Maio 2009
n. 1
Senac
Adobe sustentável Você tem certeza que quer criar isso?
Neil Gaiman fala do relançamento de Orquídea Negra
R$ 14,00
Portfólio trabalhos de designers e artistas engajados
Ecoprodutos projetos inovadores e sustentáveis
Indice 5
Editorial
Adobe Sustentável
Fora os assuntos técnicos, mundanos, há o que é
Você tem certeza que quer criar isso?
comum entre eles, o que faz o ser humano sentimental, reflexivo, persuasivo, experimental, expressivo, a arte. EXPEDIENTE As imagens utilizadas nesta revista são de seus criadores e idealizadores, e foram utilizadas exclusivamente para fins didáticos, não comerciais.
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CURSO Introdução à direção de arte para mídia impressa
Neil Gaiman fala sobre Orquídea Negra
INSTITUIÇÃO Senac ‒ Lapa Scipião
Sobre a Graphic Novela
cheia de possibilidades. Transformando, reciclando e sustentando o futuro,
raízes do passado. Por instinto, pessoas têm tentado usar e reutilizar o que elas têm. A revolução industrial e o consumismo eliminaram
Seção
DOCENTE Lorenso Baer
este caminho e ação da vida das pessoas, e agora, neste momento, precisamos recomeçar e nos focar no meio ambiente.
ARTE E DESIGN
Esperamos contribuir mostrando o que há de mais
Trabalhos engajados
Seção
Andréia F. de Almeida Email: andreia.afa@gmail.com Tel.: (11) 7277 6345
engajado, não queremos ser políticos e nem manipuladores, mas um meio ativo e com atitude, que realmente pensa no desenvolvimento artístico, cultural, industrial, porém sustentável.
Projetos inovadores e sustentáveis
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a arte pode libertar da rotina e fazê-lo ver a natureza como im-
estas são as chaves para trabalhos de ecodesign, novo negócio com
Um enigma de rara beleza
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dades necessárias para enriquecer a mente e fazê-la respirar. Mas
prescindível em seus pensamentos, assim a vida pode prosseguir
Entrevista
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Trabalhar, entreter-se, saber, conhecer... são ativi-
Seção
Conectados com o meio ambiente
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S U S T E N T Á V E L Em palestra na E-Tech (Emergency Technology Conference) 2009, o CTO da Adobe, Kevin Lynch, mostrou o investimento da empresa em desenvolver meios de ajudar designers a criar objetos mais sustentáveis. Aqui vão alguns exemplos:
Uma das ferramentas desenvolvidas faz com que a otimização de produção seja mais facilmente visualizada pelo designer: fazendo automaticamente a previsão do melhor aproveitamento de chapa, logo gerando o mínimo desperdício de material possível.
Outro mecanismo de ajuda mostrará a toxidade das suas escolhas. Por exemplo: ao selecionar uma cor, os designers não, necessariamente, atentam para o impacto químico dos pigmentos cromáticos. Então esta ferramenta mostraria a correlação entre as cores e os seus respectivos impactos, para que conscientemente o designer possa escolher opções mais eco-friendly .
Uma terceira idéia é a de um dispositivo que mostra qual o tipo de impacto gerado por determinado uso de materiais, como, por exemplo, a escolha de certo tipo de papel implicaria no uso de um número x de árvores.
Além disso tudo, haveria, de maneira prática e integrada, um sistema de avisos que, com base nos dados do seu projeto, lhe perguntaria:
Inscrições abertas Vestibular 2º Semestre
Artes Visuais Audio Visual Comunicação Social ‒ Jornalismo Comunicação Social ‒ Publicidade e Propaganda Fotografia Teatro
Você tem certeza que quer criar isso? quando você projetasse algo que pudesse gerar mais impacto. A ferramenta lhe daria um pequeno parecer quanto às consequências desta escolha de projeto e colocaria sua decisão em perspectiva sugerindo, por exemplo, o uso de uma versão on-line ao invés de uma impressa. ecodesign
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ARTE EM CONJUNTO DE LÁPIS Ghostpatrol é um ilustrador australiano cuja obra é incrivelmente inovadora, criativa, movidos por impulsos e com uma injecção de energia infinita. Ele esculpe, pinta, desenha e serigrafa. Usando como suporte qualquer lienso: latas, papel, canetas, marcadores, madeira, barro, papel...
VOCÊ TEM ALGUM PROJETO CUJO FOCO É O MEIO AMBIENTE? COLEÇÃO PALETAS ‒ ARTE EM PAPELÃO Filipe dos Santos (também conhecido por Corcoise) nasceu no verão de 1978 em Portugal. Cresceu em um ambiente rural, mas assistiu muita televisão e, através de sua adolescência, desenvolveu seu hype rural auto-identidade. Não sabendo o que fazer com ele, buscou uma maneira de expressar-se. Então, aos 16 anos de idade, começou a esboçar.
Então, envie-nos o seu trabalho, os melhores e os realmente engajados serão divulgados nesta seção. ➡ ecoportfolio@ecodesign.com.br
ILUSTRAÇÃO SOBRE TELA Reproduções de artwork montadas em uma moldura de madeira. Samuel Ribeyron é um ilustrador francês. Seus desenhos são comercializados a nível mundial, tudo pela internet. Contato para encomendas e para conhecer outras obras do artista: laboutique@samuelribeyron.com
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Portfólio ENGAJADOS
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Boas idéias, inspiradas na natureza, por um futuro melhor.
A arte inserida no meio ambiente, e o meio ambiente essencial ao designer.
GREEN GRAFFITI Imagens tradicionalmente urbanas integradas de forma simbiótica na paisagem das montanhas nas Ilhas Lofoten ‒ Noruega, dá ao gênero street art um novo conteúdo, causando o bloqueio dos olhos no passado. Artistas: Dolk e Mob TOY ART - WALL-E
Acrílico sobre tela do artista americano Josh Keyes.
Wooden Wall-e é uma edição ultra limitada realizada pela Morpheus, equipe de escultores com base em Hertfordshire, no Reino Unido. Portfólio ENGAJADOS
GUARDIAN
ROSTOS (CHIMERA À ESQ. E TWIGGY) ‒ RECICLAGEM GLOBAL WARMING ‒ CARTAZES Na etiqueta do primeiro Made in China (Fabricado na China) e na etiqueta do segundo Bought by Us (Comprado por Nós). Designer gráfico: Amelia Roberts
S A Schimmel Gold é uma artista eco-friendly que transforma postais, cartões de visita, catálogos, anúncios e convites de galerias de arte em imagens incríveis como a da Twiggy (à cima), modelo famosa nos anos 60. A artista retrata rostos que poderiam estar sendo utilizados de forma efêmera pela publicidade, motivada por estímulos como a própria arte, a beleza, a moda e o design. Através da reciclagem de materiais a artista c cria uma beleza eterna. eco io
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NEIL GAIMAN Depois das impecáveis
edições
de Sandman, chega às livrarias outra edição luxuosa de uma obra antiga de Gaiman e Dave McKean. Publicada originalmente em 1990 ‒ editora Globo, agora em minissérie pela Opera
fala sobre a Graphic Novel
ORQUÍDEA NEGRA e como conseguiu deixar o mundo dos
Graphica. E é justamente essa reimpressão
quadrinhos nas bancas
que contextualiza a obra com a realidade atual:
mais roxo, e um pouco
preservar, e aprender a ler o que a natureza nos diz.
mais vegetal.
ECO: É verdade que foi sua primeira história em quadrinhos para a DC? NEIL: Isso, trabalhei alguns meses na editora e em fevereiro de 1987, uma Karen Berger impressionada com o roteiro de Jack in the Green, concordou que eu produzisse uma história com a Orquídea Negra, uma personagem obscura e pouco usada da editora. ECO: Foi sua escolha trabalhar a personagem? NEIL: Na verdade queria trabalhar com outros personagens, mas todos já estavam prometidos a outros argumentistas. Então sugeri a mulher-flor que a DC havia criado em 1973, para a revista Amazing Tales, e que estava há muito esquecida, tão esquecida que quando falei da Black Orchid a Dick Giordano, vice-presidente da DC, respondeu: Quem? Black Hawk Kid? .
ECO: O que essa história se difere de outras HQ s? NEIL: A trama tem um desenvolvimento totalmente diferente das histórias de super-heróis convencionais, busquei distanciá-la da ação e da violência gratuita e focar na busca da personagem por sua identidade. Mais uma vez, a exemplo do que há em Sandman, mostro como uma busca pessoal pode se tornar uma grande aventura cheia de perigos e momentos intensos. ECO: A busca pela identidade tal qual uma criança inocente, uma frágil heroína, obscura, um enigma... NEIL: Uma flor, não uma divindade da natureza como o Monstro do Pântano. O termo técnico que usei para ela foi Rainha da Primavera com todas as implicações que isso traz, inclusive vida curta. Os Monstros do Pântano vivem eternamente, as Rainhas da Primavera não. Elas representam beleza, inocência, pureza e paz.
Um enigma de rara beleza e poesia A história mostra como Philip Sylvian, um botânico que estudou na mesma classe de Pamela Isley (futura Hera Venenosa, inimiga de Batman) e Alec Holland (que se tornaria o Monstro do Pântano), desenvolveu criaturas mistas de planta e ser humano. As tais criaturas, geradas a partir de orquídeas, foram feitas à imagem de uma outra botânica por quem Sylvian era apaixonado. O problema é que cada uma das plantas carrega em si uma espécie de memória genética que é despertada conforme crescem, mas uma série de incidentes pode impedir estas memórias de despertarem totalmente. As criaturas têm poderes enormes e uma tendência a fazer o bem, porém não sabem se devem importar-se mais com plantas ou seres humanos. Tudo isso talvez não fosse problema, até o momento que o ex-marido 12 ecodesign
da musa que inspirou as Orquídeas de Sylvian sair da cadeia e envolver Lex Luthor na história. Luthor, então, passa a fazer de tudo para dominar o segredo das Orquídeas. Ao mesmo tempo, duas delas – uma adulta e uma criança – tentam manterem-se vivas, longe de Luthor e reiniciar o plantio de sua raça. O roteirista inglês ainda aproveita para sutilmente inserir outros personagens importantes da DC (tirando os ecológicos já citados). Têm a presença, mesmo que rápida em sua maioria: Batman e vários vilões do Asilo Arkham, como o Duas-Caras, Coringa e Chapelino Maluco. Todos eles estão bem enredados na trama, como é do feitio de Gaiman. A história é ecologicamente instigante, muito bem roteirizada e lindamente ilustrada. Além disso, os leitores brasileiros vão ficar felizes pelo fato de
Gaiman levar a Orquídea em um determinado momento da trama à Amazônia. E pasmem: uma Amazônia corretamente desenhada, com índios locais bem pesquisados e até citação da lenda folclórica brasileira do Curupira. Gaiman, como se vê, sempre fez direitinho sua lição de casa para não falar besteiras e dar aos seus leitores boas histórias. Orquídea Negra é uma das melhores, e prova de que é possível criar um roteiro engajado e irretocável. Mas o grande problema dessas “renovações” surge também nessa história: é difícil para outro autor, que com certeza não tem o mesmo nível de Gaiman, dar prosseguimento ao personagem. Foi o que aconteceu. Após Gaiman a Orquídea não recebeu mais roteiros. Olhando assim é até melhor, pois dificilmente alguém chegaria nesse nível com essa personagem.
ECO: Conte-nos sobre as diferentes atmosferas de cada número da minissérie. NEIL: A primeira parte é muito direta, ousadamente realista. Tudo acontece em cidades e salas dentro de um mundo feito pelo homem . Os tons arroxeados da Orquídea convivem com o cinza, o preto e o branco, do mundo ao seu redor. Na segunda parte, começamos a explorar outras coisas como o Central Park de Gotham City e o cemitério nos fundos do Asilo Arkham. Ainda são locais feitos pelo homem, mas há profundezas estranhas neles. Ao fazer a última parte, sabíamos que tudo aquilo tinha que sair bonito, porque tudo acontecia em áreas selvagens: as flores tropicais da Amazônia e os pântanos da Louisiana. Em vez de minúsculos borrifos de cor num mundo cinzento, temos minúsculas pessoas cinzentas movendo-se dentro da bela floresta tropical. E é neste último número que há uma explosão de cores. ECO: O que parecia ser a trama mais simples do mundo, ganha ares geniais e termina de maneira simples e arrebatadora, como conseguiu? NEIL: Orquídea encontra o Monstro do Pântano, e acaba na Amazônia, onde enfrenta agentes de Lex Luthor. Em cada imagem seqüenciada, a fusão do expressionismo figurativo e abstrato com o impressionismo numa atmosfera de sonho, imaginação, memória. Essa viagem através da arte estonteante atravessa caminhos que parecerão novos, mas que sempre estiveram lá, apenas nunca havia sido trilhados. O encontro de Carl Thorne com as mulheres orquídeas no laboratório de Philip Sylvian.
ECO: Para finalizar... Toda essa trama, começa com uma orquídea? NEIL: E um belo pôr-do-sol.
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Entrevista NEIL GAIMAN
ECO: Como foi a jogada da DC para tentar promover o notabilizado resultado? NEIL: A história ficou pronta ainda em 1987, mas a DC considerou-a boa demais e queria que um trabalho menor saísse antes, para que eu e Dave Mckean ‒ ilustrador tornássemos mais conhecidos e a Orquídea vendesse mais. No fim, o trabalho menor acabou sendo Sandman (a obra mais premiada dos EUA, lançada em 1989) e Orquídea Negra saiu em 1990.
Conheça alguns projetos inovadores de designers que pensam de maneira sustentável.
O design de Beverly NG, quando virado de cabeça para cima, funciona como um abajur (quase) normal. Mas se virado de cabeça para baixo, em contato com a luz solar, ele recarrega-se sozinho. Quando ligado à noite, e de cabeça para cima, pode estabelecer uma conexão de internet wifi, adquirindo dados sobre o uso de energia da sua casa, e acende uma luz verde, amarela ou vermelha, dependendo do quanto você usou naquele mês.
DAILY CANDY ‒ BALAS Além de saudáveis, são feitas com materiais recicláveis, e as tintas são 40% feitas à base de soja produzidas nos EUA para reduzir a exportação de resíduos e apoiar a produção interna. Ainda mais, doa metade de seus lucros para organizações designadas por cada sabor: hortelã com baunilha para grupos contra a fome, menta apóia iniciativas eco-friendly e manga com hortelã ajuda os sem-teto.
GREENAID BAG ‒ BOLSA Desenhado por Nicholas Lovegrove & Demian Repucci, 2008. Por certo, o eco-guerreiro deve levar às ruas, muito útil nas compras, pode ser facilmente guardado no bolso e nos momentos oportunos combaterá a proliferaço do saco plástico. Materiais: Neopreno casca exterior e dentro, saco de poliéster reutilizado.
360°PAPER BOTTLE ‒ GARRAFA DE PAPEL Genial proposta eco-friendly da BrandImage como opção sustentável às milhões de garrafas plásticas consumidas diariamente. A garrafa é totalmente reciclável e proveniente 100% de recursos renováveis. Totalmente Green sem deixar o Design de lado, um ótimo exemplo da aproximação da ética com a estética.
CHUCK ‒ LIXEIRA Chuck é a primeira lixeira de lixo feita 100% de papel reciclado e pintada com tinta a base de água feita de material reciclado também. Custam cerca de $9.99 e além de responsabilidade ambiental, trazem bonitas impressões, e ainda promove uma competição entre designers, artistas, estudantes, profissionais ou drogados criativos para a escolha de um conceito gráfico e tipográfico único.
HEADPHONES ‒ FONES DE OUVIDO DUBBED ‒ CADEIRA DE ESTOFO RECICLADO Camilla Hounsell Halvorsen ‒ Noruega, uma peça de designer mobiliário. Dubbed, possui quatro pernas em aço inoxidável e um tubo interior coberto de estofos em material reciclado. O assento não é fixo na base para que a cadeira possa ser ajustada para a posição desejada, ou ser retirado e colocado no chão para ser usado como um pufe.
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O artista holandês Parra em colaboração com The Perfect Unison personalizou uma série de headphones realizados em madeira orgânica dobrada através de uma técnica finlandesa. Serão vendidos pela LazzyDog e apresentados durante a exo eco posição da artista. ec toss utos ut du duto odu pro prod p
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Ecoprodutos SUSTENTABILIDADE
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SOLAR SPARK LAMP ‒ ABAJUR