ESTRATÉGIA PARA CIDADE COMPACTA
EDIFÍCIO MULTIFUNCIONAL
Trabalho de conclusão de conclusõ de curso apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda, para cumprimento das exigências finais para obtenção do título de Arquitetura e Urbanismo, em 2018, sobre orientação do Prof. Me. Onésimo Carvalho de Lima.
ANDRESA TOSTES - 2018
Agradecimentos Agradeço a Deus primeiramente, por me dar a vida, por me guiar e dar forças em todos os momentos. A minha mãe Maria Vilma, por estar ao meu lado em todos os momentos da minha vida, e por fazer suas filhas sua prioridade. Obrigada por me educar, me amar, me acompanhar e acreditar em mim quando ninguém acreditou. É a você que dedico o meu trabalho. A minha irmã Gabriela, por ficar noites acordada ao meu lado para que eu não ficasse sozinha e por ficar ao meu lado sempre que necessário. A toda minha família, pela paciência e apoio nos momentos que não estive presente, por estar estudando. Ao meu companheiro Fabio Grile, por ser meu parceiro no decorrer desse cinco anos na vida e na faculdade, e estar ao meu lado para tudo. Ao meu orientador Onésimo C. de Lima, por me passar todo conhecimento necessário ao decorrer dessa orientação. A todos vocês, MUITO OBRIGADA!
Os edifícios ampliam esfera pública de várias formas: eles conformam a silhueta da massa edificada, marcam a cidade, conduzem a exploração do olhar, valorizam o cruzamento das ruas. O menor detalhe tem efeito crucial na totalidade. (ROGERS, 2001 p.71)
Resumo O trabalho tem como proposito a elaboração de um edifício multifuncional que vem como estratégia para auxiliar o planejamento urbano, seguindo o conceito do modelo de Cidade Compacta. Hoje, por meio do crescimento espraiado das cidades, surgem pontos que possuem conflitos pela concentração de equipamentos urbanos, enquanto outros tem a falta dele. Por meio disso o objeto em questão visa implantar através da multifuncionalidade, variados usos que supre a necessidade de um determinado ponto, além de promover a interação interpessoal, social e econômica.
sumário APRESENTAÇÃO_07
1.1 1.2 1.3 1.4
PROCESSO DE URBANIZAÇÃO _10 CIDADE COMPACTA: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS _12 EDIFÍCIOS MULTIFUNCIONAIS _13 PRÁTICAS BASICAS SUSTENTÁVEIS _14
DISCUSSÃO TEÓRICA _09
2.1 2.2 2.3 2.4
EDIFÍCIO POP MADALENA _18 EDIFÍCIO CASA PICO _23 PARAGON APARTAMENTS _27 HIGH PARK _30
LEITURAS PROJETUAIS _16
3.1 DISPOSIÇÃO SOBRE O LOCAL _36 3.2 DISPOSIÇÃO SOBRE O LOTE _50
ANÁLISE DA ÁREA_34
4.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES _55 4.2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS _55
DIRETRIZES GERAIS DE PROJETO _54
5.1 ESTUDO PRELIMINAR _57 5.2 ANTEPROJETO _58
PROCESSOS DE PROJETO _56
BIBLIOGRAFIA _84
APRESENTAÇÃO
As cidades estão crescendo cada vez mais, tomando várias formas no território, isso ocorre devido a um conjunto de mudanças econômicas e sociais. Surgem novos loteamentos dia após dia, principalmente nas grandes cidades, ocupando áreas periféricas, resultando em um crescimento disperso que deixa muitos vazios urbanos na cidade. Com isso, surgem inúmeros problemas urbanos que podem resultar, principalmente, em áreas degradadas, mas, o que fazer quando a cidade cresce desenfreadamente e necessita de uma ação para transformá-la em uma cidade melhor? O conceito do modelo de Cidade Compacta vem há tempos sendo estudado, e apesar de haver discordâncias na discussão do mesmo devido ao adensamento e compactação que ela promove. Ainda sim, há medidas que caminham junto a esses termos que provam que a Cidade Compacta pode ajudar na melhoria urbana, como por exemplo, a diminuição de veículos nas vias. Ela possui diretrizes como a multifuncionalidade, a verticalização, a priorização de pedestre, a liberação do térreo e a conexão de praças e parques. Ao aplicar essas diretrizes em um determinado recorte da malha urbana, promovemos um local mais dinâmico, que supre as necessidades do usuário, evitando assim a locomoção para outros espaços distantes da cidade. Assim como o estudo de Richard Rogers (1997, p.33) no qual diz que “os edifícios urbanos tradicionais, nos quais encontramos consultórios, residências, escritórios e lojas, dão vitalidade às ruas e reduzem a necessidade de o indivíduo sair de carro para satisfazer suas necessidades cotidianas. ’’ O objeto deste trabalho é um edifício multifuncional a ser proposto em Ribeirão Preto, ao modo que vem sendo construído nas grandes cidades. Mas o que seria a arquitetura multifuncional? Conforme citado por Dziura (2003, p.39) “o edifício multifuncional ou hibrido é conceituado por Mahfuz (1998) como o edifício ou conjunto de edifícios que satisfazem funções heterogêneas. Em outras palavras, nessa categoria se enquadram as construções que abrigam mais de uma função, seja habitação, trabalho, lazer, circulação, esporte, cultura e educação. ” Além disso, para que haja mais dinâmica no local em que o edifício é implantado, pode-se pensar na permeabilidade espacial. De acordo com Dziura
(2003, P.16) ‘’refere-se ao processo físico, visual ou sociopsicológico de entrar e atravessar um espaço, de estar ciente dessa habilidade e do sentimento confortável de tal possibilidade’’. Isso resultará em uma dinâmica vital para o local. O tema deste trabalho dá ênfase a discussão da verticalização mista como diretriz da Cidade Compacta. A escolha da multifuncionalidade se deu por meio do resultado do crescimento disperso, que exige um deslocamento da população para pontos específicos como o centro, causando um movimento maior que o esperado. Assim, o objeto de trabalho se torna uma opção para os espaços urbanos que há falta de equipamentos, e que por meio da multifuncionalidade é possível suprir as necessidades da população próxima a ele. O objetivo principal deste trabalho é a elaboração do projeto de um edifício multifuncional que segue diretrizes da Cidade Compacta na sua inserção na malha urbana. Além disso, há uma preocupação no uso da materialidade e técnicas construtivas que não prejudiquem o meio ambiente. O edifício está inserido no bairro Jardim Paulista, na zona Leste de Ribeirão Preto, área definida através dos estudos aplicados que mostram que o bairro possui infraestrutura necessária para a implantação do objeto. Em suas especificidades, o edifício é pensado de forma que se integre ao meio urbano, através dos usos, do aumento de fluxo de pedestres, e da preocupação com os recursos naturais. Para atingir os objetivos da proposta foi necessário o uso das seguintes metodologias: levantamentos morfológicos in loco do terreno e entorno, consulta aos órgãos públicos de condicionantes e restrições da área, pesquisa teórica, referências projetuais, técnicas construtivas e materialidade do objeto em questão. Por meio disto, foram produzidos textos, mapas, gráficos, analises, desenho arquitetônico e estudos de volume físico e digital, que estão presente neste trabalho. O conteúdo levantado para a realização deste trabalho se organiza em cinco capítulos e a apresentação. Nela se mostra um quadro resumido da discussão teórica abordada nos demais capítulos, além de objetivos, justificativas e metodologias que foram necessários para a execução do trabalho. O primeiro capítulo trata da discussão teórica
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por trás do objeto do trabalho. Estão presentes na discussão os processos da urbanização e o conceito do modelo de Cidade Compacta com suas definições, diretrizes e conceitos, que fazem com que uma cidade seja mais sustentável. Também estão presentes nesse capítulo a discussão sobre os edifícios multifuncionais, com definições e importância para aplicação, e além disso, apresenta como esses edifícios contém práticas sustentáveis para uma construção mais consciente. O segundo capítulo apresenta quatro leituras projetuais que possuem relação com a proposta do edifício, como tecnologia aplicada, programa de necessidades, diagramação de planta e usos, dentre outros parâmetros que possam auxiliar no desenvolvimento do projeto. O terceiro capítulo trata dos levantamentos de dados morfológicos do lote e do entorno, necessários para a implantação do edifício multifuncional. O quarto capítulo trata dos levantamentos das condicionantes para o desenvolvimento do projeto, ou seja, das características do local, das definições dos sistemas construtivos e do programa de necessidades. O quinto capítulo refere ao desenvolvimento do objeto proposto neste trabalho. Pode-se encontrar neste capítulo o estudo preliminar e anteprojeto do qual fazem parte as plantas, os cortes, as vistas, os esquemas e as perspectivas que auxiliam no entendimento do projeto. O sexto capítulo trata da conclusão de todo conteúdo, por fim a bibliografia utilizada para a elaboração do trabalho.
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1 DISCUSSÃO TEÓRICA
1.1 PROCESSO DE URBANIZAÇÃO Com o período industrial as cidades começaram a se expandir, devido a uma grande migração dos habitantes da zona rural para as cidades à procura de trabalho nas grandes fábricas, resultando em um aumento populacional da zona urbana. Após o período industrial, surgem formas para reparar os problemas que vieram com esse crescimento acelerado. As cidades passaram a evidenciar um urbanismo considerado monofuncional, na qual prevalecia à perda do sentido sócio espacial e de identidade entre cidadão e a cidade (SILVA, 2011). No período pós-industrial o monofuncionalismo veio junto a um planejamento urbano, que organizou o caos deixado pelo período industrial, e neste momento o monofuncional foi a
melhor opção. Hoje esse urbanismo não é viável, observam-se quantos problemas são inerentes à monofuncionalidade de parte do território. Através do 4º CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna), foi proposta uma organização espacial moderna da cidade que priorizava a valorização das vias de circulação de veículos, como consequência do avanço da tecnologia voltado aos automóveis. A maioria dos edifícios foram tratados como elementos isolados na paisagem, e não como componente vital da malha de ruas, praças e espaços abertos (TRANCIK, 2003 in ROMERO, 2009). Esse urbanismo estabelecia um traçado rígido, que desconsiderava as características ambientais naturais, resultando em paisagens artificiais (ROMERO, 2009).
Figura 1- Paris Século XIX –Processo de industrialização Fonte:https://www. p o r t a l s a of r a n c i s c o . c o m . b r / h i s t o r i a geral/consequencias-da-industrializacao (Acessado em 27 de março de 2018)
Figura 2 – Zona Sul de São Paulo 2015 – Congestionamento Fonte: https://brasil. elpais.com/brasil/2018/02/10/ internacional/1518271207_407264.html (Acessado em 27 de março de 2018)
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Até hoje o modelo monofuncional influência na composição das cidades: as ruas perderam o sentido de circulação de pessoas e integração do homem com a cidade, e as vias são vinculadas mais com os automóveis. Outra questão que permaneceu foi a disposição monofuncional da cidade, que resulta na separação de uso, através de áreas bairros residenciais periféricos, conjuntos habitacionais, centros empresariais e comerciais, zonas industriais, estacionamentos, shoppings. Diante disso, a expansão urbana gera um modelo de cidade espraiada e dispersa, composta por grandes hierarquias viárias, que ligam os separados e distantes usos da cidade. “Não só aumentaram as distâncias, a energia e os recursos dispendidos, mas também os motivos ou necessidades de deslocamentos. Esse crescimento, esse fardo, esse ônus que se dá ao nível de consumo de espaço urbano, não se distribui uniformemente entre as diferentes classes sociais. ’’ (VILLAÇA, 1986, p. 39)
O processo de urbanização no Brasil, também se deu através da industrialização. Em 1930 a maior parte da população era rural, e a partir daí iniciase a migração para a zona urbana, mas o índice de predominância da população rural se manteve maior até 1960, como apresenta o Gráfico do IBGE (Figura 3). Nas décadas de 1940 e 1960, o crescimento urbano se intensificou principalmente sob o Governo de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, onde houve a formação do mercado interno integrado do país. Baseado no artigo de Leonardo Delfim Gobbi (2015) para O Globo, a partir da década de 1970, a população passa a ser maior na área urbana, cuja oferta de emprego e de serviços, como saúde, educação e transporte, eram maiores. Até hoje há uma diminuição de moradores rurais, que de acordo com dados do IBGE-2015, há cerca de 84% da população brasileira morando em áreas urbanas.
Figura 3- Gráfico com taxa de urbanização Fonte: educacao.globo.com/geografia/assunto/ urbanizacao/urbanizacao-brasileira.html (Acesso em 28/08/2018)
Cada dia que passa surgem mais loteamentos urbanos, principalmente nas zonas da cidade, na Zona Norte, isso ocorre devido ao valor da terra que acaba sendo menor, pela escassez de equipamentos urbanos, e pelo valor acessível à população de baixa renda que sonha em ter seu imóvel. Em contrapartida, na Zona Sul, surgem loteamentos em condomínios, localizados nas extremidades da cidade, e abordam
a proposta de morar junto a áreas verdes e com segurança. Assim, o mercado imobiliário torna-se um dos agentes principais para essa expansão. Isso nos leva às seguintes questões: esse modelo de cidade é ideal? Como podemos reverter esse quadro? Que medidas devemos tomar? A Cidade Compacta apresenta diretrizes para modificar positivamente pontos estratégicos das cidades.
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1.2 CIDADE COMPACTA: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS O que é cidade compacta? Diferente do padrão atual do crescimento das cidades, Rogers e Gumuchdjian (1997) debatem o conceito do modelo de Cidade Compacta, que basicamente rejeita o desenvolvimento monofuncional e a predominância do fluxo de veículos. De modo geral a Cidade Compacta segue diretrizes como a verticalização planejada, o adensamento controlado, a diversidade social, o aumento do desempenho energético, a redução de veículos, a preservação do meio ambiente, a concentração de unidades na escala de vizinhança e, também, evita a expansão da cidade em áreas rurais. “ Ela cresce em volta de centros de atividades sociais e comerciais localizados junto aos pontos nodais de transporte público, pontos focais, em volta dos quais, as vizinhanças se desenvolvem. A cidade compacta é uma rede destas vizinhanças, cada uma delas com seus parques e espaços públicos, acomodando uma diversidade de atividades públicas e privadas sobrepostas. ” (ROGERS, 1997 p. 38)
Por meio desta organização ocorrem diversas mudanças positivas, como a diminuição de fluxo de veículos. Através desses pontos nodais de transportes coletivos há uma interligação com os diferentes centros de vizinhanças que atendem a demanda de moradores. Com esse modelo de cidade o usuário tende a fazer seus deveres a pé ou com o transporte coletivo, aumentando seu contato com o meio urbano e com os demais indivíduos. Rogers e Gumuchdjian (1997), na Figura 4 esquematizam essa proposta e como esses centros funcionam.
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Figura 4 - Esquema de cidade compacta de Richard Rogers – Fonte: Cidades para um pequeno planeta, 1997, p.39
Uma cidade compacta projetada propõe diferentes tecnologias para a utilização de energia e água. Em termos ambientais, cada núcleo de vizinhança possui seu parque e espaço público, que oferecem infraestrutura necessária para o aumento da qualidade de vida. Já foram feitos estudos para a aplicação desse modelo em várias cidades, uma delas foi em São Paulo, que após a simulação apresentou resultados significativos que beneficiariam vários fatores como a redução de trânsito e a saúde dos moradores. (BERNARDES, 2016). Um motivo para aplicar esse estudo em São Paulo é por ser uma cidade que possui grande demanda de automóveis. Baseado em Huw Heywood, autor do livro “101 regras básicas para edifícios e cidades sustentáveis”, o efeito estufa produzido pelos seres humanos ocorre através do transporte de pessoas e produtos entre as edificações, dentro das cidades e entre as cidades. Em média, uma pessoa pode percorrer até 3,2km de distância a pé, e até 16 km de bicicleta, sendo assim se há um planejamento que seja pensado baseado nos múltiplos modais de circulação, pode haver uma diminuição de veículos. A figura 5 apresenta um esquema que traz cinco soluções para a diminuição do trânsito, na qual uma delas é a aplicação de diretrizes de cidades compactas.
Figura 5- Cinco soluções para o transito Prefeitura de São Paulo. Fonte:http://g1.globo. com/brasil/noticia/2011/05/cidades-compactaspodem-ser-solucao-para-o-transito.html (Acesso em: 29/03/2018)
A idéia de compactação das cidades vem tomando força em São Paulo podendo ser, talvez, uma das melhores opções para minimizar o caótico trânsito, aumentar o contato social da população e melhorar a qualidade de vida dos paulistanos.
1.3. EDIFÍCIOS MULTIFUNCIONAIS “Os edifícios urbanos tradicionais, nos quais encontramos consultórios, residências, escritórios e lojas, dão vitalidade às ruas e reduzem a necessidade do indivíduo sair de carro para satisfazer suas necessidades cotidianas” (ROGERS, 1997, p.33). Assim, seguindo uma das diretrizes de cidade compacta, aplica-se o uso multifuncional, no qual podemos abranger diferentes usuários. Hoje há uma grande oferta de edifícios monofuncionais, principalmente com o uso residencial, por meio disto muitas vezes não há interação dos usuários externos com o mesmo. Já os edifícios multifuncionais são pensados de forma que tanto os usuários externos e internos se interajam com o edifício. Mas, o que seria edifício de uso misto? “O uso misto caracteriza-se pela combinação de funções (habitação, trabalho, comercio, lazer, entre outros) em uma determinada dimensão espacial, seja na escala da cidade, do bairro, da rua, da quadra, do lote, do edifício ou ainda de uma composição entre esses locais. ” (DZIURA, 2003. p.36)
Para reforçar o contato dos indivíduos com o edifício em variadas escalas, deve-se pensar na proposta de Permeabilidade Espacial (1), que por meio dela é possível conecta-lo com a cidade, permitindo a integração do usuário, edifício e entorno. Baseado na tese de Gisele Luiza Dziura (2009), a permeabilidade se classifica em duas categorias: a física, que permite que o usuário desloque o corpo no espaço interno/externo e público/privado. E a visual, pela qual o usuário percorre com a visão o espaço, permitindo que ele alcance mais rapidamente o reconhecimento do local. Pode-se determinar por marcos naturais e construídos, podendo se manifestar através das geometrias das aberturas e passagens de iluminação. Por meio de suas definições, o modelo de edifício multifuncional tende a ser ideal para as cidades de grande e médio porte. Apesar de haver discussões contrarias que a proposta não seria viável devido a vários fatores, principalmente para o mercado imobiliário, atualmente, essa discussão já mudou. ‘’O mercado imobiliário está redescobrindo o potencial dos empreendimentos de uso misto, sobretudo os que combinam unidades residenciais e comerciais. As motivações para esse movimento vão desde os crescentes problemas de mobilidade urbana enfrentados não apenas nas grandes cidades, mas também nas médias; até a necessidade das incorporadoras diluírem riscos dos empreendimentos. ‘’ (NAKAMURA, 2012, artigo. 284030)
1 Permeabilidade Espacial: Como primeira acepção, designa o “que se pode ser atravessado, ir até o fim ou até o fundo penetrar”. Como segunda acepção, quer dizer “corpos que deixam passar através de seus poros outros corpos (fluidos, líquidos, gases, etc.)” (DZURA, 2003, p.15 apoud Dicionário HOUAISS, VILLAR, FRANCO, 2001, p. 2192)
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Hoje, a prefeitura da cidade de São Paulo intervém por meio do projeto de lei PL 688/13, que apresenta uma série de instrumentos e objetivos que buscam uma nova lógica de funcionamento para a cidade, que dispõe de:
“(...) No projeto de lei de revisão do PDE (PL 688/13) foram definidas estratégias para fomentar o uso misto no mesmo lote, especialmente a convivência do uso habitacional com outros usos, como serviços, comércio, institucional e serviços públicos, de modo a proporcionar a maximização e racionalidade da utilização dos serviços urbanos, especialmente o transporte público coletivo de passageiros. (...)” (PREFEITURA DE SÃO PAULO-2013)
Figura 6 e 7 – PL 688/13.(Haddad, 2013) Fonte:http://gestaourbana. prefeitura.sp.gov.br/incentivo-aouso-misto/ (Acesso em: 30/03/2018)
De acordo com a prefeitura de São Paulo, o Projeto de Lei 688/13 engloba instrumentos e objetivos para a melhoria da cidade, e nele são abordadas questões como o equilíbrio entre emprego e moradia, a melhoria da mobilidade com a otimização dos investimentos públicos, o uso da terra urbana ao longo da rede de transporte coletivo e a redução da vulnerabilidade social e urbana. Para melhor entendimento, na questão de uso misto, o principal incentivo é nos empreendimentos localizados nos Eixos de Estruturação de Transformação Urbana de São Paulo (2), que viabiliza o proprietário de forma que “as áreas construídas das edificações destinadas aos usos não residenciais não serão computadas na aplicação do coeficiente de aproveitamento até o limite de 20% do total da área construída. ” (PL 688/13) Não deve haver extinção do modelo monofuncional, pelo contrário ele deve existir, mas é necessário diminuir a quantidade, para que o uso misto se torne a predominância. Através de leis como a citada, é possível que esse quadro se altere,
resultando em pontos mais dinâmicos na cidade, trazendo inter-relação com os demais.
1.4. ESTRATÉGIAS BASICAS PARA UMA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
A arquitetura e o urbanismo devem caminhar juntos, para que possamos compor um ambiente ideal para o usuário e a cidade. É dever dos cidadãos se preocuparem com as questões da preservação dos recursos naturais, pensando nas próximas gerações, tendo sempre a idéia de continuidade de um ciclo, assim como a arquitetura e o urbanismo. Em meio a isso, deve-se trabalhar de forma coerente principalmente na construção, evitando aumento na degradação de espaços. A discussão de sustentabilidade surgiu na década de 1970 no século XX, mas o termo “sustentabilidade” se propagou por meio da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano – United Nations Conference on the Human Environment (UNCHE), em junho de 1972, em Estocolmo. No Brasil, o termo ganhou dimensões maiores após a
2 Eixos de Estruturação da Transformação Urbana: Ver mapa 3 no Plano Diretor de São Paulo, PL 688/13. Disponível em: https://gestaourbana.prefeitura. sp.gov.br/novo-pde-eixos-de-estruturacao-da-transformacao-urbana/
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realização da Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO), em 1992, no Rio de Janeiro. A sustentabilidade se se baseia em três princípios: social, ambiental e econômico, o chamado tripé da sustentabilidade. A social tem como função aproximar as classes sociais, principalmente da população de baixa renda, na qual sofrem escassez de equipamentos devido ao baixo investimento nessas áreas não privilegiadas. Seu dever é garantir a qualidade de vida por meio de espaços que possibilitam a socialização independente de sua classe social. A ambiental tem como objetivo a redução de impactos ambientais já causados, ela se preocupa com fatores que possam alterar positivamente o quadro ambiental, sendo eles: tratamento de efluentes e resíduos, uso e reuso consciente de recursos naturais e utilização de tecnologias renováveis. Além disso, ela pode definir instrumentos necessários para a proteção do meio ambiente. Por fim, a sustentabilidade econômica refere-se à produção, distribuição e consumo. Nela, através do capital público ou privado há possibilidades de investimento em fatores que são necessários para que ela aconteça, sendo eles investimentos na segurança, nas novas tecnologias, em pesquisas e até mesmo na readequação de áreas.
Figura 8 – Esquema dos tres Principios Fonte:www.gruposantacatarina. com/pt/sustentabilidade/ (Acesso em: 05/09/2018)
Em 1992, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), no Rio de Janeiro, com a conscientização de 179 países, foi criada a Agenda 21, que é um plano que possui
inúmeros objetivos a serem seguidos pela sociedade para atingir a sustentabilidade. Segue o princípio de “Pensar globalmente, agir localmente”, tendo intuito de conscientizar a sociedade. Nela ocorre uma ramificação da palavra sustentabilidade, que adiciona mais dois princípios: a sustentabilidade espacial e cultural. De modo geral, a sustentabilidade espacial visa melhorar a distribuição territorial de assentamentos humanos, norteado por diretrizes que buscam a redução de concentração das regiões metropolitanas e degradação do ecossistema. Já a sustentabilidade cultural, visa reconhecer, considerar e valorizar as diversidades de um povo, sendo eles: costumes, tradições, crenças, práticas, língua e formas de produção. Ele deve auxiliar na adequação da proposta sustentável global, para as diversas culturas. Um edifício, quando projetado seguindo as diretrizes dessas ramificações da sustentabilidade cumpre seu papel na cidade. De acordo com a citação de Kevin Kelly, no livro “Cidades para um pequeno planeta” do autor Richard Rogers, “Quando a união entre o natural e produzido se completar, nossas construções aprenderão, se adaptarão, curarão a si mesma e evoluirão. ” (KELLY, 1997, p.66) O essencial para se criar um projeto é pensar em todos os aspectos da obra: desde a espacialidade, o lugar a ser construído, o entorno, a materialidade a ser utilizada, o transporte de materiais, a geração de energia do edifício, além de outras questões que surgem ao pensar um projeto com diretrizes sustentáveis. Baseado em Heywood (2015), ao projetarmos um edifício é importante pensarmos que a cidade se transforma dia após dia, e uma determinada área hoje pode ser residencial e anos depois se tornar uma nova centralidade (3), que precisará de uma adequação para atender a outros usos. Assim, é necessário que pensemos em uma arquitetura que possa ser facilmente adaptável a outro uso, ou seja, com plantas dinâmicas que permitem variados usos. Isso influencia na diminuição de abandono de edifício e na redução de resíduos de construção através da demolição.
3. Novas Centralidades: Com base no texto de LOPES JUNIOR, 2007, novas centralidades é quando através das mudanças na organização espacial da cidade, apresenta surgimentos de novos espaços com funções especificas como: produção, consumo, moradia e outras. Cria-se assim, vários pontos que atendem as necessidades básicas dos habitantes de seu entorno, evitando o deslocamento para pontos mais distantes.
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2 LEITURA PROJETUAL
Através do conteúdo teórico apresentado, neste capítulo serão abordados projetos que fazem usos de alguns temas que foram ressaltados. As referências projetuais escolhidas complementam o entendimento da discussão teórica e o objeto do trabalho. Elas apresentam edifícios mistos que demonstram a forma de aplicação da multifuncionalidade e o uso de materiais e novas tecnológicas. Foram analisados questões como, organização de usos, diagramação de plantas, tratamento de fachadas, permeabilidade espacial e integração do edifício com a cidade e entorno. São organizadas de âmbito nacional e internacional, sendo elas:
EDIFÍCIO POP MADALENA
Projeto: Edifício Pop Madalena Local: São Paulo – SP Ano de projeto: 2011 Ano de execução: 2015 Área do terreno: 1.533m2 Área construída: 7.682m2 Equipe: Andrade Morettin Arquitetos Guido Otero (coord.), Beatriz Vanzolini, Fabio Ucella, Flora Fuji e Maíra Fernandes
O edifício situa-se na Vila Madalena, em São Paulo, bairro que possui uma dinâmica mista, é rico em bares, restaurantes, cervejarias, lojas, e equipamentos culturais. De acordo com a equipe do projeto, a interação do edifício ao entorno foi um fator importante.
“Quando recebemos a encomenda de um edifício de uso misto a ser construído ali, decidimos que ele deveria refletir a energia e o espírito descontraído típicos do bairro, explorando, no repertório de construção, uma linguagem leve e permeável, com o uso de materiais e componentes industrializados.” -Guido Otero (ARCHIDALY– 2017)
É um projeto de uso misto, no qual os térreos são de uso comercial, que se localizam em níveis distintos devido aos 18 metros de diferença. Esse desnível juntamente com o formato do terreno o volume se deu.
Figura 9 - Fonte: Google Maps
Figura 10-Implantação Fonte: www.andrademorettin.com.br
O pavimento principal é o que está apresentado na figura 10, nele encontra-se toda a área comum que o edifício oferece aos moradores, ela é composta pela entrada principal, uma praça verde juntamente com um mirante que vislumbra o entorno [1], um salão multiuso [2], e a piscina com a pintura superior da Baleia de João Nitsche [3], elemento que deixou o edifício mais conhecido. Como mostram as imagens a seguir.
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A cota mais alta é a da Rua Madalena, que também é o principal acesso do edifício. Neste nível ficam dois espaços destinados a comercio. A cota mais baixa do terreno, que é da Rua Simpatia, dá acesso ao estacionamento.
Figura 11/ Fonte: www.andrademorettin.com.br
Figura 12 e 13/ Fonte: www.archdaily.com.br
Figura 14,15, 16 e 17- Plantas/ Fonte: www.andrademorettin.com.br
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ESTRUTURA
Figura 18- Esquema/ Fonte: www.andrademorettin.com.br
Entre os volumes há um eixo de circulação e um eixo hidráulico fixo. O corredor de circulação na lateral permite que o usuário desfrute da vista e se integre ao bairro. Os andares inferiores ao térreo principal são compostos por estacionamento, área técnica e uma área destinada a um comércio. Há um terraço que proporciona uma área comum aos moradores, e também reforça a ideia de desfrutar da paisagem do entorno.
Estrutura: Sistema convencional de pilares e vigas de concreto armado, partindo de um grid racional, os beirais das lajes estão em um discreto balanço.
FECHAMENTO
Fechamento: realizado como uma montagem seca, que faz uso de pré-fabricados e componentes industrializados, dentre eles os sistemas de caixilharia de vidro.
BRISES
Figura 19- Incidência / Fonte: www.archdaily. com.br
É um sistema construtivo coerente, que está alinhado a estratégias simples de condicionamento passivo, contribui para o bom desempenho bioclimático do edifício.
Brises: são painéis de telhas metálicas termo acústicas de diversos perfis e acabamento (cores: amarelo, azul turquesa e azul escuro), que controlam a incidência solar. Figura 20, 21 e 22-Composição/ Fonte: www.andrademorettin.com.br
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Figura 23 - Fechamentos/ Fonte: www.archdaily.com.br
Através das frestas causada pela sobreposição dos volumes e pela composição dos brises, resulta em uma permeabilidade visual e física. E com esses jogos de cheios e vázios faz com que o impacto da
implantação do edifício se suavize. O projeto possui detalhes que aparecem junto à materialidade que traz identidade ao edifício, como cores e acabamentos.
Figura 24 á 29/ Fonte: www.ideazarvos.com.br
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EDIFÍCIO CASA PICO
Projeto: Edifício Casa Pico Local: Lugano, Suíça Ano de projeto: 2009-2010 Ano de execução: 2012-2013 Área do terreno: 992m2 Área construída: 2.661m2 Equipe: SPBR Arquitetos, Baserga Mozzetti Architetti
O edifício está localizado em um bairro predominantemente residencial, e verticalizado, situa-se entre a Via Pico e a Via Giulio Vicari. Próximo a ele há um parque de uso do bairro que possui parque e área de lazer destinado aos moradores. A
Figura 30/ Fonte: Google Maps
área possui várias glebas vegetativas, principalmente nos lugares de topografia íngreme. O projeto é feito através de uma parceria entre o escritorio SPBR e um escritorio local de Luganda. É um edifício de uso misto de 6 pavimentos que está inserido em um lote poligonal irregular de sete lados, através dos recuos rigorosos determinados pela legislação, no qual formou-se um outro polígono interno, que resultou em uma área compacta e recortada. A implantação apresenta uma planta livre e permeável, há dois acessos para o subsolo e um acesso principal para a parte superior do edificio. O volume presente no terreo [1] é descolado do edificio e afundado levemente no jardim.
Figura 31- Planta térreo/ Fonte: www.archdaily.com.br
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Nota-se que a diagramação das plantas são flexíveis podendo se adaptar, todas as repartições são feitas através do mobiliário funcional de madeira. A unidade maior é dinâmica formando frestas através da parede fixa. O terraço é destinado a área comum dos moradores onde são comtemplado com a paisagem. A escada é aberta em uma parte para que os usuários vislumbre a paisagem, e parte dela fechada com brises de madeira para minimiza a incidência solar.
Figura 32, 33 e 34- Plantas e Cortes/ Fonte: http://www.spbr.arq.br
Figura 42- Planta/ Fonte: http://www.spbr.arq.br
Como apresentado na planta ao lado, o edifício é em estrutura de concreto. Devido à sua forma o edifício se estrutura através de 6 pilares circulares, duas paredes estruturais, e caixa de circulação (elevadores). Pelo fato do edifício ter uma forma abstrata, o sistema estrutural não faz uso de vigas, somente lajes.
Figura 35 á 41- O edifício/ Fonte: http://www.spbr.arq.br
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Fechamentos: Os fechamentos são pensados para obterem maior desempenho energético. Painéis de Madeira: De acordo com o arquiteto, são ventilados e montados sobre uma estrutura que detém sucessivas camadas de isolamento térmico barreira de vapor e um painel de drywall interior. Metais: Utilizados no brise fixo da escada e guarda corpo. Alumínio: Está presente nos caixilhos e nos brises moveis, que sombreiam a fachada sul e oeste do edifício, em forma de persiana. Vidro: Presente nas fachadas sul e oeste, são painéis triplos por questões de conforto térmico.
Figura 43 e 44- Fechamentos/ Fonte: www.spbr.arq.br
Figura 45/ Fonte: www.spbr.arq.br
Há estratégicas básicas adotadas para o desempenho dos sistemas de ventilação e geotérmico, sendo eles: - Sistema de ventilação controlada para cada apartamento, que minimiza as perdas térmicas; - Sistema avançado de ar condicionado, que além de condicionar os ambientes, faz troca de ar dos ambientes internos para externo; Sistema Geotérmico, para aquecimento e arrefecimento. Todas estas questões visam um edifício de baixo consumo de energia e permitem que o projeto atinja o padrão suíço de eficiência energética, o Minergie. “Era necessário um sistema de aquecimento que isolasse completamente exterior de interior. Por isso, a empena de concreto é interrompida antes de chegar ao exterior, evitando a ponte térmica – um fenômeno que resfria os materiais –, e o interior da residência, ao receber o frio que vem de fora.” - Ângelo Bucci
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Figura 46- Corte Esquemático/ Fonte: www.spbr.arq.br
PARAGON APARTMENTS
Projeto: Paragon Apartments Local: Berlin Prenzlauer Berg, Alemanha Ano de projeto: 2013 Ano de execução: 2016 Área do terreno: 17.078 m² Área construída: 25.100 m² Equipe: Graft Arquitetura
O edifício Paragon Apartaments está localizado a nordeste de Berlim, seu entorno é rico em parques e áreas verdes, mas também rico em edifícios adensados. O projeto ocupa um lote que antes era um antigo hospital, que anexou-se com mais três edifícios, que foram reformados e adaptados a outro uso, a outra diagramação e a outra fachada. Figura 47/ Fonte: Google Maps
Figura 48, 49, 50- Implantação Fonte: www.galeriadaarquitetura.com.br
A planta possui dois grandes pátios públicos podendo integrar os moradores e não só do edifício mas também da cidade. O térreo é composto por unidades de moradia, área comunitária que oferece salas multiuso e biblioteca, supermercado e cafeteria orgânica. Através desses usos acontece uma dinâmica diurna e noturna, trazendo segurança ao local. Por ser um edifício adensado, possui vários acessos. Figura 51 - Edifício/ Fonte: www.graftlab.com
Figura 52- Corte Longitudinal/ Fonte: www.galeriadaarquitetura.com.br
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Figura 53 - Planta Baixa/ Fonte: www.galeriadaarquitetura.com.br
Há no projeto oito tipologias de unidades residenciais, na qual, somadas dão um total de 217 unidades dissolvidas em 8 pavimentos. As unidades são formadas através do módulo padrão de 37,5m², a partir dele pode-se formar unidades de até 250m², adequando-se a necessidades do usuário. Por ser um edifício volumoso há vários eixos de circulação vertical que atendem a quantidade de pessoas que circulam nele.
Modulação Padrão
ESTRUTURA
Figura 54- Modulação Fonte: www.galeriadaarquitetura.com.br
Figura 55/ Fonte: www.galeriadaarquitetura.com.br
O edificio é estruturado através das lajes onde encaixam os cubos feitos atraves de elementos préfabricados de concreto. Os recuos da composição de blocos na fachada solucionam alguns problemas de incidencia solar. O edificio consiste de uma grande quantidade de vidro que se destaca em meio ao desenho da fachada.
Áreas de estar e de dormir são ligadas através de uma porta de correr. O banheiro funciona como uma passagem, pois é acessível de ambos os quartos. O mobiliário configurado dentro do cubo permite uma experiência centralizada entre o banho, a sala de estar e o quarto de dormir. Embora os apartamentos sejam de pequena escala, eles exibem uma sensação espacial semelhante a um loft.
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HIGH PARK
Projeto: High Park Local: Monterrey, México Ano de projeto: 2010 Ano de execução: 2015 Área do terreno: - 35.000 m2 Área construída: - 40.551 m2 Equipe: Rojkind Arquitectos
O edifício High Park está localizado nos limites da Cidade de Monterrey, no México. O bairro é desenvolvido, possuindo um uso misto. Seu entorno imediato dispõe de uma loja de departamentos, academia, shopping center, supermercado, dentre outros. Além disso, o bairro é rodeado pela majestosa Serra Madre Oriental. Este projeto foi desenvolvido para aproveitar sua localização geográfica, atenuando as condições climáticas extremas. É um edifício de uso misto (comercial e residencial).
Figura 56/ Fonte: Google Maps
PAVIMENTO TÉRREO
Figura 57- Implantação/ Fonte: www.archdaily.com.br
O térreo do edifício é composto por 13 unidades comercias, no qual estão presentes loja de roupas, acessórios e sapatos, e também uma cafeteria. Todas as unidades são voltada a uma área comum que penetra no edifício, essa praça traz vida ao edifício de dia e de noite. Quando adentramos o volume, há um acesso para a administração e os acessos aos apartamentos. Figura 58- Fachada/ Fonte: www.archdaily.com.br
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Figura 59 á 62- Plantas - Fonte: www.archdaily.com.br
32 APARATAMENTOS DE 250M² A 650M² 21 UNIDADES COMERCIAIS LAJE DE CONVIVIO E LAZER TERRAÇO ESTACIONAMENTO
O High Park é um edifício de dez pavimentos, e quatro pavimentos no subsolo destinados a estacionamento. Os primeiros dois níveis são áreas comerciais e serviços que abrigam escritório, lojas, além de ampla experiência gastronômica com restaurantes, os demais são destinados a apartamentos residenciais que são voltados para os dois lados, também inclui-se nesses pavimentos os espaços recreativos e de entretenimento como piscina, academia, lounge bar, spa entre outros. Uma questão importante do edifício são as sacadas de formas curvas de variados tamanhos, que faz uso de vegetação, que compõe a fachada.
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Figura 63- Corte Longitudinal/Fonte: www.archdaily.com.br
Figura 64 e 65 - Sacadas Verdes /Fonte: www.archdaily.com.br
Sistema de composição da fachada.
Figura 66, 67 e 68- Ambientes /Fonte: www.highpark.mx/
Figura 69, 70 e 71/Fonte: www.studionyl.com
Com apresentado no esquema estrutural, o edificio é projetado atraves de treliças metalicas escalonadas, para atingir o balanço dos niveis de jardins, o maior balanço é de 20 metros. O fator que se destaca no projeto, é o uso de diferentes materiais principalmente na fachada. Compõe-se junto aos materiais aplicados, trinta e cinco paredes verdes, que fragmentam as sacadas, e auxilia na alteração da aparência do edifício de acordo com o movimento do sol. As fachadas se compõe de forma que aproveite a iluminação natural e reduzir a eficiência energética nos interiores.
Através da analise das leituras projetuais, serão levados como diretrizes para o projeto as seguintes questões: - Térreo livre ao usuário da cidade; - Divisão de usos;
- Plantas livres que podem ser modificadas conforme uso e necessidade; - Sacadas verdes; - Estratégias para economia dos recursos naturais; - Tratamento de fachadas de forma ativa.
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3 ANÁLISE DA ÁREA
A cidade em que o projeto será aplicado é em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Em Ribeirão Preto a expansão também se dá de forma espraiada, trazendo problemas decorrentes de um mau planejamento, que resultou em vazios urbanos, aumento no fluxo de veículos, ocasionando pontos de congestionamentos. Através disso, alguns habitantes vem priorizando os usos próximos as suas residências, mas, assim surge outro problema, que é a falta de uso de serviço e comércio em alguns bairros. A demanda de edifício multifuncional é menor, mas, já está acontecendo, alguns exemplos de edifícios na cidade é o Edifício Diederichsen (1936), que é o primeiro edifício da cidade, no qual foi projetado pensado no uso misto, ele esta localizado no centro de Ribeirão Preto, ao lado do Quarteirão Paulista. Outro exemplo é Edifício TRIO (2013), que foi construído recentemente, localizado na Avenida Presidente Vargas. Há outros na cidade, que se localizam em áreas dinamizadas como novas centralidades da cidade, também próximo a universidades, e por fim no centro da cidade no qual também prevalece o modelo de residência acima e comercio e prestação de serviço no térreo, como por exemplo, o Edifício Canadá na rua Florêncio de Abreu, e o Edifício Firmino na rua Amador Bueno.
3.1 DISPOSIÇÃO SOBRE O LOCAL LOCALIZAÇÃO A área de estudo está localizada na cidade de Ribeirão Preto, na Zona Leste, no bairro Jardim Paulista. O projeto ficar próximo a Praça San Leandro, na esquina da Rua Henrique Dumont com a Rua Itapura.
O BAIRRO Baseado no acervo do site “O melhor do bairro”, o Jardim Paulista é um dos primeiros bairros de Ribeirão Preto, antigamente conhecido como Vila Paulista, nasceu em meio a pedreira das Sete Capelas e o brejo do córrego Retiro Saudoso. Ele surgiu para atender um público de classe média. Desde sempre o bairro é considerado boêmio pela grande variedade de bares noturnos. No início ele era conhecido por suas praças, sua gente, e pelos armazéns comerciais das décadas de 40 e 50, nos quais já foram substituídos por lojas, padarias, bancos, restaurantes, cabelereiros e bares mais recentes. O bairro virou cartão postal da cidade após a construção do estádio Francisco Palma Travessos, do time do Comercial, em 1964, no qual o primeiro jogo foi entre Santos e Comercial, trazendo 17 mil pessoas para a área. Também se destacou após a implantação da faculdade Barão de Mauá, em 1966. Hoje o bairro possui uma grande dinâmica, como será apresentado nos levantamentos, e é considerado como uma outra centralidade da cidade, apesar de estar próximo ao centro. (Disponível em: https://www.omelhordobairro.com/ribeiraopretojardimpaulista/historia - Acesso 30/04/2018)
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JUSTIFICATIVA A área possui potencial para aplicação do objeto proposto. Nela há uma diversidade de usos próximos, que atendem as necessidades básicas dos usuários, e permite que eles façam seu percursos a pé. Além disso, a área esta sofrendo um processo de verticalização em pontos específicos do bairro. A área é bem atendida por transporte público, facilitando a locomoção dos usuários para os principais pontos da cidade.
Figura 73: Faculdade Barão de Mauá – Disponível: http://posbarao. com.br/sobre-a-pos-barao/nossa-historia/ Acesso: 30/04/2018
DECLIVIDADE E INCIDÊNCIAS
Para a implantação do projeto, foram necessário a junção de alguns lotes. Juntos formam um lote que situa-se no cruzamento das ruas Henrique Dumont e Itapura. Por estar localizado entre um dos pontos mais altos da cidade (Avenida 13 de maio), e um fundo de vale (Avenida Francisco Junqueira), o bairro possui uma topografia íngreme. A declividade segue o traçado das ruas Itapura e Laguna, essas ruas dificultam a caminhada por serem íngremes, em contrapartida, as ruas de mais dinâmicas como Henrique Dumont e Camilo de Matos, são mais niveladas facilitando o passeio do usuário.
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MAPA DE HIERARQUIA FÍSICA Área de Influência.
O mapa apresenta as tipologias das vias do bairro, são vias que variam tamanhos de 6 a 10 metros, com exceção das avenidas que contornam a área como a 13 de Maio, Francisco Junqueira e Meira Júnior, que possuem largura maior. O bairro possui um traçado ortogonal, que facilita o fluxo dos modais e das águas da chuva. Os cortes apresentados ao lado são do entorno do lote escolhido. O estados dos calcamentos e vias são considerados moderáveis, mas há um problema que é as larguras das calcadas que variam de 1,00 a 2,50 metros.
Figura 74: Travessa Primo Saiane / Fonte: Acervo Pessoal
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MAPA DE HIERARQUIA FUNCIONAL Área de Influência.
O mapa apresenta o fluxo do bairro. Nota-se que nas vias que contornam a área o fluxo é alto, isso ocorre por elas ligarem vários pontos da cidade. No interior do bairro os fluxos mais altos são nas ruas Henrique Dumont, Camilo de Matos e Laguna, que são eixos de usos comerciais e de serviços que atendem não somente a área. De acordo com o gráfico de fluxos presente no Plano de Mobilidade de Ribeirão Preto, a zona leste, na qual o bairro se engloba, possui uma demanda maior de fluxos de automóveis privados e, em contrapartida pouco uso do transporte coletivo, apesar de passarem várias linhas de diferentes pontos da cidade (vide tabela pag. 19).
Dando ênfase nas vias que contornam o lote seu fluxo ocorre da seguinte forma:
Fonte: Plano de Mobilidade de Ribeirão Preto
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MAPA DE MODAIS Área de Influência.
O mapa ilustra os locais onde se encontram os equipamentos de modais. A área possui muitos pontos de ônibus, que conseguem atender a demanda de moradores e de pessoas que se deslocam para essa área para trabalhar e estudar. É um ponto positivo do bairro, pois além disso, próximo à área possui a mini rodoviária, (indicado no Mapa de Equipamentos, p .41) que pode aproximar pessoas da região para o bairro.
Figura 75 e 76: Pontos de Ônibus/ Fonte: Acervo Pessoal
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LEGENDA
MAPA DE EQUIPAMENTOS URBANOS
O mapa ilustra os locais onde se encontram os equipamentos urbanos contidos na área de estudo. Nota-se que diferente de outros bairros, ele possui equipamentos espalhados por todo o bairro, atendendo varias áreas do bairro. Podemos notar que há uma concentração de equipamentos próximos às Avenidas 13 de Maio e Francisco Junqueira, também há uma concentração em volta
do lote escolhido. De acordo com os moradores da área, não há falta de equipamentos, e os que possui atendem a demanda de moradores. A maioria dos equipamentos são da escala do bairro e cidade, com exceção da Universidade Barão de Mauá e do Estádio Doutor Francisco de Palma Travassos (Comercial), que atendem escala regional.
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MAPA DE USO DO SOLO Área de Influência.
De modo geral, o mapa apresenta uma grande diversificação de usos do bairro Jardim Paulista, no qual prevalece o uso residencial, onde a classe social é de baixa a média. Apesar de apresentar um uso espalhado, o bairro possui dois eixos comerciais que estruturam a dinâmica do bairro, que são as ruas Camilo de Matos e Henrique Dumont. Nessas ruas os principais usos são lojas de roupas e acessórios, restaurantes, bancos, cabelereiros e outros. Além desses eixos, também engloba a Avenida 13 de Maio, que também possui variações de usos. Na área há alguns edifícios altos, localizados próximo à faculdade Barão de Mauá, que são uso misto, residência nos pavimentos superiores e comercio e serviço no térreo.
Térreo misto: Rua Laguna
Térreo misto: Rua Laguna Figura 85 e 86/ Fonte: Acervo Pessoal
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MAPA DE USO DO SOLO Área de Impacto do Lote
Dando ênfase somente ao entorno imediato do lote, o mapa também apresenta uma predominância residencial, mas ao contrario da área de influencia, nesse recorte o uso de serviço é maior, possuindo restaurantes, bares, cabelereiros, e bancos. O serviço de bares e restaurantes que funcionam no período da noite, influenciam em uma dinâmica noturna que traz vida a essa área. Há comércios importantes no recorte, como o supermercado Savegnhago, que traz dinâmica em um grande período do dia. As tipologias de residências são predominantemente de modelos antigos, nos comércios e serviços também há vestígios dessa tipologia, pois muitos adaptaram a edificação para outro uso, mas mantiveram as fachadas. O recorte apresenta algumas instituições de ensino fundamental, creches infantis, e instituições religiosas.
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Figura 87 e 88/ Fonte: Acervo Pessoal
Figura 89 e 90/ Fonte: Acervo Pessoal
MAPA DE OCUPAÇÃO DO SOLO - GABARITO Área de Influência.
De modo geral, o mapa apresenta uma predominância de edificações de pavimento térreo a 2 pavimentos, isso se dá pelo fato que o bairro estar sofrendo agora um processo de verticalização. A maior parte desses edifícios de mais de 10 pavimentos tem uso residencial, havendo alguns aglomerado de prédios, principalmente na parte inferior do bairro, que é o condomínio do Jardim das Pedras. Ainda há no bairro tipologias arquitetônicas da época de sua formação (Figura 92), junto a elas as famílias que acompanham o desenvolvimento que o bairro vem sofrendo.
Figura 92/ Fonte: Street View
Figura 91/ Fonte: Google
Figura 93/ Fonte: Acervo Pessoal
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MAPA DE OCUPAÇÃO DO SOLO - GABARITO Área de Impacto do Lote
Com ênfase somente no entorno imediato do lote, o mapa apresenta a predominância de gabarito baixo. No recorte podemos notar que há uma verticalização maior na Rua Piracicaba com a Rua Guarujá, e na rua Carlos Chagas com a Rua Iguape. Nota-se que há impacto nos pontos verticalizados, com as edificações baixas, isso ocorre pois ainda não se predominam.
Figura 94/ Fonte: Street View
Figura 95 e 96/ Fonte: Acervo Pessoal
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MAPA DE OCUPAÇÃO DO SOLO - FIGURA FUNDO Área de Impacto do Lote
O mapa mostra que a ocupação do recorte é notavelmente ocupada, isso ocorre pelo fato dos lotes do bairro serem menores, e também por haver varias edificações sem recuos laterais, principalmente nos lotes residenciais. Após a readequação de usos, de casa para comércio, as edificações passaram a ocupar os recuos frontais também. Uma das quadras mais adensadas da área de impacto é a quadra do lote escolhido para o projeto. As imagens mostram os recuos frontais que foram ocupados pelos comércios e serviços. Essa adequação da edificação está presente nos eixos comerciais internos do bairro.
Figura 97 / Fonte: Acervo Pessoal
Figura 98 / Fonte: Street View
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MAPA DE VEGETAÇÃO Área de Impacto do Lote
Dando ênfase somente ao entorno imediato do lote, o mapa apresenta uma escassez de arvores, principalmente nas ruas em que há presença de comércio e serviço, como a rua Henrique Dumont. Isso acaba prejudicando o usuário da área, por não conter sombra em seu percurso, especialmente em horários em que o sol está muito quente. Há uma praça na área chamada San Leandro, a qual está sendo mantida em estado adequado para os usuários.
Figura 99, 100 e 101/ Fonte: Acervo Pessoal
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SÍNTASE DA ÁREA
Com base nos dados levantados, a área atende aos parâmetros para implantação do edifício multifuncional que seguira algumas diretrizes de cidade compacta. Dando ênfase no levantamento da área, pode-se concluir que: é uma área dinâmica que possui variados tipos de usos e equipamentos; está sofrendo um recente processo de verticalização; é bem atendida por transporte publico; possui um fluxo alto nas principais vias; e há escassez de arborização nas ruas. A tabela abaixo apresenta as oportunidades e conflitos que a área possui, apontando diretrizes a
fim de auxiliar no melhoramento do entorno junto à implantação do novo edifício. A área apresenta mais pontos positivos do que negativos, os maiores problemas são decorrentes de problemas viários, como fluxo e dimensionamento de vias e calçadas. O projeto abrange toda área de influencia, pois reforça a dinâmica da área trazendo multifuncionalidade. O conceito de cidade compacta é implantado de forma que prioriza o pedestre, diminuindo o uso de automóveis através da diversidade de usos presente no projeto, além de trazer um cuidado com os recursos naturais.
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3.2 DISPOSIÇÃO DO LOTE Com base no Plano Diretor de Ribeirão Preto, no Mapa de Macrozoneamento Urbanístico toda área de estudo está localizada em uma Zona de Urbanização Preferencial - (ZUP), que é a região do
CÁLCULOS: Área do Terreno: 3.086,65m² Coeficiente de Aproveitamento: 5 Calculo: 3.086,65 x 5 = 15.433,25m² Taxa de Ocupação Máxima: 80% Calculo: 3.086,65 x 80 /100 = 2.468,52m² Área Permeável Mínima: 10% Calculo: 3.086,65 x 10 /100 = 308,66m²
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município onde o uso e a ocupação do solo urbano deverão ser incentivados considerando o potencial de sua infraestrutura urbana existente ou a implantar. A legislação disposta no Jardim Paulista é:
LOTES DE ESTUDOS O bairro de estudo foi escolhido pelo fato de estar sofrendo um processo de verticalização. A partir dai, a escolha dos lotes se deu em um ponto em que houvesse infraestrutura necessária para auxiliar na integração do objeto com a cidade. Esse ponto desfruta de boas visuais por ser um lugar onde a
topografia é íngreme. Os lotes estão localizados no cruzamento da Rua Itapura e a Rua Henrique Dumont, com uma área total de 3.080.28 metros quadrados. Foi necessário a junção de 11 lotes para a implantação do edifício, nos quais possuem os usos: residências, loja de roupa, consultório dentista, salgadeira, estacionamento, loja de ar condicionado.
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COMPOSIÇÃO DOS LOTES COMPOSIÇÃO DOS LOTES VISTO PELA RUA ITAPURA – USO VOLTADO PARA RESIDÊNCIAS –
Figura 102/ Fonte: Acervo Pessoal
COMPOSIÇÃO DOS LOTES VISTO PELA RUA HENRIQUE DUMONT – USO VOLTADO PARA COMERCIO E SERVIÇO –
Figura 103/ Fonte: Acervo Pessoal
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LOTE DE ESTUDO
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4 DIRETRIZES GERAIS DE PROJETO
4.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES
RESIDENCIAL
ÁREA DE CONVIVIO CORPORATIVO COMERCIAL TÉRREO LIVRE ESTACIONAMENTO
4.2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS O sistema adotado para a construção do edifício é a estrutura em concreto armado. Foram adotados os elemento de pilares retangulares e lajes nervuradas que permitem que o edifício atinja um vão maior, proporcionando plantas flexíveis com tamanhos distintos de unidades, mesmo com a altura maior, elas ainda acabam sendo mais leves que as convencionais. A estrutura é pensada independente dos fechamentos. Os fechamentos são painéis pré-moldados que permitem uma obra mais rápida comparada ao sistema tradicional de alvenaria. Os painéis serão montados no terreno, o qual necessitará de grua para levá-las ao pavimentos. As divisórias internas serão de materiais leves, para facilitar a montagem e manuseio da mão de obra especializada é necessário pensar em peças que não sejam tão grandes
LAJE NERVURADA
comparada a estatura do corpo. A escolha dos fechamentos se deu através da diretriz de causar o mínimo de resíduos na obra. A proteção nas faces das fachadas que há utilização de vidro, é de persiana de madeira, no qual poderá ser manusiada pelos usuários do predio, controlando-as quando necessario. O uso dos materiais é pensado através da preocupação com os impactos que eles causarão ao meio ambiente, os cuidados básicos serão: Transporte dos materiais; Pouca produção de resíduos; Possibilidade de reciclagem dos resíduos; Consumo energético. Os demais sistemas abordaram práticas sustentáveis como permeabilidade de piso nas áreas externas, brises para economia energéticas, sistema de captação de água para reutilização.
PLACA CIMENTICIA
PERSIANA
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5 PROCESSOS DE PROJETO
5.1 ESTUDO PRELIMINAR O PARTIDO O projeto tem como partido trazer permeabilidade visual e física do edifício com o entorno, principalmente a praça. É um edifício de uso misto que abrange uso de comércio, trabalho, residência e áreas de convívios, que atendem aos moradores da área e do prédio. Esse intuito se embasa na proposta de cidade compacta, pela qual integramos usos para a diminuição conflitos da cidade. As fachadas vegetativas trazem conforto térmico e minimizam a incidência solar nas fachadas principais.
FACHADA INICIAL DO PROJETO
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O edifício multifuncional proposto, consiste de áreas residências, comerciais e corporativas, no qual abrangem a população da cidade. O projeto visa um aumento na dinâmica no bairro em questões interpessoais, sociais e econômicas. Por meio de seu formato e aberturas é possível conectar os usuários tanto espacialmente quanto visualmente. O projeto conta com áreas de alimentação, descanso, trabalho e estudo, para firmar a ideia de conexão do público externo ao edifício. Ele se compõe estruturalmente através do sistema de laje nervurada e pilares, com fechamentos móveis que permite o controle da incidência solar, além disso toda a fachada do edifício é contornada por jardins.
5.2 ANTEPROJETO
MEMORIAL DESCRITIVO O térreo é desenhado respeitando a topografia externa (calçada), formando níveis principais que conectam com as vias. Primeiro nível, na parte superior do terreno, está na cota +2,35, ela conecta as esquinas da Travessa San Leandro, para facilitar o percurso do usuário. Nele se encontra o acesso de veículos privados, o hall principal dos moradores e dois elevadores públicos que chegam até o 4 pavimento. Segundo nível, na parte inferior do terreno, está na cota +1,50, nela se encontra os acessos públicos que interligam até o 4 pavimento. Há no térreo 4 unidades que abrigaram os comércios que ocorrem na praça, duas unidades são destinadas ao verdureiro e o garapeiro, e as outras duas para bares que funcionam do almoço até a noite.
serão utilizados pelos trabalhadores e visitantes do local. O número se totalizou a partir do cálculo do Código de Obras de Ribeirão Preto (LEI 2158/2007), que dispõe de: - 03 bacia sanitárias, 03 pias, 03 mictórios - para trabalhadores - 03 bacia sanitárias, 03 pias, 01 mictório – para públicos Nesses pavimentos há aberturas nas lajes de forma distintas, que possuem circulação de escada metálica, fazendo com que o usuário percorra o edifício de forma livre. Também há nesses pisos unidade de quiosques alimentício destinados a café e lanchonete. O quarto pavimento é livre, no qual foca no lazer dos usuários. Há espaços de alimentação, de estudo, de descano e encontros. A partir dele a circulação publica finaliza, e somente a circulação de moradores é possível. Do quinto ao décimo quarto pavimento, são as unidades residenciais que possui três tipologias, ambas com cozinha, sala e sala de jantar integrada, suas variações são: - Residencial Tipo 1 - 75m²: Possui 2 dormitórios e dois banheiros; - Residencial Tipo 2 – 65m²- Possui 1 dormitório, 1 escritório e dois banheiros; - Residencial Tipo 3 – 65m²- Possui 2 dormitórios e 2 banheiros.
SISTEMAS:
Do primeiro ao quarto pavimento, são andares liberado ao público, nele ocorre os usos corporativos, comerciais e convívio. Por meio disso, esses pisos possuem uma infraestrutura para receber esse público. Nele há um conjunto de banheiros que
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- Edifício de laje nervurada e pilar em concreto; - Fechamentos Internos em Placa Cimentícia. - Vidros nas fachadas, onde a partir de 1.10m ele vira janelas de correr; - Proteção solar de venezianas de madeira de rolar; - Peitoris e Guarda Corpo metálico; - Deck’s e passarelas revestidos de madeira plástica; - Forro em trama de madeira no quarto pavimento.
EIXOS HIDRÁULICOS
DETALHE DOS FECHAMENTOS
O edifício possui eixos hidráulicos principal e secundários. Os secundários são os que recolhem e abastece os pisos residenciais, descendo até o quarto pavimento, onde são direcionados ao eixo principal, no qual estão localizados nas laterais da caixa de escada dos moradores, a partir dela o esgoto recolhido é conectado as tubulações da rede pública. O edifício possui um reservatório superior e um inferior no qual também utilizam desses eixos citados.
FACHADAS VEGETATIVAS As fachadas vegetativas, traz o intuito de proteger principalmente as fachadas de Oeste da incidência solar, além de valorizar-las. É possível que o usuário de a manutenção por meio das janelas.
GUARDA CORPO
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Com base na norma nº 3274/77 de edifícios verticais, pode-se chegar a uma quantidade de vagas de estacionamento que abrigasse o fluxo do edifício, sendo elas: - 01 vaga para apartamentos de 50m² até 150m², totalizando 80 vagas; - 02 vaga para apartamentos de 150m² até 300m², totalizando 0 vagas. Com isso, há um total de 80 vagas para moradores, também foi disponibilizado 23 vagas para visitantes dos moradores, assim, chegamos em um total de 103 vagas para a área de moradores. No primeiro subsolo, há uma divisão de estacionamento, onde a outra metade é destinadas aos trabalhadores e demais. Com base na legislação já citada que dispõe de: - 01 vaga por unidade de trabalho, totalizando 10 vagas; - 01 vaga por unidade comercial, totalizando 24 vagas. Com isso totalizando 34 vagas para os mesmos. Também foi disponibilizado 5 vagas para os demais usuários, assim, chegamos em um total de 39 vagas. A partir deste número foi necessários dois subsolos, que além de estacionamento, abriga a sala de geradores, reservatório inferior e um deposito.
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PERSPECTIVAS
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TÉRREO LIVRE
TÉRREO LIVRE | 79
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JADINS
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4ยบ LIVRE
4ยบ LIVRE 82 |
HORTA COMUNITÁRIA
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6 BIBLIOGRAFIA
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