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Neste sentido, para ortella (2010, p.83) nos anos finais da d cada de 1960, Oiticica assimilou a noção de público ou “corpo-coletivo” como elemento indissociável do ato mesmo de realização das “proposições”. E, as proposições eram filtradas pelo problema do cerceamento imposto pela ditadura. A cultura brasileira foi afetada negativamente pelo endurecimento ditatorial no país, que deflagrou a censura de inúmeras manifestações artísticas, como dito ao longo do texto. Para Portella (2010, p. 90), o objetivo era estabelecer a adequação entre a explosão experimental e a noção de participação para transpô-la para os acontecimentos em que o corpo torna-se devir. O corpo como resistência.
2.4 Ações Participativas: a virada neoconcreta As Ações Participativas promoveram o fluxo entre artista, público, trabalho artístico e o embate com o sistema de arte, por este motivo, nomeamos tais manifestações30 artísticas como ‘resistência’. Segundo ortella (2010, p. 90), para os artistas,
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Manuel, Cildo Meireles e Artur Barrio – geração de artistas que se segue imediatamente após o grupo dos neoconcretos - era impossível existir sem resistir. Segundo ortella (2010, p. 90), assim como nos aponta a fil sofa Tatiana Roque, em seu texto “Resistir a quê? Ou melhor, resistir o quê?”, havia que se resistir contra ou resistir a, sendo que ambos os sentidos imprimiam o tom. Tatiana Roque apontou algumas divagações (como ela própria sugere) que nos ajudam a levantar pontos sobre esse conceito de resistência. Em que o resistir estava impregnado nas ações dos artistas da década de 1970 no Brasil. E, assim, alguns resistiam com arte. Para Portella (2010, p. 90), dessa forma, não haveria arte se não houvesse resistência, o que afinal se configurou como um circuito de desvio. Os artistas da época apresentavam uma insistência, uma maneira de estarem firmes, de manterem-se firmes em seus posicionamentos – como sabemos através da experimentação e das ações participativas. Tatiana Roque (2002, p.31), afirma ainda que: “resistir
insistir em estar, em
permanecer, em ficar de p ”. E esses artistas insistiam com força, coragem de se posicionarem com relação à arte.
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Em definição, manifestação é um ato coletivo em que os cidadãos se reúnem publicamente para expressar uma opinião pública. É habitual que se atribua a uma manifestação um sucesso tanto maior quanto maior o número de participantes. O objeto das manifestações são, em geral, tópicos de natureza política, econômica e social.