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3. A UNIDADE EXPERIMENTAL
from Concepções de arte pública e de museu na experiência da Unidade Experimental do Museu de Arte Modern
3. A UNIDADE EXPERIMENTAL
Ao tecermos um panorama histórico sobre arte pública e museu, apontando as conexões conceituais sobre as manifestações artísticas com cunho educativo em pleno contexto da ditadura militar brasileira buscamos nos deter com maior atenção ao caso da Unidade Experimental do MAM Rio e das suas especificidades. Este movimento de apresentar este programa educativo, ativado no auge no período complexo da história recente do país, nos mobiliza a compor um cenário cheio de lacunas como é hoje a historiografia da arte brasileira. Tratamos a exemplo da Unidade Experimental como um programa singular no âmbito das manifestações artísticas, em que para Cristiana Tejo, no final dos anos 1960, diante de um novo cenário artístico, o MAM Carioca inicia renovações em sua ação educacional e convida Frederico Morais a assumir o departamento de cursos para levar estas mudanças adiante, devido muito provavelmente à grande repercussão de seu projeto Arte no Aterro:um mês de arte pública. Ao remontarmos a memória da Unidade Experimental, buscamos também refletir sobre as suas particularidades, assim como suas aproximações a este contexto da arte pública e de uma nova concepção de museu. No MAM Rio, conforme analisa Júlia Rebouças, Frederico Morais estava à frente da coordenação do Setor de Cursos, o que parecia bastante apropriado para o tipo de intervenção que almejava desenvolver, uma vez que não sofria tantas pressões programáticas (e vigilância) como o departamento de exposições. Ademais, os ateliês e aulas do Museu passaram importantes nomes e que desde a sua chegada, em 1967, vinha tratando de reprogramar. Criada por Frederico Morais, Cildo Meireles, Guilherme Vaz e Luiz Alphonsus, em 1969, a Unidade Experimental (UE) funcionou no Bloco Escola do MAM Rio, sob coordenação de Frederico Morais (GOGAN e MORAIS, 2017, p. 236) como uma extensão dos cursos do museu. Este programa educativo se configurou como um “laborat rio de vanguarda”, no qual compreendia a constituição de um espaço de diálogo interdisciplinar entre “artistas, músicos, cientistas, críticos de arte, professores universitários e estudantes”. (GOG N e MOR IS, 2017, p. 254).
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i ura 39: edro or e. “MAM:Unidade Experimental”
Fonte: Acervo Pessoal de Frederico Morais - Diário de Notícias, Rio de Janeiro, s/d.
Para Jéssica Gogan (2017, p.254), a Unidade Experimental tinha como sentido a descoberta e uso de uma linguagem total e/ou novas linguagens. De acordo com Fernanda Lopes (2013, p.28), encarada como um laboratório de pesquisa de novas linguagens, a UE pretendia explorar e estimular ao máximo a capacidade lúdica do ser humano.
Segundo a pesquisadora:
Em 1969, sob a coordenação de Frederico Morais, o Museu promoveu uma ampla reforma de sua grade de ensino, visando, por um lado, a uma maior integração entre eles e, por outro, ao atendimento de um público diversificado. (FERNANDA LOPES, 2013).
i ura 40: rederico Morais. “ af críticos e Unidade Experimental”
Fonte: Acervo Pessoal de Frederico Morais - Globo, Rio de Janeiro, 14 out. 1969.
Essa colaboração pôde se fazer especialmente na programação de atividades externas, cursos, exposições, conferências, debates e manifestações ambientais, plurissensoriais e interdisciplinares. No âmbito do setor de cursos, a UE era para ser um laboratório pedagógico visando novas propostas de ensino. (GOGAN e MORAIS, 2017, p.236 e p.237). ara o grupo idealizador da Unidade Experimental “o tato, o olfato, o gosto, a audição e a visão eram formas de linguagem, de pensamento e de comunicação”.
3.1 Histórico
Segundo Gogan, sobre a concepção da Unidade Experimental:
Em um memorando para Mauricio Roberto, diretor executivo do museu da época, Morais descreve o papel da Unidade dentro do Departamento de ursos como um tipo de “laborat rio pedag gico”... A Unidade não estava interessada em experiências tecnol gicas, mas na “mente” usando “apenas o corpo” para “abrir e afiar a percepção”. (GOG N, 2017).
Uma vez aprovada a sua realização pelo diretor executivo em exercício, o arquiteto Maurício Roberto, à Unidade Experimental foi cedida uma sala no Bloco Escola. Mauricio Roberto tinha bom relacionamento com Frederico Morais, dando-lhe