TFG Arquitetura

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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ FAU - FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

ANDRÉIA MOREIRA NASCIMENTO

CENTRO DE APOIO A PESSOAS EM VULNERABILIDADE SOCIAL

ORIENTADOR: CARLOS EDUARDO VILELA GALVÃO

CUIABÁ/ MT 2017


ANDRÉIA MOREIRA NASCIMENTO

CENTRO DE APOIO A PESSOAS EM VULNERABILIDADE SOCIAL

Trabalho final de graduação apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Cuiabá - UNIC, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do Professor Carlos Eduardo Vilela Galvão.

CUIABÁ/ MT 2017


AGRADECIMENTOS Agradeço a todas as pessoas que fizeram parte e me auxiliaram ao longo desta jornada, foram anos de muito esforço, dedicação e renúncias, mas ao mesmo tempo de muita satisfação. É a realização de um sonho e sou grata a todos que me ensinaram, incentivaram e apoiaram e também às dificuldades que me fizeram crescer. Obrigada a Unic/MT e Unisinos/RS e a todos os professores, colegas e amigos que participaram nesta formação. Em especial quero agradecer a minha família que sempre esteve ao meu lado, me amparando e ajudando no que foi preciso, ao meu orientador Carlos Eduardo Vilela Galvão por todo suporte e contribuição neste trabalho e ao meu chefe Luiz Alberto Vargas, pela compreensão e tempo que me disponibilizou para a realização desta etapa tão importante de encerramento de curso. Figura 1 – Flor, desenho de Oscar Niemeyer.

"A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem". Oscar Niemeyer

Fonte: Consuelo Blog, 2013.


LISTA DE FIGURAS

Figura 15: Moradores do Porto se alimentam e conversam............................................................................26

Figura 1: Flor, desenho de Oscar Niemeyer........................3

Figura 16: Demolição na "Ilha da Banana".......................27

Figura 2: Street Art retratando o “sonho” pelo

Figura 17: Localização do bairro na cidade....................32

acolhimento.........................................................................10

Figura 18: Bairro Alvorada...................................................33

Figura 3: Ações higienistas nas ruas de São Paulo..........19

Figura 19: Evolução Urbana...............................................33

Figura 4: Violência dos agentes públicos.........................19

Figura 20: Rede de saúde do bairro..................................35

Figura 5: Localização dos albergues na cidade.............21

Figura 21: Centro de Apoio e Assistência a Saúde.........35

Figura 6: Albergue Manoel Miráglia..................................22

Figura 22: Escolas do bairro................................................36

Figura 7: Fluxograma Albergue Manoel Miráglia.............22

Figura 23: Praça no bairro Alvorada.................................36

Figura 8: Casa de Abrigamento Porto..............................23

Figura 24: Pontos de ônibus no bairro...............................37

Figura 9: Fluxograma Casa de Abrigamento Porto.........23

Figura 25: Hierarquia das vias.............................................37

Figura 10: Albergue Distrito da Guia..................................24

Figura 26: Zoneamento Alvorada......................................38

Figura 11: Fluxograma Distrito da Guia.............................24

Figura 27: Localização do terreno no bairro....................39

Figura 12: Pontos de maior concentração das pessoas

Figura 28: Uso e Ocupação do Solo..................................40

em situação de rua.............................................................25

Figura 29: Entorno do terreno.............................................41

Figura 13 :Moradora de rua mostrando os materiais de

Figura 30: Fotos do entorno imediato...............................42

reciclagem...........................................................................26

Figura 31:Percurso do transporte público até o terreno.43

Figura 14:Moradora de rua com os voluntários do

Figura 32: Estudo do terreno...............................................44

Entregas por Cuiabá...........................................................26

Figura 33: Topografia do terreno em planta....................45


LISTA DE FIGURAS

LISTA DE GRÁFICOS

Figura 34: Topografia do terreno em perspectiva...........45

Gráfico 1: Sexo da população em situação de rua.......13

Figura 35: Vegetação existente no terreno......................46

Gráfico 2: Principais razões da ida para as ruas..............13

Figura 36: Fotos da vegetação do terreno......................46

Gráfico 3: Escolaridade população em situação de

Figura 37: The Bridge Dallas (Imagem pátio)...................49

rua..........................................................................................14

Figura 38: The Bridge Dallas (Implantação)......................49

Gráfico 4: Motivos apontados para preferirem as ruas..14

Figura 39: Maquete Casa em Santa Teresa.....................50

Gráfico 5: Motivos apontados para preferirem os

Figura 40: Casa em Santa Teresa.......................................51

albergues..............................................................................15

Figura 41: Brises em madeira Casa em Santa Teresa......51

Gráfico 6: Locais de pernoite da população em

Figura 42: Ventilação e iluminação natural.....................52

situação de rua....................................................................15

Figura 43: Pilotis e aproveitamento dos níveis..................52

Gráfico 7: Trabalho população em situação de rua......16

Figura 44: Evolução Volumétrica.......................................55

Gráfico 8: Alimentação diária pessoas em situação de

Figura 45: Perspectiva do projeto......................................57

rua..........................................................................................16

Figura 46: Brises verticais aeroscreen.................................59

Gráfico 9: – Problemas de saúde mais encontrados......17

Figura 47: Brises horizontais termobrise..............................59

Gráfico 10: Posse de documentos pessoais.....................17

Figura 48: Recepção vista 1...............................................62

Gráfico 11: Impedimento de entrar em locais e realizar

Figura 49: Recepção vista 2...............................................63

tarefas...................................................................................18

Figura 50: Quarto masculino...............................................64

Gráfico 12: Análise dos dados apresentados..................18


LISTA DE TABELAS Tabela 1: Análise dos dados apresentados.....................18 Tabela 2: Quadro do programa de necessidades com pré-dimensionamento.........................................................29 Tabela 3: Quadro do programa de necessidades com pré-dimensionamento.........................................................30 Tabela 4: Condicionantes Legais e Normativos..............31 Tabela 5: Indices Urbanísticos do terreno.......................46 Tabela 6: Análise dos dados apresentados.....................18 Tabela 6: Programa arquitetônico adotado...................56 Tabela 7:Programa arquitetônico adotado(contin.).....56


SUMÁRIO INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................................................8 1 FUNDAMENTAÇÃO...........................................................................................................................................................................9 1.1 Conceito do Tema.........................................................................................................................................................................9 1.2 Contextualização do Tema..........................................................................................................................................................9 1.3 Estudo de Caso.............................................................................................................................................................................11 2 PROGRAMA DE NECESSIDADES.....................................................................................................................................................20 3 CONDICIONANTES LEGAIS E NORMATIVOS.................................................................................................................................31 4 ASPECTOS FÍSICOS - LUGAR..........................................................................................................................................................32 5 ASPECTOS FORMAIS.......................................................................................................................................................................47 6 PROPOSTA.......................................................................................................................................................................................52 6.1 Diretrizes Projetuais.......................................................................................................................................................................52 6.2 Partido Arquitetônico...................................................................................................................................................................53 6.3 Programa Arquitetônico Adotado.............................................................................................................................................54 6.4 Projeto............................................................................................................................................................................................57 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................................................................................57 8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.........................................................................................................................................................58


A escolha do tema se deu pela identificação com a área social aliada a importância do trabalho do

INTRODUÇÃO

arquiteto na melhora da qualidade de vida das pessoas A vulnerabilidade social é marcada pela exclusão

e das cidades. O desafio é atender às necessidades

de pessoas e grupos a determinadas situações e

destas pessoas, contribuindo para a transformação e

direitos. Geralmente ela decorre da ausência de

desenvolvimento delas, projetando espaços que visam

recursos financeiros, mas diversos são os motivos que

minimizar o sentimento de abandono, proporcionando

levam

conforto, bem-estar e dignidade, tornando-se uma

a

questões

essa

situação,

políticas,

tais

como:

desemprego,

desentendimentos

familiares,

referência no estado de Mato Grosso. Neste

doenças mentais, drogas, entre outros fatores. De grande relevância para a sociedade, o tema

trabalho

fundamentação

será

teórica

do

apresentada tema,

toda

a

analisando

o

em

contexto histórico, o estudo do lugar e seu entorno, as

Vulnerabilidade Social, visa o desenvolvimento de um

referências utilizadas, assim como os aspectos técnicos

projeto

às

e normativos pertinentes. Através deste estudo, foram

necessidades básicas dessa população, dispondo de

desenvolvidas e representadas graficamente todas as

acomodação, alimentação e acompanhamento, além

etapas do projeto arquitetônico e suas decisões

de cursos de qualificação e oficinas, que auxiliem

projetuais,

através da educação a inserção destas pessoas no

necessidades expostas.

proposto,

Centro

de

arquitetônico

Apoio voltado

a a

Pessoas atender

de

forma

a

atender

os

objetivos

e

mercado de trabalho.

8


1. FUNDAMENTAÇÃO


1. FUNDAMENTAÇÃO

ausência de residência ou pessoas em

1.1 Conceito do tema

trânsito e sem condições de autossustento (2013, pg.41).

O Centro de Apoio a Pessoas em Vulnerabilidade

Possui

como

objetivo

acolher,

proteger,

Social é um espaço físico destinado ao serviço de

restabelecer vínculos de convivência, possibilitar o

acolhimento, proteção e oferta de oportunidades

acesso ao lazer, cultura e serviços sociais, proporcionar

como instrumento de transformação social de uma

oportunidades de qualificação profissional e inclusão

parcela da população que se encontra em situações

produtiva

de vulnerabilidade social.

desenvolvimento da autonomia dessas pessoas.

e

principalmente

contribuir

para

o

Segundo a Tipificação Nacional de Serviços

De acordo com o Ministério de Desenvolvimento

Socioassistenciais, do Ministério do Desenvolvimento

Social (MDS), os serviços de acolhimento institucional

Social e Combate a Fome (MSD) o acolhimento

para adultos e famílias podem ser ofertados nas

institucional está enquadrado como um serviço de alta

seguintes unidades:

complexidade (para adultos e famílias) e é definido como:

- Abrigo institucional: semelhante a uma residência, com limite máximo de 50

Acolhimento provisório com estrutura para acolher com privacidade pessoas do mesmo sexo ou grupo familiar. É previsto para

pessoas

desabrigo

por

em

situação

abandono,

de

rua

e

migração

e

(cinquenta) pessoas por unidade e de 4 (quatro) pessoas por quarto. - Casa de Passagem: Destinada a receber no máximo de 50 (cinquenta) pessoas,

caracteriza-se

acolhimento

imediato

pela e

oferta

de

emergencial,

9


distingue-se por ter um fluxo mais rápido,

humana, proporcionando proteção e integridade às

uma vez que recebe indivíduos em trânsito,

pessoas

com uma permanência máxima de 90 dias. (2015)

e

famílias

expostas

a

situações

de

vulnerabilidade, reduzindo os ciclos de violência e a presença de pessoas em situação de abandono.

A unidade definida para este projeto será a de abrigo institucional, que deverá oferecer a estrutura

Figura 2 – Street Art retratando o “sonho” pelo acolhimento.

necessária à moradia temporária e a todos os serviços prestados,

de

forma

a

atender

aos

direitos

estabelecidos na Constituição Federal de 1988: Art

São

direitos

sociais

a

educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos

desamparados,

na

forma

desta

Constituição (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).

Os abrigos possuem uma grande responsabilidade social na construção de uma sociedade mais justa e

Fonte: BBC Brasil, 2014.

10


1.2 Contextualização do tema

Segundo Silva (2006), na transição do feudalismo para o capitalismo, com a entrada da revolução

Para

compreender

melhor

a

temática

da

industrial, o homem do campo perde sua propriedade e

vulnerabilidade social e os serviços de acolhimento a

seus meios de produção e se vê obrigado a buscar

essa população, é preciso buscar no contexto histórico

emprego nas indústrias da cidade. Porém, nem todos

o surgimento e os motivos que levaram a essa

conseguem ser absorvidos, seja pela demanda, seja

condição, assim como as primeiras ações e práticas

pela adaptação a nova rotina de trabalho. Sem

assistencialistas. Da mesma forma, é preciso conhecer o

escolha, muitos passam a viver nas ruas.

perfil deste público-alvo, a quantidade de pessoas nesta situação e os serviços de acolhimento institucional

Analisando as citações acima, percebe-se que o

oferecidos pela cidade de Cuiabá, lugar escolhido para

surgimento das pessoas em situações de rua é uma

implantar este projeto.

consequência das mudanças no espaço urbano e da industrialização

 Histórico dos primeiros moradores de rua:

das

cidades.

O

crescimento

e

desenvolvimento delas, fez com que esses índices aumentassem cada vez mais, porém, mesmo estando

De acordo com Stofells (1977), a história dos

entre os primeiros casos encontrados, hoje existem

primeiros mendigos e itinerantes encontrados, remonta

muitos outros motivos causadores dessa situação e que

da Grécia Antiga e são decorrentes do início das

serão descritos mais a frente no gráfico nº2.

construções

das

cidades

e

da

organização

das

propriedades de terras e suas desapropriações. 11


 As primeiras práticas assistencialistas:

 A Assistência Social como dever do Estado:

Segundo Vieira (1978) a prática da assistência

Segundo a Constituição Federal (1988) no seu

social está presente desde a antiguidade através das

artigo 203, a Assistência Social é direito do cidadão e

ações de caridade e solidariedade promovidas pela

dever do Estado e será prestada a quem dela

Igreja. Através dela surgiram as primeiras casas de apoio

necessitar, independente da contribuição à seguridade

que atendiam as crianças em situação de abandono,

social. Tem por objetivos proteger aos cidadãos de

os

todas as idades, amparar carências, promover a

pobres,

pessoas

doentes,

viajantes

e

viúvas

desamparadas. Da mesma maneira, as pessoas eram

integração

ao

mercado

de

trabalho,

habilitar

e

incentivadas a ajudar aos necessitados em troca do

reabilitar pessoas portadoras de deficiências e sua

perdão por seus pecados.

inserção na comunidade e garantir o recebimento de

Desta forma, verifica-se que as primeiras práticas

um salário mínimo mensal às pessoas portadoras de

assistencialistas eram realizadas pela Igreja e fiéis de

deficiência e idoso que comprovarem não possuir meios

maior poder aquisitivo, na condição de benevolência e

de prover sua manutenção.

caridade, transformando o indivíduo em “favorecido” e

Portanto, com a regularização da Assistência

não em cidadão de direitos. Nesta época a Assistência

Social ora mencionada, as práticas assistencialistas

Social não era reconhecida como um dever do Estado.

antes vistas, passaram a dar lugar às políticas de

As ajudas e doações somente serviam para atender as

Assistência Social do Governo, promovendo futuras

necessidades

mudanças e avanços na área. Um exemplo disto é a

momentâneas,

mas

mudanças na estrutura do problema.

não

promoviam

Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de 12


Rua, realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social

Razões da ida para as ruas:

e Combate a Fome (MDS, 2008), que englobou 71

Três foram os motivos mais apontados por 71,3%

municípios brasileiros, sendo um deles Cuiabá/MT, e

da população em situação de rua, como as principais

levantou dados do perfil dessa população.

razões para a condição em que se encontram, sendo eles:

 Pesquisa Nacional Sobre a População em Situação de Rua (MDS 2008): 

álcool/drogas,

desemprego

e

desavenças

familiares, que podem ser consequência um do outro ou estarem ligados entre si (Gráfico 2).

Características Socioeconômicas:

Gráfico 2 - Principais razões da ida para as ruas

A predominância da população em situação de

Principais motivos

rua é masculina, com 82% de homens e 18% de mulheres (Gráfico 1). Gráfico 1 – Sexo da população em situação de rua

35,5

Sexo

100

Desemprego

82

80

Desavenças familiares

60

Feminino

40 20

Alcoolismo/Drogas

29,1

Masculino

18

29,8

0 Feminino

Masculino

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

13


Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Escolaridade

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Pernoite:

A maioria (95%) não estuda atualmente, 74% sabe

Dos entrevistados 46,5% optam pelas ruas para

ler e escrever, 17,1% que não sabem escrever e 8,3%

pernoitar e quando questionados sobre os principais

assina somente o nome (Gráfico 3).

motivos apontam a falta de liberdade, as regras de horários e a restrição ao uso de drogas (Gráfico 4).

Gráfico 3 – Escolaridade da população em situação de rua Gráfico 4 - Motivos apontados para preferirem as ruas:

Escolaridade

Preferência por dormir nas ruas - Motivos

80 70

Falta de Liberdade 21,4

60 50 40

44,3 74

Escolaridade

30

27,1

20 10

17

0 Sabem ler e escrever

Não sabem escrever

Horários

Restrição ao uso de drogas

8,3 Somente assinam o nome

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

14


Os outros 43,8% gostariam de dormir em albergues e

Gráfico 6– Locais de pernoite da população em situação de rua

alegam a violência e o desconforto como maiores Pernoite

dificuldades enfrentadas ao pernoitar nas ruas. (Gráfico

80

5). Porém somente 22,1% conseguem de fato uma

70

vaga.

60 50 40

Gráfico 5 - Motivos apontados para preferirem os albergues:

30

Pernoite 69,6

20

Preferência por dormir em albergues Motivos

22,1

10

8,3

0 Rua

Violência

Albergue

Ambos

45,2

69,3

Desconforto

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

 Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

São 69,6% de pessoas dormindo nas ruas, 22,1%

Trabalho e renda: A maior parte exerce atividade remunerada

(70,9%), destes, apenas 1,9% possui carteira assinada, os demais trabalham na informalidade. A minoria, 15,7%

em albergues ou instituições similares e 8,3% costumam

das

alternar entre as ruas e os albergues (Gráfico 6).

sobrevivência. Dentre as principais atividades estão:

pessoas,

pede

dinheiro

como

meio

de

15


recolhimento flanelinha,

e

venda

construção

de

materiais

civil, limpeza

e

recicláveis,

Gráfico 8 – Alimentação diária pessoas em situação de rua

carregador

Alimentação

(Gráfico 7). 19

Gráfico 7 – Trabalho da população em situação de rua

Não conseguem nem 1 refeição/dia

Renda 4,2

3,1

Materiais recicláveis Flanelinha

6,3 27,5

Ao menos 1 refeição/dia

79,6

Construção Civil Limpeza

14,1 Carregador/ Estivador

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Com relação à saúde, 29,7% das pessoas em

Alimentação, saúde e cidadania:

situação de rua declaram possuir algum problema de

A maioria da população alimenta-se ao menos

saúde,

dentre

eles

os

mais

encontrados

são:

com uma refeição ao dia e 27,4% delas conseguem

hipertensão, problemas mentais, HIV e problemas de

compra-la com seu próprio dinheiro. Porém nem todas

visão (Gráfico 9).

conseguem se alimentar todos os dias (Gráfico 8). 16


Gráfico 9 – Problemas de saúde mais encontrados

Gráfico 10 – Posse de documentos pessoais Documentos Pessoais

Problemas de Saúde

Carteira de identidade 21,9 4,6

24,8

Hipertensão 10,1

5,1

58,9

Mental

CPF

37,9

Carteira de trabalho

HIV/Aids

49,5

Visão

39,7

6,1

Certidão de nascimento

42,2

Título eleitoral Sem documento algum Todos os documentos

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Quanto a posse de documentos, 24,8% não

Além de todas as dificuldades, as pessoas em

possuem sequer um documento de identificação,

situação de rua são vítimas da discriminação. Conforme

enfrentando dificuldades no exercício da cidadania,

mostra o gráfico nº 11, frequentemente são impedidas

acesso aos serviços e emprego. Em contrapartida, 21,9%

de acessar determinados lugares, como por exemplo,

possuem

transporte coletivo, rede de saúde, bancos, entre outros

todos

os

documentos

mencionados

na

pesquisa (Gráfico 10). 17


e por muitas vezes evitam o acesso por constrangimento

algumas diretrizes a serem aprofundadas mais a frente

de uma provável negativa.

no desenvolvimento do projeto (Tabela 1).

Gráfico 11 – Impedimento de entrar em locais e realizar tarefas

Discriminações sofridas 13,9 18,4

31,8

Tabela 1 – Análise dos dados apresentados

Entrar em estabelecimento comercial

SITUAÇÃO

Entrar em Shopping Center

Maior público masc.

Acolhimento

Dispor + quartos masc.

Problemas álcool/ drogas

Saúde

encaminhar pra

Entrar em transporte coletivo

SETOR

Acompanhar e tratamento

Entrar em bancos

21,7

31,3

Desemprego

Ensino

Deficiências Alfabetização

Ensino

Entrar em orgãos públicos 26,7 29,8

Receber atendimento na rede de saúde Tirar documentos

Falta de liberdade em albergues

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

 Análise de dados:

de recolhimento de

Acolhimento

pessoais

profissionalizantes Proporcionar aula de alfabetização (rápida)

proporcione integração (público x privado)

Serviço

materiais recicláveis Problemas de saúde

Oferecer oficinas

Arquitetura que

Maior renda proveniente

Falta de documentos

Fazendo uma conexão entre as informações

AÇÃO

Saúde Administrativo

Local para guardar os carrinhos de coleta Acompanhamento Encaminhamento e auxílio para emissão

apresentadas e o projeto proposto, é possível traçar 18


 Problemas envolvendo o Governo:

Figura 3 – Ações higienistas nas ruas de São Paulo

Além de todas as problemáticas mencionadas anteriormente, as pessoas em situação de rua também sofrem com políticas higienistas e violência por parte do Governo, geralmente uma está vinculada a outra. - Políticas higienistas: Ações de "limpeza" da cidade, onde retiram ou impedem o acesso destas

Fonte: Bol Notícias, 2017.

pessoas aos locais mais centrais (lugar onde se concentram devido às facilidades dos meios de

Figura 4 – Violência dos agentes públicos

subsistência), transferindo-as, contra a própria vontade, para regiões mais periféricas e sem estrutura. Na Figura 3, imagem de uma ação da Prefeitura de São Paulo, onde os agentes fazem a retirada dos pertences desta população. - Violência: Repressões causadas por agentes públicos, que desrespeitam, constrangem e violentam estas pessoas. Na Figura 4, a charge apresenta uma crítica a essa "varredura" realizada pela força armada. Fonte: Rec Show, 2012.

19


 População em situação de rua em Cuiabá:

 Justificativa do tema:

Não há números exatos sobre a população em

Como se pode perceber, o número de pessoas

situação de rua na cidade de Cuiabá, mas a Secretaria

em situação de rua ultrapassa a capacidade desses

de Assistência Social, estima que existam cerca de 600

albergues, não havendo possibilidade de atender nem

pessoas nessas condições. (Gazeta Digital, 2017).

metade dessa população. Diante disso, o Centro de Apoio a Pessoas em

 Serviços de acolhimento em Cuiabá:

Vulnerabilidade Social vem com o intuito de suprir parte dessa demanda, sendo um local de referência e

Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social

e

Desenvolvimento

Humano

de

Cuiabá

amparo, contribuindo através da arquitetura, o bom uso dos espaços e das atividades propostas.

(SMASDH), a cidade hoje conta com três acolhimentos institucionais para adultos e famílias, com capacidade para até 50 pessoas cada, totalizando 150 vagas. São eles:

 Estudos de Caso: A

- Albergue Distrito da Guia - Albergue Municipal Manoel Miráglia - Casa de abrigamento Porto

fim

de

aprofundar

os

conhecimentos

e

compreender melhor a realidade destas pessoas, foram realizadas visitas locais nos três albergues municipais e nos pontos de maior concentração das pessoas em situação de rua. Ambos foram fundamentais para o embasamento projetual. 20


 Visita aos albergues:

situação de rua). Já o Distrito da Guia localiza-se fora da abrangência do público-alvo. (Figura 5).

As visitas ocorreram no mês de agosto/2017 e foram de grande importância para o entendimento da

Figura 5 – Localização dos albergues

rotina e o funcionamento deles. Todos são destinados ao

acolhimento

provisório

(máximo

3

meses),

atendimento 24h e oferta de serviços de acomodação, alimentação, higiene pessoal e assistência social. As principais regras de convivência envolvem a proibição do uso de álcool/drogas e restrições quanto aos horários de entrada e saída. Como instrumento de estudo e análise, foi realizado um fluxograma dos ambientes de cada albergue, que auxiliaram na elaboração das etapas iniciais do projeto (Figuras 7,9 e 11).  Localização dos albergues: O Albergue Manoel Miraglia e a Casa de Abrigamento Porto encontram-se em região central, portanto próximos aos pontos de interesse (pessoas em 21


Albergue Manoel Miráglia:

Figura 6 – Albergue Manoel Miráglia

Abriga homens e mulheres, sendo 3 dormitórios coletivos masculinos (14 leitos em cada) e um feminino (8 leitos). Pela imagem da sua implantação (Figura 6) observa-se que é composto por dois blocos, sendo o primeiro de toda parte administrativa e o segundo dos dormitórios. O fluxograma dos ambientes (Figura 7) foi organizado de acordo com a implantação dos blocos,

Fonte: Google Maps, 2017. Editado pelo autor.

conforme segue abaixo: Figura 7 – Fluxograma Manoel Miráglia

22


Casa de abrigamento Porto

Figura 9 – Fluxograma Casa de abrigamento Porto

Sua implantação (Figura 8) ocupa quase que a totalidade do terreno, todos os dormitórios da fachada sudeste não possuem nem iluminação, nem ventilação natural. Está adaptado em um prédio alugado, porém sem

estrutura

adequada

para

acomodação

dos

albergados (somente homens). Na Figura 9 observa-se o fluxograma dos ambientes. Figura 8 – Casa abrigamento Porto

Fonte: Google Maps, 2017. Editado pelo autor.

23


Albergue Distrito da Guia

Figura 11 – Fluxograma Albergue Distrito da Guia

Abriga somente homens e em sua maioria migrantes que aguardam uma oportunidade de voltarem às suas cidades. A sua implantação possui um terreno amplo, porém pouco utilizado, na Figura 10 observa-se a delimitação da sua área e os dois blocos construídos. Na Figura 11 o fluxograma está distribuído de acordo com a disposição entre eles. Figura 10 – Albergue Distrito da Guia

, Fonte: Google Maps, 2017. Editado pelo autor.

24


 Visita aos pontos de maior concentração dos

Figura 12 – Pontos de concentração de pessoas em situação de rua:

moradores de rua: Tão importante quanto visitar os albergues foi ir às ruas e conhecer a realidade destas pessoas, seus valores, dificuldades e o que realmente precisam. Foram realizadas três visitas em datas distintas, todas no mês de julho/2017, uma delas com o Grupo Entregas por Cuiabá e duas com o Grupo Solar. Os grupos são compostos

por

voluntários,

não

possuem

vínculos

religiosos, nem políticos e fazem ações sociais através de doações recebidas da população.  Locais que foram visitados: Conforme ilustrado na Figura 12, os locais visitados

Ao todo, foram entregues 78 lanches, 141 jantares,

foram (de cima para baixo): Viaduto da Rodoviária,

doações de roupas e cobertores. As doações realizadas

Morro da Luz, Praça da Matriz, Praça Ipiranga, Praça

servem como uma "moeda de troca", através delas é

Major João Bueno (Frente Casa do Artesão), Praça do

facilitada a aproximação e conversa com eles.

Porto e seus arredores. 25


Nas imagens abaixo (Figura 13, 14 e 15), registros das visitas em momentos de conversas entre os

Figura 14 – Moradora de rua com os voluntários do Entrega por Cuiabá

voluntários e os moradores de rua. São pessoas de vidas sofridas, que passam por muitas dificuldades e que lutam diariamente pela sobrevivência.

Figura 13 – Moradora de rua mostrando os materiais de reciclagem.

Fonte: Fotógrafo Cunto Neto, 2017. Figura 15 – Moradores do Porto se alimentam e conversam

Fonte: Fotógrafo Cunto Neto, 2017.

Fonte: Fotógrafo Cunto Neto, 2017.

26


Nas

datas

visitadas,

os

imóveis

da

região

 Análise dos estudos de caso:

conhecida como "Ilha da Banana", que abrigavam muitas pessoas em situação de rua, já estavam

Abrigos:

praticamente demolidos (Figura 16). Os moradores do

A situação dos abrigos em Cuiabá está deficiente,

local foram remanejados para uma casa provisória

não só pela questão das vagas, mas também pela falta

organizada pela Prefeitura, porém parte deles optou por

de incentivo do Governo. Por mais que se tenha

migrar para o Morro da Luz, onde estão concentrados,

interesse, as estruturas são deficientes e precisam de

sem teto e sem estrutura nenhuma.

atenção. Nenhum dos abrigos visitados possui um programa de ensino, com oficinas profissionalizantes,

Figura 16 – Demolição na "Ilha da Banana"

aulas e atividades que promovam uma mudança na situação em que essas pessoas se encontram. 

Pessoas em situação de rua: Concentram-se na região central da cidade onde

encontram

maior

auxílio

no

atendimento

às

necessidades básicas, porém carecem de alimentação, higiene, roupa, abrigo e segurança. Enfrentam muitas dificuldades por falta de estrutura e lotação

dos

abrigos. A grande maioria é usuária de drogas. Fonte: Fotógrafo Cunto Neto, 2017.

27


2. PROGRAMA DE NECESSIDADES


2. PROGRAMA DE NECESSIDADES

-

ACOLHIMENTO:

O

setor

de

acolhimento

disponibilizará de 47 vagas para descanso noturno, Através de todo o estudo realizado e apresentado anteriormente,

elaborou-se

um

programa

sendo (8 quartos masculinos, 3 femininos e 1 família).

de

necessidades (Tabela 2 e 3) englobando sete setores,

- SERVIÇOS: O setor de serviços engloba a limpeza, preparo de refeições, lavagem de roupas e

sendo eles:

demais tarefas rotineiras. - ADMINISTRATIVO: Local responsável por toda a gestão, recepção, fiscalização e controle do Centro de

- CONVIVÊNCIA: O setor de convivência são espaços destinados ao convívio e interação entre os

Apoio.

usuários, será destinada uma praça com quadra de - SAÚDE: Profissionais da área da saúde e social (médico, enfermeiro, psicólogo e assistente social) para

esporte,

parque

infantil

e

local

para

atividades

itinerantes e de uso comum com a comunidade.

atendimentos no local. - ALIMENTAÇÃO: O centro de apoio disponibilizará e

de 4 refeições diárias aos abrigados, que poderão

profissionalizante dos usuários, visando à preparação

auxiliar nas atividades da cozinha e no cultivo da horta

para o mercado de trabalho.

e pomar, abastecendo as necessidades do setor.

-

ENSINO:

Destinado

ao

ensino

básico

28


Tabela 2 - Quadro do programa de necessidades com prĂŠ-dimensionamento

29


Tabela 3 - Quadro do programa de necessidades com prĂŠ-dimensionamento

30


3. CONDICIONANTES


3. CONDICIONANTES LEGAIS E NORMATIVOS Tabela 4 - Condicionantes Legais e Normativos

31


4. ASPECTOS FÍSICOS - LUGAR


4. ASPECTOS FISICOS – LUGAR

Figura 17 – Localização do bairro na cidade

 BAIRRO:  Escolha do bairro: Para escolha do lugar, foram analisadas algumas condicionantes

a

serem

atendidas

e

que

estão

diretamente relacionadas com as características do público e com necessidades do tema proposto. Entre elas estão: localização central e de fácil acesso, proximidade com os pontos de concentração das pessoas em situação de rua e rodoviária (onde circulam muitos itinerantes) e infraestrutura adequada. Portanto,

Fonte: Perfil Socioeconômico de Cuiabá Vol. V, 2012

 Área do bairro:

atendendo às necessidades apresentadas, o bairro Alvorada, localizado na região Oeste de Cuiabá/MT, foi

De acordo com o Perfil Socioeconômico de

o escolhido para implantação deste projeto. Na Figura

Cuiabá Vol.V (2012) o bairro Alvorada possui uma área

17, verifica-se a localização do bairro dentro da

de 230,12 hectares, sendo um dos maiores da região

delimitação da cidade.

Oeste (4.707,07 hectares). A cidade de Cuiabá possui 25.194,00 ha (na macrozona urbana). 32


 Delimitação:

 Evolução Urbana:

O bairro está localizado entre quatro avenidas

As primeiras ocupações no bairro remontam do

importantes, sendo elas: Av. República do Líbano, Av.

início do século XX, na localidade do loteamento Consil,

Dr. Hélio Ribeiro, Av. Historiador Rubens de Mendonça e

mas em sua maioria foi ocupado somente a partir de

Av. Miguel Sutil e é dividido em seis loteamentos (Consil,

1961, conforme se observa pelo mapa do Perfil

Senhor dos Passos, Miguel Sutil, Cohab Vila Real,

Socioeconômico de Cuiabá, Vol. V (Figura 19).

Eldorado e Borda da Chapada), conforme ilustrado na Figura 19 – Evolução Urbana

Figura 18. Figura 18 – Bairro Alvorada

Fonte: Perfil Socioeconômico de Cuiabá Vol. V, 2012. Editado pelo autor

33


 População:

 Renda mensal:

De acordo com o Perfil Socioeconômico de

Segundo

análise

dos

dados

do

Perfil

Cuiabá Vol. V (2012) segue análise e síntese sobre a

Socioeconômico de Cuiabá Vol. V (2012) sobre a renda

população do bairro Alvorada:

do bairro, seguem informações:

População: 13.035 habitantes;

A renda do bairro é médio-alta;

É a mais populosa da região Oeste;

Em comparação com a região Oeste, o bairro

Representa 2,36% da população de Cuiabá, que

está em 9º lugar (do maior para o menor

possui 551.098 habitantes,

rendimento);

Sua densidade populacional é médio-alta, com

56,64 hab./ha., bem acima da densidade de Cuiabá, que possui 1,56 hab./ha.

A renda média é de R$ 2.055,02, acima da média de Cuiabá que é de R$ 1.436,69;

A classe de rendimentos de maior porcentagem está concentrada de 5 a 10 salários mínimos

Segundo dados do Censo (2010) a população é predominantemente feminina, com 52,58% de mulheres

(S.M.), seguida de 1 a 2 S.M e em terceiro mais de 30 S.M.

e 47,42% homens e em sua maioria composta por jovens.

34


 Saúde:

Além destes, em visita local, verificou-se o funcionamento de

O bairro conta com um hospital municipal de leito público (Hospital Júlio Muller) e um Centro de Saúde (Cid Borges), conforme localizado abaixo (Figura 20):

um

Centro de

Apoio

e

Assistência a Saúde (S.A.A.S), na rua Poxoréo, conforme Figura 21: Figura 21 – Centro de Apoio e Assistência a Saúde

Figura 20 – Rede de saúde do bairro

Fonte: Perfil Socioeconômico de Cuiabá Vol. V, 2012. Editado pelo autor

Portanto, o bairro Alvorada está bem atendido em redes de saúde pública. 35


 Educação:

 Esporte e lazer:

O bairro possui duas escolas públicas, que

Para utilização da comunidade, há uma pequena

atendem as áreas de ensino fundamental e médio,

praça com quadra esportiva, localizada na Rua Luís

porém nenhuma instituição profissionalizante e/ou de

Phelippe

ensino superior. Na Figura 22 a localização das escolas

Domingos (Figura 23). Em visita ao local verificou-se que

de acordo com o Perfil Socioeconômico de Cuiabá Vol.

ela está em bom estado de conservação.

Pereira

Leite,

esquina

com

Rua

Santos

V (2012): Figura 22 – Escolas do bairro

Figura 23 – Praça no bairro Alvorada

Fonte: Google Maps, 2017. Editado pelo autor. Fonte: Perfil Socioeconômico de Cuiabá Vol. V, 2012. Editado pelo autor

36


 Transporte e mobilidade urbana:

 Hierarquia Viária:

O bairro é bem atendido pelo transporte público,

As vias que delimitam o bairro são todas estruturais

com pontos de ônibus distribuídos por diversas ruas

(PGM 30 metros), internamente duas vias são principais

(Figura 24), além disso, a proximidade com a estação

(PGM 24 metros) e outras duas são coletoras (PGM 18

rodoviária facilita o transporte intermunicipal.

metros), as demais são todas locais (PGM 12 metros), conforme apresentado no mapa abaixo (Figura 25):

Figura 24 – Pontos de ônibus no bairro Figura 25 – Hierarquia das vias

Fonte: Fonte: Perfil Socioeconômico de Cuiabá Vol. V, 2012. Fonte: Google Maps, 2017. Editado pelo autor.

Editado pelo autor

37


 Uso e Ocupação do Solo:

- Zona urbana de uso múltiplo (ZUM)l - Zona especial de regularização (ZERE)

De acordo com planta de zoneamento de

- Zona de corredor de tráfego 2 (CTR 2)

Cuiabá (Lei 389/2015) o bairro Alvorada é dividido em

- Zona de corredor de tráfego 3 (CTR 3)

seis zonas, conforme mostra figura 26, sendo elas:

- Zona de interesse ambiental 1(ZIA 1) - Zona de interesse ambiental 2 (ZIA 2)

Figura 26 – Zoneamento Alvorada

A zona predominante do bairro (ZUM), segundo a Lei nº389(2015) no seu Art. 9º caracteriza-se pela integração de vários usos e atividades, desde que compatíveis com a vizinhança. Já a segunda maior zona (ZERE) de acordo com a Lei nº 389(2015) art. 45º é uma zona ocupada por parcelamentos irregulares perante o Município ou Registro de Móveis, por população de renda média ou superior. O bairro possui predomínio de uso residencial e baixo gabarito. Fonte: Lei 389, 2015. Editado pelo autor

38


 TERRENO:

 Localização:

 Motivos para escolha do terreno:

Portanto, atendendo os motivos apresentados, o terreno escolhido para implantação do projeto localiza-

Dentre os principais motivos para escolha do terreno

se no loteamento Consil, bairro Alvorada (Figura 27):

estão: Figura 27 – Localização do terreno no bairro

Facilidade de acesso;

Maior proximidade com Rodoviária;

Área adequada ao programa de necessidades a ser atendido;

Zoneamento que permite o uso e a atividade;

Divisa de lote com a Igreja e Conferência de Bispos que também faz trabalhos destinados aos moradores em situação de rua;

Divisa da parte posterior do terreno à duas zonas de interesse ambiental, que proporcionam maior conforto

térmico

e

privacidade

devido

a

vegetação;

39


 Uso e Ocupação do Solo: Foi realizado um levantamento de Uso e Ocupação do Solo do loteamento Consil, local que o terreno está inserido. Seu uso é misto, sendo que toda a região que contorna as avenidas principais (República do Líbano e Miguel Sutil) possuem predominantemente comércios e a parte posterior do loteamento em sua maioria residências (Figura 28). Figura 28 – Uso e Ocupação do Solo

40


 Entorno do terreno:

Figura 29 – Entorno do terreno:

 

Nas

suas

proximidades

encontram-se (Figura 29):  

- Viaduto da Av. Miguel Sutil com a Av. República do Líbano;

- Rodoviária;

- Alguns hotéis que atendem principalmente a demanda da rodoviária;

- Posto de combustível;

- Supermercado;

- Igreja;

- Demais comércios;

Fonte: Google Maps, 2017. Editado pelo autor

41


Figura 30 – Fotos do entorno imediato e terreno

 Entorno

imediato

do terreno:  

O terreno possui em seu entorno imediato (Figura 30):

 - Posto Ipiranga; - Hotel Skala; - Igreja e Conferência de Bispos; -Alguns

terrenos

sem

ocupação; -Zona

de

interesse

ambiental 

Fonte: Sig Cuiabá, 2017. Editado pelo autor.

42


Figura 31 – Percurso transporte público até o terreno

 Acesso: Como o público do projeto são pessoas em situação de rua, foi realizado um mapeamento do transporte público dos

pontos

de

concentração

destas

pessoas até o terreno, conforme ilustrado na Figura 31. Verifica-se que todo o trajeto possui linhas de ônibus que levam até o local, portando seu percurso possui fácil acesso, até mesmo para quem optar por realiza-lo caminhando. Analisando a distância pessoas x terreno, verifica-se que a maior distância entre eles é de aproximadamente 5 km (Google Maps, 2017).

Fonte: Google Maps, 2017. Editado pelo autor

43


 Terreno: Figura 32 – Estudo do terreno

De acordo com a análise dos fatores físicos e ambientais do terreno, segue abaixo

as

características

e

condicionantes apresentadas (Figura 32): - Possui uma área de 5.440 m²; - Seu acesso é pela Rua Prof.ª Tereza Lobo, via local de mão dupla; - Faz divisa com um terreno sem ocupação, uma zona de interesse ambiental e uma Igreja; -

Sua

topografia

possui

desnível

acentuado (Figuras 33 e 34); -

Apresenta vegetação rasteira e

arbórea (Figuras 35 e 36); - Sua fachada frontal é noroeste, assim como a direção dos ventos. 44


Figura 33 – Topografia do terreno em planta

 Topografia: O terreno apresenta 9 metros de desnível (Cota 194 até cota 202), sendo as cotas mais elevadas (201 e 202) as de acesso ao terreno. Nas imagens

a

perspectiva

seguir

segue

a

topográfica

planta para

baixa

e

melhor

compreensão. (Figura 33 e 34):

Figura 34 – Topografia do terreno em perspectiva

N

45


 Vegetação pré-existente:

Figura 35 – Vegetação existente no terreno

Figura 36 – Fotos da vegetação do terreno

O terreno apresenta 5 espécies de árvores frutíferas, sendo elas: manga, banana, goiaba, acerola e jenipapo (Figuras 35 e 36).

46


 Índices urbanísticos do terreno:

Cobertura Vegetal Arbórea: 5.440,00 / 0,05 = 272 m²

De acordo com a Lei 389/2015, o terreno está

localizado na Zona Urbana de Uso Múltiplo (ZUM) e deve obedecer a legislação de acordo com seus índices

Coeficiente de Permeabilidade: 5.440,00 / 0,25 = 1.360,00 m²

urbanísticos apresentados na Tabela 5.

Potencial Construtivo: 5.440,00 / 1.0 = 5.440,00 m²

Limite Adensamento: 5.440,00 / 3.0 = 16.320,00 m²

Tabela 5 - Índices Urbanísticos do terreno

Potencial Construtivo Excedente: 5.440,00 / 2.0 = 10.880,00 m²

Fonte: Lei 389, 2015. Editado pelo autor.

 Cálculo dos Índices Urbanísticos do terreno:

 Padrão Geométrico Mínimo (PGM): Segundo o Perfil Socioeconômico de Cuiabá Vol. V, 2012, a Rua Professora Tereza Lobo é uma via local,

Área do terreno: 5.440,00 m²

portanto possui padrão geométrico mínimo de 12

Coeficiente de Ocupação:

metros, que deverá ser respeitado na construção da

5.440,00 / 0,50 = 2.720 m²

edificação.

Cobertura Vegetal Paisagística: 5.440,00 / 0,20 = 1.088 m² 47


5. ASPECTOS FORMAIS


5. ASPECTOS FORMAIS

Internacional organizado pela Fundação Tshwane, da África do Sul.

 Projeto Referência e Precedente: Projeto: The Bridge Dallas Arquitetos: Overland Partners Localização: Dallas, Estados Unidos. Ano do projeto: 2010

Ele representa uma nova linguagem, visão e abordagem para tratar com o indivíduo "sem-abrigo", demonstrando alternativas viáveis tanto para o público alvo quanto para o modo como o problema da falta de moradia é tratado. São 75 mil metros de instalações multiuso destinados aos desabrigados. Inclui em seu atendimento habitação, emergência e cuidados de

 Motivos da escolha:

transição para mais de seis mil pessoas que vivenciam a situação de sem-abrigo em longo prazo.

- Referência em Centros de Desabrigados; - Espaço aberto de vivência (pátio); - Conceitos sustentáveis; De acordo com o site Archdaily (2011) este

Como proposta deste projeto criou-se um pátio interno para o convívio entre os ocupantes. Esta é uma solução bastante interessante para instituições de acolhimento,

porque

proporciona

vivência

em

projeto representa uma referência ao design dos

comunidade e interação. Na imagem da Figura 37,

Centros de Desabrigados do Mundo, desde que ganhou

pode-se observar a praça interna criada entre os

o prêmio "Melhor Arquitetura de Entrada" no Concurso

blocos.

48


Na implantação abaixo (Figura 38), pode-se observar os blocos de acordo com a setorização, sendo

Figura 37 - The Bridge Dallas (Imagem pátio)

eles: serviços (Único prédio de 3 andares), "boas-vindas" , armazenamento, pavilhão aberto e refeições. Figura 38 - The Bridge Dallas (Implantação)

PÁTIO INTERNO

Fonte: Archdaily, 2011.

A construção ainda conta com características sustentáveis,

como

telhado

verde,

sistema

de

reciclagem de águas cinza e iluminação natural em todos os prédios. O projeto recebeu a certificação LEED

Fonte: Archdaily, 2011.

e mais de três premiações na área de Habitação e Design. 49


 Projeto Referência:

Segundo o escritório SPBR Arquitetos, 2012, este projeto foi implantando em um dos pontos mais altos do

Projeto: Casa em Santa Teresa

morro de Santa Teresa. Possui variação topográfica de

Arquitetos: SPBR Arquitetos

25 metros (cota 100 a 125) e dois patamares pré-

Localização: Santa Teresa-RJ

existentes, no nível 120m. e 125m, que definiram as

Ano do projeto: 2004

decisões de projeto. Na Figura 39, imagem da maquete

Ano da obra: 2008

física do projeto.

Área do terreno: 4.488, 65 m² Área construída: 481,44 m²

Figura 39 – Maquete Casa em Santa Teresa

 Motivos da escolha: - Topografia; - Permeabilidade visual; - Aproveitamento iluminação e ventilação natural; - Ventilação cruzada; - Brises para proteção solar; - Pilotis - Forma

Fonte: Portfólio SPBR Arquitetos, 2012.

50


Os

blocos

foram

dispostos

em

formas

O bloco destinado aos dormitórios possui

perpendiculares, sendo que na cota 120 ficaram

abertura para ambos os lados (leste e oeste) e

as áreas mais íntimas da casa, os quartos e o

ventilação cruzada. Para proteção solar foram

escritório. Já na cota 125 ficaram os ambientes

instalados brises deslizantes em madeira, que

sociais da casa, como a sala, que desfruta de

proporcionam conforto, proteção solar e estética.

vistas incríveis para o Rio de Janeiro (Figura 40).

(Figura 41).

Figura 40 – Casa em Santa Teresa

Figura 41 – Brises em madeira Casa em Santa Teresa

Fonte: Portfólio SPBR Arquitetos, 2012.

Fonte: Portfólio SPBR Arquitetos, 2012.

51


O

aproveitamento

da

luz

natural

e

Na união entre os blocos foi projetada a

ventilação se deram por grandes aberturas,

cozinha, aproveitando os desníveis do terreno e a

portas e janelas pivotantes, que permitem o

proteção dos pilotis, cujo espaço inferior é

controle sobre a intensidade da luz, conforme

utilizado, criando diferentes níveis de acesso.

ilustrado na Figura 42.

(Figura 43).

Figura 42 – Ventilação e iluminação natural.

Figura 43 – Pilotis e aproveitamento dos níveis

Fonte: Portfólio SPBR Arquitetos, 2012.

Fonte: Portfólio SPBR Arquitetos, 2012.

52


6. PROPOSTA


 Posicionar edificação na parte mais alta do

6 PROPOSTA

terreno, possibilitando um melhor visual para este;  Aproveitar ao máximo a ventilação e iluminação

6.1. Diretrizes Projetuais

natural; As diretrizes projetuais foram construídas após a análise e síntese de todos os estudos realizados e apresentados anteriormente. As ideias são norteadoras para a concepção da solução arquitetônica, de forma a atender de forma satisfatória às necessidades deste público

e

solucionar

os

desafios

e

problemas

 Adotar ações e práticas sustentáveis;  Trabalhar com estrutura interna leve que possibilite mudanças e adaptações;  Posicionar dormitórios para leste e sul;  Posicionar a cozinha no térreo devido melhor acesso do caminhão;

apresentados. Entre elas estão:  Mesclar o público x privado: Proporcionar espaços de convívio aberto, onde eles possam usufruir de atividades ao ar livre;  Integrar o projeto ao terreno e entorno;  Permitir permeabilidade visual;  Aproveitar a topografia no partido arquitetônico;  Permitir acesso, sem muros na fachada frontal;

 Conceito Casa-praça: Este conceito foi definido fazendo uma alusão ao termo Casa-Pátio e unindo isso ao estilo de vida das pessoas em situação de rua, que moram em praças, ruas e lugares públicos. A ideia é trazer essa familiaridade, onde eles se sintam parte integrante do local, que possam usufruir de ambientes livres e ao mesmo tempo integrados. 53


6.2 Partido Arquitetônico

- Casa pátio em L: Através de vários estudos de volumetria, foi definida a forma em “L” como ponto de

Para atender as diretrizes acima, foram tomadas

partida

para

o

melhor

aproveitamento

visual

e

como partido algumas premissas projetuais de acordo

valorização tanto da edificação, quanto da praça. Ela

com o melhor aproveitamento da relação com o

foi reajustada e recebeu uma abertura de 120º para

terreno e seus condicionantes. Segue abaixo:

melhor posicionamento no terreno. A implantação do prédio iniciará no nível da rua (201) e sua forma será

- Praça: Para fazer essa interação do público com

posicionada de maneira a permitir a permeabilidade

o privado e proporcionar espaços de convívio e lazer,

visual de ambos os lugares. Para promover essa troca,

foi implantada uma praça junto ao terreno, que será

um grande corredor interno se voltará para a praça e

utilizada

permitirá o acesso dos ventos e da iluminação natural.

tanto

pelos

abrigados,

quanto

pela

comunidade. O bairro carece de espaços de lazer e convívio e com isso a comunidade pode usufruir e ter

- Pavimentos: Respeitando a forma proposta e

uma relação mais direta com o projeto. Esta praça terá

atendendo ao programa de necessidades, foi preciso

quadra de esportes, parque infantil e local para a

utilizar três níveis no projeto, sendo eles: subsolo, térreo e

realização de atividades itinerantes, que movimentem e

primeiro pavimento. O subsolo recebeu as oficinas

atraiam pessoas para seu uso. Devido à diferença de

profissionalizantes, o térreo a parte administrativa, de

níveis, seu acesso será através de rampas e escadas e

serviços, ensino e saúde e o primeiro pavimento os

não haverá barreiras ou muros que impeçam a livre

dormitórios. Todos foram posicionados de forma a

circulação.

receber ventilação cruzada e proteção solar. 54


 Evolução volumétrica: Definida as diretrizes e o partido arquitetônico, foi realizado o estudo da implantação e volumetria. A primeira proposta foi realizada com dois blocos de um pavimento cada, uma área sob pilotis e um mirante acima do setor de acolhimento, entretanto este não atendia as áreas necessárias ao programa de necessidades. Realizou-se então uma segunda proposta, verticalizando a edificação e deixando toda parte administrativa, de ensino, saúde e serviços no térreo e os dormitórios foram divididos no 1º pavimento e subsolo, porém os setores de acolhimento ficaram em níveis diferentes e o fluxo de alguns ambientes de uso comum como lavanderia, guarda de pertences e controle dos pavimentos ainda precisava ser resolvido. A solução foi encontrada unindo este setor no 1º pavimento e destinando o subsolo para a área das oficinas profissionalizantes. Na Figura 44 verifica-se a evolução volumétrica mencionada. Figura 44 - Evolução Volumétrica

55


6.3 Programa Arquitetônico Adotado

Tabela 6 - Programa arquitetônico adotado

Nas tabelas 6 e 7 pode-se conferir

a

relação

de

ambientes de acordo com a O Programa de necessidades apresentado engloba sete setores, sendo eles:

setorização

e

suas

respectivas áreas. Tabela 7 – Programa arquitetônico adotado (continuação)

 Administrativo  Saúde  Ensino  Acolhimento  Convivência  Serviços  Alimentação

56


6.4 Projeto Para o desenvolvimento deste projeto, foram considerados todos os condicionantes técnicos e normativos estudados anteriormente. Nesta parte serão apresentadas informações referentes às decisões projetuais, definição de materiais, quadro de áreas, peças gráficas e imagens ilustrativas. Figura 45 – Perspectiva do projeto

57


 Paredes internas: Gesso Acartonado

Quadro de áreas:  Área do terreno: 5.440 m²

Para possibilitar adaptações e futuras mudanças

 Área total construída: 1.884,20 m²

nos layouts, foi escolhido o gesso acortonado para as

 Áreas por pavimento:

divisórias internas.

- Subsolo: 300 m² - Térreo: 856,62 m²

 Cobertura:

Telha

termoacústica

e

laje

impermeabilizada.

- Pavimento superior: 727,58 m²  Área Permeável: 1.924,64 m² (35,4%)

As

telhas

termoacústicas

garantem

maior

resistência térmica e acústica devido à composição do  Sistema construtivo: Concreto armado

seu material. Como Cuiabá é uma cidade de altas

A escolha pelo concreto armado se deu por fatores

como

economia,

durabilidade,

baixa

manutenção e resistência. Todo o sistema estrutural e as paredes externas da edificação foram projetados neste material.

temperaturas, elas ajudarão a minimizar os gastos com energia e promoverão ambientes mais agradáveis ao clima, além disso, a laje sob as telhas auxilia nessa proteção. Nas coberturas da marquise e da caixa d’agua

a

cobertura

utilizada

foi

a

laje

impermeabilizada.

58


 Brises:

Figura 46 – Brises verticais aeroscreen

Para proteção solar da fachada noroeste, foram instalados brises verticais móveis do modelo aeroscreen, que possuem microfuros e permitem a passagem da luz mantendo a proteção térmica. Segundo informações do arquiteto da Hunter Douglas,

empresa

representante

deste

brise,

ele

permitem a passagem da luz em até 16% mesmo quando todos estão fechados. Como a intenção é permitir a permeabilidade visual e ao mesmo tempo

Fonte: Blog Microlux, 2014. Figura 47 – Brises horizontais Termobrise

proteger das radiações solares, este modelo atenderá em ambos os casos. Devido o modelo ser móvel, não é necessário o cálculo para proteção solar, visto que as placas

são

projetadas

para

serem

ajustadas

manualmente de acordo com a necessidade. Na Figura 46 pode-se verificar uma imagem do brise e sua transparência. Nas demais fachadas serão utilizados os brises modelo Termobrise móvel 150 mm (Figura 47).

Fonte: Hunter Douglas, 2017.

59


 Implantação:

 Subsolo:

A edificação foi implantada com seu acesso

Projetado no nível -3 (cota 198) possui uma área

principal na cota 201(nível zero), mesma cota da rua e

destinada à realização de oficinas profissionalizantes e

possui a vantagem de proporcionar um melhor visual

aproveita a proteção dos pilotis do pavimento superior

para o restante do terreno. Todos os acessos se dão

para atividades ao ar livre, podendo ser estendido ao

pela Rua Tereza Lobo, fachada frontal da edificação. A

uso da comunidade, eventos itinerantes etc.

entrada de veículos, carga e descarga de serviços estão próximas do prédio, de maneira a facilitar seu ingresso. Para

os

abrigados

que

trabalham

 Térreo:

com

materiais recicláveis, há um local, em segurança,

Todo

o

térreo

está

destinado

ao

uso

das

destinado à guarda de suas carroças. A fim de

atividades administrativas, de serviços, ensino e saúde.

possibilitar o livre acesso da comunidade à praça, foi

Possui rampa de acesso interno para o pavimento

retirado o muro frontal e construído rampas e escadas

superior e um largo corredor com visual para a praça,

permitindo a acessibilidade em toda sua extensão. Com

protegido através dos brises. As paredes são de

o objetivo de atender às necessidades do setor de

estrutura leve, podendo ser modificadas. Nas áreas

alimentação, foi implantada uma horta e um pomar

destinadas a saúde e ensino elas foram projetadas com

próximos da cozinha, onde os próprios usuários do

design mais arrojado, para quebrar a rigidez da parte

Centro podem cuidar da sua manutenção.

administrativa.

60


 Primeiro Pavimento:

bancos, praça infantil e espaços para atividades de lazer e cultura do bairro. A quadra de esportes é

O primeiro pavimento foi destinado ao setor de

descoberta e como possui orientação noroeste, foi

acolhimento, possibilita uma maior privacidade e um

gramada para ajudar na redução da temperatura e

visual mais contemplativo à praça. Neste pavimento

melhor conforto térmico, além disso, possui o benefício

estão os dormitórios masculinos, feminino e família, os

da

sanitários, os depósitos (para manutenção das camas e

escoamento das águas através dela.

permeabilidade

no

terreno,

permitindo

o

ou materiais necessários), a lavanderia (local para uso e

A arborização foi realizada conforme a tipologia e

manutenção dos próprios abrigados) e o guarda

as características apropriadas para o local. Utilizaram-se

volumes (para o controle e segurança dos pertences

as espécies frutíferas pré-existentes no terreno e novas

pessoais). Neste setor há a presença de um funcionário

foram acrescidas, trazendo beleza, sombra, bem-estar,

do administrativo, que além de zelar pelos bens

uma melhor qualidade do ar e ainda auxiliando na

supervisiona o funcionamento e a movimentação do

redução dos ruídos e do calor.

local.  Mobiliários:  Praça: Da rua até a quadra há um desnível de 3 metros que são vencidos através de duas rampas e uma escadaria central. A praça possui muita arborização,

Os mobiliários do Centro são provenientes do reaproveitamento de materiais, como pallets, madeiras de demolição, caixotes de feiras, pneus, tonéis etc. E fabricados nas oficinas profissionalizantes pelos próprios usuários. 61


 Imagens do interior do Centro de Apoio: Figura 48 – Recepção vista 1

Os móveis foram construídos com pallets, pneus e materiais recicláveis. Na laje decorativa os trabalhos realizados nas oficinas profissionalizantes podem ser expostos. (Figura 48 e 49).

62


Figura 49 – Recepção vista 2

63


Os dormitórios possuem quatro camas cada, espaço confortável, ventilação cruzada e brises móveis nas janelas, garantindo proteção solar e também segurança. Os armários ficam no setor responsável que zela e garante maior tranquilidade entre os próprios abrigados. Figura 50 – Quarto masculino

64
















7. CONDIDERAÇÕES FINAIS


7 CONSIDERAÇOES FINAIS O desenvolvimento deste trabalho abordou a problemática da população em situação de rua e os serviços de acolhimento a essa população. Foram realizadas muitas pesquisas, começando pelo contexto histórico, estudo do lugar, condicionantes técnicos, normativos e formais. Todos auxiliaram e foram fundamentais para o embasamento e decisões projetuais. O intuito é atender de forma satisfatória às necessidades desta população e proporcionar a elas inclusão social, acolhimento e oportunidades. É nesse contexto que a arquitetura entra, pra fazer seu papel na construção de uma vida melhor para estas pessoas. A única maneira de fazer um projeto de qualidade é garantir que o resultado seja adequado ao uso e atenda ao usuário. O Centro de Apoio a Pessoas em Vulnerabilidade Social foi projetado pensando nisso, em uma sociedade mais justa e participativa.

“A arquitetura é a arte que determina a identidade de nosso tempo e melhora a vida das pessoas”. Santiago Calatrava

65


8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Figura 22 –Escolas do bairro Disponível

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Figura 16 – Demolição na “Ilha da Banana”.

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Disponível em: Arquivo fotógrafo Cunto Neto, 2017.

id=679 adaptado pelo autor. Acesso em: 30 maio 2017. 69


Figura 23 – Praça no bairro Alvorada Disponível

Figura 27 – Localização do terreno no bairro. em:

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https://www.google.com.br/maps/place/Alvorada,+Cui

ab%C3%A1+-+MT/@-15.5811212,-

ab%C3%A1+-+MT/@-15.5762949,-

56.0824549,16z/data=!4m5!3m4!1s0x939db1099503dc8b:

56.0911024,15z/data=!3m1!4b1!4m5!3m4!1s0x939db10995

0xb9b0987550282671!8m2!3d-15.5755789!4d-56.0835437.

03dc8b:0xb9b0987550282671!8m2!3d-15.5755789!4d-

Acesso em: 30 maio 2017.

56.0835437. Acesso em: 25 maio 2017.

Figura 25 – Hierarquia das vias

Figura 37 - The Bridge Dallas (Imagem pátio)

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Acesso em: 05 junho 2017

Figura 26 – Zoneamento Bairro Alvorada

Figura 38 –The Bridge Dallas (Implantação).

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http://www.cuiaba.mt.gov.br/upload/arquivo/Planta_Zo

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Acesso em: 05 junho 2017

70


Figura 39: Maquete Casa em Santa Teresa.

Figura 43: Pilotis e aproveitamento dos níveis.

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Figura 40: Casa em Santa Teresa.

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2017. Figura 47: Brises horizontais Termobrise. Figura 41: Brises em madeira Casa em Santa Teresa.

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http://www.hunterdouglas.com.br/ap/linea/controle-

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solar/brises-metalicos/termobrise

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. Acesso: 14 outubro 2017.

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Figura 42: Ventilação e iluminação natural. Disponível

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71


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