Parque Municipal de Barrinha - Anderson Melo

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ANDERSON JOSÉ DE MELO

Parque Municipal de Barrinha

Trabalho final de graduação apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Barão de Mauá. Orientador: Prof. Júnior

Adelino Fontana

Ribeirão Preto 2012

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me dado a vida. À minha família, por ter me incentivado aos estudos. Ao meu orientador pela compreensão, disposição, paciência e apoio. Ao Prof. Maurício Estellita, pela atenção e por ter disponibilizado material de grande valor para elaboração deste trabalho. À Ângela, minha eterna companheira e minha inspiração, agradeço por ter acreditado em mim.

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SUMÁRIO Pág. Introdução

Capítulo 1.

06

Definição de áreas livres de lazer e sua importância

nas cidades

09

1.1

Praças

12

1.2

Áreas verdes

14

1.3

Parque urbano

16

Capítulo 2.

Evolução das linhas projetuais dos parques urbanos

no Brasil

20

2.1

Eclética

22

2.2

Moderna

24

2.3

Contemporânea

26

2.3.1 Ecogênese

29

A cidade de Barrinha

32

Dados Históricos e Atuais

33

Capítulo 3. 3.1

4


Capítulo 4.

Leituras Projetuais

37

4.1

Parque Barigui – Curitiba

37

4.2

Parque Villa Lobos – São Paulo

43

4.2.1 Novos Projetos - Parque Villa Lobos

46

4.3

Horto Florestal Antônio de Albuquerque – Campo Grande

49

4.4

Parque Cidade de Toronto – São Paulo

53

Projeto – Estudos Preliminares

59

Capítulo 5. 5.1

Localização / Sistema Viário / Levantamento de Equipamentos

Urbanos e Áreas Verdes

6.

61

5.2

Mapas de Uso e Ocupação do Solo

62

5.3

Situação Atual da Área

63

5.4

Plano de Necessidades

64

5.5

Estudos de Massa e Croquis

67

Considerações Finais

69

Bibliografia

70

5


INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo a elaboração de projeto para um parque urbano para a cidade de Barrinha – SP. A área escolhida é uma área verde, pouco desenvolvida, destacando apenas a existência do ginásio de esportes municipal no local. A ideia de urbanização desta área partiu primeiro da necessidade de espaços públicos de lazer e cultura na cidade, hoje não existem equipamentos públicos estruturados que oferecem essas atividades aos moradores, o que existe são algumas praças como a tradicional praça em torna da igreja matriz no centro, e algumas bem precárias instaladas em alguns bairros. Outras opções de lazer seriam as quadras esportivas instaladas nas escolas municipais e uma pista de skate. O segundo motivo, é devido à construção da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), que está sendo construída a 500 metros desta área verde, o que provocará uma maior desvalorização desta zona da cidade. O que se pretende é definir, junto ao projeto do parque, algumas diretrizes quanto ao plantio de espécies arbóreas, seguindo o conceito da ecogênese, que tem como seu maior divulgador o Arquiteto Paisagista Fernando Chacel. O objetivo é criar uma barreira vegetal em torno da ETE, para que os odores provenientes da estação não propaguem para os bairros vizinhos, evitando uma maior desvalorização.

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A construção do parque irá criar um espaço público de lazer e descanso, inexistente ainda na cidade. A área tem aproximadamente 184.500 m², é conhecida na cidade como “Área de Lazer”, possui uma lagoa natural que ocupa grande parte dessa área, alguns moradores pescam nesta lagoa, o ginásio de esportes municipal com capacidade para 4.000 pessoas, uma pequena escola de ensino infantil, um poço artesiano municipal, garagem municipal para tratores e máquinas, e duas quadras livres padrão 80X80 metros. Apesar da existência desses equipamentos o lugar é carente de infraestrutura, a área é pouca arborizada e seu uso é pouco explorado, grande parte do terreno é ocupado pelo mato servindo de pasto para cavalos de alguns moradores, e também como local para despejo de lixo, entulho e animais mortos. À noite, devido à falta de iluminação, o local é utilizado por usuários de entorpecentes. Apenas alguns eventos sazonais acontecem no local, como no ultimo ano quando a festa do Peão de boiadeiro, tradicional em todas as cidades do interior paulista, foi transferida para essa área utilizando as duas quadras livres existentes no local, mas nenhuma melhoria urbana foi feita para garantir um melhor acesso e infraestrutura para os usuários. Circos e parques de diversões também montam suas estruturas nestas quadras livres. O ginásio de esporte tem seu uso potencializado em competições regionais, como a Copa EPTV de Futsal, em festas e bailes organizados por empresas de eventos, e em cerimônia de formatura dos alunos da rede pública de ensino.

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Devido essa falta de espaços para o cultivo do corpo, muitos moradores acabam utilização as vias públicas e até mesmo se arriscando na rodovia que margeia a cidade, a SP-333, como espaço para prática de atividades físicas, do tipo caminhada e corrida, mas esses espaços são inadequados para essas atividades, pois não trás segurança aos usuários. Diante do cenário apresentado, e da falta de uma política urbana na cidade que garanta esses espaços de lazer a uma população extremamente trabalhadora e que precisa sair da cidade para poder conseguir uma colocação no mercado de trabalho, pois hoje a grande maioria da população empregada trabalha em usinas de açúcar e álcool da região ou em cidades vizinhas principalmente Ribeirão Preto e Sertãozinho. A essas pessoas está sendo negado o direito de lazer e descanso, configurando uma sociedade limitada de sua vivencia. A crescente urbanização de áreas, onde antes eram utilizadas como lavouras de cana, e a falta de um plano diretor municipal, que garanta a existência de áreas verdes e de lazer também é um fato preocupante. Para desenvolvimento deste trabalho foram feitas pesquisas sobre o conceito urbano, o porquê dos parques urbanos, quais são os pontos positivos de sua implantação, estudos de leituras projetuais de diversos parques, estudo e elaboração de mapas para uma análise mais precisa para o projeto do parque e registro de imagens do local de implantação do parque e de alguns equipamentos urbanos da cidade.

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1. DEFINIÇÃO DE ESPAÇOS LIVRES DE LAZER E SUA IMPORTANCIA NAS CIDADES

O presente capítulo fará uma breve definição destas áreas e falará sobre as tipologias e terminologias usadas para definir cada um dos espaços livres utilizados como equipamento público de lazer nas cidades. Conforme Souza (2003) apud Ferreira (2005), “a vida urbana na cidade, especialmente nas grandes cidades, é vista como um espaço de oportunidades e satisfação de necessidades básicas, mas, também, como estressante, poluída e perigosa, com diversos conflitos e problemas graves que afetam a qualidade de vida de seus habitantes. Esses problemas foram os resultados do processo de consolidação das áreas urbanas como espaços importantes para a expansão do capitalismo e reprodução da vida social. Os conflitos e problemas urbanos comportam dimensões éticas, sociais, filosóficas, físicas, culturais e econômicas”.

Segundo Macedo (1999), com o decorrer dos anos os conceitos e as funções dos espaços livres urbanos foram evoluindo, também dessa forma o conceito de natureza vem alterando-se já há algum tempo. Os espaços são responsáveis pela construção da paisagem urbana na cidade como um produto, resultante de um processo social de ocupação e gestão de determinado território.

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Os espaços construídos são os espaços edificados com funções residenciais, comerciais, serviços públicos entre outros. Já os espaços livres ou espaços não construídos são as praças, canteiros ou jardins urbanos, parques, quintais entre outros. Macedo e Robba (2002) apud Ferreira (2005). Lima et al. (1994, p.539) apud Ferreira (2005), fazem uma conceituação dos termos relacionados a espaços livres urbanos e definem “o espaço livre como o conceito mais abrangente, integrando os demais e contrapondo-se ao espaço construído em áreas urbanas. Assim, a Floresta Amazônica não se inclui nessa categoria; já a Floresta da Tijuca localizada dentro da cidade do Rio de Janeiro, é um espaço livre. No caso de ocorrer um fragmento da Floresta Amazônica, que esteja cercado em parte ou no todo, por espaços construídos em áreas urbanas, será um espaço livre”.

Grandes áreas livres costumam ser implantadas nas periferias ou em áreas centrais, esses dois exemplos tem sua importância quanto a formação de microclimas, mas não atendem as utilidades desses espaços como áreas de lazer e descanso, pois de uma forma geral essa configuração de distribuição só beneficia aos vizinhos próximos, enquanto aos que moram mais distantes tem o quesito descanso negado, pois deveram percorrer grande percurso para poderem usufruir do lazer que a área propõe. Com isso também é necessária a implantação de vias e de meios de transporte coletivos que facilite a mobilidade das pessoas até o local.

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Conforme diretrizes estabelecidas pela a Carta de Atenas, 1933, onde diz que a má distribuição das áreas livres, destinadas ao lazer da população, não beneficiará a todos como uma extensão útil da moradia, daí a necessidade da distribuição de pequenas áreas em diversos pontos da cidade. Os benefícios causados pela existência de áreas livres, compreendendo ai os equipamentos de lazer e serviços e também as áreas verdes, condicionarão sua região mais próxima favorecendo economicamente e socialmente as habitações existentes no local, referenciando assim à Carta de Atenas (op. cit.) que diz que somente a justa proporção entre volumes edificados e espaços livres, poderá resolver o problema da habitação. Os espaços livres bem estruturados proporcionam aos usuários um local de paz e descanso, e suas características principais levam em consideração a sua finalidade, programa e tamanho, sempre se relacionando com as áreas verdes. Logo a visitação dessas áreas terá relação com a quantidade e tipos de atrações que serão desenvolvidas. Sua classificação pode variar entre jardim, praças, áreas verdes e parques urbanos.

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1.1

PRAÇAS

A praça teve sua origem na Grécia e desde a sua criação preservou seu caráter social, que ainda é empregado nos dias atuais, ela atua como um agente de integração social na comunidade urbana. Segundo MACEDO e ROBBA (2003), “praças são espaços livres públicos urbanos destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e livres de veículos”, e ainda complementam quando dizem que “a praça é, por excelência, um centro, um ponto de convergência da população, Figura 01 - Praça da Sé – São Paulo – Fonte: Guia de Parques e Praças Projeto Quapá

que a ela acorre para o ócio, para comerciar, para trocar ideias, para encontros românticos ou políticos, enfim, para o desempenho da vida urbana ao ar livre”.

Andrade (2004) apud Ferreira (2005), diz que “no processo de formação das cidades, os espaços de convivência e comemorações, conhecidos popularmente como praças, tornaram-se uma necessidade vital, uma vez que a vida pública da cidade desenvolvia-se e hierarquizava-se por meio delas”. Existem dois fatores que distinguem uma praça de um parque. Um está relacionado com a dimensão do espaço, onde os parques possuem uma dimensão maior que as Figura 02 - Praça dos Três Poderes - DF – Fonte: http://www.brasil.gov.br/brasilia/conteudo/historia/1960/pra

praças. O outro é quanto à questão da existência de vegetação, uma praça pode não

ca-dos-tres-poderes - Acesso em 04/06/2012.

ser uma área verde, como por exemplo, a praça dos três poderes em Brasília – DF,

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mas para um parque há a necessidade de existência de cobertura vegetal, principalmente para a geração de conforto climático. As praças são espaços de uso cotidiano, para encontros de diversas naturezas, contemplação, ou simplesmente passagem.

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1.1 ÁREAS VERDES

Definição e conceituação desses espaços que são quantificados e computados por órgão ligados ao meio ambiente para a definição de índices de áreas verdes por habitantes, que para a ONU é de 12m²/hab. Há algumas décadas, as questões ligadas ao ambiente urbano ainda não se encontravam delineadas com precisão e não incluíam a relação entre crescimento urbano, preservação ambiental e qualidade de vida. As áreas verdes urbanas tinham suas funções mais voltadas para a estética e o lazer. A partir da década de 1980, quando a questão ambiental foi institucionalizada no Figura 03 - Esplanada dos Ministérios – Brasília – Fonte: http://www.vejanomapa.com.br/esplanada-dos-ministerios-

aparelho estatal brasileiro, surgiu, então, a necessidade de tratar o espaço

brasilia - Acesso em 04/06/2012.

urbano como um espaço em constante evolução, vinculado aos problemas ambientais e à qualidade de vida dos habitantes. (FERREIRA, 2005, p. 01)

Segundo Silva (1974) apud Ferreira (2005), a exigência de áreas verdes e parques pelas cidades industriais modernas como elementos urbanísticos, não eram apenas para a ornamentação urbana, mas sim como uma necessidade de higiene urbana, de recreação e de defesa e recuperação do meio ambiente. Andrade (2004) apud Ferreira (2005), diz que espaço verde é o território ocupado por vegetação que tenha valor social, e que este valor é atribuído ao seu utilitarismo na preservação

do

ecossistema,

ao

seu

valor

estético

cultural

e

ao

seu

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potencial de recreação. Já as áreas verdes, são quaisquer áreas plantadas, incluindo ai os canteiros centrais de avenidas, os trevos e rotatórias de vias públicas, os jardins, as praças e os parques urbanos. Todas essas terminologias são baseadas seguindo a linha de raciocínio de Ferreira, op. cit., e que deixa claro que esses conceitos ainda precisam de estudos mais aprofundados para a padronização do tema. Os benéficos gerados pelas áreas verdes estão diretamente ligados à política de planejamento urbano e ambiental.

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1.3

PARQUE URBANO

De um sofisticado espaço destinado ao lazer formal da monarquia nos séculos anteriores, os parques urbanos são hoje estruturas democráticas geradora de qualidade de vida nas cidades e principal agente de conscientização quanto à preservação ambiental. O parque foi em determinada época, local de passeio das elites, que desfilavam com roupas em estilo europeu, desfrutando do parque como local de contemplação e lazer, em um espaço natural, recriado pelo homem para o Figura 04 - Parque Ibirapuera – São Paulo – Fonte: Guia

seu próprio prazer. Estes espaços evoluíram e passaram a ser locais

de Parques e Praças Projeto Quapá

democráticos mais livres e de uso público, com uma roupagem mais ecológica e mais necessária ao equilíbrio da sociedade com o meio ambiente. (FERREIRA, 2005, p. 85).

Segundo Macedo e Sakata (2003, p. 14), os parques são definidos como “todo espaço de uso público destinado à recreação de massa, qualquer que seja o seu tipo, capaz de incorporar intenções de conservação e cuja estrutura morfológica é auto-suficiente, isto é, não é diretamente influenciada em sua configuração por nenhuma estrutura construída em seu entorno”. Figura 05 - Parque da Luz – São Paulo – Fonte: Guia de Parques e Praças Projeto Quapá

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Mudanças que ocorreram nas últimas décadas, muitas delas relacionadas com o desenvolvimento econômico, social e cultural e também com a criação da constituição nacional, reconfiguraram os parques e os transformaram nesse modelo de integração social, econômico, de cultivo e preservação dos bens naturais. Foi necessária a disposição de profissionais para a definição de novas atribuições quanto à criação dos parques urbanos nos dias atuais. Essas mudanças seguiram duas linhas principais, uma relacionada com a questão Figura 06 - Parque Beto Carreiro World – Penha – SC – Fonte: www.betocarrero.com.br/ - Acesso em 06/06/2012.

de estratégias de preservação natural, que tinham como principal foco a conservação das últimas áreas verdes nativas que se encontravam “sufocadas” em meio à massa edificada. Daí originou - se os parques ecológicos, uma forma de oferecer lazer e ao mesmo tempo conscientizar a população quanto à questão do meio ambiente. A outra linha, ainda não muito difundida, está relacionada ao desenvolvimento econômico de determinada região, através de atividades ligadas ao lazer e turismo, e ao contrário da premissa dos parques que é a de espaço livre público esses novos parques, chamados de parques temáticos, são em sua maioria privados, ou privado público, onde há a necessidade de pagamento de valor para poder usufruir de suas atrações.

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O parque é um fato urbano de relativa autonomia, interagindo com o seu entorno e apresentando em seu bojo condições de absorver a dinâmica da estrutura urbana e dos hábitos de sua população. (KLIASS, 1993, p. 31). Também Kliass (op. cit.), diz que: “o parque urbano responderá às demandas de equipamentos para as atividades de recreação e lazer decorrentes da intensificação da expansão urbana e do novo ritmo introduzido pelo tempo Figura

07

-

Parque

Villa

Lobos

Fonte:

inerente à vida rural. Ao mesmo tempo, o parque vai atender à necessidade

http://www.timeout.com.br/saopaulo/en/aroundtown/venues/350/parque-villa-lobos Acesso em 04/06/2012.

artificial – tempo da cidade industrial –, em contraposição ao tempo natural,

-

de criação de espaços amenizadores das estruturas urbanas, compensando as massas edificadas”.

Segundo Faria (2009), sistemas de áreas verdes somente terão importância e trarão sustentabilidade às cidades, se essas elaborarem e implantarem seus planos de planejamento urbano e ambiental. Algumas experiências em diversas cidades no Brasil e no mundo comprovam os benefícios de Parques Urbanos em conjunto com APPs e outras categorias de áreas destinadas à preservação ambiental, e como esses espaços possam realmente trazer sustentabilidade às cidades. Esse entendimento quanto ao uso e função dos parques urbanos, e também a falta de grandes espaços livres no perímetro urbano das cidades, são fatores decisivos para a implantação de um sistema de parques urbanos de pequeno porte, que poderão dar um atendimento melhor e maior para a população, pois sendo menores

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estarão mais próximos dos bairros, configurando assim uma extensão da moradia e fazendo parte do cotidiano das pessoas. O espaço livre de grande dimensão não é uma característica obrigatória para a existência do parque urbano. O que configura um parque é a sua massa arbórea criadora de conforto ambiental, como sombreamento, luminosidade, temperatura e paisagem. Macedo & Sakata (2003) apud Ferreira (2005) dizem que, “as cidades brasileiras necessitam cada vez mais de novos parques públicos, em geral de dimensões menor devido à escassez de terreno e ao alto custo do metro quadrado nos grandes centros”. Cada vez mais os parques se tornam necessários dentro da estrutura das cidades, a sua importância precisa ser incorporada às políticas públicas de desenvolvimento social, ambiental e urbano sustentável. Do ponto de vista econômico, o custobenefício vai muito além das despesas necessárias para a sua manutenção. Sua característica principal como equipamento que proporciona qualidade de vida à população através do esporte, cultura, ou simplesmente como espaços para a prática do ócio é indiscutível.

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2. EVOLUÇÃO DAS LINHAS PROJETUAIS DOS PARQUES URBANOS NO BRASIL

O desenvolvimento do Brasil como nação se dá a partir de 1808 com a chegada da corte portuguesa em nossas terras, e junto a isso uma nova ótica administrativa se instala por aqui. O país precisava se estruturar fisicamente para atender as necessidades da família real. Infraestruturas de saneamento básico, como captação de esgoto e distribuição de água são instaladas principalmente na capital Rio de Janeiro, e em seguidas nas cidades mais próximas, assim como também a implantação de áreas verdes para o lazer, sempre com a preocupação de criação de uma paisagem urbana agradável, como qual existia na Europa. Com isso os primeiros projetos de equipamentos públicos de lazer são desenvolvidos na cidade. O primeiro deles, em estilo eclético, é o passeio público do Rio de Janeiro, local utilizado para encontros da burguesia da cidade e também por membros da família real, essa era uma das principais características dos parques deste período.

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É relevante, contudo, avaliar que os antigos parques, em especial o Passeio Público, tiveram a sua criação influenciada pela maneira de se pensar a cidade na época, motivada pelas novas idéias que surgiam na Europa, voltadas para o usufruto dos espaços ao ar livre associado ao discurso higienista, que defendia a importância destes espaços para uma vida mais saudável, comparando os parques aos pulmões, necessários para revigorar a atmosfera. (FERREIRA, 2005, p. 26)

Segundo Macedo e Sakata (2003) apud Ferreira (2005), “a evolução das linhas de projetos paisagísticos dos parques urbanos brasileiros passou por grandes transformações ao longo dos quase duzentos anos de existência e, neste período, são identificadas três grandes linhas projetuais: a Eclética, a Moderna e a Contemporânea”. A evolução dos parques urbanos nos últimos dois séculos acompanhou as mudanças do cenário urbanístico das cidades brasileiras. O ponto negativo foi a falta de interesse pelos órgãos públicos na elaboração e na criação de mais espaços destinados para o uso público. Não utilizaram como referencia os planejamentos urbanos de países europeus, dando preferência pela ocupação total do espaço.

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2.1

LINHA ECLÉTICA

O ecletismo foi a primeira linha projetual utilizada para a criação de um parque urbano no Brasil. Seu primeiro exemplar, o Passeio Público do Rio de Janeiro projetado por Mestre Valentim da Fonseca e Silva, foi construído no final do século XVIII em estilo eclético clássico, conforme os conceitos vigentes daquela época, sempre tendo como referencia o modelo europeu. Essa influência de ideais culturais europeus, ficou mais intensificado com a chegada da família real ao país, e constituiu a base para a formalização dos projetos urbanos realizados na capital. Figura 08 - Passeio Público do Rio de Janeiro (1791) projeto

original

de

Mestre

Valentim

http://www.passeiopublico.com/htm/construcao.asp

Fone:

Após a criação do Passeio Público, novos espaços foram criados na cidade do Rio

-

de Janeiro, como o Campo de Santana na área central, e o Jardim Botânico, mais

Acesso em 03/06/2012.

afastado próximo da lagoa Rodrigo de Freiras. Conforme Macedo e Sakata (2003), o ecletismo teve duas ramificações, a clássica e a romântica, que se manifestaram durante o século XIX e inicio do século XX, mas esses dois períodos aqui no Brasil não tiveram as mesmas características do movimento na Europa, já que nenhum padrão foi inserido em sua essência nos projetos brasileiros.

Figura 09 - Passeio Público do Rio de Janeiro (1880) Projeto de reforma por Auguste François Marie Glaziou – Fonte: Guia de parques e praças – Projeto Quapá

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Os parques urbanos concebidos conforme os parâmetros do ecletismo seguiram as seguintes características. •

Grandes maciços arbóreos e água presentes em fontes, chafarizes e

principalmente em lagos, riachos e espelhos d’água. •

Espaços de lazer contemplativo, para a pratica do passeio, encontros sociais

e festas locais. Figura 10 - Campo de Santana – Fonte: Guia de parques e

Existência de uma rede orgânica de caminhos que se cruzam, proporcionando

praças – Projeto Quapá

várias opções de circuitos. •

Não há espaços para a prática de esportes.

Os Parques Urbanos tiveram sua origem nos parques europeus do século XIX, os quais eram implantados para atender as necessidades da população das grandes cidades daquela época. No Brasil, os usos para esses espaços foram destorcidos, transformando-os em cenários bucólicos destinados à elite daquela época.

Figura 11 - Jardim Botânico – Fonte: Guia de parques e praças – Projeto Quapá

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2.2

LINHA MODERNA

No início do século XX, o modernismo é a nova linha que dita os padrões projetuais no mundo tanto para as artes plásticas como na arquitetura, incluindo os parques urbanos. Rompe-se com o padrão orgânico e dá lugar a um novo traçado mais racional e ortogonal. Os elementos naturais como bosques, gramados e corpos d’água, continuam a fazer parte do cenário no parque moderno, mas sem tentar referenciar-se a uma paisagem europeia. A diretriz projetual que no ecletismo era a criação de cenários bucólicos destinados à elite da época, no modernismo tem ênfase na criação de espaços funcionais e arrojados pensados para o uso público. Para a democratização do lazer, as questões de bem estar social e a prática do ócio são temas presentes nos novos parques que abrem espaços para a implantação de equipamentos para a prática de esportes, playgrounds e áreas de convívio familiar. Os caminhos se transformam em elementos de comunicação entre os equipamentos, além de serem utilizados como pistas de caminhada e corrida. Além disso, os parques ganham equipamentos de atividade cultural, como anfiteatros, museus e teatros. Dois projetos referenciais desse período são o parque do Flamengo, no Rio Figura 12 - Aterro do Flamengo – Fonte: Guia de parques

de Janeiro, e o Parque do Ibirapuera em São Paulo.

e praças – Projeto Quapá

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Segundo (MACEDO e SAKATA, 2003, p. 66), esta linha projetual trouxe significativas mudanças conceituais para a produção dos espaços de lazer, alterando a concepção da própria paisagem. A linha moderna constitui-se no rompimento da influência européia na concepção do espaço livre, que passa por fortes influências tanto nacionalistas quanto americanas. FERREIRA (2005, p. 19) As principais características dessa nova linha projetual são: •

Inexistência dos caminhos sinuosos acompanhados de elementos românticos, e os canteiros extremamente ajardinados.

Implantação de equipamentos de lazer esportivo e cultural

A vegetação nativa é predominante, abrindo grande destaque para os exemplares exóticos.

• Figura 13 - Parque Ibirapuera – Fonte: Guia de parques e

Subdivisão do espaço do parque em áreas funcionais como, lazer ativo e lazer contemplativo.

praças – Projeto Quapá

Todas essas mudanças fundamentaram o lazer ativo, principalmente com a implantação de equipamentos que estimulam a realização de atividades recreativas ao ar livre. A sua nova característica possibilitou o acesso da população a esses espaços que antes era de uso privado.

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2.3

LINHA CONTEMPORÂNEA

Os projetos da linha contemporânea representam uma ruptura e uma releitura dos padrões do modernismo, e também o resgate de elementos do ecletismo. Novas funções são atribuídas para essas áreas e outras, como os espaços destinados para a prática de esportes, são reafirmadas na estrutura do equipamento. O

parque

contemporâneo

mantém

a

característica

ecologia

presente

no

modernismo, e é responsável pela introdução dos princípios de preservação de recursos naturais, nascendo assim os primeiros parques ditos ecológicos, que tem como principais diretrizes a conservação e revitalização de áreas que possuem Figura 14 - Parque do Parreão – Fonte: Guia de parques e praças – Projeto Quapá

algum recurso natural. O paisagismo contemporâneo agrega em seu escopo a vertente ecológica na composição dos espaços. O arquiteto da paisagem projeta em todas as dimensões e em todos os seus níveis, ou seja, ele trabalha não apenas o espaço físico construído em sua tridimensionalidade, mas considera também os componentes sociais, bióticos e abióticos. (CURADO, 2007, p. 28).

Do final do século XX até os dias atuais a linguagem contemporânea resgata a ornamentação e a liberdade do desenho. É repensada a criação de cenários Figura 15 - Parque das Pedreiras – Fonte: Guia de parques e praças – Projeto Quapá

urbanos, levando em consideração as novas necessidades da população urbana, referindo-se a temas do passado ou de origem ecológica. Macedo e Sakata (2003)

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O parque urbano contemporâneo é caracterizado pelos novos papéis que eles assumiram com usos e funções cada vez mais importantes para as cidades. Além do lazer desempenha diversas funções socioambientais e ecológicas. (FERREIRA, 2005, p. 86). Nessa busca pela reafirmação do parque dentro da estrutura urbana, nascem novas modalidades de tipos e usos, como os parques temáticos, que oferecem uma nova possibilidade de lazer, o lazer de aventura que, apesar de seu uso ser tarifado na maioria dos casos, é de grande importância como agente turístico e econômico, se Figura 16 - Parque Hopi Hari – Vinhedo – SP - Fonte:

torna indispensável para os municípios onde eles estão implantados. Como é o caso

http://www.hopihari.com.br/informacoes/como_chegar.asp x - Acesso em 06/06/2012.

do Parque Hopi Hari em Vinhedo – SP, e o Parque Beto Carrero World em Penha – SC. As características identificadas na linha contemporânea são: •

Programa funcional ativo, culto ao corpo através de diversificados equipamentos esportivo.

Criação de Parques Ecológicos através da Inserção do conceito de preservação de ecossistemas naturais, como charcos, manguezais, matas nativas e pedreiras abandonadas, através de atividades de educação ambiental realizadas nos parques.

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Liberdade no desenvolvimento de novos projetos. Retomada de valores e implantação de elementos que foram subtraídos no período moderno, como pérgulas, mirantes, pórticos, frontões e pontes.

Elementos naturais continuam presentes neste cenário, como vegetação e água na forma de lagos, nascentes, espelhos d’água.

O parque contemporâneo é caracterizado principalmente por sua vocação ambientalista, pelo incentivo às atividades físicas e pela busca de novas formas e opções de lazer, sempre estando atualizado às necessidades da população.

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2.3.1

ECOGÊNESE

Seguindo a referencia do parque contemporâneo, na busca de novas formas de espaços e lazer, o conceito de Ecogênese se apresenta como uma excelente ferramenta de criação e preservação desses espaços. Segundo Curado (2007), o pensamento ecogenético é uma resposta positiva ao quadro climático que se apresenta na atualidade, pois possibilita a manutenção de ecossistemas que sofrem com ações de esgotamento dos recursos naturais e também com o crescente aumento da temperatura global, conseguindo manter valores ecológicos, econômicos e sociais. Denomina-se por ecogênese a reconstituição de ecossistemas parcialmente Figura 17 - Fernando Magalhães Chacel em 2003 – Fonte: Mirian Mendonça Curado

ou

totalmente

degradados,

valendo-se

de

uma

re-interpretação

do

ecossistema através do replantio de espécies vegetais autóctones, em um trabalho de equipe multidisciplinar, envolvendo profissionais de botânica, biologia, zoologia, geografia, entre outros, além do arquiteto paisagista. (CURADO, 2007, p. 58).

Uma das referencias do período contemporâneo no Brasil é Fernando Magalhães Chacel, arquiteto por formação e paisagista por opção, é considerado o maior divulgador da metodologia de Ecogênese no país. Devido ao seu contato direto com Burle Marx, quando trabalhou como estagiário no inicio da carreira, pôde trabalhar,

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aprender e definir os padrões para implantação da ecogênese na paisagem brasileira. Os trabalhos de Burle Marx juntamente com Luiz Emygdio foram os primeiros a propor a implantação de espécies nativas como forma de criar uma paisagem, mesmo que essas fossem consideradas de caráter exótico. Só depois de alguns anos de estudos foi que essa vegetação se inseriu em sistemas de restauração de ecossistemas degradados. “A ecogênese, com pequenas modificações, como manifestação feita pelo homem, não é uma paisagem natural, mas é um processo dentro da paisagem cultural. Ela deve considerar as características culturais de quem vai usar a paisagem, e quem vai usufruir isso é o homem. Os outros seres vivos também, mas estamos falando principalmente do homem nesse caso. A ecogênese é uma intervenção local. Ao se fazer um projeto ecogenético no Rio Grande do Sul, vai-se trabalhar com o ecossistema de lá; da mesma forma, não se deve trabalhar na Amazônia com flora do litoral. O que caracteriza a ecogênese é exatamente a busca de elementos primitivos das paisagens naturais dos locais em que se está trabalhando. Ao usar, numa restinga do Rio de Janeiro, elementos da restinga do nordeste, serão espécies exóticas em relação à restinga do Rio. Existem pequenas diferenças dentro do próprio ecossistema, que são diferenças locais.” Fernando Chacel apud Curado (2007).

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A ecogênese é tratada como uma ciência multidisciplinar, e suas diretrizes ainda vêm sendo estudas e redefinidas, mas os diversos trabalhos elaborados nos últimos 50 anos por Chacel conseguiram demonstrar a sua real característica, que é de preservação e sustentabilidade ambiental.

31


3.

A CIDADE DE BARRINHA

Barrinha está localizada na região nordeste do estado tado de São Paulo, próximo à Ribeirão Preto, e à 358 km da capital do estado. Segundo dados do IBGE de 2010, possui uma população de 28.496 habitantes, tem área territorial de 145.643 km², e limita-se se com os municípios de Sertãozinho, Ribeirão Preto, Dumont, Pradópolis e Jaboticabal. É considerada unidade da federação desde Dezembro de 1953. Principal característica econômica é a agricultura, com o cultivo de cana de açúcar. Figura 18 – Mapa de Localização - Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:SaoPaulo_Municip_Bar rinha.svg – Acesso em 02/06/2012

Distâncias para os municípios limítrofes: Sertãozinho - 22 km / Dumont - 64 km / Ribeirão Preto - 44 km / Pradópolis - 26 km / Jaboticabal - 18 km Hoje a cidade se apresenta como grande fornecedora de mão de obra para as usinas de açúcar e álcool da região, e como referencial de empresas especializadas em manutenção de máquinas e equipamentos amentos do setor.

Figura 19 – Mapa Estado de São Paulo – Fonte: http://antigo.sp.sebrae.com.br/principal/conhecendo%20a %20mpe/estudos%20setoriais%20e%20regionais/atlas_m etodologia.aspx - Acesso em 02/06/2012.

32


3.1

DADOS HISTÓRICOS E ATUAIS

Tudo começou em Fevereiro de 1903, quando a Companhia Paulista de Estrada de Ferro, inaugurou no KM 340 sentido Norte – SP, uma Estação próxima ao rio Mogi Guaçú. Ali próximo da Estação, às margens do rio, havia um pequeno porto fluvial onde barcas a vapor paravam, deixavam passageiros que se destinavam à Jaboticabal e Ribeirão Preto. O porto chamava-se Porto Barrinha. As terras ao redor da Estação pertenciam à Companhia São Martinho. Depois de consecutivas crises do café durante o período de 1918 a 1929, a companhia decidiu por lotear estas terras, nascendo assim uma pequena vila em torno da estação recém-construída. 20

Figura 20 e 21 - Estação Ferroviária de Barrinha - Fonte: http://www.jornalcidadesonline.com/historiabarrinha.htm Acesso em 02/06/2012

Na época o progresso andava pelos trilhos e a estação de trem de Barrinha era a única na região, recebendo trens de carga e passageiros principalmente de Jaboticabal, Sertãozinho e Ribeirão Preto.

Figura 22 – Anúncio publicado no Guia Levi de maio de 1955 http://www.estacoesferroviarias.com.br/b/barrinha.htm - Acesso em 02/06/2012

(Acervo

Ralph

Giesbrecht)-

Fonte:

33


O aquecimento da economia local se fortaleceu com a instalação de três companhias de petróleo na cidade: a Cia de Petróleo GULF, a ATLANTIC Refining Company of Brazil e a SHELL Brazil Limited, que distribuíam petróleo e lubrificantes para toda a região e até para o Triângulo Mineiro. Devido a toda essa importância estrutural econômica na época, Barrinha foi batizada carinhosamente de “Princesa do Mogi”, e Figura 23 - Posto petrolífero da ATLANTIC - Fonte: http://www.jornalcidadesonline.com/historiabarrinha3.htm Acesso em 02/06/2012

mais tarde presenteada em 1927, com a construção de uma ponte sobre o rio Mogi Guaçú, ligando-a por terra ao município de Jaboticabal. Na ocasião a presença do então Presidente da república Washington Luis, foi fato marcante em toda região. A pequena vila cresceu e em 1936 se tornou distrito do município de Sertãozinho. E só conseguiu sua emancipação em 30 de Dezembro de 1953 mantendo o mesmo nome do porto fluvial. O que poderia se tornar um grande avanço para a cidade, acabou não se concretizando devido à evolução na criação de maiores e melhores caminhões e na política do estado que privilegiou o sistema rodoviário, deixando de lado as ferrovias de todo o país. Assim toda importância que a cidade tinha na região acabou sendo esquecida, e a saída de grandes empresas foi inevitável. A partir da década de 60 a cana de açúcar ocupa de vez as lavouras da região que antes eram ocupadas pelo café, e mantém até hoje essa cultura devido às várias

Figura 24 - Barrinha 1953 - Fonte: http://www.jornalcidadesonline.com/historiabarrinha4.htm Acesso em 02/06/212

usinas existentes em toda a nossa região. O principal fator de crescimento

34


populacional na cidade é justamente a emigração de trabalhadores, principalmente do sul do estado de Minas Gerais e do nordeste do país, que vieram para o corte da cana e permaneceram na cidade. Após a decadência do transporte ferroviário a cidade passou por várias décadas de estagnação econômica, o que afetou o seu desenvolvimento tanto na qualidade de vida como na geração de empregos. Hoje boa parte da população ativa trabalha nas Figura 25 - Mapa IBGE de Pobreza e Desigualdade – Barrinha 38,06% da população – Dados 2003

usinas de açúcar e álcool da região, e outra parte está empregada principalmente nas cidades de Sertãozinho e Ribeirão Preto, de acordo com dados da empresa Viação São Bento, que faz o trajeto Barrinha – Sertãozinho – Ribeirão Preto, cerca de 1200 pessoas saem todos os dias com destino às cidades citadas. Outro dado que demonstra a péssima situação da qualidade de vida na cidade, é o mapa de Pobreza e Desigualdade nos municípios brasileiros, disponibilizado pelo IBGE, o qual indica uma desigualdade com os municípios vizinhos. Nos últimos anos a cidade vem se estruturando para melhorar esses índices de qualidade de vida, com a implantação de pequenos equipamentos, como praças e quadras poliesportivas. Muitas dessas melhorias estão relacionadas com a criação do Ministério das Cidades e do Estatuto das Cidades. Também busca um referencial como tentativa de resgatar sua importância de décadas passadas, mas que ainda surgem como destaques isolados individuais ou de resultados administrativos.

35


Um desses destaques é a grande promessa da música lírica nacional e internacional, o jovem tenor Jean Willian de 26 anos, que cresceu em Barrinha, e através de estudos aperfeiçoou seu dom para o canto. Apesar de ainda novo, Jean Willian já se apresentou nos principais palcos do Brasil e do mundo, como o Theatro Pedro II em Ribeirão Preto, a Sala São Paulo na Capital paulista e no Metropolitan Museum, em Nova Iorque.

Figura 26 - Tenor Jean Willian - Fonte: http://www.revide.com.br/capa/grandeza-de-um-menino/ Acesso em 02/06/2012.

36


4.

LEITURAS PROJETUAIS

Neste capítulo serão apresentadas as leituras dos projetos Parque Barigui, Parque Villa Lobos, Horto Florestal Antônio de Albuquerque e Parque Cidade de Toronto. O objetivo é obter referências e relacionar os projetos com a proposta que será apresentada.

Figura 27 - Parque Barigui - Fonte: http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/parques-e-bosquesparque-barigui-secretaria-municipal-do-meio-ambiente/292 - Acesso em 06/06/2012.

4.1

Parque Barigui – Curitiba

Área: 1.400.000 m2 Localização: Entre a Av. Manoel Ribas e a BR-277, Curitiba - PR Ano de Implantação: 1972 Arquiteto responsável pelo projeto Lubomir Ficinski. O nome Barigui tem origem indígena e significa "rio do fruto espinhoso", em referencia às pinhas das araucárias nativas, ainda existentes. Por estar localizado Figura 28 – Restaurante na margem do lago – Fonte: http://www.mapas-brasil.com/fotos/parque-barigui.htm Acesso em 02/06/2012.

próximo ao centro da cidade, e sua infraestrutura ser de grande porte e diversificada, o Barigui é considerado o parque mais frequentado de Curitiba.

37


Seu programa inicial visava oferecer ao público um especial centro de lazer, contendo parque de diversões, uma ferrovia, e o lago teria grande utilização com regatas a remo e a vela. Mas o projeto se tornou inviável financeiramente e assim o parque Barigui passou a ser um “Parque de Consumo” onde a população poderia usufruir dele da melhor forma que lhes satisfizesse.

Figura 29 – Parque Barigui 3 Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=870786 – Acesso em 06/06/2012.

Figura 30 – Parque Barigui 3 Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=870786 – Acesso em 06/06/2012.

Figura 31 – Mapa de Localização - http://www.curitiba.pr.gov.br/multimidia/00085332.pdf - Acesso em 06/06/2012

38


1- Portal

O Parque Barigui possui equipamentos de ginástica, sede campestre, churrasqueiras, restaurante, pedalinhos, canchas poliesportivas, quiosques, Museu do Automóvel, Estação Maria Fumaça, parque de exposições, parque de diversão, pista de bicicross e aeromodelismo.

2 - Salão de Atos / restaurante 3 - Pavilhão de exposições 4 - Parque de diversões 5 - Heliponto 6 - Sanitários 7 - Portal 8 - Lanchonete 9 - Churrasqueiras 10 - Trilha com obstáculos 11 - Pista de patinação 12 - Portal de Santa Felicidade 13 - Museu do Automóvel 14 - Academia de ginástica / lanchonete 15 - Canchas esportivas 16 - Pista de caminhada / ciclovia 17 - Pista de bicicross 18 - Secretaria Municipal do Meio Ambiente 19 - Sede dos escoteiros 20 - Rio Barigui 21 - Sede de manutenção

Figura 32 – Mapa do Parque Barigui - Fonte: http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/parques-e-bosques-croqui-parque-bariguisecretaria-municipal-do-meio-ambiente/293 - Acesso em 06/06/2012.

22 - Equipamentos de ginástica 23 - Estacionamento 24 - Trilhas

/ 25 – Ponte

/ 26 - Bistrô

39


Elementos naturais Fauna: Garça-branca, quero-quero, tico-tico, sabiá, biguatinga, preá, capivara, cutia, sagüi e gambá. Flora: Araucária, erva-mate, pitangueira, vassourão-branco, bromélia, orquídea, mirta, guabirotuba e guabiroba. Muita área verde, com mata nativa, envolve um grande lago de 400 mil m², formado por uma represa. Os equipamentos estão dispostos de formar organizada de acordo com a característica de cada um, e as pistas de Cooper, ciclovias e trilhas para caminhar em meio à mata, formam grandes circuitos de 3300, 2850 e 1045 metros. O parque também é sede de um Pavilhão de Exposições, que recebe uma série de feiras durante todo o ano. Possui playground para as crianças com um escorregador, duas gangorras e um trepa-trepa. Todos os equipamentos são de ferro. O parque é acessível para todas as pessoas, pois possui pisos táteis pelos Figura 33 – Zoneamento do Parque Barigui - Fonte:

caminhos, para facilitar a orientação de deficientes visuais, e também possui

http://www.curitiba.pr.gov.br/multimidia/00085373.pdf

banheiros especiais. Possui área com internet Wi-Fi gratuita, e também uma sede da

-

Acesso em 06/06/2012.

Guarda Municipal, que faz ronda com bicicletas e motocicletas durante todo o dia, e também no período noturno.

40


A construção do parque Barigui no início da década de 70, só foi possível devido a uma política de planejamento urbano e ambiental, o qual previa a criação de um cinturão verde ao redor da cidade. A sua implantação em área de preservação ambiental e cortada pelo Rio Barigui, o qual foi represado para controlar enchentes e possibilitar a vida de aves aquáticas, é uma característica dos parques daquela época e que influenciou a criação de espaços similares por todo o país. A paisagem integra a grande massa de vegetação existente composta por floresta nativa e floresta secundária às áreas de maior fluxo de pessoas. Possui também Figura

34

Parque

Barigui

1

-

Fonte:

extensos gramados, trilhas e caminhos sinuosos que percorrem todo o local,

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=870786

interligando os diversos núcleos de atividades esportivas, culturais e de recreação

– Acesso em 06/06/2012.

infantil.

Figura

35

Parque

Barigui

2

-

Fonte:

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=870786 – Acesso em 06/06/2012.

41


Atividades

Leitura

Contemplação / esportes / recreação

Pontos importantes: Setorização dos ambientes / internet Wi-Fi / acessibilidade /

infantil

preservação ambiental / área multiuso / restaurante à margem do lago sobre pilotis.

/

eventos

culturais

/

conservação de recursos naturais. Configuração Relevo ondulado / rio / lago / bosques / gramados

/

rede

de

caminhos

/

recantos sinuosos / edificações

Legenda Área de preservação Área de contemplação / convívio / descanso / alimentação Área ativa / múltiplas atividades / recreação / atividades físicas / administração Área de lazer radical

Figura 36 – Planta de Cobertura Vegetal – Parque Barigui – Fonte: Guia de Parques e Praças Projeto Quapá

42


4.2

PARQUE VILLA LOBOS

Projeto do arquiteto Décio Tozzi Área de 732 mil m², às margens do rio Pinheiro em São Paulo. Primeiros estudos foram realizados no ano de 1987, mas o projeto só começou a ser Figura

37

Logo

Parque

Villa

Lobos

-

Fonte:

desenvolvido em 1989.

http://www.ambiente.sp.gov.br/parquevillalobos – Acesso em 22 de abril 2012

Antes de 1989, a área onde o parque foi implantado era um lixão. Cerca de oitenta famílias moravam e sobreviviam do lixo que era jogado nessa área. Sua implantação envolveu toda a população de São Paulo, através de um processo democrático que conseguiu resgatar um dos últimos grandes vazios urbanos da área metropolitana. Em 1989, o parque Villa-Lobos começou a ser implantado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE.

Figura

38

-

Arquiteto

Décio

Tozzi

-

Fonte:

http://www.deciotozzi.com.br/_br/flash/decio-tozzi.htm Acesso

em

22

de

abril

de

-

As famílias que viviam no local foram removidas para abrigos no município.

2012

Foram retirados 500 mil m³ de entulho, e movimentados 2 milhões de m³ de entulho e terra para acerto das elevações existentes.

43


O projeto original, elaborado pelo Arquiteto Décio Tozzi, previa uma "cidade da música". O local teria viveiro para pássaros, ilha musical, passeio Uirapuru, auditórios, Teatro de Ópera e Centro de Convivência Musical. O projeto também previa a construção de um prédio de exposições e edifícios para Escolas de Balé e Música, com salas de aulas para oficinas e apoio, inclusive para fabricar e consertar instrumentos. Ao conceber o planejamento físico do parque foi delimitado um grande e denso Figura 39 - Área atual do Parque Villa Lobos, 2012 Fonte:http://www.ambiente.sp.gov.br/parquevillalobos/histo rico.php - Acesso em 22 de abril de 2012

bosque biodiversificado, composto de 50.000 árvores de grande, médio e pequeno porte, divididas entre 300 espécies, e 12 clareiras gramadas, destinadas ao uso livre da população.

Figura 40 - Área atual do Parque Villa Lobos. - Fonte: http://www.deciotozzi.com.br/_br/flash/decio-tozzi.htm Acesso

em

22

de

abril

de

2012

Figura

41

-

Área

do

Parque

Villa

Lobos

antes

de

sua

implantação,

1988.

Fonte:

http://www.ambiente.sp.gov.br/parquevillalobos/historico.php Acesso em 22 de abril de 2012

44


Como as árvores ainda são muito jovens, o que predomina são as áreas ensolaradas, gramadas ou pavimentadas. Os caminhos são suficientemente largos (de seis a oito metros) para corredores, ciclistas e patinadores, que chegam ao parque em grandes contingentes nos fins de semana. Cerca de 500 mil pessoas visitam o parque todos os meses.

Figura 42 - Aérea do bosque e das pista de caminhada Fonte:

http://www.deciotozzi.com.br/_br/flash/decio-

tozzi.htm - Acesso em 22 de abril de 2012

O projeto temático do parque Villa Lobos, possui forte influencia modernista, que se reflete na estética limpa da esplanada, da marquise na entrada e do anfiteatro, no uso do concreto aparente, na distribuição setorizada das atividades e no uso da vegetação da Mata Atlântica.

“Os parques, em todo o mundo, são concebidos com a intenção de conceituar o tempo livre de lazer das populações urbanas como um tempo de cultura e conhecimento, de cultivo do corpo e também do espírito.” Décio Tozzi

Figura 43 - Portaria do Parque Villa Lobos - Fonte: http://acessibilidadenapratica.blogspot.com.br/2011/07/ace ssibilidade-no-parque-villa-lobos-em.html - Acesso em 22 de abril de 2012

45


4.2.1 NOVOS PROJETOS - PARQUE VILLA LOBOS

Orquidário Ruth Cardoso Inaugurado em dezembro de 2010, a obra é uma homenagem à antropóloga Ruth Cardoso. Por seus estudos de grupos étnicos como tribos africanas e indígenas brasileiros, o arquiteto Décio Tozzi utilizou a forma de uma oca como partido para o projeto.

Figura

44

-

Orquidário

Ruth

Cardoso

-

Fonte:

http://karlacunha.com.br/orquidario-ruth-cardoso - Acesso

Circuito das Árvores

em 22 de abril de 2012

O Circuito das Árvores é uma passarela elevada acessível que chega até 3,5 metros de altura e tem uma extensão de 120 metros, possibilitando a observação da fauna e flora de bosques do Parque. A estrutura é feita de madeira de reflorestamento cedida pela Estação Experimental de Itapetininga, e projetada para não impactar a vegetação do local. O Parque Villa Lobos foi um dos primeiros da cidade a se adequar às acessibilidades de pessoas com deficiência. A grande área plana e os caminhos Figura 45 - Circuito das Árvores – Parque Villa Lobos Fonte: Acesso

http://www.turismoadaptado.com.br/?p=1860 em

22

de

abril

de

-

2012.

praticamente nivelados tornam mais fáceis os deslocamentos de pessoas, além de possuir banheiros acessíveis, rampas, telefones para surdos, mapas táteis e marcações

padronizadas

no

solo,

para

os

cegos.

46


O parque possui também brinquedos de parques infantis adaptados à pessoas com deficiência. Um deles é uma gangorra em forma de partitura, desenvolvida especialmente para usuários de cadeiras de rodas. O design da peça, com formato de notas musicais, é uma homenagem ao compositor erudito Heitor Villa-Lobos, que deu nome ao parque. A peça, de 6 metros de comprimento e 1 de largura, funciona com um sistema de contrapeso que é acionado com as mãos ao girar e soltar a direção, além de rampas Figura 46 - Gangorra para cadeirante – Parque Villa Lobos Fonte: Acesso

http://www.turismoadaptado.com.br/?p=1860 em

22

de

abril

de

de acesso em ambos os lados do brinquedo.

-

2012

“Com este brinquedo, todas as crianças, cadeirantes ou não, podem interagir num mesmo ambiente de brincadeira” - Lao Napolitano designer que projetou o brinquedo.

47


Área para eventos

Atividades Contemplação / esportes / recreação infantil / eventos culturais Configuração Relevo plano / gramados / bosques / rede de caminhos/ planos de piso / marquise

Leitura Pontos dos

importantes:

ambientes

interatividade

/

com

Setorização

acessibilidade os

/

elementos

naturais / área de eventos / grandes percursos

para

atividades

físicas. Figura 47- Mapa do Parque Villa Lobos - Fonte: http://www.ambiente.sp.gov.br/parquevillalobos/imagens/mapa.pdf - Acesso em 22 de abril de 2012

48


4.3

HORTO FLORESTAL ANTÔNIO DE ALBUQUERQUE – CAMPO GRANDE

O Parque Florestal Antônio de Albuquerque, mais conhecido como Horto Florestal, está localizado no encontro das avenidas Fernando Corrêa da Costa e Ernesto Geisel em Campo Grande - MS O projeto de implantação do horto data de 1923, mas o projeto do parque só foi desenvolvido em 1991 pelo Arquiteto Elvio Araújo Garabini. O Horto ocupa uma área de 2,5 hectares, onde além do próprio bosque, possui também pista de cooper, biblioteca, lanchonete, playground, orquidário, cancha de bocha, espelho d’água, I Figura 48 – Playground - Fonte: Guia de Parques e Praças Projeto Quapá

paisagismo e pistas de skate e bicicross. O parque possui também projetos de reflorestamento destinados a cultivar as espécies vegetais nativas da região. O parque é cortado pela Avenida Fernando Corrêa da Costa, e uma passarela panorâmica sobre a avenida faz a ligação entre o Centro de Convivência do Idoso e Centro de Atividades Múltiplas, com o restante do parque. Este parque possui um os mais elaborados projetos paisagísticos da ultima década do século XX. A grande quantidade de elementos decorativos metálicos, coloridos,

Figura 49 – Passarela - Fonte: Guia de Parques e Praças Projeto Quapá

de enorme riqueza de formas e texturas, e o tratamento lúdico dado à água, com jatos

e

49


espelhos, todos esses ícones da linha contemporânea, configuram um espaço agradável ao usuário do parque. Logo na entrada, observa-se um conjunto de pórticos revestidos por tijolos cerâmicos aparentes com esferas coloridas na parte superior, e que são visíveis por todo o parque servindo de estrutura para outros equipamentos. Figura 50 – Pórticos na entrada do Parque – Fonte: Guia de Parques e Praças Projeto Quapá

Caminhos orgânicos conectam os pórticos, os canteiros elaborados e as fontes murmurantes, numa releitura de formas do passeio.

Figura 51 – Fontes – Fonte: Guia de Parques e Praças Projeto Quapá.

Figura 52 –

Pórticos distribuídos pelo parque – Fonte: Guia de

Parques e Praças Projeto Quapá.

50


O Parque possui: • Centro de atividades Múltiplas (Teatro de Arena), • Biblioteca Municipal, • Lanchonete, • Parlatório, • Banheiros (inclusive para deficientes), • Sede Administrativa, • Playground, • Espelho D'água, • Cancha de Bocha, • Cancha de Malha, • Pista de Cooper c/ estações de ginástica, • Pista de Bicicross, • Pista de Skate, • Orquidário. Oficinas de artes: Mosaico, violão popular, violão clássico, desenho, pintura, Tai-chi-chuan, reciclagem de papel. Lazer contemplativo.

Figura 53 – Planta de Piso – Horto Florestal Antônio de Albuquerque – Fonte: Guia de Parques e Praças Projeto Quapá

51


Atividades

Leitura

Contemplação / esportes / recreação

Pontos importantes: Acessibilidade / preservação ambiental / unidade de projeto

infantil / eventos culturais

existente nos pórticos da entrada e até nos brinquedos do playground / uso da água como elemento lúdico / preservação ambiental. Espaço lúdico: Fontes e elementos com cores primárias

Configuração Relevo plano / bosque / gramado / rede de caminhos / recantos sinuosos / espelhos

d’água

/

passarela

/

edificações Legenda Área de preservação Área de recreação infantil Área

de

múltiplas Passarela sobre avenida – comunicação entre ambientes.

atividades / cultura / recreação / descanso / atividades ativas Interligação de espaços

Figura 54 – Planta de Cobertura Vegetal – Horto Florestal Antônio de Albuquerque – Fonte: Guia de Parques e Praças Projeto Quapá

52


4.4

PARQUE CIDADE DE TORONTO – SÃO PAULO

Arquitetos: Plinio Toledo Piza, Barry Hughes, Eunice Takahashi, Ana Maria Archangeletti. Área 109.100 m² Data: 1992

Em 1987, um acordo de cooperação entre as cidades de São Paulo e Toronto Figura 55 – Deck – Fonte: Guia de Parques e Praças Projeto Quapá

(Canadá), veio de encontro às reivindicações da população e deu origem a este parque em área verde pública, cuja superfície é, em grande parte, ocupada por um lago. O projeto, entregue à população em 1992, foi elaborado por uma delegação canadense, e os custos de sua implantação foram arcados pela cidade de Toronto. O Parque Cidade de Toronto localiza-se na zona norte da cidade de São Paulo, no empreendimento City América, Bairro de São Domingos, subprefeitura de Pirituba. Sua área é ocupada em sua maior parte por um lago, cuja superfície contornada por vegetação ciliar diversificada, constitui-se em foco de grande beleza paisagística,

Figura 56 – Paisagem do Parque Cidade de Toronto – Fonte: Guia de Parques e Praças Projeto Quapá

tornando-se área de lazer e contemplação muito apreciada pelos usuários que, em sua maior parte, veem dos bairros vizinhos.

53


Junto à entrada foram colocados brinquedos, que são verdadeiras esculturas metálicas e exploram a água como elemento lúdico. Sobre um charco foram construídas passarelas de madeira, permitindo um novo circuito de passeio, que acabou por valorizar esse ambiente. O cenário bucólico é completo com os poucos pescadores que se posicionam em torno do lago. Entre os equipamentos mais procurados do parque estão o playground e a wadingpool (piscina para crianças), localizados lado-a-lado, e que são referencias dos Figura 57 – Passarela sobre lago – Fonte: Guia de Parques e Praças Projeto Quapá

parques canadenses.

Conceito de Ecogênese foi implantado no Parque Cidade de Toronto. O parque foi objeto de um projeto de recuperação de áreas degradadas, através da implantação de 120 espécies de árvores nativas que tinham como função proporcionar a proteção de encostas contra erosão, reduzir o assoreamento do lago, melhorar a qualidade da água, proteger as nascentes e preservar e enriquecer o ecossistema local. Assim, plantaram-se espécies nativas encontradas às margens de bacias hidrográficas para formação de mata ciliar; plantas aquáticas, também preferencialmente nativas; e Figura 58 – Caminho e playground a frente – Fonte: Guia

outras árvores distribuídas de maneira esparsa para possibilitar sombreamento.

de Parques e Praças Projeto Quapá

54


Infra-estrutura Palco / bicicletário / churrasqueiras / quiosque / deck / vestiário masculino e feminino / sanitários / bebedouros / lixeiras / mesas / bancos.

Lazer Aparelhos

de

ginástica;

pista

de

cooper com 2840 metros; playground; 2 quadras poliesportivas; tanque de areia.

Figura 59 – Planta de Piso – Parque Cidade de Toronto – Fonte: Guia de Parques e Praças Projeto Quapá

55


Atividades

Leitura

Contemplação / recreação infantil /

Pontos importantes: Conceito de Ecogênese / uso da água como elemento lúdico /

esportes / pesca / conservação de

postura ecológica.

recurso natural Passarelas sobre charco.

Configuração: relevo misto de fundo de vale / lago / córrego / gramados / bosque / charco / rede de caminhos

Legenda

Playground / wading-pool elementos lúdicos.

Recuperação

de

área

degrada Área de convívio Figura 60 – Planta de Cobertura Vegetal – Parque Cidade de Toronto – Fonte: Guia de Parques e Praças Projeto Quapá

56


57


O PROJETO

Figura 61 – Panorâmica da lagoa – Fonte: O autor em 19 de maio de 2012

58


5.

PROJETO – ESTUDOS PRELIMINARES.

Para a elaboração da proposta de projeto para um parque urbano na cidade de Barrinha, foram analisadas diversas condicionantes: a necessidade de a cidade ter um espaço como esse para as pessoas poderem praticar exercícios físicos com segurança, a falta de opções de lazer em ambientes públicos, a existência de área verde destinada para esse uso, mas que está á abandonada. Juntamente com o parque está sendo proposto uma intervenção estratégica em torno da ETE (Estação (Es de Tratamento de Esgoto), a implantação de grande massa arbórea seguindo o conceito de ecogênese, criando uma barreira vegetal contra o mau cheiro, e também uma grande área verde que no futuro terá grande valor no diz respeito ao equilíbrio ambiental e controle climático.

Figura 62 – Identificação de Área para projeto de Parque Urbano – Fonte: Google earth. Área do Parque Área de implantação de vegetação.

Figura 63 – Pessoas caminhando próximo à lagoa – Fonte: O autor em 24 de março de 2012

Figura 64 – Crianças jogando futebol em quadra livre próximo à lagoa – Fonte: O autor em 24 de março de 2012

ETE

59


Nota-se que, apesar da área não possuir infraestrutura adequada para receber todos os moradores, ela é utilizada da forma que se apresenta, indicando a necessidade de espaços públicos de lazer na cidade. Desde o ultimo ano, as duas quadras livres estão sendo utilizadas como espaço para instalação de parques de diversões, circos e também a festa do peão de boiadeiro, antes esses eventos eram realizados em outro espaço livre e que felizmente foi urbanizado melhorando a paisagem da Figura 65 – Circo instalado em quadra próximo à lagoa –

cidade.

Fonte: O autor em 19 de maio de 2012.

Um grande evento realizado no local foi a apresentação da Esquadrilha da Fumaça em junho de 2011, cerca de 5000 pessoas estiveram presentes.

Figura 66 – Público presente para apresentação da Esquadrilha da Fumaça – Fonte: O autor em 19 de junho de 2012

60




5.3

SITUAÇÃO ATUAL DA ÁREA

Figura 67 – Mata existente - O autor. Figura 68 – Cavalos pastando no local - O autor. Figura 69 – Campo de futebol existente - O autor. 67

68

69

Figura 70 – Lixo e entulho - O autor. Figura 71 – Situação do campo de futebol - O autor.

70

Figura 76 – Vista oposta da lagoa

Figura 72 – Lixo e entulho jogado próximo da mata - O autor. Figura 73 – Ginásio de esportes - O autor. 71

Figura 74 – Imagem de satélite da área – Fonte: Google Earth

Figura 77 – Carcaça de caminhão abandonada - O autor.

72

74 Figura 78 – Escola Municipal de Ensino Infantil - O autor.

73 Figura 75 – Panorâmica de toda área – Fonte: O autor em 10 de junho de 2012

63


5.4

PLANO DE NECESSIDADES

O plano de necessidades foi elaborado com o intuito de transformar o parque em um local de referencia para a cidade, onde os usuários poderão realizar diversas atividades. Para um melhor entendimento separei os equipamentos e estruturas de acordo com a categoria.

Esporte •

Ginásio de esportes (proposta para reforma)

01 Campo de futebol

02 Quadras poliespotivas

02 Quadras de tenis

Academia a céu aberto

Pista de caminhada e corrida

Ciclovias

Cultura • Prédio das Sec. Cultura e Esportes, que também contará com uma sal de exposições • Palco para shows ou apresentações teatrais a partir do palco do ginásio de esportes que se abrirá para a arena multi uso.

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• Praça da música (Espaço lúdico que unirá o elemento água e a música como forma de aprendizagem e incentivo à cultura)

Meio ambiente •

Viveiro de mudas municipal

Preservação de vegetação existente

• Plantio de nova vegetação a partir de espécies nativas da área (criação de pequenos bosques dentro do parque) •

Permitir a atividade de pesca na lagoa

• Associar a escola existente ao viveiro de mudas, para a divulgação do conceito de preservação ambiental.

Infraestrutura •

02 Portarias de acesso público e 01 de Serviço.

Prédio da Administração

Base da guarda municipal

Estacionamento carros e motos

Bicicletário

Aluguel de bicicletas

Aluguel de equipamentos esportivos (bolas, coletes, raquetes, etc)

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01 vestiário (masc / fem)

02 sanitários

02 bebedouros

01 restaurante / lanchonete / construído sobre a lagoa

03 quiosques (comércio diversos)

Área para churrasco

Playground

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5.5

ESTUDO DE MASSA E CROQUIS

QUADRAS POLIESPORTIVAS VESTIÁRIO MASCULINO VESTIÁRIO FEMININO RESTAURANTE PLAYGROUND CAMPO DE FUTEBOL

ÁREA DE EVENTOS – MULTI USO ÁREA DE CHURRASCO

GINÁSIO DE ESPORTES

PASSARELA SOBRE LAGOA ESTACIONAMENTO

ÁCADEMIA

PORTARIA

QUADRA ADMINISTRATIVA SANITÁRIOS

GUARDA MUNICPAL / ADMINISTRAÇÃO /

PORTARIA

SECRETARIA DE ESPORTES E CULTURA /

VIVEIRO DE MUDAS

BIBLIOTECA ESCOLA MUNICIPAL PRAÇA DA MUSICA

Figura 79 - Croqui da proposta de parque municipal de Barrinha – Fonte: O autor

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Figura 80 – Estudo de massas – Fonte: O autor. ÁREA PARA PRÁTICA DE ESPORTES E ATIVIDADES FÍSICAS

ÁREA DE EVENTOS

ÁREA DE CONVÍVIO

ÁREA ADMINISTRATIVA

ESCOLA AMBIENTAL

ÁREA DE CONTEMPLAÇÃO

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6.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A urbanização desta área irá garantir uma opção de programa de lazer inexistente ainda na cidade, além de propor uma nova vida urbana para os moradores. As diretrizes da carta de Atenas nos indicam que a cidade tem papel obrigatório de proporcionar espaço para o trabalho, descanso e lazer para os moradores. A implantação do parque poderá de imediato causar uma mudança psicológica de bem estar na população, pois as pessoas se sentem mais felizes e relaxadas quando estão usufruindo de lugares e espaços que foram desenvolvidos para o uso e desenvolvimento delas. Além da função lazer esportivo, o parque também terá lazer cultural. A ideia é dar oportunidades de lazeres diversos e que ainda não fazem parte do cotidiano da cidade.

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BIBLIOGRAFIA

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http://thaisfrota.wordpress.com/2009/10/19/circuito-das-arvores http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/turismo_parques_villa-lobos http://www.pmcg.ms.gov.br/fundac/canaisTexto?id_can=896 http://www.educamor.net/cg/horto_florestal.htm http://www2.uol.com.br/campogrande/divirt/passeios/pass004.htm http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1090117 http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/parques/programa cao/index.php?p=5740 http://www.sampa.art.br/parques/toronto/ http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1516552

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