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3.3 Um laboratório de vanguarda

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REFERÊNCIAS

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Como visto, no âmbito do setor de cursos, a UE foi constituída para ser um laboratório pedagógico, visando novas propostas no ensino de artes e participação coletiva. Deste modo, voltamos a hipótese inicial desta pesquisa sobre a necessidade de

saber:

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“(por exemplo) se a criação de uma área experimental veio apenas obedientemente, como o desejariam certos membros ajudar a cumprir a sua programação anual e, junto a acervos imprecisos e impressionistas, impressionar o público com uma história da arte contada pelo status e aparência, ou para discutir e transformar além de outras coisas o próprio conceito e, portanto, função do museu”. (GEIGER, 2006, p.384).

3.3 Um Laboratório de Vanguarda

Conforme relata Frederico Morais, a Unidade Experimental gerou um novo território e tempo de experimentação, tanto para a arte quanto para a educação – uma prática experimental de arte como pedagogia e vice-versa.

Figura 42 - Um laboratório de vanguarda. Diário de Notícias. Artes Plásticas. Rio de Janeiro

Fonte: Acervo Pessoal de Frederico Morais.

Para Lopes (2013, p. 29), essa também era a discussão que em certa medida já vinha sendo apontada por Mário edrosa, em seu “exercício experimental da liberdade”, e pelas propostas plurissensoriais de Lygia Clark e Hélio Oiticica.

Na tese de André Leandro Silva (2020, p.64) vemos que:

A Unidade Experimental se apresenta como alternativa de ação para o contexto artístico que havia se instaurado. Sem determinar conceitos fechados de arte, abria-se à possibilidade da experimentação; pela não obrigatoriedade de apresentar um processo criativo encerrado na obra de arte, constituía um processo de maior liberdade; buscando interdisciplinaridade e contato com outros campos do conhecimento científico, preocupava-se e voltava-se para os problemas do real; no trabalho conjunto entre artista, crítico e público, construía-se um ambiente não hierarquizado para discutir e construir arte. O modo de organização e ações da Unidade Experimental buscava atender as demandas de existência, produção, circulação e crítica de arte. (SILVA, 2020, p. 64).

Segundo ernanda Lopes (2013, p. 29), “nesse primeiro momento a discussão se dava na participação do espectador e na presença do corpo estimulado por outros sentidos que não s o visual (incorporando audição, tato, paladar e olfato)”. Segundo a pesquisadora (2013, p. 29) “será na presença da obra de arte que a produção, a partir de 1969, recoloca o termo “experimental” em outro contexto, sob outra perspectiva, incorporando também a discussão sobre os limites das categorias artísticas, do papel do artista, do crítico e das instituições”. No depoimento de Ronaldo Macedo, o ex-aluno da Unidade Experimental lembra que no Rio de Janeiro, naquela época, haviam dois importantes polos de ensino e formação artística: a Escola de Belas Artes e o MAM Rio. No entanto, o que as diferenciava era a diversidade de experiências que, no caso do MAM carioca, consistiam em música, nova crítica38 e conceitualização. Reiterando essa fala, em entrevista recente à revista acadêmica Artes e Ensaio (2018, p.12) o educador entrevistado elucida com detalhes a proposta educativa do Museu ao afirmar que “nos cursos do M M não se entrava para estudar pintura ou desenho apenas, as aulas eram integradas... Havia várias mat rias complementares”. integração é o cerne da Unidade Experimental. Sobre suas memórias acerca da Unidade Experimental, diz o seguinte:

Lembro que assisti a um curso chamado Cultura Visual Contemporânea, com Renina Katz. Era uma espécie de visão semiótica das coisas do mundo social, das cenas, dos objetos contemporâneos. Mario Barata foi meu professor de história da arte e da arquitetura no Rio de Janeiro. Vejam só que coisa: fui

38 "[...]Como dizia recentemente em um debate público Mário Pedrosa, os críticos não conseguem, com seus critérios caducos, acompanhar o processo da arte atual. O panorama atual parece ser o seguinte: de um lado temos a crítica judicativa, firmando critérios, de outro, a nova crítica, abrindo o processo, buscando fazer da crítica, um ato criador” (MOR IS, 1970).

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