Moda parte 3

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CORES

AVIAMENTOS Os aviamentos estão cada vez mais sofisticados, aparecem ora dissimulados mas muitas vezes acessório de principal importância em que são a atração e a razão da criação do modelo. As etiquetas não estão mais timidamente no interior das roupas, elas aparecem sem constrangimento no exterior oferecendo graça, beleza e fazendo a marca circular. A roupa da mulher ficou mais produzida, com excessos de paetês, lantejoulas, enfeites over, mas, no vale-tudo da criação que valoriza a roupa e justifica o preço final, a roupa simples e básica ficou banal. Seus fabricantes cada vez mais antenados, provam que levam o assunto a sério. O segmento está ágil. Departamentos inteiros, com profissionais qualificados, trabalham e pesquisam novos desenvolvimentos de produtos, acompanhando os recentes acontecimentos do mundo, quer seja dentro ou fora das passarelas. E as informações que lemos, ouvimos e vemos sobre as tendências da moda são encontradas nestes pequenos adornos. Muitas vezes um determinado tipo de aviamento deixa de lado seu papel de simples acessório, transformando-se em elemento principal, realçando e confirmando as tendências de moda das peças desenvolvidas em cada estação. Isto justifica o preço da peça final, muitas vezes um pouco mais alto, por ser o aviamento um recurso amplamente utilizado.

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ESTAMPAS A criação é o ponto chave do diferencial. “Areia, silicone, glitter, emborrachados, tintas metalizadas, fios a laser, películas, adesivos tridimensionais, pedras nacionais, gesso, pó de serra, barro, cada dia mais é preciso inovar, por que o objetivo da estamparia é ser um laboratório de criação, a maior inspiração está na natureza, ousar, interagir um produto com outro. É necessário ter uma sensibilidade muito grande e uma percepção muito forte para perceber o que está se passando lá fora e criar em cima do que viu., a rapidez com que as informações caminham, tudo o que esta lá fora, em um ou dois dias vê nas vitrinas daqui. DENTRE AS FORMAS DE ESTAMPAR, TEMOS: ü as estampas localizadas (quadro) ü as estampas corridas (quadros e máquinas) ü sublimação/transfer (papel estampado, onde a estampa é transferida para o tecido em alta temperatura)

As imagens que se misturam entre frases e símbolos

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CALENDÁRIO DA MODA

PRIMAVERA-VERÃO SETORES MESES

TECELAGEM

CONFECÇÃO

JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO

Pesquisa de Cores e Padrões Pesquisa de Materiais / Produção Definição de Coleção

NOVEMBRO

Desenvolvimento da Coleção

DEZEMBRO

Preparação dos Mostruários Lançamentos e Vendas

Pesquisa de cores/Padrões/Modelos

Vendas e Programação/Produção

Desenvolvimento de Produtos

Vendas e Produção

Confecção das Peças Piloto

ABRIL

Entregas Programadas

Confecção dos Mostruários

MAIO

Entregas Programadas

Lançamento e Vendas

JUNHO

Pronta-entrega

Vendas e Programação/Produção

JULHO

Atacado

Produção e Vendas

Lojas

Entregas Programadas

JANEIRO FEVEREIRO MARÇO

AGOSTO SETEMBRO

Entregas Programadas / Pronta-entrega

OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO

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CALENDÁRIO DA MODA

ALTO-VERÃO SETORES MESES

TECELAGEM

CONFECÇÃO

JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO FEVEREIRO

Pesquisa de Cores/Padrões Definição de Coleção

MARÇO

Desenvolvimento da Coleção

ABRIL

Preparação dos Mostruários

MAIO

Lançamento e Vendas

Pesquisa de Cores/Padrões/Modelos

JUNHO

Vendas e Programação/Produção

Desenvolvimento de Produtos

JULHO

Vendas e Produção

Confecção das Peças Piloto e Mostruários

Entregas Programadas

Lançamento e Vendas

Entregas Programadas / Pronta-entrega

Vendas e Programação/Produção

Pronta-entrega

Produção e Vendas

NOVEMBRO

Atacado

Entregas Programadas

DEZEMBRO

Lojas

Entregas Programadas / Pronta-entrega

AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO

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OUTONO-INVERNO SETORES MESES

TECELAGEM

CONFECÇÃO

JANEIRO FEVEREIRO MARÇO

Pesquisa de Cores / Padrões

ABRIL

Pesquisa de Materiais / Produção

MAIO

Definição de Coleção

Pesquisa de Cores / Padrões / Modelos

JUNHO

Desenvolvimento da Coleção

Desenvolvimento de Produtos

JULHO

Preparação dos Mostruários

Confecção Peças Piloto

Lançamento e Vendas

Confecção dos Mostruários

Vendas e Programação / Produção

Lançamento e Vendas

Vendas e Produção

Vendas e Programação/Produção

NOVEMBRO

Entregas Programadas

Produção e Vendas

DEZEMBRO

Entregas Programadas

Entregas Programadas

Pronta-entrega

Entregas Programadas / Pronta-entrega

AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO

JANEIRO FEVEREIRO MARÇO

Atacado Lojas

ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO

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A MODA BRASILEIRA Moda, no Brasil, é um assunto relativamente recente. Apesar de nosso país ter sempre servido, de alguma forma, ao desenvolvimento da moda ocidental, desde o Descobrimento - basta pensar no pau-brasil, que possibilitou o tingimento de têxteis na cor vermelha durante séculos, para citarmos apenas um exemplo ‘foi preciso esperar o final do século XX para, internamente, darmos a moda a sua devida importância. É preciso lembrar que os EUA começaram a desenvolver o seu ready to wear nos anos 30; que a França, justamente a partir da experiência norte-americana, criou o prêt-àporter nos anos 50. Que países como França e Itália têm tradição em moda há séculos: a Itália inventou a moda moderna no século XV, a França é a referência ocidental do chique desde o século XVII. Bem, esses fatos não servem como desculpa, mas relativizam o nosso “atraso”. O Brasil, no entanto, deu alguns passos decisivos na última década, com relação aos sistemas produtivo, criativo e de formação profissional, que formam o sistema da moda. Quanto a esfera produtiva, é verdade que a abertura de mercados trouxe competição desleal e quebradeira irreverssível, mas seu lado positivo foi a modernização do parque industrial têxtil e a conseqüente elevação, na média, da qualidade do produto nacional (têxteis e vestuário). Os investimentos no setor vem aumentando sistematicamente graças, sem dúvida, ao empresariado - mesmo porque moda foi, finalmente, reconhecida como um grande negócio. Por outro lado, assistimos, na última década, a consolidação e um sistema de formação profissional no país, com a abertura de cursos superiores de moda e design nos principais centros, a partir da experiência pioneira de São Paulo. Os cursos trouxeram a profissionalização e diversificação das carreiras ligadas a moda, além de um inestimável ganho de prestígio para o campo da moda como um todo. Tivemos, também nos últimos dez anos, a consolidação de um sistema de formação criativo no país: o estabelecimento de São Paulo como pólo lançador de tendências para a indústria (o que não elimina, ao contrário, a necessidade de pólos fortes regionais), com um elenco considerável de criadores e marcas de visibilidade nacional, e o desenvolvimento do design brasileiro e do que chamamos de “identidade” do produto nacional, já que estamos vendo emergir referências brasileiras cotemporâneas para a criação. O importante é que ganha todo o país, e toda a cadeia têxtil. O Brasil precisa, ainda, resolver algumas questões importantes. Por um lado, é preciso consolidar nossa presença no mercado global, através do incremento de nossas exportações (claro que isso depende da economia como um todo e de um efetivo apoio governamental, mas a formação dos consórcios exportadores é uma boa notícia nesse campo) e do aumento de nossa visibilidade no exterior (aqui, o ganho de interesse pela moda brasileira nas principais capitais da moda e na mídia internacional é outro ponto positivo - e, sempre é bom insistir, para o setor como um todo). Por outro lado, do ponto de vista do mercado interno, há vastos segmentos sub-explorados pela indústria: citemos o exemplo da moda masculina, um dos mais promissores para quem quer expandir seus negócios, visto a timidez da oferta de produtos para homem com o diferencial de moda; outro segmento enorme a ser resolvido e o dos produtos destinados a população de baixa renda, para o qual se impõe a resolução da equação “baixo preço + qualidade compatível + diferencial de moda”. Neste último caso, especialmente, temos alguns exemplos de movimentação, como as ações atuais de alguns magazines, que investem fortemente em comunicação para criar uma imagem mais “fashion”, embora popular. Enfim, cabe dizer que o país da criatividade e da diversidade imbatíveis é, também para a indústria da moda, o país das possibilidades. Portanto, mãos à obra: é hora de projetar cada passo (ou cada estação) desse futuro. Draio Caldas é sociólogo (USP), organizador do livro Homens (Ed. Senac São Paulo, 1997) e autor do Universo da Moda (Ed. Anhembi Morumbi, 199). Especializou-se em moda masculina com um mestrado realizado na ECA-USP. A CONEXÃO BRASILEIRA NO SÉCULO XXI Há não muito tempo bastavam apenas duas coleções por ano: inverno e verão, para atender as necessidades dos lojistas. Hoje já são necessárias quatro coleções. pré-inverno, inverno, verão e alto verão. Um grande número de confecções já está pensando em coleções de dois em dois meses e outras, ainda, já abandonaram o conceito de coleções, fazendo lançamentos contínuos à medida que vão surgindo novos acabamentos, tecidos, cores ou tendências de moda. A velocidade das comunicações globalizadas faz com que se torne obsoleta com a mesma rapidez, obrigando o varejo a fazer suas encomendas cada vez mais “da mão para a boca” e, conseqüentemente, obrigando a confecção a encurtar seus ciclos de fabricação, enxugando seus processos para correr atrás dos prazos de entrega cada vez mais curtos e rigorosos. Design de Moda

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VARIEDADE DE MODELOS Pedidos grandes, ordens de corte de milhares de peças, poucas cores e pequenas variantes de tecidos. Este era o sonho dourado dos responsáveis pela produção, sonho este que já não existe. A tendência é que os pedidos fiquem menores, com maiores variações. Os consumidores não aceitam mais uniformes. Eles querem ser identificados como grupos específicos com seus jeitos e suas maneiras próprias, formando uma “tribo”. Jeans, camiseta e tênis identificam os jovens, mas cada indivíduo quer que o seu jeans ou a sua camiseta sejam diferentes, revelando sua personalidade e imagem. Este fenômeno tende a se acentuar, levando o comerciante a manter uma variedade de ítens nas suas prateleiras. Se há algum tempo bastavam uns 30 modelos e meia dúzia de tipos de tecidos para montar uma coleção, hoje são necessários pelo menos o dobro de modelos e dezenas de tecidos diferentes. Essa realidade implica em mudanças profundas na administração do negócio de confecção. Os sistemas de gestão precisarão ser simples, rápidos e confiáveis. As informações básicas, tais como, o que vendeu, quanto vendeu, em que período, quando foi fabricado, quanto material foi utilizado, etc., deverão estar disponíveis ao tocar de um botão, na tela e “on line”. Não dá mais para esperar por relatórios cheios de informações desatualizadas que não servem para tomada de decisões rápidas. A produtividade tende a cair devido a troca constante de modelos, tecidos e cores de linha. O preço, no entanto, não conseguirá acompanhar o aumento do custo. A diferença terá de ser compensada com ganhos em outras áreas, como redução de desperdícios e melhor aproveitamento de materiais. Haverá necessidade de investimentos em equipamentos mais versáteis, tais como máquinas com motores eletrônicos, de fácil regulagem para diferentes operações e tipos de tecidos. Serão necessários também investimentos em treinamento de costureiras polivalentes e em atividades que aumentem a eficácia da empresa, como os programas de Qualidade Total, Desperdício Zero, Gestão de Estoques e outros. Áreas como Desenvolvimento de Produtos (pesquisa, modelagem e pilotagem) e Engenharia Industrial (PCP, Tempos e Métodos, 5 Ss, Manutenção) deverão merecer maior atenção, dada a grande necessidade de oferecer “novidades” para o mercado com preços competitivos. ESTRUTURA DA CADEIA PRODUTIVA TÊXTIL BRASILEIRA - Conta com mais de 30 mil empresas; - Emprega cerca de 1,4 milhão de pessoas em todo País; - De janeiro a novembro/2000, foram criados 52.745 novos postos de trabalho, segundo o Ministério do Trabalho; - Em 2000, faturou em torno de US$ 22 bilhões e neste ano deve chegar a US$ 23 bilhões, um crescimento por volta de 5%; - Nos últimos nove anos, foram investidos cerca de US$ 8 bilhões em modernização do parque industrial, em desenvolvimento e aquisição de tecnologia e em capacitação profissional; - Ate 2008, estão previstos mais US$ 12,3 bilhões em novos investimentos, segundo o Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva Têxtil; - No ano passado, as exportações chegaram a US$ 1.222.07,00, com crescimento de 21% sobre os US$ 1.009.832, 00 em 1999. A meta do setor têxtil é elevar as exportações para US$ 4,3 bilhões até 2005, retomando 1% do comércio mundial de têxteis;

EVENTOS DE MODA FASHION WEEK (MORUMBI FASHION) Evento que acontece em São Paulo, duas vezes por ano, onde os principais estilistas e marcas que ditam a moda, apresentam suas coleções de primavera-verão em junho e outono inverno em janeiro. Este evento direciona todo o calendário da moda, para os demais criadores e confeccionistas, além da grande repercussão que causa na mídia brasileira. Além disso, a grande contribuição do ex’MorumbiFashion para a moda foi conseguir definir um calendário que determina e profissionaliza todos os segmentos. Com ele, a vinda dos jornalistas de todo o Brasil aumentou e, com isso, a informação sobre as marcas se difundiu mais rapidamente, além de mantermos contatos mais frequentes com esses jornalistas”.

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SEMANA MODA NO BRASIL - O evento que se chama semana, mas dura três dias, é realizado em lugares tidos como alternativos e apresenta o trabalho de jovens estilistas que estão entre o Phytoervas Fashion e o Morumbi Fashion, junto a outros que estão despontando no cenário da moda nacional. - Durante a Semana de Moda, os estilistas mostram o que realmente vai ser tendência para a próxima estação, não só em termos de tecidos, mas também em estrutura de roupa, em relação a cartela de cores, uma nova estrutura de sapato, um corte ou penteado de cabelo ou mesmo uma nova maquiagem. - Nossão dos desfiles, os lugares geralmente são marcados. A imprensa tem seu lugar privilegiado, sempre na primeira fila e as fileiras que não são numeradas ficam para aqueles que têm convite escrito standimg, o que quer dizer, quem entra por último se acomoda geralmente nas cadeiras do fundo. - Nenhum desfile começa na hora marcada. Aliás, eles podem atrasar de uma a duas horas. No mesmo dia se apresentam de quatro a cinco estilistas e entre um desfile e outro, o tempo de espera é no máximo de três minutinhos. O tempo de cada desfile pode variar de dez a no máximo 20 minutos. - Nos bastidores, ou melhor, backstage, é onde acontece o burburinho antes e durante o desfile. Lá ficam concentrados os modelos, os maquiadores, os estilistas onde são realizadas as trocas de roupas entre um desfile e outro. Geralmente, os modelos aproveitam para descansar, ler um livro ou mesmo jogar baralho, enquanto que alguns estilistas trocam idéias com os colegas.

O DESFILE - Durante o evento, os estilistas mostram coleções que foram elaboradas a partir de inspirações e temas. Esses temas são geralmente a decodificação da vivência deles durante os seis meses que antecedem a apresentação das coleções. - Os profissionais apresentam para o público todo o amadurecimento de seus trabalhos em termos técnicos, evolução de estrutura e inovação. Para isso, criam em torno de tudo um show, que é conhecido como o look total :a roupa, o cabelo, a maquiagem, o sapato, a trilha sonora e o próprio modo como o desfile é conduzido pela passarela. - Os desfiles da Semana de Moda não são abertos ao público em geral. Quem recebe os convites geralmente são as empresas especializadas, os profissionais do metier, clientes especiais, celebridades e amigos dos envolvidos no evento. - As pessoas que vão assistir ao evento realizam um show a parte. Geralmente usam um figurino que pode variar do descontraído ao bizarro, sem mencionar aqueles que aparecem para fazer sua performance pessoal ou apenas para animar o evento. - Enfim, existem coleções feitas para serem usáveis e outras não. O comercial entrará quando a pessoa que vê o desfile se identifica com ele, e consequentemente vai querer comprar a peça.

MODA INFANTIL Não dá mais para negar. Quando crianças decidem ir às compras a vontade do adulto fica enfraquecida. São elas as vencedoras diante da escolha quando o assunto é alimentos, acessórios, roupas, brinquedos, eletrônicos e perfumarias. Pesquisas recentes comprovam que as crianças decidem por conta própria qual a marca da bala, chocolate ou picolé que vão comprar. O mais interessante é que, nos últimos tempos, estas decisões não se limitam aos ítens de baixo valor. A McCann Erickson divulgou um estudo comprovando que 76% dos pais acatam a decisão dos filhos no que diz respeito a alimentação. A força dos mirins é tal que está influenciando os adultos em vários ítens de consumo. É muito comum pais recorrerem a opinião dos filhos na hora de comprar um produto. Seja ele de menor valor ou até um carro.

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MODA INFANTIL A maioria dos pré-adolescentes (8 a 12 anos) diz comprar suas próprias roupas. Quando vão às lojas já sabem qual a grife de roupa e a marca de tênis preferidas. No caso dos tênis, até os menores se manifestam. E esse mercado se tornou tão interessante que até a criadores como Sonia Rykiel, tradicionalmente reconhecida como uma clássica, não escapa o desejo de ter a sua linha adaptada às crianças. Marcas de perfumes internacionais como a Bugari, também. Até aros de óculos infantis são lançados acompanhando as tendências. São 50 milhões de consumidores mirins na faixa de zero a 14 anos, representando 31,6% da população. Estima-se que isto gere um consumo próximo aos US$ 50 bilhões/ano. Vinte e sete por cento dos brasileiros estão na faixa entre 3 a 12 anos, um contigente maior do que população do Canadá.

COMPORTAMENTO DO PÚBLICO INFANTO-JUVENIL ? 73% tem uma marca conhecida de tênis e roupa;

? 70% dos menores de 12 anos acompanham os pais na compra de roupas e calçados;

? 60% escolhem sozinhos as roupas que vão usar;

? 80% de 12 a 14 anos - ganham mesada (de 20 a 80 Reais);

? 81% compram roupas e CDs em shoppings;

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MODA MASCULINA A moda masculina hoje, baseia-se na tendência trazida dos EUA, na qual os homens procuram um traje menos clássico, destacando uma mudança de comportamento e visual, o Estilo Casual. A moda é direcionada para o homem que está adotando um estilo menos formal de se vestir nos dias de semana, compreendendo todos os ítens necessários para um visual completo, sem esquecer o conforto exigido pelo homem moderno. Pesquisas de mercado, mostram que 55% das roupas masculinas são compradas por mulheres e estas, mais exigentes em relação ao produto, evoluíram em termos de moda e o homem ainda não, notamos uma certa resistência do homem em adotar o lado fashion da moda, talvez pela falta de inovação, eles vêem, desde seu irmãozinho até seu avô, e hoje em dia até mesmo seu bisavô, usando o mesmo tipo de peça.

O UNDERWEAR Coube a Calvin Klein o pioneirismo na apresentação das roupas íntimas masculinas através da publicidade. O impacto da campanha de Klein desencadeou uma reação por parte de outras marcas que passaram a ilustrar a nova liberdade do homem dos anos 80. Paco Rabane, Pierre Cardin, Gianni Versace, Giorgio Armani, Valentino, Angelo Tarlazzi, Nino Cerruti e Byblos iniciaram o desenvolvimento das coleções de underwear. Em 1985, surge na Europa a marca “Nikos”, do grego Nikolaos Apostolopoulos que, através de slips simples, buscou o refinamento e a pesquisa de estilo e matériais para oferecer um produto inovador a esse novo e liberado, até certo ponto, homem. No Brasil ainda há uma forte resistência e até mesmo uma inibição do homem em relação à moda íntima, talvez pelo machismo, uma das características da formação da sociedade latino-americana.

ESTILISMO ESTILO Maneira de tratar, de viver, procedimento, conduta e modos. Moda encarada do ponto de vista do bom gosto. ESTILISTA Pessoa que se ocupa em pesquisar e adaptar novas soluções em matéria de estilo. Tem sua maneira particular de exprimir cores tecidos, formas, silhuetas e grafismos. A pessoa que é um bom “radar” tem instinto, é receptiva a tudo que a cerca, sente no ar o espírito da época e dá asas ao próprio “faro”. Quem possui “faro” sabe reunir os objetivos mais disparatados, só por eles concretizarem determinados reflexos, cores, toques, formas e grafismos. Os estilistas são como aves migratórias que aspiram o que flutua no ar, com todos os sentidos em alerta.

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CONHECIMENTOS IMPORTANTES ü Cultura em geral ü História da arte e da moda ü Estar antenado a todos os acontecimentos da moda, principalmente “Fashion Week” ü Acompanhar os lançamentos de moda das principais marcas do mercado. ü Noções de harmonia, equilíbrio e proporção. ü Desenho de moda e técnico ü Noções de modelagem ü Termos técnicos da moda ü Conhecimento de tecidos, aviamentos e acessórios ü Conhecer fornecedores de matérias primas.

O TRABALHO DO ESTILISTA NA CONFECÇÃO ü Saber exatamente quem é o seu público - alvo. ü Pesquisar a moda e interpretar para a confecção, tanto no mercado nacional como no internacional ü Elaborar as tendências, planejando a coleção de acordo com o mercado. ü Selecionar tecidos, aviamentos, grafismos, formas e silhuetas da coleção. ü Criar, adaptar e desenvolver as peças. ü Desenhar para o setor de modelagem, os modelos com especificações técnicas. ü Encaminhar desenvolvimentos externos: estampas, tingimentos, bordados, acessórios ü Controlar e aprovar a qualidade da modelagem de cada peça piloto. ü Entregar a coleção na data especificada pela confecção. ü Coordenar a equipe de produção, conhecendo detalhes de fabricação e de custos envolvidos. ü Analisar e verificar sua capacidade de produção ü Planejar apresentação da coleção para representantes e/ou clientes ü Ter conhecimento das peças mais vendidas, saber o porquê das peças menos vendidas, e analisar as falhas da coleção.

ESTILISTAS INTERNACIONAIS OS GRANDES NOMES POIRET, PAUL 1879 - 1944. Estilista. Nascido em Paris, França. Seu pai era comerciante de tecidos. Durante a adolescência, Poiret foi aprendiz de um fabricante de guarda-chuvas, mas interessava-se por moda e, finalmente, vendeu alguns de seus esboços a Madeleine CHERUTT na Maison Raudnitz Soeurs. Em 1896, Poiret foi trabalhar no ateliê de DOUCET, onde sua primeira criação - uma capinha vermelha - fez muito sucesso. Em 1900, ingressou na WORTH. Quatro anos depois, resolveu abrir sua própria maison, recebendo ajuda de Doucet, que lhe enviou como cliente Réjane, atriz famosa da época. Sob a proteção dela, Poiret foi lançado. Em 1906, foi responsável por afrouxar a silhueta formal da moda e obter uma forma mais confortável, estendendo o ESPARTILHO até os quadris e reduzindo o número de roupas íntimas. Em 1908, publicou um folheto ilustrado por Paul IRIBE intitulado Les robes de Paul Poiret. As ilustrações mostravam vestidos longos simples, elegantes e levemente ajustados, bem diferentes dos trajes com espartilhos e com excesso de festões da época. Na verdade, Poiret flertou com a forma básica criada pelo espartilho durante vários anos, embora afirmasse que libertara as mulheres dos grilhões dele. Entretanto, essa pretensão não era desprovida de fundamento. Poiret promoveu a forma do QUIMONO no início da década de 1900, tendo Isadora DUNCAN como cliente de suas roupas exóticas e vaporosas. Em 1909, ele lançou TURBANTES, EGRETES e CALÇAS DE ODALISCAS, todos inspirados no BALLETS RUSSES, que despertou grande interesse por roupas da Europa oriental e do Oriente. Poiret criava roupas de sedas, brocados, veludos e lamê, com cores ousadas e modelagem simples, mas ricas em textura. Em 1911, encomendou outro folheto, Les choses de Paul Poiret, ilustrado por Georges LEPAPE. No mesmo ano, lançou a SAIA ENTRAVADA, a qual, ao mesmo tempo em que libertava os quadris, confinava os tornozelos. Essa moda foi pouco adotada, apesar de ter atraído muita atenção e provocado muitas críticas. Fundou a École Martine, onde contratava moças que criavam estampas têxteis e artigos de decoração, os quais depois eram executados por artesãos habilitados. DUFY colaborou com Poiret em muitas estampas de tecidos para a BIANCHINI-FÉRIER. Nesta época, Poiret concebeu uma de suas formas mais famosas, “o abajour”, colocando arame numa túnica para que a bainha formasse um círculo em torno do corpo. Em 1912, excursionou pela Europa com um grupo de modelos, seguindo-se uma turnê pelos Estados Unidos em 1913. Diversas vezes, Poiret procurou promover o uso de calças do tipo odalisca sob túnicas. Seus adornos de pele, lenços e toucados eram famosos. Em 1914, Poiret ajudou na criação do Syndicat de Défense de la Grande Couture Française, tentativa de proteger da pirataria os estilistas afiliados. Ao estourar a Primeira Guerra Mundial, Poiret fechou seu negócio e alistou-se no Exército francês. Embora continuasse ativo após o conflito, não recuperou o status anterior; no mudo do pós-guerra, as excentricidades de Poiret denunciavam o passado.

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PATOU, JEAN 1880 - 1936. Estilista. Nascido na Normandia, França. Seu pai era dono de um curtume importante, e seu tio possuía uma peleteria, onde Patou começou a trabalhar em 1907. Cinco anos depois, Patou abriu a Maison Parry, um pequeno estabelecimento de costura em Paris, e vendeu toda a coleção de 1914 a um comprador americano. Sua carreira foi interrompida pela guerra, que passou como capitão zuavo. Em 1919, Patou reabriu o salão, dessa vez com o seu próprio nome. Desde o início, suas coleções fizeram sucesso. Lançou vestidos de saia sino e cintura alta em estilo pastora, muitos deles bordados à moda RUSSA. Criava roupas para atrizes como Constance Bennett e Louise Brooks, mas seus maiores feitos foram no campo do SPORTSWEAR, que sempre ocupou espaço importante em sua coleção. No início da década de 20, seu inspirado trabalho nesse campo deu outra dimensão à moda. Criou coleções inteiras para a estrela do tênis Suzanne LENGLEN, que as usava dentro e fora da quadra. Essas roupas - saias pregueadas que iam até o meio das canelas; CARDIGÃS sem mangas - perduram até hoje. Como CHANEL, Patou criou roupas para as mulheres modernas, tanto para as que eram ativas quanto para as que não eram ativas. Suas filiais em Monte Carlo, Biarritz, Deauville e Veneza vendiam à alta sociedade internacional. A chave de sua filosofia de estilismo era a simplicidade. Promoveu a cintura natural e uma silhueta sem excessos. Sua coleção de MALHARIA era inovadora, e, no início da década de 20, ele apresentou modelos de suéters cubistas que fizeram muito sucesso. Suas ROUPAS DE BANHO revolucionaram a moda praia. Em 1924, Patou assinou a coleção com seu monograma. No mesmo ano, levou para Paris seis modelos americanas altas, a fim de exibir suas novas criações. Desenvolveu junto as indústrias têxteis BIANCHINI-F’ERIER e Rodier pesquisas de tecidos que se adaptassem a seus trajes de esporte e de banho. Em 1929, lançou a LINHA PRINCESA, um vestido moldado a partir de uma cintura alta, dando a impressão de que os quadris estavam na altura da cintura. Desde 1919 até sua morte, Patou proporcionou considerável contribuição à moda, dominando a alta-costura e o pret-à-porter. A Maison Patou continuou após sua morte, administrada por membros da família, com BOHAN, GOMA, LAGERFELD E PIPART como estilistas. VIONNET, MADELEINE 1876 - 1975. Estilista. Nascida em Aubervilliers, França. Ainda bem nova, foi aprendiz de uma costureira. Trabalhou nos subúrbios de Paris no final da adolescência, antes de ir para Londres trabalhar com Kate O`Reiilly, uma costureira, por volta de 1897. Em 1901, retornou à Paris e foi contratada por mme. Gerber, a sócia-estilista da CALLOT SOUERS. Madeleine ingressou na DOUCET em 1907, ali permanecendo durante cinco anos. Em 1912, abriu sua própria maison, que fechou as portas durante a Primeira Guerra Mundial, reabrindo-a pouco depois. A preferida das atrizes do pré-guerra Eve Lavalliere e Rejane, mostrou-se a estilista mais inovadora de sua época. Concebia seus modelos num manequim - miniatura, drapejando o tecido em dobras sinuosas. Mestra do CORTE ENVIESADO, encomendava seus tecidos quase dois metros mais largos, para esculpir seus drapejados. Descartou o ESPARTILHO e usou costuras diagonais e BAINHA ABERTA, a fim de obter formas simples helenica. Muitas de suas roupas pareciam estranhas e amorfas, até ser vestidas. No final da década de 20 e no início da de 30, Madeleine atingiu o ápice da fama. Atribui-se a ela a divulgação da GOLA CAPUZ e da FRENTE-ÚNICA. Preferia o crepe, o crepe da China, a gabardina e o cetim para vestidos toalete e modelos diurnos, que eram geralmente cortados numa peça inteiriça, sem cavas. Os TAILLEURS possuíam saias nesgadas ou enviesadas. Os casacos envelope contavam com abotoamento lateral, e muitas peças eram abotoadas atrás ou, então, vestidas pela cabeça, sem abotoamento algum. Tiras de gorgorão costumavam servir de forro ou suporte para a parte interna de vestidos de crepe fino. Madeleine usava tecidos listrados, mas não era colorista. Forma e caimento suaves eram seus objetivos para conseguir o máximo em estilismo: um vestido que se amolda com perfeição ao corpo. Nenhum outro igualou sua contribuição técnica à alta costura. Madeleine Vionnet aposentou-se em 1939. WORTH, CHARLES FREDERICK 1825 - 95. Estilista. Nascido em Bourne, Lincolnshire, Inglaterra. Começou a trabalhar aos doze anos, numa loja de cortinas em Londres. Um ano depois, iniciou um aprendizado de sete anos no armarinho Swan & Edgar, vendendo XALES. Depois de trabalhar por pouco tempo na loja de sedas Lewis & Allenby, Worth foi para Paris, em 1845. Seu primeiro emprego na capital francesa foi na Maison Gagelin, onde vendia MANTOS e xales. Cinco anos depois, abriu um departamento de costura na loja. Em 1858, Worth fez sociedade com um negociante sueco, Otto Bobergh, e estabeleceu seu próprio ateliê. Logo se tornou o predileto da imperatriz EUGENIA, sendo a influência e o apoio dela muito propícios ao sucesso de Worth. Na década de 1860, lançou o vestido - TÚNICA, uma veste que ia até os joelhos e era usada sobre saia longa. Em 1864, aboliu a CRINOLINA e elevou a saia na parte de trás, formando também uma cauda. Cinco anos mais tarde, elevou a cintura e criou uma ANQUINHA atrás. Em 1870, quando caiu o Segundo Império, Worth fechou sua maison, reabrindo no ano seguinte. Embora a demanda de caudas e crinolinas para a realeza diminuísse, Worth continuou a ser o maior costureiro parisiense, vestindo as atrizes Sarah Bernhardt e Eleonora Duse e tendo como clientes a nobreza européia e a sociedade internacional. Retirou o excesso de ornamentalismo próprio da época, manuseando tecidos luxuosos em modelos elegantes, de linhas lisonjeira. Grande parte de seu trabalho é associado ao movimento para redefinir a forma feminina e os contornos da moda, eliminando o exagero de babados e adornos, modificando os CHAPÉUS DE PALA (afastando-os da testa) e fora da crinolina e da anquinha. Na segunda metade do século XIX, o uso copioso de ricos tecidos por Worth inspirou os fabricantes de seda de Lyon, na França, a produzir tecidos cada vez mais interessantes. Para algumas clientes, criava uma coleção completa de roupas, destinadas a cada ocasião. Sua clientela apreciava os conselhos do mestre, confiando-lhe a tarefa de realçar seus pontos fortes através de sua habilidade no manuseio do tecido. Apesar de Worth ter criado roupas de viagem e TROTTEURS, ficou famoso pelos vestidos toalete, em geral de tule branco. Foi um estilista de grande talento que possuía uma visão clara da época em que viveu. Mostrou-se capaz de vestir com o mesmo bom gosto tanto a alta sociedade quanto o demi-mode. Após sua morte, em 1895, seus dois filhos, Gaston e Jean - Philippe, continuaram o negócio, que passou por quatro gerações antes

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SCHIAPARELLI, ELSA 1890 - 1973. Estilista. Nascida em Roma, Itália. Estudou filosofia. Passou o início de sua vida de casada em Boston e Nova York e, em 1920, mudou-se para Paris. Um de seus primeiros modelos - um SUETER preto tricotado, com uma intarsia reproduzindo um laço branco resultando num efeito TROMPE-EOEIL - foi visto pelo comprador de uma loja, e as encomendas que se seguiram deram início aos negócios de Elsa. Em 1928, ela abriu uma loja chamada Pour le Sport. Seu próprio salão surgiu um ano depois. Nada agradava mais a Elsa do que divertir, fosse sendo espirituosa, fosse chocando. Suas roupas eram elegantes, sofisticadas e, muitas vezes, extremamente excêntricas, contudo possuía grande clientela. Suas idéias, juntamente com as que encomendava a artistas famosos, eram executadas com habilidade considerável. Contratou DALI, BERARD e COCTEAU para desenhar tecidos e acessórios. Jean SCHLUMBERGER produzia BIJUTERIAS e BOTÕES. O CUBISMO e o SURREALISMO influenciaram suas criações. Em 1933, influenciada pela moda egípcia, lançou a MANGA PAGODE, que partia de ombros largos e que determinou a silhueta básica ate o NEW LOOK. Elsa usava tweed em roupas de noite e juta em vestido. Seus pesados suéteres tinham os ombros almofadados. Ela tingia peles, punha cadeados nos costumes e criou a voga do traje CAMPONÊS do Tirol. Em 1935, tingiu os novos Ziperes de plástico nas mesmas cores que seus tecidos, colocando-os à mostra ao invés de escondê-los; desse modo, tornou-os decorativos e funcionais. Lançou broches fosforescentes e botões semelhantes a pesos de papel. A firma francesa Colcombet desenvolveu para ela um tecido com estampa de notícias de jornal, com o qual fez lenços. Em 1938, sua coleção Circo apresentou botões em formato de acrobatas, que pareciam mergulhar num casaquinho de brocado de seda estampado com cavalinhos de carrossel. Elsa bordava signos do zodíaco em suas roupas e vendia BOLSAS que, quando abertas, acendiam ou tocavam música. Dois de seus chapéus mais famosos tinham o formato de casquinha de sorvete e de costeletas de carneiro. Chique, ultrajante e irreverente, Schiaparelli fazia enorme sucesso. Colorista brilhante, tomou um dos tons de rosa de Berard (ao qual ela deu o nome “rosa-choque”) e o divulgou vigorosamente. Ao fundir arte com moda, Elsa Schiapareli ofereceu às mulheres outra opção de vestir. Durante a Segunda Guerra Mundial, proferiu palestras nos Estados Unidos e, em 1949, abriu uma filial em Nova York. Realizou seu último desfile em 1954. LANVIN, JEANNE 1867 - 1946. Jeanne Lanvin foi uma das estilistas mais influentes deste século, com criações que marcaram definitivamente suas primeiras décadas. Nascida na região da Bretanha francesa, foi aprendiz de costureira e, mais tarde, chapelaria, profissão com a qual iniciou sua carreira em Paris, em 1890. No começo do século 20, suas clientes encantaram-se com as roupas que Jeanne Lanvin fazia para sua irmã mais nova e para sua filha, e passaram a encomendar-lhe peças combinadas para mães e filhas, o que deu origem a sua casa de alta costura. Em 1910, o orientalismo que exercia grande influência em toda a Europa, fez com que Jeanne Lanvin passasse a apresentar roupas bastante exóticas, feitas em tecidos preciosos como veludos e cetins. Às vésperas da 1ª Guerra Mundial, ela criou os chamados robes de style, com cintura marcada e saias fartamente rodadas, que eram moda, com pequenas modificações, até o início dos anos 20. Seus vestidos tinham sempre uma concepção romântica e uma severidade que era atenuada por bordados. Tudo o que criava, transformava-se em sucesso: assim foi com seus vestidos chemisiers, com um bolero inspirado nos costumes bretões, vestidos com miçangas, especiais para dançar, vestidos esportivos de jersei de lã xadrez com fios dourados e prateados, além de pijamas para festas. O uso freqüente de um determinado tom de azul fez com que ficasse conhecido como “o azul Lanvin”. Depois da morte de madame Lanvin, a direção da casa passou para Antonio Castillo, que desde sua primeira coleção, apresentada em 1951, seguiu sempre de perto o estilo da casa. Quando Castillo deixou a maison Lanvin, em 1962 para abrir seu próprio negócio, foi sucedido por Jules Francois Crahay, que vinha do ateliê de Nina Ricci. Desde 1995, a maison Lanvin tem como diretor de criação Ocimar Versoloto. ERTE 1892 - 1990. Romain de Tirtoff, que ficaria conhecido como Erte, nome que reproduz as iniciais R e T, nasceu em São Petersburgo, na Rússia, e foi para a França em 1911. Em Paris, logo passou a trabalhar com um dos mais importantes criadores da moda deste século, o estilista Paul Poiret. Com outra personagem celebre da época, Diaghilev, Erte desenhou cenários para teatro e balé - ele havia estudado pintura na Rússia. Ilustrou também capas para a revista Harper`s Bazaar norte-americana, e criou cenários para o Folies-Bergere, em Paris, e para o Ziegfeld Follies, em Nova York. Durante uma visita a Hollywood, em 1925, Erte trabalhou como figurinista para diversos filmes. Criou figurinos igualmente para Josephine Baker. Em cada trabalho que executava, Erte deixava transparecer a inspiração que vinha de temas persas e indianos do século XVI, em soluções muito pessoais e elaboradas, com a figura feminina concebida sempre de maneira sensual. Utilizava muito peles compridas, jóias e um grande número de acessórios, que compunham figurinos com detalhes inteiramente personalizados. Depois da 2ª Guerra Mundial, Erte dedicou-se quase que exclusivamente aos figurinos e cenários para ópera, teatro e balé.

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ADRIAN GILBERT 1903 - 1959. Durante os anos 20 e no começo dos anos 30, foi das mãos deste figurinista norte-americano de teatro e cinema que saíram roupas e acessórios femininos que marcaram época. Gilbert Adrian começou sua carreira em Hollywood, criando figurinos para o então super astro Rodolfo Valentino, mas foi vestindo Greta Garbo, Joan Crawford, Hedy Lamarr e Jean Harlow, entre outras estrelas famosas, que sua fama se consolidou. Um chapéu de aba caída, criado para Garbo para o filme A woman of affairs, de 1928, tornou-se moda que durou pelo menos uma década. E um vestido de organdi branco, desenhado para Joan Crawford no filme Letty Linton, de 1932, devidamente feito em série e colocado à venda na loja de departamento Macy`s , de Nova York, vendeu nada menos do que 500 mil cópias. Joan Crawford deve a Adria o estilo que adotou ao longo da vida, roupas com ombros largos, que disfarçavam os quadris, um estilo que também foi copiado por mulheres do mundo inteiro. COURREGES, ANDRE 1923. Estilista. Nascido em Pau, França. Fez o curso de engenharia civil, mas em pouco tempo abandonou a carreira e foi para Paris, empregando-se numa pequena casa de moda. Em 1949, foi trabalhar com BALENCIAGA, permanecendo até abrir seu próprio ateliê, em 1961. No início da década de 60, Courreges lançou saias muito curtas; MINIVESTIDOS, com alças e TERNINHOS em branco e preto; calças tubo e calças de CORTE ENVIESADO; vestidos brancos com detalhes bege, e vice-versa; BOTAS brancas que iam até o meio da canela; e óculos grandes. Duas roupas eram bem delineadas e angulosas. Vestidos e casacos simples e severos de formato TRAPÉZIO eram ousadamente debruados em cores contrastantes. No final da década de 60, Courreges produziu coleções de pret-á-porter. Suavizou a austeridade de suas roupas (que nessa época haviam começado a dar a impressão de fardas) usando curvas e apresentou macacões de cosmonauta; CATSUTTS de malha; mantos com pespontos circulares em relevo em volta da cava e no tronco; VESTIDOS TRANSPARENTES; e VESTIDO RECORTADO. Suas coleções em branco possuíam detalhes em laranja azul-marinho, cor-de-rosa e azul bem fortes. Ficou conhecido como o estilista da ERA ESPACIAL, por causa de suas criações funcionais e futuristas, e detalhes supérfluos. Fechou sua casa em 1965, reabrindo-a no ano seguinte para atender a diversos clientes de alta costura e para criar coleções de pretá-porter a preços baixos. Suas coleções da década de 70 apresentaram roupas de tecidos e cores mais suaves, muitas adornadas com babadinhos. DIOR, CHRISTIAN 1905 - 57. Estilista. Nasceu em Granville, Normandia, França. Abandonou os estudos de ciências políticas para estudar música mas, em vez disso, ocupou seu tempo dirigindo uma galeria de arte e viajando até 1935, quando começou a ganhar a vida em Paris vendendo croquis de moda para jornais. Em 1938, foi trabalhar com Robert PIGUET. Passou para LELONG em 1942, onde trabalhou ao lado de Pierre BALMAIN até que o magnata do algodão, Marcel Boussac, ofereceu-lhe a oportunidade de abrir sua própria maison de alta-costura. A primeira coleção de Dior, em 1947, a princípio chamada LINHA COROLA, recebeu o apelido de NEW LOOK. Os vestidos New Look tinham saias amplas que se abriam a partir de cinturas justíssimas e CORPETES armados com barbatanas. As saias eram mais compridas do que em anos anteriores, pregueadas, franzidas, drapejadas e nesgadas e costumavam ser forradas de tule para que se armassem. Os chapéus eram usados de lado, sendo frequentemente acompanhados de uma gargantilha. Na coleção de 1948, ENVOL, as saias faziam volume atrás, usadas com casaquinhos com as costas folgadas, esvoaçantes e golas altas. No ano seguinte Dior apresentou saias justas com uma prega atrás, vestidos de noite tomara-que-caia, corpetes e casaquinhos blusados. Em 1950 as saias tornaram-se mais curtas e os casacos, grandes e folgados, alguns com GOLAS EM U. Nos sete anos seguintes Dior lançou sua versão do CHAPÉU CHINÊS, que era puxado sobre os olhos e adornado com laços, e a popular LINHA PRINCESA, que dava a ilusão de cintura alta devido a utilização de ombros arredondados em casaquinhos curtos e cintos colocados bem alto nas costas de mantos e casaquinhos. O conjunto de três peças de 1952 - casaquinho CARDIGÃ, blusa simples usada para fora da saia e saia macia de crepe, em tons pastéis - influenciou a moda por muitos anos. Muitas de suas coleções apresentavam mangas três-quartos e ESTOLAS que permaneceram em moda durante toda a década de 50. Em 1953 encurtou as sais novamente para cinco centímetros abaixo do joelho e lançou-as com mantos e casaquinhos em formato de BARRIL, mais pesados na parte superior. Dior liderou a volta dos ternos masculinos em 1954, denominando sua coleção naquele ano LINHA H. Os chapéus ou tinham abas bem pequenas ou exageradamente largas. Fez um casaquinho branco de lenço de cambraia suavemente pregueado e blusado, com o decote bordado em contas brancas. A linha H era particularmente adequada para a noite, Seguiram-se a LINHA A e a LINHA Y, em 1955, apresentando grandes golas em V e estolas gigantes. Muitas roupas de inspiração oriental entraram em moda naquele ano, inclusive a versão de Dior do CAFTA e do CHEONGSAM. Obteve também sucesso considerável com um vestido de chifon de cintura alta e alças de rolote e com um LONGO. A última coleção de Dior, em 1957, foi baseada na VAREUSE, um traje com a gola afastada do pescoço e cortado para cair solto até os quadris. Lançou também a SAHARIENNE com bolsos de abas abotoadas, uma vareuse com cinto, com a gola afastada do pescoço e BOLSOS CHAPADOS. Dior preferia o preto, o azul-marinho e o branco. Suas roupas eram complementadas com broches no decote, no ombro e na cintura. Fios de pérolas em volta do pescoço foram muito copiados desde que Dior os lançou na década de 50. A elegância indiscutível de suas linhas e estruturas esculpidas influenciou a estética feminina e estilistas durante décadas.

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ESTILISTAS INTERNACIONAIS FRANÇA Clássicos Os estilistas franceses são conhecidos como os “clássicos”, por criarem roupas que ultrapassam a barreira do tempo, e estão sempre na moda. Não seguem tendências muito passageiras e investem na elegância e na sofisticação.

Chanel Inovações de mademoiselle ü Sapatos de duas cores ü Corte de cabelo reto na altura da nuca, até hoje conhecido como “corte Chanel” ü O bronzeamento na pele, na moda européia ü Bolsa com corrente dourada

Gabrielle Chanel é uma lenda na moda chamada de “ La Grande Mademoiselle”. Viveu de 1883 ate 1971, mas sua griffe continua produzindo os famoso tailleurs (que ela popularizou), as bolsas com correntes, os vestidos pretos e o perfume Chanel nº 5, o primeiro assinado por um costureiro. Precurssora da moda, Coco, como era conhecida, diminui o comprimento das saias, dos cortes de cabelo, eliminou tudo o que considerava supérfluo.

Jean - Paul Gautier

É o inventor da moda onde o vale - tudo é a única regra. Tatuagens, vestidos longos com os peitos de fora, argolas no nariz, no umbigo... Gaultier é um provocador.

Chiristian Lacroix O luxo é a finalidade de todas as roupas inventadas por Lacroix. Ele criou o estilo barroco chic, com roupas que misturam tecidos, estampas, e muitas cores numa mesma peça. Ele coloca sua ideologia de esquerda nos desenhos de suas roupas, e diz preferir uma mulher vulgar a uma mulher burguesa. Talvez por isso tenha sido reconhecido em Nova York antes de ser adotado pelo seu país de origem.

Yves Saint Laurent Ele começou na casa Dior em 1957, quando estilista ainda era chamado de “costureiro”. Fez sucesso desde o começo da carreira, vestindo as mulheres mais elegantes do mundo. Foi o inventor das golas rule, dos vestidos trapézio, dos casacos de couro, das blusas transparentes e dos ternos, smokings e blazers para mulheres. Até hoje é a bússola de todo o universo da moda.

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ITÁLIA Pura Sensualidade Os estilistas da Itália apostam na sensualidade das mulheres e dos homens. É o país que tem maior número de estilistas que fazem roupas masculinas. Junte-se a isso o fato de os homens italianos serem tão charmosos, e imagine só o que se passa pelas ruas de Roma, Milão, Veneza ...

Prada A marca Prada (de Mario Prada) existe desde o início do século na Itália como uma das melhores confecções de sapatos. Mas foi no fim dos anos 70, quando a sobrinha de Mario, Miuccia, resolveu desenhar roupas, que a griffe Prada conquistou de vez o mundo da alta-costura. A marca registrada de Miuccia Prada, apesar de tudo, continua sendo os sapatos com meia que acompanham os vestidos.

Valentino Valentino já tem mais de trinta anos na moda, sempre fiel ao estilo clássico atualizado. Seus vestidos são luxuosos, mas sem enfeites excessivos. Vestidos longos e vermelhos (a cor predileta) são sua marca registrada. A atriz Sharon Stone já desfilou vestida de noiva para Valentino, com um vestido curto usado com uma botinha de amarrar. Ficou linda.

Giorgio Armani Armani faz roupas para homens e mulheres. Todos os anos, ele recria o terno, para os dois sexos, e cria assim um estilo muito sensual e clássico ao mesmo tempo. Cinco peças de roupa fazem a essência da mulher elegante, segundo Giorgio Armani: uma jaqueta, um suéter de lã, uma camisa de homem, um jeans e um vestido preto muito sexy.

Gianni Versace As roupas de Versace usam e abusam dos plissados, preguinhas muito juntas que dão um toque feminino aos tecidos. Seus vestidos, e até as roupas de homem que faz, procuram a sensualidade. Sair com o namorado com um de seus vestidos com fendas enormes (a abaixo do joelho) e tecidos supercoloridos é quase uma proposta indecente.

Gucci A Gucci começou como uma selaria, em Florença, em 1906.Seu símbolo é um bridão (aquilo que se põe na boca dos cavalos) e, artigos de montaria a parte, ela trouxe contribuições muito bacanas: a bolsa saco e o mocassim. Já pensou como seria a vida sem eles? Os italianos fazem das roupas que vestem um objeto voltado para a sedução. Assunto, aliás, em que são considerados mestres.

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INGLATERRA Os Ingleses são conhecidos como Vanguardistas, sempre um passo à frente do seu tempo.

Vivienne Westwood “A rainha-mãe da moda” é codinome desta estilista. “ Rainha-mãe” porque ela é inglesa e adora mexer com a monarquia, e “da moda” porque ela é a maior fonte de idéias dos últimos vinte anos. Cada peça de cada uma de suas coleções é feita para provocar um choque na platéia. Vivienne é a autora da moda punk, que revolucionou o cenário fashion dos anos 70. Alfinetes, tachas e mil objetos pontiagudos foram alguns dos elementos que ela colocou nas roupas. Tem mais de 5 anos de carreira e 54 de idade, e continua surpreendendo pela inovação.

John Galliano Ele é uma das figuras mais importantes do mundo da moda. Jovem (tem 35 anos, Na Europa, superjovem ...), polêmico e rebelde, Galliano também é conhecido por atrasar sempre a entrega de suas roupas. As clientes gritam mas continuam usando seus modelos surpreendentes. Quem veste Galliano tem uma roupa bem cortada, com técnica clássica e idéias loucas. Dessa mistura resulta uma roupa marcante, colorida e bem diferente da que a gente está acostumada a ver na rua.

JAPÃO Minimalistas Os estilistas japoneses são em geral conhecidos como minimalistas. Isso quer dizer que eles têm linhas bem definidas, corte reto, sem muitos detalhes. No Japão, a tecnologia está produzindo tecidos sintéticos, que misturam fios e melhoram a qualidade das roupas, e são a principal atração das coleções.

Issey Miyake Este é o estilista mais original do Japão. É chamado de “ o alquimista da moda”, porque faz suas roupas com uma fórmula desconhecida. Suas criações são como origamis; num de seus desfiles, a modelo entrou no palco com um lenço na mão, que foi se desdobrando ate parecer um colete. Já fez roupas de plástico, papel e palha, mas também usa tecidos de alta tecnologia. Especialista em superfície pregueadas, caneladas em baixo-relevo, sombreadas e, acredite se quiser, com técnica de produção em massa.

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Yohji Yamamoto Este é considerado um intelectual da moda. Suas roupas são quase todas monocromáticas (de uma cor só) e, na maioria das vezes, pretas. Acredita, e diz sempre que pode, que pessoas refinadas não vestem roupas coloridas. Faz roupas básicas e muito especiais. O corte de seus vestidos é a grande atração de suas coleções, o que faz com que Yamamoto seja considerado um estilista de vanguarda.

Kenzo Japonês ele é, mas vive em Paris há trinta anos. Faz roupas clássicas, tanto para mulheres como para homens. Tem o traço bem definido dos minimalistas, mas bem temperado com o romantismo dos franceses, que ele sempre admirou. Tecido preferido; seda. Cores: muitas (amarelo, laranja, vermelho, mas também abusa de tons pastel, e nunca deixa o preto de fora nas suas coleções). Marca registrada: mistura de estampas.

Rei Kawakubo Kawakubo é a estilista da griffe Comme des Garçons. O nome francês marca o início das coleções de pret-á-porter de Kawakubo. Suas roupas têm sempre um ar inacabado, cheio de recortes e detalhes tipo lacinhos. Comme des Garçons usa tecidos com cara de gastos. São roupas audaciosas, que fazem o maior sucesso nos desfiles de Paris, onde Kawakubo mostra suas coleções desde 1981. Na África Os africanos têm estilo próprio, e alguns já conquistaram a Europa: Lamine Kouyate faz roupas para a marca Xuly Bet, especialista em tecidos reciclados.Azzedine Alaia tem sua própria griffe, mas já trabalhou para Dior e Guy Laroche. Greta Garbo era sua cliente preferencial.

ESTADOS UNIDOS OS ESTILISTAS AMERICANOS ACOMPANHAM O ESTILO DE VIDA DO PAÍS: LIBERDADE E CONFORTO SÃO OS PONTOS FUNDAMENTAIS Calvin Klein O casual chic define as criações de Calvin Klein. O estilista prefere usar o linho, a seda e os tecidos de lã. Desde o começo de sua carreira, Calvin elegeu o preto como a sua cor. Em segundo lugar no ranking está o marrom, que ele chama de “o novo preto”.

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Donna Karan

A estilista de Nova York acredita que seu sucesso vem do fato de fazer roupas para mulheres que, como ela, trabalham, têm marido, filhos e amigos. Na verdade, veste gente que sai na rua de dia e de noite, e está sempre elegante. Preto é a cor favorita. Saia no joelho e cintura do blazer ligeiramente levantada são as novas tendências.

Ralph Lauren A marca deste estilista é a camisa pólo, com a qual garantiu seu lugar ao sol. Suas roupas se inspiram na elegância britânica: sofisticação romântica e durabilidade, sem choques visuais. Roupa de gente que não se interessa por grandes mudanças.

EUROPA Desconstrutivismo Você já ouviu falar de descontrutivismo/ Significa desfazer, descoser, como se alguém tivesse feito uma roupa e depois começado a desmanchá-la. Ou que no meio do processo, resolveu vestí-la. Na moda, esse movimento partiu de um grupo de estudantes da Bélgica, recém-formados e em busca de rumo para suas criações. Eram contra o estilo saia e blusa, terno e gravata dos anos 80, a tal moda yuppie. Criaram então roupas sombrias e escuras.

Helmut Lang Estilista austríaco, o preferido de artistas de cinema, Lang apareceu nos grandes desfiles há menos de dez anos. Suas roupas fazem uma celebração do simples nada de peruice. Cria novos looks em cima de peças básicas: um paletó reto feito de couro, uma calça militar com uma faixa de cetim vermelho nas laterais. Tem fascinação por gente normal, e escolhe nas ruas de Viena quem desfila suas roupas, em vez de usar as top models. Também dispensa as passarelas - seus desfile são feitos no chão mesmo. Karl Lagerfeld Nascido na Alemanha, ele trabalha em Paris como desenhista das maisons Chanel, Fendi e também da KL, sua própria griffe. É um dos nomes mais importantes da moda, que ousou colocar jaqueta de couro em cima de vestidos de noite, jeans por baixo dosmokings. Na marca Chanel, Lagerfeld diminuiu a saia dos tailleurs, mexeu nas cores e na estrutura dos tecidos. Jil Sander Estilista alemã, com estilo e ideologias bem diferentes de Lagerfeld, seu conterrâneo. Aposta na simplicidade das formas, na redução dos detalhes. A mulher que veste Jil Sander é forte, feminina, não tem nada de madame nem de perua. Jil quer destruir a imagem decorativa da mulher. Suas roupas têm um corte clássico e podem ser usadas para o resto da vida.

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A CARA DA NOSSA MODA TRADIÇÃO DE MODA A GENTE NÃO TEM MESMO, OS COSTUREIROS MAIS ANTIGOS DO BRASIL APARECERAM NOS ANOS 60. VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DE DENER, MARITO, CLODOVIL (É ELE MESMO, QUE ANTES DE TER PROGRAMA DE ENTREVISTAS FAZIA VESTIDOS PARA AS MAIORES DAMAS BRASILEIRAS ...)? FORAM OS PRIMEIROS ESTILISTAS DE SUCESSO. ALCEU PENNA Nasceu em Curvelo, Minas Gerais, em 1915. Desde cedo desenhou muito, e quando ainda jovem descobriu-se daltônico, passou a usar o recurso de marcar todas as suas tintas a lápis. Segundo sua irmã, Tereza Penna, “esta dificuldade não o impedia de ser um gênio na combinação de cores”. Já no Rio, inicia, mas logo abandona, o curso de arquitetura, preferindo ilustrar livros infantis, colabora com as revistas O Cruzeiro, A Cigarra e O Globo Juvenil. Autodidata, desenhava menus, cartazes e criava figurinos para shows. Com o fim dos cassinos, dedicou-se a seção “Garotas” de O Cruzeiro e passou a desenhar e executar os desfiles da Rhodia. Livio Rangan costumava dizer que “quando lhe tiravam o lápis, seu meio de expressão mais rico, ele ficava mudo”. Morreu em 1980, no Rio de Janeiro.

ESTILISTAS BRASILEIROS Os Grandes Nomes Clodovil Hernandez Nasceu em Elizário, interior de São Paulo,em 1937, mostrando desde muito jovem seu talento para a costura. Mudou-se para São Paulo em 1957, vindo a trabalhar em várias casas de moda, entre elas a Casa Signorinella, de alta-costura, Em 1960 ganha o prêmio Agulha de Ouro por dois modelos criados para o Festival de moda patrocinado pela Matarazzo. Dois anos depois, abre seu próprio ateliê de alta-costura, e em 1970 apresenta com grande sucesso sua coleção de Bruxelas. Sua criação envolve desde o fio até a estampa dos tecidos. Também diversificou sua linha de produtos lançando perfume, óculos, malas, roupa de cama e lingerie. Até 1985 concedia licença de uso de sua marca Clodovil para roupas prêt-à-porter. Hoje não abre mão de controlar cada peça que leva sua marca. Zuzu Angel Zuleica Angel Jones nasceu em Curvelo, Minas Gerais.Mudou-se para o Rio em fins dos anos 50, onde montou seu ateliê de costura. Criava e confeccionava saias com tecido de colchões, que fizeram muito sucesso. Dona de uma personalidade forte, defendia uma moda independente dos criadores franceses. Dizia que sua moda era para mulheres que em nada lembravam as magérrimas manequins apresentadas na alta-costura.Em 70 passou a ser conhecida internacionalmente com a venda de suas criações no Magazine Bergdorf Goodman de Nova Iorque.Entre suas clientes internacionais destaca-se Joan Crawford, Liza Minelli, Km Novak, Jean Shirpton e Veruska.Em 1971 seu filho Stuart é preso por envolvimento em atividades políticas consideradas subversivas e desaparece. Desse momento até a sua morte em circunstâncias misteriosas, em 76, aos 5 anos, Zuzu não hesitou em jogar tudo na tentativa de esclarecer o desaparecimento do filho. “ Não vacilou em bordar tanques, pássaros aprisionados, anjos mutilados e manchas de sangue sobre vestido de gaze verde-amarelo. Criados para um desfile na residência do cônsul brasileiro em Nova Iorque, esses vestidos transformaram o que seria apenas a abertura de uma temporada no primeiro - e ao que se sabia, único - desfile político da história da moda. A repercussão foi mundial” (Revista Cláudia Moda).

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Casa Canadá Fundada em 1928 como peleteria, passou “a casa de moda feminina de luxo em 1944, tornando-se a primeira Boutique do Brasil, sob a coordenação de moda de Mena Fialla e Cândida Gluzman. Após seu primeiro desfile, a Canadá de Luxo passou a ditar moda no Rio para uma minoria freqüentadora dos acontecimentos marcantes da cidade. Eram seis desfiles por ano, sendo a Canadá responsável pelo lançamento da primeira manequim brasileira, Nilza Vieria da Cota, e das atrizes de hoje, Ilka Soares e Norma Bengel. Jacob Pelicks, seu presidente, morre em 1956, ficando sua esposa como sucesso. Dez anos depois, tendo vestido toda a alta sociedade brasileira, é fechada a Casa Canadá.

Casa Vogue Fundada nos anos 40, na Rua São Bento, centro da capital paulista, mudou-se mais tarde para a Rua Marconi. De propriedade de Paulo Franco, a Casa Vogue, foi, na opinião do costureiro José Nunes, a loja de moda mais importante do Brasil. Seus modelos eram fielmente copiados dos franceses e suas peles eram internacionalmente famosas. A princesa Fernanda, irmã de Baby Pignatari, vinha da Europa comprar peles aqui. Mais tarde, mudou-se para a Av. Paulista, cresceu e popularizou-se. Fechou nos anos 70. Markito Nasceu em Uberaba, Minas Gerais, em 1952. Desde garoto desenhava vestidos e fantasias para uma escola de samba de sua cidade. Recém-chegado a São Paulo, vendeu logo as primeiras peças com a etiqueta Markito. Em 82, com 30 anos, já tinha 150 empregados, vendendo 300 vestidos de alta-costura por mês. Em sua notável carreira de estilista vestiu várias artistas, entre elas: Simone, Gal Costa, Sonia Braga, Marília Pera, Vanusa e Cristiane Torloni, e figuras da alta sociedade, com estilo sensual e elegante. Seus vestidos podiam ser encontrados na boutique Henri Bandel’s na Rua 57, em Nova Iorque, e a partir de dezembro de 82 na boutique Fiorucci, no Brasil. Morreu em 1984. Dener Pamplona de Abreu Nasceu em Belém do Pará, em 1937, vindo para o Rio pouco tempo depois. Evidenciando desde cedo sua forte tendência para a moda, aos 17 anos faz suas primeiras criações para Ruh Silveira. Em São Paulo, por ocasião do festival de modas patrocinado por Darcy Penteado, conhece Maria Augusta Teixeira, dona da loja Scarlet, que o convida para trabalhar com ela. Mais tarde abre seu próprio ateliê e diversifica suas atividades lançando, a alta-costura, prêt-à-porter, a linha infantil Baby Dener, as linhas de botas, sapatos, meias e o perfume Dener de Dener. Muito interessado por cultura de uma maneira geral. Dener pontuou com um elevado senso estético seus trabalhos de decoração de interiores e de Direção de Arte para Teatro. Morreu em 1978, aos 41 anos. Madame Rosita Nas décadas de 40 e 50 Madame Rosita era uma das que ditavam moda em São Paulo. Sua loja/ateliê na Av. Paulista, freqüentada pela alta sociedade paulista e carioca, até bem pouco tempo só trabalhava com tecidos importados. Os modelos eram copiados de tela trazidas da Europa. O mesmo cuidado dispensado às suas criações orienta o acabamento das peles que vende ainda hoje. Mena Fiala e Candida Gluzman Filhas de italianos, passaram a infância em Petrópolis, onde conviveram com as criadoras de moda Marieta Pongetti e as irmãs Falconi. E foi no ateliê destas que Mena, aos 15 anos, aprendeu a fazer chapéus. Mais tarde, já no Rio, são contratadas como estilistas e coordenadoras de moda da Casa Canadá. Continuaram trabalhando juntas mesmo após o fechamento da Canadá em 1957. Graças a elas as brasileiras passaram a receber, razoavelmente, as informações da moda européia. Depois de 73 passaram a trabalhar apenas com modelos exclusivos, principalmente para noivas.

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ATUALIDADES REINALDO LOURENÇO Nascido em Presidente Prudente, no Interior de São Paulo, Reinaldo veio para São Paulo na década de 80, quando começou a trabalhar como assistente da estilista Gloria Coelho, com quem se casou um tempo depois. Também foi assistente de estilo de Costanza Pascolato. Em 1984, achou que deveria investir no seu talento e dedicar-se a criação e a confecção de roupas. Começou criando peças masculinas. Mas, logo em seguida, iniciou a produção de peças femininas, que desde o início já se destacavam pelo traço moderno e pessoal. ALEXANDRE HERCHCOVITCH O estilista, que atualmente vende suas peças nos Estados Unidos, Japão e Inglaterra, desde criança tem contato com a moda. Sua mãe era dona de uma confecção de lingerie e, por isso, teve grande influência em seu trabalho. “Quando crio, penso muito no estilo das roupas que ela usava”. Ele é, claramente, influenciado pela década de 80. “Foi neste período que passei a minha adolescência”. Formado com a primeira turma de moda da Faculdade Santa Marcelina, em 1993, ele também estudou Artes Plásticas. No final dos anos 80, foi fotógrafo de personalidades no Jornal da Tarde, porém sempre soube que seria estilista. Quando lançou sua grife em 92, era influenciado pela estética sadomasoquista e vestia os frequentadores do undergound paulistano, além de artistas. Hoje, a sua moda é mais comercial, mas mantém um toque especial e diferenciado. Alexandre, que acabou de lançar uma linha fitness para a academia Bio Ritmo, divide seu tempo entre a coleção feminina da Zoomp, os bodies e as lingeries assinados para a Puket e a sua própria confecção. WALTER RODRIGUES Nascido no interior de São Paulo, em Herculândia, Walter sempre foi um garoto introvertido, de poucos amigos e que adorava História. A mãe costurava para as vizinhas mas, para ele, isso não o influenciou na escolha da profissão. “Acho que a moda foi o meio mais fácil que encontrei para expressar os meus sentimentos”. Quando adolescente, se mudou para Tupã, também no interior do Estado, onde foi trabalhar em uma loja de roupas, que vendia marcas conhecidas como Soft Machine, Maria Bonita, Huis Clos e Aquarela. “Foi lá que aprendi diferenciar os tecidos e a entender mais de estilo”, conta Walter, que era conhecido na cidade pela sua forma diferenciada de atendimento, já que sempre dava conselhos de moda aos clientes. Era, na verdade, um consultor. Aos 23 anos, veio para a capital, onde começou trabalhando como produtor de moda na revista Ma. Em seguida, participou da equipe de estilo da Cori, foi assistente de Clô Orozco e lançou, conjuntamente com Áurea Yamashita, a Satore. Trabalhou como diretor de arte em parceria com o fotógrafo Miro e foi estilista da confecção de moda feminina Bicho da Seda. Em 92, Walter lançou sua grife.

MARCELO SOMMER Ex-estudante de uma das escolas de moda mais conceituadas em moda do mundo, a “Saint Martin School of Arts / Design”, situada em Londres, Sommer inaugurou sua marca em 1995, quando expôs no Mercado Mundo Mix. “Sempre me preocupei em fazer peças para um grupo de pessoas que não encontravam o que queriam”, conta. Desde então, a grife Marcelo Sommer vem crescendo muito e se firmou, ainda mais, ao entrar no Morumbi’Fashion. “A exposição da minha marca ficou ainda maior.”

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TUFI DUEK Tufi Duek é estilista por vocação e autodidata. Diz que tudo o que está a sua volta influencia no seu trabalho. “É uma questão de observar e perceber como passar as referênciaspara o meu design e estilo”. CARLOS MIELE

Passou a infância no bairro paulistano de Santa Cecília, onde adorava brincar na rua. Talvez daí venham as suas referências aos mendigos e catadores de lixo que via pelo bairro. O avô era tintureiro. “Lembro perfeitamente das peças de roupa dependuradas pela casa”, diz Miele, que é formado em Administração de Empresas. “Acho que nunca poderia seguir sua carreira, já que não uso ternos”, observa ele que, durante o verão, quase só veste bermudas. Miele criou a M. Officer em 1986.

RENATO KHERLAKIAN Paulistano, Renato cresceu em meio a alfaiates e tecidos na loja de casimiras do pai. Aos 13 anos, começou a trabalhar na venda de calçados dos irmãos. Mais tarde, na década de 70, circulando pela Galeria Ouro Fino, na então badalada Rua Augusta, Renato foi visto por uma dona de loja que se interessou pela sua camisa. Foi o pontapé inicial para o surgimento da Zoomp, que logo veio a se transformar numa das marcas mais conhecidas do Brasil. Já mais ligada aos movimentos de rua, a Zappig surgiu no inicio dos anos 90, criando uma ampla opção de modelos e tendências e traduzindo o conceito de “supermercado de estilos”.

FAUSE HATEN Fause formou-se em Administração de Empresas, mas iniciou outros cursos, sem terminá-los: Arquitetura, Artes Plásticas e Comércio Exterior. Seu envolvimento com moda se deu quando começou um pequeno negócio, comprando tecidos e fazendo roupas. Montou a Der Haten, em 87, lançando modelos de alta-costura. Fause passou a assinar seu nome em suas criações a partir de 97. E o reconhecimento internacional pelo seu trabalho se deu em 99, quando foi convidado para desenvolver uma coleção exclusiva para a grife de Giorgio Beverly Hills, em Los Angeles. Após o MorumbiFashion, Fause viajava para Nova York, onde participara, com um desfile, da “Semana de moda”, a convite dos organizadores.

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WALDEMAR IIODICE

Ele credita sua paixão por moda a um tio que, na sua infância, tinha uma fábrica de camisas, ao mesmo tempo que sua mãe era costureira. “Desde pequeno gostava de ajudá-los”, diz o estilista. Estudante de Ciências Contábeis na década de 70, inaugurou a marca Iodice em 1986, que, hoje, soma mais de 500 pontos de venda em todo o país.

GLORIA COELHO

Filha de baianos e nascida em Minas, trabalha em São Paulo com as antenas ligadas em Paris, Londres e Nova York, Gloria faz roupas de vanguarda, para gente que também está ligada no mundo. Começou na Moda, com umas amigas, fazendo bijouterias e roupas, para levantar um dinheirinho. Um dia foram à rua do Gasômetro comprar cordão de sapatos e descobriram uma mulher que fazia roupa de bebês. Criaram então, camisetas com tecido de fralda que venderam como água.

MARCIA GIMENZ

Paulistana, Marcia vivia no ateliê de sua avó quando era criança. “Enquanto ela fazia vestidos para noivas, eu costurava roupas paraminhas bonecas”, lembra a estilista que, na adolescência, já criava suas próprias roupas ou modificava as peças que comprava. Formada em História, pela Usp, no final dos anos 70, trabalhou como produtora de moda na Editora Abril. Em 1982, inaugurou a Equilíbrio, sempre com a preocupação de fazer uma moda “para a mulher integrada ao dia-a-dia, moderna e sem exageros”.

OCIMAR VERSOLATO O único brasileiro a participar dos desfiles de Paris. Ocimar faz vestidos clássicos, de boa qualidade e preços altos. Fã dos longos com alcinhas finas, este ano lança tailleurs e blazers, na coleção mais sofisticada que já produziu. Seus vestidos são encontrados nas maiores lojas de Nova York e Londres.

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OUTROS: - CLÔ OROZCO - HUIS CLOS - terezina santos - patachou - RENATA SCHMULEVICH - FIT - nelson alvarenga - ellus - RENATO LOUREIRO - lino villaventura - ricardo almeida

PROPOSTA DE TRABALHO - Apresentar 5 criações de um determinado estilista; - Fazer 3 releituras deste material, apresentadas como ilustração de moda.

TUDO COMEÇOU ASSIM Longe de ateliês de alta costura, do glamour dos salões de moda, do charme de desfiles, nasceu um dos mais marcantes estilos do século 20, personificado nas calças feitas com tecido indigo - os jeans, e nasceu pelas mãos de Levi Strauss, que deixou a Baviera, atual Alemanha, sua terra natal, rumo aos Estados Unidos, em 1847. Em Nova York, ele abriu uma alfaiataria, mas com a corrida do ouro, que monopolizava a atenção de todos, resolveu também seguir para o oeste do país. Começou, então a vender aos mineradores uma lona marrom, usada como cobertura de barracas. Para atender a um cliente, Levi Strauss confeccionou uma calça comprida com essa lona, que pela sua resistência acabou sendo adotada pela maioria dos trabalhadores. Alguns anos depois, passou a fazer essas peças de um tecido francês, um brim na cor azul, conhecido como denin, por ser originário da cidade francesa de Nimes - a designação “de Nimes” acabou se transformando em denin. As calças, por sua vez, por serem muito usadas por marinheiros europeus, acabaram ganhando o nome de jeans, por uma corruptela da palavra Gênes, grafia francesa da cidade portuária italiana de Gênova. Forte, durável, facilmente lavável, esse tipo de roupa firmou-se como indumentária de trabalho, conquistando mais e mais consumidores. Em 1872, Strauss registrou a patente de sua invenção. Um ano mais tarde, em sociedade com Jacob Davis, um alfaiate de Carson City, Nevada, ele patenteou uma roupa que possuía rebites de cobre nos pontos de maior tensão, estilo que se mantém até hoje no modelo básico dos jeans. A moda entrou com força no século 20, e a partir dos anos 40, o denin passou a ser usado em outras peças, como saias e jaquetas. Nos anos 50, foi parar nas telas dos cinemas, nos shows musicais de rock´n roll, e a moda explodiu no mundo todo: nos anos 60, os jeans tornaram-se o uniforme do movimento hippie, nos anos 70 viraram símbolo de status, assinados por estilistas de prestígio, na década de 80 consagravam-se no prêt-à-porter e até em modelos mais arrojados de alta costura, e chegam ao fim do século tão jovens como quando foram criados. A data de nascimento de Levi Strauss é desconhecida. Ele morreu em 1902, mas a empresa que produz o jeans Levi´s, nos Estados Unidos, ainda é administrada pela família dele. (Do Livro Os Estilistas do Século 20, de Eda Romio, publicado por ER Comunicações)

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01 - A HISTÓRIA Modelo “501” é o jeans de 5 bolsos, com etiqueta de couro, tachas e botões de cobre, fabricado pela levi´s. A denominação surgiu pela primeira vez em 1890, Tirada de um lote de tecido que levava esse número na caixa. CURIOSIDADE Nos anos 30, o jeans já era a roupa de trabalho preferida pelos vaqueiros e trabalhadores rurais americanos. Até os grandes fazendeiros (ranchers) o adotaram (ingleses). Por isso, chegou ao Brasil, nos anos 50, com o nome de calça rancheira. PESOS E MEDIDAS Hoje, os tecidos usados nas confecções de jeans são leves ou pesados, dependendo do estilo a ser confeccionado, como five póckets ou oversized. A medida de peso é inglesa. Chama-se onça (oz). Cada onça vale 28,35 gramas, portanto um tecido de 10 oz pesa 283,5 gramas por m2. LAVAGENS Depois que as calças estão prontas e tingidas com o legítimo índigo blue, inicia-se o processo de lavagem química. Ela é feita com detergentes, cloro, enzimas (ácidos ou neutros) e pedras pomes. O atrito que a pedra vai produzir em contato com os produtos faz com que o tecido se desbote.

Tecidos / Lavagens Tecidos

Lavagens

# Soft Tencel É confortável sem perder a resistência do jeans.

# Destroyed É o jeans com cara de velho, bem desbotado. A lavagem é feita com pedra e enzima. Com o uso, ele vai ficando mais claro.

# Black Blue Yarn Este tecido mistura duas cores fortes - o azul e o preto. O preto vai desbotando até chegar ao azul-escuro. # 16 Dips O azul é bem forte. Também, o tingimento é feito dezesseis vezes! # Work Denim Lembra o antigo jeans dos mineradores. É muito resistente, mas traz o conforto da tecnologia moderna. # Denim Índigo 10 oz É um tecido leve, muito usado para fazer o jeans do estilo oversized. # Life Denim Apesar de encorpado, tem uma textura fina. Por ser leve fica perfeito nas lavagens superstone e destroted. # Denim Índigo 14 oz É o tecido mais pesado. A vantagem está na resistência e durabilidade.

# Used As partes das coxas e do bumbum ficam mais claras que o resto do jeans. O que dá esse efeito é uma lavagem com pedra e cloro. # Délavê É o jeans todo desbotado, bem clarinho. # Amaciado O jeans fica com cara de que nunca foi lavado, com um azul bem escuro. # Superstone Essa lavagem desbota levemente o jeans, que continua com um azul forte.

# Índigo com Lycra Muito usado nas calças cigarette e montaria, porque este tecido modela o corpo e dá flexibilidade aos movimentos.

# Black and Black Como o próprio nome diz, é um tecido tingido duas vezes de preto.

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O JEANS E A MODA Já faz uns 40 anos que o jeans reina absoluto quando o assunto é casual wear. O segredo para a longevidade está em nunca ser o mesmo; é reinventado, reformulando toda estação. Afinal é isso que movimenta o mercado, especialmente, em se tratando de um produto cuja principal característica é a durabilidade. Nos últimos anos as mudanças foram, por exemplo, a modelagem, que hoje está mais masculina para as mulheres e mais ampla para os homens, o corte mais seco é o beneficiamento, área que hoje é a grande responsável pelas inovações. As possibilidades são inúmeras. Estampado, descolorido, bordado, com barra virada, em lycra, baggy ou cigarrete, colorido, branco, delavé, com pregas ou totalmente básico. Quem não possui no armário pelo menos uma dessas versões? O que poucos sabem é que o tão procurado modelo 5005, o clássico five pockets, cujo único detalhe são os pespontos, não passa de uma cópia do original 501, confeccionado por Levi Strauss. Como se vê, numa onda de nostalgia resgatou-se o pioneirismo. A primeira grande transformação do jeans de Levi aconteceu logo após o lançamento. Para compensar as costuras frágeis (em razão do tecido muito duro), adotou-se tachas de cobre nos contornos dos bolsos, o que lhes deu maior resistência. De lá para cá, a ordem foi inovar sempre para garantir presença em todas as estações. Se, no início, a exigência básica era resistência às lavagens, mantendo-se a mesma tonalidade, algum tempo depois a ordem era desbotar e perder o vinco. Assim, há quem tenha vendido calças e jaquetas acompanhadas de lixas capazes de apressar o desbotamento (à custa de muito esforço, é claro). O look casual do jeans chegou ao ponto de apresentar bem envelhecido, pálido e completamente sem cor. “Surrado” como se dizia na época. Nas últimas coleções, porém, o charme de parecer usado passou a ter força de lei. mesmo que para isso seja necessário aplicar milhões de dólares em inovações tecnológicas. Neste caso, desbotado não significa surrado. Ao contrário, é sinônimo de domínio de tecnologia. Um jeans pode ir do banal ao novo com uma facilidade incrível, portanto, qualquer detalhe pode ser o Toque de Midas, garantindo mais vendas. A calça jeans abriga os paradoxos da moda, e é por tradição uma peça produzida em massa consumida por todas as classes em grande escala. No entanto, nada é mais individual nem acumula tantas “marcas” de quem a utiliza. A cada dia a tecnologia deixa mais fácil tornar uma calça única, porém é o espírito jovem e inovador que faz a diferença.

MERCADO Talvez seja a única peça de roupa que vai entrar no novo século - e no novo milênio - exatamente como nasceu, há mais de cem anos. O jeans entrou e saiu de moda, ganhou vários tons de azul, diversas gramaturas de tecido, tornou-se maleável, com a incorporação do fio de elastano, foi banido e afinal aceito quase sem restrições em locais mais sofisticados, representou a cara perfeita do protesto de uma juventude para a qual era proibido proibir, tornou-se uniforme predileto também dos que não ousavam protestar. Nessa história, o Brasil garantiu seu lugar de honra: é atualmente o segundo maior consumidor de jeans do mundo, com cerca de 120 milhões de peças por ano, perdendo apenas para os Estados Unidos, com suas 600 milhões de unidades anuais. E está a postos para melhorar sua performance. A partir de agora, e pelos próximos anos, as indústrias de jeans pretendem revolucionar o mercado, mudando estratégias de marketing e de produção, para atingir um número ainda maior de consumidores. Retomadas de marcas, terceirização, lançamento de novas etiquetas, tudo faz parte de um momento muito especial arquitetado pelos produtores de jeans.

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Clochard

Rasgada

Rancheira

Calças com a cintura mais larga e que são de amarrar.

Qualquer modelo pode ser rasgado em qualquer lugar.

Com formato tradicional e barra virada.

Cintura baixa

Cintura alta

Grunge

Depois do zíper, a volta do botão, com sensualidade.

A cintura fica acima do umbigo.

Bem folgada, com bolsos, grandes e fundo caído. Tem um visual agressivo.

Semibaggy

Baggy

50 l

Uma variação das calças baggy. Fez sucesso nos anos 80. é mais justa que a original.

Vem do inglês bag (saco). Bem folgada desde o quadril até o tornozelo.

A original, com pedigree. Antes usada por trabalhadores, hoje pelo mundo inteiro. É o modelo tradicional.

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Cigarette

Saint Tropez

Boca-de-sino

Calças Calças com justas a cintura e estreitas. mais larga e que são de amarrar.

Qualquer pode sercom rasgado Tem omodelo corte parecido a em qualquer lugar. é baixa. boca-de-sino, mas a cintura

Cortadas emtradicional forma de sino do Com formato e barra joelho até o tornozelo. virada.

A HISTÓRIA DA MODA

A história da moda é tão velha como a história da própria roupa. Desde que o homem descobriu que esta poderia ser uma proteção contra as intempéries, não passou muito tempo sem que ele descobrisse o lado estético dessa mesma roupa, e é incontestável que as roupas têm sido usadas talvez por ser mais fácil - como meio de expressão artística; atualmente ainda é um meio através do qual o homem exteoriza algumas de suas idéias não só sobre sí como sobre o mundo. SURGIMENTO As grandes civilizações surgiram nos vales férteis do Eufrates, Nilo e regiões tropicais onde o frio não foi o principal motivo para o uso de roupas. Em regiões frias da Europa, o homem primitivo caçava e abatia os animais pela carne e pela pele. Nos climas temperados houve a utilização de fibras animais e vegetais. Sendo assim, a indumentária surgiu também como adorno para cobrir o corpo. Na idade dos metais surge a agulha, descoberta através de gravetos. Com ela veio a costura das roupas (8 mil a 1 mil a.C.)

CRONOLOGIA Anos a.C. - Povos Primitivos

Paleolítico

5 Milhões de - Ramificações

500 Mil - Fogo

4 a 3 Milhões - Australopithecos

100 Mil - Homo Sapiens (Neanderthal) - Pedra Lascada

2 Milhões

- Homo Habilis

50 Mil

1 Milhão

- Homo Frectus

- Homo Sapiens Sapiens (Cromagnon) - Homem

Agulha 40 Mil

- Idade da Rena

8 Mil a 1 Mil

- Neolítico (Idade dos Metais)

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DESIGN DE MODA Milênio V a.C. (5000 ) a Mil a.C. ( 1000 ) a Assírios

MESOPOTÂMIA:

a Sumérios

a Babilônios

CRETA e EGITO Ano 0 - O Nascimento de Cristo Milênio IV a.C. (4000) a século IV d.C. (400)

Século VIII a.C. (800) a Século V d.C. (500)

a Grécia

a Roma

Fins Século IV - Divisão do Império Romano

Século V a Século XV

a Ocidente (Roma) - Até Século V a Oriente (Bizânico) - Até Século XV

a Europa Antiga a Idade Média

(Invasões: Vickings, Tártaros, Eslavos, Judeus, Cristãos, Bárbaros, etc) Fim Século XV - Renascimento

Século XVI

Século XVII

Século XVIII - 1789: Revolução Francesa

Século XIX - Belle Époque: Maior Século da História

Século XX

- Década 10 a Década 90

Século XXI ano 0

5000

2000

Nascimento de Cristo

100

200

1500

1900

2000

HISTÓRIA DA MODA - CONTEXTO

É quase impossível tornar-se um designer ou estilista competente sem ter um conhecimento do contexto histórico, geográfico, econômico e social da área em que voce planeja desenvolver sua carreira criativa. As universidades oferecem várias diciplinas e matérias optativas em ciências humanas, estudos culturais e administração de empresas. Participar de seminários e redigir ensaios podem ser tarefas obrigatórias e avaliadas formalmente durante um curso de moda, e não devem ser encaradas como um tempo perdido que será melhor passar no ateliê. As lições e as percepções obtidas por meio de análises e teorias do passado, discussões em grupo, investigações intelectuais e escritos acadêmicos provarão ser inestimaveis e inspiradoras durante todo o curso, bem como essenciais à própria carreira. As condições socioeconômicas e o mercado estão em constante movimento, e o contexto e as motivações para compra de roupas parecem mudar várias vezes durante sua vida profissional. Os criadores de moda não podem confiar na intuição. Pesquisas atentas e capacidade de ler os sinais de mudança são o ponto de partida para qualquer criação e para realizar um bom negócio, e colocarão voce na dianteira do jogo.

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HISTÓRIA DA MODA - CONTEXTO

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? PRÉ - HISTÓRIA As primeiras matérias empregadas pelo homem pré - histórico, para se vestir, correspondem necessariamente às exigências do clima e de suas atividades cotidianas. O frio seco e penetrante do final do Paleolítico Superior (períodos aurinhacense, solutrense e madeleniense, entre cerca de 1800 a.C. e 9000 a.C.) não o deixava sair das grutas mais do que dois ou três meses. No verão, para a caça de cavalos em manadas (durante o estágio aurinhacense) ou mesmo de renas. O uso de peles de animais assegurava a proteção corporal essencial para as condições atmosféricas da última era glacial. Para a preparação das peles, especialmente aquelas utilizadas para as roupas, conhecem - se os instrumentos: raspadores e cherrua de lâminas de silex, cujo perfil, muito característico, não varia quase nada durante o Paleolítico: facas para cortar couro, pentes de chifres de cervos, usados no Neolítico, parecidos com os instrumentos empregados pelos esquimós para preparar suas peles. O homem pré - histórico serviu - se do preparo de elementos químicos, tais como sais de argila. Depois eles se reuniam e costuravam as peças com fios extraídos de nervos de animais ( tendões de renas, por exemplo ) ou emprestados das crinas de cavalos, enfiados em orifícios de agulha de osso, de marfim ou chifre de rena, encontradas em grutas do Paleolítico na Criméia. Igualmente recolheu-se costuradores feitos de placas de osso crivados de pequenos furos. Mesmo que mal conhecia, a vestimenta, durante o Paleolítico Superior, não devia diferenciar sensivelmente da dos esquimós, composta de uma disposição de botões de osso, perfurados, freqüentemente decorados com imagens. O corte dos vestidos de tecido mais tarde encontrados em Muldbjerg e Trindhoj mostra bem que o modelo primitivo era uma vestimenta de pele de animal: as amarrações de ombros derivam claramente das partes de animais e, além disso, a dimensão desses vestidos corresponde exatamente ao tamanho de suas peles. Outra evidência do uso de peles de animais encontra - se nos saiotes curtos “ Kaunakès” da Suméria, do período preagatense ( por volta de 3000 a.C. ): o nó nas costas constitui verdadeiramente a sobrevivência da pele de animal. As tatuagens, as incisões epidérmicas ou as pinturas rituais que ainda hoje, ainda que com causada regressão, estão em uso, devem ser freqüentes naqueles tempos, como testemunham algumas mostras que podemos apreciar em suas pinturas rupestres e em algumas das esculturas que se conservam até o nosso tempo, encontradas em museus. As peles dos animais caçados e alguns trabalhos traçados de fibras e cascas vegetais devem ser situados como o princípio da mais elementar indumentária, tanto no que corresponde à vestimenta quanto no que se refere ao calçado. As conchas, as sementes vegetais, as pedrinhas de variada policromia e qualidade, as garras ou dentes de vários animais poderiam ser utilizados para adornos ou enfeites.

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MESOPOTÂMIA Na indumentária dos sumérios (2500 a.C.) aparecem as franjas de borlas decorativas e de bordados; na tumba da rainha Shbuad de Ur (3500 a.C.), foram encontradas ricos adornos para cabeça, como o formado por numerosas folhas de ouro; mais tarde (3000 a.C.) aparecem alguns colares e braceletes, anéis e alfinetes para a indumentária, em ouro ou em cobre, usados pelas mulheres. Na Babilônia, por volta do ano 2000 a.C., os vestidos eram suntuosos, com adornos policromáticos de circulos e rosáceas que as vezes eram bordados. Na Assíria, eram freqüentes valiosas jóias, como os compridos brincos em forma de nós ou as faixas com rosetas de ourivesaria, colares de numerosas voltas com amuletos e largos braceletes com temas ornamentais em rosáceas. Os Hititas provavelmente adquiriram dos assírios o uso dos largos colares e braceletes, e, dos micênicos do século VIII a.C., o uso das grandes fibulas em arco. Pontos Fortes Povos: Sumérios, Assírios, Babilônios e Kanaukés a Saiote curto de pele de animal

a Brinco, pingente, pulseiras, gorro

a Babados, franjas

a Cores: Púrpura, Vermelho e Preto

a Saia envelope, Mantos

a Sandália sem calçar

a Xale enrolado, Túnica

a Cabelo encaracolado, barba

a Grelô: Adorno, franja de bolinhas

CRETA Em Creta, de 2100 a.C. as pequenas figuras em terracota de Petsofa mostram já fixos os caminhos das roupas: torso nu, completo para os homens e parcial para mulheres: lembram aquelas roupas de vários povos pré históricos da Ásia Próxima, princípio do ponto de apoio do tipo característico da tanga apertada, atada à cintura. É uma herança da pré - história que se faz ver nesse hábito do torso nu dos cretenses, adquiridos de seus ancestrais da idade da Pedra. Mas é entre os períodos de 1750 a.C. a 1580 a.C. até 1580 a.C. a 1450 a.C. que apareceram diversas peças de roupas costuradas, utilizando ricos tecidos: vestidos e complementos variados, avental, corpete, chapéus de diversos modelos. Este período é para indumentária um dos mais curiosos e luxuosos. A tanga, comum a todos os povos do Mediterrâneo Oriental, é de uso geral, substituindo mais e mais o simples tapa-sexo preso a cintura, ou combinando-se com ele. Antes do século XVIII a.C., a mulher cretence parece estar vestida de tanga, comum aos dois sexos, mas sem dúvida de uso mais freqüente que os homens em forma de saiote; a saia propriamente dita nada mais é que o alongamento dessa tanga, mas distingue-se do saiote primitivo provavelmente pela aparição da tecelagem. Pontos Fortes a Seio farto, saia, colete a Colete ajustadíssimo, contorno em metal a Avental a Saia em camada a Muito colorido, vermelho

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a Muita jóia a Tanga masculina com faixa a Minotauro a Saiote, bota: roupa de guerra

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EGITO O vale do Nilo não é mais quente do que o Eufrates, mas a vestimenta egípsia era muito mais sumária e leve do que as da Assíria e da Babilônia. Na verdade, as pessoas das classes mais baixas e os escravos dos palácios andavam quase ou completamente nus. O uso de roupa era uma espécie de distinção de classes. Felizmente, sabemos muito sobre a vestimenta do Egito Antigo através de estatuetas e pinturas em paredes que, graças ao clima extremamente seco, foram preservadas em grandes quantidades. A documentação disponível é maior do que a de qualquer outra civilização antiga, sendo o traço mais marcante sua qualidade estética. Em um período de aproximadamente 3 mil anos, as mudanças foram mínimas. Durante o período conhecido como Antigo Império ( isto é, antes de 1500 a.C.), o trage característico era o “chanti”, um pequeno pedaço de tecido usado como tanga e preso por um cinto. Para os reis e dignatários era pregueado e engomado e, algumas vezes, bordados. Sob o Novo Império (1500 a.C. - 332 a.C.), os faraós também usavam uma túnica longa, franjada, chamada “Kalasiris”, que, sendo semitransparente, permitia que se visse o “chanti”por baixo. Era feita de um pedaço de pano retangular, às vezes tecido em uma só peça - quando usada pelas mulheres, produzia um efeito ajustado sob os seios e era presa aos ombros por alças. ( A aparência extremamente justa das roupas femininas em esculturas e pinturas deve-se provavelmente às convenções da arte egípcia: as roupas, é quase certo, eram mais amplas ). Uma capa curta as vezes cobria os ombros, ou então o pescoço era circulado por uma gola larga, adornada com jóias, deixando os seios descobertos. Diferentemente de outros povos antigos, os Egípcios faziam pouco uso da lã, uma vez que fibras animais eram consideradas impuras. Após a conquista Alexandrina, passou a ser utilizada na fabricação de roupas comuns, mas ainda era proibida nos trajes dos sacerdotes e nos usados em funerais, Para esses casos, exigia - se o linho mais fino. Os Egípsios antigos possuiam padrões de higiene extremamente elevados, e uma das vantagens das roupas de linho fino estava em que podiam ser facilmente lavadas. Por motivos semelhantes, os homens raspavam a cabeça e usavam um adorno feito com um quadrado de tecido listrado que circulava as têmporas e formava pregas quadradas sobre as orelhas. Nas cerimônias usavam perucas, confeccionadas seja com cabelo natural, seja com fibras de linho ou de palmeira. Essas perucas foram encontradas em tumbas muito antigas e o costume de usá las durou milhares de anos. As jovens princesas retratadas em afrescos também tinham a cabeça raspada, mas as mulheres maduras não, sendo seus cabelos ás vezes frisados ou ondulados. Os Egípsios não usavam chapéus. O que vemos nas cabeças dos faraós é uma coroa, ou melhor, duas coroas, “A coroa do Norte e a do Sul”, uma delas com a forma de um pequeno círculo e a outra com forma de um elmo cônico. Naturalmente, os guerreiros usavam capacetes de metal. Após a conquista grega, a vestimenta egípcia foi modificado com as influências estrangeiras, apesar de o extremo externo coservadorismo dos egípsios ter preservado os custumes antigos pelo menos em cerimônias festivas e religiosas.

Pontos Fortes a Roupas transparentes a Chanti: tanga a Plissado, roupa justa a Haik: Faixa que cai sobre a tanga a Peitoral a Trama na diagonal, enviesado a Linho e algodão a Chapéu unificado

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a Usavam pele para incorporar os animais sagrados a Nefertite: Cabeça amassada, deformação do crânio a Kool: Maquiar com vela a Unha e baton da mesma cor a Joalheria: Unix, Ouro a Grampos: Presilhas de Ouro a Kraft: turbante a Sandálias: couro e papiro

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GRÉCIA Desenvolveu - se nos âmbitos mediterrâneos uma grande etapa encabeçada por Grécia e continuada por Roma, que se caracteriza por uma indumentária que se conserva idêntica através de vários séculos. A túnica e o manto, tecidos com linho ou com lã, são seus elementos básicos, sem diferenças entre as usadas por homens ou mulheres e sem uma forma concreta, pois simplesmente se adaptam ao corpo. Com isso formam peças móveis e vivas, com muitas possibilidades de variação em seu porte e sem demasiados problemas profissionais para sua obtenção. O modo de vida e as naturais diferenças climáticas naquela vasta zona geográfica determinaram algumas variantes lógicas na evolução dessa indumentária. Durante muito tempo houve, em seus últimos tempos, uma crescente penetração de modas estrangeiras, que se acentuaram depois no poder romano. A fonte principal dessas inovações tanto para a Grécia de Alexandre e seus sucessores como para Roma imperial, esteve no Oriente, de onde o gosto pelo luxo e pela elegância, com a implantação de materiais suntuosos à indumentária, o que depois passava aos povos do Ocidente europeu medieval. Na Grécia foram usadas a lã e o linho para tecer os amplos mantos ( himation) e outros mais reduzidos (clâmide), assim como as túnicas curtas (quíton) e o “peoplos” feminino, no período entre os séculos VI a IV a.C.; era costume usá-los na cor natural, embora em muitos casos fossem tingidos de vermelho ou outras cores.

Pontos Fortes a Himation: Retangular ou quadrado com faixa vermelha na barra a Escâmide: Tecido retangular, preso ao ombro esquerdo com faixa amarrada na cintura, comprimento pelos joelhos. a Quíton: Túnica retangular, presa com broche, tornozelo a Peplos: Túnica retangular, presa com broche, comprida, aberta nas laterais. a Kiné: Armadura, elmo, chapéu como crina de cavalo a Pharos: Encharpe, Xale a Clâmide: Capa a Baton líquido, Kool, essências e oleos a Perfumes a Jóias nos cabelos, braceletes, anéis a Sapato de Couro, sandália de amarrar a Com a invasão dos Persas, deixaram de tomar banho

ROMA Na península italiana, devemos levar em consideração, como precedentes da época romana, a desenvolvida cultura do povo etrusco, que usou túnicas e mantos bordados junto com ricas fíbulas, braceletes, anéis e colares de ouro; a hábil combinação de técnicas de ourivesaria, como o incruste granulado ou a filigrana, alcançou grande variedade e refinamento, com alguns toques de orientalismo. Em Roma, por diversas razões, essas peças fundamentais da indumentária foram bastante diversificadas, em particular as femininas, nas quais se multiplicam os bordados do tipo, até com cenas figuradas. Generalizou-se o uso de algodão e da seda e diversificaram-se os tons das cores, entre azuis, amarelos, verdes e vermelhos. As jóias eram comuns a ambos os sexos, embora especialmente as mulheres fizessem brilhar belos colares, pingentes, braceletes, anéis, pulseiras para braços e pernas etc., eram freqüentes os cintos decorados com incrustações de ouro ou de prata, incluindo elementos de vidro ou marfim, esmaltes ou damasquinados. Roma era um centro importante de fabricação, com tendências orientais por suas técnicas, temas decorativos e abundante emprego de pedras preciosas. Essa tendência para o risco e luxuosos se acentuou na etapa final do Império Romano, já nos séculos III e IV.

Pontos Fortes a Cristianismo a Toga: Tecido enrolado no corpo, 6m. a Túnica com capuz a Túnicas com tangas a Drapeado a Amarrações de homens e mulheres eram diferentes a Top e calcinha para praticar esportes

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a Jóias pesadas, brincos enormes, anéis a Broches a Véu em noivas a Mulheres: máscara de leite a Cabelos rebuscados a Não à barba a Sapatos: bota alta, amarrada

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POVOS BÁRBAROS Ao longo de sua história, o Estado romano esteve rodeado de povos bárbaros que viviam fora das fronteiras de seu domínio e, às vezes, as incursões destes eram realmente ameaçadoras. Por volta do século II a.C. um exército romano foi derrotado por um desses povos, os Teutões. Naquela época, os teutões eram bastante primitivos. Seu traje principal parecia consistir em uma túnica curta formada por dois pedaços de couro costurados. Mais tarde, era feita de lã ou linho. Sob a túnica vestiam calções ou calças largas, o que, aos olhos romanos, era um sinal de barbárie. Naturalmente os teutões sofreram influências em seus contatos com Roma e pouco adotaram algo parecido com traje romano, mas, em geral, feito de tecidos mais grosseiros, como o cânhamo. No final do século I d.C., outra tribo do norte, os Godos ( de origem escandinava) havia se estabelecido na região que era, até 1945, a Rússia Oriental, e eles também ameaçavam a civilização romana. Como Ostrógodos, rumaram para o leste, onde é atualmente a Rússia: como visigodos, rumaram para o oeste em direção a Espanha e outras regiões, saqueando Roma sob o comando de seu grande líder Alarico, no século V: e como longobardos fixaram-se no norte de Itália. Através das descrições de historiadores romanos com Sidônio Apolinário, sabemos que usavam túnicas de linho com mangas tendo pele e se romanizaram gradualmente. Novas ondas de invasores vindos do Oriente ameaçaram as próprias tribos teutônicas. Os hunos originários da Mongólia, em meados de I a.C., haviam chegado à Europa, e, no século IV, sob o comando de Atília, à própria Roma. Na França, os Gauleses haviam adotado não só as roupas e costumes romanos, como também a língua latina. Como os Bretões, haviam se tornado (pelo menos nas classes mais altas) completamente romanizados. Mas a Gália foi conquistada pelos Francos (isto é, Teutões) que habitavam a outra margem do Reno e, por volta do século V d.C., a dinastia franca dos merovíngeos dominava a maior parte do país. Saberíamos muito menos sobre as roupas de época merovíngia na França (481 - 752) não fosse o fato de os invasores francos, que controlavam o país, terem o hábito de enterrar seus mortos, ao invés de queimar os corpos como faziam os gaulezes romanizados. Juntamente com os corpos dos reis e das pessoas de destaque, enterravam - se as roupas, as armas e os e quipamentos militares que usavam em vida. Escavações em Lorena e Le Mans revelaram espécies de roupas de linho que, apesar de fragmentários, mostram que era costume usar uma túnica pelos joelhos denominada “gonelle” , bordada nas extremidades e presa por um cinto. Para a guerra, a túnica era feita de tecido resistente ou de couro e coberta com placas de metal. Os homens dessa época usavam “braies” ou calções, as vezes até os joelhos, deixando as pernas descobertas, às vezes compridos e com ataduras cruzadas. Sabe - se pouco sobre os trajes femininos dessa época, uma vez que as mulheres estão menos representadas nos enterros. Sabemos, entanto, por outras fontes, que em geral usavam uma túnica longa chamada “Stola”, adornada com fixas bordadas. Os braços ficavam nus. Broches prendiam as roupas aos ombros e usavam - se cintos de couro. Uma espécie de lenço chamado “palla” era chapeado em volta dos ombros.

BIZÂNCIO Quando caiu o império do Ocidente em 476 d.C., Bizâncio, ou Constantinopla, como também era chamada, ficou isolada daquele e passou a sofrer cada vez mais as influências orientais atuantes desde sua fundação. Dificilmente poderia ter sido de outra forma, pois sua localização transformou - a em entreposto do comércio com o interior da Ásia. Isso resultou na evolução de um tipo bastante diferente de vestuário, uma mudança claramente resumida por Carolyn G. Bradley: “ a simplicidade dos trajes romanos deu lugar ao colorido alegre, às franjas, pingentes e jóias do Oriente. A idéia de vestimenta nessa época era esconder o corpo” ( Westem World Costume, New York, 1954 ). O próprio Constantino usava uma roupa bem diferente daquela dos primeiros imperadores romanos. Sua veste de tecido dourado era bordada com desenhos florais. Presa por um broche de pedras, usava uma “ Clâmide” púrpura. Um lenço largo chamado “ trabea” era cruzado sobre o peito. Uma túnica tinha mangas estreitas e, às vezes, era substituída por uma dalmática de mangas largas, incrustadas com jóias bem como o “tablion” , uma tira oblonga na frente do traje. Em volta da cabeça usava uma tira de tecido amarrada atrás, mas os imperadores que o seguiam substituiram - na por um tipo de coroa enfeitada com pedras e com fios de pedras pendentes dos dois lados. Isso pode ser visto claramente nos esplêndidos mosaicos da igreja de San Vitale, em Ravena. Eles mostram, num friso elaborado, as figuras do imperador Justiniano e de sua esposa Teodora e estão entre os documentos mais valiosos que possuímos do vestiário bizantino no auge de sua glória, o século VI. De maneira semelhante, as roupas das pessoas da corte e dos criados do palácio eram rigidamente definidas de acordo com o posto e a fundação. Em Bizâncio, como na China Imperial, todas as roupas eram “hierárquicas” e o “princípio da utilidade” completamente ignorado.

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Pontos Fortes a Império Romano do Oriente a Influenciou o Ocidente, mescla de culturas a Constantino: Vilarejo que cresceu a Luxo Oriental a Riqueza no tecido a Teodora: Imperatriz a Trouxe o cultivo do bicho da seda a Túnicas, capas

a Manto a Calças com meias a Peitoral: Pérolas, pedras a Pingentes, saindo do chapéu até o bolso a Fivelas com cintos a Broches a Fios de Ouro, bordados

EUROPA ANTIGA Quando os Carolíngios sucederam os Merovíngios (752 - 987), as condições na França e na Europa Ocidental eram bem estáveis, e o luxo aumentou. Carlos Magno tornou-se o soberano dos fracos, controlando, em 771, um território que praticamente correspondia à França e à Alemanha; em 300, foi coroado o imperador de Roma. Devemos ter o cuidado de fazer a distinção entre seu traje costumeiro e as roupas que se sentiu compelido a usar como imperador de Roma. Estas eram de extrema suntuosidade e claramente inspiradas nas vestes da corte de Bizâncio. E não era simplesmente uma questão de corte: os próprios tecidos, é quase certo, foram importadas do Oriente Próximo. Ainda há fragmentos preservados das roupas com que foi enterrado em Aachen, e temos registros de vestimenta completa, encontrada quando sua tumba foi aberta no século XII. Sobre uma túnica cujas mangas tinham as extremidades bordadas em ouro, usava uma dalmática e, sobre ela, várias vestes, inclusive uma de brocado feito em círculos floreados em verde, azul e dourado, e uma de pano de ouro brocado em quadros, com um rubi no centro de cada um. Os sapatos eram de couro vermelho bordados em ouro e cravejados de esmeraldas. Na cabeça, usava esplêndida coroa de ouro cravejada de pedras e placas de esmalte. Seu traje costumeiro era mais simples, consistido em uma túnica de baixo, linho ou de lã, e sobre ela, uma outra túnica com borda em seda colorida. Por cima ainda vestia, presa ao ombro esquerdo por um broche, uma capa curta semicircular forrada de pele no inverno. Usava “braies” ou calções com ataduras cruzadas até abaixo dos joelhos e, na cabeça, um chapéu redondo de tecido com a extremidade bordada. As vestes da mulher Anglosaxônica eram a túnica, usada sobre uma camisola e vestida pela cabeça e as vezes puxada sobre o cinto para mostrar a peça de baixo (ela possuia bordados junto ao pescoço, na barra e nas mangas), e o manto, às vezes do comprimento da túnica e preso sob o queixo. Os cabelos eram cobertos por um véu comprido o suficiente para ser cruzado sobre o peito e cair até os joelhos.

IDADE MÉDIA O vestuário medieval evoluiu das túnicas merovíngias (de comprimento até a altura dos joelhos, bordadas nas pontas e amarradas por cintos) até as ricas vestimentas da época carolíngia, com enfeites de brocado. As expedições dos cruzados ao Oriente e, na Espanha, o contato com os muçulmanos, disseminaram alguns trajes Orientais e elementos como o véu, adotado pelas mulheres casadas. Os homens passaram a usar calças compridas. As túnicas ajustaram se ao corpo das mulheres por meio de botões laterais e ganharam mangas compridas e amplas. O toucado consistia num aro de linho que passava debaixo do queixo e era preso no alto da cabeça. Os homens vestiam o Gibão, curto e justo, com calças. As classes altas cobriam o gidão com uma espécie de túnica externa e outra solta, a “hopalanda”, com mangas muito largas e gola alta. Entre as mulheres entrou em moda “surcoat”, manto com grandes aberturas laterais. O véu foi abandonado e substituído por vários adornos de cabeça. Pontos Fortes a Cruzadas trazem a influência do comércio do Oriente para a corte e roupas a Túnicas usadas sobre camisolas a Mangas amplas no punho e compridas (perdida) a As roupas passaram a moldar corpete com botões laterais e saia ampla caindo em pregas até o pé. a Bordados no decote, barra e mangas a Bordados em ouro, coroas de ouro cravejadas de pedras e pérolas a Barbete: faixa de linho passada sob queixo e puxada sobre as têmporas a Broches de ouro a Linho, Lã e seda a Cabelos compridos sempre presos a Cabelo coberto por véu comprido a Véu: preso por semi-círculo de ouro em volta da testa a Sapatos de couro com tiras a Homens usavam calções a Sobre-túnica com cinto largo a Capuz preso numa capinha que descia até o ombro a Chausses: meias com ornamentos a UCA: túnica solta comprida Design de Moda

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SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIV a Roupas novas e surge a moda a Permanece a túnica: decotada, justa e adotada na frente, manga justa até o cotovelo, depois abria-se e comprimento pelos joelhos a Hoppalanda: beca, ajustava-se nos ombros e solta com cinto, comprimento variável a Blusa tipo cigana com hoppalanda a Decote a Plackard: origina o espartílho a Cabelos em rolos a Adorno corniforme, estrutura de arame semelhante a chifres com véu a Adorno coração a Gibão: acolchoado na frente para realçar o peito, curto, abotoamento frontal, usado com um cinto ou um basque

SEGUNDA METADE DO SÉCULO XV a Cabelos raspados para imitar esculturas clássicas a Adornos: chaminé, con-hennin, borboleta a Turbante sempre com véu a Gibão curto com cod piece, gola alta e dura, ombros almofadados para aumentar o corpo, mangas bufantes e descartáveis a Polaine

SÉCULO XVI As roupas das classes altas durante a primeira metade do século XVI eram de cores muito vivas. Sabemos, através da descrição do guarda - roupa de Henrique VIII, que ele tinha, entre outros, gibões de veludo azul e vermelho forrados com pano -de-ouro. Em 1535, Thomas Cromwell deu de presente ao rei um gibão de veludo púrpura bordado em ouro, e algumas roupas reais possuíam tantas incrustações de diamantes, rubis e pérolas que o tecido ficava invisível. O vermelho era uma das cores prediletas. Os recortes (isto é, a prática de recortar aberturas no tecido das roupas e puxar o forro através delas) acabaram se tornando quase universais por volta de 1500, mas foi na Alemanha que atingiram maior extravagância. Pois não só o gibão, mas também os calções eram recortados; na verdade, literalmente “cortados em tiras”. Os calções consistiam em tiras de tecido caindo até os joelhos e, às vezes, até os tornozelos. Cuidava-se de que as tiras em cada perna formassem desenhos diferentes, e elas podiam até ser de cores diversas. Ouvimos falar nas crônicas de “meias feitas à moda Germânica, com uma perna amarela, a outra perna preta, recortadas com dezesseis varas [ 1 vara = 1,10m. (N. T. )] de tafetá”. Embora também fossem adotados nas roupas femininas, nestas os recortes foram predominantes. Essa moda extravagante era mais apropriada para os calções do que para saias, com suas grandes áreas de tecido. Na verdade, as roupas femininas nessa época eram muito mais modestas do que as masculinas . As saias, entretanto, eram mais amplas e ricamente bordadas do que em reinados anteriores. Sobre a túnica, que consistia em uma saia e uma blusa costuradas uma a outra, vestia - se a beca, caindo em pregas amplas até o chão, com a cintura apertada. As mangas deixaram de ser justas e se tornaram bastante amplas, com uma larga barra de pele.

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O rufo é um exemplo do elemento “hierárquico” nas roupas. As mulheres também o usavam, mas no traje feminino há sempre outro elemento a ser notado. O “princípio da sedução”, como foi chamado, é uma tentativa de explorar os encantos femininos de quem usa roupa, como, por exemplo, o decote. As mulheres desejavam usar um rufo para mostrar seu status na sociedade: queriam também ser atraentes como mulheres. O “compromisso elisabetano” era abrir o rufo na frente de modo a deixar o colo exposto e permitir que se elevasse em asas de gaze atrás da cabeça. Isso pode ser visto claramente em retratos da época da rainha Elizabeth. Quando, a partir de 1570, ele surgiu acima da gola alta do gibão, mantinha a cabeça em atitude de desdém. Não é necessário dizer que o rufo era um sinal de privilégio aristocrático. É um exemplo extremo da tendência de as roupas masculinas mostrarem que aqueles que usavam não precisavam trabalhar, ou mesmo realizar qualquer tarefa que exigisse esforço,e, à medida que o século avançava, os rufos foram ficando cada vez maiores, a tal ponto que é difícil imaginar como as pessoas conseguiam levar os alimentos à boca. A peça masculina principal era o gibão, que podia chegar até os joelhos. Possuía uma abertura na frente através da qual se via a codpiece . As mangas foram ficando mais largas, sendo freqüentemente almofadadas ou recortadas. Usavamse também mangas duplas, sendo que um par era solto e de cor-de-ouro. Sabemos, pela “ Descrição de guarda-roupa”, que Henrique VIII possuía um gibão de cetim roxo, bordado com fios de ouro e prata e todo adornado com pérolas. Sobre o gibão, uma jaqueta com abotoamento tipo jaquetão ou fechada na frente com cordões ou botões; por cima de tudo, a beca, folgada sobre os ombros e caindo em pregas amplas até os pés e geralmente com bordas adornadas com pele. As roupas de baixo consistiam em calções e meias costurados juntos. A parte superior era presa ao gibão por meio de pontos, isto é, cordões passados por orifícios nas peças e amarrados em pequenos laços. Esses pontos eram feitos de linha de linho ou seda com ponteiras de metal conhecidas como aiglets. Os sapatos, no início, eram extremamente largos, na forma chamada “bico-de-pato”. Os saltos eram baixos; as solas, de couro ou cortiça; a parte superior, de couro, veludo ou seda. Os sapatos freqüentemente possuíam recortes e eram adornados com jóias. A rigidez que marcou as roupas masculinas na segunda metade do século XVI foi ainda mais pronunciada nas femininas. O corpete, que formava a frente da blusa, era endurecido com tela engomada ou papelão e mantido no lugar por barbatanas freqüentemente feitas de madeira e, portanto, não-flexíveis. A saia era armada pela farthingale. Sua origem foi universalmente reconhecida. Foi a “farthingale espanhola” ou “vertingale” e, em sua forma primitiva, consistia em uma anágua armada por arcos de arame, madeira ou barbatanas de baleia, que ficavam maiores em direção à barra. Era, portanto, muito parecida com a crinolina do século XIX em sua extrutura. Surgiu na Inglaterra por volta de 1545 e logo passou a ser usada por todas as mulheres, exceto as classes trabalhadoras. Nos pés usavam-se sapatos ou botas. Os sapatos eram moderadamente arredondados e, bem no final do século, começavam a apresentar saltos. Eram confeccionados em couro, seda, veludo ou tecido simples. As solas eram de couro ou cortiça. Calçavam-se escarpins e chinelos dentro de casa. As botas, que até o último quartel do século serviam apenas para montar, passaram a ser usadas o tempo todo, até em ambientes fechados. O modelo mais em moda era justo e chegava à altura das coxas, sendo a extremidade superior virada para baixo de várias maneiras. Essas botas se tornaram possíveis apenas pelos progressos no tratamento do couro que tiveram origem em Córdoba.

Pontos Fortes a Formas Campânula (cônica), sino circular a Armação por baixo do vertugado a Corpete ajustado a Decote trapézio a Sobreposição a Amarraram tiras nas mangas a Hoppalanda passa a ser roupa de velhos a Tecidos brocados e adamascados a Seda, fios de ouro e prata a Renda, Veludo a Muita jóia a Pérolas barrocas, não esférica a Leque para hálito a Vertugado: armação de junco ou vime, evasê rígido pontudésimo

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a Rufos: golas com babados, engomadas a Gola franzida, luva a Gola quadrada e talhos a Gola Fichu a Usavam ligas a Boina a Talhados a Calção Bloomer a Couraça a Casaco estofado a Gibão aberto ou fechado a Talho nos sapatos a Sapato Chapin: tamanco

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SÉCULO XVII A indumentária das cortes européias do século XVII, principalmente a de Luís XIV, deu continuidade, em princípio aos modelos do século anterior. A influência espanhola manteve-se durante algum tempo, principalmente nos Países Baixos, onde era muito apreciada pelos puritanos. Os rufos foram substituídos por colarinhos caídos de renda, que cobriam os ombros. O traje masculino dos mosqueteiros franceses e dos cavaleiros ingleses inspiravam - se nos uniformes militares: calções, gibão, capa curta pendurada num ombro e o chapéu de aba larga. O traje feminino constava de corpete, anáguas e vestido. O corpete, com amplo decote, podia incluir rendas e fitas de seda. As mangas eram aumentadas com enchimento. Por influência persa, adotou-se na vestimenta masculina o que seria antecedente do terno moderno: o chamado vest, colete muito longo, adotado até em baixo, sobre o qual vestia-se uma casaca. No pescoço, começou-se a usar a gravata de renda ou musselina, derivada das que usavam os croatas a serviço do exército francês. O cabelo, que a princípio era solto e liso, começou a ser mais elaborado com emprego de apliques. A partir de 1670, a peruca se tornou um elemento indispensável. A mais luxuosa era a “infólio”, grande e pesada. O costume de empoar as perucas é posterior, do final do reinado de Luís XIV. As mulheres não usavam perucas, e sim chapéus extravagantes e muito altos.

Pontos Fortes a Peitilho Triangular a Calção se torna amplo, passa a ser do tipo saia pregueada a Espartilhos a Calção com talhos a Corpete Rígido a Gibão com Basque comprida a Saias: A Inglesa e a Francesa a Casacão comprido, Colete a Sobre Saia com cauda a Pijamas para esportes em geral a Manga rebatida a Talhos e punhos rebatidos a Gola rebatida e grande a Polaina para segurar calça a Gola tipo lenço ou Xale a Chapéu de copa baixa com plumas a Gola de pé a Chapéu de copa alta a Pranchas de Moda a Boina com plumas a Calamares para abotoar a Peruca a Pérolas, Rendas a Barba triangular a Jóias enormes a Bota com renda a Jóia para fechar o decote a Lenço: Plastron a Brocados a Cabelos presos a Cabelos compridos a Meia de seda a Sapato com salto Tacão a Sapatos bicudos a Hoppalanda a Gola Rufo é substituída por outras golas mais simples a Coulissé: Roupa terminando em babado presa por cordão a A guerra faz com que as roupas sejam mais simplificadas (depois da guerra voltam a ser elaboradas) a Surge um resgate ao Clássico: Gregos a Chapéu de aba larga e plumas

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SÉCULO XVIII Na indumentária masculina, a peruca teve grande importância até a Revolução Francesa. Havia vários tipos, entre os quais as dos soldados, leves e presas na nuca. Ao longo do século, esse adorno foi reduzido até ficar limitado a alguns encaracolados do lado do rosto e a uma trança. Com Luís XV, os trajes femininos tornaram-se mais soltos e vaporosos; os vestidos tinham pregas, nas costas, que caíam até o chão. O “merinaque” foi utilizado para dar mais volume ao traje feminino, cuja forma variava consideravelmente. Os componentes básicos eram corpetes e saias eventualmente abertas na parte dianteira, deixando entrever as anáguas ricamente decoradas. O corpete podia também ser aberto, mostrando uma peça de tecido bordada, com laços e rendas. As mangas chegavam até o cotovelo, muitas vezes arrematados com enfeites. O traje masculino conservou por várias décadas a estrutura do século anterior. A casaca tornou - se mais comprida e com mais aberturas e as mangas se estreitaram. Sob a casaca, vestia - se um coleto bordado, confeccionado em tecido diferente. Os calções chegavam até os joelhos e o traje se completava com um chapéu de três bicos. A influência britânica trouxe um tipo de traje masculino mais leve e informal. A simplificação do vestuário evidenciou o gosto neoclássico.

Pontos Fortes a Panier - Metal ou osso de baleia a Dois pés iguais a Mostrava-se a sobre-saia exagerando: Mantuá a Salto Luís XIV a Sapato Plataforma a Calça até o joelho a Vestido à Watteau a Sapato fechado de lingueta e fivela a Vestido à Francesa a Bicórnio a Polainese: 2 fitas laterais formando volume na saia a Perucas brancas com farinha de trigo a Espartilho: Ferro, Osso de Baleia a Cabelo comprido amarrado com fita a Manga com babados a Bengala e Chapéu a Manga Pagode a Calça mais comprida: San Culotte a Jacquard a Rendas, Flores, Fitas a Leque e Luvas a Rufo Menor, Tipo Coleira a Rose Clair: Tirar atenção do decote a Strass a Unhas compridas polidas com azeite a Perucas a Chapéus com 1 metro de altura a Cabelos simples, sem jóias, mulher mais notável: Madame Pompadour a Poucos brincos a Rococó a Salto Carroussel a Sapato com Tacão a Casaquinho com Basque a Terno com botões nas mangas: Napoleão a Redingote (abertura atrás) a Colete a Colete com mangas a Capota a Camisa de manga comprida ou Pagode com babado a Casaca sem gola a Baltimore: golas e punhos escuros com roupa clara a Punho rebatido e botão forrado a Alamar: disfarçar casa do botão a Botões de Ouro, Prata e Madrepérola a Jabot a Cascade a Bolsos a Plastron no pescoço a Suspensório a Foulard: Fichu em Seda a Calça apertada com meia presa por fita a Começo da Crinolina: Armação de arame com aspecto arredondado Design de Moda

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SÉCULO XIX Os complicados penteados, as perucas empoadas e os chapéus da época de Luís XVI e de Maria Antonieta foram abolidas com a Revolução Francesa. A Burguesia impôs sua moda. Os homens adotaram os estilos dos trajes de campos ingleses - chapéu alto, lenço no pescoço, jaqueta com lapelas, colete, calções e botas e eliminaram as casacas bordadas, as meias, a partir daí restritas aos chamados “incroyables” franceses da década de 1790, iniciadores do estilo romântico. As mulheres buscaram a leveza em vestidos de cintura muito alta, que caíam retas até os pés. Esse estilo foi chamado “Império”. Nos primeiros anos de século XIX, surgiam publicações impressas ilustradas com vestuário. A expedição de Napoleão ao Egito trouxe nova moda, de estilo oriental, para a França, enquanto o Reino Unido, principal adversário dos Franceses, procurava a máxima diferenciação de costumes. Ao se restabalecerem as relações amistosas entre os dois países, as mulheres britânicas adotaram a moda francesa e, por sua vez os homens franceses se decidiram pelo estilo britânico, em geral muito bem acabado, devido à alta qualidade do trabalho dos alfaiates do Reino Unido. Os dândis ingleses inspiravam a moda européia, com um vestuário bem cortado, ajustado ao corpo. O Traje feminino exigia o uso de espartilhos para afinar a cintura, com a saia e as mangas largas. As mulheres cobriam a cabeça com toucas ou capotas amarradas com laços, e usavam uma pequena bolsa e um guarda-sol. A partir de 1837, as rodas exageradas das saias se reduziram e o traje masculino eliminou os excessos a que havia chegado o modelo dândi. O traje começou a ser bastante usado, assim como o redingonte ou casaco, mais curto. As camisas tornaram - se mais lisas, e as gravatas, mais finas. Popularizaram-se a calça, o chapéu de capa e grande variedade de casacos (Chesterfield, Paletó). A roupa masculina, mais sóbria e menos colorida, começava a tomar a forma que conserva até a atualidade. Em emados do século, o traje feminino aumentou de volume graças a inúmeras anáguas que, por seu peso, dificultavam a movimentação. Data dessa época a invenção da crinolina e a armação à base de anéis metálicos flexíveis, que substituia com vantagem as anáguas. A armação logo deslocou-se para trás e tornou-se mais leve, o que deu origem a um levantamento na parte traseira da roupa por meio das anquinhas, que mais tarde desapareceriam, substituídas por um simples pregueado de tecido e uma cauda longa. Os esportes também exerceram influência sobre o desenho das roupas, que se adaptaram às necessidades de cada modalidade. Assim, os trajes para andar de bicicleta, para tênis ou para o banho inspiraram a moda cotidiana para homens e as mulheres.

Pontos Fortes Feminino em 1800: a Moda Império a Volta ao Neoclássico a Estátuas Grego-Romanas a Simplificação das Formas a Cistura logo abaixo do busto a Transparência, decote U, quadrado a Manga Curta a Manga Justa a Capa nas costas a partir do busto a Bônus na manga a Gola alta a Passamanaria na costura a Camafeu Romano a Rendas engomadas a Luvas, Leque a Boá: Xale de Peles a Primeiras estampas a Tecidos leves a Cabelo natural a Xale enrolado na cabeça a Tamanco Holandês a Sandália Grego-Romana a Banho de Mar: Pé

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Em 1840: a Brummel em 1840 lança o Dandy a Preocupação com o vestir a Troca de roupa 4 vezes ou dia a Roupa para manhã, tarde e noite a Desde a idade média o banho era pecaminoso, (partes íntimas) costume abolido a Cintura volta ao lugar a Armação Cage a Robe-de-Chambre a Calça pantelete aberta no gancho a Anáguas a Crinolina a Cache - Corset a Manga Presunto a Manga Balão a Porta Buquê a Soutache, Alamares, Cordões a Flores, coques e presilhas de cabelo a Chapéu: passeio a Cabelo com volume lateral a Guarda - chuva de seda a Porta pastilha a Era vitoriana; Repressão (1850) a Luto: Chorão, Véu (3 anos) a Luto Aliviado 2 anos 102


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Masculino em 1800: a Napoleão: Rufo, Hoppalanda, Manto a Peitoral - Coroa de Louros a Fita Tricolor (azul, branca, vermelha) a Bicórnio, Tricórnio a Culotte, Calça Curta a Sans - culote a Casaca curta na frente até a cintura a Cintura alta Em 1840: a Calça begue a Gravata enrolada: Plastron a Sapato em salto a Cartola a Calça ajustada por meio de atilhos a Redingote a Fraque mais comprido a Colete, Jabot, Renda a Capa de Noite a Bengala a Suspensório

Em 1880: a Belle Epoque a Mulher Ampulheta: Flor a Tiravam a costela a Anquinha: Devant Drois a Gola alta a Manga até o pulso a Espartilho, Corset, Barbatanas a Calção e blusa, macaquinho a Peças íntimas a Cinta liga a Meias coloridas a Noite: Decote, Manga Curta a Rendas, Flores Passamanaria a Sombrinha, Sais, Lencinho a Pérolas, Chapéus grandes, Plumas a Pulseiras, Anéis a Cabelos em bandôs a Roupa para banho de mar a Sapato tipo carretel, bico quadrado a Colete, calça justa a Abotoadura a Traje de Montaria a Barra Italiana

Infantil: a Roupa Marinheiro a Menino usava vestido até 6 anos a Usavam roupas dos adultos

SÉCULO XX A mudança das atitudes no século refletem - se claramente no modo como as mulheres se vestem: o papel delas, a sociedade permissiva e o crescimento do mercado juvenil exerceram seu impacto. Nas roupas do dia-a-dia, vestidos longos e incômodos, com várias saias, foram substituídas por trajes mais adequados ao estilo de vida das mulheres modernas. Novos rituais foram criados, baseados em uma combinação de senso estético, novos materiais e no desafio às convenções passadas. Comparados ao vestuário feminino e suas mudanças radicais no século XX, os trajes masculinos parecem ter um caráter mais constante. O terno comum, usado na virada do século, passou por alterações de corte e material, mas conservou uma forma semelhante até os dias atuais. Todavia, a silhueta masculina, assim como a feminina, tem se alterado para se adaptar aos valores sociais cambiantes e aos avanços tecnológicos. Os pesados ternos Eduardianos engomados deram lugar a peças avulsas leves e a tecidos sintéticos; coletes e chapéus, antes componentes essenciais do vestuário cotidiano,são agora acessórios opcionais. A maior alteração do vestuário masculino ocorreu na década de 60, quando os jovens adotaram roupas coloridas e informais que desafiavam definições rigorosas do gênero.

ROUPAS FEMININAS: Menos incômodos do que os vestidos de várias camadas do final do século XIX, os trajes femininos ainda eram desconfortáveis. A silhueta em forma de “S”, moldada por em espartilho, empurrava o busto para frente e os quadris para trás. Era comum o uso de corpete de gola alta.

ROUPAS MASCULINAS: O vestuário masculino não mudou de repente com o novo século. Na primeira década, enfatizava-se a formalidade: um fraque ou sobrecasaca no dia-a-dia e uma camisa de colarinho engomado, de cerca de 10cm. de altura. A formal cartola era moda com o fraque.

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ROUPAS INFANTIS Embora as mudanças nas roupas no final do século XIX sugerissem um abrandamento da postura da sociedade em relação aos trajes infantis, foi a Primeira Guerra Mundial que testemunhou as primeiras reviravoltas significativas. As crianças foram liberadas dos trajes pesados e formais - versões em escalas reduzidas das roupas dos pais - e vestidas com trajes mais leves, simples e menos restritivos. Com o surgimento, na década de 50, de várias novas fibras artificiais, de tecidos que não amarrotavam e de fechos mais simples para roupas, a indústria passou por outra reviravolta. A revolução se completou com o advento da produção em massa, quando as roupas tradicionais, feitas à mão, foram universalmente substituídas pelos trajes de confecção industrial.

ROUPAS UNISSEX Embora o estilo masculino, de caráter prático, já houvesse aparecido nos trajes esportivos e informais das mulheres, foi só mulheres, foi só nos anos 60 e 70 que se desafiaram as convenções dos códigos tradicionais de roupas masculinas e femininas, tornando-se populares os trajes unissex. As mulheres passaram a usar calças masculinas, suspensórios, coletes e smoking, bem como o jeans e as camisas sem gola. Os homens adotaram padrões coloridos e florais, além de estilos vistosos.

A CAMISETA Em 1942, a Marinha norte - americana lançou uma camiseta de malha de algodão, com mangas curtas e gola careca, que ficou conhecida com T, pois, estendida, tinha a forma de um “T”. A T - shirt (a nossa camiseta) foi popularizava por James Dean, no filme Juventude Transviada, de 1955.

ALTA COSTURA Do Francês Haute Couture, a alta costura era originalmente o vestuário das classes superiores - os preços elevados impediam os não ricos de desfrutar do seu luxo. A disseminação dos trajes de confecção industrial desde a década de 50 levou à democratização da moda: os designs dos costureiros são lançados na passarela e depois atenuados e produzidos a preço mais baixo para o mercado de massas. Dedicando-se agora aos mercados de perfume e da maquilagem, mais lucrativos, os costureiros de maior secesso ainda produzem peças “exclusivas”.

SAPATOS Refletindo e complementando os novos estilos de vestuário, o design de sapatos sempre foi um ramo importante da indústria da moda. O designer italiano Salvatore Ferragano foi um dos primeiros a empregar novos materiais sintéticos, combinando solas de plataforma de cortiça com gáspeas de plástico, na década de 30. Outra notável inovação italiana, o Stiletto, surgiu nos anos 50 e desde antão tem desempenhado um papel controvertido na moda feminina. No mundo todo, a distinção entre os estilos masculino e feminino diminuiu sensivelmente à medida que o século chegava ao fim.

CHAPÉUS Neste século, os chapéus passaram por mudanças radicais, tanto no estilo quanto no uso. No início, nenhum adulto respeitável ousava sair de casa sem chapéu adequado: hoje, os chapéus formais são cada vez mais raros. Usados pela maioria apenas em eventos sociais, eles permanecem, em outros contextos, no domínio do individualista da moda. Não obstante, todos os clássicos do século - entre eles, a cartola e o chapéu - coco, para o homem, e o cloche e o toque, para as mulheres - foram recuperados e reinterpretados pelos chapeleiros modernos. No que se refere à moda de rua, mais informal, o chapéu preferido é o boné de beisebol.

ANOS 10 ROUPAS FEMININAS Em 1914, Mary Phelps Jacobs criou o sutiã, dois lenços amarrados num laço para comprimir os seios. A Primeira Guerra Mundial levou mais mulheres a trabalhar fora, aumentando a demanda por roupas menos restritivas. Os chapéus costumavam ser enfeitados com plumas ou flores.

ROUPAS MASCULINAS Em 1910, o terno de três peças (colete, calça e paletó), considerado informal, era de uso comum na cidade. O paletó, de lapelas pequenas e adotado no alto do peito, era usado com calças estreitas e chapéu-coco. Design de Moda

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Pontos Fortes a Estilo Oriental: Entravé (roupa que afunila) a Chapéus menores, cabelo curto: guerra a Estilo Militar - Guerra a Turbantes, Plumas, Peles, Tecidos leves a 1/3 da população mundial morreu a Roupa Íntima: em seda deslizante a Danças: Maxixe, Tango, Jazz a Abandonam ligas de segurar meia a Mulheres trabalhando de calça: atiram pedras a Jersey, Brim e cadarço a Paul Poiret - extingue o espartilho a Tailler com basque a Chanel (1916): blusa, casaquinho, saia a Com o tempo surge fenda lateral a Pele Branca: Chanel traz o brinzeado em 1920 a Macaquinho a Combinação: calça com corpinho a Cintura alta em túnica a Salto Carretel a Terno: calça, paletó, colete a Partes avulsas: colete, colarinho, punho a Colarinho alto a Gravata fininha, chapéu melon a Barra Italiana a Calça Listrada a Suspensório a Cartola e Fraque a Camisolão masculino e ceroula a Usam cartola até a guerra a Menino: roupa feminina até 6 anos a Smoking: Camisa branca, Gravata borboleta, Faixa preta, sem colete, gola de cetin a Fraque: casaca comprida, gravata borboleta, camisa branca, pinguim a Jaquetão / Redingote (sempre com abertura atrás ) trespassado com 2 ou 4 botões a Saia comprida, em torno de 6 a 10cm antes do chão a Polaina: Cobria o sapato (branca), protegia a bainha da calça

ANOS 20 Roupas Femininas Ne década da silhueta tubular, os vestidos eram mais curtos, leves e elegantes, em seda ou em crepe-de-chine, às vezes deixando braços e costas à mostra. Usavam - se meias bege para sugerir pernas nuas, e o raiom tornou-se uma alternativa acessível para seda. As barras subiam até a altura dos joellhos. Chapéus pequenos, cloche, eram a última moda nos anos 20. Roupas Masculinas No golfe ou em um ambiente informal, os plus - fours (colções de golfe, largos, assim chamados por ficarem quatro polegadas abaixo do joelhos) foram muito populares nos anos 20. Em geral, eram feitas de tweed. Os artigos em tricô com padrões vistosos eram os favoritos.

Pontos fortes a Mudança da mentalidade, modo de ver, depois da guerra a mulher começa atrabalhar (enfermeira) a Charleston a Saia reta, decotes: Canoa, V, U a Não a cintura, linha reta a Drapeado a Madame Vionnet: Tecido enviesado a Elsa Schiaparelli a Mulher Loira: Má a Desabillé: Roupa para casa a Habillé: formal a Rosto Porcelana Chinesa, boca coração, Kool a Faixa na cabeça a Cabelo curto (Ondulação Marcel): À La Garçone a Chapéu Clochê: Rente a sombrancelha a Colar grande de pérolas, pulseira e bracelete a Meia Suedini, achatadores de busto, androgenia a Sapato bicolor a Tamanco, sandália, bonequinha a Calça larga, risca de giz, luva a Colarinho alto: Gravata larga e estreita a Punho duplo com abotoadura Design de Moda

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ANOS 30 Roupas Femininas A “Depressão” influenciou a moda na década de 30. As roupas femininas tornaram-se mais sóbrias, e a barra desceu de novo. A silhueta ganhou mais curvas. Eram populares os conjuntos elegantes em tecidos leves, às vezes usados com pele de raposa. Jaquetas e vetidos elegantes continuam populares. Os chapéus ainda faziam parte do vestuário cotidiano nos anos 30. Roupas Masculinas A silhueta ideal na década de 30 tinha ombros largos e quadris estreitos, o que era acentuado pelo corte do terno trespassado, com ombreiras e lapelas largas. As pernas das calças eram largas e a barra virada para fora. Pontos Fortes: a Glamour só no cinema a Longilínea e Glamurosa a Estilo Grego-Romano a Marlene Dietrich: Terno - Expulsa de Paris (1936) a Jeans: Trabalhador a Blusa ousada: Sem manga, saia curta a Sutiã Cibill: Tomara que caia a Roupa Collant a Perna de Fora: Usada pela primeira vez na Década 20 a Casaco 3/4 a Gola Roulê a Corte enviesado a Valorização das Curvas a Costa Nua: noite a Combinar: sapato, cinto, bolsa a Recortes e botões grandes a Botões irriverentes e brilho a Zíper a Prega Macho a Uniforme de Aviadora: Calça montaria e jaqueta de pele a Lapela grossa, gravatas vermelhas e estampadas a Knickers: calção abaixo do joelho, com meia e sapato a Suéter a Lenço na Lapela a Zíper no Blusão a Gravata Borboleta

ANOS 40 Roupas Femininas A escassez de tecidos durante a Segunda Guerra Mundial reduziu a quantidade de pano das roupas. A Grã - Bretanha montou um plano de racionamento de tecidos. O náilon (nylon), lançado nos EUA em 1940, era de difícil obtenção na Europa. O náilon começou a substituir as meias de seda e raiom. Roupas Masculinas É difícil ver alguns estilos definidos no pós-guerra, já que a falta de matérias- primas e, em alguns países, o racionamento, implicavam a reciclagem de muitas roupas, algo desconhecido antes da guerra. O corte do paletó não trespassado era econômico.

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ANOS 50 Roupas Femininas O New Look de Christian Dior, de 1947, influenciou a moda do dia-a-dia. O corpete justo, a cintura estreita e a saia solta tornavam a silhueta curvilínea. Reforços de arame e enchimento no sutiã realçavam o busto. Estampas florais e tecidos de cores vivas eram a moda nos anos 50. As luvas eram usadas até no verão.

Roupas Masculinas Nos anos 50, a silhueta masculina passou por um processo de eliminação. Adotou-se um corte mais justo. Uma versão radical deste terno drapeado era usado pelos Teddy Boys ingleses. Os chapéus não eram mais essenciais à indumentária do cotidiano.

Pontos Fortes: a Bossa Nova, televisão a Linha A, trapézio a Linha Y a Vestido saco a Estilo safari a Cintura de vespa a Saia rodada a Saia 20cm acima do chão a Decote tomara que caia a Soutien bojo, espuma a Twin Set: Blusa, casaco e gola careca a Blusa com babado na manga: Belina a Godet duplo com anáguas a Short e blusa a Gola xale, caída a Lenço no pescoço a Banlon e tergal a Naylon como roupa de baixo e forro a Seda amassada a Xadrez e Petit Pois a Óculos gatinho, delineador, boca marcada, rímel a Pérolas, correntes douradas: Chanel a Pintas falsas, kool a Leite de rosas como desodorante a Luva, chapéu, scarpin a Meia soquete a Meia de renda a Cinta liga a Sapato de vidro a Sapato pontudo e salto agulha a Alpargatas a Moda Praia: Perninha com franzido no bojo a Blazer 6 botões, com abotoamento mais baixo a Ternos mais claros a Moda Country a Camisa lenhador a Camisa com aba no pulso (militar) a Camiseta Polo: Lacoste a Camiseta a Calça rancheira e blusão de couro a Suspensório a Sapato verniz a Tenis

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ANOS 60 Roupas Femininas Embora a década de 60 tenha testemunhado diversos estilos, ela sempre estará associada a minissaia. Como não era mais possível usar meia-calça e ligas, os designers fizeram experiências com malhas de alta qualidade, coloridas e decoradas. Maquilagem pesada nos olhos. Padrões influenciados pela op art.Uso de botas de PVC. Roupas Masculinas O vestuário transformou-se radicalmente nos anos 60 com a produção de roupas baratas e coloridas à venda nas novas butiques. A Carnaby Estreet (em Londres) era o centro de uma cultura pop emergente.

Pontos Fortes: a Acontecimentos importantes a Primeiro homem a pisar na lua 1969 a Meados de 60: Hippies a Moda espacial a Moda Indiana, Bata a Mini saia a Corte assimétrico a Cacharel, túnica e fouseau a Boca de Sino a Roupa Habillé a Soutien e calcinha a Salto Agulha a Cores cítricas, psicodélicas a Camiseta, Jeans e Blusão a Moda masculina segue anos 50

a Woodstoch, Beatles a Pop Art a Moda do Futuro, roupas sintéticas a Moda ampla a Tubinho, geometria na roupa a Micro saia, meia rendada a Gola grande, roulé a Saint Tropez a Jeans descorado a Estilo Bonequinha a Baby Look, Baby Dool a Cabelo Laqueado a Cores fortes a Gravatas grossas

ANOS 70 Roupas Femininas Na década de 70, os designers inspiraram-se em várias fontes: feminismo, movimento hippie e direitos civis. As tendências dos anos 60 continuavam populares: fibras sintéticas que não amarrotavam e os padrões psicodélicos e em patchwork. Roupas Masculinas No início dos anos 70, o terno tradicional passou a ser uma peça de uso esporádico. Os jeans boca-de-sino, justos nos quadris e nas coxas e largos no joelho, viram moda.

Pontos Fortes: a Moda Unisex a Punk Nilismo, sociedade em esperança - Couro e Prata a Hippies: Paz e amor, a terra e a flor a Skinheads, Neo Nazistas a Estilo Grego-Romano a Estilo Astronauta a Formas desestruturadas a Calça boca de sino, camisa justa, modelada a Salopete a Short e casacão a Túnica e pantalona a Mini vestido, bota cano alto a Vestido longo para o dia a Linha A a Manga perdida a Casaco levemente evaseé a Saias: mini, micro, macro a Renovação do Tailler a Jaquetas justas Design de Moda

Meias Lurex e meia calça a a Lenços e faixas na cabeça a Chifon, anarruga a Transparência a Cores escuras e neutras, sombrias e sujas

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ANOS 80 Roupas Femininas Na década de 80, as roupas misturavam glamour, preocupação com o corpo e o visual informal em trajes sobrepostos. A Lycra, inventada nos EUA em 1958 e já usada em roupas de baixo, inspirou designs colantes em sintonia com a “malhação” típica da época. O vestido de Lycra adere ao corpo. Roupas Masculinas A moda masculina tomou uma nova direção nos anos 80, quando, pela primeira vez, cadeias de lojas de alta costura começaram a se especializar em trajes masculinos. O Boom econômico criou um novo tipo de jovem urbano, de perfil nitidamente empresarial.

Pontos Fortes: a Strech e collant a Modelagem ampla a Sobreposição de peças a Roupa de baixo para cima a Roupa segunda pele a Camiseta Justa a Malha a Jeans e Camiseta a Roupas para adolescente a Moda Infantil a Noivas: Século passado a Biquini cortina a Fio dental a Macacão a Bermuda, camiseta a Estampas em roupas esportes a Tatuagens a Moda Surf, Skate a Relaxo, barba para fazer a Camisa Pólo a Calça, gravata borboleta, paletó preto, colete, camisa branca

ANOS 90 Roupas Femininas Ao contrário das décadas anteriores, a de 90 não se caracterizou por único visual, a individualidade é a ordem. Houve uma mudança de ênfase em relação ao visual dos anos 80 rumo a um estilo mais simples e confortável. As roupas folgadas permitem completa liberdade de movimentos. Roupas Masculinas Nos anos 90, rejeitou-se o visual profissional dos anos 80. A preferência recai sobre tecidos macios e naturais. O estilo é solto, com trajes sobrepostos.

Pontos Fortes: a Individualidade no vestir a Feminilidade, sensualidade a Valorização de muita informação na roupa a Mistura de cores, materiais e formas, num só look a Brilhos para noite e dia a Tranparências

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HISTÓRIA DA MODA NO BRASIL 1900 - 1919 SOCIEDADE Tínhamos como referências visuais a Belle Époque e a Art Nouveau, a França ditava a moda, figurinos, forma trazidas palavras francesas para o vestuário brasileiro. As roupas não se adequavam ao nosso clima. TECIDOS Tafetá e Chamalote. MODA FEMININA Saias mais curtas, surgimento dos primeiros taillers, chapéus de abas reduzidas, bolsas aumentam de tamanho, botas de cano alto em camurça, os coletes substituem os espartilhos. Cabelos longos presos em coques. MAQUIAGEM Pó de arroz, anilina e lugolina para evitar o bronzeado. MODA MASCULINA Camisas de casimira inglesa, colarinhos altos, das casa Coulon e Doll.

1920 - 1929 SOCIEDADE Ser moderno é a grande moda da época. Havia busca por mais liberdade, simplicidade e despojamento. No carnaval se cheirava éter, era chique fumar ópio e já se falava em cocaína. As lojas vendiam roupas prontas, porém as mulheres preferiam as modistas que copiavam figurinos de Paris. O final da década prenuncia anos difíceis e o fim de uma época de luxo e obstenção. TECIDOS Seda, tafetá, gaze, chiffon de seda, veludo, lã e adamascado, brocado. O algodão era a classe baixa ou roupa de banho. MODA FEMININA Surge a Melindrosa na imprensa pelas mãos do caricaturista J. Carlos, ela passa a simbolizar a mulher brasileira da época. Surgem as meias brancas, a moda ainda seguia o que Paris ditava, apesar das diferências de clima e estação. Usavam casacos de vison em pleno mês de abril no Rio de Janeiro. Saias encurtam. Em 1928, estão um pouco acima do joelho. Buscam roupas sem volume, cabelos cortados à la garçone, que sumiam sob os chapéus clochê, justos e baixos. As mangas iam até os dedos, bem justas. As cinturas dos vestidos não existiam ou eram baixas. É a linha tubo. Os seios eram aprisionados em ataduras e achatadores de busto. A modelagem era a mesma para o dia e para a noite. Na moda praia, calções bufantes até os joelhos, casacos até o quadril, touca franzida e sapatos com sola de corda.

1930 - 1939 SOCIEDADE Em São Paulo e Rio, 579 fábricas fecharam, ocorre demisões em massa, os salários são diminuídos 50%. No Rio, sede do Concurso Internacional de Beleza, vence a gaúcha Yolanda Pereira, Carmen Miranda, Araci de Almeida, Dalva de Oliveira, Chico Alves, Lamartini Babo, Noel Rosa e Vicente Celestino foram os grandes ídolos da época. Os hábitos e a vida das americanas e européias que chegavam ao Brasil via Hollywood, exerceu grande influência sobre a mulher brasileira. Como nos filmes passaram a praticar esportes com freqüência, dirigir e formar um novo padrão de beleza: a pele bronzeada de Côco Chanel, a elegância de Marlene Dietrich, Greta Garbo e Bette Davis. Começa os anúncios de fogão à gás, geladeiras e ferros de passar elétricos que facilitam as tarefas domésticas e a mulher amplia sua participação na sociedade. Ocorre o aparecimento do rádio difusão, do cinema e de diversas revistas femininas. Os cassinos e boates passam a ser freqüentados por mulheres. Design de Moda

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HISTÓRIA DA MODA NO BRASIL 1900 - 1919 SOCIEDADE Tínhamos como referências visuais a Belle Époque e a Art Nouveau, a França ditava a moda, figurinos, forma trazidas palavras francesas para o vestuário brasileiro. As roupas não se adequavam ao nosso clima. TECIDOS Tafetá e Chamalote. MODA FEMININA Saias mais curtas, surgimento dos primeiros taillers, chapéus de abas reduzidas, bolsas aumentam de tamanho, botas de cano alto em camurça, os coletes substituem os espartilhos. Cabelos longos presos em coques. MAQUIAGEM Pó de arroz, anilina e lugolina para evitar o bronzeado. MODA MASCULINA Camisas de casimira inglesa, colarinhos altos, das casa Coulon e Doll.

1920 - 1929 SOCIEDADE Ser moderno é a grande moda da época. Havia busca por mais liberdade, simplicidade e despojamento. No carnaval se cheirava éter, era chique fumar ópio e já se falava em cocaína. As lojas vendiam roupas prontas, porém as mulheres preferiam as modistas que copiavam figurinos de Paris. O final da década prenuncia anos difíceis e o fim de uma época de luxo e obstenção. TECIDOS Seda, tafetá, gaze, chiffon de seda, veludo, lã e adamascado, brocado. O algodão era a classe baixa ou roupa de banho. MODA FEMININA Surge a Melindrosa na imprensa pelas mãos do caricaturista J. Carlos, ela passa a simbolizar a mulher brasileira da época. Surgem as meias brancas, a moda ainda seguia o que Paris ditava, apesar das diferências de clima e estação. Usavam casacos de vison em pleno mês de abril no Rio de Janeiro. Saias encurtam. Em 1928, estão um pouco acima do joelho. Buscam roupas sem volume, cabelos cortados à la garçone, que sumiam sob os chapéus clochê, justos e baixos. As mangas iam até os dedos, bem justas. As cinturas dos vestidos não existiam ou eram baixas. É a linha tubo. Os seios eram aprisionados em ataduras e achatadores de busto. A modelagem era a mesma para o dia e para a noite. Na moda praia, calções bufantes até os joelhos, casacos até o quadril, touca franzida e sapatos com sola de corda.

1930 - 1939 SOCIEDADE Em São Paulo e Rio, 579 fábricas fecharam, ocorre demisões em massa, os salários são diminuídos 50%. No Rio, sede do Concurso Internacional de Beleza, vence a gaúcha Yolanda Pereira, Carmen Miranda, Araci de Almeida, Dalva de Oliveira, Chico Alves, Lamartini Babo, Noel Rosa e Vicente Celestino foram os grandes ídolos da época. Os hábitos e a vida das americanas e européias que chegavam ao Brasil via Hollywood, exerceu grande influência sobre a mulher brasileira. Como nos filmes passaram a praticar esportes com freqüência, dirigir e formar um novo padrão de beleza: a pele bronzeada de Côco Chanel, a elegância de Marlene Dietrich, Greta Garbo e Bette Davis. Começa os anúncios de fogão à gás, geladeiras e ferros de passar elétricos que facilitam as tarefas domésticas e a mulher amplia sua participação na sociedade. Ocorre o aparecimento do rádio difusão, do cinema e de diversas revistas femininas. Os cassinos e boates passam a ser freqüentados por mulheres. Design de Moda

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TECIDOS Lames, brocados e paetês. O crepe da China que antes era usado para o dia, passa a ser material nobre. CHANEL Usa a renda, brilhos e babados para noite. Para o dia roupas práticas para mulher que trabalha: calças compridas, suéters e vestidos de malha. Uso de bijuterias ou jóias falsas. Os taillers eram grande moda, juntamente com os boleros, saias e blusas. MODA FEMININA Mais sisuda, comportada e menos irreverente. Medo das novidades para não tumultuar ainda mais a sociedade, já em crise. As cinturas voltam para o lugar e as saias descem 6 dedos abaixo dos joelhos. Taillers e vestidos trespassados, com pregas ou drapes. Vestidos longos, sem mangas e decotados nas costas, luvas longas e arranjos de cabeça elaborados com muito brilho, decotes acentuados e jóias grandes para os bailes, casamentos e festas de gala. Com despojamento e conceitos de funcionalidade das formas da Art-Deco, a mulher precisa de um novo corpo: esguio e delicado. Foi então decretada a redução dos seios e quadris. As roupas íntimas tornam - se mais sensuais, em seda ou crepe da China com bordados. Os maiôs, mais ousados, deixaram os ombros e as pernas à mostra. Eram em jersey, latex ou algodão. No inverno usava - se todo tipo de capa e apesar do nosso clima quente usava-se também as capas de pele. MAQUIAGEM É acentuada. Os cabelos permanecem curtos, porém frisados. ACESSÓRIOS Os de ouro surgiram nesta época, chapéus de modelos variados, sendo ainda os mais usados, os de aba curta e copa alta.

1940 - 1949 SOCIEDADE No pós guerra chegam novos conceitos da Europa no Brasil: Neo - Realismo, Abstracionismo, Existencialismo. Nos anos 40 e 50 houve a profissionalização do teatro. São fundados em São Paulo o Museu de Arte Moderna, o Museu de Arte de São Paulo e a Cia Cinematográfica Vera Cruz. O rádio era a grande janela para o mundo. O carnaval recebe a Mangueira e a Portela como principais escolas de samba. TECIDOS Os lançados na Europa eram copiados no Brasil, durante a guerra foram pesquisados fios sintéticos, dentre eles o nylon. De 1940 a 1945 as indústrias de seda ficam paralizadas. Não se encontram mais meias de seda. GRANDES ESTILISTAS Balanciaga, Baulmain, Dior e Givenchy. 1944: primeiro desfile no Brasil pela casa Canadá com a primeira manequim do Brasil: Nilza Vieira da Costa. MODA FEMININA Reação à moda masculinizada e militarista de 30. Neste período começou a haver moda no Brasil e aparecem várias confecções: turbantes e xales em demasia, calças compridas e vestidos tipo sereia. Cintura fina, bustos e ombros evidenciados por decotes tomara que caia e pernas de fora. 1947: ano em que Dior lança o New Look, revolucionando a silhueta feminina. Saias rodadas e fartas, cintura marcada, sem enchimentos nos ombros, corpete justo valorizando o busto, sapatos scarpin, chapéus com véus, luvas combinando com lenços, longos guarda - chuvas ornando com sapatos e bolsas. Colares de pérolas.

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1950 - 1959 SOCIEDADE Os moços eram rebeldes como James Dean. As garotas seguiam os conselhos das seções femininas de “O Cruzeiro”, “A Cigarra” e mais tarde de “Manchete”. Começaram a aceitar caronas em automóveis ou garupas de lambreta. Namoravam nas portas de casa, debutavam em bailes nos clubes. A coqueluche era o bambolê, já não era feio usar calça comprida. As moças de família desfilavam em passarelas mostrando a moda nos desfiles. No cinema, Hollywood mostrava uma mulher que fazia da feminilidade uma arma de conquista: Lolobrigida e Sofhia Loren, numa guerra de bustos, em oposição: Doris Day, Grace Kelly, Debbie Reynolds. Em 1953, Marilyn Monroe tornava-se símbolo sexual dos anos 50. O rádio é o grande veículo de massas. Até 55 a música romântica de Nat King Cole e Ray Coniff animavam os bailinhos, juntamente com Bill Haley e seus cometas, que trouxeram uma nova forma de comportamento e vestimenta. A música de Elvis era a linguagem do jovem rebelde dos anos 50. 1954: Marta Rocha é eleita Miss Brasil. Perde o título de Miss Universo por duas polegadas a mais, nos quadris. 1958: Surgia a bossa nova, fenômeno tipicamente brasileiro, feita para um público de elite. Havia o Almoço com as Estrelas, o seriado Alô doçura e no jornalismo o Repórter Esso. ,TECIDOS Organdi, fustão, chiffon, tafetá, cetim, alpaca e renda. ESTILISTAS Gil Brandão e Alceu Pena. MODA FEMININA Saias balão, saias prisadas com conjuntos de blusa e casaquinho de ban - lon, usados com meias soquetes e mocassim, saias godê, calças de helanca com blusas de jersey estampadas. Para noite, decotes tomara que caia ou alcinhas. O sutiã é da De Millus, que ergue e prende, realçando o busto. Quando vai à praia, seu maiô é Catalina, óculos Ray-Ban e sandálias de salto. A mulher de 1959 é prática, espontânea e jovem. MAQUIAGEM As mulheres lavavam os cabelos com shampoo de ovo - creme. Usavam o trio maravilhoso “Regina” e Makeup Angel Face, da Pond´s. MODA MASCULINA Blusões de couro, camisas coloridas de ban-lon, cabelos curtos e com brilhantina. Freqüentavam academias de exercícios físicos.

1960 - 1969 SOCIEDADE Inflação de 81%. Na música, os jovens desconfiam do lirismo da bossa nova e da jovem guarda, nascendo assim o tropicalismo: a jovem guarda tem como influência o fenômeno musical: os Beatles. Na TV depois da Tupi, vieram a Record, Excelsior e a Globo. Os festivais revelam os talentos de Elis, Gil, Caetano, Edu Lobo, Roberto Carlos e outros. Uso da pílula. Os mitos do casamento e virgindade são desmoronados. A moda sofre mudanças e divide-se em : prêt-àporter e alta costura. Janis Joplin e Jemmy Hendrix morreram. TECIDOS Declínio da alta-costura parisience. Mulheres não querem servir de cabide para criações dos estilistas. Aparecem novos costureiros com idéias claras sobre o que a mulher não quer usar: Yes Saint Laurent, Paco Rabanne e Courréges, este último, com base em criações futuristas. O centro da moda se transfere para Londres, por causa dos Beatles revelando Mary Quant, que lançou a mini-saia. No Brasil, tivemos Guilherme Guimarães, Clodovil e Denner. A jovem guarda tinha sua moda própria. Minis, calças saint tropez, boca de sino, camisas brilhantes, bolinhas, correntes, pulseiras e anel brucutu. É lançada em Paris a moda Unissex. Design de Moda

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MODA FEMININA A mulher é magérrima, quadris marcados, seios altos e minúsculos, pernas longas. As únicas roupas marcantes eram palazzopijamas para noite. No mais, vestidos tubinhos, chamisiers, minis e calças. Os biquinis diminuem, aparece o maiô: engana mamães e uma ousadia repelida: O Monoquini.

1970 - 1979 SOCIEDADE Período de consumismo e euforia até 73. A TV ocupou o lugar do rádio, as novelas da Globo ditaram moda, moral, linguagem, padrão de comportamentos. A censura não permitia temas como drogas, esquadrão da morte e liberação sexual, porém proliferam: motéis, drive-in. As mulheres abandonam as idéias de desleixo e negação da feminilidade da geração hippie. A praticidade é a tendência agora. O jeans é um exemplo, recebe vários tratamentos e se torna a segunda pele para grande parte da humanidade. TECIDOS O movimento ecológico divide a moda. Existe a tendência das fibras naturais: linho puro, algodão, lã e seda pura e dos sintéticos assumidos. ESTILISTAS Markito, José Nunes, Hugo Rocha e Georgina. Denner após seu casamento declinou no exterior e a moda lança Calvin Klein, Bill Blass e Ralph Lauren. Chanel e Dior estão em baixa. O Brasil exporta para EUA e Europa. MODA FEMININA Usou-se de tudo, comprimentos subiam e desciam. Estilos variavam a cada estação: indiano, camponês, discoteca, safari, romântico, etc. Roupas unisex ganham força. No final dos anos 70, as calças têm bocas ajustadas e as saias ganham uso do jeans e da camiseta. Era chique não ser chique.

1980 - 1989 SOCIEDADE Consolida - se a tendência de maior liberdade de escolha, ao contrário das silhuetas marcantes que caracterizaram a primeira metade do século. Nesta década, há espaço para figura aeróbica de Madonna, a sensualidade de Kim Basinger, o mistério de Isabela Adjani e inúmeros outros modelos femininos. TECIDOS Uso de fibras naturais, como a seda, o linho e o algodão, e as transparências dos tecidos leves. MODA FEMININA Ocorre uma grande diversidade na moda: discretos tailleurs, vestidos amplos ou acinturados, o declínio e a volta triunfal do jeans com grife, a volta das estampas florais, a onda dark, com seus rostos brancos e cabelos negros ou descoloridos e os blazers para todas as ocasiões. A década de 80 marcou ainda a influência do esporte no modo de vestir: agasalhos, collants, polainas, tênis saíram das academias e foram às compras e ao cinema. MAQUIAGEM Volta triunfal do batom, que recupera o esplendor dos anos 50 em cores fortes, que vão do vermelho-vivo ao roxo. Os cabelos são o mais natural possível, bem tratados. Ser saudável é a ordem da última década.

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HISTÓRIAS DA MODA NO BRASIL Em São Paulo, no fim do século passado, elegância era vestir-se como na Europa. As Sinhazinhas abusavam dos chapéus e dos vestidos cheios de babados. O Imigrante Daniel Heydenreinch fundou em 1883 a Casa Alemã, na Rua 25 de Março. Já na Rua Direita, a confecção tornou - se uma moderna loja de departamentos, atraindo assim a elite paulistana. A primeira loja de departamentos da cidade foi aberta em 29 de Novembro de 1913, com o nome Mappin Stores. Tinha um elegante salão de chá, ponto de passagem obrigatório para as famílias tradicionais. Foi alí que, em Dezembro de 1933, Leonor Perrone subiu na passarela em comemoração aos vinte anos da loja, dando início a uma série de famosos e concorridos desfiles. Nas mesas dispostas em “L”, a sociedade paulista vivia monentos de esplendor. “Por causa do cinema, muita gente deixou de usar chapéu, a partir da década de 30”, lembra Lídia Fieshi de Moraes, 76 anos, artesã desses tradicionais acessórios há mais de sessenta anos. “Para não atrapalhar a visão, era proibido entrar na sala com um na cabeça.” Antes disso, o chepéu era peça obrigatória. Fazia parte até dos enxovais de casamento. Tradicional confecção de uniformes escolares, a Emiguel foi fundada em 1958. Na época, destaca Shirley Haddad, uma das sócias, as escolas vendiam o tecido e as mães dos alunos costuravam. “As irmãs do São Vicente de Paula foram as primeiras a nos encomendar uniformes: saia branca pregueada com blusa cor-de-rosa para as meninas e camisa e calça azuis para os meninos”, recorda. Foram feitos 112 uniformes naquele ano. “As mães acharam ótimo não ter de costurar.” Madame Rosita, além de fazer cenografia de desfiles - um deles realizado em 1945 no Tetro Municipal - , era dona de um ateliê que, até os anos 70, vendia cerca de trinta casacos de pele por mês durante o inverno. Em meados dos anos 50, o artista plástico Flávio de Carvalho saiu pelo centro com o que considerava ser o traje ideal para enfrentar o calor brasileiro: saia pregueada, meia de renda emprestada pela atriz Cacilda Becker e blusa de esgrimista. Fundada nos anos 40, na Rua São Bento, a Casa Vogue foi, na opinião do costureiro José Nunes, a loja de moda mais importante do Brasil. Vendia modelos fielmente copiados dos franceses e peles famosas internacionalmente. Mais tarde, mudou - se para a Avenida Paulista, cresceu e popularizou - se. Fechou nos anos 70. Ao abrir seu primeiro ateliê, na Praça da República, em 1957, Denner Pamplona de Abreu quebrou o tabu de copiar a moda parisiense e se tornou o precursor da alta -costura no país. Em 1958 foi aberta a 1a Fenit, no pavilhão da Bienal, com 97 expositores. A próxima Fenit, neste mês, terá cerca de 450 estandes. Além de movimento musical, a jovem guarda ditava moda no final da década de 60. A minissaia virou coqueluche depois de expor as belas pernas de Wanderléia. Ela e seus amigos aproveitaram a moda para lançar griffes como Calhambeque, Ternurinha e Tremendão. Só em São Paulo, o Sindicato da Indústria de Confecções de Roupas e Chapéus para senhoras reunia mais de 2000 empresas em 1970.

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A EVOLUÇÃO DA LINGERIE DE UM LADO, SENSUALIDADE E EROTISMO, DE OUTRO, PRATICIDADE E CONFORTO. PARA ESSES CONCEITOS ATUAIS DE LINGERIE SEREM DEFINIDOS, MUITO SE CRIOU E SE TRANSFORMOU NO SEDUTOR MUNDO DA ROUPA ÍNTIMA. A palavra “lingerie” vem do Francês e significa toda peça do vestuário feita em “linge”. “Linge”, por sua vez, é todo tecido em fios de linho, algodão, náilon etc. usado nas roupas de baixo e, também para cama e mesa, normalmente na cor branca. Por questões higiênicas, dormia - se de e sobre roupas brancas, o que facilitava a denúncia da sujeira com mais evidência. Atualmente, lingerie está relacionada às roupas íntimas, especialmente femininas, não importando inclusive, a cor na qual é feita. Costumamos chamar as “roupas íntimas” de roupas de baixo” (“sous-vêtement” em francês, ou seja, diferente de “lingerie”) nas quais se enquadram o sutiã, a tanga, o espartilho, a cinta, a liga, o modelador, a cueca, o suspensório, a combinação, a anágua, a meia, a meia - calça, a lingerie e até mesmo o lenço. No ítem lingerie deve - se enquadrar exatamente o pijama, o baby - doll, a camisola, o penhoar, o roupão e os lençõis. Entendamos, então, que nesse artigo a palavra “lingerie” vai ganhar o conceito de “roupa de baixo” e será abordada somente nos aspectos femininos.

HISTÓRIA EM ANDAMENTO Cobrir o corpo é uma necessidade, seja pelo caráter de pudor, de adorno ou de proteção. Cobrir a intimidade do corpo é, sem dúvida alguma, um dos ítens da indumentária que mais envolve aspectos de sensualidade, erotismo e até mesmo fetichismo. Seios estão relacionados à fertilidade e fartura e desde a antiguidade a arte revela a importância de tê-los em evidência, sejam expostos ou sejam velados por delineantes tecidos. Um dos primeiros registros de mulheres usando uma cobertura especificamente para os seios e órgãos sexual está no mosaico romano de uma vila em Piazza Armerina, na Sicília, nos séculos III e IV a.C., no qual mulheres praticam ginástica cobrindo os seios com uma banda de tecido chamada “strophium” e o órgão sexual com uma espécie de tanga semelhante às calcinhas atuais. (ver imagen pág. 133) Já na Baixa Idade Média, o ideal feminino de beleza era ter o ventre saliente e arredondado e o busto miúdo e bem moldado. Ensinuá - los em silhuetas delineantes era um gosto muito acentuado para a época. No Renascimento (século XVI) surge na moda uma das armas mais poderosas do guarda-roupa feminino: o corpete. Interno e rígido, afunilava e evidenciava a cintura da mulher. Essa peça feminina, com suris variações, permanece assim por um longo tempo na história da indumentária. É lógico que os volumes das saias do Renascimento, do Barroco e do Rococó davam a idéia de que os corpetes eram ainda mais afunilantes antes de desaparecerem por um tempo no período da moda Império no início do século XIX, para reaparecerem no Romantismo. No que diz respeito à parte de baixo, da folha de figueira (e não parreira) às calcinhas rendadas com elastano da atualidade, o órgão sexual feminino nem sempre foi coberto. Por volta do século XVI é que aparecem peças para cobrí lo com a idéia de imitação daquelas que cobriam a intimidade masculina; e vale ressaltar que nem todas aceitam a idéia. O costume mesmo do uso das calças de baixo femininas só é assim assimilado pelos fins do século XIX e assemelhavam - se em tamanho às atuais bermudas, todavia, remendadas. No século XX, transformava - se verdadeiramente em calcinhas e, em alguns monentos, valia até mesmo mostrá - las ao dançar o rodopiante Rock´n roll nos anos 50.

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PERNAS ESCONDIDAS, CINTURA EM EVIDÊNCIA A meia feminina sempre escondida - uma vez que a mulher vai mostrar suas pernas somente nos anos 20 do século XX - ganha a característica de roupa íntima devido à sua não exibição. Com o começo do encurtamento das saias (até as canelas) no período da I Guerra Mundial, o pouco que se via era com meia. Com maior encurtamento das saias e vestidos até abaixo dos joelhos nos anos 20, a perna ficou à mostra mas ainda escondida, na maior parte das vezes, em opacas meias de seda, algodão ou lã. As meias finas de náilon, ainda costuradas atrás, apareceram em 1938 nos Estados Unidos, quando da invenção dessa fibra. Sumiram do mercado no período da II Guerra Mundial devido ao direcionamento da fibra para o fabrico de implementos bélicos como barracas, cordas e pára - quedas; somente reaparecendo para as meias após o término da II Guerra Mundial. Daí por diante foi só evolução e sofisticação. A meia - calça aparece nos anos 60 do século XX e graças a ela é que a mini - saia vinga, dando total liberdade de movimento às mulheres. Voltando aos corpetes, o século XIX reafirma o seu uso apartir do Romantismo, uma vez que o período Império não delineava a cintura. Do Romantismo (a partir da década de 20 do século XIX) até a Belle Époque (final do século XIX e princípio do século XX), passando pela era Vitoriana, a cintura feminina só foi cada vez mais afunilada. O limite é atingido com o espartilho no final do século XIX, quando o ideal de beleza feminina estabelece uma cintura cuja circunferência deveria ter torno de 40cm.

Martírio ou vaidade? Seja o que for , algumas mulheres chegavam mesmo a operar para serrar suas costelas flutuantes e terem suas cinturas mais que afuniladas, parecendo ampulhetas sob o rigoroso aperto dos cadarços dos espartilhos.A silhueta feminina era totalmente curvilínea, verdadeiro eco das linhas curvas predominantes na estética Art Nouveau. Com a chegada da I Guerra Mundial, chega também a liberdade para as mulheres, uma vez que deixam de usar seus respectivos espartilhos pelo fato de terem ido para o mercado de trabalho devido a ausência masculina que se deslocava para o campo de batalha.

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SÉCULO XX - ROUPAS DE BAIXO À MOSTRA A guerra termina mais a mulher continua a trabalhar. Os anos 20 do século XX chegam e consolidam a emancipação da mulher. Os padrões estéticos mudam. O geométrico é a ordem do dia, de acordo com as propostas do Art Decó. Num reflexo do geometrismo vigente nas artes, o corpo feminino molda - se em linhas retas. Cintas - liga espremem o quadril; ausência de cintura marcada, que de desloca para o quadril e achatadores de seios deixam o corpo feminino sem curvas, transformando - o num cilindro. Peças íntimas separadas, ou seja, com a característica de duas peças já são usadas desde a queda do espartilho e as peças elásticas, devido ao aspecto grosseiro da borracha, evoluem lentemente a partir dos cintos para suporte de trabalho do período da I Guerra Mundial. Significativas mudanças nas roupas de baixo aparecem já na segunda metade do século XX, a partir dos anos 50, quando o sutiã ganha uma modelagem mais anatômica ao volume das mamas, evidenciando as formas quase esféricas. Têxtil. Essa década de culto ao corpo sugere muita sensualidade e a estilista francesa Chantal Thomas exterioriza a roupa de baixo em suas coleções. Howard Hugues, construtor de aviões, inventou nos anos 50 o sutiã aerodinâmico para sustentar os seios da atriz Jane Russell. Na mesma década, surgem com enchimento de espuma que vão perdurar até a década seguinte. Nos anos 70, aparecem os sutiãs rendados e a transparência das roupas íntimas entra em voga. Nos anos 80, atinge - se o requinte das roupas íntimas em peças anatomicamente desenhadas e em materiais aderentes e confortáveis a base de fios de alestano na composição. Materiais dos quais inusitados continuam aparecendo nas exuberantes criações dos grandes nomes da moda e, muitas vezes, as roupas íntimas tornaram - se verdadeiramente roupas externas, como foi o caso também de Jean Paul Gaultier em 1990 para Madonna. Nos anos 90 do século XX, nos desfiles de moda de baixo continuaram a aparecer como roupas externas, e desfiles nos quais as manequins usavam calcinhas e bustiê foram freqüentes. VISÍVEIS OU ESCONDIDAS, ERÓTICAS OU PUDICAS, INTERIÇAS OU EM DUAS PEÇAS, BRANCAS OU COLORIDAS, A ORDEM ATUAL PARA AS ROUPAS DE BAIXO É UMA SÓ: SENSUALIDADE, PRATICIDADE E MUITO CONFORTO.

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UNDERWEAR - FEMININO Roupa íntima é o nome dado a todas as peças, feminina ou masculina, usadas sobre a pele e sob outras roupas. É fabricada em tecidos laváveis como algodão, seda e fibras químicas / sintéticas, tecida em teares plano e/ ou malharia. A história da roupa íntima é relativamente recente. Nos tempos antigos, a roupa íntima era efetivamente usada sobre o corpo, servindo ao mesmo tempo como traje de rua. A que conhecemos hoje era totalmente desconhecida até a Idade Média, época em que a necessidade de usá - la sob as roupas do dia era reservada exclusivamente aos membros da alta sociedade. Através de crônicas dos séculos 16 e 17, verificamos que somente as pessoas de alto poder sócio - econômico usavam anáguas e uma espécie de tubo - camisola - reta sobre a pele. As roupas básicas para homens e mulheres eram cortadas em uma única peça inteira, cujo comprimento descia até os joelhos e as mangas até a altura dos cotovelos; uma espécie de macacão. As mulheres usavam um tipo de camisa sob o corsete, por volta da segunda metade dos séculos 17 e 18, surgiram os babados em torno dos decotes e extremidades das mangas como valorização dessas aberturas. Até o final do século 19, pouca mudança aconteceu nesse tipo de traje. Com a popularização cada vez maior desse segmento, vieram as novas tecnologias e novos cortes, mais bonitos. No final do século 19, as mulheres passaram a usar a roupa íntima bordada e já confeccionada. Somente depois de 1925, a lingerie adotou uma nova linha que, praticamente, permanece até hoje. A seda natural e ertificial se impuseram juntamente com as cores nos tons pastel, o corte e estilo elegantes e as calcinhas mais trabalhadas.

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MEIAS QUINZE SÉCULOS DE SEDUÇÃO As primeiras meias infantis tricotadas e costuradas com fio de linho ou com finas tiras de couro foram encontradas em Tumbas Coptas, datadas do século 5 d.C.. Depois, durante muito tempo, foi perdida a arte do tricô. Na época medieval, as meias eram desconhecidas como peça independente de vestuário, isoladas das indumentária. Já no período em que a moda era dominada por Borgonha e Espanha, até o século 17, criavam - se meias tipo calça, principalmente em cores muito chamativas. Na Idade Média, as pernas eram envolvidas por tiras de tecido (molletières), que iam da planta dos pés aos joelhos. Somente no século 16 as meias tricotadas passam a ser moda na Espanha, que presenteia o rei Henry VIII com um par de meias, o que foi considerado em presente de grande valor. As meias espanholas eram ornadas com acabamentos em cores fortes. Em 1589, um eclesiástico inglês, William Lee, construiu o primeiro aparelho para tecer meias e, durante os anos seguintes, as meias tecidas à máquina superaram as feitas à mão. Até o final do século 18, as meias eram costuradas como na confecção de chinelos. Sua finalidade era a proteção das calças contra o desgaste provocado pelos canos das botas. As pessoas que usavam e ditavam moda durante o período barroco e rococó faziam uso de sobreposições de meias confeccionadas em alta seda para manterem as pernas aquecidas. No reinado de Louis XIV, os homens usavam meias até a altura dos joelhos, nas cores azul claro ou vermelho, e as mulheres preferiam meias bordadas na altura dos tornozelos, copiando a Marquesa de Pompadour.

PERNAS EM DESTAQUE No século 19, com a introdução das calças tubulantes, as meias masculinas chegaram a ser consideradas supérfuas, diminuindo progressivamente de tamanho até atingir o atual. As mulheres começavam a preocupar - se e a valorizar as meias e sapatos a partir da metade do século 19, com o surgimento das saias mais curtas . Somente no século 20, as pernas adquiriram um lugar de destaque, que não tinham anteriormente. Entre 1900 e 1914, veio a moda das meias ajourés - com motivos vazados - , na maioria confeccionadas em renda, com motivos florais. Alguns dos padrões, bordados à mão ou à máquina, tinham valores simbólicos, como âncoras, teias de aranhas e pequenos pássaros. Eram produzidas em renda de Bruxelas, seda ou crepe. Em 1920, com o desenvolvimento da indústria de malha, as meias de seda na cor da pele eram o must. A seda natural e a artificial (rayon) deram espaço às fibras sintéticas - o náilon, fibra pioneira desenvolvida em 1938 nos laboratórios da E.I. Dupont de Neumours, pelo químico Wallace Carothers - e, mais tarde, vieram as misturas com elastano. Por falta de material durante a Segunda Guerra Mundial - devido à necessidade de utilizar o náilon na fabricação de pára - quedas - , as mulheres, obrigadas a passar sem meias finas, começaram a usar as meias soquete. Os tons de pele e os tons bronzeados, que haviam se tornado moda antes do conflito, mantiveram sua popularidade nos anos pós - guerra. Algumas mulheres, desesperadas pela falta das meias finas, chegaram a tingir suas pernas com chá forte e em seguida faziam um traço na parte posterior, com lápis de maquiagem, na tentativa de imitar as costuras do imprescindível objeto de desejo. Nos anos 50, chegaram ao mercado as meias usadas durante a Idade Média, reapareceram com náilon, e permaneceram definitivamente no mercado a partir dos anos 40. Em quatro dias, foram colocados no mercado e vendidos quatro milhões de pares. Hoje, as meias de lã e algodão em todos os comprimentos estão praticamente direcionados ao segmento masculino e a moda esportiva.

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