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Em meio a essas iniciativas, o Curso Popular de Arte (1969-1972), surgiu como caldeirão misturando o social e o popular com a arte experimental e o ativismo educacional. O curso começou em março de 1969, com palestras como “ da arte”, de
necessidade
rederico Morais e “ omo nasce uma pintura?”, com o artista S rgio
Campos Mello (GOGAN, 2017, p. 255). Posteriormente, os programas envolveram uma dimensão mais sociocultural e experimental, geralmente organizada em blocos mensais com temas específicos. Jéssica Gogan também diz que os jornais na época informavam que o curso fazia parte da política de “democratização e divulgação da arte”, do Museu de rte Moderna do Rio de Janeiro, que havia começado no ano anterior com entrada gratuita aos domingos para exposições e feiras de arte promovidas pela Associação Internacional de Artistas Plásticos. Frederico Morais observa que o MAM estava aberto a um amplo público carioca como se fosse uma esp cie de “maracanazinho cultural”, abraçando o espírito popular do famoso estádio de futebol do Rio numa escala afetiva e diminutiva. Esta ideia de aproximar a programação de atividades ao espírito popular reflete sobre a cultura carioca ao eleger a praia e o maracanã como espaços de livre sociabilidade e uso sem restrições. De acordo com Frederico, o MAM Rio ficava no lugar do entre, literalmente [entre a praia e o Maracanã], fazendo uma alusão simbólica à cartografia espacial da cidade. Assim, em execução, este curso também contou com a energia da contracultura do tropicalismo e o legado ativista do Centro Popular de Cultura do início da década de 1960, o curso popular de arte também sediou aulas sobre o cinema novo experimentando o cotidiano, o político e o participativo, fundamentalmente unidos na busca de novas formas e formatos de experimentações artísticas. No levantamento em acervo 40, verifica-se que as quatro aulas iniciais do primeiro semestre de 1970 foram “
ultura brasileira e a renovação artística”, com essoa de
Morais, em 08 de março; “ undamentos folcl ricos da cultura brasileira”, com Edson arneiro, em 15 de março; “ ultura brasileira uma perspectiva sociopolítica”, com Hélio Jaguaribe, em 22 de março; E, “ or uma visão antropol gica da cultura brasileira, com Roberto Da Matta, em 29 de março. O tom dos cursos se alinhavam às temáticas atuais da época, como a Copa do Mundo de 1970 e as questões sociopolíticas vividas, tradições etnográficas e 40
MAM: Curso Popular de Arte. [programação]. Rio de Janeiro. [1970] 1f.; MAM Cursos 1970/187, Acervo Museu de Arte moderna do Rio de Janeiro.