Caderno Jovem

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FECHAMENTO AUTORIZADO. Pode ser aberto pelos Correios.

O SENHOR ENQUANTO É POSSÍVEL ACHÁ-LO” “BUSQUEM“BUSQUEM O SENHOR ENQUANTO É POSSÍVEL ACHÁ-LO”

FECHAMENTO AUTORIZADO. Pode ser aberto pelos Correios.

www.ultimato.com.br

Coração, Juventude

e

Quem são, o que pensam e o que fazem os jovens evangélicos

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{caderno jovem}

C arta

Fundada em 1968

ISSN 1415-3165 Matérias selecionadas da revista Ultimato 326 Setembro-Outubro 2010 www.ultimato.com.br Publicação evangélica destinada à evangelização e edificação, não denominacional, Ultimato relaciona Escritura com Escritura e acontecimentos com Escrituras. Visa contribuir para criar uma mentalidade bíblica e estimular a arte de encarar os acontecimentos sob uma perspectiva cristã. Pretende associar a teoria com a prática, a fé com as obras, a evangelização com a ação social, a oração com a ação, a conversão com santidade de vida, o suor de hoje com a glória por vir. Circula em meses ímpares Diretor de redação e jornalista responsável: Elben M. Lenz César – MTb 13.162 MG Arte: Liz Valente Impressão: Plural Tiragem: 40.000 exemplares Reprodução permitida: favor mencionar a fonte. Os artigos não assinados são de autoria da redação.

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Economize Tempo. Faça pela Internet Para assinaturas e livros acesse www.ultimato.com.br Publicado pela Editora Ultimato Ltda., membro da Associação de Editores Cristãos (AsEC) Editora Ultimato Telefone: (31) 3611-8500 Caixa Postal 43 36570-000 — Viçosa, MG Administração: Klênia Fassoni • Daniela Cabral Ivny Monteiro • Lucas Rolim Menezes Luci Maria da Silva Editorial e Produção: Marcos Bontempo Bernadete Ribeiro • Djanira Momesso César Fernanda Brandão Lobato • Gláucia Siqueira Paula Mendes • Paulo Alexandre Lobato Finanças/Circulação: Emmanuel Bastos Aline Melo • Ana Paula Fernandes • Cristina Pereira Daniel César • Edson Ramos • Luís Carlos Gonçalves Rodrigo Duarte • Solange dos Santos Vendas: Lúcia Viana • Lucinéa Campos Romilda Oliveira • Sabrina Machado Tatiana Alves • Vanilda Costa Estagiários: Ariane Santos • Euniciléa Ferreira Juliani Lenz • Thales Moura Lima

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ao leitor

Tênis no pé e fé na cabeça!

L

ogo depois da ascensão de Jesus e da descida do Espírito Santo, Pedro e João passaram uma noite atrás das grades. Quando foram soltos na manhã seguinte, houve alegria da parte da igreja e todos juntos adoraram a Deus, dizendo: “Senhor, tu és o Criador do céu, da terra, do mar e de tudo o que existe neles!” (At 4.24, NTLH). Trata-se de uma confissão de fé básica e natural, espontânea e sincera, ardente e cristalina, pessoal e coletiva, antiga e atual. Por causa de alguns cientistas céticos, da teoria da evolução, de alguns escândalos religiosos de ontem e de hoje, parte da juventude não consegue fazer com honestidade a mesma confissão de que Deus é o criador e o sustentador do universo. Porém não devemos cair nem na generalização nem no pessimismo. A pesquisa “Juventude Evangélica: crenças, valores, atitudes e sonhos”,* realizada pela Editora Ultimato, em julho deste ano, com 1960 jovens de idade entre 13 e 34 anos, mostra que 97% deles têm condições de repetir a confissão de dois mil anos atrás: “Senhor, tu és o Criador do céu, da terra, do mar e de tudo o que existe neles!” Deve-se ressaltar que a maior parte é formada por universitários expostos continuamente ao secularismo e à negação de Deus. O retrato da juventude evangélica fruto da citada pesquisa é o tema da matéria de capa desta edição. Muitas e curiosas perguntas foram feitas a esses 1960 jovens brasileiros. As respostas foram também curiosas. Por exemplo, 64% nunca mudaram de denominação, 73% estão satisfeitos com seus pastores e com as mensagens que eles pregam, 86% concordam que a conduta cristã não apoia o sexo antes do casamento e menos de 1% se deixa influenciar pelo ocultismo. O resultado da pesquisa sugere um esforço no sentido de mesclar o tradicional com o pentecostal (não com o neopentecostal). As respostas são também criativas: “quero ser tradicional com toque pentecostal”; “busco o equilíbrio entre a tradição e o avivamento”; “abraço a doutrina reformada e a liturgia renovada”; “sou meio a meio, não estou nem apegado à tradição nem pegando fogo”; “quero ser sensível ao Espírito e usar a mente que Deus nos deu”; “sou calvinista com dons do Espírito”. Que a matéria Coração, juventude e fé corrija alguns mal-entendidos e encoraje os jovens a dar vários outros passos para a frente. Os menos de 120 jovens que afirmaram não acreditar ou não saber que Jesus é 100% Deus e 100% homem precisam se convencer desta verdade! Elben César Nota * Fruto de um esforço conjunto que durou quase um ano. Clemir Fernandes, Flávio Conrado e Patrick Timmer apoiaram na metodologia e análise dos dados.


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A turma de Jesus Elben César

E

nquanto viveu aqui como Filho de Deus e como Filho do homem, Jesus nunca esteve sozinho, nem em seu nascimento, nem em seu ministério, tampouco na sua morte e ressurreição. Ele estava cercado de anjos, desde o anúncio da concepção dado à Maria — “Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus” (Mt 1.23) — até o anúncio da ressurreição, dado às mulheres que foram ao túmulo para embalsamar o seu corpo — “Sei que vocês estão procurando Jesus que foi crucificado [mas] ele não está aqui; ressuscitou como havia dito” (Mt 28.5-6). Ele estava cercado de pessoas prontas para servi-lo em qualquer circunstância: Maria emprestou-lhe o ventre, o colo e o seio; certo morador de um povoado próximo a Betfagé emprestou-lhe uma jumenta e o seu jumentinho para a entrada triunfal; outro proprietário emprestoulhe uma grande sala mobiliada e arrumada em Jerusalém para ele comer a Páscoa com os discípulos; e mulheres da Galileia, curadas e perdoadas por ele, davam-lhe assistência com seus bens. Até as crianças o rodeavam e gritavam espontaneamente: “Viva o Filho de Davi!” (Mt 21.15, BV). Jesus estava cercado de pecadores, considerados, na época, os piores de todos, como os publicanos e as prostitutas. Pessoas de certo prestígio e de posses se aproximavam de Jesus e lhe prestavam algum benefício. Entre elas está Joana, mulher de Cuza, que era procurador de Herodes Antipas. Outros dois são Nicodemos e José de Arimateia, ambos

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ricos, conceituados e membros do Sinédrio. Inicialmente discípulos ocultos de Jesus, eles saíram corajosamente do armário quando solicitaram a Pilatos o corpo do Senhor e o desceram da cruz para embalsamá-lo e dar-lhe sepultura. A natureza também esteve ao lado de Jesus. Na escuridão da noite em que ele nasceu, houve imensa claridade, porque a luz gloriosa do Senhor brilhou nos céus de Belém. Na claridade do dia em que ele morreu, houve densas trevas sobre a face da terra, porque “o sol parou de brilhar” do meio-dia às 3 horas da tarde. Para tornar aquela tarde ainda mais sinistra, a terra tremeu e as rochas se partiram. É muito significativo que, depois de quase dois milênios, o nome de Jesus não caiu no esquecimento e suas palavras e milagres são continuamente lembrados em todo o mundo. Havia tanto assunto sobre Jesus que João temia que o mundo inteiro não seria suficiente para caber todos os livros a serem escritos (Jo 21.25). O fenômeno persiste até hoje: três dias antes do Natal de 2002, o Jornal do Brasil publicou um artigo de Deonísio da Silva, professor da Universidade de São Carlos, o qual mencionava que haviam sido publicados mais livros sobre Jesus entre o final do segundo milênio e o alvorecer do terceiro, do que em todos os séculos anteriores. Porém, Jesus não é e nunca foi unanimidade. No correr do tempo, ele tem sido o centro da atenção de muitos e também o centro da repulsão para outros tantos. Todavia, quando se anuncia o evangelho com autoridade, coerência e convicção, muitos se convertem e fazem questão de se chamar “a turma de Jesus”!


As perdoadas de Jesus

Os velhos de Jesus

Os missionários de Jesus

Ao longo de sua caminhada, Jesus encontrou-se com três mulheres sem nome: a mulher samaritana, a mulher adúltera e a mulher pecadora. As três foram perdoadas por ele. As três ficaram muito agradecidas a ele. A mulher samaritana não parava com marido algum. Jesus sabia que ela já tinha vivido com cinco companheiros e que o atual não era seu marido. Alguns minutos de conversa, a mulher descobriu que aquele estranho era o Salvador do mundo e bebeu da água viva que lhe fora oferecida (Jo 4.1-30). A mulher adúltera passou o vexame de ser apanhada em adultério e foi trazida à presença de Jesus. Acusadores queriam que o Senhor autorizasse o apedrejamento dela, mas isso não aconteceu. Jesus a perdoou e pediu que ela não pecasse outras vezes (Jo 8.1-11). A mulher pecadora, por ter sido perdoada por Jesus numa ocasião anterior, muito emocionada, irrompeu na casa de Simão, o fariseu, e lavou os pés de Jesus com suas lágrimas, enxugou-os com seus cabelos e os ungiu com óleo (Lc 7.36-50).

Quando Jesus estava para nascer e também logo após o seu nascimento, havia ao seu redor mais velhos do que jovens. Maria seria a única jovem. Nada se sabe a respeito da idade de José. Pensa-se que era bem mais velho do que Maria. Há quatro idosos na história do nascimento de Jesus. São pessoas notáveis quanto à piedade pessoal e quanto ao envolvimento. Zacarias e Isabel eram justos e viviam de forma irrepreensível diante de Deus. Ambos eram “avançados em dias” (Lc 1.6-7). Deus abriu a madre de Isabel e ela deu à luz João Batista, o precursor de Jesus, apesar da idade e de ser estéril até então (Lc 1.13). Os outros velhos de Jesus são o homem que tinha a certeza de ver o Senhor antes de morrer e a viúva de 84 anos que “não deixava o templo, mas adorava noite e dia em jejuns e orações” (Lc 2.37). Simeão não somente viu o recém-nascido de quarenta dias como o pegou no colo (Lc 2.28). Ana, por sua vez, também teve o privilégio de ver o menino e de falar a respeito dele com muita gente (Lc 1.36-38).

A última ordem de Jesus não era confusa. Os discípulos não deveriam deixar Jerusalém até a descida do Espírito e, depois disso, deveriam viajar para o norte e para o sul, para o leste e para o oeste, para as regiões mais próximas e para as regiões mais longínquas. Na verdade, eles deveriam chegar até o fim do mundo (At 1.8). Não se tratava, porém, de viagens de passeio e turismo. O propósito das muitas e longas viagens era encher a terra do conhecimento do Senhor (Is 11.9) e espalhar para todas as tribos, raças e nações as boas novas da salvação inteira, da morte vicária e da ressurreição de Jesus (Mt 28.19; Mc 16.15; At 1.8). A vontade de Jesus foi feita. Os que foram dispersos por causa da tribulação foram os primeiros missionários de Jesus. Anunciaram a palavra na Judeia e Samaria, na Fenícia e na ilha de Chipre (At 8.1; 11.19). Os outros missionários foram Filipe, Pedro, João, Paulo, Barnabé, João Marcos, Timóteo, Silas, Lucas, dentre outros. O mais notável foi Saulo de Tarso, que também foi o mais chicoteado, o mais encarcerado e o mais ameaçado de morte (2Co 11.23-27)! {CADERNO JOVEM}

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“Juventudes”

é um termo cunhado para expressar que as pessoas entre 15 e 24 anos (critério da ONU), ou entre 14 e 30 anos, faixa etária usada pelo Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE), apesar de fazerem parte do grupo “juventude”, não apresentam muitas características comuns a todos. Elas vivem realidades diferentes e se apresentam em subgrupos. O mesmo acontece com os evangélicos: as juventudes são muitas e diversas! No início do Ano Internacional da Juventude (agosto de 2010 a agosto de 2011) lançado pela ONU, e um ano depois do Ano das Juventudes na Ultimato, dedicamos a matéria de capa desta edição aos jovens. Os textos e as análises da pesquisa “Juventude Evangélica: crenças, valores, atitudes e sonhos” são da autoria de Daniela Cabral (25), Paula Mendes (28), Lucas Rolim (23) e Klênia Fassoni (49), exceto quando o nome do autor é mencionado.

Bios zona io na um sít tudou até m e ãos , e es , mora ge, 23Cândido, MisGe os sete irvmão a n a l o e la a S l de Pau la, os p e Deus rabalha rura a série. E embleia d u a pé. T o v a oita ntam a Ass e charrete ração, no a d freque os cultos, d írculo de o de hinos es da c o todos cidade, no ministraçã os costum te na mo elismo e na ue fielmen ina. g evang Cristã. Se fazer medic Harpa Sonha em . igreja

nça estudante de da Márcia, 22,raé na a, uc Tij da rra Ba na UFRJ e mo família de classe De . iro ne Ja de no Rio Deus a Assembleia de média, frequenta tério de coreografia. nis mi do e participa iles na, frequenta ba Nos fins de sema a igreja promove Su o. funks de Crist o culto de doming festas depois do os hin , luz de os à noite, com jog remixados e DJs.

Eric (ou Peruca),

26, casado, de origem metodista wesleyana, nunca se desviou do evangelho. É um dos líderes da Missão Avalanche em Vitória, ES. É missionário biocupacional: trabalha como tatuador e evangeliza jovens underground.

Marlene, 24, mora em

Riacho Fundo, região satélite de Brasília. Engravidou aos 19 anos e parou de estudar. Trabalha como doméstica, gosta de ajudar no louvor e dar aulas na escola dominical.

do asa , é c e S8. o r g idad á t , ne , 32 Comuniro e es NAS o s l E cola a e i n n R a n a a Ro ongreg Rio de J. Atua n e na es ando e c a no gado local rbaliz bolsa Mor empre igreja nas Ve r uma . des em, na s urba ganha a PUC Jov issõe ba de logia n de m to. Aca ar teo Cris estud a par

Moysés, 17, é negro e mora Franqueline, 29,

é assistente social e mora em Maceió, AL. Além do seu trabalho, é articuladora da Rede Fale em Alagoas e envolvida na igreja Batista onde congrega.

Lucas

presb , 28, it procu eriano, é r interio ador feder a e líde r de São P l no a r local. em igreja ulo

Mateu

Rodrigo, 32, é

casado, tem um filho e mora no Rio de Janeiro. Formado em publicidade, é diretor executivo da Base, missão formada por nove casais jovens que auxiliam outras missões.

ni, é

Jaison, índumioaGumoaraça Kaiwá

casado com uco tempo e assumiu há po Indígena co o Seminário Bíbli ligada à ção Kaiwá, organiza Dourados, MS. Missão Kaiwá, em

France

numa república. Natural de Bom Jesus do Itabapoana, RJ, sonha com uma vaga no curso de direito em uma universidade federal. Violinista nato e sempre de bom humor, é membro ativo da Mocidade Presbiteriana de Viçosa.

em Flori lise, 28, mora a É enferm nópolis, SC. e num hos ira e trabalha p Formada ital infantil. integral em missão pe Evangélic lo Centro frequenta o de Missões, e é volun a igreja Batista tá ONG cri ria numa stã com des que trabalha e comunitá nvolvimento rio.

s, 23, é formado em comunicação e saiu para morar em Alt de Belo Horizonte o com outros amigo Paraíso, GO, onde, s da Igreja Caverna e com a orientação de Adulão, evan geliza hippies.

ja a Igre uenta anindeua, q e fr , n , 28 eA LeidtãyEvangélicaedmestrandania, a is m r azô o C da Am agrôn PA, é eral Rural á. Desde a ida d r da Fe lém do Pa uito envolv a em Be cência, é missionário e s adole trabalho m com o local. igreja

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Um retrato da juventude evangélica atitudes crenças, valores, e sonhos m 1968, o então jornal Ultimato, noticiando o aniversário de 17 anos da Mocidade Para Cristo, divulgou alguns dados da entrevista feita pela revista Manchete com estudantes universitários para reforçar “o já conhecido declínio da religião entre os jovens: três em cinco universitários reconhecem que são menos religiosos que seus pais, 40% declaram pertencer à religião apenas por tradição e 69% deles julgam que a humanidade se afasta cada vez mais das ideias de Cristo”.

anos

13-15

4%

Outra

0 anos

16-2

9%

13%

10

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anos

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Mora com os muita vontad pais, mas tem e de sair 22%

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C as ad o( a) S ep ar ad o( ap en as no ci vi l a) / di vo rc ia U ni ão es tá ve l / m or do (a ) a ju nt o C as ad o( a) no re lig io no ci vi l e so

22%

72%

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Cursando pós-graduação Ensino médio incompleto Ensino fundamental completo Ensino fundamental incompleto

4% 1% 1%

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27% 8%

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Ensino superior incompleto Ensino superior completo Ensino médio incompleto

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37%

2% 11%

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O questionário foi preenchido por 1960 jovens entre 13 e 34 anos. Todos os estados foram representados, sendo que os de maior representatividade foram São Paulo (20%), Rio de Janeiro (19%) e Minas Gerais (13%). Os gráficos destas páginas descrevem o perfil desses jovens. Ao todo, 61% deles moram com os pais — quase a mesma porcentagem de jovens solteiros (68%). Dos motivos para a permanência na casa dos pais, 22% alegam não ter dinheiro para se sustentar sozinhos e 17% alegam ter um bom relacionamento com os pais e gostar da companhia deles. Entre os outros motivos alegados, alguns disseram não sair de casa porque ainda não casaram e alguns disseram que não podem sair porque apoiam a família financeira ou emocionalmente. Parece que eles estão cumprindo à risca a ordem: Deixará o homem a sua família...

34%

escolaridade

A pesquisa

Classe média (6-10 salários-mínimos) Classe média alta (11-20 salários-mínimos) 37% Classe média baixa 13% (3-5 salários-mínimos)

ação

históricas (apenas 19% são de igrejas pentecostais). Para exemplificar os contrastes entre essa amostra e a juventude em geral: entre os que responderam a pesquisa, a quantidade de jovens que estão cursando ou que já concluíram algum curso superior é de mais de 80% — uma taxa inversa a da população brasileira total. (veja o quadro Passando a perna nas estatísticas.) Com isso em mente, é possível obter muitas informações e conclusões interessantes e surpreendentes!

d e n o m in

Uma recente reportagem da revista Época (Jovens redescobrem a fé) cita dados da Fundação Getúlio Vargas para mostrar o atual fervor religioso dos jovens. Mais de 90% dos jovens brasileiros entre 20 e 24 anos declaram ter alguma crença. Em comparação com as outras faixas etárias pesquisadas, o número é o mais alto de todos. Dos jovens entre 20 e 24 anos, 14,16% se declararam evangélicos, 73,5% afirmaram que são católicos, 2,96% creem em outras religiões e 9,38% se definem como sem-religião. Os dados obtidos pelo Instituto alemão Berelsmann Stifung, a partir de pesquisa feita em 21 países, coloca o jovem brasileiro como o terceiro mais religioso do mundo, perdendo para os nigerianos e guatemaltecos. Entre os jovens brasileiros, 95% se dizem religiosos e 65% afirmam que são profundamente religiosos. Mas quem são, o que pensam e o que fazem esses jovens religiosos? E os jovens evangélicos? A pesquisa “Juventude Evangélica: crenças, valores, atitudes e sonhos”,* feita pela Editora Ultimato em julho de 2010, responde parcialmente a essas perguntas. Os resultados não podem ser generalizados. O que se tem é o retrato parcial de uma das juventudes evangélicas: jovens direta ou indiretamente ligados à editora. A esse viés se juntam a metodologia usada para a pesquisa (internet) e — derivado de sua ligação com Ultimato — o fato de se concentrarem nas igrejas

54%

9%

1% não resp ond eu

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Sobre ser jovem As respostas às perguntas sobre a melhor e a pior coisa em ser jovem têm forte ênfase no futuro, como era de se esperar. A maioria respondeu que a melhor coisa em ser jovem é ter um futuro cheio de diversas possibilidades (65%). Quanto à pior coisa, 35% concordam que é a preocupação com o futuro e 32% acham que é a insegurança ou medo de tomar decisões. Apenas 2% acham que é não ter emprego e 3% que é o controle dos pais. Entre as três atividades que mais ocupam os jovens nos fins de semana estão: ir à igreja (85%), navegar na internet (48%) e sair com os amigos (47%). As três atividades de um fim de semana ideal são: ir à igreja (91%), sair com os amigos (63%) e sair com o namorado (44%). As atividades de lazer estão mais restritas à televisão e à internet. A comparação entre o que é considerado ideal e o que eles de fato fizeram no último fim de semana

militância Grupo ou movimento jovem na igreja Movimento estudantil Trabalho comunitário Voluntário em ONG Movimento ambientalista Partido político

Philippe Ramakers

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Sobre militâncias O gráfico abaixo resume a participação dos jovens em diversas instâncias. A maior participação se dá em grupos e movimentos jovens vinculados a igrejas: cerca de 79% dos jovens participam, 14% não participam, mas gostariam de participar, e apenas 4% não gostariam de participar. A maior rejeição se dá com relação à

participação em partidos políticos: 72% dos jovens não participam e não gostariam de participar. Os dados sobre a participação em movimentos ambientalistas, voluntários em ONGs e em trabalhos comunitários colocam em evidência o potencial mobilizador das organizações sociais para tantos jovens com predisposição de serem voluntários. Estranha-se a porcentagem de 29% para os que não participam e não desejam participar de movimentos ambientalistas, já que esta é uma opção tão em voga atualmente. A participação (32%) somada à predisposição para participar em movimentos estudantis (28%) é um dado surpreendentemente alto. Segundo os jovens, os três principais problemas do Brasil são a distância de Deus (44%), a desigualdade social (13%) e a má administração pública (12%). Houve grande concentração em uma resposta religiosa, enquanto problemas mais estruturantes tiveram um índice relativamente baixo.

Sobre personalidades Participa Não, mas gostaria Não e não gostaria NR 79 32 25 23 9 4 20

Sem botox nem lipo

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revela um pouco de suas ambiguidades. Nem todas as atividades consideradas ideais estão entre as atividades realizadas. As maiores discrepâncias são: apenas 9% acham que navegar na internet é uma atividade ideal, mas quase 40% fizeram isso no fim de semana; apenas 4% acham que assistir televisão é uma atividade ideal, mas 28% disseram ter feito isso no fim semana; e 44% disseram que sair com o/a namorado/a é uma atividade ideal, mas apenas 19% disseram ter feito isso no fim de semana.

28 49 57 57

14 4 3 37 3 20 6 16 4 29 4 72 4

%

2009 Editora Ultimato. Por meio f oi o Ano das Juventudes na

do oferecimento de assinaturas a 9 reais e 90 centavos, em menos de um ano quase 3 mil jovens se tornaram leitores da revista Ultimato. Hoje, são cerca de 2 mil assinantes com até 29 anos. A biografia de Simonton — Mochila nas Costas e Diário na Mão —, lançada no 150º aniversário de sua chegada ao Brasil, teve o título e linguagem definidos por jovens. A Arte e a Bíblia, de Francis Schaeffer, lançado em 2010, também tem o objetivo de se aproximar desse público. A editora apoiou vários eventos destinados às juventudes e a revista Ultimato ganhou a seção “Altos papos”, feita para jovens e por jovens. Muitos artigos escritos por jovens foram publicados no site e no blog da editora, além de ingressarmos em espaços bastante procurados pelos jovens, como twitter, orkut e youtube.

Os entrevistados foram solicitados a citar o nome de uma pessoa, conhecida do público geral, brasileira ou não, que eles admirassem. As respostas citam principalmente personalidades ligadas à política, esporte, artes e literatura.

A partir de agora, há um site dedicado aos jovens (www.ultimato. com.br/sites/jovem). Nele há espaço para compartilharem trabalhos artísticos e textos que produzem, como o do historiador recém-formado Flávio Américo, de Natal, RN, abeuense, presbiteriano, que estudou o franciscanismo, e o das estudantes de comunicação Pabline Félix e Ana Cláudia, de Belo Horizonte, da Caverna de Adulão e da Batista Getsêmani, respectivamente, que fizeram um “álbum de família” com fotos e versículos bíblicos de cristãos de todos os “tipos”. Certa jovem, leitora de Ultimato há muitos anos por meio da assinatura dos pais, escreveu a propósito das ações voltadas para os jovens: “Que Ultimato continue rejuvenescendo naturalmente, sem botox nem lipo!”.


Apenas quatro pessoas foram lembradas por mais de oitenta jovens (equivalente a 5% dos entrevistados), o que mostra grande diversidade de opiniões. O nome mais citado foi o de Marina Silva, admirada por 140 pessoas. Kaká foi citado por 119, Lula por 114 e Nelson Mandela por 81 pessoas. Jesus foi lembrado por 58 e Bono Vox por 45. Martin Luther King Jr. foi citado por quarenta e Angelina Jolie, por 22. Foram lembrados também os nomes de Cristovam Buarque (19), José Alencar (18), Silvio Santos (17), C. S. Lewis (17), Obama (17), Luciano Huck (13), Steve Jobs, Madre Tereza e Ayrton Senna (12), Bernardinho (11) e Lutero (10). Dez pessoas disseram admirar o próprio pai. Ao todo foram citados 240 nomes. Entre as pessoas mais admiradas, conhecidas no meio evangélico, foram citados 340 nomes, e a dispersão de votos foi ainda maior, o que demonstra

mais uma vez a falta de unanimidade. O mais citado é Silas Malafaia (105), seguido por Ana Paula Valadão (75), Kaká (56), Ariovaldo Ramos (53), Jesus (45), Ed René Kivitz (45) e Caio Fábio (43). Algumas pessoas dizem admirar Ricardo Gondim (38), C. S. Lewis (29), Ronaldo Lidório (27), Fernanda Brum (27), Russel Shedd (25), Marina Silva (25), Billy Graham (24) e John Piper (23). Dez pessoas disseram admirar o próprio pastor.

Sobre a vida Entre os fatores considerados importantes para se melhorar de vida, os mais votados foram: ter a benção de Deus (96%), ter estudo (96%), trabalhar duro e ser dedicado (91%), falar bem (86%) e ter metas específicas (81%). Muitos concordam que é ser inteligente e talentoso (75%) e ter experiência (70%). Os resultados para as opções ter boa aparência (43%), ter

O que é preciso para melhorar de vida Nada Import.

A bênção de Deus Estudos Trabalho duro, dedicação Eloquência Metas específicas Inteligência e talento Experiência Boa aparência Parentes e amigos influentes Sorte

11 2 6 1 1 1

4 14 43

11 15 22 27

Pouco import. Muito import. NR

51 53 37

96 96 91 86 81 75 70 43 30 17

2 2 2 2 3 2 2 3 2 3

%

A chance de um brasileiro, entre os 20% mais pobres, de mãe com menos de 25 anos atingir o último ano do Ensino Superior é menor do que as chances de um brasileiro morrer por conta de um raio (1,3 em 10 mil e 1,9 pessoas em 10 mil, respectivamente).”

o d n a s s Pa a perna nasstatísticas e

Ainda que não tão drásticos, os dados recentemente divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral de que um em cada cinco brasileiros (27 milhões) não foi à escola ou é analfabeto, e de que o país tem ainda mais eleitores analfabetos do que formados numa faculdade têm que nos chocar. Dos jovens que responderam à pesquisa “Juventude Evangélica”, realizada pela editora Ultimato, mais de 80% são universitários ou já concluíram seus cursos. Um retrato inverso ao da sociedade brasileira. No entanto, é tremendamente inspirador tomar conhecimento de resultados que passam a perna nas estatísticas. Contra todas as probabilidades, coisas incríveis podem acontecer. Este é o caso do Programa de Educação

amigos e parentes influentes (30%) ou sorte (17%) para melhorar de vida chamam atenção. Ainda que não sejam a maioria, esses dados apontam respostas pouco vinculadas à ética protestante. Seria uma influência do senso comum brasileiro? Em relação às coisas importantes para a vida pessoal, ter fé (94%), ser honesto (89%), ser amigo e leal (87%) e ter uma boa relação familiar (86%) foram as mais votadas. Ser trabalhador e responsável (77%), viver numa sociedade mais justa (59%), ter um trabalho que traga realização (58%) e ser estudioso (58%) também são coisas importantes. Alguns concordam que é sentir-se útil para a sociedade (49%), aproveitar a vida (39%) e ter um diploma (32%). Poucos acham que é muito importante ter uma ideologia (18%), ter um corpo bonito e saudável (9%) e ter muito dinheiro (4%). Menos de 1% dos jovens acha que ser uma pessoa famosa é algo importante. Porém, para a resposta “ter um corpo bonito e saudável”, quando se soma o que é considerado muito importante ao que é considerado importante, a análise é outra: a concordância sobe para 63%. Tal porcentagem confirma a exigência dos processos seletivos atuais e mostra que a aparência física tem

em Células Cooperativas (www.prece.ufc.br), em Fortaleza, CE, que organizou Escolas Populares Cooperativas (EPC’s) em oito municípios cearenses. Em 16 anos de atuação, 412 estudantes já puderam ingressar no ensino superior através desse programa, a maioria deles na Universidade Federal do Ceará. Mais de sessenta já estão graduados, incluindo os doze que cursam mestrado ou doutorado. Nas EPC’s, os estudantes se organizam em células de aprendizagem, se ajudam para ingressarem no ensino superior e, após o ingresso, retornam para as comunidades de origem para ajudarem outros a fazerem o mesmo e para promoverem desenvolvimento local. Que os jovens com curso superior sejam gratos por este privilégio. Que não se intimidem com estatísticas e probabilidades e sejam promotores de justiça e misericórdia com os menos privilegiados. {CADERNO JOVEM}

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sido considerada pelos jovens como um critério levado em conta nos processos de recrutamento de pessoal. A revista Superinteressante (janeiro de 2010) traz na reportagem A arte de se vender um desastroso conselho: “Largue os livros e vá agora mesmo para a academia de ginástica: pode ser bom para a sua carreira”. Para endossar, cita dados de pesquisas: cada ano de estudo aumenta em 15% o salário de um profissional, mas pessoas consideradas bonitas ganham, em média, 18% a mais do que as feias. E ainda: segundo um estudo da Universidade de Flórida, cada centímetro a mais de altura rende 600 reais de salário adicional por ano.

Sobre os medos A maioria dos jovens (83%) diz se sentir feliz a maior parte do tempo. Cerca de 44% sofrem continuamente com a ansiedade, 22% sofrem continuamente com a instabilidade emocional, 5% sofrem com depressão e 5% com alguma fobia. Apenas 27% dos jovens dizem não ter medo de nada. Entre os 69% que assumem ter medo de algo, o medo de fracassar, de não conseguir alcançar as metas estabelecidas, de decepcionar as pessoas, de não ser bem-sucedido, de fazer escolhas erradas e falhar na vida é percebido em cerca de 270 respostas. Medos relacionados com não ouvir a voz de Deus, não obedecer, sair dos

caminhos de Deus, decepcionar Deus, aparecem em cerca de 180 respostas. Cerca de 115 pessoas mencionam o medo de perder alguém querido, cerca de 109 pessoas têm medo de ficar sozinhas, cerca de 92 pessoas têm medo da violência (incluindo estupro, assalto e sequestro) e cerca de 84 pessoas têm medos relacionados ao futuro. Cerca de 76 pessoas citam o medo de ficar velho, doente, pobre, inválido ou desempregado. O medo da morte aparece em cerca de 39 respostas. Medos relacionados com a família (não casar, ter um mau casamento, se divorciar, criar filhos etc.) aparecem em 32 respostas. Algumas pessoas citaram medos físicos: trinta pessoas dizem ter medo de insetos e 26 dizem ter medo de altura e lugares fechados. A pesquisa incluiu também uma pergunta sobre sonhos. (Veja a seção “Altos papos”, pág. 18.)

Sobre a conversão Quanto ao perfil religioso dos pais, 61% dos jovens têm pai evangélico e 81% têm mãe evangélica. 19% têm pai católico e 11% têm mãe católica. Menos de 2% têm pais espíritas ou de religiões afrobrasileiras. Sobre os fatores que influenciaram muito a conversão dos jovens, os mais citados são uma formação familiar cristã (48%), a leitura da Bíblia (47%),

Mães de joelhos, or mais que os filhos cresçam, filhos P para as mães eles serão sempre em pé!

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1968

“seus filhos”. Por isso, ninguém ora por eles como a mãe. Muitos jovens evangélicos brasileiros não imaginam que há um batalhão de pais e mães espalhados em todos os estados do Brasil e em muitos países orando por eles de forma específica. Como fruto do trabalho da Mocidade para Cristo, o movimento Desperta Débora (www. despertadeboras.com.br) começou em 1995 com a visão de levantar uma geração de jovens comprometidos em levar o evangelho de Jesus aos quatro cantos da terra. Todos os dias, mais de 70 mil mães e pais investem pelo menos

conversas e convívio com amigos, conhecidos ou familiares (42%), nascer num lar evangélico (41%) e a pregação (40%). Alguns citam acampamentos (37%), ministérios voltados para a juventude (34%) e alguma expressão artística (25%). Poucos consideram como fator de influência para a sua conversão o contato com pessoa até então desconhecida (12%) e algum material evangelístico impresso ou programas de televisão ou rádio (9%). Quando a estes são adicionados os percentuais dos jovens que responderam sobre os fatores que influenciaram a sua conversão, a leitura da Bíblia sobe para 81%, a pregação para 71% e a conversa com amigos e familiares para 70%. Ministérios voltados para juventude, opção que estava em 7º lugar (com 34%), sobe para 4º lugar (com 60%).

Sobre a igreja Dos jovens entrevistados, 60% são provenientes de igrejas tradicionais e 19% de igrejas pentecostais. Cerca de 21% são de outras linhas. Caso não fossem de igrejas pentecostais nem tradicionais, os jovens poderiam descrever como é sua igreja. É nítida a tentativa de mesclar tradicional com pentecostal e pelo menos 52 expressões usadas denotam tal esforço. Eis alguns exemplos: Tradicional com toque pentecostal /Acredita nos dons e no

15 minutos do seu tempo em oração pelos filhos — naturais e espirituais. Ao longo dos anos, o movimento tem se expandido e hoje está presente em presídios, escolas, associações de bairro etc. E ele conta ainda com o Disque-mãe: voluntárias dispostas a oferecer, a qualquer hora, apoio, ânimo, encorajamento, companheirismo e aconselhamento para jovens. O Desperta Débora não é o único — há outros grandes círculos de oração pelos filhos. Em Recife existe um movimento com características opostas: filhos que oram pelos pais. Porque há um grande número de jovens convertidos cujos pais não são crentes, eles oram por sua conversão.


estudo da palavra / Busca o equilíbrio entre a tradição e o avivamento / Doutrinariamente tradicional, renovada nas práticas religiosas / Evangélica, carismática e histórica / Meio a meio / Nem apegada a tradição nem pegando fogo / Neo-ortodoxa de pentecostalismo tradicional / Calvinistas que têm vários dons do Espírito Santo / Um pouco de tudo, vive missão integral. Dois jovens desabafaram: “Essa divisão é um pouco simplista, não?” e “Não suporto essas definições, não têm sentido”. Quando perguntados se já mudaram de denominação, cerca de 64% responderam que nunca mudaram, 23% que mudaram uma vez e 4% que mudaram três vezes ou mais. É um número considerável, ainda que, entre os que já mudaram, cerca de 21% o fizeram por questões geográficas (mudança de bairro, de cidade, de país) — o que nada tem a ver com a insatisfação com a igreja. Entre os outros motivos, 21% mudaram porque a denominação não correspondia às necessidades espirituais, cerca de 20% porque discordavam das questões doutrinárias, 17% por falta de coerência entre o que a igreja/denominação pregava e as atitudes das pessoas, 16% por influência de familiares e amigos, 10% porque a denominação não correspondia às expectativas sociais, emocionais ou relacionais, 7% porque não se sentiam acolhidas, e 4% porque não concordavam com a forma dos cultos (liturgia). A despeito disso, os jovens parecem satisfeitos com a igreja na qual congregam: 73% acham que os pastores têm uma vida coerente, 73% acham que as pregações são ricas em conteúdo bíblico, 71% acham que as pregações são cristocêntricas, 65% acham que as pregações são relevantes e pertinentes ao contexto do mundo atual e da comunidade local, 64% acham que a linguagem é acessível aos jovens, 60% acham que as pregações são voltadas às necessidades espirituais e 51% acham que os visitantes são bem recebidos. Metade (50%) acha que a igreja se envolve com missões transculturais, 48% acham que a igreja se envolve

socialmente com a comunidade em que está inserida, 47% acham que a liturgia/ordem do culto é aberta/flexível à participação de todos, 46% acham que a igreja se preocupa com a saúde emocional dos participantes, 43% acham que a igreja se envolve com ações de misericórdia e na busca por justiça e 42% acham que os membros acolhem uns aos outros. As piores avaliações estão em sua maioria relacionadas à missão da igreja com os de fora. Um dado importante! Os jovens foram perguntados sobre suas funções na igreja. Era possível marcar mais de uma opção e constatou-se que vários exercem funções simultâneas. Dos 1960 jovens que responderam à pesquisa, 873 estão envolvidos com a área de música (louvor, coral, conjunto ou instrumentista), cerca de 611 são líderes de grupo de jovens, adolescentes ou casais e cerca de 578 são professores na escola dominical. Cerca de 233 são líderes de célula ou grupo nos lares, cerca de 159 são líderes ou membros de conselho missionário e cerca de 148 são líderes ou membros de conselho de ação social. Chama atenção o alto número de jovens líderes e formadores de opinião.

Sobre crenças Constatou-se que 97% dos jovens acreditam no Deus trino (menos de 1% não acredita ou não soube responder), 91% acreditam em Jesus 100% Deus e 100% homem (2% não acredita e 4% não soube responder), 95% acreditam no nascimento virginal de Jesus (1% não acredita e 1% não soube responder), 97% acreditam na atuação do Espírito Santo (menos de 1% não acredita ou não soube responder), 96% acreditam na Bíblia como regra de fé e prática (1% não acredita e 1% não soube responder), 94% acreditam na existência do Diabo e dos demônios (2% não acreditam e 1% não soube responder), 96% acreditam em curas milagrosas (3% não sabem e 2% não acreditam). Até aqui, o grau de concordância supera os 90% e o nível de descrença é menor do que 3%. Constatou-se ainda que 90% acreditam na imortalidade da alma

(4% não sabem e 3% não acreditam), 84% acreditam na ressurreição do corpo (6% não acreditam e 6% não sabem responder). A soma dos dados não é desprezível e confirma a tese de N.T. Wright de que a resposta cristã clássica à questão da mortalidade e do além é mais desconhecida do que rejeitada. Constatou-se ainda que 84% acreditam na atualidade de todos os dons do Espírito Santo (7% não sabem e 6% não acreditam). Esses resultados revelam jovens com convicções firmes e conservadoras do ponto de vista da doutrina. E eles têm também convicções bem ortodoxas com relação ao sincretismo religioso. Ao serem perguntados sobre a influência que outras crenças têm em sua vida (energias, aura e astral, duendes e gnomos, encarnação/vidas passadas, astrologia, espiritismo, contato com os mortos, parapsicologia e ocultismo), menos de 1% dos jovens respondeu que tais crenças têm influência em sua vida. A exceção é a astrologia, que parece influenciar 3% dos jovens.

Sobre disciplinas espirituais Os jovens foram solicitados a indicar a frequência com que praticam certas disciplinas espirituais. Surpreende o fato de que o número dos que fazem suas orações a sós, sempre e quase sempre (62%), seja menor do que o número dos que contribuem financeiramente, sempre e quase sempre (69%). O nível de leitura da Bíblia (sempre: 28%, quase sempre: 34%) não está satisfatório, ainda mais quando 8% responderam não lê-la nunca ou quase nunca. Parece que, pelo menos nesse caso, o vaticínio “como nossos pais” infelizmente não se cumpre... As disciplinas mais frequentes são: orar antes das refeições (81%) e fazer orações intercessórias (76%). A frequência à escola dominical pode ser considerada alta (62%) quando se ouve que muitas igrejas têm sofrido com a pequena frequência e outras têm até extinguindo tal programação. A evangelização de parentes e amigos é a disciplina devocional colocada entre as últimas (os que a praticam sempre e quase sempre somam 39%). {CADERNO JOVEM}

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Foi pedido que os jovens marcassem o nível de concordância com algumas afirmativas relacionadas à sexualidade e, em seguida, respondessem sobre sua conduta pessoal. Entre os que responderam, 86% concordam que a conduta cristã não apoia o sexo antes do casamento, 76% dos jovens dizem estar pessoalmente comprometidos com essa conduta e 8% não se comprometem. Quanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, 94% concordam que a conduta cristã não apoia tal comportamento, 90% dizem estar comprometidos com a conduta e 3% não se comprometem. Quanto à afirmação de que a conduta cristã ensina o não envolvimento com a pornografia, 94% concordam. Com relação à conduta pessoal, a porcentagem cai mais do que nas outras questões: 75% dizem estar comprometidos e 10% não se comprometem. Com relação à prostituição e ao adultério, 96% concordam que a conduta cristã reprova essas práticas, 81% dizem estar comprometidos com essa conduta e 2% não se comprometem. Com relação ao casamento entre pessoas da mesma fé, 85% concordam que a conduta cristã recomenda isso (porcentagem surpreendentemente alta, praticamente igual à afirmativa de que a conduta

Marcadojuventude na e pela juventude

C

arlos René Padilla, 78, conta que no ensino médio sua fé cristã foi pela primeira vez colocada à prova por professores ateus e marxistas, que perguntavam: “O que vocês, cristãos, propõem a fim de eliminar a injustiça? Seu Deus se preocupa com as vítimas da injustiça?”. René não tinha como desconsiderar a relevância destas perguntas tanto por sua história familiar, de luta pela sobrevivência, como pela de seu país. Depois de ter estudado filosofia e teologia nos Estados Unidos e de ter-se casado aos 31 anos, em 1963, assumiu o trabalho com a Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos 16

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cristã não aprova o sexo antes do casamento) e 77% disseram estar comprometidos com esta conduta. Esses dados mostram uma juventude conservadora, com valores muito diferentes da juventude em geral. Basta citar a recente reportagem da revista Veja (A geração tolerância), segundo a qual hoje 60% dos brasileiros declaram achar a homossexualidade natural. Também apontam para uma direção diferente de algumas pesquisas feitas entre evangélicos, como a que foi feita com jovens de 22 diferentes denominações, frequentadores regulares de igreja, a maioria solteira. De acordo com ela, 52% deles já haviam feito sexo. Destes, cerca da metade mantinha uma vida sexual ativa com um ou mais parceiros. A idade média com que perderam a virgindade era de 14 anos para os rapazes e 16 para as moças.

Sobre o aborto Quando perguntados sobre os motivos que justificam um aborto, 46% disseram que nada justifica — porcentagem bem mais alta do que a média nacional (segundo pesquisa do Ibope sobre o aborto, realizada em 2003, apenas 31% da população acha que ele deveria ser proibido em qualquer caso). Cerca de 40% acham

(CIEE) na América Latina. Agora, eram os estudantes cristãos que lhe faziam perguntas. Entrevistado pelo Conselho Editorial Jovem de Ultimato, em outubro de 2009 (entrevista disponível em www. videolog.uol.com.br/video?496511), René conta que o nascimento da missão integral na América Latina se deu aí. Juntamente com os jovens amigos Samuel Escobar e Pedro Arana, começou um processo de reflexão que os levou à certeza de que Deus se interessa pela totalidade da vida humana e da pessoa em comunidade. René Padilla acha que os jovens estão na posição privilegiada de construir coisas novas sobre o que é positivo da

que o aborto é justificável quando a vida da mãe corre perigo, 12% acham que é justificável quando o bebê pode nascer com defeito ou doença, 2% acham que a falta de condições financeiras justifica um aborto e 1% acha que qualquer motivo justifica um aborto. Cerca de 11% não quiseram ou não souberam responder. O aborto em caso de estupro, já previsto na lei brasileira como algo legal, não estava entre as opções.

Sobre bebidas e drogas Sobre o consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens, 32% bebem esporadicamente, 27% apenas experimentaram, 19% nunca experimentaram, 14% não bebem mais e 5% bebem nos fins de semana. Sobre o cigarro, 69% nunca fumaram, 21% apenas experimentaram, 6% não fumam mais e menos de 1% fuma todos os dias, esporadicamente ou nos fins de semana. Quanto ao uso de remédios de tarja preta sem prescrição médica, 90% dizem nunca ter experimentado, 3% apenas experimentaram, 3% não usam mais e menos de 1% usa esporadicamente ou todos os dias. Quanto ao uso de drogas ilícitas, 88% dos jovens nunca experimentaram,

Arquivo pessoal

Sobre a conduta pessoal

René e Catharine Padilla

geração anterior e que cabe a eles “o papel de conscientizar o povo de Deus sobre os problemas que afetam a humanidade, não somente a igreja”. E conclui: “Tenho muita esperança na nova geração”.


6% apenas experimentaram, 3% não usam mais e menos de 1% usa esporadicamente ou nos fins de semana.

Sobre o futuro Igrejas, ministérios, organizações e denominações têm se voltado para a juventude evangélica. A necessidade de uma linguagem específica para este público, a renovação das lideranças, o potencial conflito entre gerações, o desejo de resguardar os jovens dos apelos mundanos são alguns dos motivos para tal olhar. Como ficou evidente nos resultados da pesquisa, os jovens vêm de fato ocupando espaços importantes como promotores do reino de Deus. Muitos se sentem chamados e desejosos de servir a Deus em ministérios específicos, em missões e em suas profissões. Outros, talvez mais convencidos do que a geração anterior sobre as consequências do mandato cultural, sentem-se vocacionados a servir a Deus na arte, política, ciências sociais, música, literatura etc. Estes precisam de oração, “envio” e acompanhamento tanto quanto aqueles. Alguns jovens naturalmente desejam introduzir novidades na Igreja: na forma de se relacionarem, nas noções de autoridade e hierarquia, na liturgia etc. Eles precisam ser escutados e, algumas vezes, confrontados. Os jovens que estão titubeantes na fé devem ser, primordialmente, acolhidos. Eles precisam de espaço para questionar sem ser rechaçados, buscando assim respostas em campo seguro. Os que vivenciam conflitos por causa de sua conduta moral precisam de abertura para conversas francas. Os que buscam a igreja principalmente como espaço de apoio emocional precisam ser desafiados a uma fé mais profunda. Em todos os casos, a Igreja precisa fazer questão de estar com os jovens. E os jovens precisam fazer questão de estar com a Igreja, com toda a sua diversidade. Jesus planejou uma Igreja intergeracional, em que velhos, adultos, jovens e crianças compartilhem entre si suas experiências únicas e adorem a Deus juntos com a humanidade e a

grandeza próprias de cada fase da vida. O tempo não para; os jovens, sempre os teremos conosco. Cada geração levantará questões à geração seguinte. A respeito dos jovens e adolescentes de hoje, poderíamos perguntar: Serão profundos conhecedores da Palavra de Deus? Serão corajosos o suficiente para assumir uma fé exclusiva, num ambiente cada vez mais plural? Deixarão que as marcas de uma sociedade que se guia pelo mercado pautem as suas prioridades e suas agendas? Conseguirão não se deixar levar pela força de um evangelho adocicado, que faz bem apenas às emoções? Anunciarão o evangelho? Serão melhores promotores da justiça do reino? Estarão dispostos a sofrer por Cristo? Serão menos sectários? Caminharão um pouco mais na direção da unidade da igreja? Permanecerão firmes na moral cristã? Não se divorciarão — ou se divorciarão menos do que seus pais? Criarão seus filhos e suas filhas no caminho do Senhor? O que farão com a história das gerações que os precederam? Essas perguntas podem contribuir para a pauta a ser elaborada pelas igrejas e ministérios com e para os jovens. Abrir-se para os jovens é abrir-se para o novo. E mesmo que o novo pareça ameaçador, ele é fonte de rejuvenescimento para a Igreja. Nota * A pesquisa foi enviada em 22 de julho de 2010 por e-mail a assinantes de Ultimato de até 34 anos e a outros assinantes, convidando-os a encaminharem aos parentes e amigos jovens da igreja em que congregam, e a líderes de ministérios jovens. Não era preciso se identificar e nenhuma questão era obrigatória. A pesquisa foi encerrada em 29 de julho de 2010.

NA INTERNET No site www.ultimato.com.br/ sites/jovem você encontra outros artigos e análises comparativas da pesquisa “Juventude Evangélica: crenças, valores, atitudes e sonhos”.

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Conselho Editorial Jovem Ultimato

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uando se fala em sonhos, a ideia do que fazer com o futuro, uma boa ilustração é a conversa entre Alice (a do País das Maravilhas) e o Gato Risonho. Perdida, ela pediu ajuda ao Gato, que respondeu: “Ora, se você está perdida, qualquer caminho serve”. Quando não se tem um sonho, um norte, uma saída possível é escolher qualquer caminho. Outra possibilidade é trilhar o maior número de caminhos, nos enfurnar em um ativismo maluco e ver onde a vida nos leva. Mas isso pode gerar canseira e vontade de desistir. Sonhar com intensidade pode também não ser a solução completa. Assim, precisamos rever a importância dos sonhos em nossa vida e a diferença que faz o sentido de esperança que associamos a eles. Deus fez o homem e a mulher com a brilhante capacidade de criar e modificar as coisas ao seu redor. Isso é uma benção — se feito com a consciência de que nossos atos criativos devem refletir a imagem de Deus, que é bela, verdadeira e repleta de significado. Viver essa imagem nos dá sentido, nos faz desfrutar de Deus e mostrar sua glória a todas as criaturas. Essa capacidade criativa inspira de forma maravilhosa nossa imaginação e isso nos leva a sonhar. Quando falamos em “sonhos”, referimo-nos ao desejo por algo diferente, que nasce

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no ser humano a partir do momento em que ele constata que sua realidade poderia ser melhor. E quando surge um sonho, nasce com ele a esperança, que significa esperar por algo que se deseja. No entanto, precisamos entender o real sentido de esperança, para que ela nos ajude a sonhar. Um integrante do Centro de Estudos L’abri Brasil afirmou em recente palestra que a esperança é uma virtude cristã, desenvolvida por meio de dois exercícios também cristãos: lamentação e experiência com Deus. O Salmo 13 mostra como os dois exercícios (mesmo parecendo antagônicos) se completam, pois lamentar não é o mesmo que murmurar. Lamentar é enxergar a realidade como ela é, perceber que não deveria ser assim e clamar para que algo seja diferente. Por meio do nosso relacionamento com Deus, é possível experimentar de forma real, mesmo que singela, sua graça e misericórdia sendo derramadas sobre nossa vida, aliviando-nos do peso da aflição que o pecado nos causa. Como o autor do salmo experimenta a graça do Senhor e o seu livramento, ele louva e aguarda pela intervenção divina. Isso tem um efeito fantástico no que esperamos para o porvir. Se sonhamos com uma realidade diferente para nós e para o mundo, e já podemos experimentar parte desse sonho nos dias atuais, a certeza de que esse sonho é real e está para chegar aumenta —

e isso intensifica nossa fé e nossa perseverança. Como a nossa vida cotidiana não se dissocia da realidade espiritual, essa “fórmula” se aplica a todo tipo de sonho. Lembrar que nossa esperança maior está no dia em que Cristo se tornará Senhor de todas as coisas de forma plena e que, por causa da sua graça, já é possível experimentar esse senhorio hoje, nos inspira a sonhar. Na pesquisa “Juventude Evangélica: crenças, valores, atitudes e sonhos”, feita pela Editora Ultimato em agosto de 2010 com 1.960 jovens, 1.415 relataram qual é o seu maior sonho. Muitas respostas se enquadram em quatro grupos: constituir família (30%), relacionamento com Deus — buscar a vontade dele, responder ao seu chamado (17%), realização pessoal — profissão, estabilidade, conclusão de curso (17,7%), e salvação — conversão de amigos e familiares e ir para o céu (7,2%). Olhar para o resultado dessa pesquisa é como ouvir um bando de jovens dizendo: “Realmente, Deus, seus sonhos são muito bons e queremos não só sonhar com eles, mas vivê-los também”. Viver a humanidade que Deus planejou para nós é um sonho que deve ser preservado. Que escolhamos nossos caminhos sob a orientação do Pai, para que não precisemos, como Alice, em algum momento acordar de um sonho (ou de uma vida inteira) ruim.


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De gerações e emblemas Reinaldo Percinoto Jr.

o participar de uma mesa redonda sobre juventude e participação política, fizeram-me a seguinte pergunta: a juventude atual é alienada, descomprometida ou mal informada? Responder de maneira simplista ou automática pode nos levar a um reducionismo. Precisamos ter em mente aquilo que é “emblemático”, de acordo com a orientação do antropólogo Gilberto Velho, pois o que caracteriza um grupo, aquilo que é seu “emblema”, nem sempre é compartilhado pelo conjunto. Velho argumenta que talvez nem 10% dos jovens dos anos 60 tenham participado do movimento estudantil, assim como nem todo adolescente urbano de hoje frequenta raves ou consome ecstasy. A socióloga Maria Isabel Mendes de Almeida, que publicou um estudo em que compara a época da contracultura dos anos 60 e a de hoje, diz que o roteiro do jovem de agora está “bem distante de questionamentos políticos ou culturais. Não quer a ruptura, o pai dele já fez isso; quer a continuidade”. O jornalista e escritor Zuenir Ventura afirma que aquela geração, marcada pelo ano de 1968, “queria tudo a que não tinha direito; a atual tem tudo que precisa, e por isso se apresenta cheia de ambiguidades e paradoxos. [...] Desapegada ideologicamente, essa turma bem 20

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de vida e de poder aquisitivo não se interessa pela política, não tem preocupações sociais e não protesta nem contesta, pelo menos não da forma como faziam os seus antepassados quarentões ou sessentões, anárquicos ou rebeldes”.¹ Em 2007, no jornal O Globo, em caderno especial (e esclarecedor) sobre os jovens nascidos a partir de 1983, a editora Nívia Carvalho explicou que essa é uma turma que “vive conectada e gosta de dar publicidade aos seus atos em redes sociais, fotologs e álbuns na web. São jovens que elegem o bemestar como valor maior e buscam dinheiro e fama”. Até que ponto a juventude cristã está sendo influenciada e conformada por essa mesma cosmovisão? Nossas igrejas e movimentos de juventude têm oferecido um modelo opcional ao que é “emblemático” nessa geração? Ao tomar como marco para os próximos 10 anos da ABUB a tríade “Uma só vida, uma só verdade, um só Senhor”, queremos propor uma agenda de intenções; algo que queremos primeiramente viver, para depois compartilhar com nossa geração. Temos a responsabilidade (e o privilégio!) de expressar, com nossas palavras e nossa vida, uma nova realidade que já se faz presente entre nós, por meio da vida e da obra de Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado. Conscientes de que nosso comprometimento

com a singularidade, a supremacia e a suficiência “de um sujeito mortalmente pregado à cruz e inteiramente despregado das prioridades usuais deste mundo é para o observador isento escândalo, insensatez e vergonha”.² Insensatez, para uma geração ávida pela prosperidade material, porque esse Jesus sustenta que “a vida é sólida e a ganância é rala, e logo não faz sentido adquirirmos o mundo inteiro e ver a vida escorrer, sem consistência, na peneira final”. Uma só vida tem algo a ensinar a esta geração? Escândalo, para uma geração ávida pelo êxito e dependente da competição, porque esse Jesus, por meio da sua doutrina e da sua vida (e morte!), ensina que “o sucesso se obtém no mais inequívoco fracasso e a grandeza na mais abjeta humilhação”. Uma só verdade tem algo a apresentar a esta geração? Vergonha, para uma geração ávida pela satisfação pessoal e pela permissividade, porque Jesus exige humilde submissão, e para participar desta nova realidade a pessoa “tem de pagar o mico de reconhecer-se não melhor que ninguém”. Um só Senhor tem algo a esperar desta geração? Notas 1. Zuenir Ventura. 1968: o que fizemos de nós. São Paulo: Planeta do Brasil, 2008. 2. Paulo Brabo. A bacia das almas: confissões de um ex-dependente de igreja. São Paulo: Mundo Cristão, 2009.

Reinaldo Percinoto Jr., casado com Maira e pai de João Marcos e Daniel, é secretário-geral da ABUB.


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Q Ontem

O primeiro ministério voltado para a juventude foi a Associação Cristã de Moços (ACM), fundada em Londres em 1844. Em 1855, foi criada a Aliança Mundial de Associações Cristãs de Moços. Então havia quase quatrocentas associações em sete países, com um total de mais de 30 mil membros. A ACM veio para o Brasil por intermédio do presbiteriano norte-americano Myron August Clark, em 1891. Nas primeiras décadas do século 20, a entidade sofreu um rápido processo de secularização. De duração mais efêmera, a Sociedade do Esforço Cristão (Christian Endeavor), fundada em 1881 pelo pastor americano Francis E. Clark, exerceu grande impacto nos círculos protestantes. Milhares de sociedades foram criadas nas mais diferentes denominações pelo mundo afora. O primeiro Esforço Cristão no Brasil nasceu em Botucatu, em 1891. Quanto aos estudantes universitários, desde o século 17 houve, na Inglaterra e nos Estados Unidos, grupos informais deles que se reuniam para cultivar a vida espiritual. Todavia, o movimento estudantil organizado teve início somente no final do século 19. 22

O Movimento de Estudantes Voluntários para Missões Estrangeiras (SVM, na sigla em inglês) iniciou-se em 1886 nos Estados Unidos. Em poucas décadas, 175 mil estudantes assinaram o compromisso do movimento e 21 mil foram para outros países como missionários. Em 1895 foi organizada na Suécia a Federação Cristã Mundial de Estudantes (WSCF), reunindo seis movimentos nacionais. O início do século 20 viu o enfraquecimento e o declínio dos movimentos estudantis. À medida que o Movimento Cristão de Estudantes (SCM) adotava uma postura teológica liberal e ecumênica, começaram a surgir na Inglaterra pequenos grupos de estudantes evangélicos, o que resultou, em 1928, na criação da Fraternidade Inter-Universitária (Inter-Varsity Fellowship — IVF). Em 1946-1947 foi criada a Fraternidade Internacional de Estudantes Evangélicos (IFES), constituída de dez movimentos nacionais. Quarenta anos depois, havia entidades ligadas à IFES em 130 países, entre os quais o Brasil, com a Aliança Bíblica Universitária (ABU), que em 2009 comemorou 40 anos. Além da ABU, muitos dos ministérios para jovens no Brasil estão na casa dos 30 a 50 anos. Mocidade para Cristo (MPC) já passa dos 50. A Cruzada Estudantil e Profissional para

ue espaços a juventude evangélica ocupou ontem, tem ocupado hoje e ocupará no futuro? Como as igrejas têm se aproximado dos jovens?

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Cristo está há 40 anos no Brasil; Atletas de Cristo, há 26; Jovens da Verdade (JV), há 31. Jocum, cujo maior contingente de missionários é formado por jovens, acaba de completar 35 anos. Vencedores por Cristo, com pouco mais de 40 anos de existência, chegaram a causar sensação em 1968. A primeira formação do grupo, com oito moças e oito rapazes, entre 17 e 26 anos, com instrumentos e ritmos modernos para aquela época, viajava por todo o país se apresentando para os mais diferentes auditórios. As denominações históricas e pentecostais sempre tiveram departamentos ou secretarias para as juventudes e, algumas delas, também para os adolescentes.¹

Hoje Os esforços dos ministérios voltados para a juventude continuam crescendo. A SEPAL tem hoje doze missionários com menos de 30 anos (12% do total). Quem pregou na Ceia de encerramento do 37º Encontro SEPAL em maio deste ano, para um público de 1.400 pastores, foi René Breuel, 26 anos, missionário na Espanha. O Congresso Brasileiro de Missões trabalhou intencionalmente para elevar o número de jovens no 5º CBM, em outubro de 2009. Eram 15% (230 pessoas) do público presente. No 2º Congresso Brasileiro de Evangelização


(CBE2), em 2003, foi feito esforço semelhante. O grupo de jovens presentes ao congresso produziu a Carta Jovem de Belo Horizonte. Em 2006, a ABU promoveu, em Viçosa, MG, o Missão 2006, que reuniu cerca de mil jovens de todo o país. Em 2007, foi a vez do 1º Fórum Jovem de Missão Integral (FJMI), em Itu, SP, com mais de quatrocentos jovens.

Jornal Ultimato - maio, 1968

Em 1968 a ABUB realizou 15 acampamentos, com a participação de 450 estudantes. O método é bastante válido para alcançar e fortalecer universitários. Podem ser regionais ou nacionais, de treinamento de líderes ou de evangelização.

As escolas de missões têm promovido eventos específicos para jovens interessados em missões (como o Encontro Missionário Estudantil e Profissional, que acontece de 2 em 2 anos no Centro Evangélico de Missões, há 16 anos) ou momentos de “imersão em missão”, como o Underground, da missão Portas Abertas, o OnTrack, da Interserve, os Radicais da Missão Horizontes, o Misson Camp, da Missão

AMEM. Escolas de teologia e missões têm sido criadas para atender aos jovens, como a Fatev (Faculdade Evangélica), ligada ao Movimento Encontrão, e a Missão Avalanche, que trabalha com jovens underground. A Missão Antioquia, há 6 anos, criou a Geração Antioquia, com o intuito de mobilizar a juventude para a obra evangelística e missionária, promovendo eventos de

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conscientização missionária, viajens de férias missionárias e campanhas de oração. Mais faculdades e seminários evangélicos têm incluído em seus currículos cursos específicos para ministérios com juventudes. Há igrejas e denominações especificamente voltadas para os jovens. É o caso da Comunidade Ajuntamento das Tribos (fundada nos anos 70), Caverna de Adulão, Projeto 242, Bola de Neve e Fonte de Vida. Eventos que incentivam ações de cidadania, voluntariado, justiça e ação social multiplicam-se em todo o país, como Usina 21 (da Universidade Mackenzie), Renas Jovem, Encontro Políticas Públicas e Juventude Evangélica. Há também iniciativas dos próprios jovens, como Vila do Louvor, grupos de teatro (ART 490 e Ide, por exemplo), Rede Fale, Toca do Estudante, SexxChurch, JV na Estrada, entre outros.²

Amanhã Alexandre Brasil nos lembra que “para os jovens é importante estar à frente, decidir. Esta lição já foi mais do que aprendida entre as comunidades evangélicas em que os jovens assumem espaços de liderança, ocupando espaços significativos de decisão. No entanto, a ideia de que o jovem é a “igreja do amanhã” também é comum e com isso geralmente atuam de maneira periférica”. As lideranças eclesiásticas precisam manter e fortalecer as iniciativas que concedem voz e autonomia aos jovens. É preciso também um preparo dos jovens para expressarem seus sonhos e escolhas. A igreja tem um importante papel nisso. Alexandre Brasil afirma também que “é na religião que significativa parcela dos jovens se envolve em ações coletivas e, nesse sentido, é preciso reconhecer que as práticas religiosas têm-se constituído como um significativo

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elemento de socialização, organização e agregação social”.³ Hoje, inegavelmente, há ministérios de todos os tipos e para todos os públicos. Daqui há 20 anos, quando fizermos outra lista de ministérios voltados para a juventude, esperamos celebrar a permanência destes e ver outros, que surgirão para suprir novas demandas. Acima de tudo, desejamos que certas palavras como “diversidade”, “pluralidade” e “contextualização”, que parecem delinear o novo, não ameacem o compromisso fundamental com os valores do reino de Deus — esses sim eternos e inegociáveis. Notas 1. Os quatro primeiros parágrafos deste texto foram adaptados do artigo “Ministérios de juventude: conquistas e percalços de um movimento”, de Alderi Souza de Matos (Ultimato, set./out, 2005. p. 48). 2. Em www.ultimato.com.br/sites/jovem você encontra os sites de todos os ministérios citados nesta matéria. 3. “Eu participo. Tu participas?” Alexandre Brasil. Disponível em http://www.ultimato.com.br/conteudo/ eu-participo-tu-participas/diversidade


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Venha...

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Elton Bessa

e depois, vá!

Para quem ama a missão

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Paula Mendes

Centro Evangélico de Missões (CEM) foi a primeira escola de missões transculturais da América Latina e há quase trinta anos contribui para a formação de missionários para a missão integral. O CEM conta com professores experientes, uma biblioteca especializada, instalações adequadas e muita área verde. São mais de 500 ex-alunos servindo em missão integral. Cerca de 130 estão envolvidos em missão transcultural em trinta países, e mais de 140 atuam no Brasil em ministérios urbanos, com povos indígenas, entre ribeirinhos, no sertão nordestino, com crianças em situação de risco e outros. O CEM tem o curso ideal para jovens que desejam se preparar para servir a Deus. Oferece formação teológica e missionária, incluindo o ensino de línguas e um treinamento prático por meio de atividades comunitárias e de estágios locais e transculturais. O pastor Elben, diretor da Ultimato, um entusiasta da Escola desde a sua fundação, tem um recado para os jovens: “Temos uma história para contar e muito para passar para você. Venha para o CEM. Depois, vá para as regiões nãoalcançadas com o passo firme daqueles que tiveram o primeiro impulso e o preparo necessário!”.

Ex-alunos falam com carinho sobre o tempo no CEM: “Só mesmo quando estamos no campo, vivendo os mais diversos desafios do trabalho missionário, é que podemos fazer uma avaliação precisa do preparo missionário que recebemos. E nesse sentido, tenho sido grato a Deus por ter estudado no CEM.” Luciano Azevedo, missionário da APMT em Moçambique

Paula Mendes

“Um dia orei ao Senhor desejando me aperfeiçoar no trabalho do reino. Ele me mostrou o CEM. Mudei-me com a família para Viçosa por três anos, e ali aprendi sobre missões, teologia, amizade, carinho, caráter cristão, amor verdadeiro, vida simples… Não cesso de agradecer ao Senhor por essa escola que me apontou os rumos de um cristianismo prático e equilibrado.” Carlinhos Veiga, obreiro da MPC, presidente da FTL-Brasil e pastor da IPB em Brasília, DF Se você tem um chamado, o CEM quer ser parte dele! Prepare-se para missões conosco. Mais informações em www.cem.org.br 26

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{Informe} Para saber mais acesse: www.ibab.com.br www.ibabjovem.com.br

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uliana Lie, 25 anos, é descendente de chineses e indonésios, formou-se em artes e mora num bairro de classe média paulistana, na região Oeste. Rodrigo Camilo, 25 anos, é negro, trancou a matrícula em serviço social para passar um ano numa experiência transcultural. Morava na periferia da Zona Norte de São Paulo. Ricardo Scalco, 26 anos, formado em administração de empresas. Já venceu um câncer e mora na periferia da Zona Oeste de São Paulo. Priscila Martins, 24 anos, acaba de formar-se em física no Mackenzie, onde ganhou uma bolsa por se destacar como estudante. Mora no extremo da Zona Norte de São Paulo com os pais e três irmãs. O que essas pessoas têm em comum? Estão muito próximas do recorte que a ONU descreve como juventude (15 a 24 anos), estão na universidade ou passaram por ela e servem como voluntários no ministério de jovens e nos projetos de sua comunidade, a Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo. Muito da visão da Ibab tem a ver com promover esse senso de vocação

Ministério com juventude: uma proposta urbana em seus membros, projetando-os a um estilo de vida integral, no qual a espiritualidade desemboca na missão, que tem como pilar principal o serviço. Seu ministério de jovens, o Ibab Jovem, tem como proposta apresentar aos seus jovens o jeito cristão de se viver a vida como um todo, em todas as suas áreas e considerando todas as contingências de seu contexto, usando as Escrituras como referencial e as realidades peculiares aos jovens como pano de fundo da interpretação bíblica. “Nosso referencial é o fato de Cristo, sendo Deus, assumir forma humana e fazer do mundo o seu ‘palco de atuação’. O reino de Deus chegou! Confundimos o reino de Deus com o reino dos Céus e, na medida em que queremos levar as pessoas ‘ao céu’, tendemos a nos afastar da proposta do reino de Deus, pois ela é para a terra. Portanto, nossa pastoral deve auxiliar o jovem em sua vida aqui e agora, tendo como base o testemunho da encarnação do Cristo, como referencial teórico a sua pregação, como proposta o Reino de Deus e como palco o contexto imediato”, considera Fabrício Cunha, pastor dos jovens da Ibab. A Ibab oferece atividades habituais aos sábados, com a proposta de oferecer aos jovens condições de responderem às quatro perguntas que consideram as mais importantes de suas vidas: Espiritualidade — em que Deus eu creio?; Vocação — eu nasci para ser o quê?; Relacionamentos — de onde vim e com quem dividirei minha vida?; e Caráter - que tipo de gente estou me tornando?. Além disso promove projetos nos quais contempla um apoio a alguma instituição que já está no local e é ligada à Rede Ibab Solidária e a possibilidade de uma experiência de missão que coopere com a formação de seu senso de vocação. “Achei que levaria Jesus para aquele local tão pobre. Quando cheguei lá, percebi que Ele já estava lá”, diz Rodrigo acerca de sua viagem ao Morro do Borel pelo Projeto Pé no Morro. “Ver Jesus no rosto daqueles meninos e meninas é uma experiência inesquecível. Sou

Any

Fabrício Cunha, pastor dos jovens na IBAB, com Neto, líder da JOCUM no Morro do Borel, Rio de Janeiro

professora hoje por causa disso”, Any, estudante de Letras na USP, uma das voluntárias no projeto Peregrino, liderado pelo músico e poeta Roberto Diamanso. Com o objetivo de compartilhar suas experiências, os jovens da Ibab promovem há três anos a Semana Jovem Ibab, onde convidam os demais jovens da cidade e região para uma programação que é construída de forma dialógica com a Bíblia, a cidade e a realidade juvenil metropolitana, isto é, uma programação fundamentada no conteúdo bíblico e na avaliação contextual, de forma que o jovem se interesse profundamente pelas Escrituras e pela vida relevante no contexto onde está inserido. Tudo isso está alinhado à visão da Igreja Batista de Água Branca de “ser um sinal histórico do Reino de Deus, levando o Evangelho todo para o homem todo, priorizando relacionamento e envolvendo todos os seus freqüentadores além dos limites cultoclero-domingo-templo”. Estas são excelentes iniciativas de missão integral entre jovens! Que assim seja! {CADERNO JOVEM}

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{Fotorreportagem}

Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. [atos 4.32]

As fotos foram tiradas durante o Ajuntamento das Tribos — evento anual que acontece em

São Gonçalo, RJ, com o objetivo de reunir pessoas que desenvolvem ministérios alternativos. Crédito das fotos: Paula Mendes

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{Informe}

Fórum Jovem de Missão Integral —

uma caminhada histórica e contemporânea Lissânder Dias

O

Congresso de Lausanne — Suíça (1974) — influenciou toda uma geração. Este encontro, e respectivamente seu documento, serviram como referência para proclamação e prática do Evangelho no mundo. Alguns dos desdobramentos foram os diferentes fóruns de discussão ideológica, teológica e prática de como seria possível concretizar a evangelização mundial. No Brasil, na década marcada por vários movimentos e desafios que sinalizavam a necessidade de se discernir os rumos a serem tomados pela Igreja Evangélica naquele momento, um segmento representativo da liderança evangélica brasileira realizou, em 1983, o I Congresso Brasileiro de Evangelização (CBE). Passados vinte anos, em 2003, tivemos o CBE 2, que serviu como novo marco histórico para reafirmar o princípio elementar da evangelização. Na última noite do CBE 2, aproximadamente 300 jovens reuniram-se, sem que isso estivesse na agenda, sob a pergunta: “O que a evangelização e a missão integral significam para a nossa geração?” Assim, percebeu-se a necessidade de se criar um espaço significativo para a releitura

dos pilares fundamentais da evangelização e da missão, no ambiente da juventude, com o fim de transformarmos isso em algo comum entre os jovens e numa possibilidade de compromisso de vida com propostas concretas para nossa tarefa, como Igreja, de sermos agentes do reino de Deus. Em junho de 2007 aconteceu o primeiro Fórum Jovem de Missão Integral, reunindo aproximadamente 600 jovens de todo o Brasil com o intuito de estabelecer o início de uma caminhada. A missão integral da igreja, ao longo dos anos, tornou-se um assunto distante da realidade da juventude evangélica brasileira. Vemos nessa faixa etária muita vontade e entusiasmo quando são apresentados a tal ementa. Mas, mesmo assim, a juventude em sua grande maioria desconhece a proposta bíblica da missão integral e suas possibilidades de vivência. Através do FJMI, queremos colocar juntos jovens que conhecem bem tal assunto e que estão envolvidos em projetos fundamentados pelo tema, com outros

que não têm familiaridade com a proposta mas que demonstram interesse por ela. É nesse intercâmbio que vemos a grande possibilidade da multiplicação da “teologia” da missão integral e de sua socialização entre a juventude evangélica. Por isto o FJMI quer fomentar um debate contínuo sobre essa teologia através da promoção de encontros nacionais e regionais que possibilitem a conexão entre líderes de diferentes gerações e entre jovens e projetos em desenvolvimento. Desde 2007, várias iniciativas regionais surgiram e se concretizaram em conversas, debates e ações. Em 2011, queremos solidificar tais iniciativas através de fóruns regionais em todo país para que, entre os dias 7 e 10 de junho de 2012, aconteça o 2º FJMI movido pelos novos ares do Congresso de Lausanne III, que acontecerá em outubro de 2010 na Cidade do Cabo e por diferentes iniciativas e desdobramentos regionais. Você pode e deve fazer parte desta caminhada! Saiba mais em: www.forumjovemdemissaointegral.com.br

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