazonas Energia, Eletrobras Alagoas, Eletrobras Piauí, Eletrobras Rondôniae EletrobrasRoraima),noProjetoParintins é da ordem de R$ 22 milhões, que estão sendo aplicados na substituição de todos os medidores, na automação dos alimentadores, na medição e monitoramento de 300 transformadores de distribuição e
na implantação de sistema de geração de energiasolar distribuída. Todas as informações colhidas em campo são enviadas para um centro de inteligência com condições de intervir em tempo real, para corrigir defeitos e falhas do sistema e de criar uma relação de interação com o consumidor. Na prática, o município de Parintins passa a contar com uma rede de distribuição de energia elétrica totalmente automatizada, com medidores inteligentes que evitam a necessidade de um leiturista para fazer a leitura e medição dos equipamentos, bem como, de corte e religamentos remotos sem a necessidade de equipes de campo, com redes mais seguras compostas por ramais de entrada (ligação para a casa do consumidor) com cabos multiplexados e concêntricos (cabos protegidos e de maior segurança) que evitam os desvios de energia e, sobretudo, com um sistema de energia elétrica mais seguro e de melhor qualidade. O engenheiro José Carlos de Medeiros, da Eletrobras, explica que as redes inteligentes oferecem três benefícios diretos. “Elas diminuem o custo com medição, corte e religação para a empresa. Se faltar energia, por exemplo, o consumidor não precisa avisar a empresa, o próprio sistema avisa a equipe de manutenção. Para o consumidor, o maior benefício é ter uma conta reduzida, porque ele pode gerenciála, acompanhar o consumo, conhecer cada item que a compõe e, desta forma, economizar energia. E para toda a sociedade há a vantagem ambiental, porque, quando se gasta menos, evita-se o desperdício”.
Aparelhos permitem acompanhar o consumo via torpedos No Projeto Parintins, todos os medidores serão digitais, ao contrário dos equipamentos eletromecânicos que existem hoje na maioria das distribuidoras. Os aparelhos permitem que o próprio consumidor acompanhe seu consumo por meio do medidor, de mensagens de torpedo (SMS) via celular ou ainda via internet. Com essa facili-
dade, o cliente pode optar por ter um consumo de energia fora do horário de pico. A escolha de Parintins para o primeiro teste decorre do fato de a ilha ser abastecida por um sistema isolado por geração térmica, o que permite o acompanhamento do desempenho das novas tecnologias desde a geração até o comércio, a indústria ou a residência do cliente, assim como avaliar a adaptação dos consumidores de diversas situações econômicas a essa nova tecnologia. Todo o processo é monitorado pela Amazonas Energia. MEDIDORES
O Projeto Parintins envolve a troca de medidores de de consumidores
14.500
O sistema smart grids será implantado até o primeiro trimestre de 2013 e ajudará na redução da demanda por expansão de geração. O Projeto Parintins envolve a troca de 16 mil medidores inteligentes. E a melhor notícia: como o consumidor poderá ter acesso ao seu gasto diário, terá condições, inclusive, de interferir no uso de energia – desligando equipamentos, por exemplo –, para diminuir o consumo antes de receber a conta de energia.
Parintins, no Amazonas, testa o smart grids, sistema que permitirá o conhecimento e a
SÁVIO BORGES/DIVULGAÇÃO
22 • Belo Horizonte, 25 de agosto de 2012 • AMBIENTE SUSTENTÁVEL
Catedral de Nossa Senhora do Carmo, em Parintins: redes inteligentes geram benefícios econômicos e ambientais
Redes inteligentes a
serviço do consumidor Juliana Dapieve
A
Eletrobras Amazonas Energia lançou, em junho do ano passado, o Projeto Parintins – um sistema inteligente que, por meio de sensores colocados na rede de distribuição, permitirá o conhecimento e a intervenção imediata em caso de falhas elétricas. A ação é inovadora e pretende transformar o cotidiano da população parintinense com a implantação de redes inteligentes, denominadas smart grids. A tecnologia de redes inteligentes atrai asatençõesda comunidadetécnico-científica por representar um desafio e um avanço importante na distribuição de energia elétricaemtodo omundo. NoBrasil,asconcessionárias do setor têm concentrado esforçosem pesquisas e projetos-piloto na área – a Cemig, por exemplo, também está em fase de testes do sistema, em Sete Lagoas. A tecnologiaprioriza, entreoutrascoisas, aredução do consumo de energia elétrica, beneficiando diretamente os consumidores. De acordo com a assessoria, o investimento da Eletrobras, por meio das seis Distribuidoras do Grupo (Eletrobras Acre, Eletrobras Amazonas Energia, Eletrobras Alagoas, Eletrobras Piauí, Eletrobras Rondôniae EletrobrasRoraima),noProjetoParintins é da ordem de R$ 22 milhões, que estão sendo aplicados na substituição de todos os medidores, na automação dos alimentadores, na medição e monitoramento de 300 transformadores de distribuição e
na implantação de sistema de geração de energiasolar distribuída. Todas as informações colhidas em campo são enviadas para um centro de inteligência com condições de intervir em tempo real, para corrigir defeitos e falhas do sistema e de criar uma relação de interação com o consumidor. Na prática, o município de Parintins passa a contar com uma rede de distribuição de energia elétrica totalmente automatizada, com medidores inteligentes que evitam a necessidade de um leiturista para fazer a leitura e medição dos equipamentos, bem como, de corte e religamentos remotos sem a necessidade de equipes de campo, com redes mais seguras compostas por ramais de entrada (ligação para a casa do consumidor) com cabos multiplexados e concêntricos (cabos protegidos e de maior segurança) que evitam os desvios de energia e, sobretudo, com um sistema de energia elétrica mais seguro e de melhor qualidade. O engenheiro José Carlos de Medeiros, da Eletrobras, explica que as redes inteligentes oferecem três benefícios diretos. “Elas diminuem o custo com medição, corte e religação para a empresa. Se faltar energia, por exemplo, o consumidor não precisa avisar a empresa, o próprio sistema avisa a equipe de manutenção. Para o consumidor, o maior benefício é ter uma conta reduzida, porque ele pode gerenciála, acompanhar o consumo, conhecer cada item que a compõe e, desta forma, economizar energia. E para toda a sociedade há a vantagem ambiental, porque, quando se gasta menos, evita-se o desperdício”.
Aparelhos permitem acompanhar o consumo via torpedos No Projeto Parintins, todos os medidores serão digitais, ao contrário dos equipamentos eletromecânicos que existem hoje na maioria das distribuidoras. Os aparelhos permitem que o próprio consumidor acompanhe seu consumo por meio do medidor, de mensagens de torpedo (SMS) via celular ou ainda via internet. Com essa facili-
dade, o cliente pode optar por ter um consumo de energia fora do horário de pico. A escolha de Parintins para o primeiro teste decorre do fato de a ilha ser abastecida por um sistema isolado por geração térmica, o que permite o acompanhamento do desempenho das novas tecnologias desde a geração até o comércio, a indústria ou a residência do cliente, assim como avaliar a adaptação dos consumidores de diversas situações econômicas a essa nova tecnologia. Todo o processo é monitorado pela Amazonas Energia. MEDIDORES
O Projeto Parintins envolve a troca de medidores de de consumidores
14.500
O sistema smart grids será implantado até o primeiro trimestre de 2013 e ajudará na redução da demanda por expansão de geração. O Projeto Parintins envolve a troca de 16 mil medidores inteligentes. E a melhor notícia: como o consumidor poderá ter acesso ao seu gasto diário, terá condições, inclusive, de interferir no uso de energia – desligando equipamentos, por exemplo –, para diminuir o consumo antes de receber a conta de energia.
Parintins, no Amazonas, testa o smart grids, sistema que permitirá o conhecimento e a
AMBIENTE SUSTENTÁVEL • Belo Horizonte, 25 de agosto de 2012 • 23
Parintinsvai direcionaroutras distribuidoras AÇÕES
Até o momento, o Projeto Parintins já instalou 16 religadores – que são equipamentos de proteção e manobra da rede de distribuição que permitem a melhoria de qualidade pela redução de áreas afetadas por defeitos ou falhas na rede elétrica –, em Parintins. Atualmente, estão sendo instalados
os rádios de comunicação que permitirão operar (abrir/fechar esses equipamentos) de dentro do Centro de Operação da Distribuição (COD) da Eletrobras Amazonas Energia em Parintins. O projeto também já executou a instalação de mais de 200 medidores inteligentes de um total de 16 mil previstos. Além disso, a empresa também está fazendo a instalação da ligação do consumidor e adequação técnicas, como, por exemplo, o aterramento do padrão de entrada do consumidor.
Manutenção da rede de Parintins: na prática, distribuição de energia será totalmente automatizada
intervenção imediata em caso de falhas elétricas
consumidor
rede inteligente e para que a sociedade possa usufruir dos benefícios ambientais e sociais do projeto.
ELETROBRAS AMAZONAS ENERGIA/DIVULGAÇÃO
O Projeto Parintins irá gerar subsídios para que a Eletrobras possa definir um novo modelo na adoção massiva das novas tecnologias de rede inteligente em todas as outras Empresas Distribuidoras de Energia (EDE) do grupo. Isso, levando em conta a adaptação do consumidor às novas formas de interação com a concessionária, o sistema elétrico, os custos e benefícios envolvidos, além do próprio desenvolvimento das tecnologias. Esta definição é muito importante para que não haja impactos econômicos na adoção da implantação da
Monitoramento. Com o plantio de espécies frutíferas, a presença da avifauna é abundante
Da Redação
E
m Tucuruí, no Pará, está boa parte do DNA da Amazônia. E não é só da floresta que se fala aqui. No lago da usina hidrelétrica Tucuruí, o chamado mosaico de ilhas reserva uma especial: a de Germoplasma. Esse santuário começou a ser construído em 1980, quando uma parceria entre a Eletrobras Eletronorte e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), com a participação de outras instituições de pesquisa, deu início ao processo de resgate do material genético das principais espécies florestais existentes na área de inundação e de plantio em local específico. São 129 hectares com um banco de conservação que compreende 32 hectares de floresta nativa, com a identificação e marcação de 100% das árvores com diâmetro igual ou superior a 25 cm. A gerente da Divisão de Ações Ambientais de Geração da Superintendência de Geração Hidráulica da Eletrobras Eletronorte, Carmem Silvia Galvão da Rocha, explica que germoplasma florestal é o elemento dos recursos genéticos que maneja a variabilidade genética entre e dentro da espécie, com utilização para a pesquisa em geral, especialmente para o melhoramento genético, inclusive a biotecnologia. “A partir dessa análise, podemos, sim, considerar um grande banco de DNA da Amazônia. A vantagem de utilizar espécies nativas no reflorestamento é a preservação dos recursos genéticos da vegetação original que seriam perdidos”. HISTÓRICO
A implantação do Banco de Germoplasma começou ainda em 1983, com a coleta de sementes e mudas em dez pontos amostrais. Foi um trabalho de resgate, espécie por espécie. O plantio foi feito numa área dividida em quadras e a ilha passou a abrigar a parte nativa (in situ) e a plantada (ex situ). Foram identificados e mapeados 2.914 indivíduos adultos, pertencentes a 221 espécies botânicas, distribuídas em 50 famílias. No banco ex situ estão representadas 28 famílias botânicas e 82 espécies. Para a sua preservação, fo-
Um banco para o
DNA da Amazônia FOTOS RONY RAMOS/ELETRONORTE
Os investimentos da Eletronorte passam de
R$ 1 mi ao ano
ram plantadas aproximadamente 15 mil mudas, distribuídas em 29 quadras, com área total de 22,6 ha. Os bancos de germoplasma mantidos pela Eletrobras Eletronorte permitirão que a região de Tucuruí e outras do Estado recuperem suas áreas de florestas nativas. Em Tucuruí, a recuperação de áreas impactadas pela construção da usina já chega a 97%. O engenheiro agrônomo Edilson Máximo explica que, hoje, as atividades do programa incluem o monitoramento fenológico, a coleta e análise de sementes e a produção de mudas. Os investimentos da Eletrobras Eletronorte no programa já passam de R$ 1 milhão ao ano. O Laboratório de Análises de Sementes (LAS) funciona em uma Unidade de Propagação e Conservação de Plantas (UPCP) na Vila Permanente da usina hidrelétrica Tucuruí.
No Laboratório de Análises de Sementes (LAS), técnicos agregam qualidade às sementes produzidas pelo Banco de Germoplasma
Animais de pequeno e grande porte voltaram a ocupar áreas A metodologia usada na recuperação das áreas foi estabelecida em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Os indicadores de acompanhamento das ações foram estabelecidos em função da área ocupada, dos ninhos de pássaros que começaram a aparecer, do tipo de fauna. Havia parcelas permanentes onde se faziam o levantamento do crescimento das espécies introduzidas e o registro das espécies novas que surgiram em função da oferta adicional de propriedades emergentes como umidade, sombra e matéria orgânica, criando condições para que ou-
tras espécies mais exigentes pudessem estabelecer-se de forma espontânea. Com a implantação de abrigos de madeira para a avifauna e de rocha para a fauna, pôde-se notar que, tanto animais de pequeno como os de grande porte, como onça, tatu, quati, macacos e capivara voltaram a frequentar as áreas degradadas. Alguns répteis, como cobras e lagartos, já são comuns no local. Com o plantio de espécies frutíferas, a presença da avifauna é abundante. A presença de animais e aves aumentou bastante a presença de espécies vegetais trazidas de fora das áreas.
Eletrobras Eletronorte já reflorestou 97% da área da usina de Tucuruí