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elegante, com arquitetura de vanguarda, construída no Planalto Central. Assim, boa parte da sociedade brasileira ansiava por essa modernidade, que significava mais indústrias, mais empregos, mais riqueza. Para o Mario Schmidt (2005 p. 654), a geração dos anos 1960 e 1970 acreditava que a luta política realmente mudaria o mundo inteiro. A cultura brasileira respirava política, afirma o historiador. Os conhecimentos não deveriam ficar presos à sala de aula e ao laboratório, eles deviam ser levados ao povo, como preconizava a UNE. De acordo com o historiador, a cena repressiva do golpe de 64, ainda se fortalece com a contribuição da Igreja Católica para disseminar o medo do governo de Jango entre a população, e que arrastou multidões às ruas, clamando por liberdade. As manifestações contrárias ao governo de Jango também serviram de justificativa para o golpe militar contra as liberdades democráticas. Com isso, a solução encontrada pelo congresso foi instaurar o parlamentarismo como forma de governo, que limitou o poder do presidente. Neste contexto, Mario Schmidt afirma que a partir daí os presidentes deixaram de ser escolhidos pelo povo, por voto direto e secreto. Agora, os presidentes eram todos generais do Exército, escolhidos em reuniões secretas dos comandantes das Forças Armadas. Segundo Renato Ortiz, em termos culturais essa reorientação econômica traz consequências imediatas, pois, paralelamente ao crescimento do parque industrial e do mercado interno de bens materiais, fortalece-se o parque industrial de produção de cultura e o mercado de bens culturais.
2.1.2 As Artes Plásticas e a Ditadura Civil-militar no Brasil De acordo com o relatório da Comissão Nacional da Verdade, mais especificamente, o texto sobre A resistência da sociedade civil às graves violações de direitos humanos (p. 344), vemos que “a cultura, os artistas e as formas de resistência se davam nas mais variadas áreas como a música, o teatro, a literatura e as artes plásticas”. Segundo o documento, de todas as tradições que participam da construção das interpretações sobre o país, a imaginação cultural brasileira compõe um dos seus mais fortes campos reflexivos. Durante todo o período da ditadura civil-militar, as várias linguagens estéticas produzidas no interior do campo artístico foram capazes de juntar diferentes horizontes de interpretação e criar narrativas e alegorias destinadas a opinar sobre o Brasil, sobretudo os movimentos daquele período. A história recente do país atravessa todas