Arminianismo & calvinismo um pequeno resumo de suas diferenças parte 3

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ARMINIANISMO & CALVINISMO Um pequeno resumo de suas diferenças – terceira parte.

6 DE OUTUBRO DE 2014


João Calvino & Jacó Armínio

Os personagens centrais.

Diante de tudo daquilo que temos proposto a ensinar e vocês dispostos a aprender chegamos ao ápice ou clímax da questão e da discordância central entre calvinistas e arminianismo. Hoje conheceremos os principais personagens de onde procedem estes dois sistemas doutrinários. Desde já peço desculpa pois não poderei ser exaustivo nem poderei ser profundo quando estivermos tratando destes dois personagens, isto sairia e muito da rota proposta em nossas reuniões, nosso objetivo é conhecer as principais diferenças entre estes dois sistemas doutrinários. Existem livros que futuramente você poderá adquirir para que possa se aprofundar neste assunto de uma forma mais exaustiva1.

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A Editora Reflexão tem se proposto a colocar no mercado literário quatro livros que poderão te auxiliar neste assunto são eles: Teologia Arminiana – Mitos e Verdades; Contra o Calvinismo; Livre –Arbítrio e a Salvação; A Favor do Calvinismo. Você também poderá consultar os seguintes sites: Este primeiro defenderá a perspectiva arminiana - http://www.arminianismo.com/ e o segundo defenderá a perspectiva calvinista - http://cincosolas.blogspot.com.br/

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Introdução. Como observamos em nossa reunião anteriores a Europa estava passando por uma transição, o movimento conhecido como Renascimento iria ditar as novas regras na arte, na economia, na medicina, na geografia, no direito, na filosofia entre outros assuntos. “A história confirma que nesse período foram inventados diversos instrumentos científicos, e foram descobertas diversas leis naturais e objetos físicos antes desconhecidos; a própria face do planeta se modificou nos mapas depois dos descobrimentos das grandes navegações, levando consigo a física, a matemática, a medicina, a astronomia, a filosofia, a engenharia, a filologia e vários outros ramos do saber a um nível de complexidade, eficiência e exatidão sem precedentes, cada qual contribuindo para um crescimento exponencial do conhecimento total, o que levou a se conceber a história da humanidade como uma expansão contínua e sempre para melhor”. 2

Nossos personagens irão nascer nesta época de revolução e por meio de seus escritos irão mudar a estrutura da igreja protestante.

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Weisinger, Herbert. Renaissance Literature and Historiography. In Dictionary of the History of Ideas.

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João Calvino uma breve biografia. (1509 – 1564) França, dia 10 de julho de 1509, em Noyon, na Picardia nascia João Calvino, filho de Gérard Cauvin e Jeanne Lefranc talvez tenha sido o segundo filho deste casal3. Sua mãe faleceu quando ele tinha seis anos. Em 1521 recebeu um benefício eclesiástico ao ser nomeado responsável pela capelania de La Gésine isto lhe proporcionou a possibilidade de estudar em Paris. Em Paris aprendeu o latim, a filosofia aristotélica e após cinco anos recebeu o título de Mestres em Artes. Seu pai ao se desentender com o bispo de Noyon percebeu que o caminho para a jurisprudência seria algo promissor para Calvino então o enviou para Orléans para que pudesse estudar letras. Em Orléans Calvino reencontra seu primo Robert Olivétan um afeiçoado reformador que será o responsável pela tradução da Bíblia para a língua francesa, nesta época Calvino era totalmente contrário a reforma protestante. Mas...

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Hermisten Maia Pereira da Costa; Artigo escrito para Fides Reformata 4/2 (1999).

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Neste centro de humanistas interessados na renovação da Igreja e influenciados por Erasmo, dedicou-se ao aprendizado do grego com o professor Melchior Wolmar, de Wittenberg, adepto da Reforma. Apesar da resistência às ideias vindas da Alemanha, Calvino se torna um profundo admirador de Lutero e, paulatinamente, sua prudência humanista será transformada em radicalidade evangélica. 4

Em 1531 volta Noyon para resolver o problema de sepultamento de seu pai que havia sido excomungado da Igreja. No ano 1532 ele recebe seu título de Licenciando em Leis. Ele resolve seguir carreira literária e para que isto seja um sucesso resolve se aprofundar nas línguas originais o Hebraico e o Grego. Em 1533 ele se converteu a Cristo e abraçou a fé reformada, aquele que durante anos rejeitou e odiou a mensagem da reforma protestante agora será um dos maiores defensor e expositor desta verdade. A conversão de Calvino está envolvida em muitos mistérios, pois quase nada se sabe sobre este acontecimento, o que de fato sabemos vem do próprio Calvino de uma forma resumida em um lugar outro como veremos, porém muitos afirmam que seu primo Olivétan foi um dos grandes responsáveis para que isto acontecesse. “... a bíblia que recebeu de seu parente Pierre Robert Olivétan o arrebatou do catolicismo”. (Felice)5

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http://www.calvin09.org/ Hermisten Maia Pereira da Costa; Artigo escrito para Fides Reformata 4/2 (1999).

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Eis o testemunho do próprio João Calvino: “Contrariado com a novidade, eu ouvia com muita má vontade e, no início, confesso, resisti com energia e irritação; porque (tal é a firmeza ou o descaramento com os quais é natural aos homens resistir no caminho que outrora tomaram) foi com maior dificuldade que fui induzido a confessar que, por toda minha vida, eu estivera na ignorância e no erro. (Calvino)6 “Inicialmente, visto eu me achar tão obstinadamente devotado às superstições do papado, para que pudesse desvencilhar-me com facilidade de tão profundo abismo de lama, Deus por um ato súbito de conversão, subjugou e trouxe minha mente a uma disposição suscetível, a qual era mais empedernida em tais matérias do que se poderia esperar de mim naquele primeiro período de minha vida”. (Calvino) 7

Em 1533, no Dia de Todos os Santos, exatamente 16 anos depois que Lutero colocou as famosas teses contra as indulgências na porta da igreja de Wittenberg, Nicolas Cop, amigo de Calvino e reitor da Universidade de Paris, fez um discurso numa assembleia que chocou os ouvintes. Mesmo não sendo o que chamaríamos de um sermão evangélico caloroso, tinha conteúdo evangélico [reformado] suficiente para insultar os defensores da ortodoxia

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Juan Calvino, Respuesta al Cardeal Sadoleto, 4ª ed. (Barcelona: Fundación Editorial de Literatura Reformada, 1990), 63; João Calvino, Tracts and Treatises on The Reformation of the Church, Vol. I, 62. 7 João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. I, 38. (Ver Timothy George, Teologia dos Reformadores, 171-185 (especialmente).

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católica. No Dia de Todos os Santos, Cop não louvou aos santos; antes, proclamou a Cristo como o único mediador com Deus. Cop foi obrigado a fugir para continuar vivo.8 A reação foi imediata e Cop e Calvino tiveram de fugir de Paris. Cop voltou à sua terra natal, Basiléia, e Calvino foi para outras cidades francesas. Em 1534, Calvino completaria 25 anos, idade legal para ser ordenado; agora era o momento de assumir de fato a sua fé e ofício. Assim, em 4 de maio de 1534, voltou a Noyon e renunciou aos seus benefícios eclesiásticos. As perseguições intensificaram-se na França. Novamente ele iniciou as suas peregrinações: Paris, Angoulême, Poitiers; também passaria algum tempo na Itália, Estrasburgo e Basiléia (1535).9

Após a grande perseguição contra os reformadores na França, Calvino se estabelece em Basiléia, no norte da Suíça em 1535. A reforma francesa começou com um ataque frontal aos “horríveis, enormes e intoleráveis abusos da missa papal”, como dizia o título dos cartazes. Agora, as forças da perseguição estavam lançadas contra os evangélicos [reformados] franceses. Calvino deixou o país apressado e encontrou refúgio na cidade reformada de Basiléia, o lar de Cop, que já se encontrava lá.10

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George, Timothy; Teologia dos Reformadores; 1994, Edições Vida Nova. Hermisten Maia Pereira da Costa; Artigo escrito para Fides Reformata 4/2 (1999). 10 George, Timothy; Teologia dos Reformadores; 1994, Edições Vida Nova. 9

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Em Basiléia João Calvino escreveu aquela que seria a sua obra prima para as gerações posteriores As Institutas da Religião Cristã que foi publicada em março de 1536. As suas Institutas não foram escrita para promove-lo, elas foram escritas para defender uma causa que sobrecarrega o coração de João Calvino - saber que seus compatriotas reformados estavam sendo perseguidos e estavam sendo mortos por causa da heresia luterana. “Mas eis que, enquanto me encontrava escondido em Basiléia e era conhecido por poucos, muitos fiéis e não poucos santos estavam sendo queimados vivos na França (...) Pareceu-me que, a menos que me opusesse [aos perpetradores] com o máximo de minha habilidade, meu silêncio não poderia ser inocentado da acusação de covardia e traição. Foi essa a consideração que me induziu a publicar minhas Institutas da religião cristã (...) Elas foram publicadas por nenhum outro motivo, senão fazer com que homens soubessem qual a fé daqueles que vi sendo vilmente e cruelmente caluniados” (Piper).

A França em 1536 havia concedido anistia temporária para aqueles que haviam fugidos. João Calvino volta então a França para resolver alguns problemas e depois partiu para Estrasburgo junto com seu irmão Antoine e sua irmã Marie. No verão de 1536, Calvino, com seu irmão Antoine e sua meia-irmã Marie, viajava de Paris para Estrasburgo, onde esperava estabelecer-se para seu antigo desejo de descanso e estudo. Entretanto, os exércitos de Francisco I e do Imperador Carlos V estavam envolvidos em manobras militares que exigiram que a pequena caravana de Calvino desviasse para o sul. Assim, chegaram à cidade de Genebra, situada nas fronteiras entre França, Savóia e Suíça. (George)

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Genebra havia abraçado a reforma protestante por meio de Willian Farel. Através de uma assembleia pública o povo havia decidido “viver de agora em diante de acordo com a lei do evangelho e com a Palavra de Deus e abolir todos os abusos papais”. Por causa de Farel a vida de João Calvino iria mudar para sempre. No dia em que Calvino e seus irmãos chegaram Genebra naquela noite Calvino teve um encontro com Farel, e neste encontro, Farel convocou Calvino para que o ajudasse na causa da reforma protestante, mas Calvino não queria isto, ele almeja uma vida tranquila e totalmente voltada aos estudos e a publicação de livros. Porém leia o Calvino escreveu sobre aquele encontro com Farel. A essa altura, Farel (Ardendo com um zelo assombroso pela proclamação do evangelho) Repentinamente uniu todos os seus esforços para manter-me ali. Depois de ouvir que eu estava decidido a prosseguir meus próprios estudos particulares —Quando percebeu que não chegaria a lugar algum com súplicas — Chegou a ponto de amaldiçoar-me: Que agradaria a Deus amaldiçoar meu lazer e a tranquilidade para meus estudos Que eu estava buscando, se em tão grave emergência eu me retirasse e me recusasse a prestar auxílio e socorro? Essa palavra arrasou-me tanto, que desisti da viagem que havia começado.11

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George, Timothy; Teologia dos Reformadores; 1994, Edições Vida Nova.

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João Calvino então iniciou seu ministério em Genebra primeiro começou como professor das escrituras e após quatro meses foi nomeado pastor de uma das três paroquias de Genebra a igreja de São Pedro, porém o conselho de cidade não estava satisfeito nem com Farel muito menos com Calvino então no ano de 1538 ambos foram expulsos de Genebra. Calvino viu neste episódio a oportunidade de ir para Estrasburgo por meio de um convite de Martin Bucer para ensinar a palavra de Deus. Em Estrasburgo João Calvino se casou com Idelette Stordeur no dia 06 de agosto de 1540, Idelette era viúva e mãe de um menino e uma menina. No ano de 1541 as coisas não estavam muito bem em Genebra então os lideres daquela cidade perceberam que Calvino e Farel não eram as piores pessoas deste mundo e no dia 1º de maio de 1541 o conselho de Genebra anulou a expulsão de Calvino esta notícia não lhe agradou, pois sabia das dificuldades que iria encontrar em Genebra ainda que chegasse com o status de homem de Deus.

No início de outubro de 1541, ele disse a Farel que preferiria não ir, porém, porque eu sei que não sou meu próprio mestre, ofereço meu coração como um verdadeiro sacrifício ao Senhor12.

Na terça-feira, 13 de setembro de 1541, Calvino retorna para Genebra e ali permanece até sua morte que ocorreu no dia, 27 de maio de 1564.

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Piper, John. O legado da alegria soberana, São Paulo, Editora Shedd, 2005. pg. 139

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Jacó Arminio um desconhecido entre nós. Jacó Arminio nasceu em 10 de outubro de 1560, na cidade de Oudewater, na província de Utrecht nos Países Baixos [Holanda]. Na época que Arminius nasceu, a Reforma já estava firmemente estabelecida na Alemanha e na Suíça. Tal não era o caso, entretanto, na Holanda, a terra de Arminius. A Reforma na Holanda coincidiu com sua libertação do domínio espanhol e o surgimento da Contra-Reforma católica. A Holanda, muito frequentemente referida como os Países Baixos, nesta época da história, consistia dos países da Bélgica, Holanda e Luxemburgo13.

Jacó Arminio ainda era uma criança quando seu pai faleceu deixando sua mãe e seus irmãos. Por providência de Deus [em 1573?] Theodorus Aemilius adotou Jacó Arminio e o matriculou na escola de Utrecht, porém em 1574 Theodorus Aemilius morre e Rudolph Snellius que também era de Oudewater leva Jacó Arminio para estudar em Marburg na Alemanha. No ano de 1575 enquanto Jacó Arminio estava na Alemanha sua cidade foi atacada por ordem de Philip II. O Duque Alva juntamente com as tropas de católicos espanhóis cumpriu arrisca o pedido de Philip II. Jacó Arminio perdeu toda sua família neste massacre, mãe, irmão e irmã e Jacó Arminio agora se encontra só. Assim descreve William F. Warren o ataque em Oudewater: 13

Vance, Laurence M. O Outro Lado do Calvinismo, pg. 192.

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Foram nestas mesmas ruas que os demônios encarnados de Alva despejaram-se, assassinando mulheres e crianças indefesas e manejando a tocha para toda habitação dos homens14.

Laurence descreve assim o fato ocorrido naqueles dias: A forca, a roda, estacas, árvores ao longo das estradas, estavam carregados de carcaças ou membros daqueles que foram enforcados, decapitados, ou queimados; de modo que o ar que Deus criou para a respiração dos vivos, se tornou agora a sepultura ou habitação comum dos mortos15.

Quando Jacó Arminio recebe a notícias do massacre que ocorreu com sua família ele toma a decisão de voltar para Oudewater e “Aqui o filho triste e totalmente órfão não podia achar nada além das agora frias cinzas de cada um de seu pai cobrindo as frias cinzas de sua querida mãe, seu irmão, irmã, e outros parentes. Com que pesar este céu era contemplado naquele dia!” (Warren). Depois de confirmar tamanha desgraça Jacó Arminio retorna para a Alemanha. Ele rapidamente viajou de volta a Marburg, e após um curto período de tempo lá, retornou por Roterdã para sua terra natal e matriculou-se na nova universidade de Leiden em 1576, onde iria passar os próximos cinco anos. Oudewater, entretanto, não ficou livre da ocupação espanhola até dezembro de 1576 16.

Jacó Arminio permaneceu estudando no período de 1576 a 1582, ele era um aluno brilhante e tinha o respeito de seus colegas como também de seus professores as dificuldades que enfrentou durante sua juventude não fizeram dele uma pessoa depressiva ou melancólica.

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Warren, Willian F; Nos passos de Arminius. Vance, Laurence M. O Outro lado do Calvinismo, pg.192. 16 Vance, Laurence M. O Outro lado do Calvinismo, pg.201. 15

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Na Universidade de Leiden, uma escola protestante fundada em 1575 por William de Orange, Arminius se distinguiu acima do resto de seus colegas de classe. Seu companheiro, Peter Bertius (c. 1564-1629), que futuramente proferiria uma oração fúnebre na morte de Arminius, relatou que “se qualquer um de nós tivesse um tema particular ou um ensaio a compor, ou um discurso a recitar, o primeiro passo que tomávamos era perguntar por Arminius. Se levantasse qualquer discussão amigável entre nós, a decisão da qual exigia o julgamento legal de um Palaemon [um deus grego do mar], íamos a busca de Arminius, que sempre era consultado.” Um professor na universidade recomendava aos estudantes imitar o exemplo de Arminius e igualmente cumprimentava-o pelos “dons de seu gênio, e sua proficiência no aprendizado e virtude.” Após terminar seus estudos em Leiden, que incluiu uma obtenção de um conhecimento suficiente do hebraico, Arminius aceitou uma doação da Associação dos Comerciantes de Amsterdã para promover seus estudos teológicos em Genebra17. O pouco que conhecemos de Arminius como aluno em Leyden é muito fidedigno, pois quem nos informou foi um companheiro de estudo, que viveu sob o mesmo teto, e talvez ocupou o mesmo quarto – um filho de Bertius, seu protetor. De seu relato fica claro que o jovem rapaz de Oudewater merecia o mais alto respeito dos alunos e professores. Suas primeiras privações não o tornaram deprimido e melancólico. Sob a influência dos amáveis amigos que Deus lhe deu, ele desenvolveu uma personalidade brilhante e simpática. Com companheiros escolhidos ele cultivou as inspirações da profissão de escritor. Escreveu tanto poesia como prosa. E tais eram seus dons, graças e sabedoria que, como os seis anos estavam acabando, as autoridades da universidade fizeram a outras autoridades de Amsterdã descrições tais que eles decidiram assumir a despesa de enviar o jovem mestre promissor para Genebra, na Suíça, então lugar da mais famosa escola teológica de todo o mundo calvinista18.

No ano 1582 Jacó Arminio irá estudar em Genebra aos pés de Teodoro de Beza o discípulo de João Calvino e seu sucessor, porém devido as suas aulas particulares de filosofia em latim ele fica pouco tempo em Genebra retornando depois para concluir seus cursos ministeriais.

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Vance, Laurence M. O Outro lado do Calvinismo, pg.201. Warren, Willian F; Nos passos de Arminius.

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Como sua permanência na Universidade de Marburg, a residência de Arminius em Genebra foi de curta duração. Entretanto, desta vez o acontecimento trágico foi o ressentimento sentido por alguns pelas suas palestras privadas que compunham seu sistema de lógica. Arminius seguia o sistema de Peter Ramus (1515-1572) 19, um notável crítico de Aristóteles (384-322). Arminius então se transferiu para a Universidade de Basel no verão de 1583. A faculdade em Basel o estimava tanto que eles ofereceram promovê-lo a doutor em teologia, mas Arminius se recusou em razão de sua juventude 20. É uma prova singular da liderança natural e evidente do jovem, que na primavera ou início do verão deste primeiro e único ano de sua residência, o corpo docente da universidade teria solicitado que ele proferisse uma série pública de palestras diante dos alunos da universidade. Parece ter sido uma espécie de recompensa e compensação providencial pelo gesto suspeito e grosseiro da faculdade em Genebra. Ele consentiu, e saiu-se lindamente em um curso sobre a Epístola de Paulo aos Romanos que a faculdade lhe ofereceu uma promoção imediata ao Doutorado em Teologia Sacra. Isto ele humildemente recusou em razão de sua juventude, e o

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Pierre de la Ramée - Matemático francês nascido em Cuts, próximo a Noyon, Vermandois, admirador da obra de Rhaeticus que muito contribuiu para a matemática no sentido pedagógico. Filho de um simples operário Jacques de la Ramée e de Jeanne Charpentier, teve educação doméstica até os doze anos de idade, quando então entrou para o Collège de Navarre, em Paris (1527). Defendeu sua tese de mestrado no Collège de Navarre, atacando corajosamente, a veracidade da lógica de Aristóteles (1536). Depois ensinou no Collège de l'Ave Maria e publicando seus trabalhos contra a lógica aristoteliana, até que com Aristotelicae animadversiones (1543), foi proibido de ensinar e publicar filosofia por Francis I. Assim se dedicou a matemática até ser renomeado como professor no Collège de Presles (1547) em função da escassez de mestres por causa da peste, além de também voltar a publicar textos. Depois foi nomeado régio professor de eloquência e filosofia no Collège de France (1551) e cada vez mais envolvido com assuntos políticos e religiosos, abandonou o catolicismo e converteu-se ao calvinismo (1562). Propôs modificações nos currículos das universidades sugerindo maior ênfase a matemática, a lógica, a física e outras ciências. Entre outras idéias, propôs reformas no ensino e na estrutura da Universidade de Paris, a criação da cadeira de matemática na universidade, a abolição de taxas de estudante, mudanças no programa de artes. Porém, eventos políticos, guerras francesas, insurreições e conspirações e perseguição aos huguenotes, o forçaram a fugir de Paris para Fontainebleau. Participou da Batalha de Dreux (1562) e, apesar do assassinato do Duke de Guise por um protestante fanático, foi assinada a Paz de Amboise (1563) e ele pode voltar a Paris. Novamente por questões religiosas, fugiu de Paris (1567), só voltando após a assinatura do tratado da Paz de São-Germain (1572), porém foi proibido novamente de ensinar. Para celebrar o matrimônio de Marguerite de Valois com Henry III de Navarra (1572) três mil huguenotes reuniram-se em Paris. Porém eles foram massacrados no episódio que ficou tristemente lembrado como a Noite de São Bartolomeu em virtude de ter acontecido na véspera do dia da festa de comemoração deste santo. Apesar da proteção real, o matemático calvinista foi martirizado por assassinos contratados. Em vida trabalhou em muitos tópicos e escreveu uma série inteira de livros didáticos em lógica e retórica, gramática, matemática, astronomia e ótica. Chegou a publicar uma versão revisada (1569) de Os elementos de Euclides, porém sem grande sucesso em virtude de sua limitação em geometria. Suas idéias tornaram-se mais populares nos países protestantes após sua morte. 20 Vance, Laurence M. O Outro lado do Calvinismo, pg.202.

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caminho estando agora aberto para retornar à Genebra com louvor e recente recomendação, ele assim fez, e uma vez restabelecido lá, ele logo se tornou quase tão favorito de Beza quanto tinha sido de Grynæus 21.

Jacó Arminio retornou a seus estudos em Genebra no ano de 1584 e os concluiu em 1586. Após terminar seus estudos foi para Itália e ali passou um tempo antes de retornar de uma forma definitiva para sua terra natal. Mas o jovem Arminius ainda está faminto por conhecimento. Ele completou seus estudos na principal universidade do mundo calvinista. Adquiriu a alta estima e o respeito de homens famosos. Mas antes que ele possa retornar de vez para as distantes planícies no Mar do Norte, ele deve ouvir o ilustre Zabarella, de Pádua, o mais notável professor acadêmico vivo no mundo dos princípios de Aristóteles. Aquele que tinha sido acusado de ligação indevida com Ramee, agora mostra sua nobre docilidade de natureza e catolicidade de espírito partindo da cidade onde ele primeiro atraiu esta acusação para si, e buscando além dos Alpes, na Pádua papal, as recentes afirmações da filosofia contemporânea 22. Foi por ocasião desta viagem a Roma que os inimigos de Arminius o acusaram de ter relações com os católicos. Todavia o próprio Arminius observou de sua viagem o que foi proveitoso a ele, pois ele viu em Roma “‘o mistério da iniquidade’ em uma forma mais sórdida, repulsiva e detestável do que sua imaginação jamais poderia ter concebido” 23.

No ano de 1587, Jacó Arminio informou a Amsterdã que seus ensinos haviam sido concluídos, e no dia 27 de agosto de 1588, foi ordenado pastor reformado e se tornou “o primeiro holandês natural a ministrar na igreja reformada em Amsterdã” (Laurence).

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Warren, Willian F; Nos passos de Arminius. Warren, Willian F; Nos passos de Arminius. 23 Vance, Laurence M. O Outro lado do Calvinismo, pg.202. 22

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No ano de 1590 ele se casou “com Elizabeth Reael, filha de um distinto juiz e senador de Amsterdã, ocorreu no Oude

Kerk, em 16 de setembro de 1590” (William). Com ela Jacó Arminio “gerou doze filhos – três morreram na infância. Ele continuou em Amsterdã quinze anos, até 1603, desempenhando os deveres pastorais comuns e exercendo muitas responsabilidades oficiais em favor dos ministros de Amsterdã, servindo como secretário, tesoureiro, delegado, presidente, e representante” (Laurence). Aquele que havia ficado só neste mundo agora se tornou, por providência de Deus, um grande ministro do evangelho e pai de uma grande família. Em 1603 Jacó volta para a Universidade de Leiden devido à morte de vários professores. Mesmo depois de um forte protesto de um amigo chamado Petrus Plancius que passou a discordar de Jacó Arminio após assistir suas pregações em Romanos e perceber que ele não seguia as interpretações dos reformadores Calvino e Beza. Em 1603 ele foi chamado de volta a Universidade de Leiden para ensinar teologia. Isto aconteceu após as mortes quase simultâneas em 1602 de dois membros da faculdade, Franciscus Junius, O Velho e Lucas Trelcatius, O Velho (1542-1602), em um surto da peste. Lucas Trelcatius, O Jovem (1573-1607) e Armínio (apesar do protesto Plancius24) foram nomeados, a decisão coube em grande parte à Franciscus Gomarus, membro da faculdade sobrevivente25.

Jacó Arminio então passa a lecionar em Leiden e ali obtém seu doutorado defendendo teses sobra a Natureza de Deus. Porém em Leiden se iniciará uma das maiores controvérsias da história da igreja reformada.

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Em Amsterdã, Arminio através de "uma série de sermões sobre a epístola de Romanos veio a desenvolver gradualmente opiniões sobre a graça, predestinação e livrearbítrio, as quais se mostraram incompatíveis com a doutrina dos professores reformados Calvino e Beza". Em 1591, o seu colega Petrus Plancius, respondendo ao desenvolvimento teológico de Armínio, começou a disputar abertamente contra ele. 25 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jac%C3%B3_Arm%C3%ADnio

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A controvérsia entre Jacó Arminio e Franciscus Gomarus irá mudar para sempre as questões sobre a soteriologia cristã. Jacó Armínio já apresentava conceitos diferentes que haviam sido estabelecidos pela tradição reformada, isto ficou notório em suas preleções sobre Romanos quando era pastor da igreja reformada de Amsterdã, agora, porém como professor ele não tem como se desviar do assunto e tem que enfrentar aqueles que o questionam. Segundo o historiador Justo L. Gonzales tudo se início quando pediram para que Jacó Armínio fizesse uma refutação aos ensinos de Dirck Koornhert e assim ele descreve este momento: Voltando à Holanda, ocupou um importante púlpito em Amsterdam e logo sua fama se tornou grande. Devido a essa fama e a seu prestígio, como estudioso da Bíblia e da teologia, os dirigentes da igreja de Amsterdam lhe pediram que refutasse as opiniões do teólogo Dirck Koornhert, que havia atacado algumas das doutrinas calvinistas, particularmente, no que se referia à predestinação. Com o propósito de refutar a Koornhert, Armínio estudou seus escritos e dedicou-se a compará-los com as Escrituras, com a teologia dos primeiros séculos da igreja e com vários dos principais teólogos protestantes. Por fim, depois de profundas lutas de consciência, chegou à conclusão de que Koornhert tinha razão. Posto que em 1603 Armínio tornou-se professor de teologia da Universidade de Leyden, suas opiniões foram publicamente reveladas... Foi assim que James Armínio, calvinista de boa qualidade, deu nome à doutrina que, a partir daí, seria vista como a antítese do calvinismo, o arminianismo26.

As controvérsias ficaram cada vez mais acirradas e Franciscus Gomarus um calvinista fervoroso defenderá sua ideologia com todas suas forças e influência.

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Gonzalez, Justo L. A era dos Dogmas e das Dúvidas, uma história ilustrada do cristianismo, Volume 8, 2001, São Paulo, Edições Vida Nova, pg.115.

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O principal ponto de desacordo entre Armínio e Gomaro não era se havia ou não predestinação. Ambos concordavam que as Escrituras falam de "predestinação". O que se debatia era mais a base dessa predestinação. Segundo Armínio, Deus predestinou aos eleitos porque sabia, de antemão, que teriam fé em Jesus Cristo. Segundo Gomaro, Deus predestinou a alguns a terem essa fé. Antes da criação do mundo, a vontade soberana de Deus determinou quem se salvaria e quem não. Armínio, por sua vez, deduzia que o grande decreto da predestinação era a determinação que Jesus Cristo seria o mediador entre Deus e os seres humanos. Esse era um decreto soberano, que não dependia da resposta humana. O decreto referente ao destino de cada indivíduo baseava-se não na vontade soberana de Deus, mas em seu conhecimento, o qual seria a resposta de cada pessoa ao oferecimento da salvação em Jesus Cristo. Em quase tudo mais, Armínio continuava calvinista. Sua doutrina da igreja e dos sacramentos, por exemplo, seguia as linhas gerais de Calvino 27.

Mas no auge da controvérsia depois de vários debates, em 1609, Jacó Armínio morre não podendo mais defender suas interpretações. A enfermidade seguiu Arminius até Leiden e ele ficou cada vez mais doente e frequentemente ficava acamado. A controvérsia igualmente o atemorizava, e seus inimigos eram inflexíveis. Ele sofreu numerosos ataques pessoais e se ocupou com aparentemente infindáveis controvérsias teológicas sobre o Calvinismo – suportando-os até o fim – e morreu em seu próprio lar na presença de seus amigos e da família28.

27 28

Gonzalez, Justo L. A era dos Dogmas e das Dúvidas, uma história ilustrada do cristianismo, Volume 8, 2001, São Paulo, Edições Vida Nova, pg.115. Vance, Laurence M. O Outro lado do Calvinismo, pg.203.

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